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Guia do Usuário

ÁREA: MCU (Movimento Circular Uniforme)


SUBÁREA: VCG (Velocidade Crítica de Guinada)
TÓPICO: Raio da trajetória do CG de um veículo em um evento de VCG

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Introdução
Nas perícias em acidentes de trânsito, os métodos tradicionais e determinísticos de cálculos
consideram os valores das grandezas físicas de entrada, utilizados nas equações, como valores
únicos. As equações são, então, resolvidas uma única vez, gerando, também, valores ou
(resultados) únicos de saída como na figura 1.

Figura 1. Modelo determinístico de cálculo.

O software eCRASH é uma plataforma de cálculos estatísticos e possui uma forma diferente de
considerar os valores das grandezas físicas estudadas, utilizadas nas equações, pois estes são
considerados como distribuições de probabilidades.
Por este motivo, na entrada de dados é necessário propor o valor médio e o desvio padrão
(incerteza) para as variáveis, que possuem uma distribuição de probabilidade Normal, ou os
valores limites mínimos e máximos para as variáveis que possuem uma distribuição de

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probabilidade Uniforme. Neste aplicativo, apenas estas duas distribuições de probabilidade
estão disponíveis até o presente momento, embora existam outras, pois são as mais utilizadas.
Na plataforma eCRASH, utiliza-se o método de Monte Carlo[1] , no qual equações são resolvidas
milhares de vezes (15.000 vezes!), selecionando-se aleatoriamente o valor de cada variável, a
partir de suas distribuições de probabilidades, a cada cálculo, de forma que o resultado,
também, será uma faixa de valores com uma distribuição de probabilidade. A figura 2 ilustra
esta situação.

Figura 2. Modelo estatístico de cálculo.

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Modelo Matemático
O objetivo deste módulo é calcular uma faixa de valores possíveis (i.e. uma distribuição de
probabilidade) para o raio da trajetória do CG (centro de gravidade) de um veículo em um
evento de velocidade crítica de guinada, considerando-se o raio calculado da marca de pneu
de guinada de uma das rodas dianteiras (que dependerá do evento estudado), a partir das
medições dos valores da corda e da flecha desta marca. A figura 3 ilustra esta situação.
Chama-se a atenção do usuário para a necessidade de se conhecer bem o fenômeno de
Velocidade Crítica de Guinada[2-4]: identificação do fenômeno e das variáveis relacionadas e
conhecimento dos protocolos de medições, para não incorrer em erros nos resultados e nas
interpretações destes!

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Figura 3. Medidas de um arco: raio, corda e flecha

Poderão ser analisados, com este módulo, apenas aqueles movimentos do CG de um veículo[a]
considerados como Movimentos Circulares Uniformes[5-6], ou seja, os valores dos módulos do
raio e da velocidade do veículo podem ser considerados constantes no trecho de interesse,
conforme prevê o estudo de um evento onde ocorre a velocidade crítica de guinada. Verifique,
também, se as demais condições que caracterizam uma VCG estão presentes!
[a] Este módulo deve ser utilizado para veículos de pequeno porte e com quatro rodas, como automóvel,
camionete e caminhonete; para veículos como motocicletas, caminhões e ônibus outras considerações deverão
ser realizadas.

Raio da marca de guinada


Verificadas todas as condições que caracterizam o fenômeno de VCG, pode-se utilizar as
equações propostas por Daily[3] e Fricke[4] para realizar os cálculos do raio (do arco de um
círculo) da marca de guinada de uma das rodas dianteiras (direita ou esquerda, dependendo
do evento) e, posteriormente, do raio da trajetória do CG do veículo em questão.
Do estudo da geometria plana e da trigonometria, pode-se estabelecer a seguinte relação entre
os valores da corda (C) e da flecha (M) e o raio (R) de um arco de círculo (ver figura 3):

𝐶2 𝑀
𝑅= + (m)
8. 𝑀 2

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Para calcular o raio da trajetória do CG do veículo (RA), realiza-se um ajuste na equação anterior,
subtraindo-se o valor de R da metade do valor da bitola dianteira (B) do veículo considerado
(ver figura 4):

𝐵
𝑅𝐴 = 𝑅 − 2 (m)

onde as variáveis utilizadas são:


R: representa o raio da marca de guinada de uma das rodas dianteiras (direita ou
esquerda, dependendo do evento) do veículo (metro).
C: representa o valor da corda (secante) do arco da marca de guinada considerado
(metro).
M: representa o valor da flecha do arco da marca de guinada considerado (metro).
RA: representa o raio “ajustado” ou o raio da trajetória do CG do veículo; este é o valor
do raio que deverá ser utilizado na equação que calcula o valor da velocidade crítica de
guinada do veículo em estudo (metro).
B: representa o valor da bitola do veículo considerado (metro).

Figura 4. Medição da bitola de um veículo.

Para utilizar o presente módulo da plataforma eCRASH, é necessário que o usuário conheça os conceitos e a teoria
utilizada, para que não incorra em erros na entrada dos valores das variáveis utilizadas e na interpretação dos
resultados obtidos!

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Entrada de Dados
A sigla A.S. significa Algarismos Significativos

valor da corda do arco da marca de guinada (C), unidade: metros


distribuição de probabilidade: Uniforme
(número de A.S. ≥ 3 ou  4)
mínimo: 5,00 m  CMIN < 16,00 m )

máximo: (mínimo + 0,01)  CMAX  16,00 m


Observação: para valores da corda (C) do arco menores que 9 m e maiores que 16 m, não se aconselha a
utilização desta metodologia de cálculo!

valor da flecha do arco da marca de guinada (M), unidade: metros


Distribuição de probabilidade: Uniforme
(número de A.S. ≥ 2 e  4)
mínimo: 0,050 m  MMIN < 2,000 m
máximo: (mínimo + 0,001)  MMAX  2,000 m
Observação: para valores da flecha (M) do arco menores que 10 cm, não se aconselha a utilização desta
metodologia de cálculo!

valor da bitola do veículo (B). unidade: metros


Distribuição de probabilidade: Uniforme
(número de A.S. = 3)
mínimo: 1,00 m  BMIN < 2,00 m
máximo: (mínimo + 0,01)  BMAX  2,00 m

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RESULTADOS

Os valores calculados para o raio da marca de guinada produzida e para o raio da trajetória do
centro de gravidade do veículo, na situação de velocidade crítica de guinada, no trecho de
interesse, a partir dos valores de entrada propostos pelo usuário, será apresentado da seguinte
forma:

Raio da marca de guinada da roda


valores brutos
valor médio desvio padrão valores (.CSV)

XX,XXX m XX,XXX m

Raio da trajetória do Centro de Gravidade do veículo


valores brutos calculados
valor médio desvio padrão valores (.CSV)

XX,XXX m XX,XXX m

Observações:
- aqui os valores não sofreram operações de arredondamento (chamados de brutos);

- ao clicar no mini-ícone é realizado o download dos 15.000 valores brutos calculados para o raio da marca
de guinada (raio_guinada_m.csv) e para o raio ajustado na unidades metro (raio_cg_m.csv).

valores com arredondamentos para X Algarismos Significativos:


valor médio desvio padrão
XX,XXX m XX,XXX m

Observação: aqui os valores já estão com operações de arredondamentos para um número de Algarismos
Significativos escolhidos pelo algoritmo, de acordo com as regras matemáticas existentes para este fim.

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Na opção distribuição de probabilidade Normal será possível visualizar o gráfico da distribuição
Normal de probabilidade para os resultados obtidos do raio da trajetória do CG do veículo e,
também, fazer uma opção de visualização da faixa de confiabilidade desejada para a
apresentação dos valores, onde as opções são:
( )μ ( ) μ ± 1. ( ) μ ± 2. ( ) μ ± 3.

Observações:
- os resultados do raio da trajetória do CG do veículo sempre terão uma distribuição de probabilidade Normal,
conforme previsto pelo Teorema do Limite Central;
- μ representa o valor médio e  representa o desvio padrão;
- as faixas de valores para o raio da trajetória do CG do veículo associadas a confiabilidade são as seguintes:
- 68,3% de confiabilidade: (μ - 1.) m  RA  (μ + 1.) m
- 95,4% de confiabilidade: (μ - 2.) m  RA  (μ + 2.) m
- 99,7% de confiabilidade: (μ - 3.) m  RA  (μ + 3.) m

Na opção distribuição de probabilidade Acumulada será possível visualizar o gráfico com os


valores das probabilidades acumuladas para cada valor do raio da trajetória do CG do veículo,
bastando o usuário mover o ponteiro do mouse para o valor desejado no gráfico.

AVISO DE AMBIGUIDADE
Chama-se a atenção do usuário de que, caso ocorra uma situação particular em que o número
de algarismos significativos (A.S.) da flecha do arco da marca de guinada seja igual a 2 A.S. e o
valor médio bruto calculado para o raio da trajetória do CG do veículo, adicionado a 3 desvios
padrões, seja maior ou igual que 99,5 m, o algoritmo mostrará um aviso para que o usuário
aumente o número de A.S. da grandeza física flecha do arco da marca de guinada para 3 A.S. e
refaça os cálculos ou não será possível apresentar os resultados, conforme a figura 5.

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Figura 5. Imagem do aviso de ambiguidade.

AVISO DE INCONSISTÊNCIA
Quando o valor do desvio padrão, após a realização das operações de arredondamento, for
igual a zero, o algoritmo exibirá a mensagem da figura 6.

Figura 6. Imagem do aviso de inconsistência.

Nestes casos de ambiguidade e inconsistência, não será permitido gerar o relatório de cálculos
estatísticos, sendo apresentado apenas os valores brutos (sem as operações de
arredondamentos).
Na opção “Relatório do Cálculo Estatístico” será possível gerar um relatório com o histórico de
todos os valores de entrada, dos cálculos e dos resultados de forma organizada em um arquivo
no formato: “relatorio-raio.pdf”. O usuário deverá clicar no botão “download” para gerar o
relatório.

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IMPORTANTE!

Os resultados obtidos pela plataforma eCRASH, para o raio da trajetória do CG do veículo,


possuem uma distribuição de probabilidade Normal, logo o valor médio é aquele que possui a
maior probabilidade de ocorrer, enquanto os valores limites mínimo e máximo possuem uma
probabilidade menor de ocorrer, que vai variar conforme a faixa de confiabilidade utilizada!

Os usuários e leitores deste relatório devem estar cientes de que os resultados obtidos com o
uso da plataforma eCRASH não representam, de nenhuma forma, uma interpretação ou
opinião dos desenvolvedores desta plataforma sobre nenhum evento de acidentes de trânsito
ou cálculo de velocidade. Trata-se de um software de serviço de apoio à realização de cálculos
físicos, cuja responsabilidade de fornecimento dos dados de entrada para a realização dos
cálculos e interpretação de vestígios e dos resultados, bem como da utilização dos resultados,
é de inteira responsabilidade do usuário.

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Referências Bibliográficas
[1] Toresan Jr., Wilson e Didyk, Nortthon. Fundamentos de Estatística aplicados na
Reconstrução de Acidentes de Trânsito. Editora ICF – Instituto de Ciências Forenses LTDA – ME,
1ª edição, 2022.
[2] Newton, Sir Isaac. Philosophiae Naturalis Principia Mathematica, 1687. A referida obra pode
ser encontrada na internet nas versões em latim e em inglês.
[3] Daily, John; Shigemura, Nathan and Daily, Jeremy. Fundamentals of Traffic Crash
Reconstruction, 3rd edition, 2007. Publisher Institute of Police Technology and Managementt,
University of North Florida.

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[4] Fricke, Lynn. Traffic Accident Reconstruction, 1st edition, 1990. Publisher Northwestern
University Traffic Institute.
[5] Hibbeler, R. C. Mecânica para Engenharia: Estática, vol. 1, 10a edição, 2005. Editora Pearson
Prentice Hall, São Paulo.
[6] Hibbeler, R. C. Mecânica para Engenharia: Dinâmica, vol. 2, 10a edição, 2005. Editora
Pearson Prentice Hall, São Paulo.

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