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Resumo: Os transformadores são partes essenciais do sistema elétrico, que tem como
função abaixar e elevar a tensão aos níveis desejados para suas aplicações. Todos os
transformadores em operação emitem ruído. Quanto maior a potência do transformador,
maior o ruído. Atualmente os ruídos emitidos pelos transformadores, são de grande
preocupação devido às perdas elétricas e ambientais. Este artigo tem como objetivo,
apresentar a metodologia de medição de ruído em transformadores de alta potência.
Abstract: The transformers are essential parts of the electrical system, which has the
function of lowering and raising the voltage to the levels desired for its applications. All
transformers in operation emit noise. The higher the power of the transformer, the greater the
noise. Currently the noise emitted by the transformers, are of great concern due to the
electrical and environmental losses. This article aims to present the methodology of noise
measurement in high power transformers.
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1. INTRODUÇÃO
Os primeiros sistemas elétricos que surgiram no mundo utilizavam corrente
contínua para a iluminação de grandes cidades como Nova Iorque e Londres. Estes
sistemas elétricos apresentavam como inconveniente perda excessiva nos alimentadores,
devido ao fato de suas cargas serem afastadas da geração. Como as tensões nominais dos
geradores de corrente contínua eram baixas, as perdas de energia nesses alimentadores
chegavam a ser tão elevadas que tinham a mesma ordem de grandeza da potência
consumida pela carga. O transformador de potência possibilitou a transferência de energia
elétrica, em altas tensões com menores perdas por efeito Joule.
O transformador de potência é uma máquina elétrica estática de alto rendimento,
que tem a finalidade de transmitir, através de um campo eletromagnético alternado, a
energia elétrica de um sistema com determinada tensão a outro sistema com outra tensão
desejada em um sistema de energia elétrica (SIMONE, 1998).
Os transformadores de potência têm o seu rendimento avaliado, levando em
consideração que são máquinas com a finalidade de transferir energia elétrica entre circuitos
de tensões diferentes, mas a transferência de energia não é ideal, o que caracteriza as
perdas existentes no transformador (FITZGERALD; KINGSLEY; UMANS, 2006).
Assim, como toda máquina, o transformador emite ruídos, o nível de ruído é uma
característica operacional muito importante do transformador, que é medido em cada teste
final usando métodos prescritos pela norma NBR 7277 (ABNT, 2013). Os valores medidos
devem atender as recomendações do nível de ruído permitido, pelas normas técnicas das
concessionárias de energia elétrica e as normas que regulamentam o nível de ruído
segundo o local de instalação como a NBR 10151 (ABNT, 2000).
Com a crescente demanda de energia elétrica mundial, a necessidade de atender
cargas maiores é eminente, a utilização de transformadores de alta potência passa a ser
cada vez mais comum, observando-se que quanto maior a potência do transformador, maior
o nível de ruído emitido pelo mesmo. Com o nível de ruído, ou pressão acústica,
aumentando, juntamente com a preocupação com os fatores referentes a poluição sonora e
normas que regulam níveis de ruído, torna-se necessário a busca por estudos referentes
aos procedimentos de medição de ruído nesses equipamentos.
Neste trabalho, realizou-se um estudo sobre transformadores de potência, visando
à familiarização com seus aspectos construtivos, modo de operação, para compreender os
fenômenos inerentes ao seu funcionamento.
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Posteriormente foram estudados os conceitos referentes a ruídos em
transformadores, perdas no núcleo e o fenômeno da magnetostrição, enfatizando que este
último assunto é a principal causa geradora de ruído em transformadores. Com base nesses
estudos, foram feitas as medições de ruído em transformadores de alta potência.
Em seguida foram adquiridos os dados referentes aos ensaios de níveis de pressão
acústica de ruído de fundo dos transformadores de acordo com as respectivas potências,
esses dados foram adquiridos através do fabricante.
Com os dados adquiridos, foram realizados cálculos de acordo com o procedimento
de medição, a fim de obterem-se os valores ponderados do nível de pressão acústica do
transformador e do ruído de fundo, nesta etapa notou-se a necessidade da realização de
cálculos repetitivos. Com intuito de facilitar e diminuir a probabilidade de cometerem-se
erros, utilizando o Software MatLab (Matrix laboratory), criou-se então um algoritmo para
realizar todos os cálculos necessários para a obtenção dos resultados. A validação do
algoritmo foi realizada comparando-se os resultados fornecidos pelo fabricante com os
obtidos pelo algoritmo.
Os resultados serão expressos na forma de tabela e gráficos. Isto possibilitou à
analise comparativa dos níveis de pressão acústica, os níveis tolerados pelo fabricante e
pelos normativos do setor.
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forçada, que pode ser realizada por ventiladores no resfriamento a ar ou com bombas pelo
método de resfriamento de água ou óleo.
Conforme definido em (CHRISTIE, 1969; MARTIGNONE, 1991), para minimizar e
restringir o efeito das correntes parasitas, o núcleo magnético é composto pelo
empilhamento de lâminas de liga Ferro-Silício (1,5 a 3,0% de Si), tipo grão orientado, com
espessuras da ordem de 0,30 a 0,35mm. Os fenômenos simultâneos, as correntes parasitas
e as perdas por histerese, denominam-se em "perdas no ferro", e que, juntamente com as
"perdas no cobre" (efeito Joule sobre os condutores dos enrolamentos), são responsáveis
pela perda de rendimento e potência transformada, resultando em potência não útil sob a
forma de calor (predominantemente), ruídos e forças mecânicas.
Segundo Charles (1967), todo transformador em operação emite um ruído cuja
magnitude é proporcional a sua potência. No interior do transformador, não existem partes
móveis como em motores e geradores, nesses a maior causa de ruído são as partes
móveis. Nos transformadores, o ruído gerado é devido ao efeito de magnetostrição que
ocorre no seu interior. A magnetostrição é a deformação de estruturas cristalinas devido à
aplicação de campos magnéticos, observada em monocristais e policristais ferromagnético.
As lâminas que constituem o núcleo magnético são extremamente delgadas (cerca
de 0,30 mm) e com largura muitas vezes inferior ao comprimento (10 a 20 vezes na maioria
dos projetos). Ou seja, relativamente ao comprimento, são placas delgadas e estreitas.
Portanto, quando devidamente excitadas, são mais suscetíveis aos efeitos das ondas
vibrantes, sendo a principal fonte de ruídos nos transformadores.
A eficiência da refrigeração é um fator fundamental que determina a segurança
operacional e o tempo de vida de um transformador, tipo e método de refrigeração do
transformador são importantes para redução da temperatura e do ruído no equipamento. Os
transformadores de potência podem ser refrigerados por diversas formas, a norma IEEE
C57 12 00 prescreve um sistema específico para os tipos de refrigeração (ANSI, 2011). Para
melhorar a dissipação de calor são utilizados ventiladores conectados aos radiadores.
A Figura 1 apresenta um transformador de 112MVA, semelhante aos estudados.
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Figura 1: Sistema de refrigeração com ventiladores do Transformador
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Na primeira etapa, o nível de ruído de fundo deve ser medido (ZAWIESKA, 2017),
posteriormente, o transformador deve ser alimentado com tensão e frequência nominais sob
condições sem carga e assim realizam-se as medições do ruído do equipamento. As
medições são realizadas em vários pontos localizados ao redor do transformador, com o
instrumento posicionado a distância de 0,3m da máquina, esta distância pode ser alterada
para até um metro por razões de segurança ou acordo entre fornecedor e comprador do
equipamento. Este procedimento de teste obedece a norma NBR 7277 (ABNT, 2013).
As posições de medição devem ser espaçadas a uma distância de, no máximo, um
metro uma da outra, sendo necessário no mínimo seis posições. As medições devem ser
realizadas à metade da altura do equipamento, não ultrapassando 2,5m. Caso o
transformador possua altura superior a 2,5m, devem ser realizadas medições à 1/3 e 2/3 da
altura do equipamento. Depois de realizar a medição do nível de ruído do transformador,
desenergizado, o nível de ruído do fundo é medido novamente. No caso de haver uma
diferença superior a 8 dB, entre o nível de pressão acústica do transformador e o nível de
pressão acústica do ruído de fundo, o nível final de pressão acústica do transformador deve
sofrer a aplicação de uma correção, tendo em conta o maior nível de ruído de fundo
(GIRGIS, et al 2008).
A Figura 2 representa os pontos das medições espaçados a 1 metro, conforme
sugerido pela norma NBR 7277 (ABNT, 2013).
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Tabela 1: Coeficiente médio de absorção acústica
Coeficiente médio de
Descrição da Sala
absorção acústica (a)
Salas quase vazias com paredes duras e lisas feitas de concreto,
0,05
tijolos ou cerâmica.
0,1 Salas parcialmente vazias, com paredes lisas.
Salas mobiliadas, salas de máquina, ou salas industriais, sendo
0,15
todas retangulares.
Salas mobiliadas, salas de máquina, ou salas industriais, sendo
0,2
todas com forma irregular.
Salas industriais ou salas de máquinas com teto e/ou paredes
0,25
parcialmente revestidos de materiais acústicos.
0,35 Sala com teto e paredes revestidos de materiais acústicos.
Sala com teto e paredes revestidos com grandes quantidades de
0,5
materiais acústicos.
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Figura 3: Layout de pontos de medição
1
0 = 10. . ∑=1 100,1. (1)
A média ponderada do nível de pressão acústica de fundo, LBGA, deve ser calculada
separadamente antes e depois da sequência de teste utilizando a Equação 2:
= 10.
. ∑
10
,.
(2)
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K: Fator de correção ambiental.
'
$ = 10. (1 + ) (4)
(
4. SIMULAÇÕES E RESULTADOS
Nas simulações, foram utilizados dois transformadores de mesma potência, seus
dados, instrumentos de medição e condições de ensaio, foram obtidos do fabricante.
A Tabela 3 representa a ficha de ensaio da medição de ruído de um transformador,
de 112 MVA. Esta ficha contém as medições nos pontos em volta do transformador. As
medições do nível de pressão acústica de ruído de fundo devem ser feitas com o
transformador desenergizado, posteriormente as bombas que realizam a circulação do óleo
refrigerante devem ser ligadas e mais uma série de medições devem ser realizadas. No
estágio final, logo após as bombas serem desligadas outra série de medições é realizada.
Para a medição do nível de pressão acústica do transformador, o mesmo deve ser
energizado com tensão nominal e sem a presença de cargas, as medições devem ser
realizadas á 1/3 e a 2/3 de sua altura (H), pois o mesmo ultrapassa 2,5 metros de altura,
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como explicado anteriormente, de acordo com o procedimento da norma NBR 7277,
transformadores com altura inferior a 2,5 metros, necessitam de apenas uma medição á
metade de sua altura (ABNT, 2013).
Não é aconselhável fazer medições de ruído em grandes transformadores nos
primeiros minutos subsequentes a sua energização. Porque quando efetuada
instantaneamente, é comum ter um valor de pico inicial de corrente várias vezes superior a
corrente nominal do transformador, podendo influenciar os resultados (WEG, 2010).
Com os dados presentes na Tabela V é possível realizar os cálculos, utilizando das
equações 1, 2, 3 e 4 para obterem-se os valores finais de LpA (Nível de pressão acústica) e
LbgA (Nível de pressão acústica do ruído de fundo).
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O procedimento de cálculo, anteriormente explicado, é repetitivo, exaustivo e sujeito
á possíveis erros. Com intuito de diminuir os possíveis erros e diminuir o tempo gasto com
os procedimentos de cálculo, foi criado via software MatLab (Matrix laboratory) um
algoritmo, no qual são inseridos os dados do transformador e do ensaio de medição de ruído
para obter-se como retorno os valores de LpA e LbgA.
A Figura 4 representa o funcionamento do algoritmo criado, é possível notar que
além de realizar os cálculos, o algoritmo também verifica se existe a necessidade de
correção e caso haja, ele realiza a mesma, após isso, tem-se como resultado os valores de
LpA e LbgA e são gerados gráficos referentes aos valores de LpA e LbgA de acordo com os
pontos de medição, assim como o valor de LpA de cada transformador, considerando-se o
valor de sua potência.
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sendo eles a potência do transformador, sua altura (H), o comprimento de contorno (Lm), o
coeficiente de absorção acústica da sala de medição e a área de superfície de contato, o
valor do coeficiente de absorção acústica é estipulado conforme as características da sala
de ensaio, conforme presente na Tabela 1 (Coeficiente médio de absorção acústica), os
dados referentes ás medições realizadas também são utilizados, porém os mesmos são
fornecidos dentro de documentos de texto que são carregados no algoritmo. A partir dados
são calculados os valores dos níveis de pressão acústica do transformador e de fundo.
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Como mostrado na Figura 6, o valor médio do nível de pressão acústica de ruído de
fundo para o transformador 1 é de 40,76dB, para atingir maior precisão nesse resultado,
também foi calculado o desvio padrão, considerando-se os 29 pontos de medição, para um
valor de desvio de ±0,84dB. A Tabela 5 mostra os valores dos desvios padrões calculados.
Figura 6: Transformador 1 (a) Curva normal do ruído de fundo. (b) Nível de pressão acústica.
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Figura 7. Curva normal do ruído do transformador 1
Figura 8: Transformador 2 (a) Nível de pressão acústica de ruído de fundo. (b) Curva normal do
ruído de fundo.
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Figura 9: Transformador 2 (a) Nível de pressão acústica (b) Curva normal do ruído.
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Figura 10: Nível de pressão acústica – LpA
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste trabalho foram apresentados conceitos referentes à transformadores de
potência, seus aspectos construtivos algumas de suas características, dentre essas cita-se
o ruído que o transformador emite quando em funcionamento. Ponto foco deste trabalho,
possibilitando discutir suas causas. Tendo como principal causa a magnetostrição que
consiste em deformações nas estruturas cristalinas dos materiais ferromagnéticos presentes
no núcleo do transformador, que geram vibrações causando ruído do equipamento.
Esta abordagem possibilita sua aplicação a todas as classes de potência de
transformadores. Esta mema metodologia pode ser aplicada para potência igual ou superior
a 100 MVA. Isto sem a alteração dos procedimentos de medição do ruído.
Salienta-se que o ruído produzido por este equipamento é diretamente proporcional
à magnitude de sua potência.
REFERÊNCIAS
CHARLES, J.G.. The effect of the level of magnetostriction upon noise & vibration of
model single-phase transformer. Electrical Research Association (ERA), 1967.
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CHRISTIE, C. V.. Elementos de Eletrotécnica. Globo. Porto Alegre, RS, Brasil, 822 p,
1969.
GIRGIS, R. S.; GARNER K.; BERNESJO M.; ANGER, J.. Measuring No – Load and Load
noise of Power Transformers using the Sound Pressure and Sound Intensity Methods
– Part – I: Outdoors measurements, Conferência científica “Power and Energy Society
General Meeting”, Pittsburgo, PA, 2008.
SIMONE, G. A.. Transformadores – Teoria e Exercícios. Erica, São Paulo, SP, 1998.
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