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PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE E MEDIÇÃO DE RUÍDO EM

TRANSFORMADORES DE ALTA POTÊNCIA

Marco Antonio Ferreira Finocchio1 - (Mestre em Engenharia Elétrica, Universidade


Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR, Campus Cornélio Procópio, PR. E-mail:
mafinocchio@utfpr.edu.br)

Eduardo Hiroshi Nogueira Nazu2 - (Engenheiro Eletricista, Universidade Tecnológica Federal


do Paraná – UTFPR, Campus Cornélio Procópio, PR. E-mail: eduardonazu@hotmail.com)

Jeferson Gonçalves Ferreira3 – (Engenheiro Eletricista, Universidade Tecnológica Federal


do Paraná – UTFPR, Campus Cornélio Procópio, PR. E-mail: jefersongf_07@hotmail.com)

Resumo: Os transformadores são partes essenciais do sistema elétrico, que tem como
função abaixar e elevar a tensão aos níveis desejados para suas aplicações. Todos os
transformadores em operação emitem ruído. Quanto maior a potência do transformador,
maior o ruído. Atualmente os ruídos emitidos pelos transformadores, são de grande
preocupação devido às perdas elétricas e ambientais. Este artigo tem como objetivo,
apresentar a metodologia de medição de ruído em transformadores de alta potência.

Palavras-chave: Transformadores, Ruído, Medições.

NOISE ANALYSIS AND MEASUREMENT PROCEDURES ON HIGH


POWER TRANSFORMERS

Abstract: The transformers are essential parts of the electrical system, which has the
function of lowering and raising the voltage to the levels desired for its applications. All
transformers in operation emit noise. The higher the power of the transformer, the greater the
noise. Currently the noise emitted by the transformers, are of great concern due to the
electrical and environmental losses. This article aims to present the methodology of noise
measurement in high power transformers.

Keywords: Transformers, Noise, Measurements.

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1. INTRODUÇÃO
Os primeiros sistemas elétricos que surgiram no mundo utilizavam corrente
contínua para a iluminação de grandes cidades como Nova Iorque e Londres. Estes
sistemas elétricos apresentavam como inconveniente perda excessiva nos alimentadores,
devido ao fato de suas cargas serem afastadas da geração. Como as tensões nominais dos
geradores de corrente contínua eram baixas, as perdas de energia nesses alimentadores
chegavam a ser tão elevadas que tinham a mesma ordem de grandeza da potência
consumida pela carga. O transformador de potência possibilitou a transferência de energia
elétrica, em altas tensões com menores perdas por efeito Joule.
O transformador de potência é uma máquina elétrica estática de alto rendimento,
que tem a finalidade de transmitir, através de um campo eletromagnético alternado, a
energia elétrica de um sistema com determinada tensão a outro sistema com outra tensão
desejada em um sistema de energia elétrica (SIMONE, 1998).
Os transformadores de potência têm o seu rendimento avaliado, levando em
consideração que são máquinas com a finalidade de transferir energia elétrica entre circuitos
de tensões diferentes, mas a transferência de energia não é ideal, o que caracteriza as
perdas existentes no transformador (FITZGERALD; KINGSLEY; UMANS, 2006).
Assim, como toda máquina, o transformador emite ruídos, o nível de ruído é uma
característica operacional muito importante do transformador, que é medido em cada teste
final usando métodos prescritos pela norma NBR 7277 (ABNT, 2013). Os valores medidos
devem atender as recomendações do nível de ruído permitido, pelas normas técnicas das
concessionárias de energia elétrica e as normas que regulamentam o nível de ruído
segundo o local de instalação como a NBR 10151 (ABNT, 2000).
Com a crescente demanda de energia elétrica mundial, a necessidade de atender
cargas maiores é eminente, a utilização de transformadores de alta potência passa a ser
cada vez mais comum, observando-se que quanto maior a potência do transformador, maior
o nível de ruído emitido pelo mesmo. Com o nível de ruído, ou pressão acústica,
aumentando, juntamente com a preocupação com os fatores referentes a poluição sonora e
normas que regulam níveis de ruído, torna-se necessário a busca por estudos referentes
aos procedimentos de medição de ruído nesses equipamentos.
Neste trabalho, realizou-se um estudo sobre transformadores de potência, visando
à familiarização com seus aspectos construtivos, modo de operação, para compreender os
fenômenos inerentes ao seu funcionamento.

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Posteriormente foram estudados os conceitos referentes a ruídos em
transformadores, perdas no núcleo e o fenômeno da magnetostrição, enfatizando que este
último assunto é a principal causa geradora de ruído em transformadores. Com base nesses
estudos, foram feitas as medições de ruído em transformadores de alta potência.
Em seguida foram adquiridos os dados referentes aos ensaios de níveis de pressão
acústica de ruído de fundo dos transformadores de acordo com as respectivas potências,
esses dados foram adquiridos através do fabricante.
Com os dados adquiridos, foram realizados cálculos de acordo com o procedimento
de medição, a fim de obterem-se os valores ponderados do nível de pressão acústica do
transformador e do ruído de fundo, nesta etapa notou-se a necessidade da realização de
cálculos repetitivos. Com intuito de facilitar e diminuir a probabilidade de cometerem-se
erros, utilizando o Software MatLab (Matrix laboratory), criou-se então um algoritmo para
realizar todos os cálculos necessários para a obtenção dos resultados. A validação do
algoritmo foi realizada comparando-se os resultados fornecidos pelo fabricante com os
obtidos pelo algoritmo.
Os resultados serão expressos na forma de tabela e gráficos. Isto possibilitou à
analise comparativa dos níveis de pressão acústica, os níveis tolerados pelo fabricante e
pelos normativos do setor.

2. TRANSFORMADORES DE ALTA POTÊNCIA


Os transformadores de alta potência são constituídos basicamente por:

• Parte ativa, que compreende o núcleo ferromagnético e os enrolamentos


primário e secundário (em alguns casos são utilizados enrolamentos terciários
para aterramento ou alimentação dos serviços da subestação);
• Tanque, que compreende a carcaça ou caixa, os radiadores e os acessórios de
conexão externa, controle e proteção;
• Fluído isolante e refrigerante, em quantidade e qualidade suficiente para
promover a transferência do calor gerado na parte ativa para a superfície externa
do invólucro (FINOCCHIO; DESTRO; FERREIRA, 2015).

Nos transformadores de potência as principais fontes de ruído são o núcleo


magnético do transformador, seus enrolamentos e o sistema de refrigeração e ventilação

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forçada, que pode ser realizada por ventiladores no resfriamento a ar ou com bombas pelo
método de resfriamento de água ou óleo.
Conforme definido em (CHRISTIE, 1969; MARTIGNONE, 1991), para minimizar e
restringir o efeito das correntes parasitas, o núcleo magnético é composto pelo
empilhamento de lâminas de liga Ferro-Silício (1,5 a 3,0% de Si), tipo grão orientado, com
espessuras da ordem de 0,30 a 0,35mm. Os fenômenos simultâneos, as correntes parasitas
e as perdas por histerese, denominam-se em "perdas no ferro", e que, juntamente com as
"perdas no cobre" (efeito Joule sobre os condutores dos enrolamentos), são responsáveis
pela perda de rendimento e potência transformada, resultando em potência não útil sob a
forma de calor (predominantemente), ruídos e forças mecânicas.
Segundo Charles (1967), todo transformador em operação emite um ruído cuja
magnitude é proporcional a sua potência. No interior do transformador, não existem partes
móveis como em motores e geradores, nesses a maior causa de ruído são as partes
móveis. Nos transformadores, o ruído gerado é devido ao efeito de magnetostrição que
ocorre no seu interior. A magnetostrição é a deformação de estruturas cristalinas devido à
aplicação de campos magnéticos, observada em monocristais e policristais ferromagnético.
As lâminas que constituem o núcleo magnético são extremamente delgadas (cerca
de 0,30 mm) e com largura muitas vezes inferior ao comprimento (10 a 20 vezes na maioria
dos projetos). Ou seja, relativamente ao comprimento, são placas delgadas e estreitas.
Portanto, quando devidamente excitadas, são mais suscetíveis aos efeitos das ondas
vibrantes, sendo a principal fonte de ruídos nos transformadores.
A eficiência da refrigeração é um fator fundamental que determina a segurança
operacional e o tempo de vida de um transformador, tipo e método de refrigeração do
transformador são importantes para redução da temperatura e do ruído no equipamento. Os
transformadores de potência podem ser refrigerados por diversas formas, a norma IEEE
C57 12 00 prescreve um sistema específico para os tipos de refrigeração (ANSI, 2011). Para
melhorar a dissipação de calor são utilizados ventiladores conectados aos radiadores.
A Figura 1 apresenta um transformador de 112MVA, semelhante aos estudados.

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Figura 1: Sistema de refrigeração com ventiladores do Transformador

Fonte: WEG, 2012

O ruído do ventilador ocorre em função da sua velocidade. Caso o tamanho das


hélices diminua o número de hélices deve aumentar, a adequação dos ventiladores e do
sistema de refrigeração do transformador causa a atenuação do ruído (FINOCCHIO;
FERREIRA; DESTRO, 2014). O tamanho padrão dos ventiladores utilizados são de 46 a 61
cm com velocidade entre 900 e 950 rpm, estando o nível de ruído entre 64 a 65 dB.
Para instalações que exigem um nível de ruído baixo, recomenda-se o uso de
transformadores enclausurados com banco de radiadores externo, quanto maior o número
de radiadores, mais rápidas serão as trocas de calor com o ambiente, consequentemente
melhor será seu sistema de resfriamento e menor o nível de ruído, dispensando ou
diminuindo a utilização de outros acessórios como os ventiladores que aumentam o ruído.
Quanto ao ruído do transformador é possível citar algumas características:

• Quanto melhor a qualidade dos materiais do núcleo, menor é o ruído emitido;


• Todo equipamento que emite ruído fora dos padrões, apresenta algum defeito;
• Equipamentos que emitem ruídos acima do normal causam insegurança e
desconforto a pessoa que o utiliza;
• O nível de ruído aumenta com o aumento da potência do transformador;
• O ruído é uma característica operacional importante medido em cada etapa de
sua fabricação.

3. MEDIÇÃO DE RUÍDO EM TRANSFORMADORES


O instrumento de medição utilizado é um medidor de nível de pressão sonora ou
acústica (MNPS) da Bruel & Kjaer. Este equipamento realiza a medição dos níveis de
pressão acústica, a intensidade de sons. Já que o nível de pressão acústica é uma
grandeza que representa a sensação auditiva de amplitude sonora, quando ponderada.

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Na primeira etapa, o nível de ruído de fundo deve ser medido (ZAWIESKA, 2017),
posteriormente, o transformador deve ser alimentado com tensão e frequência nominais sob
condições sem carga e assim realizam-se as medições do ruído do equipamento. As
medições são realizadas em vários pontos localizados ao redor do transformador, com o
instrumento posicionado a distância de 0,3m da máquina, esta distância pode ser alterada
para até um metro por razões de segurança ou acordo entre fornecedor e comprador do
equipamento. Este procedimento de teste obedece a norma NBR 7277 (ABNT, 2013).
As posições de medição devem ser espaçadas a uma distância de, no máximo, um
metro uma da outra, sendo necessário no mínimo seis posições. As medições devem ser
realizadas à metade da altura do equipamento, não ultrapassando 2,5m. Caso o
transformador possua altura superior a 2,5m, devem ser realizadas medições à 1/3 e 2/3 da
altura do equipamento. Depois de realizar a medição do nível de ruído do transformador,
desenergizado, o nível de ruído do fundo é medido novamente. No caso de haver uma
diferença superior a 8 dB, entre o nível de pressão acústica do transformador e o nível de
pressão acústica do ruído de fundo, o nível final de pressão acústica do transformador deve
sofrer a aplicação de uma correção, tendo em conta o maior nível de ruído de fundo
(GIRGIS, et al 2008).
A Figura 2 representa os pontos das medições espaçados a 1 metro, conforme
sugerido pela norma NBR 7277 (ABNT, 2013).

Figura 2: Pontos de medição

O coeficiente médio de absorção acústica é utilizado no procedimento de medição,


conforme a Tabela 1, ele depende do local de teste.

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Tabela 1: Coeficiente médio de absorção acústica
Coeficiente médio de
Descrição da Sala
absorção acústica (a)
Salas quase vazias com paredes duras e lisas feitas de concreto,
0,05
tijolos ou cerâmica.
0,1 Salas parcialmente vazias, com paredes lisas.
Salas mobiliadas, salas de máquina, ou salas industriais, sendo
0,15
todas retangulares.
Salas mobiliadas, salas de máquina, ou salas industriais, sendo
0,2
todas com forma irregular.
Salas industriais ou salas de máquinas com teto e/ou paredes
0,25
parcialmente revestidos de materiais acústicos.
0,35 Sala com teto e paredes revestidos de materiais acústicos.
Sala com teto e paredes revestidos com grandes quantidades de
0,5
materiais acústicos.

Para medição do nível de ruído são necessários os seguintes dados:

• Potência do transformador: 112MVA;


• Alta tensão: 400kV;
• Baixa tensão: 13,8kV;
• Conexão: YNd5;
• Corrente AT: 161,65A;
• Corrente BT: 4685,74A;
• Tipo de refrigeração: OFWF;
• Classe de isolamento: A;
• Peso óleo: 25,5t;
• Peso total: 124,0t.

Os instrumentos utilizados na medição: MNPS, modelo 2236; microfone, modelo


4188; calibrador acústico, modelo 4231 Hz (94dB SPL-1000) todos da marca Bruel & Kjaer.
As condições de ensaio estipuladas foram: tensão de excitação 13,8kV, frequência
60Hz, temperatura ambiente 20oC, umidade de 60% e pressão de 998mbar.
A Figura 3 representa o layout dos pontos de medição ao redor do transformador,
cada ponto distanciado um metro do outro. Salienta-se que em todo e qualquer laudo
técnico referente á medição do nível de pressão acústica em transformadores, é obrigatório
o layout referente aos pontos nos quais as medições foram realizadas, em caso de salas
onde existam demais objetos próximos ao transformador em estudo, torna-se interessante
uma ilustração, situando os demais objetos em relação ao transformador.

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Figura 3: Layout de pontos de medição

Fonte: WEG, 2012

A partir da Equação 1, obtem-se o nível de pressão acústica calculada:

1
0 = 10.  . ∑=1 100,1.  (1)

LpA0: Nível de pressão acústica calculada;


LpAi: Nível de pressão acústica medida;
N: Número total de posições de medição.

A média ponderada do nível de pressão acústica de fundo, LBGA, deve ser calculada
separadamente antes e depois da sequência de teste utilizando a Equação 2:


 = 10.  
. ∑
 10
,.
 (2)

M: Número total de posições de medição;


LbgAi: Nível de pressão acústica de ruído de fundo na posição de medição.

A média corrigida do nível de pressão acústica LpA é calculada pela Equação 3:


 = 10.  10,. ! − 10,. # − $ (3)

LpA: Média corrigida do nível de pressão acústica;


LbgA: Níveis de pressão acústica de ruído de fundo;

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K: Fator de correção ambiental.

A correção ambiental K representa a influência do som, reflexões indesejadas,


limites da sala ou objetos refletores próximos do objeto de teste. A magnitude de K depende
da proporção da área de absorção do som na sala de teste (A), para a área da superfície de
medição (S). A magnitude calculada de K depende muito da localização do objeto de teste
na sala de teste. O fator K deve ser obtido da Equação 4, com o valor apropriado (A/S):

'
$ = 10.  (1 +  ) (4)
(

As Equações 1, 2, 3 e 4 são utilizadas para o cálculo do nível de pressão acústica


do transformador e para o nível de pressão acústica do ruído de fundo.
A Tabela 2 fornece os valores utilizados em caso de correção devido à diferença
entre o nível de pressão acústica e o nível de ruído de fundo segundo NBR 7277. Para
diferenças fracionárias aplica-se o método de arredondamento para ter-se um valor inteiro.

Tabela 2: Fatores de correção devido à influência do ruído ambiente.


Diferença entre o nível de pressão acústica e o nível de Valor a ser subtraído do nível de
pressão acústica do ruído de fundo [dB] pressão acústica [dB]
3 3
4 até 5 2
6 até 8 1
9 até 10 0,5

4. SIMULAÇÕES E RESULTADOS
Nas simulações, foram utilizados dois transformadores de mesma potência, seus
dados, instrumentos de medição e condições de ensaio, foram obtidos do fabricante.
A Tabela 3 representa a ficha de ensaio da medição de ruído de um transformador,
de 112 MVA. Esta ficha contém as medições nos pontos em volta do transformador. As
medições do nível de pressão acústica de ruído de fundo devem ser feitas com o
transformador desenergizado, posteriormente as bombas que realizam a circulação do óleo
refrigerante devem ser ligadas e mais uma série de medições devem ser realizadas. No
estágio final, logo após as bombas serem desligadas outra série de medições é realizada.
Para a medição do nível de pressão acústica do transformador, o mesmo deve ser
energizado com tensão nominal e sem a presença de cargas, as medições devem ser
realizadas á 1/3 e a 2/3 de sua altura (H), pois o mesmo ultrapassa 2,5 metros de altura,

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como explicado anteriormente, de acordo com o procedimento da norma NBR 7277,
transformadores com altura inferior a 2,5 metros, necessitam de apenas uma medição á
metade de sua altura (ABNT, 2013).
Não é aconselhável fazer medições de ruído em grandes transformadores nos
primeiros minutos subsequentes a sua energização. Porque quando efetuada
instantaneamente, é comum ter um valor de pico inicial de corrente várias vezes superior a
corrente nominal do transformador, podendo influenciar os resultados (WEG, 2010).
Com os dados presentes na Tabela V é possível realizar os cálculos, utilizando das
equações 1, 2, 3 e 4 para obterem-se os valores finais de LpA (Nível de pressão acústica) e
LbgA (Nível de pressão acústica do ruído de fundo).

Tabela 3: Ficha de ensaio de medição de ruído.


MEDIÇÃO DE NÍVEL DE PRESSÃO ACÚSTICA
LpA - Nível de pressão
LbgA Nível de pressão acústica de ruído de
acústica do
Ponto de fundo
transformador
medição
Ambiente no Bombas Ambiente no
H/3 2H/3
início I ligadas II fim III
1 40,6 51,9 41,3 69,9 67,3
2 40,1 52,4 41,0 66,0 64,1
3 39,7 52,5 39,8 69,2 62,5
4 39,9 51,3 39,7 68,9 65,9
5 39,6 49,7 39,2 66,9 67,1
6 40,0 49,3 39,1 65,9 70,1
7 40,2 47,2 39,0 69,6 64,7
8 39,9 44,5 39,2 66,9 69,0
9 39,8 43,9 39,3 65,4 65,0
10 40,1 43,8 39,2 62,4 62,9
11 39,7 43,6 39,0 64,4 62,8
12 39,9 43,9 39,0 68,0 64,9
13 40,3 43,4 39,4 68,1 67,3
14 40,1 44,0 39,9 67,6 64,6
15 40,4 44,3 40,2 71,9 66,7
16 40,6 45,1 40,6 69,1 67,7
17 40,7 45,4 40,8 65,4 65,9
18 40,9 46,0 41,2 68,3 63,7
19 41,4 47,2 41,8 65,3 62,5
20 41,8 48,2 42,0 66,3 69,7
21 42,0 48,9 42,1 68,2 70,0
22 42,1 50,4 41,9 67,1 65,2
23 41,9 51,2 41,6 68,6 66,8
24 42,2 51,6 41,2 65,4 66,6
25 41,5 51,7 41,3 69,7 68,8
26 41,9 51,2 40,8 69,3 68,9
27 41,3 51,5 40,5 70,7 65,5
28 40,6 51,6 40,1 70,2 69,9
29 40,4 51,3 40,2 70,0 68,9

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O procedimento de cálculo, anteriormente explicado, é repetitivo, exaustivo e sujeito
á possíveis erros. Com intuito de diminuir os possíveis erros e diminuir o tempo gasto com
os procedimentos de cálculo, foi criado via software MatLab (Matrix laboratory) um
algoritmo, no qual são inseridos os dados do transformador e do ensaio de medição de ruído
para obter-se como retorno os valores de LpA e LbgA.
A Figura 4 representa o funcionamento do algoritmo criado, é possível notar que
além de realizar os cálculos, o algoritmo também verifica se existe a necessidade de
correção e caso haja, ele realiza a mesma, após isso, tem-se como resultado os valores de
LpA e LbgA e são gerados gráficos referentes aos valores de LpA e LbgA de acordo com os
pontos de medição, assim como o valor de LpA de cada transformador, considerando-se o
valor de sua potência.

Figura 4: Esquemático do funcionamento do algoritmo.

A Tabela 4 representa as entradas fornecidas ao algoritmo e os resultados obtidos.


Como é possível notar, o algoritmo recebe como entrada os dados de cada transformador,

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sendo eles a potência do transformador, sua altura (H), o comprimento de contorno (Lm), o
coeficiente de absorção acústica da sala de medição e a área de superfície de contato, o
valor do coeficiente de absorção acústica é estipulado conforme as características da sala
de ensaio, conforme presente na Tabela 1 (Coeficiente médio de absorção acústica), os
dados referentes ás medições realizadas também são utilizados, porém os mesmos são
fornecidos dentro de documentos de texto que são carregados no algoritmo. A partir dados
são calculados os valores dos níveis de pressão acústica do transformador e de fundo.

Tabela 4: Entradas e resultados


ENTRADAS
Transformador 1 2
Potência [MVA] 112 112
Altura (H) [m] 4,64 4,64
Comp. Cont. Lm [m] 29 29
Coeficiente Absorção Acústica (a) 0,2 0,2
Área Superfície (Sv)[m] 10036 10036
RESULTADOS
Fator Correção Ambiente (K) 1,41 1,41
LbgA [dB] 40,756 42,048
LpA[dB] 66,816 66,978

Os resultados das medições são representados na forma de gráficos e


histogramas. Nos histogramas são construídas suas curvas normais. A Figura 5 representa
o nível de pressão acústica de ruído de fundo medido em cada ponto ao redor do
transformador.

Figura 5: Nível de pressão acústica de ruído de fundo do transformador 1

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Como mostrado na Figura 6, o valor médio do nível de pressão acústica de ruído de
fundo para o transformador 1 é de 40,76dB, para atingir maior precisão nesse resultado,
também foi calculado o desvio padrão, considerando-se os 29 pontos de medição, para um
valor de desvio de ±0,84dB. A Tabela 5 mostra os valores dos desvios padrões calculados.

Tabela 5: Desvio padrão


DESVIO PADRÃO
Transformador 1 2
LbgA[dB] 0,83740 2,16130
LpA[dB] 1,42340 1,98430

A Figura 6 (a) é o histograma com os dados da medição do nível do ruído de fundo


do transformador 1, nela está traçada a curva normal, e o valor médio do ruído de fundo.
A Figura 6 (b) representa o nível de pressão acústica do transformador 1, o valor
médio de LpA do transformador 1 é de 66,82dB e o valor do desvio padrão é de 1,42dB.

Figura 6: Transformador 1 (a) Curva normal do ruído de fundo. (b) Nível de pressão acústica.

A Figura 7 representa a curva normal do ruído do transformador 1 e o histograma


da medição do nível do ruído de fundo do equipamento.

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Figura 7. Curva normal do ruído do transformador 1

Na Figura 8 (a) mostra o valor do ruído de fundo do transformador 2, com valor


médio de 42,05dB e desvio padrão de 2,16dB. No histograma da Figura 8 (b) é possível
notar que a maior densidade ocorreu bem perto do valor médio obtido de 42,05dB, tal fato
aumenta confiabilidade da medição.

Figura 8: Transformador 2 (a) Nível de pressão acústica de ruído de fundo. (b) Curva normal do
ruído de fundo.

Conforme a Figura 9 (a), o valor para o nível de pressão acústica para o


transformador 2 é de 66,98dB, com desvio padrão de 1,98dB. Pode-se inferir da curva
normal da Figura 9 (b), que mesmo tendo um desvio padrão razoável, aproximadamente
1,98dB é possível concluir com uma exatidão de 95,44%, que o valor real do nível de
pressão acústica do transformador 2 está entre 65 e 69dB.

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Figura 9: Transformador 2 (a) Nível de pressão acústica (b) Curva normal do ruído.

O dois transformadores são da mesma classe de potência, comparando-se ambas


as medições é possível constatar-se que os valores de nível pressão acústica dos
transformadores são bem próximos, o transformador 1 com 66,82dB e o transformador 2
com 66,98dB, enquanto o valor de nível de pressão acústica de ruído de fundo sofreu uma
variação maior de 40,75dB para 42,05dB, tal fato deve-se também a fatores externos como
o fato de as medições terem ocorrido em dias diferentes, proporcionando condições
diferentes. Entretanto, em ambos os casos os valores obtidos foram satisfatórios.
A Figura 10 representa os valores do nível de pressão acústica dos dois
transformadores.
Os valores obtidos ficaram na faixa de 67 dB, considerando a classe de
transformadores de potência de 112MVA, o valor máximo permitido é de 75dB. Com isso é
possível concluir-se que os níveis de pressão acústica de ambos os transformadores em
estudo estão de acordo com as normas

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Figura 10: Nível de pressão acústica – LpA

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste trabalho foram apresentados conceitos referentes à transformadores de
potência, seus aspectos construtivos algumas de suas características, dentre essas cita-se
o ruído que o transformador emite quando em funcionamento. Ponto foco deste trabalho,
possibilitando discutir suas causas. Tendo como principal causa a magnetostrição que
consiste em deformações nas estruturas cristalinas dos materiais ferromagnéticos presentes
no núcleo do transformador, que geram vibrações causando ruído do equipamento.
Esta abordagem possibilita sua aplicação a todas as classes de potência de
transformadores. Esta mema metodologia pode ser aplicada para potência igual ou superior
a 100 MVA. Isto sem a alteração dos procedimentos de medição do ruído.
Salienta-se que o ruído produzido por este equipamento é diretamente proporcional
à magnitude de sua potência.

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