Você está na página 1de 293

Sumário

Máquinas Elétricas 1
Capítulo 2 – Transformadores Monofásicos

Prof. Alvaro Augusto W. de Almeida


Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Departamento Acadêmico de Eletrotécnica
alvaroaugusto@utfpr.edu.br
2 Sumário do capítulo

 Introdução
 O Transformador Ideal
 O Transformadores Real
 O Autotransformador
 Sistema Por Unidade
 O Transformador de Alta Frequência
 Exercícios
 Referências

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


3 Observações
 Estes slides foram preparados como parte do conteúdo da disciplina de
Máquinas Elétricas 1 dos cursos de Engenharia Elétrica e Engenharia de
Controle e Automação da UTFPR, campus Curitiba.
 Esperamos que estes slides possam servir também como uma pequena
apostila, além de material a ser exibido em sala de aula. Daí a maior
quantidade de texto em relação a slides convencionais.
 Todas as ilustrações, exceto menção em contrário, foram confeccionadas
pelo autor por meio do GIMP 2.8.18, GNU Image Manipulation Program.
 As fotografias foram pesquisadas por meio do Google e, quando a fonte
não foi encontrada, foram consideradas de domínio comum. Caso não
seja este o caso, basta entrar em contato e solicitar a retirada.
 E-mail: alvaroaugusto@utfpr.edu.br.

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


4
Introdução
5 Transformadores
 Transformadores (ou “Trafos”, na gíria da Engenharia Elétrica
brasileira) são circuitos elétricos que transferem energia
eletromagnética entre dois ou mais circuitos por meio de
indução eletromagnética, possibilitando o aumento ou a
redução de tensão.
 Faraday descobriu o princípio da indução de pulsos de tensão
entre dois enrolamentos em 1830. Contudo, ele não percebeu
que havia uma relação entre o número de espiras do primário
e do secundário e as tensões do primário e do secundário,
respectivamente.
 Um dos primeiros pesquisadores a perceber a relação entre
espiras e tensões foi o irlandês Nicholas Callan (1799-1864). Em
1837, usando um relógio para interromper a corrente 20 vezes
por segundo, Callan, produziu faíscas de 380mm, uma tensão
estimada de 60kV.

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1Sumário


6 Aplicações dos Transformadores

 Adequar os níveis de tensão em sistemas de geração, transmissão e


distribuição de energia elétrica.
 Isolar eletricamente o circuito de potência principal dos sistemas de
proteção, medição e controle.
 Realizar casamentos de impedância, maximizando a transferência de
potência entre dois circuitos.
 Evitar a transferência de corrente contínua de um circuito para o outro.
 Alimentar equipamentos de baixa tensão a partir de tomadas de média
tensão (380/220/110 V).
 Realizar medições de tensão e corrente.

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


7 Alguns Tipos de Transformadores

Figura (2.1)

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


Transformadores de
Força
 São transformadores para geração,
transmissão e distribuição de energia
em concessionárias e subestações de
grandes indústrias, incluindo aplicações
especiais como fornos de indução,
fornos a arco e retificadores.
 Potência: 5 MVA a 300 MVA.
 Tensões: as tensões mais comuns no
Brasil vão de 230 kV a 500 kV. Uma
exceção é uma das linhas AC da UHE
Itaipu, que transmite em 750 kV.
Fonte: WEG

8 Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


Sumário
9 Transformadores de
Distribuição
 São transformadores para distribuição
de energia ao consumidor final
(concessionárias de energia,
cooperativas, instaladoras e empresas
de modo geral).
 Potência: 30 kVA a 300 kVA.
 Alta tensão: 13,8 kV a 25 kV.
 Baixa tensão: 380/220 V ou 220/127 V.

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR MáquinasSumário


Elétricas 1
Autotransformadores

 São transformadores cujos enrolamentos, além de


acoplados magneticamente, são também aco-
plados eletricamente.
 Se o isolamento elétrico não for necessário e se, além
disso, tensões variáveis forem necessárias, o auto-
transformador é o mais indicado.
 Por causa do acoplamento elétrico, o rendimento e a
regulação do autotransformador são maiores.
 Um autotransformador de baixa potência bastante
conhecido é o Varivolt.

10 Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


Sumário
Autotransformadores
de Potência
 Autotransformadores trifásicos podem operar
em potências que vão até algumas centenas
de kVA. A grande vantagem é o tap variável,
que per-mite o controle de tensão sob carga
variável.
 Exemplos desse tipo de transformador
encontram-se na subestação de 765/500/345
kV Tijuco Preto e na subestação de 500/345 kV
de Ibiúna, ambas pertencentes a Furnas.
 O autotransformador da fotografia ao lado foi
construído pela Ningbo Tianan Group, uma
empresa chinesa. Fonte: Ningbo Tianan Group, China

11 Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


Sumário
12 Transformadores de Potencial (TPs)
 Os TPs são transformadores de medição de
alta tensão usados em conjunto com os TCs.
São conectados em paralelo com o circuito
medido, interferindo minimamente no
funcionamento deste.
 O primário do TP é conectado ao circuito de
alta tensão a ser medido e o secundário é
conectado a um voltímetro.
 A razão entre a tensão do primário e a
tensão do secundário é uma constante
denominada “razão de transformação” e é
determinada pelo fabricante.

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


13 Transformadores de Corrente
(TCs)
 TCs de alta tensão são usados em subestações para
medição de corrente e proteção.
 Também existem TCs de baixa tensão, usados para
monitoramento do consumo de energia em residências
e outras instalações do mesmo tipo.
 O primário dos TCs é geralmente um só condutor e o
secundário é um bobina envolvente.
 Amperímetros do tipo alicate, que permitem a medição
de correntes sem interrupção do circuito, também
operam com base nesse princípio.

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1Sumário


Transformadores de Pulso

 Enquanto os transformadores convencionais


operam com ondas senoidais, os transformadores
de pulso operam com ondas descontínuas, e.g.,
ondas quadradas.
 A principal característica destes transformadores é
reproduzir o mais adequadamente possível em seu
secundário o sinal injetado no primário, o que
requer elevada permeabilidade e indutância de
dispersão reduzida, assim como capacitância entre
espiras.
 De modo a evitar a distorção dos pulsos, estes
transformadores operam somente na região linear
da curva de magnetização.

14 Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


Sumário
Transformadores de
Pulso de Alta Potência
 Transformadores de pulso são também
usados na área de alta potência e alta
frequência.
 Estes transformadores podem usados
para acoplar a saída de geradores AC
com a entrada de retificadores, por
exemplo. Outras aplicações envolvem
aceleradores de partículas e a geração
de pulsos para radar.
 A fotografia ao lado mostra um
transformador de pulso de 12,5 MVA
para uso em 33 kV. Fonte: Tianan China

15 Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


Sumário
16 Transformadores de
Áudio (AF)
 Os transformadores de áudio operam em
banda larga, em frequências que vão de
20Hz até 20kHz, e são usados para
adequar a saída de alta impedância dos
amplificadores de áudio com a entrada
de baixa impedância dos alto falantes.
 Esses transformadores foram essenciais na
época dos amplificadores valvulados, mas
ainda são produzidos para uma série de
funções, como no caso de amplificadores
que devem alimentar simultaneamente
dois ou mais alto falantes de impedâncias
diferentes, por exemplo.

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


Transformadores de Alta Frequência (RF)
 As aplicações de transformadores de RF incluem o
casamento de impedâncias, o isolamento de compo-
nentes DC de sinais AC e o interfaceamento entre
circuitos balanceados e circuitos desbalanceados, como
no caso de amplificadores de alta frequência.
 O núcleo destes transformadores não pode ser o aço
silício, por causa da permeabilidade reduzida deste
material em frequências elevadas. Materiais como ferrite,
permalloy ou SMC (Soft Magnetic Composite) são então
utilizados.
 Os transformadores de RF são de banda larga, como os Fonte: BCE
transformadores de áudio, mas, ao contrário destes, componentes
podem operar em frequências que vão de alguns kHz eletrônicos
até mais de 1,0 GHz.

17 Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


Sumário
18
O Transformador Ideal
O Transformador Ideal

 Um transformador ideal é aquele


que não apresenta perdas no
cobre, no ferro, dispersão de
fluxo ou quaisquer outros tipos
de perdas.
 Um transformador é ilustrado ao
lado, com uma fonte AC
colocada no primário e uma
carga no secundário.
 As grandezas indicadas por 1
pertencem ao primário e as
indicadas por 2 pertencem ao
secundário.
Figura (2.2)

19 Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


Sumário
20 Notação
 A notação que iremos utilizar daqui em diante é a seguinte:

𝑣, 𝑖: valores instantâneos.
𝑉, 𝐼: valores eficazes.
𝑉𝑚 , 𝐼𝑚 : valores máximos.

𝑉,ሶ 𝐼:ሶ fasores.

 Supondo que uma forma de onda seja senoidal de frequência w rad/s,


podemos escrever, por exemplo:

𝑣 = 𝑉𝑐𝑜𝑠 𝜔𝑡 + 𝜃 ,

onde q é um ângulo de defasamento medido a partir de uma referência.

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


20 Fluxo Concatenado
 O fluxo magnético que atravessa uma espira é conhecido como fluxo
concatenado com a espira (linkage flux). No caso de um enrolamento
formado por N espiras o fluxo concatenado pode ser escrito como:
𝑁

𝜆 = ෍ 𝜙𝑖
𝑖=1

 Na relação acima devemos considerar que o fluxo concatenado com


cada espira é levemente diferente do fluxo da espira vizinha e é muito
difícil estimar essa distribuição de fluxos.
 Assim, na prática é mais comum usarmos a noção de fluxo concatenado
equivalente:
𝜆 = 𝑁𝜙 (2.1)

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


21 Fluxos de Dispersão

 O fluxo total em um enrolamento i pode ser escrito como:

𝜙𝑖 = 𝜙𝑑𝑖 + 𝜙 (2.2)

 Aqui fdi é o fluxo de dispersão do enrolamento i e o fluxo f pode ser


entendido como o fluxo mútuo entre os dois enrolamentos.
 O fluxo de dispersão é pequeno quando comparado com o fluxo mútuo,
não mais de 7%.
 O fluxo de dispersão não satura, de forma que este fluxo em um dado
enrolamento é proporcional à corrente neste enrolamento.

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


22 Equacionamento do Trafo Ideal (1)

 Os valores instantâneos de fems e fluxos mútuos são escritos em função da


Lei de Faraday:

𝑑𝜙1 𝑑𝜙2
𝑣1 = 𝑁1 e 𝑣2 = 𝑁2
𝑑𝑡 𝑑𝑡

 No transformador ideal os fluxos dispersos no primário e no secundário são


desprezíveis. Logo, teremos f1 = f2 = f. Assim:

𝑑𝜙 𝑑𝜙 𝑣1 𝑣2
𝑣1 = 𝑁1 e 𝑣2 = 𝑁2 ou =
𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑁1 𝑁2

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


23 Equacionamento do Trafo Ideal (2)

 Supondo ainda que as fems sejam funções suaves do tempo, como


funções senoidais, a relação valerá também para os valores eficazes:

ou 𝑉1 𝑁1
= =𝑘 (2.3)
𝑉2 𝑁2

onde k é denominada “relação de espiras” ou “relação de transformação”.

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


24 Equacionamento do Trafo Ideal (3)

 Em qualquer transformador temos que:

𝑆1 = 𝑉1 𝐼1 e 𝑆2 = 𝑉2 𝐼2

 No transformador ideal (sem perdas), vale também que:

𝑆1 = 𝑆2 ou 𝑉1 𝐼1 = 𝑉2 𝐼2

 Substituindo esta relação em (2.3), teremos que

𝑉1 𝐼2
= =𝑘 (2.4)
𝑉2 𝐼1

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


26 Equacionamento do Trafo Ideal (4)

 Unindo as relações (2.3) e (2.4) vem que

𝑉1 𝑁1 𝐼2
= = =𝑘 (2.5)
𝑉2 𝑁2 𝐼1

 Da relação (2.3) vem também que:

𝑁1 𝐼1 = 𝑁2 𝐼2 ou ℱ1 = ℱ2 (2.6)

 Da relação (2.6) fica claro que a fmm e o fluxo magnético dentro do núcleo do
transformador ideal são nulos. Isso ocorre por causa da Lei de Lenz, que produz
uma fem com sinal inverso ao do fluxo original (força contra-eletromotriz).

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


28 A Convenção do Ponto
 Testes de polaridade permitem
determinar em qual terminal do
secundário será induzida uma tensão
positiva a partir de uma tensão positiva
aplicada em um terminal do primário.
 Na notação de circuitos os pontos são
colocados nos terminas das bobinas
que tenham tensão positiva. Isso signi-
fica que um fluxo mútuo variável atra-
vés das duas bobinas produz tensões Figura (2.3)
induzidas em fase:

𝐸ሶ1 = 𝐸ሶ 2

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


29
O Transformador Real
Transformadores Elevadores 29

 As relações (2.3) e (2.4) permitem entender porque é


necessário elevar as tensões antes de transmitir a po-
tência a longas distâncias. Seja, por exemplo, uma
subestação cujos dados básicos são os seguintes:
 Gerador: 440 MVA, 13,8 kV.
 Transformador: 13,8 kV/230 kV.
 Resistência da Linha de transmissão: RTX=10 W.
 As perdas ôhmicas na linha de transmissão são P=RTXI2

Sumário
Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1
30 Resultados

 O fator de transformação é k=13,8 kV/230 kV=0,06.


 A corrente no primário é 𝐼1 = 𝑆Τ 3𝑉1 = 400 × 103 / 3 × 13,8 =16.735 A
 Os demais resultados são mostrados na tabela abaixo.

Tipo I1 (A) I2 (A) Perdas (MW) Perdas (%)


Com 16.735 1.004 10,1 2,5%
transformador
Sem 16.735 16.735 2.800 700%
transformador

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


31 Conclusão

 Para manter as perdas em 2,5%, sem


usar transformador, seria necessário um
condutor com diâmetro 600 vezes maior
do que os utilizados.
 O uso dos transformadores, que só é
possível em corrente alternada, permite
reduzir as perdas.
 Quando a linha de transmissão chega à
subestação de destino, transformadores
abaixadores fazem a operação inversa,
reduzindo as tensões a valores utilizáveis.

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR MáquinasSumário


Elétricas 1
Sistema de Geração, Transmissão e Distribuição

 Um sistema de geração,
transmissão e distribuição de
energia elétrica é mostrado ao
lado.
 Note que, no desenho, um
consumidor industrial é atendido
diretamente da linha de distribui-
ção, talvez 13,8 kV, 34,5 kV ou 69
kV.
 Alguns poucos consumidores no
Brasil são atendidos diretamente
da transmissão, em 230 kV, por
exemplo.

32 Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


Sumário
33 Perdas no Transformador Real
 As perdas no transformador real são classificadas da seguinte forma:
 Perdas sob carga (PL)
 Perdas no cobre (PCu)
 Perdas suplementares (Psup)

 Perdas a vazio (Pf)


 Perdas no Ferro ou no núcleo (“core”) (PC)
 Perdas nos dielétricos (Pdi)

 As perdas suplementares e nos dielétricos são muito menores do que


as perdas no cobre e no ferro, respectivamente, e são usualmente
desprezadas.

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


34 Perdas no Cobre

 Sendo Ne o número total de enrolamentos de um


transformador e ri a resistência elétrica de cada um
deles, as perdas totais no cobre (também
denominadas “perdas ôhmicas”) serão:

𝑁𝑒

𝑃𝐶𝑢 = ෍ 𝑟𝑖 𝐼𝑖2 (2.7)


𝑖=1

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas


Sumário
1
35 Perdas por Histerese

 As perdas por histerese surgem da energia absorvida pelo núcleo de


ferro para percorrer os laços de histerese.
 Sendo Bm a indução magnética de pico e f a frequência de operação,
as perdas por histerese podem ser escritas como:

𝑥
𝑃ℎ = 𝑘𝑘 𝑓𝐵𝑚 (2.8)

onde x (o expoente de Steinmetz) e kh são parâmetros que devem ser


determinados experimentalmente.

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


36 Perdas por Correntes de Foucault

 As perdas por Foucault surgem das correntes induzidas no núcleo de ferro,


também denominadas “correntes parasitas”. Sendo s a condutividade do
núcleo, d a espessura das lâminas do núcleo, Bm a indução magnética de
pico e f a frequência de operação, as perdas por Foucault serão:

𝜋2𝜎 2 2 2
𝑃𝐹𝐶 = 𝑓 𝑑 𝐵𝑚 (2.9)
6

 Note que as perdas por Foucault são diretamente proporcionais a s2 e a


d2. Logo, quanto mais finas e menos condutivas forem as lâminas, menores
serão as perdas por Foucault.

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


37 Perdas no Ferro

 Na prática as perdas por Foucault e por histerese não


são medidas separadamente. De fato, a maneira mais
fácil de determinar tais perdas é por meio do ensaio a
vazio, que resulta nas perdas no ferro:

𝑃𝐶 = 𝑃𝐻 + 𝑃𝐹𝐶 (2.10)

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


Sumário
38 Reatâncias do Transformador (1)

 Como mostra a anterior, o fluxo total do transformador divide-se em três


componentes: o fluxo mútuo entre o primário e o secundário, o fluxo
disperso no primário e o fluxo disperso no secundário.
 É possível representar os fluxos por meio de reatâncias. Inicialmente,
sabemos que:
𝑁𝑖2
𝑥𝑖 = 𝜔𝐿𝑖 = 𝜔 ,

onde “i” é o índice do enrolamento em questão.


 Da Lei de Hopkinson, temos:

𝑁𝑖2 𝑁𝑖2
𝑥𝑖 = 𝜔 ou 𝑥𝑖 = 𝜔 𝜙 (2.11)
ℱ𝑖 Τ𝜙𝑖 ℱ𝑖 𝑖

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


39 Reatâncias do Transformador (2)

 As reatâncias de dispersão do transformador correspondem à potência


fornecida pela fonte de alimentação, mas que não estão disponíveis para
realizar o processo de transformação.
 Da mesma forma, o fluxo mútuo, ou fluxo de magnetização, pode ser
escrito em função de uma reatância de magnetização:

𝑁2
𝑥𝑚 =𝜔 𝜙 (2.12)
ℱ𝑚 𝑚

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


40 Circuito Equivalente do Transformador Real

 A terminologia completa de impedâncias e correntes que usaremos é a


seguinte:
𝑟1 = resistência ôhmica do primário (Ω).
𝑟2 = resistência ôhmica do secundário Ω .
𝑟𝐶 = resistência de perdas no ferro Ω .
𝑥1 = reatância de dispersão do primário Ω .
𝑥2 = reatância de dispersão do secundário Ω .
𝑥𝑚 = reatância de magnetização Ω .
𝐼1 = corrente do primário A .
𝐼2 = corrente do secundário A .
𝐼𝜙 = corrente de excitação A .
𝐼𝐶 = corrente de perdas no ferro A .
𝐼𝑚 = corrente de magnetização A .
𝐼𝐶 = corrente de perdas no ferro A .

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


41 Magnetização do Núcleo
 Considerando que o fluxo concatenado seja um função senoidal do
tempo de frequência w rad/s, podemos escrever:

𝜙 = 𝜙𝑚𝑎𝑥 𝑠𝑒𝑛ω𝑡

 A tensão induzida no primário será:


𝑑𝜙 𝑒1 = 𝜔𝑁1 𝜙𝑚𝑎𝑥 𝑐𝑜𝑠𝜔𝑡 = 2𝜋𝑓𝑁1 𝜙𝑚𝑎𝑥 𝑐𝑜𝑠𝜔𝑡
𝑒1 = 𝑁1 ou
𝑑𝑡
 Calculando o valor eficaz da tensão, teremos:

2𝜋 ou 𝐸
𝑉1 = 𝑓𝑁1 𝜙𝑚𝑎𝑥 𝜙𝑚𝑎𝑥 = (2.13)
2 𝜋 2𝑓𝑁1

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


42 Equivalente do Transformador Real (1)
 O circuito equivalente do transformador real é inicialmente construído
adicionando-se as resistências dos condutores e as reatâncias de
dispersão ao circuito do transformador ideal.

Figura (2.4)

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


44 Ramo de Excitação

 Os efeitos de excitação do núcleo


precisam ser agora incluídos.
 Charles P. Steinmetz (1865-1923)
representou a excitação dividindo-a
em duas partes: magnetização e
perdas no núcleo.
 O fluxo de magnetização fm, é
produzido pela corrente de
magnetização Im e as perdas no ferro
são produzidas pela corrente Ic.
 O ramo de excitação é representado
Figura (2.5)
ao lado.

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


44 Equivalente do Transformador Real (2)
 O equivalente do transformador real é finalizado adicionando-se o ramo
de excitação ao equivalente anterior.

Figura (2.6)

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


45 Equacionamento do Trafo Real

𝐼1ሶ = 𝐼𝜙ሶ + 𝐼1′ሶ (2.14) 𝐸1 2


𝑄𝑚 = (2.19)
𝑥𝑚
𝐼𝜙ሶ = 𝐼𝑚ሶ + 𝐼𝑐ሶ (2.15)
𝑄𝑚 = 𝑥𝑚 𝐼𝑚 2
(2.20)
2
𝐸1
𝑃𝑐 = (2.16)
𝑟𝑐 𝑃𝐶𝑢 = 𝑟1 𝐼12 + 𝑟2 𝐼22 (2.21)

𝑃𝑐 = 𝑟𝑐 𝐼𝑐 2
(2.17) 𝑉1ሶ = 𝐸1ሶ + 𝐼1ሶ 𝑟1 + 𝑗𝑥1 (2.22)

𝐸1ሶ = 𝑘𝐸2ሶ (2.18) 𝐸2ሶ = 𝑉2ሶ + 𝐼2ሶ 𝑟2 + 𝑗𝑥2 (2.23)

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


Diagrama Fasorial a Vazio (1)

 Sabendo que o fluxo e as fems estão


defasados de 90°, o diagrama ao lado
pode ser construído.
 Note que o fluxo de magnetização é
tratado como um fasor, embora seja a
rigor um escalar (lembremos da Lei de
Gauss do magnetismo).
 Esse tipo de “vetorização” ou “fasorização”
do fluxo magnético será útil em varias
oportunidades.
 Note que, no momento, por facilidade, as
fems do primário e do secundário estão
representadas em oposição de fase. Figura (2.7)

46 Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


Sumário
Diagrama Fasorial a Vazio (2)
 Quando a vazio, a relação (2.22)
se torna:

𝑉1ሶ = 𝐸1ሶ +𝐼𝜙ሶ 𝑟1 + 𝑗𝑥1

 O diagrama ao lado ilustra todos


os fasores do transformador
monofásico a vazio.
 Note que, neste caso, a corrente
que passa pela resistência do
primário é apenas a corrente de
excitação.
Figura (2.8)

47 Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


Sumário
Diagrama Fasorial Sob Carga (1)
 Supondo um transformador alimentando carga indutiva, o diagrama fasorial é
construído a partir da equação (2.22).

Figura (2.9)

48 Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


Sumário
Diagrama Fasorial Sob Carga (2)
 O diagrama fasorial completo, com as grandezas do secundário incluídas, é mostrado
abaixo.

Figura (2.10)

49 Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


Sumário
50 Transferência de Impedância
 Lembrando das relações de transformação (relação 2.5), podemos
escrever:
𝐼2
𝑉1 = 𝑉2 𝑘 e 𝐼1 =
𝑘

 Uma impedância Z2 no secundário pode ser escrita em função de uma


impedância Z1 no primário:

𝑉1 𝑘𝑉2 𝑉2
𝑍1 = = = 𝑘2 ou 𝑍1 = 𝑘 2 𝑍2 (2.24)
𝐼1 𝐼2 /𝑘 𝐼2

 A relação (2.24) é denominada transferência de impedância e significa


que uma impedância do secundário pode ser “vista” do primário desde
que multiplicada por k2.

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


51 Equivalente “T” Referido ao Primário
 O circuito equivalente referido ao primário, também denominado
Equivalente T, pode ser agora construído tomando-se como base a
transferência de impedância.

Figura (2.11)

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


52 Equacionamento do Equivalente “T”
Referido ao Primário
 Algumas relações no circuito referido ao primário podem ser simplificadas
em relação ao circuito completo, conforme abaixo:

𝐼2ሶ 𝑃𝐶𝑢 = 𝑟1 𝐼12 + 𝑟2 𝐼22 (2.28)


𝐼1ሶ = 𝐼𝜙ሶ + (2.25)
𝑘

𝐸2
𝑄𝑚 = (2.26) 𝐸ሶ = 𝑘𝑉ሶ 2 + 𝐼2ሶ 𝑘𝑟2 + 𝑗𝑘𝑥2 (2.29)
𝑥𝑚

𝐸2
𝑃𝑐 = (2.27) 𝑉1ሶ = 𝐸ሶ + 𝐼1ሶ 𝑟1 + 𝑗𝑥1 (2.30)
𝑟𝑐

 As demais relações permanecem as mesmas.

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


Diagrama Fasorial do Equivalente “T” – Carga
Indutiva
 O diagrama fasorial do Equivalente T é igual ao diagrama do circuito completo, desde
que façamos E1 = E2 = E. Por facilidade de visualização, vamos remover os fasores-
corrente do ramo de excitação e agrupar os demais fasores do lado direito.

Figura (2.12)

53 Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


Sumário
Diagrama Fasorial do Equivalente “T” – Carga
Capacitiva
 No caso de carga capacitiva a corrente do secundário se adianta em relação à
tensão do secundário.

Figura (2.13)

54 Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


Sumário
55 Equivalente “T” Referido ao Secundário
 Um Equivalente “T” referido ao secundário também pode ser construído.

Figura (2.14)

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


56 Equivalente Simplificado Ref. Primário (1)
 Em algumas situações a corrente de excitação é muito pequena em
comparação com a corrente do primário. O ramo de excitação pode
então ser posicionado em paralelo com a fonte de alimentação.
 Por conveniência duas variáveis são definidas:

𝑟𝑒𝑞 = 𝑟1 + 𝑘 2 𝑟2 (2.31)

𝑥𝑒𝑞 = 𝑥1 + 𝑘 2 𝑥2 (2.32)

 O circuito equivalente simplificado referido ao primário, também


denominado Circuito L, é mostrado na página seguinte.

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


57 Equivalente Simplificado Ref. Primário (2)

Figura (2.15)

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


58 Equacionamento do Equivalente “L”
 Algumas relações podem ser ainda mais simplificadas:

𝐼2ሶ 𝑉12
𝐼1ሶ = 𝐼𝜙ሶ + (2.33) 𝑃𝑐 = (2.35)
𝑘 𝑟𝑐

𝑉12
𝑄𝑚 = (2.34) 𝐼2 2
𝑥𝑚 𝑃𝐶𝑢 = 𝑟𝑒𝑞 (2.36)
𝑘

𝐼ሶ
𝑉1ሶ = 𝑘𝑉2ሶ + 𝑘2 𝑟𝑒𝑞 + 𝑗𝑥𝑒𝑞 (2.37)

 As demais relações permanecem as mesmas.

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


59 Exemplo 2.1 (1)
 Um transformador monofásico de 100 kVA, 8.000/320 V tem os seguintes
parâmetros de circuito equivalente: r1=5.0 W; r2=0,0075 W; x1=6,0 W; x2=0,009
W; rc=50 kW; xm=10 kW. Os parâmetros em série estão referidos aos seus
próprios lados e os parâmetros em paralelo estão referidos ao lado de alta.
O transformador opera com fator de potência 0,9 indutivo. Considerando
V2=320 V, tomado como referência, calcule as perdas no ferro e a
potência de magnetização usando o circuito: a)equivalente “T”; b)
equivalente “L”.
 Para o equivalente “T”:

𝑆 100.000
𝐼2ሶ = . exp −𝑎𝑐𝑜𝑠 𝑓𝑝 = . exp −25,84 = 312,5. exp(−25,84)
𝑉2 320

𝐸ሶ = 𝑘𝑉ሶ2 + 𝐼2ሶ 𝑘𝑟2 + 𝑗𝑘𝑥2 = 25 × 320 + 312,5. exp(−25,84) × 0,005 + 𝑗0,006

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


60 Exemplo 2.1 (2)
𝐸ሶ = 8.055,61. exp(0,179)

 Perdas no ferro:

𝐸2 8.055,61 2
𝑃𝑐 = = 𝑃𝑐 = 1.297,86 𝑊
𝑟𝑐 50.000

 Potência de magnetização:

𝐸2 8.055,61 2
𝑄𝑚 = = 𝑄𝑚 = 6.489,28 var
𝑥𝑚 10.000

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


61 Exemplo 2.1 (3)
 Para o equivalente “L”:

𝑟𝑒𝑞 = 𝑟1 + 𝑘 2 𝑟2 = 9,69 Ω 𝑥𝑒𝑞 = 𝑥1 + 𝑘 2 𝑥2 = 11,63 Ω

 Tensão de entrada para 320V na saída:



𝐼 312,5
𝑉1ሶ = 𝑘𝑉2ሶ + 𝑘2 𝑟𝑒𝑞 + 𝑗𝑥𝑒𝑞 = 25 × 320 + 25 . exp(−𝑗25,84) × 9,69 + 𝑗11,63

𝑉1ሶ = 8.172,80. exp 𝑗0,547 𝑉 .

 As perdas no ferro e potência de magnetização podem ser calculadas


como antes, com V1 no lugar de E.
O erro entre os cálculos
𝑃𝑐 = 1.335,89 𝑊 𝑄𝑚 = 6.679,47 var com os dois equivalentes
é 2,85%.

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


Equivalente Simplificado Referido ao
Primário sem Ramo de Excitação

 Em algumas aplicações o
ramo de excitação pode
ser totalmente desprezado
sem grandes prejuízo aos
cálculos.
 Um circuito sem ramo de
excitação, referido ao
primário, é mostrado ao
lado.

Figura (2.16)

62 Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


Sumário
63 Equacionamento do Equivalente
Simplificado
 Algumas relações bastante simplificadas:

𝐼2ሶ 𝑉12
𝐼1ሶ = 𝐼𝜙ሶ + (2.33) 𝑃𝑐 = (2.35)
𝑘 𝑟𝑐

𝑉12
𝑄𝑚 = (2.34) 𝐼2 2
𝑥𝑚 𝑃𝐶𝑢 = 𝑟𝑒𝑞 (2.36)
𝑘

𝐼ሶ
𝑉1ሶ = 𝑘𝑉2ሶ + 𝑘2 𝑟𝑒𝑞 + 𝑗𝑥𝑒𝑞 (2.37)

 As demais relações permanecem as mesmas.

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


64 Laboratório: Ensaio a Vazio
 O objetivo do ensaio a vazio é determinar o valor dos parâmetros
do ramo de excitação. Deve-se deixar o lado de alta tensão a
vazio, alimentar o lado de baixa com tensão nominal e medir
corrente e potência, conforme abaixo.

Figura (2.17)

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


65 Equivalente a Vazio
 A vazio podemos usar o equivalente L e desconsiderar o ramo série,
pois a corrente circulando por ele é desprezível, conforme mostrado
abaixo.

Figura (2.18)

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


66 Cálculo dos Parâmetros a Vazio
 Tendo-se medido V0, P0 e I0, os parâmetros do ramo de excitação podem
ser determinados conforme se segue, referidos ao lado de baixa tensão.

𝑉02 𝑉02
𝑃0 = ou 𝑟𝑐 (𝐵) = (2.38)
𝑟𝑐 𝑃0

 Da mesma forma:

𝑉02 𝑉02
𝑄0 = ou 𝑥𝑚 = ,
𝑥𝑚 𝑄0

𝑉02
𝑥𝑚 (𝐵) =
ou, ainda: (2.39)
𝑉02 𝐼02 − 𝑃02

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


67 Laboratório: Ensaio em Curto-Circuito
 O objetivo do ensaio em curto é determinar o valor dos parâmetros do
ramo em série. Devemos deixar o lado de baixa tensão em curto e
alimentar o lado de alta, de modo que circule corrente nominal. A
seguir medimos tensão e potência, conforme abaixo.

Figura (2.19)

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


68 Equivalente em Curto
 Em curto podemos desconsiderar o ramo em paralelo, pois a corrente
circulando por ele é desprezível, conforme mostrado abaixo.

Figura (2.20)

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


69 Cálculo dos Parâmetros em Curto

 Tendo-se medido Vcc, Pcc e Icc, os parâmetros do ramo de excitação podem


ser determinados conforme se segue, referidos ao lado de alta.

𝑃𝑐𝑐
2
𝑃𝑐𝑐 = 𝑟𝑒𝑞 𝐼𝑐𝑐 ou 𝑟𝑒𝑞 (𝐴) = (2.40)
2
𝐼𝑐𝑐

 Da mesma forma:
,
𝑄𝑐𝑐 = 2
𝑥𝑒𝑞 𝐼𝑐𝑐 ou 𝑉𝑐𝑐2 𝐼𝑐𝑐
2 2
− 𝑃𝑐𝑐
𝑥𝑒𝑞 (𝐴) = 2
(2.41)
𝐼𝑐𝑐

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


70 Cálculo dos Parâmetros em Curto

 Para facilitar os cálculos é interessante converter os parâmetros para o


mesmo lado. Por exemplo, convertendo os parâmetros em série para o
lado de baixa tensão, teremos:

𝑟𝑒𝑞 (𝐵) = 𝑘 2 𝑟𝑒𝑞 (𝐴) (2.42) 𝑥𝑒𝑞 (𝐵) = 𝑘 2 𝑥𝑒𝑞 (𝐴) (2.43)

 Os parâmetros do circuito T podem ser estimados da seguinte forma:

𝑟1 𝐵 = 𝑟2 𝐵 = 0,5 × 𝑟𝑒𝑞 (𝐵) (2.44) 𝑥1 𝐵 = 𝑥2 𝐵 = 0,5 × 𝑥𝑒𝑞 (𝐵) (2.45)

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


71 Rendimento do Transformador (1)
 O rendimento de qualquer máquina é a relação entre a potência de
saída e a potência de entrada. Definindo:

𝑃𝑖 = potência de entrada.
𝑃𝑜 = potencia de saída.
𝑃𝑐 = perdas no ferro.
𝑃𝐶𝑢1 = perdas no cobre do primário.
𝑃𝐶𝑢2 = perdas no cobre do secundário.

 O rendimento pode ser escrito como:

𝑃𝑜 𝑃𝑜
𝜂= ou 𝜂= (2.46)
𝑃𝑖 𝑃𝑜 + 𝑃𝐶𝑢1 + 𝑃𝐶𝑢2 + 𝑃𝑐

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


Rendimento do
Transformador (2)

 A curva do rendimento em
função da carga é mostrado
ao lado, com parâmetros
ilustrativos.
 Podemos perceber que o
rendimento é pequeno até um
certo nível de carga, tornando-
se máximo em um ponto ótimo
e decaindo um pouco a seguir.
Esse é um dos problemas dos
transformadores operando
com carga reduzida.
Figura (2.21)

72 Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


Sumário
73 Rendimento Máximo
 O rendimento máximo ocorrerá quando a derivada do rendimento em
relação à corrente for nula. Utilizando o Circuito L, podemos escrever:

𝑉𝐼𝑐𝑜𝑠𝜑 − 𝑟𝑒𝑞 𝐼 2 − 𝑃𝑐
𝜂=
𝑉𝐼𝑐𝑜𝑠𝜑

𝑑𝜂 𝐼 𝑉𝑐𝑜𝑠𝜑 − 2𝐼𝑟𝑒𝑞 − 𝑉𝐼𝑐𝑜𝑠𝜑 − 𝐼 2 𝑟𝑒𝑞 − 𝑃𝑐


= =0
𝑑𝐼 𝑉𝐼𝑐𝑜𝑠𝜑 2

𝑟𝑒𝑞 𝐼 2 = 𝑃𝑐 ou 𝑃𝐶𝑢 = 𝑃𝑐 (2.47)

 Assim, o rendimento é máximo para a carga na qual as perdas no ferro


igualam as perdas no cobre. Este fenômeno pode ser facilmente
observado no gráfico anterior.

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


74 Regulação de Tensão
 A regulação de tensão é uma medida da variação da tensão do
secundário provocadas por variações na carga. Sendo V2(0) a tensão do
secundário a vazio e V2(L) a tensão do secundário sob carga, podemos
escrever:

𝑉2 0− 𝑉2 𝐿
𝑅=
𝑉2 0
อ (2.48)
𝑉1 =𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡

 A regulação percentual pode ser escrita como:

𝑉2 0− 𝑉2 𝐿
𝑅(%) = 100 ×
𝑉2 0
อ (2.49)
𝑉1 =𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


75 Exemplo 2.2 – Regulação Positiva (1)
 Vamos usar o Equivalente L para calcular inicialmente um circuito com
regulação positiva. Seja um transformador de 10 kVA, 2.400/240 V, r1=3,0 W;
r2=0,03 W; x1=15,0 W; x2=0,15 W. O fator de potência inicialmente é 0,8
indutivo.

2.400
𝑘= = 10
2400

 A impedância referida ao primário é:

𝑍ሶ 𝑒𝑞 1 = 𝑟1 + 𝑘 2 𝑟2 + 𝑗 𝑥1 + 𝑘 2 𝑥2 = 3,0 + 3,0 + 𝑗 15,0 + 15,0

𝑍ሶ 𝑒𝑞 1 = 6,0 + 𝑗30,0 = 30,59. exp(𝑗78,7) Ω

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


76 Exemplo 2.2 – Regulação Positiva (2)
 Agora calculamos a corrente:
𝑆 10.000
𝐼2ሶ = . exp −𝑎𝑐𝑜𝑠 𝑓𝑝 = . exp −36,87 = 41,7. exp(−36,87)
𝑉2 240
 A tensão do secundário para V1=2.400 será:

𝐼2ሶ 41,7
ሶ ሶ ሶ
𝑘𝑉2 = 𝑉1 − 𝑍𝑒𝑞 1 = 2.400 − 30,59 × × exp 78,7 − 36,87
𝑘 10

𝑉ሶ2 = 230,67. exp −2,11

𝑉2 0− 𝑉2(𝐿) 240 − 230,67


𝑅= = = 0,0389 ∴ 𝑅 % = +3,89%
𝑉2 0 240

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


77 Exemplo 2.3 – Regulação Negativa (1)
 Seja agora um caso de fator de potência 0,8 adiantado. A corrente será:

𝐼2ሶ = 41,7. exp(+36,87)

 A tensão do secundário para V1=2.400 será:

41,7
𝑘𝑉ሶ2 = 2.400 − 30,59 × × exp 78,7 + 36,87 = 230,69. exp( 115,57)
10

𝑉ሶ2 = 245,77. exp −2,68

𝑉2 0− 𝑉2(𝐿) 240 − 245,77


𝑅= = = −0,024 ∴ 𝑅 % = −2,4%
𝑉2 0 240

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


Curvas de
Regulação
 A figura ao lado mostra as
curvas de regulação para
três fatores de potência,
com a potência do
transformador variando de
zero até o valor nominal.

Figura (2.22)

78 Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


Sumário
79
O Autotransformador
80 Autotransformadores
 Um autotransformador tem apenas um
enrolamento, conforme mostrado ao
lado. A formação do primário e do
secundário é feita por meio de um tap,
o que faz o autotransformador ser
acoplado eletricamente, além de
magneticamente.
 O tap pode ser fixo, deslizante ou
selecionável por meio de contatos,
permitindo a obtenção de diversos
níveis de tensão.
 Da mesma forma que corre com os
transformadores comuns, os
autotransformadores podem ser
abaixadores ou elevadores. Figura (2.23)

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


81 Definição das Variáveis

𝑁𝑠 = número de espiras do enrola − 𝑉𝑠 = tensão nominal do enrola −


mento série. mento série (V).
𝑁𝑐 = número de espiras do enrola − 𝐼𝑠 = corrente do enrolamento
mento comum. série (A).
𝑁𝑇 = 𝑁𝑠 + 𝑁𝑐 = número total 𝑆𝐵 = 𝑉𝑠 𝐼𝑠 = potência nominal do
de espiras do autotrafo. transformador antes de ser
ℱ𝑇 = 𝑓𝑚𝑚 total Ae . conectado como autotrafo VA .
ℱ𝑠 = 𝑓𝑚𝑚 do enrolamento série Ae . 𝑆𝑐𝑜𝑛𝑑 = potência conduzida VA .
ℱ𝑐 = 𝑓𝑚𝑚 do enrolamento comum Ae . 𝑆𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠 = potência transformada VA .
𝐼𝑒𝑥 = corrente de excitação A . 𝑆𝑖𝑛 = potência de entrada VA .
𝑉𝑐 = tensão do enrolamento comum (V). 𝑆𝑜𝑢𝑡 = potência de saída VA .
𝐼𝑐 = corrente do enrolamento
comum (A).

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


82 Autotransformador Elevador

Figura (2.24)

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


83 Autotransformador Abaixador

Figura (2.25)

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


84 Equacionamento do Autotransformador
𝐼𝑒𝑥 ≅ 0 (2.50) 𝑉1 𝐼2 1
= =𝑘 (2.56) 𝑆𝑐𝑜𝑛𝑑 = 𝑉2 𝐼2 1 − (2.63)
𝑉2 𝐼1 𝑘
𝐼2 = 𝐼𝑠 + 𝐼𝑐 (2.51)
𝑉𝑐 = 𝑉2 (2.57) 𝑁𝑠
𝐼1 = 𝐼𝑠 (2.52) 𝑆𝑐𝑜𝑛𝑑 = 𝑆𝑜𝑢𝑡 (2.64)
𝑁𝑠 + 𝑁𝑐
𝑆𝑖𝑛 = 𝑉1 𝐼1 (2.58)
𝑁𝑠 + 𝑁𝑐
𝑘= (2.53) 𝑆𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠 = 𝑆𝑜𝑢𝑡 − 𝑆𝑐𝑜𝑛𝑑 (2.65)
𝑁𝑐 𝑆𝑜𝑢𝑡 = 𝑉2 𝐼2 (2.59)

𝑉𝑐 𝐼𝑠 𝑁𝑐 𝑆𝑖𝑛 ≅ 𝑆𝑜𝑢𝑡 (2.60) 𝑁𝑐


= = (2.54) 𝑆𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠 = 𝑆𝑜𝑢𝑡 (2.66)
𝑉𝑠 𝐼𝑐 𝑁𝑠 𝑁𝑠 + 𝑁𝑐
𝑆𝑐𝑜𝑛𝑑 = 𝑉𝑐 𝐼𝑐 (2.61)
𝑉1 = 𝑉𝑐 + 𝑉𝑠 (2.55)
𝑆𝑐𝑜𝑛𝑑 = 𝑉𝑐 𝐼2 − 𝐼𝑠 (2.62)

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


85 Exemplo 2.4 – Autotrafo Elevador (1)

 Um transformador de 60 VA, 120/12 V, 5 A (no secundário) foi reconectado


como um autotransformador elevador. O enrolamento de 120 V é o
enrolamento comum e o enrolamento de 12 V é o enrolamento série.
Determine: (a) o fator de transformação k; (b) a tensão na saída para 105
V aplicados no primário; (c) a potência total transferida; (d) a potência
transformada; (e) a potência conduzida.
 Fator de transformação:
𝑉𝑐 120 120
𝑘= = = ∴ 𝑘 = 0,9091
𝑉𝑠 + 𝑉𝑐 120 + 12 132

 Tensão no secundário:
𝑉1 105
𝑉2 = = ∴ 𝑉2 = 115,5 𝑉
𝑘 0,909

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


86 Exemplo 2.4 – Autotrafo Elevador (2)
 Potência nominal transferida:

𝑆𝑜𝑢𝑡 = 𝑉2 𝐼𝑛𝑜𝑚 = 115,5 × 5 ∴ 𝑆𝑜𝑢𝑡 = 577,5 𝑉𝐴

 Potência nominal transformada:

𝑆𝑛𝑜𝑚 60
𝐼2 = = = 0,50
𝑉𝑛𝑜𝑚 120

𝑆𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠 = 𝑉1 𝐼2 = 105 × 0,50 ∴ 𝑆𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠 = 52,5 𝑉𝐴

 Potência conduzida
∴ 𝑆𝑐𝑜𝑛𝑑 = 525 𝑉𝐴
𝑆𝑐𝑜𝑛𝑑 = 𝑆𝑜𝑢𝑡 − 𝑆𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠 = 577,5 − 52,5

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


87 Conclusões
 Pelo preço de um transformador de 60 VA nominais obtemos um
transformador capaz de transformar 577,5 VA. A potência que não é
transferida magneticamente (52,5 VA) é transferida eletricamente (525
VA). Por causa disso o autotransformador é mais econômico do que o
transformador convencional.
 Outra característica aqui é que se deseja elevar a tensão de 105 V para
apenas 115,5 V. Nesse caso seria um desperdício adquirir um transformador
de 525 VA para realizar somente esta operação.
 Uma desvantagem do autotransformador é a ausência de isolamento
elétrico. Uma falha no isolamento dos enrolamentos pode resultar e tensão
plena aplicada à carga.
 No caso de redes trifásicas os autotransformadores têm a limitação de não
suprimir harmônicos de corrente.

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


88
Sistema Por Unidade (PU)
89 Definição do Sistema Por Unidade

 Um valor em PU é o valor original de uma grandeza, tal como tensão,


corrente, impedância, etc., escrito em relação a um valor base da mesma
grandeza. Sendo Vreal o valor da grandeza original e Vbase o valor base, o
valor expresso em PU será:

𝑉𝑟𝑒𝑎𝑙
𝑉 𝑝𝑢 = (2.85)
𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒

 Um valor expresso em PU é igual a um centésimo do mesmo valor, quando


expresso de forma percentual. Da mesma forma que percentuais, valores
em PU são adimensionais. Todavia, costumamos anexar a partícula “PU”
ao final dos valores, de modo a evitar confusão.

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


90 Algumas Vantagens do Sistema PU
 Os fabricantes de equipamentos tais como geradores, motores e
transformadores costumam fornecer reatâncias e impedâncias já em PU
ou em percentual, expressas nas bases nominais dos equipamentos.
 Equipamentos semelhantes (mesma tensão, mesma potência, etc.) têm
impedâncias semelhantes quando expressas em PU. Isso facilita os cálculos
para substituição de equipamentos e para expansão e reformulação de
redes.
 A impedância de transformadores, quando expressa em PU, é
independente do lado (alta, média, baixa tensão) que tomamos como
referência.
 A impedância dos transformadores torna-se independente do tipo de
ligação (delta-estrela, delta-delta, estrela-estrela, etc.).
 Nas máquinas trifásicas, o uso do √3 é minimizado.

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


91 Escolha das Bases (1)
 Em sistemas elétricos há três grandezas importantes: tensão elétrica,
potência aparente, corrente elétrica e impedância. Escolhendo-se as
bases para duas dessas grandezas, as bases para as outras seguem-se
diretamente.
 Por exemplo, sendo Vb e Sb as bases de tensão e potência, respecti-
vamente, a impedância base é:

𝑉𝑏 2
𝑍𝑏 = (2.86)
𝑆𝑏

 A corrente base para sistemas monofásicos é:

𝑆𝑏
𝐼𝑏 = (2.87)
𝑉𝑏
Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário
92 Escolha das Bases (2)
 Para sistemas trifásicos a corrente base será:

𝑆𝑏
𝐼𝑏 = (2.88)
3𝑉𝑏

 A impedância base também pode ser escrita da seguinte forma:

𝑉𝑏
𝑍𝑏 = (2.89)
𝐼𝑏

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


93 Exemplo 2.5 (1)
 (CHAPMAN, Exemplo 2.3) Considere o sistema de potência abaixo.

Figura (2.26)

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


94 Exemplo 2.5 (2)
 Os dados do sistema são os seguintes:

𝑉𝐺 = 480 𝑉 Transformador 1: 𝑘1 = 1/10 Transformador 2: 𝑘2 = 1/10

𝑍𝐿𝑇 = 20 + 𝑗60 Ω 𝑍𝐿 = 10. exp(𝑗30) Ω

 Vamos escolher as seguintes bases na região do gerador:

𝑉𝑏1 = 480 𝑉 𝑆𝑏 = 10 𝑘𝑉𝐴

 As bases de corrente e impedância são calculadas a partir das bases de


tensão e potencia:

𝑆𝑏 10.000 𝑉𝑏1 480


𝐼𝑏1 = = = 20,83 𝐴 𝑍𝑏1 = = = 23,04 Ω
𝑉𝑏1 480 𝐼𝑏1 20,83

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


95 Exemplo 2.5 (3)
 As tensão base se transformam da mesma forma que as tensões reais:

𝑉𝑏1 480
𝑉𝑏2 = = = 4.800 𝑉
𝑘1 1/10
 Enquanto a potência base permanece a mesma em todo o sistema.

𝑆𝑏2 = 𝑆𝑏1 = 10.000 𝑉𝐴

 As demais bases na região 2 serão:

𝑆𝑏 10.000 𝑉𝑏2 480


𝐼𝑏2 = = = 2,083 𝐴 𝑍𝑏2 = = = 2.304 Ω
𝑉𝑏2 4.800 𝐼𝑏2 2,083

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


96 Exemplo 2.5 (4)
 Na região 3 teremos

𝑉𝑏2 4.800
𝑉𝑏3 = = = 240 𝑉
𝑘2 20/1

𝑆𝑏3 = 10.000 𝑉𝐴

 As demais bases na região 3 serão:

𝑆𝑏 10.000
𝐼𝑏3 = = = 41,67 𝐴
𝑉𝑏3 240

𝑉𝑏3 240
𝑍𝑏3 = = = 5,76 Ω
𝐼𝑏3 41,67

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


97 Exemplo 2.5 (5)
 Agora convertemos os valores para pu:

𝑝𝑢 𝑉𝐺 1,0
𝑉𝐺 = = = 1,0 𝑝𝑢
𝑉𝑏1 1,0

𝑝𝑢 𝑍𝐿𝑇 20 + 𝑗60
𝑍𝐿𝑇 = = = 0,00866 + 𝑗0,026 𝑝𝑢
𝑍𝑏2 2.304

𝑝𝑢 𝑍𝐿 10. exp(𝑗30)
𝑍𝐿 = = = 1,736. exp(𝑗30)𝑝𝑢
𝑍𝑏3 5,76
𝑝𝑢 𝑝𝑢 𝑝𝑢
𝑍𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝑍𝐿𝑇 + 𝑍𝐿𝑇 = 1,5117 + 0,894 𝑝𝑢 = 1,756. exp 𝑗30,6 𝑝𝑢

𝑝𝑢 𝑝𝑢 𝑝𝑢 𝑉 𝑝𝑢 1,0
𝐼𝐺 = 𝐼𝐿𝑇 = 𝐼𝐿 = 𝑝𝑢 = = 0,569. exp(−𝑗30,6)
𝑍𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 1,756. exp(𝑗30,6)

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


98 Exemplo 2.5 (6)
 A figura abaixo mostra o circuito final convertido para PU.

Figura (2.27)

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


Diagramas Unifilares
 Diagramas unifilares são
interessantes por se aplicarem
tanto a sistemas monofásicos
quanto a sistemas trifásicos
equilibrados.
 O diagrama da Figura (2.25),
por exemplo, pode ser dese-
nhado como ao lado. Os
barramentos 2 e 3 delimitam
as regiões operacionais.
 Em um sistema de potência,
além de outros barramentos,
cada enrolamento de um
transformador define um Figura (2.28)
barramento.

99 Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


Sumário
100
O Transformador de Alta Frequência
101 Transformadores de Alta Frequência

 Quando os transformadores devem operar em frequências superiores a


60 Hz, seja em AF ou RF, algumas características especiais aparecem.
 Uma dessas característica é a elevada permeabilidade que o núcleo
deve ter em frequências elevadas, o que torna impossível o uso de
chapas de aço silício.
 Outra característica é a operação em várias frequências, e não
apenas em uma frequência fixa. Dizemos então que o transformador
deve ter banda larga.

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


102 Resposta em Frequência
 A resposta em frequência de
um transformador de alta
frequência pode ser medida
por meio das perdas por
inserção em relação, como
mostrado ao lado.
 As perdas por inserção
correspondem à fração de
potência perdida quando o
transformador é inserido em
um sistema de transmissão,
comparadas a um trans-
formador ideal.
Figura (2.29)

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


103 Circuito Equivalente
para Altas Frequências
 As limitações de resposta em frequência do transformador de alta frequência
são modeladas por meio da reatância capacitiva entre dois enrolamentos, (-jxc2)
e das reatâncias capacitivas dos enrolamentos em si (-jxc1 e –jxc3).

Figura (2.30)

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


100
Exercícios
105  Exercício 2.1 (MCPHERSON; LARAMORE, 1990, 3.1). Um transformador
monofásico tem 50 espiras em seu enrolamento primário, cuja indutância de
dispersão é 0,8 mH. Em dado instante o fluxo entre o enrolamento primário e o
secundário é 10 mWb e a corrente no primário é 20 A. Pede-se o fluxo
concatenado total no primário neste instante.
 Exercício 2.2 (MCPHERSON; LARAMORE, 1990, 3.10). Um transformador
monofásico de 7.200 V/240 V, 15 kVA tem Zeq=0,06 + j0,50 W, rc=800 W e xm=160
W, todas referidas ao secundário. (a) Quando o transformador está
entregando corrente nominal a um fator de potência 0,8 indutivo sob 240 V,
pede-se a tensão terminal e a corrente no primário; (b) que erro seria
cometido se o transformador fosse ideal?
 Exercício 2.3 (MCPHERSON; LARAMORE, 1990, 3.11). Um transformador
monofásico de 5 kVA, 440/220 V é testado em vazio e em curto-circuito. Os
resultados do ensaio em vazio são 220 V; 1,10 A e 48,4 W e os resultados do
ensaio em curto são 22,8 V; 11,4 A e 52 W. Pede-se: (a) o rendimento do
transformador a plena carga e fator de potência 0,85 indutivo; (b) a que
carga o transformador atinge rendimento máximo?

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


106  Exercício 2.4 (MCPHERSON; LARAMORE, 1990, 3.18). Um transformador
monofásico, 10 kVA, 7.260/240 V tem impedância equivalente de 100 + j400 W
referida ao primário. Pede-se: (a) a impedância referida ao secundário; (b) sob
potência nominal, fator de potência unitário e tensão terminal igual a 220 V,
qual a tensão no lado de baixa?
 Exercício 2.5 (MCPHERSON; LARAMORE, 1990, 3.19). Um transformador
monofásico de 2.400/120 V, tem impedância equivalente de 0,01 + j0,09 W,
referida ao lado de baixa. As perdas no ferro são 100 W. Quando tensão
nominal é aplicada ao primário a tensão de excitação é 0,2 A. Pede-se a
regulação e o rendimento a plena carga para: (a) fator de potência 0,8
indutivo; (b) fator de potência 0,8 capacitivo.
 Exercício 2.6 (FITZGERALD; KINGSLEY; UMANS, 2006, 2.11). As resistências e
reatâncias de dispersão de um transformador de distribuição de 30 kVA, 60 Hz,
2.400/240 V, são: r1=0,68 W; x1=7,8 W; r2=0,0068 W ; x2=0,078 W. Cada quantidade
está referida ao seu próprio lado. Considerando que o transformador esteja
entregando potência nominal a uma carga com 230 V no lado de baixa,
encontre a tensão no lado de alta que a carga seja: (a) indutiva com fator de
potência 0,8; (b) capacitiva com fator de potência 0,8.
Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário
107  Exercício 2.7 (FITZGERALD; KINGSLEY; UMANS, 2006, 2.18). Um transformador de
distribuição de 75 kVA, 240/7970 V, 60 Hz, tem os seguintes parâmetros referidos
ao lado de alta tensão: r1=5,93 W; x1=43,2 W; r2=3,39 W; x2=40,6 W; rc=244 kW;
xm=114 kW. Suponha que o transformador esteja fornecendo sua potência
aparente nominal em seu lado de baixa. Escreva um script em Matlab para
determinar o rendimento do transformador para qualquer fator de potência,
indutivo ou capacitivo.
 Exercício 2.8 (CHAPMAN, 2012, 2.3). Considere um sistema de potência simples
consistindo de uma fonte ideal de tensão, um transformador elevador ideal,
uma linha de transmissão, um transformador abaixador ideal e uma carga. A
tensão da fonte é VS=480 V, a impedância da linha é ZLT=3 + j4 W e a impe-
dância da carga é ZL=30 + j40 W. (a) Considerando que os transformadores
não estão presentes no circuito, qual a tensão da carga e o rendimento do
sistema?; (b) considerando que o transformador 1 é elevador de 1 para 5 e
que o transformador 2 é abaixador de 5 para 1, qual a tensão da carga e o
rendimento do sistema?; (c) qual a relação de espiras necessária para reduzir
as perdas na linha de transmissão a 1% da potência total do gerador?

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


108  Exercício 2.9 (CHAPMAN, 2012, 2.15). Um autotransformador é utilizado para
conectar uma linha de transmissão de 12,6 kV a uma outra linha de 13,8 kV. Ele
deve ser capaz de operar com 2.000 kVA. Há três fases, ligadas em YY, com
seus neutros solidamente aterrados. (a) qual deve ser a relação Nc/Ns para
obter essa conexão?; (b) qual a potência aparente de cada enrolamento?;
(c) qual é a vantagem de potência desse sistema como autotransformador?;
(d) se um dos transformadores fosse religado como transformador comum,
quais seriam suas especificações nominais?
 Exercício 2.10 (CHAPMAN, 2012, 2.16). Prove a seguinte afirmação: se um
transformador, com uma impedância em série Zeq, for ligado como auto-
transformador, sua impedância em série, como autotransformador, será:

′ =
𝑁𝑆
𝑍𝑒𝑞 𝑍
𝑁𝑆 + 𝑁𝐶 𝑒𝑞

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


 Exercício 2.11 (DEL TORO, 1999, 2.15). Um transformador de 200/100 V tem uma
109 impedância de 0,3 + j0,8 W no enrolamento de 200 V e uma impedância de
0,1 + j0,25 W no enrolamento de 100 V. Quais as correntes nos lados de alta e
de baixa se o curto-circuito ocorrer do lado de 100 V com 200 V aplicados no
lado de alta?
 Exercício 2.12 (DEL TORO, 1999, 2.21). Um transformador de 10 kVA, 460/150 V,
tem resistência do enrolamento do lado de alta igual a 0,4 W e resistência do
enrolamento do lado de baixa igual a 0,02 W. A reatância de dispersão
equivalente do lado de alta é 3,2 W. Esse transformador alimenta uma carga
passiva com corrente atrasada de 21,7 A em 460 V e 8 kW. Determine as
componentes resistiva e reativa da impedância de carga. Despreze a
impedância de magnetização.
 Exercício 2.13 (DEL TORO, 1999, 2.23). Um transformador de 30 kVA, 240/120 V,
tem os seguintes parâmetros: r1=0,14 W; x1=0,22 W; r2=0,035 W; x2=0,055 W.
Deseja-se uma fem induzida no primário igual, em módulo, à tensão nos
terminais do primário quando o transformador fornece corrente de plena
carga. Como deve ser o transformador carregado para que se obtenha esse
carregamento?

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


110  Exercício 2.14 (DEL TORO, 1999, 2.36). Um autotransformador monofásico tem
Ns=100 espiras e Nc=600 espiras. Um ensaio de curto-circuito é realizado curto-
circuitando-se o enrolamento AB e aplicando-se uma tensão reduzida no
enrolamento BC. A impedância equivalente vista do enrolamento BC é 1,5 +
j4,5. (a) Calcule a impedância equivalente vista do lado AC para a condição
onde o enrolamento BC está em curto; (b) calcule a resistência equivalente
vista de BC quando AC é curto-circuitado e uma tensão aplicada a BC.
 Exercício 2.15 (DEL TORO, 1999, 2.37). Um autotransformador monofásico de 40
kVA, alimenta uma impedância de 4,0.exp(-j36,9°) W, sob 200 V, a partir de
uma alimentação de 125 V. Todas as perdas de potência e reatâncias de
dispersão são desprezíveis. Calcule os módulos das correntes nas partes
comuns e não comuns do transformador, considerando corrente de
magnetização igual a 0,075 PU.
 Exercício 2.16 (DEL TORO, 1999, 2.40). Um transformador com potência nominal
de 40 kVA tem perdas ôhmicas totais de 250 W quando opera com 50% da
corrente nominal. Determine o valor PU da resistência equivalente.

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


 Exercício 2.17 (DEL TORO, 1999, 2.43). Um transformador com valores nominais
111 de 2,5 MVA, 10.000/2.000 V, 60 z, é projetado para rendimento máximo com
80% da carga nominal. O valor por unidade da impedância equivalente deste
transformador é 0,02 + j0,06. Para uma carga resistiva e operação com
rendimento máximo, calcule as perdas e a mudança na tensão de uma de
carga de 80% (na tensão nominal) até a operação a vazio.
 Exercício 2.18 (BIM, 2009, 2.7). Um transformador monofásico de 200 kVA,
20/2,4 kV, 60 Hz, é conectado para transformar 2,4 kV para 22,4 kV. Pede-se:
(a) a máxima potência que pode ser transferida à carga sem exceder os
valores nominais de tensão e corrente de seus enrolamentos; (b) as potências
transferidas por indução e por condução.
 Exercício 2.19 (SEN, 1997, 2.10). Um transformador monofásico, 300 kVA,
11kV/2,2 kV, 60 Hz, tem os seguintes parâmetros de circuito equivalente
referidos ao lado de alta tensão: req=2,784 W; xeq=8,45 W; rc=57,6 k W; xm=16,34 k
W. (a) Pede-se: (i) a corrente a vazio como um percentual da corrente a plena
carga; (ii) as perdas a vazio (i.e., perdas no ferro); (iii) o fator de potência a
vazio; (iv) as perdas no cobre a vazio. (b) Se a impedância da carga do lado
de baixa for 16.exp(-j60°), calcule a regulação usando o circuito aproximado.

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


 Exercício 2.20 (SEN, 1997, 2.13 e 2.14). Um transformador monofásico, 25 kVA,
112 2.300/230 V, tem os seguintes parâmetros: Zeq=4,0 + j5,0 W; rc=450 W; xm=300 W.
O transformador é conectado a uma carga de fator de potência variável. (a)
Determine a regulação para plena carga no pior caso; (b) determine o
rendimento quando o transformador entrega plena carga sob tensão nominal
e fator de potência 0,85 atrasado; (c) determine o carregamento percentual
do transformador quando seu rendimento é máximo e determine este
rendimento se o fator de potência é 0,85 atrasado sob tensão 230 V na carga.
 Exercício 2.21 (SEN, 1997, 2.15). Um transformador monofásico, 10 kVA,
2.400/240 V, tem as seguintes características: perdas no ferro a plena
carga=100 W; perdas no ferro a meia carga=60 W. (a) Determine o rendimento
do transformador quando alimenta plena carga sob fator de potência 0,8
atrasado; (b) determine o carregamento em PU no qual o rendimento é
máximo. Determine esse rendimento se o fator de potência da carga for 0,9;
(c) o transformador tem a seguinte curva de carga: vazio por 6 horas; 70% da
carga por 10 horas sob fator de potência 0,8 indutivo; 90% da plena carga por
8 horas sob fator de potência 0,9 indutivo. Determine o rendimento diário do
transformador.

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


 Exercício 2.22 (SEN, 1997, 2.17). Um transformador monofásico, 10 kVA, 460/120
113 V, 60 Hz, tem rendimento de 96% quando entrega 9 kW sob fator de potência
0,9 indutivo. Este transformador é conectado como autotransformador para
alimentar uma carga de 460 V a partir de uma fonte de 580 V. Pede-se: (a)
desenhe a ligação do transformador como autotransformador; (b) determine
a máxima potência (em kVA) que o autotransformador pode suprir à carga de
460 V; (c) determine o rendimento do autotransformador a plena carga para
fator de potência 0,9 indutivo.
 Exercício 2.23 (CHAPMAN, 2012, 2.9). Um transformador monofásico de 150
MVA, 15/200 kV tem resistência de 0,012 pu e reatância de j0,05 pu. A
impedância de magnetização é j50 pu. Pede-se: (a) encontre o circuito
equivalente, referido ao lado de baixa tensão, deste transformador; (b)
calcule a regulação de tensão do transformador, para uma corrente de plena
carga com fator de potência 0,8 atrasado; (c) calcule as perdas no núcleo e
no cobre nas condições do item (b); (d) considere que a tensão no primário é
15 kV. Plote a tensão no secundário como uma função da corrente de carga
para a condição desde a vazio até a plenas carga. Repita esse processo para
fatores de potência 0,8 atrasado, unitário e 0,8 adiantado.

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


114
The End!

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


115 Referências do Capítulo 2
 BIN, E. Máquinas elétricas e acionamento, 2009.
 CHAPMAN, S.J. Fundamentos de máquinas elétricas, 5ed. 2013.
 FITZGERALD, A.E. et al. Máquinas elétricas – com introdução a eletrônica
de potência, 2006.
 JORDÃO, Rubens Guedes. Transformadores, 2008.
 MCPHERSON, G.; LARAMORE, R.D. An introduction to electrical machines
and transformers, 1990.
 SEN, Paresh C. Principles of electric machines and power electronics. 1997.
 SMITH, Ralph J. Circuitos dispositivos e sistemas – um curso de introdução à
engenharia elétrica, v.1, 1975.
 WOLSKI, B. Eletromagnetismo para estudantes de engenharia, 2013.

Prof. Alvaro Augusto - UTFPR Máquinas Elétricas 1 Sumário


Transformadores trifásicos
Transformadores trifásicos
Transformadores trifásicos
Por que precisamos usar transformadores trifásicos

 Os sistemas de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica


são sistemas trifásicos pois:
 O volume de material condutor na transmissão em sistemas trifásicos é menor
para a mesma quantidade de energia transmitida quando comparado com
sistemas monofásicos ou outros sistemas polifásicos.
 A capacidade dos geradores aumenta em função do número de fases.
 A potência em sistemas monofásicos é pulsante com o dobro da freqüência da
rede, ao passo que a potência em sistemas trifásicos é constante. Portanto,
possibilitando um funcionamento mais suave dos motores.
 Para o funcionamento dos motores elétricos é necessário termos campos
magnéticos girantes, o qual não é possível ser gerado em sistemas monofásicos.
 Transformadores monofásicos possuem em geral pequena capacidade
de potência aparente (chamada capacidade de transformação). Quando
se necessita de maiores potências utilizam-se transformadores
trifásicos.
Transformadores trifásicos

Os transformadores trifásicos podem ser construídos de duas maneiras:


(a) banco trifásico (composto por 3 transformadores monofásicos)
(b) núcleo trifásico (composto por um único núcleo – mononuclear)

(a) banco trifásico (b) núcleo trifásico


Transformadores trifásicos

(a) banco trifásico (composto por 3 transformadores monofásicos)


A conexão em banco trifásico facilita a manutenção e substituição dos
transformadores, porém com maior custo de investimento.

(b) núcleo trifásico (composto por um único núcleo – mononuclear)


Esta forma de ligação resulta em transformadores menores e mais baratos devido a
necessidade de menos material ferromagnético, porém com menor flexibilidade de
manutenção.

Transformadores trifásicos
http://www.youtube.com/watch?v=IHV0V3XwV34
Transformadores trifásicos

Um transformador trifásico é constituído de pelo menos três enrolamentos no primário e


três enrolamentos no secundário, os quais (como qualquer componente trifásico) podem
ser conectado em Estrela (Y) ou Delta (∆). Por conseguinte, temos quatro possibilidade
de ligação (conexão):
Primário Secundário
Y Y
Y ∆
∆ Y
∆ ∆
Cada conexão possui determinadas características que determinam o uso mais adequado
conforme a aplicação.
Transformadores trifásicos – banco trifásico

Exemplo de conexão Y-∆


Transformadores trifásicos – núcleo trifásico

Exemplo de conexão Y-∆


Relação de espiras e transformação

Em transformadores trifásicos, a relação de transformação é definida pela relação


entre a tensão de linha do primário e a tensão de linha do secundário.
Portanto, dependendo da ligação, a relação de transformação pode ser diferente da
relação de espiras, como será visto a seguir.
Conexão Y- ∆:

Se a tensão de linha no lado Y é V, qual a tensão de linha do lado ∆?


Revisão: relação entre tensão de linha e de fase – conexão em Y
Definições:
Tensão de fase: tensão entre uma fase e o neutro.
Tensão de linha: tensão entre duas fases

Vl = 3V f

Vl
Vf =
3

Relação de espiras e transformação: conexão Y-∆

Ou seja, se uma tensão de linha V é aplicada a um enrolamento trifásico ligado em Y, a


tensão efetiva sobre a fase é dada por V/√3. Esta tensão é que será refletida ao
enrolamento no secundário do transformador. Portanto, sendo o secundário em ∆,
temos:

A tensão de linha no lado em ∆ será V/√3a, onde a é a relação de espira. Assim, a


relação de transformação de um transformador ligado Y- ∆ em é:

Vl ,Y V
RT = = = 3a
Vl , ∆ V
3a

Relação de corrente: conexão Y-∆
Definições:
Corrente de linha: percorre as linhas do sistema.
Corrente de fase: percorre os enrolamentos do transformador (cada fase da carga,
gerador).
Em Y, a corrente de linha é igual à corrente de fase:

Il = I f

Em ∆, a corrente de linha é √3 vezes a corrente de fase:

I l = 3I f

Relação de corrente: conexão Y-∆
Assim, a corrente I no enrolamento do primário será refletida no enrolamento do
secundário como aI. E a corrente de linha no ∆ será, portanto, aI√3.

a relação de correntes é:

I l ,Y I 1
= =
I l ,∆ a 3I a 3

que é o inverso da relação de tensão.


Relação de corrente: conexão ∆-Y

Uma tensão de linha V no primário em ∆ provoca uma tensão de fase V/a no secundário
em Y. Daí, a relação de transformação é:
Vl ,∆ V a
RT = = =
Vl ,Y 3V 3
a
A relação de corrente é:

I l ,∆ I 3
= =
I l ,Y aI a
3
Relação de corrente: conexão ∆- ∆ e Y-Y

Nas conexões Y-Y e ∆-∆ as relações de transformação são dadas por:

Vl ,Y Vl , ∆
RT = =a RT = =a
Vl ,Y Vl , ∆

e as relações de correntes são dadas por:

I l ,Y 1 I l ,∆ 1
= =
I l ,Y a I l ,∆ a
Relações de correntes e tensões
Vantagens e desvantagens de cada tipo de conexão

Vantagens da conexão Y-Y

• Pode ser construído como auto-transformador


• Como a tensão sobre o enrolamento é 57,7% da tensão de linha, o
número de espiras necessário é menor.
• Fornece dois níveis de tensão, fase-neutro e fase-fase
Vantagens e desvantagens de cada tipo de conexão

Principal aplicação da conexão Y-∆ e ∆−Y


• A conexão ∆−Y é mais empregada como transformador
elevador em subestações de geração
• A conexão ∆−Y é mais empregada como transformador
abaixador em subestações industriais
• O neutro do lado de alta-tensão pode ser aterrado
• O lado em ∆ funciona como um filtro para correntes
harmônicas.
Vantagens e desvantagens de cada tipo de conexão

Vantagem da conexão ∆−∆


• Transformadores trifásicos em banco podem operar
em conexão Delta aberto (V), com um dos
transformadores monofásicos em manutenção,
podendo fornecer 58% da capacidade nominal do
banco
Dados de placa transformador trifásico

Entre as informações fornecidas pela


placa encontram-se:
· nome e dados do fabricante;
· numeração da placa;
· indicação das NBR;
· potência (kVA);
· impedância equivalente (%);
· tensões nominais (AT e BT);
· tipo de óleo isolante;
· diagramas de ligações;
· diagrama fasorial;
· massa total (kg);
· volume total do líquido (l).
Exercicios
1. Dispõe-se de uma rede elétrica trifásica 6,6 kV e de três
transformadores monofásicos 3800/220 V. Desenhe um diagrama
elétrico, indicando as ligações dos transformadores à rede elétrica
e a três lâmpadas 200 W / 127 V conectadas em Y. Obtenha as
magnitudes de todas as tensões e correntes, a relação de
transformação e a relação de espiras. Indique estes valores no
diagrama elétrico.

2. Dispõe-se de uma rede elétrica trifásica 6,6 kV e de três


transformadores monofásicos 3800/220 V. Desenhe um diagrama
elétrico, indicando as ligações dos transformadores à rede elétrica
e a três lâmpadas 200 W/220 V conectadas em Y. Obtenha as
magnitudes de todas as tensões e correntes, a relação de
transformação e a relação de espiras. Indique estes valores no
diagrama elétrico.
Exercicios
3. Especifique a potência e as magnitudes das tensões em cada
transformador monofásico que deverá compor um banco trifásico
13800/220 V, 18 kVA, com ligação Y no lado de alta tensão e
ligação Δ no lado de baixa tensão.

4. Uma carga composta de três resistores em Δ é conectada a um


banco trifásico Δ – Y composto de três transformadores
monofásicos que têm relação de espiras 5:1.
a) Se a corrente na impedância da carga é de 8 A, qual é o valor da
corrente de linha no primário?
b) Se a tensão de linha no primário é de 220 V, qual é o valor da
tensão na impedância da carga?
c) Esboce diagrama elétrico das ligações do banco trifásico a uma
rede elétrica e à carga, indicando no diagrama todos os valores das
tensões e correntes, da relação de espiras e da relação de
transformação.
Exercicios
5. Três transformadores monofásicos compõem um banco trifásico Y
– Δ com relação de transformação 10:1 que está conectado a três
motores monofásicos em Y.
a) Se a tensão de linha no secundário é de 220 V, qual é o valor da
tensão de linha no primário?
b) Se a corrente na impedância da carga é de 15 A, qual é o valor
da corrente de linha no primário?
c) Esboce diagrama elétrico das ligações das bobinas dos
transformadores conectados à rede elétrica e à carga, indicando os
valores da relação de espiras e de todas as tensões e correntes.
6. Três transformadores monofásicos 110/220 V são ligados
formando um banco trifásico Δ – Δ.
a) Desenhe o esquema de ligações deste banco.
b) Supondo que nenhuma carga está sendo alimentada por este
banco e que o primário é alimentado por um sistema trifásico a 3
fios de 220 V, qual é a magnitude da tensão de linha no
secundário?
Exercicios
7. À rede elétrica de 13,8 kV deseja-se conectar as seguintes cargas:
01 motor trifásico com bobinas em D, 15 HP, 220 V, 60 Hz,
eficiência de 87% e fator de potência 0,75 atrasado;
03 luminárias apresentando cada uma delas: 1,5 kW, 127 V e fator
de potência 1,0 Estando disponíveis três transformadores
monofásicos 13,8 kV/127 V:
a) Esboçar um diagrama padronizado representando todas as
ligações entre a rede elétrica e todas as cargas.
b) Obter todas as potências trifásicas e o fator de potência do
conjunto das cargas.
c) Obter as magnitudes de todas as correntes.
Exercicios
8. Em uma indústria tem-se três cargas conectadas à rede elétrica
13,8 kV através de três transformadores monofásicos 7,97 kV /
220 V. As especificações das cargas são:
01 motor trifásico 60 Hz, c/ bobinas em Y-4 fios, 4 HP/220 V,
eficiência de 75% e fator de potência 0,8 atrasado;
01 motor trifásico 60 Hz, c/ bobinas em D, 5 HP/220 V, eficiência
de 80% e fator de potência 0,85 atrasado;
01 equipamento trifásico de 3 kVA, 60 Hz, D-220 V com fator de
potência 0,75 adiantado.
a) Esboçar um diagrama elétrico padronizado representando todas
as ligações entre a rede elétrica e todas as cargas.
c) Obter todas as potências trifásicas no secundário.
d) Obter as magnitudes das tensões e das correntes no primário e
no secundário.
Exercicios
9. Uma subestação de distribuição possui um transformador de
potência trifásico de 5,0 MVA, 69/13,8 kV, conexão D-Y para
suprir energia a três circuitos cuja carga total no horário de
demanda máxima atinge 3,7 MW com fator de potência 0,75
(indutivo).
a) Calcule as potências aparente e reativa e as magnitudes das
correntes de linha no primário e no secundário.
b) Especifique os valores dos capacitores que devem ser
instalados no secundário para atingir o fator de potência mínimo
vigente no Brasil.
c) Calcule as potências aparente e reativa e as magnitudes das
correntes de linha no primário e no secundário, após a instalação
do banco de capacitores.
PEA3399 – Conversão de Energia

• Horário das aulas: Terça (16‐17:40) e Quinta (14:00‐15:40)
• Prof.: Maurício B. C. Salles (Sala: A2‐17)
• E‐mail: mausalles@usp.br
• Fone: (11) 3091‐5533

• Monitor:  Luís Felipe Normandia Lourenço (Sala: A2‐17)
lfnlourenco@usp.br
Resumo - Aula 9
CH – Princípio de funcionamento (genérico)

Fonte: http://ciencia.hsw.uol.com.br/usinas-hidreletricas1.htm
CH – Princípio de funcionamento (Itaipu)
Itaipu

Fonte: http://jie.itaipu.gov.br/node/31501
CH – Principais Tipos de turbinas

Potência em turbinas de eixo vertical

P  ghq
P = Potência (Watts)
η = eficiência da turbina
ρ = densidade da água (kg/m³)
g = aceleração da gravidade (9.81 m/s²)
h = altura líquida – queda (m). For still water, this is the difference
in height between the inlet and outlet surfaces. Moving water has an
additional component added to account for the kinetic energy of the
flow. The total head equals the pressure head plus velocity head.
q = fluxo (m³/s)
Geradores síncronos (GS)
Uso de máquinas de síncrona

Nonsalient Salient
polo rotor polo rotor
Uso de máquinas de síncrona
Uso de máquinas de síncrona (turbogerador)
Uso de máquinas de síncrona (turbogerador a vapor)

http://scabv.com/projects/powerprojects.html
Uso de máquinas de síncrona (gerador diesel)
Uso de máquinas de síncrona (aerogerador)
“The Enercon E-126 is a wind turbine model manufactured by the German company Enercon.
With a hub height of 135 m (443 ft), rotor diameter of 126 m (413 ft) and a total height of 198 m
(650 ft), this large model can generate up to 7,58 MW of power per turbine, making it the wind
turbine with the second highest nameplate capacity after the Vestas V164.”

Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/Enercon_E-126
Uso de máquinas de síncrona (aerogerador)

Fonte: http://www.solaripedia.com/13/201/2018/enercon_e126_nose_interior.html
Uso de máquinas de síncrona (aerogerador)

Direct drive: sem multiplicador de velocidade

Fontes:
1) http://www.sunwindenergy.com/wind-energy/enercon-presents-new-4-mw-turbine
2) http://www.wwindea.org/technology/ch01/en/1_2_3_2.html
Uso de máquinas de síncrona (aerogerador)

Rotor do gerador

Fonte: Chapter 8 – “Wind Turbine Gearbox Technologies” By Adam M. Ragheb and Magdi Ragheb
Fundamental and Advanced Topics in Wind Power", book edited by Rupp Carriveau, 2011.
http://www.intechopen.com/books/fundamental-and-advanced-topics-in-wind-power/wind-turbine-gearbox-technologies
Uso de máquinas de síncrona (aerogerador)

Estator do gerador

Fonte: http://www.wwindea.org/technology/ch01/en/1_2_3_2.html
Gerador síncrono (hidrogerador)

Estator de um hidrogerador
Gerador síncrono (hidrogerador)

Rotor de um hidrogerador
Geradores síncronos (GS):
Princípio de funcionamento
Máquinas de síncrona

Princípio de funcionamento

Fonte: http://xn--drmstrre-64ad.dk/wp-content/wind/miller/windpower%20web/en/tour/wtrb/syncgen.htm
Gerador síncrono (hidrogerador)

Enrolamento do Estator de um hidrogerador


Fonte: http://www.infordiss.com/Pages/Marthinusen-Coutts-DRC-hydroelectric-power-station.aspx
Gerador síncrono (hidrogerador)

Polo de uma máquina síncrona


Fonte: http://www.power-technology.com/contractors/powerplantequip/tes-vsetin/tes-vsetin5.html
Gerador síncrono (hidrogerador)

Enrolamento do Polo de uma máquina síncrona


Fonte: http://www.mitanigoukin.co.jp/en/coil/quality.html
Características básicas de máquinas síncronas - estator

 O enrolamento do estator (armadura) é trifásico e


distribuído (igual ao da máquina de indução) e é
ligado diretamente a uma fonte CA ou à carga;
 Os enrolamentos da armadura são posicionados
com diferença angular de 120o, de forma que as
tensões induzidas nos três enrolamentos serão
defasadas de 120o;
 O enrolamento do estator pode ser conectado em
Y ou em D.
Características básicas de máquinas síncronas - rotor

 O enrolamento de campo é posicionado no rotor e é


alimentado por uma fonte CC através de escovas
deslizantes sobre anéis coletores, que giram com o
rotor;
 A corrente CC (If) de campo produz campo
magnético no entreferro. Quando o rotor gira,
acionado por uma turbina, o enrolamento de
armadura é concatenado por um campo girante, o
qual induz uma tensão variável trifásica nos seus
terminais.
Gerador Síncrono

Gerador Síncrono:
• Tensão induzida
• Forma de onda senoidal
• Número de polos
• Controle da tensão induzida
• Fases de um gerador síncrono
• Fasores das tensões
• Circuito elétrico equivalente
Gerador Síncrono

 O campo girante no entreferro e o rotor giram na


mesma velocidade (síncrona);

 Usado em situações que demandem velocidade


constante com carga variável (95% dos geradores
elétricos);

 Usado com diferentes fontes primárias.


Características básicas de máquinas síncronas
Características básicas de máquinas síncronas - estator

Tensão induzida no estator:

http://www.ece.umn.edu/users/riaz/ani
mations
Características básicas de máquinas síncronas - estator

Tensão induzida no estator:

http://www.ece.umn.edu/users/riaz/ani
mations
Características básicas de máquinas síncronas

 Máquinas com muitos pólos e baixa velocidade, em geral tem o


rotor de pólos salientes;
- diâmetro grande
- comprimento pequeno
- eixo vertical
 Máquinas com poucos pólos e alta velocidade, em geral tem o rotor
cilíndrico;
- diâmetro pequeno
- comprimento grande
- eixo horizontal
Máquina síncrona trifásica – característica de magnetização

O campo girante no entreferro, produzido pelo


rotor, induz tensão trifásica senoidal nos
enrolamentos do estator;
A velocidade do rotor e a frequência das tensões
induzidas são relacionadas por:

120 f
n [rpm]
p
- p = número de polos
- f = frequência elétrica
Máquina síncrona trifásica – característica de magnetização
A tensão eficaz induzida por fase Ef é dada por:

E rms
 4, 44. f .N .max .kw
onde,
max é o fluxo por pólo
devido a corrente de campo I f
kw é o fator de enrolamento,
devido à disposição do enrolamento
N é o número de espiras por fase
Máquina síncrona trifásica – característica de magnetização
Campo magnético rotacional do rotor no
enrolamento estacionário do estator
Operação do gerador síncrono em uma rede interligada
 Geradores síncronos operando em paralelo.
Operação do gerador síncrono em uma rede interligada
 Geradores síncronos operando em paralelo
(sincronização com a rede).
Máquinas Síncronas
 Motivações para o estudo de máquinas síncronas.
 Introdução.
 Tensão induzida.
 Gerador e Motor síncrono.
 Circuito equivalente.
 Comentários gerais.
 Curiosidade.
Motivações

 Por que precisamos estudar este tópico?


 As máquinas síncronas são as mais importantes fontes de
geração de energia elétrica.
 Aproximadamente +99 % de toda a potência é gerada por
máquinas síncronas.
 Entender os aspectos básicos do funcionamento da operação
das máquinas síncronas.
Introdução (1/2)

 A maior parte dos conversores eletromecânicos de energia de alta


potência são baseados em movimento rotacional.
 São compostos por duas partes principais:
 Parte fixa, ou ESTATOR
 Parte móvel, ou ROTOR

Tarm

Fonte Fonte
elétrica 1 Rotor elétrica 2
Tmec

Estator
Introdução (2/2)

 O rotor é montado sobre um eixo, e é livre para girar entre os


pólos do estator.
 De forma geral existem enrolamentos transportando corrente
elétrica tanto no estator como no rotor.
 O enrolamento do rotor pode ser alimentado através de anéis
coletores e escovas de grafite.
Tensão induzida

 Um campo magnético girante pode ser criado pela rotação de um


par magnético.
Eixo da fase a Eixo da fase a
Bmax
ωt c
-b
θ
N
-a a
-a -a θ
-π/2 0 π -π/2
a π/2
Enrolamento
de armadura
b
S
-c Estator
-Bmax

 O campo girante induzirá tensões nos enrolamentos a-a, b-b e c-c.


 As tensões induzidas podem ser obtidas da lei de indução de
Faraday.
Tensão induzida

 À medida que o rotor gira, o fluxo magnético concatenado varia


senoidalmente entre os eixos magnéticos das bobinas do estator
(defasadas de 120º geométricos) e do rotor.
 Se o rotor está girando a uma velocidade angular constante ωm,
pela lei de indução de Faraday, a tensão induzida na fase “a” é:

ea = Emax sin ωm t

 A tensão induzida nas outras fases são também senoidais, mas


defasadas 1200 elétricos em relação a da fase “a”.

e ea eb ec
eb = Emax sin(ωmt − 120 )
0

ec = Emax sin(ωmt + 1200 ) 0 t


Gerador síncrono

 Estator com três enrolamentos defasados de 1200 geométricos.


 Rotor constituído por um enrolamento energizado em corrente
contínua (fonte cc externa), produzindo um campo constante no
entreferro (Br) é colocado em movimento por uma máquina
primária (turbina hidráulica, gás ou vapor) de forma que Br
tenham um movimento relativo aos enrolamentos do estator.

 Devido ao movimento relativo de Br,


a intensidade do campo magnético
que atravessa os enrolamentos do ns
estator irá variar no tempo. E pela lei
de Faraday, teremos uma tensão
induzida nos terminais dos Br
enrolamentos do estator.
 A frequência elétrica da tensão induzida está “sincronizada” com
a velocidade mecânica.
Velocidade síncrona
 Velocidade síncrona: Velocidade do campo girante em uma
máquina multi-pólos:

120. f e
ns = (rpm) ⇔ ns = nm (Máquina Síncrona)
P

 Campo girante é uma onda de f.m.m. que se desloca ao longo do


entreferro com velocidade síncrona 120f/P formando “P” pólos
girantes ao longo do entreferro;
 Considerando a frequência de alimentação de 60 Hz pode-se
montar a seguinte tabela:

No pólos 2 4 6 8

ns (rpm) 3.600 1.800 1.200 900


Gerador síncrono

 Se os terminais dos condutores alimentam uma carga elétrica


surgirá uma corrente, fornecida pelo gerador elétrico.
 O enrolamento do estator (armadura) é trifásico e distribuído e é
ligado diretamente à carga;

 Os enrolamentos da armadura são posicionados com diferença


angular de 120o, de forma que a tensão induzida nos três
enrolamentos serão defasadas de 120o;
 Pode ser conectado em Y ou em ∆;
Gerador síncrono
 O enrolamento de campo (do rotor) é alimentado em CC e produz
campo aproximadamente senoidal no entreferro;
Pólos Salientes: através de gap variável nas faces polares;

Pólos lisos: através da distribuição das bobinas na superfície do


rotor
Gerador síncrono
 Máquinas com muitos pólos e baixa velocidade, em geral tem o
rotor de pólos salientes;

diâmetro grande
comprimento pequeno
eixo vertical

 Máquinas com poucos pólos e alta velocidade, em geral tem o rotor


cilíndrico;

diâmetro pequeno
comprimento grande
eixo horizontal
Gerador síncrono
Gerador síncrono
 Um dos tipos mais importantes de máquinas elétricas rotativas.
 Geradores síncronos são utilizados em usinas hidrelétricas e
termelétricas.
 Usinas hidrelétricas :
 Máquinas de eixo vertical.
 Rotor de pólos salientes e de grande diâmetro.
 Grande número de pólos.
 Velocidades de 100-360 RPM.
 Usinas termelétricas:
 Máquina de eixo horizontal.
 Rotor cilíndrico e de pouco diâmetro.
 Usualmente de 2 ou 4 pólos.
 Velocidades de 1800-3600 RPM.

Animação Gerador Síncrono (alternador): http://www.learnengineering.org/


Motor síncrono

 Estator constituído por três


enrolamentos defasados de
120 graus energizados por
uma fonte trifásica.
 O fluxo produzido nos
enrolamentos do estator (Bs)
é girante com a velocidade
síncrona da tensão de
alimentação.
Bs
120. f e
ns = (rpm)
P
ns = nm (Máquina Síncrona) Br
Motor síncrono

 Rotor constituído por um


enrolamento energizado em
corrente contínua (fonte cc
externa), produzindo um
campo constante no
entreferro (Br).
 Interação entre o campo
girante produzido pelas
correntes do estator (Bs) e o
campo constante produzido
Bs
pela corrente do rotor (Br)
produz conjugado
(alternativamente: interação
entre o campo girante e a Br
corrente percorrendo os
condutores do rotor).
Motor síncrono

 Uma fonte de tensão trifásica é conectada aos três enrolamentos


do estator produzindo um campo girante no entreferro (Bs).
 Uma fonte de corrente contínua é conectada ao enrolamento do
rotor produzindo um campo no entreferro (Br).
 A interação entre o campo magnético do estator (Bs) e do rotor
(Br) produzirá um conjugado mecânico que tentará alinhar os dois
campos.
 Este conjugado mecânico fará com que o rotor gire na mesma
velocidade do campo girante (Bs) mas com um atraso angular.
 O aumento da carga mecânica é refletido através de um aumento
do ângulo entre os campos do estator e do rotor.
 Aplicações: em processos que demandam velocidade constante
com carga variável; pode ser usado para fornecer compensação de
potência reativa na indústria.
Motor síncrono
 A velocidade do rotor é constante e igual a velocidade do campo
girante independentemente do conjugado mecânico.
 O motor síncrono não possui conjugado de partida (visto que no
instante de partida o conjugado médio é nulo).

 Em máquinas comerciais usualmente há uma gaiola de esquilo no


rotor para permitir a partida (não interfere na operação em regime)
 Devido ao campo do rotor ser fornecido através de uma fonte
externa (independente) esta máquina pode operar com fator de
potência indutivo, capacitivo ou unitário (sub/sobre-excitada)
Animação Motor Síncrono: http://www.learnengineering.org/
Circuito equivalente

jX s Ra jX s Ra

I&a I&a
E& f V&a E& f V&a

Máquina operando como gerador Máquina operando como motor

E& f = Ra I&a + jX s I&a + V&a V&a = E& f + Ra I&a + jX s I&a

 Em que:
E& f : tensão interna (de excitação) da máquina síncrona.
V&a : tensão nos terminais.
Ra : resistência do enrolamento de armadura.
X s : reatância síncrona.
Circuito equivalente
 Gerador: E& f = Ra I&a + jX s I&a + V&a Motor: V&a = E& f + Ra I&a + jX s I&a

 Fasorialmente. V&a
E& f
ϕ δ δ E& f
jX s I&a
V&a ϕ
jX s I&a Ra I&a
I&a Ra I&a
gerador I&a motor

 O ângulo δ entre Va e Ef define o ângulo de potência (de carga) da


máquina;
 Quanto maior for o ângulo δ maior será a potência transferida para a rede
pelo gerador ou maior será a carga no eixo do motor ;
 δ>0 para operação no modo gerador e δ<0 para operação no modo
motor;
 |Ef |>|Va | no modo gerador (para fator de potência indutivo);
 |Ef |<|Va | no modo motor (para fator de potência indutivo);
GS – Características em regime permanente
E& f
jX s Ra δ
ϕ
V&a
I&a jX s I&a
E& f V&a
I&a Ra I&a
gerador

Máquina operando como gerador

E& f = Ra I&a + jX s I&a + V&a

 Regulação de Tensão: Como no transformador podemos definir a regulação de


tensão do gerador síncrono para determinada carga. Pode ser nula, positiva ou
negativa dependendo do fator de potência e da carga.
E f − Va
R% = × 100
Va
 Va: Valor eficaz da tensão terminal em carga (por fase);
 Ef: Valor eficaz da tensão de excitação em carga (por fase);
MS – Características em regime permanente
 Circuito equivalente em regime permanente, desprezando a resistência do estator.

jX s jX s

I&a I&a
Ef δ Va 0 Ef δ Va 0

Máquina operando como gerador Máquina operando como motor

E& f = jX s I&a + V&a E& f = V&a − jX s I&a


E& f
jX s I&a jX s I&a
V&a V&a
δ jX s I&a
ϕ ϕ δ
− jX s I&a
E& f
I&a I&a
MS – Potência em Regime Permanente
jX s Máquina operando como gerador δ > 0
E& f
jX s I&a E f senδ =
I&a ϕ
Ef δ Va 0 δ0 V&a I a X s cos ϕ
ϕ 90 − ϕ

E& f = jX s I&a + V&a


I&a
 Do diagrama fasorial temos:
E f senδ
E f senδ = I a X s cos ϕ ⇒ I a cos ϕ = (1)
Xs
 A potência ativa desenvolvida pelo gerador por fase é dada por:

P = Va I a cos ϕ (2)
 Substituindo (1) em (2) temos:
Va E f senδ
P= (3)
Xs
MS - Pólos Lisos - Operação em Regime Permanente
P,T
Barramento infinito = Va e f constantes
Pmax
Va e f =ctes Ef2>Ef1
Pm3 Carga 3
Ef1
Pm2 Carga 2
MS Pm1
B∞ Carga 1

-180º -90º δ 3 δ1 δ 2 90º 180º


δ

Motor Gerador

Instabilidade Região de Estabilidade Instabilidade

δ <0 P<0 δ >0 P>0


Pa = Pm − P (Potência Acelerante)
Va E f senδ
P= (3) Pm > P ⇒ Pa > 0 ⇒ Máquina acelera ⇒ δ ↑
Xs
Pm < P ⇒ Pa < 0 ⇒ Máquina desacelera ⇒ δ ↓
Gerador Síncrono – Fator de potência
 Controle de potência reativa (diagrama fasorial – potência ativa constante)
 Potência ativa constante → Ia cosφ = constante P = VT I a cos φ
Barramento infinito:
 Potência ativa constante → E senδ = constante V E
P = T sen δ VT e f constantes
XS

 Ia1 em fase com VT (fator de potência unitário – Q = 0: excitação normal)


 Ia2 atrasado em relação à VT (fator de potência indutivo – Q > 0: sobre-excitado)
 Ia3 adiantado em relação à VT (fator de potência capacitivo – Q < 0: subexcitado)

δ
ϕ

Gerador
Motor Síncrono – Fator de potência
 Controle de potência reativa (diagrama fasorial - potência ativa constante)
 Potência ativa constante → Ia cosφ = constante P = VT I a cos φ
Barramento infinito:
 Potência ativa constante → E senδ = constante V E
P = T sen δ VT e f constantes
XS

 Ia1 em fase com VT (fator de potência unitário – Q = 0: excitação normal)


 Ia2 adiantado em relação à VT (fator de potência capacitivo–Q< 0: sobre-excitado)
 Ia3 atrasado em relação à VT (fator de potência indutivo – Q > 0: subexcitado)

δ
ϕ

Motor
Curva V da máquina síncrona → controle do fator de potência

Normal Normal
Q=0 Q=0

Subexcitado Sobre-excitado
Subexcitado Sobre-excitado
Q<0 Q>0
Q>0 Q<0

Resistivo Resistivo

capacitivo Indutivo Indutivo Capacitivo

Ia3 Ia1 Ia2 Ia3 Ia1 Ia2


Gerador Motor
Aplicação máquina síncrona - Motor usado na indústria para controle do FP
 O controle independente da corrente de campo permite que o motor/gerador
síncrono opere com fator de potência indutivo ou capacitivo, absorvendo ou
injetando potência reativa;
 Condensador Síncrono: máquina síncrona girando em vazio com controle
automático de If para controle de tensão;
 Na indústria, motores síncronos operam sobre-excitados, ou seja,
fornecendo potência capacitiva, com o objetivo de compensar a potência
indutiva consumida pelos motores de indução, melhorando, assim, o fator de
potência total da planta.
-As linhas tracejadas mostram
como a corrente de campo
deve ser variada à medida que
a carga (corrente de
armadura) é alterada de modo
Curva V a manter constante o fator de
do motor potência.
Operação do gerador síncrono em uma rede interligada
 Geradores síncronos são raramente conectados a cargas individuais. Esses são conectados a
uma rede interligada, a qual contém vários geradores operando em paralelo.
 A operação em paralelo de geradores traz as seguintes vantagens: vários geradores podem
atender a uma grande carga, aumento da confiabilidade, um ou mais geradores podem ser
desligados para manutenção sem causar a interrupção total da demanda da carga, maior
eficiência etc.
Sincronização do gerador síncrono com uma rede interligada
 Geradores síncronos podem ser conectados ou desconectados da
rede interligada, dependendo da demanda de carga. A operação, na
qual os geradores são conectados a rede é chamada sincronização.
 Para que o gerador síncrono possa ser conectado a rede, ambos os
sistemas devem ter:
 A mesma magnitude de tensão RMS (eficaz);
 A mesma frequência;
 A mesma sequência de fases;
 A mesma fase.
Sincronização do gerador síncrono com uma rede interligada
 Um conjunto de lâmpadas pode ser utilizado para verificação visual dessas quatro condições,
como mostrado na figura.

1. A máquina primária (prime mover) pode ser


um motor de CC ou de indução, que é
empregado para ajustar a velocidade do
gerador ao valor síncrono (frequência da rede);

2. A corrente de campo If pode ser ajustada de tal


maneira que a magnitude das tensões do
gerador e da rede sejam as mesmas;

3. Se a sequência de fases estiver correta, as três


lâmpadas devem acender e apagar em
sincronia.
Sincronização do gerador síncrono com uma rede interligada
 Em plantas industriais, essas condições podem ser verificadas através do uso
de um sincroscópio;
 A posição do indicador mostra a diferença de fase entre as tensões da máquina
e da rede. Esse dispositivo não verifica a sequência de fases;
 O sentido de rotação do indicador mostra se a frequência da máquina é maior
ou menor que a da rede;
 Quando o indicador se movimenta lentamente, isto é, a frequência da rede e da
máquina são quase iguais, e passa pelo marcador vertical, o disjuntor pode ser
fechado, e a máquina é conectada a rede.

 Plantas industriais modernas empregam


sincroscópios automáticos, os quais enviam
sinais para o sistema de excitação e de
regulação de velocidade do gerador para
alterar a frequência e a tensão do gerador.
 Para operação remota do disjuntor, relés de
cheque de sincronismo (synch check relays)
são empregados para supervisionar o
fechamento dos disjuntores.
Gerador síncrono (GS)
 Vantagens:
 é a tecnologia mais empregada para a conversão de energia
mecânica em elétrica (amplamente utilizada para geração)
 possui capacidade de compensação de potência reativa
 permite energização/sincronização suave (sem transitórios)

 Desvantagens:
 a velocidade mecânica e elétrica são sincronizadas levando a
maiores transitórios eletromecânicos durante variação da potência
mecânica da fonte primária (e.g., geradores eólicos)
 alto custo inicial e de manutenção
Comentários gerais
 A principal aplicação da máquina síncrona é como gerador (alternador) nas
usinas geradoras de energia elétrica.
 A magnitude e a frequência da tensão gerada variam com a velocidade do rotor e
com a magnitude da corrente de campo.
 Para que a máquina síncrona opere como motor, é necessário algum artifício para
o seu acionamento pois pela sua própria característica física, ele não tem partida
própria.
 O motor síncrono gira com velocidade constante e idêntica à velocidade do
campo girante (velocidade síncrona). Assim sendo, quando em operação, a
velocidade do rotor do motor síncrono é função somente da frequência da rede
elétrica.
 Enquanto o motor de indução apresenta um comportamento exclusivamente
indutivo, o motor síncrono pode operar com fator de potência indutivo,
capacitivo ou unitário, mediante ajustes na magnitude da corrente de campo.
Quanto maior esta corrente, a tendência do motor síncrono é apresentar um
comportamento capacitivo.
Curiosidade (1/3)
• Gerador de Itaipú

20 unidades geradoras de 700 MW


Curiosidade (2/3)
 20 unidades geradoras: 10 em
• Gerador de Itaipú 50 Hz e 10 em 60 Hz.

 As unidades de 50 Hz têm 66
pólos, potência nominal de
823,6 MVA, fator de potência
de 0,85 e peso de 3.343
toneladas.

 As unidades de 60 Hz têm 78
pólos, potência nominal de
737,0 MVA, fator de potência
de 0,95 e peso de 3.242
toneladas.

 Todas as unidades têm tensão


nominal de 18 kV.

 As turbinas são do tipo francis,


com potência nominal de 715
MW e vazão nominal de 645
metros cúbicos por segundo.

 Transmissão: dois elos CC de


20 unidades geradoras de 700 MW 600 kV e 3 linhas CA de 750
kV
Curiosidade (2/3)

•Turbina
Curiosidade (3/3)
Exercicios
1. Do ponto de vista prático, o que se pode afirmar a respeito da
variação da frequência e da magnitude da tensão gerada no
alternador quando são alteradas a velocidade do rotor e a
intensidade da corrente contínua no circuito de campo?
2. Em uma fazenda está instalado um alternador cujo rotor é
acionado por uma turbina, aproveitando-se uma queda d’água,
sendo que o circuito de campo é energizado por um conjunto de
baterias em série com um reostato (resistor variável de baixa
potência).
a) Justificando, descreva as possíveis alternativas de controle da
frequência e da magnitude da tensão gerada para este alternador.
b) Considere que ao se ligar uma bomba d’água, ocorre uma
diminuição simultânea da magnitude e da frequência da tensão
gerada. Qual o procedimento mais adequado para que sejam
restabelecidos os respectivos valores nominais? Justifique
procedimento proposto.
Exercicios
3. Com relação ao alternador da figura abaixo, qual deve ser a
velocidade do rotor para se ter uma tensão gerada com frequência
igual a 50 Hz?
Exercicios
4. Um gerador síncrono trifásico, ligação estrela, rotor cilíndrico, 10 kVA, 500 V,
tem uma reatância síncrona de 2,4 Ω por fase e uma resistência de armadura de
0,5 Ω por fase. Pede-se:
a) Calcule a regulação de tensão percentual quando o gerador está a plena carga
com fator de potência de 0,8 atrasado e as potências ativa e reativa gerada e
entregue a carga;
b) Repita a) considerando o fator de potência de 0,8 adiantado;

5. Um motor síncrono trifásico, ligação estrela, 5kVA, 220V, tem uma reatância
síncrona de 2,5 Ω por fase e 10 pólos. Pede-se:
a) Calcule a frequência necessária de modo que o motor tenha uma velocidade
de rotação constante de 500 RPM.
b) Calcule a tensão de excitação e o ângulo de carga da máquina sob condições
nominais de carga considerando que o motor está subexcitado com fator de
potência de 0,85;
c) Calcule a potência ativa que o motor está demandando da rede nas condições
do item b);
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”
Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira
Departamento de Engenharia Elétrica

Máquinas
Elétricas
II
Prof. Dr. Falcondes José Mendes de Seixas
Eng. Rodolfo Castanho Fernandes

Ilha Solteira - SP
2a Edição - 2012
SUMÁRIO

CAPÍTULO I ................................................................................................................................ 3
INTRODUÇÃO ÀS MÁQUINAS ELÉTRICAS .................................................................................. 3
A U L A 1 ............................................................................................................................... 3
1 – Definições das Máquinas Elétricas .............................................................................. 3
2 – Principais Tipos de Máquinas Elétricas ....................................................................... 4
3 – Aspectos Construtivos .................................................................................................. 5
4 – Conceitos Básicos ........................................................................................................ 5
5 – Análise Gráfica do Campo Girante .............................................................................. 6
A U L A 2 ............................................................................................................................. 11
5 – Noções sobre Construção dos Enrolamentos do Estator ............................................ 11
6 – Análise Harmônica do Campo Girante ...................................................................... 17
CAPÍTULO II ............................................................................................................................. 23
MOTOR DE INDUÇÃO TRIFÁSICO ............................................................................................ 23
A U L A 3 ............................................................................................................................. 23
1 – Descrição Física ......................................................................................................... 23
2 – Princípio de Operação ................................................................................................ 26
A U L A 4 ............................................................................................................................. 29
3 – Circuito Equivalente do MIT ..................................................................................... 29
4 – Análise do Circuito Equivalente ................................................................................ 31
A U L A 5 ............................................................................................................................. 34
5 – Testes do MIT ............................................................................................................ 34
Lista de Exercícios 1 ........................................................................................................ 37
A U L A 6 ............................................................................................................................. 38
6 – Efeito da Resistência do Rotor no Torque e na Corrente ........................................... 38
Lista de Exercícios 2 ........................................................................................................ 41
A U L A 7 ............................................................................................................................. 42
7 – Curvas Normalizadas ................................................................................................. 42
8 – Informações Relevantes sobre Motores de Indução ................................................... 44
A U L A 8 ............................................................................................................................. 47
9 – Métodos de Partida do MIT ....................................................................................... 47
10 – Métodos de Controle de Velocidade do MIT ........................................................... 51
A U L A 9 ............................................................................................................................. 55
11 – Especificações do MIT ............................................................................................. 55
Lista de Exercícios 3 ........................................................................................................ 64
CAPÍTULO III ........................................................................................................................... 65
MOTOR DE INDUÇÃO MONOFÁSICO........................................................................................ 65
A U L A 10 ........................................................................................................................... 65
1 – Introdução................................................................................................................... 65
2 – Métodos de Partida do MIM ...................................................................................... 66
A U L A 11 ........................................................................................................................... 70
3 – Circuito Equivalente do MIM .................................................................................... 70
4 – Análise do Circuito Equivalente do MIM .................................................................. 71
A U L A 12 ........................................................................................................................... 73
Lista de Exercícios 4 ........................................................................................................ 73
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................. 74

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


2
CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO ÀS MÁQUINAS ELÉTRICAS

AULA 1

1 – Definições das Máquinas Elétricas

Máquinas elétricas são dispositivos que fazem conversão eletromecânica de energia. O


equipamento que converte energia elétrica (relacionada com tensão e corrente) em energia
mecânica (torque, rotação) é denominado MOTOR ELÉTRICO. Ao contrário, a máquina que
converte energia mecânica em energia elétrica é chamada de GERADOR ELÉTRICO. As
máquinas elétricas são reversíveis, isto é, podem operar como motor ou gerador, como ilustra
a Fig. 1.1.

Fig. 1.1 – Conversão eletromecânica de energia.

Um gerador elétrico deve estar mecanicamente acoplado a uma máquina motriz (ou
máquina primária), capaz de fornecer energia mecânica, para movimentar a parte móvel do
gerador. Exemplos de máquinas motrizes são: turbinas hidráulicas, turbinas à vapor, motor à
combustão, motor elétrico, turbina eólica, etc. A Fig. 1.2 ilustra alguns exemplos de máquinas
motrizes.

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


3
Fig. 1.2 - Exemplos de máquinas motrizes.

2 – Principais Tipos de Máquinas Elétricas

Máquina Síncrona: Não possui torque de partida, portanto é usada normalmente como
gerador. Apresenta velocidade constante, para freqüência constante. O sistema de
excitação, geralmente montado no rotor, requer alimentação em corrente contínua.
Pode ser usada para corrigir fator de potência no sistema elétrico quando opera na
região de sobre-excitação. É um equipamento de alto custo e sujeito a manutenção
periódica.

Máquina de Corrente Contínua: Possibilita grande variação de velocidade, com comando


muito simples. Também requer fonte de corrente contínua para alimentação do
circuito de excitação, que geralmente é montado no estator. Utiliza escovas e
comutador, resultando em altos custos construtivos e com manutenção. Opera muito
bem como gerador ou como motor.

Máquina de Indução: Opera normalmente como motor e pode ser trifásica ou monofásica
(bifásica). Possui torque de partida, que no caso monofásico é obtido por artifícios
especiais. Dispensa fonte CC, sendo robusta, versátil e de baixo custo. É encontrada
tanto em grandes potências quanto para potências fracionárias. Como não utiliza
escovas, requer pouca manutenção.

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


4
3 – Aspectos Construtivos

• Do ponto de vista físico a máquina elétrica é dividida em três partes:

Rotor – é a parte girante da máquina e constituída basicamente por um eixo, por um circuito
magnético e por um ou mais enrolamentos. É comum possuir também um ventilador
para bombear para fora o calor gerado internamente;
Estator – é a parte estática da máquina, composta de um circuito magnético e um ou mais
enrolamentos;
Carcaça – serve como suporte para o rotor e o estator. Nas máquinas CC a carcaça faz parte
do circuito magnético do estator.

• Do ponto de vista eletromagnético a máquina elétrica é dividida em duas


partes:

Indutor ou Campo – responsável pela magnetização do circuito magnético da máquina;


Induzido ou Armadura – é o local onde ocorre a conversão eletromecânica de energia.

4 – Conceitos Básicos

Pólo Magnético – É a região do entreferro na qual o fluxo magnético tem um determinado


sentido. As linhas de campo “deixam” um pólo norte e “entram” no pólo sul, como mostrado
na Fig. 1.3. Assim, a um pólo norte do estator corresponde um pólo sul do rotor. O número de
pólos de qualquer máquina é necessariamente par, já que as linhas de campo magnético são
fechadas.

Fig. 1.3 – Pólos magnéticos.

Graus Elétricos e Graus Mecânicos – Por definição, um par de pólos corresponde a 360º
elétricos ou 2π radianos elétricos. A Fig. 1.4 representa esta definição.

90º mec = 180º el

180º mec = 180º el

Máquina de dois pólos Máquina de quatro pólos

Fig. 1.4 – Graus elétricos e graus mecânicos.

Assim, ( 1 )o mecânico = ( P 2 )o elétrico

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


5
5 – Análise Gráfica do Campo Girante

Sistema Bifásico

Seja o sistema mostrado na Fig. 1.5, onde se tem duas bobinas defasadas de 90ºel no
espaço e percorridas por correntes defasadas 90ºel no tempo.

Fig. 1.5 – Sistema bifásico.

Recordando a Lei Circuital de Ampère:

∫ H ⋅ dl = ∑ I (  )

H ⋅ = N ⋅i ⇒ H = k ⋅i

Para o caso em questão:


i1 = I ⋅ sen( ωt )
i2 = I ⋅ sen( ωt − 90º )

Pode-se escrever:
H 1 = H ⋅ sen( ωt )
H 2 = H ⋅ sen( ωt − 90º )
Tanto as correntes como as intensidades de campo magnético, que são proporcionais,
podem ser representadas pela Fig. 1.6, em função do tempo.

i,H
I, H i1 i2

ωt
0 π/2 π

-I, -H

Fig. 1.6 – Sistema bifásico – representação no tempo.

A verificação gráfica (fasorial) do campo girante pode ser feita considerando-se alguns
instantes, durante um período da rede.

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


6
ωt = 0

i1 = 0 → H 1 = 0 Hr
i2 = − I → H 2 = − H H2

ωt = π/4

2 2 Hr
i1 = ⋅ I → H1 = ⋅H
2 2 H1

2 2
i2 = − ⋅ I → H2 = − ⋅H H2
2 2

ωt = π/2
Hr

i1 = I → H 1 = H r
H1
i2 = 0 → H 2 = 0

ωt = π

i1 = 0 → H 1 = 0 Hr
i2 = I → H 2 = H r H2

ωt = 3π/2

i1 = − I → H 1 = − H r
i2 = 0 → H 2 = 0 H1

Hr

Portanto, o campo resultante possui módulo constante e igual a Hr e gira com


velocidade ω, denominada velocidade síncrona. Neste caso, o giro é no sentido anti-horário.

Exercício:
Mostre que, invertendo-se o sentido de uma das correntes, por exemplo i2 = I ⋅ sen( ωt + 90º ) ,
inverte-se o sentido do campo girante.

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


7
Sistema Trifásico

Para o sistema trifásico mostrado na Fig. 1.7, consideram-se três bobinas defasadas de
120ºel no espaço e conduzindo correntes defasadas 120ºel no tempo. Assumindo seqüência
positiva, tem-se:
ia = I ⋅ sen( ωt )
ib = I ⋅ sen( ωt − 120º )
ic = I ⋅ sen( ωt + 120º )

Fig. 1.7 – Sistema trifásico.

Pode-se escrever:
H a = H ⋅ sen( ωt )
H b = H ⋅ sen( ωt − 120º )
H c = H ⋅ sen( ωt + 120º )

Tanto as correntes como as intensidades de campo magnético, que são proporcionais,


podem ser representadas pela Fig. 1.8, em função do tempo.

i, H
H Ha Hb Hc

π ωt
0 2π

-H

Fig. 1.8 – Sistema trifásico – representação no tempo.

A verificação gráfica do campo girante pode ser feita considerando-se alguns


instantes, durante um período da rede.

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


8
ωt = 0
Hr
ia = 0 → H a = 0
c

3 3 Hb
ib = − ⋅ I → Hb = − ⋅H Hc
2 2
3 3
ic = ⋅ I → Hc = ⋅H a
2 2
b

ωt = π/3 (60º)
c

3 3 Hr
ia = ⋅ I → Ha = ⋅H Hb
2 2
3 3
ib = − ⋅ I → Hb = − ⋅H a
2 2
Ha
ic = 0 → H c = 0
b

ωt = 2π/3 (120º)
c

3 3
ia = ⋅ I → Ha = ⋅H
2 2
a
ib = 0 → H b = 0
Ha
3 3
ic = − ⋅ I → Hc = − ⋅H
2 2 Hc Hr
b

ωt = π (180º)
c

ia = 0 → H a = 0 a

3 3
ib = ⋅ I → Hb = ⋅H Hb Hc
2 2
b
3 3
ic = − ⋅ I → Hc = − ⋅H
2 2
Hr

ωt = 5π/3 (300º)
c

Hr Hc
3 3
ia = − ⋅ I → Ha = − ⋅H
2 2
ib = 0 → H b = 0 a

3 3 Ha
ic = ⋅ I → Hc = ⋅H
2 2 b

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


9
Observa-se que o campo resultante possui módulo constante e gira com velocidade
angular ωS . Neste caso, o campo gira em sentido horário.
O módulo de Hr pode ser calculado aplicando-se a lei dos cossenos em qualquer um
dos diagramas fasoriais anteriores.

Hr
3
⋅H
2

3
⋅H
2

Sendo H o valor máximo do campo em cada fase, tem-se:


2 2
 3   3  3 3
H r2 = ⋅H + ⋅H  + 2⋅ ⋅H ⋅ ⋅ H ⋅ cos 60º
 2   2  2 2
   
6 6 1
H r2 = ⋅ H 2 + ⋅ H 2 ⋅
4 4 2
3
Hr = ⋅ H
2

O campo resultante completa 360ºel a cada período da corrente. Assim, para uma
máquina de dois pólos (onde um grau elétrico é equivalente a um grau mecânico) o campo
resultante dá uma volta a cada período. Para uma máquina de p pólos, o campo resultante dá
uma volta completa (360ºmec) a cada p/2 ciclos da corrente da rede.
A velocidade do campo girante (velocidade síncrona) pode ser expressa como:

ωS = 2 ⋅ π ⋅ f [rad el / s]
Em termos mecânicos,
2⋅π⋅ f
ωS = [rad mec / s]
p/2

Ou ainda,
2 ⋅ π ⋅ f  60 s 1 rot  rad
ωS = ⋅ ⋅ ⋅
p / 2  1 min 2 ⋅ π rad  s
Finalmente,
120 ⋅ f
ωS = rpm
p

Exercícios:

1) Prove que, se a seqüência de fase da rede de alimentação for invertida, inverte-se o


sentido de giro do campo girante.

2) Mostre que se o estator de uma máquina trifásica conectado em Y for alimentado


por um sistema bifásico de correntes a três fios (defasadas de 90ºel) há a produção
de campo girante. A amplitude resultante é constante? Considere o ponto médio do
sistema bifásico conectado ao centro estrela da máquina.

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


10
AULA 2

5 – Noções sobre Construção dos Enrolamentos do Estator


Camada Única:

É o enrolamento em que cada ranhura é totalmente ocupada por um único lado de


bobina.
Os tipos mais comuns são:
• Enrolamento imbricado distribuído de passo pleno ou passo polar;
• Enrolamento imbricado distribuído de passo fracionário ou passo
encurtado;
• Enrolamento concêntrico.
Para facilitar o projeto do enrolamento, algumas definições são necessárias:

- Passo Polar (τp):

Nr Número de ranhuras do estator


τp = =
P Número de polos

- Ranhuras por pólo e por fase (q):

Nr
q= onde “m” é o número de fases
P⋅m

- Número total de grupos de bobinas para todas as fases (k):

P
k = m⋅ (para a máquina trifásica, k = 3 x número de pares de pólos)
2

Exemplo 1:

Realize a representação dos enrolamentos de uma máquina trifásica de 2 pólos.


Considere um enrolamento imbricado de Nr = 12 ranhuras.

Nr 12
τp = = = 6 ranhuras para um passo polar (180ºel)
P 2
O passo polar também pode ser expresso como: τp = 1:7 (entra na ranhura 1 e volta na 7)

Nr 12
q= = = 2 ranhuras / pólo / fase
P⋅m 2⋅3

P 2
k = m⋅ = 3⋅ = 3 grupos de bobinas (total do estator)
2 2

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


11
- Cálculo do ângulo entre ranhuras:

180ºel = 6 ranhuras
? = 1 ranhura 1 ranhura = 30ºel

- Cálculo da defasagem angular entre as fases, dada em número de ranhuras:

30ºel = 1 ranhura
120ºel = ? 120ºel = 4 ranhuras

11 12 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 1 2

- Visualização do campo girante.


Marque os sentidos das correntes nos condutores do estator em cada instante, desenhe
as linhas de campo e o campo magnético resultante:

ωt=0o ωt=60º ωt=120º


(ia=0, ib<0, ic>0) (ia>0, ib<0, ic=0) (ia>0, ib=0, ic<0)

12 12 12
11 1 11 1 11 1

10 2 10 2 10 2

9 3 9 3 9 3

8 4 8 4 8 4

7 5 7 5 7 5
6 6 6

12 12 12
11 1 11 1 11 1

10 2 10 2 10 2

9 3 9 3 9 3

8 4 8 4 8 4

7 5 7 5 7 5
6 6 6
ωt=180º ωt=240º ωt=300º
(ia=0, ib>0, ic<0) (ia<0, ib>0, ic=0) (ia<0, ib=0, ic>0)

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


12
Exemplo 2:
Realize a representação dos enrolamentos de uma máquina trifásica de 4 pólos.
Considere um enrolamento imbricado com Nr = 24 ranhuras.
Nr 24
τp = = = 6 ranhuras para um passo polar (180ºel)
P 4

O passo polar também pode ser expresso como: τp = 1:7 (entra na ranhura 1 e volta na 7)
Nr 24
q= = = 2 ranhuras / pólo / fase
P⋅m 4 ⋅3
P 4
k = m⋅ = 3 ⋅ = 6 grupos de bobinas (total do estator)
2 2

- Cálculo do ângulo entre ranhuras:


180ºel = 6 ranhuras
? = 1 ranhura 1 ranhura = 30ºel

- Cálculo da defasagem angular entre as fases, dada em número de ranhuras:


30ºel = 1 ranhura
120ºel = ? 120ºel = 4 ranhuras

23 24 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 1 2 3

- Visualização do campo girante.

ωt=0o (ia=0, ib<0, ic>0) ωt=60º (ia>0, ib<0, ic=0) ωt=120º (ia>0, ib=0, ic<0)
24 24 24
22 2 22 2 22 2

20 4 20 4 20 4

18 6 18 6 18 6

16 8 16 8 16 8

14 10 14 10 14 10
12 12 12

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


13
Exemplo 3:
Construir um enrolamento concêntrico de camada única para o estator de uma
máquina trifásica de 2 pólos com Nr = 12 ranhuras.
Nr 12
τp = = = 6 ranhuras para um passo polar (180ºel)
P 2

O passo polar também pode ser expresso como: τp = 1:6:8


• 1:8 = passo da bobina externa (entra na ranhura 1 e volta na 8)
• 1:6 = passo da bobina interna (entra na ranhura 2 e volta na 7)

Nr 12
q= = = 2 ranhuras / pólo / fase
P⋅m 2⋅3
P 2
k = m⋅ = 3 ⋅ = 3 grupos de bobinas (total do estator)
2 2

- Cálculo do ângulo entre ranhuras:


180ºel = 6 ranhuras
? = 1 ranhura 1 ranhura = 30ºel

- Cálculo da defasagem angular entre as fases, dada em número de ranhuras:


30ºel = 1 ranhura
120ºel = ? 120ºel = 4 ranhuras

11 12 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 1 2

Exemplo 4:
Construir um enrolamento concêntrico de camada única para o estator de uma
máquina trifásica de 4 pólos com Nr = 24 ranhuras.

Nr
τp = = ____ ranhuras para um passo polar (180ºel)
P
Nr
q= = _____ ranhuras / pólo / fase
P⋅m
P
k = m ⋅ = ______ grupos de bobinas (total do estator)
2

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


14
Camada Dupla

É o tipo de enrolamento mais comumente encontrado nas máquinas trifásicas. Sua


diferença construtiva em relação ao enrolamento de camada única está no fato de que, cada
ranhura, é ocupada por dois lados de bobinas.
São dois os principais tipos de enrolamentos de camada dupla:
• Enrolamento imbricado distribuído com passo pleno (τp =180ºel)
• Enrolamento imbricado distribuído com passo fracionário ou encurtado (τe <180ºel)
O passo fracionário, que é mais usado, melhora as características elétricas da máquina.

Procedimento:
- Cálculo do passo polar (τp)
Nr
τp =
P
- Cálculo do número de ranhuras / pólo / fase (q)
Nr
q=
P⋅m
- Cálculo do número de grupos de bobinas (k)

k = m⋅ P m = número de fases
- Definição do passo fracionário encurtado (τe)
τe < τ p

Exemplo 5:

Construir um enrolamento imbricado de camada dupla para o estator de uma máquina


trifásica de 12 terminais, 2 pólos, com Nr = 24 ranhuras e passo encurtado τe = 8 ranhuras (τe
= 1:9).

Nr
τp = =12 ranhuras.
P
Nr
q= =4 ranhuras / pólo / fase.
P⋅m
k = m ⋅ P =6 grupos de bobinas

- Cálculo do ângulo entre ranhuras:


180ºel = 12 ranhuras
? = 1 ranhura 1 ranhura = 15ºel

- Cálculo da defasagem angular entre as fases, dada em número de ranhuras:


15ºel = 1 ranhura
120ºel = ? 120ºel = 8 ranhuras

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


15
23 24 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 1 2 3

Faça uma representação das bobinas de cada fase em cada estator (pinte as ranhuras):

Ranhuras da fase a Ranhuras da fase b Ranhuras da fase c


24 24 24
22 2 22 2 22 2

20 4 20 4 20 4

18 6 18 6 18 6

16 8 16 8 16 8

14 10 14 10 14 10
12 12 12

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


16
6 – Análise Harmônica do Campo Girante

Para a análise harmônica do campo girante de máquinas será considerado as seguintes


simplificações: entreferro uniforme, os efeitos das ranhuras na distribuição do campo
magnético serão desprezados e será admitido que o material ferromagnético tenha
permeabilidade infinita.

Bobinas Concentradas – Passo Pleno ou Polar

Seja a representação de uma fase com N espiras de uma armadura trifásica de quatro
pólos.

Fig. 1.9 – Representação dos enrolamentos de uma fase – passo polar.

Fazendo-se a circuitação do vetor H ao longo de uma linha de campo, obtém-se:

∫ H ⋅ dl = I  = 2 ⋅ N ⋅ I

Mas,
∫ H ⋅ dl = H 0 ⋅  0 + H fe ⋅  fe

B fe
Onde, H fe= → 0, pois µ fe → ∞ .
µ fe

0 = 2⋅e , pois uma linha de campo cruza duas vezes o entreferro.

Assim,
H0 ⋅ 2 ⋅ e = 2 ⋅ N ⋅ I
N ⋅I
H0 =
e
Sendo ℑ = N ⋅ I ,

H0 =
e

Traçando H 0 ou ℑ em função da posição θ , tem-se:

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


17
Ho ou F
N.I
Norte Norte

0 π 2π 3π 4π θ

Sul Sul
-N.I
Fig. 1.10 – Distribuição da f.m.m. no entreferro.

A onda de f.m.m da fase “a”, chamada aqui de ℑa pode ser escrita através de uma
série de Fourier.

n
ℑa (θ ) = a0 + ∑ [ak ⋅ sen(kθ ) + bk ⋅ cos(kθ )]
k =1

As bobinas das fases b e c são idênticas à da fase a e estão espaçadas de 120º el..
Assim,

4⋅ N ⋅ I  1 1 
ℑa (θ ) = ⋅  senθ + ⋅ sen(3θ ) + ⋅ sen(5θ ) + 
π  3 5 

4⋅ N ⋅ I  1 1 
ℑb (θ ) = ⋅  sen(θ − 120º ) + ⋅ sen3(θ − 120º ) + ⋅ sen5(θ − 120º ) + 
π  3 5 

4⋅ N ⋅ I  1 1 
ℑc (θ ) = ⋅  sen(θ + 120º ) + ⋅ sen3(θ + 120º ) + ⋅ sen5(θ + 120º ) + 
π  3 5 

Se as corrente das fases a, b e c são variáveis e estão defasadas de 120º el. no tempo,
ou seja:
ia = 2 ⋅ I ⋅ sen(ωt + α )
ib = 2 ⋅ I ⋅ sen(ωt + α − 120º )
ic = 2 ⋅ I ⋅ sen(ωt + α + 120º )

Então, a f.m.m resultante no entreferro, em função de θ e t, vale:

ℑe (θ , t ) = ℑa (θ , t ) + ℑb (θ , t ) + ℑc (θ , t )

Componentes Harmônicas

6⋅ 2
Fundamental: ℑ1 (θ , t ) = ⋅ N ⋅ I ⋅ cos(θ − ωt − α )
π

3ª ordem: ℑ3 (θ , t ) = 0

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


18
6⋅ 2
5ª ordem: ℑ5 (θ , t ) = − ⋅ N ⋅ I ⋅ cos(5θ + ωt + α )
5 ⋅π

6⋅ 2
7ª ordem: ℑ7 (θ,t ) = ⋅ N ⋅ I ⋅ cos( 7 θ − ωt − α )
7 ⋅π

9ª ordem: ℑ9 (θ , t ) = 0

6⋅ 2
11ª ordem: ℑ11 (θ , t ) = − ⋅ N ⋅ I ⋅ cos(11θ + ωt + α )
11 ⋅ π

6⋅ 2
13ª ordem: ℑ13 (θ,t ) = ⋅ N ⋅ I ⋅ cos( 13θ − ωt − α )
13 ⋅ π

15ª ordem: ℑ15 (θ , t ) = 0

A f.m.m total é a soma de todas as componentes harmônicas, sendo que as


componentes pares e múltiplas de três são nulas.

ℑ(θ , t ) = ℑ1 (θ , t ) + ℑ5 (θ , t ) + ℑ7 (θ , t ) + ℑ11 (θ , t ) + 

• Análise de ℑ1 (θ , t )
6⋅ 2
ℑ1 (θ , t ) = ⋅ N ⋅ I ⋅ cos(θ − ωt − α )
π

Esta componente é uma função cossenoidal no espaço e no tempo.

Fig. 1.11 – Distribuição cosseinodal da f.m.m.

A distribuição de f.m.m ao longo do entreferro é cossenoidal, para um dado instante.


Analisando um ponto onde ℑ1 (θ ,t ) é constante, observa-se que isto somente ocorrerá se
(θ − ωt − α ) for constante. Derivando, tem-se:

d θ d ω t dα
− − =0
dt dt dt
Como α é constante,


dt

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


19
A posição θ do ponto que tem ℑ1 (θ ,t ) constante desloca-se com velocidade angular
ω = 2 ⋅ π ⋅ f (rad el/s) no sentido de θ crescente. Assim, toda a distribuição de f.m.m se
desloca com velocidade ω .

Fig. 1.12 – Deslocamento da componente fundamental de f.m.m.

Esta é a componente fundamental do campo girante.

ω = ωS (velocidade síncrona)

• Análise de ℑ5 (θ , t )
6⋅ 2
ℑ5 (θ , t ) = − ⋅ N ⋅ I ⋅ cos(5θ + ωt + α )
5 ⋅π
Derivando (5θ + ωt + α ) = cte ,
d 5θ dωt dα
+ + =0
dt dt dt

dθ ω
=−
dt 5
As seguintes conclusões podem ser tiradas:
o Amplitude correspondente a 1/5 da fundamental.
o Velocidade correspondente a 1/5 da fundamental e gira no sentido contrário.
o Se a fundamental gera torque no sentido horário, a 5ª harmônica gera torque no
sentido anti-horário.

• Análise de ℑ7 (θ ,t )
6⋅ 2
ℑ7 (θ=
,t) ⋅ N ⋅ I ⋅ cos(7θ − ωt − α )
7 ⋅π
Com o procedimento anterior,
dθ ω
=
dt 7
As seguintes conclusões são possíveis:
o Amplitude correspondente a 1/7 da fundamental.
o Velocidade correspondente a 1/7 da fundamental e gira no mesmo sentido.
o Gera torque no mesmo sentido da fundamental.

Nas máquinas elétricas, é desejável que a distribuição de f.m.m seja mais próxima
possível da fundamental. Com objetivo de reduzir a influência das harmônicas duas
providências podem ser adotadas:

 Bobinas de passo fracionário ou encurtado;


 Enrolamentos distribuídos.

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


20
Bobinas Concentradas – Passo Fracionário

Considerando o enrolamento da fase a de uma máquina trifásica com bobinas


concentradas de N espiras e passo (π − 2β ) como mostra a figura.

Fig. 1.13 – Representação dos enrolamentos de uma fase – passo encurtado.

A distribuição de f.m.m terá o seguinte aspecto:

Ho ou F
N.I Norte Norte

0 π 2π 3π 4π
θ

Sul Sul
-N.I
Fig. 1.14 – Distribuição da f.m.m. no entreferro.

A fundamental poderá ser escrita como:


6⋅ 2
ℑ1 (θ , t ) = ⋅ N ⋅ I ⋅ cos β ⋅ cos(θ − ωt − α )
π
De forma semelhante,
6⋅ 2
ℑ5 (θ , t ) = − ⋅ N ⋅ I ⋅ cos 5β ⋅ cos(5θ + ωt + α )
5 ⋅π
6⋅ 2
ℑ7 (θ,t ) = ⋅ N ⋅ I ⋅ cos 7 β ⋅ cos( 7 θ − ωt − α )
7 ⋅π

Fator de Passo ou de Encurtamento (Hpk)

É definido, para cada harmônica, pela expressão:

amplitude da harmônica k p/ passo encurtado


H pk =
amplitude da harmônica k p/ passo pleno

H pk = cos(k ⋅ β )

Se β = 18º , por exemplo, a 5ª harmônica é eliminada, pois cos(5 ⋅18º ) =


0.

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


21
Bobinas Distribuídas

Na prática, é costume espalhar o enrolamento de cada pólo de cada fase em diversas


ranhuras vizinhas. Assim, o enrolamento de N espiras fica dividido em q bobinas conforme
mostra a figura.

Fig. 1.15 – Representação dos enrolamentos de uma fase – enrolamento distribuído.

Fator de distribuição (Hdk)

Por definição, o fator de distribuição é dado por:


ϕ
sen(k ⋅ q ⋅ )
H dk = 2
ϕ
q ⋅ sen(k ⋅ )
2
Aplicando-se os fatores de passo e de distribuição na componente fundamental da
f.m.m para o enrolamento trifásico, tem-se:
6⋅ 2
ℑ1 (θ , t ) = ⋅ N ⋅ I ⋅ H dk ⋅ H pk ⋅ cos(θ − ωt − α )
π

Exercício
Considere uma armadura trifásica com q = 3 grupos de bobinas por fase, de passo
fracionário. Se o passo polar corresponde a 15 ranhuras, determine as porcentagens de
redução das componentes fundamental, 5ª, 7ª e 11ª harmônicas em relação a um enrolamento
de passo pleno e concentrado.
a) Para passo encurtado, 14 ranhuras;
b) Para passo encurtado, 13 ranhuras.

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


22
CAPÍTULO II
MOTOR DE INDUÇÃO TRIFÁSICO

AULA 3

1 – Descrição Física

Estator

Nas ranhuras internas, mostradas na Fig. 2.1, são alojados três enrolamentos idênticos
espaçados de 120º el. Os enrolamentos são normalmente de dupla camada, de passo
fracionário, com bobinas distribuídas e podem ter seis, nove ou 12 terminais.

6 terminais ⇒ conexão ∆ ou Y
9 terminais ⇒ conexão Y série ou paralelo
12 terminais ⇒ ∆ ou Y série ou ainda ∆ ou Y paralelo

Fig. 2.1 – Estator ranhurado internamente.

A Fig. 2.2 mostra a associação de bobinas em Δ e em Y para um motor de 6 terminais.


A numeração apresentada é um padrão comumente usado.

Fig. 2.2 – Conexões para um motor de seis terminais.

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


23
Para um motor de nove terminais as associações são apresentadas na Fig. 2.3.

Fig. 2.3 – Conexões para um motor de nove terminais.

Para um motor de 12 terminais as associações possíveis são apresentadas na Fig. 2.4.

Fig. 2.4 – Conexões para um motor de 12 terminais.

Rotor

Existem dois tipos básicos de construção:

Rotor Bobinado ou de Anéis: O rotor possui ranhuras abertas onde são alojados três
enrolamentos idênticos e espaçados de 120º el. Três terminais desses enrolamentos são unidos
(Y) e os outros três são levados a anéis de cobre montados sobre o eixo e isolados entre si e
do eixo, como mostrado na Fig. 2.5.

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


24
Fig. 2.5 – Rotor bobinado ou de anéis.

Nos terminais dos enrolamentos, através de escovas deslizantes, um reostato trifásico


conectado em Y é usado para inserir resistência elétrica no circuito do rotor. O reostato pode
ser operado manualmente ou por meio de um servo-motor.

Rotor de Gaiola de Esquilo: Neste caso, as ranhuras são fechadas e nelas é injetado alumínio
fundido que, depois de resfriado, formará barras condutoras no sentido axial. Nas duas
extremidades do pacote magnético são fundidos dois anéis, também de alumínio, interligando
os terminais de todas as barras. Costuma-se fundir, juntamente com os anéis, as pás de um
pequeno ventilador. A Fig. 2.6 mostra a construção típica do rotor gaiola de esquilo.

circuito elétrico do rotor barras inclinadas corte transversal

Fig. 2.6 – Rotor gaiola de esquilo.

Carcaça

É feita de ferro fundido e serve de suporte mecânico para o estator, rotor e terminais
dos enrolamentos. Nos catálogos de fabricantes, um motor tem sua carcaça indicada por um
número. Por exemplo, motores de 1 cv utilizam carcaça 71. Isto significa que a distância (H)
entre o ponto de apoio do motor (pé) e o centro da carcaça é de 71 mm. Esta medida fornece
uma idéia das dimensões da máquina.

Fig. 2.7 – Carcaça.

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


25
Outras Partes

Motores com rotores bobinados contêm em sua construção anéis e escovas, que têm a
função de permitir ligar um ponto do rotor ao exterior. Anéis e escovas constituem pontos das
máquinas onde são importantes as preocupações com o desgaste e conseqüentes custos de
manutenção.
Mancais e rolamentos são outros itens que levam a custos de manutenção, têm por
objetivo apoiar o eixo do rotor na carcaça e facilitar o giro do mesmo (requerem lubrificação
para reduzir atrito, o desgaste com o tempo faz com que o motor se torne ruidoso e vibre
mais).
A fim de evitar o acúmulo de umidade nos enrolamentos estatóricos, motores de
grandes potências costumam ter um pequeno circuito auxiliar dentro da carcaça para manter a
temperatura a níveis adequados quando o motor não está em funcionamento.

2 – Princípio de Operação

Supondo inicialmente a máquina em repouso (rotor bloqueado). Quando os


enrolamentos do estator estão ligados a um sistema trifásico balanceado de tensões, o campo
girante é produzido.
Considerando apenas a componente de freqüência fundamental, o campo girante é
uma onda senoidal de fmm (força magneto-motriz) que se desloca ao longo do entreferro com
velocidade síncrona (ωs), formando p pólos girantes.
120 ⋅ f
ωS = [rpm]
p

ωs
N N

v
Rotor Rotor

S S

Campo com velocidade ωs e rotor parado. Campo parado e rotor com velocidade ωs contrária.

É equivalente dizer que o campo está estático e a gaiola se desloca com velocidade ωS
em sentido contrário ao campo.
De acordo com a Lei de Lenz, uma f.e.m. (força eletro-motriz) é induzida nos
condutores da gaiola que se movimentam com velocidade v no interior de um campo B.
  
e = ∫ v x B ⋅ dl

Sobre os condutores da gaiola, cujo circuito elétrico é fechado e que conduzem


corrente elétrica no interior do campo magnético, aparece a força de Lorentz.

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


26
ωs
N
f
→ → →
Rotor

f = i ⋅ dl × B
f
S

Campo com velocidade ωs e rotor com velocidade ωR.

A composição dessas forças resulta em um torque sobre o rotor, no mesmo sentido do


campo girante. Se este torque motor for maior que o torque resistente, o motor partirá (ωR).
Pode-se notar então que, para que haja f.e.m. induzida na gaiola, portanto corrente e torque, é
necessário um movimento relativo entre o campo girante e a gaiola.

Se o motor atingir a velocidade síncrona, não haverá velocidade relativa, não havendo
força eletromotriz induzida e nem torque sobre o rotor. Por conseqüência, o motor irá
desacelerar.

Para manter a máquina em movimento é preciso que o torque do motor seja igual ao
torque resistente. Assim, o MIT deve operar sempre abaixo da velocidade síncrona e sua
velocidade será tanto menor quanto maior for a carga acoplada ao seu eixo. A energia é
levada do estator para o rotor de forma indutiva, sem contato elétrico. Por essas razões, o
motor é conhecido como motor de indução ou motor assíncrono.

Com o rotor bloqueado, a velocidade relativa entre o campo e a gaiola é ωS. A tensão
induzida com rotor bloqueado (eRB) possui freqüência fRB igual a da rede. Nesse caso, o
comportamento do motor é idêntico ao de um transformador.
Algumas definições importantes são dadas a seguir.

• Velocidade de escorregamento: ωesc = ωS − ω R

ωesc ωS − ω R
• Escorregamento (slip): s= =
ωS ωS

Das duas relações apresentadas pode-se escrever:


ωR = (1 − s ) ⋅ ωS

Para o MIT: 0≤ s ≤1, o que resulta em:

• ωR = 0 , para s = 1 (na partida)


• ωR = ωS , para s = 0 (em sincronismo)

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


27
A f.e.m. induzida na gaiola é proporcional à velocidade relativa entre a gaiola e o
campo girante (Lei de Lenz). Assim, para o rotor bloqueado ( ωR = 0 ) a f.e.m. induzida no
rotor vale:
eRB = k ⋅ ωesc ∴ eRB = k ⋅ (ωS − 0 )

Para uma velocidade ωR qualquer:


eR = k ⋅ ωesc ∴ eR = k ⋅ (ωS − ω R )

Logo,
eR ω − ωR
= S =s ou eR = s ⋅ eRB
eRB ωS

A freqüência da tensão induzida no rotor também é diretamente proporcional à


velocidade.
f R = s ⋅ f RB

A corrente trifásica do estator induz na gaiola corrente trifásica que, da mesma forma
que no estator, produz um campo girante de velocidade ωSR em relação ao rotor.

120 ⋅ f R
ω SR =
p

Em relação ao estator, tem-se:


120 ⋅ f R
ωSR + ωR = (1 − s ) ⋅ ωS +
p
e com f R = s ⋅ f RB ,
120 ⋅ f RB
ωSR + ωR = (1 − s ) ⋅ ωS + s ⋅
p

Finalmente,
ωSR + ωR = ωS − s ⋅ ωS + s ⋅ ωS ⇒ ωSR + ωR = ωS

Onde,
• ωR , velocidade do rotor.
• ωSR , velocidade do campo girante.
• ωS , velocidade do campo girante do estator.

A velocidade do campo girante do rotor é igual á velocidade de escorregamento, com


relação ao rotor. Com relação ao estator, é igual à velocidade síncrona do campo girante do
estator.

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


28
AULA 4

3 – Circuito Equivalente do MIT

O circuito elétrico equivalente ao rotor do MIT, por fase, tem o aspecto da Fig. 2.8.
.
. IR
IR j XR

. . .
ER RR ER ZR

Fig. 2.8 – Circuito do rotor.

Deste circuito, vem:


E R = (RR + j ⋅ X R ) ⋅ IR

Mas,
ER = s ⋅ ERB
f R = s ⋅ f RB

Além disso,
X R = 2 ⋅ π ⋅ f R ⋅ LR
X RB = 2 ⋅ π ⋅ f RB ⋅ LRB

Assim,
X R = s ⋅ X RB

E então,
s ⋅ E RB = (RR + j ⋅ s ⋅ X RB ) ⋅ IR

Ou ainda,
R 
E RB =  R + j ⋅ X RB  ⋅ IR
 s 

Com base nesta última expressão, o circuito que representa fielmente o rotor é
mostrado na Fig. 2.9.

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


29
.
IR j XRB

.
ERB RR
s

Fig. 2.9 – Circuito do rotor - efeito do escorregamento.

Como comentado, a transferência de energia do estator para o rotor se faz


indutivamente e, para representar essa transferência de energia utiliza-se um transformador
Ns
ideal de relação , como representa a Fig. 2.10.
Nr
. Transformador .
IS j XRB IR
. .
Ideal

. .
ES ERB RR
s

NS NR

Fig. 2.10 – Circuito do rotor - efeito do transformador.

A corrente de alimentação do transformador ideal é composta por duas parcelas: uma


responsável pela transferência de potência do primário para o secundário (corrente de carga) e
outra responsável pela magnetização do núcleo (corrente de magnetização). A Fig. 2.11 ilustra
este ramo de magnetização.

. . .
j XRB
IS I’S IR
. .
. . .
VS j XM ES ERB RR
s

Fig. 2.11 – Circuito do rotor e ramo magnetizante do estator.

A impedância do enrolamento do estator pode ser representada por um ramo RL em


série com o circuito principal, como mostrado na Fig. 2.12.

• Rs , resistência do estator.
• X s , reatância de dispersão do estator.
• X m , reatância de magnetização do transformador.

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


30
. RS j XS j XRB
IS
. .
. RR
VS j XM
s

Fig. 2.12 – Circuitos do rotor e do estator.

Referindo os parâmetros do rotor ao estator, através do transformador ideal, tem-se:


2
' N 
X RB =  S  ⋅ X RB
 NR 
2
R ' R  N S  RR
=   ⋅

s  NR  s

O circuito do MIT por fase, visto do estator é então apresentado na Fig. 2.13.
. .
IS RS j XS j X’RB
I’S

.
. IM R' R
VS j XM
s

Fig. 2.13 – Circuito equivalente por fase do MIT.

4 – Análise do Circuito Equivalente

Para o circuito desenvolvido anteriormente, algumas relações relacionadas às


potências envolvidas podem ser obtidas.

# Potência absorvida da rede de alimentação (PL)

PL = 3 ⋅ VS ⋅ I S ⋅ cos ϕ [W]

# Perdas no cobre do estator (PCS)

PCS = 3 ⋅ RS ⋅ I S 2 [W]

# Potência fornecida ao rotor ou Potência eletromagnética (PFR)

R'R ' 2
PFR = PL − PCS = 3 ⋅ ⋅I S [W]
s

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


31
# Perdas no cobre do rotor (PCR)

PCR = 3 ⋅ R ' R ⋅ I ' S 2 [W]


PCR = s ⋅ PFR [W]

# Potência desenvolvida pelo rotor ou potência interna (PDR)

R'R ' 2
PDR = PFR − PCR = 3 ⋅ ⋅ I S − 3 ⋅ R'R ⋅ I 'S 2
s
'
1− s  RR ' 2
PDR = 3 ⋅ R ' R ⋅ I ' S 2 ⋅   = 3⋅ ⋅ I S ⋅ (1 − s )
 s  s
PDR = (1 − s ) ⋅ PFR [W]
Uma modificação no circuito equivalente, como apresentado na Fig. 2.13, pode ser
R'R
feita reescrevendo o termo da seguinte maneira:
s
R' R 1− s 
= R' R + R' R ⋅  
s  s 
.
. I’S
IS RS j XS j X’RB
R’R

VS j XM 1− s 
R 'R ⋅ 
 s 

Fig. 2.14 – Circuito equivalente modificado.

# Torque interno ou eletromagnético (TI)

PI PDR
TI = = , mas ωR = (1 − s) ⋅ ωS e PDR = (1 − s )⋅ PFR
ωR ωR
PFR ⋅ (1 − s ) PFR
TI = = [N.m]
ωS ⋅ (1 − s ) ωS
R' R
TI = 3 ⋅ ⋅ I' S 2 [N.m]
s ⋅ ωS

# Perdas rotacionais (PROT)

É a soma das perdas no núcleo do circuito magnético e das perdas por atrito nos
mancais e de ventilação.

PROT = PFOUCAULT + PHISTERESE + PATRITO +VENTILAÇÃO [W]

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


32
Quando o rotor está bloqueado, ou seja, quando ωR = 0 , as perdas mecânicas são nulas,
enquanto as perdas magnéticas são elevadas, visto que a freqüência da corrente induzida no
rotor é alta (mesma freqüência da rede de alimentação do motor).
Quando o motor opera próximo da velocidade síncrona ( s ≈ 0 ), a freqüência da
corrente induzida no rotor é quase nula. Logo, as perdas magnéticas são baixas. Como o
motor opera em alta velocidade, as perdas por atrito e ventilação tornam-se altas.
As perdas rotacionais, portanto, podem ser consideradas aproximadamente constantes.
A diferença é chamada de Perdas Suplementares (Psup).

PSUP = PROTCARGA − PROTVAZIO [W]

# Torque de Perdas

PROT
TPERDAS = [N.m]
ωR

# Potência útil ou de saída

PU = PDR − PROT [W]

# Torque útil ou de saída

PU
TU = TI − TPERDAS = [N.m]
ωR

# Rendimento
PU
η= ⋅ 100 (%)
PL

A Fig. 2.15 representa as potências envolvidas no funcionamento do MIT.

PL PFR PDR PU

PCS PCR PROT

Fig. 2.15 – Diagrama das potências envolvidas.

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


33
AULA 5

5 – Testes do MIT

Com a finalidade de obter os parâmetros do circuito equivalente do motor de indução


trifásico, três testes devem ser realizados:

Teste com Motor a Vazio

O MIT deve ser ligado a uma rede elétrica trifásica balanceada e deve girar a vazio, ou
seja, sem cargas mecânicas acopladas em seu eixo. Os seguintes dados poderão ser extraídos
deste teste:

• V0 , tensão aplicada ao motor (nominal), característica da rede elétrica local;


• I0 , corrente absorvida da rede, por fase;
• P0 , potência ativa trifásica;

A rede elétrica “enxerga” o motor, por fase, como uma impedância Z 0 = R0 + j ⋅ X 0 ,


como mostra a Fig. 2.16.
.
I0 R0

P0/3 .
V0 j X0

Fig. 2.16 – Impedância do motor para o teste de rotor livre.

V0 P0
Assim, Z0 = e também, R0 = .
I0 3 ⋅ I02

Finalmente, X0 é calculado como se segue, X 0 = Z 02 − R02 .

Considerando o circuito equivalente por fase do MIT, apresentado na Fig. 2.17, tem-se
que o escorregamento é próximo de zero (rotor a vazio). Sendo assim, a parcela RR' s torna-se
muito grande e o circuito do rotor pode ser considerado um circuito aberto (impedância tende
a um valor muito alto). Assim, o circuito equivalente para o MIT a vazio torna-se próximo ao
da Fig. 2.18.

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


34
.
IS RS j XS j X’RB

.
VS j XM R' R
→∞
s

Fig. 2.17 – Circuito equivalente do MIT para S→0.

.
I0 RS j XS

.
V0 j XM

Fig. 2.18 – Circuito equivalente do MIT a vazio.

Comparando os circuitos das Fig. 2.16 a 2.18, conclui-se que X 0 = X S + X M


Porém, não se pode igualar R0 a RS, pois em R0 ocorrem todas as perdas a vazio
(perdas rotacionais e perdas no cobre) e RS representa apenas as perdas no cobre do estator.
3 ⋅ R0 ⋅ I 02 = P0 = 3 ⋅ RS ⋅ I 02 + PROT

PROT = P0 − 3 ⋅ RS ⋅ I 02

Teste com o Rotor Bloqueado

Para que o ensaio represente bem as condições nominais em motores de potência


superior a 25 cv, utiliza-se para o ensaio de rotor bloqueado, freqüência de 15 Hz
(recomendação da AIEE, American Institute of Electrical Engineers). No teste, os seguintes
valores são medidos:

• VB , tensão reduzida aplicada ao motor,por fase;


• IB , corrente absorvida da rede (nominal);
• PB , potência ativa trifásica;

A rede elétrica “enxerga” o motor, por fase, como uma impedância Z B = RB + j ⋅ X B ,


como mostra a Fig. 2.19.
.
IB RB

PB/3 .
VB j XB

Fig. 2.19 – Impedância do motor para o teste de rotor bloqueado.

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


35
VB PB
Assim, Z B = e também, RB = .
IB 3 ⋅ I B2

Finalmente, XB é calculado como se segue, X B = Z B2 − RB2 .

Se o teste for realizado em 15 Hz, o valor de XB deve ser corrigido para 60 Hz.

60
X B (60 Hz ) = ⋅ X B (15Hz )
15

Como na condição de rotor bloqueado o escorregamento vale 1 e o circuito


equivalente é dado pela Fig. 2.20.
.
IB RS j XS j X’RB

.
VB j XM R’R

Fig. 2.20 – Circuito equivalente do MIT para S=1.

Como X M >> X 'RB considera-se a aproximação de que X B = X S + X RB


'
. Para a maioria
dos motores vale também a relação:
'
X S X RB X
= ' ≈ B
RS RR RB
XB
X S = RS ⋅ e '
X RB = XB − XS
RB
RR' = RB − RS

Medida da Resistência Elétrica do Estator

Consiste em aplicar uma tensão contínua entre dois terminais da máquina e medir a
corrente que circula entre estes mesmos terminais. Para este ensaio, é conveniente que o MIT
esteja ligado em Y, como mostrado na Fig. 2.21 e que o teste seja repetido para as três
ligações possíveis, determinando-se assim o valor médio de RS.
Icc R

RS
Vcc RS T
VCC
RS =
RS 2 ⋅ I CC

Fig. 2.21 – Circuito para obtenção da resistência do estator.

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


36
Lista de Exercícios 1

1) Um M.I.T. de 10HP, 6 Pólos, 60Hz, opera a plena carga com escorregamento de 3%. As
perdas rotacionais em plena carga somam 4% da potência de saída. Calcule:
a) A rotação do eixo. (1.164 rpm)
b) A potência fornecida ao rotor a plena carga. (7.998W)
c) A perda no cobre do rotor. (240W)
d) O torque eletromagnético (interno) a plena carga. (63,7Nm)

2) Um M.I.T. de 10HP, 6 Pólos, 60Hz, 220V (Y), tem as seguintes constantes do circuito
equivalente por fase, referidas ao estator:
Rs = 0,294Ω Xs = 0,503Ω Xm = 13,250Ω
R´r = 0,144 Ω X´rb = 0,209Ω
As perdas rotacionais são consideradas constantes e iguais a 403W. Para um escorregamento
de 2,2%, calcule:
a) A velocidade e o fator de potência. (1.174 rpm e 0,86i)
b) O torque interno. (50Nm)
c) A potência de saída. (5.715W)
d) O rendimento. (86,4%)

3) Para o motor do exercício (2), determine:


a) A curva (Ti x S) para valores de escorregamento entre -1 e 2.
b) A curva (Is x S) para valores de escorregamento entre 0 e 1.
c) A curva (cosϕ x S) para valores de escorregamento entre 0 e 1.
d) A curva (η x S) para valores de escorregamento entre 0 e 1.

Obs.: Enviar um arquivo pdf (seu nome_Ex3.pdf) de 3 páginas, para falcon@dee.feis.unesp.br com as
duas figuras (Fig.1 = item a) e (Fig. 2 = itens b, c, d juntos) e o arquivo fonte (Matlab, MathCad, etc.)

4) Determine o valor do escorregamento para o qual o M.I.T. desenvolve torque interno


máximo. Determine também o valor desse torque máximo.

5) Desprezando a resistência do estator, mostre que:

T 2
=
TM S S
+ M
SM S

• S é o escorregamento correspondente ao torque T


• SM é o escorregamento correspondente ao torque máximo TM.

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


37
AULA 6

6 – Efeito da Resistência do Rotor no Torque e na Corrente

Seja o circuito equivalente de Thevenin para o estator do MIT, mostrado na Fig. 2.22.
.
I’S RTH j XTH j X’RB

. R' R
VTH
s

Fig. 2.22 – Thevenin equivalente.

Como já foi visto nos exercícios, a máxima transferência de potência ativa da fonte
para o rotor se dá quando o torque é máximo (TM), cujo escorregamento vale SM:

2
3 ⋅ VTH R'R
TM = sM =
 2
2 ⋅ ωS ⋅  RTH + RTH ( '
+ X TH + X RB ) 
2
2
RTH (
+ X TH + X 'RB )
2

 
Como:
VS
IS =
Z eq
O aumento de R’R provoca (veja Fig. 2.23):

• Redução da corrente de rede (IS);


• Aumento do escorregamento de máximo torque (SM);
• Aumento do torque de partida da máquina.

Fig. 2.23 – Efeito da variação da resistência do rotor no conjugado do motor e na corrente da linha.

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


38
O valor do torque máximo não se altera para mudanças em R’R, pois a expressão de
TM independe da resistência rotórica.
É desejável que o motor tenha alta resistência rotórica para que o torque de partida
seja elevado. Contudo, na região de operação em rime permanente (com o escorregamento
próximo de zero) o rendimento da máquina será tanto menor quanto maior for a resistência do
rotor, já que as perdas no cobre do rotor dependem diretamente da resistência R’R. Outra
forma de analisar esta questão é que quanto maior for R’R, maior será o escorregamento
(menor velocidade) e maiores serão as perdas no cobre do rotor pois PCR = s ⋅ PFR .
Para satisfazer toda a região de operação o motor deve então possuir alta resistência
rotórica durante a partida e o menor valor possível para operação em regime. Isto pode ser
obtido de duas maneiras:

Motor de Rotor Bobinado ou de Anéis

Este motor, como já comentado, tem os enrolamentos trifásicos do rotor ligados em Y


e seus terminais são conectados a anéis montados sobre o eixo, como ilustrado na Fig. 2.24.
Um reostato trifásico, também ligado em Y, pode ser ligado aos anéis através de escovas,
permitindo assim o controle (manual ou automático) da resistência do rotor. No instante da
partida as resistências são integralmente inseridas no circuito do rotor, proporcionando alto
torque e baixa corrente. À medida que o motor acelera as resistências são gradativamente
retiradas.
Reostato Externo
Motor de Anéis

R Escovas

Posição de Partida
Bobinas do Estator Bobinas do Rotor Anéis Posição de operação normal

Fig. 2.24 – Rotor bobinado – motor de aneis.

Os principais inconvenientes desta solução são os altos custos (necessidade de


reostatos) e maior manutenção, visto que se faz uso de escovas que se desgastam com o
tempo.

Motor de Barras Profundas e de Dupla Gaiola

Outra forma de se ter alta resistência no rotor durante a partida é construir a gaiola do
rotor com barras estreitas e profundas, como mostrado na Fig. 2.25. Como a gaiola
normalmente é fabricada em alumínio (cuja permeabilidade magnética equipara-se à do ar) e
as barras são estreitas, resulta elevada dispersão do fluxo magnético no rotor. O fluxo de
dispersão é aquele que não atravessa o entreferro, se encerra no rotor.

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


39
Barras profundas Dupla gaiola Lâmina do rotor
Fig. 2.25 – Rotor de dupla gaiola.

As barras do fundo concatenam mais fluxo que as do topo da ranhura. No instante da


partida, a freqüência no rotor é 60 Hz e a corrente na barra é muito pequena no fundo da
ranhura (maior reatância,) 𝑋𝑋 = 2𝜋𝜋. 𝑓𝑓𝑓𝑓 e elevada no topo, onde a reatância é menor. Em
conseqüência, a densidade de corrente é crescente do fundo da ranhura para o topo. Com isso,
a corrente total na barra é muito pequena, caracterizando uma alta resistência na partida.
Para o rotor operando em regime, a freqüência do rotor cai para valores da ordem de 1
a 3 Hz. Agora, a reatância das barras do topo e do fundo são muito pequenas (a corrente é
quase contínua), tornando seu efeito na limitação da corrente praticamente desprezível.
Assim, a resistência rotórica torna-se muito pequena devido a distribuição uniforme de
corrente.

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


40
Lista de Exercícios 2

1) Um MIT de 100cv, 8 Pólos, 440V (Y), 60Hz e com rotor de gaiola de esquilo, tem as seguintes
constantes do circuito equivalente por fase, referidas ao estator:
RS = 0,085Ω XS = 0,196Ω XM = 6,650Ω
R´R = 0,067Ω X´RB = 0,161Ω
As perdas rotacionais em vazio somam 2,7kW e as perdas suplementares em carga, 0,5kW e
podem ser consideradas constantes. Calcule:
a) A corrente no estator, o fator de potência, a potência de saída e o rendimento para um
escorregamento de 3%, sob tensão e freqüência nominais (113,7A; 0,9i; 69,05kW; 88,8%).
b) A corrente de partida e o torque interno de partida sob tensão e freqüência nominais
(661,8A; 890,3N.m).
c) O máximo torque desenvolvido pelo motor e a velocidade para esse torque (2.194N.m;
733rpm).

2) Um MIT de 10HP, 4 Pólos, 230V (Y), 60Hz, opera a plena carga com escorregamento de 4% e
tensão e freqüência nominais. As perdas rotacionais podem ser desprezadas e as seguintes constantes
são conhecidas:
RS = 0,36Ω XS = X´RB = 0,47Ω XM = 15,50Ω
Calcule:
a) Torque interno máximo (99,17N.m);
b) A velocidade em que o torque é máximo (1.397,5rpm);
c) O torque interno de partida (48,5N.m).

3) Um MIT com tensão e freqüência nominais tem torque de partida e torque máximo de 160 e 200%
do torque nominal, respectivamente. Desprezando a resistência do estator e as perdas rotacionais,
calcule:
a) O escorregamento com torque máximo (0,50);
b) O escorregamento em plena carga (0,134).

4) Um MIT de 15cv, 4 Pólos, 220V, 60Hz, opera a plena carga com escorregamento de 4%.
Desprezando-se a resistência do estator e as perdas rotacionais, calcule:
a) O torque de partida sabendo-se que o torque máximo é três vezes o torque nominal (80Nm);
b) Perdas no cobre do rotor (460W);
c) O rendimento (96%).

5) Determine o circuito equivalente de um MIT “classe A” (τa=40oC e τF=105oC) conectado em Y, que


foram feitos os seguintes testes:
a) Rotor livre: Vo = 440V, 60Hz; Io = 24A; Po = 5150W;
b) Rotor Bloqueado: Vb = 90V, 60Hz; Ib = 66A; Pb = 3kW;
c) Resistência do estator: 0,22Ω em Y.
Respostas: Rs = 0,14Ω Rr’ = 0,16Ω Xs = 0,36Ω Xrb’ = 0,39Ω Xm = 9,79Ω

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


41
AULA 7

7 – Curvas Normalizadas

Na curva da Fig. 2.26 estão destacados alguns pontos importantes da curva de um


motor de indução. Esta curva é definida pela norma NBR 7094 da ABNT (substituída em 15
de setembro de 2008 pelas normas NBR 15626-1, para motores trifásicos, e NBR 15626-2,
para motores monofásicos).

Fig. 2.26 – Curva T x ω típica de um MIT.

• TN (Conjugado nominal ou de plena carga) - é o conjugado desenvolvido pelo


motor à potência nominal, sob tensão e freqüência nominais.

• TP (Conjugado com rotor bloqueado ou conjugado de partida ou, ainda,


conjugado de arranque) – é o conjugado mínimo desenvolvido pelo motor com o
rotor bloqueado, sob tensão e freqüência nominais.

• Tmin (Conjugado mínimo) - é o menor conjugado desenvolvido pelo motor ao


acelerar desde a velocidade zero até a velocidade correspondente ao conjugado
máximo. Na prática, este valor não deve ser muito baixo, isto é, a curva não deve
apresentar uma depressão acentuada na aceleração, para que a partida não seja muito
demorada, sobre-aquecendo o motor, especialmente nos casos de alta inércia ou
partida com tensão reduzida.

• TM (Conjugado máximo) - é o maior conjugado desenvolvido pelo motor sob tensão


e freqüências nominais, sem queda brusca de velocidade. É a máxima sobrecarga que
o motor suporta quando este está trabalhando nas condições nominais. Na prática, o
conjugado máximo deve ser o mais alto possível, por duas razões principais: O motor
deve ser capaz de vencer, sem grandes dificuldades, eventuais picos de carga, como
pode acontecer em certas aplicações, como em britadores, calandras, misturadores e
outras; O motor não deve arriar, isto é, perder bruscamente a velocidade, quando
ocorrem quedas de tensão, momentaneamente, excessivas.

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


42
Fig. 2.27 – Curvas típicas do MIT e da carga.

Na figura 2.27, juntamente com a curva típica de um motor de indução trifásico está a
curva de uma carga genérica. O ponto c é o ponto de equilíbrio entre o torque motriz e o
torque resistente. Neste caso o motor opera com torque e velocidade nominais (com carga
nominal).O trecho ab deve ser o mais reto e vertical possível, para que o motor tenha alto
rendimento e baixa variação de velocidade com variação de carga. O torque Ta é chamado de
torque acelerante e representa a diferença entre o torque do motor e o torque da carga (no
ponto c, Ta = 0).
As curvas Conjugado x Rotação dos motores de indução são classificadas pela norma
em categorias, como está mostrado na Fig. 2.28, adequadas para cada tipo de carga.

Categoria N - Conjugado de partida normal, corrente de partida normal e baixo


escorregamento. Constituem a maioria dos motores encontrados no mercado e prestam-se ao
acionamento de cargas normais, como bombas, máquinas operatrizes, ventiladores, etc.

Categoria H - Conjugado de partida alto, corrente de partida normal e baixo escorregamento.


Usados para cargas que exigem maior conjugado na partida, como peneiras, transportadores
carregadores, cargas de alta inércia, britadores, alguns tipos de ventiladores, etc.

Categoria D - Conjugado de partida alto, corrente de partida normal e alto escorregamento


(maior que 5%). Usados em casos onde a carga apresenta picos periódicos. Usados também
em elevadores e cargas que necessitam de conjugado de partida muito alto e corrente de
partida limitada.

Fig. 2.27 – Curvas normalizadas – Categorias N, H e D.

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


43
8 – Informações Relevantes sobre Motores de Indução

Graus de Proteção de Equipamentos Elétricos - (NBR 6146)

IP __ __ ou IPW __ __

1º Algarismo - Indica o grau de proteção contra penetração de corpos sólidos e contato


acidental.

0 Sem proteção
1 Corpos estranhos de dimensões acima de 50mm - Toque acidental com a mão
2 Corpos estranhos de dimensões acima de 12mm - Toque com os dedos
3 Corpos estranhos de dimensões acima de 2,5mm - Toque com os dedos
4 Corpos estranhos de dimensões acima de 1,0mm - Toque com ferramentas
5 Proteção contra acúmulo de poeiras prejudiciais ao motor - Completa contra toques.
6 Totalmente protegido contra a poeira - Completa contra toques

2º Algarismo - Indica o grau de proteção contra penetração de água no interior do motor.

0 Sem proteção
1 Pingos de água na vertical
2 Pingos de água até a inclinação de 15° com a vertical
3 Água da chuva até a inclinação de 60° com a vertical
4 Respingos em todas as direções
5 Jatos d’água de todas as direções
6 Água de vagalhões
7 Imersão temporária
8 Imersão permanente

A letra (W) entre as letras IP e os algarismos, indica que o motor é protegido contra
intempéries (Weather).

Fator de Serviço (FS)


O fator de serviço representa uma “reserva de potência” que o motor possui e que
pode ser usada em regime contínuo (este tipo de regime é também chamado de regime S1, de
acordo com as normas nacionais e internacionais). A potência que pode ser obtida do motor é
assim a potência nominal (indicada na placa) multiplicada pelo fator de serviço. Um motor de
potência de 5 kW e com fator de serviço de 1,15 pode trabalhar continuamente com 5×1,15 =
5,75 kW em regime contínuo. Quando não for indicado um fator de serviço, significa que o
motor não possui reserva de potência. Quando a potência efetivamente utilizada corresponde à
nominal multiplicada pelo fator de serviço deve-se admitir uma elevação de temperatura de
100 ºC além do limite de temperatura da classe de isolação do motor. De acordo com as
normas, quando o fator de serviço for utilizado, pode também haver alterações em algumas
das características do motor, tais como o fator de potência e o rendimento. Contudo, o torque
de partida, o torque máximo e a corrente de partida não devem sofre alterações.
O fator de serviço não deve ser confundido com a sobrecarga momentânea do motor, a
qual vale por curtos períodos de tempo. De acordo com a norma brasileira, motores de
aplicação geral devem suportar uma sobrecarga de torque de 60% acima do nominal por 15
segundos. Mesmo motores sem indicação de fator de serviço (fator de serviço 1,0) possuem
uma determinada capacidade de sobrecarga por tempo limitado. Muitos fabricantes fornecem

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


44
a curva de sobrecarga do motor, a qual serve também como referência para o ajuste dos
dispositivos de proteção do motor.

Influência das Condições do Ambiente - (NBR 7094)


De acordo com as normas, todo o motor deve estar apto a trabalhar dentro das suas
características nominais até uma temperatura ambiente máxima de 40 ºC e altitudes de até
1000 acima do nível do mar. Para condições além do especificado, a potência nominal do
motor deve ser reduzida de acordo com a tabela 1. Isto se deve ao fato de que a ventilação do
motor fica reduzida em função da altura e temperatura ambiente.
A redução da capacidade de ventilação, por sua vez, deve-se à maior rarefação do ar
com o aumento da altitude. Além destes fatores, também deve ser considerado na escolha do
motor se existe condições especiais no ambiente onde o motor será instalado tais como poeira,
gases em suspensão, maresia, perigo de explosão, etc. Em muitos casos pode ser necessária a
escolha de um tipo especial de motor, projetado e fabricado para atender as necessidades
específicas do ambiente. Um caso típico é o de motores navais, que possuem um grau de
proteção elevado, pintura especial, proteção extra para os cabos na caixa de ligação, etc. O
custo de tais motores é maior que os de fabricação normal.
Fator de multiplicação da potência útil em função da temperatura ambiente (T) em
“ºC” e da altitude (H) em metros.

Classes de Isolação
Os materiais dos quais os motores são fabricados suportam uma elevação máxima de
temperatura, dadas pelas suas características próprias. Os materiais isolantes (verniz, resinas,
bandagens,...) são os mais sensíveis à temperatura, possuindo um limite bem inferior aos
demais materiais ativos (ferro e cobre). Quando ultrapassam a temperatura máxima permitida,
os materiais isolantes perdem as suas características mecânicas e de isolação, provocando
danos ao motor. Desta forma, o tipo de material isolante determina o nível de elevação de
temperatura que o motor pode suportar.
As normas nacionais e internacionais classificam os materiais em cinco classes de
isolação: A, E, B, F e H, conforme mostrado na Fig. 2.28. Cada classe possui um limite
máximo de temperatura. O limite é obtido a partir da soma da temperatura ambiente máxima
(40 ºC) com a elevação de temperatura média do enrolamento. A este valor deve ainda ser
acrescido o valor da diferença entre o ponto mais quente do enrolamento e sua temperatura
média. Este último valor é um valor aproximado dado nas normas. A fórmula seguinte
descreve a relação entre as temperaturas:

Tmax = Tamb + ΔTmed + ΔT

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


45
Fig. 2.28 – Classes de isolação.

Constata-se que, na prática, um aumento de 8 a 10 ºC sobre o limite de temperatura da


classe de isolação reduz a vida útil da mesma pela metade.

- Correção dos Valores de RS e R’R em função da Classe de Isolação

k +τ F
Rτ F = ⋅ Rτ A
k +τ A
Onde,
• τ F , temperatura da classe de isolação (Ex: classe A = 105 ºC);
• τ A , 40 ºC;
• k = 234,5 para o cobre e 255 para o alumínio.

As Fig. 2.29 e 2.30 mostram sistemas de resfriamento para motores de indução.

Fig. 2.29 - Resfriamento convencional externo - ar.

Fig. 2.30 - Resfriamento por manto d’água.

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


46
AULA 8

9 – Métodos de Partida do MIT

Na partida a corrente do MIT pode alcançar valores da ordem de oito vezes o valor
nominal. Para o motor, durante o tempo normal de partida, esta sobrecorrente não causa
inconvenientes. Porém, a corrente de partida pode causar afundamentos de tensão inaceitáveis
na rede elétrica, o que afetaria outros equipamentos que nela estejam ligados.
Motores de potência inferior a 7,5 cv podem ser acionados sem dispositivos auxiliares,
ou seja, podem ser partidos diretamente pela rede elétrica. A partida de motores maiores
requer a limitação da corrente de partida. Isto pode ser feito pelas seguintes formas:

• Inserção de resistências na linha;


• Chave Y/Δ;
• Chave compensadora;
• Inserção de resistências no circuito do rotor (apenas para rotores de anéis);
• Uso de dispositivos de partida suave (soft-starters)
• Acionamento por inversores de frequência.

Todos os métodos para reduzir a corrente de partida do motor (exceto a inserção de


resistência no rotor) baseiam-se na aplicação de tensão reduzida nos terminais do motor
durante a partida.
Como a corrente de linha depende diretamente da tensão aplicada ( V = RI ), a partida
com tensão reduzida diminui proporcionalmente a corrente. Por outro lado, o torque é
proporcional ao quadrado da tensão aplicada (ou da corrente).

3 ⋅ RR' '2
T = k ⋅V 2 ou T= ⋅ IS
s ⋅ω
Assim, uma diminuição na tensão de alimentação do motor na partida provoca forte
redução do torque inicial. Como é desejável alto torque na partida, a tensão aplicada no motor
fica dependendo da situação do projeto e do tipo de carga conectada ao motor.

Partida Direta

Neste método, o motor é ligado de uma só vez à rede elétrica. A corrente de partida
pode atingir mais de oito vezes a corrente nominal. Caso a carga mecânica tenha alta inércia,
a alta corrente de partida pode perdurar por vários segundos até que o motor atinja rotação
nominal. A rede elétrica, bem como os equipamentos a ela ligados, deve suportar este
transitório.
Um esquema de partida direta é apresentado na Fig. 2.31. Assim que os terminais da
chave contatora K1 forem fechados, o motor estará conectado diretamente à rede elétrica.

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


47
Vantagens:
• Menor custo;
• Muito simples de implementar;
• Alto torque de partida.
Desvantagens:
• Alta corrente de partida, provocando queda
de tensão na rede de alimentação;
• É necessário sobre-dimensionar cabos e
contatores.
Fig. 2.31 – Partida direta.

Inserção de Resistências na Linha

Selecionando um valor de resistência de linha, pelo ajuste do reostato da Fig. 2.32, a


corrente de partida pode ser limitada. É um método barato e permite a variação gradativa da
tensão aplicada no motor. Durante a partida, enquanto existe alta resistência em série com
cada uma das fases de alimentação há dissipação de energia sob a forma de calor.

Fig. 2.32 – Partida com reostato de linha.

Chave Y/Δ

A técnica da partida estrela-triângulo é simples e pode ser vista na Fig. 2.33. Trata-se
de alterar o fechamento das bobinas internas do motor, inicialmente em estrela (Y), para
triângulo (Δ). Um r elé temporizador é regulado de modo que o tempo seja suficiente para
vencer a inércia da carga. O motor parte com tensão reduzida, uma vez que, ligado em estrela,
a tensão em cada bobina é 3 vezes menor que a tensão da rede. Após o tempo de partida, as
bobinas são fechadas em triângulo Δ),
( sendo, então, toda a tensão aplicada a cada conjunto
de bobinas.

Fig. 2.33 – Partida Y→∆.

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


48
Vantagens: Desvantagens:
• Custo reduzido; • Redução do torque de partida a 1/3
• Corrente de partida é reduzida a 1/3 do nominal;
quando comparada com a partida • São necessários motores para duas
direta. tensões com seis bornes acessíveis.

Exercícios
1) Um MIT de 10 HP. 60 Hz, 220/380 V pode ser acionado por uma chave estrela-triângulo
em qual cidade?
a) Lins, 220 / 380 V
b) Ilha Solteira, 127 / 220 V
A chave Y/Δ só pode ser usada se a tensão de linha da rede coincidir com a tensão da
conexão Δ do motor.

2) Faça uma representação esquemática das conexões


elétricas para partida Y→∆ manual de um MIT
através de uma chave-faca de dupla posição.

Chave Compensadora

A Fig. 2.34 mostra algumas ilustrações desta chave. nesse caso, o motor é ligado a um
tap, que pode ser de 50%, 65% ou 80% da tensão nominal da rede. Após vencida a inércia, o
motor é ligado diretamente. No instante da partida os contatores K2 e K3 fecham-se, enquanto
K1 permanece aberto. Desta maneira o motor parte com tensão reduzida, de acordo com o tap
escolhido. Após a partida, K2 e K3 abrem, e K1 liga o motor à rede. Essa transição pode ser
feita manualmente através de botoeiras, ou automaticamente com relés e temporizadores.

Auto-
transformador

Chave
manual

Fig. 2.34 – Chave compensadora.

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


49
Na chave compensadora,
NS
k= = 0,50 ou 0,65 ou 0,80 ou 1
NP
V I
k = S = P ⇒ IP = k ⋅ IS
VP I S

A corrente da linha (primário) é reduzida pelo fator k. A tensão sobre o motor é


reduzida pelo mesmo fator. Assim, a corrente da linha sofre uma redução total de k2 e o
torque do motor também é reduzido pelo fator k2, como mostrado na Fig. 2.35.

• Vantagens
- Pode ser usada para partida de motores sob carga;
- Corrente de partida reduzida (proporcional a k2):
- Três opções de redução de corrente de partida: 25%,
42% ou 64% da corrente de partida direta.

• Desvantagens
- Maior custo que a estrela-triângulo;
- Construção mais volumosa, necessitando de
quadros maiores.
Fig. 2.35 – Chave compensadora – curvas de T x ω.

Dispositivos Soft-Starters

O dispositivo soft-starter é um equipamento eletrônico dedicado à partida de motores


elétricos de indução, totalmente em estado sólido, isto é, baseado em chaves semicondutoras,
como ilustrado na Fig. 2.36. A filosofia de funcionamento do soft-starter é, assim como os
sistemas eletromecânicos, reduzir a tensão inicial de partida. Como o torque é proporcional à
corrente, e essa à tensão, o motor parte com torque reduzido. Geralmente, os soft-starters têm
ajuste de rampa de aceleração. Esse ajuste pode ser feito via potenciômetro ou IHM (Interface
Homem Máquina).

As chaves de partida estática são chaves microprocessadas, projetadas para acelerar


(ou desacelerar) e proteger motores elétricos de indução trifásicos. Através do ajuste do
ângulo de disparo de tiristores, controla-se a tensão eficaz aplicada ao motor. Com o ajuste
correto das variáveis, o torque e a corrente são ajustados às necessidades da carga, ou seja, a
corrente exigida será a mínima necessária para acelerar a carga, sem mudanças de freqüência.
Algumas características e vantagens das chaves soft-starters são:

• Ajuste da tensão de partida por um tempo pré-definido;


• Pulso de tensão na partida para cargas com alto conjugado de partida;
• Redução rápida de tensão a um nível ajustável;
• Proteção contra falta de fase, sobre corrente e subcorrente, etc.

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


50
• Vantagens
- Controle da corrente de partida
(próxima à nominal);
- Longa vida útil, não possui partes
móveis;
- Torque de partida próximo do torque
nominal;
- Possibilita inversão do sentido de
rotação;
- Proteções integradas (falta de fase,
sobrecorrente, subcorrente, sobrecarga
etc).
• Desvantagens
- É necessário tensão auxiliar para o
soft-starter;
- Maior custo na medida em que a
potência do motor é reduzida;
- Distorções harmônicas na linha.
Fig. 2.36 – Chave de partida soft-starter.

Inversor de Frequência

Além do controle de velocidade, o inversor de frequência pode proporcionar tanto a partida


como a parada progressiva (em rampa), similar ao dispositivo soft-starter, além de incorporar
inúmeras proteções. A Fig. 2.37 apresenta o circuito elétrico básico de potência e alguns
produtos comerciais.

Fig. 2.37 – Inversor de frequência.

10 – Métodos de Controle de Velocidade do MIT

Para alterar a velocidade do motor de indução (ωR), apenas duas maneiras são
possíveis. Pode-se variar através de S ou de ωS, como se observa na expressão:

ωR = (1 − s ) ⋅ ωS

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


51
• Variação da velocidade síncrona (ou do campo girante) ωS

Como já mencionado,
120 ⋅ f
ωS =
p

Para alterar ωS é preciso modificar a freqüência da rede ( f ) ou o número de pólos ( p ).

A variação da frequência da rede elétrica é obtida a partir de inversores de tensão ou


corrente ou ainda através de cicloconversores. O método consiste em manter o fluxo
magnético ( ϕ ) e o torque máximo constantes.

.
IS RS j XS j X’RB

. R' R
VS E1 j XM
s

Fig. 2.38 – Circuito equivalente do MIT.

Como VS ≈ E1 e E1 = 4,44 ⋅ N1 ⋅ f ⋅ φ
VS
Pode-se escrever: φ= .
4,44 ⋅ N1 ⋅ f

Portanto, se VS f = cte , então:


φ = cte

E ainda, considerando RTH = 0 na expressão do torque máximo, tem-se:

2
3 ⋅ VTH
TM =
( '
2 ⋅ ωS ⋅ X TH + X RB )
Sendo '
X TH + X RB (
= 2 ⋅ π ⋅ f ⋅ LTH + L'RB ),
VS2
Escreve-se: TM = k ⋅
f2

Portanto, se VS f = cte

Então: TM = cte

Assim, o controle de freqüência aplicada ao motor deve ser acompanhado do controle


de tensão. Este método é conhecido por “controle escalar” e tem como resultado as curvas da
Fig. 2.39. Outro método muito mais sofisticado e também muito utilizado é o “controle
vetorial”. Neste método, as correntes estatóricas são decompostas em duas componentes, Id e
Iq, cujo produto vetorial compõe o torque produzido no rotor.

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


52
Fig. 2.39 – Curvas T x ω para o controle escalar.

A segunda forma de alterar a velocidade síncrona, pela mudança do número de pólos


da máquina, pode ser obtida pela conexão especial denominada Dahlander. Através de uma
chave comutadora, varia-se o número de pólos na razão de 2:1. O método consiste em inverter
o sentido da corrente em um dos enrolamentos de cada fase, como mostrado na Fig. 2.40.

Quatro pólos Dois pólos


Fig. 2.40 – Ligação Dahlander.

Na ligação Dahlander a alteração do número de pólos é acompanhada da alteração do tipo de


conexão (Y, Δ, YY, ΔΔ).

Fig. 2.41 – Curvas T x ω para a ligação Dahlander.

Na Fig. 2.41, a curva 1 possui mesmo torque máximo e metade da potência da curva
de referência. A curva 2 possui o dobro do torque máximo e a mesma potência. A curva 3
apresenta metade do torque máximo e um quarto da potência. A ligação Dahlander não
permite o ajuste contínuo de velocidade, ou se tem a velocidade nominal ou a metade dela.

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


53
• Variação do escorregamento

Isso pode ser feito de duas formas: Variando-se a tensão da rede ou a resistência
rotórica (para motor de anéis).
Como apresentado, o torque varia com o quadrado da tensão de alimentação. O
escorregamento que produz torque máximo (SM ) não depende da tensão, desta forma a faixa
de ajuste de velocidade é muito estreita, como ilustrado na Fig. 2.42.

Fig. 2.42 – Curvas T x ω para a variação da tensão.

A segunda maneira, o controle da resistência rotórica, pode ser feito apenas em


motores de rotor bobinado (de anéis) e é possível porque SM é proporcional a RR' . O torque
máximo se mantém constante, o motor passa a ter baixo rendimento, pois o escorregamento
aumenta, elevando as perdas no cobre do rotor ( PCR = s ⋅ PFR ). A faixa de ajuste da velocidade
também é estreita, como apresentado na Fig. 2.43.

Fig. 2.43 – Curvas T x ω para a variação da resistência do rotor.

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


54
AULA 9

11 – Especificações do MIT

Quando se deseja escolher um motor para acionar uma carga é necessário conhecer o
conjugado requerido por ela bem como a rotação. O acoplamento da carga ao motor pode ser
direto ou por meio de redutores (O redutor, que pode ser formado por engrenagens ou polias,
pode ser arranjado tanto de forma a reduzir a rotação do eixo de acoplamento entre carga e
motor quando aumentá-la).

No acoplamento direto, o eixo do motor é ligado ao eixo da carga diretamente. Neste


caso o conjugado nominal da carga ( CC ) é o próprio valor do conjugado nominal oferecido
pelo motor ( CN ).

C N = CC [N.m]

Quando se usa redutores, a relação entre conjugado de carga e do motor passa a


depender do rendimento do acoplamento e também da relação de velocidades entre o eixo do
motor e o da carga a ser acionada.

1 n 
CN = ⋅  C  ⋅ CC
 [N.m]
η AC  nM 

Onde,
CN , conjugado nominal do motor;
CC , conjugado nominal da carga;
nC , rotação da carga;
nM , rotação do motor;
η AC , rendimento do acoplamento.

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


55
Tipos de cargas

O conjugado de diferentes cargas pode ser expresso matematicamente por equações do


tipo:
CC = C0 + kC ⋅ n x [N.m]
Onde,
CC , conjugado nominal da carga;
C0 , conjugado da carga na partida;
kC , constante que depende da carga;
n , rotação da carga;
x , pode ser -1, 0, 1 ou 2.

A potência da carga ( PC ), em função do conjugado, é dada por: PC = CC ⋅ n

Se x = 0,
CC = C0 + kC (constante) [N.m]
PC = k ⋅ n (linear) [W]

• Compressores a pistão;
• Talhas;
• Guindastes;
• Bombas a pistão;
• Britadores;
• Transportadores contínuos.

Se x = 1,
CC = C0 + kC ⋅ n (linear) [N.m]
PC = C0 ⋅ n + kC ⋅ n 2
(quadrática) [W]

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


56
• Centrífugas;
• Bombas de vácuo;
• Cargas com atrito viscoso.

Se x = 2,
CC = C0 + kC ⋅ n 2 (quadrática) [N.m]
PC = C0 ⋅ n + kC ⋅ n 3
(cúbica) [W]

• Bombas centrífugas;
• Ventiladores;
• Compressores centrífugos;
• Misturadores centrífugos.

Se x = -1,
kC
CC = (hiperbólica) [N.m]
n
PC = kC (constante) [W]

C0 é desprezado, na partida n = 0.

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


57
• Bobinadeira de papel;
• Bobinadeira de pano;
• Descascador de toras;
• Bobinadeira de fios.

Conjugado Resistente Médio da Carga ( CRm )

Conhecendo-se a curva do conjugado da carga é possível determinar o conjugado


médio. O conhecimento do conjugado médio é importante no cálculo do tempo de aceleração.
O CRm pode ser obtido igualando-se as áreas B1 e B2.

Matematicamente, CRm é dado pela integral:

n
1 2
C Rm = ⋅ ∫ CC ⋅ dn
(n2 − n1 ) n 1

Assim,
kC
CRm = C0 + ⋅ n2x , para x ≥ 0.
x +1

Se x = 0, → CRm = C0 + kC

1
Se x = 1, → C Rm = C0 + ⋅ kC ⋅ n2
2

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


58
1
Se x = 2, → CRm = C0 + ⋅ kC ⋅ n22
3

kC n 
Se x = -1, → C Rm = ⋅ ln 2  (para carga hiperbólica)
n2 − n1  n1 

Conjugado Motor Médio ( CMm )

O CMm é obtido quando A1 + A2 = A3. Usualmente, as seguintes aproximações


fornecem bons resultados:

Para motores de categoria N e H,


C C 
CMm = 0,45 ⋅ (CP + CM ) ou CMm = 0 ,45 ⋅  P + Max  ⋅ C N
 CN CN 

Para motores de categoria D,


C 
C Mm = 0 ,6 ⋅ C P ou CMm = 0 ,6 ⋅  P  ⋅ CN

 CN 

Momento de Inércia da Carga

O momento de inércia é uma grandeza que mede a “resistência” que um corpo oferece
às mudanças em seu movimento de rotação. Esta grandeza depende da forma do corpo, do
eixo de rotação e da maneira como a massa do corpo está distribuída. O momento de inércia
da carga a ser acionada (JC), juntamente com o do motor (JM) afetam o tempo de aceleração.

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


59
ACOPLAMENTO DIRETO

O momento de inércia total é a soma de JC e JM e a rotação do eixo do motor e da


carga são iguais.

JT = J M + J C [Kg.m2]

ACOPLAMENTO COM REDUÇÃO

O momento de inércia da carga (JC) deve ser referido ao eixo do motor, passando a ser
denominado JCE. Os momentos de inércia das engrenagens e/ou polias também podem ser
referidos ao eixo do motor e somados.

2
n 
J CE = J C ⋅  C 
 [Kg.m2]
 nM 

Um caso com múltiplos redutores é apresentado na figura abaixo.

Analogamente ao caso anterior, é possível escrever:

2 2 2 2
n   n  n   n 
J CE = J C ⋅  C  + J1 ⋅  1
 n
 + J2 ⋅ 2
 n
 + J3 ⋅  3
 n

 [Kg.m2]
 nM   M   M   M 

Assim,

J T = J M + J CE [Kg.m2]

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


60
Os momentos de inércia, como comentado, influenciam no tempo de aceleração da
máquina. Este tempo é definido a seguir.

Tempo de aceleração (ta)– É o tempo que o motor leva para realizar a partida. Permite
verificar se o motor consegue acionar a carga dentro das condições exigidas pela estabilidade
térmica do material isolante. É útil também para dimensionar os dispositivos de partida e
proteção.
Na escolha de um MIT é importante também conhecer o tempo de rotor bloqueado,
definido a seguir.

Tempo de rotor bloqueado (trb)- tempo máximo que o motor pode estar sujeito às altas
correntes de partida, ou seja, é o tempo pelo qual os fabricantes de motores elétricos garantem
que a temperatura limite da isolação dos enrolamentos não será ultrapassada, quando estes
forem percorridos pela corrente de partida. Este tempo é um parâmetro que depende do
projeto da máquina. Encontra-se normalmente no catálogo ou na folha de dados do fabricante.

Na escolha do motor, esta relação deve ser obedecida:

t a < t rb

O conjugado acelerador médio ( C Am ) pode ser determinado pela relação:


dn
C Am = J T ⋅ [N.m]
dt

O conjugado acelerador médio também pode ser entendido como a diferença entre
CMm e CRm :
C Am = CMm − CRm

Com estas duas últimas expressões tem-se:


dn
CMm − CRm = (J M + J CE ) ⋅
dt

Portanto,

ta n
∫ (CMm − CRm )⋅ dt = ∫ (J M + J CE )⋅ dn
0 0

Finalmente,
J M + J CE π
ta = ⋅n⋅ [s]
CMm − C Rm 30

A velocidade (n) é dada em rpm.

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


61
Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas
62
Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas
63
Lista de Exercícios 3

1) Um MIT de 100cv, 4 Pólos, gaiola de esquilo, possui Cp/Cn = 2,3 (Cat. H), Cmax/Cn = 2,5 e Jm = 1,5
kgm2. O motor deve acionar um ventilador a 1.780 rpm, com Jc = 40 kgm2 e Co = 0. Calcule o tempo
de partida desse motor:
a) A vazio (0,33s).
b) Em carga (10,7s).
c) Em carga com chave Y → Δ (50,6s).
d) Em carga com chave compensadora no tape de 80% (18,7s).
e) Em carga (mesmo motor) com redutor de velocidade nc/nm = 0,5 e ηac = 100% (3s).

2) Qual o motor a ser especificado para o seguinte acionamento?


Bomba: Cc = 500Nm Rede: 60Hz Ambiente: Poeira
nc = 1.750 rpm
Jc = 16 kgm2
Co = 0,12 Cc
a) Com redutor de velocidade nc/nm = 0,5 e ηac = 100%.
b) Idem (a) com 40% de queda de tensão na rede.
c) Acoplamento direto.
d) Idem (c) com partida em Y.

3) Deseja-se saber quais os motores que devem ser acoplados aos ventiladores com as características
mostradas nas curvas de conjugado A e B a seguir.

%Ccn (A)
Carga: nc = 1780 rpm
100
A
2
Jc = 30kgm
Ccn = 300Nm (A) %Ccn (B)
Ccn = 250Nm (B) 100
Acoplamento direto B
Ambiente: Atmosfera com poeira 10 20
%nn
Rede: 440V / 60Hz, partida direta
100

4) Determine o conjugado desenvolvido pelo motor no acionamento a seguir (268,2 N.m):

Motor
1780rpm 0,3m

ηac = 80%
0,5m/s

80.000N

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


64
CAPÍTULO III
MOTOR DE INDUÇÃO MONOFÁSICO

A U L A 10

1 – Introdução

Os motores monofásicos de indução são fabricados para baixas potências, sendo


muitas vezes encontrados em potências fracionárias como 1/4 ou 1/8 de HP. Um motor
fracionário é aquele que, operando a 1800 rpm, desenvolve potência inferior a 1 HP.
O MIM está presente nas instalações onde não se dispõe de uma rede trifásica, como
nos casos residenciais. Em aplicações industriais é pouco usado.
No MIM, rotor é invariavelmente do tipo gaiola de esquilo. O estator possui dois
enrolamentos independentes, um denominado “enrolamento principal” e outro conhecido
como “enrolamento auxiliar” ou “enrolamento de partida”. Estes enrolamentos são espaçados
de 90º el. no espaço.
Como já visto, um sistema bifásico, que possui duas bobinas defasadas de 90º el.no
espaço e percorridas por correntes defasadas de 90º el. No tempo, produz um campo girante
de módulo constante e com velocidade síncronaω= S=120f/p. Seja apenas o enrolamento
principal alimentado com tensão alternada.

Máquina elementar de dois pólos, Máquina elementar de dois pólos,


enrolamento distribuído. enrolamento concentrado.

Se uma corrente alternada circula pelo enrolamento principal, tem-se:

ℑ( θ ,t ) = k ⋅ I ⋅ cos( θ ) ⋅ cos( ωt )

Assim, a distribuição espacial de f.m.m pulsa com a freqüência da rede, tendo


amplitude máxima igual a k.I para ωt = 0 e θ = 0.
Considerando a identidade trigonométrica:

cos(a + b) = cos a ⋅ cos b − sena ⋅ senb


cos(a − b) = cos a ⋅ cos b + sena ⋅ senb
Então,

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


65
cos(a + b) + cos(a − b)
cos a ⋅ cos b =
2
Assim,
k⋅I k⋅I
ℑ(θ ,t ) = ⋅ cos(θ + ωt ) + ⋅ cos(θ − ωt )
2 2

Esta última expressão mostra que a f.m.m é formada por duas componentes de mesma
amplitude máxima. Analisando cada parcela tem-se:

k⋅I dθ dωt dθ
⋅ cos( θ + ωt ) ⇒ + =0⇒ = −ω
2 dt dt dt

k⋅I dθ dωt dθ
⋅ cos( θ − ωt ) ⇒ − =0⇒ =ω
2 dt dt dt

Essas componentes são chamadas de campo girante reverso e direto, respectivamente.


Considerando que as duas componentes são independentes, uma curva conjugado x
escorregamento pode ser traçada.

É fácil constatar que o conjugado de partida (quando s = 1) é nulo. Com o


enrolamento principal ligado, o MIM não parte até que uma força externa seja aplicada ao
eixo. Qualquer que seja o sentido desta força, ele acelera naquele sentido até a velocidade de
operação (abaixo da síncrona).

2 – Métodos de Partida do MIM

Alguns métodos são propostos para a partida do motor monofásico de indução.

Motor de Fase Separada ou Dividida (Split-Phase)

O enrolamento principal é montado no fundo da ranhura, apresenta maior reatância


com condutores grossos, de baixa resistência elétrica. O enrolamento auxiliar é montado no
topo da ranhura, apresentando menor reatância com condutores finos, de maior resistência
elétrica. No circuito abaixo, Ra >> Rp e Xp >> Xa.

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


66
.
φa V
<90º .
Ia

.
Ip

A chave S, chamada de chave centrífuga, desliga o enrolamento auxiliar assim que o


eixo do motor atinge cerca de 75% da velocidade síncrona. Este tipo de motor apresenta alto
ruído devido ao torque reverso, de freqüência dupla.

Motor com Capacitor de Partida

É também um motor de fase separada, entretanto possui um capacitor conectado em


série com o enrolamento auxiliar. O capacitor é dimensionado para provocar defasamento de
90º el. entre as correntes na partida. Assim,

ϕ a + ϕ p = 90º

Xp Xa − Xc
tgϕ p = e tgϕ a =
Rp Ra

φa .
V
φp .
Ia

.
Ip

O capacitor é do tipo eletrolítico, pouco volumoso e alta capacitância. Em rede CA,


precisa ser desligado assim que o motor partir.

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


67
Motor com Capacitor de Permanente

O capacitor é dimensionado para provocar defasagem de 90º entre as correntes quando


o motor opera em regime. O campo girante é totalmente eliminado e o motor torna-se mais
silencioso. Na partida a defasagem é menor que 90º el. Assim, o torque de partida é reduzido.

Não há chave centrífuga e o capacitor não é eletrolítico (pode ser, por exemplo, de
polipropileno). Como o enrolamento auxiliar estará sempre em funcionamento, não poderá ser
sub-dimensionado.

Motor com Dois Capacitores

Para que o motor tenha bom desempenho na partida e também em regime, dois
capacitores podem ser empregados. O capacitor C1 é do tipo eletrolítico, C2 pode ser de
polipropileno ou óleo. A figura abaixo mostra um MIM com dois capacitores.

Motor de pólo sombreado ou de Anel de Arraste

É um motor barato, de baixo torque de partida, baixa potência, alto escorregamento


(1/20 cv).

Anel de arraste

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


68
Distribuição de fluxo na sapata polar:

A B

ωt
O C

Segmento OA – derivada positiva, o fluxo concatenado pelo anel gera fluxo oposto ao
crescimento. A resultante desloca-se para a esquerda.

Segmento AB – derivada quase nula, o fluxo é distribuído uniformemente na sapata polar. A


resultante está no centro.

Segmento BC – derivada negativa, o fluxo concatenado pelo anel gera fluxo no mesmo
sentido (oposto ao decrescimento). A resultante desloca-se para o interior do anel.

Segmento AO Segmento AB Segmento BC

resultante resultante resultante

Esse deslocamento ocorre em ambas as sapatas polares e é equivalente a um campo


girante.

Para inverter o sentido de giro, os anéis de curto-circuito deverão estar montados nas
outras extremidades das sapatas polares.

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


69
A U L A 11

3 – Circuito Equivalente do MIM

Na partida, com apenas o enrolamento principal ligado, s = 1.

.
I1 R1 j X1 j X2

. .
V1 E1 j XM R2
1

E1 é a f.c.e.m produzida pelos dois campos girantes.

ℑM ℑ
ℑ(θ ,t ) = ⋅ cos(θ − ωt ) + M ⋅ cos(θ + ωt )
2 2

.
I1 R1 j X1 j X2/2

. .
E1d=E1/2 j XM/2 R2/2
Campo girante
direto

.
V1
j X2/2

. . Campo girante
E1r=E1/2 j XM/2 R2/2 reverso

E1d e E1r são as f.c.e.m induzidas pelos campos girantes direto e reverso, respectivamente.

Para operação do motor perto da velocidade síncrona, o escorregamento em relação ao


campo direto será s e, em relação ao campo reverso, 2-s.

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


70
.
I1 R1 j X1 j X2/2
.
I2d
.
E1d j XM/2 R2 1

2 s
.
V1
j X2/2
.
I2r
.
E1r j XM/2 R2 1

2 (2 − s )

4 – Análise do Circuito Equivalente do MIM

PL PFR PDR PU

PCS PCR PROT

As perdas no cobre do rotor são formadas pelas componentes relacionadas ao campo


direto e reverso.
R2 2
PCRd = ⋅ I 2d
2
⇒ PCR = PCRd + PCRr
R
PCRr = 2 ⋅ I 22r
2

Da mesma forma, a potência fornecida ao rotor será:

R2 2 P
PFRd = ⋅ I 2 d = CRd
2⋅s s
⇒ PFR = PFRd + PFRr
R2 P
PFRr = ⋅ I 22r = CRr
2 ⋅ (2 − s ) (2 − s )

As perdas no cobre do rotor podem ser escritas em função de PFR, como a seguir.

PCRd = s ⋅ PFRd e PCRr = (2 − s ) ⋅ PFRr

Uma simplificação pode ser proposta. Para um dado escorregamento, pode-se resolver
a associação paralela de cada campo. Assim,

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


71
.
R1 j X1
I1

Rd

j Xd
.
V1
Rr

j Xr

PFRd = Rd ⋅ I12
⇒ PFR = PFRd + PFRr
PFRr = Rr ⋅ I12

As perdas no cobre do rotor, para esta simplificação, serão dadas por:


PCRd = s ⋅ PFRd
⇒ PCR = PCRd + PCRr
PCRr = (2 − s ) ⋅ PFRr

A potência desenvolvida pelo rotor vale:

PDRd = PFRd − PCRd


⇒ PDR = PDRd + PDRr
PDRr = PFRr − PCRr

A potência útil é calculada como se segue.

PU = PFR − PCR − PROT

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


72
A U L A 12

Lista de Exercícios 4

1) Determine a fmm resultante de um motor com enrolamentos defasados de 90º no espaço e que são
alimentados por correntes defasadas de 90º elétricos no tempo. Verifique a existência do campo
girante. Mostre graficamente como é possível inverter o sentido de giro do campo.

2) Seja um Motor de Indução Monofásico (MIM) de 1/3 cv, 120V, 60Hz, com as seguintes
impedâncias em ohms, dos enrolamentos principal e auxiliar:
Zp = 4,5 + j3,7
Za = 9,5 + j3,5.
a) Calcule o capacitor de partida que coloca as correntes dos dois enrolamentos em quadratura.
b) Calcule o novo ângulo entre as duas correntes, se o capacitor for trocado por um de 200μF.
(Respostas: (a)176μF / 150V ; (b) 85º)

3) Um MIM de fase separada com capacitor de partida, 1/4 cv, 110V, 60Hz, 4polos, tem os seguintes
parâmetros do circuito equivalente:
R1 = 2,02Ω X1 = 2,79Ω Xm = 66,8Ω
R2 = 4,12Ω X2 = 2,12Ω
O motor opera com 5% de escorregamento sob tensão e freqüência nominais e as perdas rotacionais
somam 37W. Determine:
a) A corrente no estator (3,6A);
b) O fator de potência (0,62);
c) A potência de saída (147W);
d) A velocidade (1.710rpm);
e) O torque útil (0,82N.m);
f) O rendimento (60%).

4) Descreva o procedimento e faça as conexões elétricas para inverter o sentido de giro (chave
reversora) dos seguintes motores monofásicos:
a) Fase separada com capacitor de partida;
b) Fase separada com capacitor permanente;
c) Anel de arraste (ou de pólo sombreado).

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


73
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] FITZGERALD, A. E. et al., Máquinas Elétricas com Introdução à Eletrônica de Potência,


6ª edição, Bookman, 2006.
[2] KOSOW, I.L. - Máquinas Elétricas e Transformadores, 6ª edição, Globo, 1972.
[3] FALCONE, G. A. - Eletromecânica, Edgard Blücher Ltda, 1979.
[4] IVANOV-SMOLENSKY, A. V. Electrical Machines, MIR Publishers, 1983.
[5] BIM, E. Máquinas Elétricas e Acionamento, Elsevier, 2009.
[6] WEG, Manual de Acionamentos Elétricos.
[7] WEG, Guia Técnico Motores de Indução Alimentados por Conv. de Freqüência PWM.
[8] WEG, Manual de Motores Elétricos.
[9] KCEL, Manual de Motores Elétricos.
[10] CEFET-MG, Máquinas Elétricas e Equipamentos, 2007.
[11] Capítulo IX - Motores Elétricos, Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá, UNESP.
[12] Capítulo II - Máquinas de Indução, Pontifícia Universidade Católica.
[13] Capítulo VII – Circuitos Magnéticos, Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá, Unesp.
[14] MARQUES, G. Máquinas de Indução Polifásicas, 2001.
[15] SILVA, M. E. Curso de Comandos Elétricos, FUMEP - Piracicaba, 2006.
[16] ALMEIDA, K. C. Conversão Eletromecânica de Energia - UFSC, 2003.
[17] SEIXAS, F. J. M. Notas de Aula da Disciplina Máquinas Elétricas II, FE-IS, UNESP.

Máquinas Elétricas II Prof. Dr. Falcondes J. M. Seixas


74

Você também pode gostar