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Wa0011.
Wa0011.
"Como foi a escola hoje, meninos?" a voz de minha mãe cortou meus
pensamentos, me puxando de volta para a realidade da nossa cozinha
modesta.
Luca olhou ao redor, e sua expressão mudou. "Alec, reparou que as ruas
estão... vazias?" Sua voz tinha um tom de preocupação que raramente
ouvia.
"Vamos voltar para casa," disse Luca, decidido. "Algo não está certo.
Melhor verificarmos se nossa mãe está bem e o que está acontecendo."
A atmosfera na sala era tensa, quase palpável. Nossa rotina havia sido
interrompida abruptamente, jogando-nos em um estado de incerteza. "O
que vamos fazer?" perguntei, minha voz mal mais do que um sussurro.
Foi então que eu os vi. Criaturas que, um dia, foram humanas, mas agora
estavam transformadas em algo grotesco e assustador. Um deles, com
braços que mais pareciam carcaças secas, balançava-se perigosamente.
Sua boca, distorcida e pendendo anormalmente até o peito, emitia sons
que eram uma mistura de grunhidos e gemidos.
Não era apenas um; havia mais, cada um com deformações diferentes.
Um tinha o rosto tão desfigurado que era impossível discernir seus
traços originais, outro arrastava um pé, enquanto outro parecia ter
perdido completamente um dos braços. Era um cenário de horror, algo
que eu jamais poderia ter imaginado, mesmo nos meus piores pesadelos.
Mas eu respondi, "Se fosse um infectado, ele não estaria falando assim."
Algo na voz do homem do lado de fora soava genuíno, cheio de medo e
dor.
Com cautela, abri a porta. Um homem tropeçou para dentro, ofegante.
Na escuridão, era impossível ver seus traços claramente. "Obrigado," ele
sussurrou, antes de colapsar no chão.
Luca correu para trazer uma lanterna enquanto nossa mãe buscava o kit
de primeiros socorros. Quando a luz retornou, finalmente pudemos ver o
homem claramente. Era alto, loiro, e segurava seu braço, de onde sangue
escorria profusamente. A origem do sangue era clara - uma mordida
profunda.
O homem, ainda consciente, olhou para nós com olhos suplicantes. "Eu...
eu não queria... foi um acidente..."
"O que vamos fazer?" perguntei, minha voz trêmula. O perigo que Jared
representava era inegável, mas ele também era um ser humano, alguém
que havia buscado ajuda. Estávamos presos entre a compaixão e a
necessidade de sobrevivência.
O grito de dor e choque de nossa mãe encheu a sala, um som que jamais
esqueceria. Luca, usando toda a sua força, empurrou Jared para longe
dela, mas o dano já estava feito. A cena diante de nós era de um horror
inimaginável: nossa mãe ferida, sangrando profusamente, e Jared, mais
fera do que homem, ofegante e selvagem.
"Não está bem," respondi, tentando conter as lágrimas. "Ela disse que
devemos ir para o bunker de Paty."
Luca olhou para nossa mãe, seu rosto um misto de dor e resolução. Ele
sabia, assim como eu, que a mordida significava uma infecção certa.
"Mãe, você precisa vir conosco," disse ele, tentando manter a voz firme.
A jornada para o bunker seria perigosa, mas era a única chance que
tínhamos. Enquanto caminhávamos pelas ruas desoladas, cada passo
nos afastava de nossa antiga vida e nos levava para um futuro incerto e
aterrorizante. A única coisa que nos restava era a promessa feita à nossa
mãe e a esperança de encontrar segurança no bunker de Paty.