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Representação do sistema
de transmissão
representação do sistema de
transmissão
Esparsidade
O número de barras existente em um sistema de potência
pode ser muito elevado (por exemplo, o sistema sul-sudeste bra-
sileiro possui cerca de 1.000 barras). Em um sistema de potência
típico existem em média três linhas conectadas a cada barra.
Como consequência, as matrizes presentes em vários modelos
matemáticos utilizados nos estudos destes sistemas são de gran-
de dimensão e muito esparsas (isto é, com poucos elementos não
nulos em cada linha ou coluna). Devido à sua grande dimensão,
se torna praticamente impossível armazenar todos os elementos
destas matrizes. É necessário o uso de técnicas apropriadas para
sua armazenagem e manipulação. Estas técnicas são conhecidas
como técnicas de esparsidade.
No estudo de técnicas de esparsidade, é útil se estabele-
cer correspondências entre algumas noções de teoria de grafos
e matrizes simétricas esparsas. Por isso, se iniciará este estudo
com uma revisão de noções básicas de teoria dos grafos. Segue-
se o estudo de três estruturas de dados frequentemente utiliza-
dos para o armazenamento de matrizes esparsas:
• Tabela de conexão;
• Lista de adjacências;
• Listas encadeadas.
De posse destas estruturas, se estará apto a elaborar algo-
ritmos para realizar algumas operações elementares envolvendo
matrizes e vetores esparsos.
Em seguida, será abordado o problema da fatoração LU
de sistemas lineares esparsos. Ficará evidente a necessidade
2 Representação do sistema de transmissão
Exemplo 2.1
Exemplo 2.1: A figura 2.1 apresenta um exemplo do grafo
de adjacência associado a matriz esparsa A (6 x 6):
(1) a b
a (2) c d
c (3) e
A=
d (4)
e (5) f
b f (6)
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Despacho econômico de energia
Exemplo 2.2
No grafo do exemplo 2.1, pode-se facilmente verificar que
Adj (x2) = {x1, x3, x4} e Adj ({x2 , x3}) = {x1, x4, x5}.
O grau de um subconjunto Y de X é o número de elemen-
tos em Adj (Y).
Define-se como um caminho de comprimento l ≥ 0, de um
vértice x a um vértice y, como um conjunto ordenado de l + 1
vértices distintos (v1, v2 , ...,) tal que:
v1 = x
vl+1 ∈ Adj (vi), i = 1, ..., (2.1)
vl+1 = y
Um grafo G é conexo se existe um caminho entre quais-
quer dois vértices de G.
Observação: nota-se que a uma matriz bloco-diagonal cor-
responde um grafo desconexo.
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2 Representação do sistema de transmissão
Exemplo 2.3
A figura 2.2 mostra o grafo de adjacência correspondente a
uma matriz esparsa bloco- diagonal.
(1) *
* (2) *
A= * (3)
(4) *
* (5)
Figura 2.2: Matriz esparsa diagonal e grafo correspondente à matriz esparsa bloco-diagonal.
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Despacho econômico de energia
Exemplo 2.4
A tabela de conexão para a matriz/grafo do exemplo 2.1 é
Nó VIZ VAL
1 2 6 - a b -
2 1 3 4 a c d
3 2 5 - c e -
4 2 - - d - -
5 3 6 - e f -
6 1 5 - b f -
É fácil se verificar que o esquema de armazenamento
baseado em tabelas de conexão é ineficiente se um número
significativo de vértices tem grau muito menor do que m.
Lista de Adjacências
Formada pelos arranjos:
• ADJ: contêm as listas de adjacências para todos os vér-
tices do grafo de A de forma ordenada; tem compri-
mento igual a 2 x (número de arestas);
• XADJ: contêm apontadores para o começo de cada lista
de adjacências em ADJ; tem comprimento igual a N + 1;
• VAL: arranjo paralelo a ADJ contendo os valores nu-
méricos dos elementos de A fora da diagonal;
• DAIG: de comprimento N, contêm os elementos dia-
gonais de A.
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2 Representação do sistema de transmissão
Exemplo 2.5
A lista de adjacências para a matriz/grafo do exemplo 2.1 é:
XADJ =
1 2 3 4 5 6 7
1 3 6 8 9 11 13
ADJ =
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
2 6 1 3 4 2 5 2 3 6 1 5
VAL =
a b a c d c e d e f b f
DIAG =
a11 a22 a33 a44 a55 a66
Lista Encadeada
Os esquemas anteriores têm a desvantagem de exigir o co-
nhecimento prévio do grau de cada vértice. Caso apareça um
novo elemento não nulo na matriz (por exemplo, durante a fato-
ração LU), será difícil a sua inserção nas listas. Esta dificuldade
é contornada introduzindo-se um arranjo de ligação PROX. A
estrutura resultante é chamada de lista encandeada e correspon-
de aos seguintes arranjos.
• PRIM: aponta para o primeiro elemento da lista de
vértices adjacentes a um dado vértice;
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Despacho econômico de energia
Exemplo 2.6
A lista encadeada para a matriz/grafo do exemplo 2.1 é:
PRIM
1- 10
2- 6
3- 1
4- 12
5- 8
6- 5
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2 Representação do sistema de transmissão
Exemplo 2.7
Para adicionar a aresta {3, 6} com a36 = g nos arranjos do
exemplo 2.6 faz-se as seguintes modificações:
PROX (13) = 1, VIZ (13) = 6, VAL (13) = G, PRIM (3) = 13,
PROX (14) = 5, VIZ (14) = 3, VAL (14) = G, PRIM (6) = 14,
Observação: nas aplicações de listas encadeadas em opera-
ções envolvendo matrizes esparsas, é normalmente necessário
que a lista de vértices adjacentes a cada vértice esteja ordenada de
forma crescente ou decrescente. Mesmo quando a lista encadeada
original está assim ordenada, a inclusão de novos elementos em
geral exige que sejam realizadas reordenações. Para isso, rotinas
eficientes de reordenação da lista encadeada devem ser utilizadas.
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Despacho econômico de energia
Exemplo 2.8
Vetor denso Esquema primitivo
lin_v val_v
0.
1- 2 3.
3. 2- 4 2.
0. 3- 7 6.
V= 2.
nnz = 3
0.
0.
6.
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2 Representação do sistema de transmissão
Exemplo 2.9
Para o vetor v do exemplo 2.7 tem-se então o seguinte gra-
fo e as seguintes listas de adjacências:
xadj_v(1) = 1
xadj_v(nnz) = nnz + 1
xadj =
1 2
[1 4]
lin_v =
1 2 3
[2 4 7]
val_v = [ 3. 2. 6. ]
Nota-se que, se lin_v e val_v estão adequadamente orde-
nados em forma crescente, estes dois arranjos do esquema pri-
mitivo de armazenamento são aproveitados nas listas de adja-
cências. Precisa-se, portanto, montar apenas o arranjo xadj_v,
o que é trivial.
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Despacho econômico de energia
Exemplo 2.10
As listas encadeadas para o vetor do exemplo 2.9 são:
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2 Representação do sistema de transmissão
Exemplo 2.11
Esquema primitivo
Exemplo 2.12
xadj_A =
1 2 3 4 5 6 ↵ nº da linha
1 3 4 5 8 9
adj_A =
1 2 3 4 5 6 7 8
1 3 2 4 1 3 4 4
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Despacho econômico de energia
v_A =
3.0 2.0 4.0 7.0 5.0 8.0 9.0 6.0
Exemplo 2.13
Para a matriz A dos exemplos anteriores, as listas encadea-
das por linhas podem ser escritas:
lprim_A col_A val_A lprox_A
1- 2 1- 1 3.0 0
2- 3 3- 3 2.0 1
4- 4 5- 2 4.0 0
6- 7 7- 4 7.0 0
8- 8 9- 1 5.0 0
3 8.0 5
10 - 4 9.0 6
11 - 4 6.0 0
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2 Representação do sistema de transmissão
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Despacho econômico de energia
y = A x (2.5)
em que o vetor y é m x 1 cujos elementos yi são dados por:
yi = ∑ nj =1 Ai j X i (2.6)
Este produto resultará em um vetor denso, exceto se A
contiver linhas nulas. Como supõe-se que x é denso, haverá uma
contribuição A ij xj para yi sempre que A ij ≠ 0.
Supondo que A está armazenada sob a forma de lista enca-
deada por linhas (lprim_A, col_A, val_A, lprox_A) existe um
algoritmo que forma y por linhas.
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2 Representação do sistema de transmissão
Fatoração LU esparsa
No caso de matrizes estruturalmente simétricas, os fatores
L e U terão elementos não-nulos:
• Nas posições em que A tiver elementos não-nulos, e
• Se akj = 0, mas aki * aij ≠ 0, cria-se enchimento nas posições
• (k, j) de U
• (j, k) de L.
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Despacho econômico de energia
Fatoração simbólica
• Entrada:
• Listas encadeadas por linha e por coluna da
matriz estruturalmente simétrica, A;
• Ordem de A, n;
• Número de elementos ≠ 0 em A, nnz.
• Saída:
• Listas encadeadas de A são sobrescritas pelas
listas de L e U;
• nnz conterá o número de elementos ≠ 0 nos
fatores triangulares.
• Equações básicas:
Akj = Akj - Aki * A ij (2.12)
Ajk = Ajk - Aji * A ik (2.13)
Fatoração numérica
• Entrada:
• Listas encadeadas por linha e por coluna para
os fatores triangulares determinadas pela fato-
ração simbólica;
• Ordem de A, n;
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2 Representação do sistema de transmissão
• Saída:
• Arranjos com os valores numéricos de L e U
indexados pelas listas encadeadas atualizadas
na fatoração simbólica;
• Arranjo com os elementos diagonais de A é
sobrescrito pelos elementos diagonais de L.
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Despacho econômico de energia
Exemplo 2.14
Seja o sistema de potência representado na figura 2.5. A
estrutura da matriz de admitância do sistema e seu grafo de ad-
jacência associado são mostrados na figura 2.6, para duas orde-
nações diferentes.
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2 Representação do sistema de transmissão
Figura 2.6: Estrutura da matriz a e grafo associado para: (a1, b1) ordenação natural e (a2, b2)
ordenação {4, 1, 3, 5, 6, 2}.
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Despacho econômico de energia
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2 Representação do sistema de transmissão
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Despacho econômico de energia
Algoritmos de ordenação
o enchimento provocado em uma matriz esparsa estrutu-
ralmente simétrica A durante a fatoração LU pode variar signi-
ficativamente com a reordenação de suas linhas e colunas. A in-
terpretação do processo de produção de enchimento utilizando
os grafos constitui-se em uma valiosa ferramenta para avaliação
dos efeitos da reordenação das linhas e colunas de A sobre a
produção de novos elementos não-nulos.
Constatados os efeitos da reordenação sobre a esparsidade
dos fatores triangulares, é natural que se procure uma ordenação
ótima que minimize o enchimento em L e U. Observa-se que este
é um problema combinatório de grande dimensão: há n maneiras
de se escolher a linha/coluna 1, n – 1 maneiras de se escolher a li-
nha/coluna 2, e assim por diante. De fato, nenhum método ótimo
com este objetivo foi desenvolvido a contento até hoje. Tem-se,
portanto, que recorrer a algoritmos heurísticos para gerar ordena-
ções que produzam um número pequeno aceitável, embora não
necessariamente ótimo, de novos elementos não-nulos em L e U.
Serão abordados três métodos heurísticos de ordenação.
Todos são baseados no conceito de grau dos vértices do grafo
de adjacência. Os vértices de menor grau tendem a criar um nú-
mero menor de enchimentos. De fato, no caso da eliminação de
um nó de grau 1, nenhum enchimento é criado.
Algoritmo de ordenação i
Também chamado esquema Tinney-I, baseia-se na orde-
nação a priori (e, portanto, estática) dos vértices do grafo de
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2 Representação do sistema de transmissão
Algoritmo de ordenação II
É conhecido como método do mínimo grau ou esquema
Tinney-II. Baseia-se na evolução dos graus nodais nos grafos re-
duzidos que resultam da eliminação de vértices. Como a elimi-
nação de um nó em um grafo reduzido pode provocar alteração
no grau dos vértices adjacentes, o método tem características
dinâmicas. A figura 2.9 ilustra o método.
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Despacho econômico de energia
O ambiente econômico
O setor elétrico e a atividade econômica
A gestão econômica de um sistema elétrico de potência é
extremamente complexa devido a fatores, entre outros, da am-
plitude da tarefa que, além de cobrir fatores financeiros, sociais,
administrativos e ambientais, considera ainda o planejamento
de investimento e a operação do sistema, estes estreitamente
relacionados aos aspectos tecnológicos de tais sistemas. Adicio-
nalmente, todos esses aspectos devem ser gerenciados dentro
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2 Representação do sistema de transmissão
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Despacho econômico de energia
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2 Representação do sistema de transmissão
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Despacho econômico de energia
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2 Representação do sistema de transmissão
Longo prazo
O primeiro nível da tomada de decisão aborda o longo pra-
zo, projetando de 2 ou 3, para 10, 15 ou mais anos no futuro,
para definir os investimentos em usinas de geração e nas redes
de transmissão e de distribuição. O processo implica determinar
o tipo, as dimensões e a data em que novas usinas de geração e
linhas de transmissão devem ser instaladas com base em vários
parâmetros, tais como a previsão do crescimento da demanda,
alternativas tecnológicas e custos, disponibilidade de combustí-
vel estimada e a tendência de preços, critérios de confiabilidade
adotados, restrições de impacto ambiental, políticas de diversi-
ficação e objetivos relacionados à dependência do setor externo.
Esse horizonte distante é necessário para que os investimentos
(muito grandes) envolvidos sejam justificados sobre a base do
vencimento do tempo de vida útil do serviço das instalações,
que pode variar de 25 a 30 anos, no caso de usinas a vapor, e
muito mais no caso de usinas hidroelétricas.
Com os horizontes de tempo distantes, a incerteza é obvia-
mente o fator chave determinante. O conjunto integral de cená-
rios deve ser considerado, as avaliações probabilísticas devem
ser realizadas, e os critérios mais adequados devem ser adota-
dos, tais como a minimização do custo médio esperado, a mini-
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Despacho econômico de energia
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2 Representação do sistema de transmissão
Médio prazo
Uma vez que o investimento em longo prazo é definido, os
planos de operação em médio e em longo prazos do sistema de-
vem ser realizados. Para um horizonte de um a três anos, depen-
dendo do sistema, o planejamento deve, além de determinar o
melhor programa do ciclo de manutenção de usinas e linhas de
transmissão, determinar a política mais adequada de compra de
combustível, e de uso mais eficiente das usinas de geração sujei-
to às limitações da energia primária das usinas hidroelétricas em
particular, ou às restrições de produção anual devido às razões
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Despacho econômico de energia
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2 Representação do sistema de transmissão
Curto prazo
As decisões em curto prazo correspondem a uma escala
semanal, isto é, de alguns dias a um mês. Deve-se determinar
o plano de produção para as usinas hidroelétricas e de vapor
sobre uma base horária para cada dia da semana ou do mês.
Esse plano deve obedecer, entretanto, às instruções recebidas
do nível de decisão imediatamente superior em relação às ações
de manutenção, de programação semanal ou mensal de hidro-
elétricas, de planos de emissão, de programação de quotas de
combustível, etc.
Nesse nível, os detalhes do sistema são extremamente rele-
vantes, e devem ser levados em consideração aspectos tais como
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Despacho econômico de energia
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2 Representação do sistema de transmissão
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Despacho econômico de energia
Tempo real
As funções de operação em tempo real estão baseadas es-
sencialmente no critério de segurança antes que em considera-
ções financeiras. A operação econômica do processo é definida
por decisões de alto nível, embora alguns detalhes nunca devem
ser perdidos de vista, como os aspectos econômicos da confia-
bilidade. A supervisão, o controle e o monitoramento assegu-
ram a viabilidade técnica do imenso e dinâmico sistema elétrico
de potência.
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2 Representação do sistema de transmissão
Longo prazo
O novo ambiente revolucionou completamente a aborda-
gem usada no planejamento da geração. A liberalização e des-
centralização das decisões de investimento atribuem a cada
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Despacho econômico de energia
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2 Representação do sistema de transmissão
Médio prazo
Dos diversos agentes participantes no mercado de energia
elétrica, vários devem tratar de otimizar suas decisões em médio
e curto prazos: consumidores, fornecedores e produtores. Na
operação do sistema, entretanto, os produtores jogam o papel
principal. Os três objetivos perseguidos no médio prazo pelos
geradores são:
• Formular previsões econômicas de médio prazo men-
cionadas anteriormente: gerenciamento de contratos,
determinação das estratégias de negócios de longo pra-
zo e avaliações de investimento;
• Prover informação para as funções de longo prazo
mencionadas anteriormente: gerenciamento de contra-
tos, determinação das estratégias de negócios de longo
prazo e avaliações de investimento;
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Despacho econômico de energia
Curto prazo
Embora exista uma variedade de formas de organizar os
mercados elétricos, todos eles têm uma série de mercados de
curto prazo (tipicamente diário), assim como mercados intradi-
ários e o mercado de serviços ancilares, onde é determinada a
produção de curto prazo das usinas geradoras. Dos três, a oferta
diária de mercado é, usualmente, a mais importante em termos
de volume negociado. Consequentemente, a operação de cur-
to prazo tende a resolver a preparação do negócio diário. Esse
processo é controlado pela decisão estratégica de maior nível.
Como tal, ele é informado pela decisão de produção analisada
em períodos que cobrem o longo prazo, e seu papel consiste em
ajustar os preços de mercado sobre a base do dia a dia. A esti-
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2 Representação do sistema de transmissão
mação dos preços de curto prazo, para essa escala de tempo com
as incertezas associadas com chuvas, sendo a disponibilidade de
unidades geradoras muito pequena, é uma tarefa importante,
visto que serve como guia para decisões sobre a internalização
dos custos das unidades geradoras a vapor e se deve mudar para
a produção hidroelétrica. Como resultado disso e esclarecida a
hipótese do comportamento de competição, as empresas esta-
belecem suas ofertas, especificando quantidade e preço, com os
quais elas competem no mercado atacadista.
Tempo real
Como no esquema tradicional, a operação em tempo real
é fortemente influenciada pelas considerações de segurança e
tem uma estrutura semelhante, embora considerável esforço ge-
ralmente seja feito para diferenciar claramente os valores dos
vários tipos dos chamados serviços ancilares fornecidos pelos
agentes. Sempre que possível, os mecanismos de mercado fo-
ram implementados para decidir competitivamente quem deve
prover que serviço e por qual preço. Tais mecanismos de merca-
do foram implementados para decidir competitivamente quem
deve prover que serviço e por qual preço. Tais mecanismos es-
tão frequentemente implantados com a operação, secundária ou
terciária, com a capacidade de reserva, como também com o
controle de tensão e com sistemas com tempo de partida. A fre-
quência primária ou controle de saída continua sendo um servi-
ço básico obrigatório à disposição do operador do sistema como
um elemento vital para a segurança do sistema.
Nessa estrutura competitiva, as empresas devem oferecer
seus serviços levando em conta os custos realizados em suas
usinas para a produção, assim como levando em conta outras
considerações, como as oportunidades do mercado.
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Despacho econômico de energia
O ambiente regulatório
Regulação tradicional e regulação de mercado
competitivo
A regulação pode ser definida como um sistema que permi-
te a um governo formalizar e institucionalizar seus compromis-
sos para proteger consumidores e investidores. Dependendo do
desenvolvimento da indústria de energia elétrica em cada país e
em diferentes regiões de cada país, da ideologia predominante,
dos recursos naturais específicos e das mudanças tecnológicas,
entre outros fatores, a indústria da energia elétrica adotou di-
ferentes formas de organização e de propriedade (público ou
privado, nível municipal, estadual ou nacional).
A despeito da diversidade, desde que a indústria da eletri-
cidade atingiu a maturidade e até recentemente, a regulação em
todo o mundo foi uniformemente aplicada como se fosse um
serviço público de fornecimento organizado em uma estrutura
monopólica, com garantia de concessão para uma empresa elé-
trica típica e verticalmente integrada e preços regulados basea-
dos nos custos realizados para fornecer o serviço. Esse tipo de
estrutura é chamado, como a abordagem tradicional. sob esse
esquema, as relações entre as diferentes empresas elétricas fo-
ram geralmente caracterizadas como de cooperação voluntária
em um número de áreas, como ligando a gestão da regulação
da frequência ou a capacidade de reserva de operação, o inter-
câmbio por motivos econômicos ou de emergência, e o uso da
rede de transmissão ou distribuição por terceiros sob termos
negociados pelas diferentes partes envolvidas.
Essa uniformidade de regulação foi alterada em 1982, quan-
do o Chile fez uma abordagem inovadora, que separou as ativida-
des básicas envolvidas no fornecimento da energia elétrica. Sob
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2 Representação do sistema de transmissão
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Despacho econômico de energia
Fundamentos
A regulação da indústria de energia elétrica está baseada
em uma premissa fundamental: é possível ter um mercado ata-
cadista para a energia elétrica aberto para todos os geradores,
para aqueles que já existem e para aqueles que, voluntariamente,
entram no mercado, e para todas as entidades consumidoras. A
essência desse mercado atacadista é tipicamente um mercado
spot para a eletricidade, com relação, ou como uma alternativa,
aos diferentes tipos de contratos em médio e longo prazos, e
ainda é estabelecido um mercado organizado para os derivados
da eletricidade. Os agentes participantes nesse mercado são as
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2 Representação do sistema de transmissão
Requisitos
Neste ambiente, não se devem perder de visa as característi-
cas tecnológicas e econômicas da indústria de energia elétrica que
condicionam os dispositivos de regulação que devem governar:
• A infraestrutura necessária para a geração, transmissão
e distribuição da energia elétrica é custosa, altamente
especializada e demorada;
• A energia elétrica é essencial para os consumidores,
tornando a opinião pública altamente sensível às pos-
síveis saídas de serviços ou de fornecimento pobre
em qualidade;
• A energia elétrica não é economicamente armazenável
em grandes quantidades, e portanto, a produção deve
ser adaptada instantaneamente para a demanda;
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Despacho econômico de energia
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2 Representação do sistema de transmissão
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Despacho econômico de energia
Separação de atividades
O número de atividades indicadas não necessariamente im-
plica uma correspondente multiplicidade de entidades para sua
execução. Existe uma sinergia e custos de transação que tornam
inconveniente em certos casos que uma empresa simples em-
preenda várias atividades. Também deve ser especificado, en-
tretanto, que os conflitos de interesses podem aparecer em uma
entidade que é responsável por mais de uma atividade, quando
a execução de uma atividade pode beneficiar a entidade perante
outros agentes na execução da outra atividade que se encontra
aberta à competição. Podem ser aplicados diferentes níveis de
separação, mas é necessário ajustá-los para cada caso particular.
Basicamente, essas atividades podem ser separadas em quatro
tipos: contabilidade, gerenciamento, norma legal (isto é, diferen-
tes empresas que podem pertencer aos mesmos donos através de
um truste) e propriedade.
A regra básica na separação de atividades sob a nova regu-
lação é que uma empresa simples não pode executar atividades
reguladas (por exemplo, distribuição) e atividades competitivas
(tais como geração) ao mesmo tempo. O apoio potencial a ser
fornecido para uma atividade regulada para uma competitiva é
para esta uma vantagem evidente, e tal vantagem, é legalmen-
te inaceitável. Igualmente, o risco da atividade competitiva não
pode ser transferido para uma regulada, já que certamente vai
recair sobre os consumidores, que não têm opção de escolha.
Uma transparência adequada na atividade regulada tam-
bém requer pelo menos a separação de contas entre as corres-
pondentes unidades de negócio. Empregas engajadas em ati-
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2 Representação do sistema de transmissão
Atividades de geração
As atividades de geração incluem a geração elétrica ordiná-
ria e especial. Geração elétrica especial é tipicamente entendida
como as tecnologias de cogeração e de produção que usam fon-
tes renováveis e, normalmente, diferem das ordinárias, porque
recebem um tratamento mais favorável como forma de compen-
sação, prioridade na operação, entre outras, como acontece em
muitos países. Os chamados serviços ancilares ou complemen-
tares devem ser incluídos quando são fornecidos por geradores,
e contribuem com um nível adequado de qualidade e de segu-
rança no fornecimento da energia elétrica.
A geração ordinária é uma atividade não regulada condu-
zida em condições de competição, sem restrições de entrada e
com acesso livre para a rede. A venda da produção pode acon-
tecer através de diferentes processos de transação, basicamente
no mercado spot, ou, através de contratos, quando se trata de
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Despacho econômico de energia
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2 Representação do sistema de transmissão
Atividades da rede
O fornecimento de energia elétrica requer necessariamente
o uso de redes que, dadas suas características técnicas e econô-
micas, devem ser administradas e reguladas como um mono-
pólio natural. Tal exigência é uma condição básica para a nova
regulação do setor.
As atividades da rede incluem planejamento dos investi-
mentos, construção, planejamento da manutenção, manutenção
propriamente dita e operação. O processo de investimento em
planejamento determina a disponibilidade de dados, a localiza-
ção, a capacidade e outras características dos novos ativos da
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Despacho econômico de energia
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2 Representação do sistema de transmissão
Transmissão
Acesso: os sistemas que participam na nova regulação de-
vem ter acesso implícito à rede de transmissão e todos os agen-
tes autorizados a tomar parte no mercado atacadista. A capa-
cidade da rede obviamente impõe limites físicos para o acesso
e existem várias restrições de procedimento de gerenciamento
para resolver os potenciais conflitos que podem aparecer. Es-
ses procedimentos vão desde a aplicação dos preços nodais ou
zonas de preços em um mercado atacadista organizado (assim,
implicitamente resolvem as restrições da rede) aos leilões reali-
zados para atribuir uma capacidade limitada entre os diferen-
tes agentes. Servem ainda para modificar o despacho feito pelo
operador do sistema de acordo com as regras estabelecidas e, até
mesmo, para a atribuição prévia de direitos de uso de longo pra-
zo da rede, seja através de leilões, seja baseado em participação
na construção da linha.
Investimento: o propósito da nova regulação a nível de
projeto é obter uma rede que maximize os benefícios adicionais
para consumidores e produtores, que são os que devem arcar
com os custos da rede. Certos critérios de confiabilidade explí-
citos geralmente são usados no planejamento da rede em vez de
incluir todos eles nas funções de economia a serem otimizadas.
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Despacho econômico de energia
Atividades ancilares
Geralmente é o operador do mercado quem estabelece as
transações econômicas realizadas nos diferentes mercados que
controla. O operador pode também ser responsável pela liqui-
dação de outras transações e conceitos relacionados ao merca-
do atacadista, tais como os serviços ancilares, perdas, restrições
técnicas, saldos dos desvios finais e, também, em alguns sis-
temas, os acordos bilaterais entre os agentes. A liquidação das
atividades reguladas, como, por exemplo, a transmissão, a distri-
buição e outras questões, como assistência à geração especial, é
geralmente confiada à gestão central ou a uma entidade especia-
lizada e independente, encarregada dessa atividade.
Tradicionalmente, a medida do consumo e o correspon-
dente faturamento faziam parte integrante da atividade de co-
mercialização, porque formavam um conjunto inseparável com
a distribuição. Sob a nova regulação, é possível que essas ativi-
dades sejam realizadas de forma independente por empresas es-
pecializadas que competem pelo fornecimento desses serviços.
Isso também acontece com as instalações para conexão de usu-
ários finais, uma atividade que é considerada parte da distribui-
ção, mas que pode ser, e isso frequentemente acontece, realizada
por competição de instaladores independentes. É possível que,
no futuro, outras atividades sejam identificadas, que logicamen-
te possam ser executadas de forma separada, ou novas ativida-
des possam aparecer, por exemplo, dentro da competência da
filosofia reavivada de multiatividade, em que as empresas co-
merciais oferecem outros serviços além de eletricidade.
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