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SÍNTESE DIDÁTICA DE

JOAO GOUVEIA MONTEIRO,


COM BASE EM:

Jean-Michel Lecomte
Ensinar o Holocausto no Século XXI

Tradução portuguesa de Margarida Pardal


Prefácio de Esther Mucznik
Via Occidentalis Lda., 2007

(ed. orig.: Council of Europe, 2001)


› PORQUÊ ENSINAR O HOLOCAUSTO?
› A História como «luz da verdade, vida da memória, mestra da vida, mensageira
do passado» (Cícero, De Oratore, 55 a.C.).
› A maior catástrofe do séc. XX e uma das páginas mais negras da Humanidade.
Exige reflexão. «Non vitae sed scholae discimus» (Séneca, Cartas morais a
Lucílio, c. 62-65).
› A terrível proximidade do tema. O risco de voltar a acontecer! Persiste o
antissemitismo, a xenofobia, os genocídios (v. Ruanda, Bósnia, Camboja, Síria…).
› PORQUÊ ENSINAR O HOLOCAUSTO?
› Um acontecimento que desafiou os fundamentos dos valores humanos e que nos obriga a ir ao
cerne da questão. O genocídio pode ser evitado, não é espontâneo, inevitável.
› A complexidade da tarefa: reconhecer os fatores que levaram à erosão e desintegração de valores
democráticos e ao desprezo pelos direitos humanos.
› Uma verdade dura e atual: foi numa das sociedades mais desenvolvidas da época. O que
permitiu a «solução final» (Zyklon B nas câmaras de gás)…
› PORQUÊ ENSINAR O HOLOCAUSTO?
› Um ponto crucial delicado: entender os comportamentos individuais e de grupo,
de carrascos e de vítimas. Perceber as ações, mas também as inações, os silêncios e
indiferenças.
› Preparar os alunos para interpretar esta tragédia de forma crítica e não simplista;
emotiva, mas também racional, científica.
› Compreender o ponto de vista do ‘outro’. E identificar-se com uma Europa maior.
› Perceber o antissemitismo no contexto da ideologia nazi: dividir comunidades para
reinar.
› PORQUÊ ENSINAR O HOLOCAUSTO?
› Ensinar o Holocausto como homenagem às vítimas inocentes de todas as idades;
e não foram apenas judeus: também ciganos, testemunhas de Jeová, homossexuais,
opositores políticos…
› O «dever de memória» de que fala Primo Levi (Turim, 1919-1987), um químico
italiano, antifascista e sobrevivente do Holocausto, autor de «O Buraco Negro de
Auschwitz» (artigo de 1987 em La Stampa) e de «Se isto é um homem» (Turim,
1989)…
› O QUE ENSINAR? DE WEIMAR A HITLER

› 28.VI.1919: Tratado de Versalhes, cláusulas muito duras para a Alemanha (território,


população, indemnização).
› 1923-25: ocupação franco-belga do Ruhr (por incumprimento do acordo de
Versalhes).
› Tensões, protestos, revoltas, golpes, mortes…
› Recessão pós-guerra: fome, falências em cadeia. 1923: inflação máxima (padrão
ouro = 1 trilião de marcos em notas).
› O QUE ENSINAR? DE WEIMAR A HITLER

› Taxa de desemprego em 1933: 44%.


› Agitação revolucionária de 1918-19 (Rosa Luxemburgo).
› Versalhes impede a reconstrução da Alemanha. Fracasso da República de
Weimar (1919-1933).
› Caminho aberto para Adolf Hitler e o Nazismo…
Tratado de Versalhes, 1919 Assinatura do Tratado de Versalhes (Paris, 28.06.1919)
(versão inglesa)
› Perdas territoriais alemãs pelo Tratado de Versalhes (1919)
› O QUE ENSINAR? DE WEIMAR A HITLER
› Adolf Hitler: n. Áustria, 20.IV.1889, classe média (pai = func.º público em alfândega).
› Morte repentina do pai em 1903. Paixão pelas artes (pintura). Viena: viveiro de preconceitos
religiosos e raciais.
› Mudança para a Alemanha em 1913. Destaque como soldado (cabo) na GG. Ódio aos líderes
do Armistício.
› 1919: adesão ao Partido dos Trabalhadores Alemães, de Anton Drexler (muito antissemita).
› O QUE ENSINAR? A ESCALADA DO NSDAP
› Hitler = orador inflamado, torna-se líder do partido, que em 1921 converte em NSDAP.
› Criação das SA (Sturmabteilung): secções de assalto, força paramilitar.
› Adoção da bandeira vermelha e da suástica («sorte», deus hindu Ganesh).
› Temas nazis ganham forma: nacionalismo propagandístico, antissemitismo,
anticomunismo. Receção favorável e apoio financeiro (industriais bávaros).
› Cartão de Hitler no Partido dos Trabalhadores Alemães
› O QUE ENSINAR? A ESCALADA DO NSDAP
› 8.XI.1923: o fracasso do «Golpe da cervejaria» (Munique). Tentativa de forçar líderes
da Baviera a marchar sobre Berlim.
› Hitler detido e condenado. Na prisão de Landsberg, escreve a 1.ª Parte de Mein
Kampf, obra autobiográfica e ideológica.
› Base: transformação da sociedade alemã a partir da purificação da raça!
› Abril 1925: Hitler renuncia à cidadania austríaca (recusam extradição).
Adolf Hitler Os réus do ‘Golpe da cervejaria’
(20.IV.1989-30.IV.1945), (Bundesarchiv)
Retrato de 1938
(Bundesarchiv)
› O QUE ENSINAR? A ESCALADA DO NSDAP
› 1924-1925: em liberdade, Hitler recolhe grande apoio popular (anti-Versalhes). NSDAP
visto como ‘partido de ação’.
› 1933: NSDAP vence as eleições na Alemanha.
› 30-I-1933: Hitler é apontado Chanceler (por sugestão de Von Papen, ex-Chanceler de
Weimar, ao Presidente Hindenburg).
› 28.02.1933: «Decreto do Incêndio do Reichstag», para a proteção do Povo e do Estado:
cancelamento de liberdades cívicas e políticas. Facilidade em eliminar adversários.
› O QUE ENSINAR? HITLER E NSDAP NO PODER
› 23.III.1933: «Lei Habilitante» concede a Hitler plenos poderes. Apoio do Zentrum
(Católico) ao NSDAP e ao Partido Popular Nacional Alemão garante governação no
Reichstag e aprovação destas leis.
› Contrapartida ao Zentrum: Concordata com a Santa Sé (via futuro Papa Pio XII e
Von Papen, Vice-Chanceler).
› 30.VI.1934: «Noite das facas longas»: purga de colaboradores de Von Papen e de
outros aliados ‘incómodos’.
› O QUE ENSINAR? A DOUTRINA NAZI

› A herança do programa do P.T.A. (24.02.1920):


- só os membros da Nação podem ser cidadãos do Estado.
- só quem tem sangue alemão é membro da Nação.
- só podem viver na Alemanha cidadãos alemães (os outros só como convidados,
ou como estrangeiros).
- só os cidadãos podem exercer funções oficiais (no Reich, länder, comunas…).
- evitar a imigração de não alemães (quem entrou após 2.VIII.1914 deve sair de
imediato).
› O QUE ENSINAR? A DOUTRINA NAZI
› O sangue é que determina a ‘raça’; a melhor: a alemã; não deve misturar-se com raças inferiores.
› Alemães = povo superior e que precisa de «espaço vital» (Lebensraum), com liberdade para conquistar,
anexar, controlar e ‘limpar’.
› 2 grandes ‘ameaças´: o Judaísmo e o Bolchevismo.
› Objetivo final: domínio de um mundo livre de raças e religiões inferiores e do bolchevismo, em que os
«arianos» (a raça alemã) teriam poder ilimitado.
› As raças judaica e cigana = «parasitas». Os primeiros, há séculos que oprimiam os povos através das
finanças. Os segundos pelo seu estilo de vida «a-social» e nómada.
› O QUE ENSINAR? A DOUTRINA NAZI
› Que cobertura/validação científica? Nenhuma (apesar das tentativas). Só palestras,
difusão nas escolas, profecias sobre o território e sobre o extermínio dos judeus >
propaganda e doutrinação de massas.
› Política externa alemã começa a orientar-se por aquelas ideias e torna-se cada vez
mais repressiva: judeus, ciganos, deficientes, homossexuais, opositores políticos, …
› Negação dos valores ocidentais. Na escola: Heil Hitler, Rassekunde («Raciologia»),
etc.
› O QUE ENSINAR? A DOUTRINA NAZI

› A «Nova Ordem»: sistema sociopolítico para estabelecer na Alemanha e expandir na Europa


› Implicações: um Estado racial pangermânico, de ideologia nacional-socialista, para
garantir a superioridade da raça ariana-nórdica, uma vasta expansão para leste, a aniquilação
mundial dos judeus e outros grupos ‘indignos de viver’, e a exterminação da maioria dos
povos eslavos e de outros racialmente «inferiores».
› O 1.º passo: assinatura do Pacto germânico-soviético de 23.VIII.1939 (dar uma falsa
sensação de segurança à URSS).
› O QUE ENSINAR? A GUERRA

› 13.3.1938: o Anschluß (anexação da Áustria). Referendo a 10 de abril: 99% «SIM».


› 1.IX.1939: invasão da Polónia («Governo Geral»)
› Primavera 1940: Blitzkrieg à França, Luxemburgo, Bélgica. Holanda, Dinamarca e Noruega >
neutralizar uma reação do Ocidente.
› 1940/41: operação Leão Marinho vs. Inglaterra.
› 22.VI.1941: Operação Barbarossa (inv. Rússia).
› 1942: os «Reichskomissariat» dos Estados Bálticos e da Ucrânia. Alfred Rosenberg dirige.
› O Anschluß (anexação alemã da Áustria, 1938)
› Polónia (set.º 1939): Martin Bormann, Adolf Hitler, Erwin Rommel e Walter von
Reichenau com óculo de campanha e binóculos (foto do Bundesarchiv)
› O QUE ENSINAR? A GUERRA
› Heinrich Himmler, chefe das SS (Schutzstaffel): escravatura e extermínio dos não arianos.
› Plano total: chegar aos Urais (incl. Moscovo e Cáucaso).
› Extermínio de judeus, escravização dos Eslavos. Cada homem agricultor das SS: pai de 7 filhos.
Programa-incentivo: Lebensborn.
› 1942: Croácia, Eslováquia, Hungria, Roménia, Bulgária e Sérvia = satélites da Alemanha.
› Planos para dominar a África central e as Américas! Cadeia de fortificações aéreas e navais.
› O QUE ENSINAR? A GUERRA
› 2.II.1943: a derrota alemã em Estalinegrado obrigou ao abandono do projeto «Nova
Ordem», enterrado de vez em fins de 1944.
› Alemanha na defensiva, mas genocídio continua.
› Himmler espera negociar paz em separado com os Aliados e prosseguir a luta vs.
URSS.
› Março de 1945: Himmler aceita reunir com representante do Congresso Judaico
Mundial para «enterrar o machado de guerra»…
› O QUE ENSINAR? ANTISSEMITISMO, 1932-39

› Antes de 1933: judeus proibidos de serem oficiais superiores do exército.


23.XII.1932: indeferimento de pedidos de alteração do estado civil.
› 11.IV.1933: ninguém com avô ou avó judaicos podia ser tido por «ariano». 1935
(Congresso NSDAP, Nuremberga): «Lei da proteção do Sangue e da Honra Alemã»
(proíbe casamento ou relações sexuais entre «arianos e não-«arianos»).
› QUEM É JUDEU? pelo menos 3 avós judaicos, ou só 2 se forem praticantes; pais
judeus (os nascidos após set.º 1935); outros: Mischlinge (mestiços), de início
protegidos, tal como os veteranos de guerra.
› Leis de Nuremberga, 1935 (classificação ‘racial’)

(Sangue alemão) (Mestiços, graus 2 e 1) Judeus (de 3 ou 4 avós)


› O QUE ENSINAR ? ANTISSEMITISMO, 1932-39
› RESTRIÇÕES PESSOAIS E PROFISSIONAIS:
- 7.IV. 33: proibidos de ter funções públicas. Médicos e advogados à beira da expulsão das
suas ordens profissionais.
- 22.IX.33: proibidos de trabalhar nas artes.
- 4.X.33: não podem ser redatores de jornais.
- março 1933: SA e SS nas portas das lojas.
- 21.III.35:serv. militar só por «arianos puros».
- 1936: Mischlinge e veteranos s/. Segur. Social.
› O QUE ENSINAR ? ANTISSEMITISMO, 1932-39
- junho 36: empresas privadas podem despedir.
- agosto 1938: há serviços comerciais interditos (imóveis, cuidadores, corretores, turismo, …).
- 25.VIII.38: impedidos de exercer Medicina.
- 27.IX.38: idem para advogados (só c/ judeus).
- agosto 1938: adoção compulsiva de mais um 1.º nome: Sara ou Israel.
- 19.XI.38: exclusão da Segurança Social.
- 4.III-41. desempregados sujeitos a trab. forçado
- 24.XII.40: imposto adicional de 15% para rendimentos acima de 39 marcos/mês.
› O QUE ENSINAR ? ANTISSEMITISMO, 1932-39
- outubro 1941: impedidos de recusar trabalho forçado (mesmo c/ emprego), sem
férias ou benefícios sociais > escravatura precede «solução final».

› ARIANIZAÇÃO E PENALIZAÇÃO FINANCEIRA:


- 18.V.1934: taxa de emigração de 25%, com bens acima de 50.000 marcos (e já não
200.000)...
- 20.VIII.1935: excluídos de concursos públicos.
- 26.IV.38: obrigação de registar todos os bens.
- 14.VI.38: empresa com diretor judeu = classificada como «negócio judaico».
› O QUE ENSINAR ? ANTISSEMITISMO, 1932-39
- 1938: abolida dedução à coleta por despesas c/. crianças ou contributos para associações
judaicas de beneficência.
- 12.XI.38: retalho encerrado, diretores de empresa despedidos, bens de empresas judaicas
‘arianizados’ via «vendas acordadas». Indemnizações pela «Noite de Cristal» (9-10.XI.38:
pogroms das SA em retaliação por assassinato de diplomata alemão em Paris).
- 3.XII.38: nomeação de administradores ‘arianos’ para empresas judaicas. Judeus forçados a
vender terras, florestas e bens imobiliários, e a prescindir das suas ações e obrigações.
› O QUE ENSINAR ? ENFRAQUECER PELA FOME

› as 3 categorias de rações alemãs: i) produtos não racionados; ii) rações


suplementares (trabalhadores manuais, grávidas); iii) distribuição especial de sobras.
› 1.XII.39: excluídos das sobras. Só compram a certas horas, depois dos arianos.
› confisco de encomendas vindas do estrangeiro.
› Em conferência de 29.VI.42: certos produtos negados aos judeus > bolos, pão
branco, carne; fim das rações suplementares para crianças; só leite magro.
› O QUE ENSINAR ? POLÍTICA DE EMIGRAÇÃO

› Desde 1933: medidas para ajudar os judeus alemães a emigrar e para forçar os
judeus não alemães a sair > escasso sucesso, em especial na fronteira com a Polónia
(que ameaçou repatriar os judeus alemães, muito mais numerosos).
› 1933: há 520.000 judeus a viver na Alemanha. 1938 (início): já são 350.000 (morte
e emigr). 1938 (março): 540.000 (Anschluss: + 190.000).
› início da guerra (1939): 6.000 transferidos da Europa Central para o Governo
Geral da Polónia (parte ocupada, mas não integrada no Reich). 6.500 judeus
alemães e da Europa Central enviados para a França não ocupada.
› O QUE ENSINAR ? POLÍTICA DE EMIGRAÇÃO
› Anexações e manipulação direta de governos: grande aumento de judeus sob o
Reich! N.º aumenta com a invasão da Rússia (1941).
› Projeto «Madagáscar» falha devido à entrada do Japão e dos E.U.A. na guerra.
› Martin Gilbert e o n.º de judeus destinados ao extermínio a 20.01.1942:
4.745.500 nos territórios dominados pelo Eixo; 9.141.168 nas terras ocupadas
pelos Alemães, ou em que estes manipulavam os governos > 13.886.668 (36% na
URSS, 21% Ucrânia, 16,4% Polónia).
› O QUE ENSINAR? OS JUDEUS NOS SÉCS. XVIII-XX

› A diáspora judaica nos fins séc. XIX: a maioria dos judeus ocupa a yiddishland (entre a
Rússia czarista e o Império Austro-Húngaro).
› Desafios dos sécs. XVIII-XIX: modernidade e igualdade perante a lei, renúncia à discriminação
religiosa: oportunidade contra a segregação secular dos judeus!
› Respostas: da adaptação (um judaísmo moderno) à renúncia e até ateísmo (ex: Marx, Freud).
› Também houve judeus que recusaram a modernidade e restringiram a mudança ao mínimo
obrigatório, mantendo a autossegregação e a superioridade das leis religiosas.
› O QUE ENSINAR? OS JUDEUS NOS SÉCS. XVIII-XX

› A Haskalah («Luzes»): Alemanha, desde 1770, Moses Mendelssohn (m. 1786).


Alemanha, meados s. XIX: judeus = 1,3% da popul., mas eram 6% dos estudantes
liceais.
› Mecenas de Bach, Kant, Goethe; editores, intérpretes, biógrafos. «A cultura liberta»
(livreiro Cotta, séc. XIX, clássicos alemães).
› Língua ídiche (judeo-alemão: hebraico + aramaico + alemão), também no ‘eldorado’
americano (jornais diários com 600.000 exs, cerca de 1930!).
› O QUE ENSINAR? OS JUDEUS NOS SÉCS. XVIII-XX
› Séc. XIX: o tempo da grande esperança judaica (emancipação, direitos cívicos/políticos, ideais da
Revolução Francesa e das Luzes) > ação em escolas, univ., profs. liberais, empresas, exército…
› 13 Prémio Nobel entre 1905 e 1936. Outras grandes figuras: Einstein, Freud, Kafka, G. Mahler,
Husserl, Ernst Bloch, Theodor Adorno, Walter Benjamin, Hanna Arendt…
› Mas… > Rússia, 1903-1906: 650 pogroms; 2,5 milhões de judeus em fuga (1,5 para os E.U.A., 1910-
14). Apoio à Revolução de Outubro 1917.
› França: caso Alfred Dreyfus (1894-1906): oficial judeu injustiçado (intervenção de Émile Zola, em
«J’accuse»).
› O QUE ENSINAR? OS JUDEUS NOS SÉCS. XVIII-XX
› Um outro caminho: tentar criar um Estado nacional, onde os direitos e as liberdades
estivessem protegidos e garantidos > opção pelo Sionismo (depois estimulada pela Shoá).

› Como movimento político e ideologia, o Sionismo nasceu em 1880, reivindicando um


Estado judeu na Palestina.

› Theodor Herzl (1860-1904): livro O Estado Judaico, base do Sionismo (de Monte Sião,
colina de Jerusalém). Só havia 25.000 judeus na Palestina antes de 1939-45.
› O QUE ENSINAR? OS JUDEUS NOS SÉCS. XVIII-XX

› Desde muito cedo que grupos pioneiros se instalavam na Terra Santa. Com a
Declaração Balfour (1917), em que a Inglaterra se declarou favorável à criação de
um lar nacional judaico na Palestina, o Sionismo obteve a sua 1.ª grande vitória.
› Houve apoios para criar o Estado nacional judaico, mas muitos judeus acharam
que o caminho certo não implicava um território próprio (e a globalização confirma
isso?).
› O QUE ENSINAR? OS JUDEUS NOS SÉCS. XVIII-XX
› Os factos: a ONU, em 1947, propôs um plano de partilha da Palestina em 2
Estados (judeu/árabe).
› A independência de Israel foi proclamada após a guerra civil de 1947-48: em 14-
V-1948, por David Ben Gurion (1.º ministro de Israel 1948-1953, fundador do
Partido Socialista e líder do «Sionismo Socialista»).
› A «Lei do Regresso» (1950) deu aos judeus o direito de emigrar para Israel.
› O QUE ENSINAR? A CONCENTRAÇÃO DE JUDEUS
› 20.III.1933: abre o 1.º campo de concentração, em Orianenburg (Berlim), numa
fábrica ocupada pelas SA: opositores políticos da zona e homossexuais. Trabalho
forçado, à vista da cidade.
› 4.VII.1934: SS assumem o campo, após o desmantelamento das SA. Fecho e
substituição pelo campo de Sachsenhausen (1936): 3.000 presos e 16 mortos.
› 21.III.1933: abre o 2.º campo, em Dachau (Munique).
› Fins março 1933: já há 50 campos; 1.º opositores políticos, depois judeus. SS com
imunidade criminal e judicial, execuções sumárias.
› O QUE ENSINAR? A CONCENTRAÇÃO DE JUDEUS

› Aumento do território alemão não basta para resolver a ‘«questão judaica»;


judeus muito integrados em alguns países. Era preciso separar e concentrar, para
evitar reações…
› No «Governo Geral» da Polónia: uma fase transitória > o «gueto» (como Veneza
no séc. XVI). Imitação no leste da Polónia, com pretexto de evitar disseminação de
epidemias.
› Trabalhos forçados, restrições alimentares, doenças, maus tratos > judeus
debilitados (sinal de inferioridade racial).
› O QUE ENSINAR? A CONCENTRAÇÃO DE JUDEUS
› Antes da «solução final»: massacres no leste; em Chelmno (Lodz) = extermínio sistemático desde
final de 1940.
› 20.01.1942: Conferência de Wannsee, org. por R. Heydrich (representante de Himmler, o chefe das
SS): 15 pessoas (chefia gov. nazi + líderes das SS). Objetivo: discutir a «solução final». Heydrich
anuncia o envio para campos de trabalho: esforço e má nutrição gerariam eliminação natural; os outros:
«tratamento apropriado».
› Eliminação natural (guetos e campos de trabalho): lenta e dispendiosa. Maioria seria eliminada nos
«campos de morte/extermínio»…
› LÍDERES NAZIS

Heinrich Himmler Hermann Göring


Adolf Hitler

Reinhard Heydrich Martin Bormann Hans Heinrich Lammers


› O QUE ENSINAR? CAMPOS DE CONCENTRAÇÃO

› Irene Pimentel (2020, p. 189): é necessário distinguir entre «campos de


concentração» e «campos de extermínio» (ou centros de administração da
morte»).

› Um judeu nunca podia deixar de o ser, pois era uma ‘raça’. Não tinha
regeneração possível (# comunistas, Jeovás, homossexuais). Por isso se incluiu
logo as crianças no rol de vítimas.
› O QUE ENSINAR? CAMPOS DE CONCENTRAÇÃO

› Os campos nem sempre cumpriam os planos da administração central, e as SS tinham


de os ‘regularizar’. Eram dirigidos por inspetor das SS e não faziam parte do sistema
penitenciário legal > políticos e arbitrários.
› Os detidos eram enviados sem julgamento prévio, ou para cumprir uma pena comum
(opositores, homoss., Jeovás). 1 mês de prisão podia gerar 7 a 10 anos (e a morte)
num campo…
› Só a Gestapo (polícia secreta, H. Göring, 1933) podia meter ou retirar pessoas de
um campo. SS com autonomia de gestão para tudo. Assassinatos não davam origem
a investigação criminal (decidiu o Supremo Tribunal do Reich).
› O QUE ENSINAR? CAMPOS DE CONCENTRAÇÃO
› Campos de concentração: no Reich, mas com exceções. Campos nos territórios
ocupados: funções especiais; alguns era dirigidos por força policial ou exército
ocupante; outros por autoridades locais. Alguns eram campos de passagem. Outros
específicos (ex: ciganos).
› Finalidade dos ‘campos regularizados’: retirar certos grupos da sociedade; criar
bolsa de trabalho escravo (oficiais nazis aproveitaram!); destruir aos poucos os
internados (trabalho, fome, doença).
› O QUE ENSINAR? CAMPOS DE EXTERMÍNIO
› Os 6 campos de extermínio em massa: Auschwitz-Birkenau (Auschwitz II); Belzec;
Chelmno; Majdanek (Lublin-Maïdanek); Sobibór; e Treblinkla > todos no Governo Geral da
Polónia ocupada.
› Específicos: presos eram mantidos vivos e eram usados não para o trabalho clássico, mas
para assegurar o extermínio dos deportados (única ‘produção’).
› Deportados saem dos vagões e são logo inspecionados e divididos: crianças, mulheres,
doentes (morte rápida); homens ‘saudáveis’ (registo, tatuagem, internamento).
› Internados asseguram o gaseamento e a cremação, após o saque de roupas, cabelos, dentes
de ouro).
Sede da Gestapo
(«Polícia Secreta»)
em Berlim

Revista às tropas por Ernst Röhm


em Breslau (Alemanha), 1933

Os Blocos do campo de concentração


de Dachau, Alemanha (1933-1945)
› O QUE ENSINAR? OS ‘OUTROS’ PERSEGUIDOS
› TESTEMUNHAS DE JEOVÁ (os «Bibelforscher»): sofrem a hostilidade da Igreja
Católica e do NSDAP. Em 1933: proscritos em várias regiões da Alemanha.
Recorrem aos tribunais, manifestos de protesto, telegramas e Hitler…
› Julho 1935: Jeovás banidos da Alemanha. Porquê? Apoios de industriais católicos e
protestantes a Von Papen; recusa de jurar obediência a Hitler (saudação,
Juventude Hitleriana, pegar em armas), protestos vs. obediência mística a Hitler
(‘nova religião’) > opõem-se ao regime e recusam-se a obedecer.
› O QUE ENSINAR? OS ‘OUTROS’ PERSEGUIDOS
› Castigos aos Jeovás: textos queimados, proibição de reunir ou fazer conversões; tratados
como opositores (delações, prisão…).
› Resistência firme, não se vergam! Passam a ser tidos por instrumento da conspiração
internacional judaica (Antigo Testamento, Jeová, antigos dirigentes judeus); documentos
falsos.
› Genocídio? Não eram raça ou povo; mas crime contra a Humanidade, sim.
› O caso Carl von Ossietzky: jornalista, escritor e pacifista. Preso quando ganhou o Nobel
da Paz (1936). Recusou ir recebê-lo, em troca de deixar as críticas ao NSDAP. Descrédito
alemão leva à sua libertação. Morreu tuberculoso em 1938 (49 anos).
› O QUE ENSINAR? OS ‘OUTROS’ PERSEGUIDOS

› OS CIGANOS: cidadãos de 2.ª classe na Alemanha de 1933 > expulsos ou


agrupados em certos locais. Em 1938, Himmler cola-lhes uma ‘etiqueta racial’:
untermenschen (‘subhumanos’).
› Tolerância alemã esgota-se até com os ciganos sedentarizados e com emprego.
Nos países ocupados pelos nazis: classificados, registados, segregados.
Excluídos do serviço militar. Sem bens para confiscar, ou empregos…
› 1941: dos acampamentos vigiados aos campos de concentração, ou aos guetos
judaicos. Famílias sempre juntas (até nas câmaras de gás).
› O QUE ENSINAR? OS ‘OUTROS’ PERSEGUIDOS
› Forte racismo anti-cigano na vida pública > Roménia, Bulgária, Jugoslávia, Croácia.
› As experiências (mortais) do Dr. Josef Mengele com crianças ciganas, em Auschwitz.
› Violação de mulheres ciganas nos campos, por guardas e kapos (deportados que lideravam
as equipas de trabalho) > humilhação suprema diante da família. Esterilização de mulheres.
› Vítimas ciganas do Nazismo: entre ¼ e 1/3.
› Racismo anti-cigano perdura hoje na Europa!
› O QUE ENSINAR? OS ‘OUTROS’ PERSEGUIDOS
› OS HOMOSSEXUAIS: o discurso de Himmler em 18.01.37 > doença contagiosa para
7 a 10% dos homens; condenam uma ‘raça pura’ em 50 a 100 anos; grave doença
mental; fracos e cobardes; podem acabar com a Alemanha!
› Vítimas prediletas da preservação da ‘raça germânica’ (incl. Lorena e Alsácia).
› Odiados por todos nos campos. Atirados aos cães. Morreram dezenas de ‘triângulos
rosa’.
› Sujeitos a experiências médicas para reverter a ‘doença’ (hormonas). Objeto de
sátiras.
› O QUE ENSINAR? OS ‘OUTROS’ PERSEGUIDOS
› Homossexuais: libertados caso aceitassem ser castrados. Objeto de cirurgias
sádicas.
› Muitos forçados a integrar a divisão disciplinar de Oskar Dirlewanger (SS, 36.º
divisão, encobridores de crimes nazis).
› Violados por kapos, criminosos e outros presos.
› Caso de jovem alsaciano disputado por 2 kapos: injeção de petróleo nas veias, para
‘desinfetar’.
› Lésbicas: muito menos, mas também perseguidas e usadas com prostitutas.
› O QUE ENSINAR? OS ‘OUTROS’ PERSEGUIDOS

› Homossexuais: criminalizados em França (1942) e outros países. Igreja assentiu.


› No fim da guerra: vários países recusaram reconhecê-los como vítimas (a
Áustria, p. ex., só o fez em 1994).
› De Gaulle também os tinha por «calamidade social».
› Sofreram sentenças penais até 1982.
› O QUE ENSINAR? Desumanizar para exterminar
› Jean-Michel Lecomte: as 7 etapas para transformar as outras pessoas em
testemunhas indiferentes, ou em cúmplices.
› Judeus bem integrados, era preciso evitar a desordem e as cadeias de
solidariedade.
› Fase 1, «DEFINIÇÃO»: o judeu (e não só) como ‘bode expiatório’; oposição ‘raça
judaica’ vs. ‘raça ariana’. Transformar os judeus num problema.
› Fase 2, «RECENSEAMENTO»: identificar, listar, localizar, encontrar…
› O QUE ENSINAR? Desumanizar para exterminar

› Comentários (fases 1 e 2): Lei da Cidadania do Reich (14.XI.35) ajudou (‘arianos’


vs. ‘não arianos’).
› 30.000 casais mistos na Alemanha: problema! Aplicação arbitrária. Cf. Victor
Klemperer, casado com não judia, depois escondido nas ruínas dos
bombardeamentos em Dresden.
› «Teoria da emancipação»: antes de 1918, os judeus já não se misturavam com os
Alemães. Após 1918: conspiração e sedução das mulheres germânicas!
› O QUE ENSINAR? Desumanizar para exterminar
› Fase 3, «DESIGNAÇÃO»: indicar à população quem são os judeus > braçadeira ou estrela de David
(19.IX.41). Lojas/oficinas: ainda antes.
› Humilhação e perseguição mais fáceis e normais.
› 1.IV.33: SA tentam boicote aos serviços judaicos, mas o povo não adere > há que aplanar o caminho!
Noite de Cristal (1938) ajudou (91 judeus mortos e muitos feridos, 191 sinagogas incendiadas, 7.500
lojas saqueadas, 30.000 judeus levados para campos). Popul. alemão em 1933: não antisemita!
› O nome «Sara» / «Israel». O «J» no passaporte (pedido da Suíça). O amarelo: peste, quarentena: I.
Média: cor da inveja, da raiva e do mal no sangue.
› Signos distintivos dos judeus
› O QUE ENSINAR? Desumanizar para exterminar
› Fase 4, «RESTRIÇÕES E CONFISCOS DE BENS»: mais fácil com individuais e com
pequenas empresas; pilhagens (obras de arte, peles, dinheiro, imóveis), cortes
(reformas, benefícios sociais).
› Fase 5, «EXCLUSÃO»: certas profissões, certos locais (ex: edifícios e transportes
públicos). Racionamento limitado, recolher obrigatório, proibição de acesso a certos
bairros…
› Comentários (fases 4 e 5): ameaça da conspiração internacional judaica; arianização
de empresas e bens móveis; afastar judeus da convivência social e da cultura; isolá-
los politicamente…
› O QUE ENSINAR? Desumanizar para exterminar
› Fase 6, «ISOLAMENTO SISTEMÁTICO»: internamento em campos; criação de
guetos (em áreas danificadas e apinhadas, propensas à fome e à doença) >
desaparecimento natural. Discriminação mais rápida nos territórios ocupados
(Polónia!).
› Medidas também para alemães e nacionais dos países ocupados: não vender ou falar
aos judeus > quando desaparecessem, nem se notaria!
«O homem das mudanças de repente está à minha frente na Rua Freiberger, toma a
minha mão entre as dele e sussurra: ‘Não se deixe abater, professor! Estes tipos
malvados em breve terão a sua conta’. Aqueceu-me o coração, mas se fosse
escutado pela pessoa errada, o meu interlocutor acabaria na prisão e eu perderia a
vida no campo de concentração de Auschwitz».

«Não nos era permitido ter contactos sociais com não judeus.
Certo dia, lembro-me, um jovem alemão (um amigo …) veio buscar-me à escola para me
acompanhar a casa. Íamos a meio do caminho quando fomos subitamente parados por um
agente da Gestapo. Aproximou-se do meu Amigo. Devíamos ter uns 16 anos. Não ouvi
exactamente o que ele lhe disse, mas percebi que estava a falar de forma áspera. Convocou o
pai dele para comparecer na sede da Gestapo e avisou-o que, caso o filho fosse novamente
avistado com um judeu ou uma judia, ele e o filho seriam enviados para um campo de
concentração».
[VICTOR KLEMPERER, alemão de família judia. Filólogo demitido da Universidade de
Dresden em 1935, Sobrevivente do Holocausto].
› O QUE ENSINAR? O extermínio (os guetos)
› Fase 7, «EXTERMÍNIO»:
a) Os GUETOS: sistema entre o isolamento e o extermínio. De início zonas abertas, aos
poucos são encerradas (não judeus: obrigados a sair) e muradas (Varsóvia: out.º 1940).
Judeus precisam de ‘vistos’ para sair. Primeiros: no E e NE da Europa, para alemães e
polacos (antes dos campos de concentração).
Direção dos guetos: Conselho Judaico (Judenrat) nomeado pelos ocupantes. Força
policial judaica obrigava a cumprir as ordens alemãs e tentava organizar alguma
assistência social.
› O QUE ENSINAR? O extermínio nos guetos

› Vida no gueto: muito difícil > 25 pax/quarto, descanso por turnos; ruas
apinhadas, muita fome, tifo, frio, mendicidade alarmante… um microcosmo (com
virtuosos e com viciados: crápulas, ladrões, contrabandistas, prostitutas, bufos…).
Algum mercado negro com o exterior.
› Condições sanitárias e apoio médico horríveis (sem medicamentos). Mortos
lançados pelas ruas (s/. verba para funeral). Desumanização gradual > pessoas-
farrapos.
› Sobreviver no gueto de Varsóvia

O gueto em 1941 Destruição pelos Alemães, 1945)

Cenas do quotidiano
O uso da braçadeira
› O QUE ENSINAR? O extermínio nos guetos
› 1942: população ainda enorme nos guetos (países ocupados, crianças) > início das «Aktionem»:
centenas ou milhares de pessoas em vagões de gado rumo aos campos de extermínio.
› As críticas aos Conselhos Judaicos, por colaboracionismo e ‘aceitação passiva’. Certos presidentes
agem como ditadores (v. Lodz). Falta de escrúpulos (tráfico de empregos ou isenções). N.B.: guetos não
abrigam comunidades unidas, há não judeus e ateus.
› 1943: revolta no gueto de Varsóvia (já só tinha 75 mil dos 500 mil habs.). Muitas atitudes dignas e
complexas, contra a desumanização; cf. Emmanuel Ringelblum (arquivos do gueto, que se opôs ao
Conselho Judaico).
ADAM CZERNIAKÓW: Vice-Presidente do Conselho Judaico do gueto de
Varsóvia. Inflexível, também ajudou muita gente fraca. Acabou por se suicidar em
1942, na tarde em que percebeu que não tinha condições para impedir o início do
transporte de milhares de pessoas do gueto para Treblinka…

EMMANUEL RINGELBLUM
(1900-1944), registo da vida no gueto
de Varsóvia (cartas, depoimentos, posters
(guardado em latas de leite e em caixas de
metal enterradas).
Lata de leite)

JANUSZ KORCZAK: Médico pediatra, pedagogo,


escritor infantil, ativista social. Recusou deixar as ‘suas’
crianças do gueto de Varsóvia partir sem ele para
Treblinka, decidindo acompanhá-las. Foi assassinado
neste campo de extermínio em agosto de 1942. 0
› O QUE ENSINAR? O extermínio: a «solução final»
› 31.VII.1941: carta de Göring a Heydrich, ordenando-lhe que, em complemento das tarefas atribuídas em
1939 (resolver a ‘questão judaica’ via emigração ou evacuação), faça os preparativos necessários e um
plano geral para uma «solução final para a questão judaica» (Endlösung der Judenfrage).

› 20.01.1942: Conferência de Wannsee (ata com 30 cópias) enuncia várias hipóteses: fuzilamento;
camiões de gás. Só mais tarde foram inventadas as câmaras de gás. Estimativa: eliminar 11 milhões de
judeus (incluindo os dos territórios ainda não ocupados)!

› Ordena-se mobilização dos judeus do E, para serem enviados em grandes colunas para construir
estradas, permitindo reduzir assim o seu número; para os sobreviventes: aplicar «tratamento
adequado» (eram os mais resistentes e o germen de uma nova e robusta linhagem judaica)…
› Casa – Museu da Conferência de Wannsee (20.jan.º.42: «Solução final»)

Casa de campo «am Grössen Wannsee»,


nos arredores de Berlim
Lago Wannsee: sala de conferências
15 participantes (8 deles com
doutoramentos),
liderados por R. Heydrich,
decidiram
a «Solução final».

(foto de James G. Howes, 1995)


› O QUE ENSINAR? Extermínio pelos Einsatzgruppen
b) os EINSATZGRUPPEN: corpos de intervenção formados por c. 3.000 agentes das
SS e oficiais de polícia (+ reservistas e auxiliares das terras ocupadas).
Moviam-se atrás da linha da frente dos seus exércitos e, em coordenação com
estes, faziam razias. Atos bárbaros por pessoas comuns, não necessariamente nazis.
Primeiro só homens, depois os Einsatzgruppen matavam todos os judeus e
‘comissários políticos’.
Massacre mais famoso: Babi Yar (c. Kiev, Ucrânia); 33.771 mortos, lançados do alto
de ravina.
› O QUE ENSINAR? Extermínio pelos Einsatzgruppen
› Estimativa de Raul Hilberg: mais de 700.000 vítimas dos Einsatzgruppen até 1942.
› Com os campos: passam a outra função > reunir judeus e formar as caravanas para
vagões.

Vítimas ucranianas, Massacre de Polacos


(1941) (1939?)
› Einsatzgruppen

Civis lituanos e soldados alemães


assistem
e aplaudem o massacre
de 68 judeus na ‘garagem de
Lietükis’ (Kaunas, Lituânia)
em junho de 1941.
Mapa enviado em 31-01-42 por Franz
Stahlecker a Heydrich, assinalando
1941 vitimas judaicas no Báltico
› O QUE ENSINAR? Morrer nos campos de concentração
c) OS CAMPOS DE CONCENTRAÇÃO: cada um tinha as suas características próprias (local,
tamanho, tipo de trabalho, datas, etc.).
Cercados por 2 ou 3 vedações de arame farpado (em geral eletrificado), com torres de vigia e
guardas com metralhadoras dia e noite. Um só portão com dísticos: «Arbeit macht Frei» («O
trabalho liberta»); «Jeden das Seine» («Cada qual tem o que merece»).
À chegada: área de quarentena (quarto, cabana, tenda) > despidos, duche, desinfeção,
cabelo rapado, registo e tatuagem. Do pijama «às riscas» às roupas esfarrapadas. Números
baixos: veteranos (regalias?).
› O QUE ENSINAR? Morrer nos campos de concentração
› Envio para um Bloco e inclusão num kommando (equipa de deportados). O Bloco:
grupo de cabanas de madeira, com andares de beliches; apinhados (dormir de lado!);
colchão de palha, ou nada; às vezes um cobertor. Sem WC (e à noite proibidos de ir
às latrinas). Diretor: um Eltern (mais velho) escolhido pelos guardas.

› Os kommandos: grupos de trabalho, permanente ou temporários. Crucial: a


personalidade do «Kapo» (líder de grupo). Por vezes: instruídos de manhã para
regressar ao fim do dia com um certo número de mortos, à sua escolha…
› O QUE ENSINAR? Morrer nos campos de concentração

› Sobreviver: ter boa relação com o Kapo, nem que fosse à custa de outros
presos (prostituição masculina e feminina). Os mais odiados: judeus e
homossexuais.
› No exterior: algum apoio (ex: naco de carne).
› Memórias da Dra. Lúcia Adelsberger: o suplício da fome torna as pessoas más.
› Lutas entre presos encorajadas.
› Risco de mortalidade: aterrador, mas ainda assim insuficiente para os nazis!
Bergen Belsen, 1945.
Corpos empilhados no exterior Barracão de ‘enfermaria’
(Sachsenhausen)
Torre de vigia
(Buchenwald)

Mauthausen
1942 Gross Rosen (Polónia)
(escada da
morte)
› O QUE ENSINAR? Morrer nos campos de concentração
› As fardas: triângulo verde para criminosos comuns; vermelho para presos políticos; preto
para os ‘a-sociais’; castanho para ciganos; azul para apátridas; rosa para homossexuais;
púrpura para Jeovás. Predominante: triângulo amarelo para os Judeus.
› Fome: calorias calculadas para não se sobreviver! Caminhadas, trabalho árduo,
espancamentos > deixam de pensar e falar!
› Luta pela sobrevivência: conservar o que se possui: roupa, sapatos, tigela, colher, pão…
Tentar obter suplementos de qualquer maneira possível.
› Tabela de cores dos
triângulos dos prisioneiros
› O QUE ENSINAR? Morrer nos campos de concentração
› O ritmo diário inalterável: levantar, limpar o Bloco, café e pão do dia, higiene básica,
lenta chamada no pátio (pelo n.º, demorada, ao frio).
› Os «kommandos» no trabalho: colunas ao som de orquestra de deportados. 8 a 9
horas no inverno, 10 a 12 no verão. Intervalo: só sopa.
› À noite: nova chamada e regresso aos Blocos.
› Funções mais leves: enfermaria, cozinha, auxiliares.
› Nem todos os guardas (SS, Kapos) eram monstros. Muitos apoiaram o sistema
apenas para sobreviver.
› REDE DOS CAMPOS NAZIS NO HOLOCAUSTO
› O QUE ENSINAR? Campos de extermínio

d) OS CAMPOS DE EXTERMÍNIO: Construção dos 6 campos de extermínio em


massa. Genocídio organizado e sistemático (v. Treblinka: gaseamento da maioria dos
450 mil sobreviventes do gueto de Varsóvia, demolido após os motins).
Indústria da morte em 6 campos, isolados (Chelmno) ou num grande complexo
(Auschwitz II). Camuflados. Expulsão da população vizinha, mas o fumo e o cheiro
denunciavam; além dos comboios: chegavam cheios e regressavam vazios (Treblinka)...
› Auschwitz

Portão de entrada
com o dístico:
«O trabalho
liberta»

Tatuagem de interno Farda de deportado judeu


› O QUE ENSINAR? Campos de extermínio
› Seleção rápida e arbitrária, à saída dos vagões: separar por género (crianças com as
mulheres), passar diante de SS e médico, inspeção breve.
› De um lado: grupo pequeno (homens saudáveis entre 16 e 50 anos) e algumas
mulheres > para campos de trabalho ou «Sonderkommandos» (grupos especiais) dos
campos de extermínio.
› Do outro lado: vasta maioria (idosos, mulheres, crianças). Os feridos, doentes e
crianças sem companhia: de camião para o ‘hospital’, onde eram abatidos; restantes:
gaseados.
Seleção de judeus húngaros
à chegada a Auschwitz, 1944

Gémeos judeus usados


em
Deportações do gueto de
experiências ‘médicas’
Varsóvia para Treblinka, 1942
por Josef Mengele
(Auschwitz)
› O QUE ENSINAR? Campos de extermínio
› 2.ª seleção: no interior do campo, para reduzir o n.º de presos e escoar os ‘não qualificados’
(no campo, no Bloco, na enfermaria). As injeções com fenol e os gaseamentos.
› Testemunho de Denise Holstein (sobrevivente do último comboio francês para Auschwitz):
foi avisada por deportado para não levar nenhuma criança abandonada pela mão…
› O rumor (falso) de que os corpos dos judeus gaseados eram transformados em sabão.
› Dr. Robert Lévy (enfermaria de Auschwitz): mentir aos que iam ser eliminados; choros,
rezas, medo de sofrer, cartas de despedida nunca entregues…
› Denise Holstein
Sobrevivente de Auschwitz e Bergen-Belsen
(julho 1944-abril 1945)

n. Rouen, 1927
Autora do testemunho:
«Je ne vous oublierai jamais,
mes enfants d’Auschwitz»
Carta de repatriamento de Denise Holstein
› O QUE ENSINAR? Campos de extermínio
› Necessidade de método de extermínio mais rápido, barato, seguro e menos
perturbador. Bala e fenol: individual, demorado e caro!
› Desde 1918-19: sentimento pró-eutanásia na Alemanha. 1933: Hitler dá aos médicos
poderes para administrar morte misericordiosa aos incuráveis > livrar da ‘raça’ inferior,
incluindo Trissomia 21, edemas cerebrais, crânios disformes, paralisia cerebral,
deformações…
› Centros de eutanásia: com câmara de gás para doentes senis, neurológicos,
hospitalizados há mais de 5 anos, criminosos dementes. Monóxido de carbono.
Genocídio silencioso e gradualmente alargado aos territórios ocupados.
› O QUE ENSINAR? Campos de extermínio

› 1941-1945: operação «14f13» > ceifar população dos campos de concentração:


insanos, judeus, em centros de eutanásia, após breve exame por um ‘psiquiatra’.

› De início: as carrinhas de gás com traseira estanque e tubo de escape virado


para dentro; experiências em Chelmno (8.XII.41), com judeus. Presos nus, motor a
trabalhar, passeio num bosque > morte de todos em 10 a 15 min. Depois:
«kommandos» descarregavam e lançavam os corpos em valas atrás do bosque.
› O QUE ENSINAR Campos de extermínio
› Empresa Saurer ajuda a aperfeiçoar o processo: mais pessoas = menos ar; buraco central na traseira
para escoar dejetos no final.
› Rudolf Höß (comandante em Auschwitz), teve em fins de 1941 a ideia de usar o Zyklon B (anti-vermes
agrícolas), por ser mais eficaz e rápido.
› Testemunho de R. Vrba e F. Wetzler (fugitivos de Auschwitz): ala B > despir para duche > sabão e toalha
> empurrados para a câmara de gás > até 2.000 pessoas em pé (tiros para forçar a entrada) > fecho do
portão > espera (subir temperatura) > guardas SS no telhado, com máscara > abertura de orifício e
despejo de latas de Zyklon B (inseticida).
Rudolf Höß com¨Richard Baer
e Josef Mengele (Auschwitz,
1944)
Rudolf Höß (1901-1947),
comandante supremo das SS
em Auschwitz em 1941-43
(julgado em
Nuremberga, 1945, e na
Polónia, em 1947)
Patíbulo onde Rudolf Höß foi
executado, em 16.IV. 1947 (em Auschwitz)
› O QUE ENSINAR? Campos de extermínio
› Zyklon B à base de cianeto torna-se gás a certa temperatura > todos mortos em 3 ou 4
minutos.
› Abertura e ventilação da sala. A seguir, os «Sonderkommandos» transportam cadáveres em
carros de mão para incineração nos fornos.
› Cremação = ponto final da desumanização: destruição de docs. para roubar identidade
superada pela destruição dos corpos sem ritual. Apenas cinzas, lançadas ao rio ou no solo.
› 1.ª época do extermínio massivo: corpos em valas, em camadas com terra no meio; gasolina
ao 1.º nível e fogo. Mas corpos não desapareciam 100%!
› O QUE ENSINAR? Campos de extermínio
› Himmler não queria vestígios para os Russos verem > restos das valas levados
(por judeus) para incineração em fornos.
› À entrada nas câmaras de gás: diziam para fixar o local da roupa e prometiam chá
após o duche! 20 guardas e oficiais para 2.000 pessoas: forçar a entrada rápida
para evitar revolta. Instintos sádicos: lançar crianças à parede, cães SS arrancam
órgãos sexuais…
› Muito poucos alemães neste campos (tb lituanos, ucranianos, auxiliares). Nenhum
executava o gaseamento ou a cremação. Mas matavam os doentes e as crianças
sós, no ‘hospital’.
› AUSCHWITZ

(lata de gás Zyklon B)

(câmara de gás) (fornos crematórios)

(dormitório)

Blocos habitacionais)

(sapatos dos
deportados)
(latrinas coletivas)
› O QUE ENSINAR? Campos de extermínio
› Trabalho sujo: para os Sonderkommandos, isolados em Blocos isolados: comida farta, bebidas >
cortavam cabelo antes do gás, recolhiam os corpos e levavam para os fornos, limpavam a câmara,
extraíam os dentes de ouro, colocavam os corpos no forno, moíam os ossos, metiam cinzas em sacas,
espalhavam…
› Eram todos judeus, e sabiam o que os esperava! Várias fases de reação: revolta (mortos ou suicídio
nos fornos); apatia-autómatos (muito álcool). Abatidos ao fim de algumas semanas, no ‘hospital’, com
bala na nuca para não organizarem revolta.
› Os que escaparam: torpor (simulado ou não), indiferença. Testemunho de Simon Srebnic, em Chelmno
aos 13 anos (1944): era normal ver mortos!
› O QUE ENSINAR? Reações internacionais
› 1939: a Agência Judaica (sionista) concorda que a Yishuv (comunidade jud. da Palestina)
importe muitos produtos alemães se, em troca, a Alemanha permitir a emigração de 60.000
judeus para a Palestina. Mas muitos judeus europeus (incl. Adam Czerniaków) criticam > não
percebem o risco que correm!
› Inglaterra (responsável na Soc. Nações pelas questões palestinas tenta circunscrever as
tentativas de povoamento judaico): Livro Branco (1939) limita drasticamente o n.º de novos
emigrantes a entrar na Palestina…
› O QUE ENSINAR? Reações internacionais
› Julho 1938: Conferência internacional sobre refugiados, em Évian: não se
encontram nações de acolhimento e reconhece-se o direito da Alemanha a fazer o que
quiser com os seus cidadãos.

› Chaim Weizmann (1.º Presidente de Israel, em 1948-52):


«O Mundo parece dividido em duas partes:
- uma onde os judeus não podem viver
- e outra onde os judeus não são admitidos».
› O QUE ENSINAR? Reações internacionais
› Durante a guerra e a destruição: em 8.VIII.42, Gerhardt Riegner (delegado no Congr. Mundial Judaico na
Suíça) escreve ao MNE britânico e ao Presidente do Congr. Mundial Judaico: alarme com notícia dos
planos de Hitler para deportar para leste e exterminar 3,5 a 4 milhões de judeus dos territórios
ocupados/controlados pela Alemanha. A concretizar em outubro, com ácido prússico!
› Já tinham então morrido mais de 100.000 judeus em Varsóvia. Auschwitz já funcionava. Britânicos
tinham intercetado mensagens alemãs e sabiam dos massacres do verão 1941. Autoridades
francesas: notificadas pelo embaixador na Roménia (nov. 41)!
› O QUE ENSINAR? Reações internacionais
› Jan Karski (Lodz 1914-Washington 2000), representante do governo polaco no exílio: viaja incógnito e
penetra no gueto de Varsóvia > relatórios para Londres e Washington geram indiferença.
› Inglaterra recusa 2 vezes as ofertas nazis para troca de judeus > sacrificaram 60.000 judeus
refugiados na Bulgária e 200.000 judeus húngaros (1944).
› Cruz Vermelha: informada cedo, optou por não falar. Igreja Católica (forte na Polónia): atitude algo
complacente, tipo Papa Pio XII. Sentimentos antissemitas e afinidade com Alemanha abafam a
indignação.
› O QUE ENSINAR? Reações internacionais
› Conclusão: o Mudo inteiro sabia (embora sem detalhes) desde 1941-42!
› 1943-44: condenações formais e ameaças de sanção, mas a maioria dos massacres
já ocorrera. E.U.A. recusam bombardear os campos de morte (não eram prioridade
militar).
› Passividade? Sim, mas não dos judeus europeus, apanhados numa armadilha.
› Muitas culpas do resto do Mundo: passividade de aliados, diáspora judaica,
Palestina…
› O QUE ENSINAR? Resistência?
› Rudolf Vrba: resistência em Auschwitz não podia ser como em Dachau e outros campos.
Resistência devia ter-se concentrado em destruir a maquinaria de morte em massa,
mesmo com suicídio. Mas os Aliados concluíram outra coisa: desde 1943, o extermínio
dos judeus, embora inacabado, era um dado adquirido!

(cf. filme de Claude Lanzmann, «Shoah», 1985)


› O QUE ENSINAR? Resistência (países)
› ALEMANHA: muitos intelectuais e líderes de esquerda que não estavam presos ou
mortos tinham emigrado. Financeiros e industriais receberam parte dos bens dos judeus e
livraram-se da pseudo-ameaça socialista.
› Só se podia ter evitado a matança por necessidade de mais mão de obra escrava para as
indústrias química e de armamento. Mas Himmler deu prioridade à «questão judaica».
› Poucos atos de resistência (sermões, artigos e líderes protestantes). Todos sujeitos a
denúncia.
› O QUE ENSINAR? Resistência (países)
› Jovens ativistas românticos e com pouca organização = condenados ao fracasso. Cf.
«Weiße Rose», fundada a VII.1942, em Munique, com inspiração católica: Sophie e Hans
Scholl, Alexander Schmorell, guilhotinados pela Gestapo em 1943.
› Panfletos nas caixas do correio (aviões aliados lançaram milhões a partir de Inglaterra).
› Dentro da máquina militar alemã: com o início dos reveses (1943), deu-se a tentativa de
assassinato de Hitler, que fracassou
› Redes de judeus alemães e austríacos: esconderijos, documento falsos. Laços pessoais
e profissionais fortes. N.º surpreendente de sobreviventes.
› O QUE ENSINAR? Resistência (países)
› POLÓNIA: o país mais martirizado. 1926-1935: regime autoritário, nacionalista e anti-
soviético do General Pilsudski.
› População rural: católica, antissemita, desconfiada da Alemanha e hostil à URSS. Judeus:
odiados, mas integrados (cidades).
› Capitulação ao fim de 1 mês de guerra. Aliados deram tempo a Hitler!
› Atitude dos Polacos: sem governo fantoche nem colaboracionismo. Ultranacionalismo e
Catolicismo levava a isso. Aristocracia e intelectuais = aniquilação.
› Gueto de Varsóvia: em fins 42/iníc. 43, contactos entre as jovens Resistências Judaica e
Polaca > armas, revolta. Judeus vistos como aliados durante a rebelião.
› O QUE ENSINAR? Resistência (países)
› FRANÇA: Hitler tirou partido da lentidão militar inicial francesa. As 5 zonas: Alsácia e Lorena (ocupadas);
Norte (anexado à Bélgica ocupada); Paris e arredores (ocupado); zona livre (governo de Vichy); zona
alpina (fascistas italianos).
› Philippe Pétain (Vichy): os judeus como «uma escória»; oferta do registo dos judeus; polícia francesa:
estrela amarela e campos para oposição e ciganos; razia em Paris («Vel d’Hiv.», 1943).
› Colaboracionismo, a todos os níveis. Sobreviver!
› 1942. Resistência francesa > o «maquis» (zona de Grenoble); coordenação externa: Gen. De Gaulle.
Participação de muitos judeus. Armas, sabotagens, fugas (Espanha, Itália) ‘a salto’.
› O QUE ENSINAR? Resistência (países)
› URSS e ´PAÍSES BÁLTICOS: forte povoamento judaico, muito antigo (cf. Vilnius), os
«shtetl» (bairros).
› 1941: ofensiva alemã a leste > massacres pelos Einsatzgruppen. Também muitas
vítimas russas, não judaicas.
› Lituanos e Ucranianos: kapos ferozes!
› Na Conferência de Wannsee (20.01.42): Estónia já «Judenfrei»; só 34.000 na
Lituânia (guetos de Vilnius e Kaunas). Poucos chegaram aos campos: a maioria foi
massacrada no local.
› O QUE ENSINAR? Resistência (países)
› DINAMARCA, NORUEGA E FINLÂNDIA: a Dinamarca protegeu os seus judeus com
enorme convicção e empenho (família real à cabeça) > redes para esconder judeus,
reunião de fundos, transporte de noite para a Suécia em barcos de pesca.
› Noruega: muitos conseguem chegar a Suécia, apesar do colaboracionismo fantoche
de Vidkun Quisling (fundador da União Nacional, fascista, em 1933, chefe do governo
fantoche 1942-45).
› Finlândia: quase poupada (longe, pouca gente).
› O QUE ENSINAR? Resistência (países)
› PAÍSES NEUTROS: SUÍÇA tinha muitos depósitos alemães (ações, obrigações, dinheiro e ouro
pilhados aos judeus). Tentou fechar fronteira durante a guerra. Não deram asilo político aos judeus por
perseguição racial. Repatriaram quase 10.000 para França após o Vel d’Hiv (1943).

› SUÉCIA abriu fronteiras a judeus dinamarqueses e noruegueses em fuga. Diplomatas fizeram convites
de exilio e emissão de passaportes suecos. Ação heroica do diplomata Raoul Wallenberg (1912-
1947), que salvou dezenas de milhar de judeus húngaros!
› O QUE ENSINAR? Resistência (países)
› TURQUIA: preocupada com os «seus» judeus na europa (em especial na França).
Conseguiram repatriar 400 jovens, entre fev.º e maio de 1944. Outros 900 escaparam via
Espanha ou Itália.
› PAÍSES IBÉRICOS: regimes ditatoriais, muito católicos, fecharam os olhos ao trânsito de
refugiados judeus, ou de resistentes. Portugal usou a influência diplomática a favor de certas
comunidades. O exemplo do cônsul em Bordéus, Aristides de Sousa Mendes. Espanha:
mais comprometida com a Alemanha (ex: apoio aéreo em Guernica, IV.1937) não quis
salvar 600 judeus espanhóis presos no gueto de Salonica (deportação com os judeus gregos).
› VÍTIMAS E SOBREVIVENTES
País Vítimas Sobreviventes
Albânia 200 200
Alemanha 160 000 330 000
Áustria 65 000 7 000
Bélgica 28 518 36 082
Bulgária - 50 000
Checoslováquia 217 000 44 000
Dinamarca 77 5 500
Estados Bálticos 224 000 25 000
Finlândia 11 2 000
França 83 000 200 000
Grécia 69 481 12 007 (in Jean-Michel
Holanda 106 000 20 000
Lecomte, 2007,
Hungria 260 000 300 000
Itália 8 000 35 000
pp. 145-174)
Jugoslávia 67 122 12 000
Luxemburgo 700 1 000
Noruega 728 1 000
Polónia 3 000 000 225 000
Roménia 469 632 430 000
União Soviética 1 000 000 300 000

TOTAL 5 759 469 2 035 789


› O QUE ENSINAR? Reação judaica (Alemanha)

› Antes de 1933: judeus alemães não percebem a ameaça. Antes da Noite de Cristal
(38): não perceberam a sua natureza.
› Alto nível de integração tornava impensável o que aconteceu. Tinham ajudado a construir
a Alemanha e gozavam de prestígio na cultura, artes e ciência. Achavam o ódio de Hitler
ridículo.
› Baixo número de sionistas. Acreditavam que o perigo ia passar.
› Intelectuais emigram depressa. Banqueiros e industriais sentiam-se protegidos. Quem
não tinha bens: fica encurralado!
› Surpresa: 100% alemães mas tidos como judeus. Perceção da realidade: tarde demais.
› O QUE ENSINAR? Reação judaica (Europa)

› Entre a passividade coletiva e a resistência heroica. Entre 1933 e 1949: só 300.000 judeus
conseguiram emigrar (dificuldades financeiras, restrições internacionais, tradição da diáspora).
› Nazis souberam explorar a tradição do «shtadlanut» (escolha porta-voz) > docilidade
coletiva até ao limite da cooperação (listas, etc.) Ilusão de que estes arranjos compensariam.
› Judenräte nos guetos e organizações nacionais nas terras ocupadas = únicos interlocutores
reconhecidos pelos Alemães.
› O QUE ENSINAR? Reação judaica (Europa)
› Pouca resistência ‘a sério’ até final de 1942. passar à resistência ativa = risco para
toda a comunidade.
› O dilema de Adam Czerniaków no gueto de Varsóvia: recusa em assinar petição
(300.000 para Treblinka) levou-o ao suicídio após a partida do 1.º comboio (c. 6.000
deportados).
› Judeus adversários do Judenrat de Varsóvia optam por evitar resistência ativa, para
salvar a maioria dos habitantes do gueto de um massacre.
› O QUE ENSINAR? Reação judaica (Europa)

› O caso de Emmanuel Ringelblum (1900-44), em Varsóvia: historiador, membro da


Ajuda Social Judia, dirigiu a Oyneg Shabbos: registo da vida no gueto. Fugiu mas
foi caçado e executado com a família de acolhimento (7.III.44).
› Opôs-se à atitude conciliatória de Czerniaków e perguntou por que não
resistiam, em vez de serem ovelhas num matadouro? Só 50 SS, 200 guardas
ucranianos e 200 letões deportaram 300.000 para Treblinka!
› Resposta; falta de unidade; desespero ainda não era total; ilusão de serem
imprescindíveis.
› O QUE ENSINAR? Reação judaica (Europa)
› Revolta só ocorreu na parte final da guerra. A implementação da «solução final» (1942) foi
tão rápida que os judeus europeus foram ultrapassados pelos acontecimentos.
› Cf. declarações de Erich von dem Bach, chefe supremo da Polícia e SS na Rússia Central,
líder dos massacres de 1941: judeus estavam muito mal organizados, apanhados de
surpresa. Podiam ter-se salvo! Empresas não quiserem abdicar dos seus bens. Tinham amor
ao lar e estavam habituados a pogroms na Rússia. Ao fim do 1.º massacre, pensaram que
tinha acabado e regressaram…
Erich von dem Bach-Zelewski
(1899-1972)
(Unger, Budesarchiv Bild)

Obergruppenführer das SS, foi chefe da polícia anti-partisans.


Comandou represálias após a revolta de Varsóvia, em 1944. Não foi
indiciado nos Julgamentos de Nuremberga, tendo sido usado como
testemunha de acusação! Acabou por morrer na prisão, em 1972,
indiciado a posteriori por assassinatos políticos cometidos antes da
guerra.
› O QUE ENSINAR? Reação judaica (Palestina)
› Grande variação de cenário para cenário.
› Na Palestina: todos sionistas (# diáspora), mas com diferenças: radicais religiosos;
extremistas políticos ou militares obcecados com domínio do território árabes;
adeptos de estilo de vida e de produção à maneira socialista (e da cooperação com
os Árabes).
› Sefarditas: viviam pacificamente nas áreas muçulmanas como ‘cidadãos de
segunda’, mas muito integrados: ruas vizinhas, festas conjuntas, vida quotidiana,
etc.
› O QUE ENSINAR? Reação judaica (E.U.A.)

› Grande comunidade judaica nos E.U.A.: emigrados do NE da Europa e fins do séc.


XIX/inícios de XX (pogroms na Rússia). Disparidade: hs. de negócio, empresários
dinâmicos. Tornam-se americanos típicos!
› Alguns opuseram-se à entrada na guerra.
› Ortodoxos: mais fechados em comunidades judaicas genuínas. Classe média:
falava yiddish e formavam shtetls dedicadas ao comércio
› Intelectuais: alguns tinham rejeitado o Judaísmo; papel cultural ativo; casais mistos.
› O QUE ENSINAR? Reação judaica (diáspora)
› Nem o Congresso Mundial Judaico podia dizer que representava toda a διáσπορα
(«dispersão»)!
› Emissários dialogavam com Washington e Londres, mas sem grande efeito, meras
declarações de intenção.
› O que se podia fazer: votar moções no Congresso; tentar pressões, usar influências.
› Conclusão: durante o Holocausto, a diáspora mostrou-se «simultaneamente receosa e
excessivamente formal, escandalizada, não preocupada, impotente e resignada» (Jean-
Michel Lecomte, 2007, p. 187).
› O QUE ENSINAR? OS JUSTOS

› Os que ajudaram o povo judaico muitas vezes, com risco da própria vida: esconder
pessoas, redes de fuga, emissão de documentos falsos, adotar crianças (provisoriamente),
levar à fronteira…
› O Mundo não abandonou totalmente os judeus à sua sorte: apoios, conforto, atos bondosos
(mesmo alguns alemães em Auschwitz).
› Homenagens a partir de 1953. Condições para ser «Justo entre as Nações»: i) consciência
do risco; ii) sem recompensa material; iii) tudo provado. Homenagem no seu próprio país,
perante representante de Israel. Estatuto individual, mas uma comunidade com muitos casos
também era «justa».
› O QUE ENSINAR? OS JUSTOS

› O caso do município francês de Le Chambon-sur-Lignon, cidade huguenote


(protestantes franceses nas guerras religiosas do séc. XVI), a SW de Lyon. Líder =
pastor local (André Trocmé) e esposa Magda. Salvaram 3 a 5 mil judeus
(escondidos em casas e quintas). O primo Daniel acabou em Buchenwald.
› Entre 1953 e 1998 = 16.000 pessoas reconhecidas no Mundo como «justas».
› Mas muitos gestos foram anónimos e não puderam ter reconhecimento formal.
› Le Chambon-sur-Lignon
«Comunidade justa»

Eric Schwam, judeu austríaco, refugiou-se aqui com a família, em 1943.


Faleceu em dez.º 2020, com 90 anos, deixando em testamento uma grande
quantia à comunidade que os salvou da morte certa.
› O QUE ENSINAR? A LIBERTAÇÃO
› Antes da libertação dos campos de extermínio, os nazis tentaram ocultar o máximo de
vestígios: destruição de equipamentos, plantação de relva ou de pinhal, queima de arquivos,
instalação de quintas.
› Corpos desenterrados pelos «Sonderkommandos 1005» entre março de 43 e jan.º de 45:
8.400.000 em Treblinka, 600.000 em Belzec, 360.000 em Chelmno, 250.000 em Sobibór.
› Em Auschwitz-Birkenau (o último a parar): em out.º de 1944 houve uma revolta, com incêndio
do crematório III. Em nov.º, Himmler mandou desmantelar as câmara de gás e fornos.
› O QUE ENSINAR? A LIBERTAÇÃO

‘Sonderkommando 1005’ com máquina de moer ossos


Campo de concentração de Janovska, Polónia, 1943-44.
› O QUE ENSINAR? A LIBERTAÇÃO
› Ao avizinhar-se a derrota, os nazis tentaram completar o extermínio em massa
> últimas marchas e comboios de morte entre julho de 1944 e maio de 1945.
› Exacerbação de ’impulso sacrificial’?
› Libertação dos campos: Majdanek em 23.VII.44; Auschwitz em 27.01.45;
Buchenwald em 1.IV.45; Dachau em 29.IV.45; Mauthausen em 5.V.45. O último:
Theresienstadt em 9 de maio de 1945.
AUSCHWITZ: A ALEGRIA
DA LIBERTAÇÃO
IMINENTE! AUSCHWITZ (JAN.º 1945):
LIBERTAÇÃO PELO EXÉRCITO VERMELHO
› O QUE ENSINAR? BALANÇO DA TRAGÉDIA
› N.B.: muitos deportados sucumbiram depois da libertação, devido às epidemias, maus tratos e
privações sofridas.
› Massacre dos judeus na Polónia continuou: mais 1.000 mortos e 100 mil fugitivos até ao verão de
1947…
› Estimativas globais de judeus mortos:
- Raul Hilberg: 5.100.000
- Martin Gilbert: 5.700.000 (no mínimo).
› 3 categorias de mortos (Hilberg):
- nos guetos (800.000);
- a tiro em descampados (1.300.000);
- nos campos: 3 milhões (90% dos quais nos campos de extermínio, um terço em Auschwitz).
› VÍTIMAS DO HOLOCAUSTO

Segundo
Raul Hilberg
e
Sir Martin Gilbert

(in Jean-Michel
Lecomte, 2007,
p. 198)
› Dois grandes historiadores do Holocausto

Raul Hilberg (Viena 1926-


Sir Martin Gilbert
Williston 2007).
(1936-2015),
Universidade
Universidade
de Vermont (E.U.A.)
de Oxford
› O QUE ENSINAR? BALANÇO DA TRAGÉDIA
› Os números de H. Langbein para Auschwitz:
– 405.00 internados registados (escaparam à 1.ª seleção e foram inscritos e tatuados).
– Jan.º 45: Exército Vermelho regista 7.650 pessoas.
– A 6.fev.º.45: apenas 4.880 estão vivas (Cruz Verm.)
– Membros dos Sonderkommandos não registados: desconhecido (renovação regular); vários
milhares.
– Deportados gaseados logo à chegada (não internados): SS destruíram documentos, mas dois
funcionários estimaram 3 a 4 milhões!
– Após a guerra, houve alemães que estimaram 2 a 5 milhões de vítimas só em Auschwitz-Birkenau!
› O QUE ENSINAR? BALANÇO DA TRAGÉDIA
› Outras vítimas: 200 a 250 mil ciganos;
› 2 mil crianças alemãs e 17 mil adultos deficientes (+ várias centenas de milhar nas terras
ocupadas);
› dezenas de milhar de homossexuais;
› 2 a 5 mil Testemunhas de Jeová (na maioria alemães, onde havia c. 10.000 em 1933);
› centenas de milhar de opositores políticos (incluindo republicanos espanhóis internados em
França);
› milhões de soviéticos (vítimas dos Einsatzgruppen, ou gaseados nos campos de extermínio);
› sacrifício imenso de Polacos, ‘povo inferior destinado a servir os Alemães’: muito
perseguidos, em especial a elite intelectual, para não desacreditar a teoria da superioridade
germânica-ariana!
› O QUE ENSINAR? O REGRESSO
› Realidades muito diversas: família viva/morta? Casa e terras ocupadas? Ou
enraizamento no lugar de sobrevivência?
› Regresso mais fácil na Europa W e do Sul. Na Escandinávia: sobreviventes muito bem
vindos.
› 100.000 fugiram da Polónia em 1945-47; 300.00 deixaram a Europa após a guerra >
200.000 para a Palestina, 72.000 E.U.A., 16.000 Canadá. Poucos judeus alemães
regressaram a casa.
› Maioria dos exilados de 1933-39 nos E.U.A.: ficou (alguns partiram mais tarde para
Israel).
› O QUE ENSINAR? OS SILÊNCIOS
› Muito poucos regressaram com vida dos campos de extermínio. E tinham muita dificuldade em
falar. As populações, aliviadas pela paz, até preferiam não ouvir…
› A culpa lancinante dos sobreviventes: por que razão fui poupado? O que fiz para sobreviver? Que
egoísmos, pecados e ofensas cometi?
› Gente atormentada e em silêncio (em especial sobre as câmaras de gás) durante anos.
› Teorias: era forte e jovem; cria/não cria em Deus; era estúpido, rebelde, intelectual, ou irresponsável >
uma dúvida intolerável.
› O QUE ENSINAR? OS SILÊNCIOS

› Primo Levi: sobrevivia-se graças a um «conjunto de pequenas razões», a uma


sucessão de pequenos pedaços de sorte, de acontecimentos fortuitos…
› Muitos, após a guerra, só queriam era misturar-se com a multidão, voltar a ser cidadãos
normais, anónimos, não ser vistos como «judeus».
› O silêncio dos não judeus: tingido de culpa. Soldados, população civil, colaboradores,
traficantes, informadores > tentavam ser esquecidos. Idem para oficiais da polícia e
judiciais.
› O silêncio abate-se sobre a Europa!
› O QUE ENSINAR? OS SILÊNCIOS
› Historiadores (em especial judeus) põem-se em campo > uso de testemunhos
oculares; depoimentos; alguns autores nem encontram logo editor disponível (ver
Primo Levi)!
› Silêncio(s) também sobre os outros crimes: Ciganos, Jeovás, deficientes,
homossexuais, elites polacas, republicanos espanhóis, prisioneiros russos…
› Poucos países reconheceram os homossexuais como vítimas; e alguns defenderam
que a morte dos Ciganos não era genocídio.
› O QUE ENSINAR? OS TESTEMUNHOS
› Não há testemunhos completos. Cada um fala do que viu. E as recordações foram afetadas pelo que
se foi sabendo aos poucos. Alguns sobreviventes eram crianças/adolescentes e tinham recordações
vagas ou até anedóticas.
› A forma concreta do testemunhar também pode envolver algum preconceito, nunca é «pura».

› O caso de ELIE WIESEL (1928-2016), romeno, professor e novelista, ativista político, Prémio Nobel da
Paz em 1986, autor de «Noite». 57 livros para resgatar a memória do Holocausto e defender os
perseguidos. Judeu ortodoxo, sobreviveu adolescente em Auschwitz e em Buchenwald! Morreu em
Manhattan (Nova Iorque).
› LIBERTAÇÃO DE BUCHENWALD, a 1 de abril de 1945
(Elie Wiesel é o sétimo preso, na terceira fila)
(foto de H. Miller)
› O QUE ENSINAR? OS TESTEMUNHOS
› O testemunho de Elie Wiesel mistura recordações de acontecimentos que viveu com
outras que resultam dos seus sentimentos. Visão teológica e muito pessoal. Relato
sublime, lírico e tb. místico. Mas não é bem um testemunho histórico-jurídico.

Elie Wiesel,
Elie Wiesel,
(foto de David
em jovem
Shankbone,
(Chicago Public
2012).
Library)
› O QUE ENSINAR? OS TESTEMUNHOS
› PRIMO LEVI (Turim, 1919-1987): testemunho rigoroso e conciso. Evita juízos de valor
sobre os Alemães e os nazis (apesar do calafrio que sente ao falar deles). Obra
principal: «Se isto é um homem. A trégua» (1989), evoca quer o carrasco, quer a
vítima.
› Os testemunhos dos nazis:
ricos de informações
certezas (se bem filtrados).

Primo Levi
(Turim, 1919-1987)
› O QUE ENSINAR? REVISIONISMO E NEGACIONISMO
› Mais na Alemanha e Áustria, mas não só.
› O Holocausto como 1.º passo vs. Estalinismo bolchevique (simplificação grosseira).
› Objetivo de. reconstruir a consciência e a identidade nacional alemã
› Atribuição do anti-semitismo assassino quase exclusivamente à «alma alemã».
› Negacionismo em muitos países europeus (Bélgica, Suíça, França, etc.): não negam os
massacres, mas as câmaras de gás e os fornos crematórios (uma invenção!).
› O QUE ENSINAR? REVISIONISMO E NEGACIONISMO
› Negacionistas veem o Nazismo como uma ditadura normal. Usam pseudo-
argumentos científicos. Evitam as declarações claras, recorrendo a perguntas e
suscitando dúvidas e rasteiras.
› Aproveitam qualquer falha pontual num depoimento para o desacreditar em
bloco (ex: Elie Wiesel e as chamas gigantescas que atravessavam a noite). Usam
rumores para o mesmo efeito (ex: cadáveres convertidos em sabão).
› O QUE ENSINAR? REVISIONISMO E NEGACIONISMO
› Mas os testemunhos são amplamente coincidentes. E há vestígios em campos
como Treblinka (espaço útil, etc.). Além das confissões dos carrascos (que os
negacionistas dizem ter sido extorquidas).
› Primo Levi analisou as memórias de Auschwitz do comandante Rudolf Höß e
mostrou como se distinguem palavras de circunstância e confissões verdadeiras. Por
vezes, os carrascos gabam-se de detalhes que não podem ter inventado.
› O testemunho de Adolf Eichmann: quis defender-se, claro, mas não há razão para
duvidar de grande parte do que ele diz.
› CRIMINOSOS NAZIS, AUTORES DE DEPOIMENTOS
DECISIVOS PARA O ESTUDO DO HOLOCAUSTO

Rudolf Höß (1900-1946) Adolf Eichmann (1906-1962)


Comandante SS-Obersturmbannführer
em Auschwitz (em 1942)
(Polska Agencja Prasowa)

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