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Jean-Michel Lecomte
Ensinar o Holocausto no Século XXI
› Desde 1933: medidas para ajudar os judeus alemães a emigrar e para forçar os
judeus não alemães a sair > escasso sucesso, em especial na fronteira com a Polónia
(que ameaçou repatriar os judeus alemães, muito mais numerosos).
› 1933: há 520.000 judeus a viver na Alemanha. 1938 (início): já são 350.000 (morte
e emigr). 1938 (março): 540.000 (Anschluss: + 190.000).
› início da guerra (1939): 6.000 transferidos da Europa Central para o Governo
Geral da Polónia (parte ocupada, mas não integrada no Reich). 6.500 judeus
alemães e da Europa Central enviados para a França não ocupada.
› O QUE ENSINAR ? POLÍTICA DE EMIGRAÇÃO
› Anexações e manipulação direta de governos: grande aumento de judeus sob o
Reich! N.º aumenta com a invasão da Rússia (1941).
› Projeto «Madagáscar» falha devido à entrada do Japão e dos E.U.A. na guerra.
› Martin Gilbert e o n.º de judeus destinados ao extermínio a 20.01.1942:
4.745.500 nos territórios dominados pelo Eixo; 9.141.168 nas terras ocupadas
pelos Alemães, ou em que estes manipulavam os governos > 13.886.668 (36% na
URSS, 21% Ucrânia, 16,4% Polónia).
› O QUE ENSINAR? OS JUDEUS NOS SÉCS. XVIII-XX
› A diáspora judaica nos fins séc. XIX: a maioria dos judeus ocupa a yiddishland (entre a
Rússia czarista e o Império Austro-Húngaro).
› Desafios dos sécs. XVIII-XIX: modernidade e igualdade perante a lei, renúncia à discriminação
religiosa: oportunidade contra a segregação secular dos judeus!
› Respostas: da adaptação (um judaísmo moderno) à renúncia e até ateísmo (ex: Marx, Freud).
› Também houve judeus que recusaram a modernidade e restringiram a mudança ao mínimo
obrigatório, mantendo a autossegregação e a superioridade das leis religiosas.
› O QUE ENSINAR? OS JUDEUS NOS SÉCS. XVIII-XX
› Theodor Herzl (1860-1904): livro O Estado Judaico, base do Sionismo (de Monte Sião,
colina de Jerusalém). Só havia 25.000 judeus na Palestina antes de 1939-45.
› O QUE ENSINAR? OS JUDEUS NOS SÉCS. XVIII-XX
› Desde muito cedo que grupos pioneiros se instalavam na Terra Santa. Com a
Declaração Balfour (1917), em que a Inglaterra se declarou favorável à criação de
um lar nacional judaico na Palestina, o Sionismo obteve a sua 1.ª grande vitória.
› Houve apoios para criar o Estado nacional judaico, mas muitos judeus acharam
que o caminho certo não implicava um território próprio (e a globalização confirma
isso?).
› O QUE ENSINAR? OS JUDEUS NOS SÉCS. XVIII-XX
› Os factos: a ONU, em 1947, propôs um plano de partilha da Palestina em 2
Estados (judeu/árabe).
› A independência de Israel foi proclamada após a guerra civil de 1947-48: em 14-
V-1948, por David Ben Gurion (1.º ministro de Israel 1948-1953, fundador do
Partido Socialista e líder do «Sionismo Socialista»).
› A «Lei do Regresso» (1950) deu aos judeus o direito de emigrar para Israel.
› O QUE ENSINAR? A CONCENTRAÇÃO DE JUDEUS
› 20.III.1933: abre o 1.º campo de concentração, em Orianenburg (Berlim), numa
fábrica ocupada pelas SA: opositores políticos da zona e homossexuais. Trabalho
forçado, à vista da cidade.
› 4.VII.1934: SS assumem o campo, após o desmantelamento das SA. Fecho e
substituição pelo campo de Sachsenhausen (1936): 3.000 presos e 16 mortos.
› 21.III.1933: abre o 2.º campo, em Dachau (Munique).
› Fins março 1933: já há 50 campos; 1.º opositores políticos, depois judeus. SS com
imunidade criminal e judicial, execuções sumárias.
› O QUE ENSINAR? A CONCENTRAÇÃO DE JUDEUS
› Um judeu nunca podia deixar de o ser, pois era uma ‘raça’. Não tinha
regeneração possível (# comunistas, Jeovás, homossexuais). Por isso se incluiu
logo as crianças no rol de vítimas.
› O QUE ENSINAR? CAMPOS DE CONCENTRAÇÃO
«Não nos era permitido ter contactos sociais com não judeus.
Certo dia, lembro-me, um jovem alemão (um amigo …) veio buscar-me à escola para me
acompanhar a casa. Íamos a meio do caminho quando fomos subitamente parados por um
agente da Gestapo. Aproximou-se do meu Amigo. Devíamos ter uns 16 anos. Não ouvi
exactamente o que ele lhe disse, mas percebi que estava a falar de forma áspera. Convocou o
pai dele para comparecer na sede da Gestapo e avisou-o que, caso o filho fosse novamente
avistado com um judeu ou uma judia, ele e o filho seriam enviados para um campo de
concentração».
[VICTOR KLEMPERER, alemão de família judia. Filólogo demitido da Universidade de
Dresden em 1935, Sobrevivente do Holocausto].
› O QUE ENSINAR? O extermínio (os guetos)
› Fase 7, «EXTERMÍNIO»:
a) Os GUETOS: sistema entre o isolamento e o extermínio. De início zonas abertas, aos
poucos são encerradas (não judeus: obrigados a sair) e muradas (Varsóvia: out.º 1940).
Judeus precisam de ‘vistos’ para sair. Primeiros: no E e NE da Europa, para alemães e
polacos (antes dos campos de concentração).
Direção dos guetos: Conselho Judaico (Judenrat) nomeado pelos ocupantes. Força
policial judaica obrigava a cumprir as ordens alemãs e tentava organizar alguma
assistência social.
› O QUE ENSINAR? O extermínio nos guetos
› Vida no gueto: muito difícil > 25 pax/quarto, descanso por turnos; ruas
apinhadas, muita fome, tifo, frio, mendicidade alarmante… um microcosmo (com
virtuosos e com viciados: crápulas, ladrões, contrabandistas, prostitutas, bufos…).
Algum mercado negro com o exterior.
› Condições sanitárias e apoio médico horríveis (sem medicamentos). Mortos
lançados pelas ruas (s/. verba para funeral). Desumanização gradual > pessoas-
farrapos.
› Sobreviver no gueto de Varsóvia
Cenas do quotidiano
O uso da braçadeira
› O QUE ENSINAR? O extermínio nos guetos
› 1942: população ainda enorme nos guetos (países ocupados, crianças) > início das «Aktionem»:
centenas ou milhares de pessoas em vagões de gado rumo aos campos de extermínio.
› As críticas aos Conselhos Judaicos, por colaboracionismo e ‘aceitação passiva’. Certos presidentes
agem como ditadores (v. Lodz). Falta de escrúpulos (tráfico de empregos ou isenções). N.B.: guetos não
abrigam comunidades unidas, há não judeus e ateus.
› 1943: revolta no gueto de Varsóvia (já só tinha 75 mil dos 500 mil habs.). Muitas atitudes dignas e
complexas, contra a desumanização; cf. Emmanuel Ringelblum (arquivos do gueto, que se opôs ao
Conselho Judaico).
ADAM CZERNIAKÓW: Vice-Presidente do Conselho Judaico do gueto de
Varsóvia. Inflexível, também ajudou muita gente fraca. Acabou por se suicidar em
1942, na tarde em que percebeu que não tinha condições para impedir o início do
transporte de milhares de pessoas do gueto para Treblinka…
EMMANUEL RINGELBLUM
(1900-1944), registo da vida no gueto
de Varsóvia (cartas, depoimentos, posters
(guardado em latas de leite e em caixas de
metal enterradas).
Lata de leite)
› 20.01.1942: Conferência de Wannsee (ata com 30 cópias) enuncia várias hipóteses: fuzilamento;
camiões de gás. Só mais tarde foram inventadas as câmaras de gás. Estimativa: eliminar 11 milhões de
judeus (incluindo os dos territórios ainda não ocupados)!
› Ordena-se mobilização dos judeus do E, para serem enviados em grandes colunas para construir
estradas, permitindo reduzir assim o seu número; para os sobreviventes: aplicar «tratamento
adequado» (eram os mais resistentes e o germen de uma nova e robusta linhagem judaica)…
› Casa – Museu da Conferência de Wannsee (20.jan.º.42: «Solução final»)
› Sobreviver: ter boa relação com o Kapo, nem que fosse à custa de outros
presos (prostituição masculina e feminina). Os mais odiados: judeus e
homossexuais.
› No exterior: algum apoio (ex: naco de carne).
› Memórias da Dra. Lúcia Adelsberger: o suplício da fome torna as pessoas más.
› Lutas entre presos encorajadas.
› Risco de mortalidade: aterrador, mas ainda assim insuficiente para os nazis!
Bergen Belsen, 1945.
Corpos empilhados no exterior Barracão de ‘enfermaria’
(Sachsenhausen)
Torre de vigia
(Buchenwald)
Mauthausen
1942 Gross Rosen (Polónia)
(escada da
morte)
› O QUE ENSINAR? Morrer nos campos de concentração
› As fardas: triângulo verde para criminosos comuns; vermelho para presos políticos; preto
para os ‘a-sociais’; castanho para ciganos; azul para apátridas; rosa para homossexuais;
púrpura para Jeovás. Predominante: triângulo amarelo para os Judeus.
› Fome: calorias calculadas para não se sobreviver! Caminhadas, trabalho árduo,
espancamentos > deixam de pensar e falar!
› Luta pela sobrevivência: conservar o que se possui: roupa, sapatos, tigela, colher, pão…
Tentar obter suplementos de qualquer maneira possível.
› Tabela de cores dos
triângulos dos prisioneiros
› O QUE ENSINAR? Morrer nos campos de concentração
› O ritmo diário inalterável: levantar, limpar o Bloco, café e pão do dia, higiene básica,
lenta chamada no pátio (pelo n.º, demorada, ao frio).
› Os «kommandos» no trabalho: colunas ao som de orquestra de deportados. 8 a 9
horas no inverno, 10 a 12 no verão. Intervalo: só sopa.
› À noite: nova chamada e regresso aos Blocos.
› Funções mais leves: enfermaria, cozinha, auxiliares.
› Nem todos os guardas (SS, Kapos) eram monstros. Muitos apoiaram o sistema
apenas para sobreviver.
› REDE DOS CAMPOS NAZIS NO HOLOCAUSTO
› O QUE ENSINAR? Campos de extermínio
Portão de entrada
com o dístico:
«O trabalho
liberta»
n. Rouen, 1927
Autora do testemunho:
«Je ne vous oublierai jamais,
mes enfants d’Auschwitz»
Carta de repatriamento de Denise Holstein
› O QUE ENSINAR? Campos de extermínio
› Necessidade de método de extermínio mais rápido, barato, seguro e menos
perturbador. Bala e fenol: individual, demorado e caro!
› Desde 1918-19: sentimento pró-eutanásia na Alemanha. 1933: Hitler dá aos médicos
poderes para administrar morte misericordiosa aos incuráveis > livrar da ‘raça’ inferior,
incluindo Trissomia 21, edemas cerebrais, crânios disformes, paralisia cerebral,
deformações…
› Centros de eutanásia: com câmara de gás para doentes senis, neurológicos,
hospitalizados há mais de 5 anos, criminosos dementes. Monóxido de carbono.
Genocídio silencioso e gradualmente alargado aos territórios ocupados.
› O QUE ENSINAR? Campos de extermínio
(dormitório)
Blocos habitacionais)
(sapatos dos
deportados)
(latrinas coletivas)
› O QUE ENSINAR? Campos de extermínio
› Trabalho sujo: para os Sonderkommandos, isolados em Blocos isolados: comida farta, bebidas >
cortavam cabelo antes do gás, recolhiam os corpos e levavam para os fornos, limpavam a câmara,
extraíam os dentes de ouro, colocavam os corpos no forno, moíam os ossos, metiam cinzas em sacas,
espalhavam…
› Eram todos judeus, e sabiam o que os esperava! Várias fases de reação: revolta (mortos ou suicídio
nos fornos); apatia-autómatos (muito álcool). Abatidos ao fim de algumas semanas, no ‘hospital’, com
bala na nuca para não organizarem revolta.
› Os que escaparam: torpor (simulado ou não), indiferença. Testemunho de Simon Srebnic, em Chelmno
aos 13 anos (1944): era normal ver mortos!
› O QUE ENSINAR? Reações internacionais
› 1939: a Agência Judaica (sionista) concorda que a Yishuv (comunidade jud. da Palestina)
importe muitos produtos alemães se, em troca, a Alemanha permitir a emigração de 60.000
judeus para a Palestina. Mas muitos judeus europeus (incl. Adam Czerniaków) criticam > não
percebem o risco que correm!
› Inglaterra (responsável na Soc. Nações pelas questões palestinas tenta circunscrever as
tentativas de povoamento judaico): Livro Branco (1939) limita drasticamente o n.º de novos
emigrantes a entrar na Palestina…
› O QUE ENSINAR? Reações internacionais
› Julho 1938: Conferência internacional sobre refugiados, em Évian: não se
encontram nações de acolhimento e reconhece-se o direito da Alemanha a fazer o que
quiser com os seus cidadãos.
› SUÉCIA abriu fronteiras a judeus dinamarqueses e noruegueses em fuga. Diplomatas fizeram convites
de exilio e emissão de passaportes suecos. Ação heroica do diplomata Raoul Wallenberg (1912-
1947), que salvou dezenas de milhar de judeus húngaros!
› O QUE ENSINAR? Resistência (países)
› TURQUIA: preocupada com os «seus» judeus na europa (em especial na França).
Conseguiram repatriar 400 jovens, entre fev.º e maio de 1944. Outros 900 escaparam via
Espanha ou Itália.
› PAÍSES IBÉRICOS: regimes ditatoriais, muito católicos, fecharam os olhos ao trânsito de
refugiados judeus, ou de resistentes. Portugal usou a influência diplomática a favor de certas
comunidades. O exemplo do cônsul em Bordéus, Aristides de Sousa Mendes. Espanha:
mais comprometida com a Alemanha (ex: apoio aéreo em Guernica, IV.1937) não quis
salvar 600 judeus espanhóis presos no gueto de Salonica (deportação com os judeus gregos).
› VÍTIMAS E SOBREVIVENTES
País Vítimas Sobreviventes
Albânia 200 200
Alemanha 160 000 330 000
Áustria 65 000 7 000
Bélgica 28 518 36 082
Bulgária - 50 000
Checoslováquia 217 000 44 000
Dinamarca 77 5 500
Estados Bálticos 224 000 25 000
Finlândia 11 2 000
França 83 000 200 000
Grécia 69 481 12 007 (in Jean-Michel
Holanda 106 000 20 000
Lecomte, 2007,
Hungria 260 000 300 000
Itália 8 000 35 000
pp. 145-174)
Jugoslávia 67 122 12 000
Luxemburgo 700 1 000
Noruega 728 1 000
Polónia 3 000 000 225 000
Roménia 469 632 430 000
União Soviética 1 000 000 300 000
› Antes de 1933: judeus alemães não percebem a ameaça. Antes da Noite de Cristal
(38): não perceberam a sua natureza.
› Alto nível de integração tornava impensável o que aconteceu. Tinham ajudado a construir
a Alemanha e gozavam de prestígio na cultura, artes e ciência. Achavam o ódio de Hitler
ridículo.
› Baixo número de sionistas. Acreditavam que o perigo ia passar.
› Intelectuais emigram depressa. Banqueiros e industriais sentiam-se protegidos. Quem
não tinha bens: fica encurralado!
› Surpresa: 100% alemães mas tidos como judeus. Perceção da realidade: tarde demais.
› O QUE ENSINAR? Reação judaica (Europa)
› Entre a passividade coletiva e a resistência heroica. Entre 1933 e 1949: só 300.000 judeus
conseguiram emigrar (dificuldades financeiras, restrições internacionais, tradição da diáspora).
› Nazis souberam explorar a tradição do «shtadlanut» (escolha porta-voz) > docilidade
coletiva até ao limite da cooperação (listas, etc.) Ilusão de que estes arranjos compensariam.
› Judenräte nos guetos e organizações nacionais nas terras ocupadas = únicos interlocutores
reconhecidos pelos Alemães.
› O QUE ENSINAR? Reação judaica (Europa)
› Pouca resistência ‘a sério’ até final de 1942. passar à resistência ativa = risco para
toda a comunidade.
› O dilema de Adam Czerniaków no gueto de Varsóvia: recusa em assinar petição
(300.000 para Treblinka) levou-o ao suicídio após a partida do 1.º comboio (c. 6.000
deportados).
› Judeus adversários do Judenrat de Varsóvia optam por evitar resistência ativa, para
salvar a maioria dos habitantes do gueto de um massacre.
› O QUE ENSINAR? Reação judaica (Europa)
› Os que ajudaram o povo judaico muitas vezes, com risco da própria vida: esconder
pessoas, redes de fuga, emissão de documentos falsos, adotar crianças (provisoriamente),
levar à fronteira…
› O Mundo não abandonou totalmente os judeus à sua sorte: apoios, conforto, atos bondosos
(mesmo alguns alemães em Auschwitz).
› Homenagens a partir de 1953. Condições para ser «Justo entre as Nações»: i) consciência
do risco; ii) sem recompensa material; iii) tudo provado. Homenagem no seu próprio país,
perante representante de Israel. Estatuto individual, mas uma comunidade com muitos casos
também era «justa».
› O QUE ENSINAR? OS JUSTOS
Segundo
Raul Hilberg
e
Sir Martin Gilbert
(in Jean-Michel
Lecomte, 2007,
p. 198)
› Dois grandes historiadores do Holocausto
› O caso de ELIE WIESEL (1928-2016), romeno, professor e novelista, ativista político, Prémio Nobel da
Paz em 1986, autor de «Noite». 57 livros para resgatar a memória do Holocausto e defender os
perseguidos. Judeu ortodoxo, sobreviveu adolescente em Auschwitz e em Buchenwald! Morreu em
Manhattan (Nova Iorque).
› LIBERTAÇÃO DE BUCHENWALD, a 1 de abril de 1945
(Elie Wiesel é o sétimo preso, na terceira fila)
(foto de H. Miller)
› O QUE ENSINAR? OS TESTEMUNHOS
› O testemunho de Elie Wiesel mistura recordações de acontecimentos que viveu com
outras que resultam dos seus sentimentos. Visão teológica e muito pessoal. Relato
sublime, lírico e tb. místico. Mas não é bem um testemunho histórico-jurídico.
Elie Wiesel,
Elie Wiesel,
(foto de David
em jovem
Shankbone,
(Chicago Public
2012).
Library)
› O QUE ENSINAR? OS TESTEMUNHOS
› PRIMO LEVI (Turim, 1919-1987): testemunho rigoroso e conciso. Evita juízos de valor
sobre os Alemães e os nazis (apesar do calafrio que sente ao falar deles). Obra
principal: «Se isto é um homem. A trégua» (1989), evoca quer o carrasco, quer a
vítima.
› Os testemunhos dos nazis:
ricos de informações
certezas (se bem filtrados).
Primo Levi
(Turim, 1919-1987)
› O QUE ENSINAR? REVISIONISMO E NEGACIONISMO
› Mais na Alemanha e Áustria, mas não só.
› O Holocausto como 1.º passo vs. Estalinismo bolchevique (simplificação grosseira).
› Objetivo de. reconstruir a consciência e a identidade nacional alemã
› Atribuição do anti-semitismo assassino quase exclusivamente à «alma alemã».
› Negacionismo em muitos países europeus (Bélgica, Suíça, França, etc.): não negam os
massacres, mas as câmaras de gás e os fornos crematórios (uma invenção!).
› O QUE ENSINAR? REVISIONISMO E NEGACIONISMO
› Negacionistas veem o Nazismo como uma ditadura normal. Usam pseudo-
argumentos científicos. Evitam as declarações claras, recorrendo a perguntas e
suscitando dúvidas e rasteiras.
› Aproveitam qualquer falha pontual num depoimento para o desacreditar em
bloco (ex: Elie Wiesel e as chamas gigantescas que atravessavam a noite). Usam
rumores para o mesmo efeito (ex: cadáveres convertidos em sabão).
› O QUE ENSINAR? REVISIONISMO E NEGACIONISMO
› Mas os testemunhos são amplamente coincidentes. E há vestígios em campos
como Treblinka (espaço útil, etc.). Além das confissões dos carrascos (que os
negacionistas dizem ter sido extorquidas).
› Primo Levi analisou as memórias de Auschwitz do comandante Rudolf Höß e
mostrou como se distinguem palavras de circunstância e confissões verdadeiras. Por
vezes, os carrascos gabam-se de detalhes que não podem ter inventado.
› O testemunho de Adolf Eichmann: quis defender-se, claro, mas não há razão para
duvidar de grande parte do que ele diz.
› CRIMINOSOS NAZIS, AUTORES DE DEPOIMENTOS
DECISIVOS PARA O ESTUDO DO HOLOCAUSTO