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2) Por fim, chegamos ao evangelho segundo São Mateus que nos mostra
os magos (a tradição assinala que são três), ou seja, estudiosos dos
astros que provavelmente habitavam na Pérsia e que sabiam (e
conheciam as profecias sobre o messias) que o Salvador viria ao mundo
e o testificaram através da estrela que brilhou para eles no oriente:
“Vimos a sua estrela no oriente e viemos adorá-lo” (Mt 2, 2b).
a. O que nos interessa aqui, para a nossa meditação, é a atitude
desses homens que eram pagãos, ou seja, não eram judeus e
não partilhavam da mesma fé, diante de Jesus que está no
presépio. Diz-nos São Mateus que “quando entraram na casa,
viram o menino com Maria, sua mãe. Ajoelharam-se diante dele, e
o adoraram. Depois abriram seus cofres e lhe ofereceram
presentes: ouro, incenso e mirra” (Mt 2, 11).
b. A tradição cristã, através dos santos padres, verificaram símbolos
profundos nestes presentes dados pelos magos ao Cristo Senhor.
O ouro é símbolo da realeza, já que Deus constituiu Jesus, Nosso
Senhor, o Verbo Encarnado, como o Rei de todo o universo. O
incenso é símbolo da oração devida a Deus e indica também o
sacerdócio de Jesus Cristo: Ele, além de ser Deus, é sacerdote, é
mediador e que se oferece por nós. O incenso, do turíbulo que
usamos na missa, demonstra justamente nossas orações
elevadas a Deus em sinal de reverência: “Porque, do nascente ao
poente, meu nome é grande entre as nações e em todo o lugar se
oferecem ao meu nome o incenso, sacrifícios e oblações puras.
Sim, grande é o meu nome entre as nações – diz o Senhor dos
exércitos” (Ml 1, 11). Por fim, a mirra, sinal de sua humanidade
frágil e de sua futura paixão. Se bem lembrarmos nos relatos da
paixão, o corpo do Senhor fora ungido com mirra.
c. Na prática, o que a solenidade da Epifania nos ensina? Duas
coisas fundamentais.
i. Assim como os magos percorreram um grande caminho
rumo a Belém através da estrela para se encontrarem com
o menino, o Salvador do mundo, também nós somos
chamados a caminhar nesta vida na fé rumo à
contemplação face a face de Deus no céu. A estrela que os
magos olham e perseguem é símbolo da fé que temos em
Deus, que nos guia no caminho desta vida terrena, rumo
ao encontro com o Senhor na vida eterna, onde veremos
Deus tal como Ele é (1Jo 2, 2e); muitas vezes, esse
caminho é árido e difícil, mas se perseverarmos, como os
magos fizeram, também encontraremos o Senhor, naquela
vida que não acaba, chamada vida eterna.
ii. A segunda coisa que os magos nos ensinam é que se
prostraram e adoraram o menino e lhe ofereceram
presentes. Como precisamos recuperar o valor da
adoração, de adorar não os falsos deuses do dinheiro, da
saúde, da beleza, das paixões, mas ao Deus verdadeiro,
capaz de nos dar como prêmio a vida eterna. A adoração é
única a Deus, mas no mundo que vivemos, as pessoas
adoram falsos deuses, como afirma São Paulo na carta
aos romanos, criticando os idólatras: “trocaram a verdade
de Deus pela mentira, e adoraram e serviram à criatura
em vez do Criador, que é bendito pelos séculos.
Amém!” (Rm 1, 25).