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SOLENIDADE DA EPIFANIA DO SENHOR.

1) A Palavra “epifania” significa manifestação. Trata-se da manifestação do


Messias, Nosso Senhor Jesus Cristo, como salvador do mundo. Isso
vemos na primeira leitura, do profeta Isaías, quando Deus através do
profeta diz que o povo de Israel voltará de seu sofrimento no exílio na
Babilônia, onde Deus os mandou por causa de seus pecados. O profeta
ainda diz que essa luz e esse retorno para Deus não serão
exclusividade ao povo eleito, Israel, mas que se estenderá para todos os
povos da terra: “Os povos caminham à tua luz e os reis ao clarão da
tua aurora (...) com eles virão as riquezas de além-mar e mostrarão
o poderio de suas nações; será uma inundação de camelos e
dromedários de Madiã e Efa a te cobrir; virão todos de Sabá,
trazendo ouro e incenso e proclamando a glória do Senhor” (Is 60,
3. 5c-6).
a. Vale lembrar que o entendimento da salvação universal de Deus
veio de forma tardia, pois antes, se entendia que a salvação que
Deus realizaria estaria circunscrita ao povo eleito: o povo judeu.
Esse texto do profeta Isaías mostra a universalidade da salvação
e da manifestação gloriosa de Deus a todos os povos. Também
cantamos isso no salmo desta missa, em que se diz: “Os reis de
toda a terra hão de adorá-lo e todas as nações hão de servi-
lo” (Sl 71, 11).
b. Assim também demonstra São Paulo na segunda leitura, da carta
aos Efésios. O apóstolo diz que um mistério antes escondido
agora foi revelado, a saber: “os pagãos (ou seja, os não judeus)
são admitidos à mesma herança, são membros do mesmo
corpo, são associados à mesma promessa em Jesus Cristo
por meio do evangelho” (Ef 3,

2) Por fim, chegamos ao evangelho segundo São Mateus que nos mostra
os magos (a tradição assinala que são três), ou seja, estudiosos dos
astros que provavelmente habitavam na Pérsia e que sabiam (e
conheciam as profecias sobre o messias) que o Salvador viria ao mundo
e o testificaram através da estrela que brilhou para eles no oriente:
“Vimos a sua estrela no oriente e viemos adorá-lo” (Mt 2, 2b).
a. O que nos interessa aqui, para a nossa meditação, é a atitude
desses homens que eram pagãos, ou seja, não eram judeus e
não partilhavam da mesma fé, diante de Jesus que está no
presépio. Diz-nos São Mateus que “quando entraram na casa,
viram o menino com Maria, sua mãe. Ajoelharam-se diante dele, e
o adoraram. Depois abriram seus cofres e lhe ofereceram
presentes: ouro, incenso e mirra” (Mt 2, 11).
b. A tradição cristã, através dos santos padres, verificaram símbolos
profundos nestes presentes dados pelos magos ao Cristo Senhor.
O ouro é símbolo da realeza, já que Deus constituiu Jesus, Nosso
Senhor, o Verbo Encarnado, como o Rei de todo o universo. O
incenso é símbolo da oração devida a Deus e indica também o
sacerdócio de Jesus Cristo: Ele, além de ser Deus, é sacerdote, é
mediador e que se oferece por nós. O incenso, do turíbulo que
usamos na missa, demonstra justamente nossas orações
elevadas a Deus em sinal de reverência: “Porque, do nascente ao
poente, meu nome é grande entre as nações e em todo o lugar se
oferecem ao meu nome o incenso, sacrifícios e oblações puras.
Sim, grande é o meu nome entre as nações – diz o Senhor dos
exércitos” (Ml 1, 11). Por fim, a mirra, sinal de sua humanidade
frágil e de sua futura paixão. Se bem lembrarmos nos relatos da
paixão, o corpo do Senhor fora ungido com mirra.
c. Na prática, o que a solenidade da Epifania nos ensina? Duas
coisas fundamentais.
i. Assim como os magos percorreram um grande caminho
rumo a Belém através da estrela para se encontrarem com
o menino, o Salvador do mundo, também nós somos
chamados a caminhar nesta vida na fé rumo à
contemplação face a face de Deus no céu. A estrela que os
magos olham e perseguem é símbolo da fé que temos em
Deus, que nos guia no caminho desta vida terrena, rumo
ao encontro com o Senhor na vida eterna, onde veremos
Deus tal como Ele é (1Jo 2, 2e); muitas vezes, esse
caminho é árido e difícil, mas se perseverarmos, como os
magos fizeram, também encontraremos o Senhor, naquela
vida que não acaba, chamada vida eterna.
ii. A segunda coisa que os magos nos ensinam é que se
prostraram e adoraram o menino e lhe ofereceram
presentes. Como precisamos recuperar o valor da
adoração, de adorar não os falsos deuses do dinheiro, da
saúde, da beleza, das paixões, mas ao Deus verdadeiro,
capaz de nos dar como prêmio a vida eterna. A adoração é
única a Deus, mas no mundo que vivemos, as pessoas
adoram falsos deuses, como afirma São Paulo na carta
aos romanos, criticando os idólatras: “trocaram a verdade
de Deus pela mentira, e adoraram e serviram à criatura
em vez do Criador, que é bendito pelos séculos.
Amém!” (Rm 1, 25).

3) Peçamos a Nossa Senhora e a São José que nos ensine a viver de fé e


de adoração no Deus verdadeiro que se fez homem para a nossa
salvação; ele, que daqui a poucos momentos, vamos adorar na hóstia
consagrada.

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