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06/03/2024, 16:23 SEI/MAPA - 34032798 - Ofício

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA

OFÍCIO Nº 162/2024/GAB-GM/MAPA
Brasília, 06 de março de 2024.
A Sua Excelência o Senhor
Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO
Corregedor Nacional de Justiça do Conselho Nacional de Justiça (CNJ)
Brasília/DF

Assunto: Solicitação de medidas para a aplicação da Lei nº 11.101/2005 em recuperações judiciais no


setor agropecuário.

Senhor Ministro,

1. Com elevado respeito e consideração, dirijo-me a Vossa Excelência para expor a situação
atual enfrentada pelo setor agropecuário brasileiro, que, apesar de ter contribuído significativamente
para o crescimento de 2,9% do Produto Interno Bruto (PIB) no último ano, conforme dados do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), enfrenta desafios sem precedentes. As adversidades
climáticas, aliadas à queda das cotações internacionais e ao encarecimento dos custos de produção,
corroeram a renda de nossos produtores, especialmente aqueles dedicados às culturas de soja e milho no
Centro-Oeste do País.
2. Diante deste cenário, o Ministério da Agricultura e Pecuária tem empreendido esforços em
várias frentes para mitigar os impactos desta crise, incluindo a proposição de medidas junto ao Ministério
da Fazenda e a participação em iniciativas voltadas à modernização do crédito e gestão de riscos no
agronegócio. Entretanto, há uma preocupação crescente com o uso e interpretação das disposições legais
relativas às recuperações judiciais e falências, em especial aquelas estabelecidas pela Lei nº 11.101, de 9
de fevereiro de 2005.
3. Neste contexto, solicito o apoio desse Conselho Nacional de Justiça na adoção de medidas
que possam orientar os juízos de primeiro grau na aplicação correta da legislação, considerando as
últimas alterações legislativas promovidas pela Lei nº 14.112, de 24 de dezembro de 2020, com o objetivo
de garantir a segurança jurídica e a estabilidade econômica do setor. Seguem detalhados quatro pontos
cruciais que requerem especial atenção:
3.1. Ato Cooperativo: [não se sujeitam aos efeitos da recuperação judicial os contratos e
obrigações decorrentes dos atos cooperativos praticados pelas sociedades cooperativas com seus
cooperados...] (Art. 6º, § 13, da Lei nº 11.101, de 2005);
3.2. Cédula de Produto Rural (CPR): [não se sujeitarão aos efeitos da recuperação judicial os
créditos e as garantias cedulares vinculados à CPR com liquidação física, em caso de antecipação parcial
ou integral do preço, ou, ainda, representativa de operação de troca por insumos (barter), subsistindo ao
credor o direito à restituição de tais bens que se encontrarem em poder do emitente da cédula ou de
qualquer terceiro, salvo motivo de caso fortuito ou força maior que comprovadamente impeça o
cumprimento parcial ou total da entrega do produto], (Art. 11 da Lei nº 8.929, de 22 de agosto de 1994,
com redação dada pela Lei nº 14.112, de 2020);
3.3. Alienações Fiduciárias: [tratando-se de credor titular da posição de proprietário fiduciário
de bens móveis ou imóveis, de arrendador mercantil, de proprietário ou promitente vendedor de imóvel
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cujos respectivos contratos contenham cláusula de irrevogabilidade ou irretratabilidade, inclusive em


incorporações imobiliárias, ou de proprietário em contrato de venda com reserva de domínio, seu crédito
não se submeterá aos efeitos da recuperação judicial...], (Art. 49, § 3º, da Lei nº 11.101, de 2005,
entendimento consolidado pelo Superior Tribunal de Justiça)
3.4. Requisitos essenciais para que os Produtores Rurais (Pessoa Física) possam acessar o
instituto da Recuperação Judicial: [Art. 48. Poderá requerer recuperação judicial o devedor que, no
momento do pedido, exerça regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos e que atenda aos
seguintes requisitos, cumulativamente:
" (...)
§ 3º Para a comprovação do prazo estabelecido no caput deste artigo, o cálculo do
período de exercício de atividade rural por pessoa física é feito com base no Livro Caixa
Digital do Produtor Rural (LCDPR), ou por meio de obrigação legal de registros contábeis
que venha a substituir o LCDPR, e pela Declaração do Imposto sobre a Renda da Pessoa
Física (DIRPF) e balanço patrimonial, todos entregues tempestivamente". (Art. 49, § 3º,
da Lei nº 11.101, de 2005, incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
4. Conclamo, portanto, a esse Conselho, a consideração e adoção de medidas cabíveis, tais
como instruções normativas, provimentos ou resoluções, que clarifiquem e reforcem a aplicação desses
princípios legais, contribuindo para a preservação da vitalidade econômica do agronegócio brasileiro.
5. Certo da compreensão e apoio de Vossa Excelência a estas questões de suma importância
para o País, coloco-me à disposição para quaisquer esclarecimentos adicionais ou discussões sobre o
tema.

CARLOS HENRIQUE BAQUETA FÁVARO


Ministro de Estado da Agricultura e Pecuária

Documento assinado eletronicamente por CARLOS HENRIQUE BAQUETA FAVARO, Ministro de


Estado da Agricultura e Pecuária, em 06/03/2024, às 11:53, conforme horário oficial de Brasília, com
fundamento no art. 4º,§ 3º, do Decreto nº 10.543, de 13 de novembro de 2020.

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Referência: Processo nº 21000.012539/2024-67 SEI nº 34032798

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