Cronologia: Tudo sobre Três anos de governação de João

o “Caso Edeltrudes Costa” Lourenço na visão de três analistas

Tudo começou com uma notícia do semanário O combate à corrupção e o fim da impunidade marcam de forma
Expresso de Portugal, em 8 de Fevereiro de 2020, assente a gestão do Titular do Poder Executivo, num contexto
com o título “Chefe de gabinete de João Lourenço económico adverso que antecede, mas se intensifica com a
recebeu mais de €15 milhões. P08 pandemia da COVID -19 e a queda do preço do petróleo. P04

Mercado
W W W. M E R C A D O . C O . A O

EXERCÍCIO ECONÓMICO 2019

F I N A N C E A N D E C O N O M Y
25.09
Director Interino: André Samuel
Sexta-feira 25 de Setembro de 2020
Ano 5 Número 263
Periodicidade: Semanal
Preço: 700 Kz

Resultados extraordinários
salvam Sonangol
de prejuízos
Os resultados das actividades correntes da maior empresa angolana foram negativos em 351,5 mil
milhões Kz. É a primeira vez que a petrolífera regista prejuízos correntes, pelo menos desde 2006, ano a
partir do qual as contas passaram a ser divulgadas publicamente. P28

AC O RD O D E F I N A N C I A M EN TO A L A R G A DO REF ORMA F ISCAL

FMI diz que Coronavírus agrava Estado recua e facilita

necessidades de financiamento expatriados das petrolíferas
As necessidades brutas de financiamento externo de Angola vão baixar de 12 mil
milhões em 2020 para 9 mil milhões em 2025, prevê o FMI nos relatórios que serviram
de base à terceira avaliação do Acordo de Financiamento Alargado com Angola. P30
O Estado recuou na execução de algumas medidas de âmbito fiscal e bancária, adop-
tadas no início do presente ano económico, pressionado por empresas estrangeiras
que operam no sector petrolífero.P29
PUB
2 MERCADO 25.09.20

Homepage

A Opinião A Figura
Porfirio Muacassange P36
O downgrade do rating sinaliza-nos a
urgência em tornar o BNA independente
para que no quadro operacional da
política monetária, possa induzir os
bancos a alterarem os seus perfis de
negócio, levando a uma restruturação
do Sistema Bancário, tornando-o
robusto, moderno e confiável,
objectivando bancos com
balanços sólidos e acesso a
funding em condições
favoráveis, com modelos de
negócio coerentes.

Francisco Sivone P38

Na perspectiva aduaneira,
considera-se mercadoria toda a
matéria importada, susceptível de
transacção comercial ou não,
abrangendo os produtos inteira
ou parcialmente obtidos da
natureza, quer sejam
matérias-primas,
subsidiárias, ou qualquer
produto acabado.

DR
Anidio Serrote P40
Mas será que a analogia da identidade Mintrans prepara criação de novos órgãos
pode ser de relevância para aqueles que de regulação e supervisão
desejam aprimorar a sua habilidade
empreendedora? Antes de responder O Ministério dos Transportes (Mintrans) está a preparar um novo quadro institucional, com a
criação de novos órgãos de regulação e supervisão nas diferentes áreas, para uma maior actuação
que a identidade empreendedora é no âmbito das reformas em curso no sector.
composta por todas as Segundo Ricardo de D’Abreu, os novos órgãos serão criados no âmbito da aprovação, por Decreto
características, inclinações e Presidencial, do novo estatuto orgânico do Mintrans já publicado em Diário da República.
“O sector dos Transportes lançou outras iniciativas como o concurso internacional público para
talentos naturais que podem ser a concessão do terminal multiusos de Luanda, dos terminais de Carga Geral e Contentores, Mineiro
usados para atrair e criar uma do Porto do Lobito, a retoma das obras do Porto do Caio, o arranque do Projecto de Desenvolvimen-
to Integrado da Baia de Moçâmedes, a requalificação do Porto do Soyo”,disse.
marca pessoal.

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O Negócio
Pode ter
“encalhado”,
contrato com
Angola Telecom
em “banho-
maria”
A Empresa Pública de Telecomu-
nicações de Angola (Angola Tele-
com – E.P) diz não houver nego-
ciações subsequentes para a
materialização da subconcessão
do serviço móvel da exploração
do título global unificado atribuí-
do à Angola Telecom, a favor da
“ANGORASCOM”Telecomunica-
ções SA, apesar da existência do
Decreto Presidencial nº 193/19 de
5 de Novembro, que autorizou, a
título excepcional a subconces-
são do referido serviço móvel a
terceira operadora.
No relatório de “Gestão e De-
monstração Financeira de 31 de
Dezembro de 2019”, a que tivemos
acesso, a Angola Telecom refere
que sem prejuízo ao despacho pre-
sidencial, “não existe o registo de
qualquer instrumento contratual
que defina “quaisquer direitos e
obrigações para a Angola Tele-
com”.
O despacho presidencial n.º
193/19 de 5 de Novembro delega
competência com a faculdade de
subdelegar ao Ministro das Tele-
comunicações e Tecnologias de
Informação no Instituto Angolano
das Comunicações (INACOM), a
tratar dos aspectos técnicos e le-
gais necessários para a materiali-
zação da subconcessão da explo-
ração do serviço móvel a favor da
empresa “ANGORASCOM” Tele-
comunicações, S.A.
De acordo com pesquisas do
Mercado na Internet, a terceira
operadora móvel “ANGORAS-
COM” já chegou a recrutar qua-
dros nacionais, através do site
https://vagas.angorascom.com/
angola, onde ressaltava que a can-
didatura deveria ser enviada num
prazo de até 15 dias, a contar de 27
de Abril de 2020. Site, este, que
não é possível aceder segundo ain-
da pesquisas do Mercado. Oficial-
mente, sabe-se que, a terceira
operadora não desistiu do acordo,
mas pediu um prazo até Março
transacto.
DR
MERCADO 25.09.20 3
A Empresa Outlook
FERNANDO BAXI
O Estado na economia
O Estado é uma pessoa de bem, sobretudo
quando actua no âmbito da administração
indirecta, representado por institutos
públicos ou empresas públicas, dotados de
autonomia administrativa e financeira,
podendo agir como um ente de direito
privado, sem poder de supremacia (ius
Orlando Zumbi
imperii) na relação com sujeitos de
natureza privada. Nessa condição, as
empresas públicas estão em pé de
igualdade com as privadas que actuam no
Multitel investe quatro milhões USD mesmo sector de actividade económica.
São sujeitas aos mesmos direitos e deveres.
em 9 novos serviços Aqui o ente público também está
desprovido do princípio de execução prévia
A Multitel coloca a disposição do mercado nove serviços nomeadamente (poder conferido por lei aos órgãos da
Infraestrutura de Rede, data Center e Cloud, Consultoria e Formação administração pública de praticar actos
onJob, Voz IP, Cyber Segurança, Web, Automação e Segurança Electrónica administrativos sem necessidade de
e Software. Para o efeito desembolsou quatro milhões USD (mais de 2,5 recorrer à justiça para obter a devida
mil milhões kz). autorização). Sem os poderes descritos, as
De acordo com o director-geral da Multitel, António Geirinhas, a imple- empresas públicas concorrem em
mentação dos serviços resulta da estratégia de reposicionamento da em- igualdade de circunstância com as do
presa face a concorrência no segmento corporate onde actuam de forma sector privado. Assim, ficam
exclusiva. Segundo assume, a firma é provedora líder para a banca, insti- salvaguardados os fundamentos da livre
tuições publicas, bem como para o sector de Oil & Gas. concorrência, alicerçados numa economia
“Então desde que aparece a concorrência surgem mais processos de de mercado, que é o caso de Angola.
inovação e desenvolvimento, este projecto é o reposicionamento da Mul-
titel para que a comunicação e diferenciação aconteça” realça.
Revela ainda que os serviços agregam market Value à empresa que em
breve será privatizada em bolsa. Neste capítulo, apesar de não avançar a A presença do Estado na economia jamais
data de conclusão, esclarece que o processo decorre em bom termo sob o põe em risco a economia de mercado e
olhar do IGAPE . nem a livre concorrência
O ente público pode até ser
responsabilizado judicialmente, por
iniciativa do concorrente privado, em caso
O Número de violação das normas de concorrência na
actividade económica em que participa.
Desta forma, os agentes económicos
podem e devem encarar com normalidade a
entrada de empresas de capitais públicos
272
na economia.
A participação accionista da Sociedade
Nacional de Combustíveis de Angola
(Sonangol) na banca e nas
telecomunicações decorre desse espírito.
A petrolífera nacional tem na forja a
alienação de acções em mais de 50
empresas do grupo, mas vai manter-se nos
negócios considerados estratégicos. É do
Milhões Kz interesse da Sonangol manter a quota no
BCP Millennium (banco português), onde
as acções estão avaliadas em 800 milhões
O Estado arrecadou com imposto especial de jogos , cerca de 272 milhões de euros. Embora sejam negócios
Kz, ou seja, 86% do total arrecadado nos 12 meses de 2019, segundo dados deslocados do core business, a Sonangol
do Instituto de Supervisão de Jogos, (ISJ). acredita que vale apena permanecer na
Omontante representa uma quebra de dois terços face a meta prevista. Tal UNITEL, inclusive aumentou a acções ao
se justifica devido ao momento crítico que o País e o mundo enfrentam comprar a participação da OI no consórcio,
causado pela pandemia da COVID-19 que levou ao encerramento das casas num montante calculado em mil milhões
de jogos bem como das fronteiras internacionais, reduzindo drasticamente USD. Nesse âmbito, a presença do Estado
a entrada de turistas asiáticos, principais consumidores deste serviço. na economia jamais põe em risco a
economia de mercado e nem a livre
concorrência como alguns apregoam. M
4 MERCADO 25.09.20

Destaque

Três anos de governação de João

Lourenço na visão de três
analista económicos
O combate à corrupção e o fim da impunidade marcam de forma assente a gestão do
Titular do Poder Executivo, num contexto económico adverso que antecede, mas se
intensifica com a pandemia da COVID -19 e a queda do preço do petróleo no mercado
internacional
POR ANDRÉ SAMUEL | FOTOGRAFIA DR

Empresários, académicos e consultores classificam como
difícil porem positivo os três anos de governação do Titular
do Poder Executivo quanto às políticas para o desenvolvi-
mento económico do País. A efeméride a assinalar neste
sábado, 26 de Setembro, traz a luz a reflexão sobre os prin-
cipais marcos da governação, soluções e desafios para os
próximos anos.
Para a empresaria Filomena Oliveira, os primeiros anos
têm sido difíceis por duas razões especificas.
A primeira se deve ao facto de que o País já se encontrava
mergulhado numa crise económica profunda, não só de-
corrente da baixa do petróleo mas sobretudo pela falta de
capacidade de bem gerir os recursos, projectos e programas
que afectaram totalmente a gestão da “coisa pública” que
em consequência afectou não só as instituições como tam-
bém a capacidade de resiliência das empresas
“Segundo porque a COVID 19 veio exacerbar toda esta
conjuntura de crise, porque para além de já ser difícil gerir
o que quer que seja sem sermos capazes de gerir o Risco
Desconhecido como o COVID 19 deixou o País paralisado,
e estamos ainda a sofrer as consequências desta falta de
capacidade de gerirmos o Risco”.
Defende que por essa razão tem sido difícil sobretudo
“Corrigir o que Está Mal,” devido a dificuldade na aprendi-
zagem e gestão das “Lições aprendidas”, o que leva a conti-
nuar a cometer muitos erros desnecessários e que afectam
recursos que devem estar disponíveis para o desenvolvido
sustentável do País.
“Em suma a falta de gestão certificada constitui sem dú-
vida um dos pontos baixos mais relevantes e que impacta
a economia no seu todo” assevera.
Quanto aos pontos altos, destaca a redução ainda que
tímida do número de ministérios e institutos públicos, es-
perando que finalmente se compreenda e efective a neces-
sidade de uma coordenação efectiva da gestão interminis-
terial.
Soma a privatização de muito activos em que o Estado
investiu somas avultadas, mas que claramente são infra-
estruturas do sector produtivo privado e não estatal, o
combate à corrupção e à impunidade não só para a recupe-
ração de valores e propriedade que foram alvo de peculato
e outras acções ilícitas, mas também como medida de cor-
recção do está mal
A lista de aspectos positivos na visão da empresaria cres-
ce com as várias acções de redução de processos burocrá-
ticos que continuam aquém do desejado e da eficiência
requerida, o uso mais integrado das novas tecnologias de
comunicação e informação não só para acelerar processos
para também para permitir uma maior e mais efectiva co-
municação a todos os níveis,
Acresce ainda que as instituições publicas
ignoram o papel que deveriam exercer nos
domínios da regulação, acompanhamento e
controle e assumindo-se como executoras
de tarefas que correspondem ao sector
privado.
“E para finalizar e não ser muito exaustiva, salientar um
maior diálogo entre o Executivo com o sector empresarial,
enquanto Stakeholder ou uma das partes mais interessadas
no desenvolvimento das políticas de desenvolvimento eco-
nómico”
Por seu turno, o consultor Galvão Branco considera que
várias situações e vicissitudes decorrentes do contexto,
quer interno como externo não permitem que se faça uma
avaliação quer qualitativa como quantitativa dos três anos
de governação do Presidente da República, João Lourenço,
tendo como referência o Programa que determinou a sua
COVID-19
Empresas mantêm as operações
O director-geral do Instituto Nacional de Estatísticas (INE), Camilo Ceita,
considerou um “bom indicador económico” o facto da maior parte das 65
732 unidades produtivas e prestadoras de serviço até ao momento cadas-
tradas pelo Recenseamento das Empresas e Estabelecimentos (REMPE)
manterem-se activas, apesar dos efeito negativos da pandemia da
COVID-19.
vitória no último pleito eleitoral.
Considera que os pressupostos que determinaram a as-
sunção de algumas medidas e metas, sobretudo orientadas
para o desenvolvimento económico e social do País, foram
fortemente influenciadas por uma conjuntura de três anos
de recessão económica, significativos desajustes nas cate-
gorias macro-económicas, sobretudo no que se refere a
política monetária e fiscal, onde as necessidades do consu-
mo básico sobretudo de natureza alimentar, era assegura-
do com recurso a importação e por consequência com uma
desmensurada procura da moeda externa.
Associado ao crescimento económico negativo que mar-
cam os três últimos anos, o consultor realça que a credibi-
lidade externa do País foi fortemente influenciada pelos
elevados índices de corrupção existentes e a falta de von-
tade política na adopção de medidas para quebrar a depen-
dência económica e financeira do petróleo.
“Claramente que a atitude mais marcante da governação
do Presidente João Lourenço é o combate a corrupção e
sobretudo a situação de impunidade que vigorava, com
todos os reflexos e consequências que essa postura repre-
sentava na imagem externa do País sobretudo na mobili-
zação do investimento directo e outros créditos institucio-
nais”.
Paralelo entre promessas e realização
Na óptica da economista e académica, Laurinda Hoygaard,
as políticas voltadas para o desenvolvimento económico
do País, estabelecendo o paralelo entre promessas e reali-
zações foram, “com convicção”, positivas.
Justifica que as políticas que promovam o desenvolvi-
mento económico devem ser sustentadas num ambiente
de negócios saudável, com forte base moral e ética que ga-
ranta justiça, equidade e inclusão social.
Contudo destaca como menos positivo o fraco ambiente
de negócios. Em relação as instituições públicas, conside-
ra o funcionamento destas com grandes e graves deficiên-
cias, atropelando os interesses da sociedade em geral e
constituem-se em concorrentes do sector privado.
Acresce ainda que as instituições publicas ignoram o pa-
pel que deveriam exercer nos domínios da regulação, acom-
panhamento e controle e assumindo-se como executoras
de tarefas que correspondem ao sector privado. Absorvem
de forma privilegiada os recursos humanos, financeiros e
materiais existentes e disponíveis com sacrifício e elevados
custos para os agentes económicos do sector privado e os
cidadãos em geral.
Salienta a necessidade de reconhecer que a principal ban-
deira hasteada pelo Presidente João Lourenço logo no Acto
de Investidura foi a luta pela transparência dos «serviços e
servidores públicos», o «combate ao crime económico e à
corrupção», justificados, assim como o combate à impuni-
dade, pelo impacto negativo directo destas práticas na
capacidade do Estado e dos seus agentes.
“Nesta matéria creio não haver dúvidas que a avaliação
tem de ser muito positiva. Embora distantes do fecho des-
te combate, o mesmo concretizou-se e continua o seu cur-
so. Resultados já existem, mas os principais virão no longo
prazo com o fortalecimento das instituições públicas e o
esclarecimento quanto às suas atribuições”.
Em paralelo foram desencadeadas políticas anti mono-
pólio que infelizmente ainda não produziram efeitos pal-
páveis. Grandes grupos privados e agentes que integram
instituições públicas mantêm as suas alianças especialmen-
te nos sectores de comércio, interno e externo e no de in-
vestimentos, sobretudo na realização de grandes obras.
As políticas de flexibilização cambial, em curso, estão a
contribuir para a redução dos benefícios que ao longo de
muitos anos permitiram o enriquecimento ilícito e injusto
de alguns poucos, em desfavor da grande maioria do povo,
que se viu expurgada dos seus direitos fundamentais, de-
vido à perpetuação, por décadas, de uma política cambial
de taxa fixa. A actual política de taxa de câmbio flexível
MERCADO 25.09.20 5
associada à política fiscal – aduaneira, de cariz proteccio-
nista contribuem para a restruturação da economia através
da melhoria da competitividade e uma produção nacional
mais atractiva com sucesso na «substituição de importa-
ções» e na criação de excedentes de que se espera como
provável consequência leque mais alargado na lista de ex-
portações e consequente equilíbrio na balança de paga-
mentos. Está assim em processo a correcção da estrutura
económica e social dependente e desequilibrada que se veio
agravando com o tempo. É assim, também, um ponto po-
sitivo na avaliação. M
Corrigir o que ainda está mal
As soluções que devem surtir o melhor efeito
têm a ver com questões como:
· A responsabilização da administração do
Estado a nível individual, local e nacional pela
implementação capacitada e certificada de
gestão dos recursos que lhes são alocados e sob
sua responsabilidade, não só os recursos
financeiros mas também materiais e naturais (
exemplos simples de entender: as queimadas
anárquicas em todo o País sem limites, que
destroem a biomassa comprometendo a
renovação da floresta e a extinção de espécies
endémicas, a exploração desenfreada e
descontrolada do carvão, a gestão das árvores
urbanas, o lixo em todo o País, são exemplos
claros de Ausência da Administração Local
Provincial e Nacional em áreas que afectam
não só as alterações climáticas mas a própria
qualidade de vida dos cidadãos e por
consequência com impacto na economia)
· A Formação em gestão de projectos
certificada dos agentes e funcionários do
Estado a todos os níveis, (lembrar que políticas,
leis, regulamentos, códigos também são
projectos) e incluir a Responsabilização dos
promotores e gestores e fiscalizadores de
projectos do Estado que sistematicamente
lesam o Estado por não serem cumpridos os
objectivos preconizados: como deixar o País
sem estradas viáveis, ou mesmo descartáveis,
que ao fim de um par de anos danificam as
viaturas, causam acidentes, ceifam vidas. Ou
produzirmos leis e políticas não sustentáveis
porque todos as partes interessadas
(stakholders) não participam da sua
formulação e aprovação enquanto projecto
· A desburocratização, simplificação e
digitalização de todos os processos que
relacionem o cidadão, as empresas ao Estado,
usando as novas tecnologias de comunicação e
informação e a inteligência artificial para
melhorarmos o ambiente de negócios e a
qualidade da gestão, coordenação, e
interoperabilidade de bases de dados, que
eliminem as milhares de horas diárias perdidas
pelos cidadãos e empresas a tratarem de
documentos que afectam a produtividade e a
competividade,
· Inserir ou “normalizar” os cerca de 70% da
economia classificados como “informal”, dada
a dificuldade de gerir recursos de um País só
com 30% da sua economia
· Pagamento atempado da dívida do Estado
às empresas sobretudo às MPME s
· Acesso ao crédito barato, célere e
simplificado´, através do Crédito Cooperativo.
6 MERCADO 25.09.20
Destaque
Filomena Oliveira , empresaria
Que desafios devem ser priorizados nos restantes
anos do mandato (2021/22):
Continuação da redução do aparelho de Estado
conferindo-lhe capacidade qualitativa e
quantitativa. Efectiva integração e coordenação
das políticas de estado evitando desperdício e
criando sustentabilidade, digitalização e
interoperabilidade de processos, melhoria do
Ambiente de Negócios em 50 Lugares
Democratização do acesso à Formação, ao acesso
e ao uso das novas tecnologias de comunicação e
informação e uso da inteligência artificial como
uma oportunidade de ser alcançado um salto
qualitativo e quantitativo no desenvolvimento
económico do País. Instalação em todos os
municípios redes de 3G e energia solar e eólica.
Formação a todos os níveis dos funcionários dos
Estado, jovens, mulheres e empresários na prática
de Gestão Certificada de Projectos. Promoção dos
Valores Éticos, continuar o combate à corrupção e
à Impunidade. Muito mais representatividade da
Mulher nos grupos de decisão, e dos “stakholders”
ou partes interessadas em todas as políticas,
projectos e programas do Estado,· Criação de
Cooperativas de Crédito de Responsabilidade
Solidária Mútuo com juros baixos e solidários
Melhorar a capacidade de formulação e
implementação participativa de projectos que
criem rendimento (e não combate à pobreza)
junto da maioria dos nossos concidadãos nos
municípios e comunas do País. Rever todo o
sistema de ensino, e o ensino técnico profissional
cujo conteúdo programático que deve estar
adequado às necessidades locais e à necessidade
de sucesso profissional dos jovens aumentando a
sua empregabilidade. A criação de uma estratégia
integrada que permita uma implementação bem
sucedida dos protocolo da SADC e da ZCLC, nos
acordos bilaterais e multilaterais, incluindo o
Acordo de Parceria com a EU, assente nas
Vantagens Comparativas que Angola detém, e
que devem decorrer em estudos e investigação
efectuados pelas nossas universidades e assentes
na Inteligência Corporativa obtida pelas nossas
embaixadas, seus adidos comerciais, especialistas
de comércio interno e externo, Indústria,
agricultura, pescas, pecuária, minas e a Aipex.
Galvão Branco, Consultor
É determinante que o País tem de assegurar as
suas necessidades de consumo, sobretudo no
domínio alimentar, por via da produção interna,
desestimulando a intensa procura de divisas e
proporcionando uma maior renda nacional e
gerando mais emprego.
O PRODESI tem que se constituir no principal
programa de governação e tem que merecer o
comprometimento de todos os agentes
públicos e operadores privados no sentido de
satisfazer as necessidades de consumo, por via
da constituição de cadeias produtivas que
estimulem uma actividade produtiva
competitiva e com qualidade.
Creio ser possível sermos ainda mais audazes e
ambiciosos no incentivo a produção nacional,
sobretudo no que se refere as PME e os agentes
da agricultura de sobrevivência.
Temos que assumir de facto e de direito o papel
que a designada economia informal representa
do nível do abastecimento dos cidadãos e da
geração de rendimentos para muitos
angolanos.
Estou absolutamente crente que a principal
prioridade que se apresenta no momento e que
deve merecer o principal foco da governação é
o combate a pobreza e as desigualdades
sociais.
Os programas de combate a pobreza e de
geração de emprego têm que ocupar o topo da
agenda política e serem mais bem atendidos no
que se refere a dotação de recursos fiscais,
como por exemplo a institucionalização do
subsídio de desemprego.
Laurinda Hoygaard, economista e professora
Temos confiança que tais dificuldades de curto
– médio prazo serão largamente compensadas
pelos benefícios a longo prazo (antes de todos
termos morrido).
Semelhantemente, os trade off associados às
políticas de crédito com subida de preços e
crescimento económico são de considerar. Mas
se forem aplicadas, como creio estar a
acontecer, ainda que em lenta progressão,
políticas de crédito monitoradas ao segundo e
dirigidas focalmente, ao aumento do PIB e do
emprego, fortaleceremos a nossa
independência.
Pese embora as grandes limitações
enfrentadas, de que apenas se levantou a
ponta do véu, as políticas de investimento em
capital imaterial, educação, saúde, assistência
aos mais desfavorecidos, etc. e capital físico,
melhorando infra-estruturas de mobilidade e
interconexão territorial, de energia, de
abastecimento de água e criação de mercados,
além de outras, devem igualmente ser
assinaladas pela positiva.
Sintetizando, a firmeza no combate à
corrupção, as políticas adoptadas e seus
resultados fundamentam a minha convicção
de uma governação positiva. Contudo, estamos
longe do uma País desenvolvido porque
aspiramos assim como de termos esgotado as
políticas, meios e mecanismos do processo de
desenvolvimento. Mas tal não é restrito ao
Presidente João Lourenço. Tal objectivo exige
e obriga ao contributo de todos e cada um.
Futuros desafios? Primeiro, manter a
trajectória de moralização, luta contra a
corrupção e a impunidade. Segundo,
massificar e melhorar a EDUCAÇÃO, incluindo
a promoção generalizada de valores morais,
éticos, de cidadania e profissionais que nos
engrandeçam como Pessoas, como Povo e
como Nação.
 MERCADO 25.09.20 7

CPLP
Orçamento
O embaixador de Cabo Verde em Lisboa, país que
tem a presidência rotativa da Comunidade dos Paí-
ses de Língua Portuguesa (CPLP), anunciou hoje
que o orçamento da organização para 2021 terá
“crescimento zero”, mas haverá alguma redução de
custos.

Caso Edeltrudes Costa

MPLA procura desculpas UNITA

fala em fragilidade do Executivo
O deputado do partido no poder fala em tentativa de manchar a imagem do Executivo, enquanto o do galo negro
acredita na existência de factos que expõem as fragilidades da liderança do Presidente da República, João Lourenço
POR FERNANDO BAXI

Os partidos com maior representação parlamentar

(MPLA e UNITA) têm interpretações divergentes,
quanto às denúncias de suposto envolvimento do
director do Gabinete do Presidente da República,
Edeltrudes Costas, em actos que se configuram
branqueamento de capitais, tráfico de influência e
outros crimes do fórum patrimonial.
João Pinto, deputado à Assembleia Nacional pela
bancada parlamentar do MPLA, em declarações
exclusivas ao Mercado, acreditar ser uma forma de
se tentar desacreditar o trabalho e esforço do
Executivo, relativamente ao combate à corrupção
em Angola.
O parlamentar do partido dos camaradas justifica o
argumento acima, alegando que as notícias compro-
metedoras sobre Edeltrudes Costa são divulgadas
quando se está próximo do terceiro ano do mandato
do Presidente da República, João Lourenço, “que
assumiu o compromisso de extirpar todos os vícios
na gestão dos recursos públicos”.
Ainda em relação ao caso, o também docente
universitário é de opinião que a informação difun-
dida, recentemente, pela TVI (televisão portuguesa)
visa coagir o Chefe de Estado a tomar decisões
precipitadas em matérias que tem decisões discri-
cionárias. los a surgir, face aos bloqueios do partido rival, mais dos Advogados de Angola (OAA), chamado a comen-
“Assim a TVI abordou a corrupção em Angola ao ainda assim forçará o esclarecimento ao Executivo tar sobre o caso “Edeltrudes Costa”, aconselha que
publicar a notícia sobre Edeltrudes Costa?”, ques- de João Lourenço. em primeiro lugar deve se apurar a veracidade dos
tionou João Pinto para mais adiante declarar: “é A decisão do maior partido da oposição, segundo o factos, respeitando o cruzamento das fontes. “A ser
notória a intenção de certos indivíduos tentar parlamentar do galo negro, reside no facto de já verdade as entidades criminais devem agir, re-
manchar o trabalho realizado até aqui. Estamos terem sido veiculadas (em anos anteriores) infor- speitando o princípio do contraditório”.
atentos a isso”. mações do género, visando o ministro e director do O também docente universitário defende a ab-
O deputado do partido maioritário na AN defende Gabinete do Presidente da República, Edeltrudes sorvência do princípio da presunção da inocência
maior respeito a todos os indivíduos que trabalham Costa. na abordagem deste caso e respeito pelo direito de
para melhorar o Estado, “alguns cometem erros, “As acusações contra Edeltrudes Costas são graves e informar a sociedade.
mas isso é normal desde que não seja doloso ou haja o Presidente João Lourenço não pode dizer que Em declarações ao Mercado, Inglês Pinto defende
intenção velada de açambarcar os recursos públi- desconhecia a propriedade da empresa visada na ainda uma investigação séria da PGR, pelo facto de
cos”. peça informativa difundida pela TVI. Os factos estar em causa o bom nome das instituições do
João Pinto também chamou a atenção para a obser- narrados ilustram que a corrupção em Angola Estado.
vação do princípio da presunção de inocência, na continua, a partir do Palácio da Cidade Alta, a “Não é pela TVI publicar aquela informação que seja
abordagem do caso levantado pela TVI, aliás “cabe residência oficial do PR”, afirmou aquele deputado. necessário exonerar Edeltrudes Costa, isso só deve
aos órgãos de justiça provar o envolvimento do O deputado da UNITA disse haver dados suficientes acontecer se haver indícios fortes de que tais
director do Gabinete do PR, enquanto isso é ino- para a Procuradoria-Geral da República abrir um práticas ocorreram. Mal seria que se não mova
cente”. processo crime contra o ministro e director do qualquer investigação sobre o assunto”, disse Inglês
Gabinete do PR. Pinto.
UNITA vai exigir esclarecimento do Executivo Ainda em declarações ao Mercado, Maurílio Luyele Informações obtidas da Procuradoria-Geral da
Também em declarações exclusivas ao Mercado, considera estranho o facto de os meios de comuni- República atestam que ainda não foi aberto um
Maurílio Luyele, primeiro vice-presidente da banca cação social públicos manterem-se silenciosos inquérito sobre o caso “Edeltrudes Costas”, mas
parlamentar da UNITA, disse que o partido do galo diante deste caso. “Só ilustra que ainda há censura tudo caminha para o efeito.
negro vai exigir um esclarecimento ao Executivo para alguns temas. Até a comunicação é selectiva”.  Tentamos contactar o secretário do Presidente da
porque foram veiculados factos que expõem o  República para os Assuntos de Comunicação
Presidente da República, João Lourenço, enquanto Institucional e Imprensa, Luís Fernando, mas sem
mais Alto Mandatário da Nação. PGR deve investigar com rigor sucesso porque (até ao fecho da edição) tinha o
Maurílio Luyele disse estar consciente dos obstácu- Inglês Pinto, advogado e ex-bastonário da Ordem telemóvel desligado. M
8 MERCADO 25.09.20

Destaque

Cronologia: Tudo sobre o “Caso Edeltrudes Costa”

Como se defende Tudo começou com uma notícia do semanário Expresso de Portugal, em 8 de Fevereiro de 2020, com o
título “Chefe de gabinete de João Lourenço recebeu mais de €15 milhões no tempo de Eduardo dos
o “braço direito” do PR Santos”. Cinco meses depois, a 8 de Julho, foi a vez do Clube K revelar que a SODIAM tinha feito um
contrato de 300 mil USD com uma empresa do “braço direito” do Presidente da República. Este
Domingo, 20 de Setembro, o assunto voltou à baila com a TVI a passar em horário nobre “Uma
Investigação ao Governo de Angola”. Confira os últimos 20 anos da vida do homem que serviu ao mais
alto nível os dois últimos Presidentes de Angola.

2000, ??? 2002, Dez. 2004, Dez. 2009, ???

Edeltrudes Costa é Edeltrudes Costa é nomeado Edeltrudes Costa é Ariete Faria, ex-mulher de
nomeado director do assessor para a área jurídica, nomeado vice-ministro Edeltrudes Costa, compra
gabinete do Ministro do parlamentar e de acompanha- da Administração do uma casa com piscina na
Comércio Vitorino Hossi. mento, preparação e controlo das Território. Quinta da Beloura, em
deliberações do conselho de Sintra, no valor de 1,345
ministros do gabinete do primei- milhões de Euros. - Fonte:
ro-ministro Fernando da Piedade Expresso.
Dia dos Santos.
s.
“Os recursos que recebi,
tanto no exercício de
funções públicas como no
exercício da minha
atividade profissional ou 2010, Fev.
em resultado de Edeltrudes Costa integra a
investimentos 2011, Out. equipa de advogados da RCJE –
Advogados Associados, anteces-
pontualmente realizados Edeltrudes Costa é
sora da CFRA – Advogados
Associados, fundada por Carlos
foram atempadamente nomeado administrador
2011, ???
Maria Feijó e Raúl Araújo. Sai em
da ANIP onde permane- Novembro de 2011 para a ANIP.
declarados e sujeitos a ce até Outubro de 2012.
escrutínio pelas Edeltrudes Costa compra
um apartamento no
autoridades angolanas Panamá, no edifício Trump
competentes, sendo as Ocean Club, atual Marriott
Residences, por quase 400
minhas fontes de
rendimento 2012, Jan. mil dólares. O pagamento
foi feito através de uma
conta na sucursal do BES
perfeitamente claras e Edeltrudes Costa toma na Madeira, em nome da
posse como comissário Vadin Enterprises Limited,
legais” (Expresso de 8 de da Comissão Nacional uma offshore das Ilhas
Virgens Britânicas.- Fonte:
Fevereiro de 2020) Eleitoral (CNE) benefi-
ciando da experiência Expresso
acumulada nas eleições
de 2008 em que, na sua
“Sempre levei e levo muito qualidade de vice-minis-
tro da Administração do
a sério os conflitos de Território, era coordena-
dor adjunto da Comissão
interesse, os quais sempre Interministerial para o
declarei quando entendi Processo Eleitora (CIPE).
Com a saída de Susana
existirem, privilegiando Inglês por decisão do
Tribunal, em Maio de
sempre a transparência 2012, passa a presidente
das relações” (Expresso de interino da CNE. Sai em
Junho quando entra o
8 de Fevereiro de 2020) novo presidnete da CNE
André da Silva Neto. 2012, Set. 2013, Jul.
Edeltrudes Costa é São depositados 17,6
2012, Mai. nomeado ministro de
Estado e chefe da Casa
milhões de dólares na
conta de Edeltrudes
Civil do Presidente da Costa no BAI. Nos dias
Edeltrudes Costa compra República José Eduardo seguintes 17 milhões são
em Portugal uma dos Santos, o mais alto aplicados em “títulos
embarcação de recreio cargo público que garantidos” do BAI. -
do modelo Cobalt 242 à desempenhou. Fonte: Expresso
Nautiser por cerca de 108
mil Euros. Aquisição feita
através da off-shore
Vadin referida anterior-
mente. - Fonte: Expresso
 MERCADO 25.09.20 9

2017, ??? 2018, Jul. 2019, Fev.

A EMFC trabalha no Plano Estratégico de Contratação A EMFC assina um
Pública Angolana (PECPA), cuja revisão foi adjudicada à contrato de prestação de
britânica Crown Agents Limited. Esta contratou a angolana serviços com a SODIAM
FTL Advogados, que, por sua vez, recorreu à EMFC, que lhe na modalidade de
cobrou 30.500 USD. Filipa Lima, sócia da FTL, explicou ao avença mensal por um
Expresso que “a FTL Advogados recorreu a contributos de ano renovável. Como a
terceiros com conhecimento especializado, como era e é o avença era de 25 mil USD
do Senhor Dr. Nuno Monteiro Dente, jurista de reconhecidos mensais estamos a falar
méritos em matéria de contratação pública e quadro da de 300 mil USD mínimo.
EMFC”. (N.D.R. - De acordo com uma acta da administração – Fonte: Clube K
da EMFC de Setembro de 2019, Nuno Dente é director-geral
da firma e Ariete Faria, ex-mulher de Edeltrudes, é a
presidente do conselho de administração - Fonte: Expresso
EMFC é subcontratada pela empresa de consultoria
estratégica Roland Berger no âmbito de um trabalho
para o Ministério dos Transportes relativo ao apoio à
modernização dos sectores da aviação e aeroportos
de Angola. A subcontratação da empresa estava
prevista no despacho aprovado pelo Presidente da
República de Angola. Segundo a TVI o contrato foi
assinado por Nuno Monteiro Dente que esteve
envolvido nos dois lados do negócio: como presidente
executivo da EMFC e representante da Roland Berger.
- Fonte TVI

2017, Set.
EMFC celebra com o INACOM um contrato de
assessoria relativa ao concurso para o 4.º
operador global no valor de 47 mil USD.

2017, ???
A EMFC facturou 540 mil Euros com as eleições de 2017
em Angola por honorários cobrados à Bosmax Trading,
contratada pela Comissão Nacional Eleitoral para
fornecer equipamentos para as eleições por um valor
de cerca de 9 milhões de Euros. - Fonte: Expresso
2017, Set.
Edeltrudes Costa é
nomeado Ministro e 2017, ???
Director do Gabinete do Em 2017, a EMFC faturou ao Ministério da Justiça
Presidente da República 20 milhões de kwanzas por assessoria em dois
João Lourenço; anteprojetos de diplomas. - Fonte: Expresso

2017, Abr.
Edeltrudes Costa transfere 2,05 2016, Set.
milhões de Euros para a ex-mulher Edeltrudes Costa é
Ariete Faria, a qual no mês exonerado de ministro
seguinte comprou uma casa na de Estado e chefe da
Quinta da Marinha, em Cascais, Casa Civil do PR e
Portugal, por 2,52 milhões. - Fonte: nomeado secretário-ge-
Expresso ral do PR.

2013, Ago. 2015, Out.

Nos dias 2 e 12 de
Agosto Domingos No dia 8 de Outubro é constituída a EMFC Consulting SA com um capital
Manuel Inglês de 2 milhões Kz distribuído por 4 accionistas Eurico Pais Costa, com 85%,
deposita cerca de 5 Josimbar Bastos, Liliana Machado e Elma Baio, com 5% cada. Nos dias 15 e
milhões USD na 20 de Outubro, os accionistas da EMFC passam procurações irrevogáveis a
conta de Edeltrudes favor de Eldetrudes Costa o que transforma em beneficiário efectivo da
Costa. - Fonte: empresa que tem como objecto social a consultoria elaboração e gestão
Expresso de projectos e empreendimentos industriais, comerciais, agro-pecuária,
construção civil e gestão ambiental. Na prática, de acordo com o respecti-
vo site, http://emfc.smash.pt/, a EMFC está organizada por três grandes
áreas de serviços: Departamento de LTS Legal and Tax Services; Departa-
mento de EFS ou Economic and Financial Services e Departamento de
SES ou Serviços de Engenharia Especializada
10 MERCADO 25.09.20

Business IALTURC
Fábrica de massa
Seis milhões de USD norte-americano estão a ser investi-
dos, no Pólo Industrial da Caála (Huambo), pela empresa
angolana IALTURC Indústria, para a construção da primei-
ra fábrica de massas alimentares na região.

INVESTIMENTO

António Geirinhas,

MULTITEL
director-geral
da Multitel

investe quatro
milhões USD
em 9 novos
serviços
Novos serviços que em breve será privatizada
alavancam valor da em bolsa. Neste capítulo, apesar
de não avançar a data de conclu-
empresa no processo de são, esclarece que o processo
privatização em bolsa decorre em bom termo sob o
olhar do IGAPE .
P O R C É L I O TAY LO R “Com estes novos serviços,
aproveitamos aquilo que já somos

DR.
no mercado de telecomunicações
A Multitel coloca a disposição do e evoluir, imagina um triângulo
mercado nove serviços nomeada- que só tinha as telecomunicações, desde o começo até a manutenção tel continua a investir. charam durante aos estados de
mente Infraestrutura de Rede, agora passa a ter três lados, adicio- end to end” assevera. “Lembro que nos anos de 2007- calamidade e de emergência, algu-
data Center e Cloud, Consultoria e nando as tecnologias de informa- Quanto ao momento em que a 8 havia muitas dificuldades nas mas vezes a 100% outras a 75% e
Formação onJob, Voz IP, Cyber ção, e o lado dos sistemas de infor- telecomunicações em Angola, e 50% conforme o Estado decidia.
Segurança, Web, Automação e Se- mação”. que com o surgimento destas no- O gestor acrescenta que a em-
gurança Electrónica e Software. Considera que desde a gene a A empresa tem vas empresas e da concorrência presa tem contratos oficialmente
Para o efeito desembolsou quatro Multitel se revela diferente pois capacidade de criar um gerou uma optimização dos servi- com 100 funcionários directos,
milhões USD (mais de 2,5 mil mi- enquanto “Multitel As A Service projecto desde o começo ços oferecidos e dos preços, por mas por causa da sua cobertura
lhões kz). (MAAS), incorporava no ADN da até a manutenção isso nos últimos 4 ou 5 anos por nacional a empresa optou por não
De acordo com o director-geral empresa a integração de serviços end to end causa dos esforços destas empre- multiplicar a empresa por várias
da Multitel, António Geirinhas, a com foco no cliente corporate, fac- sas nas telecomunicações houve cidades, a compania temuma filial
implementação dos serviços re- to que se mantém 21 anos depois. um grande avanço no sector”. em Benguela que responde pela
sulta da estratégia de reposiciona- “No ponto de vista da empresa zona sul do País em termos de as-
estes serviços lançados devem se aposta nos serviços ocorre, Antó- Empregabilidade Juvenil sistência e Luanda responde pelo
tornar na base da empresa para os nio Geirinhas defende que a crise Para o director geral as telecomu- norte, e foi isso que ficou acordado
próximos tempos, a empresa tem não é nova e o sector da telecom é nicações, tal como outros sectores com Estado, pois indirectamente
Estes serviços lançados capacidade de criar um projecto resiliente razão pela qual a Multi- considerados estratégicos não fe- tem 90% da empresa”. M
devem se tornar na base
da empresa para os
próximos tempos Facturação Desafios do sector

mento da empresa face a concor-
rência no segmento corporate
onde actuam de forma exclusiva.
Segundo assume, a firma é prove-
dora líder para a banca, institui-
ções publicas, bem como para o
sector de Oil & Gas.
“Então desde que aparece a con-
corrência surgem mais processos
de inovação e desenvolvimento,
este projecto é o reposicionamen-
to da Multitel para que a comuni-
cação e diferenciação aconteça”
realça.
Revela ainda que os serviços
agregam market Value à empresa
Nos últimos três anos o núcleo de facturação se
manteve a volta dos 3 mil milhões de Kz, o que do
ponto de vista da moeda nacional tendo em conta a
crise a empresa não quebrou, e as empresas
reduziram a sua capacidade rendimento.
Embora muitas delas tenham mantido ou até crescido
ligeiramente, o que é muito grave do ponto de vista da
quantidade de USD ou Euro que se pode conseguir
adquirir por causa da desvalorização.
Acrescenta o gestor que se não tivéssemos uma
desvalorização tão grande, e atendendo que quase
todos players tiveram uma facturação quase normal,
só que quando as empresas têm que comprar divisas
com os kwanzas e investir, chega-se a investir 4 ou 5
vezes menos, porque a desvalorização foi de 4 à 6
vezes mais, e isso é muito pesado para a economia e
para o sector.
António Geirinhas chama atenção a que no sector das
telecomunicações todas empresas tiveram perdas, e
todas em termos de equipamentos recorrem ao
exterior porque não existe internamente.
“Temos que importar tudo, e pagamos em USD e em
Euros, a desvalorização foi tão grave nos últimos três
anos que as diferenças cambiais só pioram a
situação”.
O gestor realça que os players do sector estiveram
reunidos com a Administração Geral Tributária para
analisar esta situação e a única solução seria
eventualmente o Estado ou o Ministério das
Finanças para estes sectores que importam muito e
não tem soluções internas devia haver uma bolsa de
divisas para as empresas que actuam neste sector.
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12 MERCADO 25.09.20
Business
NEGÓCIOS
Pipa Angola aposta na produção
de energia renováveis
A empresa pretende
produzir localmente
painéis solar, baterias
de gelo e de lítio.
Aguardam o fim da cerca
sanitária para expandir
negócios para as zonas
rurais e intervir nos
polos industriais
P O R E VA M A S S U E L A
A Pipa Angola, empresa voltada ao
sector das energias renováveis, pre-
tende quadruplicar a produção de
energia para a região do Uíge. A in-
formação foi avançada pelo CEO,
George Luamba, que revela poder
fornecer 400 megawatts contra os
actuais 100 que a província recebe.
Faz saber que as negociações
estão em curso e adianta que os
benefícios serão mútuos. Acresce
que a par deste existem outros
projectos em carteira concernen-
te a construção e exploração de
parques eólicos.
Realça que o foco de negócio da
empresa são as energias renová-
veis associada a construções me-
tálicas para produzir as torres e
alguns componentes para a explo-
ração e a concepção de parques
eólicos. Pretendem também, no
capítulo da energia solar, fabricar
painéis solar, baterias de gelo e de
lítio no polo industrial de Viana.
Dispõem actualmente de uma
loja de materiais fotovoltaicos,
mas a pretensão é expandir para
todo País. Para aquisição de mate-
riais têm como referência a Tur-
quia, Alemanha e Portugal por ser
um mercado que oferece qualida-
de de produtos.
Reabilitação de polos
industriais entre as
apostas da empresa
A empresa actua também no sec-
tor da construção e, de acordo com
George Luamba, aguardam pelo
fim da cerca sanitária (imposta
devido a COVID 19), para expan-
direm os seus serviços para as de-
mais províncias do País, onde pre-
tendem atender as necessidades
das zonas rurais
Segundo o PCA, uma das princi-
pais apostas é o desenvolvimento
dos parques industriais de algu-
mas províncias. Sem revelar onde
pretendem começar, destaca que
dado o potencial das mesma e fru-
to da aposta existente no sector
agrícola, a reabilitação e dinami-
zação dos polos industriais permi-
tirá aos investidores desenvolve-
rem o seu trabalho e expandir o
mercado de exportação do País.
“Somos uma empresa totalmen-
te independente, nunca tivemos
apoio de Estado, mas gostaríamos
que, no âmbito da transparência
do mercado, o Estado fosse o nos-
so grande parceiro, assim daría-
mos o nosso apoio no crescimento
socioeconômico do País”.
DR
Actualmente estão a desenvol- tico-económicas e sociais que o
ver o projecto de requalificação do País enfrenta.
Zango Zero (Luanda), onde a com- A Pipa Angola tem ainda na sua
ponente arquitetônica e de enge- carteira de negócios serviços de
nharia já está concluída, faltando Elaboração de Projectos de Arqui-
apenas o arranque das obras. tetura, Engenharia, Prospeção
Fotográfica, Gestão e Estudo de
Projectos, Laboratório de Geotec-
Somos uma empresa nia, Mediação e Facilitação de Ne-
totalmente gócios.
independente, nunca A mesma conta com 74 colabo-
radores,
tivemos apoio de Estado, dois estrangeiros, dos quais 72 nacionais e
cujo enquadra-
mais gostaríamos ter mento baseou-se em critérios de
meritocracia como destaca o ges-
tor
A empreitada solicitada pela “Somos uma nação abençoada
Administração de Viana visa me- e devemos acreditar mais nas nos-
lhorar a transformar a entrada do sas potencialidades, porque An-
zango numa “grande Matropole”, gola cria quadros qualificados e
uma vez que o novo aeroporto faz suficientes para poder alavancar
parte daquele distrito urbano. o País. Existem muitos jovens ta-
lentosos, que esperam uma opor-
Sobre a Pipa Angola tunidade para fazer crescer e des-
No mercado desde 2015, a empre- envolver o País, por isso é
sa dinamizou a actuação apenas necessário apostarmos nestes
em 2018 fruto das oscilações polí- quadros” conclui. M
PUB
14 MERCADO 25.09.20
Business
TERCEIRA OPERADORA
Pode ter “encalhado”, contrato com
Angola Telecom em “banho-maria”
Mistério – parece ser
este o enredo da
“ANGORASCOM”, a
terceira operadora de
telefonia móvel que deve
iniciar actividade
alegadamente em
Fevereiro de 2021.
POR AGOSTINHO RODRIGUES
xxxx.xxxxxxxl@mediarumo.co.ao
A Empresa Pública de Telecomuni-
cações de Angola (Angola Telecom
– E.P) diz não houver negociações
subsequentes para a materializa-
ção da subconcessão do serviço
móvel da exploração do título glo-
bal unificado atribuído à Angola
Telecom, a favor da “ANGORAS-
COM” Telecomunicações SA, ape-
sar da existência do Decreto Presi-
dencialnº193/19de5deNovembro,
que autorizou, a título excepcional
a subconcessão do referido serviço
móvel a terceira operadora.
No relatório de “Gestão e De-
monstração Financeira de 31 de
Dezembro de 2019”, a que tivemos
acesso,aAngolaTelecomrefereque
semprejuízoaodespachopresiden-
cial, “não existe o registo de qual-
quer instrumento contratual que
defina “quaisquer direitos e obriga-
ções para a Angola Telecom”.
O despacho presidencial n.º
193/19 de 5 de Novembro delega
competência com a faculdade de
subdelegar ao Ministro das Teleco-
municações e Tecnologias de In-
formação no Instituto Angolano
das Comunicações (INACOM), a
tratar dos aspectos técnicos e le-
gais necessários para a materiali-
zação da subconcessão da explora-
ção do serviço móvel a favor da
empresa “ANGORASCOM” Tele-
comunicações, S.A.
De acordo com pesquisas do
Mercado na Internet, a terceira
operadora móvel “ANGORAS-
COM” já chegou a recrutar quadros
nacionais, através do site https://
vagas.angorascom.com/angola,
onde ressaltava que a candidatura
deveria ser enviada num prazo de
até 15 dias, a contar de 27 de Abril
de 2020. Site, este, que não é pos-
sível aceder segundo ainda pesqui-
sas do Mercado. Oficialmente,
FMI
Previsões podemmelhorar
As perspetivas para a economia mundial são menos
catastróficas do que o esperado em Junho, indicou o
porta-voz do Fundo Monetário Internacional (FMI),
sugerindo que as próximas previsões, que serão di-
vulgados em 13 de Outubro, podem melhorar.
DR
sabe-se que, a terceira operadora conhecido pela Orascom Telecom Após ter vencido o concurso para A Comissão de Avaliação, após
não desistiu do acordo, mas pediu Media and Technology Holding S. o quarto operador de telecomuni- ter procedido ao exame formal dos
um prazo até Março transacto, A.E. Património líquido USD mil cações em Angola, a empresa está documentos de candidatura sub-
para tomar uma decisão definitiva, milhões, empresa familiar onde igualmente a apostar numa posi- metidos pela candidata Africell
que, entretanto, continua no se- ingressou em 1979, contribuiu ção no Zimbabwe. “Estamos a Holding SAL, deliberou por unani-
gredo dos deuses. para o crescimento e a diversifica- olhar apenas para mercados onde midade a sua qualificação e que a
No acordo que tinha sido estabe- ção da Orascom, tornando-se hoje podemos fazer a diferença”, diz o entidade fosse convidada para
lecido, a terceira operadora deve- num dos maiores e mais diversifi- presidente-executivo da empresa, apresentar a sua proposta, vindo a
ria estar a funcionar em Fevereiro cados conglomerados do Egito e o Ziad Dalloul, referindo-se a Ango- tornar-se na quarta operadora de
de 2021, investindo cerca de 320 maior empregador do sector pri- la e Zimbabwe. telecomunicações de Angola. M
milhões USD (120 milhões para vado do país.
pagamento do “fee”) da licença que Sawiris construiu os sectores Africell em números
a Angola Telecom nunca pagou (60 ferroviário, de tecnologia da infor-
milhões a curto prazo e o restante mação e de telecomunicações da Países onde opera a Africell:
de forma faseada), mais 200 mi- Orascom. A administração decidiu Serra Leoa: 2005 início de operações
lhões para pôr a funcionar as in- dividir a Orascom em empresas Clientes: 5 milhões
fraestruturas (obras na rede básica operacionais separadas no final RDC: 2012 início de operações
Clientes: 7 milhões
da Angola Telecom e outras a cons- dos anos 90: Orascom Telecom Fundada em 2000
Gâmbia: 2001 início de operações
truir). O acordo previa ainda um Holding (OTH), Orascom Cons- Clientes: +15 milhões.
Clientes: 1.600.000
cronograma de acções a desenvol- tructionIndustries(OCI),Orascom Actual portfólio da Africell Uganda: 2014 início de actividade
ver, na medida em que a “ANGO- Hotels & Development e Orascom abrange a África Ocidental, Clientes: Mais de 3 milhões.
RASCOM” não deu nenhum passo Technology. Central e Oriental,
estabelecendo-se como
até aqui. o fornecedor número um de
Quando faltam três meses para Quarto operador a caminho telecomunicações nos países
o final do ano, pouco ou nada se Numa altura em que a terceira ope- onde opera.
sabe da “ANGORASCOM”, ou seja, radora é ainda um mistério, prepa- Oferece serviços de voz,
não foram criadas condições ob- ra-se para “assaltar” o sector das 3G e 4G com valor agregado
jectivas que permitem aferir que o telecomunicações o quarto opera- para tecnologia,
arranque da terceira operadora de dor também em 2021, a Africell dinheiro móvel,
microsseguro
telefonia móvel será um facto em Holding, uma das maiores opera- e microcrédito.
2021. doras de telefonia móvel da Serra
Leoa e da Gâmbia, que projecta ex- Evolução do número de Gâmbia.
Um investimento egípcio pandir as suas operações para pelo subscritores moveis celular 2019 Uganda.
ANGORASCOM, é uma empresa menos dois outros mercados afri- 14,8 milhões (Fonte: INACOM) RDC.
detida pelo egípcio Naguib Sawiris, canos, no âmbito da sua estratégia 11,6 milhões Unitel
Serra Leoa.
que nasceu aos 15 de Junho de 1954 para ganhar espaço num dos mer- 3, 2 milhões Movicel
(65 anos) na cidade do Cairo, Egito. cados de telecomunicações que
Segundo a Bloomberg, Sawiris mais cresce no mundo. Fonte: Site Africell
PUB
16 MERCADO 25.09.20

Grande Entrevista

Andrea Moreno
“Lei da Contratação Pública
prevê realização de Due
Diligences sem obrigatorie-
dade de apresentação
de certificações”
A Administradora da PetroShore Com-
pliance (Espanha e Angola) considera
que a não prestação de contas pode
indiciar existência de criminali-
dade empresarial.
No seu entender as empresas
para neutralizarem os crimes
económico-financeiros, de-
vem adoptar medidas com-
binadas com técnicas de
prevenção, detecção e in-
vestigação,analisar o con-
texto interno e externo da
organização, e entender
quais os factores de
risco.

P O R C É L I O TAY LO R E I N Á C I O S A C O N D O N G O | F O T O G R A F I A S O R L A N D O Z U M B I

D
esde que os businesses crimes
passaram a fazer parte da
agenda dos governos que
avanços e retrocessos se
podem elencar?
Para poder realizar uma abord-
agem séria e sistemática sobre os
avanços governamentais no
tocante à repressão dos delitos de
colarinho branco, fraudes e
esquemas empresariais, devemos
considerar os contextos culturais,
históricos, educacionais e
principalmente sociológicos e
políticos dos países.
Países como EUA foram pioneiros
na realização de leis e enquadra-
mento legislativo, e esta base,
teve um primeiro enquadra-
mento sociológico, onde Edwin
W. Sutherland em 1939 trouxe a
questão do crime do colarinho
branco à tona, em consequência
dos estudos e investigações
originadas na Escola de Chicago.
Em 1953 Donald R. Cressey,
apresentou o triângulo da fraude
e uma aproximação bastante
oportuna no seu livro Other
People’s Money; a study of the
social psychology of embezzle-
ment e da Teoria da Fraude, em
1961 o então presidente J.F.
Kennedy, sugeriu que se consti-
tuísse uma comissão de trabalho
para a elaboração de uma cartilha
de Ética Empresarial, em resposta
as violações das leis anti trust, e
na mesma época houve o pri-
meiro julgamento no âmbito
penal por cartéis de empresas do
sector eléctrico. Com esta
pequena resenha histórica, quero
apenas colocar a ênfase de que, a
perseguição do delito não se faz
(somente) com as leis, mas sim,
desde um âmbito de evolução
social e envolvimento da Lid-
erança, salientando, que o que
conforma os avanços na questão
da perseguição ou combate da
delinquência por e sofridas pelas
empresas, estará muito rela-
cionada a factores como: Per-
cepção Social do Delito, Tipifi-
cação da Conduta pelo Legislador,
e meios de combate à criminali-
dade impulsionados pelo Estado
através de políticas criminais e o
Controlo Social informal.
Como é que se determina o
locus delicti na criminologia
empresarial?
A cena do delito, ou o brocado
mencionado de locus delicti, deve
ser considerado desde três
vertentes: Se o delito foi realizado
contra a organização, por esta
contra um terceiro ou como
forma mediata de realização de
outro ilícito. Como em todas as
investigações, os dados factuais
da cena do delito serão depen-
dentes do modus operandi do
delinquente que pode cometer
delitos dos mais variados tipos,
pelo que as medidas de prevenção
primária, secundária e terciária
não devem incidir somente na
empresa como possível cena do
delito estimada, mas sim baixo
um prisma de análise da tipologia
delitiva cometida pelo presumível
infractor.
Existem hoje mais de 45 tipos de
fraudes empresarias, desde
fraudes financeiras à kickbacks
ou ainda utilização de informação
privilegiada, ou o insider trading,
para além dos delitos contra as
pessoas, sociedade ou o meio
ambiente. Cada tipologia de
fraude e tipologia delitiva tem
seus aspectos fundamentais e
deve ser tratada isoladamente,
evitando uma contaminação de
casos anteriores e inferências não
sustentadas nos dados específi-
cos do caso em questão, pelo que
o locus delicti no crime corpora-
tivo pode ser tão variado como no
delito comum.
Como é que os estados moder-
nos lidam com White Collar
Crime sobretudo em Angola?
Repressão e não perdão, exigên-
cia de ética e exemplaridade. Esta
é, ou deveria ser, a forma de tratar
o delito corporativo. A be-
nevolência, a não exemplaridade
e principalmente a falta de
instrumentos jurídicos preju-
dicam a formação de uma cultura
de cumprimento e rectidão nas
organizações. O Estado deve
evoluir para um modelo de
prevenção completa, não
somente à prevenção do crime do
Colarinho Branco contra o
Estado, mas também no sector
privado.
Para além disso, o estudo dos
princípios éticos - beneficência e
não maleficência, autonomia,
justiça e equidade deveriam ser de
obrigatório estudo e exigível
conhecimento e assimilação para
qualquer profissional, já que
muitos dos estudos empíricos
realizados apontam que a
problemática do delito corpora-
tivo vem-se dando por questões
de conflitos éticos, não neces-
sariamente uma carreira delin-
quencial do infractor.
A criminalidade corporativa,
constitui uma problemática
central para o campo dos
estudos organizacionais, pela
violação dos princípios da
governação corporativa?
A delinquência corporativa acaba
sendo uma problemática a
enfrentar-se porque seu foco está
mal dirigido pelas organizações e
instituições de controlo. A
Governação Corporativa é um
conjunto, e é analisada como um
todo nas organizações, como um
bosque, porém no momento que
entendemos o Compliance como
uma Ferramenta de Prevenção e
Tratamento desta delinquência,
poderemos ver o bosque e as
árvores individualizando as
formas de prevenção e trata-
mento, realizando acções de
“
Nos países em
desenvolvimento, a corrupção
consome dez vezes mais do
que os montantes destinados
oficialmente ao crescimento
económico e social.
prevenção que visam o cumpri-
mento de normas internas,
padrões internacionais e legis-
lações, focalizando e dirigindo os
esforços a cada um dos grupos ou
partes interessadas. Afinal, a
empresa não delinque, quem o faz
são os indivíduos, que tomam
para si a potestade de descumprir
e saltar-se as normas e padrões
éticos mais elementares, prejudi-
cando, muitas vezes, a centenas
ou milhares de indivíduos.
Devemos trabalhar, portanto, os
aspectos documentais e também
os aspectos comportamentais dos
indivíduos das organizações.
Que prejuízos económico-
financeiros advêm da crimi-
nalidade desenfreada?
Segundo a ONU, custa todos os
anos o equivalente a mais de 5%
do PIB mundial (uns 2, 6 triliões
de USD). Nos países em desenvol-
vimento, a corrupção consome
dez vezes mais do que os montan-
tes destinados oficialmente ao
crescimento económico e social.
Isto sim é uma verdadeira
pandemia, com milhões de
vítimas todos os anos!
Em África, segundo o relatório da
Refinitiv, Revelando os Custos
Reais do Crime Financeiro, 53%
dos respondentes em África
admitiram que sua organização
teve ao menos um incidente de
fraude nos últimos 12 meses,
comparado a 47% dos respon-
dentes globais. Segundo o último
relatório “Report to the Nations”
da ACFE (Association of Certified
Fraud Examiners), lançado a
alguns dias atrás e focalizado na
Africa Subsaariana, 12% das
Fraudes analisadas mundial-
mente em 125 países (301 de 2504
casos) foram cometidos em
Africa, com uma tempo médio de
descobrimento de 10 meses, e um
custo medio de perda de 1,5mil-
hões USD.
Quais são os tipos legais de
crimes financeiros mais
frequentes no País?
É muito difícil encontrar a
tipologia mais frequente, porque
as cifras ocultas são muito
elevadas, e nos encontramos com
dois cenários-tipo: O primeiro
onde as empresas não querem
reportar que sofreram uma
fraude ocupacional, ou, que as
empresas tentam ocultar que
cometeram uma fraude. Porém,
segundo os relatórios e tendên-
cias das fraudes ocupacionais da
ACFE, 88% dos casos de fraudes
ocupacionais dão-se sobre a
apropriação indevida (custo
medio de 75 mil USD), 56% sobre
a corrupção (custo médio de 123
mil USD) e apenas um 11% sobre
as fraudes nos relatórios financei-
ros (custo médio de 729 mil USD).
Uma problemática que sim tem
bastante relevância no combate
aos delitos corporativos, é a
introdução de sistemas de
comunicação de fraudes eficaz,
linhas éticas, ou canais de
denuncia, pois, a eficácia das
acções de auditoria interna no
descobrimento da fraude é
bastante menos eficaz (uma
média de 14%) do que se com-
paramos com a efectividade de
um canal de comunicação com
protecção ao denunciante, que é
de 48%. Pelo que as empresas
devem ser incentivadas (se não
obrigadas, como em outras
jurisdições como a Europeia e nos
EUA) em instalar canais de
comunicação para a denúncia de
delitos empresariais.
O que se lhe oferece dizer
sobre as corporações que
exploram trabalhadores e
comunidades mais desfavore-
cidas que ameaçam a socie-
dade e o meio ambiente,
causam prejuízos aos consu-
midores e colocam a socie-
dade em risco?
Estas organizações são mais
comuns que o que possamos
imaginar-nos. Estamos em uma
era onde a responsabilidade
social e meio ambiental se
converteu em “moeda de troca”
para projectos de investimento, e
os Estados fecham os olhos aos
danos colaterais provocados
pelas organizações em uma nova
forma de exploração ambiental
que fica oculta por não ser
realizada em países de maior
desenvolvimento ou em socie-
dades mais desenvolvidas no
tocante à denuncia e a exigência
de respeito ao seu bem estar. E
muitas vezes até a corrupção
aparece mascarada de responsa-
bilidade social, e é aplaudida por
todos, inclusive a população
afectada.
A impunidade aos crimes contra o
meio ambiente e condições de
MERCADO 25.09.20 17
trabalho precárias, que beiram a
exploração humana, são frequen-
tes, porque não há meios de
combate eficazes, e as denuncias
escasseiam.
Há um nexo de causalidade
entre o crime corporativo e as
características organiza-
cionais, ambientais e indi-
viduais?
Aqui se aplica a teoria da escolha
racional, onde se explica de forma
utilitária a valorização do custo
do delito sintetizado como uma
escola meditada. Enquanto nos
encontramos em uma situação
onde o custo do delito é inferior
ao beneficio produzido, não
haverá uma dissuasão delitiva
eficaz. Vejamos um exemplo, um
empresário sabe que o custo de
uma multa ou sanção por uma
determinada infracção é de X,
porém, o beneficio obtido pela
realização do delito, mesmo que
castigado, é de Y x 100. Este
beneficio supera com muita
diferença o custo, pelo que estará
muito atraído em realizar a
conduta, mesmo sendo consci-
ente da sua anti-juricidade. Por
outro lado, como as sanções não
são mediatizadas o suficiente, o
dano reputacional não se
considera como um factor
negativo a evitar, e entramos em
uma espiral de condutas cuja pena
é inferior ao beneficio que não
propicia a paragem da carreira
delitiva empresarial.
Sobre os aspectos individuais, os
estudos revelam que apenas 1%
da população mundial tem
características de psicopatias, e
estima-se apenas presente em
3,5% dos altos executivos, pelo
que não existe uma relação
directa comportamental com os
delitos ou mesmo a fraude, me
atreveria a analisar que a questão
de realização delitiva é mesmo
entre o custo e beneficio afas-
tando, na imensa maioria dos
casos, as razões comportamen-
tais extremas individuais.
Entretanto, excluindo estas
razões comportamentais
extremas e desvios da personali-
dade do indivíduo, sim que
sobressaem factores motiva-
cionais intrínsecos ou extrínsecos
que podem levar a aproximação
da conduta desviada, porém,
sempre aliado à presença da
capacidade do indivíduo de
18 MERCADO 25.09.20
racionalização da conduta, onde
o individuo aplica técnicas de
neutralização interna do factor de
culpabilidade. Neste sentido, é
muito importante a aplicação da
Teoria da Fraude de Donald R.
Cressey.
Qual é a avaliação que faz ao
caso BFA que por escândalo
financeiro dirigentes do topo
colocaram à disposição os
seus lugares?
Esta questão deixou em evidência
dois factores que considero ainda
mais importantes que o facto de
colocar um cargo à disposição, e
são estes a fraqueza dos controles
internos existentes e a capaci-
dade de obediência absoluta nas
organizações e o não questiona-
mento das ordens por quem as
recebe.
Enquanto as ordens superiores
forem mais importantes ou
tiverem mais relevância que os
controles internos a cumprir,
infelizmente continuaremos a ver
situações do género, em todos os
tipos de organizações.
Sobre o facto da demissão,
acredito ser algo perfeitamente
normal por quem quer afastar-se
da matéria em questão.
A não prestação de contas
pode indiciar a existência de
criminalidade empresarial?
Existe uma série de “indicadores”
ou red flags - bandeiras vermel-
has sobre a existência de fraudes
nas organizações, sem dúvidas, a
não prestação de contas, é uma
delas, assim como poderia ser a
não aplicabilidade do código de
conduta, a não existência de
investigações internas no caso de
infracções e ainda o não cumpri-
mento das políticas da organi-
zação por directores e gerentes de
alto nível.
O Novo código penal recente-
mente aprovado pela Assem-
bleia Nacional, que aguarda a
promulgação, prevê novas
formas de criminalidade
Empresarial? Em que medida?
A bem da verdade ainda não tive
um contacto exaustivo com o
documento aprovado, porém,
chamou-me muito a atenção a
tipificação do crime de corrupção
no sector privado tanto pelo
crime consumado quanto pela
própria promessa de benefício
ilícito. Acredito que é um grande
avanço para a moralização do
sector e irá desalentar a reali-
zação desta tipologia.
Há uma correspondência
entre a ideia de que as pessoas
mais desfavorecidas eco-
nomicamente e a criminali-
dade sobretudo a financeira?
Se sim porque, se não também
porquê?
Sim existe, e é muito curioso isto,
os estigmas sociais são realmente
impressionantes! E se deve pela
sensação de insegurança causada
pelo estereótipo de um indivíduo
o qual se associa directamente
“
Empresas devem
ser obrigadas,
como em outras
jurisdições a
instalar canais
de comunicação
para denúncia
de delitos
empresariais.
com uma conduta socialmente
desaprovada. Como pode ser o
contacto directo com o delin-
quente, ou, que a vítima tem uma
imagem pré concebida de como
este deve ser.
Por exemplo: em uma rua escura,
sem iluminação, à noite se
aproximam elementos mal
apresentados, sem sapatos e meio
alcoolizados. A primeira imagem
que lhe vem na cabeça é que estas
pessoas em concreto represen-
tam uma ameaça, pois se indenti-
ficam como o estereótipo do
assaltante, gerando um estado
emocional tenso por medo de um
assalto, ser alvo de força física,
em suma, de todo o resultado da
interacção entre delinquente e
vítima, que em si é um evento
traumático. No entanto, na
mesma situação, se aos invés dos
senhores vemos pela rua o Sr.
Madoff, ninguém sairia correndo
ou teria uma sensação de
perigo…. E isto é pelo próprio
estigma criado em base no
esteriótipo, pois Madoff não se
enquadra no estigma social que
associamos aos delinquentes..
Isto é exactamente o que acontece
quando falamos de delitos onde
se roubam milhões ou bilhões
(como no caso Madoff), como o
executor do delito não corre-
sponde com a imagem idealizada
do perpetrador, não valorizamos
igual, mesmo sabendo que a
quantidade lesada foi infinita-
mente maior que o roubo na rua
escura. De efeito é bem interes-
sante o facto de que em 1977 nos
EUA, lançou-se um comic
chamado “Crimes Corporativos”
que somente teve duas edições, e
foi retirado do mercado porque
estava alterando a ideia do
homem respeitável do colarinho
branco, e criando uma estigmati-
zação que era inconveniente para
a sociedade da época.
Pelo sim pelo não quais são as
motivações dos crimes
corporativos?
Para tal questão devemos
diferenciar o delito corporativo
contra suas partes interessadas
do delito sofrido pela corporação,
que não foi evitado por falta de
meios de compliance ou de
prevenção.
As motivações são tão variadas
como no crime comum, que
podem incluir motivações
financeiras do infractor, excesso
de confiança, busca de novas
emoções, dilemas éticos, conflito
de interesses etc, e até mesmo
buscar o bem da empresa, por
meio de um suborno por exem-
plo, para a consecução de um
contrato.
É bastante relevante mencionar
que de acordo com os estudos
realizados na Harvard Business
School nos EUA, mais de 80%
dos directivos que foram proces-
sados e condenados a penas
privativas de liberdade pela
realização de fraudes e esquemas
em benefício e nome das organi-
zações para as quais trabalhavam,
não consideravam que estives-
sem realizando qualquer in-
fracção, pois seu intuíto, era
beneficiar a empresa e não
aproveitar-se individualmente.
Que podem fazer as empresas
para neutralizar os crimes
económico-financeiros?
As medidas devem esta no âmbito
da combinação de técnicas de
prevenção, detecção e investi-
gação. Deve-se analisar o
contexto interno e externo da
organização, e entender quais os
factores de risco apresentados,
logo, realizar um plano estraté-
gico de modificação. Enviar as
pessoas a assistirem palestras e
colocar cartazes de sensibili-
zação, ajuda pouco ou nada, se
não houver um esforço coorde-
nado para evitar-se fraude e
esquemas.
A desigualdade salarial pode
ser fundamento para o
cometimento de crime
empresarial?
As motivações intrínsecas e
extrínsecas sim, assim como a
necessidade, pois como costumo
sempre dizer, ninguém é ético
com os filhos chorando de fome e
isto é até de certa forma com-
preensível e atenuante. Porém, a
diferença salarial por si só não
constitui um indicador de
fraudes, deve ser acompanhado
com outros factores de risco,
como podem ser problemas
familiares, dividas acumuladas,
ludopatia, dependência do álcool
ou drogas, etc.
Qual é a política criminal que
melhor se adequaria a anti-
criminalidade empresarial
em Angola em tempo de crise?
Deveria existir mais obrigatorie-
dade de cumprimento ao sector
privado. Se analisamos a Lei da
Contratação Pública, sim se prevê
a realização de Due Diligences,
porém sem a existência de uma
obrigatoriedade de apresentar
certificações que confiram
validade às medidas de prevenção
e controlo utilizadas pela
Andrea Moreno
1. Mestre em Crimes Financeiros, Compliance Penal,
Documentoscopia, Grafotecnia e Grafologia
2. Perita Judicial e Especialista Externa em AML/CFT
reconhecida pela SEPBLAC (equivalente à UIF na
Espanha) e em Proteção de Dados Pessoais (RGPD e
LOPD)
3. Especializada em Detecção de Mentiras e Linguagem
não verbal pela Fundación B&L (Espanha) e em
Cibersegurança pela Universidade de Harvard (EUA)
4. Gestora de Riscos
A. Administradora da PetroShore Compliance (Espanha e
Angola)
B. Presidente da Associação World Compliance - Capítulo
Angola
C. Docente no Mestrado de Segurança Pública do ISCPC
e Mestrado de Compliance e BC da Universidade
Agostinho Neto.
organização, como pode ser a ISO criminalidade corporativa
37001:2014 de Anti-suborno ou a atrai investimento estran-
futura ISO 37301 que entra em geiro?
vigor agora no final do ano ou Ao meu entender, não necessaria-
princípio do próximo. Igual- mente é uma razão consequen-
mente, deveria se estabelecer a cial, visto o que atrai o investi-
obrigatoriedade de publicidade mento estrangeiro é a segurança
das sanções, proibição de jurídica do país, estabilidade e a
exercício da função aos directivos confiança na economia, e
e proibição de competição em segurança no retorno do investi-
futuros concursos em casos de mento, porque para as insti-
suborno. Não há corrupto sem tuições estrangeiras como o
corruptor, e deve-se dissuadir UKBA ou o FCPA, estas tem
ambas condutas. sistemas de prevenção e controlo
bastante eficazes, e realizam um
Que comentário faz em torno sério acompanhamento tanto na
das revelações feitas em aquisição de novos fornecedores
Janeiro último de cerca de 715 como de parceiros de negócios, e
mil ficheiros do Consórcio evitam ao máximo situações de
Internacional de Jornalismo corrupção ou conflitos de
de Investigação intitulado interesse, pois estão em jogo
‘Luanda Leaks’, que detalham sanções elevadíssimas e inclusive
alegados esquemas financei- penas privativas de liberdade aos
ros de Isabel dos Santos e do directores ou responsáveis.
esposo? Os esquemas e fraudes corporati-
Até onde sei, não houve ainda vas não são uma preocupação
qualquer tipo de condenação para quem tem um sistema
sobre os presuntos culpados, robusto de prevenção aos delitos
porém, de ser verdade, cabe na organização e e uma cultura de
comentar que nenhum dossier cumprimento bem instituída, a
chega a 715 mil ficheiros sem que preocupação real é a corrupção
haja um longo histórico de sistémica e investimento local,
negligência de controlo sobre as que esta sendo canibalizado por
actividades empresariais por uma falta de compliance concor-
parte de quem de direito em rencial o que deixam as empresas
vários países. investidoras sem opções de
fornecimento, mão-de-obra
O Combate cerrado e eficaz da motivada e qualificada. M
SUPLEMENTO

M
OKAVANGO

Primeiros projectos
turísticos podem ser
aprovados este ano
Orlando Zumbi
20 MERCADO 25.09.20

7 dias > 7 propostas

1. Colson
5.
Especial live no Kubico
com SSP
Whitehead,
Pré-venda do Livro “O vencedor do O palco do live no kubico, vai receber,
Poder DO Pulitzer Prize: a a 27 de Setembro, um concerto
Autoconhecimento E A coragem, a especial. O evento vai contar com a
BELEZA DE SERES TU esperança e a presença do grupo musical SSP.
MESMA” “procura de um O show que pretende animar a sua
refúgio da dura tarde, começa às 14h:00 e será
A pré-venda do livro “O Poder DO Autoconheci- realidade” transmitido em directo e de forma
mento E A BELEZA DE SERES TU MESMA”, da Depois de “A gratuita na TPA e no Youtube do
escritora, Marleyh Selo estará disponível até 30 Estrada Platinaline.
de Setembro de 2020. Subterrânea”,
O livro aborda temas relacionados ao auto- Colson
conceito, auto-estima, auto-imagem e auto- Whitehead
valorização, ou seja, o livro retrata o (Eu) em voltou a escrever
diferentes dimensões. a história de
De lembrar que a jovem escritora estreou-se no Elwood, um
mundo literário em 2019 com a obra intitulada rapaz negro “à
“Brio na Moda e a Filosofia da Auto-aceitação procura de um
Para os interessados, se comprar já, poderá refúgio da dura
poupar 1500 KZ, e quem comprar depois da pré- realidade”.
venda, o livro estará a ser comercializado no valor
de 5500KZ.
Não espere para depois, faça já a sua encomenda,
no Instagram, @LEGADO_INTELECTUAL, ou ligue
para o 2444923471771.

2. 3. 4.
6.
Show do Mês Live
Pedrito é a figura de cartaz desta
edição do “Show do Mês Live”, que
acontece neste sábado, a partir das
16h:00, com transmissão em directo
na TPA 2 e na TPA Internacional,
Show Yola Rádio FM Stereo e no Facebook do
Semedo projecto.O músico é considerado
A cantora Yola como o “cantor romântico” do País
Semedo dará um irá apresentar durante o espectácu-
concerto no dia lo alguns dos temas que o permiti-
27 de Setembro. ram obter este apelido.
O evento vai
decorrer no Club
S a partir das
15h:00.
Para os
interessados em
assistir ao
Camões Concerto – Especial Tá a Bater com Grande estreia na concerto é
Encontro de Ondas Bambila Netfllix necessário
reservar lugar.

O Auditório Pepetela, no centro
Cultural Português recebe, a 1 de
Outubro, pelas 16h:00 o evento
“Camões Concertos-Encontro de
Ondas”.
Com transmissão ao vivo no Face-
book do Camões Angola- Centro
Cultural Português e Centro Portu-
guês de Cooperação, vai receber os
artistas Carlos Praia, Isaú Fortunato,
Isaú Baptista e Inácio Kacaca vão dar
voz ao “Camões Concerto”.
.O palco do especial Tá a Bater
receberá, a 27 de Setembro, o cantor
Bambila para um concerto promete
muita animação e boa música.
Vão juntar-se ao artista os músicos;
Cef, Yola Araújo, Cage One, Nagrelha
e outros.
O concerto, contará com a presença
da dupla João Chaves e Sandra
Gomes começa às 14h:oo no canal
ZAP Viva.
O filme Cenas de um Homicídio: Uma
Família Vizinha chega à Netflix no dia
30 de setembro de 2020.
Christopher Watts parecia levar uma
vida feliz ao lado das duas filhas e da
esposa grávida do terceiro rebento.
Mas algo aconteceu e ele matou todas
elas, numa história chocante que agora
é contada pela primeira vez pelas
imagens das câmaras de segurança
que o levaram à prisão.
7.
Concerto Bar
Luandina
O palco Bar Luandina, volta a encher-
se de música a 27 de Setembro.
Desta vez vão actuar ao vivo os artistas
Kanda, Bekkah Gando e Dino Ferraz.
O concerto começa as 17h:00 e, como é
habitual, será transmitido em directo e
de forma gratuita na TV Zimbo e nas
páginas do Facebook, Luandina e do
Xé Agora Aguenta.
PUB
 TEMA DE CAPA
Primeiros projectos turísticos
na região angolana do Okavango
podem ser aprovados este ano
região angolana do Okavango
A
tem despertado o interesse de
Investidores nacionais e es-
trangeiros. Assim três empre-
sas que actuam no segmento do
ecoturismo, manifestaram já a
intenção de investir na região
angolana do Okavango, tendo
para o efeito submetido as suas Propostas de In-
vestimento, a Agência Nacional para a Gestão da
Região do Okavango - ANAGERO.
Segundo o Presidente do Conselho de Admin-
istração da ANAGERO, Rui Lisboa, os Investi-
dores Nacionais e Estrangeiros manifestam par-
ticular interesse em investir na área do Bico de
Angola, que possui, actualmente, a maior con-
centração de vida selvagem, que é o nosso prin-
cipal activo turístico, que acrescida a sua locali-
zação perto das Fronteiras com a Zâmbia e
Namíbia, permitem incluir Angola no roteiro
turístico transfronteiriço da iniciativa regional
do Okavango Zambeze e, assim atrair para An-
gola, os turistas internacionais que circulam na
região do KAZA, que já é um destino turístico de
referência mundial.
As referidas propostas foram submetidas aos
órgãos que tem a responsabilidade de aprovar e
atribuir as concessões para a implementação dos
projectos turísticos na região angolana do Oka-
vango, cabendo a agência facilitar a implemen-
tação em articulação com todas as instituições
públicas, que directa ou indirectamente intervêm
no processo.
Contudo, apesar deste interesse de Investi-
dores nacionais e estrangeiros, o Presidente do
Conselho de Administração da ANAGERO, re-
alçou a necessidade de investimentos públicos
para a melhoria dos acessos, construção de in-
fraestruturas e instalação de serviços básicos,
para viabilizar os referidos investimentos.
Para o efeito, a Agência já submeteu a consid-
eração superior uma proposta de programa
faseado de infra-estruturação para o arranque
da actividade turística na região angolana do
Okavango, priorizando a construção dos Postos
fronteiriços do Bico de Angola e de Bwabwata,
terraplanagem, do roteiro turístico transfron-
teiriço, que interliga as principais áreas de in-
teresse turístico de Bwabwata, Luiana Sede, Boa
Fé e Bico de Angola e reabilitação da Pista de Lu-
iana Sede. M
 7

5
24 MERCADO 25.09.20

Brunch with...

O seu envolvi-
mento com o
mundo dos ne-
gócios, começou
antes de ir para
Rússia. O pri-
meiro negócio,
foi sociedade em
com um amigo.
 MERCADO 25.09.20 25

António
Luciano
Carrega consigo uma grande vontade de vencer na vida, com o
princípio de que para se ser alguém na vida não precisamos invejar as
conquistas alheias. Desde cedo, tem um senso de responsabilidade,
organização fora do comum.
P O R VÂ N I A A N D R A D E | F O T O G R A F I A O R L A N D O Z U M B I

A
ntónio Manuel Ngunza Luciano, nasceu na véspera das pri- O primeiro negócio
meiras eleições presidenciais em Angola, a 29 de Setembro O seu envolvimento com o mundo dos negócios, começou antes de ir para
de 1992. É proveniente de uma família humilde, que apesar Rússia. O primeiro negócio, foi sociedade em com um amigo. “Montavamos
das muitas dificuldades da época, conta que seus pais nunca luzes para festas no bairro em que morava da altura (Morro Bento), isso
desistiram de dar uma vida digna aos filhos. Considera a mãe entre 2006 á 2008, depois disso em 2013 criei uma frota de moto-taxi, mas
o seu maior símbolo de resiliência, superação e determinação. “A minha o projecto faliu e deixou um grande prejuízo financeiro.
mãe sempre me ensinou a conquistar as coisas sem invejar o sucesso do Em 2016, ainda na Rússia, a terminar a licenciatura, criou a marca de
outro, foi por ela que me tornei na pessoa que sou”, lembra. roupa The Bantu com ajuda da sócia Lúcia Mesquita. Com essa marca, Lu-
A sua infância foi dividida entre o Prenda e o Rocha pinto, bairros que ciano participou de vários eventos de moda em Angola, nomeadamente o
viram parte da trajectória de vida de António Luciano, que conta haver dois Moda Angola, Moda Jovem, o Moda Tundavala e outros eventos, e teve a
momentos marcantes na sua vida, e que haverá de se lembrar sempre. oportunidade de vestir apresentadores e actores de algumas cadeias tele-
“O primeiro foi a época que era difícil ter um televisor em casa, e quando visivas nacionais e não só.
uma vizinha no bairro tivesse, todos se reuniam para assistir. A minha mãe Contudo, em 2017 depois de muito ter falhado e ter vivido um desespero,
proibia as minhas irmãs de lá irem, mas o vício das telenovelas falava mais durante um belo dia numa das páginas do Jornal de Angola, tinha uma ma-
alto e desobedeciam a mãe. Como eu era o mais novo, eram obrigadas a téria que falava de um programa do Governo que iria financiar às pequenas
levar-me também, e, como consequência, fazia queixas sempre que isso e médias empresas.
acontecesse” recordou com saudades. “Naquela altura no banco, eu tinha os meus últimos 100 mil Kwanzas, e
Outro momento que marcou a vida de Luciano foi o facto de poder ser o foi com esse dinheiro que constitui a LCE BANTU TECNOLOGIA. Depois de
elo de amizade entre a mãe e a sua melhor amiga. “Eu as apresentei, e a ter já a empresa constituída, convidei dois amigos a fazerem parte dessa
amizade entre elas perdura há mais de 20 anos” nova aventura que nem eu tinha noção de como
ressalvou. seriam as coisas, Cláudio José, meu eterno es-
Desde criança que sonha em ajudar outras A sua infância foi dividida entre cudeiro que é especialista em redes de compu-
pessoas, e arrasta desde então o sonho de um o Prenda e o Rocha pinto, bairros tação, e Gizela Vunge, formada em finanças e
dia se tornar Presidente da República. “Não que viram parte da trajectória gestão de empresas”.
deixo de sonhar, mas também entendo que Actualmente, o empresário está a terminar o
podemos ser todos presidentes da República, de vida de António Luciano mestrado em telecomunicações pelo Instituto
mesmo que não seja sentando na cadeira mais Nacional de Telecomunicações – INATEL, no
alta, mas de uma forma diferente a fim de po- Brasil, em Minas Gerais. Conta que, a concorrên-
dermos governar bem as nossas vidas, contribuindo directamente para cia desigual, tem sido das principais barreiras enfrentadas na sua trajectória
o desenvolvimento do País”. profissional, bem como, a falta de boas políticas para o mercado empresarial,
que muito dificulta o nascimento e crescimento das pequenas empresas.
Percurso acadêmico O nosso convidado garante que o seu contributo vem sendo de várias
O seu primeiro dia de aulas foi na escola Capipa, sita no bairro Rocha Pinto, formas, mas que, o mais importante hoje tem sido poder orientar os jovens
onde estudou durante dois anos. Em 2003, mudou-se para o Morro Bento, a acreditarem que é possível realizar os seus sonhos, tirar de suas costas o
tendo ingressado no colégio Baptista da Paz. fardo que carregamos por longos anos de que é obrigação do estado dar
Após dois anos lectivos, pediu a mãe para voltar a frequentar uma escola emprego a população, de que só se trabalha para o estado.
do Estado, foi então que na 5ªclasse entrou para a Amos Comenio, também O seu maior sonho, a nível profissional, resume-se em poder impactar
no Morro Bento, onde estudou até a 8ª classe. Concluiu o ensino médio no mais vidas, auxiliar mais pessoas, crescer dentro do que faz, mas com a visão
Instituto Médio Industrial Simione Mucune, e logo a seguir, por mérito pró- de poder melhorar a realidade de muitas outras pessoas, e que é o momen-
prio conseguiu uma bolsa de estudo para Rússia. to de pensarmos mais em “Nós” e menos no “Eu”.
Naquele País, viveu durante cinco anos. Licenciou-se em Tecnologia de Enquanto jovem e angolano sonha em contribuir para tornar real aquele
Informação e Comunicação de sistemas pela Universidade Estatal Rádio- conto que aprendemos ainda muito cedo “Angola é um País grande e belo”,
Técnico de Ryazan-Rússia. pois acredita haver potencial para isso, mas haver falta boa vontade.
Contou que, a oportunidade de se formar na Rússia fez de si o homem que “Aponto sempre que o primeiro caminho, consiste em melhorar as bases,
é hoje, tanto a nível pessoal como profissional. “Hoje a Rússia é minha se- começando pela educação, e estender para outros sectores gradualmente.
gunda casa, tenho boas relações com todos os amigos que fiz por lá e alguns Sou de opinião que está mais do que na hora, de pensarmos no bem comum,
professores”, diz. e não esperar o futuro para erradicar a miséria”
Em 2016, ano em que terminou a formação, contra vontade da mãe, An- Falando um pouco sobre quem é António Luciano, como pessoa, o em-
tónio Luciano decidiu voltar para Angola, pois a vontade de poder contribuir presário considera-se uma pessoa extremamente patriota, que depois da
para o crescimento do País era maior. “A minha mãe queria que eu perma- família e sem sombras de dúvidas Deus que está acima de todos e tudo.
necesse na Rússia até concluir o mestrado, mas eu sentia que estava na hora Imperfeito como todo ser que respira, crê que seu maior defeito seja a
de dar o meu contributo à nação”. teimosia. Considera o amor a sua maior fraqueza, porém a sua força maior.
Posto em Luanda, o nosso convidado conta não ter passado por uma boa Ao que diz respeito a leitura, Luciano aprecia livros sobre novas tecnologias,
experiência. De regresso à pátria, convicto de teria muito sucesso, e certo pois acredita num novo futuro tecnológico, lê também sobre política, des-
de que a formação o proporcionaria tudo que sonhava, Luciano viveu dias porto, mas a sua maior paixão são histórias baseados em fatos reais, por isso
de profunda depressão, ao ponto de querer desistir de tudo. a bíblia é o livro que melhor recomenda.
“Cheguei a me sentir “frustrado”, porque fazia testes em algumas empre- Ama ser livre para poder criar, respeitando sempre o espaço do outro,
sas de telecomunicações do País, passava nos testes, mas quando chegava tem como hobbies: Assistir TV, jogar futebol, ler, viajar, fazer novas amiza-
a hora de começar a trabalhar, algo dava errado”. des, estar com amigos e família é para si melhor coisa do mundo. M
26 MERCADO 25.09.20
Banca
BALANÇO DE CINCO ANOS
Banco Yetu em rota de crescimento
quase duplica resultados
Após suplantar os
resultados negativos dos
dois primeiros anos, o
banco entrou em rota de
crescimento e quase
duplicou o lucro em
2019. Resultados do
semestre mantêm
tendência.
POR JOAQUINA DUNGUE
O Banco YETU obteve resultados
líquidos na ordem dos 4,5 mil mi-
lhões kz no exercício económico
de 2019, um aumento de 77% em
comparação ao ano anterior, con-
forme os documentos oficiais di-
vulgados pela instituição, que ce-
lebrou cinco anos de existência a
17 do mês em curso.
Nos primeiros dois anos a insti-
tuição registou prejuízos, tendo
recuperado a partir do terceiro ano
e desde então estabelece um circui-
to de ganhos que se superam em
cada ciclo económico (ver tabela).
Em 2019 os activos do banco
foram avaliados em mais de 42
mil milhões kz, um crescimento
exponencial face aos 4,8 mil mi-
lhões Kz de 2015, ano em que co-
meçou a operar.
Quanto ao crédito à clientes, a
carteira se fixou em 1,6 mil milhões
kz uma redução de 27% face a 2018
período em que a mesma deteve o
recorde dos cinco anos para perto
de 2,2 mil milhões Kz.
De acordo com o CEO, Rosário
José Matias, o banco tem apostado
no financiamento às Micro Peque-
nas e Medias Empresas, MPME´s,
sendo as mesmas responsáveis por
25% do crédito concedido.
Rosário Matias falava a luz do en-
contro sobre a evolução das MPME
no País realizado recentemente em
Luanda, onde destacou que o banco
operaemquatroprovínciasnomea-
damente Luanda, Kuando Kuban-
go,Benguela,Huamboepretendem
actuar brevemente na Huíla.
Nestas províncias tem vindo a
trabalhar com associações empre-
sariais, entidades governamentais
no sentido de encontrar empresá-
rios novos, jovens com projectos
que abrangem a política creditícia
BDA
Desembolsa 10 mil milhões Kz
O Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA) desembolsou,
até à presente data, 10,8 mil milhões de Kz, dos 17,6 mil mi-
lhões previstos aos operadores para a compra de produtos
com o selo nacional, no quadro da Linha de Crédito de Alívio
Económico.
do banco.
Cautela na contratação de
empréstimos
Adverte para a prudência na con-
tratação de créditos e aconselha os
empresários a explorarem fontes
alternativas de financiamentos.
“Os bancos para além de utiliza-
rem capitais próprios trabalham
com capitais alheios, e para finan-
ciar uma Economia é necessário
obedecer e seguir alguns padrões e
requisitos para que o crédito con-
cedido seja um crédito bom, res-
ponsável e com retorno”.
Disse ainda que as solicitações de
crédito chegam inconsistentes e as
equipas que trabalham dia a dia na
análise dos processos acabam por
concluir mais sobre a inviabilidade
dos processos a financiar.
Alude que a grande dificuldade na
concessão de crédito começa quan-
do as pequenas empresas nascem
com a ideia de grande empresa. E
que os promotores precisam rever
o conceito de começar um projecto
a partir de um estágio de grandeza,
os mesmos devem começar de mi-
cro, pequenos e médios depois che-
garem a grande.
“O nosso pensamento tem de es-
tar dimensionado aquilo que é o
caminho a fazer assim colocado as
coisas nestes termos facilita a ban-
ca, ao operador bancário a apoiar o
projecto, pois dá uma certa segu-
rança e tranquilidade segundo o
responsável da instituição”.
Acrescentou que os promotores
dos projectos dificilmente conse-
guem apresentar os colaterais ou
garantias que mitigam o risco do
investimento.
“As empresas precisam de orga-
nizar a contabilidade, é difícil en-
trar para o empresariado sem Desempenho do Banco Yetu durante os cinco anos de existência
contabilidade, sem registo do ne-
gócio sobre quanto se ganha por Ano Activos Resultado Líquido Crédito em carteira
dia, por outra as empresas preci-
sam de investir na gestão adminis- 2015 4 824 266 000,00 -274 524 000,00 -
trativa ter um acompanhamento
rigoroso as actividades da empre- 2016 12 012 083 000,00 -325 873 000,00 339 331 000,00
sa”, aconselhou.
Em 2019 o banco procedeu o re- 2017 11 851 473 000,00 160 462 000,00 345 096 000,00
gisto na BODIVA e deu início a tran-
sações em bolsa que possibilitou a 2018 22 997 911 000,00 2 538 574 000,00 2 197 779 000,00
melhoria do desempenho e dos re-
sultados obtidos a par de uma estra- 2019 42 490 070 000,00 4 482 706 000,00 1 601 676 000,00
tégia de maior actuação ao nível do
Fonte: Relatório e Contas do Banco Yetu
mercado e dos clientes. M
PUB
 28 MERCADO 25.09.20
Finanças
EXERCÍCIO ECONÓMICO 2019
Resultados extraordinários
salvam Sonangol de prejuízos
DR
Os resultados das
actividades correntes da
maior empresa
angolana foram
negativos em 351,5 mil
milhões Kz. É a primeira
vez que a petrolífera
regista prejuízos
correntes, pelo menos
desde 2006, ano a partir
do qual as contas
passaram a ser
divulgadas
publicamente.
P O R E S T Ê VÃO M A R T I N S
estevao.martins@mediarumo.co.ao
A Sonangol registou prejuízos de
351,5 mil milhões Kz nas suas acti-
vidades correntes em 2019, a pri-
meira vez desde que a petrolífera
começou a divulgar publicamente
as suas contas em 2006, de acordo
com o relatório e contas colocado
esta semana no site com um atraso
de cerca de seis meses em relação
aos prazos legais.
Ganhos extraordinários de 397,3
mil milhões Kz salvaram a maior
empresa angolana de encerrar o
ano passado com resultados líqui-
dosnegativos.ASonangolterminou
2019comlucrosde45,9milmilhões
Kz, diferença entre ganhos extraor-
dinários de 397,4 mil milhões Kz e
perdas de 351,5 mil milhões Kz nas
actividades correntes.
Das cinco áreas de negócio da
Sonangol, duas registaram lucros
e três prejuízos. Os ganhos foram
liderados pelo upstream (pesqui-
sa e produção) com 525,1 mil mi-
lhões Kz seguido do midstream
(refinação e transporte) com 136,1
mil milhões Kz. Do lado das per-
das o destaque vai para as activi-
dades relacionadas com os inves-
timentos financeiros “core”
designada corporate & financing,
com prejuízos de 306,7 mil mi-
lhões, seguidas do dowstream
(armazenagem, comercialização
e distribuição) com 300,2 mil mi-
Transferências
Pagas por telemóvel
Transferências monetárias destinadas a famílias angola-
nas vulneráveis, ao abrigo do programa Kwenda, vão poder
ser pagas através de telemóvel a partir do próximo mês,
disse hoje o diretor do Fundo de Apoio Social (FAS), Belar-
mino Jelembi.
figura entre os factores extraor-
dinários que contribuíram para
os resultados positivos da com-
panhia.
Há ainda a registar um ganho
extraordinário avaliado 116 mil
milhões Kz, por conta de eventos
não recorrentes que não estão re-
lacionados com a actividade ope-
racional do grupo, com destaque
para o ajustamento na base de da-
dos do plano médico originado
pela transferência dos colabora-
dores da função de concessionária
e áreas de suporte para a ANPG –
Agência Nacional de Petróleo, Gás
e Biocombustível, orçado em 13,4
mil milhões Kz.
Refere ainda que o montante
correspondeu a transferência de
584 trabalhadores para a ANPG e a
subsequente extinção do benefício
com cuidados médicos antes atri-
buídos pela Sonangol.
Outros ganhos que salvaram a
Sonangol do vermelho, no ano
transacto, têm que ver com os
reembolsos, por parte do Estado
angolano, associados a alienação
da participação de 51% das acções
detidas pela petrolífera na socieda-
de imobiliária Kora Angola estima-
dos em 45,6 mil milhões Kz, além
das despesas relacionadas com os
lhões Kz e do segmento não “core” custos operacionais da Sonangol
com 12,6 mil milhões Kz. Investimentos e Indústrias, no pe-
Os ganhos (ou perdas) extraor- ríodo de 2011 a 2018 orçado em
dinários são, como o próprio 56,3 mil milhões Kz.
nome indica, resultantes de acon-
tecimentos não repetíveis. Os Pressão sobre a tesouraria
ganhos extraordinários da So- Quanto às actividades correntes
nangol referem-se, essencial- que registaram as referidas perdas
mente, à anulação da dívida da de 351,5 mil milhões Kz, o relatório
Sonangol à companhia iraniana diz que a culpa é das reduções nos
Petropars, no montante de 280,4 preços do petróleo bruto, face a
mil milhões Kz, no âmbito do diminuição da procura decorrente
South Pars- Phase 12, um projecto do menor crescimento mundial,
localizado no Golfo Pérsico, onde bem como do aumento da oferta de
se encontram as maiores reservas petróleo. Estes eventos estão a ter
de gás do mundo, em que a petro- impactos significativos na activi-
lífera participou mas que entre- dade, rentabilidade e liquidez da
tanto abandoou. empresa e do grupo.
A empresa diz que anulou a dívi- E as coisas podem piorar “Face
da porque não tinha como efectuar ao actual enquadramento de ele-
o pagamento face às sanções dos vada incerteza e rápida evolução,
Estados Unidos ao Irão. Mas se ti- não é possível estimar com razoá-
vesse que pagar, a Sonangol garan- vel grau de confiança o impacto
te que a sua parte dos activos no que as situações poderão ter no
projecto seria suficiente para liqui- balanço, nos resultados e nos ní-
dar a dívida. veis de liquidez e solvabilidade da
A anulação, em 2018, da dívida empresa”, lê-se no documento.
ao operador dos blocos 36 e 37 A Sonangol encerrou o exercício
estimado em 10,2 mil milhões Kz de 2019 muito pressionada do
ponto de vista de tesouraria. Em 31
de Dezembro de 2019, os activos
correntes (8,4 Kz) passaram a ser
inferiores aos passivos correntes
(9,6 biliões Kz). Ou seja o que a em-
presa tem a receber no curto prazo
chega para cobrir o que a empresa
tem de pagar.
A situação não passou desper-
cebida ao auditor independente a
KPMG, valendo mesmo uma ênfa-
se no relatório, mas é desdrama-
tizada pelo Conselho de Adminis-
tração. A situação será
ultrapassada em 2020, garante o
órgão de gestão.
O facto não deverá colocar em
causa a capacidade do grupo de
cumprir com os compromissos
assumidos, tendo em conta um
conjunto de iniciativas materiali-
zadas e a materializar ao longo de
2020, que visam a obtenção de re-
ceitas e de liquidez adicionais, re-
força o CA.
Recorde-se que a
petrolífera obteve
resultado líquido de 125
milhões USD ( 45,8 mil
milhões Kz)
Entre as iniciativas destaca-se a
alienação parcial do interesse par-
ticipativo do bloco 20 e 21/09, no
montante de 400 milhões USD,
dos quais 350 milhões USD já fo-
ram aloucados à empresa em Ju-
nho do corrente. Consta ainda a
recepção de dividendos da PT Ven-
tures, ainda este ano, no valor de
307 mil milhões Kz e outros divi-
dendos avaliados em 40 mil mi-
lhões Kz, além da contracção de
um financiamento de 1,5 mil mi-
lhões USD de longo prazo junto da
banca internacional.
O exercício de 2019 fica marcado
pela celebração de um acordo en-
tre a Sonangol e o Estado que resul-
tou na fixação de passivos de natu-
reza fiscal, aduaneiros e de
transacções, enquanto concessio-
nária, que se encontravam em re-
conciliação em exercícios anterio-
res e que, segundo a empresa,
permitiu apresentar, de forma
mais realista e apropriada, a posi-
ção dos activos e passivos existen-
tes entre o grupo e Estado. M
 MERCADO 25.09.20 29

Finanças

REFORMA FISCAL E BANCÁRIA

Estado recua na decisão

e facilita expatriados
das petrolíferas

DR
Os trabalhadores tes em território nacional, segun- Assim, as empresas expatriadas altura e periodicidade que seja su- rentes com os rendimentos aufe-
expatriados ligados ao do especialistas, pode traduzir-se do sector petrolífero estão isentas perior do recebimento dos rendi- ridos ao abrigo do contrato de
num ónus adicional para as res- do agravamento da taxa de reten- mentos. trabalho”, diz o normativo do ban-
sector petrolífero estão pectivas unidades empresas. ção na fonte, no âmbito da refor- Nas operações de compra de co central.
isentos das medidas “Isto porque na medida em que ma tributária, aprovada pela As- moeda estrangeira, segundo ainda O cumprimento das obrigações
adoptadas pelo Banco nos contratos de prestação de ser- sembleia Nacional (AN), a 24 de o artigo 15º do Aviso nº 17/2020, fiscais também é um dos impera-
viços internacionais os valores a Abril de 2020. os bancos comerciais devem veri- tivos legais, como ilustra o dispo-
Nacional de Angola pagar sejam acordados pelos mon- Na banca, os trabalhadores ex- ficar a existência de um visto que sitivo legal em causa.
tantes já líquidos de quaisquer patriados ligados ao sector petro- permite o exercício de uma activi- “As operações de transferência de
POR FERNANDO BAXI
estevao.martins@mediarumo.co.ao impostos ou taxas incidentes no lífero estão isentos das medidas dade remunerada e a validade. rendimentos de capitais, nomea-
país de origem”. adoptadas pelo Banco Nacional de damente juros de depósitos ban-
Angola (BNA), Aviso n.º17/2020, cários e de valores mobiliários,
O Estado recuou na execução de Operações Ordenadas por Não bem como dividendos regem-se
algumas medidas de âmbito fiscal Os trabalhadores Residentes Cambiais, mas concre- O aumento da tributação por regulamentação própria”, faz
e bancária, adoptadas no início do estrangeiros não tamente no artigo 15º (Operações traduzir-se num ónus referência o aviso em causa.
presente ano económico, pressio- residentes devem abrir de Invisíveis Correntes). adicional O aviso do BNA recomenda
nado por empresas estrangeiras conta bancária num O normativo do banco central sempre que a avaliação das opera-
que operam no sector petrolífero, obriga os trabalhadores estran- ções suscitar dúvidas, as Institui-
soube o Mercado de fontes próxi- banco em Angola geiros não residentes cambiais ções Financeiras devem solicitar
mas ao processo. que exercem uma actividade re- elementos adicionais e abster-se
Ao abrigo da reforma fiscal, a munerada no País devem, obriga- Também devem verificar a exis- da execução das mesmas até es-
taxa de retenção na fonte (com ca- Diante dos efeitos previsíveis do toriamente, abrir uma conta ban- tência de um contrato de trabalho clarecimento satisfatório pelo
racter liberatório sobre os rendi- agravamento da taxa de retenção cária num banco sedeado em devidamente aprovado pelo mi- ordenador.
mentos decorrentes dos serviços da fonte, as empresas do sector Angola, na qual deverão ser domi- nistério de tutela e o prazo de vali- Apesar do normativo do banco
acidentais, prestados por entida- petrolífero estrangeiras enceta- ciliados os rendimentos. dade do mesmo. central permitir a transferência
des sem sede, domicílio, estabele- ram contactos com as instâncias A norma do BNA permite que os O BNA obriga igualmente certi- dos rendimentos a todo o tempo
cimento estável ou local de direc- superior do Executivo, tendo estas trabalhadores abrangidos podem ficar que os créditos nas contas e a qualquer altura, foi considera-
ção efectiva em Angola) subiu de esclarecido com pormenor os im- comprar moeda estrangeira e dos trabalhadores expatriados do prejudicial para os trabalha-
6,5% para 15%. pactos negativos que sofreriam, se transferir para o exterior os ren- resultam de transferências direc- dores expatriados empregados
O aumento da tributação que fossem abrangidas por tal medida. dimentos, legalmente, auferidos tas da entidade empregadora. nas empresas petrolíferas. Face à
incide sobre os pagamentos de Analisada a situação, o Presidente ao abrigo de um contrato de traba- “Que os valores que os trabalhado- decisão do Executivo também es-
serviços a entidades não residen- da República, João Lourenço. lho, podendo o fazer em qualquer res pretendem transferir são coe- tão isentos. M
30 MERCADO 25.09.20

Finanças Fcoturismo
Atrai investidores
Três empresas que actuam no segmento do ecoturismo
manifestaram a intenção de investir na região angolana do
Okavango, tendo para o efeito submetido propostas de in-
vestimento à Agência Nacional para a Gestão da Região do
Okavango (ANAGERO).

F U N D O M O N E TÁ R I O I N T E R N A C I O N A L

Coronavírus agrava
necessidades de financiamento
O FMI garante que a
pandemia da COVID-19,
juntamente com a
descida dos preços do
petróleo e a redução da
procura internacional,
gerou necessidades
adicionais de
financiamento
relativamente à segunda
avaliação de 3,8 mil
milhões USD este ano.
POR HENRIQUE KANIAKI
Henrique.kaniaki@mediarumo.co.ao

As necessidades brutas de finan-

ciamento externo de Angola vão
baixar de 12 mil milhões USD em
2020 para 9 mil milhões em 2025,
prevê o Fundo Monetário Inter-
nacional (FMI).
A informação consta dos relató-
rios que serviram de base à terceira

DR
avaliação do Acordo de Financia-
mento Alargado com Angola (EFF, financiamento, como a COVID-19, mia. Com o acréscimo de 765 mi- no em atacar a crise de frente e o biais e monetárias face ao impacto
na sigla em Inglês) concluído a 16 a recapitalização dos bancos, o pa- lhões USD aprovado pelo “board” apoio financeiro internacional si- económico da pandemia da CO-
de Setembro do corrente ano. gamento de dívidas atrasadas e a da instituição sedeada em Wa- gnificativo, através do aumento do VID-19.
De acordo com previsões do FMI, investimentos críticos. shington o financiamento passa empréstimo, a Iniciativa da Sus- Os analistas avaliam como sus-
o orçamento Angola precisa de 12 Para cumprir essas necessida- para 4 465 milhões, que é o máximo pensão do Serviço da Dívida e a tentável, mas alertam que os riscos
mil milhões USD este ano e 9 mil des, o FMI diz que o Governo vai permitido pela quota de Angola. permanecem muito elevados.
reestruturação da dívida, são críti-
milhões em 2021. recorrer a financiamento excecio- O reforço do financiamento per- cos para manter o programa no “Após o pico de 2020, projeta-se
Valor que desce para cerca de 7 nal proveniente da Iniciativa de mitiu a Luanda receber de imediato rumo certo. que o rácio da dívida diminua de
mil milhões USD entre 2022 e 2024 Suspensão do Serviço da Dívida 1 000 milhões em vez dos 547 mi- forma constante em direção à
mas de seguida volta a aumentar do G20, reestruturação da dívida lhões USD previstos no acordo ori- meta de médio prazo das autori-
para quase 9 mil milhões em 2025. aos maiores credores, apoio ao ginal. A nova tranche de 1 000 mi- Os analistas avaliam dades. Existem grandes riscos
orçamento de organizações mul- lhões eleva para 2 489 mil milhões como sustentável, mas associados a esta trajetória da dí-
tilaterais, incluindo o aumento do USD os desembolsos do EFF até ao alertam que os riscos vida dada à elevada vulnerabilida-
Renegociação da dívida empréstimo do FMI, privatiza- momento. permanecem muito de de Angola aos preços do petró-
angolana, dentro e fora ções, desembolsos de linhas de Depois da conclusão da avalia- leo e aos choques cambiais”,
crédito existentes, dentro dos li- ção do FMI, a ministra das Finan- elevados alertam os analistas.
do G20, permite poupar
seis mil milhões de mites do programa, levantamen- ças, Vera Daves, anunciou que a Relativamente à Lei do BNA, o
to de depósitos governamentais e renegociação da dívida angolana, Fundo apresentam a falta de dis-
dólares até 2023 venda de activos financeiros do dentro e fora do G20, permite A decisão tomada pelos repre- posições adequadas de autono-
Fundo Soberano. poupar seis mil milhões de dólares sentantes dos países credores inte- mia pessoal e financeira como os
Com a avaliação do programa, a até 2023. grantes do Clube de Paris sobre a principais entraves. Quanto à Lei
“A pandemia da COVID-19, jun- comissão executiva do FMI apro- DSSI, obriga Angola a usar as pou- das Instituições financeiras
tamente com a descida dos preços vou o aumento do financiamento Subida dramática dos panças resultantes da suspensão “apesar de melhorias significati-
do petróleo e a redução da procura a Angola em 765 milhões USD e o riscos económicos do pagamento da dívida na mitiga- vas em conformidade com as
internacional gerou necessidades desembolso imediato 1 000 mi- “Os riscos subiram dramatica- ção os efeitos económicos e sociais recomendações do FMI, a pro-
adicionais de financiamento rela- lhões USD. mente, mas a resposta política da COVID-19, em particular no sec- posta ainda carece de trabalho
tivamente à segunda avaliação de O programa inicial aprovado em forte das autoridades e a perseve- tor da saúde. adicional, nomeadamente no
3,8 mil milhões USD este ano e de Dezembro de 2018 e com duração rança na implementação das re- Para o FMI, o Governo tem con- que diz respeito à ferramenta de
2,9 mil milhões USD em 2021”, lê-se até 2021 previa um financiamento formas vai ajudar o programa a seguido manter uma política orça- gestão de activos, aos regimes de
na análise detalhada. de 3 700 milhões a Angola com ob- manter o rumo”, lê-se na avaliação mental prudente e avançar com a intervenção e resolução anteci-
Os analistas do FMI listam um jectivo de restaurar a sustentabili- do FMI. gestão da dívida e das reformas, pada e à necessidade de salva-
conjunto de despesas que aumen- dade externa e fiscal, melhorar a Os analistas da instituição apon- tendo conseguido também um guardas para proteger os fundos
tam ainda mais as necessidades de governação e diversificar a econo- tam que a determinação do Gover- equilíbrio entre as políticas cam- públicos”. M
 MERCADO 25.09.20 31

Finanças
CÂMBIO

Kwanza afundou 22,4% até Setembro

Uma das causas da aumento da inflação, reduzindo o nacional, defende Maximiano
mento para eliminar as restrições de pagamentos.
queda da moeda informais impostas pelos bancos poder de compra das famílias e pe- Muende.
ao levantamento de depósitos em nalizando o cash-flow das empre- Essa instabilidade tem efeitos Medidas a ser adoptada
nacional é a escassez de sas, por via da redução da procura perversos na economia, pois re-
divisas e novas regras para redu- para estabilizar a moeda.
divisas. Em 2019, o BNA zir os custos operacionais no efectiva, diminuiu a confiança dos duz a confiança que os bancos e os Só pode existir estabilidade da
colocou no Mercado 2,9 mercado de câmbios, aumenta- investidores e acelerou a estagfla- investidores internos e externos moeda se existir produção nacio-
ram a flexibilidade da taxa de ção e o desemprego no País”, con- depositam no empresariado local nal suficiente para atenuar os des-
mil milhões USD contra câmbio e ajudaram a reduzir o cluiu Muende. e no mercado interno, o que por equilíbrios entre a procura e ofer-
5,8 mil milhões USD no spread entre as taxas oficiais e do O economista Eduardo Manuel sua vez inibe o crédito à economia ta agregada.
mesmo período de 2019, mercado paralelo de 151% em defende que a desvalorização da real, o investimento interno e ex- Maximiano Muende considera
uma redução de 50%. Dezembro de 2017 para um míni- moeda tem impacto positivo nos terno, dificulta a transmissão das ser importante reorientar algumas
mo histórico de 6% em meados agentes económicos que possuem medidas de política monetária e medidas económicas para acelerar
POR JOAQUINA DUNGUE
de Abril, lê-se. moeda estrangeira em carteira, não promove o crescimento eco- a produção interna, mormente a de
visto que aumenta o seu poder de nómico. bens alimentares.
Causas e impacto compra; tem impacto negativo Como nem tudo é mau Muende, 1. As obras de reabilitação de pe-
O Kwanza desvalorizou 22,4% no Com o acordo entre o FMI e o go- nos agentes económicos que pos- defende que a política de desvalo- quenas estradas ou das vias de
período de Janeiro a Setembro do verno angolano celebrado em De- suem apenas moeda nacional, de- rização tem permitido ao BNA acesso às zonas de maior produ-
ano em curso, reflectindo a escas- zembro de 2018, ao abrigo da im- vido à redução do poder de com- manter as RIL acima dos 10 mil mi- ção agrícola, deveria ser uma
sez de moeda estrangeira, segun- plementação do Programa de pra. Os bens e serviços tornam-se lhões de USD, conforme exigência aposta.
do cálculos do Mercado com base Financiamento Ampliado que mais caros. do FMI e tem levado as empresas 2. Maior apoio a exportação de
nas informações do Banco Nacio- contemplava inicialmente uma Como Angola depende muito do em Angola a olharem mais para as produtos nacionais com realce
nal de Angola (BNA). verba de 3,7 mil milhões USD, o exterior, a desvalorização da moe- possibilidades de produção inter- aqueles que têm registado preços
Nos primeiros oito meses do ano BNA tornou mais flexível a política da provoca não só a subida genera- nas reduzindo a apetência pela im- altos nos mercados internacio-
o BNA vendeu 2,9 mil milhões USD cambial e, em 2019, liberalizou na lizada dos preços, mas mais grave portação, o que de certa forma aca- nais, tais como o milho, a soja e o
contra 5,8 mil milhões USD no totalidade as taxas de câmbio do ainda, a instabilidade da moeda ba por melhorar o saldo da balança café. O apoio à produção do milho
mesmo período de 2019, uma re- kwanza face as restantes moedas e da soja e a recuperação do parque
dução de 50%. estrangeiras, lembra o economis- Evolução do câmbio de Janeiro a Setembro cafeícola do país, podem a curto e
Após a transição para uma ta Maximiano Muende. médio prazo promover uma maior
taxa de câmbio livre, em meados A redução significativa do volu- estabilidade da moeda.

621.803
de Outubro de 2019, a grande me de divisas em dólares que entra- Por sua vez o economista Eduar-
600.245
sobrevalorização, que se acu- vam para a economia angolana, do avança que o executivo deverá
581.916

578.917

577.762
556.908

mulou ao longo do primeiro se- provocada pela redução do preço promover medidas de atracção de
mestre do ano passado, foi eli- do petróleo, e a rigidez da oferta capital estrangeiro, para aumentar
536.68

minada, segundo o relatório do global de bens e serviços de produ- a oferta de moeda estrangeira dis-
495.798

Fundo Monetário Internacional ção nacional, que tem mantido a ponível, que deverão incidir na
492.63

(FMI) sobre a Terceira Revisão procura por produtos importados aposta da Internacionalização das
ao abrigo do Acordo Alargado de a um nível bastante elevado agra- empresas públicas; intensificação
Angola. varam a desvalorização do kwanza, Jan/20 Fev/20 Mar/20 Abr/20 Mai/20 Jun/20 Jul/20 Ago/20 Set/20
das medidas de retorno dos capi-
Foram implementadas várias apontou. taisdesviadosdoscofresdoEstado;
“O débil ambiente de negócios, o Fonte: BNA
aposta no turismo”. M

O BNA tornou mais

flexível a política cambial
e, em 2019, liberalizou na
totalidade as taxas de
câmbios do kwanza.

reformas para continuar a transi-

ção para a taxa de câmbio livre:
desde Janeiro de 2020, as empre-
sas de petróleo estão autorizadas
a vender moeda estrangeira dire-
tamente aos bancos com os quais
mantêm relações comerciais; no
1º de Abril as transacções passa-
ram a realizar-se na plataforma de
negociação eletrónica da Bloom-
berg; no final de Junho a platafor-
ma foi estendida às empresas de
diamantes seguindo-se outros
participantes do mercado, incluin-
do o Tesouro, conforme consta no
documento do FMI.
Estas reformas, combinadas
com outras levadas a cabo pelo
BNA, incluindo o novo regula-
DR
32 MERCADO 25.09.20
Finanças
MERCADO DE JOGOS
Estado arrecada 272 milhões Kz com
imposto especial de Jogos em 2020
Dados históricos
apontam que no auge da
exploração dos jogos, o
sector arrecadou um
potencial na ordem dos
350 mil milhões Kz
mensais..
POR INÁCIO SACONDONGO
O imposto especial de jogos ren-
deu ao Estado, este ano, cerca de
272 milhões Kz, ou seja, 86% do
total arrecadado nos 12 meses de
2019, segundo dados do Instituto
de Supervisão de Jogos, (ISJ).
O montante representa uma
quebra de dois terços face a meta
prevista. Tal se justifica devido ao
momento crítico que o País e o
mundo enfrentam causado pela
pandemia da COVID-19 que levou
ao encerramento das casas de jo-
gos bem como das fronteiras in-
ternacionais, reduzindo drastica-
mente a entrada de turistas
asiáticos, principais consumido-
res deste serviço.
Segundo o director geral do ISJ,
Paulo Ringote, em 2019 o Estado
arrecadou com o imposto espe-
cial de jogos cerca de 315 milhões
Kz, um valor por confirmar com
a Administração Geral Tributa-
ria, (AGT).
Não tivemos até ao
momento a
disponibilidade de
operadores privados, de
agentes económicos
privados que quisessem
desenvolver a exploração
dos jogos
De acordo com o homem forte
do ISJ, os jogos sãos essencial-
mente repartidos em três subseg-
mentos nos termos da lei, sendo
o segmento de jogos de base ter-
ritorial com destaque para as sa-
las de jogos ou os casinos, o seg-
mento dos jogos sociais, ou seja,
os jogos de lotaria e o segmento
dos jogos online ou virtuais des-
envolvidos nas plataformas in-
Jogo
Mercado das apostas VIP
O maior angariador do mundo de grandes apostadores, com
mais de 40% do mercado das apostas VIP em Macau, alega
não existir congelamento de levantamento de fundos, após
queixas de supostos clientes.“Aliança dos Direitos do Cliente
SunCity”, promete-se que vão tomar as devidas medidas le-
gais para recuperar um soma até mil milhões USD da China.
formáticas com apoio da inter-
net.
Relativamente aos jogos de
base territorial, o responsável,
lembrou que a lei prevê apenas a
existência de grandes operadores
para regiões especificas a serem
concessionadas, ou seja, em que
um grande operador seria o único
explorador de base territorial
numa dada circunscrição territo-
rial.
“Este modelo apesar de ser le-
gal, não pode ainda se concretizar
porque não tivemos até ao mo-
mento a disponibilidade de ope-
radores privados, de agentes eco-
nómicos privados que quisessem
desenvolver a exploração dos jo-
gos nesta modalidade como por
exemplo a construção de grandes
casinos” reconheceu. “Na ausên-
cia desta realidade, prevista na lei
o que nós hoje superintendemos
são as salas de jogos pré-existen-
tes à altura da aprovação da lei da
actividade de jogos”.
Questionado sobre o número de
casas de jogos que o Instituto de
Supervisão de Jogos tem regista-
das, respondeu“temos hoje sob
controlo 46 operadores de jogos,
que têm salas de jogos, que não
são como tal casinos e neste nú-
mero estão os operadores de jo-
gos virtuais ou remoto em linha
ou o jogo online”.
“Não podemos dizer que o nú-
mero seja ou não satisfatório,
porque o que interessa ao Estado
é o desenvolvimento deste sub-
sector de actividade, com opera-
dores competentes, com saber de
técnicos, com capacidade finan-
ceira e possam empreender um
jogo responsável”, ressaltou.
Afirmou também que a referida
questão, coloca ao Estado e a ins-
tituição que dirige, um desafio no mensais. desta empresa conjunta.
que diz respeito ao modelo de Sobre o concurso para a Con- “Daremos oportunidade de a
operador que “devemos ter ou cessão Exclusiva de Exploração entidade estrangeira participar
aprovar ou consagrar na nossa dos Jogos Sociais recentemente- “A lei prevê apenas a do concurso ou entidades nacio-
lei”. Isto tem estado a levar a que divulgado, Paulo Ringote, escla- existência de grandes nais participarem do concurso
nível interno do Ministério das rece aos interessados que qual- operadores para regiões com recurso à parceria de uma
finanças se esteja a reflectir na quer entidade nacional ou especificas a serem entidade internacional.
oportunidade de proceder a uma internacional que queira partici- concessionadas” Assim é que está desenhado
actualização da lei para confor- par do concurso, a internacional para garantir que tenhamos no
má-la a realidade que temos. tem de se associar a uma entidade sector um operador com dimen-
Dados históricos apontam que nacional, acrescentou, não esta- são, capacidade e experiência de
no auge da exploração dos jogos, mos a obrigar a criação de um ente repor nos termos desejados os
o sector arrecadou um potencial novo ente, mas que haja um acor- jogos sociais e de lotaria em An-
na ordem dos 350 mil milhões Kz do legalmente aceite da criação gola”, explica. M
 MERCADO 25.09.20 33

Markets Produção
Agricultura familiar
O ministro da Agricultura, Pecuária e Pescas, António de
Assis, pediu aos governos províncias e administrações mu-
nicipais a prestarem uma atenção especial à agricultura,
colocando-a como tarefa fundamental para a governação
das suas regiões.

M E R C A D O S D E C A P I TA I S

Negociações nos mercados

BODIVA desaceleram para 17%
As obrigações do No mês de Julho foram negoci-com realce para 2020 e 2021 e 2024 registaram 566,79 negócios repre- tidores privilegiaram a negociação
Tesouro indexadas ao revelando falta de confiança no
ado 107,7 mil milhões Kz, do qual sentando 100% do total de de instrumentos que assegurem o
57%correspondemàtransacções mercado por parte dos investi- negócios realizados enquanto que hedging contra a desvalorização da
dólar americano (OT- de Obrigações de Tesouro In- dores. os bilhetes do tesouro representa- moeda nacional.
TX) dominaram as dexadas ao dólar norte americano Para o mês de Agosto tal como o ram0%.EmAgostoforaregistadas Quanto ao desempenho dos
negociações no mês de (OT-TX) enquanto que 42% cor- montante negociado, o número de 470,77 em negócios. membros BODIVA nas nego-
respondem à Obrigações do Te- negóciosencontra-setambémcon- ciações, dos 24, apenas 21 con-
Agosto com 61,8 mil souro Não Reajustáveis (OT- centrado nas maturidades mais tribuíram durante os meses em
milhões Kz. curtas com realce para o ano 2021. refência, para o montante negoci-
Verificou-se que os negócios reali- “Apenas 21 membros ado, dos quais o BFA ocupou o pri-
POR INÁCIO SACONDONGO No mês de Agosto zados nas maturidades de BODIVA contribuíram meiro lugar com 48%, o BPC o se-
o montante negociado, 2020,2021,2024 respetivamente durante os meses em gundo lugar com 31%, o BAI o
O montante transacionado no e o número de negócios representaram 17%, 37% 19%, refência, para o montante terceiro lugar com 22%. O mesmo
Mercado de Bolsa de Títulos do encontram-se 21%, totalizando cerca de 90% dos negociado”. não se pode dizer do BMA e SBA que
Tesouro sob gestão da BODIVA, concentrados nas negócios realizados. estiveram na segunda e terceira
em Agosto desacelerou para 17% maturidades mais curtas O mesmo se pode dizer de Julho, posições em Julho.
face ao mês anterior, apurou o onde o montante negociado e O BFA,assume a liderança do
Jornal Mercado com base no re- com realce para 2021 númerodenegóciosconcentrou-se Reactivamente às caraterísticas mercado desde Julho com um mon-
latório da referida instituição. nas maturidades mais curtas para dos títulos mais negociados as obri- tante negociado de 48% e em
Segundo o relatório da BODIVA, NR). o ano 2021.Verificou-se que os gações do Tesouro indexadas ao Agosto com igual percentagem,
em Agosto foram movimentados De acordo com o documento, os negócios realizados nas maturi- dólar (OT-TX) representaram 57% sendo que em Julho na segunda po-
87,7 mil milhões Kz em negócios, negócios realizados por ano de dades de 2020,2021,2022 respeti- do montante transaccionado, sição esteve o BMA com 25% se-
dos quais 52,4 mil milhões em vencimento e em comparação com v a m e n t e r e p r e s e n t a r a m quando as Obrigações do Tesouro guindo o SBA com 19% na terceira
obrigações do Tesouro indexadas os dois períodos em analise, confir- 29%,26%26%,16%, totalizando Não Reajustáveis (OT-NR), fix- posição. Ao passo que em Agosto a
ao dólar (OT-TX),35,3 mil milhões mam a tendência para à concen- cerca de 97% dos negócios realiza- aram-se em 42% do montante total segunda e terceira posições foram
Kz em OT-NR, em Unidades de tração do montante negociado em dos naquele mês. negociado em Julho. ocupadas pelo BPC e o BAI como
Participação 1,1 milhões Kz. títulos com maturidade mais curta Ainda em Julho, as obrigações Constata-se assim que os inves- acima mencionado. M

Negociações em Bolsa/Julho e Agosto 2020

MONTANTE NEGOCIADO/MATURIDADE/AGOSTO 2020 DESEMPENHO DOS MEMBROS BODIVA/ AGOSTO 2020

32,2
42,1

18,7 26,6
17,1
18,8
11 17,4
13,3
3,3
0,45
2020 2021 2022 2023 2024 2025 BFA BPC BAI BMA SBA

MONTANTE NEGOCIADO/VENCIMENTO/ JULHO 2020 DESEMPENHO DOS MEMBROS BODIVA/ JULHO 2020

31,3 51,4
28,3 27,5

16,7 27,2
20,6
17,1
11,1
3,7

2020 2021 2022 2023 2024 BFA BMA SBA BAI BE

Fonte: BODIVA
34 MERCADO 25.09.20

Markets
16/09 - 23/09
s bolsas subiram nos últimos dias após um início de semana

A
particularmente atribulado nos mercados financeiros
internacionais. O recente aumento do número de infectados pelo
novo coronavirus em vários países fez crescer o risco das autoridades
terem que implementar novas medidas restritivas que possam vir a
travar uma recuperação mais rápida da economia mundial.

S&P 500 Brent

Wall Street recuperou nos últimos O Brent manteve-se algo pressionado nos últimos
3385.49 dias após um início de semana dias, com a segunda vaga de contágio do Covid-19
particularmente negativo nas a penalizar os mercados financeiros mundiais e a
bolsas. A confiança dos investidores arrastar os preços das matérias-primas devido ao
tem sido abalada pelo risco do risco da pandemia afectar a sua procura. Apesar do
aumento do número de casos do mercado mundial de petróleo entrar em défice no
3315.57 Covid-19 poder vir a prejudicar uma quarto trimestre com os cortes de produção
recuperação mais rápida da previstos pela OPEP+, o preço do crude poderá
economia norte-americana e, manter-se algo deprimido até haver uma
também, pelo possível atraso na recuperação da procura.
aprovação de um novo pacote de
estímulo fiscal por parte do
16 Set 17 Set 18 Set 21 Set 22 Set Congresso. 43.3 43.15

41.44 41.72 41.82

Euro Stoxx 50 O banco sul-

africano foi
Dados publicados esta semana convidado a ser
3316.57 sugerem que a economia europeia o primeiro
já está a sofrer as consequências emissor de
obrigações 17 Set 18 Set 21 Set 22 Set 23 Set
3283.69 da segunda vaga da pandemia ecológicas
com o índice PMI, que mede a (green bonds)
3218.35 actividade nos sectores dos do país para
serviços e indústria, a registar
uma queda inesperada em
contribuir para
o Nasdaq Ibovespa (Brasil)
3164.13 Sustainable
3160.95 Setembro. O sector dos serviços Bond Network. IBOV Index
tem sido o mais afectado Este convite
enquanto que a indústria surge depois do Data Último valor Média 2 anos
Nedbank ter
17 Set 18 Set 21 Set 22 Set 23 Set continua a recuperar a bom ritmo. listado com 16/9/2020 99675,70 97067,76
sucesso duas
obrigações de 17/9/2020 100097,80 97067,76
energia 18/9/2020 98289,70 97067,76
renovável na

CSI 300 Bolsa de

Joanesburgo
em 2019.
21/9/2020

22/9/2020
96990,70

97293,50
97067,76

97067,76

As bolsas asiáticas registaram alguma

volatilidade nos últimos dias sendo
também afectas pelo actual
NYSE composite (EUA)
sentimento que se vive nos mercados NYA Index
financeiros mundiais. Para além dos
riscos que a economia mundial Data Último valor Média 2 anos
enfrenta actualmente, as incertezas 17/9/2020 12948,45 12566,17
4652.33 sobre o resultado das eleições de
Novembro nos EUA e as actuais 18/9/2020 12833,57 12566,17
tensões EUA-China têm sido factores 21/9/2020 12561,78 12566,17
4236.71 adicionais que têm influenciado a
22/9/2020 12602,54 12566,17
evolução recente dos mercados
17 Set 18 Set 21 Set 22 Set 23 Set asiáticos. 23/9/2020 12602,54 12566,17

Outras bolsas
PSI 20 (Portugal)
4324,00
03 Set 04 Set 07 Set 08 Set
CAC (França)
5039.50
17 Set 18Set 21 Set 22 Set
Gana
O Gana está alegadamente a
planear listar até 500 milhões de
dólares do seu fundo de royalties
de ouro na Bolsa de Londres em
Outubro, apesar da operação
ainda poder enfrentar alguma
oposição a nível político. O Gana é
o maior produtor africano de ouro
e quer tirar partido da forte
valorização do preço do ouro este
ano. Está previsto também listar
os títulos deste fundo na bolsa
local.
África do Sul
No início desta semana, a bolsa de
Joanesburgo atingiu o nível
mínimo registado desde meados
de Junho em resultado do impacto
do aumento no número de casos
de Covid-19 na confiança dos
investidores, o que arrastou
também para o vermelho as
restantes bolsas mundiais. A
queda deste índice verificou-se
pelo quinto dia consecutivo, algo
que não acontecia desde Maio
2019.
MERCADO 25.09.20 35
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Stock markets
AngloGold Ashanti
Tunindex (Tunísia) DAX (Alemanha) A AngloGold Ashanti restabeleceu uma
estimativa para a sua produção anual
12814,45
citando uma melhoria nas operações da
empresa, incluíndo a conclusão
6754,20 esperada da venda dos seus activos na
4322,82 6751,39
África do Sul. A empresa mineira havia
12489,46 retirado a sua estimativa em Março
devido aos efeitos da pandemia e ao
facto de vários governos terem imposto
fortes restrições a viagens, ao
encerramento de fronteiras e ordenado
várias empresas a fecharem ou
09 Set 03 Set 04 Set 07 Set 08 Set 09 Set 03 Set 04 Set 07 Set 08 Set 09 Set limitarem as suas operações
Sibanye
FTSE/JSE All Share (África do Sul) Nigerian Stock Exchange O CEO da Sibanye disse que a
All Share Index (Nigéria)
companhia mineira pretende
25654.90 aumentar a sua exposição ao ouro, que
6049.29 representa actualmente apenas 10%
25558.81 dos resultados da empresa. Contudo,
Neal Froneman alertou para as
4862.95 5949.34 dificuldades nos tempos que correm
de fechar transacções. A Sibanye é o
maior produtor mundial de platina e
ródio e visa adquirir minas de ouro
fora da África do Sul de modo a
diversificar a sua exposição geográfica
23 Set 17 Set 18Set 21 Set 22 Set 23 Set 16 Set 17 Set 18 Set 21 Set 22 Set
Nigéria
O Banco Central da Nigéria cortou
inesperadamente a sua taxa
directora de 12,5% para 11,5% (o
270
mil toneladas
nível mais baixo desde 2016),
preferindo assim tentar relançar a Glencore
actividade económica no país em A Glencore disse que a sua
vez de combater a inflação que se subsidiária na República
mantém acima da sua meta há Democrática do Congo, a KCC, vai
mais de cinco anos. Este é o aumentar a produção de cobre para
segundo corte de taxas de juro o máximo possível e deverá produzir
este ano e foi contra a expectativa 270 mil toneladas em 2020. A KCC
dos analistas que esperavam que também deverá produzir 25 mil
permanecesse inalterada. toneladas de cobalto. Entretanto, a
Glencore está a estudar a
possibilidade de retomar a produção
na Mina de Mutanda, interrompida
em Novembro devido à queda no
preço do cobre, maiores custos e ao
aumento de impostos
Zâmbia
Foi o primeiro país africano a pedir Eskom
aos detentores da sua dívida pública A Eskom pediu aos cidadãos da
por algum “espaço para respirar” no África do Sul para reduzirem o seu
sentido de poder planear uma consumo energético, alegando que a
restruturação desta dívida. O país rede eléctrica nacional estava sob
pediu aos investidores de três forte pressão. Apesar do gigante
tranches de Eurobonds, que energético do país ter conseguido
totalizam três mil milhões de evitar um racionamento de energia
dólares, para defirir o pagamento de durante a maior parte do mês de
juros até Abril 2021. Uma destas Setembro, a Eskom tem enfatizado
tranches de mil milhões de dólares para o risco de ter que implementar
tem um pagamento de juros que cortes energéticos sem grande aviso
vence a 14 de Outubro prévio
36 MERCADO 25.09.20
Opinião
As Consequências do Downgrade do Rating dos Bancos
e da Dívida Soberana de Angola, e o seu Impacto na Economia
Porfirio Muacassange
Economista
I
. Enquadramento
Atravessamos um momento económico ad-
verso em consequência da vertiginosa queda
do preço do petróleo, agravada pela crise
mundial de saúde pública originada pela pande-
mia da COVID 19, criando cenários de incerteza
de recuperação económica no médio prazo.
II. Panorama
Reflectindo esta situação, três principais agên-
cias de notação financeira (Moody’s, Fitch e Stan-
dard & Poor) fizeram revisão em baixa do rating
(downgrade) da Dívida Soberana de Angola (em No caso
moeda externa e em moeda nacional) de Longo Particular da
Prazo. No caso Particular da Moody´s, baixou o Moody´s,
“grade” de B3 para Caa1, considerando a dívida baixou o
soberana angolana como precária - de grau es- “grade” de B3
peculativo, e com alto risco de crédito, mas com para Caa1,
outlook (perspetiva para a evolução da qualidade considerando
do crédito) de estabilidade, traduzindo-se num a dívida
soberana
angolana
como
precária
“eventual” default por parte de governo ango-
lano, no cumprimento do pagamento da dívida
de longo prazo. Paralelamente, a Moody´s baixou
a notação do risco de três bancos, por sinal dos
mais importantes do sector privado do país (BE,
BAI e o BFA), sendo os dois primeiros para o nível
B3 e o terceiro para Caa1.
III. Impacto no Balanço dos Bancos e na
Economia Nacional
O downgrade tem impactos negativos no bal-
anço dos bancos, principalmente daqueles cujos
activos têm uma grande componente de obri-
gações do tesouro (caso do BFA, BE e BAI), im-
plicando na degradação económica desses acti-
vos por perdas por imparidades, com impacto
na sua capitalização e liquidez, e na degradação
do ambiente operacional do sistema bancário.
Reflecte a dificuldade destas instituições al-
cançarem um breakeven point sustentável, con-
sequência dos resultados operacionais negati-
vos consecutivos, e fruto de uma estrutura de
custos desajustada, uma política crediticia limi-
tada constrangendo o processo de diversificação
da economia.
Os bancos têm uma capacidade de geração de
capital limitado devido ao elevado nível de acti-
vos problemáticos nos seus balanços. Entram
assim numa posição que os deixa com opções es-
tratégicas limitadas, já que terão de priorizar
medidas de remediação de capital e, “in extre-
mis”, uma reestruturação da sua rede comercial
para melhorar a economicidade, a eficiência e a
eficácia operacional.
O downgrade impacta ainda no balanço do gov-
erno que continuará a deteriorar-se e aumentar
as fragilidades externas da economia e o alto risco
de tesouraria, apesar do suporte das janelas bi-
laterais e multilaterais a que o governo tem
acesso. Tais fragilidades colocarão a Unidade de
Gestão da Dívida (UGD) do MINFIN sobre fortes
condicionantes no acesso à financiamentos, po-
dendo limitar a execução do Plano Anual de En-
dividamento (PAE) 2020 e condicionar o PAE
2021, originando restrições no Programa de In-
vestimentos Públicos (PIP) nas componentes de
financiamento externo (FE) e interno (FI).
Sendo o preço do petróleo baixo, o choque na
posição externa do país impacta na queda das
reservas Internacionais Líquidas (RIL), com
contínua depreciação da taxa de câmbio e de-
saceleração do PIB, agravando a dívida pública,
cuja 90% é em USD, estimando-se um rácio
dívida/PIB (de acordo ao FMI) de 133% em 2020
e pouco acima de 110% em 2021, impactando
negativamente na estratégia de endividamento
do governo no médio prazo.
Este cenário poderá conhecer uma rota de al-
teração para a estabilidade se o preço do petróleo
no mercado internacional estabilizar no inter-
valo entre 60-70 USD/pbp e acompanhado de um
amplo e robusto programa de diversificação da
economia nacional.
IV. Considerações Finais
O downgrade do rating sinaliza-nos a urgência
em tornar o BNA independente para que no
quadro operacional da política monetária, possa
induzir os bancos a alterarem os seus perfis de
negócio, levando a uma restruturação do Sistema
Bancário, tornando-o robusto, moderno e con-
fiável, objectivando bancos com balanços sólidos
e acesso a funding em condições favoráveis, com
modelos de negócio coerentes, boa governação,
com gestão rigorosa do risco e compliance, boas
práticas, transparência e uma comunicação in-
terna e externa que contribua para uma relação
de confiança com o público.
É ainda um alarme para que os condutores da
política Fiscal possam refletir sobre o ajusta-
mento do curso desta política nos médio e longo
prazos e seus impactos na economia, sendo que
o downgrade pode indiciar-nos o agudizar da
crise económica com externalidades negativas
no sistema bancário.
Finalmente, esta avaliação belisca as finanças
públicas nacionais (condicionando o desem-
penho do programa do governo) e a reputação do
sistema financeiro (em particular do bancário),
afetando a confiança do consumidor e o já baixo
nível de crédito à economia, comprometendo o
seu trajecto no quadro da escada do desenvolvi-
mento económico nos sete degraus (agricultura,
manufactura, computação, biotecnologia, Fin-
tech e pesquisa & desenvolvimento), segundo a
Escola de Economia e Gestão do MIT, USA. M
PUB
38 MERCADO 25.09.20
Opinião
Mito sobre tributação Aduaneira
Francisco Sivone
Quadro sénior da AGT
É oportuno
enfatizar
A
palavra mito é muitas vezes empregue zem ao pagamento de impostos, não está isenta
para fazer referência a estórias de que a política de fenómenos mitológicos.
deuses e semideuses, situações enig- tributária Em Bucareste, por exemplo, eram cobrados
máticas ou a representações fantasio- tem no impostos aos advinhas e bruxos, sempre que en-
sas. Igualmente a história dos impostos está re- epicentro a trassem para o referido território. Já na In-
pleta de factos, que analisados hoje, ainda que salvaguarda glaterra, entre os idos anos de 1748 à 1811, vigo-
serenamente, levar-nos-iam a questionar, se são do interesse rava o imposto pelo uso de chapéu, enquanto que
verdadeiros ou não passam de mitos, tal é o acen- dos cidadãos na Rússia, quem tivesse barbas era obrigado a
tuar de incredulidade com que se revestem. pagar 100 rublos a título de tributos devidos
Por isso, a tributação em geral, a aduaneira em àquele Estado.
particular, entendida como o conjunto de for- No contexto angolano, a incursão histórica re-
malidades legalmente estabelecidas que condu- cai à província do Bengo, também conhecida
como “terra do Jacaré bangão”, por obra e graça
do réptil, que se deslocou à Administração Fiscal
colonial, para pagar o seu imposto. Mito ou ver-
dade, eis uma questão cujo esclarecimento está a
margem da presente temática, sem desprimor
aos aspectos simbólicos, que melhor descrevem
a dimensão e o significado da repressão colonial.
A tributação em sede do imposto de importação,
não está a margem de alguns mitos, prova disso
é a música “Ti Gonçalo”, tão bem cantada por Yuri
da Cunha. Na música em referência, o cantor re-
trata a estória de um sobrinho que investe em
tentativas de convencer o seu tio, emigrante na
Europa, a voltar para Angola. Para tal, invoca
razões que vão desde as melhorias registadas no
país, o regresso de outros cidadãos outrora
também emigrantes, chegando desesperada-
mente a alertar, que para o bem da família, seria
conveniente, que a sua morte ocorresse em solo
pátrio, para evitar sobrecarregar as despesas da
família, pois, citando letra da música “…morto
que morre fora, para entrar no país tem que pagar
direito…”.
Sem qualquer intenção de mácula a ir-
repreensível carreira do músico, é necessário
pontualizar que, a ideia segundo a qual o ingresso
de restos mortais sujeita-se ao pagamento do im-
posto na importação, tem sido apregoada como
verdadeira, o que impõe o competente esclareci-
mento.
Para o efeito e partindo do princípio da legali-
dade, enquanto factor que norteia o estabeleci-
mento de qualquer imposto, não é demais fazer
alusão ao carácter imperativo do artigo 102.º da
Constituição da República, que demanda dentre
outros, que qualquer imposto que venha a ser
criado, deverá estabelecer a incidência, a taxa e
as garantias dos contribuintes.
No concernente a incidência, é de referir que o
imposto de importação incide objectivamente
sobre o valor das mercadorias importadas. Na
perspectiva aduaneira, considera-se mercadoria
toda a matéria importada, susceptível de
transacção comercial ou não, abrangendo os pro-
dutos inteira ou parcialmente obtidos da na-
tureza, quer sejam matérias-primas, subsi-
diárias, ou qualquer produto acabado.
Compulsada a Pauta Aduaneira, que é o diploma
legislativo que estabelece as taxas a serem cobra-
das ao universo de mercadorias susceptíveis de
importação, não se faz menção a restos mortais
de seres humanos.
Deste modo, não tendo sido identificado o
pressuposto da incidência e da taxa, ao nível da
legislação aduaneira, nem estando configurado
no conceito aduaneiro de mercadoria, caiem por
terra todas as possibilidades de considerar ver-
dadeira, a afirmação segundo a qual o ingresso
ao território nacional de restos mortais de ci-
dadãos falecidos no estrangeiro, sujeita-se ao
pagamento de imposto. Portanto, não é ver-
dade!
Por conseguinte, é oportuno enfatizar que a
política tributária tem no epicentro a salvaguarda
do interesse dos cidadãos, pelo que, mais do que
contraproducente, seria aberrante e excessiva,
a arrecadação de tributos aduaneiros, por con-
trapartida do ingresso de restos mortais. M
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Opinião
“Descubra a sua inclinação empreendedora
através de suas caracteriticas”
Anidio Serrote
Consultor de Negócio
Face a uma
O
desenvolvimento do ser humano é in- sociedade tão atenção, os traços de personalidade muita das
crivelmente espantoso e algumas eta- dinâmica é de vezes são indicadores claros do tipo de individuo
pas da vida são simplesmente marcan- suma que se terá.
tes. Desde o engatinhar de uma criança importância Mas será que a analogia da identidade pode ser
até ao aprender a andar são momentos que com incutir a de relevância para aqueles que desejam aprimo-
certeza nenhum pai pode esquecer e com certeza precepção rar a sua habilidade empreendedora? Antes de
jamais esquecera. No entanto há um aspecto fun- desta visão responder que a identidade empreendedora é
damental que desejamos estar atentos e que com (identidade composta por todas as características, incli-
certeza faz toda a diferença… O aperfeiçoar ou empreende- nações e talentos naturais que podem ser usados
aprimorar da personalidade. É um dos elementos dora) para para atrair e criar uma marca pessoal. A identi-
que os encarregados de educação dão muita mitigar a dade empreendedora é a personificação das ha-
chamada bilidades em um individuo que as usa como fer-
transição de ramenta financeira e empreendedora. Entre os
negócios aspectos de maior relevância para uma identi-
dade empreendedora, podemos destacar a capa-
cidade de tomar decisões, o equilíbrio emocional,
o poder da comunicação e também podemos in-
corporar competências e habilidades práticas
que diferem um ser humano de outro na medida
em que são expostas pelo individuo que as possui.
Convém realçar que essa identidade empreend-
edora pode ser reajustada e reforçada por meio
de orientações especificas em determinados seg-
mentos do saber fazer em que o individuo demon-
stre certa medida de inexperiência…
Face a uma sociedade tão dinâmica é de suma
importância incutir a precepção desta visão
(identidade empreendedora) para mitigar a cha-
mada transição de negócios , onde o individuo é
movido a abrir um negócio e em curto espaço de
tempo ver-se descomprometido com o mesmo,
navegando assim em outros mares de negócios
completamente opostos ao que se propunha a
realizar em etapas anteriores. Reconhecemos
que o objectivo de vida pode ser reajustado, mas
também percebemos que esta transição con-
stante não agrega valores e é contraria a aquisição
de experiência facto e significativo no universo
empreendedor…
Comoidentificaraidentidadeempreendedora?
essa é a questão que se remete. Um exercício sim-
ples que pode ajudar neste sentido é pegar em
uma caneta e uma folha e anotar as suas carac-
terísticas que mais são referenciadas por amigos,
vizinhos e parentes sinceros e honestos. Anote
cada característica que for passada e procure dar
atenção primordial as que forem destacadas mais
de uma vez pois essas dar-lhe-ão uma visão mais
próxima ao seu real perfil empreendedor.
Após anotar essas características, tente pensar
em como elas são necessárias em diferentes seg-
mentos de negócio, ou melhor ainda no negócio
em que talvez esteja disposto a empreender ….
Esse exercício será fundamental para perceber
quais as suas inclinações e rever qual será o tecido
empreendedor em que mais se irá adequar de
acordo ao seu perfil. Este mesmo exercício será
fundamental para perceber se vale mesmo pena
continuar em um segmento de negócio que talvez
tenha iniciado e parece não se rever…Lembre-se
que a dificuldade não mora em arranjar um com-
promisso, mas sim em manter-se compro-
metido.
Com a fase da pandemia da Covid 19 e com a fase
posterior que poderá surgir de reajustes e reaber-
turas de negócios pensar na questão da identi-
dade e inclinação de negócios será uma ação de
seria responsabilidade para a criação de em-
preendedores mais dispostos, determinados e
disponíveis a empreender em segmentos para os
quais tem maior inclinação e domínio , ao invés
de pautar pelos segmentos consumidos pela
maioria.
De salientar que tal ação está intimamente li-
gada a visão real do mercado pois caberá no final
ao empreendedor perceber se o mercado em que
investiu ou pretende investir está estático, em
crescimento ou em declínio. M
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42 MERCADO 25.09.20

Mercado 25.09
EDITORIAL
Upside

André Samuel

“Contratos
programas”,
um factor de
produtividade “Os bancos
ganham
Com o agravamento da crise económica, fruto da pandemia da sempre se o
COVID-19, muitas empresas redefiniram a cultura de actuação BNA assumir e
para melhor se posicionar no mercado. Dentre as alterações há permitir que
a destacar percepção da necessidade da clara definição dos estes créditos
objectivos e dos resultados que devem ser atingidos pelos
gestores. sejam
Confesso que depois acompanhar o resumo do Webinar descontados
denominado “os desafios do corporate governance no sector junto às suas
empresarial público angolano” promovido pela Angola reservas
Corporate Governance Association (ACGA), ganhei particular obrigatórias”.
interesse no tema, pelo que faço hoje estas notas para partilhar
e ampliar o debate. A introdução do “contrato programa” no
sector empresarial publico bem como a sua efectiva aplicação
no sector privado, é o por assim dizer, o prato principal na
mudança de paradigma das empresas. Nele devem constar os
objectivos claros, específicos e definidos para se poder avaliar
o desempenho dos administradores.
Importa clarificar antes o que são os “contratos programa”, no

sector privado representam o correspondente as instruções
dos sócios dadas em assembleia geral aos administradores no
sentido de que se lhes confere um mandato concreto dos
objectivos e dos resultados que devem ser atingidos. Facto
muitas empresas ocultam julgar por diversas razões. Por
outro lado, para os administradores das empresas públicas
correspondem a um guia que lhes permite orientar a sua
actuação e tomar consciência de que o seu desempenho será
avaliado em função dos resultados atingidos pela empresa.
Por isso, esta questão está também intimamente associada aos
critérios de designação dos administradores que deve sempre
assentar no mérito e nos resultados e, no âmbito do qual,
devem ser definidos objectivos com métricas muito claras
relativas aos prazos para a sua concretização e avaliação do
desempenho dos administradores, em função dos quais, se
fará a definição da remuneração e dos prémios que lhes cabe.
Como bem observado pelo jurista Leonildo Manuel é neste
sentido que a actual Lei do Sector Empresarial Público
angolano prevê que os gestores das empresas públicas
deverão ser remunerados em função do seu desempenho e dos
resultados atingidos.
Por isso afasta desde logo a mera confiança política para o
desempenho de funções nos conselhos de administração das
empresas públicas e, consequentemente, se opte por tornar o
sector público empresarial competitivo, o que, entre outros
mecanismos de governance, só deverá ser feito com a
introdução dos “contratos programas”.
BNA orienta conversão dos
créditos em USD para Kz
O Banco Nacional de Angola (BNA) estabele-
ceu recentemente condições para facilitar a
conversão dos créditos em moeda estrangeira
para moeda nacional, contratados para habi-
tação própria por clientes particulares sem
rendimentos.
Num documento o Banco central refere que
os Bancos comerciais, devem respeitar na con-
versão dos créditos dos seus clientes em moeda
estrangeira, para moeda nacional. Vai mais
longe, no referido instrutivo igualmente, o
BNA acrescenta os termos e condições de ven-
da de moeda estrangeira pelo regulador, para
a cobertura de posição cambial resultante da
referida conversão.
Segundo o documento o BNA, deixa orienta-
ções aos bancos comerciais no que a Conversão
dos Créditos diz respeito, devendo estes Contac-
tar todos os seus clientes abrangidos pelo mes-
mo, no sentido de aferir se os mesmos pretendem
converter os seus créditos em moeda estrangei-
ra para moeda nacional.
“Conservar o comprovativo escrito do contac-
to com o cliente, bem como da sua resposta; con-
siderar a conversão dos créditos em moeda es-
DR
trangeira, independentemente do nível de
imparidades registadas nessa moeda sobre cada
crédito”, lê-se no documento
Para a economista, Mara Guimarães, o BNA
continua a emitir instrutivos que deixam mar-
gens de manobra aos bancos. Por outra, consi-
dera ser preciso compreender que os rendimen-
tos em Angola não acompanharam a
desvalorização da moeda.
Mara Guimarães não partilha a visão do Banco
Central defendendo que a solução não passa pela
conversão dos créditos e sim recomenda o BNA
não deve ser somente uma solução técnica e sim
uma solução administrativa sendo uma taxa de
juro alternativa esta é a primeira solução ou seja
taxa Bonificada.
Vai mais longe, a Banca não é o maior perdedor
com a desvalorização pois a perda real está nos
clientes face ao pagamento tudo em Kz, a solu-
ção, sugere estará no perdão dos juros remune-
ratórios e juros de mora.Relativamente a fixação
da taxa de juro bonificada para diminuir o NPL e
os bancos ganham sempre se o BNA assumir e
permitir que estes créditos sejam descontados
junto às suas reservas obrigatórias. M