Você está na página 1de 90

EB70-CI-11.

483

MINISTÉRIO DA DEFESA
EXÉRCITO BRASILEIRO
COMANDO DE OPERAÇÕES TERRESTRES

CADERNO DE INSTRUÇÃO

PREVENÇÃO AO FRATRICÍDIO NAS


PEQUENAS FRAÇÕES

1ª Edição
2024
EB70-CI-11.483
EB70-CI-11.483

MINISTÉRIO DA DEFESA
EXÉRCITO BRASILEIRO
COMANDO DE OPERAÇÕES TERRESTRES

CADERNO DE INSTRUÇÃO

PREVENÇÃO AO FRATRICÍDIO NAS


PEQUENAS FRAÇÕES

1ª Edição
2024
EB70-CI-11.483
EB70-CI-11.483

PORTARIA COTER/C Ex Nº 430, DE 08 DE ABRIL DE 2024

EB: 64322.006404/2024-32

Aprova o Caderno de Instrução EB70-


CI-11.483 - Prevenção ao Fratricídio nas
Pequenas Frações, Edição Experimental,
2024.

O COMANDANTE DE OPERAÇÕES TERRESTRES, no uso da


atribuição que lhe conferem os incisos II e XI do artigo 10 do Regulamento do
Comando de Operações Terrestres (EB10-R-06.001), aprovado pela Portaria do
Comandante do Exército nº 914, de 24 de junho de 2019, e de acordo com o que
estabelecem os artigos 5º, 12 e 44 das Instruções Gerais para as Publicações
Padronizadas do Exército (EB10-IG-01.002), aprovadas pela Portaria do
Comandante do Exército nº 770, de 7 de dezembro de 2011, e alteradas pela
Portaria do Comandante do Exército nº 1.266, de 11 de dezembro de 2013, resolve:

Art. 1º Fica aprovado o Caderno de Instrução EB70-CI-11.483


- Prevenção ao Fratricídio nas Pequenas Frações, Edição Experimental, 2024,
que com esta baixa.

Art. 2º Esta portaria entra em vigor a partir da data de sua


publicação.

Gen Ex ANDRÉ LUIS NOVAES MIRANDA


Comandante de Operações Terrestres

(Publicado no Boletim do Exército nº 16, de 18 de abril de 2024)


EB70-CI-11.483
EB70-CI-11.483

FOLHA REGISTRO DE MODIFICAÇÕES (FRM)

NÚMERO ATO DE PÁGINAS


DATA
DE ORDEM APROVAÇÃO AFETADAS
EB70-CI-11.483
EB70-CI-11.483
ÍNDICE DE ASSUNTOS

CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO Pag

1.1 Finalidade .............................................................................................................................. 1-1


1.2 Definições .............................................................................................................................. 1-1
1.3 Generalidades ....................................................................................................................... 1-2

CAPÍTULO II - CAUSAS E EFEITOS DO FRATRICÍDIO


2.1 Generalidades Sobre As Causas Do Fratricídio ........................................................................ 2-1

2.2 Principais Causas Do Fratricídio E Do Fogo Amigo ................................................................... 2-2

2.3 Efeitos Do Fratricídio ................................................................................................................. 2-6

CAPÍTULO III - GERENCIAMENTO DO RISCO

3.1 Identificação dos riscos ........................................................................................................ 3-1


3.2 Avaliação dos riscos ............................................................................................................. 3-2
3.3 Seleção das medidas de prevenção .................................................................................... 3-3
3.4 Decisão ................................................................................................................................ 3-7
3.5 Implementação das medidas de prevenção ........................................................................ 3-9
3.6 Supervisão e avaliação ........................................................................................................ 3-11

CAPÍTULO IV - TÉCNICAS DE PREVENÇÃO AO FRATRICÍDIO


4.1 Técnicas individuais do combatente .................................................................................... 4-1
4.2 Técnicas das tropas leves .................................................................................................... 4-3
4.3 Técnicas de combate urbano ............................................................................................... 4-10
4.4 Técnicas das tropas de operações especiais ............................................................................ 4-14
4.5 Técnicas das tropas mecanizadas e blindadas ................................................................... 4-25

ANEXO A - TABELA DE REFERÊNCIA PARA AVALIAÇÃO DA TAXA DE RISCO


A.1 Avaliação da taxa de risco de fratricídio ................................................................... A-1
EB70-CI-11.483
EB70-CI-11.483

CAPÍTULO I

INTRODUÇÃO

1.1 FINALIDADE

1.1.1 Este Caderno de Instrução (CI) apresenta técnicas, táticas e procedimentos


(TTP) de prevenção ao fratricídio nas pequenas frações integrantes da Força
Terrestre.

1.1.2 Em combate, a destruição de viaturas e a queima de combustível e de


peças de borracha, as explosões de granada e o uso de fumígenos causa um
escurecimento do campo de batalha, mesmo de dia, tornando-se um fator crítico
na localização e identificação de alvos.

1.1.3 A chuva, a poeira e a névoa também degradam a capacidade de


identificação, reduzindo a possibilidade de uma identificação precisa de alvos,
aumentando o risco de fratricídio.

1.1.4 Assim, o principal objetivo deste CI é apresentar conceitos, processos e


técnicas que mitiguem o risco de fratricídio durante a execução das operações
militares, especialmente no âmbito das pequenas frações.

1.2 DEFINIÇÕES

1.2.1 INCIDENTE DE FRATRICÍDIO

1.2.1.1 Incidente de fratricídio pode ser definido como o emprego de armas


amigas, com o intento de infligir baixas ou danos ao inimigo, mas que, de forma
imprevista e não intencional, resultam em baixas ou danos ao pessoal e
equipamento das próprias forças, ou das forças amigas.

1.2.1.2 Não se enquadram como fratricídio as baixas ou os danos causados por


disparos acidentais de armas, falhas relacionadas ao material, acidentes durante
o treinamento ou automutilação de qualquer tipo.

1.2.2 INCIDENTE DE FOGO AMIGO

1.2.2.1 Incidente de fogo amigo é um ataque sofrido por homem ou unidade, no


qual o atacante pertence ao mesmo comando ou ao comando aliado,
confundindo a tropa amiga com o inimigo, sem causar baixas ou danos sérios.

1.2.2.2 Pequenas frações são os agrupamentos de tropa de valor igual ou inferior

1-1
EB70-CI-11.483

ao pelotão.

1.2.3 GERENCIAMENTO DE RISCOS


- Gerenciamento de riscos é o processo utilizado para identificar, avaliar e
controlar os riscos associados à atividade militar. Tal processo permite identificar
todo tipo de risco associado às operações militares, inclusive os relacionados ao
fratricídio.

1.2.4 CONSCIÊNCIA SITUACIONAL (CS)


- É o conhecimento e a compreensão imediata da situação tática na zona de
ação do Pel CC, nas zonas de ação vizinhas ou áreas de interesse para o pelotão
(semelhante a um estudo de situação continuado).
- A CS permite a todos os integrantes do pelotão uma avaliação oportuna,
precisa, atualizada e relevante na identificação e avaliação de alvos e forças
inimigas, de forças amigas e de elementos neutros.

1.2.5 IDENTIFICAÇÃO DO ALVO (IA)


- É a caracterização precisa e oportuna de um objeto detectado na zona de ação
do Pel CC, ou nas zonas de ação vizinhas, como amigo, neutro ou inimigo.

1.2.6 IDENTIFICAÇÃO DE COMBATE (IC)


- É o processo de obtenção de características de um alvo, tropa, equipamento
ou elemento desconhecido, localizado ou identificado precisamente como amigo,
inimigo ou neutro na zona de ação do Pel CC ou nas zonas de ação de tropas
vizinhas (ou áreas de interesse).

1.2.7 DETECTAR, IDENTIFICAR, DECIDIR, ENGAJAR E AVALIAR (DIDEA)


- É um processo sistematizado e padronizado de cinco etapas, empregado pelo
Pel CC na abordagem, identificação e engajamento de alvos.

1.3 GENERALIDADES

1.3.1 O campo de batalha atual é mais letal que qualquer um da história


conhecida. O ritmo das operações é muito rápido e a sua natureza não linear
cria desafios para o comando e controle das forças, mesmo nas pequenas
frações de tropa.

1.3.2 Na Operação Tempestade no Deserto, no início dos anos 1990, cerca de


24% das mortes em combate nas tropas lideradas pelos Estados Unidos da
América (EUA) foram causadas por fratricídio. Entre 2001 e 2008, durante a
campanha militar desencadeada pelos EUA, em resposta aos ataques de 11 de
setembro de 2001, ocorreram 55 incidentes de fratricídio que resultaram na
morte de 30 militares.

1.3.3 A precisão e a letalidade das armas modernas tornaram possíveis o

1-2
EB70-CI-11.483

engajamento e a destruição de alvos a grandes distâncias.


- Porém, ao mesmo tempo em que a tropa possui uma grande capacidade para
adquirir alvos com equipamentos de imagem térmica e outros sistemas de visão
sofisticados, por vezes, faltam-lhe condições de identificar, com precisão, esses
alvos como amigos ou inimigos.
- A névoa da guerra é a falta de conhecimento que ocorre durante uma guerra.
É a incerteza de cada lado sobre as capacidades e planos do inimigo. É também
o caos que ocorre entre as forças aliadas quando ordens são mal interpretadas.

Fig 1-1 - Múltiplos eventos e sinais no combate

- Alguns acham que a expressão originou-se pela fumaça parecida com uma
névoa criada pelo uso de pólvora durante uma batalha. Durante tais batalhas os
comandantes frequentemente consideram difícil observar seus inimigos, seus
aliados e mesmo suas próprias forças.
- Em alguns casos a névoa leva regimentos, batalhões ou companhias a
atacarem uns aos outros e a se perderem na fumaça.
- Em consequência, forças amigas podem ser engajadas e destruídas
inadvertidamente em poucos segundos, sem que o engano seja percebido.

1.3.4 O ambiente físico também pode dificultar a identificação dos alvos, mesmo
a pequenas distâncias ou quando o combatente porta equipamentos de luz
residual, de imagem termal ou outros instrumentos óticos como lunetas e
binóculos.
- Elementos comuns ao campo de batalha, como a fumaça e a poeira, bem como
as condições meteorológicas adversas, degradam a capacidade de diferenciar
os alvos legítimos da tropa amiga.

1-3
EB70-CI-11.483

Fig 1-2 - A névoa do combate individual

1.3.5 O fratricídio resulta em perdas inaceitáveis e aumenta o risco do não


cumprimento da missão.

1.3.6 OUTROS EFEITOS NEGATIVOS


- Além das perdas em pessoal e material, o fratricídio pode gerar diversos outros
efeitos, como por exemplo:
a) perda de confiança na liderança da unidade;
b) aumento da incerteza entre os comandantes;
c) hesitação no emprego de elementos de apoio ao combate;
d) supervisão excessiva de unidades subordinadas;
e) hesitação na condução de operações noturnas;
f) perda de agressividade na manobra (fogo e movimento);
g) perda da iniciativa;
h) interrupção excessiva das operações; e
i) perda da coesão, do moral e do poder de combate das unidades.

1-4
EB70-CI-11.483

CAPÍTULO II

CAUSAS E EFEITOS DO FRATRICÍDIO

2.1 GENERALIDADES SOBRE AS CAUSAS DO FRATRICÍDIO

2.1.1 O fratricídio demonstrou ser um perigo significativo para todas as forças


operando em um campo de batalha móvel onde a letalidade do sistema de armas
é significativamente maior do que a capacidade de identificação de elemento
amigo ou inimigo.
- Fratricídio é o resultado de muitos fatores, incluindo planos de controle de tiro
direto, erros de navegação, falhas de identificação etc.

2.1.2 Em um batalhão, muitas vezes, os pelotões de uma companhia não


cumprem o planejado quanto ao controle dos armamentos, por essa razão, a
consciência situacional por parte de todos os comandantes de fração,
particularmente o comandante de pelotão, é fundamental não apenas para o
sucesso da missão, mas também para a sobrevivência.
- O pelotão de exploradores (ou “pelotão de reconhecimento” para determinadas
tropas) é particularmente uma das frações mais vulneráveis porque muitas vezes
realiza suas manobras à frente e aos flancos de outras forças de combate
aliadas.

2.1.3 Em qualquer situação tática, é fundamental que os militares saibam onde


outros aliados estão operando.
- Os comandantes em todos os níveis devem estar constantemente atentos às
mudanças e desenvolvimentos nas situações que possam colocar seus
subordinados em perigo, para isso, a transmissão da consciência situacional por
parte dos comandantes de pequenas frações seja precisa.
- Eles também devem garantir que toda a movimentação ou alteração seja
constantemente relatada ao seu escalão superior para que todos os outros
elementos estejam cientes de onde se encontram, e assim aumentar a
consciência situacional tanto do seu comandante de subunidade quanto do
comandante de unidade e estes possam realizar um melhor controle da situação,
diminuindo as probabilidades da ocorrência de fratricídios.

2.1.4 De acordo com o U.S. Congress, Office of Technology Assessment, Who


Goes There: Friend or Foe (1993), as causas do fratricídio estão relacionadas a
falhas no comando e controle, na disciplina de fogos, na orientação e na
identificação dos alvos.

2.1.4.1 As falhas no comando e controle relacionam-se a dificuldades de


comunicação e identificação das medidas de coordenação e controle.
- A impossibilidade de obter a localização atualizada das unidades vizinhas,

2-1
EB70-CI-11.483

devido a falhas nas comunicações, e a dificuldade em identificar as medidas de


coordenação e controle nas operações geram dúvidas sobre o posicionamento
das tropas amigas, as quais são confundidas com o inimigo e engajadas
equivocadamente. (ESTADOS UNIDOS, 1993).

2.1.4.2 A falta de disciplina de fogos está relacionada a ações individuais dos


membros do pelotão.
- Quando observada a abertura de fogos por outra fração amiga, o atirador,
instintivamente, engaja o mesmo alvo ou alvos adjacentes, sem a preocupação
de identificá-los (ESTADOS UNIDOS, 1993).

2.1.4.3 A dificuldade de identificar as medidas de coordenação e controle, bem


como de localizar as outras frações no terreno, também podem ser relacionadas
à orientação em combate.
- A desorientação nos deslocamentos por causa das características do terreno,
condições meteorológicas e da baixa visibilidade resultam na informação
incorreta da posição e na invasão da zona de ação adjacente, contribuindo para
o aumento do risco de fratricídio (ESTADOS UNIDOS, 1992).

2.1.4.4 O alcance das armas modernas facilmente excede a faixa em que o olho
humano, ou mesmo os instrumentos óticos, podem distinguir amigos de inimigos
com precisão (ESTADOS UNIDOS, 1992).
- Dessa maneira, a visão passa a limitar o alcance do armamento. Além disso, a
visibilidade pode ser prejudicada pelas condições meteorológicas e pelo
obscurecimento do campo de batalha, restringindo cada vez mais a capacidade
de identificação de alvos.
- Mesmo sendo possível identificar a ameaça frente às restrições impostas
acima, o tempo necessário para a correta caracterização visual do alvo torna-se
maior.
- Da identificação até a decisão de abrir fogo são poucos os segundos de
exposição de uma provável ameaça (ESTADOS UNIDOS, 1992). Ademais, o
inimigo pode possuir armamento semelhante ou, ainda, utilizar-se de técnicas de
camuflagem para alterar a aparência de suas armas, tornando ainda mais
imprecisa a identificação visual em curto prazo de tempo.

2.2 PRINCIPAIS CAUSAS DO FRATRICÍDIO E DO FOGO AMIGO

2.2.1 FALHAS NO PLANEJAMENTO E NO CONTROLE DOS FOGOS

2.2.1.1 Essas falhas ocorrem normalmente quando a tropa deixa de elaborar um


detalhado e efetivo planejamento de emprego de seus fogos (diretos e indiretos),
particularmente nas ações ofensivas, como num ataque.

2.2.1.2 Os Cmt de fração, ao deixarem de designar corretamente os setores de


tiro, de priorizar alvos ou de definir o emprego correto do armamento coletivo,

2-2
EB70-CI-11.483

estarão criando as condições para que ocorram incidentes de fogo amigo ou de


fratricídio no pelotão. Nessas condições a disciplina de fogo geralmente se
rompe ao contato com o inimigo.

2.2.1.3 Como exemplos de medidas de disciplina de fogos, podem ser


implantadas as seguintes práticas:
a) empregar estacas limitando os setores de tiro nas P Cmb Def e P Cmb Rtrd;
e
b) em tropas blindadas ou mecanizadas, não autorizar o emprego de munição
cinética (com calço descartável, exceto em situações de emergência extrema)
quando os fuzileiros estiverem progredindo a pé, desdobrados à frente ou muito
próximos das VBC CC, em função do risco de serem atingidos por esses
componentes da munição do canhão.

2.2.2 FALHAS DE ORIENTAÇÃO OU DE NAVEGAÇÃO TERRESTRE

2.2.2.1 Em combate é muito fácil uma fração (Frç) ou suas VBC afastarem-se de
um itinerário ou setor que lhe foi designado, relatarem um determinado local em
que se encontrem de forma errada ou ficarem desorientadas. Tal situação é
muito comum na Área de Operacional do Continente (AOC), em função da área
ser muito plana, com poucas referências geográficas de vulto, grandes, extensos
e profundos campos de tiro e de observação.

2.2.2.2 As operações continuadas ou sob condições meteorológicas adversas,


juntamente com um longo período em operações, apresentam constantes
desafios para as frações.

2.2.2.3 Além das consequências desse desgaste, a orientação e a navegação


embarcada é muito mais difícil de ser realizada que a desembarcada,
conduzindo a erros de localização e interpretação do terreno.

2.2.2.4 As guarnições das VBC (quando embarcadas) tendem a ter maior


dificuldade na observação do terreno distante e na sua associação com a carta
ou com o terreno próximo. Essa situação se agrava com a guarnição escotilhada.

2.2.2.5 O Cmt de fração deve designar um de seus Cmt VBC (preferencialmente


da 2ª Seç) para auxiliá-lo na missão de navegação do pelotão (“dobrando os
meios”).
- Esse Cmt VBC atuará como “homem-carta” e “homem bússola” do pelotão”,
recobrindo os dados levantados pelo Cmt Pel.

2.2.2.6 Os erros de navegação ou de orientação em combate aproximado podem


conduzir uma fração, ou suas Seç e VBC, para uma posição errada, de onde
acabam atirando sobre um local ou sobre tropa errada, sem se darem conta
disso.
- Essa situação fica mais crítica ao encontrar ou detectar a presença inesperada

2-3
EB70-CI-11.483

de uma tropa em um local que não era previsto, ou a realização de um


deslocamento inesperado em sua direção.

2.2.2.7 Essas situações podem facilmente transformar-se em um incidente de


fogo amigo ou de fratricídio, levando o Pel a abrir fogo sobre uma tropa amiga,
pensando tratar-se do inimigo.

2.2.3 FALHAS NA IDENTIFICAÇÃO DE COMBATE

2.2.3.1 Essas falhas ocorrem quando os Cmt ou seus atiradores não conseguem
realizar uma correta e precisa identificação de alvos, seja por condições
atmosféricas adversas, deficiências ou falhas nos equipamentos de observação,
emprego dos sistemas de visão termal ou óticos perto do seu alcance máximo,
dificultando a identificação precisa de assinaturas térmicas ou óticas. Sob
visibilidade limitada, é fácil confundir um elemento amigo com um alvo ou uma
ameaça.

2.2.3.2 Uma vez detectado um alvo, os Cmt Frç, ou suas Seç e VBC devem
esforçar-se para realizar uma correta identificação desse alvo (confirmação),
definindo-o como elemento amigo, neutro ou uma ameaça, a fim de evitar
incidentes de fratricídio ou de fogo amigo. O emprego de viaturas de combate
semelhantes ou iguais, por outras forças presentes num campo de batalha, pode
dificultar ou mesmo impedir essa identificação amigo-inimigo pelo Pel.

2.2.4 ADOÇÃO DE MEDIDAS DE COORDENAÇÃO E DE CONTROLE


INADEQUADAS

2.2.4.1 O Cmt Frç deve certificar-se que as medidas de coordenação e controle


estabelecidas pelo seu Esc Sp são adequadas à natureza e à forma do pelotão
operar em combate e à missão que lhe foi atribuída (particularmente quando
integrando uma FT SU Bld).

2.2.4.2 Sempre que possível, com a finalidade de exercer um maior controle e


coordenação no emprego de suas frações, o Cmt Pel poderá prever outras Mdd
Coor Ct além das estabelecidas pela subunidade enquadrante.

2.2.4.3 Essas Mdd Coor Ct devem estar vinculadas a pontos nítidos do terreno,
sendo facilmente identificadas pela tropa.

2.2.4.4 À medida que a operação se desenvolve, é normal verificar-se que o


planejamento inicial pode não ter estabelecido Mdd Coor Ct para determinadas
situações não previstas ou para partes da Z Aç ou terreno mais distantes, seja
por falta de dados sobre aquele terreno, ou por avaliar que não seriam
necessárias. Ao atingir essas áreas e quando a coordenação das ações com
outros elementos se mostrar necessária, o Cmt Frç deve realizar uma parada
temporária no cumprimento da missão de seu pelotão e ocupar uma P Cmb,

2-4
EB70-CI-11.483

enquanto tenta restabelecer contato com seu Cmt SU ou com os elementos


vizinhos a fim de coordenarem as suas ações e evitar o risco de fratricídio.

2.2.5 FALHAS NOS RELATÓRIOS E NAS COMUNICAÇÕES

2.2.5.1 O Pel ou suas frações, por motivos diversos, podem não informar
oportunamente, de forma precisa e completa para o Cmt SU, quando a situação
tática ou o terreno mudarem (sob efeito de condições climáticas adversas, cartas
desatualizadas etc).

2.2.5.2 Tão logo seja possível, essas informações e dados devem ser
atualizados para o Cmt Pel e Cmt SU, de modo a garantir que o quadro
operacional e as cartas sejam corrigidas, evitando-se o risco de fratricídio.

2.2.6 ERROS E FALHAS NO USO DO ARMAMENTO

2.2.6.1 Lapsos na disciplina de fogo ou no emprego do armamento podem


resultar em fratricídio ou incidente de fogo amigo.

2.2.6.2 Esses incidentes incluem o controle mal feito ou ineficiente, realização


de disparos negligentes, erros na utilização de explosivos e granadas de mão e
uso de dados incorretos nos sistemas de pontaria ou de controle do tiro do
armamento.

2.2.7 FALHA NA IDENTIFICAÇÃO DE DISPOSITIVOS EXPLOSIVOS


DIVERSOS NA ZONA DE AÇÃO DA TROPA

2.2.7.1 Uma grande variedade de dispositivos explosivos, material explosivo ou


com capacidade de causar danos às VBC e suas guarnições podem ser
encontrados em um campo de batalha. São exemplos dessas situações os
engenhos explosivos não detonados, os campos minados e armadilhas não
identificadas ou não registradas de forma precisa. Todos esses objetos lançados,
preparados ou encontrados por forças amigas devem ser registrados,
informados e devidamente identificados para que não contribuam para
incidentes de fratricídio.

2.2.8 DEPENDÊNCIA EXCESSIVA DE SISTEMAS E EQUIPAMENTOS DE


OBSERVAÇÃO E ORIENTAÇÃO

2.2.8.1 Um Pel que depende excessivamente de seus sistemas de orientação ou


observação eletrônicos para o cumprimento de suas missões poderá encontrar
sérias dificuldades quando esses equipamentos falharem. Quando isso ocorrer,
o pelotão não conseguirá manter a sua consciência situacional.

2.2.8.2 Para se prevenir desse potencial perigo (falha dos seus principais
sistemas), o Pel deve garantir um equilíbrio no emprego de sistemas e

2-5
EB70-CI-11.483

equipamentos de tecnologia moderna e com as habilidades básicas tradicionais


que todo soldado deve possuir para observar (binóculo), navegar (carta),
orientar-se (bússola), designar alvos e realizar outras atividades críticas.

2.2.8.3 Todos os integrantes das guarnições devem ser treinados nessas


habilidades de orientação, navegação e observação para quando os
equipamentos falharem, como uma contingência, para que o impulso possa ser
mantido durante as missões.

2.2.8.4 Os Cmt Frç devem estar sempre rastreando o terreno com os seus
equipamentos optrônicos, GPS veiculares ou portáteis e outros, comparando as
informações obtidas nesses equipamentos com a sua carta militar enquanto
navegam. Devem estar sempre com “UM OLHO NO EQUIPAMENTO, UM OLHO
NO TERRENO E UM DEDO NA CARTA”.

2.2.8.5 Os Cmt Frç e seus atiradores devem praticar a estimativa e a avaliação


de distâncias para, no caso de falha dos seus optrônicos, conseguirem realizar
o tiro com o armamento.

2.3 EFEITOS DO FRATRICÍDIO

2.3.1 As taxas de fratricídio eram consideradas insignificantes perante o total de


mortos nos conflitos. Entretanto, a partir do momento em que dados confiáveis
começaram a dimensionar a percentagem de mortes causadas por fogo amigo,
os países em conflito começaram a aperfeiçoar sua doutrina de forma a
minimizar os efeitos futuros que geram no moral da tropa e na legitimidade das
operações militares perante a opinião pública. (ESTADOS UNIDOS, 1996).

2.3.2 A ocorrência do fratricídio produz graves efeitos sobre o moral da tropa e


na capacidade de condução dos subordinados por parte dos elementos em
função de comando.

- Dessa forma, todas as possíveis soluções para minimizar seu potencial devem
ser de conhecimento geral, de forma que a ações a serem realizadas possam
ser implementadas dentro de cada escalão envolvido. (ESTADOS UNIDOS DA
AMÉRICA, 2002).

2.3.3 Com as características do conflito moderno, aliado à urbanização dos


embates militares, a questão do fratricídio torna-se um problema militar com vital
importância para os líderes militares, tendo em vista o seu grande potencial como
fator negativo e na legitimidade das operações perante a opinião pública.
- Dessa forma, os exércitos em emprego real desenvolveram estudos sobre o
fratricídio e desenvolveram métodos de gerenciamento do seu risco.

2-6
EB70-CI-11.483

CAPÍTULO III

GERENCIAMENTO DO RISCO

3.1 IDENTIFICAÇÃO DOS RISCOS

3.1.1 O principal objetivo do gerenciamento de risco é contribuir para que as


frações mantenham seu poder de combate, permitindo-lhes cumprir os objetivos
de forma rápida e decisiva, e com perdas mínimas de pessoal e material.

3.1.2 Risco é o potencial avaliado das consequências prejudiciais que podem


resultar de um perigo, expresso em termos de Probabilidade e Gravidade,
tomando-se como referência a pior condição possível. É um subproduto das
atividades. Nem todos os riscos podem ser eliminados e nem todas as medidas
de mitigação são economicamente factíveis.

3.1.3 Risco residual é aquele que permanecerá mesmo após aplicação das
ações preventivas/mitigadoras selecionadas.

3.1.4 Para identificar minimamente os riscos de uma operação, é necessário


realizar um questionário contido numa sequência de perguntas relacionadas a
cada tópico da Ordem de Operações. Assim, torna-se possível alertar as tropas
oportunamente e tomar medidas preventivas. Um exemplo seria:

1. SITUAÇÃO
a. Forças inimigas
1) Há semelhança entre o nosso uniforme, viaturas, armamento e equipamento com os
do inimigo que poderiam aumentar o risco de fratricídio durante as operações?
2) O inimigo tem procurado se infiltrar, intervir nas transmissões ou provocar incidentes
de pânico em nossas tropas?
b. Forças amigas
1) Existem semelhanças entre o idioma, uniforme, viaturas e equipamento de alguma
força amiga com o inimigo (nas operações conjuntas ou combinadas) que possam aumentar o risco
de fratricídio?
2) Quais diferenças, em equipamento e uniformes, entre nossas forças e as forças
amigas, devem ser ressaltadas para a tropa, a fim de se prevenir o risco de fratricídio?
3) As tropas recebidas em reforço usam sinais de identificação semelhantes aos nossos?
...
8) Nossas tropas receberam/treinaram a atualização das senhas e códigos de
identificação?
...

3.1.6 A gestão de riscos deve ocorrer em todos os níveis da cadeia de comando


durante cada fase da operação; é parte integrante de todo o planejamento tático.
O comandante de pequena fração deve, em seu briefing, levantar possíveis
Fatores de Risco relacionados ao fratricídio que comprometeriam a missão.

3-1
EB70-CI-11.483

3.2 AVALIAÇÃO DOS RISCOS

3.2.1 Realizando-se as avaliações, pode-se ter uma noção geral dos incidentes
ocorridos no combate, sendo a avaliação da ação uma ferramenta extremamente
importante para apurar os fatos e melhorar o adestramento da tropa.

3.2.2 TABELA DE REFERÊNCIA


- Através da Tabela de Referência para a avaliação da taxa de risco, os fatores
críticos são analisados e quantificado o risco potencial de cada um deles.

CATEGORIA DE RISCOS POTENCIAIS


FATORES CRÍTICOS QUE (com condições variáveis e pontuação)
AFETAM O FRATRICÍDIO BAIXO RISCO MÉDIO RISCO ALTO RISCO
(1 ponto) (2 pontos) (3 pontos)
COMPREENSÃO DO PLANEJAMENTO
Intenção do comandante CLARA (1) VAGA
Complexidade SIMPLES (1) COMPLEXA
Situação das ameaças CONHECIDA (1) DESCONHECIDA
Situação das forças amigas CONHECIDA (1) DESCONHECIDA
Regras de engajamento CLARAS (1) NÃO CLARA
Regras e normas para
CLARAS (1) NÃO CLARA
emprego com forças amigas
FATORES AMBIENTAIS
Visibilidade entre os
FAVORÁVEL (1) DESFAVORÁVEL
participantes da operação
Obscurecimento CLARO (1) ESCURO
Ritmo das operações LENTO (1) RÁPIDO
Identificação positiva dos
100% (1) NULA (0%)
alvos
MEDIDAS DE COORDENAÇÃO E CONTROLE
MESMA UNIDADES
Relação entre comandos (1)
UNIDADE DISTINTAS
Comunicação rádio ALTO E CLARO (1) BAIXO E CLARO
FACILMENTE DIFÍCIL
Comunicação visual (1)
VISÍVEL LOCALIZAÇÃO
NÃO
Comunicação gráfica PADRONIZADA (1)
PADRONIZADA
Procedimentos operacionais
UTILIZADOS (1) NÃO UTILIZADOS
padronizadas
SEM
Elementos de ligação SUFICIENTES (1)
TREINAMENTO
Localização, orientação,
SEGURA (1) NÃO SEGURA
navegação
Tab 3-1 - Avaliação da taxa de risco de fratricídio

3-2
EB70-CI-11.483

EQUIPAMENTOS
Forças amigas SIMILAR (1) DIFERENTE
Ameaças - inimigo DIFERENTE (1) SIMILAR
TREINAMENTO
Certificação padronizada REALIZADA E
(1) NÃO REALIZADA
individual APROVADA
REALIZADA E
Certificação padronizada (1) NÃO REALIZADA
APROVADA

Tab 3-1 - Avaliação da taxa de risco de fratricídio (continuação)

Legenda:
(1) Considerar “médio” quando não houver certeza da classificação para o fator.

3.2.3 Por fim, os valores são somados e identifica-se a taxa global de fratricídio.
Classifica-se em:
- Alta (49 a 63 pontos);
- Média (37 a 48 pontos); ou
- Baixa (21 a 36 pontos).

3.3 SELEÇÃO DAS MEDIDAS DE PREVENÇÃO

3.3.1 OBSERVAÇÃO INICIAL

3.3.1.1 Visando à redução de risco de fratricídio, deve-se atentar para este fator
ao longo da operação.

3.3.1.2 Para isso, todos os envolvidos possuem parcela de responsabilidade na


preparação e execução de medidas mitigatórias no que tange à prevenção de
fratricídio, conforme seu nível de comando e controle.

3.3.1.3 Quando identificados os riscos durante a operação, os mesmos devem


ser comunicados com clareza à cadeia de comando, de forma que soluções
possam ser tomadas para que a taxa de risco seja minimizada.

3.3.1.4 As medidas para a redução do risco de fratricídio devem ser


desenvolvidas nos treinamentos e instruções e aplicadas durante todas as fases
de uma operação.
- Elas podem variar desde ações pontuais até a formação de sistemas de
identificação.

3-3
EB70-CI-11.483

3.3.2 ETAPAS

3.3.2.1 Para identificar e avaliar os riscos de fratricídio em uma operação,


deve-se utilizar um processo de gerenciamento de risco desenvolvidos em
etapas:
a) identificação dos perigos, danos ou riscos;
b) avaliação e quantificação dos riscos;
c) desenvolvimento de controles para prevenir, reduzir ou eliminar os riscos;
d) implementação dos controles; e
e) fiscalização das medidas de prevenção.

3.3.2.2 Considerações
- Ao compreender todo o planejamento da operação e visando minimizar os
riscos de fratricídio, as seguintes considerações indicarão ao Cmt o potencial de
fratricídio em uma determinada operação:
a) o conhecimento da situação do inimigo;
b) o conhecimento da situação das tropas amigas;
c) a intenção clara do Cmt de Fração e seu conhecimento por todos os escalões;
d) a complexidade da operação e o grau de sincronização atingido; e
e) o tempo de planejamento disponível para cada escalão.

3.3.2.3 Os seguintes fatores podem contribuir para diminuir o risco de


fratricídio durante o processo de preparação:
a) quantidade e tipo de ensaios realizados;
b) nível de treinamento e de eficiência em combate das peças de manobra e de
seus integrantes;
c) existência de laços táticos e de relacionamento habitual entre as subunidades
e frações que realizarão a operação; e
d) o grau de resistência a esforços físicos intensos e prolongados das tropas que
realizarão a operação.

3.3.2.4 Ferramentas
- Reuniões de coordenação, de sincronização e ensaios são ferramentas
primordiais na identificação e na redução do risco de fratricídio.
- Deve-se levar em consideração algumas ações como a utilização de ordens
claras e concisas, a eficaz transmissão das ordens dos comandantes para os
escalões mais baixos e a quantidade e tipo de ensaios.

3.3.3 “Um sistema de identificação de combate deve incluir:


a) a consciência situacional;
b) a compreensão da doutrina;
c) as táticas, as técnicas e os procedimentos adotados;
d) as regras de engajamento padronizadas; e
e) a tecnologia disponível para a abordagem direta da prevenção do fratricídio.

3-4
EB70-CI-11.483

3.3.4 ABORDAGEM SOBRE A IDENTIFICAÇÃO POSITIVA DOS ALVOS


- A abordagem sobre a identificação positiva dos alvos é a principal tática, técnica
e procedimento (TTP) adotada para a redução do risco de fratricídio.

3.3.4.1 Etapas de classificação, identificação e designação


- A identificação positiva dos alvos é uma técnica visual que explora as
características físicas de uma provável ameaça por meio de etapas como
classificação, identificação e designação.
a) classificação: verificação do dispositivo, composição e natureza, valor,
atividades recentes e atuais e peculiaridades do oponente verificado.
b) identificação: observação das características de diferenciam o oponente das
tropas amigas.
c) designação: seleção dos principais dados observados que podem ser
informados ao escalão superior sobre o oponente observado.

3.3.4.2 Identificação pessoal

3.3.4.2.1 Diante da velocidade em que ocorre o conflito armado dentro das


pequenas frações, nem sempre é possível classificar, ou mesmo designar o
oponente, sendo viável apenas a sua identificação.

Fig 3-1 - Militares ucranianos utilizando braçais e fitas de identificação

3-5
EB70-CI-11.483

3.3.4.2.2 Nesse sentido, uma das medidas de prevenção utilizadas no conflito


armado entre a Ucrânia e a Rússia consiste na utilização de códigos de cores
(com braçais e fitas adesivas nos capacetes, nos braços, nos joelhos e até
mesmo nos próprios armamentos), facilitando a identificação tanto dentro das
pequenas frações, quanto para o escalão superior quando aquele utiliza os
Sistemas de Aeronaves Remotamente Pilotado (SARP) em seu processo de
coordenação.

3.3.4.3 Identificação de material

3.3.4.3.1 Diante do processo de globalização vivido pelo mundo, as armas e


veículos se tornaram similares, tendo em vista as constantes trocas de
conhecimentos.

3.3.4.3.2 Portanto, além da identificação do próprio homem em combate


observou-se a importância da identificação tanto dos veículos de transporte,
quanto dos carros de combate.

3.3.4.3.3 Por exemplo, durante o conflito entre a Ucrânia e a Rússia, o exército


russo determinou a identificação de seus veículos com a letra “Z”, mitigando os
riscos de fogo amigo.

Fig 3-2 - Carro de combate russo identificado com a letra “Z”

3.3.4.4 As duas principais abordagens para prevenir o fratricídio é aumentar a


consciência tática e melhorar o processo de identificação dos alvos.

3-6
EB70-CI-11.483

Fig 3-3 - Veículo de transporte russo identificado com a letra “Z”

3.4 DECISÃO

3.4.1 PROCESSO SISTEMATIZADO E PADRONIZADO DIDEA

3.4.1.1 Para a prevenção de incidentes de fratricídio, pode-se utilizar o


processo sistematizado e padronizado DIDEA:
- detectar;
- identificar;
- decidir;
- engajar; e
- avaliar.

3.4.1.2 Ele contribui para evitar o tiro impulsivo sobre um alvo não corretamente
identificado, ou que não possa ser precisamente caracterizado como inimigo, em
um ambiente com a presença de forças amigas ou neutras.

3.4.1.3 O processo deve ser treinado e verificado por ocasião dos ensaios para
a missão. Ele deve ser empregado por todos os integrantes, de forma individual,
pelas guarnições de armas coletivas e pelas tropas em 1° escalão.

3.4.1.4 O referido processo visa condicionar a mente na busca por prováveis


ameaças, por meio cinco etapas distintas, iniciando-se com a detecção. Na
sequência, ocorre a identificação e o processo decisório, podendo culminar no
engajamento do alvo e na avaliação dos danos.

3-7
EB70-CI-11.483

3.4.1.5 Pode-se definir cada etapa da seguinte maneira:


a) Detecção:
- Visa realizar a busca e a localização do alvo no campo de batalha em tempo
hábil para possibilitar seu engajamento.
b) Identificação:
- Etapa que visa reconhecer uma ou mais características chaves da possível
ameaça possibilitando sua identificação.
c) Decisão:
- Nesta etapa, o comandante tático, com base nas regras de engajamento,
princípios de coordenação de fogos e seleção do armamento e munição, irá
definir como realizar a abertura de fogo.
d) Engajamento:
- Indicado pela realização correta das técnicas de tiro e pelo cumprimento do
plano de fogos diretos.
e) Avaliação:
- Caracteriza-se pela observação dos efeitos causados pelo tiro, com a
finalidade de verificar o dano e realizar possíveis correções.

3.4.1.6 As falhas na etapa de identificação é uma das principais causas de


incidentes de fratricídio, como descrito no tópico anterior.
- A fim de reduzir os erros na identificação dos alvos, deve-se identificar e avaliar
o risco de fratricídio e, posteriormente, adotar medidas preventivas.

3.4.2 FATORES NA AVALIAÇÃO DO RISCO DE FRATRICÍDIO

3.4.2.1 Durante a execução da operação, a capacidade de rapidamente analisar


o risco de fratricídio e intervir para impedi-lo são fundamentais para enfrentar
situações imprevistas.

3.4.2.2 Os seguintes fatores devem ser considerados na avaliação do risco


de fratricídio após o início da operação:
a) a visibilidade entre unidades vizinhas;
b) o nível de obscurecimento do campo de batalha;
c) a habilidade ou a inabilidade da tropa para identificar corretamente os alvos;
d) as semelhanças e as diferenças de equipamento, veículos e uniformes entre
as forças amigas e o inimigo;
e) a densidade de veículos no campo de batalha;
f) o ritmo do combate; e
g) a facilidade de identificação no terreno das medidas de coordenação de
contato estabelecidas.
- O perfeito acompanhamento da situação do combate e a divulgação de sua
evolução para todos os escalões envolvidos na operação são fatores chaves na
redução do risco de fratricídio.

3-8
EB70-CI-11.483

- Devem constar das NGA medidas para auxiliar os Cmt, de todos os escalões
e das viaturas blindadas, no processo de acompanhamento da situação do
combate.
h) Essas medidas podem incluir:
1) a permanente escuta da rede de comando e controle do Esc Sp;
2) a comunicação rádio entre subunidades e frações vizinhas;
3) o conhecimento preciso da localização de todas as peças de manobra;
4) a troca constante de elementos de ligação com as unidades vizinhas e o
Esc Sp e, entre o Cmdo Fração e as peças de manobra, quando for o caso; e
5) a permanente atualização das planilhas de combate, cartas de situação e
outros documentos.

3.5 IMPLEMENTAÇÃO DAS MEDIDAS DE PREVENÇÃO

3.5.1 As medidas de prevenção ao fratricídio devem ser implementadas


antecipadamente à execução da operação em questão, fazendo-se presente em
todas as fases dela.
- Os responsáveis diretos em todos os escalões devem atentar para questões
primordiais em um planejamento que visa evitar vítimas decorrentes do fogo
amigo.

3.5.1.1 A preocupação com a segurança em uma operação abrange toda a


cadeia de comando, desde o comandante até o restante dos indivíduos.

3.5.1.2 O conhecimento e a compreensão da situação tática devem ser


constantemente buscados por todos os integrantes do pelotão, particularmente
pelos comandantes das frações.
- Em todas as situações de risco de fratricídio e fogo amigo, os líderes da
operação devem estar preparados para tomar ações imediatas que possam
evitar acidentes e danos a equipamentos ou aos militares.

3.5.1.3 Em um pelotão, todos devem possuir capacidade de gerenciar os riscos,


reconhecendo perigos e implementando controles que buscam reduzir ou
extingui-los. As recomendações iniciais incluem:
a) identificação do incidente e avaliação do risco em andamento;
b) cessar fogo; e
c) estabelecer controles para evitar maiores complicações.

3.5.1.4 A consciência situacional permite que o pelotão esteja ciente das forças
presentes no campo de batalha (forças amigas, inimigas e elementos neutros),
além das zonas de ação estabelecidas, podendo assim tomar decisões caso haja
a necessidade.

3-9
EB70-CI-11.483

3.5.1.5 A tropa deve estar ciente das regras de engajamento, seguindo-as na


correta ordem, assim evitando ataques precipitados e impulsivos sobre alvos
desconhecidos.

3.5.2 Um bom planejamento reduz consideravelmente o risco de fratricídio.


Sendo assim, uma tropa adequadamente adestrada poderá ser empregada e
cumprir com aproveitamento a missão estabelecida.

3.5.2.1 É necessário que os responsáveis pela operação realizem reuniões de


coordenação, as quais permitirão o esclarecimento de dúvidas e
questionamentos que possam ser levantados pelos subordinados.

3.5.2.2 Cabe ressaltar a importância de assuntos sensíveis que devem ser


tratados nas reuniões, como as zonas de ação de cada fração.
- Os comandantes de frações devem compreender corretamente a intenção da
operação e seus detalhamentos a fim de evitar complicações.

Fig 3-4 - Treinamentos e ensaios

3.5.3 Na preparação para o cumprimento da missão, há o planejamento da


operação, em que são avaliados os riscos.
- Os riscos detectados no planejamento da missão devem ser levantados, de
modo que sejam abordados e diminuam a probabilidade de falhas.
- A redução do risco de fratricídio começa com a fase do planejamento de uma
operação e continua através de sua execução.

3.5.3.1 Devem ser realizados treinamentos e ensaios operacionais que visam


adestrar o pelotão em um uma situação de combate real, preparando e
capacitando os militares nas respectivas funções.

3-10
EB70-CI-11.483

- Os ensaios devem se estender a todos os níveis do comando, estabelecendo


padronizações as quais facilitarão o prosseguimento da operação.

3.5.3.2 Para determinar a identificação de tropas amigas, devem ser utilizadas


padronizações que definam pontos de coordenação de fogos, áreas de restrição
de fogos que delimitem espaço e tempo, além de medidas de controle que
sinalizem a presença tropas aliadas em certa localidade.

3.5.4 Dentre as ferramentas que podem ser usadas para reduzir o risco de
fratricídio, destaca-se o conhecimento e o emprego correto das regras de
engajamento.

3.5.5 Outros aspectos influenciam diretamente no planejamento e execução de


uma operação, como o nível de adestramento da tropa que será empregada.
- A eficiência da fração empregada no combate será resultante de treinamentos
e ensaios estabelecidos.

3.5.6 AÇÕES RECOMENDADAS À FRAÇÃO ENVOLVIDA EM INCIDENTES DE


FOGOS AMIGOS

3.5.6.1 Fração vítima de fogos amigos:


a) reagir ao contato até o reconhecimento do fogo amigo;
b) cessar fogo;
c) executar ações imediatas para a proteção de pessoal e material;
d) notificar a ocorrência de fogo amigo nos canais de comunicação;
e) informar a localização e a direção do veículo de tiro; e
f) fornecer um sinal de reconhecimento visual para cessar o fogo.

3.5.6.2 Fração que observe outras frações em situação de fogo amigo:


a) procurar cobertura e proteção;
b) relatar a situação na rede de comando mais próxima;
c) informar a localização e a direção das frações presentes no incidente; e
d) notificar os tipos de fogos e os efeitos causados.

3.6 SUPERVISÃO E AVALIAÇÃO

3.6.1 Supervisionar as medidas de prevenção ao fratricídio torna-se um


mecanismo extremamente importante na redução desse tipo de acidente.
- A junção de todas as medidas supracitadas aliada a uma supervisão das ações
no combate reduzirá consideravelmente a ocorrência dos acidentes
provenientes do fogo amigo.

3.6.1.1 Os comandantes de frações devem estar cientes a todo momento da


consciência situacional da tropa, controlando e coordenando o prosseguimento
das atividades.

3-11
EB70-CI-11.483

3.6.1.2 É necessário que o comandante de pelotão, juntamente aos


comandantes de frações, realize a coordenação do emprego de fogos,
estabelecendo medidas de acordo com as regras de engajamento.

Fig 3-5 - Coordenação do emprego de fogos

3.6.1.3 A supervisão das ações pode ter o maior potencial de reduzir os


incidentes provocados por fogo amigo, uma vez que o erro humano é um dos
maiores causadores de fratricídio.

3.6.1.3.1 Algumas medidas de supervisão podem ser empregadas a fim de


reduzir a ocorrência de fratricídio em pequenas frações. Dentre elas, destacam-
se:
a) inspecionar as táticas e procedimentos que serão empregados na operação;
b) conscientizar o pelotão sobre os alvos e torná-lo ciente sobre a situação atual
do combate;
c) padronizar as regras de engajamento e a tecnologia disponível
(equipamentos) para a abordagem;
d) empregar sinais e marcas que permitam a identificação de tropas amigas, com
a finalidade de identificar aliados com segurança; e
e) certificar-se que todos os militares do pelotão possuam capacidades de
prosseguimento no combate, mantendo-os informados das formações e
esquemas de manobra nas unidades adjacentes.

3.6.2. Observadas as causas, a ocorrência, as medidas e os sistemas que


combatem o fratricídio, salienta-se a importância da avaliação dos riscos,
processo que reúne dados, os quais serão usados com a finalidade de
aperfeiçoar as técnicas empregadas no combate (item 3.2 deste CI).

3-12
EB70-CI-11.483

CAPÍTULO IV

TÉCNICAS DE PREVENÇÃO AO FRATRICÍDIO

4.1 TÉCNICAS INDIVIDUAIS DO COMBATENTE

4.1.1 As técnicas individuais do combatente são aquelas que dependem única e


exclusivamente da ação individual do militar.

4.1.1.1 São caracterizadas por habilidades que, quanto maior o nível de


treinamento, menor é o risco de fratricídio.

Fig 4-1 - Militares realizando a tomada de um beco, estando um de pé e outro agachado para evitar
cruzar na frente do cano do companheiro

4.1.4 Treinamento de identificação positiva de tropa amiga:


- A identificação positiva de tropas amigas é fator essencial para gerenciamento
do risco de fratricídio.

4.1.5 A utilização de equipamentos optrônicos proporciona melhor capacidade


de identificação positiva de tropas amigas e forças adversas.

4-1
EB70-CI-11.483

Fig 4-2 - Exemplos de dispositivos de identificação individual termal (infravermelho - IR) como
patches ou adesivos de identificação e luzes IR para visualização dos combatentes

Fig 4-3 - Vista através de dispositivo de visão noturna de militares utilizando estroboscópio
infravermelho para identificação positiva

Fig 4-4 - Exemplo de utilização de bastões de luz química nos capacetes

4-2
EB70-CI-11.483

Fig 4-5 - Utilização de equipamentos optrônicos no capacete

4.2 TÉCNICAS DAS TROPAS LEVES

4.2.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

4.2.1.1 As tropas leves têm como principal característica a mobilidade, a


velocidade e o apoio de fogo por meio de Ataques Aeromóveis (Atq Amv), que
consistem na destruição ou neutralização do inimigo, por meio do fogo aéreo
concentrado sobre o objetivo (alvo).

4.2.1.2 A seguir, serão apresentadas as principais técnicas para evitar o


fratricídio no referido tipo de tropas.

4.2.2 TÉCNICAS DE PREVENÇÃO AO FRATRICÍDIO NO PLANEJAMENTO DE


OPERAÇÕES

4.2.2.1 Um planejamento completamente desenvolvido e bem compreendido


ajuda a minimizar o risco de fratricídio.

4.2.2.2 Serão apresentadas considerações a serem determinadas no


planejamento, que contribuem para a prevenção ao fratricídio:
a) estudo detalhado da situação do inimigo;
b) situação das tropas amigas;

4-3
EB70-CI-11.483

c) intenção do comandante;
d) disponibilização de tempo suficiente de planejamento das operações em cada
nível, conforme a disponibilidade; e
e) planejamento bem realizado, com coordenação e controle, comunicações
eficazes, determinação de pontos de controle, conforme apropriado para a
operação, e uma emissão de ordens clara são fundamentais para a prevenção
de fratricídios nas pequenas frações.

4.2.3 TÉCNICAS DE PREVENÇÃO AO FRATRICÍDIO NA PREPARAÇÃO PARA


AS OPERAÇÕES
- A fase de preparação para as operações militares deve ser encarada como uma
das mais importantes para a prevenção ao fratricídio, conforme os seguintes
fatores:

4.2.3.1 Execução de ensaios:


- A execução do maior número possível de ensaios, o mais próximo da realidade
do combate, com diversos problemas militares simulados (PMS) durante a
preparação servirá para identificar as possíveis falhas no planejamento e evitar
fratricídios.
- Todos os militares envolvidos nas operações devem participar de todos os
ensaios e em todos os níveis.

4.2.3.2 O adestramento e a capacidade das unidades e indivíduos:


- O adestramento e a capacidade das unidades e indivíduos envolvidos nas
operações irão resultar em maiores ou menores níveis de fratricídio.

4.2.3.3 Treinamento de identificação de tropas amigas e Força Adversa (F


Adv):
- A identificação positiva de tropas é fator essencial para a prevenção do
fratricídio.

4.2.3.4 Estabelecimento de procedimentos padrão na zona de reunião (Z


Reu):
- O estabelecimento de procedimentos padrão em zonas de reunião evita
incidentes negativos, uma vez que se trata de uma área onde há aplicação de
medidas de identificação positiva de tropas amigas; e
- Esses procedimentos podem ser como a execução de troca de senhas e
contrassenhas, sinal de reconhecimento e sinais e gestos convencionados,
todos lançados nas Instruções para a Exploração das Comunicações e
Eletrônica (IE Com Elt) de cada unidade.

4.2.3.5 O adestramento conjunto


- O adestramento conjunto das tropas envolvidas reduz a possibilidade da
ocorrência de fratricídios.

4-4
EB70-CI-11.483

4.2.3.6 Reuniões de coordenação, de sincronização e ensaios


- Reuniões de coordenação, de sincronização e ensaios são ferramentas
primordiais na identificação e na redução do risco de fratricídio durante a fase de
preparação.

4.2.4 TÉCNICAS DE PREVENÇÃO AO FRATRICÍDIO NA EXECUÇÃO DAS


OPERAÇÕES
- Durante a operação, a capacidade de rapidamente analisar o risco de fratricídio
e intervir para impedi-lo são fundamentais para enfrentar situações imprevistas.

4.2.4.1 As seguintes técnicas devem ser utilizadas para a prevenção do


fratricídio após o início das operações:

4.2.4.1.1 Manter-se constantemente informado sobre a evolução da situação.

4.2.4.1.2 Analisar o campo de batalha com informações reais e atualizadas:


- Localização das peças de manobra;
- Localização de áreas restritas (minas, obstáculos, fogos etc);
- Áreas contaminadas por agentes químicos (gás, fumaça etc); e
- Alterações nos fatores da decisão.

4.2.4.1.3 Assegurar a correta identificação dos alvos.


- A tropa deve ter perfeito conhecimento das características, assinaturas térmicas
e silhuetas das viaturas blindadas e principais armamentos do inimigo e das
forças amigas.
- É importante saber a que distância é possível a identificação correta das
viaturas blindadas do inimigo, considerando o tipo de terreno e as condições
climáticas.

4.2.4.1.4 Manter efetivo controle de fogo.


- Assegurar que os comandos de fogo das armas coletivas e das viaturas sejam
precisos, concisos e claros.
- Incluir nas NGA da OM, como conduta obrigatória, que as guarnições de armas
coletivas e das viaturas blindadas, quando não entenderem com clareza todo o
comando de tiro, solicitem a repetição completa.
- Enfatizar a importância da cadeia de comando no processo de controle de fogo.
- Os atiradores das viaturas e das armas coletivas de tiro tenso devem ter o
hábito de solicitar a confirmação do reconhecimento do alvo e a permissão para
realizarem o tiro aos seus comandantes imediatos, antes de engajarem um alvo
que presumam que seja inimigo.

4.2.4.1.5 Estabelecer ações de comando, em todos os níveis, que enfatizem a


prevenção de fratricídio.
- Determinar que as medidas de proteção contra o fratricídio sejam colocadas
em prática, conforme previstas nas NGA.
- Assegurar que a execução das ordens seja supervisionada pelos comandantes

4-5
EB70-CI-11.483

de todos os escalões, os quais devem verificar, constantemente, se o


desempenho individual e o das frações é conforme a padronização da OM.
- Tal medida irá evitar que os efeitos do combate, a tensão emocional e o
desgaste físico possam comprometer a segurança da tropa.
- Quanto menor a experiência de combate da unidade, maior atenção deve ser
dada aos desvios de conduta por tensão emocional e fadiga de combate.

4.2.4.1.6 Procurar reconhecer os sinais de tensão do campo de batalha. Manter


a coesão da fração, atuando rápida e efetivamente para aliviar a tensão.

Fig 4-6 - Efeitos do combate sobre a tropa

4.2.4.1.7 Durante o combate, manter-se informado da localização correta de sua


posição, de seus elementos subordinados e a dos elementos vizinhos.
- Manter o deslocamento tático de suas peças de manobra sempre sincronizado.
- No caso de desorientação durante o combate, solicitar, imediatamente, a ajuda
de seus auxiliares ou de seu escalão superior.

4.2.4.1.8 Manter a consciência situacional, em todos os níveis, é outro fator


importante para a redução do fratricídio.
a) As frações devem desenvolver técnicas para obter e manter consciência
situacional.
b) Deve incluir:
- acesso à rede-rádio do escalão superior;
- contato entre as frações; e
- conhecimento preciso da localização de todas as frações no campo de
batalha.

4-6
EB70-CI-11.483

4.2.4.2 Nas operações ofensivas devem ser utilizadas as seguintes técnicas


a fim de se prevenir o fratricídio:

4.2.4.2.1 Durante a marcha para o combate e o ataque coordenado, devem ser


estabelecidas Linhas de Controle em pontos nítidos do terreno, a fim de se evitar
que uma tropa avance além do limite que deveria estar, para que não se perca
a coordenação dos fogos.

4.2.4.2.2 Como exemplos que podem ser utilizadas, citam-se os:


a) Postos de Controle (P Ct);
b) Linha de Controle (L Ct);
c) Ponto de Ligação (P Lig);
d) Limites;
e) Objetivos;
f) Região de Interesse para a Inteligência (RIPI), entre outras.

Fig 4-7 - Exemplos de Linhas de Controle no ataque coordenado

4.2.4.2.2 O militar deve permanecer, durante toda a execução da operação,


dentro da zona de ação destinada à sua unidade, evitando que entre na zona de
ação de tropa amiga, podendo ser alvejado por fogo amigo.

4.2.4.2.3 A correta utilização do Guia Aéreo Avançado (GAA), do Observador


Avançado (AO) e do Coordenador do Apoio de Fogo (CAF) dos elementos de
superfície nos planejamentos irá possibilitar uma melhor coordenação de fogos
indiretos, prevenindo, dessa forma, o fratricídio.

4-7
EB70-CI-11.483

Fig 4-8 - GAA realizando a coordenação e controle de fogos de aeronave militar

4.2.4.2.4 A utilização de painéis permite a identificação positiva de Vtr amigas,


conforme padronização dentro do comando da tropa envolvida na operação.

4.2.4.2.5 Medidas de coordenação e controle para utilização de armas de tiro


indireto, como áreas de engajamento, que gerem separação física entre tropas
adjacentes, de maneira a marcar até que ponto a tropa pode avançar, evitando
que entre em uma área batida por fogos amigos.

Fig 4-9 - Exemplo de painéis de identificação de combate (diurno e noturno)

4.2.4.2.6 O assalto final


- Ainda nas operações ofensivas, especificamente no momento da execução dos
ataques com suas progressões sob fogos, e finalizando com o assalto
propriamente dito, percebe-se uma constante preocupação com o alinhamento
da tropa no momento da execução do assalto final, a fim de reduzir o risco do
fratricídio.

4-8
EB70-CI-11.483

Fig 4-10 - Alinhamento da tropa no momento da execução do assalto final

- Todavia, tal procedimento poderá muitas vezes não configurar a realidade do


combate, pois quando o militar que está avançando (seja no assalto ou na
progressão da “marcha do papagaio”) sob os fogos do oponente (de pé),
“alinhado” com seu companheiro ao seu lado e percebe que o mesmo foi abatido,
dificilmente seu instinto permitirá que continue avançando com tamanha
preocupação com seu alinhamento.

Fig 4-11 - Alinhamento da tropa no momento da execução do assalto final

- Sabe-se que tal procedimento pode ampliar o risco de fratricídio, porém deve-
se avaliar a situação conforme os fatores da decisão, pois os procedimentos
mitigatórios do risco do fratricídio devem compensar uma possível vantagem
cedida ao oponente.
- Portanto, mesmo que seja ensaiado tal procedimento, deve haver uma revisão
nos métodos de progressão e de assalto e considerada a situação vivida no
momento daquela fração em combate.

4-9
EB70-CI-11.483

- No combate moderno, observa-se que muitas vezes o fogo que permite a


progressão segura advém do militar que está logo ao lado, ao invés da esquadra
adjacente, pois o terreno ou o inimigo não possibilitarão uma progressão tão
regular.

4.2.4.3 Nas operações defensivas devem ser utilizadas as seguintes


técnicas a fim de se prevenir o fratricídio:
a) nas posições defensivas deve-se dar especial atenção às medidas de
identificação positiva de tropas amigas, como a execução de troca de senhas e
contrassenhas, sinal de reconhecimento e sinais e gestos convencionados; e

Fig 4-12 - Exemplo de croqui de setores de tiro em uma posição defensiva

b) a atenção ao setor de tiro dos militares deve ser prioridade para os


comandantes das pequenas frações.

4.3 TÉCNICAS DE COMBATE URBANO

4.3.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

4.3.1 O combate em ambiente urbano aumenta o risco de fratricídio entre as


tropas, visto que fatores como o espaço de manobra limitado, terreno
tridimensional e o alto gasto de munição estão presentes.

4.3.2 Devem ser estabelecidas Linhas de Controle (L Ct) em pontos nítidos no


terreno a fim de evitar o avanço das tropas de modo espontâneo, evitando o

4-10
EB70-CI-11.483

fratricídio.

Fig 4-13 - Exemplo de Linhas de Controle nas operações em ambiente urbano

a) Para garantir a coordenação e controle da tropa em uma localidade, um


método utilizado é a divisão da localidade em quadras e ruas.

b) Para a designação das ruas, preferencialmente, deverá ser utilizado o nome


“real” da mesma.
- Uma deficiência deste método é que o mesmo não contempla todas as
necessidades de acordo com o layout da cidade.

4-11
EB70-CI-11.483

Fig 4-14 - Exemplo de método para designação de quadras e ruas

c) Atenção especial deve ser dada à marcação dos limites, utilizando-se a borda
das construções para definir a responsabilidade por determinada rua.
d) A marcação das citadas medidas de coordenação e controle pode-se valer de
grandes construções nítidas no terreno para auxiliar a designação e a
visualização por parte das tropas empenhadas.
e) Para a designação de objetivos horizontais nas quadras, um método que pode
ser utilizado é a referência dos pontos cardeais (Ex: QUADRA 1 SE).

Fig 4-15 - Exemplos de designação de objetivos horizontais em quadras

4-12
EB70-CI-11.483

f) A padronização da designação de objetivos horizontais desde o nível Unidade


até o nível fração será de extrema importância para a coordenação do apoio de
fogo indireto e aéreo, devendo constar das NGA.

Fig 4-16 - Exemplo de medidas de coordenação em uma localidade

4.3.2 Medidas de controle para as armas de tiro tenso (utilização de instrumentos


de combustão no solo; fumígenos coloridos, estroboscópios com filtros
infravermelho, determinação de áreas de engajamento) para materializar no
terreno os pontos de coordenação de fogos, evitando o fogo amigo.

4.3.3 Medidas de coordenação e controle para utilização de armas de tiro


indireto, como áreas de engajamento, que gerem separação física entre tropas
adjacentes, de maneira a marcar até onde a tropa pode avançar, evitando que
entre em uma área batida por fogos amigos.

4.3.4 A utilização do Ap F indireto atuando sobre um terreno anteriormente batido


por fogos, as tropas de infantaria somente fazem a limpeza da área, diminuindo
os combates de curta distância, diminuindo o estresse de combate.

4.3.5 A utilização de tecnologias de georreferenciamento (GPS) para


determinação e confirmação de posições permitem uma melhor consciência
situacional prevenindo o fratricídio.

4-13
EB70-CI-11.483

4.3.6 A delimitação da zona de ação de cada fração, assim como das áreas de
restrições de fogos e de fogo proibido são de extrema importância para a
prevenção do fratricídio.
4.3.7 Devem ser escalados Oficiais de Ligação e equipe de coordenação de
limites para realizar ligações entre tropas amigas que estejam operando em
áreas adjacentes.

4.4 TÉCNICAS DAS TROPAS DE OPERAÇÕES ESPECIAIS

4.4.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

4.4.1.1 As tropas de operações especiais são caracterizadas por serem


constituídas por grupos de militares com elevada capacidade física e psicológica,
sendo empregadas em operações convencionais e não-convencionais,
normalmente em ambientes hostis de conflitos de grande e baixa intensidade.
- Seu emprego isolado ou em apoio a um Grande Comando operacional pode
aumentar o risco de fratricídio, principalmente das tropas convencionais.

4.4.1.2 No planejamento das Operações Especiais, deve ser feito o estudo


detalhado da ameaça, sendo realizado o estudo do inimigo, buscando a
assertividade da aquisição dos alvos.

4.4.1.3 Por serem empregados por muitas vezes em apoio a Grandes Comandos
Operacionais, a consciência situacional de todo o ambiente operacional é de vital
importância para os operadores especiais, evitando que se tornem vítimas de
fratricídio.

4.4.1.4 Por ocasião da realização de operações conjuntas com outras tropas,


deve ser escalado um oficial de operações do destacamento de operações
especiais (DOFEsp) em ligação com a tropa apoiada, a fim de auxiliar na
coordenação do emprego das tropas, informar itinerários do DOFEsp empregado
e direção de tiro.

4.4.1.5 Em operações com possibilidade de apoio de fogo de aeronaves


militares, durante o confronto com o oponente, esta solicitação deve ser
realizada somente em casos extremos, a fim de se evitar o fratricídio.

4.4.1.6 Quando em operações houver mais de uma Área de Operações


Especiais (A Op Esp) adjacentes, o Destacamento de Coordenação e Controle
será responsável por coordenar todas as ações dos Elementos de Operações
Especiais (Elm Op Esp) empregados.

4.4.1.7 A identificação positiva de tropas amigas e F Adv poderá ser facilitada,


por meio do emprego de estroboscópios infravermelhos, designadores laser e
equipamentos optrônicos.

4-14
EB70-CI-11.483

4.4.1.8 Os Sistemas de Aeronaves Remotamente Pilotado (SARP) são um meio


eficaz para identificação positiva da F Adv.

4.4.2 AS PEQUENAS FRAÇÕES DE OPERAÇÕES ESPECIAIS

4.4.2.1 Conforme previsto na PORTARIA – COTER/C Ex Nº 273, DE 19 DE


MAIO DE 2023, as tropas de Op Esp do EB são as seguintes:
a) do 1º Batalhão de Forças Especiais (1º B F Esp):
- o Destacamento Contraterrorismo (DCT);
- os Destacamentos Operacionais de Forças Especiais (DOFEsp);
- o Destacamento de Coordenação e Controle (DCC);
- o Destacamento de Caçadores de Operações Especiais (Dst Cçd Op Esp);
- as Equipes de Caçadores de Operações Especiais (Eqp Cçd Op Esp); e
- as Equipes Operacionais de Forças Especiais (Eqp Op F Esp);
b) do 1º Batalhão de Ações Comandos (1º BAC):
- os Destacamentos de Ações de Comandos (DAC);
- o Destacamento de Reconhecimento e Caçadores (DRC);
- as Eqp Cçd Op Esp; e
- Equipes Operacionais de Comandos; e
c) da 3ª Companhia de Forças Especiais (3ª Cia F Esp):
- os DOFEsp;
- o DCC;
- os DAC;
- as Equipes de Caçadores de Operações Especiais (Eqp Cçd Op Esp); e
- as Eqp Op F Esp.

4.4.2.2 Excetuando-se o DAC, o efetivo de cada destacamento, normalmente


não ultrapassa 12 militares, podendo ocorrer pequenas variações diante da
flexibilidade das missões.
- Entretanto, o DAC possui um efetivo variável, tendo sua base de efetivo inicial
de 38 militares, aproximadamente.

4.4.3 CLASSIFICAÇÃO

4.4.3.1 A classificação dos procedimentos para redução do risco de fratricídio


dentro das tropas de Operações Especiais não se configura como uma
exclusividade de tropas desta natureza. Tais classificações podem ser elencadas
diante do grau de adestramento desta tropa.
- Existindo adestramento interno, qualquer pequena fração pode realizar tais
procedimentos em combate.
- Todavia, não se recomenda este tipo de procedimento em situações de
exercícios com utilização de munições M1, pois não há amparo doutrinário em
caso de acidente dentro das Instruções Reguladoras de Tiro com o Amamento
do Exército (IRTAEx), existindo este amparo apenas para tropas de Operações
Especiais, calcado especificamente no nível de adestramento supracitado.

4-15
EB70-CI-11.483

4.4.3.2 Pode-se classificar os procedimentos mitigatórios do risco de


fratricídio em três classes:
a) 1ª classificação - procedimentos fundamentais individuais:
- trata-se do procedimento do atirador pertencente à pequena fração;
b) 2ª classificação - procedimentos internos:
- trata-se do procedimento dentro da fração, cuja coordenação e controle está
na gerência entre o comandante do destacamento e seus subordinados; e
c) 3ª classificação - procedimentos externos:
- trata-se do procedimento fora da fração, cuja coordenação e controle está
na gerência entre o comandante do destacamento e o escalão superior.

4.4.4 PROCEDIMENTOS FUNDAMENTAIS INDIVIDUAIS

4.4.4.1 Os procedimentos individuais básicos existentes nas tropas de


Operações Especiais são:
a) tiro com os dois olhos abertos;
b) controle do cano;
c) identificação positiva;
d) armas sempre travadas / dedo fora do gatilho;
e) fogos sobre alvos identificados; e
f) quebra da exclusão de auditório e visão de túnel.

4.4.4.2 Tiro com os dois olhos abertos

4.4.4.2.1 A execução do tiro com os dois olhos abertos tem por finalidade ampliar
o campo de visão do atirador, o que permite uma maior visão periférica durante
os disparos, reduzindo sensivelmente a possibilidade de ocorrência de fratricídio,
pois aumenta a possibilidade de identificação da movimentação de pessoas no
entorno do atirador.

4.4.4.2.2 Para a realização do tiro com os dois olhos abertos há a necessidade


de um treinamento específico, que permita a identificação do foco alinhado com
alça de mira e a massa de mira, principalmente quando se utiliza a pistola.

4.4.4.2.3 Normalmente, durante o tiro diurno, o militar pertencente à Força de


Operações Especiais (F Op Esp) possui mira holográfica, facilitando o
procedimento do tiro com os dois olhos abertos. Entretanto, a existência desse
equipamento não reduz o treinamento, pelo contrário, o torna duplicado, pois há
a necessidade de realizar o adestramento em cada tipo de aparelho de pontaria.

4.4.4.2.4 O mesmo ocorre com o treinamento com cada tipo de armamento


disponível para a F Op Esp.
- Cabe ressaltar que não é interessante a mudança do armamento do atirador
durante o ano de adestramento, pois o mesmo calibra seus aparelhos de
pontaria ao longo deste período.

4-16
EB70-CI-11.483

4.4.4.2.5 Por fim, a execução do tiro com os dois olhos abertos amplia o campo
de visão do atirador, o que contribui para a consciência situacional individual,
reduzindo a chance de execução de fogo amigo.

4.4.4.3 Controle do cano

4.4.4.3.1 A execução do controle do cano consiste na concentração do atirador


relativa à direção em que o cano de seu armamento está SEMPRE apontado,
independentemente se o armamento está alimentado ou não.

4.4.4.3.2 Tal procedimento está conectado diretamente à mentalidade de


segurança do atirador, pois o mesmo busca apontar o cano de seu armamento
somente para ameaças.
- A exemplo disso, durante as progressões, quando o atirador percebe que algum
elemento de sua tropa está passando à frente de seu armamento, ele deixa de
apontar o cano do armamento para a linha de fogo até que seu companheiro
ultrapasse esta linha.

4.4.4.3.3 Existem duas formas de realizar o controle do cano: com armamento


para cima ou para baixo.
- Em que pese ser um procedimento individual, o mesmo é padronizado dentro
das Normas Gerais de Ação (NGA) do destacamento, pois gera influências no
planejamento das equipes, principalmente nos combates em ambiente
confinado.

4.4.4.3.4 Ressalta-se que, para a utilização de armamentos de cano longo, se


faz mais interessante o emprego do controle do cano voltado para baixo, pois
seu manuseio se apresenta mais facilitado.

4.4.4.3.5 Por fim, o controle do cano possibilita a redução do fogo amigo causado
por acidente.

4.4.4.4 Identificação positiva

4.4.4.4.1 A identificação positiva é possibilitada pela observação das mãos e


braços do oponente, principalmente no que tange a sua atitude ofensiva em
relação ao armamento identificado.

4.4.4.4.2 Muitas vezes ao observar as mãos do oponente, pode ser verificado de


forma rápida a ação ofensiva ou passiva deste. Além disso, pode ser observada
a existência, ou não, de identificação em seu braço, reduzindo a possibilidade
de fratricídio dentro das frações. Para tal, cresce de importância a utilização da
identificação dos destacamentos durante as operações.

4.4.4.4.3 Para que haja esta rápida identificação, existe a necessidade de


treinamento de tiro voltado para este tipo de identificação, com alvos

4-17
EB70-CI-11.483

diferenciados com perfis humanoides impressos, ao invés do clássico alvo


escuro das tropas convencionais.
- Nessas impressões existem oponentes armados, assim como tropas amigas.
Dessa forma, existe a possibilidade de realizar pistas de treinamento voltadas
para esse tipo de identificação.

4.4.4.4.4 Assim, verifica-se que para as F Op Esp, a identificação positiva não


consiste apenas em observar e verificar, mas serve de base para um treinamento
que possibilita a atitude ofensiva ligada à identificação, reduzindo as chances de
realização de fogo amigo, bem como as chances de alvejar elementos inocentes.

4.4.4.5 Armas sempre travadas / dedo fora do gatilho

4.4.4.5.1 O conjunto procedimental de manter as armas sempre travadas e dedo


fora do gatilho consiste na pronta resposta segura do armamento, sendo que o
armamento deve ser conduzido sempre de forma segura, evitando possíveis
disparos acidentais durante as operações.

4.4.4.5.2 Ao contrário do que se pensa, as F Op Esp, quando estão na eminência


de um confronto, mantém o referido conjunto procedimental ativo, ou seja, não
existe a situação do elemento das F Op Esp seguir para qualquer missão com
as armas destravadas e o dedo no gatilho.

4.4.4.5.3 Após cada engajamento, o militar trava a arma e mantém o dedo que
atira distendido sobre o guarda-mato. Com a quantidade adequada de
adestramento, o tempo de se destravar a arma e executar o disparo não gera
impacto algum no reflexo do atirador. Pelo contrário, gera mais confiança e
segurança em seu engajamento, sem depender de seu reflexo instintivo.

4.4.4.5.4 Em que pese o atirador não estar com seu dedo que atira no gatilho
para seu rápido engajamento, este mantém constantemente seu polegar no
registro de tiro e segurança (RTS), para que haja uma rápida liberação de seu
armamento durante o processo de abertura de fogo.
- Para tal, existem duas grandes necessidades para um procedimento perfeito:
a) uma excelente manutenção do armamento para que o RTS esteja com uma
rápida liberação; e
b) a execução de um módulo de adestramento focado nesse procedimento de
liberação do RTS sincronizado com o acionamento do gatilho.

4.4.4.5.5 Dessa forma, o conjunto procedimental de manter as armas sempre


travadas e o dedo fora do gatilho reduz o risco de fratricídio dentro das pequenas
frações diante do controle de engajamento seguro proporcionado por esse tipo
de adestramento.

4-18
EB70-CI-11.483

4.4.4.6 Fogos sobre alvos identificados

4.4.4.6.1 O fogo sobre alvos identificados consiste na execução do tiro sobre o


oponente devidamente assinalado, tanto na origem do tiro quanto em sua
capacidade de fogos.
4.4.4.6.2 Muitas vezes, durante as operações, pode ocorrer do elemento que
está realizando disparos contra as F Op Esp não possuir um bom adestramento,
realizando disparos sem executar o procedimento de pontaria, ou mesmo, sem
ao menos observar sua direção de tiro, executando disparos a esmo.
- Assim, cabe ao elemento da F Op Esp controlar seu instinto de responder pelo
fogo quando não conseguir identificar a origem do mesmo de forma precisa, pois
muitas vezes o disparo pode advir de alguma tropa amiga que se encontra no
compartimento vizinho, em confronto com algum oponente.

4.4.4.6.3 Ao identificar o abrigo utilizado pelo oponente, ao mesmo tempo em


que necessita progredir, pode realizar disparos sobre o oponente para forçá-lo a
manter-se abrigado, possibilitando a progressão do destacamento.

4.4.4.6.4 Portanto, a realização de fogos sobre alvos identificados garante a


execução de uma progressão mais segura dentro dos destacamentos,
proporcionando confiança nos disparos acionados pelas F Op Esp diante do
risco existente de fratricídio.

4.4.4.7 Quebra da exclusão de auditório e visão de túnel

4.4.4.7.1 A quebra da exclusão de auditório e visão de túnel é procedimento


individual que o atirador executa com o intuito de ampliar sua consciência
situacional ao enfrentar as reações orgânicas do estresse de combate.

4.4.4.7.2 Durante o combate, existem diversas reações orgânicas


proporcionadas pelo ser humano. Dentre as quais destacam-se a exclusão de
auditório e a visão de túnel.

4.4.4.7.3 A exclusão de auditório consiste numa reação orgânica da pessoa que


está sobre uma forte carga de estresse, não conseguir se concentrar nos sons
do ambiente, como pode ocorrer durante o combate.

4.4.4.7.4 A visão de túnel consiste numa reação orgânica da pessoa, que está
sobre uma forte carga de estresse, não conseguir retirar sua visão focal sobre
um ponto específico, normalmente o ponto em que se encontra engajando.

4.4.4.7.5 Para a quebra da exclusão de auditório e visão de túnel, existe um


procedimento que se configura na verbalização, por parte do próprio atirador,
daquilo que ele mesmo deve executar.
- Assim, durante os adestramentos e módulos de tiro executados pelas F Op Esp,
ao final dos disparos executados nos exercícios de tiro, existe o procedimento

4-19
EB70-CI-11.483

de verbalização de uma palavra padronizada, por exemplo a palavra “VARRE!”,


como se o próprio atirador estivesse emitindo uma ordem para si mesmo, e neste
momento ele se obriga a desengajar o alvo recentemente alvejado e observar os
alvos ao seu redor.
- O procedimento de verbalizar facilita a quebra da exclusão de auditório, bem
como o procedimento de observar o entorno quebra a visão de túnel, que muitas
vezes focaliza no ângulo interno da mira holográfica.

4.4.4.7.6 Diante desta falta de consciência situacional causada por tais


limitações orgânicas do ser humano, quando se encontra sobre forte carga de
estresse, existe a possibilidade de o atirador realizar ações reflexas imprecisas,
aumentando o risco de fratricídio dentro de sua fração.

4.4.4.7.7 Portanto, com o procedimento de quebra da exclusão de auditório e


visão de túnel o atirador pode reduzir suas reações orgânicas que limitam sua
consciência situacional, reduzindo as chances de executar ações reflexas que
possam resultar em fratricídios.
4.4.5 PROCEDIMENTOS INTERNOS

4.4.5.1 Os procedimentos internos básicos existentes nas tropas de


Operações Especiais são:
a) base de fogos homem a homem;
b) revezamento do primeiro homem;
c) identificação das equipes;
d) realização da “limpeza” dos cômodos no combate em ambiente confinado;
e) utilização de equipamento de localização (“Spot” ou Pacificador);
f) esquadrinhamento da área; e
g) normas gerais de ação (NGA) dentro dos grupos e equipes do destacamento.

4.4.5.2 Base de fogos homem a homem

4.4.5.2.1 A base de fogos homem a homem consiste no procedimento de assalto


sob fogos do oponente, cuja progressão se desenvolve em duplas, de maneira
que os fogos ocorrem de forma controlada e observada dentro das duplas,
possibilitando um estudo do lanço mais consciente por parte delas, e mantendo
um controle de fogos constante à frente sobre o oponente de forma geral.

4.4.5.2.2 Observa-se que esse procedimento pode aumentar o risco de


fratricídio, pois o controle de fogo à frente não fica totalmente nas mãos do
comandante do Grupo de Combate, como ocorre na tradicional “Marcha do
Papagaio”. Todavia, quando o oponente percebe a execução da base de fogos
coordenada como “Marcha do Papagaio”, o mesmo pode amarrar todos os seus
fogos e granadas sobre aqueles que estiverem realizando o lanço.
- Quando existe uma irregularidade nesse procedimento, o oponente não
consegue (ou tem dificuldade) amarrar seus fogos.

4-20
EB70-CI-11.483

4.4.5.2.3 Fruto do estudo dentro das simulações e de intercâmbios feitos entre


os anos de 2012 e 2014 com tropas de Operações Especiais dos Estados Unidos
da América (7th Special Force Group e Nave Seals) e da Polônia, observou-se
que o desempenho durante as progressões tanto em ambiente urbano quanto
em ambiente rural aumentou consideravelmente quando esse tipo de
procedimento era adestrado dentro do destacamento, justificando o risco de
aumentar as chances de fratricídio.

4.4.5.2.4 Cabe ressaltar que o adestramento do assalto tradicional não foi


abandonado, sendo apenas acrescentado uma nova opção, caso o comandante
de destacamento decida empregar esse tipo de assalto após realizar sua
avaliação baseado nos fatores da decisão.

4.4.5.2.5 Ademais, a execução desse tipo de base de fogos dentro das duplas
não se retrata como um procedimento rígido, pois durante a progressão pode
ocorrer de um dos integrantes da dupla ser abatido, surgindo a necessidade de
se agregar mais um elemento na dupla adjacente, sendo realizada a progressão
em trio.
- Além disso, durante a progressão pode ocorrer daquela dupla formulada no
início do planejamento ser diferente da realidade imposta pelo combate, sendo
necessário um reajuste rápido e imediato com a formação da dupla no momento
do assalto, ou seja, o procedimento não é adestrado sempre com o mesmo
integrante, pelo contrário, o adestramento deve ser conduzido de forma que todo
o destacamento consiga progredir, independente do rodízio de duplas que se
formarem.

4.4.5.2.6 Apesar de existir essa flexibilidade na formação das duplas, não há


tanta flexibilidade entre as equipes ou grupos, pois o comando dessas se
mantém. Afinal, cabe ao comandante dessas equipes ou grupos manter a
progressão de forma coordenada com a progressão do destacamento como um
todo.

4.4.5.2.7 Cabe destacar a importância da comunicação verbal durante essa


progressão, pois a execução do lanço ocorre quando um dos integrantes da
dupla garante a base de fogos.
- Da mesma forma, o comandante da equipe ou grupo garante o controle da
progressão de forma verbal, quando percebe que seu grupo está avançando de
forma desregulada, podendo aumentar ainda mais a chance de ocorrer
fratricídio.

4.4.5.2.8 Compreende-se que esse tipo de progressão se mostra muito


complexa e demanda um elevado grau de adestramento. Todavia, o benefício se
retrata como exponencial.

4.4.5.2.9 Por fim, apesar da realização da base de fogos homem a homem


aumentar o risco de fratricídio, seu resultado se mostra mais eficiente em

4-21
EB70-CI-11.483

determinadas situações.
- Além disso, esses riscos são mitigados diante dos procedimentos fundamentais
individuais praticados durante os adestramentos da F Op Esp, possibilitando
uma progressão mais eficiente quando necessária.
- Assim, não se recomenda esse tipo de procedimento para tropas convencionais
que não tenham recebido a devida instrução para tal, pois sua execução não
possui amparo na IRTAEx convencional.

4.4.5.3 Revezamento do primeiro homem

4.4.5.3.1 O revezamento do primeiro homem consiste no simples rodízio do


integrante do destacamento que se desloca mais à frente, pois o seu nível de
estresse se mostra ampliado diante da realidade do combate, podendo aumentar
o risco de ocorrência de fratricídio entre as frações adjacentes.

4.4.5.3.2 A execução do rodízio deve ocorrer quando o comandante de sua


equipe ou grupo perceber que há essa necessidade, por conhecer seus
subordinados.

4.4.5.3.3 Vale ressaltar que, naturalmente, o próprio militar não possui condições
de realizar a autoavaliação, cabendo a seu comandante imediato a determinação
do rodízio em questão.

4.4.5.3.4 Assim, o revezamento do primeiro homem diminui a carga de estresse


concentrada sobre esse militar, reduzindo as possibilidades de execução de
fratricídios sobre frações dispostas no terreno de forma adjacente.

4.4.5.4 Identificação das equipes

4.4.5.4.1 A identificação das equipes consiste na simples assinalação da equipe


de forma coordenada.

4.4.5.4.2 No período diurno, tal assinalação se dá por meio do distintivo de braço


referente ao destacamento pertencente. Sua coloração diferente das cores do
fardamento facilita tal identificação.

4.4.5.4.3 No período noturno, tal assinalação pode se dar por meio do uso de
“strobolight” infravermelho no capacete, facilitando a assinalação durante as
progressões.

4.4.5.4.3 Por fim, a identificação das equipes se mostra altamente vantajosa para
a manutenção do controle de fogo à frente, permitindo a redução do risco de fogo
amigo durante as progressões.

4-22
EB70-CI-11.483

4.4.5.5 “Limpeza” dos cômodos no combate em ambiente confinado

4.4.5.5.1 A “limpeza” dos cômodos no combate em ambiente confinado é


verificação detalhada dos possíveis riscos presentes no cômodo.

4.4.5.5.2 Após a “limpeza” dos cômodos, o integrante do destacamento realiza a


marcação do mesmo por meio de tinta spray, de bastão luminoso (tipo cyalume)
ou de outro “equipamento disponível - procedimento padronizado”.
- Essa identificação informa para os demais integrantes do destacamento que
aquele cômodo foi verificado, reduzindo as chances de eventuais fratricídios
entre as equipes ou grupos, uma vez que pode ocorrer o trânsito de outros
elementos do destacamento nos cômodos.

4.4.5.5.3 Portanto, a realização da “limpeza” dos cômodos, com sua posterior


identificação, possibilita um trânsito seguro dentro da instalação conquistada.
- Porém, cabe ressaltar que a atenção não é reduzida, pois pode ocorrer o
deslocamento de oponentes dentro da instalação, podendo adentrar em
cômodos já verificados.

4.4.5.5.4 Assim, a “limpeza” dos cômodos reduz o risco de fratricídio diante da


segurança proporcionada sobre a instalação, permitindo uma progressão em
ambiente confinado de forma mais segura.

4.4.5.6 Utilização de equipamento de localização

4.4.5.6.1 A utilização de equipamento de localização consiste no meio eletrônico


que transmite a precisa designação do local em que cada equipe se encontra
para o escalão superior.
- Essa designação possibilita uma coordenação e um controle entre as frações,
mitigando as chances de fratricídio.

4.4.5.6.2 A utilização desses equipamentos não é exclusividade de tropas de Op


Esp, pois existem tropas convencionais que se utilizam dos mesmos meios
tecnológicos.
- Alguns exemplos de ferramentas que podem ser utilizadas são:
a) sistema Pacificador;
b) sistema “Spot” (aquisição de aluguel por meio de processo licitatório); e
c) designação observada por SARP.

4.4.5.7 Esquadrinhamento da área

4.4.5.7.1 O esquadrinhamento da área consiste no procedimento de formulação


de croqui por parte das Eqp Cçd Op Esp que tem por finalidade facilitar a
designação da localização da equipe tática em relação ao posicionamento do
caçador.

4-23
EB70-CI-11.483

4.4.5.7.2 O esquadrinhamento tem uma divisão do terreno em abscissas (Letras)


e ordenadas (Números), cujo código da localização é enviado ao caçador.
- Esse esquadrinhamento é preparado pela Eqp Cçd Op Esp antes de se
deslocar para a missão e cedido aos grupos ou equipes apoiadas. Tal
procedimento ocorre, pois normalmente o caçador ocupa posição de
comandamento em relação às tropas que realizam a progressão.

4.4.5.7.3 Essa designação permite ao caçador a correta consciência situacional


da equipe ou grupo que está progredindo, reduzindo a possibilidade de realizar
fratricídio, além de permitir um apoio oportuno durante a referida progressão.

4.4.5.8 Normas Gerais de Ação (NGA) dentro dos grupos e equipes do


destacamento

4.4.5.8.1 As Normas Gerais de Ação (NGA) dentro dos grupos e equipes do


destacamento são procedimentos internos dos destacamentos que formam a
padronização de comunicação por rádio, verbal ou sinais e gestos,
proporcionando a segurança necessária para um melhor comando e controle por
parte do comandante do destacamento, contribuindo com a redução dos riscos
de fratricídio.

4.4.6 PROCEDIMENTOS EXTERNOS

4.4.6.1 Os procedimentos externos básicos existente nas tropas de


Operações Especiais são:
a) coordenação de apoio de fogo para evasões; e
b) coordenação de apoio de fogo (aéreo, terrestre e naval) ofensivo.

4.4.6.2 Coordenação de apoio de fogo para evasões

4.4.6.2.1 Normalmente existem três processos planejados de evasão para as


tropas das F Op Esp:
a) corredor de evasão;
b) redes de apoio à fuga e evasão (RAFE); e
c) linhas de apoio à fuga e evasão (LAFE).

4.4.6.2.2 As coordenações de apoio de fogo para os corredores de evasão, para


RAFE e para LAFE, são muito similares, pois se trata de faixas do terreno cujos
fogos devem ser coordenados com a Força Terrestre Componente (FTC), com a
Força Naval Componente (FNC) e com a Força Aérea Componente (FAC). Afinal,
todos os três casos são porções do terreno que têm por finalidade a retirada de
pessoal da área conflagrada.

4.4.6.2.3 Durante a evasão pode ocorrer a perseguição por parte de tropas do


oponente, gerando a demanda de fogos de apoio para o sucesso dessa evasão.

4-24
EB70-CI-11.483

4.4.6.2.4 Assim, em caso de acionamento desse tipo de apoio de fogo, cresce


de importância a condução por parte de elementos especializados, muitas vezes
do próprio destacamento, visando evitar o fratricídio dentro da fração.

4.4.6.3 Coordenação de apoio de fogo (aéreo, terrestre e naval) ofensivo

4.4.6.3.1 Esse tipo de coordenação de apoio de fogo visa executar determinada


designação de alvo ou mesmo a avaliação de danos.
- Todavia, quando se realiza a designação existe o risco de se cometer o
fratricídio dentro da própria fração, crescendo de importância a correta
designação dos alvos requeridos.

4.4.6.3.2 Para esse procedimento, o primeiro passo consiste em designar para


a fração que irá realizar os fogos a posição do próprio destacamento.
- Muitas vezes essa designação pode estar sendo observada por SARP,
crescendo de importância a utilização de Strobolight infravermelho.
- O segundo passo consiste na designação do alvo propriamente dito, que pode
ser feito por diversos métodos específicos das F Op Esp.

4.4.6.3.3 Assim, a coordenação de apoio de fogo (aéreo, terrestre e naval)


ofensivo respeita uma designação previamente planejada entre a tropa apoiada
e apoiadora, evitando os riscos de fratricídio causado pela condução dos fogos
dentro da própria fração.

4.5 TÉCNICAS DAS TROPAS MECANIZADAS E BLINDADAS

4.5.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS

4.5.1.1 Contexto
- O emprego da F Ter, normalmente, ocorre em um ambiente conjunto ou
combinado, o que aproxima as unidades do EB de unidades das outras forças
e/ou de outros países.
- Nesse contexto, é importante o conhecimento sobre equipamento, uniforme e
forma de emprego das forças amigas e inimigas, a adoção das medidas de
prevenção de incidentes fratricídio e de fogo amigo, o emprego de TTP de
identificação de combate e o estabelecimento de regras de engajamento de
alvos.

4.5.1.2 O inimigo
- Na maior parte das ações de combate das tropas mecanizadas e blindadas, o
inimigo é dinâmico por natureza, deslocando-se pela Z Aç, alterando sua
localização e direção.
- Isso exige do comandante das tropas mecanizadas e blindadas a capacidade
de, rapidamente, ajustar as medidas de coordenação e controle da operação e
de adestramento específico da tropa.

4-25
EB70-CI-11.483

4.5.2 PROCEDIMENTOS PARA REDUÇÃO DE INCIDENTES DE FRATRICÍDIO


E DE FOGO AMIGO NAS TROPAS MECANIZADAS E BLINDADAS

4.5.2.1 Não existe um modelo padrão a ser seguido na elaboração desse


planejamento. Entretanto, deve-se considerar determinados aspectos.

4.5.2.1.1 Forças Amigas


a) Informações sobre características do uniforme, equipamento, armamento,
viaturas e aeronaves utilizadas pelas forças amigas na operação em que as
tropas mecanizadas e blindadas tomam parte.
b) Informações sobre a forma de emprego ou características do emprego das
tropas amigas, particularmente, daquelas que operam em zonas de ação
vizinhas às tropas mecanizadas e blindadas, ou que elas devem ultrapassar.
c) Medidas de coordenação e controle, que possam aproximar as tropas
mecanizadas e blindadas das forças amigas (pontos de ligação, pontos de
coordenação de fogos, áreas de engajamento etc), empregadas na condução da
operação pelo escalão superior.

4.5.2.1.2 Forças Inimigas


a) Dados conhecidos sobre uniforme, equipamento, armamento, viaturas e
aeronaves empregadas pelo inimigo.
b) Natureza da tropa e matriz doutrinária do inimigo esperado na Z Aç da tropa
mecanizada e blindada.

4.5.2.1.3 Identificação do Risco de Fratricídio e Avaliação da Taxa de Risco


a) A identificação do risco de fratricídio deve ser realizada na fase de
planejamento da operação e mantida durante a sua preparação e execução.
b) Os riscos identificados devem ser analisados e informados à tropa.
c) A análise da O Op pode fornecer diversos indícios do risco de fratricídio.
d) Sempre que fatores de risco de fratricídio forem identificados, a avaliação da
taxa de risco de uma operação aumenta, devendo ser contrabalançada por
medidas que mitiguem o risco.

4.5.2.1.4 Normas para enfrentar incidentes de fratricídio e de fogo amigo


a) As tropas mecanizadas e blindadas devem estabelecer normas para as SU,
em função da situação tática e do tipo de operação a ser realizada.
b) O escalão superior pode baixar normas sobre esse assunto que deve ser
incluído nas normas a serem estabelecidas pelas tropas mecanizadas e
blindadas.

4.5.2.1.5 Identificação de Combate


a) A maioria dos incidentes de fratricídio e de fogo amigo ocorre por falhas de
identificação em combate.
- Essas falhas podem ocorrer entre forças terrestres, e entre essas e
aeronaves amigas.

4-26
EB70-CI-11.483

b) As tropas mecanizadas e blindadas devem estabelecer normas sobre essa


identificação e enfatizar as TTP mais importantes em seu planejamento. As
normas baixadas pelo escalão superior devem ser rigidamente seguidas e sua
adoção por toda a tropa deve ser fiscalizada pelos comandantes em todos os
níveis.

4.5.2.1.6 Regras para Engajamento de Alvos


- Essas regras são, normalmente, estabelecidas pelo mais alto escalão presente
no TO, devendo constar do planejamento das tropas mecanizadas e blindadas.
Elas estabelecem as circunstâncias e limitam as situações de engajamento de
outras forças.

4.5.2.1.7 Treinamento para Redução de Incidentes de Fratricídio e de Fogo


Amigo
a) As tropas mecanizadas e blindadas estabelecem o que deve constar nesses
treinamentos:
- quando ele deve ser realizado;
- quem deve participar; e
- quais padrões devem ser atingidos por todas as frações subordinadas.
b) Nos treinamentos, deve ser enfatizado o processo do DIDEA (Item 3.4.1),
particularmente para os elementos em 1º escalão, guarnições e observadores
do tiro de armas coletivas e de apoio de fogo.
c) A realização de treinamentos realísticos possibilita a identificação e a correção
dos erros da tropa.
- Os ensaios devem ser repetidos até que os riscos sejam reduzidos ao
máximo possível.

4.5.2.1.8 A experiência em combate, a vivência dos comandantes em todos os


níveis e as lições aprendidas pela F Ter e pelas forças amigas ditam outros
assuntos a serem acrescentados aos planejamentos de redução do risco de
incidentes de fratricídio e de fogo amigo.

4.5.3 IDENTIFICAÇÃO DO RISCO DE FRATRICÍDIO E MEDIDAS


PREVENTIVAS

4.5.3.1 A redução do risco de fratricídio começa durante a fase de planejamento


de uma operação e continua ao longo de sua preparação e na execução. Ela
deve ser preocupação em todos os escalões, durante cada fase da operação.

4.5.3.2 Os riscos identificados devem ser comunicados claramente à cadeia de


comando, de forma que a taxa de risco da operação possa ser minimizada.

4.5.3.3 Algumas considerações podem influenciar na identificação do risco e


outras medidas que o comandante pode implementar para que o processo de
identificação do risco.

4-27
EB70-CI-11.483

4.5.3.3.1 Na fase de planejamento e preparação


a) Quando o planejamento completo da operação é bem compreendido pela
tropa mecanizada e blindada, o risco de ocorrer fratricídio é minimizado.
b) As seguintes considerações indicam ao Cmt o potencial de fratricídio numa
determinada operação:
1) o conhecimento da situação do inimigo;
2) o conhecimento da situação das tropas amigas;
3) a intenção clara do Cmt e seu conhecimento por todos os escalões;
4) a complexidade da operação e o grau de sincronização atingido; e
5) o tempo de planejamento disponível para cada escalão.
c) Os esquemas de manobra devem representar claramente o conceito da
operação, utilizando convenções gráficas e medidas de coordenação e controle
regulamentares, de forma que os subordinados possam compreendê-los
corretamente.
d) Como tal, os esquemas de manobra podem ser uma ferramenta na redução
do risco de fratricídio ao eliminar conflitos de setores de tiro, zonas de ação,
direção de ataque e itinerários de tropas.
e) Os seguintes fatores podem contribuir para diminuir o risco de fratricídio
durante o processo de preparação:
1) quantidade e tipo de ensaios realizados;
2) nível de treinamento e de eficiência em combate das peças de manobra e
de seus integrantes;
3) existência de laços táticos e de relacionamento habitual entre as
subunidades e frações que realizam a operação; e
4) o grau de resistência a esforços físicos intensos e prolongados das tropas
que realizam a operação.
f) Reuniões de coordenação, de sincronização e ensaios são ferramentas
primordiais na identificação e na redução do risco de fratricídio. As seguintes
observações devem ser consideradas:
1) utilizar ordens claras e concisas nas reuniões de coordenação e
sincronização e nos ensaios para assegurar que os subordinados saibam onde
estão os riscos de fratricídio e o que fazer para reduzi-los ou eliminá-los;
2) realizar reuniões com os comandantes subordinados para assegurar que
eles compreendam a intenção do comandante das tropas mecanizadas e
blindadas.
- Destacar, durante as reuniões, as áreas mais propensas à dificuldade de
compreensão, detalhar as partes que julgar complexas ou que possam gerar
erros nos seus planejamentos;
3) divulgar a intenção do comandante também para os escalões mais baixos,
como Pel e Seç e certificar-se de que ela foi corretamente compreendida;
4) a quantidade e o tipo de ensaios que a unidade conduz podem determinar
a identificação, ou não, de riscos de fratricídio; e

4-28
EB70-CI-11.483

5) os ensaios devem estender-se a todos os escalões de comando e envolver,


no mínimo, todos os elementos-chave da operação.

4.5.3.3.2 Na fase de execução


a) Durante a execução da operação, a capacidade de rapidamente analisar o
risco de fratricídio e intervir para impedi-lo são fundamentais para enfrentar
situações imprevistas.
b) Os seguintes fatores devem ser considerados na avaliação do risco de
fratricídio após o início da operação:
1) a visibilidade entre unidades vizinhas;
2) o nível de obscurecimento do campo de batalha;
3) a habilidade ou a inabilidade da tropa para identificar corretamente os
alvos;
4) as semelhanças e as diferenças de equipamento, veículos e uniformes
entre as forças amigas e o inimigo;
5) a densidade de veículos no campo de batalha;
6) o ritmo do combate; e
7) a facilidade de identificação no terreno das Mdd C2 estabelecidas.
c) O perfeito acompanhamento da situação do combate e a divulgação de sua
evolução para todos os escalões envolvidos na operação são fatores-chave na
redução do risco de fratricídio.
d) Devem constar das NGA medidas para auxiliar os Cmt, de todos os escalões
e das viaturas blindadas, no processo de acompanhamento da situação do
combate.
e) Essas medidas podem incluir:
1) a permanente escuta da rede do Esc Sp;
2) a comunicação rádio entre subunidades e frações vizinhas;
3) o conhecimento preciso da localização de todas as peças de manobra;
4) a troca constante de elementos de ligação com as unidades vizinhas e o
Esc Sp; e entre o Cmdo da tropa e as peças de manobra, quando for o caso; e
5) a permanente atualização das planilhas de combate, cartas de situação e
outros documentos.

4.5.4 AVALIAÇÃO DA TAXA DE RISCO DE UMA OPERAÇÃO

4.5.4.1 Considerações gerais

4.5.4.1.1 A taxa de risco de uma operação deve ser administrada por todos os
escalões e em cada fase da manobra.
4.5.4.1.2 Os fatores de risco de fratricídio identificados devem ser informados a
todos os escalões, para que medidas para redução do fratricídio possam ser
oportunamente desenvolvidas e implementadas.

4-29
EB70-CI-11.483

4.5.4.2 Tabela referência para avaliação da taxa de risco

4.5.4.2.1 A tabela referência pode ser adotada pelo EM Tropas mecanizadas e


blindadas e pelas SU na avaliação da taxa de risco de fratricídio ou de fogo amigo
numa operação.

4.5.4.2.2 O risco potencial em cada aspecto é avaliado, atribuindo-se um


conceito e um valor numérico:
- baixo (um ponto);
- médio (dois pontos); ou
- alto (três pontos).

4.5.4.2.3 Somando-se as avaliações parciais, chega-se a um parâmetro, o qual


estima a taxa de fratricídio resultante, a ser utilizado apenas como um guia.

4.5.4.2.4 A taxa global é baseada nos aspectos observáveis da tabela, mas


também no discernimento do planejador para os fatores imensuráveis que
afetam a operação.
- Note-se que na tabela 4-1 somente estão listados os valores (conceitos)
extremos.
- Cabe aos oficiais do EM Tropas mecanizadas e blindadas determinar a
interpolação a ser feita entre os conceitos extremos para cada aspecto na coluna
do risco médio.

CATEGORIA DE RISCOS POTENCIAIS


(com condições variáveis e pontuação)
FATORES CRÍTICOS QUE
AFETAM O FRATRICÍDIO
BAIXO RISCO MÉDIO RISCO ALTO RISCO
(1 ponto) (2 pontos) (3 pontos)

COMPREENSÃO DO PLANEJAMENTO

Intenção do comandante claras vaga

Complexidade simples complexa

Situação das ameaças conhecida desconhecida

Situação das forças amigas conhecida desconhecida

Regras de engajamento claras não clara

Regras e normas para


claras não clara
emprego com forças amigas

Tab 4-1 - Avaliação da taxa de risco

4-30
EB70-CI-11.483

FATORES AMBIENTAIS

Visibilidade entre os
favorável desfavorável
participantes da operação

Obscurecimento claro escuro

Ritmo das operações lento rápido

Identificação positiva dos


100% nula (0%)
alvos

MEDIDAS DE COORDENAÇÃO E CONTROLE

Relação entre comandos mesma Unidade Unidades distintas

Comunicação rádio alto e claro baixo e claro

Comunicação visual facilmente visível difícil localização

Comunicação gráfica padronizada não padronizada

Procedimentos operacionais
utilizados não utilizados
padronizadas

Elementos de ligação suficientes sem treinamento

Localização, orientação,
segura não segura
navegação

EQUIPAMENTOS

Forças amigas similar diferente

Ameaças - inimigo diferente similar

TREINAMENTO

realizada e
Certificação individual não realizada
aprovada

realizada e
Certificação padronizada não realizada
aprovada

Tab 4-1 - Avaliação da taxa de risco (contiuação)

4.5.4.2.5 Avaliação da taxa de fratricídio global:


a) baixa: 21 a 36 pontos;
b) média: 37 a 48 pontos; e
c) alta: 49 a 63 pontos

4.5.4.2.6 A soma total dos pontos pode não refletir o risco de fratricídio com
precisão, devendo ser utilizada apenas como base de referência na avaliação do
risco real.

4-31
EB70-CI-11.483

4.5.4.3 Considerações sobre o risco de fratricídio de uma operação

4.5.4.3.1 No questionário a seguir, é traçado um paralelo com uma ordem de


operações, levantando-se considerações importantes para a redução do risco de
fratricídio.
- Esse questionário é um exemplo, e não esgota o assunto, cabendo ao EM das
tropas mecanizadas e blindadas e de seus elementos subordinados o
levantamento de outras considerações julgadas pertinentes a cada operação.

4.5.4.3.2 Situação
a) Forças inimigas
1) Há semelhanças entre o uniforme brasileiro, viaturas, armamento e
equipamento com os do inimigo que poderiam aumentar o risco de fratricídio
durante as operações?
2) As forças inimigas falam que idioma? Esse idioma é tão semelhante ao
português que poderia contribuir para o risco de um fratricídio?
3) Qual é a capacidade de dissimulação do inimigo? Há registro de atividades
anteriores de dissimulação?
4) Sabe-se com precisão a localização das forças inimigas?
b) Forças amigas
1) Existem semelhanças entre o idioma, uniforme, viaturas e equipamentos
de alguma força amiga com os do inimigo (nas operações conjuntas ou
combinadas) que podem aumentar o risco de fratricídio?
2) Quais diferenças, em equipamento e uniformes, entre nossas forças e as
forças amigas, devem ser ressaltadas para a tropa, a fim de se prevenir o
fratricídio?
3) Qual é o plano de dissimulação de nossas forças amigas (e vizinhas)?
4) Qual a localização exata das forças amigas vizinhas?
5) Existem grupos neutros, de não combatentes, civis refugiados, entre
outros, em nossa Z Aç ou próxima dela? Qual a localização exata desses
grupos?
6) Qual é o nível de desgaste, eficiência e confiança do equipamento das
forças amigas?
c) Nossas forças
1) Qual é o nível de adestramento das tropas Mec e Bld e das demais OM de
nossa brigada, dos elementos em reforço ou em apoio? Nossa tropa possui
experiência de combate? Qual a eficiência em combate de nossa brigada?
2) Qual o nível de desgaste e de fadiga de nossa tropa?
3) As tropas mecanizadas e blindadas e as forças amigas estão aclimatadas
a essa região?
- Possuem uniforme adequado?
4) Qual é o nível de desgaste, eficiência e confiança de nosso equipamento?
5) Foi distribuído algum equipamento novo às tropas Mec e Bld,

4-32
EB70-CI-11.483

recentemente? Qual a situação do adestramento da tropa com esse novo


equipamento?
d) Meios recebidos e retirados
1) Os elementos recebidos pela brigada possuem completo conhecimento da
situação, do equipamento, do uniforme e das demais informações sobre as
forças amigas e inimigas?
2) Os elementos retirados receberam informações corretas sobre a força que
passarão a integrar?
e) Condições climáticas
1) Quais são as condições de visibilidade esperadas para a operação (dados
sobre luminosidade e chuva)?
2) Que efeitos terão o calor, o frio ou a chuva sobre os soldados, o
equipamento, o armamento e as viaturas?
f) Informações sobre o terreno
1) Conhece-se perfeitamente a topografia e a vegetação onde operaremos
(áreas urbanas, regiões pantanosas ou alagadiças, campos, cerrados, áreas de
mata, regiões de bosques, cursos de água, represas, lagos etc)?
2) Avaliou-se corretamente o terreno com base no PITCIC?
3) Possuímos informações corretas e atualizadas sobre a trafegabilidade do
terreno onde as viaturas irão operar?

4.5.4.3.3 Missão
a) A missão das tropas mecanizadas e blindadas, bem como todas as ações a
executar, as responsabilidades logísticas, de apoio de fogo, de apoio da
engenharia etc estão claramente compreendidas?
b) A intenção do comandante é do conhecimento de todos?

4.5.4.3.4 Execução
a) Organização das tropas mecanizadas e blindadas
1) Há tropas em reforço? Essas tropas que estão reforçando a Tropas Mec e
Bld já trabalharam conosco em alguma operação de combate?
2) As NGA das tropas Mec e Bld são compatíveis com as NGA das tropas que
as reforçam? Essas forças já foram instruídas sobre as nossas NGA?
3) São necessárias marcas ou símbolos especiais para a identificação das
viaturas, dos uniformes ou dos equipamentos das tropas mecanizadas e
blindadas?
4) Serão empregadas na operação novas viaturas blindadas, viaturas não
blindadas, equipamentos ou armamentos? Eles são semelhantes aos do
inimigo?
b) Conceito da operação
1) Manobra
(a) Foram identificados riscos de fratricídio nas zonas de ação das
subunidades que realizarão a ação principal e as ações secundárias?

4-33
EB70-CI-11.483

(b) A tropa tem consciência desses riscos e foram tomadas medidas para
evitá-los?
(c) Foram confeccionados mementos de identificação de alvos, com
descrições, características, imagens e as principais diferenças dos meios amigos
e inimigos?
2) Fogos (diretos e indiretos)
(a) As prioridades de fogos estão bem identificadas?
- Foram confeccionadas as listas de alvos?
- Os procedimentos para desencadeamento dos fogos são do
conhecimento de todos?
(b) As áreas restritas foram identificadas e são de conhecimento da tropa
(campos de minas, áreas com restrições de fogos etc)?
(c) Existe previsão de apoio aero tático ou da Av Ex para a operação das
tropas Mec e Bld?
- Os objetivos das aeronaves estão claramente definidos?
- Foram planejados sinais de identificação para as viaturas e
instalações?
- Existe coordenação do espaço aéreo sobre a zona de ação das
Tropas Mec e Bld?
(d) O apoio de fogo foi sincronizado com a manobra?
(e) Os limites de cada Z Aç foram identificados pelas subunidades?
(f) Foram realizados ensaios para perfeito funcionamento do Sist de Ap F?
(g) As subunidades possuem OA Art e Mrt P? Esses OA foram reunidos
pelo Adj S-3 para um ensaio do sistema Ap F com o O Lig Art, no CCAF?
(h) As comunicações do sistema de Ap F foram testadas? Existem meios
alternativos para as comunicações entre os elementos do sistema de Ap F?
3) Missão das Subunidades
- As missões das SU estão coerentes com as suas possibilidades?
4) Engenharia
(a) A tropa Mec e Bld recebeu em reforço meios de engenharia do escalão
superior?
(b) Esses meios recebidos são suficientes para apoiar a manobra das
tropas mecanizadas e blindadas?
(c) Foram estabelecidas missões e prioridades de apoio para a
engenharia?
(d) Os obstáculos e campos de minas lançados pelo inimigo foram
identificados? Há um plano para abertura de brechas?
(e) Foi estimado o tempo necessário para a abertura de brechas nos
obstáculos identificados?
5) Prescrições diversas
(a) Serão realizados ensaios?
(b) Estão previstas reuniões coordenadas pelo S Cmt das tropas

4-34
EB70-CI-11.483

mecanizadas e blindadas, com a participação de todos os comandantes


diretamente subordinados e dos chefes de seções do EM, para a sincronização
da manobra, do apoio ao combate e do apoio logístico?
(c) Serão realizados ensaios? Será realizado o ensaio de sincronização?
O Cmt das tropas Mec e Bld expediu suas diretrizes após assistir o ensaio?
(d) As guarnições praticaram os exercícios de identificação de alvos
(silhuetas características e particularidades dos Bld e Vtr inimigas e amigas)?
(e) Todas as frações de combate dos elementos de manobra; os
elementos de observação da Art e Mrt; e outras armas de Ap (Msl AC etc) foram
instruídos e realizaram exercícios de identificação de alvos (com as silhuetas
características e particularidades dos Bld e aeronaves inimigas e amigas)?
(f) Os elementos subordinados à tropa (particularmente os de manobra e
os observadores dos tiros das armas de apoio) conhecem perfeitamente os
procedimentos padronizados pelas tropas mecanizadas e blindadas a serem
realizados caso sejam surpreendidos por fogo amigo?
- Todos conhecem os sinais visuais, de rádio ou pirotécnicos, para a
sinalização de "cessar fogo" e "somos amigos"?
- Esses procedimentos foram ensaiados?
6) Logística
(a) A localização das ATSU, dos PIL, dos E Sup Ev e das Z Aç de cada
subunidade são do conhecimento das frações de apoio logístico e dos elementos
encarregados da execução da manobra logística?
(b) Os sinais de reconhecimento foram difundidos a todos os elementos
encarregados de executar o apoio logístico?
(c) A localização dos PCF e do PS são do conhecimento de todos?
(d) Os elementos logísticos possuem equipamentos optrônicos para
deslocamento noturno (óculos de visão noturna, termais etc)?
7) Comando e Controle
(a) Postos de Comando
(1) Onde estarão o Cmt, o EM e demais decisores durante a operação?
(2) A cadeia de comando é do conhecimento de todos? Quem assumirá
as funções de comando e controle, de apoio ao combate e de apoio logístico no
impedimento dos titulares dessas funções?
(b) Comunicações
(1) As IE Com Elt incluem palavras códigos e sinais visuais para as
situações de emergência?
(2) Constam das IE Com Elt os sinais e códigos para a identificação de
aeronaves e forças amigas?
(3) Todos os elementos que se utilizam do rádio ou necessitam de
conhecer sinais e códigos de identificação de forças amigas possuem cópias das
IE Com Elt ou foram instruídos sobre esse assunto?

4-35
EB70-CI-11.483

4.5.5 MEDIDAS PARA A REDUÇÃO DO RISCO DE FRATRICÍDIO

4.5.5.1 O princípio fundamental para a prevenção de incidentes de


fratricídio e de fogo amigo pelas tropas mecanizadas e blindadas é simples:

“as SU Bld e os elementos de apoio de fogo devem saber, a todo o


momento, quem são e onde estão os seus elementos subordinados, as
forças amigas e o inimigo que querem destruir ou neutralizar”
(consciência situacional atualizada constantemente)

- As medidas a seguir proporcionam para a tropa um guia para a redução do


risco de fratricídio.
4.5.5.3 Descrição
- Elas não são medidas impositivas, nem se pretende que restrinjam a iniciativa
dos Cmt, mas devem ser aplicadas com base no estudo da situação tática e nos
fatores da decisão:
a) identificação e avaliação do risco real de fratricídio
- durante o estudo da situação, o qual deve ser expresso na O Op ou nas
ordens fragmentárias;
b) manter-se constantemente informado sobre a situação tática utilizando
informações reais e atualizadas,
- a fim de localizar as peças de manobra, as áreas restritas (minas,
obstáculos, fogos), as áreas contaminadas por agentes químicos (gás e fumaça)
e acompanhar alterações nos fatores da decisão;
c) assegurar a correta identificação dos alvos e efetivo controle de fogo nas Frç;
d) estabelecer uma norma de comando que enfatize e estabeleça medidas de
prevenção de fratricídio e assegure que os comandantes, em todos os escalões,
verifiquem constantemente o cumprimento de ordens e o padrão de desempenho
individual e coletivo
- a fim de evitar que os efeitos da fadiga de combate, da tensão emocional e
do desgaste físico possam comprometer a segurança da tropa (lembrando que
quanto menor a experiência de combate da tropa, maior a atenção a ser dada a
esses efeitos);
e) reconhecer os sinais de tensão do campo de batalha e manter a coesão da
unidade, atuando rápida e efetivamente para aliviar a tensão;
f) programar instruções individuais, coletivas e para Cmt Frç sobre
conscientização do risco de fratricídio, identificação e reconhecimento de alvos
e disciplina de fogo
- com ênfase na prática de Exc de identificação de alvos;
g) estabelecer um plano de operações simples, claro e coerente com as
possibilidades da tropa;
h) expedir ordens concisas e claras;
i) utilizar a NGA da tropa Mec e Bld para simplificar a expedição de ordens e,

4-36
EB70-CI-11.483

periodicamente, determinar sua atualização


- verificando sua coerência com a doutrina em vigor, se adota as normas, os
símbolos e as convenções cartográficas regulamentares e se está de acordo
com as ordens emanadas pelo Esc Sp;
j) buscar o máximo de tempo para o planejamento dos Cmt subordinados;
k) utilizar vocabulário corrente e de fácil entendimento pela tropa, terminologia
correta e prevista na doutrina e Mdd Coor Ct padronizadas;
l) assegurar que todos os escalões envolvidos compreendam perfeitamente a
intenção do Cmt e o planejamento expedido para a operação;
m) planejar o emprego das comunicações de forma correta e clara, com previsão
da duplicação dos meios de comunicações para situações de emergência,
principalmente na ligação OA - O Lig - CCAF;
n) planejar a localização do PCT onde o comandante da tropa possa
efetivamente intervir na condução do combate;
o) designar e empregar oficiais/elementos de ligação quando necessário para a
condução da operação;
p) atribuir missões e estabelecer objetivos claros e compatíveis com o valor da
tropa que deverá conquistá-los;
q) realizar ensaios em todos os níveis, sempre que o tempo disponível o permitir;
r) manter-se informado durante o combate da sua posição, de seus elementos
subordinados e dos elementos vizinhos sincronizando o deslocamento tático das
peças de manobra e, no caso de desorientação, solicitar imediatamente a ajuda
de seus auxiliares ou de seu Esc Sp;
s) discutir os incidentes de fratricídio nas APA, explorando as experiências de
seus subordinados e colhendo ensinamentos para operações futuras; e
t) incluir o risco de fratricídio como fator-chave na análise do terreno durante o
estudo de situação.

4.5.6 ENFRENTANDO UM INCIDENTE DE FOGO AMIGO

4.5.6.1 A tropa mecanizada e blindada ou seus elementos Cmb, Ap Cmb ou Ap


Log podem ser envolvidos em um incidente de fogo amigo como vítima, como
executante do fogo ou como um observador.

4.5.6.2 Medidas recomendadas para a tropa que for vítima de fogo amigo:
a) reagir ao fogo até que ele seja reconhecido como fogo amigo;
b) cessar fogo;
c) executar ações imediatas para proteger os soldados e as viaturas;
d) utilizar os sinais convencionados para o reconhecimento visual na direção da
tropa que realiza os disparos na tentativa de fazê-la cessar fogo; e
e) informar ao Esc Sp que sua tropa está recebendo fogo amigo, a localização e
a direção dos veículos ou da tropa que realiza os disparos e, se possível, a
identificação da tropa que está atirando.

4-37
EB70-CI-11.483

4.5.6.3 Medidas a serem adotadas quando a tropa engaja pelo fogo uma
força amiga:
a) cessar fogo; e
b) informar ao Esc Sp sobre:
- a força amiga engajada (se não for identificada, informar valor, tipo de
viaturas e outros dados disponíveis);
- a localização da sua tropa e a da força engajada;
- a direção e distância dos elementos engajados;
- o tipo de fogo realizado; e
- o efeito dos fogos nos alvos atingidos.

4.5.6.4 Ações recomendadas para uma força que observa um incidente de


fogo amigo:
a) buscar cobertura e proteção para sua tropa;
b) usar o sinal de “cessar fogo” na direção da unidade que dispara;
c) informar o Esc Sp sobre:
- a identificação da força amiga comprometida (se não identificada, informar
tipo e quantidade de veículos e outros dados disponíveis);
- a localização do incidente;
- a direção e a distância da unidade engajada e da força que atira;
- o tipo de fogo e o seu efeito nos alvos atingidos; e
d) providenciar auxílio, se necessário, quando sua tropa já estiver em segurança.

4.5.6.5 Responsabilidades dos comandantes

4.5.6.5.1 Nas situações que envolvem o risco de fratricídio e de fogo amigo, os


comandantes de todos os escalões devem estar preparados para entrar em ação
imediatamente a fim de prevenir vítimas e danos ou destruição do equipamento.

4.5.6.5.2 As seguintes ações são recomendadas em situações de fratricídio:


a) identificar o incidente e ordenar às partes envolvidas que cessem o fogo;
b) avaliar a taxa de risco da situação rapidamente; e
c) identificar e implementar as medidas para impedir que o incidente se repita.

4.5.7 IDENTIFICAÇÃO DE COMBATE

4.5.7.1 A incorreta identificação de alvos ou a incorreta identificação de combate


são as principais causas de incidentes de fratricídio ou de fogo amigo.

4.5.7.2 As tropas mecanizadas e blindadas e seus elementos subordinados são


vulneráveis à ocorrência de tais incidentes, que devem ser combatidos com um
detalhado planejamento, um rigoroso treinamento e um cerrado
acompanhamento dos riscos envolvidos nas operações e nos incidentes que
venham ao correr.

4-38
EB70-CI-11.483

4.5.7.3 Todos os elementos empregados em 1° escalão devem conhecer as


características e a forma de atuação da tropa inimiga e dos equipamentos
que poderão operar na Z Aç da tropa.
- Eles devem saber identificar as silhuetas em diversas situações e caracterizá-
las como um alvo inimigo, ou não, de forma precisa e oportuna.
- A correta caracterização dos alvos é assunto que deve constar dos
planejamentos de instrução, dos ensaios e das inspeções previstas pelas tropas
mecanizadas e blindadas, antes da execução das operações, como forma de
reduzir o risco de incidentes de fogo amigo ou de fratricídio.

4.5.7.4 A identificação de combate deve ser considerada prioritária no


planejamento e na instrução da tropa que vai entrar em combate, como
medida preventiva para a redução dos riscos de incidente de fogo amigo e
de fratricídio.
- Influem, decisivamente, na identificação de combate a capacidade de
caracterização visual de alvos e a consciência situacional permanentemente
atualizada, em todos os níveis, dos elementos de manobra e de apoio de fogo.

4.5.7.5 Medidas de identificação de combate

4.5.7.5.1 As medidas de identificação de combate, normalmente, são


estabelecidas pelo mais alto escalão da F Ter no TO ou na área de operações,
devendo constar do planejamento de redução de incidentes de fratricídio e de
fogo amigo das tropas mecanizadas e blindadas.

Fig 4-17 - Identificação de combate

4-39
EB70-CI-11.483

- Caso não sejam estabelecidas por aquele escalão, a tropa deve estabelecer
essas medidas para os seus elementos subordinados, antecedendo os
planejamentos operacionais.
- Todos os elementos da tropa devem estar de posse dessas medidas antes da
emissão de suas ordens de operações, de forma que os elementos subordinados
possam entendê-las corretamente e ter a oportunidade de implementar todas as
medidas estabelecidas antes de entrar em combate.
- Elas devem ser difundidas pelas tropas mecanizadas e blindadas para todos
os seus elementos subordinados ou em apoio e para as tropas vizinhas.

4.5.7.5.2 As medidas de identificação de combate devem ser coerentes com as


regras de engajamento estabelecidas e não devem interferir indevidamente nas
frações de combate, tolhendo a iniciativa e a responsabilidade individual no
engajamento de ameaças ou do inimigo.

4.5.7.5.3 Não existe um sistema de identificação de combate perfeito. No


entanto, o planejamento e o emprego de medidas e os procedimentos de
identificação de combate podem contribuir para uma maior eficácia em combate
e para a redução do risco de fratricídio e de fogo amigo.

4.5.7.5.4 Um sistema de identificação de combate deve incluir:


a) a consciência situacional;
b) a compreensão da doutrina;
c) as táticas, as técnicas e os procedimentos adotados;
d) as regras de engajamento padronizadas; e
e) a tecnologia disponível (equipamentos) para a abordagem direta da prevenção
do fratricídio.

4.5.7.5.5 Embora já existam tecnologias eficazes para auxiliar na identificação


de combate, deve ser considerado que nem todas as forças presentes em um
teatro ou área de operações, ou em uma determinada Z Aç, disponham desses
equipamentos.

4.5.7.5.6 Outra consideração importante é que nenhuma das tecnologias em


uso, disponíveis ou em desenvolvimento, realmente identifica o inimigo. Elas só
podem identificar o amigo ou o desconhecido.

4.5.7.5.7 Nenhuma tecnologia de identificação de combate substitui a decisão


humana.
- O dado oferecido por qualquer sistema eletrônico deve servir de subsídio e não
como uma decisão pronta.
- A fase decidir do acrônimo DIDEA (Item 3.4.1) jamais deve ser delegada a uma
máquina.

4-40
EB70-CI-11.483

4.5.7.6 Sistemas de identificação de combate

4.5.7.6.1 Painéis de Identificação de Combate


a) As tropas mecanizadas e blindadas dispõem de painéis de identificação de
combate que, afixados nas laterais ou no teto das viaturas, ampliam a
consciência situacional, ao permitir identificá-las a maior distância, contribuindo
para reduzir os riscos de fogo amigo e de fratricídio.
b) Os sinais de identificação formados por esses painéis podem ser fixos, isto é,
permanecerem os mesmos para cada fração/tropa durante toda a operação, ou
serem alterados, como um código, de acordo com um período determinado.
- As tropas mecanizadas e blindadas devem estabelecer os sinais de
identificações de suas SU, e essas estabelecerão as variações necessárias para
as frações subordinadas.
- Ao estabelecer esse código de sinais, a tropa deve estabelecer, também, o
período em que serão empregados.
c) Há que se considerar que os painéis de identificação de combate aumentam
a possibilidade de identificação da viatura pelo inimigo, por isso, seu uso e forma
de emprego devem ser bem avaliados pela tropa, ficando restritos, normalmente,
a situações de alto risco de incidentes de fratricídio.

4.5.7.7 Marcas e sinais de identificação de combate

4.5.7.7.1 Considerações gerais


a) Para evitar falhas de identificação e prevenir incidentes de fratricídio e de fogo
amigo, podem ser empregadas pelas tropas mecanizadas e blindadas as marcas
e sinais de identificação, nas viaturas dos elementos em 1º escalão ou em todas
as viaturas da utilizadas pela tropa, se necessário.
b) A identificação é formada por sinais convencionados que indicam a que tropa
pertence a viatura.
c) As dimensões, o local onde serão aplicadas e o período durante o qual terão
validade devem ser determinados pelas tropas mecanizadas e blindadas ou Esc
Sp.
- Qualquer modificação nas marcas, no seu posicionamento ou no período
determinado de uso, não autorizada pelo escalão que as determinou, as invalida
como meio de prevenção ao fratricídio.

4.5.7.7.2 Emprego dos sinais e marcas de identificação


a) Os sinais e as marcas a serem utilizados na identificação de combate das
viaturas da tropa podem representar as frações e/ou as suas SU.
- Nas figuras a seguir, são apresentados exemplos de sinais que podem ser
utilizados pelas tropas Mec-Bld para representar suas SU nas viaturas dessas
tropas.

4-41
EB70-CI-11.483

Fig 4-18 - Exemplo de identificação de combate para as SU de uma tropa mecanizada e blindada

Fig 4-19 - Exemplo de figuras que poderão ser utilizadas para representar os Pel

b) Os sinais e as marcas de identificação podem representar também números.


- Esses sinais colocados nas viaturas de uma tropa podem indicar a sua
ordem em um comboio, as frações de uma subunidade etc.
c) O mesmo sinal de identificação pode ser complementado pelas SU para
representar seus pelotões e frações.

4-42
EB70-CI-11.483

Fig 4-20 - Exemplo de identificação de combate representando números

d) Preferencialmente, as marcas devem ser confeccionadas com material visível


por sistemas termais a fim de que cumpram sua finalidade mesmo em situações
de baixa visibilidade.

Fig 4-21 - Exemplos de painéis de identificação térmicos

4-43
EB70-CI-11.483

Fig 4-22 - Exemplo de identificação de uma VBC CC com o indicativo numérico do pelotão e
esquadrão (1º Pel CC da FT 3º Esqd CC) na parte frontal do chassi e traseira da torre

Fig 4-23 - Exemplo de sinais de identificação de combate no chassi e torre de uma VBCCC

e) As prescrições de mudança ou alteração nas marcas e sinais de identificação


de combate devem ser extremamente claras e não deixar margem para dúvidas,
principalmente quanto ao horário/gatilho para a mudança.
f) Posicionamento do Sinal ou Marca de Identificação na Viatura
1) A tropa deve prever:
- o tamanho dos painéis;
- o símbolo que identifica cada SU;

4-44
EB70-CI-11.483

- os elementos em reforço e apoio que a acompanharão;


- a posição das marcas de identificação de suas frações;
- o seu tempo de utilização; e
- o local onde deverão ser fixados nas viaturas para que sejam visíveis.
2) A identificação dos escalões subordinados pode ser feita pela colocação
de faixas visíveis no tubo dos canhões das VBCCC.

Fig 4-24 - Identificação de combate dos Pel de um Esqd CC por marcas no tubo das VBC CC

3) No acolhimento e ultrapassagem, podem ser empregados painéis visíveis,


voltados para a tropa estacionária, de acordo com o estabelecido nas IE Com Elt
ou acordado entre as forças que participam da operação.

Fig 4-25 - Identificação de combate para SU, frações e viaturas em comboio

4) Para situações de apoio aéreo e/ou evacuação aero médica, as viaturas


podem ser identificadas por painéis coloridos em sua parte superior, de acordo
com o estabelecido nas IE Com Elt.
- Esse procedimento deve ser bem avaliado, pois facilita a observação e

4-45
EB70-CI-11.483

a identificação das posições da tropa pela aviação inimiga.

Fig 4-26 - Identificação de combate na parte superior para situações de evacuação aeromédica
ou apoio aerotático

Fig 4-27 - Identificação de combate na parte superior para situações de evacuação aeromédica
ou apoio aerotático

4-46
EB70-CI-11.483

4) Há a possibilidade de utilização de equipamento mais avançados, como os


painéis tecnológicos.

Fig 4-28 - Identificação de combate na parte superior para situações de evacuação aeromédica
Exemplo de equipamento de reconhecimento de alvo automatizado, tipo IFF: BCIS – Sistema de
identificação do campo de batalha

4-47
EB70-CI-11.483

5) À noite, os painéis podem ser substituídos por bastões de luz química.

Fig 4-29 - VBC CC identificadas na parte traseira com painel e com bastões de luz química para
operação de ultrapassagem

4.5.8 REGRAS DE ENGAJAMENTO DE ALVOS

4.5.8.1 As regras de engajamento de alvos definem as circunstâncias e


limitações sob as quais uma tropa (ou seus integrantes) pode iniciar e/ou
continuar um engajamento com outras forças encontradas em sua zona de ação.
- Caso não sejam previstas pelo escalão superior das tropas mecanizadas e
blindadas, cabe à Unidade estabelecê-las, implementá-las e informar aos
elementos vizinhos.

4.5.8.2 As regras de engajamento de alvos crescem de importância nas OCCA


e refletem os limites do mandato legal concedido para a operação, as legislações
internacionais e outras considerações operacionais, tendo como principal
preocupação as restrições sobre o uso da força.

4.5.8.3 As regras de engajamento de alvos são a forma pela qual o Cmt das
tropas mecanizadas e blindadas transmite as orientações legais, políticas,
diplomáticas e militares sobre o emprego da força aos seus elementos
subordinados.
- Caso não as receba do Esc Sp, o Cmt das tropas mecanizadas e blindadas
deve estipulá-las com extremo cuidado, a fim de balancear as restrições legais
e o controle do risco de fratricídio, com a necessidade de garantir a segurança
de sua tropa e o cumprimento da missão.
- A responsabilidade pelas consequências do emprego da força no estrito
cumprimento das regras de engajamento de alvos cabe à autoridade que as
aprovou.

4.5.8.4 Durante a condução das operações, os comandantes, em todos os níveis


das tropas mecanizadas e blindadas, devem garantir que seus subordinados

4-48
EB70-CI-11.483

apliquem, adequadamente, as regras de engajamento de alvos e não realizem


ações inadequadas.
- Em ações de não guerra ou em operações de guerra em áreas com presença
de civis, os danos colaterais provocados pelo disparo intencional de uma arma
de fogo podem degradar as relações com a população local, a imprensa e o
governo local, comprometendo a operação.

4.5.8.5 Dependendo do ambiente operacional onde as tropas mecanizadas e


blindadas irão operar, o conhecimento e a aplicação exata dessas regras de
engajamento de alvos serão de fundamental importância para o êxito da missão.
- Em função disso, o Cmdo da tropa deve determinar às frações e aos integrantes
da unidade, bem como aos elementos recebidos em apoio ou em reforço, a
realização de treinamentos de reação ao engajamento com forças
adversas/inimigas e ao contato com elementos neutros, explorando,
especificamente, o ambiente operacional onde as tropas mecanizadas e
blindadas irão atuar.
- Devem constar desses treinamentos situações extremas e complexas, porém
realistas para preparar a tropa para os engajamentos reais.
- Os Cmt, em todos os níveis, devem certificar-se de que todos os seus
subordinados conhecem e entendem perfeitamente as regras de engajamento
de alvos, antes de envolvê-los em qualquer ação de combate.

4.5.9 O TREINAMENTO PARA A REDUÇÃO DO FRATRICÍDIO E DO FOGO


AMIGO

4.5.9.1 O risco de incidentes de fratricídio e de fogo amigo só é reduzido


por meio de treinamentos realistas e de ensaios, assegurando que a tropa
que vai entrar em operações atinja os padrões estabelecidos pela tropa.

4.5.9.1.1 Numa FT SU Bld é fundamental que o treinamento para a redução de


incidentes de fratricídio e de fogo amigo seja feito em conjunto, dos Pel CC com
os Pel Fuz Bld ou frações do Pel Ap da FT.
- Como essas frações atuam juntas em combate, é essencial que seus Cmt Pel
e Cmt Frações saibam, durante toda a operação, onde estão todas as frações
que integram a FT SU Bld.

4.5.9.1.2 O princípio fundamental para esse treinamento da prevenção é simples:

Saber a todo momento onde estão as VB próprias e as das


forças amigas (Fuz Bld, Pç Can AC), e onde estão os
inimigos, de forma a manter vivos os seus soldados e as
forças amigas e destruir o inimigo.
- Ao mesmo tempo, os Cmt Pel e frações devem evitar a relutância em empregar,
integrar e sincronizar todas as ações de combate necessárias, no tempo e no

4-49
EB70-CI-11.483

local crítico, tornando-se excessivamente cautelosos por medo de incidentes de


fratricídio ou de fogo amigo.
- Em vez disso, devem se esforçar para eliminar o risco de fratricídio por meio
de treinamento e de ensaios, assegurando-se que seus comandados atinjam os
padrões estabelecidos.

Fig 4-30 - O treinamento para a redução dos incidentes de fratricídio deve ser realizado em
conjunto

4.5.9.1.3 Um treinamento o mais realístico possível permite que o Pel CC e suas


frações cometam erros, possibilitando que correções e repetições sejam feitas,
até que seja possível reduzir ou eliminar risco de erros que ocorrem normalmente
em combate.

4.5.9.1.4 É fundamental nesse treinamento para redução do risco de fratricídio e


do fogo amigo que todos saibam em quem atirar e quando atirar.
- As guarnições das VB devem aprender e praticar todas as fases do DIDEA
(Item 3.4.1), controlando-se quando sob fogo desconhecido, de forma a terem a
necessária calma para detectar de onde estão recebendo fogo e identificar quem
está atirando, para poderem decidir com segurança se devem, ou não, responder
a esse fogo.
- Após engajar o alvo, devem realizar uma avaliação sumária desse engajamento
e dos resultados obtidos.

4.5.9.1.5 Os comandantes de VBC CC do pelotão devem ser treinados para


sempre confirmarem a identidade de um alvo como hostil/amigo/neutro, antes de
emitir e executar qualquer comando de fogo com o armamento coletivo de sua
viatura.
- Essa ordem de engajamento deve ser clara e empregar linguagem padronizada
para evitar mal entendido e erros no emprego do armamento.

4.5.9.1.6 Eliminar ou reduzir o risco de incidentes de fratricídio ou de fogo amigo


não deve ser menos importante ou crítico no treinamento do pelotão e de suas

4-50
EB70-CI-11.483

frações que o treinamento de outros aspectos ou requisitos para o cumprimento


de uma missão.

4.5.9.2 O planejamento e os treinamentos previstos pelas tropas mecanizadas e


blindadas devem enfatizar que todos os comandantes de frações dos elementos
de manobra conheçam em detalhes os padrões e normas estabelecidos para a
redução de incidentes de fratricídio e de fogo amigo.
- Os comandantes, em todos os níveis, devem se certificar de que seus
subordinados conhecem e sabem aplicar as normas e as regras previstas para
a operação ou constantes da NGA.

4.5.9.3 Os assuntos a seguir são sugestões para um programa de


treinamento das tropas mecanizadas e blindadas para redução de
incidentes de fratricídio e de fogo amigo:
a) realizar o treinamento das fases do DIDEA (Item 3.4.1) com todos os
integrantes das frações de manobra da tropa, exigindo como padrão de
certificação que todos saibam como detectar, identificar, decidir sobre o
engajamento ou não de um alvo, como engajar e avaliar o resultado dos tiros de
suas frações (ou do armamento individual) sobre esse alvo;
b) treinar intensivamente a identificação de viaturas, armamentos, equipamentos
diversos, aeronaves e uniformes empregados pelas forças amigas e pelo
inimigo, na Z Aç das tropas mecanizadas e blindadas, em situações variadas de
luminosidade e distâncias;
c) treinar os comandantes de viaturas blindadas e atiradores do armamento
coletivo na transmissão e correta execução dos comandos de tiro do seu
armamento;
d) treinar, em situações diversas, a aplicação das medidas padronizadas para
relatar e parar um incidente de fogo amigo;
e) treinar o correto entendimento e a aplicação das medidas de coordenação e
controle de fogo;
f) intensificar o treinamento da orientação e da navegação, particularmente a
embarcada e com a guarnição escotilhada;
g) treinar e ensaiar as regras de engajamento de alvos previstas no planejamento
da tropa;
h) treinar pedidos de tiro de Mrt e Art Cmp e a correção desses tiros;
i) realizar treinamentos que levem à correta e detalhada identificação, em uma
carta militar, de posições ocupadas pela tropa no terreno e à avaliação de
distâncias por processos expeditos;
j) realizar treinamentos que adestrem a tropa para identificar com clareza:
- os tiros de seu armamento e os das armas em apoio às suas operações;
- a silhueta das viaturas utilizadas pelas tropas amigas e do inimigo;
- o uniforme, o armamento e os equipamentos individuais diversos utilizados
pelas tropas amigas e empregados pelo inimigo em sua Z Aç; e
k) realizar exercícios de consciência situacional para os comandantes de fração.

4-51
EB70-CI-11.483

O TREINAMENTO PARA A
REDUÇÃO DOS INCIDENTES DE
FRATRICÍDIO E DE FOGO AMIGO
DEVE RECEBER A MESMA
IMPORTÂNCIA QUE OS
TREINAMENTOS E ENSAIOS
DAS AÇÕES TÁTICAS.

4-52
EB70-CI-11.483

ANEXO A

TABELA DE REFERÊNCIA PARA AVALIAÇÃO DA TAXA DE RISCO

CATEGORIA DE RISCOS POTENCIAIS


FATORES CRÍTICOS QUE (com condições variáveis e pontuação)
AFETAM O FRATRICÍDIO BAIXO RISCO MÉDIO RISCO ALTO RISCO
(1 ponto) (2 pontos) (3 pontos)
COMPREENSÃO DO PLANEJAMENTO
Intenção do comandante CLARA (1) VAGA
Complexidade SIMPLES (1) COMPLEXA
Situação das ameaças CONHECIDA (1) DESCONHECIDA
Situação das forças amigas CONHECIDA (1) DESCONHECIDA
Regras de engajamento CLARAS (1) NÃO CLARA
Regras e normas para
CLARAS (1) NÃO CLARA
emprego com forças amigas
FATORES AMBIENTAIS
Visibilidade entre os
FAVORÁVEL (1) DESFAVORÁVEL
participantes da operação
Obscurecimento CLARO (1) ESCURO
Ritmo das operações LENTO (1) RÁPIDO
Identificação positiva dos
100% (1) NULA (0%)
alvos
MEDIDAS DE COORDENAÇÃO E CONTROLE
MESMA UNIDADES
Relação entre comandos (1)
UNIDADE DISTINTAS
Comunicação rádio ALTO E CLARO (1) BAIXO E CLARO
FACILMENTE DIFÍCIL
Comunicação visual (1)
VISÍVEL LOCALIZAÇÃO
NÃO
Comunicação gráfica PADRONIZADA (1)
PADRONIZADA
Procedimentos operacionais
UTILIZADOS (1) NÃO UTILIZADOS
padronizadas
SEM
Elementos de ligação SUFICIENTES (1)
TREINAMENTO
Localização, orientação,
SEGURA (1) NÃO SEGURA
navegação
EQUIPAMENTOS
Forças amigas SIMILAR (1) DIFERENTE
Ameaças - inimigo DIFERENTE (1) SIMILAR
TREINAMENTO
Certificação padronizada REALIZADA E
(1) NÃO REALIZADA
individual APROVADA
REALIZADA E
Certificação padronizada (1) NÃO REALIZADA
APROVADA

Tab A-2 - Avaliação da taxa de risco de fratricídio

A-1
EB70-CI-11.483

A-2
EB70-CI-11.483

COMANDO DE OPERAÇÕES TERRESTRES


Brasília, DF, 18 de abril de 2024
https://portaldopreparo.eb.mil.br
EB70-CI-11.483
EB70-CI-11.483

Você também pode gostar