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com

DR. TARCÍSIO BARRETO

O SEGREDO
DA LONGEVIDADE
A tríade para seu animal
viver mais e melhor

isbn: 978-65-86203-09-7
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Autor:
Tarcísio Alves Barreto Filho

Revisão:
Júlio Rocha

Projeto gráfico e diagramação:


Terceirize Editora – www.terceirize.com

Arte visual da capa:


Agência Stream

Ilustrações:
Tales Paulo

Catalogação da Publicação na Fonte.


Érica Simony F. de Melo Guerra – Bibliotecário CRB/15-296

B273s Barreto Filho, Tarcísio Alves.


O segredo da longevidade: a tríade para seu animal viver mais e
melhor. / Tarcísio Alves Barreto Filho. – 1. ed. – . Natal/RN: Terceirize
Editora, 2020.
128p.: il.

ISBN: 978-65-86203-07-3
isbn: 978-65-86203-09-7

1. Animais domésticos - criação. 2. Medicina veterinária. 3. Cães –


saúde animal. 4. Gatos – saúde animal. I. Título.

CDU 636:619
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DR. TARCÍSIO BARRETO

O SEGREDO
DA LONGEVIDADE
A tríade para seu animal
viver mais e melhor
1ª edição

Terceirize Editora

Natal, RN
2020
O SEGREDO
DA LONGEVIDADE
A tríade para seu animal
viver mais e melhor
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AGRADECIMENTOS

Dedico esta obra aos nossos animais de estimação que


tanto nos doam carinho, atenção, companheirismo e que
agora necessitam receber em troca toda nossa contribuição
profissional e pessoal;

Continuo afirmando, “os nossos animais precisam de


cada um de nós na busca pela qualidade de saúde e pela
vida longa e saudável, sem tantas enfermidades”;

Gratidão por nos darem oportunidade de repassar


essa energia, essa alegria e entusiasmo pela vida, sem exigir
nada em troca;

Pela simples capacidade de poder entender o que se


passa na sua cabeça, no seu corpo, muitas vezes por um
simples gesto ou um simples olhar;

Ao processo continuo de ensinamentos e aprendizado


do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia da saúde
da Universidade Potiguar, pelo despertar da escrita;

Aos meus pais, Tarcisio Barreto e Zélia Barreto, por


toda dedicação, educação e preocupação com minha for-
mação como ser humano e profissional;

À minha esposa Maria Emília, por todo carinho e apoio


incondicional, pela sua presença em várias fases da minha
vida, por me acompanhar nessa jornada da escrita, do tra-
balho e do dia-a-dia;

Aos meus filhos, que sem saberem me dão muito car-


ga emocional e espiritual, na construção do amor;
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Aos meus irmãos, Rafael Barreto, Rodolfo Barreto e Thais


Barreto pelo carinho e respeito que sempre tiveram comigo;

Aos meus amigos e mentores, professor Sidarta Ribei-


ro, professor Iramir Filho, professora Amália Rêgo, professor
Marco Botelho, professor Anderson Fonseca e professor Iro-
chima, pela entrega e partilha do saber;

E aos meus colegas médicos veterinários, que enten-


dem o quanto somos importantes pra contribuir para uma
vida mais saudável, sem tantas doenças para os nossos ani-
mais domésticos.
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PALAVRAS DO AUTOR

A intensão de escrever sobre como podemos prolon-


gar a vida dos nossos animais de estimação, principalmente
nossos cães domésticos, veio da ideia de poder contribuir
com a saúde deles, e não apenas pensando no seu tempo
cronológico, mas focando primordialmente na sua qualida-
de biológica de vida, com um trabalho voltado para a saúde,
na tentativa de evitar o aparecimento das principais doen-
ças que os afligem, dentre elas o câncer de mama, prostá-
tico, sanguíneo, imunológico, ósseo e nervoso. Meu objetivo
é tentar implantar na rotina médica veterinária, a medicina
do antienvelhecimento, com o intuito de restabelecer os
princípios básicos da biologia molecular, da bioquímica e
da fisiologia animal, respeitando todo um funcionamento
orgânico, sem que haja excessivas interferências humanas
em suas vidas. Ter o domínio da domestificação não quer
dizer que estamos respeitando sua fisiologia, seus hábitos,
e sua maneira de viver saudável. Poder intervir na prevenção
das principais patologias que os aflingem, foi o maior ob-
jetivo deste estudo. Bloquear o aparecimento das doenças
autoimunes, das inflamações crônicas, incluindo as derma-
tites, otites, pancreatites, enterites e os demais distúrbios
metabólicos, como a diabetes por exemplo, passou a ser
meu principal foco, que não deixa de ser o abandono de
uma medicina que remedia, para adentrar numa medicina
integrativa e incansavelmente voltada para a prevenção.
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A tríade para seu animal
viver mais e melhor
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SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS............................................................................................5
PALAVRAS DO AUTOR......................................................................................7
Introdução........................................................................................................11

Entendendo as doenças através do câmbio


fisiológico das nossas espécies domésticas..............21
Nossos canídeos ancestrais...........................................................22
Nossos felídeos ancestrais..............................................................28

PRIMEIRO SEGREDO
ALIMENTAÇÃO: primeiro grande pilar da Longevidade........35
Vamos pensar mais um pouco.................................................. 70

SEGUNDO SEGREDO
Exercícios físicos: o corpo em movimento...........................73

TERCEIRO SEGREDO
Modulação Hormonal: a importância dos hormônios
para uma vida mais saudável....................................................................81
O que são? Quem são esses hormônios? Onde eles
estão inseridos? ....................................................................................82
Vitamina D3........................................................................................... 103

Referências...................................................................................................120
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DA LONGEVIDADE
A tríade para seu animal
viver mais e melhor
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Introdução

U
ma jornada pelo passado permitirá que tudo faça
total sentido nessa leitura. Aprendi, em quase duas
décadas, com base em experiências vivenciadas no
consultório médico veterinário e em centros cirúrgicos, que
o grande segredo para encontrarmos as respostas corretas
pode não estar exclusivamente nas respostas, mas sim nas
perguntas que fazemos.

Pois bem! Durante esses anos venho me deparando com


muitas enfermidades encontradas em nossos cães e felinos
domésticos. Muitas das enfermidades eram de caráter infla-
matórios e algumas delas acompanhadas de cólicas abdomi-
nais, dores articulares, incômodos vertebrais, além das inúme-
ras fraturas ocorridas de forma banal. Em cada anamnese feita
durante os atendimentos, vinham com elas os questionamen-
tos: por que tantas lesões? Tantas injúrias teciduais? Tantas
mudanças bioquímicas naqueles organismos?

Aquilo foi me deixando inquieto, principalmente quando


muitos dos animais já estavam no final da vida precocemente,
ou em tratamentos infinitos contra as doenças que não tinham

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cura, como as autoimunes e os cânceres. Não entendia a grande


frequência de pancreatites, enterites, gastrites, diabetes, obesi-
dade, hérnias de discos e inúmeras neoplasias, principalmente
mamárias, já que os nossos animais de estimação do século XXI,
possuem os melhores médicos, os melhores alimentos, e, além
disso, vêm alcançando o respeito e espaço nos melhores lares
domésticos do Brasil e do mundo.

A cada dia a medicina veterinária vem alcançando seu


espaço na sociedade e nos principais centros científicos, bus-
cando sempre o bem-estar animal e consequentemente a sua
longevidade. Temos a plena certeza que nos últimos 30 anos,
muitas pesquisas foram feitas nos ramos alimentares, terapêu-
ticos e biomoleculares com o intuito de promover e melhorar a
expectativa de vida dos nossos animais de estimação.

As dietas passaram de caseiras para industriais, levando


mais praticidade aos tutores. O nicho farmacológico vai desde
cosméticos até os super nutracêuticos, assim como a ciência
do esporte, que evoluiu e conseguiu com as novas técnicas re-
duzir as principais enfermidades decorrentes de impactos físi-
cos aos animais atletas.

Mas, diante de todos esses avanços tecnológicos e cien-


tíficos, nossos animais ainda continuam adoecendo, mesmo
tendo as melhores dietas desenvolvidas para cada raça, os
melhores analgésicos e antimicrobianos de última geração,
shampoos de alta performance, pré e probióticos inseridos
nas melhores rações, tudo para oferecer mais qualidade e lon-
gevidade para a vida deles.

Pouco vemos, hoje em dia, cães e gatos ultrapassarem os 20


anos de idade. Muitas cirurgias ainda são realizadas para reparar

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ligamentos rompidos e dores provocadas pelas artroses. Muitas


cadeias mamárias sendo extraídas devido aos tumores malignos
e ainda uma infinidade de animais sendo internados, por diver-
sos motivos de origem metabólica e disfunções orgânicas antes
de completarem os 10 anos de idade.

Pois bem, quem não gostaria de ver seu cão chegando


aos 25 anos de idade e/ou seu gato aos 27 anos, sem precisar
de remédios ou intervenções maiores para viver? Quem não
gostaria de vê-los envelhecerem com qualidade de vida e par-
ticipando de todos os momentos, externando ao máximo sua
genética? Acredite, isso é possível! Sabemos hoje em dia, que
os maus hábitos alimentares, sedentarismo e as dores crônicas
entre os nossos animais domésticos, são as principais causas
do envelhecimento precoce e do aparecimento das doenças
degenerativas e inflamatórias que são conhecidas atualmente
devido aos avanços das pesquisas científicas realizadas sobre
esta temática preventiva.

Também hoje, os nossos animais estão sendo inseridos


num ambiente exageradamente “humanizado”, em que es-
sas mudanças de hábitos comportamentais, nutricionais e
emocionais, estão afastando-os das suas raízes filogenéticas,
ou seja, o fato de atribuirmos características humanas aos ani-
mais, diverge do real significado do que deveria ser a humani-
zação para eles.

Humanizar no sentido de acolher, respeitar, acarinhar é


sim o verdadeiro sentido que deveria ser visto por todos e não
os inserir no nosso estilo de vida, forçando um elo entre espé-
cies completamente distintas e merecedoras de suas individu-
alidades. Resumindo: cada um no seu quadrado.

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Creme Puff viveu até os 38 anos. O Bluey foi considerado o cachorro
O dono teve outro gato chamado mais velho do mundo, vivendo
Granpa que viveu até os 34 quase 30 anos. Ele morreu com 29
anos, 5 meses e 7 dias. Ele era da
raça Australian Cattle Dog, e ele
recebeu o título de cão mais velho
do mundo nos anos de 1930. O
Bluey desenvolveu trabalhos entre
ovinos e bovinos durante 20 anos

Portanto, precisamos rever nossos conceitos frente ao


que estamos fazendo com nossos pets. O nosso papel é man-
tê-los no mundo animal, “animalizando-os” ao invés de huma-
nizá-los de forma a não prejudicar sua qualidade de vida en-
quanto espécie. Nossos animais necessitam basicamente de
respeito e poucas mudanças instintivas, pois eles continuam
sendo de espécies distintas. Eles merecem todo nosso afeto
e carinho, mas essas mudanças são indispensáveis para que
encontremos equilíbrio entre as espécies e alcancemos, para
eles, a tão desejada longevidade saudável.

Na medicina humana o termo “anti-aging” vem ganhan-


do muita expressão em todo o mundo, já que todos nós bus-
camos o bem-estar e qualidade vida como meta no processo
de envelhecimento saudável.

Em meados de 1940 e 1950, pesquisadores norte-america-


nos viram que as populações que viviam na região do Mediterrâ-
neo Europeu possuíam maior longevidade, do que eles próprios,

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e para surpresas deles, o segredo estava no que eles comiam. A


alimentação mediterrânea é conhecida até hoje como a melhor
dieta do mundo, no quesito fisiológico. Com ela é possível alcan-
çar a longevidade, sem tantas inflamações e doenças degenera-
tivas, entre a espécie humana. Sua base “low carb” é constituída
por frutas, legumes, peixes e uma menor quantidade de carnes,
batatas e laticínios, perfeita para nossa espécie, onívora. (Cresta
M., Ledermann S., Garnier A. et al, 1969).

Durante todo o século XX, a busca humana por uma


vida longa, aliada aos avanços tecnológicos da saúde, no con-
trole imunológico e da própria vontade humana de preservar
a vida ao máximo, gerou a necessidade de se estudar quais
os fatores reais que interferem no aumento da longevidade.
A alimentação vem sendo muito enfatizada nesse processo
antienvelhecimento, além da prática regular de exercícios fí-
sicos e a descoberta dos benefícios que os hormônios trazem,
tanto aos animais quanto aos humanos.

A expectativa média de vida humana nos países mais


desenvolvidos do mundo como o Japão é de 88 anos, Itália
84 anos e dos Estados Unidos de 79,8 anos. Isso se deve ao
estilo de vida, melhores acessos aos recursos naturais, como
dietas mais equilibradas e principalmente às informações de
como viver mais e melhor.

A expectativa de vida dos brasileiros não fica muito atrás


dos Estados Unidos, segundo pesquisa feita pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2018, chegou
aos 76,3 anos em média, diferentemente da década de 40
que era de 30,8 anos a menos. A cada ano, o IBGE observa em
suas pesquisas que este número vem crescendo, indicando
aumento da longevidade entre os brasileiros.

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Países menos desenvolvidos como Somália, República


do Congo e Serra Leoa possuem baixas expectativas de vida
como 50 anos, 49,5 e 38 anos respectivamente, devido prin-
cipalmente às constantes guerras, falta de saneamento bá-
sico, e escassez de recursos naturais como água e alimentos.
Como dito anteriormente, a longevidade está muito ancora-
da na alimentação como seu principal pilar, assim como, a
importância de movimentar o corpo e o maior entendimento
sobre a fisiologia hormonal como coordenadora de todo este
ideal funcionamento orgânico.
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Yisrael Kristal nasceu na Polônia, perto da Violet Brown “Tia V”, nasceu em 10 de março
cidade de Zarnow em 15 de setembro de de 1890 quando a Jamaica ainda era parte do
1903 vindo a falecer com 113 anos Império Britânico. Ela faleceu aos 117 anos

Um estudo com camundongos mostrou que a redução


de 30 a 50% dos alimentos oferecidos nos períodos iniciais
da vida desses animais, aumentava a expectativa de vida para
40% (Weindrunch R, 1996). Essa pesquisa foi de fundamental
importância para abrirmos a mente e começarmos a enten-
der que a qualidade do que se ingere é mais relevante do que
a quantidade e calorias oferecidas às espécies em questão.

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Apenas 25% dos fatores responsáveis pela vida longa são


de cunho genético (Petropoulou C, et. al, 2000; De Benedic-
tis G, et, al, 2001; Gudmundsson H, et. al, 2000; Westendorp
RGJ, et. al, 2000; Gavrilov LA, et. al, 2001; Sri-Kantha S, et. al,
2001). Ainda em humanos, sabe-se que os hábitos, como o
alcoolismo e o sedentarismo, favorecem o envelhecimento e
as doenças crônicas (Keys, 1975; Jones et. al, 1995), afetando
diretamente a longevidade.

Mas o que é que quer dizer longevidade? Segundo o Di-


cio (dicionário on-line) significa uma particularidade de longe-
vo, vida longa, duração da vida. O dicionário Michaelis expõe o
conceito como qualidade de longevo, duração da vida de uma
pessoa, de um grupo, de uma espécie. Já no dicionário on-li-
ne léxico, o significado de Longevidade é: designação de vida
longa, prolongada ou duradoura e possui variados significa-
dos sinônimos como antiguidade, conservação, durabilidade,
duração, prolongação, entre outros. Essa medicina nasceu há
aproximadamente 30 anos, nos Estados Unidos, e de lá para
cá vem ganhando adeptos em todo o mundo.

A longevidade, hoje, é reconhecida como a mais nova espe-


cialidade médica e que tão logo esperamos ver sendo ofertada
na grade curricular das universidades brasileiras, tanto na área
humana como animal. E, atualmente, como médico veterinário
defensor da saúde longeva, poderia ir mais além, diante dos es-
tudos e experiência vivida sobre à saúde animal posso afirmar
que a longevidade é um método preventivo, que valoriza a fisio-
logia e respeita a individualidade de cada animal, com o objetivo
de oferecer uma vida longa e saudável para nossos pets.

Hoje no Brasil, a longevidade humana vem crescendo, e


enfrentado com muito êxito as grandes barreiras da medicina

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cartesiana, na qual o médico é um mero prescritor de medica-


mentos e que trata apenas as doenças e não a saúde. Precisa-
mos mostrar que o médico deve estar antecedendo as doenças
e não pós enfermidade. Como exemplo podemos referir um on-
cologista, que em sua abordagem clínica, fica esperando o nó-
dulo aparecer para começar a tratar seu paciente com quimio-
terápicos, radioterapias e cirurgias, muitas vezes radicais, além
de proporcionar altos custos para a saúde pública e beneficiar
todo um sistema industrial e farmacológico construído para a
velha medicina curativa.

Nos últimos 15 anos, mais de 8.000 médicos vem atu-


ando no mercado de trabalho voltados para o foco saúde,
e mais 2.000.000 de pacientes sendo beneficiados direta-
mente com este modelo de medicina preventiva antienve-
lhecimento, segundo dados do site “Longevidade Saudável”
do Dr. Ítalo Rachid, em 2020.

E ainda nessa luta, vários outros médicos como o car-


diologista e nutrólogo Dr. Lair Ribeiro, e do ortopedista e
nutrólogo Dr. Uranal Zancan além do cirurgião plástico Dr.
Victor Sorrentino, dentre outros, saíram da caixa para forta-
lecer o grupo com o principal intuito de promover mais saú-
de e com isso menos doença para a população humana. Na
própria medicina veterinária, estamos engatinhando sobre
esta temática da medicina preventiva antienvelhecimento,
com as participações nos principais cursos e congressos na-
cionais. Alguns médicos veterinários iniciaram esta longa e
duradoura jornada do conhecimento sobre a temática, des-
tacamos o nutrólogo Dr. Luís Fernando de Moraes, a nutró-
loga Dra. Flávia Saad, o especialista em medicina chinesa o
Dr. Durval Verçosa Júnior, dentro outros, que estão ligados

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direta e indiretamente neste novo conceito de medicina em


animais de estimação.

Nós médicos veterinários, precisamos entender que


nossos pacientes também precisam desses novos conceitos
da medicina integrativa. Temos o dever de promover saúde e
bem-estar para os nossos pacientes, respeitando sua fisiolo-
gia e enxergando que cada animal é uma unidade indivisível,
ou seja, o que acontece em um determinado órgão ou teci-
do atinge diretamente todo o corpo. Precisamos dar alguns
passos para trás, para podermos enxergar e entender onde
foi o erro e começar a abrir as mentes, sempre avançando em
busca da vida longa, pois eles também possuem o direito de
viver mais e com qualidade.

Diante de todas as discussões, precisamos entender


mais sobre como ocorre o envelhecimento e a longevidade
nos nossos animais de estimação. Quais são os fatores físicos,
químicos, nutricionais e genéticos envolvidos nesse processo
e como deveremos contribuir para essa nova medicina pre-
ventiva antienvelhecimento.

Já dizia, Kirkwood em 2002, um dos maiores pesquisa-


dores sobre o envelhecimento e longevidade humana,


Para entendermos a função da
evolução dos fatores genéticos e
não-genéticos na longevidade humana,
se faz necessário aprofundarmos os
estudos sobre como ocorrem essas

variações dentro das populações.

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Portanto, vamos evitar inflamar nossos animais, vamos


olhar para a fisiologia hormonal e nutricional e refazer todo o
caminho até alcançarmos o real sentido de sermos médicos e
não prescritores em potencial de drogas. Com esses entendi-
mentos integrativos e holísticos da nova medicina veterinária,
veremos de fato o verdadeiro prazer em cuidar, em operar, em
sentir a natureza médica como especialidade, buscando assim
menos doenças e mais Longevidade Saudável Pet!

20 | Tarcísio Alves Barreto Filho


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freepick.com
Entendendo as
doenças através do
câmbio fisiológico
das nossas espécies
domésticas

V
ocê já parou para pensar que, quando não estamos en-
tendendo algo ou uma situação, basta voltarmos ao
início que tudo se esclarece? Pois bem. A natureza é
tão mágica que nos ensina, nas suas diversidades, que nela
estão todas as respostas para entendermos perfeitamente as
necessidades fisiológicas dos nossos animais de estimação.

Você conhece os ancestrais do seu cão? Já pesquisou sobre


a origem dos nossos felinos?

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Embarque comigo nessa retrospectiva histórica para co-


meçarmos a juntar peça por peça e, assim, construirmos, de for-
ma consistente, as diretrizes que precisamos para alcançarmos
o grande objetivo comum: nossos animais viverem mais tempo
e com maior qualidade de vida!

nossOs Canídeos ancestrais


O cão doméstico tem nome científico Canis lupus fami-
liaris, faz parte da família Canidae, subespécie do lobo. Ca-
nidae é uma família de mamíferos, considerados carnívoros
e tem como integrantes, além do próprio lobo, o coiote, a
raposa, os cães e chacais.
freepick.com

Entre as famílias vivas atualmente da ordem carnívora,


Canidae é a mais antiga. Sua história teve início na América
do Norte há cerca de 46 milhões de anos. (Wang et al. 2008).
Atualmente, a família Canidae é composta por 36 espécies
existentes no planeta, agrupadas em três diferentes clados1:
os lobos-verdadeiros, as raposas e os canídeos sul-america-
nos. Sua distribuição é bem ampla, ocupando todos os con-
tinentes, com exceção da Antártida. Em relação aos seus
1 Grupos.

22 | Tarcísio Alves Barreto Filho


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aspectos morfológicos, a variação de peso, por exemplo, se


distribui desde espécies com menos de 1kg, até espécies com
mais de 60kg (Sillero-Zubiri et al. 2004; Geffen et al. 1996;
Wang et al. 2008; Wilson & Mittermeier 2009).

Os canídeos podem viver em grupo, pares, ou sós, poden-


do ter atividades diurnas, noturnas ou ambas. São predadores
que possuem habitat diversificados entre florestas, bosques,
montanhas, colinas, savanas, tendo ampliado ao longo do tem-
po devido alterações climáticas naturais regionais. São conside-
rados nômades pela necessidade em se alimentar e possuem
como método de caça, grupos e forma solitária, com o uso da
boca para abocanhar a nuca da presa e quebrar seu pescoço.
freepick.com

No quesito dieta, os canídeos são considerados carnívo-


ros oportunistas, pois, segundo pesquisas observacionais, fei-
tas em várias partes do mundo, sua baixa habilidade e com-
petência em caçar, os classificaram como tal, visto que nem
todos os dias teriam a caça como fonte ideal e necessária
de alimento. Daí esses animais, para sobreviverem, comiam
frutas, tubérculos, vegetais, cascas de árvores, dentre outros
alimentos disponíveis e por vezes uma caça. O consumo de

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outros tipos de alimentos, que se diferem da dieta carnívora


se dava de forma indireta e em baixa quantidade.

Nesse aspecto de sobrevivência, os nossos canídeos


aprenderam a caçar em grupo, em matilhas, e se adaptaram
para sobreviver a essa inconstância alimentar, já que habili-
dades como subir em uma árvore, pegar uma presa voan-
do ou até mesmo uma lebre em alta velocidade, tira deles
o alimento mais desejável para um carnívoro em potencial,
a presa. Portanto, a falta dessa excelência em caçar, não tira
deles, nem muito menos modifica sua anatomia e fisiologia
trato-digestiva. Eles continuam sendo carnívoros.
pixabay.com

E como eles, em pleno século XXI, estão sendo tratados?


Como onívoros! Só consigo enxergar que estão se aproveitan-
do do termo “carnívoro oportunista” para transformá-los em
onívoros. Como já citado anteriormente, a classificação dos
nossos canídeos domésticos em carnívoros oportunistas se
refere diretamente à sobrevivência, e não à sua necessidade
fisiológica. Temos diversos fatores que confirmam o carnivo-
rismo dos nossos cães, dentre os quais:

24 | Tarcísio Alves Barreto Filho


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Tales Paulo
Arcada dentária
Com ausência de
movimentos de mandíbulas
laterais e frontais (o cachorro
não consegue comer de
forma “mastigável”, eles
engolem os alimentos
usando os dentes para
lacerar a comida);

Ausência de amilase
Tales Paulo

salivar
Diferente de nós onívoros,
eles não possuem, na
saliva, a enzima que
degrada primariamente os
carboidratos;
passeidireto.com

estômago do cão

Esôfago com predominância


de músculo liso onde 2/3
é de musculatura lisa e 1/3
de musculatura estriada.
Estômago com presença
de alta acidez para quebrar
ou facilitar a digestão de
produtos cárnicos;
Alexandre Jubran

intestino do cão

Intestino de curto
comprimento e altíssima
seletividade à produtos de
origem animal, incluindo,
carboidrato, gordura e
proteína;

O segredo da longevidade nos cães e gatos domésticos | 25


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flickr.com/photos/_temaki_

Reprodução

Se colocarmos um lobo
selvagem ancestral junto
a um canídeo doméstico,
eles terão descendentes
em comum, o que justifica
brilhantemente a sua
semelhança genética de
98%, quando nós humanos,
temos tal semelhança em
98,4% com os chimpanzés;
Lisi Niesner

caça

Na caça, o comportamento
cooperativo e comunitário dos lobos
se assemelha ao dos humanos da
época. Podemos inclusive dizer que
os humanos passaram a migrar para
caça assim como os lobos faziam.
Essa troca existiu e consideramos
coevolução, ou seja, evoluíram
com os humanos, de modo que
algumas aptidões, comportamentos
e características físicas foram
ampliadas e também, pode-se dizer,
adaptadas pelo convívio com o ser
humano já naquela época.

Não se sabe exatamente há quantos mil anos essa relação


de domesticação e seleção artificial pelo ser humano se iniciou.
Alguns estudiosos e pesquisadores, com base em achados ar-
queológicos, falam na época da pré-história e alguns citam o
período de cerca de 15.000, 30.000 e até 100.000 anos atrás.
Os humanos começaram a observar a forma de agir dos lobos
e cachorros-do-mato, e com isso desenvolveram estratégias de
seleção artificial, e o que seria isso? Na seleção artificial, o crité-
rio é acasalar os caninos a partir das formas físicas, fisiológicas
e psíquicas. Como exemplo dessas seleções está a criação das

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raças pequenas, resultados dos acasalamentos dos espécimes


menores, independente de suas capacidades de sobrevivência.
Conduzida pelo ser humano, a seleção artificial é direcional: a
partir de indivíduos selecionados por suas características, tem-
se as novas ninhadas, que serão novamente selecionadas, de
acordo com as peculiaridades desejadas (Rossi, 2004).

O cruzamento entre os animais em que os critérios de es-


colha seriam espécies dóceis, bonitas, caçadoras, domadoras
de rebanho, com tamanho importante para domínio de presas,
boa capacidade de aprendizagem, olfato e audição aguçados,
além da capacidade de auxílio na prática da agricultura. Com
isso, algumas espécies eram exterminadas por não atenderem
aos quesitos de seleção pelo humano.

Todavia, não se obtém apenas benefícios desses cruza-


mentos seletivos. Juntamente com os genes das característi-
cas visíveis, são repassados aqueles que, apesar de presentes,
não se manifestaram no indivíduo, mas que, provavelmen-
te, afetarão seus descendentes. Alguns acarretam propen-
são para males como displasia coxofemoral, surdez, miopia,
diversas doenças de pele e problemas psicológicos. Disfar-
çadamente, há ainda um outro problema que acomete os
caninos. No intuito de criar diferentes raças, o homem desen-
volveu características extremas, que atrapalham o bem-estar
do animal: os buldogues têm os focinhos tão achatados que
não conseguem respirar normalmente; sharpeis têm tan-
ta pele extra que desenvolvem micoses e infecções nas do-
bras; e os border collies tornaram-se hiperativos, entre outros
exemplos (Rossi, 2004).

Quanto à domesticação em si, a aproximação desses ca-


nídeos na época, faz surgir diversas versões e teorias, mas uma

O segredo da longevidade nos cães e gatos domésticos | 27


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coisa hoje está cada vez mais certa: foram eles que se aproxi-
maram dos humanos e essa amizade foi evoluindo. Podemos
até afirmar que a troca existiu sim, que eles nos ensinaram a
caçar e nós passamos para eles alguns dos nossos métodos,
mas foram eles que decidiram estreitar esse laço e fazer nas-
cer uma amizade que perdura até os dias de hoje, afinal, nós
competíamos com os canídeos por território e comida.

E hoje? Bem, hoje eles podem não ser mais nossos com-
panheiros de caça como se tornaram um dia, mas são perfeitos
para estarem ao nosso lado. Não importa onde vivemos, eles
vivem conosco.
Zhukov Ievgenii/freepick.com

Nossos felídeos ancestrais


O Felis Silvestris catus tem seus primeiros registros de
convívio com o homem a cerca de 9 a 12 milhões de anos. É
uma subespécie do gato-selvagem supostamente nascida na
região do Oriente Médio, a partir da África, ao sul do Deserto do
Saara. Nessa mesma região do Oriente, achados arqueológicos,
indicam que se iniciou a relação com o ser humano.

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Os gatos domésticos estão na família Felinae, que in-


clui guepardos, suçuaranas, linces e jaguatiricas. São animais
exclusivamente carnívoros e caçadores natos. Em vida livre
podem viver de 15 a 20 anos, porém existem registros de 38
anos muito bem vividos pelo gato considerado o mais velho
do mundo. (Guinness World Records. [S.l.]: Bantam; Reprint
edition. 2010. p. 320).
freepick.com

Insetos, aves e roedores eram suas caças comuns. Os ga-


tos não-domesticados, abandonados e sem dono, ou gatos
domesticados que se alimentem livremente, consomem en-
tre 8 a 16 refeições por dia. Apesar disso, os animais adultos
podem adaptar-se a apenas uma refeição por dia.
InaPlavans/freepick.com

O segredo da longevidade nos cães e gatos domésticos | 29


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Possuem uma fisiologia orientada para a eficiência no


processamento de carne, vísceras e gordura, com consequen-
te ausência de meios eficientes para a digestão de vegetais,
ou seja, toda uma fisiologia nesse animal está pronta para
funcionar brilhante e exclusivamente sob a ingestão de uma
dieta carnívora.

Eles não produzem a sua própria taurina, que consiste


em um ácido orgânico essencial para a vida dos mamíferos.
Como essa substância está presente no tecido muscular dos
animais, o gato precisa se alimentar de carne e vísceras para
evitar que a deficiência desses nutrientes leve a patologias
como insuficiência cardíaca, diminuição da resposta imune,
abortos e má formações gestacionais, problemas oculares
(visão), dentre outros.

Assim, os gatos apresentam dentição e aparelho digesti-


vo especializado para processamento de carne, vísceras e gordu-
ra. Dentes carnívoros para travar a presa e dentes cortantes, como
os pré-molares e molares para diminuir o tamanho da dieta in-
gerida. Não realizam movimentos lateralizados para mastigar o
conteúdo alimentar. O intestino diminuiu de extensão ao longo
da evolução para ficar apenas com os segmentos que melhor
processam as proteínas e gorduras de origem animal.
freepick.com

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O aparelho digestivo limita seriamente a capacidade


dos gatos de digerir, metabolizar e absorver nutrientes de
origem vegetal, bem como certos ácidos graxos. A deficiência
de algumas outras enzimas como a frutoquinase, que ajuda
a metabolizar o carboidrato e a sensibilidade ao glutamato e
ao ácido benzóico presentes nos vegetais, provam ainda mais
que nossos felinos são carnívoros estritos.
Elena Fedulova/freepick.com

Eles também possuem alta atividade a enzima 7-dehi-


drocolesterol redutase, o que reduz a disponibilidade dos
precursores necessários para a síntese da vitamina D, mas
não impedindo sua biossíntese, pois eles também necessi-
tam dessa energia.
Andrii Biletskyi/freepick.com

O segredo da longevidade nos cães e gatos domésticos | 31


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E na domesticação? Nossos gatos também possuem sua


história. Nesse quesito, ela iniciou na época em que eles co-
meçaram a surgir em meio à agricultura dos homens. Há cerca
de 12 mil anos, quando, na região do Oriente Médio, ocorreu a
despedida da vida nômade, em que o homem passava a ser
agricultor e se fixar numa única localização. Vieram as planta-
ções de grãos e assentamentos permanentes e com eles defi-
nitivamente a domesticação das plantas e dos animais. Os feli-
nos foram muito importantes nesse processo para combater a
crescente praga de roedores, que começaram a se alastrar em
meio a elevada produção de cereais estocados em silos.
Evelyn D. Harrison/freepick.com

Claro que facilmente os gatos seriam os grandes heróis


desse lugar. A adoração por eles acabou sendo um elemen-
to importante para que não houvesse nenhum dano a esse
animal (matar um gato naquele período podia levar o indiví-
duo à pena de morte!). Até disputa para que eles não fossem
transportados para outros territórios existiram, mas obviamen-
te esse controle era impossível, o que fez com que os navios e
seus tripulantes tivessem seus mascotes e permitissem que a
espécie se expandisse.

Houve épocas sombrias, em que os gatos, especialmente


de cor preta, fossem diretamente ligados a ritual de bruxaria e

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amaldiçoados por crenças infundadas, o que gerou uma ma-


tança significativa para o período. Mas, no fim da Idade Média,
eles começaram a adentrar nas casas e sua incrível capaci-
dade de somar independência com sociabilidade contribuiu
perfeitamente para isso. Não demorou para iniciar a seleção
artificial pelo homem, o que fez surgir diversas raças, sendo
uma das primeiras a raça Persa.
freepick.com

O que podemos concluir após essa breve viagem ao pas-


sado dos nossos cães e gatos? A teoria de que voltar ao início,
para entendermos o que se passa hoje, buscando fazer as per-
guntas certas, se confirmou para você? Os estudos nacionais
sobre os efeitos da domesticação dos cães e gatos, sua alimen-
tação e habitat ideal, ainda são primitivos. Estamos no auge de
grandes descobertas, em que algumas teorias caem por terra e
outras assumem destaque de confiabilidade no mercado ge-
rando discussões muitas vezes intermináveis. E que bom que
isso acontece! O conhecimento deve ser o alimento para nossa
jornada, ele nos enriquece e nos faz sentir necessidade de al-
cançar novas metas e ter novos caminhos a seguir. Por mais que
me digam que os animais que vivem conosco hoje se adapta-
ram ao nosso meio e a nossa dieta, não se torna justo e coerente

O segredo da longevidade nos cães e gatos domésticos | 33


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irmos contra toda uma fisiologia criada única e exclusivamente


pela natureza! Eles são os atores principais dessa história, nós
somos coadjuvantes na evolução deles e acabamos assumindo
um papel que alterou de forma significativa sua essência física,
psíquica e fisiológica! Nada consegue me convencer de que o
natural, o legítimo, o compatível, seja prejudicial!

Temos hoje altos índices de animais com problemas de


diversas vertentes, seja cardíaco, ortopédico, dermatológico, re-
nal, dentre outros, está claro que eles estão adoecendo cada vez
mais jovens e nos deixando cada vez mais cedo. Quando penso
em como dar longevidade a esses animais só consigo encontrar
uma palavra que dará todo o sentido nesta leitura: RESPEITO!

Já dizia o grande professor de Nutrição Veterinária, da Uni-


versidade Francesa de Alfort, Dr. Dominique Grandjean:

“ O responsável pela domesticação do


cão e do gato, o homem, tem o dever
de alimentá-los de acordo com as suas
verdadeiras necessidades específicas,
e não em função das suas projeções “
humanas. Esta é a primeira regra do
verdadeiro respeito ao animal.

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Emmanuelle BONZAMI/freepick.com
pr i me i ro
segredo

ALIMENTAÇÃO: o
primeiro grande
pilar da longevidade

N
ão vamos aqui tratar, apenas, a questão relacionada a
dieta dos nossos Pets, vamos falar sobre a alimentação
em geral e os efeitos no organismo deles, trazendo o
ontem e o hoje para que o raciocínio fique mais completo.

É incrível o quanto está tudo relacionado com o que le-


mos no capítulo introdutório e isso irá continuar até o fim des-
sa leitura, pois essa conexão é o encaixe perfeito para que pos-
samos entender o conceito. Isso mesmo! Não tem como falar
da alimentação dos nossos animais domésticos sem realizar
aquela retrospectiva que tanto venho enfatizando.

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Não se trata de falar de uma dieta específica, mas de en-


tendermos como o organismo deles funcionam, na sua forma
fisiológica, respeitando sua anatomia e bioquímica. Só assim
as teorias se confirmam! Vamos olhar para eles internamente.
Vamos entender como funciona seu intestino, como aconte-
ce o processo de digestão e, o principal: precisamos entender
como funciona a BOCA deles! Sim! A saúde dos nossos cães e
gatos começa pela boca assim como a nossa. ELES TAMBÉM
SÃO O QUE COMEM!
freepick.com

Aprendemos como ocorreu a domesticação desses ani-


mais, também observamos que a relação homem-animal é
milenar, cerca de 100 milhões de anos (BUTTERWICK, 2015) e
que ao longo dos anos vieram incrivelmente se transformando
nessa amizade cada vez mais recíproca e verdadeira observa-
da nos dias atuais. O que precisamos entender é que domes-
ticamos os nossos canídeos e felídeos, mas, não alteramos a
fisiologia deles. Eles se adaptaram sim ao nosso meio ao longo
dos avanços, mas essa adaptação não pode nos levar a crer

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que, com isso, eles mudaram de espécie. Um exemplo clássico


para entendermos melhor é que, hoje, nosso mundo é bem
mais avançado tecnologicamente, levando-nos a viver em um
mundo industrializado principalmente no quesito alimenta-
ção. Concorda que nosso organismo se adaptou ao meio? So-
mos primatas, somos onívoros, temos um sistema fisiologica-
mente necessitado de proteínas, gorduras, vegetais, minerais,
aminoácidos e carboidratos, encontrados principalmente nas
frutas, legumes, ovos, tubérculos, carnes dentre outros produ-
tos encontrados na natureza, sendo cada um deles nas suas
proporções, respeitando o que hoje chamamos de Low carb.

Mas, atualmente estamos bastante adaptados aos pro-


dutos industrializados, à química em alguns alimentos, e não
só com o artificial, mas também com os excessos. Ok! Adap-
tamo-nos a viver dessa maneira... Porém, devido essa adap-
tação, eu tenho hoje mais ou menos saúde? Qual a conse-
quência dessa minha adaptação? Enquanto primata, estar
adaptado à industrialização, eleva o índice de saúde da mi-
nha espécie? Hoje, adaptar-se é a saída?

Se adaptamos os nossos animais, e acreditamos que isso


foi inteligente, então temos um motivo para nos preocupar
com o futuro deles! E sendo os responsáveis por esse atrope-
lo no processo de saúde deles, nada mais sensato que parar
e analisar as estatísticas, a realidade, que está bem na nossa
frente, nas nossas casas e assumir uma postura diante disso,
que seria qual? Ajudá-los! Devolver a eles a dignidade animal!
Resgatar o instinto que eles sempre tiveram e que nós confun-
dimos com nossa praticidade de ser. Incluímos eles na nossa
rotina, sem respeitar o que o organismo deles realmente pre-
cisa para funcionar bem.

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Nossos pets atualmente vivem um processo de infla-


mação em massa! Sim, é comum que a maioria dos cães e
gatos domésticos sejam induzidos a comer alimentos que,
com o tempo, irão adoecê-los! Essa domesticação e adap-
tação ao nosso meio já mostra seu preço. Eles estão adoe-
cendo facilmente e vivendo cada vez menos. Como viviam
nossos pets há 30 anos? No passado alimentávamos nossos
animais com “restos de comida”, ou seja, excesso de carboi-
dratos (fubá, arroz, macarrão...) e com pouco ou quase ne-
nhum balanço nutricional.
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Quando continha proteínas (carnes, frangos...) geralmen-


te eram preparados com bastante óleo e temperos, que hoje
sabemos que muitos deles são indigestíveis para eles, além
da oferta de ossos inteiros de frango, que possuíam altos índi-
ces de transtornos digestivos traumáticos, ou até mesmo os-
sos bovinos que, rotineiramente eram enterrados como uma
forma de armazená-los para consumir depois, permitindo as-
sim, que as estatísticas de botulismo e tétano aumentassem
devido aos clostrídios, que são bactérias presentes em superfí-
cies de materiais orgânicos em decomposição.

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Dessa mesma forma, coelhos só deviam se alimentar de


cenouras e macacos precisavam muito de banana.... Enfim, tí-
nhamos cães e gatos obesos (que achávamos bonito inclusi-
ve!), pelos opacos e com certeza com vários distúrbios endócri-
nos que não eram observados e muito menos diagnosticados
e tratados naquela época.

A indústria comercial de alimentos para cães, em um


primeiro momento, começou a produzir biscoitos nutricional-
mente aprimorados (conhecido como ibid), compostos de tri-
go, legumes e carne, visando um nicho comercial que come-
çou a despertar interesse dos industriais da época, que viram
a oportunidade de trazer maior praticidade e viabilidade para
os criadores de cães domésticos. Esses biscoitos foram desen-
volvidos pelo norte-americano James Spratt, quando ainda
morava na Grã-Bretanha, no final de 1700. Já nos Estados Uni-
dos, no final do século XIX, ainda na década de 1870 (Nestle &
Nesheim, 2010), comercializou seus biscoitos fortificados para
cães com o nome de Meat Fibrine Dog Cakes, por meio da
fábrica “Spratt’s”, e tinha como principal propaganda a garan-
tia de que tais alimentos preveniam contra diversas doenças,
melhorando também o desempenho dos animais no campo e
nos ringues de batalha (Grier, 2006).

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Daí, muitas outras empresas surgiram com o mesmo in-


tuito: convencer os donos e os médicos veterinários de que
estes produtos possuíam uma adequada balança nutricional
entre proteínas, vitaminas e extrato etéreo, trazendo com isso,
os comparativos nutricionais entre a comida caseira, as quais
eram vistas agora como alimentos desbalanceados e pobres
em nutrientes, e os biscoitos industrializados, como sendo ali-
mentos ricos e balanceados nutricionalmente.
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Um outro marcante crescimento da indústria das rações


foi a mecanização industrial da agricultura, já no século XX, a
produção maciça de grãos e animais confinados promoviam
permanentemente a distribuição da matéria-prima de origem
animal e vegetal para produzir em escala esses produtos, sem
que houvesse interrupção logística do abastecimento comer-
cial, já que uma vez ofertado, não podia mais faltar nas pra-
teleiras dos mercados. Bem no começo, esses produtos eram
tidos como artigos de luxo. Eram caros e bem escassos. Com
o passar dos anos, principalmente no período pós-guerra, as
pessoas trabalhavam mais, inclusive as mulheres, que se des-
tacaram no campo de trabalho, tanto para ajudar em casa,
como para ganhar sua própria liberdade financeira.

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A falta de tempo foi determinante para o expoente cres-


cimento comercial desses produtos, que antes eram tidos
como artigos de luxo e passaram a ser considerados artigos
essenciais, pois a vida corrida e o crescente apego aos animais
de companhia, consagrou o que chamamos de ração comer-
cial para animais domésticos.

Eles se tornaram um prato cheio para a indústria do marke-


ting, que utilizou-se de vários artifícios incluindo nomes ultra-
mega científicos, como, “produtos feitos com minerais quela-
dos2 e enriquecidos com vitaminas essenciais…”, assim como,
todas as suas promoções comerciais eram feitas por pessoas
com batas (jaleco), representando um médico veterinário, para
mostrar a sociedade seriedade no produto, ou seja, se esses pro-
dutos eram chancelados pelos próprios médicos veterinários, é
porque eram considerados de alta confiabilidade nutricional.
freepick.com

O maior exemplo disso foi Mark Morris, que era um nutri-


cionista veterinário, que em 1939, já como fundador da marca
Hill`s, desenvolveu uma dieta para um cão insuficiente renal e o
produto repercutiu, nas mídias da época, como revolucionário

2 Protegidos, revestidos, para evitar ação enzimática.

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(Hill’s Pet Nutrition, 2012). As dietas são produzidas, nos dias de


hoje, com outra nomenclatura conhecida como “Prescription
Diet k/d”, a famosa K/D no meio médico veterinário. Daí surgiu a
linha “i/d”, que atua nos distúrbios gastrointestinais e a “h/d”, que
foi produzida para os pacientes com distúrbios cardiovasculares.

O conceito nutricional médico, chamado linha terapêutica,


ganhou corpo, pois construiu-se na prescrição feita pelo médico
do seu animal de estimação, o qual, se confia de olhos fechados
quanto à sua indicação terapêutica. Foi uma verdadeira estraté-
gia de marketing da Hill’s, que ao se apoiar no médico veteriná-
rio, o dono do animal estaria amparado no quesito prescrição
nutricional (Thurston, 1996).

Entrando para a década de 1980, esses produtos ganharam


ainda mais espaço comercial, devido a um movimento de época,
chamado de nutricionismo, que desmitificava a diferença entre
nutrientes e alimentos, descrevendo os efeitos e benefícios de
determinados produtos comestíveis (Pollan, 2007).

A ração passou por vários processos de investigação científi-


ca, a fim de detalhar mais sobre sua composição nutricional para
as espécies em questão, mesmo sendo pesquisas científicas pa-
trocinadas pela própria indústria, elas ganharam mais confiabili-
dade pública e consequentemente, mais vendas. Tudo que envol-
ve pesquisa, normalmente, possui maior confiabilidade, mesmo
tendo sido feita e bancada pela própria fábrica de interesse.

Ainda nesta mesma década de 1980, diante dos trabalhos


e das diversas empresas criadas produzindo rações industriali-
zadas, foi necessário a criação de diretrizes e normas para que
todos os produtores seguissem as mesmas regras, protegendo
com isso o consumidor final, que eram os cães. A American

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Association of Feed Control Officials (AAFCO), publicada em


1985, seguia como base processual as necessidades nutricionais
mínimas, ou seja, o processo fabril tinha como foco, apenas, ani-
mais em crescimento e os adultos. Já em 1986, todo produto
passou a seguir as normas da NRC - National Research Council,
que rege até os dias atuais, tanto no que diz respeito a qualifi-
cação, quanto a quantificação dos alimentos ofertados aos ani-
mais para sua sobrevivência.

Diante de vários fatores que determinaram, nos últimos


anos, o aumento da expectativa de vida dos nossos animais de
estimação, antes e depois da ração, não podemos desmerecer
o nutricionismo, pois temos a plena certeza que foi o principal
responsável por esse aumento etário, já que a reposição de vi-
taminas, aminoácidos, extrato etéreo, fibra bruta e sais mine-
rais foram de fato bem estudadas.

Todavia, também temos a plena certeza de que podere-


mos melhorar ainda mais estes números, com mais estudos
sobre a espécie canina e felina, respeitando o básico, a sua
fisiologia, diminuindo e qualificando principalmente os car-
boidratos ofertados a estes animais.

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Alguns cientistas argumentam que dietas processadas para


os cães são prejudiciais à saúde (Lonsdale, 2001). A introdução do
milho, da soja, do trigo e da quirera de arroz como fonte de fibra
foi uma manobra de mestre da indústria alimentícia animal, que
além de acrescentar volume composicional no produto com a
relativa diminuição dos custos de fabricação, eleva as cifras de
acordo com a gramatura comprada, aumentando consigo a
quantidade de açúcar que esses animais estão ingerindo, bem
como as inflamações iniciais subclínicas, visto que esses animais
possuem péssima afinidade entérica a produtos farináceos.

Ainda temos muito a avançar sobre a temática de interesse


comercial e, diante dos poucos estudos relacionados à alimen-
tação natural rica em vísceras, gorduras, músculos e carcaças
para essas espécies de animais domésticos, temos milhares de
pesquisas, já comentadas e enfatizadas anteriormente, sobre o
interesse dos industriários das rações em pesquisar e publicar
artigos científicos relacionados aos benefícios dos produtos de-
les, como é o caso da Purina, Royal Canin, Farmina, dentre ou-
tras marcas. No entanto, temos pouco ou nenhum interesse dos
governantes ou instituições acadêmicas públicas ou privadas
em pesquisa sobre essa temática nutricional das rações, a não
ser que as mesmas estejam engajadas cientificamente com as
grandes marcas, a fim de aperfeiçoar as necessidades nutricio-
nais e energéticas dos animais domésticos, além de contribuir
para as normas científicas da composição contidas nas sacarias
comerciais distribuídas em todo o Brasil.

Como sabemos, a ração é considerada um produto peleti-


zado, extrusado e, com a baixa umidade, se fazendo necessário o
uso de farinha, frutas ou tubérculos na composição, visando unir
todos os outros importantes elementos, aumentando, com isso, o

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tempo de validade e, consequentemente, a lucratividade. Quem


já conseguiu confeccionar um bolo sem farinha? Ou tentou fazer
almôndegas apenas com a carne? Mesmo tentando compactá
-la em forma de bolas você vai perceber que a proteína vai soltar,
pois não tem a “liga”, o farelo, a massa, ou seja, o carboidrato.

As rações produzidas com essas farinhas vegetais permi-


tem maiores flexibilidades morfológicas aos produtos industria-
lizados, como em formas de ossinhos, corações, pingos d’água,
além de introduzir volume ao produto final, já que compramos
farinha com precificação proteíca.

A situação global em que o Brasil está inserido, como um


dos maiores produtores de grãos do mundo, também influen-
ciou todas essas incorporações industriais a estes produtos. No
mercado existem rações premium e super premium, encontra-
mos como principal diferença entre esses dois produtos indus-
trializados o fato das super premium possuírem em sua com-
posição proteínas e gorduras de origem animal, o que justifica
sua maior precificação comercial.

Já os da linha premium, classificam-se como alimentos


da linha econômica e standard, que além do excesso de car-
boidratos contidas em sua formulação, muitos dos elementos
presentes não são de origem animal e sim vegetal, como por
exemplo as fontes de aminoácidos, oriundas da soja, do milho
e do trigo, assim como também o extrato etéreo, como fonte
de gordura, advindo também dos vegetais, diminuindo ainda
mais sua qualidade.

As rações ganharam ainda mais espaço, na medida em


que o nutricionismo aprofundava no entendimento dos estágios
de vida de cada animal, de cada raça estudada e do tamanho

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volumétrico que cada cão possuía, além de os animais de esti-


mação serem reconhecidos como membros importantes nos
lares em todo o mundo. Elas foram cada vez mais sendo desen-
volvidas com particularidade e especificidade para cada raça
(Crane et. al,. 2000), colocando na embalagem até a foto de cada
animal, com sua referida raça e necessidades em destaque, para
que o consumidor final seja induzido na hora da compra em um
Pet shop, como por exemplo, as rações desenvolvidas para os
cães labradores que continham em suas fórmulas quantidades
maiores de nutracêuticos como a condoitina e as glucosaminas
que auxiliam as articulações contra os processos degenerativos.

Também posso citar as rações desenvolvidas para os gatos


persas, com uma linda foto na embalagem e com especificida-
de de que aquele alimento fora desenvolvido com intuito de di-
minuir as bolas de pelo, característica exclusiva daquela raça de
felino. E assim foram para os daschund, para o maltês, pastor
alemão, pensando num público alvo específico, personalizan-
do cada vez mais o produto vendido, agregando com isso mais
valor comercial em cada produto criado e justificando que toda
essa “personalização” era pensando na saúde dos nossos Pets.

Todos os produtos criados tiveram o aval do Ministério da


Agricultura, já que essas tendências seguiam padrões internacio-
nais e já entravam no país com todo o projeto pré-elaborado nas
filiais de cada marca. Das milhares de marcas existentes de ra-
ções no mundo, vale ressaltar duas grandes que concorrem com
o vasto mercado dos alimentos secos e úmidos, consolidadas
ainda no século XX, que são a Pedigree e a Purina.

A Pedigree foi idealizada em 1934 na Inglaterra e lançada


nos Estados Unidos, em 1964, por Forrest Mars, sempre com o slo-
gan “Feed the good”, imprimindo em seu conceito “alimente seu

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melhor amigo bem”, e com parcerias importantes com universi-


dades, bancando 100% das pesquisas nutricionais de sua marca.

Está presente em mais 100 países com faturamento esti-


mado em US$ 3 bilhões. No Brasil, a marca foi introduzida em
1989 e ficou conhecida devido ao massificante slogan “Cachorro
é tudo de bom”, além de patrocinarem mais de R$ 1,5 milhões
para ONGs espalhadas em 11 estados brasileiros. O trabalho
maciço com cães de rua permitiu que a população avaliasse o
quanto uma empresa fazia pelo social e com isso ganhou muitos
adeptos populacionais, se tornando o produto mais vendido nos
supermercados por muitos anos.

Seus principais produtos são Equilíbrio Natural, que traz


em seu slogan “sabor incomparável proporcionando mais prazer
e felicidade no dia-a-dia para o seu cão”, e a High Performan-
ce, desenvolvida com energéticos mais elevados para animais
atletas e ativos. A Weight Control é uma ração a base de arroz
e frango, desenvolvida para animais predispostos a engordar. A
Sensitive, feita com carne de cordeiro, que segundo a própria Pe-
digree, reduz as alergias. E por fim, as rações Indoor, que foram
desenvolvidas para animais que vivem dentro dos lares e neces-
sitam defecar com menos cheiro, diminuindo as descamações
da pele e a própria queda de pelos.

Em todas as marcas prevalecem o nome natural, com com-


posições proteicas e super vitaminadas! Mas, o que não explicam,
é que em todos os produtos possuem milho, trigo, soja e arroz,
que são os principais vilões da longevidade, já que estamos tra-
tando de um público consumidor classificado como animais car-
nívoros, dentre eles os caninos e os felinos. E para piorar, vão os
petiscos, também repletos de produtos farináceos. Dentre eles o
Biscrok e o Oralfresh/Dentastix, produzidos para serem ofereci-

O segredo da longevidade nos cães e gatos domésticos | 47


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dos diariamente, como forma de recompensa e para evitar o acú-


mulo de tártaros por agirem na limpeza dos dentes e gengivas.

Preciso alertar a todos que dentes se protegem através da


diminuição do consumo de açúcar (carboidratos), reduzindo con-
sigo os processos inflamatórios gengivais, além da suplementação
com vitamina D3, que atua no equilíbrio de todos os minerais do
corpo, evitando a presença deles de forma livre, mantendo-os nos
órgãos armazenadores que são os ossos. Afirmar que petiscos re-
solvem tais problemas é mera estratégia de marketing.

Já a Purina, teve sua participação ainda mais cedo, em 1894,


no mercado comercial de alimentos para animais, que introdu-
ziu nas prateleiras norte-americanas, um preparado para cavalos
e mulas conhecido com Omolene. Seu slogan era que o produto
“mais barato do que aveia, mais seguro do que o milho” e acondi-
cionado em sacos de 80 quilos, produzidos em St. Louis, estado
de Missouri. O nome Purina vinha de pureza, produto puro para
os animais, depois foi se agregando as palavras “naturais”, “balan-
ceadas”, “ricas em nutrientes”, dentre outros slogans.

Somente em 1926 a empresa ingressou no mercado de ra-


ções para cães. No Canadá, em 1927, com fábrica em Woodstock,
Ontário. Virou produto peletizado, forma que conhecemos hoje
em dia, em 1928, que ficou conhecida como Purina Checkers.
Foi introduzida pela primeira vez nos supermercados na década
de 1960, já como alimento também para gatos. Nessa década,
nossos felinos iniciaram a batalha contra a longevidade, comen-
do excesso de farinha em sua composição, divergindo completa-
mente da espécie de origem.

Essa marca está também em mais de 100 países e seu fa-


turamento foi estimado em mais de US$ 11,5 bilhões com slogan

48 | Tarcísio Alves Barreto Filho


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criado para atingir o apaixonado por animais como “Your Pet,


Our Passion”, “Seu animal, Nossa Paixão”. E no Brasil, esta empre-
sa está desde de 1967 com as marcas Karina, Bonzo e Doguitos.

Um trabalho de pesquisa avaliou 49 marcas de rações se-


cas comercializadas no interior de São Paulo, mais precisamen-
te em Jaboticabal. Foram estudadas pela Universidade Estadual
Paulista (UNESP) quanto aos seus teores de proteínas, gorduras,
fibras, cálcio e fósforo.

Nos resultados obtidos das rações avaliadas, entre alimen-


tos adultos e filhotes, 80% delas estavam com informações de-
sencontradas nos rótulos, assim como 60% continha percentual
de gordura em desacordo com as análises laboratoriais avaliadas.
Para os produtos standard filhotes, aproximadamente 28,6% es-
tavam diferentes para os níveis de proteína, enquanto 57,2% dis-
tintos para o cálcio.

Nos produtos econômicos para cães adultos, 44% das ra-


ções não batiam os níveis de fibra e 33% para a proteína. Pro-
dutos standard para cães adultos 33% das informações eram
desencontradas para os níveis de gordura e 50% para o cálcio.
Nas super premium, que são consideradas as melhores dietas
oferecidas para cães, as sacarias para animais adultos apresen-
taram diferenças nutricionais das embalagens para os produtos
contidos em seu interior de 50% para o cálcio e 33% para a gor-
dura (Carciofi, 2006).

O segredo da longevidade nos cães e gatos domésticos | 49


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Existem mais 300 marcas de rações fabricadas no Brasil re-


gulamentadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abaste-
cimento, pelo decreto de Lei número 6.198 de 26 de dezembro
de 1974, que visa inspecionar e fiscalizar as características míni-
mas de qualidade que estes produtos necessitam ter para se-
rem comercializados para a população em geral. Em 2002, já se
estimava um crescimento industrial de cerca 5% ao ano e que
segundo as estimativas, iremos produzir em torno de 3.200.000
toneladas por ano de ração nos próximos 10 anos (Prior, 2003).

Entre 40 a 55% desse volume produzido pela indústria


são feitos de carboidratos à base de farinha de milho, trigo, soja,
quirera de arroz, correspondendo cerca de 30 a 60% da energia
metabolizável do produto (Pet Food). Os carboidratos em ques-
tão são classificados como absorvíveis, aqueles que necessitam
serem hidrolizados pelas enzimas gástricas: glicose, frutose,
galatose, dentre outros. Os carboidratos digestíveis são classi-
ficados como os dissacarídeos que são a lactose, a sacarose, a
maltose e a trealose. Esses carboidratos sofrem ação das enzi-
mas dissacaridases se convertendo em monossacarídeos para
depois serem absorvidas.

Os carboidratos também poderão ser classificados como


digeríveis ou fermentáveis. Os carboidratos digeríveis são conhe-
cidos como amido, que são os polissacarídeos encontrados nos
grãos de cereais, enquanto que os fermentáveis são conhecidos
como os oligossarídeos (lactose, rafinose, frutanos do tipo inuli-
na), amidos resistentes (dissacarídeos de difícil digestão no in-
testino delgado) e as fibras fermentáveis (celulose, hemicelulose).
Por último, temos os carboidratos não fermentáveis, que por sua
vez, são incorporados nas rações para reduzir os valores energéti-
cos dos alimentos principalmente nas dietas (light, diet, obesos).

50 | Tarcísio Alves Barreto Filho


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No passado, a própria população humana apresentava


déficit nutricional em decorrência da escassez de alimentos e
muitos morriam de doenças relacionadas a desnutrição. Hoje
morre-se mais de obesidade ou de doenças relacionadas as sín-
dromes metabólicas, devido ao excesso de comida ingerida de
forma constante, como os fast-food, produtos a base de farinha
de trigo, milho ou soja, que muda o cenário, ao avesso, aumen-
tado com isso as morbidades e os custos com saúde.
freepick.com

Precisamos entender que o alimento pode ser seu pior ini-


migo, se consumido de maneira errada, cheio de excessos e com
baixa qualidade. Quanto mais se come, mais se inflama. Esse é
o lema das atuais pesquisas sobre nutrigenômica, que estuda o
impacto dos alimentos na expressão gênica, com o profundo co-
nhecimento sobre o mecanismo de ação das substâncias biologi-
camente ativas contidas no alimento e da nutrigenética que estu-
da os efeitos da variação de cada indivíduo frente aos alimentos.

Os nossos animais estão indo pelo mesmo caminho percor-


rido pela humanidade, com as mesmas consequências da revo-
lução agrícola. Comem muito e com baixo nível nutricional, com
elevado índice e carga glicêmica.

O segredo da longevidade nos cães e gatos domésticos | 51


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Os cães e gatos, estão inseridos na cadeia alimentar


como animais carnívoros, portanto a afinidade entérica aos
alimentos ingeridos por essas espécies, serão sempre os pro-
dutos de origem animal e não vegetal, como já dizia Case et
al. (2000), o qual afirma que as proteínas de origem animal
apresentam maior digestibilidade quando comparadas as
proteínas de origem vegetal.
Agência Stream
Agência Stream

52 | Tarcísio Alves Barreto Filho


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Ainda no entendimento das espécies carnívoras, deve-


mos saber que carnívoro não pode, nem deve comer só carne
(músculo). Necessitam ingerir vísceras, e víscera não é carne. Se
um animal carnívoro comer só carne, ele estará ingerindo muito
composto nitrogenado, que durante o processo de digestão, irá
se transformar em amônia, o que é muito tóxico para eles, pro-
movendo distúrbios vasculares, renais, cardíacos, entre outros.
Por outro lado, as vísceras promovem um equilíbrio energético
para os carnívoros, pois nelas encontramos carboidratos, vitami-
nas, fibras e alguns aminoácidos.

Quando um leão captura uma caça, por muitas vezes ele


não quer os músculos, come apenas as vísceras e a carcaça
restante ele deixa para outras cadeias de carnívoros inferiores
como os chacais, hienas, lobos, coiotes, raposas e até mesmo os
oportunistas urubus.
freepick.com

Quando uma proteína, gordura ou carboidrato de origem


animal se aproxima das microvilosidades intestinais desses car-
nívoros, principalmente entéricas, ocorre um reconhecimento
bioquímico imediato, permitindo com isso rápida absorção ali-
mentar desses essenciais nutrientes e consequentemente pou-
ca formação de bolo fecal e baixa ingestão de água, já que estes
alimentos possuem alta umidade na sua composição.

O segredo da longevidade nos cães e gatos domésticos | 53


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Entendo que muitas pessoas se assustem quando descre-


vo o ideal protocolo para os cães e gatos domésticos, baseado
em produtos de origem animal, envolvendo vísceras, músculos,
gordura e carcaça. Já recebi vários questionamentos referentes
ao tipo de alimento, qualidade por eles ingerida e principal-
mente a forma administrada, pois quanto menos comer, com
elevada qualidade do carboidrato, aminoácidos e extrato eté-
reo, menor serão os processos inflamatórios crônicos e conse-
quentemente menos doenças, principalmente as subclínicas.

Tudo faz sentido quando comparamos aos canídeos e os


felídeos selvagens, que possuem alta vitalidade e nenhuma
obesidade ou doenças semelhantes, aos que encontramos nos
nossos lares domésticos. Um bom exemplo disso é quando
você encontra uma zebra passando próximo a um leão e na-
quele momento ele não esboça nenhuma reação, isso porque
se encontra satisfeito e não necessita mais caçar para manter
alimento para o próximo dia. A natureza é perfeita! Precisamos
nos espelhar mais com a nossa fauna de mamíferos terrestres.
Eles têm muito a nos ensinar!

Nós como primatas devemos parear com os gorilas e chi-


panzés buscando neles os grandes exemplos, principalmente
alimentares. E em relação aos nossos animais domésticos, pre-
cisamos parar e repensar sobre suas origens, hábitos e alimen-
tação. Não estou dizendo aqui que o seu yorkshire é um leão ou
que seu lhasa apso é um lobo, mas temos que concordar que
toda essa evolução não mudou sua fisiologia, seus organismos
e muito menos o funcionamento deles.

Diante do crescimento e a busca incessante pela vida longa,


a medicina veterinária no mundo começa a ganhar corpo e mais
adeptos com novos conceitos e estudos sobre fisiopatologia do

54 | Tarcísio Alves Barreto Filho


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envelhecimento, as causas das principais doenças, e a tentativa


de entender a relação disforme da crescente degeneração frente
aos processos regenerativos celulares, que tem como principio
básico respeitar a espécie em foco (SPARKES, 2011).
BONZAMI Emmanuelle/freepick.com

A vida útil de um animal é dividida em quatro fases ini-


ciando pelos animais pediátricos, tempo que persiste do nasci-
mento até os seus 12 meses de vida; a fase adulta, que começa a
partir de um ano de idade e vai até seus 7 anos, em média para
cães e gatos, e a fase sênior, que representa a transição da fase
adulta para a geriátrica, na qual inicia-se o declínio das condi-
ções físicas, da capacidade de metabolização dos órgãos, das
funções sensoriais, mentais e imunes (Fortney, 2012). Por fim,
temos a fase geriátrica, que todos nós conhecemos, a que se
inicia por volta dos 12 anos de idade e segue até o fim da vida.

Hoje sabemos que a expectativa de vida dos gatos domés-


ticos é de cerca de 12 a 14 anos (Butterwick, 2015), mas temos
a plena certeza que poderá subir, se começarmos mais cedo
a mudar principalmente a qualidade do açúcar que oferece-
mos a eles, ou seja, se melhorarmos os níveis e qualidades dos
carboidratos ofertados aos nossos felinos domésticos. Segundo

O segredo da longevidade nos cães e gatos domésticos | 55


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Sparkes (2011), há evidências de que a manipulação da dieta de


gatos pode ser a principal responsável por modificar os aspectos
do processo de envelhecimento dos nossos felinos domésticos.
freepick.com

O envelhecimento por sua vez, segundo Fortney (2012), é


a soma dos efeitos fisiológicos de cada indivíduo, dos processos
biológicos, genéticos, nutricionais, afetando os tecidos e órgãos
de forma progressiva, regressiva e muitas vezes com modifica-
ções irreversíveis. O que estamos falando é do envelhecimento
relacionado às mudanças biológicas do organismo, às mudanças
teciduais e não necessariamente das mudanças cronológicas.

Um indivíduo pode envelhecer mesmo sendo jovem.


Como por exemplo, nos nossos felinos domésticos, as funções
dos néfrons, que são as unidades funcionais dos rins, começam
a diminuir mesmo antes de ocorrer a alteração funcional do
próprio órgão. O rim diminui de tamanho devido a redução do
número de glomérulos e dos próprios néfrons nos animais ido-
sos (Mooney,1995).

O envelhecimento pode trazer a perda natural de até


75% dos néfrons, sem que haja, muitas vezes, nenhum sinal
clínico ou bioquímico aparente, assim como nas alterações do
envelhecimento do sistema digestivo que reduz o tamanho

56 | Tarcísio Alves Barreto Filho


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das vilosidades, a frequência da renovação celular e sua pró-


pria motilidade do cólon (Case et al., 2012).

Contudo, posso garantir que a nutrição animal está pas-


sando por um momento de quebra de paradigmas extrema-
mente importante, o que traz avanços significativos para a lon-
gevidade, e com isso, estamos cada vez mais perto de promover
o verdadeiro equilíbrio nutricional aos nossos animais de esti-
mação, como base no respeito fisiológico.

Podemos até dizer que a indústria da ração tenta se adap-


tar a essa realidade, porém, a falta de transparência e solidez nos
argumentos quanto a sua composição destrói toda a teoria im-
posta de que se trata de uma alimentação balanceada e ideal.

E falando em composição nutricional, você já conseguiu


encontrar nas embalagens das rações o percentual de carboi-
drato que seus animais de estimação estão comendo? Tenho
certeza que não, pois esses dados não são disponibilizados pe-
los fabricantes nos rótulos das rações. Mas, de qualquer manei-
ra vou te dar uma dica de como encontrar estes elementos no
produto peletizado. Façam esse teste em casa que vocês irão se
surpreender. Subtraia de 100% todos os itens que estão descri-
tos no verso das embalagens e o resultado será dado em per-
centual que corresponde a quantidade de carboidrato contido
na sacaria. Não se espante com o número! Isso mesmo. É um
percentual elevado para as necessidades energéticas dos carní-
voros, podendo ultrapassar os 40%.

Os estudos comprovam que os percentuais energéticos


primários dos carboidratos não poderão ultrapassar os 6% da
dieta/dia para os nossos carnívoros domésticos, já que a prin-
cipal e secundária fonte de energia para estes animais são os

O segredo da longevidade nos cães e gatos domésticos | 57


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lipídeos, os quais liberam de forma gradual toda energia neces-


sária para o metabolismo.

A carne é pobre em carboidratos, mas em sua constituição


temos os polissacarídeos (glicogênio) e monossacarídeos (glico-
se), como as principais fontes de energia primária. A quantidade
de glicogênio contida na carne, varia com o tipo de músculo e
atividade que ele exerce, pois, os músculos oferecidos à base de
peito de frango possuem baixos índices de carboidratos com-
parados aos músculos da coxa e sobrecoxa de aves.

As vísceras comestíveis são mais ricas em carboidratos do


que os músculos. O fígado bovino possui de 2 a 4% de carboi-
drato e a de suíno em torno de 1% de carboidrato (Roça, 2001).
Pensando em alimentos naturais à base de vísceras, gorduras,
músculos e carcaça devemos também levar em consideração
às necessidades energéticas de cada animal, além da energia
metabolizável que cada alimento possui, para assim, poder
calcular as quantidades em gramaturas de cada canino e feli-
no doméstico.

Cada ser necessita de um índice especifico de energia, de-


pendendo da fase de vida, como lactantes, os que estão em fase
de crescimento, parturientes, idosos e se são ativos ou sedentá-
rios, variando com isso o consumo de energia. Cada alimento
possui seu cálculo de energia metabolizável específico, como
por exemplo a proteína, que, a cada 1 grama teremos em média
de 3,5 à 4 kilocalorias (kcal) de energia metabolizável, para a gor-
dura, sucessivamente, é de 8,5 à 9 kcal e carboidratos de origem
animal, em média de 4 kcal. O cálculo do quanto o seu animal
necessita comer de alimentos naturais a base de caça é feito a
partir da necessidade energética em kcal por dia, dividida pela
energia metabolizável dos alimentos ofertados em kcal por kg.

58 | Tarcísio Alves Barreto Filho


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Por exemplo: um cão idoso ativo, com 5 kg de peso vivo,


necessita cerca de 351 kcal por dia de energia, em média. Por
meio, dos cálculos mostrados pela tabela abaixo das neces-
sidades energéticas canina, segundo o Nacional Research
Council (NRC, 2006).

Tabela - Normas NRC

Animal NEM(kcal por dia)


Cães adultos jovens e ativos 140kcal x (PC em kg)0,75
Cães ativos1 130kcal x (PC em kg)0,75
Cães terriers ativos 180kcal x (PC em kg)0,75
Cães idosos ativos 105kcal x (PC em kg)0,75
Cães inativos2 95kcal x (PC em kg)0,75
PC: peso corpóreo

Fonte: National Research Council (NRC, 2006)

Daí você irá calcular as energias metabolizáveis dos ali-


mentos que irá oferecer ao seu Pet. Como base de cálculo,
irei oferecer a este canino idoso ativo um alimento à base de
proteínas (músculos), gordura e vísceras contendo vitaminas,
fibras e carboidratos e, somando as calorias que cada alimento
possui terei 265,4 kcal por kg de alimento. Agora, fica mais fácil
calcular o quanto meu animal irá precisar de alimento por dia
utilizando a equação também oferecida pela NRC de 2006.

Quantidade de alimento (kg) = necessidade energética do animal (kcal por dia)


energia metabolizável do alimento (kcal por kg)

Fonte: National Research Council (NRC, 2006)

Dividindo a energia que preciso para este animal por dia,


pela energia metabolizável dos alimentos teremos aproxima-
damente 155 gramas de alimento por dia para um canino que

O segredo da longevidade nos cães e gatos domésticos | 59


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pesa 5 kg de peso vivo, idoso e ativo. Tal alimento é o que mais


se aproxima do natural, mimetizando a natureza canina, mes-
mo tendo um animal completamente domesticado.

Precisamos repensar sobre esse


pinterest.com

conceito alimentar que nossos ani-


mais de estimação estão recebendo.
A máquina industrial tem muito po-
der, tanto que transforma um pés-
simo produto em excelente. Quem
nunca viu a propaganda do cigarro
“Marlboro” na década de 1980? Em
suas embalagens e até mesmo nos
comerciais televisivos, mostrava que
quem fumasse o cigarro se sentia como um “Cowboy”.

Quem não se lembra na década de 1990 do nosso “Papai


Noel”, que sempre surge, quando se toma Coca-Cola?

Quem não se lembra do desenho animado dos anos 1970,


no qual um gato chamado “Garfield”, fazia de tudo por um
enorme prato de lasanha?
pinterest.com

COURTESY OF PAWS, INC/


pinterest.com.

60 | Tarcísio Alves Barreto Filho


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O mesmo acontece para o mais recente desenho anima-


do do século 21 conhecido como”44 gatos”, nele vários felinos
disputam um prato de macarronada! Verdade meu caro lei-
tor, com tudo isso, o que falar das embalagens de rações? O
marketing desses produtos continua expondo informações re-
lativas a produtos “100% natural”, “Rico em vegetais”, “Rações
para diabéticos”, “Rações para animais obesos”, e para mim,
o mais grave são rótulos contendo nomes como “rações para
animais cardiopatas, nefropatas, hepatopatas”, dentre outros
informes que machucam, quando se sabe a verdadeira neces-
sidade nutricional dos carnívoros domésticos. Quem já conhe-
ce o processo de produção das rações comerciais? Na fabrica-
ção das rações extrusadas para cães e gatos são utilizadas três
variáveis importantes no processo, que são a baixa umidade,
as altas temperaturas e a pressão.

Todos os produtos passam pela moagem, que são essen-


ciais para definir a qualidade da ração final, pois quanto mais
fina a moagem mais valor será agregado. Por exemplo: as ra-
ções para filhotes necessitam mais trituração para aumentar e
facilitar a degradação de todos os produtos envolvidos nessa
farinha pelas ações enzimáticas, aumentando com isso o valor
final do produto.

A máquina extrusadora, que possui alta tecnologia, é a


mesma utilizada para produzir espumas de colchão, peças de
metal, sacolas plásticas e, na indústria alimentícia, na fabrica-
ção de biscoitos Cheetos, Fandangos, entre outros. Os alimen-
tos utilizados no processo fabril da ração, incluindo as farinhas
de trigo, milho, soja, ossos, carne, são misturados, após o proces-
so de moagem, e toda a massa recebe uma injeção de vapor de
água a 90ºC com umidade variando entre 70 e 80% e logo em

O segredo da longevidade nos cães e gatos domésticos | 61


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seguida vai para a extrusadora, recebendo alta pressão e tem-


peratura que chega à 120ºC.

Toda a massa molhada vai para secagem até ficar com 10%
em média de umidade no produto final. Um último processo
muito importante, para as ações das enzimas no trato digestivo,
é a entrada de ar ao fim da extrusão, facilitando a digestibilida-
de do produto, além de promover mais leveza ao produto final.

Em contrapartida, como já se sabe, todos os produtos,


principalmente os cárnicos (músculos, vísceras), quando rece-
bem elevadas temperaturas, perdem principalmente as vitami-
nas, que são termosensíveis e fotosensíveis, obrigando o pro-
dutor ou a indústria a se utilizar de aditivos para compensar tal
perda. E falando de aditivos utilizados pelas indústrias temos os
possíveis corantes, conservantes, antioxidantes, estabilizantes,
espessantes, acidulantes, umectantes e antiumectantes, flavo-
rizantes além dos aromatizantes ou palatabilizantes, em que
todos eles poderão ser utilizados, caso necessário, dependendo
do tipo produzido. Todos eles são liberados e regulados pelos
órgãos fiscalizatórios da unidade brasileira.

As vitaminas podem ser perdidas ou diminuídas durante o


cozimento, em torno de 5-10% da vitamina A, 30% da vitamina
B1, 25% da vitamina B2 e de 35-40% da vitamina C (SeuB, 1991).
Um simples exemplo do quanto se perde de vitaminas quando
se beneficia um produto cárnico, é que quando assamos uma
carne de suíno magra teremos apenas 700 microgramas de vi-
tamina B1 e 360 microgramas de B2, no qual éramos para ter
pelo menos 910 microgramas de B1 e 450 microgramas de B2.

Contudo, para objetivar nosso entendimento frente a to-


dos os produtos que oferecemos aos nosso pets, assim como

62 | Tarcísio Alves Barreto Filho


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sua forma de preparo e manipulação, iremos compreender


que além do excesso e câmbio dos carboidratos que os nossos
animais estão ingerindo, o cozimento ou a fritura dos produ-
tos, principalmente os cárnicos, também influenciam na qua-
lidade desses alimentos.

Precisamos entender e respeitar a cadeia alimentar de


cada espécie que depende do nosso manejo para sobreviver.
Um grande exemplo desse desrespeito, é a criação de cavalos,
mais particularmente os animais atletas, que vivem embaia-
dos e se alimentam de ração. Sabemos que esta espécie, na
cadeia alimentar, é considerada animal herbívoro e que por
isso deveriam ingerir maiores quantidades de capim, frente
aos alimentos concentrados a base de grãos. O que vemos
hoje em dia, é que estes animais estão sendo criados, consu-
mindo em média mais de 70% de alimentos concentrados a
base de grãos e apenas 30% de vegetais em sua dieta diária,
justificando a grande quantidade de animais sofrendo com la-
minites (inflamação nos cascos), cólicas abdominais, timpanis-
mo, artrites, artroses, dentre outras patologias relacionadas a
ingestão excessiva de carboidratos.
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O que sabemos é que ao oferecer esses percentuais de


carboidratos na dieta dessas espécies, estamos transforman-
do um herbívoro em um onívoro, e com isso trazendo todos
os transtornos patológicos digestivos e inflamatórios que ve-
mos nos dias de hoje, além de encarecer sua manutenção pelo
criador. Nos cães e gatos não é diferente. Quando ofereço uma
dieta com alto teor de carboidratos pobres, seja ele de origem
de grãos, frutas ou legumes em sua composição nutricional,
estamos transformando com isso uma espécie carnívora, em
uma espécie onívora, e assim desrespeitando principalmente
sua fisiologia, aumentando os índices de doenças como as que
estamos vendo cada vez mais frequentes.

As carências nutricionais dos pets são diferentes das


nossas. Não é difícil perceber que diante de animais com ori-
gem filogenicamente carnívora recomenda-se uma dieta rica
em proteínas, gorduras e carboidratos de origem animal, e o
que vemos hoje, são tipos de rações com cerca de 30 a 50%
de carboidrato em sua composição, incluindo grãos, frutas e
leguminosas. Exato! É polêmico declarar isso, mas estamos
diante de uma verdade que, em nenhum momento é des-
mentida pela indústria das rações.

Quem não conhece as rações Grain free? São rações pro-


duzidas com zero por cento (0%) de grãos e com elevados teo-
res de proteínas (35-50%), lipídios (16-26%) e os 30% restantes
são preenchidos por frutas, legumes e verduras, dentre outros
elementos aditivos. No Congresso Veterinário de León - México
em 2019, houve lançamento de uma ração com os mesmos
conceitos anteriores, livres de grãos, contudo, rica em batata
doce, frutas, proteínas e gordura animal, já com a premissa in-
dustrial de reduzir os níveis de carboidratos oriundos de trigo,

64 | Tarcísio Alves Barreto Filho


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milho e soja. Isso mesmo! A indústria está tentando diminuir o


problema, reduzindo o teor desses produtos a base de grãos,
introduzindo assim, outros tipos de carboidratos como batata
doce, além do carboidrato de frutas e legumes. O que é impor-
tante nisso é que já se sabe onde está o problema das rações! E
a própria indústria reconhece quando lança esse tipo de pro-
duto. Porém, quando se coloca batata e frutas para substituir o
milho, o trigo, a soja e o arroz, os índices de complicações rela-
cionadas aos processos inflamatórios são diminuídos, mas não
eliminados, pois o índice glicêmico quando se consome esses
outros tipos de carboidratos ainda são considerados altos para
a espécie em questão. O melhor carboidrato para os cães e ga-
tos ainda são os advindos das vísceras e músculos como serão
citados mais a frente.

E porquê então que o carboidrato é considerado um vilão


para os carnívoros? Veja bem: já é sabido, através de compro-
vações científicas que dietas com altos índices de carboidratos
podem causar problemas relacionados aos processos inflama-
tórios crônicos, obesidade, hiperinsulinemia, resistência à in-
sulina, hiperglicemia e até câncer, segundo Billinghurst, 2008.

Quando se trata de cães e gatos, o excesso desses nu-


trientes nesses organismos poderá evoluir com o surgimento
de diversas doenças observadas nos dias de hoje, principal-
mente as enterites, artrites, dermatites, otites dentre muitos
outros sintomas de cunho inflamatório. Segundo Dunn, 1999,
as desordens crônicas autoimunes do intestino delgado cau-
sadas por reação ao glúten presentes no trigo, centeio e ceva-
da, são conhecidas como enteropatias alimentares ao carboi-
drato, promovendo liberação de histamina, culminando numa
reação inflamatória difusa com vários sinais de urticárias pelo

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corpo, além da famosa síndrome da má absorção dos nutrien-


tes, que acometem nossos animais.

A obesidade é um distúrbio metabólico que afeta de 6


a 12 % da população felina, enquanto que a canina é direta-
mente afetada com 25 a 45%, isso segundo Lazzarotto,1999.
O excesso de carboidrato na dieta desses animais pode levar
a altos índices de insulina sérica, permitindo com isso maior
ganho de peso e acúmulo de gordura nos tecidos adiposos.
Ao contrário, dietas com altos teores proteicos e baixos de car-
boidratos aumentam a perda de peso, pois o metabolismo da
gordura corporal é aumentado mesmo sem reduzir o consu-
mo de energia (Bravata et al., 2003).

Mesmo com fisiologias e metabolismos distintos, os car-


nívoros que apresentam intestinos delgados e grossos curtos
(Murgas et al., 2005) possuem semelhantes aproveitamentos
energéticos. Apenas 6% da sua energia é advinda de carboi-
dratos dietéticos de origem animal das vísceras e múscu-
los. A fonte mais importante de energia advém dos lipíde-
os, promovendo a maior durabilidade energética e o menor
processo inflamatório metabólico, respeitando sua contínua
fisiologia. A redução da utilização de ingredientes de origem
vegetal, principalmente os carboidratos à base de grãos, tu-
bérculos e vegetais como ingredientes para carnívoros pode-
rá contribuir também para um aumento no aproveitamento
da dieta de uma maneira geral, principalmente dos produtos
de origem animal.

Convido a todos os leitores a assistirem o documentá-


rio norte-americano lançado em 2016, conhecido como “Pet
Fooled”, o qual retrata exatamente o que os nossos animais
domésticos estão sofrendo com o enriquecimento industrial,

66 | Tarcísio Alves Barreto Filho


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sem algum respeito à espécie canina e felina. Em se tratando


de felinos, evita-se até comentários quando se fala em dietas
industrializadas para essa espécie. As rações para gatos, ricas
em ingredientes de origem vegetal e altos teores proteicos,
induzem a formação de urina neutra ou mesmo alcalina, pre-
dispondo a formação de urolitíase por estruvita, segundo Pi-
res, 2010.

As fibras contidas nas vísceras e músculos de forma in


natura são suficientes para o excelente trânsito intestinal des-
ses animais. Temos como principal exemplo os felídeos selva-
gens que se alimentam apenas de caça e delas retiram todas
as suas necessidades nutricionais, incluindo as fibras digestí-
veis e não digestíveis.

Nos primatas (macacos, chipanzés, humanos...) a diges-


tão dos carboidratos é iniciada pela boca, pois essas espécies
onívoras primatas possuem enzimas digestivas chamadas
de amilase salivar, que degradam os carboidratos de cadeia
longa em partículas menores, processo que continua quan-
do os nutrientes chegam ao duodeno e recebem a ação do
suco pancreático contendo enzimas chamadas de amilase
pancreáticas, finalizando assim a degradação e absorção dos
carboidratos pelas vilosidades intestinais.

Nos cães e gatos a ausência dessa enzima na saliva con-


firma o quanto essas espécies não podem receber carboidrato
em sua dieta de forma excessiva, como fonte nutricional, pois
tal ausência faz com que a enzima amilase pancreática ten-
te compensar o processo de digestão trabalhando de forma
exaustiva, podendo ocasionar todo o processo inflamatório no
organismo em geral, o que justifica, atualmente, o alto índice
de animais com pancreatite no Brasil e no mundo.

O segredo da longevidade nos cães e gatos domésticos | 67


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Você já ouviu falar em cães e gatos com doenças como ar-


trites, artroses, diabetes, obesidade, doenças autoimunes, cân-
cer, doenças renais, atopias, alergias, dentre outras patologias?
Eduard Goricev/freepick.com

Pois bem, todas elas possuem uma importante relação


com os alimentos e, principalmente, como excesso de carboi-
dratos na dieta. Muito se fala sobre alergias alimentares envol-
vendo a proteína como vilã, ficando assim o carboidrato um
quesito esquecido. Algumas especialidades chegam a levan-
tar a discussão de que a causa das alergias estão relacionadas
ao tipo de proteína ingerida na dieta e com isso trocam até
de ração para tentar substituir a proteína em questão, esque-
cendo completamente que, em todos esses produtos existem
altos índices de carboidratos em suas composições.

Portanto, vale ressaltar que, dificilmente os carnívoros


irão desenvolver alergias a proteínas e, facilmente essas aler-
gias se darão pelo consumo de grãos. Percebe o quanto isso
faz sentido? Não seria mais fácil pensar ou tentar entender
que os grãos não fazem parte da cadeia alimentar de carnívo-
ros? E que o problema alérgico pode estar no fato dele ingerir
em excesso o que ele não deveria? Pequeno detalhe: não estou

68 | Tarcísio Alves Barreto Filho


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dizendo o que não pode, estou enfatizando o que não deve


estar na dieta do seu Pet se o objetivo for proporcionar a ele
qualidade de vida e longevidade.

Todas essas indagações e analogias são importantes para


que possamos entender que esse novo conceito de viver mais
e melhor, sem o auxílio de fármacos para minimizar processos
inflamatórios, alérgicos, degenerativos, metabólicos, dentre
outros, depende primordialmente da alimentação e do estilo
de vida de cada ser!

Para se ter um corpo equilibrado, você precisa oferecer o


que a célula necessita para cada espécie. Lembra que falamos
do fato dos cães e gatos terem se adaptado ao longo dos anos
ao nosso meio? Porém, com isso, não mudamos a fisiologia de-
les! É o que devemos entender! Ao oferecer alimentos como
arroz, batata, dentre outros grãos (milho, trigo e soja), estamos
contribuindo para o desequilíbrio fisiológico do nosso pet e tra-
zendo para eles uma grande chance de um processo de ado-
ecimento e encurtamento da vida. Concorda comigo que eles
continuam adoecendo? Que, portanto, não estão conseguindo
extrair o máximo da sua genética celular?
freepick.com

O segredo da longevidade nos cães e gatos domésticos | 69


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Vamos pensar mais um pouco...

Nós, enquanto primatas temos como fontes primárias de


energia os carboidratos, que incluem as frutas, cereais, tubér-
culos incluindo as batatas, macaxeira e jerimum. Nas fontes
secundárias temos as gorduras (lipídeos) e como fontes terci-
árias, as proteínas (aminoácidos). Nos carnívoros as fontes pri-
márias de energia também são os carboidratos, todavia, obti-
das a partir das vísceras, com 4% em média, e nos músculos,
com 2% em média (Roça, 2001). As gorduras (lipídeos) apesar
de serem as fontes de energia secundárias, são consideradas
a fonte mais importante de energia, pois liberam o açúcar de
forma mais lenta e gradual. Já as proteínas continuam sendo
a terceira fonte de energia metabolizável da dieta. Sabendo
disso, vamos fazer uma breve analogia com uma fogueira feita
com palha seca, referenciando os carboidratos, e outra com
madeira de lei, referenciando as gorduras e/ou as proteínas. É
muito importante que você entenda esse raciocínio:
Dmytro Gilitukha/freepick.com

exemplo do processo metabólico


energético do carboidrato
• Alta temperatura e rápida combustão;
• Precisamos abastecer constantemente
para que ela não apague;
• A chama libera um calor tão intenso que
não conseguimos nos aproximar dela.

A fogueira de palha seca representa o processo meta-


bólico energético do carboidrato, que é a retirada da energia
proveniente do açúcar contido nele. O carboidrato disponibi-
liza esse açúcar de forma imediata para o organismo (aí entra

70 | Tarcísio Alves Barreto Filho


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o comparativo com a palha seca, pois queima rápido, como


combustível), levando a um aumento excessivo do metabolis-
mo corpóreo convidando o organismo a trabalhar mais e ele-
var sua acidez (acidose metabólica). Temos aí o início de um
processo inflamatório que se une a altos níveis de açúcares
livres no organismo, fazendo com que o cortisol (anti-inflama-
tório fisiológico) entre constantemente na briga para “apagar
o incêndio” gerado pelo carboidrato ingerido em excesso.
freepick.com

exemplo processo metabólico


energético lipídios e proteínas
• Combustão mais lenta;
• Calor relativamente confortável (podemos
até ficar próximos a ela nos aquecendo
sem que isso nos incomode);
• Chama mais latente chegando as vezes a
durar até o dia seguinte.

Na fogueira a lenha, temos os lipídios e as proteínas re-


presentados pela lenha, onde iremos observar que a queima
da mesma é feita de forma gradual e duradoura, represen-
tando nisso, a biodisponibilidade do açúcar no organismo
que tem o processo metabólico energético mais equilibrado
para os carnívoros, sem a necessidade de repor energia com
muita frequência (é a famosa saciedade).

Do mesmo jeito que não é preciso repor a lenha pra man-


ter a chama acesa, um carnívoro não precisa comer a todo o
momento (um exemplo fantástico são os leões, grandes felinos,
que quando se alimentam passam grande parte do seu dia
reproduzindo, descansando em meio ao seu grupo, tomando
sol... até que sintam a necessidade de caçar novamente).

O segredo da longevidade nos cães e gatos domésticos | 71


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O que dá para entender com tudo isso? É que, em se


falando de metabolismo celular, viver num ambiente quente
e inflamado se torna insuportável, principalmente de forma
crônica, pois buscamos sempre meios mais alcalinos para
manter a homeostase celular. E pra fazer ainda mais senti-
do ao que estamos falando, o resultado final de um câncer
ou doença autoimune, é consequência de nossas células ten-
tarem se defender destes meios insuportáveis, buscando a
todo custo seu equilíbrio ambiental. Elas invertem de forma
biológica o seu metabolismo para tentar se adaptar às adver-
sidades impostas, ou seja, as células modificam sua maneira
de viver se transformando em outras células (cancerígenas)
ou morrem e matam as células vizinhas, o que conhecemos
como doenças autoimunes.

Contudo, podemos afirmar que, tratando-se de carnívo-


ros, tendo eles se adaptado ao nosso meio ou não, cabe a nós
como obrigação respeitar a fisiologia de sua espécie, a ponto
de se permitir estudar o básico na sua potencialidade e pro-
mover saúde a partir da qualidade do alimento oferecido a
eles. O natural será sempre o mais simples e o mais simples
te mostrará sempre o caminho que te levará a fazer as per-
guntas certas e construir um novo conceito de longevidade
repleto de embasamento e lucidez já que nos encontramos
em meio a tanta industrialização e caos. Seja fiscalizador
não só do que você ingere, mas também da alimentação do
seu Pet, nele está o reflexo das suas escolhas.

72 | Tarcísio Alves Barreto Filho


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Tales Paulo
s egu n do
segredo
Exercícios físicos: o
corpo em movimento

C
hegamos em mais um dos pilares da Longevidade
Saudável Pet que vem para agregar a tudo o que já
foi abordado. Vamos conversar um pouco sobre a
prática de exercícios físicos do seu animal e a importância
de mantermos o corpo deles em movimento. Como venho
frisando a cada capítulo, nada como uma retrospectiva aos
primórdios dos nossos amigos de quatro patas para que
tudo se encaixe de forma lógica e natural.

Com a domesticação, nós humanos e primatas, começa-


mos a restringir cada vez mais a área dentro do habitat dos
nossos animais. Para que eles atendessem aos nossos coman-
dos e realizassem suas tarefas de se organizar, caçar, proteger

O segredo da longevidade nos cães e gatos domésticos | 73


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e procriar, passamos a doutriná-los de forma que o território


explorado por eles começou a sofrer restrições. Passamos a di-
zer onde eles deveriam ficar para vigiar um rebanho, para co-
mer, para caçar e até para dormir.
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Toda uma vida livre começava a ser orquestrada pelo ho-


mem que, com o surgimento da agricultura, há 12 mil anos, dei-
xava de ser nômade e, convenientemente, encontrava nos cães
selvagens, uma parceria perfeita. Para os cães a comida estava
disponível, e com isso seu instinto de caça natural começava
a sumir, sem que ambas as espécies, humanos e animais, pu-
dessem perceber, e daí também iniciava-se uma relação onde,
com a rotina em que estavam inseridos não tinham tanta no-
ção de que, a partir desses momentos, surgiria a amizade que
vivemos hoje.
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Toda essa história tem sua beleza e sua importância na


evolução dos tempos e nos mostra como, até hoje, nossos pets
são vítimas desse reflexo. Hoje, o número de pessoas que man-
têm seus cães e gatos em ambientes caseiros e limitados só
cresce. Eles se adaptaram? Sim! Claro, foi necessário, ou melhor,
foi imposta a eles tal condição. E aí estão nossas escolhas geran-
do neles consequências extremamente relevantes novamente...
Mas afinal, o que poderíamos fazer para amenizar a falta de
vida livre e de exercícios físicos que agregam positivamente na
qualidade de vida dos nossos pets? As ideias contidas em cada
capítulo possuem suas singularidades, porém, trago uma pa-
lavra-chave que se relaciona diretamente com a longevidade:
movimento! Pois bem, o movimento é vida e traz vida longa!
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O corpo em movimento é a chave para um organismo


em ótimo estado e perfeito funcionamento. A prática de exer-
cícios físicos nos nossos cães e gatos promove um ganho indis-
pensável na saúde deles. Durante o exercício ocorrem diversas
adaptações fisiológicas, promovendo o desenvolvimento de
diversos sistemas orgânicos, bem como a modulação do sis-
tema nervoso autônomo. (Billman, 2009; Barretto et al., 2013).

O movimento durante a prática de exercícios físicos con-


trolada libera neurotransmissores como a dopamina que em

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nós humanos tem seu déficit ligado a diversos distúrbios como


depressão e doença de Parkinson, também conhecida como
neurotransmissor do prazer e responsável por regular aspec-
tos motores.

Também proporcionam a liberação da serotonina, outro


neurotransmissor conhecido popularmente por “hormônio do
bem-estar” atuando na formação de novos neurônios e como
influenciador nas áreas do sono e também nas emoções. Não
podemos esquecer das encefalinas e endorfinas, que também
são liberadas em cada alongamento dos grupos musculares,
nos momentos em que ocorrem flexão e extensão dos mem-
bros e tronco. A eliminação de radicais livres e metabolites,
substâncias liberadas após o anabolismo celular, o catabolismo
e tudo que sobra do nosso metabolismo orgânico e precisa ser
descartado, também ocorre durante a prática de exercícios.

Temos inúmeros benefícios e ganhos por meio do movi-


mento, do exercício físico em si. Com ele, permitimos a renova-
ção celular e também podemos afirmar que as articulações e
vasos sanguíneos presentes no organismo dos nossos pets rece-
bem um reforço indispensável. Nas articulações, a manutenção,
renovação e lubrificação, ocorre também através dos movimen-
tos, ou seja, as arteríolas periarticulares enviam sangue para as
membranas sinoviais, onde este sangue irá sofrer ultrafiltração
para assim poder entrar na articulação e daí formar nova sinóvia.

Portanto, o movimento permite renovar todo conteúdo


sinovial a cada flexão e extensão articular participando direta-
mente da nutrição e lubrificação das juntas móveis. Se favorece-
mos a prática de exercícios físicos nos nossos animais estamos
imediatamente proporcionando uma troca natural, renovando
líquido sinovial e gerando, com isso, um bem-estar orgânico.

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Diferentemente do que ocorre nas articulações móveis


(ombro, cotovelo, joelho, carpos e tarsos), nas articulações se-
mimóveis (discos intervertebrais), a lubrificação se deve princi-
palmente por meio do descanso e repouso da coluna vertebral,
da difusão osmótica entre as arteríolas periarticulares e os anéis
discais, já que o disco é avascular. No momento em que os ani-
mais estão em descanso ou em repouso, os discos interverte-
brais iniciam o processo de relaxamento, permitindo excelente
funcionamento osmótico da entrada de nutrientes intradiscais
como colágeno tipo II, tipo I, condroitinas, glucosaminas, água
entre outros elementos essenciais para a manutenção dos anéis
discais e núcleo pulposo.

A hidratação, lubrificação e nutrição dos discos no mo-


mento do repouso, permite a essa estrutura enfrentar novos im-
pactos e estresses funcionais do movimento. Portanto, para que
haja um excelente equilíbrio dinâmico e estático, o corpo em
movimento sempre será acompanhado de um bom descanso.

E não é só isso, devemos permitir que os nossos animais te-


nham o mínimo de aproximação com a sua vida natural e suas
necessidades fisiológicas. Eles precisam estar em contato com a
natureza para que cheguem cada vez mais perto da longevidade.
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O segredo da longevidade nos cães e gatos domésticos | 77


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Temos a obrigação de proporcionar momentos de pra-


zer, satisfação e de identificação com sua fisiologia. Temos que
compensar perdas e permitir que eles ampliem o seu olfato não
tendo que conviver única e exclusivamente com o cheiro das
suas fezes e urinas presentes em seu mesmo ambiente de sono
e alimentação. É sabido que, principalmente os pets que vivem
em apartamentos, são obrigados a conviver em um ambiente
onde seu olfato não trabalha, ou seja, não existe diversificação
de cheiros, não existe procura, não se têm estímulos diferentes,
e isso é bem preocupante pois eles precisam diversificar o ol-
fato, cheirar à vontade e cheirar diversos ambientes, assim vão
sentir muito mais prazer do que você possa imaginar: nossos
animais precisam explorar!

O sono e a ansiedade podem receber uma ajudinha muito


positiva com a prática regular de exercícios físicos ao ar livre. Ti-
rar seu cachorro da guia e proporcionar livre passeio e um con-
tato com a natureza diminui bastante os níveis de ansiedade e
podem proporcionar um sono digno de renovação.

Tratando-se dos felinos, não pensem que são criaturinhas


preguiçosas, pode ser apenas falta de estímulo!
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Os filhotes são mais animados, mas quando adultos não!


É porque eles costumam dormir mais do que os cães (até dois
terços do seu dia). Observe o momento de pico de sua dispo-
sição, a hora em que ele está mais atento e alerta, e aproveite
para estimulá-lo com varas ou bolas, alternando sempre os ti-
pos de acessórios. Gatos que possuem acesso a áreas externas
estão mais propícios a uma vida saudável e a um corpo dentro
dos padrões de saúde animal.
Photographer Husniyye Mammadova/freepick.com

Eles são mais de velocidades intercaladas do que de mo-


vimentos contínuos como é de característica canina. Criar am-
bientes que convidem o felino a escalar, arranhar, saltar, pen-
durar, e até estimular a caça a petiscos, são ótimas saídas, sem
falar que se o gato é o único pet na casa, a ideia de um outro
amigo felino não deveria ser descartada, eles se ajudam muito
quando se trata de exercitar-se.

No caso dos nossos amigos cães, são comuns habilida-


des em realizar exercícios contínuos e aceitam melhor co-
mandos, o que favorece a prática de exercícios em ambien-
tes livres. Vamos encontrar raças e instintos que variam seus
gostos, portanto a dica infalível é: conviva e preste atenção

O segredo da longevidade nos cães e gatos domésticos | 79


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aos sinais! Isso vai te dizer muito sobre a personalidade deles


e suas escolhas no quesito exercitar-se. Observe, apresente
as opções, permita que eles se deliciem nas suas aventuras
e sinta aquela sensação de dever cumprido em estar contri-
buindo positivamente para que seu pet tenha uma qualida-
de de vida totalmente ligada à longevidade saudável.
song.ya.ge/freepick.com

80 | Tarcísio Alves Barreto Filho


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terce i ro
segredo
MODULAÇÃO HORMONAL:
A importância dos
hormônios para uma
vida mais saudável

E
chegamos ao ápice da nossa leitura, ao maestro que rege
a orquestra da vida, a cereja do bolo: os hormônios! Sim,
é exatamente isso: hormônio é vida! Esse é um capítu-
lo que fala para todos os seres, todas as espécies e indivíduos.
Deus em sua magnitude nos construiu com matérias similares
e, inerente a qualquer ponto religioso, a natureza proporcionou
as mesmas fontes de vida: oxigênio, gás carbônico, compostos
celulares, químicos, dentre milhares de moléculas que consti-
tuem nossos corpos, os nossos enquanto humanos, e o deles
enquanto animais, mamíferos, carnívoros... E estão conosco, as
espetaculares substâncias chamadas de hormônios!

O segredo da longevidade nos cães e gatos domésticos | 81


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O que são? Quem são esses


hormônios? Onde eles estão
inseridos?

Tratam-se de substâncias químicas específicas produzi-


das no sistema endócrino ou por neurônios altamente espe-
cializados, tendo cada um sua devida importância e suas di-
versas funções dentro do organismo.

Eles estão na natureza e em processos que muitos de


nós nem imaginamos. Estão presentes na renovação celular
de uma árvore, na formação dos frutos, no desenvolvimento
de um feto, envolvidos nos processos inflamatórios, de dor, em
todo ciclo reprodutivo e na simples renovação epitelial da der-
me... Eles estão presentes na regulação de todo um sistema
orgânico em sua incrível perfeição! Estão em seu nível signi-
ficativo quando atingimos plena fase de adolescência, tanto
nos animais, quanto nos humanos.

Os hormônios podem ser classificados de acordo com


suas funções e suas estruturas moleculares, além do sítio de
produção, como por exemplo hormônios proteícos produzi-
dos pela adeno-hipófise como os tireóideo-estimulantes (TSH),
os folículos estimulantes (FSH), a prolactina, e os luteinizantes
(LH). Existem os produzidos pela glândula paratireóide (PTH)
e os produzidos pela glândula pancreática, como a insulina e
o glucagon. Os derivados fenólicos produzidos na supra-renal
como a adrenalina e o cortisol e agora, pela própria glândula
tireóide, temos a triiodotironina (T3) e a tiroxina (T4). Por fim os
hormônios esteroidais produzidos pelas supra-renais e pelas
gônadas como a testosterona, o estradiol, e os progestágenos.

82 | Tarcísio Alves Barreto Filho


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Tales Paulo
Os hormônios hipotalâmicos interferem diretamente na
neuro-hipófise e na adeno-hipófise. A neuro-hipófise produz
a vasopressina (ADH) que age sobre os rins, aumentando a
retenção de água pelo corpo, a concentração dos íons e com
isso eleva a pressão arterial. Armazena também a Ocitocina
que é produzida pelo hipotálamo. Esse hormônio ocitocina
interfere na produção e liberação do leite pelas mamas e au-
xilia na contração uterina, além de reduzir sangramento no
momento do parto.

Os hormônios estimulantes da tireóide (TSH), são produ-


zidos e liberados pela adeno-hipófise, localizado no cérebro
e tem por finalidade estimular a tireóide a produzir T3 e T4. A
triiodotironina (T3) juntamente com a tiroxina (T4) controlam o
gasto de energia do organismo. Por exemplo: a tireóide libera
estes hormônios, o metabolismo acelera e, inversamente, quan-
do há ausência destes hormônios circulantes, o metabolismo
fica mais lento. A glândula tireóide é a grande mola mestre de
todo o organismo quando se fala de maestria organizacional
dos hormônios. É a principal articuladora entre o cérebro e o
corpo, fazendo sua perfeita regulação. Ela se localiza na região
cervical, entre o eixo hipófise-hipotálamo e as glândulas su-
pra-renais. Sua produção de T3 (triiodotironina) e T4 (tiroxina),

O segredo da longevidade nos cães e gatos domésticos | 83


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depende do sinal central do TSH (Hormônio Estimulante da Ti-


reóide produzida pela adeno-hipófise) e sua coordenação di-
reta e indireta na maestria da vitamina D3 (colecalciferol), que
será detalhado mais adiante.
Tales Paulo

O ACTH que é o hormônio adreno-corticotrófico, estimula


a produção de cortisol na supra-renal. O cortisol por sua vez é o
hormônio responsável pela regulação da glicose no organismo,
assim como das proteínas e do metabolismo de lipídeos. Ele
também atua na supressão da resposta do sistema imunitário
e equilibra a pressão sanguínea. É o principal anti-inflamatório
endógeno do corpo e é ele quem mais trabalha quando se está
estressado, ou quando se ingere altos níveis de carboidratos na
dieta, principalmente a base de grãos.

Glândula Pituitária

Glândula Adrenal
Rim
Tales Paulo

84 | Tarcísio Alves Barreto Filho


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Já o hormônio folículo estimulante (FSH), produzido pela


hipófise, tem como função regular a produção de espermato-
zoides e a maturação dos óvulos durante a idade fértil. Eles
permitem avaliar se os testículos e ovários estão trabalhando
bem. O LH (Hormônio Luteinizante), também produzido pela
glândula hipófise, é o hormônio responsável pelo amadureci-
mento dos folículos, ovulação e produção de progesterona, e
nos machos está ligado diretamente a produção de esperma-
tozoides pelos testículos.

Outro grande hormônio, sintetizado pela adeno-hipófise,


a prolactina, estimula a glândula mamária a liberar o leite a ser
também estimulado pela cria. E por fim o GH que é o hormô-
nio do crescimento, produzido na hipófise anterior, atuando
diretamente na reprodução celular, principalmente nos ossos,
músculos e órgãos em desenvolvimento.

Os mineralocorticoides, tendo como o principal hormô-


nio, a aldosterona, que é sintetizado na zona glomerulosa da
glândula supra-renal, tem como principal função equilibrar o
balanço de íons e água do corpo. A aldosterona atua nos rins,
aumentando a reabsorção de sódio e de água, elevando assim a
pressão do corpo, mantendo o volume sanguíneo em equilíbrio.
A secreção da aldosterona dependerá dos níveis de potássio li-
vre na circulação, do controle do hormônio adrenocorticotrófi-
co conhecido como ACTH, também produzido pela adeno-hi-
pófise no cérebro. Mas tudo isso mediado pela angiotensina II,
que é uma substância derivada do sistema renina-angioten-
sina-aldosterona, promovendo vasoconstricção nas arteríolas
aferentes dos rins, diminuindo a taxa de filtração glomerular e
aumentando consigo a pressão do sangue. Ou seja, é um exce-
lente sistema de controle da pressão arterial.

O segredo da longevidade nos cães e gatos domésticos | 85


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A progesterona é um hormônio produzido pelos ovários,


mais precisamente no corpo lúteo amarelo, quando a fêmea
esta grávida, protegendo todo período gestacional e mantém
o equilíbrio dos ciclos estrais (cio) das fêmeas. Também são
produzidos na placenta e nas glândulas supra-renais. Prepara
o útero para receber o óvulo após a fecundação e nidação ute-
rina. Inibe as contrações uterinas, mantendo relaxamento do
miométrio, músculo uterino, durante a gravidez, diminuindo os
índices de aborto espontâneo ou patológico. É um hormônio
muito importante para a preservação da espécie animal. Mas,
só poderá ser produzido se o organismo estiver em um total
equilíbrio nutricional e orgânico.

Os hormônios esteroidais produzidos pelas gônadas (glân-


dulas sexuais) são os estrógenos que são produzidos pelos ová-
rios e a testosterona produzida pelos testículos, ambos possuem
biossíntese semelhante e são produzidos a partir do colesterol
ingeridos na alimentação através de produtos à base de ovos, vís-
ceras, músculo e gorduras (dieta base de todos os carnívoros).

Diante da real importância que esta classe de hormônios


esteroidais possui, não só para os humanos, mas também para
todos os animais, vamos deter maior atenção nesses hormônios
gonadais, mostrando vários trabalhos e experiências, já que te-
mos muito o que conversar sobre este tema, além da existên-
cia de diversos paradigmas que, necessitam ser quebrados, e
da atual polêmica da esterilização cirúrgica de cães e gatos em
todo o mundo. Portanto, vamos iniciar com os hormônios que
prevalecem nas fêmeas conhecidos como os estrógenos, mais
precisamente o estradiol e o estriol.

Os estrógenos são os verdadeiros hormônios femininos,


produzidos pelos folículos ovarianos maduros e possuem três

86 | Tarcísio Alves Barreto Filho


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importantes variantes que são: estradiol, estriol e a estrona. O


estradiol começa a ser liberado pelas jovens cadelas e gatas en-
trando na puberdade sendo os responsáveis pelo desenvolvi-
mento do corpo feminino até a maioridade sexual. Os baixos
níveis desses hormônios nas fêmeas caninas e felinas as tornam
mais sensíveis, apreensivas, inseguras e por vezes irritadas, mos-
trando que sua presença está relacionada com o bem-estar.
Toda mudança corporal observada nas fêmeas, da fase adoles-
cente para a fase adulta, é devido a esses hormônios, desen-
volvendo os órgãos internos relacionados à reprodução como o
útero e os próprios ovários.
Tales Paulo
Tales Paulo

O segredo da longevidade nos cães e gatos domésticos | 87


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As mamas crescem de tamanho e o quadril se alarga,


ocorrendo também o aumento vaginal. Já o aumento dos ní-
veis de estrógeno pode estar relacionado com o acúmulo do
depósito de tecido adiposo em regiões espalhadas do tecido
subcutâneo corporal. O estrógeno também dificulta uma ade-
quada metabolização das gorduras, portanto, sua modulação
devidamente controlada e acompanhada no consultório mé-
dico veterinário, é de extrema importância para o equilíbrio do
metabolismo desses animais.

Estudos em mulheres, mostram que a ausência ou defi-


ciência desses hormônios aumentam as chances de infartos,
depressão, gordura corpórea, aumento das dores de cabeça,
risco de coágulos no sangue, pouco controle do açúcar circu-
latório, aumento dos riscos de câncer no miométrio, aumen-
to dos riscos de doenças autoimunes, e reduzem os níveis de
oxigênio nas células.

Precisamos rever os nossos estudos quanto as castra-


ções das nossas cadelas e gatas, que possuem os mesmos
hormônios femininos e que, com sua diminuição ou ausên-
cia, também poderão acarretar sérios efeitos maléficos à saú-
de e principalmente a redução da expectativa de vida delas.

88 | Tarcísio Alves Barreto Filho


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A testosterona é secretada mediante regulação de dois


grandes hormônios adeno-hipofisários, que são o LH e o GH.
Sua produção se dá através da ação enzimática do colesterol
nas mitocôndrias das células de Leydig localizadas no interstí-
cio testiculares (Knobil et al,. 1988). A conversão do colesterol
em pregnolona na mitocôndria das células de Leydig é feita
pela catalização enzimática da cadeia de colesterol pelo cito-
cromo P450 (Vermeulen et al,.1990).

A enzima citocromo P450 é encontrada em várias partes


do corpo e é muito importante para converter colesterol em
aldosterona, em cortisol no córtex da adrenal, em testostero-
na nos testículos e colesterol em estradiol nos ovários (Devlin,
2003), além de estar envolvida na biossíntese da vitamina D3 e
ácidos graxos. Esta enzima é muito importante para o organis-
mo, pois também facilita a excreção de substâncias indesejá-
veis, atua na ativação e desativação de toxinas e fármacos.

O segredo da longevidade nos cães e gatos domésticos | 89


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Em machos, essa enzima atua em diferentes fases de


desenvolvimento, principalmente nos testículos. As enzimas
aromatases citocromo P450 se expressam nas gônadas e tam-
bém no cérebro. Nos testículos, a atividade da aromatase é
encontrada nas células de sertoli antes da puberdade e nas
células de leydig, quando adulto. A enzima citocromo P450
aromatase tem influência significativa no processo de forma-
ção do aparelho reprodutor masculino.

Ureter Ureter

Ilustrações: Tales Paulo


Vesícula urinária Cicatriz do úraco
Vesícula urinária

Ducto deferente Ducto deferente

Glândula ampular Glândula ampular


Corpo da próstata
Corpo da próstata
Uretra com M. uretral

Uretra com M. uretral


Gl. bulbouretral

M. isquiocavernoso M. bulboesponjoso

M. bulboesponjoso M. isquiocavernoso
M. retrator do pênis
M. retrator do pênis
Glande do pênis com GATO CÃO
prepúcio

Fonte: G. L. Anatomia dos animais domésticos. Texto e


atlas colorido - 4a edição, Editora Artmed, 2011

Diversos trabalhos em uma variedade de aves e mamífe-


ros mostraram que a ativação do comportamento de cópula
pela testosterona (BALTHAZART et al., 2002), e para as fême-
as, a conversão da testosterona em estrógenos, que são os
hormônios femininos, se dá através da enzima aromatase.

Como curiosidade: a ausência de testosterona na vida fetal


juntamente com a do hormônio anti-Mülleriano resulta na for-
mação das tubas uterinas, útero e vagina. Isso mesmo, todos os
cães quando fetos, tendem a serem machos, e com o desenvol-
vimento fetal aliado ao genoma de cada indivíduo, os testículos
rudimentares regridem formando ovários e consequentemente

90 | Tarcísio Alves Barreto Filho


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produzindo hormônios femininos nos folículos ovarianos (HAFEZ,


1995; GRUNERT et al., 2005; REY, 2005; GLICKMAN et al., 2006)

A testosterona é considerado o principal andrógeno da


circulação, e possui variadas importâncias no organismo tendo
como principais efeitos a ação pró-coagulação devido ao au-
mento da atividade dos receptores de tromboxane A (Shapi-
ro et al,.1999), melhora o raciocínio e restaura os níveis normais
dos hormônios de crescimento além de prevenir a osteoporose
(GuideUnimed Pharmaceuticals, 2001). Possui a capacidade de
regenerar as anemias aplásticas e anemias secundárias à insufi-
ciência renal crônica. Atua nos traumas, queimaduras, tumores,
doenças infecciosas e combate a síndrome metabólica (Bardin
at al,. 1991). Aumenta a atividade do sistema fibrinolítico e a ati-
vidade da antitrombina III (Shapiro et al,. 1999). Observe que a
testosterona possui várias ações benéficas ao corpo, e sua ex-
creção se dá pelos rins e vias biliares, através de metabólitos
inativos (Veldhuis et al,. 1988).

Estudos da testosterona em ratos gonadectomizados,


mostrou que houve alteração hemodinâmica devido a redu-
ção do débito cardíaco e da pressão sistólica, além da redu-
ção da massa corporal e do próprio peso do coração (Schaib-
le et al,. 1984). A alteração da função cardíaca esta associada
à redução da atividade da miosina ATP-ase.

O segredo da longevidade nos cães e gatos domésticos | 91


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Recentes trabalhos poloneses revelaram um significati-


vo aumento do risco de hipotireoidismo em cães castrados
de ambos os sexos. Todavia, estes estudos iniciaram em expe-
rimentos com ratas onde observou que os níveis de T3 caíram
significativamente após a ovariectomia, contudo, sem alterar
o TSH o que sugere efeito direto dos estrógenos na glândula
tireóide (Alicja et al,. 2014). Estes mesmos resultados de hi-
poteroidismo após histerectomias foram encontrados em ca-
delas segundo Panciera, 1994 e Scott, 2001. Estes efeitos do
estrógeno sobre a produção direta do T3, é sugerido pelas
pesquisas que os hormônios gonadais femininos atuem na
modulação enzimática da 5-desiodinase, que é a responsá-
vel por promover a conversão do T4 em T3. Portanto, medir a
quantidade de T4 no sangue é uma medida eficaz para de-
terminar a função da tireóide.

20
Concentração sérica de fT4 [pg / ml]

18

16

14

12

10

8 15,98 14,56
6
11,31 11,50
4

0
Fêmea
Castrado Intacto Macho

Fig. 1 Concentrações séricas médias de fT4 [pg / ml] em cães castrados e intactos de ambos os sexos

Pesquisas norte-americanas, em cães rottweilers, avalia-


ram o risco de osteossarcoma em animais castrados (Cooley et
al,. 2002). Embora evidências experimentais e clínicas sugiram
que os hormônios sexuais endógenos influenciam a gênese

92 | Tarcísio Alves Barreto Filho


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do sarcoma ósseo, a hipótese não foi testada adequadamen-


te em um modelo animal apropriado, segundo o autor. Outro
trabalho, do Texas (USA), mostrou o aumento da incidência de
ruptura de ligamento cruzado em cães castrados, em compa-
ração aos animais não castrados (Slauterbeck et al,. 2004).

Na Itália, mais precisamente em Turim, um estudo cien-


tífico com duração de 14 anos concluiu que o risco de câncer
ósseo em cães de raças grandes e puras aumentou duas ve-
zes em animais gonadectomizados segundo Ru et al,. 1998. O
mesmo risco foi constatado por Villamil et al., 2009, de Colum-
bia-USA, levantando a questão de que a castração aumenta as
chances de linfoma em cães, comparado aos não castrados.

O câncer de próstata é uma batalha rotineira na clinica


médica de pequenos animais, onde muitos dos caninos do-
mésticos são castrados para diminuir estes índices oncológicos.
Diante de várias polêmicas com relação à castração e o câncer
de próstata, alguns estudos universitários foram colocados em
prática para tentar desvendar essas incógnitas científicas.

Foi relatado que o câncer de próstata ocorre mais comu-


mente em cães machos castrados do que intactos em várias
séries de casos. A hipótese foi de que a castração é um fator
de risco para o câncer de próstata em cães machos e que a
predisposição racial também afeta os fatores genéticos para

O segredo da longevidade nos cães e gatos domésticos | 93


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o desenvolvimento desta enfermidade. A avaliação estatística


desse estudo foi o Odds ratio e tivemos os seguintes resultados:

3.56 (3.02–4.21)
para os carcinomas de células transicionais da bexiga urinária;

8.00 (5.60–11.42)
para os carcinomas de células transicionais da próstata;

2.12 (1.80–2.49)
para os adenocarcinomas prostáticos;

3.86 (3.13–4.16)
para os carcinomas da próstata;

2.84 (2.57–3.14)
para os demais cânceres prostáticos.

O resultado esperado não poderia ser diferente frente


aos dados encontrados nessa pesquisa amostral, onde os cães
machos castrados tiveram um risco significativamente alto
para os diversos tipos de câncer prostáticos, em comparação
com os cães inteiros (cães não castrados) (Bryan et al,. 2007).

Em um outro estudo utilizando cães machos e fêmeas com


o intuito de avaliar a influência hormonal na prevalência das ne-
oplasias diversas mostrou que cães machos gonadectomizados

94 | Tarcísio Alves Barreto Filho


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com menos de 6 meses e maiores de 12 meses de idade tiveram


chances significativamente aumentadas de desenvolver câncer
de mastócitos, linfomas, além de exacerbar o medo de tempes-
tades, ansiedade de separação, comportamento amedrontado
e agressão relacionada a comida, além de ter maior reação ad-
versas às vacinas convencionais, em comparação com cães não
castrados (Zinc et al., 2014). Nesta mesma pesquisa foi observa-
do que as fêmeas gonadectomizadas menores que 12 meses
de idade aumentaram as chances de desenvolver hemangios-
sarcoma, em comparação com as fêmeas intactas (Zinc et al.,
2014). Ainda nessa mesma vertente encontramos um outro tra-
balho que utilizou 252 fêmeas caninas de variadas raças, peso
corporal e variados grupos filogênicos com mastocitomas cutâ-
neos de grau 2 ou 3 e os resultados indicam que o aumento do
risco para o desenvolvimento de mastocitomas foi encontrado
em fêmeas castradas, quando comparadas com as fêmeas in-
teiras (White et al., 2011).

O segredo da longevidade nos cães e gatos domésticos | 95


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Um estudo de coorte utilizando 269 fêmeas com o obje-


tivo de avaliar os efeitos da castração precoce foi dividido em
dois grupos, sendo o primeiro com fêmeas com idade superior
a 6 meses enquanto as do segundo grupo foram utilizadas fê-
meas com idade inferior a 6 meses. O resultado mostrou que
as doenças infecciosas são mais comuns quando castradas an-
tes de 24 semanas de idade (Lisa et al., 2001).

Ainda em 2001, segundo Stöcklin-Gautschi et al., tam-


bém afirma que animais castrados possuem maiores chances
de terem infecções e incontinências urinárias, em relação aos
animais não castrados. Outro excelente estudo de coorte utili-
zando 29 cães machos inteiros, 63 fêmeas castradas e 47 cães
machos inteiros com idades que variam entre 11 e 14 anos, mos-
trou que a castração acelera a progressão de doenças cognitivas
independente do sexo (Hart, 2001). Já um outro estudo euro-
peu, um pouco mais antigo, realizado com 209 cães machos e
382 fêmeas mostrou que a castração leva a uma diminuição da
função metabólica, diminuição da energia, do desejo de brincar
e se exercitar, além do ganho de peso e o aumento de apetite
em fêmeas, segundo Praxis, 1990.

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Um outro estudo comparativo, que durou 13 anos, entre


retrievers, especificamente os labradores e os goldens, mos-
trou que a castração antes e depois do primeiro ano de vida
aumenta os índices de ruptura de ligamentos cruzados, au-
menta as chances de aparecerem linfossarcomas e masto-
citomas em comparação com os animais da mesma raça in-
teiros (Hart, 2014). Ainda nesse mesmo estudo, foi observado
também que 10% dos machos castrados precocemente foram
diagnosticados com linfoma, 3 vezes mais frequentemente
que os cães inteiros. Os hemangiosarcomas em fêmeas cas-
tradas tardiamente foi 4 vezes mais frequente que em animais
intactos (Hart, 2014).

Na medicina humana, os hormônios, por muitos anos,


também foram considerados vilões, nos quais a sua presença
ou a sua utilização terapêutica, aumenta o desenvolvimento
das principais neoplasias mamárias e prostáticas, dentre ou-
tras, assim como, todas as alterações metabólicas relatadas
em trabalhos científicos publicados no passado. O que pre-
cisamos hoje, é desmistificar essas verdades científicas, com
mais pesquisas. Todos os trabalhos que afirmam que os hor-
mônios são maléficos a saúde humana e animal, utilizaram
produtos sintéticos e não bioidênticos na sua complexida-
de biológica.

O segredo da longevidade nos cães e gatos domésticos | 97


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Quando a indústria desenvolveu os hormônios sintéti-


cos, a fim de patentear e ao mesmo tempo facilitar a admi-
nistração por via oral, como são feitos a maioria dos reposi-
tores hormonais, ela modificou a molécula esteroidal, que na
sua essência natural, são considerados na química orgânica
como grupos cetônicos e foram transformadas ésteres.

Esta molécula éster se apresenta como uma substân-


cia com elevados efeitos colaterais, efeitos estes devidamen-
te descritos pelos rótulos e bulas dos medicamentos, dentre
eles estão: a retenção de líquidos, aumento de pressão arte-
rial, risco de infarto, trombose e o aparecimento de câncer
quando em uso prolongado.

Quando se modifica uma molécula que possui uma fór-


mula natural na sua integridade e a sintetiza em uma ou-
tra molécula, de forma artificial, como exemplo estradiol em
maleato de estradiol, progesterona em cirpionato de proges-
terona, testosterona em decanoato de testosterona, como
mostrado na figura abaixo, modifica-se completamente seus
efeitos e seus benefícios, confirmados pela própria indústria
produtora dos fármacos, descrita no verso da bula.
Reprodução/freepick.com/montagem

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Na medicina veterinária, um trabalho científico publica-


do por Fergusson, em 1985, que virou verdade absoluta até os
dias de hoje, afirma que castrando as fêmeas antes do primei-
ro cio reduz a incidência de tumores mamário em 0,5%, de-
pois do primeiro cio reduz em 8%, após o segundo cio reduz
em 26% e para completar, se castrar depois de 2,5 anos de
idade, a histerectomia não impede o aparecimento das ne-
oplasia mamária. Nós, enquanto médicos, precisamos muito
rever nossos conceitos relacionados à fisiologia hormonal.
Reprodução

É de fundamental importância essa classe de hormô-


nios esteroidais para a saúde dos nossos animais de esti-
mação, pois eles influenciam diretamente a imunidade, o
sono, a memória, os processos inflamatórios, alívio das dores,
reprodução, controle da pressão, dentre outros. Esses efeitos
benéficos dos hormônios se estendem para qualquer outra
espécie mamífera existente no planeta, daí sua importância
no quesito dietético e na fisiologia hormonal. Para se alcan-
çar uma vida longa necessitamos avaliar constantemente es-
ses hormônios, sempre buscando níveis ideais para o regular
funcionamento do organismo.

Portanto, a deficiência sintética ou mesmo a própria au-


sência desses hormônios, poderá acarretar danos irreversíveis
ao corpo, já que tudo é regido pelo seu controle que vai desde
a excreção de enzimas digestivas, até um simples comando

O segredo da longevidade nos cães e gatos domésticos | 99


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celular para produzir mais energia mitocondrial. Esses super


compostos seguem na corrente sanguínea numa combina-
ção perfeita com os seus receptores contidos nos órgãos-al-
vos, sendo esse encontro o que provoca centenas de processos
bioquímicos e faz com que cada órgão ou tecido afetado, se
comporte de um modo específico. É aí que se inicia uma per-
feita harmonia, exatamente como uma grande orquestra sen-
do eles os regentes.

Hoje, entendendo os efeitos benéficos que os hormônios


oferecem aos animais, precisamos também nos aprofundar
mais sobre outros hormônios que estão fazendo toda diferen-
ça na longevidade humana: as melatoninas, as leptinas e as
grelinas, que possuem importantes funções para o organismo
como um todo, além das variadas substâncias que auxiliam
nesses processos principalmente no quesito longevidade, que
são as glutationas, hoje consideradas melhores hepatoprote-
tores e tampões de radicais livres, já que as moléculas de radi-
cal livre são muito instáveis dentro do organismo e precisam
estabilizar para diminuir seus efeitos maléficos.

Os ômegas 3, sendo os principais a EPA e a DHA, agem no


corpo baixando os triglicerídeos (diacilglicerol) e diminuindo a
ação do ácido aracdônico (oriundo do ômega 6), importan-
te mediador dos processos inflamatórios. A melatonina por
sua vez é um hormônio produzido pela glândula pineal que
harmoniza o organismo, preparando-o para dormir, em con-
traste com o cortisol, sintetizado pelas glândulas suprarenais,
que são liberados quando se necessita acordar. Ambas estan-
do diretamente ligadas ao ciclo circadiano. É de fundamen-
tal importância entendermos esses elos para harmonizarmos
o bem-estar. Esses hormônios se apresentam no atual foco

100 |Tarcísio Alves Barreto Filho


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das pesquisas para se alcançar a vida longa, além de outras


importantes funções para o pleno funcionamento do corpo,
sendo que poucos são os trabalhos relacionados com esses
hormônios na saúde animal.

Precisamos avançar e pegar aquela velha carona na me-


dicina preventiva, buscando os estudos profundos da fisiolo-
gia dos hormônios, da nutrologia antienvelhecimento, na neu-
rociência, e na biofísica quântica que está muito presente no
nosso dia a dia e pouco se é estudado na medicina animal,
buscando equilíbrio da mente e do corpo. Quem nunca viu
um gato ronronar? Acredite! Eles também se utilizam da biofí-
sica para viver mais e melhor! Não é à toa que dizem que eles
possuem 7 vidas.

A vibração do ronronar nada mais é do que uma gera-


ção de ondas advindas dos feixes musculares para emitirem
frequências de ondas que harmonizam e equilibram o orga-
nismo, deixando-os em uma única frequência vibratória, per-
mitindo com isso aumento na regeneração tecidual através da
biofísica endógena produzida pelo próprio animal. As ondas
emitidas pelos músculos de maneira constante e mantendo
sempre a mesma frequência por um determinado instante de
tempo, permitirá equilíbrio entre as células, que por muitas ve-
zes caminham em diferentes frequências, e se utilizam desta
mio vibração celular para se recuperar de um possível trauma
articular adquirido após uma simples brincadeira de correr com
os outros gatos. Isso mesmo! Assim como os músculos possuem
essa capacidade vibratória, o que chamamos de mio vibração,
os órgãos também possuem esta incrível capacidade.

Cada órgão desempenha sua função no organismo e to-


dos eles trabalham em horários e maneiras diferentes e, com

O segredo da longevidade nos cães e gatos domésticos | 101


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isso, sua vibração, dependendo do seu trabalho, também são


distintas. Assim como a biofísica endógena está para o equi-
líbrio orgânico, através das frequências de ondas liberadas
pelas próprias células e órgãos, a bioquímica endógena libera
substâncias químicas conhecidas como maconha endógena,
através da síntese dos endocanabinóides, que são produzidos
e liberados a partir dos fosfolipídios presentes no interior do
corpo celular neural pós-sináptico, buscando com isso todo o
equilíbrio celular através da própria química interna dos ani-
mais e nos humanos.

Precisamos entender e aprofundar mais sobre a medici-


na canábica, pois todas as suas funções e características, pas-
sando pelos efeitos e ações dessas substâncias, se assemelham
a um álcool lipofílico com função, ação, benefícios e importân-
cias de um endohormônio assim como o colesterol, que por
muitos anos foi considerado um vilão para a medicina, e hoje
é tido como um álcool também lipofílico precursor de todos
os hormônios esteroidais, encontrados nos alimentos que pos-
suem gordura, vísceras, músculos e carcaças. Por isso, que os
nossos carnívoros domésticos necessitam de alimentos com
essas bases nutricionais e não com os excessos de verduras,
legumes e outras gorduras de origem vegetal, onde não en-
contramos o colesterol.

O sistema nervoso com essa capacidade de modular e har-


monizar o organismo por meio das substâncias químicas endó-
genas participa diretamente do nosso foco de estudos na bus-
ca da vida longa. Cada tecido e sistema necessita ser revisado,
tanta na sua fisiologia, revendo cada substância liberada, como
na sua qualificação, quantificação e na promoção da saúde. O
tecido adiposo, que por muitos anos foi considerado apenas

102 | Tarcísio Alves Barreto Filho


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um tecido em que se armazena triglicerídeos, hoje é classifica-


do como um órgão endócrino, produtor de várias substâncias
benéficas para o organismo. Um grande exemplo são as lepti-
nas, as adiponectinas e as famosas angiotensinas, também co-
nhecidas como sistema renina-angiotensina-aldosterona, que
são um conjunto de peptídeos e enzimas capazes de controlar
o volume extracelular e a própria pressão arterial do corpo. As
leptinas são hormônios peptídeos sintetizados através dos teci-
dos adiposos pelos adipócitos, que desempenham importante
papel na homeostase energértica, permitindo um verdadeiro
diálogo entre os neurônios e as células gordurosas. As grelinas
também são peptídeos, produzidos pelas células do estômago,
e estão diretamente envolvidas na regulação do balanço ener-
gético a curto prazo.

VITAMINA D3

A vitamina D3 vive seu momento de ascensão na medici-


na veterinária onde, quando utilizada em altas doses, passa a
ser considerada um hormônio, sendo este essencial para a saú-
de dos animais e protagonista em estudos reveladores quanto
a brilhante atuação no organismo, principalmente dos animais
de companhia. Doses acima de 1000 UI interferem diretamen-
te na homeostase mineral desses organismos além de estar
envolvida na regulação dos processos inflamatórios, imunoló-
gicos, anti-neoplásicos e doenças metabólicas como diabetes.

Existem estudos científicos (How, et al. 1995), evidencian-


do que o cão e gato não convertem a vitamina D3 através da

O segredo da longevidade nos cães e gatos domésticos | 103


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biotransformação do 7-de-hidro-colesterol pela pele, depois hi-


droxilando no fígado 25-OH-D (calcidiol) e por fim ativando nos
rins em 1,25-OH-D3 (calcitriol), como nos humanos. Todavia, es-
tas pesquisas foram realizadas na Holanda, país onde há baixa
incidência de radiação UVB devido sua localização (regiões pró-
ximas ao ártico) e consequentemente conferem baixos índices
de vitamina D para os humanos e pets que lá habitam.

A política desses países oferece de forma gratuita para a


população humana a suplementação com vitamina D3 sendo
2500UI para crianças e de 7000UI a 10000UI para os adultos. O
índice de pessoas dessas regiões, com depressão e que come-
tem suicídio é elevadíssimo. No caso dos animais de estimação,
que habitam regiões próximas aos polos norte e sul, a suple-
mentação de vitamina D3 prescrita pelos médicos veterinários
também ocorre de forma obrigatória, já sua conversão pela
pele é insuficiente, segundo pesquisas científicas. Pesquisas es-
sas que não refletem a realidade brasileira, principalmente para
um país situado geograficamente próximo a linha equatorial,
onde há maior predominância de radiação solar.

Aqui no Brasil, quem nunca viu um cachorro ficar no sol


em pleno meio-dia, no chão, deitado de barriga para cima, no
quintal de casa ou meio da rua, por alguns minutos?
Cedida

Cedida

Tutor: RENAN Tutor: PAULO


Cão: ENZO GABRIEL Cão: LAIKA

104 |Tarcísio Alves Barreto Filho


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Foi esta indagação que fiz, quando li o artigo científico do


Dr. How, feito na Holanda afirmando que eles não precisam de
sol, pois não convertem em D3 pela pele. Sempre criei cães e
todos eles possuíam este mesmo hábito: ir se expor ao sol to-
dos os dias naquele horário entre 10h e 14h, comumente mais
de uma vez por dia e por alguns minutos. Daí a observação po-
deria criar o seguinte questionamento: ah não! Eles vão para o
sol para aquecer o corpo! Ou para se esfregar no chão quente,
para se coçar! Mas, e aquele cão que vive no sertão do estado
do Rio Grande do Norte, onde na sombra a temperatura mé-
dia é de 40ºC e ficam no meio do asfalto em pleno meio-dia,
de barriga para cima? Será que é para aquecer seu corpo ou
simplesmente para se expor no asfalto quente, onde a tempe-
ratura passa de 50ºC nestes horários? Foram essas perguntas
que me fiz como profissional da saúde animal. Precisava apro-
fundar meus estudos sobre a vitamina D na vida dos nossos
pets, encontrando com isso inúmeras respostas.
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Ainda nesse tema, diante de vários questionamentos so-


bre a incidência elevada de casos de câncer de pele na po-
pulação humana nos últimos anos, comecei a perceber que a
população de pescadores que vivem em ambientes isolados,

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pouco apresentam estatísticas dessa enfermidade descrita


por pesquisas médicas em todo o mundo. A própria medicina
não consegue justificar os poucos casos confirmados de cân-
cer de pele nessa população.

Mas, fazendo um comparativo com os agricultores que vi-


vem também de forma isolada, sem o uso de agrotóxico nas
lavouras, esses índices estatísticos são surpreendentemente su-
periores, já que estamos falando de duas profissões muito se-
melhantes, tendo ambas no seu cotidiano o sol como aliado,
e, não fazem uso frequente de protetores solares como forma
preventiva contra a radiação. O que difere essas duas profissões,
diante da incansável exposição solar, é a própria alimentação.
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Normalmente os pescadores se alimentam de peixes e


frutos do mar e os agricultores, de farinha de mandioca, de mi-
lho, batatas, macaxeiras entre outros excessos de carboidratos.
Estes alimentos, como já sabemos, promovem processos in-
flamatórios crônicos, principalmente sendo seu consumo em
excesso, e na presença de inflamações constantes, inclusive na
pele, a radiação solar poderá ser apenas um gatilho para o sur-
gimento oncológico na derme e epiderme dessas pessoas.

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Tudo indica que a exposição solar excessiva, pode estar li-


gada diretamente com o que você come e não a exposição ao
UVB. O carboidrato em excesso poderá ser o principal vilão dos
processos oncológicos, não só dérmicos como também de for-
ma geral, incluindo câncer de mama, próstata, tecido imunoló-
gico, neurológico, endócrinos dentre outros tecidos humanos
e animais. Precisamos abrir nossos olhos e nossas mentes para
os processos, para as questões, para as pesquisas e para a nossa
própria saúde. O sol é um dos vários sistemas que o universo
nos oferece, para nos proteger contra a depressão, contra as do-
enças imunológicas, inflamatórias, amenizar os processos dolo-
rosos, além de oferecer a vitamina D regulatória da homeostase
mineral orgânica.

Diante de tudo, temos a plena certeza que Deus não iria


ser tão mal assim, colocando o sistema solar contra os diversos
tecidos biológicos celulares animais ou vegetais. É o natural a
nosso favor, ou a natureza ofereceria risco a nós, seus filhos? As
plantas também necessitam do sol para realizar a fotossíntese
necessária no nosso planeta e diante de tanta exposição radio-
ativa no tecido celular vegetal, não vemos nenhuma pesquisa
relacionada à neoplasia nas folhas, flores, caule ou raiz da nossa
flora. Será que esses tecidos são tão diferentes assim? Será que o
câncer dos tecidos biológicos só ocorre em tecido animal? Será
que os nossos cães e gatos realmente necessitam utilizar prote-
tor solar como prevenção a radiação? Como médico veterinário,
preocupado com o número crescente de câncer na população
animal, decidi aprofundar meus estudos sobre a radiação ultra-
violeta nos cães e gatos domésticos do Nordeste brasileiro, para
tentar entender e até desmistificar tal problemática, além de
tentar entender a real função da vitamina D3 na qualidade de

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vida dos nossos animais de estimação. Tentar também encon-


trar a dosagem necessária para cada porte de animal, já que não
existem pesquisas sobre a necessidade diária de D3 nos cães e
gatos no mundo.

Sabendo da importância dessa vitamina para a saúde dos


nossos animais de estimação, venho fazendo uma série de tra-
balhos sobre a vitamina D3 na vida dos cães e gatos domésticos
e obtive excelentes resultados. Sempre me chamou atenção
como os nossos seres de quatro patas procuram o sol diaria-
mente, no momento mais quente do dia, onde a radiação UVB
se encontra em alta. Iniciei os trabalhos dosando a vitamina D3
nos animais para fins comparativos daqueles que recebem ra-
diação e os que não recebem radiação UVB.

Os resultados foram surpreendentes! Os que não recebiam


sol e recebiam ração como dieta principal, possuíam dosagens
de vitamina D3 entre 10-30 ng/ml, diferentemente daqueles
que recebiam sol e comiam ração, em que os níveis de D3, es-
tava sempre acima de 50 ng/ml. Observe que a alimentação
é a mesma, só muda o ambiente em que o animal está inseri-
do. Daí fiquei cada vez mais curioso sobre essas descobertas e
aprofundei os estudos para comprovar e confirmar que a dieta
à base de ração não é o suficiente para repor essa vitamina nos
animais que não recebem esta radiação de forma espontânea.

Dividi o estudo piloto em 4 grupos de 4 animais cada,


onde o Grupo I não recebia UVB de forma espontânea e comia
ração como fonte de vitamina D. O Grupo II, possuía acesso livre
ao sol e recebia ração na dieta diária. O Grupo III, não recebia
radiação, mas foi introduzida alimentação natural úmida à base
de vísceras, músculos, gorduras, carcaças, fibras e o Grupo IV,
recebia UVB diário, e alimentação natural úmida. O resultado

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foi magnífico! O Grupo I possuía entre 10-30ng/ml de vitamina


D3, o Grupo II possuía entre 50-70ng/ml, o Grupo III com 40-
50ng/ml e Grupo IV entre 90-110ng/ml, justificando que tanto
a dieta quanto a exposição solar interferem nos níveis séricos
da vitamina D3 do organismo dos nossos cães. Portanto, estas
informações nos fazem entender a importância de se estudar
mais sobre o tema já que nossos animais carecem dessa vitami-
na para viver mais e melhor.

Esse hormônio está envolvido em diversas regulações or-


gânicas que vão desde a síntese proteica, controle imunológi-
co, regulação do metabolismo energético, própria homeostasia
mineral pelo eixo PTH-calcitonina, além do controle da tempe-
ratura e pressão do organismo. A relação entre o funcionamen-
to ideal da paratireóide (PTH) e a vitamina D3, precisa ser mais
estudada, pois há um sinergismo muito importante entre es-
ses eixos no controle da saúde dos nossos animais. Entretanto,
animais que possuem baixas doses séricas da vitamina D3 no
organismo, geralmente possuem ineficiência glandular parati-
reoidiana e como consequência uma disfunção na regulação
mineral, e isso ocorre devido a falha de comando da calcitonina,
que é o hormônio responsável pela manutenção mineral nos
ossos. Este descontrole eleva os níveis de cálcio sérico, dentre
outros minerais, o que facilita a formação por urólitos renais,
vesicais urinários, biliares, mineralização de disco intervertebral,
osteopenia e até mesmo a osteoporose, principalmente nos os-
sos longos, além de promover a mineralização de artérias com
enrijecimento endotelial conhecida como aterosclerose.

Portanto, o maior exemplo dessa regência hormonal é


que, quando estamos em pleno desenvolvimento orgânico
e principalmente os hormônios esteroidais encontram-se

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em níveis elevados, trazem consigo vitalidade e plasticida-


de. Quando jovens, temos disposição para tudo, dormimos
muito bem, os sonhos estão sempre presentes, nossos teci-
dos encontram-se bem hidratados e possuem bastante elas-
ticidade e plasticidade quando injuriados. Quando alcança-
mos uma idade mais elevada, os níveis de hormônios caem
consideradamente, tanto na produção quanto na biotrans-
formação. A regência começa a dar sinais de estadiamento.
Os tecidos biológicos são os primeiros a dar sinais de que os
hormônios estão em declínio fabril.

A pele enruga e desidrata, o pelo muda de tom e enfra-


quece, os órgãos trabalham de forma mais lenta, com menos
eficiência, o tecido imunológico inicia o processo de falência
imune com o aumento de processos infecciosos e alérgicos,
e as células neurais já não possuem a mesma capacidade de
armazenar informações, nem muito menos de gerar raciocí-
nio lógico.

No reino animal, o maestro dessa regência possui os mes-


mos significados. Quando um cão atinge 1 ano de idade, sua ca-
pacidade de brincar, de pular, e de nunca parecer cansar e nem
sentir dor é oriunda dos altos níveis de hormônios produzidos
ou biotransformados em seu organismo.
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Quando atinge sua maioridade, esse ânimo e energia


caem diminuindo assim as brincadeiras, os movimentos plás-
ticos e sua capacidade regenerativa dos órgãos, aumentam as
desidratações dos tecidos, as neoformações ósseas, os proces-
sos degenerativos e as dores.
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Diante desse quadro, temos a plena certeza de que quan-


do eles estão com saúde, podemos afirmar que seus níveis
hormonais estão adequados para promover neuroproteção,
imunomodulação e regeneração em geral, ou seja, os hormô-
nios possuem a capacidade de promover a vida.

Diante das suas funções, os hormônios atuam diretamen-


te no metabolismo dos alimentos, no crescimento do organis-
mo, na reprodução, na regulação corporal, na reação do corpo
à situações de emergência e de estresse e até no controle da
própria produção de outros hormônios. Desde 1902, já foram
identificados mais de 30 tipos dessas substâncias no organis-
mo e devido a tantos avanços científicos e da moderna biotec-
nologia da saúde conseguimos sintetizar de forma bioidêntica
os hormônios que o nosso organismo produz (Bento, 2014) sem
os efeitos colaterais que os sintéticos oferecem.

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Podemos considerá-los o combustível que faz a máquina


funcionar, tanto a nossa, quanto a dos nossos animais. Você sa-
bia que os mesmos hormônios que possuem o cão e gato existe
no nosso corpo humano? Exato! A natureza mais uma vez nos
dando uma aula de sincronismo. E é nesse momento que fe-
chamos uma tríade perfeita, pois a harmonia necessária para
que essa orquestra emita os sons exatos e uma música dentro
do compasso é o casamento entre a modulação hormonal, o
corpo em movimento e a alimentação bio-apropriada, nutrindo
os instrumentos precursores da saúde ideal.

E o que eu quero dizer quando cito o termo “modulação


hormonal”? Pois bem, hoje o uso de hormônios vem passan-
do por uma grande e moderna revolução já sendo fato a im-
portância que eles têm no comando das mais importantes
ações dentro do nosso corpo, onde descobrimos o quanto
eles estão a frente dos maiores e importantes efeitos dentro
do nosso organismo.

Como dito anteriormente, sua falta ou sua deficiência traz


consequências fenotípicas como é percebido num simples en-
rugamento da pele, na perda parcial de pelos ou genotípica, al-
terando a arquitetura esquelética e consequentemente o apa-
recimento das dores em sua vasta proporção.

Antigamente falava-se em “reposição hormonal”, um


termo que já caiu por terra diante dos mais atuais estudos
que os substituíram pelo termo “modulação hormonal” que
nada mais é que um equilíbrio metabólico através do uso
de vários hormônios singularmente ou simultaneamente de
forma bioidêntica, sendo em doses significativas e contínu-
as melhorando a qualidade de vida através da utilização da
nanotecnologia por via transdérmica, como fonte carreadora

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destas substâncias para dentro do corpo de forma exógena,


numa camada fosfolipídica da pele.

Essa via de administração dessas substâncias permite


maior biodisponibilidade dos fármacos aos tecidos alvos, já
que a passagem hepática inativa reduz o principio ativo dos
fármacos administrados, diminuindo assim sua concentra-
ção nos órgãos alvos. Todo fármaco quando administrado
por via oral, recebe ação das enzimas gástricas, entéricas,
hepáticas e bacterianas, inativando seu potencial de ação
no organismo. Portanto, incorporar um fármaco (hormô-
nio) à uma nanopartícula e essa ser administrada por via
transdérmica, é a melhor opção já criado pelo homem para
administrar analgésicos, anti-inflamatórios, antibióticos, vi-
taminas e hormônios, além da via intravenosa, pois evitam
a primeira passagem hepática devido sua metabolização e
conjugação molecular.

Existe uma grande diferença quando se fala em reposi-


ção hormonal e modulação hormonal no quesito quantitati-
vo e qualitativo. Repor seria apenas reintroduzir no organis-
mo uma quantidade de hormônio visando atingir o número
referente ao nível da fase em que o indivíduo se encontra,
estacionando esse processo após atingir um nível “médio”.
Modular é um processo contínuo onde os níveis deverão es-
tar acima o suficiente para manter um equilíbrio e aumen-
to, assim a resposta do organismo. Não estou aqui falando
sobre hormônios sintéticos, produzidos pela indústria, que
transformou uma molécula que tem como natureza orgâni-
ca base a cetona, estrutura química do grupo éster, modi-
ficando completamente sua estrutura molecular e com ela
sua funcionalidade.

O segredo da longevidade nos cães e gatos domésticos | 113


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Quem acha que anabolizantes e anticoncepcionais são


hormônios estão completamente enganados. Essas substâncias
foram modificadas pela indústria farmacêutica não só para faci-
litar sua administração por via oral, mas também pela individual
necessidade de patentear um produto, já que é proibido fazer
isso com uma molécula base, com por exemplo a molécula da
água, do ar e dos próprios hormônios produzidos pelos organis-
mos, incluindo testosterona, progesterona, estradiol entre outros.

Precisamos desmistificar também essas controvérsias


com relação às pesquisas hormonais, pois os trabalhos apre-
sentados pela medicina afirmando que os hormônios promo-
vem o câncer de próstata, de mama, de tecidos linfoides, pre-
cisam ser corrigidos, já que as substâncias em questão não são
hormônios e sim substâncias que mimetizam os mesmos.

E a pergunta é: será que o ideal é deixar que os níveis


hormonais do seu pet caiam e declinem como uma tabela de-
crescente que está descrito inclusive nas referências dos exa-
mes que indicam “normal para a faixa etária”? É isso? Devemos
olhar para o declínio e simplesmente aceitar que está chegan-
do o fim da vida?

Definitivamente não! Nossos animais merecem que lute-


mos por qualidade de vida, e temos a receita mais equilibrada
e natural que existe! Se mantivermos os níveis hormonais de
modo que as células estejam prontas para lutar contra todo e
qualquer vírus ou bactéria, onde juntem-se a um corpo que vem
recebendo uma alimentação rica em todas as suas necessida-
des nutricionais e movimentando-se no ritmo certo, agregando
qualidade as suas estruturas ósseas, articulares e musculares,
podemos afirmar que uma vida longa e com o mínimo possível
de remédios está alcançada!

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Já é fato que o hormônio não é vilão, ele é a solução a ser


incluída na tríade da longevidade. Todos os elementos nele
contidos devem ser respeitados, tanto por nós médicos vete-
rinários, quanto pelos que são tutores e possuem o desejo de
que seus filhos de quatro patas envelheçam dignamente e com
qualidade de vida.

Em resumo, os hormônios são essenciais para o equilíbrio


do corpo e da mente. Eles estão presentes em todas as reações
bioquímicas, em todos os momentos em que o organismo neces-
site para se defender e promover bem-estar. Sua deficiência traz
sérias consequências, pois quando envelhecemos, perdemos o
que há de mais importante no nosso organismo! Os hormônios!
E isso não é diferente para os nossos animais de estimação. Refli-
tam e se questionem! Os nossos pets precisam das nossas ações,
do nosso senso crítico de fazer medicina, almejando sempre a
saúde, como centro de nossas pesquisas e planos.

O médico veterinário é uma das principais profissões res-


ponsáveis na defesa da vida, incluindo todos os animais e a sua
flora, tendo o dever e o compromisso de estudar e entender
que os sistemas estão interligados e que um ecossistema de-
pende do outro.

Não defendo as atitudes do homem do século XXI, que


desde muitos anos, da época em que éramos caçadores e co-
letores até os dias atuais, continua destruindo nosso planeta
em escala geométrica, confirmando todas as confluências fi-
losóficas de que o homem é o principal responsável e o maior
protagonista desta escala destrutiva do planeta Terra.

O pescador industrial quer pescar todo o oceano de uma


só vez, e com atitudes cada vez mais gananciosas, com redes

O segredo da longevidade nos cães e gatos domésticos | 115


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de pescas enormes e com frequências incondizentes com


o processo da renovação natural da fauna aquática doce ou
salgada. Para o usineiro, é preciso desmatar 90 % das nossas
florestas para plantar cana de açúcar, assim como o agricul-
tor industrial, que bate recordes anuais plantando e colhendo
soja, levando o Brasil ao topo dos países mais produtivos do
mundo em grãos. Os criadores de suínos e aves, tem em seu
DNA, a maldade enrustida no bem-estar e respeito ao próxi-
mo. O que importa para eles é abastecer o mercado consu-
midor, o que pra mim é o grande responsável por todo esse
crescimento produtivo. Se conseguíssemos entender que so-
mos seres primatas onívoros, e que precisamos, assim como os
gorilas e chipanzés, comer frutas, ovos, legumes, e pouca car-
ne, iremos mudar todo este cenário consumista. Mais daí vem
os vários questionamentos populares que dizem: “Mas como
iremos alimentar a população humana diante do geométrico
crescimento populacional no mundo, se não for através dos
produtos farináceos e das super produções de matéria prima
proteica, através dos confinamentos industriais?” E aí que a
resposta é muito objetiva e resolutiva: Deve ser compromisso
nosso plantar mais árvores frutíferas, em cada praça ou espaço
baldio, já que somos uma espécie onívora e precisamos comer
esses tipos de carboidratos, além das vitaminas e fibras que as
frutas oferecem.

Devemos valorizar mais as plantações de leguminosas,


pois delas encontramos muito das nossas necessidades de fi-
bra, vitaminas e de carboidratos bons. É possível comer menos
carne, já que não necessitamos de tanta proteína para viver.
Quando a busca for por outra fonte de carboidrato, além dos
encontrados nas frutas e verduras, busquemos os tubérculos

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como as batatas, inhames e macaxeira, que possui índices e


cargas glicêmicas baixas.

Com essas atitudes teremos menos doenças, porque ire-


mos inflamar menos, e como todo bom hábito possui conse-
quências, teremos com isso, um aumento na expectativa de
vida, sem dores, sem processos degenerativos e sem fazer uso
de remédios na velhice. O mesmo posso afirmar para os nos-
sos animais domésticos: se eles tiverem acesso aos melhores
carboidratos, aminoácidos e extrato etéreo, todos de origem
animal e em pequenas quantidades, terão uma vida longa.
Sem dúvida! Quanto menos se inflama, menos se adoece e
mais se vive.

A longevidade começa pelo respeito ao funcionamento


celular, permitindo uma otimização mitocondrial com o ideal
nível energético ingerido. Nenhum ser necessita de tanto açú-
car para viver. E este açúcar, mascarado de diversas formas,
cores e cheiro, se encontra demasiado nos alimentos da popu-
lação humana e animal. Precisamos abrir nossos olhos, com os
excessos de carboidratos ingeridos e entender que os alimen-
tos são essenciais na manutenção da vida, mas também po-
dem ser os vilões e levar à morte. Eles poderão ser os principais
causadores de muitas desordens metabólicas que conhece-
mos, de muitos cânceres, de muitas doenças autoimunes, de
muitos hospitais lotados por casos de pressão alta, cardiomio-
patias, e de muitas hemodiálises.

O alimento é uma verdadeira isca para se chegar nesses


processos patológicos, mas são ao mesmo tempo essenciais
para ter uma vida plena, sem doenças. Parece contraditório,
mas muito verdadeiro. A quantidade de neurotransmissores
que são liberados dentro do nosso cérebro quando pensamos

O segredo da longevidade nos cães e gatos domésticos | 117


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em comer, quando estamos olhando a comida, quando esta-


mos sentindo o cheiro da comida e quando de fato estamos
comendo é o que nos faz sentir um prazer e uma vontade de
não parar de comer.

E quando falamos de carboidratos, esse assunto não tem


mais fim. Caímos num círculo vicioso chamado abstinência ao
açúcar. O carboidrato é a mais nova droga lícita que conhe-
cemos e está distribuída de forma abundante, barata e super
indispensável no mecanismo do comércio industrial. Estamos
falando dos variados produtos fabricados com esses ingre-
dientes incluindo nossos pães, bolos, biscoitos, macarronadas,
pizzas e a própria ração ou biscoitos pets consumidos em ex-
cesso pelos nossos animais de estimação.

E para que possamos nos despedir de uma maneira mais


cordial, a você que conseguiu chegar até este ponto da leitura,
venho contar o segredo da tão sonhada longevidade animal:
nada mais é que respeitar suas necessidades fisiológicas, di-
minuindo os excessos, melhorando a qualidade do alimento
consumido, além de praticar exercícios aeróbicos regulares, e
modular hormonalmente nossos pets para que a imunidade
esteja sempre no seu auge e suas mentes e corpos recebam o
trato fino da limpeza e nutrição.

Por fim, se você é tutor, leigo, ou apenas um amante dos


animais ou da vida saudável, peça ao seu médico veterinário
de confiança revisões hormonais regulares, para que esses
mensageiros possam lhes dizer o quanto o corpo do seu Pet
está funcionando. Já você leitor que tem a Medicina Veteri-
nária em sua formação acadêmica, te convido a ousar mais,
liderar pesquisas e sair da caixa de forma a agregar mais na
saúde dos nossos cães e gatos. Teremos muito mais a oferecer

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do que nos render a teorias antigas e inconsistentes diante de


todo um mundo novo e integrativo que nos mostra a cada dia
como poderemos evoluir mais e mais. Que sejamos médicos
da saúde e não prescritores conduzidos pelos sintomas das
doenças. Sejamos voz! Pois eles precisam dos nossos avanços
enquanto profissionais para que tenham mais respeito e qua-
lidade de vida, acima de tudo.

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