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Mário

Mariangela Eduardo Martelotta


Rios de Oliveira
Angélica Furtado da Cunha-
- Maria
Maura(org.)
Cezario
Marcos Antonio Costa- Sebastio Votre
Eduardo Kenedy -MárcioVictoria
Matins
Wilson
Roza Palomanes Leitão

Manual de linguística

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2020
sistemático: Linguística
410 1.
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CDD-410
07-9635
Eduardo. MáriMartelotta,
o LinguísticaI. 1.
978-85-7244-386-9 ISBN
Bibliografia.
autores. Vários
2020.Contexto, lPaulo reimpressão.
São - 7cd. 2.
(org.).Martelotta,
- Eduardo : Mário linguistica/ Manual
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Ltda.) Pinsky (Editora Contexto Editora
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Marclota Eduardo Mário 2008 Copyrighu O
Estruturalismo
Marcos Antonio Costa

Este capítulo trata da escola estruturalista, dando ênfase às propostas de


Ferdinand de Saussure e de Leonard Bloomfield.

O legado de SaUSSure
A rigor, não podemos falar de um conceito único para o termo estruturalismo.
Mesmo sem levarmosenm consideração que aantropologia, asociologia, apsicologia, entre
outras áreas das ciências humanas, podem se apresentar sob a orientação de uma teoria
estruturalista e nos restringindo aos domínios excusivos das diversas escolas linguísticas,
torna-se evidente aimpropricdade do uso indistinto do termo para todas elas. Entretanto,
essas escolas, de um modo ou de outro, apresentam concepções e métodos que implicam
oreconhecimento de que alíngua éuma estrutura, ou sistema,' eque étarefa do linguista
analisar a organização e o funcionamento dos seus elementos constituintes.

Sistema, estrutura, estruturalismo


Sabemos que um sistema resulta da aproximação e da organização de
determinadas unidades. Por possuírem características semelhantes e obedecerem a
certos princípios de funcionamento, essas unidades constituem um todo coerente,
coeso. E essa ideia que nos permite falar, por exemplo, da existência de um sistema
solar, de um sistema circulatório, respiratório, digestivo, etc. Descrever cada um desses
Sistemas signihica revelar a organização de suas unidades constituintes e os princípios
que orientam ral organizaço.
114 Manual de linguistica

Saussure, o precursor do estruturalismo, enfatizou a ideia de que alingua


unidades que obedecem ai certos
seja, um conjunto de
um sistema, ou constituindo um todo coerente. Ageração seguinte coube observar
funcionamento, princípios
de
mais detalhadamente como o sistema se estrutura: daí o termo "estruturalismo" para

de se analisar
nova tendência portanto, as línguas.
designar aOestruturalismo, compreende que a língua, uma vez formada por
umo
clementos inter-relacionados, que funcionam a partir de n
coesos, conjunto regras,
de
constitui uma organização, um sistema, uma estrutura. Essa organização ddos elementos

seguindo leis internas, ou scja, estabelecidas dentro do próprio sistenms


se estrutura um dos acontecimento
O desenvolvimento da linguística estrutural representa
xx, Não poderíamos compreende.
mais significativos do pensamento científico do século comn
incontestáveis progressos verificados no quadro das ciências humanas sem
os a partir das investigacões Ao
dermos a claboração do conceito de estrutura desenvolvido quais Jacques Lacan
fenômeno da linguagem. Toda uma geração de pensadores, entre ossuas obras acontribui.
ClaudeLévi-Strauss, Louis Althusser, Roland Barthes, evidencia em
estrutural da linguagem.
ção pioneira de Ferdinand de Saussure relacionada àorganização ponto de partida do
Curiosamente, as ideias de Saussure, que se tornaram
com o famoso
pensamento que caracteriza a linguística moderna, tornaram-se públicas
partir de notas
Curso de linguistica geral, livro que, na verdade, é a reconstrução, a
entre 1907 e 191lna
redigidas por alunos, de três cursos lecionados por Saussure
Universidade de Genebra, cidade onde o linguista nasceu. O trabalho foi organizado
por dois discípulos. Charles Bally e Albert Sechehaye.
Ë no Curso publicado em 1916, três anos após a morte de Saussure - que
encontramos os conceitos fundamentais do modelo teórico estruturalista. Esse modelo.
como já mencionamos anteriormente, apresenta a linguagem como um sistema
articulado, uma estrutura em que, tal como no jogo de xadrez (analogia abundan
temente utilizada por Saussure), o valor de cada peça não é determinado por sua
materialidade, ele não existe em si mesmo, mas é instituído no interior do jogo.
Éácilentendermos que pouco importa se, no xadrez, as peças são de madela
ferro, marfim ou de outro material qualquer. A possibilidade de darmos andamento 20
relacionam
jogo depende exclusivamente de nossa compreensão de como as peças se
entre si, das regras que as governam, da função estabelecida para cada uma delas e e
relação às demais.
Se substituirmos o material das peças, isso em nada afetará osistema, ja que
valor de cada peça depende unicamente das relações, das oposições, entre as ela
unioavlesse
se
Podemos, por exemplo, utilizar uma simples tampinha de garrafa como atribuído a
a torre de nosso jogo. Para isso, é necessário tão somente que o valor
rainha oude
essa tampinha não seja correspondente ao valor do peão, do bispo, da oposiçãoa
qualquer outra unidade do sistema de jogo do xadrez. Em relação eem
todas as outras unidades, nossa tampinha precisará valer unma torre.
Estruturalisno 115
Dodemos, como quer
Saussure, pensar a estrutura linguísica a partir desse
entendimento: estabelecemos comunicação porque
Ou seja, conhecemosconhecemos
a, de uma as regras da
determinada
s possibilidades de
língua. as peças disponíveis do
movimento, como elas se organizam e se distribuem. Não
,hviamente, conhecimento acerca das regras normativas que
do
oslivros de gramática. Não estamos falando de regras encontramos
tudiosos em um determinado momento da história. Se estabelecidas por um grupo
assimn fosse, aqucles que
desconhccessem ais regras não se comunicariam.
Oque regula o funcionamento das unidades que compõcm o
sistema
.o normas que
internalizamos muito cedo c quc começam a se manifestarlinguístico
na fase de
aQuisiçáo da linguagem. Trata-se de um conhecimento adquirido no social, na
quc mantemos com ogrupo dc lalantes do qual fazemos parte. Esse relação
como no jogo de xadrez, independe da materialidade, da substância daconhecimento,
tal
qual as peças são
formadas. Podemos lembrar que osistema fonológico de uma língua pode ser expresso
n£o a partir de uma substáncia sonora, mas, por exemplo, a partir de
sensações visuais
(movimento dos lábios). E. desse modo que, em geral, as pessoas surdas de nascença
aprendemo sistema de uma determinada língua sem nunca ter ouvido seus sons. O
que se pretende demonstrar a partir dessa realidade é que a substância não determina de
modo algum as regras do jogolinguistico, que são independentes do suporte fisico - som,
movimento labial, gestos, etc. - em que se realizarm.
Em resumo, aabordagem estruturalista entende que alíngua éforma (estrurura).
cnão substáncia (a matéria a partir da qual ela se manifesta). Reconhece, entretanto,
a necessidade da análise da substância para que possamos formular hipóteses acerca
do sistema a ela relacionado. Um sistema que não apresenta qualquer manifestaço
material, que não seja cxpresso por algum tipo de substância, não desperta qualquer
interesse científico, uma vez que nãopode ser investigado.
Essaconcepção de linguagem tem como consequência um outro principio do
estruturalismo: o de que a lingua deve ser estudada em si mesma epor si mesma. E o
que chamamos estudo imanente da lingua, o que significa dizer que toda preocupação
ctralinguística precisa ser abandonada, uma vez que a estrutura da lingua deve ser
descita apenas a partir de suas relações internas. Nessa perspectiva, hcam cxcluid.as
as relações entre língua e sociedade, línguae cultura, lingua e distribuição geográhca.
"gua e literatura ouqualquer outra relação que não seja absolutamente relacionada
um a organização interna dos elementos que constituem o sistema linguistico.

Lingua e fala
Quando cstudamos Saussure, é frequente encontrarmos um grupo de dicotomias
relacionado ao pensamento do famoso linguista. O termo dicotomia designa a divisão
Manuol de linquistica
116
obtenha um par opositivo.
lógica de um conceito
em dois, de mnodo que se
língua e fala, sincroniae
Podermos,e
diacronia,arbitrário
paradigma
dualidades como: E
assim, observar significadoe signihcante, motivado e
sintagma, forma e subståncia, vamos obe
dicotomias saussureanas. A partir de agora
são algunmas das chamadas pela dicotomia entre língua e fala.
algumas delas, começando rigor otermo linguagem.
Para. Saussure,
entretanto,
maior
Até agora usamos sem objeto duplo, uma vez que "o fenóroe
tomada como um
a linguagem deve ser faces que se correspondem e das quais ie
duas
Iinguístico apresenta perpetuamente 1975: 15). Assim sendo, a linguagem term
não vale senão pela outra" (Saussure, termos saussurcanos), e um lado individual .
lado social, a lingua (ou langue, nos sendo impossível conceber um semo otre
saussureanos),
fala (ou parole, nos termos supraindividual utilizado como meio d.
Para SauSsure a língua é um sistema
uma comunidade. entendimentO saussureano éo
O
comunicação entre os membros de
corresponde parte
à essencial da Iinguageme constitui um tesouro -um
de quc a língua cérebros de um conjunto de indivíduos
sistema gramatical depositado virtualmente nos
a uma mesma comunidade linguística. Sua existência decorre de uma espcie
pertencentes
dessa comunidade. Daí seu
de contrato implícito que cstabelecido entre os membros modificar a língua.
caráter social. Para Saussure, o indivíduo, sozinho, não pode criar nem
a
Diferentemente, a fala constituio uso individual do sistema que caracteriza
inteligéncia
lingua. Nas palavras de Saussure, é "um ato individual de vontade e de pelo falante
(1975:22), que correspondea dois momentos: as combinações realizadas
entre as unidades que compõem o sistema da língua, objetivando exprimir seu
pensamento, co mecanismo psicofísico que lhe permite exteriorizar essas combinações.
Trata-se. portanto, da utilização prática e concreta de um código de língua por um
determinado falante num momento preciso de comunicação. Em outras palavras,
éamaneira pessoal de atualizar essc código. Daí seu caráter individual. De acordo
com Saussure, a língua a condição da fala, uma vez que, quando falamos, estamo5
submetidos ao sisterma estabelecido de regras que corresponde à língua.
Portanto, oobjeto de estudo específico da linguística cstrutural éa língua, cnão
a fala, sendo esta últina tomada como objeto secundário, Isso se dá porque na língua.
conhecimento comum a todos, que se encontra a esséncia da atividade comunicativa,
c não naquilo que é específico de cada um. Como já mencionamos anteriormente.
toda preocupação extralinguística tabandonada, ca estrutura da língua é descrita
apenas a partir de suas relações internas.
Isso não significa que se possa estudar a língua independentemente da fala,
uma vez que, entre os dois objetos, existe uma estreita ligacão: a língua é necess
para que afala seja compreensível e para que o falante, conscquentementc, possavir
a atingir os seus propósitos comunicativos; por outro lado, alíngua só se estabelece a
partir das manifestações concretas de cada ato linguístico cfetivo. Assim, a língua é.
ao mesmo tempo, o instrumento e o
produto da faa.
Estruturalisrno 117

Sincroniae diacronia
Nesta seção, conheceremos mais uma dicotomia saussurcana, relacionada ao mé-
ododecinvestigação aser adotado pclo linguistaem suas pesquisas: sincronia ediacronia.
No inicio do século XIX, as semelhanças encontradas entre determinadas
lioeuas levaram os pesquisadores a acreditar na cxisténcia de parentescos entre clas
As investigaçõcs passaram ater como um de seus principais objetivos oagrupanento
dessas linguas em famlias, oqueacontecia através de um método de estudo chamado
litórico-comparativo. Entre cssas famílias, temos a indo-curopcia, que reúnc. cntre
outras, amaior parte das linguas europeias, assim como as línguas do chamado grupo
indo-iränico, como o persa e o sânscrito, língua sagrada utilizada pelos hindus nos
cerimoniais religiosos há cerca de 1.220/800 a.C.
Aos 21 anos, Saussure havia escrito Mémoire sur le sytème primitif des voyelles
indo-europèene (apud Malmberg, 1974), obra que faz parte da bibliografha relativa ao
pensamento do século x1x. Durante todo esse século, ainvestigação acerca da linguagem
foi marcadamente de caráter histórico. Pouco interesse havia em se estudar alíngua de
um determinado grupo de falantes fora de um quadro de considerações históricas.
Apartir dos anos de 1870, a geração dos neogramáticos procurou mostrar que a
mudança das linguas possui uma regularidade, segue uma necessidade própria, não de
pendendo da vontade dos homens. Com esse objetivo, desenvolveram uma teoria das trans
formações linguísticas baseada em método estritamente cientifico, afastando-se das espe
culações vagas esubjetivas que marcaram os estudos da linguagem no início do século xtx.
Deacordo coma escola dos neogramáticos,alinguística necessariamente deveria ter
um caráter histórico, já que sua tarefa seria estudar as transformações das línguas em busca
de cxplicaçõese formulações de regras de um "viraser" dessas línguas. Para Hermann Paul.
ogrande teórico da escola, asimples descrição de uma língua representaria, unicamente,
aconstatação de um fato, mas de forma alguma uma ciência.
Adistinção feita por SauSsure entre a investigação diacrônica ea investigação
sincrônica representa duas rotas que separam alinguisica estática da linguistica evolutiva.
"Esincrônico tudo quanto se relacione com oaspecto estático da nossa ciência, diacrônico
tudo que diz respeito às evoluções. Do mesmo modo, sincronia ediacronia designarão
Tespectivamente um estado de língua euma fase de evolução." (Saussure, 1975:96).
Asim, enquanto oestudo sincrônico de uma língua tem como finalidade adescrição
de um determinado estado dessa ingua em um determinado momento no tempo, ocstudo
diacrónico(aravés sodo tempo) busca estabelecer uma comparação entre dois momentos da
evolução histórica de uma determinada lingua. Podemos citar aanálise da variação entre o
so de "er" e"haver" no poruguês contemporânco no Brasil como excmplo de estudo de
formas
cr Sincrônico, já que o termo "variação" implica acoexistência de duas ou mais
dmamesma época. Poroutro lado, aanálise da trajetóriade mudança pane> pe > pão ,
do latim ao português, caracteriza--se como uma abordagem diacrÓnica.
118 Monvl de lingustica

Oesruuralismo pvposto por Saussute nao apcnas aponta as


CSsas dalas fomAN de nvestigaçdo, as, sobretudo, registra a prioridade difeercnçasdo entre
sincrônico sobre o diacrònico. Ou scja. para Saussure, olinguista
principalnente osistema da lingua, observando comno se
deve estestuudatdo
intenas entre scus elemennos em um deteminado momento do tempo.
configuram
as
rtipo
elaçóes
Esse d. de
Cstudo e possvel orque os talantes náo tèm inlormaçóes acerca da história
ingua enào previsam ter intormaçóes ctimológicas arespcito dos termos que util
no dia adia: para os talantes, a realidade da língua é o scu cstado sincrónico
Na detesa de ais ideias, o linguista utiliza, mais uma vez, a analogia
0 sistema linguisico co jogo de xadrez. Contorme aanál1se de cntre
Saussure, tanto n
Ogo da lingua como durante uma partida de xadrez cstamos diante de um sistermn
de valores e assiStimos As suas modificaçócs:
assim como OCorre com os sistemas
linguisticos, adisposição das peças no tabuleiro sofre contínuas mudanças. Aqualguer
instante. porem, essa disposiçáo pode ser descrita conforme a posição das pecas
naquele momento específico do jogo, o mesmo
acontecendo quando se trata da
descrição de um estado particular de língua. Não importa
que aconmpanhou toda a partida não tem a menor o caminho percorrido: "o
vantagem sobre o
espiar o estado do jogo no momento crítico; para descrever a posição,curioso que vem
inutil recordar o que ocorreu dez segundo antes" (Saussure, 1975: perfeitamente
105). Além disso.
argumenta-se quc, cmbora não sejam muitos os falantes conhecedores profundos da
evolução histórica da língua que utilizam, todos nós
na intància, os principios demonstramos dominar, ainda
sistemáticos,
A descrição linguistica sincrônica tem
as regras da língua que ouvimos à nossa
volta.
por tarefa formular essas regras sistemáicas
contorme clas operam num momento (estado) específico,
combinação particular de movimentos (das mudanças) jáocorridos. independentemente da
Cabe observar ainda que o movimento de uma
constituição de uma nova sincronia, uma vez que tal pedra no tabuleiro implica a
sistema. O conjunto das regras do jogo, porém, é movimento repercute em todo0
anteriormente, situam-se fora do tempo do jogo esãomantido. Essas regras, como já vimos
Eopróprio Saussure, contudo, que nos alerta quantoprévias àsua existência erealização.
ao ponto em que a
o jogo de xadrez co sistema analogia entre
linguístico se mostra falha: a ação do
exercer uma alteração no sistemajogador
uma pedra e, ao deslocar
consequentemente,
língua, diferentemente, nada é é intencional. Na
peças se deslocam - oumelhor, sepremeditado, espontânea e fortuitamente que suas

modificam" (SauSSure, 1975: 105).
O signo linguistico
Uma vez compreendido que a
língua representa um conjunto de
solidários, uma cstrutura, cabe-nos conhecer a natureza elennc
afirma que alingua éum sistema de desses elementos. Sauss
signos.O signo , Dortanto, unidade constituins
a
Estruturalismo 119

do sistema linguístico. Ele é tormado, por sua vez, de duas partes absolutamente
civeis, sendo impossível conceber uma sem aoutra, como acontece com as duas
ts de unma folha de papel: um signifcante c um significado.
Poderíamos dizer que o significante consiste numa sequência de fonemas,
como acontecc, por exemplo, com a sequência "linguagem". Precisamos, porém, de
nucomais de cautela para entender o verdadeiro sentido atribuído por Saussure
aoconceito designificante. Comecemos por compreender que, de acordo com aaproposta
niuralista saussurcana, alíngua éuma realidade psíquica. Como já dito, um tesouro -
mm sistema gramatical - depositado virtualmente no cérebro de um conjunto de
individuos pertencentes a unma mesma comunidade linguística.
Assim sendo, as faces que compõem o signo linguístico são ambas psíquicas
eestão ligadas, em nosso cérebro, por um vínculo de associação. Sendo assim, o
sienifcante, também chamado de inagem acústica, não pode ser confundido com o
som material, algo puramente fisico, mas deve ser identificado com aimpressão psíquica
desse som, a representaço da palavra enquanto fato de língua virtual, estando a fala
absolutamente excluída dessa realidade.
Aoutra face do signo, o significado, também chamada de conceito, representa
osentido que éatribuído ao significante - osentido, por exemplo, que atribuímos ao
significante "inguagem" anteriormente mencionado como "capacidade humana de
comunicação verbal". Daí o entendimento de que o signo, unidade constituinte do
sistema linguístico, resulta da associação de um conceito com uma imagem acústica.

Aarbitrariedade do signo linguístico


A flosofia desenvolvida na Grécia antiga é um marco inicial, no Ocidente,
do debate sobre as relações entre a linguagem e o mundo. A discussão era se os
Tecursos linguísticos através dos quais as pessoas descrevem o mundo à sua volta são
arbitrários ou se esses recursos sofrem algum tipo de motivação natural. Essas duas
teses representam desdobramentos das especulações filosóficas que dividiram os gregos
na antiguidade clássica em convencionalistas e naturalistas. Enquanto os primeiros
defendiam que tudo na língua era convencional, mero resultado do costume e da
tradição, os naturalistas afirmavam que todas as palavras eram, de fato, relacionadas
Por natureza às coisas que elas significavam.
Que relação podemos observar entre asequéncia "linguagem" eosentido aela
aribuido? Quando nos referimos a "livro" como "conjunto de folhas de papel capaz
de guardar uma obra literária, científica, artística, etc.", haveria alguma motivação
epecial para a escolha desse termo ("livro"), e não a de um outro qualquer?
Afirmar que o signo linguístico é arbitrário, como fez SauSsure, significa
tonhecer que não existe uma relação necessária, natural, entre a sua imagem acústica
eu significante) eosentido aque ela nos remete (seu significado). Isso signiica dizer
120 Manual de linguistica

que o signo linguístico não é motivado, e sim cultural, convencional, já que resulta
do acordo implícito realizado entre os membros de uma determinada comntd
Trata-se, portanto, de uma convenção.
Aarbitrariedade do signo linguístico pode ser mais bem compreendid.
quando observamos a diversidade das línguas. Cada língua apresenta um modo
particular de expressar os conceitos: ninguém discute, por exemplo, se "livro"
book se aproximam mais, ou menos, do conceito apresentado anteriormente. Por
outro lado, poderíamos argumentar que certas unidades linguísticas apresentam-se
como contracxemplos da arbitrariedade. As onomatopeias (do tipo "au-au", "tic-tac")
parecem ser motivadas, não arbitrárias. No entanto, argumenta Saussure, elas "não
apenas são pouco numerosas, mas sua escolha é já, em certa medida, arbitrária, pois
não passam da imitação aproximativa cjámeio convencional de certos ruídos" (1975: 83).
Contudo, Saussure reconhece que a arbitrariedade é limitada por associações e
motivaçõcs relativas: assim, "vinte" éimotivado, mas "dezenove" não oé no mesmo
grau, porque evoca os termos dos quais se compõe, "dez" e "nove".
Saussure observa ainda que o princípio da arbitrariedade do signo linguístico
não implica a compreensão de que o significado dependa da livre escolha do falant.
A língua, como já apresentado anteriormente, social, não cstando ao alcance do
individuo nela promover mudanças.

Relações sintagmáticas e relações paradigmáticas


Sendo a língua um sistema, cabe-nos compreender a forma como as unidades
constitutivas desse sistema encontram-se relacionadas umas às outras. Quando
descrevemos essas relações, estamos explicitando a organização dos clementos
constituintes da estrutura lingulstica e, em última instância, reconhecendo 0
funcionamento do sistema.
Comecemos por entender que o signo lingulstico exibe uma caracteristica
bastante particular, a qual, embora considerada demasiadamente simples, tornase
fundamental para a compreensão da língua como um sistema: o signo lingust
representa uma extensão. Isso significa que, ao ser transmitido, ele constitu
sequéncia cuja dimensão só pode ser mensurável linearnente. Decorre daí o hama
caráter linear dalinguagem articulada. Uma frase, por exenplo, ¢constituda p
ceto núnero designos lingusticosque são apresentados em linha, no tempo, un
comuncação.
o outro. Sabemos, contudo, que, por se tratar de um instrumento de meno,
deve ser construlda de acordo com deteminadas regtas. Por Iisso sim pcl
a frase
diribuiçáo das palavras (dos signos) náo ocone de maneira aleatóna, c
cxclusáo de outros posslveis attanjos distribucionais.
Ouando ombinannos duas ou mais unidades (por Cxemplo: "e tct
pessoan": "a linyubtica estrutural"; "eu tenbe algun peojetos para
Estruturalismo 121
compondo sintagmas. As
c), cstamos relações sintagmáticas decorrentes do caráter
eda linguagem dizem respeito às articulações entre os sintagmas e
às diversas possibilidades de combinação entre essas unidades. relacionamm-se
Devemos. portanto, entender como sintagmáticas as relações in praesentia, ou
ontre dois ou mais termos que estão presentes (antecedentes ou
subsequentes)
ns um mesmo contexto sintático. P'or englobar diferentes níveis de análise. a nocão
de sintagma deve ser compreendida de uma maneira ampla.
No nível fonológico, as unidades se combinam para formar as sílabas, Ouanto às
restrições impostas pelas regras do sistema linguístico, sabemos, por exemplo, que a
lingua portuguesa não admite síilaba formada sem som vocálico.
Ex: Ca-sa, bar

CV CVC

h) No nível morfológico, os morfemas se unem para formar a palavra, ou sintagma


vocabular, como caracterizam alguns autores. Desse modo, prefixos e sufixos
respectivamcnte antecedem esucedem o radical (com Rad (= radical), VT (= vogal
temática), Pref (= prefixo) e Suf (= sufixo).
Ex: Menin - o, in - feliz - mente

Rad VT Pref Rad Suf

) No nível sintático, as palavras se combinam para formar frases. Éinadmissível como


frase construções tais como "De gosta bolo menino o'. (SN (=sintagma nominal),
SV (=sintagma verbal).
Ex: O menino - gosta de bolo.

SN SV

Além das relações sintagmáticas que dizem respeito à distribuição linear das
unidades na estrutura sintática, as línguas apresentam relações paradigmáticas ou
associativas que dizem respeito à associação mental que se dá entre a unidade linguística
que ocupa um determinado contexto (uma determinada posiço na frase) e todas
as outras unidades ausentes que, por pertencerem àmesma classe daquela que está
presente, poderiam subsituí-la nesse mesmo contexto.
As relações paradigmáticas manifestam-se como rlações in absentia, pois
caracterizam a associação entre um termo que está presente em um determinado
ontext0 Sintático com outros que estão ausentes desse contexto, mas quc so

importantes para a sua caracterização em termos opositivos.


Ocorre que os elementos da língua nunca estão isolados em noSsa memória. Eles
São armazenados em termos de determinados traços que os caracterizam, como estrutura,
122 Manual de linguística

classe gramatical, tipo semântico, entre outros. Assim, a palavra "livreiro" por cxemplo,
estáassociada aelementos como "livro' e"livraria" apartir do radical que estána base d
elementos. Por outrollado, podemos estabelecer uma outra série dererelações paradigrmáticas
tomando como base o sufixo: "leiteiro", "sapateiro", garimpeiro', entre outros.
De algum modo essa organização dos elementos linguísticos na nossa menmé
para Saussure,é importante na caracterização de uma frase. Por exemplo, podemos
substituir uma desinência verbal de pessoa e númcro por outra do mesmo tipo (estudas/
estudamos), um adjetivo por outro adjetivo ou locução adjetiva (Ele ébondo/Ele &
saridoso/Ele é do bem),um substantivo por outro substantivo (Gostaria de comprar um
ivro/Gostaria de comprar uma fazenda), etc. Para Saussure, além da possibilidade de
ocorrência em um mesmo contexto, as relações paradigmáticas são também decorentes
da semelhança de significação (educaço/aprendizagem), da semelhança sonora livrol
crivo) ou de qualquer outra situação em que a presença de um elemento linguístico
suscita no falante ou no ouvinte a associação com outros elementos ausentes.
Desse modo, podemos concluir que as relações sintagmáticas e as relações
paradigmáticas ocorrem concomitantemente. Na sequência "Gostaria de comprar uma
fazenda", a unidade "comprar, por exemplo, ao mesmo tempo em que se encontra
em relaço paradigmática com "vender", "entregar", "olhar" e tantas outras unidades.
também mantém relações sintagmáticas com "gostaria", "de", "uma" e "azenda". Da
mesma maneira, no nível fonológico, em se tratando da sequência /bolal, o fonema /b/
se encontra em relação paradigmática com Is/, /m/, g/, etc. e em relação sintagmárica
com /b/, //e lal. Esses fatos nos permitem compreender melhor o porqué da língua
ser um sistema, uma estrutura, e não uma mera reunião de elementos.
Adotando uma
perspectiva estruturalista, podemos ahrmar, então, que o que permite o funcionamento
da língua o sistema de valores constituído pelas
associações, combinações eexclusócs
verificadas entre as unidades linguísticas.
Essas são, em linhas gerais, as principais ideias formuladas por
tam o alicerce da linguística estrutural e, ao mesmo tempo, Saussure. Elas represe
fundam a linguística moderna
Durante a primeira metade do século xx, privilegiando diferentes aspectos
ideias de Saussure, surgem, na Europa, pclo menos três
linguísticos: a Escola de Genebra, a Escola de Praga eimportantes a
grupos de est
Escola de Copenhague.
duas primeiras não se limitaram ao estudo
a visão de que alíngua deve ser meramente formal da linguagem, adota
vista como um sistema no sentido de que
é utilizada para um
determinado fim: a comunicaço. funcional,
Por outro lado, a Escola de
deixando sua função num plano Copenhague focalizou o aspecto formal das lin
secundário. Ou Seja, essa escola adotou concepça0
saussureanaa de língua como um
sistema autónomo e, através de desenvolveu
uma teoria
chamada de glossemática, Hielmslev,
conceitos de
forma esubstáncia (expressãoe aprofundando
conteúdo). principalmente o5
Estruturalismo 123

Cabo róulo de estruturalismo, a linguistica moderna conhece duas vertentes


norte-americana.
arincipais: a europeia' e a

ACorrente norte-americana
0 estruturalismo norte-americano é representado pelas ideias de Leonard
Blaomfield. desenvolvidas e sistematizadas sob o rórulo de distribucionalismo ou
lneuistica distribucional. A teoria da linguagem proposta por Bloomfeld. dominante
Fstados Unidos até aproximadamente 1950, éapresentada de mancira independente
n momento em que o pensamento de Saussure começa a ser conhecido na Europa.
Oorre que. ao lado de algumas diferenças, muitos são os pontos em comum - ou.
pelo menos, convergentes - entre as propostas formuladas pelos dois autores, o que
nos permite conceber a teoria distribucionalista como uma vertente do estruturalismo.
o objetivo da teoria formulada por Bloomfield éaclaboração de um sistema
de conceitos aplicáveis àdescrição sincrónica de qualquer língua. Para tanto, parte
dos seguintes pressupostos:
" cada língua apresenta uma estrutura específica;
" essa estruturação éevidenciada a partir de três níveis ofonológico, o
morfológico eo sintático -que constituem uma hierarquia, com o fonológico
na base eo sintático no topo;
" cada nível é constituído por unidades do nível imediatamente inferior: as
construções são sequências de palavras; as palavras, sequências de morfemas:
os morfemas, sequências de fonemas;
"a descrição de uma língua deve começar pelas unidades mais simples,
prosseguindo, então, à descrição das unidades cada vez mais complexas:
"cada unidade édefinida em função de sua posição estrutural - de acordo com
os elementos que a precedem e que a seguem na construção:
"na descrição, é necessária absoluta objetividade, o que exclui o estudo da
semántica do escopo da linguística.
Oautor pressupõe ainda que o processo de combinaão de unidades para tormar
cOnstruções de nível superior (combinação de fonemas que resulta em mortemas,
cormbinação de morfemas que resulta em palavras e combinação de palavras que
resulta em frases) éguiado por leis próprias do sistema linguistico. Ou seja. enquanto
cterminadas construções são permitidas, outras são totalmente bloqueadas na lingua.
portugués, por exemplo, uma construção do tipo "Linguistica aluno de gosta
estudar o" seria indiscutivelmente inaceitável.
De acordo com a concepção da linguística distribucional. para que possamos
estudar uma língua, faz-se necessário:
124 Manual de linguistica

a constituição de um corpus, isto ¿, a reunão de um conjunto, o mais


variado possível, de enunciados cfetivamente emitidos por usuários de uma
determinada língua em uma determinada época;
*a laboraço de um inventário, apartir desse corpus, que permita determinar
as unidades clementares em cada nível de análise, assim como as classes Que
agrupam tais unidades;
"a verificação das leis de combinação de clementos de diferentes classes:
"a cxclusão de qualquer indagação sobre o significado dos enunciados que
compõemno corpus.
Essa postura mecanicista da linguística de Bloomield apoia-se na psicologia
behaviorista fortemente difundida nos Estados Unidos a partir de 1920, que tem
Skinner como um de seus maiores teóricos. Ao tomar o próprio comportamento
como objeto de estudo da psicologia, e não como indicador de alguma outra coisa
que se expresse por ele ou através dele, o behaviorismo rompe com a compreensão
de que as impressões, criadas na mente do homem pelos objetos e eventos, geram
seu comportamento. Segundo essa corrente, o comportamento humano étotalmente
explicável e, portanto, previsível a partir das situações em que se manifesta
independentemente de qualquer fator interno. Logo, ele pode ser compreendido como
o conjunto de uma excitação ou estímulo e de uma resposta ou ação.
No que diz respeito ao comportamento linguístico, a psicologia behaviorista
fornece a seguinte explicação: uma comunidade ensina o indivíduo a emitir uma
dada resposta verbal (a expressar um termo), provendo estímulos reforçadores quando
essa resposta ocorre na presença da coisa para a qual o termo proferido é tomado
como referente. O indivíduo, por exemplo, aprende a dizer "cadeira" na presença
de uma cadeira ou objeto similar não por uma questão de aprensão do signifcado
de "cadeira", mas porque essa resposta, na presença do objeto, tem uma história de
reforço provido pela comunidade verbal. Na perspectiva de Skinner, termos como
"conteúdo","significado" ou "referente" devem ser desprezados, pelo menos enquanto
propriedades de respostas verbais.
Ométodo deanálise quecaracterizaa vertente americana da linguistica estruturale
conhecido como análisedistribucional, apresentado nos Estados Unidos por Bloomfield.
com a publicação de Language, em 1933. Objetivando chegarà descrição total de um
estado sincrônico de língua, esse método parteda observaço deum corpuspara descrever
seus clementos constituintes de acordo com a possibilidade de eles se associarem enre
siarbirariamentec,
de mancira linear.mas,Presupõe-se, assim, que as partes de um língua não se orgarnzam
aO conrário, apresentam-se em certas posicöes particulares
relacionadas umas às outras. Trata-se, portanto, de um método pur.amente descritvoe
indutivo quccorroboaocntendimentodequctodas as frases de uma lingua s£o formadas
pcla combinaçãode construçoes-os seus constituintes-,cnäode uma simplessequncaa
de elenentos discretos. Esses constituintes, por sua vez,:sao lormados por uidades de
Estruturalismo 125
interior. Assim, para decompor os enunciados do corpus, os
ordem
utilizam um
método chamado de análise em
constituintes imediatos. distribucionalistas
unafrase éoresultado
dediversasi camadas de constituintes. Por Nessaa perspectiva,
frase"O aluno comprou
um livro"'é descrita como a exemplo, estrutura da
nominal ( oaluno") eum combinação de dois constituintes:
um sintagma sintagma verbal ("comprou um livro"). Por sua
vez,cada um c s
desses dois constituintes imediatos éformado por
aluno" éformado por um outros constituintes: o
sintagmaanominal o determinante ("o")epor umsubstantivo
('aluno"); o sintagma verbalI'comprou umlivro 'éformado por um verbo
e por um sintagma nominal ("um livro"). Podemos observar abaixo como("comprou")
nossa frase
node ainda ser segmentada emn outros constituintes:
Frase o aluno
comprou um livro
Sintagmas o aluno / comprou um livro
> Palavras.. olalunol comprou / um / livro
º Morfemas o/alun/o/ compr/ou / um / livrlo
> Fonema. ol all/u/n/o / klõ/p/rlolu I ü / ilv/lo
Conforme podemos observar, a análise distribucional (e omodelo estruturalista
como um todo) apresenta uma perspectiva demasiadamente formal acerca do fenômeno
linguistico, restringindo a tarefa do pesquisador, ao descrever uma língua, àclassificação
dos segmentos que aparecem nos enunciados do corpus eà identificação das leis de
combinação de tais segmentos.
As formulações propostas por Bloomficld sob a inspiração do behaviorismo
representaram, nos estudos linguísticos desenvolvidos nos Estados Unidos durante
as primeiras décadas do século xx, uma oposição às ideias mentalistas que defendiam
que a fala deveria ser explicada como um efeito dos pensamentos (intenções, crenças,
sentimentos) do sujeito falante.
Ao lado de Bloomfield, Edward Sapir é apontado como um autor clássico da
linguistica norte-americana do início do sÉculo xx. Entretanto, os estudos de Sapir
rompem os limites do estruturalismo saussureano, uma vez que adotam o postulado
de que os resultados da análise estrutural de uma língua devem ser confrontados com
Os resultados da análise estrutural de toda a cultura material e espiritual do povo que
fala tal lingua. As seguintes ideias estão relacionadas à hipótese Sapir- Whorf
cada lingua segmenta a realidade à sua maneira e impõe tal modo de
segmentação do mundo a todos os que a falam. Nesse sentido, a lingua
conhgura o pensamento: as pessoas que falam diferentes linguas veem o
mundo diferentemente;
*OS modelos linguísticos relacionam-se aos modelos socioculturais. As distinções
gramaticais e lexicais, obrigatórias numa dada lingua, correspondem às
distinções de comportamento, obrigatórias numa dada cultura.
126 Manual de linguistica

Tanto a tcoria proposta por Sapir-Whorf como o modelo de:eanálise distribucional


formulado por Bloomield inserem-se na situação linguísticaespecífcados Estados lini
naquele início de século. Havia no continente americano centoe cinquenta famílias A.
línguas ameríndias - oequivalente aaproximadamente mil linguas - apresentadas s.
a forma de material linguístico oral ainda não descrito, o que representava um grande
problema para os administradores e etnólogos da época. Aperspectiva antropológica
presente nos postulados de Sapir-Whorfe apsicologia comportamental que infuenciou
as ideias de Bloomficld encontram terreno féril nesse contexto particular.
Esse contexto, portanto, marcou o estruturalismo dos Estados Unidos
diferenciando-o da linguística europeia. Pode-se dizer que, enquanto Sapir foi o
pioneiro, Bloomfield foi o consolidador da linguística naquele pais, criando uma
teoria mais bem delimitada do que os linguistas anteriores.

Exercícios
1) Comente a afirmativa saussuriana:
"A lingua é um sistema cujas partes podem e devem ser consideradas em sua solidariedade
sincrónica" (Saussure, 1975).
2) Defina os conceitos de "lingua" e "fala".
3) Um dos postulados de base da linguistica estrutural é que o signo é
arbitrário. Explique o que
significa essa afirmaço.
4) Alinguistica estrutural reconhece o principio saussuriano de que todo o mecanismo linguistico repouia
sobre relações de dois tipos: sintagmáticas eparadigmáticas. Explique tal
principio.
5) A afirmativa de que "a linguística tem por único e verdadeiro objeto a lingua considerada em s
mesma c por si mesma, que inaliza o texto do Curso de linguistica geral, é fundamental para que
possamos compreender os postulados de Saussure. Faça alguns comentários a respeito dessa questao
6) Aponte trés caracteristicas da linguística descritiva norte-americana (distribucionalismo) que taze
dela una vertente do estruturalismo saussuriano.

Notas
A noção inical cra a de stema, proposta por Saussure. A noção de
tendo sido estabeiecido que a lingua constitul um sistema, cumprcestrutura desenvolveu do termo ausu
se
cstabclcct como se estrutura csse ssis
Essa caracteristica se descnvolveu dc modo mas forte na chamada Fscol, de
Hjcimslev. As chatmadas escolas de Pagac de Geneba, Conenhavue. sobrctudo com
relacionar cssa cstrurura com a noçio de "unçáo desenvolvendo uma linha um pouco diterente. p
1Saussure caractetia as onomatopeas autenticas como aquclas quc
e tepresenam
convencionais dc ccrtos ruidos, cm oposçào aquclas quc impressionam por suaimtaçócs aproumativs
sonoridade Sugestiva. oto.
Cxcmplo, tilintar, chover e piar
Oestruturalismo europeu está reprecntado pr1ncipalmentc pela linguística funcionall desenvolvida pela tscoa de
Praga. As questécs relaconadas a essa vertente sáo tratadas cm
capítulo cspcifico

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