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CONTABILIDADE

INTRODUTÓRIA
UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS – UNISINOS

Reitor
Pe. Marcelo Fernandes de Aquino, SJ

Vice-reitor
Pe. José Ivo Follmann, SJ

EDITORA UNISINOS

Diretor
Pe. Pedro Gilberto Gomes, SJ

Editora da Universidade do Vale do Rio dos Sinos


EDITORA UNISINOS
Av. Unisinos, 950
93022-000 São Leopoldo RS Brasil

Telef.: 51.35908239
Fax: 51.35908238
editora@unisinos.br
CONTABILIDADE
INTRODUTÓRIA

ALEXANDRE VERTES

Colaboradores:

ERNANI OTT
OSMAR SILVA CARNEIRO
CHARLINE BARBOSA PIRES
CARLA ROSANGELA WACHHOLZ

EDITORA UNISINOS
2010
© do autor, 2010

2010 Direitos de publicação e comercialização da


Editora da Universidade do Vale do Rio dos Sinos
EDITORA UNISINOS

V567c Vertes, Alexandre


Contabilidade introdutória / Alexandre Vertes ;
colaboradores : Ernani Ott... [et al.]. – São Leopoldo :
Unisinos, 2010.
106 p. : il. – (Coleção EaDUnisinos).
ISBN 978-85-7431-351-1
1. Contabilidade. I. Ott, Ernani. II. Título. III. Série.
CDU 657

Catalogação na Publicação:
Bibliotecária Fabiane Pacheco Martino – CRB 10/1256

Este livro está conforme com o


Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa vigente desde 2009.

Editor
Carlos Alberto Gianotti

Revisão
Renato Deitos

Editoração
Clo Sbardelotto

Capa
Isabel Carballo

Impressão, verão de 2010

A reprodução, ainda que parcial, por qualquer meio,


das páginas que compõem este livro, para uso não individual,
mesmo para fins didáticos, sem autorização escrita do editor,
é ilícita e constitui uma contrafação danosa à cultura.
Foi feito o depósito legal.
APRESENTAÇÃO

“Um livro-texto, no ensino de qualquer ciência, é um instrumento


da maior importância. O êxito dele, quando possui as qualidades desejadas,
depende basicamente dos professores que ministram a disciplina. As
características do livro-texto influenciam a didática e a metodologia aplica-
das pelos professores.” Estas são palavras iniciais do professor maior de
Contabilidade da UNISINOS e criador do Curso de Ciências Contábeis, o
professor Dr. Alexandre Vertes, que legou aos docentes desta Universidade a
implantação de um método para o ensino de Contabilidade, tendo como
base o Inventário Geral do patrimônio. Este livro-texto para a disciplina de
Contabilidade Introdutória reconduz ao seleto grupo de livros dos alunos e
professores da UNISINOS o livro Iniciação à Dupla Contabilidade Geral (Novo
Hamburgo: Otomit, 1987), do Prof. Dr. Alexandre Vertes, do qual somos
discípulos e seguidores.
Esta edição do livro tem o firme propósito de dar continuidade à
metodologia implantada pelo insigne mestre, por se aprovarem a sua prati-
cidade e a sua eficiência, assim como a facilidade que proporciona para a
compreensão e a assimilação da disciplina de Contabilidade, fato que se
comprova de maneira irrefutável pelo resultado de pesquisas divulgadas
pela Editora Abril, que tem posicionado o curso de Ciências Contábeis da
UNISINOS entre os dez melhores do Brasil.
Uma das características dos cursos noturnos, e este é o caso do curso
de Ciências Contábeis da UNISINOS, é a presença maciça de alunos-
trabalhadores, que dispõem de pouco tempo para o estudo, que muitas vezes
chegam exaustos à sala de aula, e que por isso não dispõem de toda sua
potencialidade produtiva.
Então, todo aprendizado depende da inicialização que o aluno terá,
pois é no início do contato com os conhecimentos, de qualquer disciplina,
que residem as maiores dificuldades e as grandes descobertas. A solidez dos
conhecimentos introdutórios contribui para despertar a curiosidade do aca-
dêmico, estimulando sua capacidade de aprender os conteúdos da disciplina,
tornando mais compreensíveis os conceitos e solucionáveis os problemas
que com o andamento do curso lhe serão apresentados e propostos.
Nesse sentido, a metáfora do Prof. Ms. Luiz Elimar Krause é preciosa
e irrefutável. Ele comparava o professor com alguém que porta um balde de
água e o aluno com alguém que está de posse de um garrafão. O balde com
a água representa o conteúdo, os conhecimentos de que o professor dispõe
para repassar ao aluno; o garrafão é onde este conteúdo será depositado. Se
a água for lançada de forma muito forte, o garrafão só absorverá digamos de
5% ou 10% do líquido que sobre ele for jogado; se, todavia, a transferência
for feita de forma equilibrada, muito pouco do que lhe for transmitido será
desperdiçado. Este último procedimento é o que se entende deva ser
introduzido nos primeiros ensinamentos de Contabilidade.
Com este propósito pretende-se iniciar o ensino da Contabilidade,
sendo que, ao concluir o semestre, o aluno deverá ter sólidos conhecimen-
tos sobre: (a) o “patrimônio”, mediante o estudo e a elaboração de Inventá-
rios Gerais; (b) as “variações patrimoniais”, permutativas e modificativas,
através do registro de transações; (c) as “contas”, sua natureza e classificação;
(d) o “método das partidas dobradas”, com ênfase especial à determinação
racional do débito e do crédito das contas; (e) a escrituração das operações
com mercadorias pelo sistema de “três contas”; (f) a escrituração de operações
do dia-a-dia das empresas; (g) a elaboração da “Demonstração do Resultado
do Exercício” e do “Balanço Patrimonial”, devidamente estruturados.
Finalmente, salientamos que este livro se constitui em uma reedição
do livro Iniciação à Dupla Contabilidade Geral, escrito por Alexandre Vertes
em 1987, que foi revisado e sofreu acréscimos e supressões. Além disso,
aproveitamos a oportunidade para agradecer à senhora Maria Inês, nora do
professor Vertes, que gentilmente atendeu nosso pedido, cedendo os direitos
de reedição do livro na forma em que agora se apresenta ao leitor.

São Leopoldo, janeiro de 2010.

Os colaboradores
SUMÁRIO

CAPÍTULO 1: O INVENTÁRIO GERAL ............................................................................ 9


1.1 A importância do Inventário Geral ............................................................................ 9
1.2 Estrutura gráfica do Inventário Geral ........................................................................ 10
1.3 Relações possíveis entre os valores
do Ativo Total e do Passivo Total ..................................................................................... 11
1.4 Conceito de patrimônio .................................................................................... 12
1.5 A equação patrimonial básica .......................................................................... 13

CAPÍTULO 2: O INVENTÁRIO GERAL FINAL ................................................................... 15


2.1 O novo levantamento inventarial: O Inventário Geral Final ................................... 15
2.2 Relações possíveis entre os valores do Capital Próprio dois
de Inventários Gerais ........................................................................................................ 17
2.3 Considerações sobre os Inventários Gerais apresentados ....................................... 17
2.4 Conclusões sobre a importância do Inventário Geral ............................................... 18

CAPÍTULO 3: NOÇÕES SOBRE INVENTÁRIOS ................................................................. 21


3.1 Classificação dos inventários .................................................................................... 21
3.1.1 Classificação dos inventários quanto aos fins .............................................. 21
3.1.2 Classificação dos inventários quanto à extensão ......................................... 22
3.1.3 Classificação dos inventários quanto à forma
de apresentação dos componentes .......................................................................... 22
3.1.4 Classificação dos inventários segundo a sua periodicidade ....................... 22
3.1.5 Classificação dos inventários quanto ao aspecto legal ................................ 22
3.2 Princípios dos Inventários ............................................................................................. 22

CAPÍTULO 4: NOÇÕES SOBRE BALANÇO ........................................................................ 25


4.1 O Balanço Patrimonial ................................................................................................. 25
4.1.1 Noções fundamentais sobre o Balanço Patrimonial ..................................... 26
4.1.2 A contabilidade é uma sequência de balanços ............................................. 28
4.1.3 A contabilidade é um balanço único movimentado ..................................... 31
4.1.4 A natureza das transações: as Variações Permutativas
ou Variações Qualitativas ........................................................................................ 33
4.1.5 O nascimento das contas patrimoniais .......................................................... 33
4.l.6 A contabilidade é um circuito fechado .......................................................... 40
4.l.7 A conceituação de Débito e Crédito ............................................................... 41

CAPÍTULO 5: O NASCIMENTO DAS CONTAS DE RESULTADO .................................... 45


5.1 o nascimento das contas de resultado ...................................................................... 45
5.2 A natureza das transações: Variações Modificativas
ou Variações Quantitativas do Patrimônio ..................................................................... 46
5.2.1 Variações modificativas (quantitativas) lançadas diretamente
na conta Capital Próprio .......................................................................................... 47
5.2.2 A Conta Lucros e Perdas, como “subconta”
da conta Capital Próprio e o surgimento da Dupla Contabilidade ................ 49
5.2.3 O nascimento das contas de resultado como subcontas
da conta Lucros e Perdas .................................................................................... 52
CAPÍTULO 6: ADMINISTRAÇÃO DE MERCADORIAS PELO SISTEMA
DE TRÊS CONTAS ................................................................................................................... 57
6.1 A conta Mista de Mercadorias ............................................................................... 57
6.2 Escrituração de Mercadorias pelo sistema de três contas ................................... 58
6.3 A técnica de instalação das subcontas de Mercadorias ....................................... 60

CAPÍTULO 7: PLANO DE CONTAS .................................................................................... 67


7.1 Introdução ................................................................................................................ 67
7.2 Elenco de Contas ..................................................................................................... 68

CAPÍTULO 8: TRANSAÇÕES E SUA ESCRITURAÇÃO DETALHADA .......................... 71


8.1 forma de escrituração das transações .................................................................... 71
8.2 O Balancete de Verificação ..................................................................................... 75
8.2.1 Etapas a serem seguidas na elaboração do Balancete de Verificação .... 75

CAPÍTULO 9: TABELA LEOPOLDENSE ............................................................................. 81


9.1 Considerações iniciais ............................................................................................ 81
9.1.1 Procedimentos a serem adotados na elaboração
da Tabela Leopoldense .......................................................................................... 84
9.1.2 Lançamentos de encerramento das contas
de resultado e patrimoniais ................................................................................... 87
9.1.2.1 Encerramento das contas de resultado positivo (Lucro) .............. 88
9.1.2.2 Encerramento das contas de resultado negativo (Perdas) ........... 89
9.1.2.3 Registro e distribuição do lucro líquido ou prejuízo líquido ......... 89
9.1.2.4 Encerramento das contas ativas ................................................... 90
9.1.2.5 Encerramento das contas passivas ............................................... 90
9.1.2.6 Encerramento das contas do Capital Próprio ................................ 91
9.1.3 Reabertura das contas patrimoniais ativas e passivas
e do Capital Próprio ................................................................................................ 92

CAPÍTULO 10: DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS .............................................................. 95


10.1 Balanço Patrimonial .................................................................................................. 95
10.1.1 Apresentação gráfica do Balanço Patrimonial .......................................... 96
10.1.2 Agrupamento das contas no Balanço Patrimonial ................................... 96
10.1.2.1 Ativo .................................................................................................. 96
10.1.2.2 Passivo .............................................................................................. 98
10.1.2.3 Patrimônio Líquido ......................................................................... 99
10.2 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO ...................................... 100
10.2.1 Estrutura da Demonstração do Resultado do Exercício ........................ 100
10.2.1.1 Agrupamento das contas da Demonstração
do Resultado do Exercício ............................................................................ 101

SOBRE OS AUTORES E OS COLABORADORES ............................................................. 105


CAPÍTULO 1

O INVENTÁRIO GERAL

Este capítulo trata do Inventário Geral, um dos mais importantes instrumentos usados na Contabilidade. Aborda a
importância do Inventário Geral, bem como sua estrutura gráfica (Cabeçalho, Corpo, Data e Assinatura).
A presenta as definições de Ativo (bens e direitos) e Passivo (dívidas e obrigações) e as relações possíveis entre
estes elementos que compõem o Patrimônio de uma entidade. Por fim, discute o conceito de Patrimônio e descreve
a Equação Patrimonial Básica.

1.1 A importância do Inventário Geral

O Inventário Geral permite conhecer a composição do patrimônio


de uma entidade e através da comparação de dois inventários é possível
determinar o resultado de um exercício. O patrimônio levantado e o resultado
apurado com a utilização deste instrumento será o mais exato possível.
No tocante à apuração do resultado, o Inventário Geral é capaz de
dispensar a escrituração contábil. Esta, no entanto, constitui-se em um
instrumento indispensável e imprescindível para a contabilidade gerar
informações que permitam a compreensão e a análise do resultado apurado.
As partes científica e técnica do Inventário Geral podem ser exa-
minadas utilizando-se o seguinte exemplo: Com o falecimento do senhor
Adriano da Silva, proprietário de uma empresa comercial do ramo de tecidos,
a referida empresa foi herdada e ficou sob a responsabilidade do seu filho
único, o senhor José da Silva. Este, que até então nunca havia se envolvido
com os negócios, procurou imediatamente inteirar-se do que lhe fora legado
por seu pai. Para tanto procurou, no dia 31 de março do ano X1, coinciden-
temente o último dia do mês de março, verificar in loco a situação em que se
encontrava a empresa, adotando os seguintes procedimentos:
a) verificou a quantidade de dinheiro existente no cofre, contando
e anotando os valores encontrados;
b) verificou, também, que existiam alguns valores a receber pro-
venientes de vendas efetuadas a prazo. Anotou o nome de cada
cliente, o número do documento (duplicata), a data do
vencimento e o seu respectivo valor;
c) efetuou a medição das mercadorias (tecidos) destinadas à venda,
anotando por espécie a quantidade física em metros, o preço
unitário de compra e calculou o seu montante total (quantidade
vezes preço unitário);
d) relacionou todos os móveis e utensílios e equipamentos existentes
os quais se destinavam ao uso próprio da loja.
ALEXANDRE VERTES 10

Além de encontrar todos os bens e direitos acima descritos, locali-


zou, também, algumas anotações em que estavam registradas dívidas e
obrigações da empresa. Organizou-as em duas listas separadas. Em uma
lista relacionou as dívidas provenientes de compras de mercadorias a prazo
na qual fez constar, além da data do vencimento, o nome do fornecedor, o
número do documento (duplicata) e o seu respectivo valor. Na outra lista
relacionou os empréstimos de dinheiro obtidos pela empresa junto a ter-
ceiros, mencionando, além da data do vencimento, o nome da pessoa ou
instituição que lhe havia feito o empréstimo, o número do documento (nota
promissória, contrato) e o seu respectivo valor.
Obtidas todas estas informações e devidamente relacionadas, o Sr.
José somou, separadamente, os valores do grupo de bens e direitos e o de
dívidas e obrigações e efetuou a comparação dos mesmos. Para isso utilizou
um instrumento simples, claro e preciso: o Inventário Geral.

1.2 Estrutura gráfica do Inventário Geral

O Inventário Geral apresenta a seguinte estrutura gráfica:

a) Cabeçalho, no qual constam:


- a denominação “Inventário Geral” (Inicial ou Final);
- o número de ordem dos inventários já feitos;
- o nome da empresa;
- a data do seu levantamento.

b) Corpo, que está dividido em três partes:


b.1) Ativo
Sob esta denominação são agrupados todos os bens e direitos da
empresa. O ativo, inicialmente, se encontra segmentado nos
seguintes itens:
- Caixa;
- Clientes;
- Mercadorias;
- Móveis e Utensílios.

b.2) Passivo
Sob esta denominação são agrupadas todas as dívidas e
obrigações da empresa. O passivo, inicialmente, se encontra
segmentado nos seguintes itens:
- Fornecedores;
- Empréstimos a Pagar.

b.3) Comparação
Sob esta denominação registra-se a diferença entre a soma dos
bens e direitos e das dívidas e obrigações. Significa o que sobraria
de recursos ao Sr. José da Silva se ele pagasse todas as dívidas/
obrigações (Passivo), com os recursos provenientes da venda de
todos os bens e a cobrança de todos os direitos (Ativo), ou seja:

Comparação = Ativo Total - Passivo Total

c) Data e Assinatura

Na figura 1, a seguir, apresenta-se o Inventário Geral (Inicial) da


empresa José da Silva, levantado em 31 de março do ano X1.
11 O INVENTÁRIO GERAL

INVENTÁRIO GERAL (Inicial) – nº 1


Da empresa José da Silva, de São Leopoldo.
Levantado em 31 de março do ano X1.

Nº Descrição Quanti- Preço Parcial Total


dade Unitário

I – ATIVO
1 Caixa: em moeda corrente nacional 1.000,00
2 Clientes
P. Afonso, duplicata nº 23,
vencimento 15/04/X1 1.500,00
A. Paz, duplicata nº 31,
vencimento 10/05/X1 500,00 2.000,00
3 Mercadorias
Tecido Marca Estrela, cor rosa 300m 12,00 3.600,00
Tecido Marca Neve, cor preta 120m 10,00 1.200,00
Tecido Marca Ouro, cor azul 400m 8,00 3.200,00 8.000,00
4 Móveis e Utensílios
Prateleira, nº 1, uso próprio 1 80,00
Prateleira, nº 2, uso próprio 1 40,00
Cofre forte, nº 3, uso próprio 1 120,00
Balcão de madeira, nº 4, uso próprio 1 50,00
Escrivaninhas, nº 5 e 6, uso próprio 2 30,00 60,00
Cadeiras estofadas nº 7, 8, 9 e 10,
uso próprio 4 10,00 40,00 390,00
5 Equipamento de Informática
Computador Dell, nº 11, uso próprio. 1 1.800,00 1.800,00
ATIVO TOTAL 13.190,00
II – PASSIVO
1 Fornecedores
L. Ely, duplicata nº 16, vencimento 15/04/X1 1.000,00
H. Leal, duplicata nº 36, vencimento 10/05/X1 1.500,00 2.500,00
2 Empréstimos a Pagar
R. Ramos, NP nº 9103, vencimento 20/04/X1 800,00
Bradesco, NP nº 680X, vencimento 02/05/X1 2.700,00 3.500,00
PASSIVO TOTAL 6.000,00
III – COMPARAÇÃO
Ativo Total 13.190,00
(-) Passivo Total 6.000,00
CAPITAL PRÓPRIO 7.190,00

São Leopoldo, 31 de março do ano X1.


José da Silva
(assinatura)
Figura 1: Inventário Geral Inicial da empresa José da Silva.

1.3 Relações possíveis entre os valores do Ativo Total e do Passivo Total

A comparação entre os valores do Ativo Total e os valores do Passivo


Total (parte III do Inventário Geral) conduz à constatação da existência ou
não de Capital Próprio.
O Capital Próprio é a parte da empresa que pertence ao proprietário,
pois representa a parcela que resta de todos os bens/direitos existentes
(ATIVO), após serem liquidadas todas as dívidas e obrigações (PASSIVO).
Esta comparação pode apresentar as seguintes situações:
ALEXANDRE VERTES 12

AT > PT = Capital Próprio ou Patrimônio Líquido


AT < PT = Passivo a Descoberto (inexiste Capital Próprio ou
Patrimônio Líquido)
AT = PT = Situação Nula (inexiste Capital Próprio ou
Patrimônio Líquido)

Quando o valor do Ativo Total (AT) é maior do que o valor do Passivo


Total (PT), tem-se como resultante o Capital Próprio ou o Patrimônio Líquido,
como também é denominado. Assim:

Ativo Total R$ 13.190,00


(-) Passivo Total R$ 6.000,00
(=) Capital Próprio/Patrimônio Líquido........ R$ 7.190,00

Quando o valor do Ativo Total (AT) é menor do que o valor do Passivo


Total (PT), tem-se como resultante o Passivo a Descoberto, ou seja, os valores
do Ativo não dão cobertura aos valores do Passivo, inexistindo, neste caso,
Capital Próprio ou Patrimônio Líquido. Supondo-se que o Ativo Total seja
de R$ 6.000,00 e o Passivo Total de R$ 13.190,00, tem-se:

Ativo Total R$ 6.000,00


(-) Passivo Total R$ 13.190,00
(=) Passivo a Descoberto.......... (R$ 7.190,00) (valor negativo)

Quando o valor do Ativo Total (AT) é igual ao valor do Passivo Total


(PT), tem-se como resultante uma Situação Nula. Neste caso, também, inexiste
Capital Próprio ou Patrimônio Líquido, mas a empresa não possui Passivo a
Descoberto, pois os bens e direitos (Ativo) cobrem exatamente as dívidas e
obrigações (Passivo). Supondo-se então que o Ativo Total seja de R$ 6.000,00
e o Passivo Total de R$ 6.000,00, tem-se:

Ativo Total R$ 6.000,00


(-) Passivo Total R$ 6.000,00
(=) Situação Nula R$ 0,00

1.4 Conceito de patrimônio

O patrimônio é o conjunto de bens, direitos, dívidas e obrigações de


uma empresa, o que significa que estes elementos não podem ser
considerados separadamente.
Para melhor compreensão deste conceito, pode-se utilizar como
metáfora o ser humano, que pode ter associados a si virtudes e defeitos. As
virtudes podem ser associadas aos bens e direitos e os defeitos podem ser
associados às dívidas e obrigações. Então, é possível separar o ser humano
em partes? Separar a parte que corresponde às virtudes e a parte que
corresponde aos defeitos? Evidentemente que não, pois o ser humano é um
ser único, estando nele concentrados, ao mesmo tempo, os seus aspectos
positivos e negativos.
Tomando-se por base o exemplo acima, pode-se afirmar que não é
somente o conjunto dos valores ativos e nem somente o conjunto dos valores
passivos, considerados de forma isolada, que compõem o patrimônio. O
patrimônio é o conjunto de todo este conteúdo, sem que se expresse
comparação entre seus valores ativos e seus valores passivos, o que significa
13 O INVENTÁRIO GERAL

que ele é o somatório destes conteúdos. Disto resulta, conceitualmente, a


seguinte equação:

ATIVO + PASSIVO = PATRIMÔNIO

1.5 A equação patrimonial básica

Uma vez conhecidos os valores do Ativo Total (bens e direitos) e do


Passivo Total (dívidas e obrigações), pode-se efetuar o confronto dos mesmos.
Desse confronto o que resta é o Capital Próprio ou Patrimônio
Líquido, o que foi apurado na terceira parte do Inventário Geral (III –
Comparação), ou seja, a parte que pertence à empresa (aos proprietários da
empresa). Significa que, ao liquidar-se o Passivo com os valores do Ativo, os
valores passivos desaparecem e então claramente se identificam quais os
valores ativos que formam o Capital Próprio ou Patrimônio Líquido. Esse
fato dá base à equação patrimonial básica, apresentada a seguir:

ATIVO + (– PASSIVO) = + CAPITAL PRÓPRIO ou


PATRIMÔNIO LÍQUIDO

ou

ATIVO – PASSIVO = + CAPITAL PRÓPRIO ou


PATRIMÔNIO LÍQUIDO

PARA COMPLEMENTAÇÃO DE ESTUDOS

Para conhecer um pouco mais da história da Contabilidade em nosso país, acesse o site do
7º Congresso USP de Controladoria e Contabilidade e leia o artigo intitulado “Pesquisa Docu-
mental e História Oral Temática: sua utilização na elaboração de biografias de professores e
pesquisadores da área contábil no Brasil”, elaborado pelos autores Carla Rosangela Wachholz
e Ernani Ott. O estudo traz a biografia do professor Dr. Alexandre Vertes, que se dedicou
durante trinta anos ao ensino e à pesquisa na área contábil no Brasil, destacando elementos
relacionados à sua vida pessoal, acadêmica e profissional. Entre os temas abordados está o
“Inventário Geral Patrimonial”, foco deste capítulo.

TERMOS-CHAVE

Inventário Geral – é o instrumento contábil Patrimônio – é o conjunto de bens, direitos


que permite conhecer a composição do pa- (Ativo Total), dívidas e obrigações (Passivo
trimônio de uma entidade e o seu resultado, Total) de uma empresa.
quando da comparação entre dois inven-
tários. Patrimônio Líquido ou Capital Próprio –
é o resultado do confronto entre o Ativo e o
Ativo – é o conjunto de bens e direitos de Passivo de uma entidade.
uma entidade.

Passivo – são as dívidas e obrigações de


uma entidade.
CAPÍTULO 2

O INVENTÁRIO GERAL FINAL

Neste capítulo discute-se o Inventário Geral Final, que, ao ser comparado com o Inventário Geral Inicial, permite a
apuração do Resultado (ganhos ou perdas) da entidade. As relações possíveis entre os valores do Capital Próprio
de dois inventários são descritas e, na sequência, também são discutidos os conceitos de liquidez e exigibilidade,
bem como outros aspectos que devem ser observados na elaboração de um inventário, Inicial ou Final. Finalmente,
são apresentadas conclusões sobre a importância do Inventário Geral para as entidades.

2.1 O novo levantamento inventarial: O Inventário Geral Final

Decorrido um ano, no dia 31 de março do ano X2, o Sr. José da Silva,


que continuou as atividades da empresa, resolveu examinar como está a sua
situação atual. Para tanto, utilizando a mesma maneira adotada quando
tomou a posse da empresa de seu pai, levantou um novo Inventário Geral: o
Inventário Geral (Final) nº 2.
Mesmo não tendo se preocupado com a escrituração contábil das
transações efetuadas neste período, embora elas sejam necessárias e
importantes, necessitava informações sobre a composição do seu patrimônio
e sobre os resultados (ganhos ou perdas) ocorridos neste ano de atividades.
Para tanto, adotou a mesma técnica usada no ano imediatamente
anterior, isto é, anotando o dinheiro encontrado em caixa, os valores a receber
dos clientes, as mercadorias em estoque, os móveis e utensílios existentes e
as dívidas e obrigações para com terceiros.
Ao relacionar os móveis e utensílios, observou que alguns compo-
nentes anteriormente existentes não mais existiam, havendo outros que fo-
ram adquiridos durante o ano. Os móveis e utensílios e o equipamento de
informática que permaneceram, por se apresentarem mais desgastados pelo
uso, tiveram esta situação reconhecida mediante a redução de seu valor em
10% e 20%, respectivamente.
Conhecendo, então, o valor do Ativo Total e do Passivo Total, o que
está discriminado na figura 2, a seguir, constatou que após a comparação do
Ativo Total e do Passivo Total seu Capital Próprio (Patrimônio Líquido) em 31
de março do ano X2 atingiu a soma de R$ 22.925,00. Isso permitiu que efetuas-
se, também, outra comparação, desta feita entre os Capitais Próprios obtidos
no Inventário Geral Inicial e no Inventário Geral Final. Isso determinou que se
fizesse a inserção de uma quarta parte no Inventário denominada de Resultado.
Então, comparando-se os Capitais Próprios dos dois Inventários (Final e Inicial),
constatou-se um aumento de R$ 15.735,00 no mesmo.
Esta variação (positiva), no exemplo, é representada pelo aumento
do Capital Próprio do ano anterior em relação ao atual e demonstra o ganho
ALEXANDRE VERTES 16

obtido no período. Tecnicamente, denomina-se este ganho de Lucro Líquido


ou Rédito Positivo, assim representado:

Capital Próprio do ano X2 R$ 22.925,00


(-) Capital Próprio do ano X1 R$ 7.190,00
(=) Lucro Líquido ou Rédito Positivo R$ 15.735,00

O Inventário Geral (Final) nº 2, levantado em 31 de março do ano


X2, está representado na figura 2.

INVENTÁRIO GERAL (Final) – nº 2


Da empresa José da Silva, de São Leopoldo.
Levantado em 31 de março do ano X2.
Quanti- Preço
Nº Descrição Parcial Total
dade Unitário

I – ATIVO
1 Caixa: em moeda corrente 1.550,00
2 Clientes
H. Troll, duplicata nº 111,
vencimento 15/05/X2 2.100,00
M. Prates, duplicata nº 117,
vencimento 26/06/X2 4.500,00
A. Tavares, duplicata nº 121,
vencimento 30/06/X2 3.400,00 10.000,00
3 Mercadorias
Tecido Marca M, cor amarela 700m 12,00 8.400,00
Tecido Marca R, cor azul 450m 10,00 4.500,00
Tecido Marca A, cor preta 200m 8,00 1.600,00
Tecido Marca T, cor cinza 400m 25,00 10.000,00 24.500,00
4 Móveis e Utensílios
Prateleira nº 12, uso próprio 1 500,00
Cofre forte nº 3, uso próprio 1 108,00
Balcão de madeira nº 4, uso próprio 1 45,00
Escrivaninhas nº 6 e 7, uso próprio 2 27,00 54,00
Cadeiras estofadas nº 8, 9, 10 e 11,
uso próprio 4 9,00 36,00
5 Equipamento de Informática 743,00
Computador Dell, nº 11, uso próprio 1 1.440,00 1.440,00
ATIVO TOTAL 38.233,00
II – PASSIVO
1 Fornecedores
Ouro Ltda, duplicata nº 138,
vencimento 02/05/X2 2.500,00
Perfect S/A, duplicata nº 452,
vencimento 20/05/X2 308,00 2.808,00
2 Empréstimos a Pagar
Banco Itaú, contrato nº 6872,
vencimento 15/05/X2 12.500,00
PASSIVO TOTAL 15.308,00
III – COMPARAÇÃO
Ativo Total 38.233,00
(-) Passivo Total 15.308,00
Capital Próprio 22.925,00
IV – RESULTADO
Capital Próprio do ano atual (X2) 22.925,00
(-) Capital Próprio do ano anterior (X1) 7.190,00
LUCRO LÍQUIDO 15.735,00

São Leopoldo, 31 de março do ano X2.


José da Silva
(assinatura)
Figura 2: Inventário Geral Final da empresa José da Silva.
17 O INVENTÁRIO GERAL FINAL

2.2 Relações possíveis entre os valores do Capital Próprio


dois de Inventários Gerais

Na quarta parte do Inventário (IV – Resultado), que possibilita apurar


o resultado das atividades, podem existir as seguintes alternativas:
Capital Próprio do ano atual maior que o Capital Próprio do ano
anterior, de acordo com o que consta no Inventário Geral Final nº 2:

Capital Próprio do ano atual ......................................... R$ 22.925,00


(-) Capital Próprio do ano anterior ................................. R$ 7.190,00
(=) Lucro Líquido, Rédito Positivo, Resultado Positivo ... R$ 15.735,00

Capital Próprio do ano atual menor que o Capital Próprio do ano


anterior, de acordo com o que consta no Inventário Geral Final nº 2:
Capital Próprio do ano atual .......................................... R$ 8.600,00
(-) Capital Próprio do ano anterior .................................... R$ 12.100,00
(=) Prejuízo, Rédito Negativo, Resultado Negativo .......... R$ (3.500,00)

Capital Próprio do ano atual igual ao Capital Próprio do ano ante-


rior, de acordo com o que consta no Inventário Geral Final nº 2:
Capital Próprio do ano atual............................................. R$ 4.000,00
(-) Capital Próprio do ano anterior................................. R$ 4.000,00
(=) Situação Nula, Rédito Nulo, Não houve Resultado. R$ ZERO

Generalizando a quarta parte do Inventário Geral, pode-se repre-


sentá-la da seguinte forma:

Capital Próprio atual > Capital Próprio anterior = Lucro


Líquido, Rédito Positivo, Resultado Positivo
Capital Próprio atual < Capital Próprio anterior = Prejuízo,
Rédito Negativo, Resultado Negativo
Capital Próprio atual = Capital Próprio anterior = Situação
Nula, Rédito Nulo, Não houve resultado

2.3 Considerações sobre os Inventários Gerais apresentados

Os inventários seguem uma determinada ordem na sua elaboração.


Os valores do Ativo, por exemplo, estão colocados segundo a ordem decres-
cente de sua possível transformação em dinheiro, isto é, em ordem de liquidez:

Caixa representa o dinheiro existente


Clientes representam direitos de cobrança na data de seus
vencimentos
Mercadorias representam as existências em estoque que precisam ser
vendidas para serem transformadas em dinheiro
Móveis e Utensílios representam os bens adquiridos para uso próprio da
entidade. São os que estão mais longe de se transformar
em dinheiro, pois não se destinam à venda.

A ordem de liquidez deve ser observada, também, dentro dos itens


ou grupos do Ativo que representam valores a receber de terceiros cujas
ALEXANDRE VERTES 18

datas de vencimento são identificadas nos documentos de origem. É o caso,


por exemplo, de Clientes que devem ser descritos no Inventário pela ordem
crescente de vencimento, isto é, do mais próximo do seu recebimento ao
mais distante.
Já os valores do Passivo estão colocados segundo a ordem crescente
de vencimento das dívidas e obrigações, isto é, em ordem de exigibilidade:

Fornecedores representam as dívidas por compra de mercadorias


a prazo
Empréstimos a Pagar representam as dívidas por empréstimos recebidos
em dinheiro

A ordem de exigibilidade deve ser observada dentro de cada ele-


mento que compõe o Passivo, no caso, Fornecedores e Empréstimos a Pagar.
Por isso a ordem de descrição de cada dívida ou obrigações inicia-se pelo
vencimento mais próximo à data do Inventário Geral até o mais distante.
Costuma-se representar “Fornecedores” como primeiro elemento do Passivo
e assim as dívidas nele constantes serão descritas obedecendo a ordem de
exigibilidade comentada anteriormente. Em seguida, aparecem os
Empréstimos a Pagar, cujo tratamento será idêntico.
Mesmo que haja um Empréstimo a Pagar cujo vencimento seja an-
terior a uma dívida descrita em Fornecedores, os Fornecedores sempre serão
descritos em primeiro lugar no Passivo. Em todos os casos o que deve ser
considerado é a ordem de exigibilidade dentro de cada elemento, o que está
adequadamente demonstrado na figura 2 (Inventário Geral Final nº 2).
Outro aspecto é que, para apurar o resultado de um exercício, efetua-
se o confronto dos Capitais Próprios de dois Inventários Gerais; o primeiro
denominado Inventário Geral Inicial e o segundo denominado Inventário
Geral Final.

O Inventário Geral Final de um exercício


será o Inventário Geral Inicial do exercício seguinte.

Um Inventário Geral tomado isoladamente revela a situação patri-


monial de uma entidade em um determinado momento, ou seja, revela o
patrimônio líquido sob seu aspecto estático.
A comparação entre dois Inventários Gerais apresenta o resultado
obtido entre as duas datas do levantamento inventarial, ou seja, revela o
patrimônio líquido em dois momentos, ou seja, seu aspecto dinâmico. Não
explica, porém, nem como e nem de que forma foram produzidas as variações
que o alteraram. Consegue-se saber que as atividades apresentaram um lucro
(houve um aumento no Capital Próprio de R$ 15.735,00), mas não se sabe
como foi gerado este lucro. Esta informação, como já enfatizado
anteriormente, é obtida mediante o processo de escrituração contábil, que será
detalho em capítulos específicos.

2.4 Conclusões sobre a importância do Inventário Geral


O que foi exposto permite concluir:
 Sem o inventário geral, não existe contabilidade;
 Sem o levantamento inventarial, não é possível apurar o resultado
exato de um exercício;
19 O INVENTÁRIO GERAL FINAL

 Se o levantamento inventarial não for efetuado com exatidão, o


resultado apurado através da escrituração não oferecerá a
segurança necessária;
 Um inventário revela o aspecto estático do patrimônio da entidade;
a comparação de dois inventários revela o aspecto dinâmico do
patrimônio;
 A comparação de dois inventários (inicial e final) permite a
apuração do resultado de um exercício;
 O resultado obtido através da comparação de dois inventários
(inicial e final) é o mesmo que se obteria mediante a utilização da
mais perfeita e organizada escrituração contábil;
 O inventário reúne todos os bens, direitos, dívidas e obrigações
de uma entidade em um determinado momento;
 O Capital Próprio não é passivo. Ele é o resultado da soma algébrica
do Ativo e do Passivo; é o resultado da comparação entre os
valores que a empresa possui (ativos) e os valores que ela deve
(passivo). Representa o valor que restaria à entidade se ela
vendesse todos os seus ativos, transformando-os em dinheiro, e
pagasse todas as suas dívidas.

PARA COMPLEMENTAÇÃO DE ESTUDOS

Como mencionado neste capítulo e no Capítulo 1, o Inventário Geral é capaz de dispensar a


escrituração contábil, pois possibilita que se conheça a composição do Patrimônio e o resultado
de uma entidade. Por outro lado, o Inventário Geral não explica como foram produzidas as
variações que alteram o Patrimônio Líquido da entidade. Faz-se necessário, então, realizar a
escrituração contábil. Diante disso, para compreender por que a escrituração contábil, que
permite o registro e o controle dos fatos que modificam a composição do Patrimônio da
empresa é importante, e por consequência proporciona a geração de informações, pode-se
pesquisar as finalidades para as quais se usa a informação contábil, no livro Contabilidade
Introdutória, elaborado pela Equipe de Professores da FEA/USP.

TERMOS-CHAVE

Resultado – é a quarta parte do Inventário Situação Nula – significa que não houve
Geral Final, na qual são comparados os resultado (ganho ou perda), pois o Capital
Capitais Próprios de dois Inventários (Inicial Próprio do período atual não se modificou
e Final) para apuração do resultado da em relação ao Capital Próprio do período
entidade. anterior.
Lucro Líquido – é o ganho obtido no Ordem de Liquidez – é a ordem decres-
período. Representa uma variação positiva cente de possível realização em dinheiro
do Capital Próprio do ano atual em relação dos elementos que formam o Ativo.
ao ano anterior.
Ordem de Exigibilidade – é a ordem cres-
Prejuízo – é o resultado negativo (perda) cente de vencimento na qual devem ser
do período. Representa uma redução do organizadas as dívidas e obrigações da
Capital Próprio do ano atual em relação ao entidade.
ano anterior.
CAPÍTULO 3

NOÇÕES SOBRE INVENTÁRIOS

Este capítulo apresenta os diferentes tipos de inventários, que podem ser classificados quanto: aos fins, à extensão,
à forma, à periodicidade e aos aspectos legais. Além disso, são apresentados os princípios dos inventários, que
devem ser considerados no momento da sua elaboração para que ele possa atingir seus objetivos (informar sobre
a composição do patrimônio e o resultado de uma entidade).

3.1 Classificação dos inventários

A classificação dos inventários depende das causas que motivam


sua preparação. Como são muitas as causas que determinam a elaboração
de um inventário, é difícil enumerar uma classificação que esgote todas as
classes de inventário.
Portanto, em cada empresa podem ser elaborados diversos tipos de
inventários, para diversas finalidades. Isso torna necessário agrupá-los de
acordo com as suas finalidades.
Pode-se então dizer que os inventários se classificam quanto: (a) aos
fins; (b) à extensão; (c) à forma; (d) à periodicidade; e (e) ao aspecto legal.

3.1.1 Classificação dos inventários quanto aos fins


Quanto aos fins, podem-se classificar os inventários em:
a) Inventário de exercício ou de gestão: tem a finalidade de demonstrar
a situação patrimonial da entidade e fornecer os dados necessários
para a determinação do resultado do exercício. Realiza-se
anualmente, por imposição legal, embora nos dias atuais seja
recomendável sua elaboração ao final de cada mês. O critério de
avaliação assume papel relevante neste tipo de inventário.
b) Inventário de instalação ou de constituição: tem como objetivo o
levantamento dos valores com os quais a entidade está iniciando
suas atividades. Em geral, consta somente de dinheiro (caixa),
embora muitas vezes possam ser utilizados bens e outros valores
para constituir uma empresa.
c) Inventário de liquidação: tem por finalidade determinar o valor dos
bens/direitos e dívidas/obrigações, no momento em que a
entidade decide encerrar suas atividades. Sua principal finalidade
é transformar todos os valores em moeda (ativos), pagar todas
as dívidas (passivos) e verificar a parcela que restará aos
proprietários.
ALEXANDRE VERTES 22

d) Inventário de fusão: é feito quando duas ou mais empresas pre-


tendem se associar, formando uma nova entidade. As empresas
anteriores, objetos da fusão, desaparecem.
e) Inventário de transferência: é levantado por ocasião da passagem
de gestão entre responsáveis pela administração de uma entidade
ou entre responsáveis por departamentos da entidade.
f) Inventário de cessão: é elaborado quando se efetua a venda completa
da empresa.
g) Inventário de transformação: é levantado quando uma empresa
muda sua característica jurídica; por exemplo, quando uma
Sociedade por Quotas de Responsabilidade Limitada se trans-
forma em Sociedade Anônima.

3.1.2 Classificação dos inventários quanto à extensão


Quanto à extensão, podem-se classificar os inventários em:
a) Inventário geral ou total: é assim denominado porque abrange todo
o patrimônio da empresa (bens, direitos, dívidas e obrigações).
b) Inventário parcial: como o próprio nome indica, refere-se a uma
parte do conjunto patrimonial. O inventário de mercadorias é
um exemplo típico de inventário parcial.

3.1.3 Classificação dos inventários quanto à forma de apresentação dos


componentes
Quanto à forma, podem-se classificar os inventários em:
a) Inventário analítico ou descritivo: quando os seus componentes são
descritos, pormenorizadamente, um a um, de forma individua-
lizada.
b) Inventário sintético: quando os bens são agrupados segundo sua
espécie, característica ou valor.

3.1.4 Classificação dos inventários segundo a sua periodicidade


Quanto à periodicidade, os inventários são classificados como:
a) Inventários ordinários: são os levantados periodicamente, em datas
prefixadas.
b) Inventários extraordinários: são os levantados esporadicamente, em
ocasiões especiais (entrada de novo sócio, transferência de direção
etc.).

3.1.5 Classificação dos inventários quanto ao aspecto legal


Quanto ao aspecto legal, os inventários podem ser:
a) Inventários obrigatórios: são os levantados em obediência à legis-
lação vigente.
b) Inventários estatutários ou contratuais: são os levantados em obe-
diência a cláusulas contratuais ou estatutárias.
c) Inventários livres: são aqueles executados em razão da simples
vontade dos responsáveis pela empresa.

3.2 Princípios dos Inventários


As normas adotadas nos procedimentos do levantamento inven-
tarial tomaram tamanha importância que podem ser consideradas como
princípios.
23 N OÇÕES SOBRE INVENTÁRIOS

A falta da fiel observância destes princípios afasta o inventário


de sua finalidade primordial.

a) Princípio da instantaneidade: o levantamento inventarial deve


referir-se a um determinado momento (dia e hora), mesmo que
na sua elaboração se leve dois ou mais dias.
b) Princípio da tempestividade ou da oportunidade: exige que o tempo
do levantamento inventarial seja o menor possível. Trata também
da fixação da época para o seu levantamento.
c) Princípio da integridade: estabelecidos os limites do inventário,
todos os elementos do patrimônio que estão dentro desse limite
devem ser arrolados. Qualquer elemento que não figure dentro
dos limites não deve ser incluído. Devem-se evitar omissões,
inclusões impróprias e repetições, para não ferir este princípio.
d) Princípio da especificação: os componentes do patrimônio devem
estar corretamente agrupados em conjuntos homogêneos e
devidamente individualizados.
e) Princípio da homogeneidade: os elementos patrimoniais precisam
ser transformados em uma unidade de medida comum – a moeda
– para poderem ser somados.
f) Princípio da estabilidade ou uniformidade: também chamado de
conservador, este princípio pretende manter a mesma forma,
estruturação e critérios dos inventários, com a finalidade de pos-
sibilitar a comparação entre eles, tanto na sua totalidade quanto
em relação às suas partes.

PARA COMPLEMENTAÇÃO DE ESTUDOS

Neste capítulo, observa-se que os princípios do inventário são estabelecidos para que as
informações relacionadas à composição do patrimônio e ao resultado de uma entidade sejam
fidedignas. Assim como o Inventário Geral, as demais demonstrações contábeis também
devem apresentar informações que reflitam a realidade da entidade. Portanto, elas precisam
apresentar as seguintes características qualitativas para se tornar úteis aos seus usuários
(aqueles que utilizam as informações para tomar suas decisões): compreensibilidade, rele-
vância, confiabilidade e comparabilidade. Para saber o que cada uma destas características
significa, acesse no site do Conselho Federal de Contabilidade (www.cfc.org.br) a Resolução
CFC nº 1.121/08 e realize a leitura do tópico Características Qualitativas das Demonstrações
Contábeis.

TERMOS-CHAVE

Finalidade do inventário – exercício ou de Periodicidade do inventário – ordinário e


gestão; instalação ou de constituição; liqui- extraordinário.
dação; fusão; transferência; cessão e trans-
formação. Obrigatoriedade do inventário – obriga-
tório; estatutário ou contratual e livre.
Extensão do inventário – geral ou total e
parcial. Princípios inventariais – são as normas
adotadas nos procedimentos do levanta-
Forma de apresentação dos compo- mento inventarial.
nentes do inventário – analítico ou des-
critivo e sintético.
CAPÍTULO 4

NOÇÕES SOBRE BALANÇO

Neste capítulo apresenta-se o Balanço Patrimonial, que nada mais é do que um inventário sintético, elaborado a
partir do Inventário Geral. São discutidas as noções fundamentais sobre o Balanço Patrimonial, relacionadas
principalmente à sua estrutura e ao seu funcionamento, bem como aos conceitos de origem e aplicações de recursos.
Apre senta-se a Contabilidade como uma sequência de balanços e como um balanço único movimentado. As
variações permutativas ou qualitativas são descritas e a Contabilidade é apresentada como um circuito fechado.
Por fim, são discutidos os conceitos de Débito e Crédito.

4.1 O Balanço Patrimonial

Uma vez que se tenha um Inventário Geral bem elaborado, a dificul-


dade de se fazer um Balanço Patrimonial praticamente desaparece. O
Inventário Geral é, portanto, a base do Balanço Patrimonial, assim como os
alicerces sobre os quais se constrói um edifício.
O Balanço Patrimonial é um inventário sintético, uma vez que se
abstém de especificar em detalhes os valores que compõem o patrimônio
(Ativo e Passivo), apresentando-os em grupos homogêneos. Trata-se da
representação gráfica sintética do patrimônio de uma entidade em um
determinado momento. Sua representação se apresenta sempre na forma
da letra maiúscula “T”, o que lhe dá como característica a figura de uma
“balança”.
O Ativo, que é o conjunto de bens e direitos de uma entidade, e o
Passivo, que agrupa suas dívidas e obrigações. A diferença entre ambos é o
Capital Próprio ou Patrimônio Líquido da entidade.
Assim, por exemplo, o Ativo do Inventário Geral nº 2 (Figura 2),
está formado pelos seguintes itens e seus respectivos valores:

Caixa ........................................... R$ 1.550,00


Clientes ....................................... R$ 10.000,00
Mercadorias ............................... R$ 24.500,00
Móveis e Utensílios .................... R$ 743,00
Equip. de Informática ................ R$ 1.440,00
ATIVO TOTAL ........................... R$ 38.233,00

O Passivo do mesmo Inventário Geral nº 2 (Figura 2) encontra-se


formado pelos seguintes itens e valores:

Fornecedores .............................. R$ 2.808,00


Empréstimos a Pagar ................. R$ 12.500,00
PASSIVO TOTAL ........................ R$ 15.308,00
ALEXANDRE VERTES 26

Por convenção é aceita a colocação dos valores ativos no lado


esquerdo do Balanço, e por consequência os valores passivos do lado direito
do Balanço, ou seja, os valores passivos são colocados no lado contrário ao
dos valores ativos.
Ainda no Inventário Geral nº 2, além do Ativo e do Passivo encon-
tra-se uma terceira parte, chamada de “Comparação”, cujo resultado
denomina-se de “Capital Próprio” ou “Patrimônio Líquido”. Os valores
correspondentes são os seguintes:

Ativo Total .................................................................. R$ 38.233,00


(-) Passivo Total .......................................................... R$ 15.308,00
CAPITAL PRÓPRIO ou PATRIMÔNIO LÍQUIDO... R$ 22.925,00

O Capital Próprio, assim obtido, é colocado no lado menor, nor-


malmente no lado do Passivo, com a finalidade de manter a igualdade do
balanço. Isto ocorre porque, sendo o Capital Próprio a diferença entre o
Ativo e o Passivo, sua colocação no lado do Passivo resulta, forçosamente,
na igualdade entre os dois lados do Balanço. Isto é o mesmo que ocorre
na balança, a qual possui dois pratos e a igualdade se dá no momento em
que pesos iguais são neles colocados, ou seja, em cada um dos lados da
balança, provocando o equilíbrio entre ambos. Esta é a essência do conceito
de balanço.
A representação do Balanço Patrimonial baseada nas premissas
acima referidas é a seguinte:

BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO R$ PASSIVO + CAPITAL PRÓPRIO R$
Caixa 1.550,00 Fornecedores 2.808,00
Clientes 10.000,00 Empréstimos a Pagar 12.500,00
Mercadorias 24.500,00 Passivo Total 15.308,00
Móveis e Utensílios 743,00 Capital Próprio 22.925,00
Equip. de Informática 1.440,00
Ativo Total 38.233,00 Passivo Total + Capital Próprio 38.233,00

4.1.1 Noções fundamentais sobre o Balanço Patrimonial


Como mencionado anteriormente, por uma questão de costume ou
convenção, colocam-se os valores do Ativo no lado esquerdo do balanço e
os valores do Passivo no lado direito. O Capital Próprio ou Patrimônio Líquido
é colocado também no lado direito (lado do Passivo), forçando desta forma
a igualdade entre os dois lados.
O Passivo, lado direito do balanço, é também denominado lado dos
capitais, ou ainda o lado das origens dos capitais. Representam os recursos
(capitais) capazes de dar origem a todos os valores que compõem o Ativo.
Os capitais que formam o lado direito do balanço (origens) dividem-se em:
 Capitais de Terceiros: Dívidas/Obrigações (fornecedores, emprés-
timos a pagar, notas promissórias a pagar etc.);
 Capital Próprio ou Patrimônio Líquido: Diferença entre o Ativo To-
tal e o Passivo Total.

Os capitais de terceiros e o capital próprio são os responsáveis pela


formação de todo o conjunto de bens e direitos que constituem o Ativo da
entidade. Portanto, pode-se afirmar que é no Ativo onde são aplicados todos
os capitais (de terceiros e próprios), consequentemente, o Ativo é o lado da
aplicação dos capitais.
27 N OÇÕES SOBRE BALANÇO

Para que se tenha uma melhor compreensão a respeito, imagine-se


a situação de uma empresa individual que esteja iniciando. O Sr. João Dias
(proprietário) manifesta a intenção de fazer a entrega dentro de um prazo
determinado de R$ 100.000,00 para a empresa dar início às suas atividades.
O que significa esta intenção? Significa a quantidade de recursos que o Sr.
Dias empregará na empresa, ou seja, o seu Capital Próprio inicial. O balanço
que descreve esta situação é o seguinte:

BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO (aplicações) R$ PASSIVO + CAP. PRÓPRIO (origens) R$
Capital a Integralizar 100.000,00 Capital Próprio 100.000,00

Com a integralização do capital, isto é, no momento em que o Sr.


Dias efetivamente entrega o dinheiro para a empresa, o balanço passa a ter
outro visual: a denominação “Capital a Integralizar” (representativa da
intenção) desaparece por estar quitada, e em seu lugar surge a denominação
“Caixa”, representativa dos bens numerários em disponibilidade (dinheiro).
O balanço assim se apresentará:

BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO (aplicações) R$ PASSIVO + CAP. PRÓPRIO (origens) R$
Caixa 100.000,00 Capital Próprio 100.000,00

Pode-se afirmar que os valores aplicados em “Caixa” tiveram a sua


origem no “Capital Próprio”.
Assim, obtém-se o valor do Capital Próprio ou Patrimônio Líquido
de R$ 100.000,00 (Ativo de R$ 100.000,00 menos Passivo de R$ 0,00).

Portanto, somente existirá aplicação se houver origem.


Jamais ocorrerá o contrário.

O aparecimento do Capital de Terceiros


Se, por exemplo, num momento seguinte a empresa fizer uma
compra de mercadorias a prazo no valor de R$ 65.000,00, o balanço patri-
monial passa a apresentar a seguinte configuração:

BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO (aplicações) R$ PASSIVO + CAP. PRÓPRIO (origens) R$
Caixa 100.000,00 Fornecedores 65.000,00
Mercadorias 65.000,00 Capital Próprio 100.000,00
Ativo Total 165.000,00 Passivo Total + Capital Próprio 165.000,00

Como se vê, o item “Mercadorias” passa a fazer parte do Ativo no


valor de R$ 65.000,00 e no mesmo momento é contraída uma dívida que
aparece no Passivo, no item “Fornecedores”, no mesmo valor de R$ 65.000,00.
Em outro momento, a empresa adquire móveis e utensílios à vista
no valor de R$ 50.000,00, utilizando o dinheiro existente em caixa. Há uma
diminuição das aplicações representadas por “Caixa” e ao mesmo tempo há
um aumento de aplicações em “Móveis e Utensílios”. O balanço patrimonial
refletirá esta situação:
ALEXANDRE VERTES 28

BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO (aplicações) R$ PASSIVO + CAP. PRÓPRIO (origens) R$
Caixa 50.000,00 Fornecedores 65.000,00
Mercadorias 65.000,00 Capital Próprio 100.000,00
Móveis e Utensílios 50.000,00
Ativo Total 165.000,00 Passivo Total + Capital Próprio 165.000,00

E assim seguem-se os registros das atividades da empresa, que vão


alterando continuamente a representação do seu patrimônio, visando
demonstrar sua posição atualizada, permanecendo imutável, sempre, a
igualdade entre os dois lados:

Ativo (Aplicações) Passivo + Capital Próprio (Origens)

4.1.2 A contabilidade é uma sequência de balanços


Para melhor entender a escrituração contábil e seus reflexos sobre o
balanço, exemplificam-se a seguir algumas transações (registro de opera-
ções), cujo raciocínio de seu registro mostra como acontecem as movimen-
tações e seu efetivo reflexo sobre o Balanço. Inicialmente, a partir das
informações do Inventário Geral nº 2 (final) elabora-se o primeiro Balanço
Patrimonial (Inventário Sintético), retirando-se do inventário apenas os itens
que o compõem (não seu detalhamento). Colocam-se os itens que compõem
o Ativo em seu lado esquerdo e os itens que compõem o Passivo e o Capital
Próprio são colocados em seu lado direito. Este primeiro balanço passará a
denominar-se de Balanço Patrimonial nº 1. A seguir registram-se as transações.

BALANÇO PATRIMONIAL nº 1
ATIVO R$ PASSIVO + CAPITAL PRÓPRIO R$
Caixa 1.550,00 Fornecedores 2.808,00
Clientes 10.000,00 Empréstimos a Pagar 12.500,00
Mercadorias 24.500,00 Passivo Total 15.308,00
Móveis e Utensílios 743,00 Capital Próprio 22.925,00
Equip. de Informática 1.440,00
Ativo Total 38.233,00 Passivo Total + Capital Próprio 38.233,00

Primeira transação:
A empresa comprou à vista uma escrivaninha para uso em seu
escritório, no valor de R$ 150,00. Com esta transação, verifica-se que o item
“Caixa” situado no lado do Ativo sofreu uma diminuição (redução) no valor
de R$ 150,00, mas, ao mesmo tempo, o item “Móveis e Utensílios”, também
localizado no lado do Ativo, teve um aumento (acréscimo) na mesma
proporção de R$ 150,00, provocando, em consequência, uma alteração
compensatória apenas no lado do Ativo, pois ao mesmo tempo este é
diminuído e aumentado. Note-se que esta transação não muda o valor do
Ativo Total, mantendo, portanto, a igualdade. Após a transação, tem-se o
seguinte Balanço Patrimonial nº 2:
29 N OÇÕES SOBRE BALANÇO

BALANÇO PATRIMONIAL nº 2
ATIVO R$ PASSIVO + CAPITAL PRÓPRIO R$
Caixa 1.400,00 Fornecedores 2.808,00
Clientes 10.000,00 Empréstimos a Pagar 12.500,00
Mercadorias 24.500,00 Passivo Total 15.308,00
Móveis e Utensílios 893,00 Capital Próprio 22.925,00
Equip. de Informática 1.440,00
Ativo Total 38.233,00 Passivo Total + Capital Próprio 38.233,00

Segunda transação:
A empresa, para prorrogar o pagamento de uma dívida junto a um
Fornecedor, já vencida, assina uma Nota Promissória no mesmo no valor da
dívida de R$ 300,00. Apesar de não ter havido alteração quantitativa nas
dívidas da empresa, ocorreu uma alteração qualitativa e esta alteração deve
ser registrada. As dívidas com “Fornecedores” diminuem em R$ 300,00
enquanto os “Empréstimos a pagar” aumentam em R$ 300,00, resultando
em uma alteração compensatória no lado do Passivo, pois, ao mesmo tempo
em que é diminuído, é aumentado. Note-se que esta transação não muda o
valor do Passivo Total + Capital Próprio, mantendo, portanto, a igualdade.
O Balanço Patrimonial nº 3 reflete esta alteração:

BALANÇO PATRIMONIAL nº 3
ATIVO R$ PASSIVO + CAPITAL PRÓPRIO R$
Caixa 1.400,00 Fornecedores 2.508,00
Clientes 10.000,00 Empréstimos a Pagar 12.800,00
Mercadorias 24.500,00 Passivo Total 15.308,00
Móveis e Utensílios 893,00 Capital Próprio 22.925,00
Equip. de Informática 1.440,00
Ativo Total 38.233,00 Passivo Total + Capital Próprio 38.233,00

Terceira transação:
A empresa compra mercadorias a prazo no valor de R$ 1.700.00.
Nota-se agora que, se de um lado aumenta o valor do item “Mercadorias”
no Ativo, aumenta, também, na mesma proporção, o valor a pagar aos
“Fornecedores” que está situado no Passivo. Esta transação provoca alteração
no Ativo Total e ao mesmo tempo alteração de mesma intensidade no Passivo
Total + Capital Próprio. Note-se que os respectivos totais passaram de R$
38.233,00 para R$ 39.933,00. O novo Balanço Patrimonial nº 4, assim se
apresenta:

BALANÇO PATRIMONIAL nº 4
ATIVO R$ PASSIVO + CAPITAL PRÓPRIO R$
Caixa 1.400,00 Fornecedores 4.208,00
Clientes 10.000,00 Empréstimos a Pagar 12.800,00
Mercadorias 26.200,00 Passivo Total 17.008,00
Móveis e Utensílios 893,00 Capital Próprio 22.925,00
Equip. de Informática 1.440,00
Ativo Total 39.933,00 Passivo Total + Capital Próprio 39.933,00
ALEXANDRE VERTES 30

Quarta transação:
A empresa paga uma dívida a um fornecedor no valor de R$ 508,00.
Nesta transação observa-se que houve uma diminuição no item “Caixa”,
que está no Ativo, e que foi correspondida por uma diminuição equivalente
no item “Fornecedores”, que está posicionado no Passivo. Esta transação
provoca alteração no Ativo Total e ao mesmo tempo alteração de mesma
intensidade no Passivo Total + Capital Próprio. Note-se que os respectivos
totais passaram de R$ 39.933,00 para R$ 39.425,00. O Balanço Patrimonial nº
5 reflete esta transação:

BALANÇO PATRIMONIAL nº 5
ATIVO R$ PASSIVO + CAPITAL PRÓPRIO R$
Caixa 892,00 Fornecedores 3.700,00
Clientes 10.000,00 Empréstimos a Pagar 12.800,00
Mercadorias 26.200,00 Passivo Total 16.500,00
Móveis e Utensílios 893,00 Capital Próprio 22.925,00
Equip. de Informática 1.440,00
Ativo Total 39.425,00 Passivo Total + Capital Próprio 39.425,00

Encerrado este conjunto de transações, pode-se concluir que:


a) Cada transação implica, necessariamente, em duas alterações no
Balanço Patrimonial.
b) As alterações podem ocorrer em um mesmo lado do balanço, ou
seja, só no lado do Ativo ou só no lado do Passivo, e neste caso
terão sinais distintos. Quando isso ocorre, haverá uma diminuição
e um aumento simultâneo no lado afetado (ou do Ativo ou do
Passivo). Isto está a seguir exemplificado:
 Se no lado do Ativo se aumenta R$ 100,00, nele se diminui,
imediatamente, R$ 100,00;
 Se no lado do Passivo se aumenta R$ 80,00, nele se diminui,
imediatamente, R$ 80,00.
c) As alterações podem ocorrer em lados opostos do Balanço.
Quando isso ocorre, haverá uma alteração no lado do Ativo e a
outra no lado do Passivo e terão sinais iguais (aumentando ou
diminuindo), pois o valor que é aumentado no lado do Ativo
deve ser imediatamente aumentado no lado do Passivo e vice-
versa.
 Se no lado do Ativo se aumenta R$ 40,00, imediatamente se
aumenta R$ 40,00 no lado do Passivo;
 Se no lado do Ativo se diminui R$ 35,00, imediatamente se
diminui R$ 35,00 no lado do Passivo.

Nesta sequência de balanços observa-se que cada lançamento atinge


sempre dois itens que o compõem, individualmente, nos quais
é registrado o mesmo valor. Este procedimento serve de base
para a compreensão do “método das partidas dobradas”.
31 N OÇÕES SOBRE BALANÇO

4.1.3 A contabilidade é um balanço único movimentado


Mesmo se conhecendo pouco de contabilidade, torna-se claro que a
execução da escrituração por meio de inúmeros balanços é impraticável.
Sua utilização se restringe ao processo de aprendizagem. Então, imagine-se
um procedimento que possibilite o registro das transações e, por conse-
quência, a constante alteração dos valores, sem que se tenha que elaborar
inúmeros e continuados balanços ou apagar as cifras para modificá-las.
Utilizando-se o mesmo Balanço Patrimonial nº 1, do tópico anterior,
faz-se o mesmo registro das quatro transações apresentadas, porém, sob
outra técnica, a qual consiste em modificar um único balanço, mas com
espaço suficiente em seu corpo, para colocar e acumular as transações. Assim,
recuperam-se, a seguir, os dados do Balanço Patrimonial e as transações
efetuadas, para posteriormente aplicar a técnica de um balanço único
movimentado.

BALANÇO PATRIMONIAL nº 1
ATIVO R$ PASSIVO + CAPITAL PRÓPRIO R$
Caixa 1.550,00 Fornecedores 2.808,00
Clientes 10.000,00 Empréstimos a Pagar 12.500,00
Mercadorias 24.500,00 Passivo Total 15.308,00
Móveis e Utensílios 743,00 Capital Próprio 22.925,00
Equip. de Informática 1.440,00
Ativo Total 38.233,00 Passivo Total + Capital Próprio 38.233,00

Primeira transação:
Compra à vista de uma escrivaninha, para uso próprio: R$ 150,00 (+A -A).

Segunda transação:
Assinatura de Nota Promissória: prorrogação de dívida com
fornecedor: R$ 300,00 (-P +P).

Terceira transação:
Compra de mercadorias a prazo: R$ 1.700,00 (+A +P).

Quarta transação:
Pagamento, em dinheiro, de dívida a fornecedor: R$ 508,00 (-A -P).

Os lançamentos ou registros destas transações no Balanço Patrimo-


nial obedecem ao esquema demonstrado a seguir.
ALEXANDRE VERTES 32

BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO R$ PASSIVO + CAPITAL PRÓPRIO R$
1. Caixa 1.550,00 1. Fornecedores 2.808,00
1º lançamento - 150,00 2º lançamento - 300,00
4º lançamento - 508,00 3º lançamento + 1.700,00
Saldo final 892,00 4º lançamento - 508,00
Saldo final 3.700,00
2. Clientes 10.000,00
Saldo final 10.000,00 2. Empréstimos a Pagar 12.500,00
2º lançamento + 300,00
Saldo final 12.800,00
3. Mercadorias 24.500,00
3º lançamento + 1.700,00
Saldo final 26.200,00 3. Capital Próprio ou
Patrimônio Líquido 22.925,00
Saldo final 22.925,00
4. Móveis e Utensílios 743,00
1º lançamento + 150,00
Saldo final 893,00
5. Equip. de Informática 1.440,00
Saldo final 1.440,00

Ativo Total 39.425,00 Passivo Total + Capital Próprio 39.425,00

Observa-se que o “Saldo final” de cada item e o “Total” dos dois lados
do Balanço Patrimonial Movimentado são idênticos aos valores do Balanço
Patrimonial nº 5, que foi o último balanço da sequência de balanços pro-
veniente das mesmas transações. Confirma-se por esta demonstração a
possibilidade de juntar em um único Balanço todas as transações, o que
corrobora o enunciado e as conclusões feitas após o Balanço Patrimonial
nº 5, que são:
a) Cada transação implica, necessariamente, em duas alterações no
Balanço Patrimonial.
b) As alterações podem ocorrer em um mesmo lado do balanço, ou
seja, só no lado do Ativo ou só no lado do Passivo, e neste caso
terão sinais distintos. Quando isso ocorre, haverá uma diminui-
ção e um aumento simultâneo no lado afetado (ou do Ativo ou
do Passivo). Isso está a seguir exemplificado:
· Se no lado do Ativo se aumenta R$ 100,00, nele se diminui,
imediatamente, R$ 100,00;
· Se no lado do Passivo se aumenta R$ 80,00, nele se diminui,
imediatamente, R$ 80,00.
c) As alterações podem ocorrer em lados opostos do Balanço. Quan-
do isso ocorre, haverá uma alteração no lado do Ativo e a outra
no lado do Passivo e terão sinais iguais (aumentando ou dimi-
nuindo), pois o valor que é aumentado no lado do Ativo deve ser
imediatamente aumentado no lado do Passivo e vice-versa.
· Se no lado do Ativo se aumenta R$ 40,00, imediatamente se
aumenta R$ 40,00 no lado do Passivo;
· Se no lado do Ativo se diminui R$ 35,00, imediatamente se
diminui R$ 35,00 no lado do Passivo.
33 N OÇÕES SOBRE BALANÇO

4.1.4 A natureza das transações: as Variações Permutativas ou Variações


Qualitativas
Todas as transações (operações) até aqui apresentadas não pro-
vocaram alteração no CAPITAL PRÓPRIO ou no PATRIMÔNIO LÍQUIDO,
o que significa que a empresa não se tornou nem mais rica nem mais pobre.
Estas transações, também denominadas de variações, que não modificam o
Capital Próprio, são as Variações Permutativas ou Variações Qualitativas. Deno-
minam-se Permutativas porque provocam trocas entre os itens que compõem
o Balanço na mesma intensidade de valor; Qualitativas porque alteram a
qualidade dos itens.
Cita-se, como exemplo, a aquisição à vista de uma escrivaninha para
uso próprio. Na transação troca-se (permuta-se) bens numerários (Caixa:
dinheiro existente) por bens de uso (Móveis e Utensílios: escrivaninha), o
que altera a qualidade dos ativos existentes no patrimônio da entidade. Tem-
se, então, menos disponibilidades, mas por outro lado tem-se mais um bem
necessário para a atividade da empresa.
Existem quatro tipos de variações permutativas:

1. Aumento do Ativo (+ A ) correspondendo a uma diminuição


do Ativo ( - A );
2. Diminuição do Passivo ( - P ) correspondendo a um aumento
do Passivo ( + P );
3. Aumento do Ativo ( + A ) correspondendo a um aumento
do Passivo ( + P );
4. Diminuição do Ativo ( - A ) correspondendo a uma
diminuição do Passivo ( - P ).

Então, tem-se:

+A -A Permutação entre Ativos


-P +P Permutação entre Passivos
+A +P Alongamento do Balanço (permutação compensatória)
-A -P Encurtamento do Balanço (permutação compensatória)

Dessa forma, cada alteração de um elemento patrimonial leva a duas


compensações possíveis:

Aumento de um Ativo Diminui outro Ativo ou Aumenta um Passivo


Diminuição de um Passivo Aumenta outro Passivo ou Diminui um Ativo
Diminuição de um Ativo Aumenta outro Ativo ou Diminui um Passivo
Aumento de um Passivo Diminui outro Passivo ou Aumenta um Ativo

4.1.5 O nascimento das contas patrimoniais


O Balanço Patrimonial único movimentado, que mostrou a sua
utilidade ao eliminar o levantamento de balanços diretamente associados à
quantidade de transações, também tem seus inconvenientes pela necessidade
de se efetuar somas e subtrações intermediárias.
ALEXANDRE VERTES 34

Visando evitar que se misturem somas e subtrações na mesma


coluna, utiliza-se um procedimento técnico que é o de separar os aumentos
e as diminuições isoladamente em lados opostos. Este procedimento é
possível mediante o uso de contas, que correspondem à síntese de cada item
que compõe o Balanço. As contas podem ser de natureza patrimonial e de
natureza de resultado. Neste tópico são examinadas as contas patrimoniais,
ou seja, aquelas que representam o patrimônio.
Como visto no início deste capítulo, o balanço é uma representação
gráfica sintética que contém os elementos que compõem o patrimônio de
uma entidade em um determinado momento e, como a conta irá representar
cada elemento deste patrimônio, é natural que esteja no mesmo formato
adotado para o balanço. A conta é, pois, a representação gráfica de cada
elemento do patrimônio de uma empresa.
O elemento “Caixa” (dinheiro ou disponibilidade), por exemplo,
representa um item do patrimônio, assim como Mercadorias (estoques) ou
como Fornecedores (dívidas por aquisição de mercadorias a prazo). Cada
um dos citados representa e é um elemento do patrimônio, razão pela qual
podem-se representar as contas sob a representação gráfica do Balanço. Note-
se que tanto o Balanço como as contas possuem a mesma estrutura gráfica,
ou seja, estão representados sob a forma de um “T” maiúsculo.

BALANÇO PATRIMONIAL

ATIVO PASSIVO + CAPITAL PRÓPRIO

CAIXA FORNECEDORES
SI 1.550,00 SI 2.808,00

CLIENTES EMPRÉSTIMOS A PAGAR.


SI 10.000,00 SI 12.500,00

MERCADORIAS CAPITAL PRÓPRIO


SI 24.500,00 SI 22.925,00

MÓVEIS E UTENSÍLIOS
SI 743,00

EQUIP. DE INFORMÁTICA
SI 1.440,00

Totais 38.233,00 0,00 Totais 0,00 38.233,00

No exemplo acima, verifica-se que as contas do Ativo, represen-


tativas dos bens e direitos da empresa, estão colocadas no lado esquerdo
do balanço e que as contas do Passivo, que representam as dívidas e obri-
gações da entidade, estão colocadas no lado direito do balanço.

A conta representativa do Capital Próprio está colocada no lado direito


do balanço, para forçar a igualdade dos dois lados deste.

É relevante observar que, somando todo o lado esquerdo das contas


(inclusive as contas do Passivo) e somando todo o lado direito das contas
(inclusive do Ativo), elas mostram a mesma igualdade. A partir desta
35 N OÇÕES SOBRE BALANÇO

constatação, deve-se compreender como elas funcionam, ou seja, como se


faz sua movimentação, e isso passa pelo entendimento da sua estrutura, que
está a seguir descrita.
A estrutura das contas que representam itens do Ativo (bens e
direitos), que são denominadas de contas patrimoniais ativas, tem o seguinte
formato:

CAIXA
SI 1.550,00

A conta patrimonial ativa sempre tem sua situação inicial (SI)


posicionada no lado esquerdo da conta, pois segue o paradigma do Ativo que
está, por convenção ou costume, posicionado no lado esquerdo do Balanço.
No exemplo a conta “Caixa”.
A estrutura das contas que representam itens do Passivo (dívidas e
obrigações), que são denominadas de contas patrimoniais passivas, tem o
seguinte formato:

FORNECEDORES
SI 2.808,00

A conta patrimonial passiva sempre tem sua situação inicial (SI)


posicionada no lado direito da conta, pois segue o paradigma do Passivo que
está, por convenção ou costume, posicionado no lado direito do Balanço.
No exemplo, a conta de “Fornecedores”.
Resumindo-se a estrutura das contas patrimoniais (ativas e passivas):
 a situação inicial das contas (SI) segue o posicionamento do seu
grupo (Ativo ou Passivo);
 a conta patrimonial ativa (bens e direitos) tem sempre sua situação
inicial no lado esquerdo do Balanço. Exemplo, conta Caixa;
 a conta patrimonial passiva (dívidas e obrigações) tem sempre
sua situação inicial no lado direito do Balanço. Exemplo, a conta
“Fornecedores”.

Esta conceituação da conta ainda não esclarece como a mesma pode


ser utilizada. É preciso, para isso, resgatar o conceito de Patrimônio inserido
no item 1.4 Capítulo 1, onde está consignada a seguinte equação:

ATIVO + PASSIVO = PATRIMÔNIO

Resgata-se esta equação pela simples razão de que com a mesma


pode-se afirmar que os valores do Ativo podem ser designados como
positivos (+) e os valores do Passivo também podem ser designados como
positivos (+), permitindo sinalizar tanto o Ativo como o Passivo ( + ), como
segue:
ALEXANDRE VERTES 36

BALANÇO PATRIMONIAL
(+) ATIVO PASSIVO (+)

CAIXA FORNECEDORES
SI 1.550,00 SI 2.808,00

Esta sinalização mostra que, sendo “Caixa” uma conta pertencente


ao Ativo, terá o sinal positivo (+) no lado esquerdo, seguindo a mesma
indicação do que está estabelecido para o Ativo (+) no Balanço.

(+) CAIXA
SI

De igual forma mostra que, sendo “Fornecedores” uma conta


pertencente ao Passivo, terá o sinal positivo (+) no lado direito, seguindo a
mesma indicação do que está estabelecido para o Passivo (+) no Balanço.

FORNECEDORES (+)
SI

Observa-se, então, que, instalada a conta, cada elemento do Balanço,


seja do Ativo ou do Passivo, possui, além de seu posicionamento natural (à
esquerda se for um Ativo e à direita se for um Passivo), outro lado que lhe
faz oposição e que por isso é sinalizado com sinal negativo ( - ).
Por meio desta técnica, cada item adquire uma dinâmica própria e,
portanto, uma maneira bem mais adequada de registrar as transações do
que foi visto no balanço único movimentado. Para tanto, é preciso considerar
as seguintes afirmações:
a) os aumentos nas contas que pertencem ao Ativo são registrados
em seu lado esquerdo; consequentemente, no lado que lhe faz
oposição, o lado direito, são anotadas as diminuições;
b) os aumentos nas contas que pertencem ao Passivo são registrados
em seu lado direito; consequentemente, no lado que lhe faz
oposição, o lado esquerdo, são anotadas as diminuições;
c) a conta de Capital (Próprio) ou Patrimônio Líquido, por estar
posicionada no lado do Passivo, funciona de forma idêntica ao
ilustrado no item “b” acima.

Exemplifica-se isso por meio de uma conta do Ativo, no caso a conta


“Caixa”.

(+ ) CAIXA (-)
SI . . . . . . . . . . . . . 1.550,00 150,00
508,00
Soma. . . . . . . . . . 1.550,00 Soma . . . . . . . . . . . .658,00

No exemplo, verifica-se que a conta “Caixa” (conta patrimonial ativa


que representa a existência de um bem: dinheiro) recebeu a sua grandeza
inicial de R$ 1.550,00 no lado esquerdo. Registraram-se, em seguida, os valores
37 N OÇÕES SOBRE BALANÇO

das transações: no lado esquerdo nenhum lançamento no Caixa e no lado


direito R$ 150,00 e R$ 508,00, que diminuíram o montante de recursos em
Caixa. Estas movimentações determinaram que o lado esquerdo desta conta
do Ativo somasse R$ 1.550,00 (R$ 1.550,00 do saldo inicial apenas, pois não
houve lançamento que aumentasse o Caixa) e que o lado direito desta conta
do Ativo somasse R$ 658,00 (R$ 150,00 e R$ 508,00).
Portanto, todas as contas patrimoniais ativas (provenientes do Ativo
do Balanço) têm as suas grandezas iniciais inscritas no lado esquerdo, o que
caracteriza a natureza destas contas, e seus aumentos lançados em seu lado
esquerdo significando, em consequência, que suas diminuições devem ser
registradas em seu lado direito, lado oposto à sua natureza.
A título de exemplo, observe-se uma conta do Passivo, no caso a
conta “Fornecedores”.

(-) FORNECEDORES (+)


300,00 SI . . . . . . . . . . . 2.808,00
508,00 1.700,00
Soma . . . . . . . . . . 808,00 Soma . . . . . . . . . 4.508,00

No exemplo, verifica-se que a conta “Fornecedores” (conta patri-


monial passiva que representa as dívidas existentes por compras a prazo de
mercadorias) recebeu a sua grandeza inicial de R$ 2.808,00 no lado direito.
Registrou-se, em seguida, o valor de transação no lado direito de R$ 1.700,00,
que aumentou o valor a pagar a Fornecedores e no lado esquerdo duas
transações de R$ 300,00 e R$ 508,00, que diminuíram o montante a pagar a
Fornecedores. Estas movimentações determinaram que o lado direito desta
conta do Passivo somasse R$ 4.508,00 (R$ 2.808,00 do saldo inicial mais um
aumento de R$ 1.700,00) e que o lado esquerdo desta conta do Passivo
somasse R$ 808,00 (R$ 300,00 e R$ 508,00).
Portanto, todas as contas patrimoniais passivas (provenientes do
Passivo do Balanço) têm as suas grandezas iniciais inscritas no lado direito,
o que caracteriza a natureza destas contas e, portanto, seus aumentos
lançados em seu lado direito significando, em consequência, que suas
diminuições devem ser registradas em seu lado esquerdo, lado oposto à sua
natureza.
Então, o esquema geral de funcionamento das contas patrimoniais
ativas e passivas é o seguinte:

CONTAS ATIVAS CONTAS PASSIVAS

SITUAÇÃO (-) (-) SITUAÇÃO


INICIAL DIMINUIÇÕES DIMINUIÇÕES INICIAL

(+) SITUAÇÃO SITUAÇÃO (+)


AUMENTOS FINAL FINAL AUMENTOS
FINAL (saldo final) (saldo final)

A conta Capital (Próprio), por estar posicionada no lado do Passivo,


tem o mesmo esquema de funcionamento das contas patrimoniais passivas,
ou seja, situação inicial e aumentos no lado direito e diminuições no lado
esquerdo.
Um aspecto importante relacionado ao Capital Próprio ou Patrimô-
nio Líquido deve ser ressaltado neste momento. Utilizou-se, até então, o
ALEXANDRE VERTES 38

conceito de Capital Próprio de forma fechada, mas ele também tem desdobra-
mentos internos que podem ser resumidos em três elementos, a saber:
 Capital Social;
 Reservas e
 Prejuízos Acumulados.

O Capital Social é a representação legal da integralização dos recursos


dos sócios derivada de cláusula inserida nos atos constitutivos da empresa
(declaração de firma, contrato social, estatuto social, etc.) que deve ser
registrados e arquivados nas Juntas Comerciais Estaduais. O Capital Social
representa o valor inicial aplicado pelos sócios na empresa e somente pode
ser modificado mediante alteração dos atos constitutivos devidamente
registrados nas Juntas Comerciais.
As Reservas, em um plano restrito, representam as retenções de lucros
gerados pela empresa.
Os Prejuízos Acumulados representam os prejuízos apurados pela
empresa no exercício atual ou em exercícios anteriores, até que sejam
compensados com lucros, saldos de reservas ou assumidos pelos sócios.
Transcrevendo, novamente, as transações já examinadas, agora sob
a técnica da “conta”, tem-se a seguinte representação gráfica:

BALANÇO PATRIMONIAL.
(+) ATIVO (-) ( - ) PASSIVO+CAPITAL PRÓPRIO (+)

+ CAIXA - - FORNECEDORES +
SI 1.550,00 150,00 (1) (2) 300,00 SI 2.808,00
508,00 (4) (4) 508,00 1.700,00 (3)

+ CLIENTES - - EMPRÉSTIMOS A PAGAR +


SI 10.000,00 SI 12.500,00
300,00 (2)

+ MERCADORIAS - - CAPITAL PRÓPRIO +


SI 24.500,00 SI 22.925,00
(3) 1.700,00

+ MÓVEIS E UTENSÍLIOS -
SI 743,00
(1) 150,00

+ EQUIP. DE INFORMÁTICA -
SI 1.440,00
39 N OÇÕES SOBRE BALANÇO

Com base na representação gráfica acima se conclui que:


 As contas patrimoniais representam uma parcela do patrimônio;
 Toda transação (operação) implica, necessariamente, em dois
registros (lançamentos): um, no lado esquerdo de uma conta,
outro, do mesmo valor, no lado direito de outra conta, e vice-
versa (método das partidas dobradas);
 Os aumentos do Ativo são registrados no lado esquerdo das
contas ativas.
 As diminuições do Ativo são registradas no lado direito das contas
ativas;
 Os aumentos do Passivo são registrados no lado direito das contas
passivas;
 As diminuições do Passivo são registradas no lado esquerdo das
contas passivas.

Até o momento aprendeu-se a reconhecer a situação inicial (SI) de


cada conta (ativa ou passiva), sua movimentação com aumentos e dimi-
nuições, a aposição do sinal (+) e (-) e como eles devem ser instalados na
conta patrimonial ativa e na conta patrimonial passiva, faltando ainda um
último ponto que é a determinação da situação final (SF) das contas.
Para apurar o saldo final (SF) de uma conta, do Ativo ou do Passivo,
deve-se efetuar as somas de ambos os lados da mesma (lado esquerdo e lado
direito). Depois de obtidas as somas, subtrai-se o valor da soma maior do
valor da soma menor, apurando-se uma diferença. Esta diferença deve ser
colocada no lado da soma menor para que seja atingida a igualdade das
somas dos dois lados da conta. Veja o exemplo da conta “Caixa”, a seguir.

(+) CAIXA (-)


SI 1.550,00 150,00 (1)
508,00 (4)
Soma 1.550,00 658,00 Soma
892,00 SF
Total 1.550,00 1.550,00 Total

Soma do lado esquerdo da conta ...................................... 1.550,00


Soma do lado direito da conta......................................... 658,00
Diferença, colocada no lado direito como Situação final,
para forçar a igualdade dos dois lados da conta ........... 892,00

Aplicando-se esta técnica para todas as contas que compõem o Ativo


e o Passivo, obtém-se a representação gráfica completa da conta, que pode
ser visualizada na figura 3.
ALEXANDRE VERTES 40

BALANÇO PATRIMONIAL
(+) ATIVO (-) ( - ) PASSIVO + CAPITAL PRÓPRIO (+)

+ CAIXA - - FORNECEDORES +
SI 1.550,00 150,00 (1) (2) 300,00 2.808,00 SI
508,00 (4) (4) 508,00 1.700,00 (3)
SF 892,00 SF 3.700,00
1.550,00 1.550,00 4.508,00 4.508,00

+ CLIENTES - - EMPRÉSTIMOS A PAGAR +


SI 10.000,00 12.500,00 SI
SF 10.000,00 SF 12.800,00 300,00 (2)
10.000,00 10.000,00 12.800,00 12.800,00

+ MERCADORIAS - - CAPITAL PRÓPRIO +


SI 24.500,00 22.925,00 SI
(3) 1.700,00 SF 26.200,00 SF 22.925,00
26.200,00 26.200,00 22.925,00 22.925,00

+ MÓVEIS E UTENSÍLIOS -
SI 743,00
1) 150,00 SF 893,00
893,00 893,00

+ EQUIP. DE INFORMÁTICA -
SI 1.440,00
SF 1.440,00
1.440,00 1.440,00

Figura 3: Balanço Patrimonial da empresa José da Silva.

4.1.6 A contabilidade é um circuito fechado


O coroamento de toda a exposição é agora apresentado. Nesse mo-
mento, dá-se o fecho dos procedimentos adotados desde a instalação do
inventário sintético (Balanço Patrimonial), passando por sua movimentação
e apuração de saldos através da técnica da conta. O raciocínio é simples:

A partir do Balanço Patrimonial Inicial desprendem-se todos


os itens do Balanço que passam a ser apresentados sob a
forma de conta, tomando posição individual, mas extre-
mamente facilitadora para seu funcionamento do registro
das operações.

O desmembramento do Balanço em contas individualizadas nada


muda, o Balanço Patrimonial apenas ganha outro formato. Permanece em
vigor o entendimento de que cada variação atinge, sempre, duas contas,
uma no lado esquerdo, outra no lado direito, resultando no registro duplo
do mesmo valor (Método de Partidas Dobradas).
Dessa forma, o Balanço Patrimonial inicial é desdobrado em contas,
nas quais são lançadas as operações apurando-se no final o saldo e novamente
transportando as contas para o Balanço (Balanço Final). O ciclo empreendido
41 N OÇÕES SOBRE BALANÇO

que se inicia no Balanço Patrimonial Inicial, passando pelas variações das


contas (registro das transações), termina no Balanço Patrimonial Final, e isso
constitui um circuito fechado, o que permite concluir que a contabilidade é
um circuito fechado.

4.1.7 A conceituação de Débito e Crédito


Evitou-se até o momento o uso dos termos “débito” e “crédito”,
preferindo-se utilizar as expressões lado direito e lado esquerdo das contas.
Não se pode esquecer, entretanto, que se está fazendo até agora o
uso de sinais (+ e -) e o conceito de débito e crédito não é inteiramente
compatível com estes sinais. Observe: no lado esquerdo de uma conta patri-
monial ativa o sinal é (+), enquanto que na conta patrimonial passiva ele é
(-); no lado direito de uma conta patrimonial ativa o sinal é (-), mas na conta
patrimonial passiva o sinal é (+). Esta pequena insegurança é imediatamente
sanada ao reportar-se à equação do patrimônio e aos conceitos estudados
na instalação das “contas patrimoniais”.
Para iniciar o entendimento do conceito, é precis)o aceitar como
premissa básica que:

Há uma convenção internacionalmente consagrada


que estipula que o Ativo é o lado dos DÉBITOS
e que o Passivo é o lado dos CRÉDITOS.

Esta convenção permite que se expresse o Balanço, conforme a seguir


especificado.
ALEXANDRE VERTES 42

BALANÇO PATRIMONIAL

(+) ATIVO (aplicações) (+) PASSIVO (origens)

DÉBITO CRÉDITO

Atente-se para os sinais ( + ) que compõem o conceito básico sobre o


Balanço Patrimonial, o que mostra que o débito aumenta e o crédito também
aumenta. Verifica-se que tanto o Ativo como o Passivo têm o sinal positivo,
isso equivale a dizer que o lado esquerdo e o lado direito são positivos.
Por via de consequência, o débito está no lado positivo e o crédito
também está no lado positivo. Como compreender então esta pretensa
anomalia? Como compatibilizar os dois conceitos?
Estas são inquietações que estão presentes quando se está diante
desta problemática. Para isso deve-se examinar por partes o que está aqui
enunciado. Para proporcionar a compreensão desta problemática, primeiro
desprende-se do Balanço uma conta patrimonial ativa e uma conta patrimo-
nial passiva. Tem-se então:

BALANÇO PATRIMONIAL

(+) ATIVO (aplicações) (+) PASSIVO (origens)

DÉBITO CRÉDITO

(+) CAIXA (-) (-) FORNECEDORES (+)

Débito Crédito
Crédito Débito

Nota-se que a conceituação está mantida, pois:


 A conta patrimonial ativa inicia com sinal (+) e é um débito,
conforme se definiu em relação ao Ativo;
 A conta patrimonial passiva inicia com sinal (+) e é um crédito,
conforme se definiu em relação ao Passivo.

Observe-se também que os lados que têm o sinal ( - ), tanto da conta


patrimonial ativa como da conta patrimonial passiva, foram colocados na
segunda linha, em bold.
 A expressão débito sempre se mantém na posição correspondente
ao lado esquerdo da conta;
 A expressão crédito sempre se mantém na posição correspon-
dente ao lado direito da conta.

Entãok como interpretar o conceito de débito e crédito? Para poder


definir-se adequadamente o conceito, é preciso estabelecer o campo de
movimentação de cada tipo de conta patrimonial (ativa ou passiva) e então
determinar a forma de funcionamento de cada conta dentro do conceito
de débito e crédito. A seguir descreve-se como funciona o débito e o crédito
para:

a) Conta Patrimonial Ativa


 débito representa um aumento, o que corresponde ao sinal ( + )
no Ativo, e o exemplo é uma entrada de dinheiro, o que significa
aumentar os valores da conta “Caixa”;
43 N OÇÕES SOBRE BALANÇO

 crédito representa uma diminuição, o que corresponde ao sinal


( - ) no Ativo, e o exemplo é uma retirada de dinheiro, o que
significa diminuir os valores da conta “Caixa”.

Para apurar a Situação Final (SF) da conta, efetua-se a soma dos


débitos e dos créditos, subtraindo-se a soma menor (créditos) da soma maior
(débitos). Nesse caso, como o lado maior é o lado dos débitos, a situação
final (SF) é devedora, e o seu valor é colocado no lado menor, no crédito,
para igualar os dois lados.

b) Conta Patrimonial Passiva


 débito representa uma diminuição, o que corresponde ao sinal
( - ) no Passivo, e o exemplo é a liquidação de dívida com for-
necedor, o que significa diminuir os valores da conta “Forne-
cedores”;
 crédito representa um aumento, o que corresponde ao sinal ( + )
no Passivo, e o exemplo é comprar mercadorias a prazo, o que
significa aumentar os valores na conta de “Fornecedores”.

Para apurar a Situação Final (SF) da conta, efetua-se a soma dos


débitos e dos créditos, subtraindo-se a soma menor (débitos) da soma maior
(créditos). Nesse caso, como o lado maior é o lado dos créditos, a situação
final (SF) é credora, e o seu valor é colocado no lado menor, no débito, para
igualar os dois lados.
Pelo exposto, está enfaticamente demonstrado que cada transação
(lançamento) atinge sempre duas contas do patrimônio e registra nelas o
mesmo valor, portanto, o valor é registrado de forma dupla. Assim como se
vem afirmando ao se fazer um lançamento no lado direito de uma conta,
deve corresponder imediatamente outro lançamento no lado esquerdo, e vice-
versa.
Da mesma forma, exige-se que, ao se fazer um lançamento no débito,
haja imediata correspondência de outro lançamento no crédito, e vice-versa.
Esse sistema de lançamentos denomina-se método das partidas dobradas, e é a
base em que se assenta toda a ciência da contabilidade.

PARA COMPLEMENTAÇÃO DE ESTUDOS

Para saber um pouco mais sobre o surgimento do “Método das Partidas Dobradas”, acesse,
no site da Revista de Contabilidade e Finanças da USP o artigo Contabilidade: aspectos
relevantes da epopeia de sua evolução, de autoria dos professores Sérgio de Iudícibus, Eliseu
Martins e Luís Nelson Carvalho, publicado em agosto/2005. A partir da leitura deste artigo,
que discute as várias fases históricas do desenvolvimento da Contabilidade, desde o estado
de simples método de escrituração, é possível compreender como surgiu o método das partidas
dobradas e entender, por exemplo, como o desconhecimento do número negativo (sinal -)
influenciou a técnica contábil.
ALEXANDRE VERTES 44

TERMOS-CHAVE

Balanço Patrimonial – é uma representa- Variações Permutativas ou Qualitativas


ção gráfica sintética que contém os elemen- – são as transações (operações) que não
tos que compõem o patrimônio de uma provocam alteração no Capital Próprio ou
entidade em um determinado momento. Patrimônio Líquido. Provocam trocas entre
os itens que compõem o Balanço na mesma
intensidade de valor e alteram a qualidade
Origens dos Capitais – representam os dos itens.
recursos (capitais) capazes de dar origem
a todos os valores que compõem o Ativo. Conta Patrimonial – é a representação
São formadas pelos Capitais Próprios (Patri- gráfica de cada elemento do patrimônio de
mônio Líquido) e de Terceiros (Passivo), que uma empresa.
são os responsáveis pela formação de todo
o conjunto de bens e direitos da entidade. Método das Partidas Dobradas – exige-
se que, ao se fazer um lançamento no
Aplicação dos Capitais – representa o débito, haja imediata correspondência de
Ativo da entidade, onde são aplicados todos outro lançamento no crédito, e vice-versa.
os capitais (de terceiros e próprios).
Aplicação dos Capitais – representa o
Ativo da entidade, onde são aplicados todos
os capitais (de terceiros e próprios).
45 N OÇÕES SOBRE BALANÇO

CAPÍTULO 5

O NASCIMENTO DAS CONTAS DE RESULTADO

Neste capítulo são discutidas as transações que modificam o Capital Próprio, ou seja, a riqueza de uma entidade:
as transações Modificativas ou Qualitativas do patrimônio. Apresenta-se o lançamento destas transações diretamente
no Capital Próprio e, também, na sua subconta auxiliar denominada “Lucros e Perdas” e descreve-se o nascimento
da Dupla Contabilidade. Finalmente, é apresentado o funcionamento das contas de resultado, que são auxiliares da
conta “Lucros e Perdas” e refletem a situação líquida do patrimônio.

5.1 O nascimento das Contas de Resultado

Até o momento, existe uma conta no lado do Passivo que não sofreu
nenhuma alteração. Trata-se da conta Capital Próprio. Esta conta, embora
se encontre no lado do Passivo, não é uma conta patrimonial passiva, pois a
conta Capital Próprio, ou melhor, as contas que irão representá-lo e que
serão estudadas mais adiante, são conhecidas como contas que espelham a
situação líquida do patrimônio.
Para a sua devida compreensão, referencia-se o principal instru-
mento do levantamento patrimonial: o Inventário Geral. O Balanço Patri-
monial, síntese do inventário, está expresso por meio de contas patrimo-
niais. As contas patrimoniais que constituem o Balanço foram extraídas do
Inventário Geral (visualize-as no Inventário Geral Final nº 2) e são decorren-
tes do que está na parte I (Ativo), o que corresponde às contas patrimoniais
ativas, e do que está na parte II (Passivo), o que corresponde às contas patri-
moniais passivas.
No entanto, resta um grupo do Inventário Geral em que se encontra
a conta Capital Próprio, e que consta na sua parte III (Comparação). Enfatiza-
se que esta conta só é registrada no lado do Passivo do Balanço Patrimonial
para forçar a igualdade entre os valores registrados no Ativo e os valores
registrados no Passivo do Balanço.
Como a conta do Capital Próprio se encontra no lado do Passivo do
Balanço Patrimonial, é regida pelas mesmas regras das contas patrimoniais
passivas, isto é:
 sua situação inicial figura no lado direito da conta;
 os aumentos (dinheiro entregue pelos sócios, lucros obtidos etc.)
são registrados no lado direito;
 as diminuições, representadas pelas retiradas dos sócios e pelos
prejuízos verificados, são registradas no lado esquerdo da conta.
ALEXANDRE VERTES 46

Atenção: o Capital Próprio, embora figure no Passivo,


não é uma contra patrimonial passiva. Apesar disso,
como se encontra no lado direito do balanço,
é regido pelas mesmas regras das contas passivas.

Assim, tem-se:

CAPITAL PRÓPRIO
(-) LADO ESQUERDO LADO DIREITO (+)
Diminuições Situação inicial

Situação Final Aumentos

O Capital Próprio é constituído por diversas contas (até agora não


especificadas por conveniência das explicações), as quais representam em
seu somatório, sempre, a diferença entre os valores ativos e os valores
passivos e estão constantemente em movimento. Entretanto, uma das contas
que o compõem, o Capital Social, sob o ponto de vista legal, é uma conta
imutável.
A razão disso é que a conta Capital Social representa o valor que
figura em cláusula do instrumento contratual da empresa (declaração de
firma, estatuto social, contrato social), e seu valor somente pode ser mudado
mediante alteração desta cláusula contratual. Assim, esta conta somente
poderá ser modificada após alteração da cláusula contratual e devidamente
registrada nos órgãos competentes para isso: as Juntas Comerciais dos
Estados ou os Cartórios de Registro Especial.
Entretanto, outras contas que registram os movimentos causados
pela diferença entre Ativos e Passivos, e que representam o Capital Próprio
da entidade, podem ser movimentadas sem necessidade de alteração do
contrato social. É o que se verá mais adiante.

5.2 A natureza das transações: Variações Modificativas


ou Variações Quantitativas do Patrimônio

As variações até agora representadas não movimentaram a conta


Capital Próprio (que será expresso por contas específicas). O seu valor per-
maneceu inalterado, correspondendo à situação inicial, sem qualquer mo-
vimentação. Estas variações, denominadas de variações permutativas ou
qualitativas e tratadas no item 4.1.4, não determinam alteração no Capital
Próprio e são assim denominadas porque apenas trocam a posição dos itens
que compõem o patrimônio (Ativos e Passivos). Ao não provocarem alteração
do Capital Próprio, o valor dele não se modifica e elas alteram sim a qualidade
do patrimônio, mas sem alterar a quantidade do patrimônio líquido, ou seja,
a parte do patrimônio que pertence aos proprietários.
Porém, continuamente ocorrem variações que aumentam ou dimi-
nuem o Capital Próprio da empresa, tais como: lucros obtidos nas vendas,
comissões recebidas, descontos obtidos, aluguéis pagos, ordenados pagos,
despesas pagas ou devidas etc. Estas variações, por modificarem quantitati-
vamente o patrimônio, aumentando ou diminuindo a parte que pertence aos
proprietários – o capital próprio da entidade –, são denominadas de variações
modificativas ou variações quantitativas.
47 O NASCIMENTO DAS CONTAS DE RESULTADO

Para exemplificar as alterações do Capital Próprio, dá-se seguimento


às operações da empresas do Sr. José da Silva. Então, após terem sido
registradas, no capítulo anterior, as variações permutativas (qualitativas) da
empresa, apresentam-se agora para serem registradas as variações
modificativas (quantitativas) ocorridas, e que provocam alterações no
patrimônio da empresa e no montante do Capital Próprio. Para tanto,
propõem-se as seguintes operações (lançamentos):
a) O recebimento de comissões em dinheiro, no valor de R$ 400,00,
determina:
 Um aumento na conta Caixa (Ativo);
 Um aumento no Capital Próprio (no lado do Passivo).
b) Obtém-se desconto sobre Nota Promissória, no valor de R$ 50,00. Este
determina:
 Uma diminuição na conta Empréstimos a Pagar (Passivo);
 Um aumento no Capital Próprio (no lado do Passivo).
c) O pagamento de aluguel, no valor de R$ 80,00, determina:
 Uma diminuição na conta Caixa (Ativo);
 Uma diminuição no Capital Próprio (no lado do Passivo).
d) Reconhece-se, mas ainda não se paga, juros a fornecedores, no valor de
R$ 20,00:
 Um aumento na conta de Fornecedores (Passivo);
 Uma diminuição no Capital Próprio (no lado do Passivo).

Pode-se, então, concluir que:


 Para aumentar o Capital Próprio, deve-se aumentar o Ativo ou
diminuir o Passivo no mesmo valor;
 Para diminuir o Capital Próprio, deve-se diminuir o Ativo ou
aumentar o Passivo no mesmo valor.

5.2.1 Variações modificativas (quantitativas) lançadas diretamente


na conta Capital Próprio
Apresentadas as operações e as respectivas repercussões examinadas
nos itens “a” a “d”, efetua-se o seu registro utilizando-se a técnica das contas.
Retoma-se, para isso, o Balanço Patrimonial Final nº 5 (item 4.1.2) da empresa
do Sr. José da Silva e se adota os procedimentos descritos no nascimento das
contas patrimoniais (item 4.1.5). A seguir a transcrição do Balanço.

BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO $ PASSIVO + CAPITAL PRÓPRIO $
Caixa 892,00 Fornecedores 3.700,00
Clientes 10.000,00 Empréstimos a Pagar 12.800,00
Mercadorias 26.200,00 Passivo Total 16.500,00
Móveis e Utensílios 893,00 Capital Próprio 22.925,00
Equip. Informática 1.440,00
Ativo Total 39.425,00 Passivo + Capital Próprio 39.425,00

Transcrito o Balanço, abrem-se todas as contas patrimoniais e


registram-se os lançamentos (operações) de “a” a “d”, os quais proporcionam
verificar o modo como as variações modificativas ou quantitativas modificam
e alteram o valor do Capital Próprio da empresa.
ALEXANDRE VERTES 48

+ CAIXA - - FORNECEDORES +
SI 892,00 80,00 (c) 3.700,00 SI
(a) 400,00 20,00 (d)
1.212,00 SF SF 3.720,00
1.292,00 1.292,00 3.720,00 3.720,00

+ CLIENTES - - EMPRÉSTIMOS A PAGAR +


SI 10.000,00 12.800,00 SI
(b) 50,00
10.000,00 SF SF 12.750,00
10.000,00 10.000,00 12.800,00 12.800,00

+ MERCADORIAS - - CAPITAL PRÓPRIO +


SI 26.200,00 (c) 80,00 22.925,00 SI
(d) 20,00 400,00 (a)
26.200,00 SF SF 23.275,00 50,00 (b)
26.200,00 26.200,00 23.375,00 23.375,00

+ MÓVEIS E UTENSÍLIOS -
SI 893,00
893,00 SF
893,00 893,00

+ EQUIP. INFORMÁTICA -
SI 1.440,00
1.440,00 SF
1.440,00 1.440,00

a) As comissões no valor de R$ 400,00, recebidas em dinheiro,


aumentam o Ativo (Caixa – entrada de dinheiro) e ao mesmo
tempo aumentam o lado do Passivo (Capital Próprio – é um ganho
que aumenta a riqueza do proprietário). Portanto, aumenta a
conta “Caixa” pelo registro do valor no lado esquerdo da conta,
ou seja, débito em uma conta ativa; ao mesmo tempo, aumenta a
conta de “Capital Próprio” pelo registro do valor no lado direito
da conta, ou seja, crédito em uma conta que está do lado do
Passivo.
b) O desconto no valor de R$ 50,00, concedido pelo portador da
nota promissória, diminui o Passivo (Empréstimos a Pagar –
diminui a dívida) e ao mesmo tempo aumenta o lado do Passivo
(Capital Próprio – é um ganho que aumenta a riqueza do pro-
prietário). Portanto, diminui a conta de “Empréstimos a Pagar”
pelo registro do valor no lado esquerdo da conta, ou seja, débito
em uma conta passiva; ao mesmo tempo, aumenta a conta de
“Capital Próprio” pelo registro do valor no lado direito da conta,
ou seja, crédito em uma conta que está do lado do Passivo.
c) O pagamento do aluguel no valor de R$ 80,00 significa uma saída
de dinheiro e diminui o Ativo (Caixa – diminui o dinheiro) e ao
mesmo tempo diminui o lado do Passivo (Capital Próprio – é
uma despesa que diminui a riqueza do proprietário). Portanto,
diminui a conta “Caixa” pelo registro do valor no lado direito da
49 O NASCIMENTO DAS CONTAS DE RESULTADO

conta, ou seja, crédito em uma conta ativa; ao mesmo tempo,


diminui a conta de “Capital Próprio” pelo registro do valor no
lado esquerdo da conta, ou seja, débito em uma conta que está
do lado do Passivo.
d) O reconhecimento de juros devidos ao Fornecedor, porém
ainda não pagos, no valor de R$ 20,00, mostra que a dívida
aumentou, sem haver aumento do Ativo, pois aumenta a Passivo
(Fornecedores – a dívida é acrescida de juros) e ao mesmo tempo
diminui o lado do Passivo (Capital Próprio – é uma perda que
diminui a riqueza do proprietário). Portanto, aumenta a conta
de “Fornecedores” pelo registro do valor no lado direito da conta,
ou seja, crédito em uma conta passiva; ao mesmo tempo, diminui
a conta de “Capital Próprio” pelo registro do valor no lado
esquerdo da conta, ou seja, débito em uma conta que está do
lado do Passivo.

Resumindo as operações, observa-se que:


 O aumento das dívidas é registrado no lado direito (Fornecedores),
no crédito;
 A diminuição das dívidas é registrada no lado esquerdo (Emprés-
timos a Pagar), no débito:
 O aumento da riqueza deve ser registrado no lado direito (Capital
Próprio), no crédito;
 A diminuição da riqueza deve ser registrada no lado esquerdo (Capi-
tal Próprio), no débito.

A partir da situação final (SF) que são os SALDOS FINAIS das contas,
organiza-se o Balanço Patrimonial Final.

BALANÇO PATRIMONIAL FINAL

ATIVO $ PASSIVO + CAPITAL PRÓPRIO $

Caixa 1.212,00 Fornecedores 3.720,00


Clientes 10.000,00 Empréstimos a Pagar 12.750,00
Mercadorias 26.200,00 Passivo Total 16.470,00
Móveis e Utensílios 893,00 Capital Próprio 23.275,00
Equip. Informática 1.440,00

Ativo Total 39.745,00 Passivo + Capital Próprio 39.745,00

Mais uma vez, confirma-se o funcionamento do método das parti-


das dobradas. Cada uma das transações de “a” a “d” foi lançada duas vezes;
uma vez no lado esquerdo, que corresponde ao débito, e outra vez no lado
direito, que corresponde ao crédito, pelos mesmos valores.
Constata-se, também, que o Patrimônio Líquido do Sr. José da Silva,
que era de R$ 22.925,00 em sua posição inicial, foi alterado para R$ 23.275,00
em sua posição final, crescendo, portanto, R$ 350,00.

5.2.2 A Conta Lucros e Perdas, como “subconta” da conta Capital Próprio


e o surgimento da Dupla Contabilidade
A apuração do resultado pode desenvolver-se como o descrito na
IV parte do Inventário Geral, em que se efetuou a comparação entre os
Capitais Próprios de dois Inventários (o do inventário final e o do inventário
ALEXANDRE VERTES 50

inicial), ou isso também pode ser feito entre os Capitais Próprios de dois
Balanços (o do balanço final e o do balanço inicial).
O processo, todavia, precisa ser melhorado para que se possa
concluir sobre a origem destes resultados. Para satisfazer esta exigência, surge
a necessidade de se incluir uma nova “conta”, a qual será denominada de
Lucros e Perdas1.
A conta de Lucros e Perdas é uma “subconta” (conta auxiliar) da conta
Capital Próprio e, portanto, atua/funciona de forma idêntica a ela, pois recebe
em seu débito (lado esquerdo) todas as diminuições do Capital Próprio
(despesas, gastos, perdas e prejuízos) e em seu crédito (lado direito) todos
os aumentos do Capital Próprio (ganhos, receitas, lucros etc.).

LUCROS e PERDAS
DÉBITO (Perdas) R$ CRÉDITO (Lucros) R$
Despesas Ganhos
Gastos Receitas
Perdas Lucros

Para tornar mais claro o funcionamento desta conta e sua real


utilidade para a compreensão da origem do resultado (ganho ou perda) são
refeitos, a seguir, os lançamentos de “a” a “d”. Entretanto, agora as operações
que alteram o Capital Próprio não mais serão registradas neste e sim em sua
conta “subconta”, ou seja, na conta que vai auxiliar os registros, a conta de
Lucros e Perdas. Utiliza-se como ponto de partida o mesmo Balanço Patri-
monial nº 5 e as mesmas transações anteriormente já realizadas.

BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO R$ PASSIVO + CAPITAL PRÓPRIO R$
Caixa 892,00 Fornecedores 3.700,00
Clientes 10.000,00 Empréstimos a Pagar 12.800,00
Mercadorias 26.200,00 Passivo Total 16.500,00
Móveis e Utensílios 893,00 Capital Próprio 22.925,00
Equip. Informática 1.440,00
Ativo Total 39.425,00 Passivo + Capital Próprio 39.425,00

+D CAIXA -C -D FORNECEDORES +C
SI 892,00 80,00 (c) 3.700,00 SI
(a) 400,00 20,00 (d)
1.212,00 SF SF 2.720,00
1.292,00 1.292,00 2.720,00 2.720,00

+D CLIENTES -C -D EMPRÉSTIMOS A PAGAR +C


SI 10.000,00 12.800,00 SI
(b) 50,00
10.000,00 SF SF 12.750,00
10.000,00 10.000,00 12.800,00 12.800,00

1
Para fins didáticos, a conta auxiliar do Capital Próprio que reúne os ganhos e perdas é denominada
“Lucros e Perdas”. Esta conta também é denominada de “Conta Resultado do Exercício” por alguns
autores.
51 O NASCIMENTO DAS CONTAS DE RESULTADO

+D MERCADORIAS -C -D CAPITAL PRÓPRIO +C


SI 26.200,00 (c) 22.925,00 SI
(d) 350,00
19.840,00 SF SF 23.275,00
19.840,00 19.840,00 23.275,00 23.275,00

+D MÓVEIS E UTENSÍLIOS -C +D EQUIP. INFORMÁTICA -C


SI 893,00 SI 1.440,00
893,00 SF 1.440,00 SF
893,00 893,00 1.440,00 1.440,00

-D LUCROS e PERDAS +C
c) 80,00 400,00 a)
d) 20,00 50,00 b)
LL 350,00
450,00 450,00

A partir dos lançamentos acima efetuados e que não mais foram


registrados diretamente na conta de Capital Próprio, mas em sua conta
auxiliar – Lucros e Perdas, conclui-se que:
 A soma dos valores do lado do Ativo se mantém igual à soma
dos valores do lado do Passivo, porque os lançamentos foram
feitos pelo método das partidas dobradas. Ou seja, a cada valor
registrado no lado esquerdo das contas – denominado de débito
–, corresponde um valor registrado no lado direito das contas –
denominado de crédito –, de igual valor, determinando a igual-
dade entre os dois lados.
 A conta auxiliar Lucros e Perdas registra no seu lado esquerdo,
lado dos débitos, todas as perdas que ocorrem no Capital Próprio
(despesas, gastos, prejuízos) e que o diminuem; e registra no seu
lado direito, lado dos créditos, todos os lucros que ocorrem no
Capital Próprio (ganhos, receitas) e que o aumentam.
 A conta auxiliar Lucros e Perdas, que registra apenas as perdas e
os ganhos, permite, ao se confrontar o montante dos ganhos e o
montante das perdas, apurar se houve lucro (ganhos maiores que
as perdas) ou prejuízo (se as perdas forem maiores que os ganhos).
 A Dupla Contabilidade começa a existir a partir do momento em
que se utiliza como conta auxiliar de Capital Próprio a conta
Lucros e Perdas. Ela consiste no registro de todas as operações
que afetam o Capital Próprio, separadamente dele, permitindo
controlar isoladamente as alterações ocorridas na conta Capital
Próprio.
 O vácuo criado na conta Capital Próprio é preenchido com a
apuração do resultado obtido na conta Lucros e Perdas, e que
após a sua obtenção é imediatamente transferido para ele. Se for
lucro, aumenta o Capital Próprio; se for prejuízo, diminui o Capi-
tal Próprio.
ALEXANDRE VERTES 52

5.2.3 O nascimento das contas de resultado como sub-contas


da conta Lucros e Perdas
A criação e o posterior desmembramento da conta Lucros e Perdas
da conta Capital Próprio possibilitou obter e demonstrar, explicitamente, a
soma total dos lucros, a soma total das perdas e o valor a ser transferido
para o Capital Próprio, processo este que estabelece a base da Dupla Conta-
bilidade.
Quando a soma total dos lucros for maior que a soma total das
perdas, tem-se aumento do Capital Próprio – um lucro líquido; quando,
porém, a soma total das perdas for maior que a soma total dos lucros, tem-
se diminuição do Capital Próprio – um prejuízo.
Como já referido, não basta saber se a empresa apresentou lucro ou
prejuízo, é preciso também saber de onde se originou este lucro ou este pre-
juízo; qual a natureza das receitas e das despesas; e analisar as causas que
contribuíram para formar o lucro ou ocasionar o prejuízo. Aqui surge a neces-
sidade de se subdividir a conta Lucros e Perdas em tantas partes (subcontas/
contas auxiliares) quantas forem necessárias, a fim de detalhar da melhor
maneira possível todas as receitas e todas as despesas.
Diante do exposto, passa-se a ter dois grandes grupos de contas:
 as contas patrimoniais, cujo saldo representa a existência de um
bem/direito ou uma dívida/obrigação;
 as contas de resultado, cujo valor é um lucro, quando estiver
lançado no lado direito (crédito), ou uma perda, quando estiver
lançado no lado esquerdo (débito).

Sendo as contas de resultado subcontas de primeiro grau da conta


de Lucros e Perdas e subcontas de segundo grau da conta Capital Próprio, é
natural que elas obedeçam às mesmas regras de funcionamento que orientam
a conta de Lucros e Perdas, da qual são auxiliares, e esta por sua vez segue
as mesmas regras da conta Capital Próprio, como já foi examinado ante-
riormente. Assim sendo, os valores que representam receitas, ganhos ou
lucros, são lançados no lado direito das contas de resultado (no crédito) e os
valores que representam despesas, gastos ou perdas, são lançados no lado
esquerdo das contas de resultado (no débito).
A conta Lucros e Perdas tende a ter uma vida passageira, quase
instantânea. Ela tem a duração necessária apenas para acolher o encerra-
mento de suas “subcontas/contas auxiliares”, apurar o resultado e transferi-
lo para uma das contas representativas do Capital Próprio (até aqui ainda
não especificadas). Portanto, serve apenas para sintetizar o detalhamento
de todos os registros efetuados nas contas auxiliares, doravante denominadas
de contas de resultado.
Pode-se, agora, sintetizar as regras para a compreensão do débito e
do crédito em todas as contas, sejam contas patrimoniais ou contas de
resultado, de acordo com a seguinte conceituação:

 As contas são debitadas, ou seja, recebem um lançamento


em seu lado esquerdo, para registrar:
– um aumento no Ativo;
– uma diminuição no Passivo;
– a ocorrência de uma despesa.
 As contas são creditadas, lançamento em seu lado direito,
para registrar:
– uma diminuição no Ativo;
– um aumento no Passivo;
– a ocorrência de uma receita.
53 O NASCIMENTO DAS CONTAS DE RESULTADO

Para um melhor entendimento, são novamente refeitos todos os


lançamentos de “a” a “d”, com a diferença de que as despesas/perdas serão
levadas para contas específicas que as detalhem com toda a exatidão, o
mesmo ocorrendo com as receitas/lucros.
Utilizam-se tantas subcontas de Lucros e Perdas quantas se entende
necessárias, pois, quanto mais discriminadas e detalhadas estiverem as
receitas e as despesas, tanto mais informativa será a contabilidade e mais
fácil e eficiente será o controle sobre elas.

BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO R$ PASSIVO + CAPITAL PRÓPRIO R$
Caixa 892,00 Fornecedores 3.700,00
Clientes 10.000,00 Empréstimos a Pagar 12.800,00
Mercadorias 26.200,00 Passivo Total 16.500,00
Móveis e Utensílios 893,00 Capital Próprio 22.925,00
Equip. Informática 1.440,00
Ativo Total 39.425,00 Passivo + Capital Próprio 39.425,00

+D CAIXA -C -D FORNECEDORES +C
SI 892,00 80,00 (c) 3.700,00 SI
(a) 400,00 20,00 (d)
1.212,00 SF SF 3.720,00
1.292,00 1.292,00 3.720,00 3.720,00

+D CLIENTES -C - EMPRÉSTIMOS A PAGAR +C


SI 10.000,00 12.800,00 SI
(b) 50,00
10.000,00 SF SF 12.750,00
10.000,00 10.000,00 12.800,00 12.800,00

+D MERCADORIAS -C -D CAPITAL PRÓPRIO +C


SI 26.200,00 22.925,00 SI
350,00 LL

19.840,00 SF SF 23.275,00
19.840,00 19.840,00 23.275,00 23.275,00

+D MÓVEIS E UTENSÍLIOS -C +D EQUIP. INFORMÁTICA -C


SI 893,00 SI 1.440,00
893,00 SF 1.440,00 SF
893,00 893,00 1.440,00 1.440,00
ALEXANDRE VERTES 54

LUCROS e PERDAS
-D (Perdas) (Lucros) +C
Aluguéis Passivos............ 80,00 Comissões Ativas........ 400,00
Juros Passivos................. 20,00 Descontos Ativos......... 50,00
Lucro Líquido 350,00
Soma............................... 450,00 Soma........................... 450,00

-D COMISSÕES ATIVAS +C -D DESCONTOS ATIVOS +C


400,00 a) 50,00 b)
TR 400,00 TR 50,00
400,00 400,00 50,00 50,00

-D ALUGUÉIS PASSIVOS +C -D JUROS PASSIVOS +C


c) 80,00 d) 20,00
80,00 TR 20,00 TR
80,00 80,00 20,00 20,00

TR – transferido para a conta principal LUCROS e PERDAS

Após serem refeitos, novamente, todos os lançamentos e seu mais


singular detalhamento, podem-se estabelecer algumas conclusões sobre toda
a movimentação do patrimônio.
 A conta Lucros e Perdas é subdividida em subcontas/contas auxi-
liares pela necessidade técnica de se particularizar em detalhes
os lucros e as perdas;
 A conta Lucros e Perdas, apesar de só aparecer por ocasião da
recepção da transferência dos valores existentes em suas sub-
contas (contas de resultado), fazendo imediata apuração do resul-
tado a ser levado ao Capital Próprio, tem existência permanente,
pois nada mais é que síntese de todas as contas de resultado.

As relações que se estabelecem, para compreensão das


expressões “débito e crédito”, podem ser consolidadas da
seguinte maneira:
 Debitar uma conta ativa significa aumentar o seu valor;
 Debitar uma conta passiva significa diminuir o seu valor;
 Debitar uma conta de resultado (despesa) significa
reduzir o capital próprio da empresa;
 Creditar uma conta ativa significa diminuir o seu valor;
 Creditar uma conta passiva significa aumentar o seu
valor;
 Creditar uma conta de resultado (receita) significa
aumentar o capital próprio da empresa.
55 O NASCIMENTO DAS CONTAS DE RESULTADO

PARA COMPLEMENTAÇÃO DE ESTUDOS

Na internet, selecione o Balanço Patrimonial de uma sociedade por ações (ex.: Petrobrás)
referente aos três últimos exercícios sociais e identifique, para cada um dos anos, o valor do
Ativo Total e do Passivo Total. Em seguida, a partir do confronto entre Ativo Total e Passivo
Total, determine os valores do Capital Próprio ou Patrimônio Líquido. Finalmente, com base
nos valores apurados, identifique a evolução da riqueza da empresa (lucro ou prejuízo?) nos
períodos analisados.

TERMOS-CHAVE

Variações Modificativas ou Quantitativas Dupla Contabilidade – consiste no registro


do Patrimônio – variações que aumentam de todas as operações que afetam o Capi-
ou diminuem a riqueza da empresa, ou seja, tal Próprio, separadamente dele, para que
o Capital Próprio ou Patrimônio Líquido, tais seja possível controlar isoladamente as
como: lucros obtidos nas vendas, comis- alterações ocorridas.
sões recebidas, aluguéis, ordenados e des-
pesas pagas ou devidas etc. Perdas – representam as reduções no
Capital Próprio (despesas, gastos, pre-
Lucros e Perdas – é uma conta auxiliar da juízos).
conta Capital Próprio ou Patrimônio Líquido,
na qual se registram todas as diminuições Ganhos – representam os aumentos no
(despesas, gastos, perdas e prejuízos) e Capital Próprio (receitas, lucros etc).
todos os aumentos (ganhos, receitas, lucros Lucros – ocorrem quando, após o con-
etc.) que nele ocorrem. fronto do montante dos ganhos e do
Contas de Resultado – são subcontas de montante das perdas, os ganhos forem
primeiro grau da conta de Lucros e Perdas maiores que as perdas.
e subcontas de segundo grau da conta Prejuízos – ocorrem quando, após o con-
Capital Próprio, que detalham os ganhos e fronto do montante dos ganhos e do mon-
perdas ocorridos no período. tante das perdas, as perdas forem maiores
que os ganhos.
CAPÍTULO 6

ADMINISTRAÇÃO DE MERCADORIAS
PELO SISTEMA DE TRÊS CONTAS

Este capítulo trata do lançamento de operações que envolvem mercadorias: compras (Compras à vista e a prazo;
Fretes sobre compras e Devoluções de Compras) e vendas (Vendas à vista e a prazo e Vendas Anuladas). Descreve
a escrituração de transações com mercadorias pelo sistema de três contas, quais sejam: Mercadorias, Vendas e
Custo da Mercadoria Vendida (CMV), para registrar adequadamente a saída das mercadorias e apurar o ganho/
perda nas operações realizadas pela entidade, preservando a função de cada uma das contas (patrimoniais e de
resultado) envolvidas.

6.1 A conta mista de Mercadorias

Por sua importância na apuração do resultado, seja qual for o período


compreendido, a conta Mercadorias merece uma atenção especial. Ao se
efetuar os lançamentos relativos às compras e às vendas diretamente nesta
conta, o seu saldo a partir do registro da primeira venda não tem mais
qualquer significado, pois a transforma em uma conta denominada mista,
isto é, nem é conta patrimonial e nem é conta de resultado.
Nessas circunstâncias, a utilização deste tipo de conta exige certos
artifícios, que o exemplo a seguir elucida e detalha para fins de compreensão.
Note-se que o registro que compõe a “conta” tem misturados valores relati-
vos às aquisições de mercadorias e às vendas de mercadorias.

MERCADORIAS

HISTÓRICO DÉBITO CRÉDITO SALDO D/C

Estoque inicial SI 5.000,00 5.000,00 D


Compras à vista 1) 1.200,00 6.200,00 D
Frete sobre compras 2) 300,00 6.500,00 D
Vendas à vista 3) 2.000,00 4.500,00 D
Compras a prazo 4) 3.200,00 7.700,00 D
Frete sobre compras 5) 300,00 8.000,00 D
Vendas a prazo 6) 3.500,00 4.500,00 D
Devolução de compras 7) 400,00 4.100,00 D
Anulação de vendas 8) 800,00 4.900,00 D

O primeiro saldo encontrado reflete o valor do estoque inicial, ou


seja, refere-se a compras de mercadorias efetuadas e que ainda permanecem
ALEXANDRE VERTES 58

na empresa. Portanto, a conta mercadorias mantém as características de


uma conta patrimonial ativa, pois registra a existência real de bens (mer-
cadorias).
O segundo saldo representa o valor do estoque inicial mais o valor
das compras efetuadas. O saldo representa o valor das mercadorias em estoque,
mantendo a conta sua característica de conta patrimonial ativa.
Na operação seguinte, ao receber um lançamento correspondente
ao frete sobre as compras e considerando que o frete faz parte do custo de
aquisição da mercadoria, incorporando, portanto, este valor ao preço de
aquisição da mercadoria, o saldo da conta mantém a característica de conta
patrimonial ativa.
O quarto momento registra venda efetuada à vista por R$ 2.000,00.
Ela se caracteriza por uma saída de mercadorias e o saldo desta conta após
a operação é de R$ 4.500,00, o qual não mais espelha a existência de
mercadorias. A razão é que quando se faz uma venda neste valor está incluí-
da, além do preço de aquisição/custo das Mercadorias, uma parte que cor-
responde ao lucro esperado pela empresa nesta venda. Ou seja, o valor de
R$ 2.000,00 inclui o valor da Mercadoria mais o Lucro. Nesse momento, a
conta perde a característica de conta patrimonial ativa e passa a ser uma
conta mista, pois seu saldo de R$ 4.500,00 não representa nem o valor dos
estoques (conta patrimonial ativa) nem lucro ou prejuízo, quando então seria
uma conta de resultado.
Todas as demais operações subsequentes não alteram esta situação.
Há, todavia, procedimentos que permitem conviver com esta forma de
registro, que aqui, porém, não são abordados, uma vez que se adota uma
técnica que não utiliza a conta mista, mas proporciona uma melhor com-
preensão das operações que envolvem “Mercadorias”.

6.2 Escrituração de mercadorias pelo sistema de três contas

As mercadorias são adquiridas com o objetivo de revenda, por meio


da qual a empresa pode obter lucro ou prejuízo. No item anterior registraram-
se compras e vendas em uma única conta, e se pode constatar os incon-
venientes deste procedimento; nem se obtém a existência (estoque de mer-
cadorias) nem os resultados produzidos por sua venda (lucro/prejuízo).
Depreende-se disso que é fundamental preservar a função de cada
conta, ou seja, as contas devem representar existências (patrimoniais) ou
representar lucros/ perdas (resultados).

Não se deve em nenhum momento utilizar “contas” que


expressem mais de uma função, pois o seu saldo nada
representa e necessita de artifícios para que seja
representativo (patrimônio ou resultado).

Como se necessita nas operações com mercadorias registrar ade-


quadamente a saída das mercadorias e apurar o ganho/perda nas transações,
utiliza-se a técnica de registro por meio do denominado sistema de três contas:
a) A conta Mercadorias: Nesta conta, registra-se no débito, o estoque
existente no início do período, todas as compras pelo seu preço
de custo, inclusive fretes sobre compras. No crédito registram-
se as devoluções das compras e o custo das mercadorias vendidas
59 ADMINISTRAÇÃO DE MERCADORIAS PELO SISTEMA DE TRÊS CONTAS

(abordado no item “c”, abaixo). Desta forma a conta mostrará


sempre a existência, mantendo a característica de conta patri-
monial ativa.

+D MERCADORIAS -C

Estoque inicial 5.000,00 Devolução de compras 400,00


Compras efetuadas 4.400,00 Custo das Mercadorias
Fretes sobre compras 600,00 Vendidas 2.350,00

b) A conta Vendas: Nesta conta são registradas no crédito todas as


vendas efetuadas durante o período (tratando a totalidade da
venda como um lucro) e no débito todas as vendas anuladas
(tratadas como perdas). O saldo apurado nesta conta é trans-
ferido, no final do um período, para a conta Lucros e Perdas. A
conta Vendas é uma conta auxiliar de Lucros e Perdas e, portan-
to, trata-se de uma conta de resultado, e o seu saldo representa
uma receita.

-D V E N D A S +C

Vendas anuladas 800,00 Vendas à vista 2.000,00


Vendas a prazo 3.500,00

c) A conta Custo das Mercadorias Vendidas: Nesta conta registra-se no


débito o custo das mercadorias que efetivamente saem quando
se realiza a venda. Como a venda é tratada como um lucro, esta
conta que registra a saída de mercadorias pelo seu preço de
aquisição/custo é tratada como uma perda. O saldo desta conta é
transferido ao final de um período para a conta Lucros e Perdas.
A conta Custo das Mercadorias Vendidas é uma conta auxiliar
de Lucros e Perdas e, portanto, conta de resultado, e o seu saldo
representa uma perda. Nas empresas que não adotam contabi-
lidade de custos, seu valor deve ser apurado extra-contabilmente,
o que é feito com a utilização da seguinte equação:

( + ) Compras

Estoque Compra Compra Frete s/ Devolução Estoque


CMV = (+) (+) (+) (-) (-)
Inicial à Vista a Prazo Compra de Compras Final

Ou seja:

EI + CO - EF = CMV

O valor apurado por meio desta equação é lançado a débito da


conta Custo das Mercadorias Vendidas e a crédito da conta Mercadorias,
diminuindo-a, pois o valor apurado representa o que saiu de Mercadorias
em decorrência das vendas (a preço de aquisição/custo).
A conta Custo das Mercadorias Vendidas representa, pois, o valor
das mercadorias vendidas em um período, a preço de custo. A conta de
Mercadorias, por sua vez, apresenta um saldo que corresponde ao valor, a
ALEXANDRE VERTES 60

preço de custo, das mercadorias existentes em estoque naquela data. No


exemplo admite-se que o estoque final, apurado pelo inventário, seja de R$
7.250,00. Aplicando-se a fórmula: Estoque Inicial (R$ 5.000,00) + Compras,
incluindo Fretes sobre Compras e reduzindo-se as Devoluções de Compras
(R$ 1.200,00 + R$ 3.200,00 + R$ 300,00 + R$ 300,00 - $ 400,00) – Estoque Final
(R$ 7.250,00), encontra-se o custo das mercadorias vendidas de R$ 2.350,00
Confirma-se, assim, que:
 a conta Mercadorias é uma conta patrimonial; seu saldo repre-
senta o valor dos estoques na data da apuração do resultado;
 a conta Custo das Mercadorias Vendidas é uma conta de resul-
tado; seu saldo representa uma perda.

-D CUSTO DAS MERCADORIAS VENDIDAS +C

Custo das Mercadorias Vendidas 2.350,00

6.3 A técnica de instalação das subcontas de Mercadorias


Um dos objetivos da escrituração contábil é agrupar as contas que
tenham alguma relação entre si, visando prestar informações que possibilitem
aos dirigentes tomar decisões com mais segurança.
Portanto, quanto mais detalhada for a discriminação das operações,
maior será o nível de informação e clareza sobre as atividades desenvolvidas
pela entidade, permitindo conhecer suas peculiaridades para dar-lhes a ne-
cessária atenção, assim como para exercer controles adequados.
As subcontas ou contas auxiliares, que permitem o detalhamento
de uma determinada conta, seguem o mesmo esquema de funcionamento
da conta principal. Já se estudou anteriormente que a conta de Lucros e
Perdas atua com subcontas, isto é, com contas representativas das receitas e
despesas, as quais seguem e têm o mesmo funcionamento da conta princi-
pal: Lucros e Perdas.
Assim como se detalham contas de resultado, podem-se detalhar,
também, contas patrimoniais. A conta Mercadorias exige este detalhamento
por sua importância na atividade da empresa. Para tanto, a mesma é
desdobrada em tantas subcontas quantas forem necessárias, e estas contas
são tratadas como contas patrimoniais ativas.
A seguir, apresenta-se o funcionamento da conta principal e das
subcontas de Mercadorias, bem como um exemplo de sua utilização.
 Mercadorias (conta principal): seu saldo inicial representa o valor
das mercadorias existentes em estoque no início do exercício;
esta é a conta principal. Todas as subcontas a ela subordinadas
obedecem ao mesmo regramento de funcionamento desta.
Portanto, para esta conta são transferidos os saldos das contas
auxiliares por ocasião de levantamentos ou do encerramento de
exercício.
 Compras à vista (conta auxiliar): Nesta subconta se registra, a débito,
todas as compras à vista; seu saldo é transferido, no encerramento
do exercício, para a conta Mercadorias.
 Compras a prazo (conta auxiliar): Nesta subconta se registram, a
débito, as compras a prazo; seu saldo é transferido, no encer-
ramento do exercício, para a conta Mercadorias.
 Fretes sobre compras (conta auxiliar): Nesta subconta se registram,
a débito, o valor de todos os fretes vinculados às compras (à vista,
a prazo, do exterior etc.); seu saldo é transferido, no encerramento
do exercício, para a conta Mercadorias.
61 ADMINISTRAÇÃO DE MERCADORIAS PELO SISTEMA DE TRÊS CONTAS

 Devolução de compras (conta auxiliar): Nesta subconta se registram,


a crédito, todas as devoluções de compras; seu saldo é transferido,
no encerramento do exercício, para a conta Mercadorias.

O exemplo numérico hipotético, apresentado a seguir, permite


acompanhar o que foi exposto. Para tanto, utiliza-se a listagem de operações
do item 6.1 e admite-se, para o exemplo, que a conta Caixa tenha R$ 2.000,00
de saldo e que a conta de Fornecedores tenha saldo zero.

+D MERCADORIAS -C

Estoque inicial 5.000,00 Devolução de compras (TR) 400,00


Compras à vista (TR) 1.200,00
Compras a prazo (TR) 3.200,00
Fretes sobre compras (TR) 600,00

+D CAIXA -C -D FORNECEDORES +C

SI) 2.000,00 1.200,00 1) 7) 400,00 3.200,00 4)


300,00 2)
300,00 5)
200,00 SF SF 2.800,00
2.000,00 2.000,00 3.200,00 3.200,00

+D COMPRAS À VISTA -C +D COMPRAS A PRAZO -C

1) 1.200,00 4) 3.200,00

1.200,00 TR 3.200,00 TR
1.200,00 1.200,00 3.200,00 3.200,00

+D FRETES SOBRE COMPRAS -C +D DEVOLUÇÃO DE COMPRAS -C

3) 300,00 400,00 7)
5) 300,00 600,00 TR TR 400,00
600,00 600,00 400,00 400,00

As operações 1 e 4 representam Compras.


As operações 3 e 5 representam Fretes
A operação 7 representa uma devolução de parte das mercadorias
adquiridas.
TR representa as respectivas transferências para a conta Mercadorias.

A conta Vendas também pode ser desdobrada em tantas subcontas


quantas forem consideradas necessárias para oferecer melhores informações.
O seu esquema de funcionamento e um exemplo de aplicação são apresen-
tados na sequência.
 Vendas (conta principal): trata-se da conta principal para a qual
são transferidos, no encerramento do exercício, os saldos de todas
as subcontas de Vendas. Todas as sub-contas a ela subordinadas
obedecem ao mesmo regramento de funcionamento desta. Por-
tanto, para ela são transferidos os saldos de todas as suas contas
ALEXANDRE VERTES 62

auxiliares por ocasião de levantamentos ou do encerramento de


exercício.
 Vendas à vista (conta auxiliar): Nesta subconta se registra, a crédito,
o valor de todas as vendas efetuadas à vista; seu saldo é
transferido, no encerramento do exercício, para a conta de
Vendas.
 Vendas a prazo (conta auxiliar): Nesta subconta se registra, a crédito,
o valor de todas as vendas efetuadas a prazo; seu saldo é
transferido, no encerramento do exercício, também, para a conta
de Vendas.
 Vendas anuladas (conta auxiliar): Nesta subconta se registra, a
débito, os valores correspondentes às devoluções de mercadorias
ocorridas; seu saldo é transferido, no encerramento do exercício,
para a conta de Vendas.

O exemplo numérico hipotético, apresentado a seguir, permite


acompanhar o que foi exposto. Para tanto, utiliza-se a listagem de operações
do item 6.1, e admite-se, para o exemplo, que a conta Caixa tenha o saldo da
situação anterior (operações com Mercadorias) de R$ 200,00 e que a conta
de Clientes tenha saldo zero.

-D V E N D A S +C

Anulação de vendas (TR) 800,00 Vendas à vista (TR) 2.000,00


Vendas a prazo (TR) 3.500,00

+D CAIXA -C +D CLIENTES -C

SI 200,00 3) 6) 3.500,00 800,00 8)


3) 2.000,00 2.200,00 SF 2.700,00 SF
2.200,00 2.200,00 3.500,00 3.500,00

-D VENDAS À VISTA +C -D VENDAS A PRAZO +C

2.000,00 3) 3.500,00 6)
TR 2.000,00 TR 3.500,00
2.000,00 2.000,00 3.500,00 3.500,00

-D ANULAÇÃO DE VENDAS +C -D +C

8) 800,00
800,00 TR
800,00 400,00

As operações 3 e 6 representam Vendas.


A operação 8 representa a Anulação de uma venda.
TR representa a transferência para conta Vendas.

Para melhor exemplificar o registro das operações de compra e venda


de mercadorias mediante a utilização do sistema de três contas, dá-se
seguimento às operações realizadas pela empresa do Sr. José da Silva. Após
63 ADMINISTRAÇÃO DE MERCADORIAS PELO SISTEMA DE TRÊS CONTAS

terem sido contabilizadas as operações permutativas (qualitativas) e


modificativas (quantitativas) da empresa, os seguintes lançamentos são
propostos:
a) A aquisição de mercadorias a prazo, no valor de R$ 3.000,00, que
determina:
 Um aumento (débito) na conta Compras a prazo (subconta da
conta Mercadorias – Ativo);
 Um aumento (crédito) na conta Fornecedores (Passivo).
b) A aquisição de mercadorias à vista, no valor de R$ 400,00, determina:
 Um aumento (débito) na conta Compras à vista (subconta da
conta Mercadorias – Ativo);
 Uma diminuição (crédito) da conta Caixa (Ativo).
c) O pagamento de frete, no valor de R$ 100,00, que se refere às mercadorias
adquiridas à vista, resulta em1.
 Um aumento (débito) na conta Frete sobre compras (subconta
da conta Mercadorias – Ativo);
 Uma diminuição (crédito) da conta Caixa (Ativo).
d) A devolução de mercadorias adquiridas a prazo, no valor de R$ 200,00,
que determina:
 Uma diminuição (débito) na conta Fornecedores (Passivo);
 Uma diminuição nas compras, cujo lançamento é efetuado a
crédito da conta Devolução de compras (subconta redutora da
conta Mercadorias – Ativo).
e) Venda à vista de mercadorias por R$ 1.700,00, resultando em:
 Um aumento (débito) na conta Caixa (Ativo);
 Um aumento (crédito) na conta Vendas à vista (subconta da
conta de resultado Vendas).
f) A venda a prazo de mercadorias por R$ 900,00 determina:
 Um aumento (débito) na conta Clientes (Ativo);
 Um aumento (crédito) na conta Vendas a prazo (subconta da
conta de resultado Vendas).
g) A devolução, realizada pelo cliente, de mercadorias adquiridas a prazo
no valor de R$ 150,00, que determina:
 Uma diminuição nas vendas, cujo lançamento é efetuado a
débito da conta Anulação de vendas (subconta redutora da conta
de resultado Vendas);
 Uma diminuição (crédito) na conta Clientes (Ativo).

Considerando o estoque de Mercadorias no Balanço Patrimonial


Final nº 5 (item 5.2.1), no valor de R$ 26.200,00, e após registradas as
transações de “a” até “g”, obteve-se por meio do Inventário Geral o Estoque
Final de R$ 28.300,00, o que resulta um Custo de Mercadorias Vendidas
(CMV) apurado da seguinte forma:

Compras

Estoque Compra Compra Frete s/ Devolução Estoque


CMV =
Inicial à Vista a Prazo Compra de Compras Final

CMV = 26.200,00 (+) 400,00 (+) 3.000,00 (+) 100,00 (-) 200,00 (-) 28.300,00

1
O frete sobre compras (à vista ou a prazo) compõe o custo de aquisição das mercadorias e causa,
portanto, um aumento na conta “Mercadorias”, que deve ser registrado na subconta “Fretes sobre
compras”.
ALEXANDRE VERTES 64

CMV = 1.200,00

A contabilização do CMV determina:


 Uma diminuição do Capital Próprio, cujo lançamento é efetuado
a débito da conta de Custo das Mercadorias Vendidas (subconta
da conta Lucros e Perdas);
 Uma diminuição (crédito) na conta Mercadorias (Ativo).

Apresentadas as operações e as respectivas repercussões examinadas


nos itens “a” a “g”, retoma-se o Balanço Patrimonial Final nº 5 (item 5.2.1) e
efetuam-se os registros propostos, utilizando-se o sistema de três contas.

BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO R$ PASSIVO + CAPITAL PRÓPRIO R $
Caixa 1.212,00 Fornecedores 3.720,00
Clientes 10.000,00 Empréstimos a Pagar 12.750,00
Mercadorias 26.200,00 Passivo Total 16.470,00
Móveis e Utensílios 893,00 Capital Próprio 23.275,00
Equip. Informática 1.440,00
Ativo Total 39.745,00 Passivo + Capital Próprio 39.745,00

+D CAIXA -C -D FORNECEDORES +C

SI 1.212,00 400,00 b) d) 200,00 3.720,00 SI


e) 1.700,00 100,00 c) 3.000,00 a)
2.412,00 SF SF 6.520,00
2.912,00 2.912,00 6.720,00 6.720,00

+D CLIENTES -C -D EMPRÉSTIMOS A PAGAR +C

SI 10.000,00 150,00 g) 12.750,00 SI


f) 900,00
10.750,00 SF SF 12.750,00
10.900,00 10.900,00 12.750,00 12.750,00

+D MÓVEIS E UTENSÍLIOS -C -D CAPITAL PRÓPRIO +C

SI 893,00 23.275,00 SI
1.250,00 LL
893,00 SF SF 24.525,00
893,00 893,00 24.525,00 24.525,00

+D EQUIP. INFORMÁTICA -C

SI 1.440,00
1.440,00 SF
1.440,00 1.440,00
65 ADMINISTRAÇÃO DE MERCADORIAS PELO SISTEMA DE TRÊS CONTAS

+D MERCADORIAS -C

SI 26.200,00 Dev. de compras 200,00


Compra à vista 400,00 CMV 1.200,00
Compra a prazo 3.000,00
Frete sobre compras 100,00 SF 28.300,00
29.700,00 29.700,00

+D COMPRAS À VISTA -C +D COMPRAS A PRAZO -C

b) 400,00 a) 3.000,00
400,00 TR 3.000,00 TR
400,00 400,00 3.000,00 3.000,00

+D FRETES SOBRE COMPRAS -C +D DEVOLUÇÃODE COMPRAS -C

c) 100,00 200,00 d)
100,00 TR TR 200,00
100,00 100,00 200,00 200,00

LUCROS e PERDAS

-D (Perdas) (Lucros) +C

CMV 1.200,00 Vendas 2.450,00


Lucro Líquido 1.250,00
2.450,00 2.450,00

-D VENDAS +C

Anulação de vendas 150,00 Vendas à vista 1.700,00


Vendas a prazo 900,00
LP 2.450,00
2.600,00 2.600,00

-D VENDAS À VISTA +C -D VENDAS A PRAZO +C

1.700,00 e) 900,00 f)
TR 1.700,00 TR 900,00
1.700,00 1.700,00 900,00 900,00

-D ANULAÇÃO DE VENDAS +C

g) 150,00
150,00 TR
150,00 150,00
ALEXANDRE VERTES 66

-D CUSTO DA MERCADORIA VENDIDA (CMV) +C

1.200,00
1.200,00 LP
1.200,00 1.200,00

BALANÇO PATRIMONIAL FINAL


ATIVO R$ PASSIVO + CAPITAL PRÓPRIO R $
Caixa 2.412,00 Fornecedores 6.520,00
Clientes 10.750,00 Empréstimos a Pagar 12.750,00
Mercadorias 28.300,00 Passivo Total 19.270,00
Móveis e Utensílios 893,00 Capital Próprio 24.525,00
Equip. Informática 1.440,00
Ativo Total 43.795,00 Passivo + Capital Próprio 43.795,00

Concluídos os lançamentos relacionados à compra e à venda de


mercadorias, verifica-se que a apuração do resultado obtido pela empresa
(ganho ou perda) nas operações com mercadorias é realizada pelo confronto
entre as Receitas de Vendas e o Custo da Mercadoria Vendida (CMV). Neste
caso, verificou-se um aumento no Capital Próprio (Lucro Líquido) de R$
1.250,00, pois as vendas (R$ 2.450,00) superaram o CMV (R$ 1.200,00).

PARA COMPLEMENTAÇÃO DE ESTUDOS

Este capítulo trata das operações com mercadorias e, entre outras coisas, aborda o Custo
das Mercadorias Vendidas (CMV), que representa o valor (de custo) das mercadorias que
saíram do estoque em função das vendas. Para cálculo do CMV são utilizados, basicamente,
dois sistemas: Inventário Periódico e Inventário Permanente. Para compreender a diferença
entre os sistemas, leia no capítulo “Operações com Mercadorias” do livro Contabilidade
Introdutória, elaborado pela equipe de professores da FEA/USP, o tópico “Custos das
Mercadorias Vendidas”. Posteriormente, procure identificar qual é o sistema utilizado na
empresa em que você trabalha.

TERMOS-CHAVE

Mercadorias – é uma conta patrimonial Custo da Mercadoria Vendida (CMV) – é


ativa, na qual se registra o estoque existente uma conta auxiliar de Lucros e Perdas, ou
no início do período, todas as compras seja, uma conta de resultado. O CMV
realizadas (pelo preço de custo), os fretes registra a saída de mercadorias pelo seu
incidentes sobre as compras de merca- preço de aquisição/custo, sendo tratado
dorias, as devoluções de compras e o custo como uma perda.
das mercadorias vendidas (CMV).
Sistema de Três Contas – consiste na
Vendas – é uma conta auxiliar de Lucros e utilização de contas patrimoniais (Mer-
Perdas, ou seja, é uma conta de resultado. cadorias) e de resultado (Vendas e CMV)
Na conta Vendas são registradas as vendas no registro das operações que envolvem
à vista e a prazo efetuadas em um deter- mercadorias, com o intuito de preservar a
minado período (tratadas como um ganho) função de cada conta. O Sistema de Três
e as vendas anuladas (tratadas como Contas permite registrar, adequadamente,
perdas). a saída das mercadorias e apurar o ganho/
perda nas transações.
67 ADMINISTRAÇÃO DE MERCADORIAS PELO SISTEMA DE TRÊS CONTAS

CAPÍTULO 7

PLANO DE CONTAS

Este capítulo apresenta o Plano de Contas, que é a estrutura sobre a qual se constrói e elabora a escrituração
contábil, com a finalidade de mantê-la ordenada de forma a obter, de maneira clara e objetiva, os dois instrumentos
informativos mais importantes da Contabilidade: Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício
(DRE). Descreve-se a estrutura de contas para o Balanço Patrimonial (Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido) e a
estrutura da Demonstração de Resultado do Exercício, que contempla os diversos níveis de lucro da entidade.

7.1 Introdução

O Plano de Contas de uma empresa reúne, de forma ordenada, o


elenco de contas (patrimoniais e de resultado) que são utilizadas no registro
dos fatos contábeis e é, portanto, planejado com a mesma estrutura do
Balanço Patrimonial e da Demonstração do Resultado do Exercício (que
apresenta os lucros e perdas do período).
O Plano de Contas deve possuir contas em número suficiente para
registrar todos os valores positivos, todos os valores negativos, todas as
receitas e todas as despesas de forma detalhada, a fim de não ocorrerem
confusões. Na verdade, inexiste um número máximo ou um número mínimo
de contas que devem compor o Plano de Contas, sendo que o nível de
detalhamento que ele apresenta está relacionado com o interesse da empresa
em obter informações detalhadas. Além disso, é preciso que se saiba que o
Plano de Contas deve ser suficientemente elástico, a fim de permitir a inclusão
de novas contas, sempre que elas se fizerem necessárias.
Na preparação do Plano de Contas deve-se iniciar do grupo maior
para os grupos menores, ou seja, do geral para o particular.
Assim, o Plano de Contas pode se dividir em quatro grandes grupos,
quais sejam:
a) Contas Patrimoniais: 1. ATIVAS
2. PASSIVAS
b) Contas de Resultado: 3. RECEITAS
4. DESPESAS

Visando Auma elaboração mais sucinta, reduz-se a estrutura para


três grandes grupos:
1. ATIVO
2. PASSIVO
3. CONTAS DE RESULTADO
ALEXANDRE VERTES 68

7.2 Elenco de contas

Na sequência, apresenta-se um elenco de contas, estruturado de


acordo com o Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do
Exercício (as quais tem como base a Lei nº. 6.404/76 – Lei das Sociedades por
Ações, e suas alterações). Estas contas não estão codificadas, pois ainda não
é objeto do estudo neste momento.
Segue a estrutura do Balanço Patrimonial:

1. ATIVO
I – ATIVO CIRCULANTE
DISPONIBILIDADES
Caixa
Bancos conta Movimento
APLICAÇÕES DE LIQUIDEZ IMEDIATA
Bancos conta Aplicação
DIREITOS DE CURTO PRAZO
Clientes
( - ) Duplicatas descontadas
VALORES A RECUPERAR
ICMS a recuperar
IR a recuperar
Adiantamentos de salários
ESTOQUES
Mercadorias/Estoque
DESPESAS DO EXERCÍCIO SEGUINTE
Prêmios de seguro a apropriar
II – ATIVO NÃO CIRCULANTE
REALIZÁVEL A LONGO PRAZO
Contas a receber
Depósitos judiciais
INVESTIMENTOS
Participação em outras empresas
IMOBILIZADO
Terrenos
Móveis e Utensílios
( - ) Depreciação Acumulada de Móveis e Utensílios
Veículos
( - ) Depreciação Acumulada de Veículos
Máquinas e Equipamentos
( - ) Depreciação Acumulada de Máquinas e Equipamentos
INTANGÍVEL
Marcas e Patentes

2. PASSIVO
I – PASSIVO CIRCULANTE
EMPRÉSTIMOS E FINANCIAMENTOS
Empréstimos bancários
OBRIGAÇÕES OPERACIONAIS
Fornecedores
Outras oontas
CONTAS A PAGAR
Salários a pagar
INSS a pagar
FGTS a pagar
Provisão para férias
Provisão para 13º salário
69 PLANO DE CONTAS

IMPOSTOS A PAGAR
Provisão para Imposto de Renda
Provisão para Contribuição Social sobre o Lucro
ICMS a recolher
PIS a recolher
COFINS a recolher
IRRF a recolher
II – PASSIVO NÃO CIRCULANTE
EXIGÍVEL A LONGO PRAZO
Empréstimos bancários de longo prazo
III – PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Capital integralizado
Reservas de capital
Ajustes de avaliação patrimonial
Reservas de lucros
( - ) Ações em tesouraria
Prejuízos acumulados

Segue a estrutura da Demonstração de Resultado do Exercício:

3. RESULTADO DO EXERCÍCIO – Contas de Resultado


I – RECEITAS
RECEITA OPERACIONAL BRUTA
Vendas à vista
Vendas a prazo
( - ) DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA
Anulação de vendas
ICMS sobre vendas
PIS
COFINS
= RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA
II – CUSTOS
Custo das mercadorias vendidas
LUCRO BRUTO = (RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA – CUSTOS)
III - DESPESAS OPERACIONAIS
DESPESAS ADMINISTRATIVAS
Ordenados/Salários
Férias
13º salário
Contribuições previdenciárias
Despesa de FGTS
Depreciações
Amortizações
Prêmios de seguros
Aluguéis passivos
DESPESAS COM VENDAS
Títulos incobráveis
Comissões
Publicidade
DESPESAS FINANCEIRAS
Juros e descontos passivos
Variações monetárias passivas
Despesas bancárias
( - ) RECEITAS FINANCEIRAS
Juros e descontos ativos
ALEXANDRE VERTES 70

Variações monetárias ativas


Receita de comissões
LUCRO OPERACIONAL = (LUCRO BRUTO – DESPESAS
OPERACIONAIS)
IV – RESULTADO NÃO OPERACIONAL
( - ) DESPESAS NÃO OPERACIONAIS
Perda na venda Ativo Imobilizado
Baixa do ativo
( + ) RECEITAS NÃO OPERACIONAIS
Ganho na venda Ativo Imobilizado
Receita de aluguéis
LUCRO ANTES DOS IMPOSTOS = (LUCRO OPERACIONAL +-
RESULTADO NÃO OPERACIONAL)
V – PROVISÃO DE IR E CONTRIBUIÇÃO SOCIAL
Provisão para Imposto de Renda (IR)
Provisão para Contribuição Social sobre o Lucro (CSSL)
LUCRO LÍQUIDO = (LUCRO ANTES DOS IMPOSTOS –
PROVISÃO para o IR e a CSSL)

PARA COMPLEMENTAÇÃO DE ESTUDOS

Cada entidade deve compor seu Plano de Contas, observando as características de sua
atividade e as necessidades de detalhamento de suas operações. O Plano de Contas de uma
empresa prestadora de serviços, por exemplo, difere do de uma empresa comercial. Da mesma
forma, o Plano de Contas de uma grande empresa pode ser diferente daquele utilizado por
uma empresa de pequeno porte. Para entender um pouco mais as diferenças mencionadas,
pesquise o capítulo que aborda o Plano de Contas do livro Contabilidade Empresarial 1, de
autoria do professor José Carlos Marion.

TERMOS-CHAVE

Plano de Contas – agrupamento de con- Ativo não Circulante – neste grupo se


tas que permite à Contabilidade, em uma registram todos os bens e direitos realizáveis
determinada entidade, efetuar todos os no longo prazo e os grupos que compõem
registros de suas atividades. os investimentos e a infraestrutura da
empresa.
Balanço Patrimonial – demonstração que
apresenta a situação econômico-financeira Passivo Circulante – neste grupo se regis-
da empresa em um determinado momento. tram todas as dívidas e obrigações vencíveis
no curto prazo.
Demonstração do Resultado do Exercício
– demonstração que apresenta o resultado Passivo não Circulante – neste grupo se
da empresa (lucro ou prejuízo) acumulado registram todas as dívidas e obrigações
em determinado período. Detalha as receitas vencíveis no longo prazo.
e despesas ocorridas.
Patrimônio Líquido – resulta da diferença
Ativo Circulante – neste grupo se registram entre o Ativo Total e o Passivo Total e apre-
todos os bens e direitos que são realizáveis senta, de forma detalhada, os capitais
no curto prazo. próprios.

1
MARION, José Carlos. Contabilidade empresarial. 8. ed. São Paulo: Atlas, 1998.
71 TRANSAÇÕES E SUA ESCRITURAÇÃO DETALHADA

CAPÍTULO 8

TRANSAÇÕES E SUA ESCRITURAÇÃO DETALHADA

Este capítulo trata da escrituração dos atos e fatos inerentes à atividade das entidades. As operações refletem
transações do cotidiano e conduzem a consolidar o método das partidas dobradas, além de produzirem o reco-
nhecimento das contas a serem utilizadas para caracterizar as operações. Além disso, é introduzido um modelo de
controle, o Balancete de Verificação, que permite verificar a igualdade matemática dos registros das operações pelo
método das partidas dobradas.

8.1 Torma de escrituração das transações

Para examinar as transações e sua escrituração, propõe-se uma série


de operações em que se examina detalhadamente a forma de escrituração e
as razões que levam a se fazer determinado tipo de registro. Dessa forma,
aproveita-se todo o conteúdo visto para sedimentar os conhecimentos até
aqui apresentados.
Para tanto, são estabelecidas as seguintes premissas:
 Primeiro: todo fundamento está assentado no Método das Partidas
Dobradas, isto é, cada transação implica alterações em duas contas,
no mínimo. Escolhem-se, portanto, sempre duas contas para
fazer-se um registro. Subcontas/contas auxiliares também podem
e devem ser utilizadas;
 Segundo: as contas a serem escolhidas têm a seguinte identificação:
– Contas ativas;
– Contas passivas; ou
– Contas de resultado.
 Terceiro: para cada transação/operação deve-se escolher e iden-
tificar contas que as representem de forma adequada.

É importante lembrar que o Plano de Contas deve ser consultado,


pois ele apresenta o elenco de contas que são utilizadas
no registro dos fatos contábeis.
ALEXANDRE VERTES 72

A seguir são apresentadas as transações e os seus respectivos lan-


çamentos:
a) Compra de Mercadorias a prazo  Compras a prazo e Fornecedores
Compras a Prazo............ subconta de uma conta patrimonial ativa
(Mercadorias); na transação sofre um
aumento; é debitada.
Fornecedores.................. conta patrimonial passiva; na transação
sofre um aumento; é creditada.
b) Venda de Mercadorias à Vista  Caixa e Vendas à Vista
Caixa............................ conta patrimonial ativa; aumenta pelo
recebimento do dinheiro; na transação
sofre um aumento; é debitada.
c) Depósito de dinheiro no banco  Banco e Caixa
Bancos.......................... conta patrimonial ativa; aumenta pelo
depósito efetuado; é debitada.
Caixa............................. conta patrimonial ativa; diminui pela
saída de dinheiro; é creditada.
d) Recebimento de Comissões em dinheiro  Caixa e Receita de
Comissões
Caixa............................. conta patrimonial ativa; aumenta pelo
recebimento do dinheiro; na transação
sofre um aumento; é debitada.
Receita de Comissões..... subconta da conta Lucros e Perdas; é uma
receita (lucro, ganho); é creditada.
e) Pagamento de Prêmio de Seguro  Prêmio de Seguro e Caixa
Prêmio de Seguro........... subconta da conta Lucros e Perdas; é uma
perda (despesa, custo); é debitada.
Caixa............................. conta patrimonial ativa; diminui pela
saída do dinheiro; na transação sofre uma
diminuição; é creditada.
Fornecedores.................. conta patrimonial passiva; diminui pelo
pagamento/redução da dívida; é
debitada.
Caixa............................. conta patrimonial ativa; diminui pela
saída do dinheiro; na transação sofre uma
diminuição; é creditada.
f) Pagamento de duplicata a Fornecedores  Fornecedores e Caixa
Fornecedores.................. conta patrimonial passiva; diminui pelo
pagamento/redução da dívida; é
debitada.
Caixa............................ conta patrimonial ativa; diminui pela
saída do dinheiro; na transação sofre uma
diminuição; é creditada.
g) Pagamento de duplicata a Fornecedores com desconto  Fornecedores,
Caixa e Juros e Descontos Ativos
Fornecedores.................. conta patrimonial passiva; diminui pelo
pagamento/redução da dívida; é
debitada.
Caixa............................. conta patrimonial ativa; diminui pela saída
do dinheiro; na transação sofre uma
diminuição; é creditada..
Juros e Descontos Ativos.. subconta da conta Lucros e Perdas; é uma
receita (ganho, lucro); é creditada.
73 TRANSAÇÕES E SUA ESCRITURAÇÃO DETALHADA

h) Pagamento de frete sobre compras, com cheque  Fretes sobre


Compras e Bancos
Fretes s/ Compras .......... subconta de uma conta patrimonial ativa
(Mercadorias); na transação sofre um
aumento; é debitada.
Bancos........................... conta patrimonial ativa; diminui pela
diminuição do saldo disponível no Banco;
na transação sofre uma diminuição; é
creditada.
i) Pagamento de duplicata a fornecedores com juros  Fornecedores,
Juros e Descontos Passivos e Caixa
Fornecedores...................... conta patrimonial passiva; diminui
pelo pagamento/redução da dívida; é
debitada.
Juros e Descontos Passivos... subconta da conta Lucros e Perdas; é
uma perda (despesa, custo); é debitada.
Caixa................................. conta patrimonial ativa; diminui
pela saída do dinheiro; na transação
sofre uma diminuição; é creditada.
j) Recebimento de venda que havia sido realizada a prazo, com desconto
(cliente paga sua dívida para com a empresa e obtém um desconto) 
Caixa, Juros e Descontos Passivos e Clientes.
Caixa................................ conta patrimonial ativa; aumenta pela
entrada do dinheiro; na transação sofre
um aumento; é debitada.
Juros e Descontos Passivos.. subconta da conta Lucros e Perdas; é
uma perda (despesa, custo); é debitada.
Clientes............................. conta patrimonial ativa; diminui pelo
recebimento do direito sobre clientes;
na transação sofre uma diminuição; é
creditada.
k) Recebimento de venda que havia sido realizada a prazo, com juros (cliente
paga sua dívida para com a empresa e, em função do atraso, também
paga juros)  Caixa, Clientes e Juros e Descontos Ativos
Caixa................................. conta patrimonial ativa; aumenta pela
entrada do dinheiro; na transação sofre
um aumento; é debitada.
Clientes............................. conta patrimonial ativa; diminui pelo
recebimento do direito sobre clientes;
na transação sofre uma diminuição; é
creditada.
Juros e Descontos Ativos.... subconta da conta Lucros e Perdas; é
uma receita (ganho, lucro); é creditada.
l) Devolução de venda à vista realizada pelo cliente (dinheiro devolvido)
Anulação de Vendas e Caixa
Anulação de Vendas............ subconta da conta de resultado Vendas;
é uma perda (estorno de venda,
diminuição de vendas); é debitada.
Caixa................................. conta patrimonial ativa; diminui pela
entrega de dinheiro ao cliente, que
havia realizado uma compra à vista; na
transação sofre uma diminuição; é
creditada.
ALEXANDRE VERTES 74

m) Devolução de venda a prazo realizada pelo cliente (reduz-se direito s/


clientes)  Anulação de Vendas e Clientes
Anulação de Vendas........... subconta da conta de resultado
Vendas; é uma perda (estorno de
venda, diminuição de vendas);
é debitada.
Clientes.............................. conta patrimonial ativa; diminui pela
diminuição/redução do direito sobre
Clientes sobre venda a prazo; na
transação sofre uma diminuição;
é creditada.
n) Devolução, ao fabricante, de mercadorias defeituosas, diminuindo-se a
dívida com Fornecedores  Fornecedores e Devolução de Compras
Fornecedores......................... conta patrimonial passiva; diminui
pelo pagamento/redução da dívida;
é debitada.
Devolução de Compras.......... subconta da conta patrimonial ativa
(Mercadorias); sofre uma
diminuição/redução nas Compras
efetuadas; é creditada.
o) Pagamento de Ordenados com desconto do INSS  Ordenados, INSS
a Pagar e Caixa.
Ordenados............................ subconta da conta Lucros e Perdas;
é uma perda (despesa, custo); é
debitada.
INSS a Pagar........................ conta patrimonial passiva; aumenta
pelo registro da retenção junto aos
funcionários e conseqUente
obrigação de recolher ao INSS; é
creditada.
Caixa.................................... conta patrimonial ativa; diminui
pela saída de dinheiro para os
funcionários referente ao líquido dos
salários; é creditada.
p) Registro dos encargos da empresa: contribuição para o INSS e FGTS 
Contribuições Previdenciárias e INSS a Pagar; Despesa com FGTS
e FGTS a Pagar.
Contribuições Previdenciárias. subconta da conta Lucros e Perdas;
é uma perda (despesa, custo); é
debitada.
INSS a Pagar........................ conta patrimonial passiva; aumenta
pelo registro da parcela de
contribuição da parte da empresa
devida para o INSS; é creditada.
Despesa de FGTS.................. subconta da conta Lucros e Perdas;
é uma perda (despesa, custo); é
debitada.
FGTS a Pagar....................... conta patrimonial passiva; aumenta
pelo registro do encargo sobre
salários que é uma obrigação da
empresa; é creditada.
75 TRANSAÇÕES E SUA ESCRITURAÇÃO DETALHADA

8.2 O Balancete de Verificação

O Balancete de Verificação é o instrumento utilizado na contabilidade


para comprovar a exatidão matemática dos registros efetuados. É um dos
mais importantes meios para apurar possíveis erros que possam ter sido
cometidos.

O Balancete de Verificação antecede as demonstrações contábeis


porque por meio dele, como seu próprio nome indica, verifica-se
a exatidão dos registros e apura-se a necessidade de se realizar ajustes.

O Balancete de Verificação tem a seguinte estrutura:

EMPRESA MODELO SA
BALANCETE DE VERIFICAÇÃO – DATA: ___/___/__

MOVIMENTO SALDOS

Nº CONTAS DÉBITO CRÉDITO DÉBITO CRÉDITO

8.2.1 Etapas a serem seguidas na elaboração do Balancete de Verificação


As etapas que envolvem a elaboração do Balancete de Verificação
estão diretamente relacionadas com o tratamento a ser adotado para todas
as contas patrimoniais (ativas e passivas, inclusive suas contas auxiliares) e
todas as contas de resultado (ganhos e perdas, inclusive suas contas
auxiliares). Para isso, a seguir, estabelecem-se as etapas em ordem de
acontecimento.
 Primeira etapa: somar o lado esquerdo (débito) e o lado direito
(crédito) de todas as contas, anotando em cada uma delas estas
somas;
 Segunda etapa: transcrever na coluna “Nº” do Balancete de
Verificação o número de identificação da conta (quando se tem
Plano de Contas, é o número que identifica cada uma delas) e na
coluna “Contas” do balancete o nome de cada uma das contas
movimentadas no período;
 Terceira etapa: transcrever os valores correspondentes às somas
efetuadas em cada conta, na coluna “Movimento” do balancete
de verificação, os quais correspondem a somas do seu lado
esquerdo (débito) e do seu lado direito (crédito). A soma dos
valores lançados a débito nas contas será anotada na coluna
Movimento, na subcoluna “Débito”, e a soma dos valores lançados
a crédito nas contas será anotada na coluna Movimento, na sub-
coluna “Crédito”;
 Quarta etapa: efetuar a soma da coluna Movimento, do lado do
débito e do lado do crédito. Como os registros foram feitos em
obediência ao método das partidas dobradas, o somatório das
subcolunas Débito e Crédito devem apresentar valores absolu-
tamente iguais;
ALEXANDRE VERTES 76

 Quinta etapa: constatada a igualdade dos valores apurados no


item anterior, determinam-se os saldos das contas, individual-
mente, a serem transcritos em uma das subcolunas da coluna
Saldos. O procedimento consiste em subtrair do valor maior
encontrado o valor menor, surgindo as seguintes situações:
– Para conta/subconta cujo valor é maior no lado do Débito,
faz-se a diminuição entre este valor e o valor que consta no
lado do Crédito. O valor apurado (saldo) será colocado no
lado do débito, o que corresponde a um saldo devedor.
– Para conta/subconta cujo valor é maior no lado do Crédito,
faz-se a diminuição entre este valor e o valor que consta no
lado do Débito. O valor apurado (saldo) será colocado no
lado do crédito, o que corresponde a um saldo credor.
 Sexta etapa: a última tarefa a realizar é a soma da coluna “Saldos”,
subcolunas Débito e Crédito. Aqui também a soma dos “saldos
devedores” e dos “saldos credores” deve apresentar absoluta
igualdade.

A coluna “Saldos”, quando se refere a contas patrimoniais,


pode também ser denominada de inventário contábil,
pois indica os valores que na realidade deveriam existir, ou seja,
devem ser coincidentes com os do levantamento do Inventário Geral.

Para uma melhor compreensão do processo de elaboração do


Balancete de Verificação, utilizam-se os lançamentos efetuados nos capítulos
4, 5 e 6, referentes à empresa do Sr. João da Silva, que foram os seguintes:
a) Compra à vista de uma escrivaninha, para uso próprio, por R$
150,00;
b) Assinatura de Nota Promissória, para prorrogação de dívida com
fornecedor, de R$ 300,00;
c) Compra de mercadorias a prazo por R$ 1.700,00;
d) Pagamento, em dinheiro, de dívida a fornecedor no valor de R$
508,00;
e) Recebimento de comissões em dinheiro no valor de R$ 400,00;
f) Obtenção de desconto sobre Nota Promissória no valor de R$
50,00;
g) Pagamento de aluguel no valor de R$ 80,00;
h) Reconhecimento, mas não o pagamento, de juros a fornecedores
no valor de R$ 20,00;
i) Aquisição de mercadorias a prazo no valor de R$ 3.000,00;
j) Aquisição de mercadorias à vista no valor de R$ 400,00;
k) Pagamento de frete no valor de R$ 100,00, que se refere às mer-
cadorias adquiridas à vista;
l) Devolução de mercadorias adquiridas a prazo no valor de R$
200,00;
m) Venda à vista de mercadorias por R$ 1.700,00;
n) Venda a prazo de mercadorias por R$ 900,00;
o) Devolução, realizada pelo cliente, de mercadorias adquiridas a
prazo no valor de R$ 150,00;
p) Custo da Mercadoria Vendida no valor de R$ 1.200,00.
77 TRANSAÇÕES E SUA ESCRITURAÇÃO DETALHADA

Após realizados os lançamentos das transações, o lado do débito e o


do crédito de todas as contas é somado.

+D CAIXA -C -D FORNECEDORES +C

SI 1.550,00 150,00 a) b) 300,00 2.808,00 SI


e) 400,00 508,00 d) d) 508,00 1.700,00 c)
m) 1.700,00 80,00 g) l) 200,00 20,00 h)
400,00 j) 3.000,00 i)
100,00 k)
3.650,00 1.238,00 1.008,00 7.528,00

+D CLIENTES -C -D EMPRÉSTIMOS A PAGAR +C

SI 10.000,00 150,00 o) f) 50,00 12.500,00 SI


n) 900,00 300,00 b)
10.900,00 150,00 50,00 12.800,00

+D MÓVEIS E UTENSÍLIOS -C -D CAPITAL PRÓPRIO +C

SI 743,00 22.925,00 SI
a) 150,00
893,00 0,00 0,00 22.295,00

+D EQUIP. INFORMÁTICA -C

SI 1.440,00
1.440,00 0,00

+D MERCADORIAS -C

SI 24.500,00 Devolução Compras 200,00


Compra à Vista 400,00 CMV (p) 1.200,00
Compra a Prazo 4.700,00
Frete sobre Compras 100,00
29.700,00 1.400,00

+D COMPRAS À VISTA -C +D COMPRAS A PRAZO -C

j) 400,00 c) 1.700,00
400,00 TR i) 3.000,00 4.700,00 TR
400,00 400,00 4.700,00 4.700,00

+D FRETES SOBRE COMPRAS -C +D DEVOLUÇÃO DE COMPRAS -C

k) 100,00 200,00 l)
100,00 TR TR 200,00
100,00 100,00 200,00 200,00
ALEXANDRE VERTES 78

-D COMISSÕES ATIVAS +C -D DESCONTOS ATIVOS +C

400,00 e) 50,00 f)
0,00 400,00 0,00 50,00

-D ALUGUÉIS PASSIVOS +C -D JUROS PASSIVOS +C

g) 80,00 h) 20,00
80,00 0,00 20,00 0,00

-D VENDAS +C

Anulação de vendas 150,00 Vendas à vista 1.700,00


Vendas a prazo 900,00
150,00 2.600,00

-D VENDAS À VISTA +C -D VENDAS A PRAZO +C

1.700,00 m) 900,00 n)
TR 1.700,00 TR 900,00
1.700,00 1.700,00 900,00 900,00

-D ANULAÇÃO DE VENDAS +C

o) 150,00
150,00 TR
150,00 150,00

-D CUSTO DA MERCADORIA VENDIDA (CMV) +C

p) 1.200,00

1.200,00 0,00

Para elaboração do Balancete de Verificação, os valores corres-


pondentes às somas efetuadas em cada conta devem ser transcritos para a
coluna “Movimento” do balancete, nas subcolunas “Débito” e “Crédito”.
79 TRANSAÇÕES E SUA ESCRITURAÇÃO DETALHADA

EMPRESA SR. JOSÉ DA SILVA


BALANCETE DE VERIFICAÇÃO – DATA: ___/___/__

MOVIMENTO SALDOS
Nº CONTAS
DÉBITO CRÉDITO DÉBITO CRÉDITO
1 Caixa 3.650,00 1.238,00 2.412,00 -
2 Clientes 10.900,00 150,00 10.750,00 -
3 Mercadorias 29.700,00 1.400,00 28.300,00 -
4 Compras à Vista 400,00 400,00 - -
5 Compras a Prazo 4.700,00 4.700,00 - -
6 Fretes sobre Compras 100,00 100,00 - -
7 Devolução de Compras 200,00 200,00 - -
8 Móveis e Utensílios 893,00 0,00 893,00 -
9 Equipamentos de Informática 1.440,00 0,00 1.440,00 -
10 Fornecedores 1.008,00 7.528,00 - 6.520,00
11 Empréstimos a Pagar 50,00 12.800,00 - 12.750,00
12 Capital Próprio 0,00 22.925,00 - 22.925,00
13 Vendas 150,00 2.600,00 - 2.450,00
14 Venda à Vista 1.700,00 1.700,00 - -
15 Venda a Prazo 900,00 900,00 - -
16 Anulação de Vendas 150,00 150,00 - -
17 Custo das Mercadorias Vendidas 1.200,00 0,00 1.200,00 -
18 Comissões Ativas 0,00 400,00 - 400,00
19 Aluguéis Passivos 80,00 0,00 80,00 -
20 Descontos Ativos 0,00 50,00 - 50,00
21 Juros Passivos 20,00 0,00 20,00 -
SOMA 57.241,00 57.241,00 45.095,00 45.095,00

Depois de efetuada a soma da coluna Movimento, do lado do débito


e do lado do crédito, e constatada a igualdade de valores, apura-se o saldo
de cada uma das contas para, em seguida, realizar a soma da coluna “Saldos”,
subcolunas Débito e Crédito, onde também deve ser constatada a igualdade
da soma dos “saldos devedores” e dos “saldos credores”.

PARA COMPLEMENTAÇÃO DE ESTUDOS

Existe uma multiplicidade de operações e elas decorrem das carac-terísticas das empresas e
suas atividades. Cada operação tem em si seu próprio significado e deve ser lançada
(registrada) com a indispensável clareza para a sua compreensão e fidedignidade. Após a
finalização dos lançamentos, pode-se comprovar a exatidão matemática dos registros
efetuados mediante o levantamento do Balancete de Verificação. O livro Teoria da
Contabilidade1, dos autores Eldon S. Hendriksen e Michael F. Van Breda, traz um passagem
curiosa do livro escrito pelo Frei Luca Pacioli (o primeiro codificador da contabilidade), em
1494, denominado Summa de arithmetica, geometrica, proportioni et proportionalitá, na qual
Pacioli instrui sobre o que fazer após a confecção de um balancete. Verifique o que diz a obra
de Pacioli consultando as páginas 38 e 39 da obra de Hendriksen e Van Breda.

1
HENDRIKSEN, Eldon S.; VAN BREDA, Michael F. Teoria da Contabilidade. 5. ed. São Paulo: Atlas,
1999.
ALEXANDRE VERTES 80

TERMOS-CHAVE

Lançamento – é a forma de registro das Contribuições Previdenciárias – nesta


operações, que tem como característica conta são registrados os valores corres-
básica o fato de que cada registro de um pondentes às despesas da empresa para
débito corresponde, no mínimo, ao registro com o INSS, resultante do percentual refe-
de um crédito, e vice-versa. rente à quota estabelecida sobre a folha de
pagamento dos funcionários.
Balancete de Verificação – papel de tra-
balho que permite verificar a somatório Despesa de FGTS – nesta conta são re-
individual de cada conta, em seu lado do gistrados os valores correspondentes às
débito e em seu lado do crédito, e pela to- despesas da empresa referentes aos de-
talização verificar se matematicamente os pósitos do FGTS devidos sobre a folha de
dois lados são coincidentes. pagamento dos funcionários.

Ordenados – nesta conta são registradas


as despesas correspondentes aos salários
e outras remunerações pagas ou devidas
aos funcionários da empresa.
81 TRANSAÇÕES E SUA ESCRITURAÇÃO DETALHADA

CAPÍTULO 9

TABELA LEOPOLDENSE

Neste capítulo descreve-se o uso do papel de trabalho denominado “Tabela Leopoldense”, a qual permite que em
um único documento se elabore, a partir do Balancete de Verificação, apresentado no capítulo anterior, o Balanço
Patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício, nele tratada, por conveniência didática, como “Lucros e
Perdas”. Completam o capítulo todos os procedimentos de encerramentos das contas de resultado e das contas
patrimoniais e a respectiva reabertura destas contas patrimoniais (ativas e passivas) para um novo exercício/
período.

9.1 Considerações iniciais

A Tabela Leopoldense é um instrumento utilizado para a compreensão


de todos os componentes patrimoniais e permite uma visão global de todas
as operações realizadas num determinado período. Reúne o Balancete de
Verificação, o Balanço Patrimonial e a Demonstração de Resultado do
Exercício (Lucros e Perdas) em um único demonstrativo.
Além de todo o recurso visual que oferece, sua confecção apresenta
as seguintes utilidades:
 apresenta em um só instrumento uma síntese de todas as
operações realizadas durante o exercício/período;
 possibilita a apuração do resultado mediante a comparação en-
tre os valores do Inventário Contábil (coluna saldos do Balancete
de Verificação) e o Inventário Geral (existência Real), por dois
meios distintos: (a) pela análise comparativa das contas patri-
moniais e (b) pela resultante das contas de resultado;
 facilita a apuração e a distribuição do resultado do exercício/
período;
 facilita o entendimento da sequência a ser obedecida para os
lançamentos de encerramento das contas no final do exercício/
período e o funcionamento contábil das contas patrimoniais e
das contas de resultado;
 permite um controle matemático da escrituração pelos fecha-
mentos que proporciona;
 é valiosíssima sob o ponto de vista didático, como recurso des-
tinado ao entendimento das alterações do patrimônio (variações
permutativas/qualitativas) e as variações que alteram o Patri-
mônio Líquido (variações modificativas/quantitativas);
 auxilia a confecção das demonstrações contábeis (balanço patri-
monial e demonstração de resultado).
ERNANI OTT, OSMAR S. CARNEIRO, CHARLINE B. PIRES, CARLA R. WACHHOLZ 82

A Tabela Leopoldense foi utilizada no Brasil, em 1959, talvez pela


primeira vez, na Faculdade de Economia do Vale do Rio dos Sinos em São
Leopoldo (hoje Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS), pelo
professor Dr. Alexandre Vertes, e recebeu este nome como uma homena-
gem deste à cidade que o acolheu.
Para compreendê-la em toda a sua extensão, transcreve-se, a seguir,
um exemplo simples de elaboração da Tabela Leopoldense. É importante
destacar que se deve ter a máxima atenção em relação a todas as partes que
a compõem, razão pela qual, a seguir, apresenta-se detalhadamente sua
composição:
 Os primeiros dados, coluna Nº, coluna CONTAS, coluna MOVI-
MENTO e suas subcolunas Débito e Crédito, coluna SALDOS e
suas subcolunas Débito e Crédito, correspondem, em essência,
ao Balancete de Verificação, anteriormente estudado;
 A coluna seguinte é o Balanço Patrimonial, representado em suas
subcolunas pelo Ativo (o qual contém todas as contas patrimoniais
ativas) e pelo Passivo (o qual contém todas as contas patrimoniais
passivas) e pela conta de Capital Próprio;
 O último conjunto de colunas é denominado de Lucros e Perdas,
representado primeiramente por sua subcoluna Perdas (contas
de resultado negativas, inclusive as contas auxiliares, que contêm
todas as contas de perdas, despesas e gastos). É representado, na
sequência, por sua subcoluna Lucros (contas de resultado posi-
tivas, inclusive as contas auxiliares, que contêm todas as contas
de lucros, receitas e ganhos).
83

EMPRESA MODELO S.A.


TABELA LEOPOLDENSE – 3l.l2.20x1

Balancete de Verificação

Nº Contas Movimento Saldos Balanço Lucros e Perdas


Débito Crédito Débito Crédito Ativo Passivo Perdas Lucros

1 Caixa 110,00 70,00 40,00 40,00


2 Mercadorias 90,00 50,00 40,00 40,00
3 Móveis e Utensílios 20,00 20,00 20,00
4 Fornecedores 30,00 60,00 30,00 30,00
5 Capital Próprio 60,00 60,00 60,00
TABELA LEOPOLDENSE

6 Vendas 80,00 80,00 80,00


7 Custo Mercad. Vend. 50,00 50,00 50,00
8 Aluguéis Passivos 10,00 10,00 10,00
9 Comissões Ativas 20,00 20,00 20,00
10 Ordenados 30,00 30,00 30,00
SOMA 340,00 340,00 190,00 190,00 100,00 90,00 90,00 100,00
Lucros e Perdas 10,00
11 Provisão para I.R. 3,00
12 Reservas de Lucros 7,00

SOMA 340,00 340,00 190,00 190,00 100,00 100,00 100,00 100,00


ERNANI OTT, OSMAR S. CARNEIRO, CHARLINE B. PIRES, CARLA R. WACHHOLZ 84

9.1.1 Procedimentos a serem adotados na elaboração da Tabela Leopoldense


Para instalar a Tabela, utiliza-se o Balancete de Verificação, que
compõe a coluna “Nº”, “Contas”, “Movimento” e coluna “Saldos”, base
inicial para todos os procedimentos de elaboração das demonstrações
contábeis. Utiliza-se, então, a seguinte metodologia para a sua elaboração:
 Primeiro passo: transcrevem-se o “Nº”, as “Contas” e os valores
das colunas “Movimento” e coluna “Saldos” encontrados no
Balancete de Verificação para as colunas de mesmo nome da
Tabela (pode-se utilizar estas duas colunas para fazer o próprio
Balancete de Verificação).
 Segundo passo: feita a transcrição dos valores do Balancete de
Verificação refaz-se os somatórios das quatro subcolunas. Este
procedimento é desnecessário se o Balancete de Verificação for
construído na própria Tabela, pois as colunas iniciais da mesma
representam o Balancete de Verificação.

A coluna Saldos do Balancete de Verificação, já anteriormente estudado,


é o Inventário Contábil, pois apresenta o saldo das contas e subcontas
(patrimoniais e de resultado) que foram movimentadas durante
o exercício/período.

 Terceiro passo: Elabora-se o Inventário Geral Final, obedecendo à


ordem de liquidez.

Os valores sintéticos de cada conta patrimonial Ativa ou Passiva devem


ser coincidentes com os da coluna “Saldos” do Balancete de Verificação.

 Quarto passo: constatar a convergência entre o Inventário Geral


Final e o Inventário Contábil:
– se não for verdadeiro o mencionado no terceiro passo, deve-se procurar
as divergências e ajustar os valores aos encontrados no Inventário
Geral Final;
– se verdadeiro o mencionado no terceiro passo, é preciso:
 transcrever o saldo de cada conta patrimonial ativa (bens e
direitos) para a coluna Ativo do Balanço;
 transcrever o saldo de cada conta patrimonial passiva (dívidas
e obrigações) para coluna do Passivo do Balanço;
 transcrever na coluna do Passivo todas as contas que integram
o Capital Próprio (Capital, Reservas, Prejuízos Acumulados etc.).

Atenção: as contas ativas devem sempre fazer parte do lado esquerdo


do Balanço, ou seja, no débito (Ativo), e as contas passivas
e que compõem o Capital Próprio devem sempre fazer parte
do lado direito do Balanço, ou seja, no crédito (Passivo).

 Quinto Passo: existe na Tabela uma coluna específica para receber


as contas de resultado: a coluna Lucros e Perdas. Como já foi
ressaltado, as subcontas que auxiliam o detalhamento dos ga-
nhos e das perdas devem ser transferidas para Lucros e Perdas.
Portanto, a coluna “Perdas” receberá o saldo das subcontas de
85 TABELA LEOPOLDENSE

resultado negativo no lado correspondente ao débito e a coluna


“Lucros” receberá o saldo das subcontas de resultado positivo no
lado correspondente ao crédito.

A coluna Lucros e Perdas tem por finalidade receber as alterações


que provocaram mudança no Capital Próprio. Evidentemente,
só será transferido para o Capital Próprio o resultado final que é apurado
na conta Lucros e Perdas, ou seja, o lucro líquido ou prejuízo ocorrido.

As afirmações feitas anteriormente são confirmadas a seguir:

a) Inventário Contábil (coluna Saldos) = Balancete de Verificação

b) Inventário Geral (coluna Balanço) = Inventário Geral Final

c) Para passagem da coluna saldos da Tabela Leopoldense, do


exemplo acima, para uma das subcolunas de Ativo ou Passivo e
de Perdas e Lucros, o seguinte exame sobre as contas deve ser
efetuado:

Caixa (um bem – Ativo):


Inventário Contábil 40,00
Inventário Geral 40,00
Resultado – Lucros e Perdas 0,00
Mercadorias (um bem – Ativo):
Inventário Contábil 40,00
Inventário Geral 40,00
Resultado – Lucros e Perdas 0,00
Móveis e Utensílios (um bem – Ativo):
Inventário contábil 20,00
Inventário Geral 20,00
Resultado – Lucros e Perdas 0,00
Fornecedores (uma dívida – Passivo):
Inventário Contábil 30,00
Inventário Geral 30,00
Resultado Lucros e Perdas 0,00
Capital Próprio:
Inventário Contábil 60,00
Inventário Geral (inicial) 60,00
Resultado – Lucros e Perdas 0,00

Atenção: O Capital Próprio é uma conta representativa do confronto


entre as contas patrimoniais representadas pelo Ativo Total
e pelo Passivo Total, apurados no Inventário Geral Inicial.
O Balancete de Verificação apenas indica sua situação estática (inicial),
pois todas as movimentações que afetam o Capital Próprio (Perdas
e Lucros) ainda não estão nele representadas, até este momento.
ERNANI OTT, OSMAR S. CARNEIRO, CHARLINE B. PIRES, CARLA R. WACHHOLZ 86

Vendas (um ganho – Lucro):


Inventário Contábil 80,00
Inventário Geral 0,00
Resultado – Lucros e Perdas – lucro 80,00
Custo das Mercadorias Vendidas (uma perda – Prejuízo):
Inventário Contábil 50,00
Inventário Geral 0,00
Resultado – Lucros e Perdas – perda 50,00
Aluguéis Passivos (uma perda – Prejuízo):
Inventário Contábil l0,00
Inventário Geral 0,00
Resultado – Lucros e Perdas – perda l0,00
Comissões Ativas (um ganho – Lucro):
Inventário Contábil 20,00
Inventário Geral 0,00
Resultado – Lucros e Perdas – lucro. 20,00
Ordenados (uma perda – Prejuízo):
Inventário Contábil 30,00
Inventário Geral 0,00
Resultado – Lucros e Perdas – perda 30,00

 Sexto Passo: somam-se os valores do lado do Ativo e do lado do


Passivo da coluna “Balanço”; e somam-se os valores do lado das
Perdas e do lado dos Lucros da coluna “Lucros e Perdas”.

As somas das subcolunas do Balanço não devem ser coincidentes,


porque o resultado a ser apurado na conta Lucros e Perdas
ainda não foi transferido para a conta de Capital Próprio.

 Sétimo Passo: faz-se a diferença entre a coluna de Ativo e Passivo


e a diferença entre a coluna de Perdas e Lucros. As diferenças
deverão ser absolutamente iguais.
– se a diferença apontar Ativo maior que Passivo, deve apresentar
ao mesmo tempo Lucro maior que Perda, o que significa que
houve um LUCRO.
– se a diferença apontar Ativo menor que Passivo, deve apresentar
ao mesmo tempo Lucro menor que Perda, o que significa que
houve um PREJUÍZO.
 Oitavo Passo: apurada a diferença, deve-se adotar os seguintes
procedimentos:
– se a diferença for positiva (Lucro maior que a Perda), ela deverá
ser anotada no lado menor da conta de Lucros e Perdas (no lado
das perdas), para forçar a igualdade, sendo que ela corresponde
ao lucro obtido. A isso corresponderá, imediatamente, o registro
no Balanço (no lado do Passivo em conta de Capital Próprio
denominada RESERVAS DE LUCROS), que é a transferência do
lucro para o Capital Próprio, para forçar a igualdade do Balanço.
– se a diferença for negativa (Lucro menor que a Perda), ela deverá
ser anotada no lado menor da conta de Lucros e Perdas (no lado
dos lucros), para forçar a igualdade, sendo que ela corresponde
ao prejuízo ocorrido. A isso corresponderá, imediatamente, o
registro no Balanço (no lado do Passivo em conta de Capital
87 TABELA LEOPOLDENSE

Próprio denominada PREJUÍZO LÍQUIDO), que é a transferência


do prejuízo diminuindo o Capital Próprio, para forçar a igualdade
do Balanço. Observa-se que a conta Prejuízo Acumulado é uma
conta redutora do Capital Próprio.

Desta forma, todos os valores da coluna “Saldos” foram transferidos


para uma das colunas do “Balanço” ou para uma das colunas de “Lucros e
Perdas”.
Uma vez que os valores que estão no lado do débito da coluna “Saldos”,
que correspondem às contas do Ativo ou que correspondem às contas de
Perdas, e considerando-se que cada valor somente pode ser registrado para
um tipo de conta (patrimonial ou de resultado), é evidente que a soma do
lado do débito do Ativo mais a soma do lado do débito de Perdas deve ser
igual à soma total do lado do débito da coluna “Saldos”.
Igualmente, pode-se formular o mesmo raciocínio para as contas
que representam o Passivo e para as contas que representam Lucros.
Considerando-se que os valores que estão no lado do crédito da coluna “Saldos”,
que correspondem às contas do Passivo ou que correspondem às contas de
Lucros, e que cada valor somente pode ser registrado para um tipo de conta
(patrimonial ou de resultado), é evidente que a soma do lado dos créditos
do Passivo mais a soma do lado dos créditos de Lucros deve ser igual à
soma total do lado do crédito da coluna “Saldos”.
Isto comprova, matematicamente, que a diferença entre o Ativo e o
Passivo será sempre igual à diferença entre os Lucros e as Perdas, ou seja:
A > P = Aumento do Capital Próprio proveniente do lucro apurado;
A < P = Redução do Capital Próprio proveniente do prejuízo apurado;
L > P = Lucro líquido do período;
L < P = Prejuízo do período.

9.1.2 Lançamentos de encerramento das contas de resultado e patrimoniais


Antes de tratar dos lançamentos de encerramento, tanto das contas
de resultado como das contas patrimoniais, encerramento este que deve ser
feito nesta ordem, cabem as seguintes observações:
 ao final de cada exercício/período encerram-se, primeiramente,
as contas de resultado, e o lucro líquido ou prejuízo apurado na
conta de Lucros e Perdas é transferido para uma conta do grupo
do Capital Próprio (Reservas de Lucros ou Prejuízos Acumu-
lados);
 se o resultado for positivo e ainda não existir a conta de Reservas
de Lucros, o resultado positivo será transferido para o lado do
crédito desta conta que pertence ao grupo de contas de Capital
Próprio. Se esta conta já existir, o resultado positivo será acrescido
ao valor já existente;
 se o resultado for negativo e ainda não existir a conta de Prejuízos
Acumulados, o resultado negativo será transferido para o lado
do débito desta conta que pertence ao grupo de contas do Capi-
tal Próprio e é redutora deste. Se esta conta já existir, o resultado
negativo será acrescido ao valor já existente.

Depreende-se disso, portanto, que todos os valores das subcontas


de Lucros e Perdas devem ser para ela transferidos, o que ensejará o encer-
ramento destas contas auxiliares, sejam as que registram perdas, sejam as
que registram lucros.
ERNANI OTT, OSMAR S. CARNEIRO, CHARLINE B. PIRES, CARLA R. WACHHOLZ 88

As contas de resultado não têm situação final (SF), pois seus saldos
devem ser transferidos para as contas principais,
no caso as contas de resultado, para conta de Lucros e Perdas.

Da mesma maneira, a conta de Lucros e Perdas será encerrada ao


ser transferido o resultado nela apurado para alguma das contas que
pertencem ao Capital Próprio ou ao Patrimônio Líquido.
Existe uma regra contida no Código Civil Brasileiro, livro II – Do
Direito de Empresa, Título IV – Dos Institutos Complementares, capítulo IV
– da Escrituração, que expressa de forma inequívoca, em seu artigo 1.184, §
2º, que “Serão lançados no Diário o balanço patrimonial e o de resultado
econômico, devendo ambos serem assinados por técnico em Ciências
Contábeis legalmente habilitado e pelo empresário ou sociedade empresária”.
Faz-se menção a esta regra para salientar que, além das contas de resultado,
também deve ser feito o encerramento das contas patrimoniais.
Observe-se que as contas patrimoniais, tanto ativas como passivas,
e as contas de Capital Próprio permanecem, ainda, com os saldos existentes
no final do período, inseridos no Balanço. Os valores que constam nas contas
auxiliares ou subcontas das contas patrimoniais (ativas ou passivas), a
exemplo do que ocorre com a subcontas de Lucros e Perdas, também devem
ser transferidos para as contas principais. É o caso das contas auxiliares de
Mercadorias.
Para facilitar a memorização, os lançamentos de encerramento são
classificados em duas categorias distintas, cada uma delas com três lança-
mentos:
l. Encerramento das contas de resultado:
1.1 Registro dos Lucros (encerramento das contas de resultado
positivo);
1.2 Registro das Perdas (encerramento das contas de resultado
negativo);
1.3 Registro e destinação do resultado (transferência para contas
do grupo do Capital Próprio).

2. Encerramento das contas patrimoniais:


2.1 Encerramento de todas as contas patrimoniais ativas;
2.2 Encerramento de todas as contas patrimoniais passivas;
2.3 Encerramento das contas de Capital Próprio.

9.1.2.1 Encerramento das contas de resultado positivo (Lucro)


Observando a Tabela Leopoldense da Empresa Modelo, apresentada
neste capítulo, constata-se que os valores das contas que representam o
resultado positivo (lucros) estão registrados no lado direito da coluna “Lucros
e Perdas”, ou, em outras palavras, as contas que representam o resultado
positivo têm os seus valores registrados no lado do crédito da coluna “Lucros
e Perdas”.
Então, toda conta que apresenta saldo credor, para ser encerrada,
deve receber a débito um valor correspondente ao saldo credor apresentado,
fazendo com que a soma dos dois lados seja igual. Nunca se deve esquecer
que, sempre que se debitar uma conta, outra ou outras contas deve(m) ser
creditada(s) em obediência ao método das partidas dobradas. Neste caso, a
conta a ser creditada será a conta principal, a conta de “Lucros e Perdas”,
para a qual são transferidos os saldos que constam nas contas representa-
89 TABELA LEOPOLDENSE

tivas de lucros, pois as subcontas ou contas auxiliares não possuem situação


final (SF).
Assim, tem-se:

Lançamento CONTAS Débito Crédito


Conta debitada: Vendas – representam lucros R$ 80,00
Conta debitada: Comissões Ativas – representam lucros R$ 20,00
Conta creditada: Lucros e Perdas – conta principal R$ 100,00

9.1.2.2 Encerramento das contas de resultado negativo (Perdas)


Os valores das contas que apresentam resultado negativo (perdas) estão
registrados no lado esquerdo da coluna de Lucros e Perdas, ou, em outras
palavras, as contas que representam o resultado negativo estão registrados
no lado do débito da coluna “Lucros e Perdas”.
Para encerrar uma conta que apresenta saldo devedor, esta deve receber a
crédito um valor correspondente ao saldo devedor apresentado, de tal forma
que a soma dos dois lados seja igual. Reitera-se que, em obediência ao méto-
do das partidas dobradas, sempre que uma conta ou outras contas for(em)
creditada(s), outra(s) deve(m) ser debitada(s). Neste caso, a conta a ser debi-
tada será a conta principal, a conta de “Lucros e Perdas”, para a qual são
transferidos os saldos das contas representativas de perdas, pois as subcontas
ou contas auxiliares não possuem situação final (SF).
Assim, tem-se:

Lançamento CONTAS Débito Crédito


Conta debitada: Lucros e Perdas – conta principal R$ 90,00
Conta creditada: Custo das Mercadorias Vendidas
– representa perda R$ 50,00
Conta creditada: Aluguéis Passivos – representam perdas R$ 10,00
Conta creditada: Ordenados – representam perdas R$ 30,00

9.1.2.3 Registro e distribuição do lucro líquido ou prejuízo líquido


Neste momento, a conta “Lucros e Perdas” abriga todas as perdas e
todos os lucros, pois todas os saldos das contas de resultado (positivo e
negativo) foram para ela transferidos. Lembrando que a conta de Lucros e
Perdas é uma subconta ou conta auxiliar de Capital Próprio e, portanto,
também não tem situação final (SF), o que determina que o resultado nela
apurado deve ser transferido para uma das contas que compõem o Capital
Próprio. Neste momento, então, o saldo de Lucros e Perdas pode ser:
 “Devedor”, se a soma das perdas for maior que a soma dos ganhos
(D > C), o que representa a ocorrência de prejuízo no período;
 “Credor”, se a soma das perdas for menor que a soma dos ganhos
(D < C), o que representa a ocorrência de lucro líquido no período.

Na Tabela Leopoldense da Empresa Modelo S.A., utilizada como


exemplo, a soma das Perdas foi de R$ 90,00 e a soma dos Lucros foi de R$
100,00, ou seja, apurou-se um lucro no período de R$ 10,00. Neste caso, a
conta de “Lucros e Perdas” apresenta saldo credor de R$ 10,00, e para encerrá-
la deve-se debitar (lançar no lado do débito) valor igual ao seu saldo credor,
que se encontra no lado do crédito.
Na sequência registra-se, primeiro, em uma conta representativa de
obrigação o valor correspondente à Provisão para o Imposto de Renda a ser
ERNANI OTT, OSMAR S. CARNEIRO, CHARLINE B. PIRES, CARLA R. WACHHOLZ 90

pago de R$ 3,00 (que foi calculado à razão de 30% do lucro, percentual


definido pra fins de exemplo) e que terá um lançamento no crédito, pois é o
lado das contas patrimoniais passivas.
Além do valor do Imposto de Renda, o valor restante a R$ 7,00 (R$
10,00 de lucro menos R$ 3,00 de Imposto de Renda) será levado para uma
conta representativa de Capital Próprio, neste caso, para a conta de Reservas
de Lucros, e que terá um lançamento no crédito, pois é o lado dos aumentos
do Capital Próprio, que funciona como uma conta patrimonial passiva.
Assim, tem-se:

Lançamento CONTAS Débito Crédito


Conta debitada: Lucros e Perdas – conta principal R$ 10,00
Conta creditada: Provisão p/ Imposto Renda – obrigação R$ 3,00
Conta creditada: Reservas de Lucros – retenção do lucro R$ 7,00

Se, hipoteticamente, o resultado apurado fosse um prejuízo, por exemplo,


de R$ 10,00, não haveria provisão para Imposto de Renda (o qual só é
calculado quando houver lucro) e todo o prejuízo iria para uma das contas
de compõem o Capital Próprio. No exemplo proposto, a conta adequada
seria Prejuízos Acumulados, que funciona como conta que reduz o valor do
Capital Próprio.
Assim, tem-se:

Lançamento CONTAS Débito Crédito


Conta debitada: Prejuízos Acumulados
– registro do prejuízo R$ 10,00

9.1.2.4 Encerramento das contas ativas


As contas ativas têm, por sua natureza, saldo devedor. Para encerrá-
las deve-se lançar a crédito um valor igual ao saldo devedor apresentado.
Ao se efetuar um crédito em uma conta patrimonial ativa, deve-se, em
contrapartida, debitar alguma outra conta. A conta a ser usada neste caso é
a conta “Balanço” ou “Balanço Final”.
Assim, tem-se:

Lançamento CONTAS Débito Crédito


Conta debitada: Balanço Final – conta de encerramento R$ 100,00
Conta creditada: Caixa – encerramento R$ 40,00
Conta creditada: Mercadorias – encerramento R$ 40,00
Conta creditada: Móveis e Utensílios – encerramento R$ 20,00

9.1.2.5 Encerramento das contas passivas


As contas passivas têm, por sua natureza, saldo credor. Portanto,
para encerrá-las deve-se lançar a débito valor igual ao seu saldo credor
apresentado. Ao se efetuar um débito em uma conta patrimonial passiva,
deve-se, em contrapartida, creditar alguma outra conta. A conta a ser usada
neste caso é a conta “Balanço” ou “Balanço Final”.
Assim, tem-se:

Lançamento CONTAS Débito Crédito


Conta creditada: Balanço Final – conta de encerramento R$ 33,00
Conta debitada: Fornecedores – encerramento R$ 30,00
Conta debitada: Provisão p/ Imp. Renda – encerramento R$ 3,00
91 TABELA LEOPOLDENSE

9.1.2.6 Encerramento das contas do Capital Próprio


As contas que representam o Capital Próprio têm saldo credor e,
portanto, são tratadas como contas patrimoniais passivas, ou seja, o seu saldo
está no lado do crédito. Para encerrá-las, deve-se lançar a débito valor igual
ao seu saldo credor apresentado. Ao se debitar contas de Capital Próprio,
deve-se, também, em contrapartida (em atendimento ao método das partidas
dobradas), creditar alguma outra conta. A conta adequada para tal é a conta
“Balanço” ou “Balanço Final”.
Embora na Tabela conste a conta Capital Próprio, para efeito dos
registros de encerramento considera-se o Capital Próprio (inicial) como um
de seus componentes, ou seja, a conta Capital, que só pode ser mudada por
alteração junto a algum dos órgãos competentes, como já examinado ante-
riormente.
Assim tem-se:

Lançamento CONTAS Débito Crédito


Conta creditada: Balanço Final – conta de encerramento R$ 67,00
Conta debitada: Capital – encerramento R$ 60,00
Conta debitada: Reservas de Lucros – encerramento R$ 7,00

A Tabela Leopoldense da empresa do Sr. José da Silva, após o registro


em uma conta representativa de obrigação do valor correspondente à
Provisão para o Imposto de Renda (considerando-se uma alíquota de 30%) e
do registro do lucro na conta de Reservas de Lucros, apresenta-se da seguinte
forma:
ERNANI OTT, OSMAR S. CARNEIRO, CHARLINE B. PIRES, CARLA R. WACHHOLZ 92

9.1.3 Reabertura das contas patrimoniais ativas e passivas e do Capital Próprio


Para o reinício dos registros de um novo exercício/período, deve-se
reabrir todos os saldos das contas patrimoniais ativas, de todas as contas
patrimoniais passivas e as das contas que representam o Capital Próprio.
Isso porque ao finalizar o exercício/período fez-se o encerramento dos saldos
de todas as contas, como comentado e especificado nos itens anteriores.
Dessa forma, procede-se, a seguir, à reabertura dos saldos de todas as contas
por meio do seguinte procedimento:

a) Reabertura dos saldos das contas patrimoniais ativas: para reabrir os


saldos das contas patrimoniais ativas, deve-se lançar a débito o
valor correspondente a cada conta que está consignada no Ativo
do Balanço e em contrapartida (em atendimento ao método das
93 TABELA LEOPOLDENSE

partidas dobradas) a crédito de outra conta, que no caso será a


conta “Balanço” ou “Balanço Final”. Assim, tem-se:

Lançamento CONTAS Débito Crédito


Conta creditada: Balanço Final – conta de abertura R$ 100,00
Conta debitada: Caixa – abertura R$ 40,00
Conta debitada: Mercadorias – abertura R$ 40,00
Conta debitada: Móveis e Utensílios – abertura R$ 20,00

b) Reabertura dos saldos das contas patrimoniais passivas: para reabrir


os saldos das contas patrimoniais passivas, deve-se lançar a
crédito o valor correspondente a cada conta que está consignada
no Passivo do Balanço e em contrapartida (em atendimento ao
método das partidas dobradas) a débito de outra conta, que no
caso será a conta “Balanço” ou “Balanço Final”. Assim, tem-se:

Lançamento CONTAS Débito Crédito


Conta debitada: Balanço Final – conta de abertura R$ 33,00
Conta creditada: Fornecedores – abertura R$ 30,00
Conta creditada: Provisão p/ Imp. Renda – abertura R$ 3,00

c) Reabertura dos saldos das contas de Capital Próprio: para reabrir os


saldos das contas de Capital Próprio, que estão do lado do Passivo,
deve-se lançar a crédito o valor correspondente a cada conta que
está consignada no lado do Passivo do Balanço e em contrapartida
(em atendimento ao método as partidas dobradas) a débito de
outra conta, que no caso será a conta “Balanço” ou “Balanço Fi-
nal”. Assim, tem-se:

Lançamento CONTAS Débito Crédito


Conta debitada: Balanço Final – conta de abertura R$ 67,00
Conta creditada: Capital – abertura R$ 60,00
Conta creditada: Reservas de Lucros – abertura 7,00

PARA COMPLEMENTAÇÃO DE ESTUDOS

No Brasil, não é usual utilizar instrumentos como a Tabela Leo-poldense que permitem, em
um só documento, preparar/elaborar os dois principais demonstrativos contábeis: o Balanço
Patrimonial e a Demonstração de Resultado, pois o mais comum é a preparação em separado.
Já em outros países, a utilização de papéis de trabalho como a Tabela Leopoldense é comum.
Para saber mais sobre eles, consulte o tópico “Planilha de Encerramento do Exercício”, no
capítulo 4 do livro Fundamentos de Contabilidade: princípios1, escrito por Carl S. Warren e
outros, e faça uma comparação entre a Tabela Leopoldense e o modelo apresentado pelos
autores. Além disso, se desejar ir além, consulte as páginas 94 e 95 do livro Intermediate
Accounting 2, escrito por Kieso e Weygandt.

1
WARREN, Carl S. et al. Fundamentos de Contabilidade: princípios. 22. ed. São Paulo: Cengage
Learning, 2009.
2
KIESO, Donald E.; WEYGANDT, Jerry J. Intermediate Accounting. 9.ed. New York: John Wiley e
Sons, 1998.
ERNANI OTT, OSMAR S. CARNEIRO, CHARLINE B. PIRES, CARLA R. WACHHOLZ 94

TERMOS-CHAVE

Tabela Leopoldense – é um papel de tra- Encerramento de Contas de Resultado


balho que permite elaborar e visualizar os – forma de registro contábil da transferência
dois principais demonstrativos (Balanço das contas auxiliares de resultado (de
Patrimonial e Demonstração do Resultado perdas e de ganhos), e a transferência do
do Exercício) em um só documento. lucro final apurado para alguma das contas
de Capital Próprio.
Encerramento de contas patrimoniais –
forma de registro contábil do saldo final (SF)
de cada conta patrimonial, tanto ativa
quanto passiva, e das contas de patrimônio
liquido.
95 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

CAPÍTULO 10

DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

Este capítulo apresenta as duas principais demonstrações contábeis: o Balanço Patrimonial, que apresenta a
posição financeira e patrimonial de uma empresa, numa determinada data, e a Demonstração do Resultado do
Exercício, que apresenta toda a movimentação do patrimônio durante um exercício/período e apura em seu final o
resultado obtido nesta movimentação. Além disso, neste capítulo descreve-se, principalmente, o funcionamento
dos grupos que compõem as demonstrações e a suas especificidades.

10.1 Balanço Patrimonial

Foi a Lei das Sociedades Anônimas – S/A (Lei nº 6.404/76 e suas


alterações posteriores: Lei nº 11.638/07 e Medida Provisória nº 449/08) que
traçou os preceitos de estrutura e normas para a confecção das
Demonstrações Contábeis das Sociedades por Ações, dentre as quais se
encontra o Balanço Patrimonial. O Decreto nº 1.598/77 regulamentou estas
normas e as estendeu aos demais tipos societários. Ao final do ano de 2007,
a Lei nº 11.638 alterou alguns dispositivos da lei das Sociedades Anônimas,
visando adaptar a normativa contábil brasileira às Normas Internacionais
de Contabilidade do IASB (Comitê Internacional de Normas Contábeis).
O Balanço Patrimonial tem por finalidade apresentar a posição
financeira e patrimonial de uma empresa, numa determinada data, ou seja,
trata-se da representação da posição estática do patrimônio, e deve ser igual
ao inventário sintético.
Pode-se conceituar o Balanço Patrimonial como sendo uma repre-
sentação gráfica do patrimônio de uma empresa ou entidade em um deter-
minado momento. É a representação estática de um patrimônio. Como este
se encontra em constante movimentação, o Balanço Patrimonial pode ser
visto como uma fotografia instantânea do mesmo, em um determinado
momento, sendo esta uma das razões pelas quais os inventários devem ser
elaborados segundo o princípio da instantaneidade.
Como não convém que o Balanço Patrimonial seja analítico, pois
isso dificultaria sua compreensão e análise, a legislação admite o agrupa-
mento das contas semelhantes e a agregação das contas com pequenos saldos,
desde que de natureza idêntica, e de que seu valor não ultrapasse a 10% do
valor do respectivo grupo de contas a que pertence. Não devem ser utilizadas
contas com designação genérica tais como: diversas contas, contas correntes,
devedores e credores diversos etc.
ERNANI OTT, OSMAR S. CARNEIRO, CHARLINE B. PIRES, CARLA R. WACHHOLZ 96

10.1.1 Apresentação gráfica do Balanço Patrimonial


O Balanço Patrimonial deve ser apresentado segundo a ordem de
liquidez das contas, ou seja, no Ativo devem constar aquelas que se tornam
mais rapidamente conversíveis em moeda, e no Passivo aquelas contas que
significam a saída de moeda de forma mais rápida.
Utilizando-se a coluna “Balanço” da Tabela Leopoldense, pode-se
elaborar com toda facilidade o Balanço Patrimonial, seguindo o modelo-
exemplo a seguir que atende o que determina a Lei nº 6404/76 quanto à sua
estruturação. Observa-se que no Balanço Patrimonial deve constar, além da
coluna com valores do exercício encerrado, uma coluna com os valores do
exercício anterior.

A coluna “Balanço” da Tabela Leopoldense pode ser a base


para elaboração do Balanço Patrimonial.

Empresa: MODELO S.A. – São Leopoldo – RS


Encerrado em 31 de dezembro de 20x1
BALANÇO PATRIMONIAL

ATIVO 20x1 20x0 PASSIVO TOTAL + PL 20x1 20x0


CIRCULANTE 1.409,50 490,00 CIRCULANTE 818,00 134,00
Caixa 147,50 60,00 Fornecedores 407,00 87,00
Bancos 360,00 150,00 Empréstimos a Pagar 393,00 25,00
Clientes 518,00 100,00 Imposto de Renda
a Pagar 18,00 22,00
Mercadorias 370,00 180,00
Despesas Antecipadas 14,00 - NÃO CIRCULANTE 207,30 -
NÃO CIRCULANTE 135,80 110,00 EXIGÍVEL A LONGO
PRAZO 207,30 -
Investimentos - - PATRIMÔNIO
LÍQUIDO 520,00 466,00
Imobilizado 135,80 110,00 Capital Social 400,00 400,00
Móveis e Utensílios 152,00 123,00 Reservas de Capital 120,00 66,00
Deprec. Acum. Móveis
e Utensílios (16,20) (13,00) Intangível - -

ATIVO TOTAL 1.545,30 600,00 PASSIVO TOTAL + PL 1.545,30 600,00

10.1.2 Agrupamento das contas no Balanço Patrimonial

10.1.2.1 Ativo
O Ativo, que contém os bens e direitos da empresa está atualmente
classificado, segundo o artigo 178 da Lei nº 6.404/76, modificado pela Medida
Provisória nº 449/2008, em dois grandes grupos: Circulante e Não Circulante,
este último composto pelo Ativo Realizável a Longo Prazo, Investimentos,
Imobilizado e Intangível.

Ativo Circulante
Um ativo deve ser classificado como circulante quando:
 se espera que os bens e direitos sejam realizados, ou são manti-
dos para venda, negociação ou consumo, dentro dos 12 meses
seguintes à data do balanço;
97 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

 é um ativo expresso em dinheiro ou equivalente, cuja utilização


não está restrita;

Todos os demais ativos, que incluem créditos com entidades ligadas


e com administradores e que não constituírem negócios usuais
na exploração do objeto da entidade, devem ser classificados
como não circulantes.

O Ativo Circulante, conforme disciplina o artigo 179 da Lei nº


6.404,76, é classificado do seguinte modo:
1. Disponibilidades;
2. Direitos realizáveis no curso do exercício social subsequente;
3. Aplicações de recursos em despesas do exercício seguinte.

Para tornar clara a classificação quando ao significado do conteúdo


de cada um dos grupos acima especificados, descreve-se a seguir a funcio-
nalidade de cada um deles.
 Disponibilidades: são entendidas como disponibilidades o dinheiro
em caixa, os saldos em conta de movimento bancário, as aplica-
ções de liquidez imediata e o numerário em trânsito;
 Direitos realizáveis no curso do exercício social subsequente: são direi-
tos oriundos das Vendas a Prazo de mercadorias e/ou serviços a
clientes, ou decorrentes de outras transações que geram valores
que deverão ser recebidos antes de encerrado o próximo balanço.
Também estão incluídos neste grupo os Estoques;
 Aplicações de recursos em despesas do exercício seguinte: são registradas
neste grupo as despesas pagas antecipadamente e que devem
ser apropriadas como despesas no decurso do exercício seguinte
(Ex.: seguros a apropriar).

Ativo não Circulante


Um ativo deve ser classificado como não circulante quando os bens
e direitos somente serão realizados após o término do exercício social
seguinte. Além disso, os grupos de ativos que permanecem por tempo
indeterminado na empresa devem ser considerados como Ativo não
Circulante.
O Ativo não Circulante, conforme disciplina o artigo 179 da Lei nº
6.404/76, modificado pela Medida Provisória nº 449/2008, é classificado do
seguinte modo:
1. Ativo Realizável a Longo Prazo;
2. Investimentos;
3. Imobilizado;
4. Intangível.

Para tornar clara a classificação quanto ao significado do conteúdo


de cada um dos grupos acima especificados, descreve-se a seguir a funcio-
nalidade de cada um deles.
 Ativo Realizável a Longo Prazo: neste grupo estão classificadas as
contas de mesma natureza das contas do Ativo Circulante, mas
que, todavia, tenham realização certa ou provável após o término
do exercício seguinte, o que normalmente significa realização
num prazo superior a um ano a contar do balanço que está sendo
encerrado.
 Investimentos: estão incluídas neste grupo as aplicações em
participações permanentes em outras sociedades e os direitos de
ERNANI OTT, OSMAR S. CARNEIRO, CHARLINE B. PIRES, CARLA R. WACHHOLZ 98

qualquer natureza não classificáveis no Ativo Circulante, e que


não se destinem à manutenção da atividade-fim da empresa.
 Imobilizado: estão incluídas neste grupo as aplicações de recursos
na aquisição de bens destinados à manutenção das atividades
operacionais da empresa. A diminuição do valor dos elementos
de Ativo Imobilizado, segundo § 2º do artigo 183 da Lei nº 6.404/
76, será registrada periodicamente em contas de:
– depreciação: quando corresponder à perda dos direitos que têm
por objeto bens físicos sujeitos a desgastes ou perda de utilidade
por uso, ação da natureza ou obsolescência;
– amortização: quando corresponder à perda do valor do capital
aplicado na aquisição de direitos da propriedade industrial ou
comercial e quaisquer outros com existência ou exercício de
duração limitada, ou cujo objeto sejam bens de utilização por
prazo legal ou contratualmente limitado;
– exaustão: quando corresponder à perda do valor decorrente da
sua exploração de direitos que tenham como objeto recursos
minerais ou florestais, ou bens aplicados nessa exploração.
 Intangível: estão incluídos neste grupo os direitos que tenham
por objeto bens incorpóreos destinados à manutenção da com-
panhia ou exercidos com essa finalidade, inclusive aqueles
representativos de fundo de comércio adquirido a título oneroso.
São também exemplos: as marcas e patentes, os direitos e as
licenças de uso.

10.1.2.2 Passivo
O Passivo, que contém as dívidas e obrigações da empresa, está
atualmente classificado, segundo o artigo 178 da Lei nº 6.404/76, modificado
pela Medida Provisória nº 449/2008, em três grandes grupos: Circulante, não
Circulante e Patrimônio Líquido, este último composto pelo Capital Social,
Reservas de Capital, Ajustes de Avaliação Patrimonial, Reservas de Lucros,
Ações em Tesouraria e Prejuízos Acumulados.

Passivo Circulante
Um passivo deve ser classificado como circulante quando atender
aos seguintes parâmetros:
 se espera sua liquidação dentro dos 12 meses seguintes à data do
balanço;
 a entidade não tem nenhum direito de postergar sua liquidação
por período que exceda os 12 meses da data do balanço.

Todas as demais obrigações devem ser classificadas


como Passivo não Circulante.

O Passivo Circulante pode ter algumas subdivisões, embora o artigo


180 da Lei nº 6.404,76 não trate de qualquer especificação. São subdivisões
de uso comum:
1. Fornecedores;
2. Empréstimos e Financiamentos;
3. Obrigações Tributárias;
4. Obrigações Trabalhistas.
99 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

Passivo não Circulante


Um passivo deve ser classificado como não circulante quando incluir
dívidas e obrigações, inclusive financiamentos vencíveis após o término do
exercício social seguinte. Inclui-se neste grupo um subgrupo para Receitas
Diferidas, em que figurarão, também, como redutoras, as contas represen-
tativas de despesas ou custos correspondentes às respectivas receitas rece-
bidas antecipadamente.
O Passivo não Circulante pode ter algumas subdivisões, mas o arti-
go 180 da Lei nº 6.404,76, modificado pela Medida Provisória nº 449/2008
menciona: “as obrigações da companhia, inclusive financiamentos para
aquisição de direitos do ativo não circulante, serão classificadas no passi-
vo circulante, quando se vencerem no exercício seguinte, e no passivo não
circulante, se tiverem vencimento em prazo maior”, ou seja, vencíveis após o
término do exercício social seguinte. O grupo principal do passivo não
circulante é o Exigível a Longo Prazo.

10.1.2.3 Patrimônio Líquido


Este grupo resulta da diferença entre o Ativo Total e o Passivo Total
e representa os Capitais Próprios da empresa. Trata-se, portanto, de uma
conta “diferencial”, pois resulta da diferença entre o total do ativo e o total
do passivo. É o grupo que representa a riqueza da empresa, ou seja, a parte
que realmente pertence à mesma ou aos seus proprietários. Mesmo que a
legislação societária possa dar o entendimento de que o Patrimônio Líquido
pertença ao Passivo, tal não é verdadeiro, pois ele consta nesse lado do
Balanço Patrimonial para permitir a igualdade dos dois lados do balanço.
As contas representativas do Patrimônio Líquido sofreram alterações pela
Medida Provisória nº 449/2008, que lhe determinou a seguinte divisão:
 Capital Social: valores investidos na empresa pelos proprietários
ou acionistas;
 Reservas de Capital: contas representativas de ganhos que não
devem transitar pelo resultado do exercício, tais como: ágio de
emissão de ações, bônus de subscrição de ações etc.;
 Ajustes de Avaliação Patrimonial: é o registro dos aumentos ou di-
minuições de valor atribuídas a elementos do Ativo e do passivo
em decorrência da sua avaliação a valor justo (§ 3º do artigo 182
da Lei nº 6.404/76, modificado pela Medida Provisória nº 449/
2008);
 Reservas de Lucros: nesta conta são registradas as parcelas dos
lucros não distribuídos apurados pela empresa;
 Ações em Tesouraria: representa ações da própria empresa adqui-
ridas por ela mesma. Esta conta funciona como conta redutora
do grupo do Patrimônio Líquido;
 Prejuízos Acumulados: diz respeito ao prejuízo apurado no exer-
cício atual, ou em períodos anteriores, até que sejam compensados
com lucros, saldos de reservas ou assumidos pelos sócios.
ERNANI OTT, OSMAR S. CARNEIRO, CHARLINE B. PIRES, CARLA R. WACHHOLZ 100

10.2 Demonstração do Resultado do Exercício

A Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), que corresponde


à conta Lucros e Perdas, é a representação da dinâmica patrimonial. Ela
apresenta toda a movimentação ocorrida no patrimônio durante um exer-
cício/período e apura em seu final o resultado obtido nesta movimentação.

A coluna “Lucros e Perdas” da Tabela Leopoldense pode ser


a base para a elaboração da Demonstração do Resultado do Exercício.

A DRE está estruturada por tipos de lucros, para que se possa avaliar
todo processo de formação do resultado.

10.2.1 Estrutura da Demonstração do Resultado do Exercício


Utilizando-se a coluna Lucros e Perdas da Tabela Leopoldense, pode-
se elaborar com toda facilidade a Demonstração do Resultado do Exercício,
conforme modelo-exemplo a seguir, que atende às exigências da Lei nº 6404/
76. Observa-se que, assim como o Balanço Patrimonial, a DRE deve apresentar
uma coluna com os valores correspondentes ao exercício atual e outra
contendo os valores correspondentes ao exercício anterior.

Empresa: MODELO S.A. – São Leopoldo – RS


Encerrado em 31 de dezembro de 20x1
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO
Nº CONTA 20x1 20x0
1 RECEITA BRUTA 1.930,00 1.280,00
Vendas à Vista 830,00 580,00
Vendas a Prazo 1.000,00 700,00
Prestação de Serviços 100,00 0,00
2 DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA 630,00 340,00
Anulação de Vendas 120,00 80,00
Abatimentos sobre Vendas 290,00 120,00
Impostos sobre Vendas 220,00 140,00
3 RECEITA LÍQUIDA 1.300,00 940,00
4 CUSTO DAS MERCADORIAS VENDIDAS – CMV 800,00 640,00
5 LUCRO BRUTO 500,00 300,00
6. DESPESAS OPERACIONAIS 400,00 220,00
Despesas com Aluguéis 100,00 70,00
Despesas com Ordenados 250,00 120,00
Despesas com Energia Elétrica 50,00 30,00
..............
..............
7 LUCRO OPERACIONAL 100,00 80,00
8 RECEITAS NÃO OPERACIONAIS 20,00 15,00
Receita de Aluguéis 20,00 15,00
9 DESPESAS NÃO OPERACIONAIS 48,00 7,00
Perda na Venda de Bens 48,00 7,00
10. LUCRO ANTES DO IMPOSTO DE RENDA e CSSL 72,00 88,00
11. PROVISÃO P/IMPOSTO DE RENDA e CSSL 18,00 22,00
12. LUCRO LÍQUIDO 54,00 66,00
101 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

10.2.1.1 Agrupamento das contas da Demonstração do Resultado do Exercício


A Demonstração do Resultado do Exercício contém o detalhamento
das receitas e dos custos e despesas ocorridos durante o exercício/período,
estruturados por níveis de lucros, conforme dispõe o artigo 187 da Lei nº
6.404/76. A discriminação de todos os itens que compõem a demonstração é
examinada a seguir.

 Receita Bruta de Vendas: este grupo acolhe as contas que repre-


sentam o valor bruto das vendas, excluído o valor do IPI (Imposto
sobre Produtos Industrializados), o qual não integra o valor da
venda bruta. A receita bruta abrange as receitas obtidas com a
atividade-fim da empresa, e é constituída pelas vendas de merca-
dorias (à vista, a prazo, para o exterior etc.), a prestação de servi-
ços ou outra atividade que a caracterize.
 Deduções da Receita Bruta de Vendas: consideram-se neste grupo os
abatimentos (reduções da receita bruta), que são as vendas anula-
das que correspondem ao cancelamento de valores registrados
em vendas brutas; os descontos concedidos incondicionalmente
e os impostos incidentes sobre as vendas, tais como: ICMS, ISSQN,
PIS, COFINS.
 Receita Líquida de Vendas: corresponde à diferença entre a Receita
Bruta de Vendas e as Deduções da Receita Bruta de Vendas, e
representa o valor de que efetivamente a empresa dispõe.
 Custo das Mercadorias Vendidas (CMV): esta conta identifica o valor
exato da saída de mercadorias ao preço de aquisição/custo, ou
seja, a baixa a ser efetuada nos estoques em decorrência das ven-
das. Suas formas de apuração e cálculo foram detidamente exami-
nados no Capítulo 6 “Administração de Mercadorias pelo Sistema
de Três Contas”.
 Lucro Bruto: é o primeiro nível de resultado obtido pela empresa
e corresponde à diferença entre a Receita Líquida de Vendas e o
Custo das Mercadorias Vendidas (CMV). Primariamente, pode-
se dizer que é o resultado obtido após retirar-se o custo da mer-
cadoria que está sendo repassada para os clientes.
 Despesas Operacionais: neste grupo estão registradas todas as
despesas pagas ou incorridas que são necessárias para o desen-
volvimento das atividades da empresa (venda de mercadorias
ou prestação de serviços) e sua própria administração. Também
aqui se incluem os resultados líquidos de atividades acessórias
consideradas operacionais (ex.: despesas financeiras menos
receitas financeiras etc.). As principais subdivisões deste grupo
são: despesas com vendas, despesas administrativas, despesas
com pessoal etc.
 Lucro Operacional: é o segundo nível de resultado obtido pela
empresa e corresponde à diferença entre o Lucro Bruto e as Des-
pesas Operacionais. Pode-se afirmar que este é o resultado obtido
depois de deduzidos todos os custos e todas as despesas que a
empresa teve.
 Receitas e Despesas não Operacionais: neste grupo são registradas
todas as receitas ou despesas que decorrem de transações não
relacionadas à atividade-fim da empresa. Portanto, ganhos ou
perdas na alienação (venda) de investimentos ou imobilizações,
baixa de ativos intangíveis, comissões eventuais, aluguéis de bens
não destinados ao uso etc. correspondem a este tipo de receita
ou despesa a eles diretamente vinculados.
ERNANI OTT, OSMAR S. CARNEIRO, CHARLINE B. PIRES, CARLA R. WACHHOLZ 102

 Lucro Antes do Imposto de Renda (LAIR): é o terceiro nível de resul-


tado obtido pela empresa e corresponde ao Lucro Operacional
mais as Receitas não Operacionais e menos as Despesas não
Operacionais. Este é o resultado, em princípio, pois existem
alguns regramentos para tributação, que é base para a tributação
da empresa.
 Provisão para Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro:
este item contempla os valores calculados relativos ao Imposto
de Renda sobre o Lucro (isto é feito quando o sistema de tribu-
tação tem como base o Lucro Real) e uma outra tributação que
incide sobre a mesma base, que é a Contribuição Social sobre o
Lucro (CSSL). No exemplo proposto no capítulo anterior utilizou-
se uma alíquota hipotética de 30% sobre o Lucro antes do Imposto
de Renda (LAIR).
 Lucro Líquido: este é o último nível de lucro e corresponde ao lucro
final apurado no exercício/período e decorre da diferença entre
o Lucro Antes do Imposto de Renda e Contribuição Social sobre
o Lucro antes do Imposto de Renda (LAIR) e a Provisão para Im-
posto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro, sendo que,
se o resultado for um lucro, este deve ser imediatamente distri-
buído, retido total ou parcialmente em Reservas de Lucros, ou
deduzido da conta Prejuízos Acumulados se existir. Se o resultado
for um prejuízo, este deve ser acrescido à conta de Prejuízos
Acumulados.

Após a apresentação detalhada da estrutura do Balanço Patrimo-


nial e da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), apresentam-se as
demonstrações da empresa do Sr. José da Silva, que foram elaboradas a partir
da Tabela Leopoldense.

Empresa: Sr. José da Silva – São Leopoldo – RS


Encerrado em 31 de dezembro de 20x1
BALANÇO PATRIMONIAL

ATIVO x1 x0 PASSIVO TOTAL + PL x1 x0

CIRCULANTE 41.462,00 36.050,00 CIRCULANTE 19.750,00 15.308,00


Caixa 2.412,00 1.550,00 Fornecedores 6.520,00 2.808,000
Clientes 10.750,00 10.000,00 Empréstimos
a Pagar 12.750,00 12.500,00
Mercadorias 28.300,00 24.500,00 Imposto de Renda
a Pagar 480,00 -

NÃO CIRCULANTE - -
NÃO CIRCULANTE 2.333,00 2.183,00 EXIGÍVEL A LONGO
PRAZO - -
Realizável
a Longo Prazo - -
Investimentos - - PATRIMÔNIO
LÍQUIDO 24.045,00 22.925,00
Imobilizado 2.333,00 2.183,00 Capital Social 22.925,00 22.925,00
Móveis e Utensílios 893,00 743,00 Reservas
de Lucros 1.120,00 -
Equip. de Informática 1.440,00 1.440,00
Intangível - -

ATIVO TOTAL 43.795,00 38.233,00 PASSIVO TOTAL + PL 43.795,00 38.233,00


103 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

Empresa: Sr. José da Silva – São Leopoldo – RS


Encerrado em 31 de dezembro de 20x1
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

Nº CONTA 20x1
1 RECEITA BRUTA 2.600,00
Vendas à Vista 1.700,00
Vendas a Prazo 900,00
Prestação de Serviços 0,00
2 DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA 150,00
Anulação de Vendas 150,00
Abatimentos sobre Vendas 0,00
Impostos sobre Vendas 0,00
3 RECEITA LÍQUIDA 2.450,00
4 CUSTO DAS MERCADORIAS VENDIDAS – CMV 1.200,00
5 LUCRO BRUTO 1.250,00
6 DESPESAS/RECEITAS OPERACIONAIS 350,00(*)
Aluguéis Passivos 80,00
Juros Passivos 20,00
Comissões Ativas 400,00
Descontos Ativos 50,00

7 LUCRO OPERACIONAL 1.600,00


8 RECEITAS NÃO OPERACIONAIS 0,00
Receita de Aluguéis 0,00
9 DESPESAS NÃO OPERACIONAIS 0,00
Perda na Venda de Bens 0,00
10 LUCRO ANTES DO IMPOSTO DE RENDA 1.600,00
11 PROVISÃO P/IMPOSTO DE RENDA e CSSL 480,00
12 LUCRO LÍQUIDO 1.120,00

(*) Observe que o valor dos ganhos operacionais (Comissões Ativas e Descontos Ativos) superou o valor das
perdas operacionais (Aluguéis Passivos e Juros Passivos); por esta razão, o valor apurado é somado ao Lucro
Bruto para cálculo do Lucro Operacional.

Para que o Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do


Exercício espelhem a situação real do patrimônio de uma empresa, é preciso
que todos os procedimentos ligados à escrituração tenham sido executados:
a) desde a elaboração do Inventário Geral Inicial;
b) escrituração das transações;
c) levantamento do Balancete de Verificação;
d) elaboração de tabela(s) preparatória(s), tais como a Tabela Leo-
poldense;
e) apresentação do Balanço Patrimonial e da DRE.

PARA COMPLEMENTAÇÃO DE ESTUDOS

As demonstrações contábeis sintetizam todos os registros efetuados e constituem o principal


veículo de comunicação das informações da empresa. Existe um regramento legal para a
sua elaboração, bem como para a definição de quais demonstrações devem ser elaboradas
e divulgadas. Este capítulo aborda duas das demonstrações contábeis que são de elaboração
obrigatória, mas existem outras demonstrações obrigatórias e voluntárias que uma empresa
pode divulgar, entre as quais podem-se mencionar a Demonstração dos Fluxos de Caixa
(DFC), a Demonstração do Valor Adicionado (DVA) e o Balanço Social. Para saber mais
ERNANI OTT, OSMAR S. CARNEIRO, CHARLINE B. PIRES, CARLA R. WACHHOLZ 104

sobre estas demonstrações, pesquise a obra Curso de Contabilidade para não Contadores 1
dos professores Sérgio de Iudícibus e José Carlos Marion, procurando identificar, princi-
palmente, aspectos relacionados aos seus objetivos e à obrigatoriedade.

TERMOS-CHAVE

Balanço Patrimonial – é onde está de- Demonstração de Resultado do Exercício


monstrado o patrimônio da empresa, ou – é onde está demonstrado a dinâmica do
seja, os seus bens e direitos representados patrimônio ao retratar a formação das recei-
no Ativo e suas dívidas e obrigações repre- tas e das despesas, e os diversos níveis de
sentadas no Passivo e sua situação líquida lucros que a formam, até ao seu final mostrar
representada pelo Patrimônio Líquido. o resultado apurado pela empresa (lucro ou
prejuízo).

1
IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARION, José Carlos. Curso de Contabilidade para Não Contadores. 4. ed.
São Paulo: Atlas, 2008.
105 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

SOBRE O AUTOR E OS COLABORADORES

ALEXANDRE VERTES
Doutor em Economia pela Regiae Hungaricae Scientiarum Tech-
nicarum et Oeconomicarum – Palatinus Josephus, Hungria. Bacharel em
Ciências Econômicas pela Regiae Hungaricae Scientiarum Technicarum et
Oeconomicarum – Palatinus Josephus. Contador Público pela Regiae Hun-
garicae Scientiarum Technicarum et Oeconomicarum – Palatinus Josephus.
Foi professor de Contabilidade na Universidade do Vale do Rio dos Sinos
(UNISINOS), de 1959 a 1989, tendo sido um dos criadores do curso de
graduação em Ciências Contábeis da Universidade em 1966. Faleceu em
dezembro de 1996.

ERNANI OTT
Doutor em Ciências Contábeis pela Universidad de Deusto, Espanha.
Especialista em Contabilidade pela UNISINOS. Bacharel em Ciências Con-
tábeis pela UNISINOS. Professor no curso de Graduação e Pós-Graduação –
Mestrado na Unisinos.

OSMAR SILVA CARNEIRO


Mestre em Administração – ênfase em Contabilidade e Finanças pela
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Bacharel em Ciências
Econômicas pela Faculdade de Ciências Políticas e Econômicas de Cachoeira
do Sul. Professor das disciplinas de Contabilidade e Finanças dos cursos de
Ciências Contábeis e Administração da UNISINOS.

CHARLINE BARBOSA PIRES


Mestre em Ciências Contábeis pela UNISINOS. Bacharel em Ciências
Contábeis pela UNISINOS. Professora da disciplina de Contabilidade dos
cursos de Ciências Contábeis e Administração da UNISINOS.

CARLA ROSANGELA WACHHOLZ


Mestre em Ciências Contábeis pela UNISINOS. Bacharel em Ciências
Contábeis pela Universidade Católica de Pelotas. Professora em cursos de
graduação em Administração e Hotelaria na Faculdade SENAC e em Ciências
Contábeis nas Faculdades Integradas São Judas Tadeu.

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