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Anais Brasileiros de
Dermatologia
Publicação Oficial da Sociedade Brasileira de Dermatologia
PERIODICIDADE BIMESTRAL
EDITOR CIENTÍFICO
Sinésio Talhari
Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Fundação Alfredo da Matta (FUAM) e Universidade Nilton Lins - Manaus (AM), Brasil
EQUIPE TÉCNICA
Nazareno Nogueira de Souza
Bruno Abraão de Souza
BIBLIOTECÁRIA
Vanessa Zampier
Diretoria 2019-2020
Presidente:
Sérgio Palma | PE
Vice-Presidente:
Mauro Yoshiaki Enokihara | SP
Secretária Geral:
Cláudia Carvalho Alcantara Gomes | RJ
Tesoureiro:
Egon Luiz Rodrigues Daxbacher | RJ
1o Secretária:
Flávia Vasques Bittencourt | MG
2o Secretário:
Leonardo Mello Ferreira | ES
© 2019 Sociedade Brasileira de Dermatologia. Publicada por Elsevier España. Todos os direitos reservados.
■ Marcus A. Maia de Olivas Ferreira SP Este papel atende aos requisitos da norma ANSI/NISO Z39.48-1992
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■ Nilton Di Chiacchio SP * Papel livre de ácido
■ Tania Cestari RS
■ Martin Sangueza Bolivia This paper meets the requirements of ANSI/NISO Z39.48-1992
(Permanence of paper).
* Acid - free paper
■ Nicholas Soter United States of America
NOTICE:
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publication of the Brazilian Society of Dermatology, destined for the specialist
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■ Roberto Arenas Mexico clinics, whether these be public or private).
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in the medical sciences, in particular, independent verification of diagnoses and
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constitute a guarantee or endorsement of the quality.
Sumário
Investigação
Características clínicas e associações da pustulose palmoplantar: estudo observacional ....................................... 15
Ayse Oktem, Pınar Incel Uysal, Neslihan Akdoğan, Aslı Tokmak, Basak Yalcin
Consumo de recursos médicos de psoríase moderada/grave em uma organização privada de saúde de Buenos Aires,
Argentina ..................................................................................................................................... 20
María Laura Galimberti, Aldana S. Vacas, Barbara A. Hernández, María L. Bollea Garlatti, María J. Cura
et Ricardo L. Galimberti
Associação entre polimorfismo CYP2J2 e suscetibilidade à psoríase na população turca: estudo caso-controle ............ 25
Yıldız Hayran, Nuran Allı, Pınar İncel Uysal, Tuba Çandar
Seria a arterite macular linfocítica limitada à pele ? Seguimento prolongado de sete pacientes ............................. 32
Thâmara Cristiane Alves Batista Morita, Gabriela Franco Sturzeneker Trés, Paulo Ricardo Criado
Avaliação da razão entre monócitos e lipoproteínas de alta densidade, linfócitos, monócitos e plaquetas na psoríase ... 40
Ezgi Aktaş Karabay, Damla Demir, Aslı Aksu Çerman
Padronização de cultura organoide para avaliação da melanogênese induzida por UVB, UVA, luz visível .................... 46
Thainá Oliveira Felicio Olivatti, Giovana Piteri Alcantara, Ana Cláudia Cavalcante Espósito Lemos,
Márcia Guimarães da Silva, Hélio Amante Miot
Incapacidades na hanseníase: análise retrospectiva aberta de registros institucionais ......................................... 52
Santoshdev P. Rathod, Ashish Jagati, Pooja Chowdhary
Sarcoidose cutânea: perfil clínico-epidemiológico de 72 casos de um hospital terciário em São Paulo, Brasil .............. 57
Mariana Fernandes Torquato, Marcella Karen Souza da Costa, Marcello Menta Simonsen Nico
Caso Clínico
Pitiríase rubra pilar acantolítica associada ao uso tópico de imiquimode a 5%: relato de caso e revisão da
literatura ..................................................................................................................................... 63
Oriete Gerin Leite, Sandra Tagliolatto, Elemir Macedo de Souza, Maria Letícia Cintra
Eritrodermia como primeira manifestação de carcinoma epidermoide do pulmão: relato de caso raro...................... 67
Jorge Arandes-Marcocci, Maribel Iglesias-Sancho, Núria Setó-Torrent, María Teresa Fernández-Figueras
Nevos de Spitz eruptivos disseminados – Relato de caso ............................................................................. 71
Pablo Vargas, Rodrigo Cárdenas, Roberto Cullen e Andrés Figueroa
Pênfigo familiar “benigno”? Eritrodermia, desfecho fatal ........................................................................... 75
Paula Baldissera Tansini, Ana Letícia Boff, Magda Blessmann Weber, Renan Rangel Bonamigo
Dermatopatologia
Dermatoscopia in vivo e ex vivo na implantação do papilomavírus humano em tatuagens: relato de dois casos ........... 78
John Verrinder Veasey, Ana Luisa Nasser Erthal, Rute Facchini Lellis
Dermatologia Tropical/Infectoparasitária
Hanseníase na população idosa em um estado endêmico do nordeste brasileiro (2001–2017): cenário epidemiológico ......... 91
Carlos Dornels Freire de Souza, Tânia Rita Moreno de Oliveira Fernandes, Thais Silva Matos, Clódis Maria Tavares
Imagens em Dermatologia
Dermatoscopia do fenômeno de Borst-Jadassohn no hidroacantoma simples ..................................................... 95
Bruno de Castro e Souza, Maria Cláudia Alves Luce, Thais do Amaral Carneiro Cunha, Neusa Yuriko Sakai Valente
Forma completa da paquidermoperiostose ............................................................................................. 98
Mônica Larissa Padilha Honório, Guilherme Holanda Bezerra, Vivianne Lira da Câmara Costa
Carta - Investigação
Adalimumabe para psoríase grave em pacientes pediátricos chilenos ............................................................. 105
Daniela Armijo Fernandez, Fernando Valenzuela, Gustavo Saint-Pierre Contreras, Andrea Cortés González
Exames de imagem no estadiamento do melanoma cutâneo: uma coorte retrospectiva ....................................... 106
Luiza Boava Souza, Gabriel Peres, Juliano Vilaverde Schmitt
Transmitância do UVB, UVA e luz visível (azul-violeta) dos principais filtros solares opacos vendidos no Brasil ............. 108
Gabriel Peres, Hélio Amante Miot
Correspondência
Cuidado com artefatos na microscopia confocal de reflectância ao pesquisar hifas na pele acral ............................ 129
Elisa Cinotti, Jean Luc Perrot, Pietro Rubegni
Cuidado com artefatos à microscopia confocal de reflectância ao pesquisar hifas na pele acral – Resposta ................ 130
John Verrinder Veasey
Anais Brasileiros de
Dermatologia
www.anaisdedermatologia.org.br
a
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Alagoas, Hospital Universitário Professor Alberto Antunes, Maceió, AL, Brasil
b
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Alagoas, Departamento de Dermatologia, Maceió, AL, Brasil
c
Universidade do Estado do Amazonas, Programa de Pós-Graduação, Manaus, AM, Brasil
d
Fundação Alfredo da Matta de Dermatologia, Departamento de Ensino e Pesquisa, Manaus, AM, Brasil
e
Universidade do Estado do Amazonas, Departamento de Dermatologia, Ambulatório de Dermatologia Tropical, Manaus, AM,
Brasil
Resumo Dermatoses parasitárias são afecções cutâneas causadas por insetos, vermes, pro-
PALAVRAS-CHAVE
tozoários ou celenterados que tenham vida parasitária ou não. Nesta revisão serão estudados
Dermatopatias
os principais agentes etiológicos, aspectos clínicos, exames laboratoriais e tratamentos das
parasitárias;
doenças dermatológicas englobadas nesse contexto.
Doença de Lyme;
© 2020 Sociedade Brasileira de Dermatologia. Publicado por Elsevier España, S.L.U. Este é um
Escabiose;
artigo Open Access sob uma licença CC BY (http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/).
Infestações por
piolhos;
Larva migrans;
Miíase;
Oncocercose;
Terapêutica;
Tungíase
Introdução
DOI referente ao artigo: Nesta revisão serão discutidos os principais aspectos clínicos
https://doi.org/10.1016/j.abd.2019.12.001 e terapêuticos da escabiose, pediculose, miíase, tungíase,
夽 Como citar este artigo: Cardoso AEC, Cardoso AEO, Talhari
larva migrans, doença de Lyme e oncocercose.
C, Santos M. Update on parasitic dermatoses. An Bras Dermatol.
Essas diferentes enfermidades são, basicamente,
2020;95:1---14.
夽夽 Trabalho realizado na Universidade Federal de Alagoas e Uni- afecções cutâneas ocasionadas por insetos, vermes, pro-
versidade Federal de Ciências da Saúde de Alagoas, Maceió, AL, tozoários ou celenterados que tenham vida parasitária ou
Brasil; Universidade do Estado do Amazonas e Fundação Alfredo da não. O conhecimento desses agravos tem importância cada
Matta de Dermatologia, Manaus, AM, Brasil. vez maior, face aos deslocamentos, relativamente fáceis,
∗ Autor para correspondência. das pessoas para diferentes regiões do planeta.
E-mail: albertooiticica@gmail.com (A.E.O. Cardoso).
2666-2752/© 2020 Sociedade Brasileira de Dermatologia. Publicado por Elsevier España, S.L.U. Este é um artigo Open Access sob uma
licença CC BY (http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/).
Escabiose
Biologia e morfologia do ácaro Nos idosos, a reação cutânea à presença do ácaro pode
ser menor e ocasionar quadros atípicos. Lesões na região
Depois do acasalamento, o macho morre e as fêmeas pene- dorsal podem ser confundidas com prurido senil. Lesões
tram na epiderme, cavam sulcos onde depositam ovos e vésico-bolhosas, similares clínica e histologicamente ao pen-
fezes. figoide bolhoso, foram relatadas em pacientes com mais
Em 4 a 6 semanas, as fêmeas podem liberar 40 a 50 ovos. de 6 anos, sem doenças debilitantes.
Após a eclosão, as larvas, hexápodes, deixam os sulcos. O A sarna crostosa, ou norueguesa, é variedade clínica da
número de ácaros adultos em indivíduo infectado é estimado escabiose que ocorre devido à hiperinfestação de ácaros;
em 12 parasitas. mais de um milhão de parasitas podem ser encontrados
nesse quadro. Atualmente, é observada principalmente em
Manifestações clínicas doentes imunodeprimidos, sob tratamento quimioterápico,
neoplasias malignas e transplantadas. A frequência dessa
forma clínica tem aumentado em pacientes HIV-positivos.7,8
O prurido é o principal sintoma da escabiose, é mais intenso
Aborígenes australianos e portadores do vírus HTLV1 também
à noite. Esse começa, na maioria dos casos, de maneira
são acometidos com relativa frequência.9 Clinicamente,
insidiosa, intensifica-se progressivamente e pode acometer
caracteriza-se por lesões hipercetatósicas, crostosas, com
quase todo o corpo; raramente a face é afetada.
fissuras cutâneas, unhas espessadas e distróficas (fig. 2).
A lesão característica é linear, ‘‘serpiginosa’’, elevada,
Infecções secundárias podem ocorrer nesses pacientes. Na
mede alguns milímetros; numa das extremidades pode-se
grande maioria dos casos o prurido é muito intenso. O diag-
observar lesão pápulo-vesiculosa, descrita por alguns auto-
nóstico diferencial é feito, principalmente, com doença de
res como ‘‘ponto preto’’. Essas lesões são encontradas com
Darier e psoríase.
maior frequência na face lateral de dedos, regiões palmares,
mãos, punhos e pés.
A escabiose do couro cabeludo não é comum em adul- Diagnóstico diferencial
tos; porém, pode acompanhar ou assemelhar-se à dermatite
seborreica. O diagnóstico diferencial é feito com a maioria das
Sem tratamento, surgem lesões eritemato-papulosas, doenças pruriginosas, tais como dermatite atópica, erupção
localizadas em axilas, mamas, pênis, nádegas, espaços medicamentosa, urticária papulosa, picadas de insetos e
interdigitais, cintura e pés. piodermites.
Em pacientes com longa evolução podem surgir lesões
pápulo-nodulares, de coloração vermelho-acastanhada, que
se localizam principalmente na genitália, nas axilas, no Diagnóstico
tronco e nos cotovelos; são muito pruriginosas e regri-
dem lentamente, mesmo após tratamento adequado. Essas O exame direto das lesões deve ser feito rotineiramente,
manifestações são denominadas sarna, ou escabiose nodu- principalmente nos casos atípicos. Colocam-se duas gotas
lar (fig. 1). Admitia-se que não houvesse ácaro nessas de óleo mineral sobre as lesões e depois escarifica-se com
lesões. Porém, em trabalhos recentes tem-se demonstrado a lâmina de bisturi, ou cureta, remove-se o teto do sulco,
presença do S. scabiei.3,4 Em crianças, a sarna nodular pode que é colocado sobre a lâmina de vidro. A seguir, examina-
simular mastocitose.5 -se ao microscópio com aumento de 10 × e 40 × . Podem-se
Em recém-nascidos e crianças de baixa idade, a face encontrar o ácaro, ovos e/ou fezes. Pode-se, também, colo-
e o couro cabeludo podem ser acometidos, até com car algumas gotas de hidróxido de potássio a 30% sobre o
aparecimento de micropoliadenopatias cervicais. Lesões material coletado e examinar ao microscópio.
eczematizadas ou urticadas podem dificultar o diagnóstico, A reação de PCR pode ser útil em casos clinicamente
principalmente em lactentes.6 atípicos.10
Tratamento
Pediculose do corpo
A melhoria da condição de higiene e a lavagem das roupas
promovem a cura.
Tratamento
Tungíase ou tunguíase A pulga é retirada com agulha e aplica-se antisséptico
no ferimento. Nos casos generalizados usa-se tiabenda-
É ocasionada pela Tunga penetrans, a menor das pulgas; zol 25 mg/kg de peso, por via oral, durante 10 dias.38
mede, em média, 1 mm; vive em lugares secos e arenosos, A profilaxia é feita com o uso de calçados.
principalmente em zonas rurais, nos chiqueiros e currais. Recentes estudos mostraram que a dimeticona de baixa
Seus principais hospedeiros são os porcos e o homem. São viscosidade (NYDA), aplicada durante 7 dias, é eficaz e
hematófagas. Após alimentar-se, o macho deixa o hos- segura.39
pedeiro; a fêmea fecundada penetra na pele, introduz a
cabeça e o tórax na epiderme, deixa de fora os estigmas res-
piratórios e o orifício ovopositor.33 Os ovos desenvolvem-se Cimicidíase
e o abdômen dilata-se, surge nódulo amarelado com ponto
enegrecido no centro (fig. 5A). Há prurido e, eventualmente, Todos os cimicídeos (percevejos) são parasitas sugadores de
dor. São encontrados geralmente nas pregas ungueais dos sangue de aves e mamíferos. Dois terços das espécies são
dedos dos pés, espaços interdigitais e regiões plantares.34---36 parasitas de morcegos. O gênero Cimex, com as espécies
Quando ocorrem muitas lesões próximas dão o aspecto de Lectularius e hemíptera, parasitam os seres humanos. Tam-
favo de mel (fig. 5B e 5C). Podem ocorrer infecções secun- bém chamados bed bugs, esses insetos têm hábitos noturnos
dárias e as lesões servir de porta para outras doenças.37 Após e vivem nas fendas e nos buracos dos moveis e colchões.
o desenvolvimento dos ovos, a pulga começa a expulsá-los À noite, principalmente na madrugada, picam as pessoas.
no período de duas semanas; na sequência, ocorre a morte Durante o repasto injetam saliva, que contém anticoagu-
da fêmea. lante e anestésico.
Figura 6 Cimicidíase. Múltiplas lesões eritemato-papulosas Figura 7 Miíase furunculoide. Lesão ulcero-nodular e agente
em disposição linear, características, localizadas no abdômen. etiológico (Dermatobia hominis).
As picadas ocorrem mais comumente em face, pescoço, no abdômen de sua presa, sem afetar sua capacidade de
braços e mãos. Provocam lesões urticadas, pruriginosas voar.47 Ao pousar na pele do homem ou de algum animal,
(fig. 6), muitas vezes em disposição linear. Podem ocor- ocorrerá a eclosão dos ovos e liberação das larvas, que pene-
rer lesões a distância, por sensibilização, inclusive lesões trarão no hospedeiro, através dos folículos pilosos ou do
bolhosas.40,41 orifício da picada do inseto. A penetração da larva, geral-
Os bed bugs compartilham traços importantes com mente, não é notada. No local de entrada da larva surge
insetos triatomíneos, mas ainda não está claro se essas lesão eritêmato-papulosa, pruriginosa, dolorosa. A pápula
semelhanças incluem a capacidade de transmitir o Trypa- aumenta de tamanho, evolui para o aspecto furunculoide,
nosoma cruzi, causador da doença de Chagas. com pequena ulceração e saída de exsudato seroso. Nessa
Estudo recente mostrou a transmissão eficiente e bidire- abertura, é possível observar a cauda da larva. As lar-
cional de T. cruzi entre hospedeiros e bed bugs. A maioria vas alimentam-se de material da hipoderme, em média,
dos bed bugs alimentados em camundongos infectados durante 5 a 12 semanas. Depois desse período, as larvas
adquiriu o parasita; a maioria dos camundongos foi infec- abandonam o hospedeiro e caem no solo, transformam-se
tada após período de coabitação com bed bugs expostos. O em pupa. Entre 60 e 80 dias, a pupa evolui para inseto alado.
T. cruzi também foi transmitido para camundongos depois Ao pressionar a lesão, pode-se expor a larva (fig. 7).47,48
que as fezes de percevejos infectados foram aplicadas dire- A larva move-se ativamente, e os pacientes referem
tamente à pele do hospedeiro. Os achados sugerem que os ‘‘dor em ferroada’’ no local. Eventualmente, pode ocorrer
bed bugs podem ser um vetor de T. cruzi.42 infecção secundária, com abscesso, celulite e adenopatias.
O tratamento é feito com creme de corticoide e, a depen- Quando a larva deixar o nódulo haverá regressão e
der do prurido, anti-histamínicos. Os percevejos devem ser cicatrização da lesão.47,48
erradicados com o uso de inseticidas. O tratamento consiste na retirada da larva, que pode
Vários relatos sugerem o aumento do número de casos ser feita por meio da compressão do nódulo, depois de
em todo mundo, inclusive Europa e Estados Unidos.43,44 pequena incisão no orifício da lesão. A obstrução do orifício
com vaselina e a colocação de esparadrapo, que impedem a
Miíase respiração da larva, facilitam a sua remoção. Há, também,
um tratamento leigo, no qual se coloca toucinho aquecido
A miíase é caracterizada pela invasão de larvas de dípteros sobre o orifício da lesão --- para respirar, a larva penetra no
na pele, mucosas e órgãos, de homens e animais. toucinho.
Entre as diversas famílias de dípteros destacam-se as
moscas que, entre outras enfermidades, ocasionam as miía- Miíase secundária
ses. É causada por larvas de moscas que não são parasitas obri-
De acordo com o ciclo evolutivo dos dípteros, as miíases gatórios. A depender do local onde os ovos são depositados,
são classificadas em primárias e secundárias. recebem as denominações cutânea e cavitária. Quando os
Nos pacientes com miíase primária, as larvas invadem ovos são ingeridos, acidentalmente, pode ocorrer a forma
os tecidos sadios. Essa variedade é denominada miíase intestinal.
furunculoide. Na forma secundária, conhecida como miíase Na forma cutânea, a mosca deposita os ovos sobre
cavitária, as moscas colocam os ovos sobre ferimentos cutâ- ulcerações cutâneas. Os ovos eclodem e as larvas
neos ou nas mucosas.45,46 desenvolvem-se. Os principais agentes etiológicos são as lar-
vas das moscas Cochliomya macellaria, C. hominivorax e
Miíase furunculoide outras espécies da família Sarcophagidae e gênero Lucilia.49
É observada em regiões tropicais do continente americano, O diagnóstico é clínico, pois as larvas são facilmente
estende-se do sul do México ao norte da Argentina. O ciclo visualizadas. Tradicionalmente, o tratamento é feito com
de vida da D. hominis é único. A fêmea, após a cópula, a retirada das larvas, após a aplicação tópica de éter.
voa e captura um díptero hematófago. Coloca 10 a 50 ovos O emprego da ivermectina a 1% em propilenoglicol é
outro método que tem sido usado --- duas horas depois da
aplicação, faz-se a limpeza da lesão e retirada das larvas.50
Miíase cavitária
Nesses casos, a mosca deposita os ovos em cavidades natu-
rais, tais como narinas, ouvido, órbitas oculares e vagina. Os
quadros mais graves são ocasionados pela espécie C. homi-
nivorax.
O tratamento de escolha consiste no uso de ivermec-
tina 200 g/Kg de peso em dose única.
Antes da ivermectina, empregava-se o oxcianureto de
mercúrio a 1%.
Demodecidose
múltiplas lesões, ou acometimento de áreas hipercerató- mamíferos, tais como gambás, parecem participar do ciclo
sicas, como as regiões palmo-plantares, recomenda-se o epidemiológico da DL.76
tratamento sistêmico. Os principais transmissores da doença são carrapatos do
O albendazol, na dose de 15 mg/kg/dia, durante 3 dias gênero Ixodes. No continente europeu, predomina o Ixo-
é ótima opção terapêutica. O seu uso não impede o aleita- des ricinus. Nos Estados Unidos, o Ixodes dammini, também
mento e o risco fetal é categoria C. A taxa de cura é variável, conhecido como I. scapularis. No Brasil, acredita-se que o
de 77% a 100%.61,62 carrapato responsável pela transmissão da DL seja o Amby-
A ivermectina, na dose de 200 g/kg de peso, em dose lomma cajannense. No entanto, não se exclui a participação
única, é também eficaz. A depender da evolução, a mesma de outras espécies de carrapato. As formas evolutivas dos
dose pode ser repetida depois de 7 dias.63 carrapatos mais associadas com a transmissão da Borrelia
Quando o número de lesões for reduzido, e com são as ninfas e carrapatos adultos. As picadas das ninfas
localização na pele glabra, o tratamento tópico com pomada desses carrapatos são indolores, o que explicaria o fato de
de tiabendazol a 5% pode ser indicado. muitos pacientes infectados não se lembrarem de terem sido
A neve carbônica ou nitrogênio líquido também são picados por carrapatos.77
usados.64,65
Quadro clínico
Doença de Lyme
As manifestações cutâneas da DL são divididas em loca-
A doença de Lyme (DL), também denominada borreliose de lizadas, iniciais (eritema migrans e linfocitoma cutis),
Lyme, é uma zoonose transmitida por carrapatos, princi- disseminadas (EM e linfocitomas múltiplos, que podem ser
palmente do gênero Ixodes, infectados com espiroquetas acompanhados de alterações em outros órgãos) e tardias
pertencentes ao complexo Borrelia burgdorferi sensu lato.66 (acrodermatite crônica atrófica).78
Atualmente, já foram reconhecidas 20 espécies dentro do
complexo sensu lato, seis relacionadas à doença, em huma- Manifestações dermatológicas
nos: B. burgdorferi strictu sensu e B. mayonii (Estados
Unidos), B. bavariensis, B. garinii, B. afzelli e B. spielmanii
O EM é a principal manifestação clínica inicial da DL. Três
(Europa).67
a 30 dias após a picada do carrapato aparece no local de
Afzelius, na Suécia, em 1909, e Lipschutz, na Áustria,
inoculação uma pápula ou pequena placa eritematosa que
em 1913, descreveram os primeiros casos de pacientes com
aumenta de tamanho, forma placa com bordas descontínuas
placas eritematosas, de crescimento centrífugo, aos quais
e centro claro, cianótico e/ou descamativo, que se expande
denominaram eritema crônico migratório (ECM).68,69 Em
centrifugamente, pode atingir grande diâmetro (fig. 9). É
1977, Steere et al. verificaram a associação de ECM e artrite.
comum a progressão rápida das lesões, as quais podem atin-
Os casos foram estudados na cidade de Lyme, Connecticut
gir 20 a 30 cm ou mais, em dias ou semanas. Na maioria dos
(EUA). A partir dessa publicação, surgiram as denominações
artrite de Lyme e DL. Além da associação com artrite, Steere
et al. observaram sintomas inespecíficos (mal-estar, fadiga,
cefaleia, febre e outras manifestações), alterações cardía-
cas, oftalmológicas e neurológicas.70 Devido à evolução,
nem sempre crônica, das lesões cutâneas, Detmar et al.,
em 1989, propuseram o nome eritema migratório (EM),
denominação que tem sido muito usada.71 No Brasil, os
primeiros casos foram relatados, em Manaus, por Talhari
et al.72,73 Filgueira, Azulay e Florião74---76 também descreve-
ram casos clinicamente compatíveis no Rio de Janeiro. Em
1992, foram descritos os primeiros casos de pacientes brasi-
leiros com manifestações articulares associadas à infecção
por B. burgdorferi.74
Patogenia
pacientes, essas lesões são assintomáticas. EM com diferen- fluorescência indireta (IFI), que, no entanto, apresentam
tes dos aspectos clínicos já foram descritos: erisipeloides, resultados falso-positivos, em vista da reação cruzada com
eritemato-edematosas, liquenoides.79 Os casos europeus de outras enfermidades, tais como colagenoses, leishmaniose
EM tendem a apresentar-se com pequeno número de lesões e sífilis. Assim, em áreas não endêmicas, para o diagnóstico
e sem tendência à disseminação cutânea.80 definitivo necessita-se de exame confirmatório que demons-
Além do EM, outra manifestação cutânea importante da tre a presença do agente.88
fase inicial da DL é o linfocitoma cutis, também denominado No exame histopatológico das lesões de EM podem-
linfadenose benigna cutis, que simula pseudolinfoma de lin- -se observar, na derme, proliferação e dilatação dos
fócitos B. Clinicamente, caracteriza-se por nódulo ou placa vasos sanguíneos associados a infiltrado inflamatório cen-
eritematosa, única, de um a cinco centímetros de diâmetro, tral constituído por macrófagos, mastócitos, neutrófilos,
localizado, geralmente, em face, pavilhão auricular, bolsa plasmócitos, linfócitos e raros eosinófilos. Vasculite predo-
escrotal ou aréola mamária. O linfocitoma está frequente- minantemente linfocítica pode ser evidenciada. Em lesões
mente associado à infecção pelas B. afzelli e B. garinii.81 Em mais antigas, pode ocorrer atrofia da epiderme e derme,
2007, foi publicado caso de linfocitoma cútis em associação além de diminuição do infiltrado inflamatório dérmico.89
com DL, no Brasil.82 A técnica de reação em cadeia da polimerase (PCR) tem
Nessa fase aguda, podem aparecer também sido usada para detectar sequências de ácido nucleico da
manifestações sistêmicas, tais como astenia, artralgia, Borrelia, apresenta alta especificidade. No entanto, a sen-
mialgia, rash cutâneo, adenopatia, esplenomegalia e sibilidade desse método diagnóstico é variável (20% a 81%).
sinais de irritação meníngea. As lesões iniciais da DL Cerar et al., em 2008, demonstraram que a nested-PCR, com
podem desaparecer sem tratamento e as manifestações o uso do gene flagelina, apresentava sensibilidade maior do
do segundo e terceiro estágios podem surgir meses ou que a PCR (64,6% vs. 24%). A positividade da PCR é maior
anos após a infecção inicial. Entre as principais alterações, quando são usados fragmentos de lesões cutâneas ou de
encontram-se comprometimentos articulares, cardíacos, membrana sinovial. É menos sensível quando feita a partir
neurológicos, oftalmológicos e cutâneos. Mais raramente, de blocos parafinados, sangue, líquido sinovial e líquor.90
alterações tardias podem ocorrer na vigência de lesões de A cultura, com o meio BSK (Barbour, Stroenery, Kelly) ou
EM.83 Entre as manifestações das fases tardias, cutâneas, variações dele, apresenta especificidade de 100%, mas sua
destaca-se a acrodermatite crônica, também denominada sensibilidade é relativamente baixa. Diante das dificulda-
acrodermatite crônica atrófica (ACA) ou doença de Pick- des de execução da técnica e da contaminação do material,
-Herxheimer, mais associada com infecção por B. afzelii, é os resultados são positivos em aproximadamente 45% dos
geralmente descrita na Europa. A ACA é mais comum em casos.91
adultos e pode manifestar-se de seis meses a oito anos após Eisendle et al., em 2007, por meio do exame de imuno-
a picada do carrapato. Clinicamente, começa com placa -histoquímica específica para a detecção de Borrelia sp.,
eritematosa, evolui com atrofia cutânea e vasos sanguíneos associado à técnica de microscopia de focagem flutuante
bem proeminentes, localiza-se, em particular, nos membros (FFM), obtiveram resultados superiores à nested-PCR na
inferiores. A face e o tronco também podem ser afetados.84 identificação de Borrelia (96% vs. 45,2%), com especifici-
dade similar (99,4% vs. 100%). A FFM consiste em examinar
Outras doenças dermatológicas associadas a lâmina em vários planos, simultaneamente horizontal e
vertical, aproxima-se e distancia-se a objetiva do micros-
à infecção por Borrelia
cópio, com aumentos de até 400 × , sob forte iluminação.
Segundo os autores, esses movimentos simultâneos facili-
A infecção pela B. burgdorferi tem sido associada a outras
tam a observação da Borrelia.92 Com essa mesma técnica,
doenças dermatológicas, tais como esclerodermia em placa,
em 2010, Talhari et al. demonstraram, pela primeira vez no
líquen escleroso, atrofodermia de Pasini-Pierini, linfoma de
Brasil, a presença de Borrelia em pacientes com EM proce-
células B cutâneo e granuloma anular.85 Em trabalho feito
dentes de Manaus, com o uso de imuno-histoquímica com
em Manaus, em 2009, pacientes com esclerodermia e atro-
anticorpo policlonal anti-Borrelia e observação pela técnica
fodermia de Pasini-Pierini foram analisados com a técnica de
de microscopia de focagem flutuante, originalmente deno-
imuno-histoquímica com anticorpo policlonal anti-B. burg-
minada Focus Floating Microscopy ? FFM.93
dorferi e a presença da espiroqueta foi confirmada em
amostras de ambas as doenças.86
Tratamento
Diagnóstico
O tratamento da doença é feito de acordo com o estágio
O diagnóstico da doença baseia-se nos aspectos epidemio- e a manifestação clínica apresentada. Em pacientes adultos
lógicos, clínicos e laboratoriais. O diagnóstico laboratorial com DL localizada, inclusive os casos de EM que não apresen-
fundamenta-se nas provas sorológicas (detecção de anticor- tam manifestações neurológicas específicas, o tratamento
pos específicos) e/ou no encontro do agente etiológico. Além recomendado é a doxiciclina (100 mg, 2 × por dia), amoxi-
da sorologia, são importantes os exames histopatológico e cilina (500 mg, 3 × por dia) ou cefuroxima axetil (500 mg,
imuno-histoquímico, cultura e, se disponível, PCR.87 2 × por dia) durante 14 dias. Para crianças e pacientes
A detecção de anticorpos IgM ou IgG anti-B. burgdor- com hipersensibilidade à doxiciclina, usa-se a amoxicilina
feri é comumente usada para o diagnóstico sorológico e na dose de 500 mg ou 50 mg/Kg de peso/dia, 3 × ao dia;
investigação epidemiológica. São mais usados os exames ou cefuroxima 500 mg ou 30 mg/kg/dia, 2 × ao dia, pelo
de ELISA (Enzime-Linked Immunosorbent Assay) e imuno- mesmo período. As manifestações articulares e os casos de
Oncocercose
Tratamento
Suporte financeiro
Nenhum.
Conflitos de interesse
Nenhum.
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Anais Brasileiros de
Dermatologia
www.anaisdedermatologia.org.br
INVESTIGAÇÃO
Departamento de Dermatologia, Ankara Numune Training and Research Hospital, Ankara, Turquia
Resumo
PALAVRAS-CHAVE Fundamentos: A pustulose palmoplantar é doença crônica e recorrente das palmas das mãos e
Dermatite; plantas dos pés, caracterizada por aglomerados dispersos de pústulas estéreis.
Dermatite de contato Objetivo: Determinar características demográficas da pustulose palmoplantar, suas comorbi-
alérgica; dades e sua relação com a psoríase. Foram incluídos no estudo 48 pacientes (M/F: 15/33).
Glândulas écrinas; Foi obtido um histórico detalhado sobre idade de início, duração da pustulose palmoplantar,
Psoríase número de recorrências, história pessoal e familiar de psoríase, artrite concomitante, sensibi-
lidade esternoclavicular, preenchimentos dentários, tabagismo e doença autoimune. Também
realizou-se um exame dermatológico completo. Os resultados dos testes de contato e as análises
laboratoriais para doença autoimune da tireoide foram registrados.
Resultados: Dos 48 pacientes, 35 (72,9%) eram tabagistas atuais; 20 (41,7%) apresentaram
restauração dentária. Não foi observada correlação significativa entre a duração da pustulose
palmoplantar e a duração do preenchimento dentário (p = 0,170). Psoríase não foi detec-
tada, tanto no histórico médico quanto no exame dermatológico. Comprometimento ungueal e
queixas articulares foram observados em sete (14%) e em nove dos 48 pacientes (18%), respecti-
vamente. Tireoidite autoimune foi observada em quatro pacientes (12%). Pacientes com testes
de contato positivos (12,5% dos pacientes, M/F: 1/5) não apresentaram associação considerável
para histórico de contato externo com esses materiais.
2666-2752/© 2019 Sociedade Brasileira de Dermatologia. Publicado por Elsevier España, S.L.U. Este é um artigo Open Access sob uma licença
CC BY (http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/).
Resultados
de recidivas (p = 0,01) e a duração da doença (p = 0,01) foram diferença significativa entre homens e mulheres quanto à
significativamente maiores nas mulheres. frequência de artrite associada. Sensibilidade ao toque da
articulação esternoclavicular foi relatada por quatro paci-
Tabagismo entes (8,3%, M/F: 1/3). Um desses pacientes tinha histórico
de espondilite anquilosante. Como nenhum desses pacientes
apresentou manifestações típicas, como dor, edema local ou
Dos 48 pacientes, 35 (72,9%) eram fumantes atuais e 13
calor10,11 , não foram feitas imagens para verificar alterações
(27,1%) eram não fumantes. Entre os não fumantes, 11 dos
radiográficas. Considerou-se que esses pacientes não tinham
13 nunca haviam fumado, enquanto dois dos 13 eram ex-
alteração da articulação esternoclavicular, inclusive hipe-
-fumantes. Os ex-fumantes não haviam fumado nos últimos
rostose.
dois a três anos e tinham hábitos tabagistas de 25 e 30
Cinco pacientes com queixas musculoesqueléticas no pre-
maços-ano, respectivamente. O valor médio de maços/ano
sente estudo já haviam sido avaliados por um reumatologista
foi de 20 ± 13,3 (3-60 maços/ano) no grupo de estudo.
quanto ao comprometimento articular. Dois foram diagnos-
Observou-se diferença estatisticamente significante entre
ticados com artrite reumatoide, dois tiveram diagnóstico de
homens e mulheres quanto ao tabagismo. O valor médio de
espondilite anquilosante e uma paciente estava em acom-
maços-ano foi significativamente maior nos homens do que
panhamento para artrite soronegativa com terapia com
nas mulheres (p = 0,044).
metotrexato. Outros quatro pacientes que não procuraram
atendimento médico para suas queixas musculoesqueléti-
Restauração dentária cas foram atendidos pelos departamentos de reumatologia,
ortopedia e medicina do esporte e reabilitação. Um paciente
Dos 48 pacientes, 20 (41,7%) apresentaram restauração que sofria de dor no joelho foi diagnosticado com menisco
dentária. Não foi observada diferença significativa entre discoide. Três pacientes apresentavam dor nas pequenas
homens e mulheres quanto à duração da restauração den- articulações das mãos, enquanto um apresentou dor apenas
tária. Além disso, não foi observada correlação significativa nas pequenas articulações da mão esquerda e recebeu final-
entre a duração da PPP e a duração da restauração dentária mente o diagnóstico de hérnia de disco cervical, por parte
(p = 0,170). Dos 11 pacientes que apresentaram obturações de um cirurgião ortopédico. Outros dois pacientes, avali-
dentárias, dois apresentaram positividade ao níquel no teste ados pelo departamento de reumatologia, não receberam
de contato. diagnóstico específico. Quanto à relação entre comprome-
timento articular e ungueal, sete pacientes apresentaram
Exposição profissional onicólise e três tiveram artralgia (um com diagnóstico de
espondilite anquilosante, um com diagnóstico de artropatia
Seis dos 48 pacientes relataram exposição ocupacional. As soronegativa e um com artralgia nas pequenas articulações
ocupações desses pacientes foram as seguintes; pessoal de das mãos com diagnóstico inespecífico).
limpeza (2), trabalhador da construção civil (2), trabalhador
de confecções (1) e cabeleireiro (1). O teste de contato foi Doenças autoimunes
positivo em todos os pacientes com histórico de exposição
ocupacional. A exposição ocupacional foi maior nos homens Tireoidite autoimune foi observada em quatro (12%) dos
do que nas mulheres; no entanto, os resultados não apre- 48 pacientes, todas do sexo feminino. Outras doenças
sentaram significância estatística (26% vs. 6%, p = 0,067). autoimunes foram observadas em seis (M/F: 1/5) dos 48
pacientes (12,5%). Quanto à frequência de doenças autoi-
Psoríase no histórico médico e ao exame munes, inclusive tireoidite autoimune, não se observou
dermatológico diferença estatisticamente significativa entre pacientes do
sexo masculino e feminino (p > 0,05).
Nenhum paciente apresentou psoríase, nem no histórico
médico nem ao exame dermatológico. Um histórico fami- Remissão espontânea
liar de psoríase ou dermatite palmoplantar foi relatado por
dois dos 48 pacientes (4,2%). Remissão espontânea foi observada em 19 pacientes (39,5%).
A frequência de remissão espontânea foi similar entre
Comprometimento ungueal homens e mulheres (40% vs. 39%, p > 0,05).
da PPP é a sensibilidade sistêmica ao contato devido à 2. Ammoury A, El Sayed F, Dhaybi R, Bazex J. Palmoplantar pus-
ausência de grandes estudos de casos com controle. Na pre- tulosis should not be considered as a variant of psoriasis. J Eur
sente série, dois pacientes apresentaram positividade ao Acad Dermatol Venereol. 2008;22:392---3.
níquel e restaurações dentárias; no entanto, a duração da 3. de Waal AC, van de Kerkhof PC. Pustulosis palmoplanta-
ris is a disease distinct from psoriasis. J Dermatolog Treat.
restauração dentária não era compatível com a duração da
2011;22:102---5.
PPP.
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palmoplantar pustulosis. J Eur Acad Dermatol Venereol.
Conclusão 2009;23:1227---32.
5. Murakami M, Ohtake T, Horibe Y, Ishida-Yamamoto A, Morhenn
VB, Gallo RL, et al. Acrosyringium is the main site of the
Alguns achados do presente estudo --- inclusive pre-
vesicle/pustule formation in palmoplantar pustulosis. J Invest
dominância feminina, alta prevalência de tabagismo e
Dermatol. 2010;130:2010---6.
comprometimento ungueal --- são compatíveis com a lite- 6. Murakami M, Kaneko T, Nakatsuji T, Kameda K, Okazaki H, Dai X,
ratura. Com base nas evidências crescentes e nos dados et al. Vesicular LL-37 contributes to inflammation of the lesional
apresentados aqui, a PPP parece ser uma entidade distinta skin of palmoplantar pustulosis. PLoS One. 2014;9:e110677.
da psoríase. É importante notar que os estudos disponíveis 7. Giménez-García R, Sánchez-Ramón S, Cuellar-Olmedo LA.
que descrevem clinicamente a PPP são limitados e contro- Palmoplantar pustulosis: a clinicoepidemiological study. The
versos. O presente estudo não encontrou correlação entre relationship between tobacco use and thyroid function. J Eur
PPP e psoríase. De acordo com esses resultados, o papel Acad Dermatol Venereol. 2003;17:276---9.
desencadeador da sensibilidade de contato na etiopatogê- 8. Hagforsen E, Awder M, Lefvert AK, Nordlind K, Michaëlsson G.
Palmoplantar pustulosis: an autoimmune disease precipitated
nese da PPP não é claro e o teste de contato pode não ser
by smoking? Acta Derm Venereol. 2002;82:341---6.
necessário em pacientes com PPP. Testes de rotina da função
9. Liu F, Zhang M, Lou Y, Liu H, Sang H. The spontaneous
tireoidiana poderiam ser analisados em pacientes diagnos- regression of palmoplantar pustulosis following removal of den-
ticados com PPP devido à alta prevalência de anormalidade tal amalgams: a report of two cases. Australas J Dermatol.
dessa função nesses pacientes. Além disso, sinais e sintomas 2016;57:e93---6.
osteomusculares devem ser avaliados em pacientes com PPP. 10. Dihlmann W, Dihlmann SW. Acquired hyperostosis syndrome:
Não está claro se a PPP típica está associada à artrite pso- spectrum of manifestations at the sternocostoclavicular
riásica ou a outras artropatias inflamatórias. Para esclarecer region. Radiologic evaluation of 34 cases. Clin Rheumatol.
esse tópico, os sintomas artríticos devem ser investigados 1991;10:250---63.
em grandes grupos de pacientes. 11. Chigira M, Shimizu T. Computed tomographic appearan-
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Suporte financeiro 12. Asumalahti K, Ameen M, Suomela S, Hagforsen E, Michaëlsson
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Contribuição dos autores C, Fuentes-Duculan J, et al. Based on molecular profiling of gene
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Anais Brasileiros de
Dermatologia
www.anaisdedermatologia.org.br
INVESTIGAÇÃO
Resumo
PALAVRAS-CHAVE Fundamentos: Apesar do ônus econômico da psoríase para os pacientes e a sociedade, existem
Argentina; poucas informações sobre o impacto e o ônus dessa doença na Argentina.
Custo da doença; Objetivo: Estimar o consumo de recursos médicos e os custos diretos de assistência médica
Psoríase para pacientes com psoríase moderada/grave em Buenos Aires, Argentina, pela perspectiva do
pagador.
Métodos: Adultos com psoríase moderada/grave (a gravidade foi definida como paciente em
tratamento sistêmico), de janeiro de 2010 a janeiro de 2014, com 18 anos ou mais, membros do
Programa de Assistência Médica Hospitalar Italiana (PAMHI) com pelo menos 18 meses de acom-
panhamento foram incluídos. Todos os dados de hospitalizações, prescrição de medicamentos,
visitas ambulatoriais, consultas e investigações/testes nos 12 meses anteriores à inclusão no
estudo foram considerados para a estimativa do consumo de recursos médicos e dos custos dire-
tos dos cuidados de saúde. Os custos do primeiro trimestre de 2018 foram coletados do PAMHI
e convertidos em dólares americanos (com a taxa de câmbio de janeiro de 2018).
Resultados: Foram incluídos 791 pacientes. A idade média ao diagnóstico foi de 34 ± 12 anos.
Quase 65% dos pacientes eram atendidos habitualmente por um dermatologista, 43% por inter-
nistas e 14% por reumatologistas. O custo médio anual direto por paciente foi de US$ 5.326 (IC
95%: 4.125---7.896) por paciente por ano.
of moderate/severe psoriasis in a private health organization of Buenos Aires, Argentina. An Bras Dermatol. 2020;95:20---4.
夽夽 Trabalho realizado no Departamento de Dermatologia do Hospital Italiano de Buenos Aires, Buenos Aires, Argentina.
∗ Autor para correspondência.
2666-2752/© 2019 Publicado por Elsevier España, S.L.U. em nome de Sociedade Brasileira de Dermatologia. Este é um artigo Open Access
sob uma licença CC BY (http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/).
Limitação do estudo: O design do estudo (único centro) e sua natureza retrospectiva são as
principais limitações.
Conclusão: Este é o primeiro estudo argentino que avaliou os custos da psoríase mode-
rada/grave e levou em consideração os custos médicos diretos da doença.
© 2019 Publicado por Elsevier España, S.L.U. em nome de Sociedade Brasileira de Dermatologia.
Este é um artigo Open Access sob uma licença CC BY (http://creativecommons.org/licenses/
by/4.0/).
Tabela 1 Custos unitários em dólares americanos Tabela 3 Tratamento recebido pelos pacientes incluídos
Tabela 4 Uso de recursos e custos médicos diretos anuais dos pacientes incluídos (n = 791)
n = 791
Marina Abed Dickson por sua contribuição no desenvolvi- 7. Yu AP, Tang J, Xie J, Wu EQ, Gupta SR, Bao Y, et al.
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Anais Brasileiros de
Dermatologia
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INVESTIGAÇÃO
a
Departamento de Dermatologia, Ankara Numune Training and Research Hospital, Ankara, Turquia
b
Departamento de Bioquímica Médica, Ufuk University Faculty of Medicine, Ankara, Turquia
Resumo
PALAVRAS-CHAVE
Fundamentos: O citocromo P450 (CYP) 2J2 é principalmente expresso em tecidos extra-
Nucleotideo único;
-hepáticos. Ele metaboliza o ácido araquidônico (AA) em ácidos epoxieicosatrienoicos (EETs),
Polimorfismo;
com vários efeitos cardioprotetores e anti-inflamatórios. O polimorfismo do CYP2J2 foi identifi-
Psoríase;
cado como um fator de risco para doenças cardiovasculares, mas sua associação com a psoríase
Suscetibilidade a
permanece desconhecida.
doenças
Objetivo: Avaliar se o polimorfismo do CYP2J2 é um fator de risco para psoríase em uma
população turca.
Métodos: O estudo incluiu 94 pacientes com psoríase e 100 controles saudáveis, pareados por
idade e sexo. Características demográficas e clínicas detalhadas foram registradas e os escores
do Índice de Área e Gravidade da Psoríase (PASI, do inglês Psoriasis Area and Severity Index)
foram calculados para pacientes com psoríase. Amostras de sangue venoso foram coletadas de
todos os participantes e o polimorfismo CYP2J2 50G > T (rs890293) foi analisado por reação em
cadeia da polimerase (PCR).
Resultados: As frequências do alelo T e do genótipo TT + GT aumentaram em pacientes com
psoríase vulgar (PsV) em comparação ao grupo controle (p = 0,024 e p = 0,029, respectivamente;
OR = 2,82; IC 95%: 1,11---7,15). Não foi identificada associação entre o polimorfismo do CYP2J2
e as características clínicas da psoríase.
2666-2752/© 2019 Sociedade Brasileira de Dermatologia. Publicado por Elsevier España, S.L.U. Este é um artigo Open Access sob uma licença
CC BY (http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/).
Tabela 1 Pares de primers de PCR, as sequências específicas de locus e as sequências adicionadas para a PCR índice
Primers
CYP2J2 -50 F TCGTCGGCAGCGTCAGATGTGTATAAGAGACAGCTCCTAGCCTGGCCTTTTCTGAGAC
CYP2J2 -50 R GTCTCGTGGGCTCGGAGATGTGTATAAGAGACAGCATGGCTCAGACGTCCTCCTGCTC
Sequências específicas de locus
CYP2J2 -50 F CTCCTAGCCTGGCCTTTTCTGAGAC
CYP2J2 -50 R CATGGCTCAGACGTCCTCCTGCTC
Sequências adicionadas para a PCR índice
seq (i5) + adaptador no TCGTCGGCAGCGTCAGATGTGTATAAGAGACAG
primer construído
seq (i7) + adaptador no GTCTCGTGGGCTCGGAGATGTGTATAAGAGACAG
primer construído
Inc.). As PCRs foram feitas em amostras de DNA isoladas O PASI médio dos pacientes com psoríase foi 4,51
com os primers projetados; as reações foram verificadas (DP = 3,86). A psoríase vulgar (PsV) foi o tipo mais comum,
usando eletroforese em gel de agarose a 2%. Uma segunda identificada em 76% de todos os pacientes com psoríase.
PCR para fins de indexação foi feita para adicionar sequên- A psoríase palmoplantar foi o segundo tipo mais comum
cias índice aos amplicons, para alcançar a multiplexação (11%), seguida pela gutata (6%), eritrodérmica (4%) e pus-
no sequenciamento de próximo gene. Para cada uma das tulosa (3%). O comprometimento de pelo menos uma das
amostras, foi usada uma combinação diferente de primers localizações especiais, como couro cabeludo, região flexu-
índice. As reações de indexação por PCR também foram ral ou região genital, foi observado em 74,5% dos pacientes
verificadas com eletroforese em gel de agarose a 2%. Volu- com psoríase. O couro cabeludo foi a localização especial
mes iguais de reações de PCR indexadas foram misturados mais frequentemente afetada. Artralgia foi identificada em
para obter um pool de PCR, que incluía todos os amplicons 47% dos pacientes com psoríase e 23% dos pacientes foram
de todas as amostras. O pool de PCR foi purificado com um diagnosticados com artrite psoriásica.
kit NucleoFast® 96 PCR (Macherey-Nagel GmbH). O pool Os tratamentos anteriores e atuais estão resumidos na
purificado foi quantificado com um espectrofotômetro de tabela 2. Os esteroides tópicos foram o tratamento anterior
microvolume e diluído de acordo com as recomendações e atual mais comum em pacientes com psoríase (99% e 90%,
da Illumina Inc. O sequenciamento de segunda geração das respectivamente). Entre os pacientes, 23,1% apresentavam
amostras foi feito com o sistema Miseq (Illumina Inc.). A pelo menos uma doença sistêmica ou comorbidade associ-
genotipagem das amostras foi finalizada quando os dados ada. Doenças cardiovasculares foram observadas em 11,7%
foram analisados no software IGV v. 2.3 (Broad Institute). dos pacientes, e outras doenças sistêmicas em 22,2% (tabela
2).
Análise estatística
Análise do polimorfismo do gene CYP2J2
O SPSS Statistics para Windows v. 21.0 (IBM Corp. --- Armonk,
NY, Estados Unidos) foi usado para análise estatística. As A frequência alélica e a distribuição do genótipo do gene
variáveis quantitativas foram analisadas com o teste qui- CYP2J2 em pacientes com psoríase e controles estão descri-
-quadrado ou o teste exato de Fisher, quando necessário; tas na tabela 3. O alelo T e o genótipo TT + GT no modelo
as variáveis qualitativas foram analisadas com o teste U dominante foram mais frequentes em pacientes com pso-
de Mann-Whitney. A correlação entre variáveis qualitati- ríase em comparação com os controles (frequência do alelo
vas foi avaliada pelo teste de correlação de Spearman. T 9,04% vs. 4,5% e frequência do genótipo TT + GT 17,02%
Valores-p < 0,05 foram considerados como diferenças esta- vs. 8%), mas essa diferença clínica não foi estatisticamente
tisticamente significativas em todas as análises. significativa (p = 0,063 e p = 0,062, respectivamente). Os
pacientes com psoríase foram divididos em dois subgrupos:
vulgar (PsV) e não vulgar (nVP). A análise de subgrupos mos-
Resultados trou que as frequências do alelo T e do genótipo TT + GT
eram maiores em pacientes com PsV em comparação com
Características dos pacientes e características o grupo controle (p = 0,024 e p = 0,029, respectivamente),
clínicas da psoríase indicou que o polimorfismo do CYP2J2 estava associado
a um aumento do risco de desenvolver PsV (OR = 2,82; IC
As características dos pacientes e os aspectos clínicos da 95%: 1,11-7,15; p = 0,029).
psoríase estão resumidos na tabela 1. Na distribuição por As características demográficas e as características da
sexo, 47% dos pacientes eram do sexo masculino e 53% do doença de pacientes com psoríase com genótipo GG (tipo
feminino. A idade média dos pacientes foi de 44,66 anos selvagem) e genótipo GT + TT (polimorfismo homozigoto ou
(DP = 12,6) e a idade média ao diagnóstico de psoríase foi heterozigoto) foram comparadas e resumidas na tabela 4.
de 33,21 anos (DP = 14,9). A idade dos pacientes e a idade Embora o grupo polimórfico apresentasse mais pacientes
ao diagnóstico foram semelhantes nos pacientes do sexo com PsV do que pacientes com PsnV (> 2 vezes), o resul-
masculino e feminino (p = 0,39 e 0,53, respectivamente). tado não foi estatisticamente significativo (p = 0,22). A idade
Tabela 2 Características dos pacientes e características para psoríase, presença de doenças associadas e modalida-
clínicas da psoríase des de tratamento foram semelhantes entre pacientes com
psoríase com e sem polimorfismo.
Característica n (%)
Idade (anos) 45 (36---54)a
Discussão
Sexo masculino 45 (47,9)
Tipo clínico
Psoríase vulgar 71 (75,5) Este estudo investigou o possível papel do polimorfismo do
Psoríase não vulgar 23 (24,5) CYP2J2 como fator de risco em pacientes com psoríase. Os
Idade ao diagnóstico de psoríase 31 (21---46)a resultados demonstram uma frequência significativamente
PASI 4,2 (1,85---6,9)a mais alta do alelo T em pacientes com PsV e um risco aumen-
tado de psoríase em pacientes com polimorfismo CYP2J2 no
Presença de comprometimento de localizações especiais modelo dominante. Tanto quanto é do conhecimento dos
Couro cabeludo 57 (60,6) autores, este é o primeiro estudo que investiga o papel do
Unha 31 (33) polimorfismo CYP2J2 na psoríase.
Região flexural 24 (25,5) O CYP2J2 50G > T é um dos polimorfismos funcionais
Região genital 21 (22,3) do CYP2J2 mais estudados. Spiecker et al. estudaram
Presença de artralgia 46 (48,9) o efeito do polimorfismo CYP2J2 50G > T e observaram
Presença de artrite 23 (24,5) uma diminuição na ligação do fator de transcrição Sp1
Histórico familiar positivo para psoríase 26 (7,7) ao DNA, uma redução na atividade do promotor e meno-
Tratamentos anteriores res concentrações plasmáticas de EET em pacientes com
Esteroides tópicos 93 (98,9) polimorfismo G-50T em comparação com participantes
Tratamentos sistêmicos 52 (55,3) com tipo selvagem.19 EETs derivados do CYP2J2 induzem
Fototerapia 3 (3,2) vasodilatação, inibem inflamação, apoptose e trombose
Agentes biológicos 2 (2,1) e apresentam efeitos cardioprotetores.20 Ao alterar suas
concentrações plasmáticas, o polimorfismo do CYP pode afe-
Tratamentos atuais tar o papel cardioprotetor dos EETs e desempenhar um papel
Esteroides tópicos 85 (90,4) na patogênese das doenças cardiovasculares.
Tratamentos sistêmicos 39 (41,5) O polimorfismo do CYP2J2 foi estudado principalmente
Fototerapia 12 (12,8) em doenças cardiovasculares, apresentou resultados con-
Agentes biológicos 21 (22,3) traditórios entre diferentes grupos étnicos. Estudos que
Doenças internas associadas e comorbidades investigaram o polimorfismo CYP2J2 em doenças coronari-
Doenças cardiovasculares 11 (11,7) anas revelaram um aumento do risco na população alemã,
Outras doenças sistêmicas 22 (22,2) diminuição do risco em negros e nenhuma associação em
brancos e na população sueca.18,19,21,22 Polonikov et al. evi-
a
Dados apresentados como mediana (IIQ). denciaram um risco aumentado de hipertensão em pacientes
PASI, Índice da Gravidade da Psoríase por Área. russos; no entanto, essa associação não foi confirmada em
negros ou brancos.23---25 Polonikov et al. também descre-
e o sexo dos pacientes, idade ao início da doença, PASI, veram uma relação sexo-específica entre o polimorfismo
presença de comprometimento de localizações especiais, do CYP2J2 e a hipertensão em pacientes russas do sexo
presença de artralgia e artrite, histórico familiar positivo feminino.26 Não foi identificada associação significativa
Tabela 3 Frequência alélica e distribuição de genótipos do gene CYP2J2 em pacientes com psoríase e controles
Tabela 4 Características demográficas e características da doença em pacientes com psoríase com genótipo GG e genótipo
GT + TT
CYP2J2 GG CYP2J2GT + TT p
Tipo de psoríase (PsV/PsnV) 57/21 14/2 0,22
Idade 44,6 (10,9) 46 (15,9) 0,90
Idade ao início 30 (13,7) 31 (16,1) 0,41
PASI 4,5 (4) 5,2 (2,8) 0,81
Sexo masculino/feminino 27/29 7/8 0,92
Presença de comprometimento de localizações especiais
Couro cabeludo 66,1 73,3 0,59
Unha 37,5 26,7 0,44
Região flexural 26,8 26,7 0,99
Região genital 25 13,3 0,34
Presença de artralgia 50 53,3 0,82
Presença de artrite 21,4 26,7 0,67
Histórico familiar positivo para psoríase 35,7 20 0,25
Doenças internas associadas e presença de comorbidades 26,8 20 0,59
entre o polimorfismo CYP2J2 e acidente vascular cere- com psoríase, embora o polimorfismo do CYP tenha sido
bral nas populações sueca e chinesa.18,27 Estudos recentes maior em pacientes com psoríase, os resultados não atin-
também demonstraram que o CYP2J2 aumentou os níveis cir- giram significância estatística. Na análise de subgrupos de
culantes de EET e angiogênese induzida e melhorou a função subtipos de psoríase, observou-se uma diferença estatistica-
cardíaca em ratos após infarto do miocárdio.28 As doenças mente significativa entre o polimorfismo CYP em pacientes
cardiovasculares são comorbidades frequentes e importan- com PsV e o grupo controle. O polimorfismo do CYP foi iden-
tes na psoríase. O presente estudo avaliou a associação tificado como um fator de risco para PsV, mas não para PsnV.
entre polimorfismo do CYP2J2 e comorbidades cardiovascu- A psoríase é um distúrbio dermatológico inflamatório, no
lares. Não foi observada uma associação significativa entre qual a suscetibilidade genética tem um efeito significativo
o polimorfismo do CYP2J2 e a frequência de comorbidade, na patogênese da doença. O histórico familiar de psoríase
sugeriu-se que o CYP2J2 pode aumentar o risco do surgi- difere entre os grupos étnicos; a prevalência de histórico
mento de PsV, mas não está associado a um risco aumentado familiar positivo é estimada em aproximadamente 30%.32,33
de comorbidades cardiovasculares em pacientes com pso- PSORS1 e PSORS2 são dois dos loci de suscetibilidade mais
ríase. conhecidos para a psoríase. O HLA-C*06:02 está localizado
Além de seus efeitos cardiovasculares, os EETs deri- no locus PSORS1 e o papel do HLA-C*06:02 na psoríase é bem
vados do CYP2J2 também modulam a inflamação.29 Node estabelecido. Estudos recentes confirmaram a importância
et al. estudaram o efeito dos EETs derivados do CYP2J2 na do HLA-C*06:02 na suscetibilidade genética da psoríase,
inflamação vascular. Seu estudo revelou que os EETs podem bem como seu impacto na resposta ao tratamento.34 Junta-
modular a resposta inflamatória pela inibição da expres- mente com o HLA-C*06:02, um grande estudo genético feito
são induzida por citocinas pró-inflamatórias (TNF-␣, IL-1␣ por Zhou et al. revelou vários novos locais de suscetibili-
e lipopolissacarídio bacteriano) das moléculas de adesão dade, como HLA-C*07:04, rs118179173, HLA-B aminoácido
endotelial vascular (VCAM-1, ICAM-1 e E-selectin) e diminuir 67, HLA-DPB1*05:01 e BTNL2 aminoácido 281.35 O membro
o número de leucócitos mononucleares móveis/aderentes.29 da família de recrutamento de caspase 14 (CARD14) está
Os EETs também apresentam efeitos anti-inflamatórios pela localizado no locus PSORS2 e ativa a via NF-B. O CARD14
inibição do fator nuclear kappaB (NF-B) e IB quinase, foi classificado como um gene de suscetibilidade à psoríase
ativação dos receptores ativados pelo proliferador de pero- e muitos estudos recentes se propuseram a demonstrar o
xissoma, aumento da expressão da eNOS e regulação da papel do CARD14 na patogênese da psoríase. As mutações de
homeostase do retículo endoplasmático.30 ganho de função do CARD14 ativam a via de transdução de
Embora o efeito anti-inflamatório dos EETs esteja bem sinal NF-B e foi demonstrado que a atividade aumentada
documentado, poucos estudos investigaram o polimorfismo do NF-B devido a mutações no CARD14 está ligada à pso-
do CYP2J2 em doenças inflamatórias. Wang et al. estuda- ríase pustulosa.36 Zhu et al. também investigaram variantes
ram o polimorfismo do CYP2J2 em pacientes com diabetes do CARD14 em pacientes com PsV. O estudo revelou cinco
mellitus. Embora não tenha sido observada diferença signi- mutações, mas as mutações também foram observadas no
ficativa entre pacientes diabéticos e um grupo controle, em grupo controle e não foi possível estabelecer uma clara
pacientes diabéticos o polimorfismo do CYP2J2 demonstrou relação mutação-doença.37 Tanaka et al. investigaram o
estar associado a menor idade de início.31 Os autores papel imunológico de CARD14 no modelo murino de psoríase
estudaram o polimorfismo CYP2J2 na psoríase, uma doença e demonstraram que a expressão do mRNA de IL-23 e a
dermatológica inflamatória crônica, e observaram um risco infiltração de células T produtoras de IL-17 diminuíram em
aumentado de psoríase em pacientes com polimorfismo camundongos com deficiência de CARD14.38 O estudo tam-
CYP2J2. Na análise agrupada, que incluiu todos os pacientes bém mostrou que as alterações inflamatórias psoriasiformes
da pele eram menores em camundongos com deficiência de Nuran Allı: Aprovação da versão final do manuscrito; revi-
CARD14, sugeriu o possível papel imunológico inflamatório são crítica do manuscrito.
da CARD14 na patogênese da psoríase.38 Além do PSORS1 Pınar İncel Uysal: Elaboração e redação do manuscrito;
e PSORS2, muitos loci de suscetibilidade à psoríase foram obtenção, análise e interpretação dos dados.
identificados com estudos de associação ampla do genoma Tuba Çandar: Participação efetiva na orientação da pes-
(genome-wide association studies [GWAS]). Tsoi et al. quisa; revisão crítica do manuscrito.
fizeram uma metanálise de GWAS e identificaram 16 novos
locais de suscetibilidade que regulam I-B quinase/via Conflitos de interesse
NF-B e citotoxicidade e que respondem a estímulos
externos e diferenciação de leucócitos.39 Além dessas Nenhum.
variações genéticas, também foram identificadas algumas
mutações e polimorfismos específicos do subtipo. Li et al.
demonstraram que o polimorfismo no gene antagonista do Referências
receptor de IL-36 (IL36RN) estava associado ao aumento do
risco de psoríase pustulosa.40 Twelves et al. investigaram as 1. Christophers E. Psoriasis --- epidemiology and clinical spectrum.
Clin Exp Dermatol. 2001;26:314---20.
frequências de mutação IL36RN entre diferentes subtipos
2. Springate DA, Parisi R, Kontopantelis E, Reeves D, Griffiths CE,
de psoríase pustulosa e observaram que as mutações IL36RN
Ashcroft DM. Incidence, prevalence and mortality of patients
eram mais frequentes entre pacientes com psoríase pustu- with psoriasis: a U.K. population-based cohort study. Br J Der-
losa generalizada.41 Estudos com diferentes antecedentes matol. 2017;176:650---8.
genéticos em diferentes subtipos de psoríase sugerem que 3. Jiaravuthisan MM, Sasseville D, Vender RB, Murphy F, Muhn CY.
a PsnV pode ser uma doença diferente, e não um subtipo de Psoriasis of the nail: anatomy, pathology, clinical presentation,
psoríase, o que é consistente com os presentes resultados. and a review of the literature on therapy. J Am Acad Dermatol.
No presente estudo, não foi observada associação entre 2007;57:1---27.
o polimorfismo CYP2J2 e as características clínicas da pso- 4. Henes JC, Ziupa E, Eisfelder M, Adamczyk A, Knaudt B, Jacobs
ríase. A maioria dos pacientes com psoríase incluídos no F, et al. High prevalence of psoriatic arthritis in dermatological
patients with psoriasis: a cross-sectional study. Rheumatol Int.
estudo estava em tratamento. Com o tratamento, as princi-
2014;34:227---34.
pais características clínicas, como PASI, comprometimento
5. Takeshita J, Grewal S, Langan SM, Mehta NN, Ogdie A, Van
das unhas, artralgia e artrite podem ser modificadas. Voorhees AS, et al. Psoriasis and comorbid diseases: Epidemio-
Uma das limitações deste estudo é que ele não verificou logy. J Am Acad Dermatol. 2017;76:377---90.
as concentrações de EET e sua associação com o polimor- 6. Griffiths CE, Barker JN. Pathogenesis and clinical features of
fismo do CYP2J2. O polimorfismo do CYP2J2 pode contribuir psoriasis. Lancet. 2007;370:263---71.
para o processo inflamatório e a patogênese da psoríase pela 7. Dowlatshahi EA, van der Voort EA, Arends LR, Nijsten T. Markers
alteração das concentrações de ETT; porém, mais estudos of systemic inflammation in psoriasis: a systematic review and
são necessários para compreender a relação entre psoríase meta-analysis. Br J Dermatol. 2013;169:266---82.
e polimorfismo do CYP-ETT. Outra limitação foi o número 8. Berka K, Hendrychová T, Anzenbacher P, Otyepka M. Mem-
brane position of ibuprofen agrees with suggested access path
restrito de pacientes com psoríase com comorbidades car-
entrance to cytochrome P450 2C9 active site. J Phys Chem A.
diovasculares. O presente estudo não demonstrou relação
2011;115:11248---55.
entre o polimorfismo do CYP e as comorbidades, mas isso 9. Guengerich FP. Cytochrome p450 and chemical toxicology. Chem
pode ser devido ao erro do tipo II (beta). Res Toxicol. 2008;21:70---83.
A base genética da psoríase é complexa e difere entre os 10. Guengerich FP. Cytochrome P450: what have we learned and
grupos étnicos e os subtipos de psoríase. O polimorfismo CPY what are the future issues? Drug Metab Rev. 2004;36:159---97.
--- como outros polimorfismos --- pode variar entre os grupos 11. Spector AA. Arachidonic acid cytochrome P450 epoxygenase
étnicos. Para generalizar os presentes resultados, são neces- pathway. J Lipid Res. 2009;50Suppl:S52---6.
sários estudos adicionais com diferentes grupos étnicos e 12. Chen W, Yang S, Ping W, Fu X, Xu Q, Wang J. CYP2J2 and
diferentes subtipos de psoríase. EETs protect against lung ischemia/reperfusion injury via anti-
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Suporte financeiro
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15. Yan H, Kong Y, He B, Huang M, Li J, Zheng J, et al. CYP2J2
Contribuição dos autores rs890293 polymorphism is associated with susceptibility to
Alzheimer’s disease in the Chinese Han population. Neurosci
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Yıldız Hayran: Análise estatística; aprovação da versão
16. Li Q, Zhao JH, Ma PJ, Su LL, Tao SB, Ji SB. Association of CYP2J2
final do manuscrito; concepção e planejamento do estudo;
gene polymorphisms with ischemic stroke. Int J Clin Exp Med.
elaboração e redação do manuscrito; obtenção, análise e 2015;8:8163---7.
interpretação dos dados; participação efetiva na orientação 17. Xu Y, Ding H, Peng J, Cui G, Liu L, Cianflone K, et al. Asso-
da pesquisa; participação intelectual em conduta propedêu- ciation between polymorphisms of CYP2J2 and EPHX2 genes
tica e/ou terapêutica de casos estudados; revisão crítica da and risk of coronary artery disease. Pharmacogenet Genomics.
literatura; revisão crítica do manuscrito. 2011;21:489---94.
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Anais Brasileiros de
Dermatologia
www.anaisdedermatologia.org.br
INVESTIGAÇÃO
a
Departamento de Dermatologia, Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil
b
Faculdade de Medicina do ABC, Santo André, SP, Brasil
Resumo
PALAVRAS-CHAVE Fundamentos: A arterite macular linfocítica apresenta-se mais comumente como máculas
Lipoproteina(a); hiperpigmentadas nos membros inferiores. A patogênese da doença ainda é incerta e há uma
Livedo reticular; discussão em curso se ela de fato representa uma nova vasculite cutânea ou se trata de uma
Pele; forma indolente de poliarterite nodosa cutânea.
Poliarterite nodosa; Objetivo: Descrever achados clínicos, histopatológicos e laboratoriais de pacientes que rece-
Trombose; beram o diagnóstico de arterite macular linfocítica.
Vasculite Métodos: Foi conduzida uma pesquisa retrospectiva, em que foram revistos os casos seguidos
na Clínica de Vasculites da Divisão de Dermatologia, Faculdade de Medicina, Universidade de
São Paulo, entre 2005 e 2017. Sete pacientes foram incluídos.
Resultados: Todos os pacientes eram do sexo feminino, entre 9-46 anos, e tinham máculas hiper-
pigmentadas principalmente nas pernas. Três pacientes relataram sintomas. As biópsias de pele
evidenciavam infiltrados predominantemente linfocíticos que acometiam arteríolas da junção
derme-subcutâneo, bem como um típico anel de fibrina luminal. Nenhum paciente desenvolveu
úlceras necróticas, dano neurológico ou manifestações sistêmicas. O seguimento variou de 18
a 151 meses, com duração média de 79 meses.
Limitações do estudo: Pequena amostra de pacientes e desenho retrospectivo e não contro-
lado.
2666-2752/© 2019 Sociedade Brasileira de Dermatologia. Publicado por Elsevier España, S.L.U. Este é um artigo Open Access sob uma licença
CC BY (http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/).
Conclusões: De nosso melhor conhecimento, esta série de casos apresenta a maior duração de
seguimento já relatada. Durante esse período, nenhum dos pacientes mostrou resolução das
lesões nem progressão para vasculite sistêmica. Similaridades entre os achados das biópsias de
pele dão apoio à hipótese de que a arterite macular linfocítica é uma forma benigna, incompleta
e menos agressiva de poliarterite nodosa cutânea.
© 2019 Sociedade Brasileira de Dermatologia. Publicado por Elsevier España, S.L.U. Este é um
artigo Open Access sob uma licença CC BY (http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/).
Resultados
Métodos
Todos os pacientes nesta série eram mulheres. Elas foram
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Faculdade classificadas de acordo com etnia/cor da pele. Seis eram
de Medicina, Universidade de São Paulo, e todos os partici- brancas e uma era negra. A idade variou de 9 a 46 anos,
pantes preencheram o termo de consentimento informado. com média ao diagnóstico de 26,71 (DP = 12,44). A duração
Foram incluídos sete pacientes diagnosticados com AML no da doença antes do diagnóstico variou de 6 a 96 meses,
Ambulatório de Vasculites da Divisão de Dermatologia entre com média de 34,42 (DP = 32,88). Hiperpigmentação reti-
fevereiro de 2005 e setembro de 2017. Os prontuários foram culada persistente foi encontrada em todas as pacientes,
revisados em busca de informações adicionais, como sexo, seguida por livedo racemoso (duas pacientes) e, em igual
etnia, idade no início da doença, sintomas associados e frequência, placas eritematosas e indurações subcutâneas
história médica prévia, inclusive eventos clínicos trombóti- sutis (uma paciente cada) (fig. 1). Não houve evidência de
cos. No momento do diagnóstico, duas biópsias de pele com ulceração, atrofia branca, nódulos ou púrpura palpável. As
profundidade suficiente para incluir o subcutâneo foram fei- pernas foram afetadas em todas as pacientes, enquanto os
tas em diferentes ocasiões para cada paciente, conforme braços e o tronco em uma paciente cada. As lesões se apre-
definido por protocolo institucional. Para este estudo, os sentaram simetricamente quando acometeram as pernas.
aspectos histológicos de cada caso foram revisados por dois Sintomas referidos no mesmo segmento corporal onde se
dermatopatologistas experientes. A propedêutica labora- encontravam as lesões cutâneas foram encontrados em três
torial consistiu de: hemograma completo, funções renal pacientes. Uma delas (paciente 6) queixou-se de parestesia
e hepática, velocidade de hemossedimentação, proteína e dor; por essa razão, uma eletroneuromiografia foi feita,
Figura 1 Apresentação clínica da arterite macular linfocítica nos membros inferiores. A, Múltiplas máculas lineares e por vezes
circulares, veias varicosas e uma cicatriz de biópsia na panturrilha direita; B, Máculas redondas e bem definidas distribuídas nos
membros; C, Máculas hipercrômicas bem definidas, algumas das quais levemente infiltradas à palpação e uma cicatriz de biópsia
na panturrilha esquerda; D, Máculas eritematosas em padrão reticulado associadas a livedo racemoso.
mas não apresentou alterações, enquanto uma ultrassono- apresentava também títulos positivos de FR 41,7 UI/mL
grafia do sistema venoso dos membros inferiores revelou (VR < 20 UI/mL) (paciente 1); A Lp(a) encontrava-se ele-
insuficiência venosa crônica devido a um refluxo primário vada em três pacientes 107, 75 e 50 mg/dL (VR < 30 mg/dL)
da safena magna na perna esquerda. Estudos de ultrasso- (pacientes 2, 4 e 6, respectivamente). O exame histoló-
nografia com Doppler da aorta abdominal, artérias ilíacas gico das biópsias de pele revelou achados similares em
e renais das pacientes 4, 5 e 6 resultaram normais, assim todos os espécimes: epiderme sem alterações dignas de
como uma ultrassonografia do sistema venoso dos membros nota; infiltrado linfocítico ao redor de pequenas artérias
inferiores da paciente 5. Nenhuma das pacientes tinha his- na derme reticular profunda e subcutâneo superficial e um
tória de trombose arterial ou venosa. Uma das pacientes anel hialinizado de fibrina na luz dos vasos em todos os sete
era ex-tabagista, diagnosticada e tratada para tuberculose casos, além de oclusão do lúmen vascular por trombo de
pulmonar quatro anos antes da admissão. Esfregaço para fibrina em duas pacientes (fig. 2). A composição muscular
baciloscopia do escarro e tomografia computadorizada do dos vasos de médio calibre foi mais bem visualizada com
tórax não mostraram sinais de doença ativa. Duas pacientes a coloração de resorcina-fucsina, que revelou uma lâmina
foram diagnosticadas com migrânea e foram acompanhadas elástica interna focalmente descontínua e interrompida em
pela equipe de neurologia do hospital. Dados demográficos, uma paciente. Neutrófilos não estavam presentes. Imuno-
achados histopatológicos, tratamento e duração do segui- fluorescência direta foi feita em três pacientes e apenas em
mento estão representados na tabela 1. uma revelou depósitos de C3 na parede de vasos dérmicos.
A avaliação laboratorial mostrou poucas alterações, Estudo de imuno-histoquímica com anticorpos anti-BCG foi
como baixa atividade de proteína S 28% (VR 55%-160%) conduzido em três pacientes e estava normal.
(paciente 3); FAN de 1:80 com padrão nuclear pontilhado O tratamento medicamentoso usado isolado ou em
fino e nível de fibrinogênio ligeiramente elevado 406 mg/dL combinação incluiu ácido acetilsalicílico em todas as sete
(VR 150-400 mg/dL) (paciente 5). Duas pacientes apresen- pacientes, além de pentoxifilina e hidroxicloroquina em
taram títulos significativamente positivos de anticorpos aCL uma paciente. O seguimento variou de 18-151 meses, com
IgM em testes repetidos (pacientes 1 e 3), uma das quais duração média de 79 meses. Durante esse período, nenhuma
Tabela 1 Dados epidemiológicos e características clínicas de sete pacientes diagnosticados com arterite macular linfocítica
Caso Sexo/ Etnia/cor História médica Morfologia Duração da Localização Sintomas Tratamento Seguimento
n◦ idade ao da pele prévia doença locais (meses)
início antes do
(anos) diagnóstico
(meses)
1 F/23 Branca Migrânea Máculas hiper- 96 MMII Artralgia AAS, HCQ 92
pigmentadas
2 F/25 Branca Máculas hiper- 60 MMII+T Nenhum AAS, HCQ 62
pigmentadas,
placas
eritematosas
3 F/9 Branca Migrânea Máculas hiper- 18 MMII Nenhum AAS 149
pigmentadas,
livedo racemoso
4 F/29 Branca Máculas hiper- 6 MMII+MMSS Nenhum AAS, PTX, 41
pigmentadas HCQ
5 F/17 Branca Máculas hiper- 12 MMII Dor AAS, PTX, 16
pigmentadas, HCQ
indurações
subcutâneas
sutis
6 F/46 Negra Ex-tabagista, Máculas hiper- 13 MMII Dor, AAS, PTX 41
tuberculose pigmentadas parestesia
pulmonar
7 F/38 Branca Máculas hiper- 36 MMII Nenhum AAS, PTX 146
pigmentadas,
livedo racemoso
AAS, ácido acetilsalicílico; F, feminino; HCQ, hidroxicloroquina; MMII, membros inferiores; MMSS, membros superiores; PTX, pentoxifilina;
T, tronco.
Figura 2 Exame histológico de biópsia de lesões compatíveis com arterite macular linfocítica nas pernas. A, Uma artéria cutânea
de pequeno calibre na derme profunda circundada e infiltrada por linfócitos (Hematoxilina & eosina, 200×); B, Estreitamento da luz
do vaso por espessamento subintimal (Hematoxilina & eosina, 100×); C, Presença de inflamação densa que envolve as paredes de
uma arteríola no subcutâneo superficial (Hematoxilina & eosina, 200×); D, Vaso hipodérmico com trombo organizado (Hematoxilina
& eosina, 200x).
A B
Figura 3 Achados histológicos típicos da arterite macular linfocítica. A, Artéria dermo-hipodérmica circundada por infiltrado
linfocítico denso que permeia sua parede; B, Maior ampliação da vista do vaso anterior; C, Um anel hialino concêntrico é mostrado
(Hematoxilina & eosina, 400×).
paciente mostrou resolução das lesões, nem progrediu para Houve relatos isolados de casos associando AML à
vasculite sistêmica. infecção por vírus do HIV ou hepatite B, artrite reumatoide
e lúpus eritematoso discoide e a medicações como minoci-
clina e tabaco.6,12,15---18 Várias alterações laboratoriais têm
Discussão sido descritas, mas pela primeira vez descrevemos níveis
elevados de Lp(a) em três pacientes diagnosticados com
AML. A Lp(a) está envolvida na modulação da agregação
Os resultados do presente estudo estão de acordo com a
plaquetária, no recrutamento de células inflamatórias e
literatura revisada. A principal apresentação clínica da AML
na indução do remodelamento vascular.19 De modo similar,
ocorreu sob a forma de máculas hiperpigmentadas crônicas e
nosso grupo de estudos descobriu níveis elevados de Lp(a)
persistentes, embora outros achados dermatológicos, como
em pacientes com vasculopatia livedoide, uma vasculopatia
livedo racemoso, placas eritematosas e indurações subcu-
trombo-oclusiva de vasos dérmicos que usualmente se apre-
tâneas sutis, tenham sido detectados. Houve predileção
senta com púrpuras reticuladas recorrentes nas pernas e nos
pelas extremidades inferiores. No entanto, a frequência
pés, as quais, por sua vez, levam a lesões ulceradas e cica-
de sintomas reportados foi maior nesta série do que em
trizes estelares atróficas e de cor marfim, conhecidas como
relatos prévios. As características clínicas dos pacientes
atrofia branca.20
com AML já publicados na literatura, bem como seus acha-
Duas pacientes nesta série tinham história de migrâ-
dos laboratoriais, estão resumidos no material suplementar
nea com aura. Em casos semelhantes, é essencial excluir
(Apêndice A).
Tabela 2 Aspectos clínicos e histológicos da arterite macular linfocítica e poliarterite nodosa cutânea
a síndrome de Sneddon, uma vasculopatia trombótica não associado à doença.25,26 Apesar de uma de nossas pacien-
inflamatória caracterizada pela associação de livedo, que tes apresentar antecedente de uso de tabaco, desfavorece
acomete tronco e/ou glúteos, e eventos isquêmicos cere- esse diagnóstico a ausência de mudanças na coloração da
brovasculares, já que metade desses pacientes apresenta pele e na temperatura dos membros acometidos, ulcerações
tal padrão de cefaleia.21 Ambas apresentavam duas biópsias isquêmicas e gangrena.
de pele cada em diferentes ocasiões e seguimento supe- Enquanto isso, lesões agudas de PAN-C, a variante da
rior a cinco anos. Uma delas apresentou também títulos poliarterite nodosa limitada à pele, exibem vasculite necro-
positivos de anticorpos aCL de classe IgM em testes repe- tizante fibrinoide de artérias de pequeno e médio calibre
tidos com pelo menos 12 semanas de intervalo. Embora não localizadas na junção derme-subcutâneo com um infiltrado
tivesse história de trombocitopenia, eventos trombóticos predominantemente composto de células polimorfonuclea-
no passado ou manifestações obstétricas, procuramos des- res. Clinicamente, PAN-C se apresenta com maior frequência
cartar síndrome antifosfolípide. Classicamente, os achados como nódulos subcutâneos dolorosos e úlceras nos membros
histológicos nessa síndrome são de trombose sem evidência inferiores, geralmente em associação com livedo racemoso.
significativa de inflamação na parede vascular.22 Sintomas extracutâneos, como neuropatia periférica, mial-
Achados histológicos típicos foram vistos em todas as gia e artralgia, são limitados à mesma área em que estão
biópsias de pele feitas neste grupo (fig. 3), inclusive estu- situadas as lesões cutâneas.27---29 Características relevantes
dos de imunofluorescência direta negativos para depósitos de ambas AML e PAN-C estão apresentadas na tabela 2.
de IgM, IgG e IgA na membrana basal e em torno dos Diversos tratamentos para AML têm sido relatados com
vasos. Como relatado previamente e de maneira contrá- resultados variáveis. Esteroides tópicos já foram tentados
ria à descrição original, em alguns casos a coloração para sem melhoria clínica.15,24,30 Além disso, não houve resposta
tecidos elásticos revelou uma disrupção na lâmina elástica a baixas doses de aspirina, clopidogrel e varfarina. De fato,
interna.15,23,24 Um dos diagnósticos diferenciais histológicos em dois casos as lesões progrediram mesmo durante o uso
da AML é a doença de Buerger (tromboangeíte obliterante), da medicação. Até 80% de melhoria no aspecto das lesões
uma doença inflamatória segmentar não aterosclerótica que foi demostrado durante o uso de dapsona 100 mg/dia e
frequentemente afeta artérias de pequeno e médio calibre, resolução total após o uso de prednisona em baixas doses,
veias e nervos nas extremidades superiores e inferiores. His- metotrexato, bem como de colchicina, embora a duração do
tória atual ou prévia de tabagismo é imprescindível para seguimento relatada nesse último caso tenha sido de apenas
o diagnóstico, uma vez que se trata do principal agente oito meses.30---32 Os autores escolheram ácido acetilsalicílico
20. Criado PR, Espinell DPS, Barreto P, Di Giacomo TH, Sotto MN. 27. Nakamura T, Kanazawa N, Ikeda T, Yamamoto Y, Nakabayashi
Lipoprotein(a) and livedoid vasculopathy: A new thrombophilic K, Ozaki S, et al. Cutaneous polyarteritis nodosa: revisi-
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Anais Brasileiros de
Dermatologia
www.anaisdedermatologia.org.br
INVESTIGAÇÃO
a
Departamento de Dermatologia e Venereologia, Faculty of Medicine, Bahçeşehir University, Istambul, Turquia
b
Departamento de Dermatologia e Venereologia, Sisli Hamidiye Etfal Training and Research Hospital, Health Sciences University,
Istambul, Turquia
Resumo
PALAVRAS-CHAVE Fundamentos: A psoríase é uma doença dermatológica inflamatória crônica, mediada imunolo-
Linfócito; gicamente, associada a comorbidades cardiovasculares.
Lipoproteína C de Objetivo: Avaliar a proteína C-reativa (PCR), a razão monócitos/lipoproteínas de alta den-
alta densidade; sidade (RMLAD), a razão neutrófilos/linfócitos (RNL), a razão plaquetas/linfócitos (RPL) e a
Monócito; razão monócitos/linfócitos (RML) como marcadores inflamatórios em pacientes com psoríase e
Plaquetas; procurar uma relação entre esses parâmetros e a gravidade da psoríase, conforme definido pelo
Psoríase Índice de Área e Gravidade da Psoríase (PASI, do inglês Psoriasis Area and Severit Index).
Métodos: O estudo retrospectivo incluiu 94 pacientes com psoríase e 118 controles saudáveis,
pareados por idade e sexo. Os valores de PCR, RMLAD, RNL, RPL e RML dos dois grupos foram
avaliados retrospectivamente.
Resultados: Diferenças estatisticamente significativas foram observadas quanto a PCR, RMLAD,
RNL e RML entre os grupos de pacientes e controles (p = 0,001, p = 0,003, p = 0,038 e p = 0,007,
respectivamente). Foram observadas correlações positivas entre o escore PASI e os valores
de PCR, RMLAD, RNL, RPL e RML (r = 0,381, p = 0,001; r = 0,203, p = 0,045; r = 0,268, p = 0,009;
r = 0,374, p = 0,001; r = 0,294, p = 0,004; respectivamente).
Limitações do estudo: O pequeno tamanho da amostra e o desenho retrospectivo do estudo são
limitações.
2666-2752/© 2019 Sociedade Brasileira de Dermatologia. Publicado por Elsevier España, S.L.U. Este é um artigo Open Access sob uma licença
CC BY (http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/).
Conclusão: Níveis elevados de PCR, RMLAD, RNL e RML foram significativamente associados à
psoríase. A correlação positiva observada entre a PCR e a RMLAD leva à sugestão de que a
RMLAD possa ser um parâmetro confiável na psoríase durante o acompanhamento. A relação
entre a doença e os parâmetros inflamatórios pode levar à detecção precoce de morbidades
cardiovasculares em pacientes com psoríase.
© 2019 Sociedade Brasileira de Dermatologia. Publicado por Elsevier España, S.L.U. Este é um
artigo Open Access sob uma licença CC BY (http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/).
Tabela 1 Características demográficas e valores dos parâmetros inflamatórios dos pacientes e controles
PCR, proteína C reativa; RMLAD, razão monócitos/lipoproteínas de alta densidade; RNL, razão neutrófilos/linfócitos; RPL, razão plaque-
tas/linfócitos; RML, razão monócitos/linfócitos.
Também foi demonstrado que as plaquetas desempenham Posteriormente, os macrófagos diferenciados dos monócitos
um papel nas reações inflamatórias imunológicas.14 ingerem LDL-C oxidado, causam assim o surgimento das célu-
Recentemente, estudos observaram uma associação las espumosas iniciais.22 No entanto, as moléculas de HDL-C
entre psoríase e indicadores de DCV subclínica, como removem resíduos de colesterol dos macrófagos. Pelas
maior espessura da íntima-média da artéria carótida, maior interações com monócitos, as moléculas de HDL-C apresen-
calcificação da artéria coronária, maior rigidez arterial e tam efeitos anti-inflamatórios e antioxidantes.23 Portanto,
disfunção endotelial.15 Além disso, foi sugerido que a melho- foi sugerido que o aumento dos monócitos e a diminuição
ria na gravidade da psoríase está relacionada a reduções do HDL-C estão relacionados à inflamação. Recentemente,
na inflamação vascular.16 Aterosclerose, o processo pato- demonstrou-se que a RMLAD é um marcador inflamatório e
lógico subjacente às doenças cardiovasculares, e psoríase um novo fator preditivo e prognóstico para DCV.4,21 Kanbay
compartilham características patogênicas comuns, inclusive et al.24 demonstraram que a RMLAD mais alta está associ-
processos imunológicos locais e sistêmicos, perfis inflamató- ada a um mau prognóstico cardiovascular na doença renal
rios de citocinas/quimiocinas e marcadores inflamatórios.2 e a RMLAD foi relatada como preditora de fibrilação atrial
As principais causas relatadas de morbimortalidade de paci- após ablação por cateter em outro estudo.6 Açıkgöz et al.23
entes com psoríase foram eventos cardiovasculares,15 o que relataram que a RMLAD está associada à disfunção endo-
torna ainda mais importante encontrar uma ferramenta telial na doença de Behçet (DB) e sugeriram que essa razão
apropriada para avaliar o risco cardiovascular em pacientes pode ser usada como marcador de inflamação, bem como um
com psoríase. preditor precoce de comprometimento vascular em pacien-
A PCR, uma proteína de fase aguda, é produzida sob tes com DB. Alguns estudos relataram valores mais altos de
a influência de citocinas como IL-6 e TNF-␣. Foi relatado HDL-C em pacientes com psoríase.25 No entanto, nenhum
que a concentração elevada de PCR está relacionada ao estudo até o momento investigou a RMLAD em pacientes
aumento do risco de DCV.17 Em vários estudos, um nível com psoríase. O presente estudo observou uma maior RMLAD
mais alto de PCR foi demonstrado na psoríase, como uma em pacientes com psoríase em comparação com os contro-
condição inflamatória.3 Coimbra et al.18 evidenciaram uma les; uma correlação positiva foi observada entre a RMLAD e
correlação positiva entre PCR e PASI e sugeriram que níveis o escore PASI. Além disso, a correlação positiva observada
elevados de PCR podem ser um preditor de futuras DCV. entre a PCR e a RMLAD leva à sugestão de que a RMLAD possa
Outros estudos não observaram uma correlação significativa ser um marcador de inflamação sistêmica na psoríase.
entre PCR e PASI.19 No presente estudo, os níveis de PCR RNL, RPL e RML foram identificados como indicadores de
também foram mais altos em pacientes com psoríase e inflamação sistêmica e mau prognóstico em várias doenças,
associaram-se ao escore PASI. como câncer, DCV e doenças inflamatórias autoimunes.5---7
Pacientes com psoríase podem apresentar fatores de Essas proporções são mais estáveis do que o hemograma e
risco para DCV, inclusive diminuição dos níveis de HDL-C, são menos afetadas por condições que alteram esse exame.6
que podem estar relacionados à gravidade da psoríase.20 Foi Anteriormente, RNL, RPL e RML foram estudados em
demonstrado que o HDL-C suprime os efeitos pró-oxidantes diabetes mellitus, síndrome coronariana aguda, colite
e pró-inflamatórios dos monócitos. O HDL-C também inibe ulcerativa, doença renal terminal, tuberculose, artrite reu-
a proliferação e diferenciação de células progenitoras de matoide, cirrose, inflamação sistêmica, febre familiar do
monócitos, resulta em uma redução na atividade desses.21 Mediterrâneo e em alguns tipos de câncer para determinar
Os monócitos desempenham um papel importante na pro- prognósticos.7,26---28
gressão da aterosclerose por meio da interação com o Alguns estudos avaliaram RNL e RPL em pacientes com
endotélio ativado, o que resulta na superexpressão de psoríase, apresentaram resultados variados. A literatura
citocinas inflamatórias, inclusive o ligante quimiotático da relata níveis de RNL previamente aumentados em pacientes
proteína 1 dos monócitos, a molécula de adesão celu- com psoríase9---12 e alguns relatos mostraram uma correlação
lar vascular 1 e a molécula de adesão intercelular 1. positiva entre PASI e RNL,9,10 o que é consistente com os
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Austria.
Anais Brasileiros de
Dermatologia
www.anaisdedermatologia.org.br
INVESTIGAÇÃO
a
Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista, Botucatu, SP, Brasil
b
Departamento de Dermatologia e Radioterapia, Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista, Botucatu,
SP, Brasil
c
Programa de Pós-Graduação em Patologia, Departamento de Dermatologia e Radioterapia, Faculdade de Medicina de Botucatu,
Universidade Estadual Paulista, Botucatu, SP, Brasil
d
Departamento de Patologia, Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista, Botucatu, SP, Brasil
Resumo
PALAVRAS-CHAVE
Fundamentos: Culturas organoides são cultivos primários que mantêm características arqui-
Fotobiologia; teturais, relações entre as células e matriz extracelular. São opções para investigação
Melanose; fisiopatológica ou terapêutica, comparados aos ensaios animais e in vitro.
Organoides Objetivo: Desenvolvimento de modelo de cultura organoide cutânea, com vistas ao estudo da
melanogênese induzida por radiações.
Método: Estudo de validação, que envolveu biópsias da pele retroauricular de adultos. Uma
amostra foi irradiada com diferentes doses de UVB, UVA ou luz visível e a outra, mantida ao
abrigo da luz por 72 horas. A viabilidade dos tecidos foi avaliada a partir de parâmetros mor-
fológicos e arquiteturais da histologia e a expressão do gene GAPDH, por PCR em tempo real.
A pigmentação melânica induzida pelas radiações foi padronizada em função das doses de cada
radiação e avaliada por análise de imagem digital (Fontana-Masson).
Resultados: Padronizou-se a cultura primária de pele em temperatura ambiente, com meio
DMEM. As doses de UVB, UVA e LV (luz azul) que induziram melanogênese diferencial foram:
melanogenesis induced by UVB, UVA and visible light. An Bras Dermatol. 2020;95:46---51.
夽夽 Trabalho realizado no Departamento de Dermatologia, Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista, Botucatu,
SP, Brasil.
∗ Autor para correspondência.
2666-2752/© 2019 Sociedade Brasileira de Dermatologia. Publicado por Elsevier España, S.L.U. Este é um artigo Open Access sob uma licença
CC BY (http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/).
166 mJ/cm2 , 1,524 J/cm2 e 40 J/cm2 . A expressão do gene constitucional GAPHD não diferiu
entre a amostra de pele processada imediatamente após a coleta do tecido e a amostra cultivada
por 72 horas no protocolo padronizado.
Limitações do estudo: Estudo preliminar que avaliou apenas a viabilidade e integridade do
sistema melanogênico e o efeito das radiações isoladamente.
Conclusões: O modelo padronizado manteve viável a função melanocítica por 72 horas sob
temperatura ambiente, tornou possível a investigação da melanogênese induzida por diferentes
radiações.
© 2019 Sociedade Brasileira de Dermatologia. Publicado por Elsevier España, S.L.U. Este é um
artigo Open Access sob uma licença CC BY (http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/).
Os fragmentos foram irradiados com doses crescentes a 1,5 L do conjunto de primers. A amplificação foi feita
de UVA, UVB e LV a partir de fontes artificiais de UVB em um equipamento ABI7300 (Applied Biosystems, Carlsbad,
(230 W/cm2 ; fonte FS72T12/UVB/HO), UVA (1270 W/cm2 ; CA, USA) com parâmetros padronizados pelo fabricante. Os
fonte Phillips TL 100 W/10R) e luz LED (110 mW/cm2 dados foram processados pelo SDS Software System 7300 e
na faixa azul-violeta; fonte GBRLUX 200W), com distân- os resultados expressos como ciclo limiar (Ct) para determi-
cia padronizada de 10 cm. As radiações foram iniciadas nar a expressão do cDNA do GAPHD a partir do número de
como 166 mJ/cm2 , 1,270 J/cm2 e 40 J/cm2 e acrescidos ciclos necessários para atingir o limite de detecção do sinal
20% de radiação cada amostra consecutiva, até identificar fluorescente, que foi predefinido entre 0,2 e 0,3.
pigmentação diferencial. Foi determinada a absorbância da A pigmentação melânica induzida pelas radiações foi
parede dos frascos plásticos para cada radiação. Um volume padronizada em função das doses de cada radiação em
de 10 mL do meio de cultura foi estabelecido para garantir função do aumento de mais de 10% da pigmentação da
a submersão do fragmento. camada basal, avaliada por análise de imagem digital das
A viabilidade dos tecidos foi avaliada a partir de parâ- lâminas coradas pelo Fontana-Masson.25 A padronização foi
metros morfológicos e arquiteturais da histologia (H&E) concluída quando esses critérios fossem atingidos e repro-
e a expressão quantitativa do gene constitucional GAPDH duzidos.
(glyceraldehyde-3-phosphate dehydrogenase) nas peles
recém-coletadas, versus as cultivadas em 72 horas, por PCR
em tempo real. O gene GAPHD codifica uma proteína ele- Resultados
mentar para a execução de funções celulares básicas (p.ex.,
metabolismo energético), usada comumente como controle Padronizou-se a cultura primária de pele em temperatura
positivo em reações de PCR em tempo real, e representa a ambiente com meio DMEM. As doses de UVB, UVA e LV que
manutenção das funções metabólicas basais da célula. induziram melanogênese diferencial foram: 166 mJ/cm2 ,
A quantificação do PCR em tempo real foi feita a partir da 1,524 J/cm2 e 40 J/cm2 (componente luz azul-violeta). A
amplificação do gene-alvo GAPDH por primer e sonda valida- absorbância dos frascos plásticos foi de cerca de 50% para
dos TaqMan. Alíquotas do cDNA (3 L) extraído das amostras todas as radiações.
cutâneas foram submetidas à reação do PCR com o sistema A melanogênese da camada basal pôde ser percebida
TaqMan. Cada reação usou 15 L do TaqMan Gene Expres- pela coloração de Fontana-Masson após 72 horas de cultura
sion Master mix (Life Technologies, Carlsbad, CA, USA) e 1,0 (figs. 1-3).
A B
50 µm 50 µm
Figura 1 Corte histológico de cultura organoide (72 horas) de pele retroauricular (Fontana-Masson, 400×). A, Cultura não irradi-
ada; B, cultura irradiada com 166 mJ/cm2 de UVB.
A B
50 µm 50 µm
Figura 2 Corte histológico de cultura organoide (72 horas) de pele retroauricular (Fontana-Masson, 400×). A, Cultura não irradi-
ada; B, cultura irradiada com 1,524 J/cm2 de UVA.
A B
50 µm 50 µm
Figura 3 Corte histológico de cultura organoide (72 horas) de pele retroauricular (Fontana-Masson, 400×). A, Cultura não irradi-
ada; B, cultura irradiada com 40 J/cm2 de luz visível (azul-violeta 400-500 nm).
Delta Rn vs cycle
1.0e+002
1.0e+001
1.0e+000
Delta Rn
1.0e-001
1.0e-002
1.0e-003
1.0e-004
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40
Número de ciclo
Figura 4 Expressão gênica de culturas organoides (72 horas) de pele retroauricular. Curvas obtidas a partir de amostras ampli-
ficadas por PCR em tempo real para o gene endógeno GAPDH, cujos números de ciclo de amplificação dos limiares (Ct) foram
calculados.
No protocolo validado não foram observados destaca- Culturas organoides cutâneas que usam meios ar-líquido
mentos epidérmicos, picnose ou necrose de queratinócitos. são mais empregadas no estudo da queratinização, enquanto
Uma das culturas apresentou contaminação após 72 horas e culturas em suspensão (como a usada neste estudo) permi-
foi descartada, total de nove pacientes para a padronização. tem melhor perfusão e viabilidade.12
A expressão do gene constitucional GAPHD foi equiva- Fragmentos de menor dimensão (p.ex., 2 mm2 ) tendem
lente entre a amostra de pele processada imediatamente a apresentar maior viabilidade e preservação arquitetural,
após a coleta do tecido e a amostra cultivada por 72 horas devido à embebição mais homogênea pelo meio de cultura e
no protocolo padronizado (fig. 4). distribuição de oxigênio ao tecido.19,26 Em nosso estudo, os
fragmentos de 3 mm foram seccionados ao meio, com ade-
Discussão quada preservação da função. Um dos fragmentos que foi
inadvertidamente cultivado sem a secção longitudinal apre-
sentou evidente picnose nuclear no centro da peça (caso não
O presente estudo valida uma opção reprodutível de baixo
incluído no estudo, dados não mostrados).
custo para cultura organoide da pele para o estudo da
Modernos meios de conservação e transporte de tecidos
melanogênese. O modelo padronizado manteve viável a
fornecem subsídio para a formação de bancos de pele e
função melanocítica por 72 horas sob temperatura ambi-
também ao desenvolvimento de culturas organoides para
ente, permite a investigação da melanogênese induzida por
a padronização de experimentos.28---31 O emprego de soro
diferentes radiações. Abundância tecidual da pele, fácil
bovino aumenta o potencial de viabilidade das culturas,
acessibilidade à coleta de material, manutenção arquite-
porém compromete a arquitetura do tecido em função do
tural e funcional incentivam o uso de culturas cutâneas
tempo.12 O cultivo em temperatura corporal (37 ◦ C) também
organoides na pesquisa dermatológica.6,15,18,25,26
aumenta a viabilidade do tecido, assim como sua taxa meta-
Culturas de melanócitos são usadas para estudo de ini-
bólica, potencializa a exploração de fenômenos oxidativos
bidores da melanogênese. Entretanto, em monoculturas,
e mitogênicos como os envolvidos na carcinogênese.
melanócitos irradiados sintetizam mais feomelanina do que
Culturas organoides são mantidas fora da interação com
eumelanina, que depende da interação com queratinócitos.
o organismo, sem estímulos térmicos, neurológicos, hormo-
A investigação de fenômenos ligados à eumelanogênese é
nais, imunitários e sofrem hipóxia, o que penitencia suas
favorecida, portanto, por modelos organoides que mante-
propriedades teciduais em função do tempo.12,32 Os desafios
nham a influência de diferentes grupos celulares.24,27
e estímulos aos fragmentos devem ser impostos precoce- não mostrados). Isso pode ser relevante porque estudos
mente a fim de preservar as respostas de maneira mais clássicos de pigmentação, como o de Mahmoud et al.,
verossímil. empregaram fontes de LV que emitiam 0,19% de UVA e
A melanogênese da camada basal oriunda do estímulo 1,5% de infravermelho; assim como fontes de UVA1, que
precoce pôde ser percebida de maneira evidente no modelo apresentavam 0,12% de UVA2 e 0,0001% de UVB.34 O efeito
proposto. A análise digital da melanogênese basal aumenta da heterogeneidade das radiações nos grupos dificulta sua
a sensibilidade da percepção do fenômeno. Curvas de comparação com resultados de fontes homogêneas.
dose-resposta para cada tipo de radiação (isoladas ou em
combinação) devem ser exploradas posteriormente, assim Conclusão
como a resposta melanogênica no melasma.
Uma limitação adicional ao uso de fragmentos de pele Foi padronizado um modelo de cultura organoide para
total para estudos genômicos acontece pela heterogenei- avaliação da melanogênese induzida por UVB, UVA e LV.
dade das células presentes na amostra e o aumento da
expressão de um gene não pode ser atribuído a um único tipo Suporte financeiro
celular. Para isso, culturas primárias de células, single-cell,
ou técnicas de microdissecção a laser podem ser usadas.33
Fundo de Apoio à Dermatologia de São Paulo (Funader-SP).
Culturas organoides cutâneas são mais disponíveis e
de menor custo que culturas 3D, apresentam maior
complexidade arquitetural, contemplam a totalidade de
Contribuição dos autores
células residentes (p.ex., endotélio, nervos, mastócitos)
e matriz extracelular, podem representar mais adequa- Thainá Oliveira Felicio Olivatti: Aprovação da versão final do
damente diferenças topográficas, permitem de maneira manuscrito; concepção, análise e interpretação dos dados;
semelhante manipulação genética e metabólica, assim como participação intelectual em conduta propedêutica e/ou
o isolamento celular, e podem ser oriundas primariamente terapêutica de casos estudados.
da dermatose, com possibilidade de comparação com a pele Giovana Piteri Alcantara: Aprovação da versão final
normal do mesmo indivíduo. Por outro lado, apresentam do manuscrito; concepção e planejamento do estudo;
cinética menos previsível e não podem ser constituídas a concepção, análise e interpretação dos dados; participação
partir de engenharia genética (p.ex., CRISPR, knock-out efetiva na orientação da pesquisa; revisão crítica da litera-
genes). Ambas as formas de cultura têm limitação experi- tura.
mental em função do tempo e não mantêm o microbioma Ana Cláudia Cavalcante Espósito Lemos: Aprovação da
cutâneo.12 Essas características devem ser ponderadas na versão final do manuscrito; concepção e planejamento do
escolha de modelos experimentais, que devem ser adequa- estudo; composição do manuscrito; participação efetiva na
damente padronizados e validados para cada intervenção. orientação da pesquisa; participação intelectual em conduta
A irradiação da luz solar, ao meio dia, no interior do propedêutica e/ou terapêutica de casos estudados; revisão
Brasil (latitude: 22◦ 53’09‘‘S; longitude: 48◦ 26’42’’W; alti- crítica da literatura; revisão crítica do manuscrito.
tude: 804 m; dia 09-dez-2018), foi de 0,5 mW/cm2 (UVB), Márcia Guimarães da Silva: Composição do manuscrito;
1,7 mW/cm2 (UVA) e 0,2 W/cm2 (luz azul-violeta). Isso leva concepção, análise e interpretação dos dados; participação
à hipótese de que menos de 15 minutos de exposição solar efetiva na orientação da pesquisa.
desprotegida potencialmente induziriam a pigmentação da Hélio Amante Miot: Aprovação da versão final do manus-
camada basal, guardadas as limitações da comparação com crito; concepção e planejamento do estudo; composição do
as radiações independentes, enquanto o efeito das radiações manuscrito; concepção, análise e interpretação dos dados;
combinadas, ou com diferentes regimes de fotoproteção, participação efetiva na orientação da pesquisa; participação
podem apresentar comportamentos diferentes. intelectual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de
Estudos experimentais in vivo resultaram em pigmen- casos estudados; revisão crítica da literatura; revisão crítica
tação cutânea efetiva a partir de 40 J/cm2 em indivíduos do manuscrito.
melanodérmicos (Fitzpatrick IV e V), mas não em fototipos
claros. Já a pigmentação por UVA1 (340-400 nm) pôde Conflitos de interesse
ser percebida a partir de 5 J/cm2 em participantes com
fototipos mais escuros.34 Nenhum.
Radiações solares representam um continuum de
frequências eletromagnéticas que interagem com os tecidos
Referências
biológicos e promovem estímulos diversos.35 Por razões de
sistematização, os efeitos biológicos das radiações são estu-
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Anais Brasileiros de
Dermatologia
www.anaisdedermatologia.org.br
INVESTIGAÇÃO
a
Departamento de Dermatologia, Smt. NHL Municipal Medical College, Hospital V. S., Ahmedabad, Gujarat, Índia
b
Twachha Skin Clinic, Ahmedabad, Gujarat, Índia
Resumo
PALAVRAS-CHAVE Fundamentos e objetivos: A hanseníase continua a ser uma das principais causas de neuropatia
Estatísticas sobre periférica e incapacidades no mundo inteiro. O objetivo principal do estudo foi determinar
sequelas e a incidência de deformidades presentes no momento do diagnóstico e o surgimento de novas
incapacidades; deformidades ao longo do período de acompanhamento.
Estigma social; Material e métodos: Um estudo de coorte aberto e retrospectivo foi feito em um centro médico
Hanseníase terciário no oeste da Índia. A fase de recrutamento do estudo foi de dois anos (2009-2010),
seguida de uma fase de observação/acompanhamento de sete anos, encerrada em 31 de dezem-
bro de 2017. Foram incluídos no estudo novos pacientes com hanseníase e deformidade definida
pelo grau de incapacidade da OMS (1998), que já haviam concluído o tratamento e que desen-
volveram novas deformidades durante o período de acompanhamento de até sete anos.
Resultados: O estudo incluiu 200 pacientes com hanseníase. De 254 deformidades, 168 (66,14%)
foram observadas no momento do diagnóstico e 20 (7,87%) surgiram durante a fase de acom-
panhamento. De todos os pacientes, 21,25% apresentaram deformidade de grau 1 e 6,31%
apresentaram deformidade de grau 2 ou mais grave. As deformidades da mão foram as mais
comuns (44,48%), seguidas pelas dos pés (39,76%) e da face (15,74%), respectivamente.
Limitação do estudo: O modo de inclusão dos pacientes foi autorreferido durante a fase de
acompanhamento. Portanto, é possível que as incapacidades tenham sido sub-relatadas.
Conclusão: Novas deformidades continuam a se desenvolver em certas formas de hanseníase,
mesmo após o fim do tratamento. É necessário acompanhamento regular de longo prazo dos
pacientes após o fim do tratamento.
© 2019 Sociedade Brasileira de Dermatologia. Publicado por Elsevier España, S.L.U. Este é um
artigo Open Access sob uma licença CC BY (http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/).
Entre as doenças transmissíveis, a hanseníase continua a ser Os pacientes que apresentavam incapacidades e defor-
uma das principais causas de neuropatia periférica e incapa- midades de acordo com a definição da OMS foram
cidades no mundo inteiro, apesar dos extensos esforços para incluídos no estudo. A fase de recrutamento do estudo
reduzir o número de casos da doença. A ampla implantação foi de dois anos (2009-2010), seguida da fase de
da poliquimioterapia (PQT) tem sido bem-sucedida em curar observação/acompanhamento de sete anos, encerrada em
e reduzir a prevalência da hanseníase no mundo inteiro, 31 de dezembro de 2017. Pacientes que subsequentemente
inclusive na Índia.1 Em 1◦ de abril de 2017, a prevalência desenvolveram novas deformidades durante o período de
de hanseníase na Índia foi de 0,66/10.000. A prevalência acompanhamento de até sete anos foram incluídos no
global de hanseníase foi de 192.713 casos (0,25/10.000 habi- estudo. Durante a fase de acompanhamento, os pacientes
tantes) no fim de 2017, um aumento de 20.765 casos em que completaram o tratamento anti-hanseníase durante a
relação aos valores de 2016.2 Nos últimos anos, sob o pro- fase de recrutamento continuaram a ser acompanhados por
grama de controle da hanseníase, foi dada maior atenção à sete anos. Nenhum outro paciente foi adicionado à coorte do
prevenção das incapacidades. O foco atual das autoridades estudo. Para inclusão, considerou-se a incapacidade autor-
sanitárias e dos governos no mundo inteiro está no combate referida pelos pacientes, seguida de avaliação clínica da
ao estigma da hanseníase. Um dos principais fatores respon- deformidade. No presente estudo, o desfecho analisado
sáveis pela estigmatização dos pacientes com hanseníase são foi incapacidade física expressa por diferentes indicadores,
as deformidades visíveis. como número de casos novos detectados e a ocorrên-
Incapacidade é um termo amplo que abrange qualquer cia de deformidades de grau 1 e grau 2. A avaliação da
comprometimento, limitação de atividade ou restrição de presença e gravidade da deformidade foi feita no momento
participação que afete um indivíduo. Na hanseníase, a inca- da apresentação para diagnóstico e tratamento da hanse-
pacidade física é definida pela Organização Mundial da níase e durante as visitas de acompanhamento.
Saúde (OMS) em três graus:3 grau 0 - ausência de incapaci-
dade (sem anestesia) e nenhum dano visível ou deformidade Critérios de exclusão
nos olhos, mãos e pés; grau 1 - perda de sensibilidade
protetora nos olhos, mãos ou pés, mas nenhum dano ou Pacientes com deformidades traumáticas devido a aciden-
deformidade visível; e grau 2 - presença de deformida- tes de trânsito foram excluídos do estudo. O estudo foi
des ou danos visíveis aos olhos (lagoftalmia e/ou ectrópio, feito como parte de um protocolo de tese submetido à uni-
triquíase, opacidade da córnea, acuidade visual menor do versidade. Foi obtido consentimento para uso de registros
que 0,1 ou dificuldade de contar os dedos a 6 metros), danos médicos e fotografias clínicas de todos os pacientes.
visíveis nas mãos ou pés (mão com ulcerações e/ou trauma,
reabsorção, mão em garra, mão caída, úlceras; pés com
lesões tróficas e/ou traumáticas, reabsorção, pé em garra,
Resultados
pé caído, úlceras, contratura do tornozelo).4
A avaliação da incapacidade é uma medida muito rele- Dos 200 pacientes incluídos no estudo, 134 (67%) eram
vante no controle da hanseníase. No entanto, no sistema de do sexo masculino e 66 (33%) do feminino. A hanseníase
saúde indiano, apenas o grau 2 (OMS) é registrado, enquanto lepromatosa foi o tipo mais comum no presente estudo,
a avaliação do grau 1 é negligenciada, embora seja mais observada em 61 pacientes (30,5%), seguida pela tuber-
importante em termos de prevenção de incapacidades. Por- culoide em 54 (27%), lepromatosa dimorfa em 42 (21%),
tanto, o diagnóstico oportuno da incapacidade de grau 1 é tuberculoide dimorfa em 29 (14,5%), neural pura em seis
urgentemente necessário para limitar e abrandar as inca- (3%), dimorfa/intermediária em um (0,5%) e indeterminada
pacidades. A busca por fatores associados definitivamente em um (0,5%). A proporção de casos multibacilares (MB) foi
ajudará a reduzir o sofrimento de muitos pacientes com han- de 67% em comparação com 33% de casos paucibacilares
seníase. Com esse objetivo, o presente estudo transversal (PB).
foi feito. O comprometimento nervoso foi avaliado no momento
de inclusão no protocolo e em cada visita subsequente. A
avaliação da função dos nervos foi feita por exame sensorial
com monofilamentos de Semmes Weinstein (SW), palpação
dos nervos e avaliação da função motora pelo sistema de
Material e métodos
classificação do Medical Research Council (MRC). O compro-
metimento da função nervosa é a principal razão para o
Este foi um estudo de coorte aberto e retrospectivo, feito desenvolvimento da incapacidade; portanto, é importante
em um centro médico terciário no oeste da Índia. saber a extensão, o tipo e o local do comprometimento. O
nervo ulnar no membro superior foi o nervo mais comumente
comprometido em 83,5% dos pacientes, com comprometi-
mento simétrico em 121 (60,5%) e assimétrico em 46 (23%),
População do estudo seguido pelo nervo tibial anterior em 152 (76%), nervo poplí-
teo lateral em 106 (53%), grande nervo auricular em 34 (17%)
Pacientes com hanseníase que apresentavam incapacidades e nervo supraclavicular em sete (3,5%) (tabela 1).
e deformidades no momento do diagnóstico e aqueles que as Na avaliação da incapacidade pelo sistema de
desenvolveram durante os sete anos de acompanhamento. classificação da OMS, 152 (76%) pacientes não
alvos da Estratégia Global para a Hanseníase é a eliminação No presente estudo, 21,25% das deformidades foram
de novos casos de crianças com deformidade de grau 2. Esse observadas em pacientes após o fim do tratamento e, por-
indicador foi relatado por 120 países, dos quais 88 relataram tanto, detectadas durante o período de acompanhamento;
zero caso e 27 relataram entre um e dez casos. Cinco paí- esse achado se deve principalmente a danos contínuos
ses relataram mais casos: Etiópia, Moçambique, República nos nervos, mesmo após o término da PQT. Existe uma
Democrática do Congo, Indonésia e Brasil.2 necessidade urgente de indicadores clínicos e sorológicos
No presente estudo, observou-se uma maior proporção indicativos de lesões nos nervos e para determinar o propó-
de casos de MB (67%) em comparação com os casos de PB sito final da terapêutica. Danos aos nervos estão associados
(33%). Nos últimos anos, essa tendência crescente da razão à incapacidade secundária.16,17 A duração da PQT é conside-
MB/PB foi observada na Índia10 e em outros países. As razões rada o único critério para a cura da doença, admite-se que 12
para esse aumento podem ser as recentes campanhas agres- meses de tratamento serão suficientes para induzir uma cura
sivas de busca de casos em países com grande número de bacteriológica.18 No entanto, o dano neurológico que causa
casos de hanseníase.11 A maior proporção de hanseníase MB as deficiências e deformidades também é observado após
é, por si só, um fator de risco para o desenvolvimento de a conclusão do tratamento. O comprometimento piorou em
incapacidades, conforme sugerido nos estudos de Schreuder 21,25% de todos os pacientes nos 10 anos após o fim do trata-
(PB?11%, MB?33%),6 De Oliveira et al.(PB?12%, MB?37%)12 e mento. Um estudo semelhante feito por Sales et al. indicou
Richardus (PB?9,8%, MB?37,6%).13 que, no fim do período de acompanhamento, 40% dos paci-
Entretanto, as incapacidades físicas ainda permanecem entes apresentaram pioria da incapacidade física após o fim
frequentes tanto no diagnóstico quanto após o tratamento. do tratamento.19 Esse agravamento estava associado ao grau
Outras considerações são necessárias para evitar incapa- de incapacidade, ao número de lesões cutâneas no momento
cidades e intervir na evolução das deficiências existentes. do diagnóstico e à presença de neurite. Assim, a pioria do
No presente estudo, 66,14% das deformidades estavam pre- comprometimento da hanseníase após tratamento especí-
sentes no momento do diagnóstico. A alta proporção de fico está principalmente relacionada ao diagnóstico tardio,
deformidades em casos novos reflete o atraso no diagnóstico à extensão e gravidade da doença e à presença de neurite. As
e pode ser vista como uma medida da ineficácia do programa incapacidades causadas pela hanseníase são mais suscetíveis
de saúde pública, uma vez que a detecção precoce da hanse- de ser diagnosticadas erroneamente e podem apresentar-se
níase por meio de várias informações e atividades educativas a diferentes especialistas, como cirurgiões plásticos, reuma-
pode antecipar a intervenção terapêutica e assim preve- tologistas e cirurgiões vasculares; geralmente o diagnóstico
nir deformidades. O diagnóstico e tratamento precoces da correto demora a ser feito e possibilita o desenvolvimento
doença e em especial das reações continua a ser o prin- de complicações desse reconhecimento tardio.20
cipal meio de prevenção do surgimento de incapacidades Na presente análise, a incapacidade secundária foi mais
físicas.14 Hanseníase MB e comprometimento no momento prevalente em casos com dois ou mais troncos nervosos
do diagnóstico foram os principais fatores de risco para acometidos. Durante a avaliação clínica no diagnóstico da
pioria neurológica após o tratamento/PQT. O diagnóstico hanseníase, os nervos devem ser palpados, porque o número
precoce e o tratamento imediato de episódios reacionais de troncos afetados pode ser usado como um indicador das
continuam a ser os principais meios de prevenção de defici- incapacidades atuais e futuras. Essa avaliação clínica, no
ências físicas. entanto, requer profissionais de saúde qualificados e famili-
No presente estudo, a úlcera trófica de mão ou pé obser- arizados com os sinais clínicos da hanseníase.
vada em 29,34% foi a forma morfológica/anatômica mais
comum de deformidade. Esse achado e a incidência de Conclusão
outras deformidades foram semelhantes aos observados no
estudo de Nayak et al.,15 que relataram a úlcera trófica Em certas formas de hanseníase, novas deformidades conti-
(21,73%) como a deformidade mais comum, seguida por nuam a se desenvolver apesar do tratamento. A deformidade
mão em garra, pé caído, madarose, dedos em garra, lagof- desempenha um papel importante no estigma associado à
talmia, deformidade do lobo da orelha, paralisia facial e, hanseníase. É necessário acompanhamento regular em longo
finalmente, deformidade do nariz. prazo de pacientes liberados do tratamento. O tratamento
Na hanseníase, olhos, mãos e pés são as áreas de da hanseníase não termina com a conclusão da PQT. A
comprometimento mais frequentes, mesmo em estágios avaliação do grau de incapacidade física é uma prática reco-
avançados. Olhos, mãos e pés são fundamentais para a mendada pelo Ministério da Saúde da Índia que deve ser feita
mobilidade e outras atividades vitais da vida diária. No em todos os pacientes diagnosticados.21 Do ponto de vista
presente estudo, 44,48% (n = 113) das deformidades aco- clínico, a avaliação permite determinar o impacto da doença
meteram as mãos e 39,76% (n = 101), os pés. Esses na vida do paciente, monitorar a evolução do tratamento e
achados enfatizam a importância da avaliação de rotina estabelecer estratégias de prevenção, reabilitação e auto-
do comprometimento da função nervosa de todos os novos cuidado. Do ponto de vista epidemiológico, ela permite
pacientes com hanseníase, para identificar aqueles com monitorar a extensão das endemias, a prevalência oculta
deficiência de grau 1. Após o diagnóstico, o fornecimento e a manutenção da cadeia de transmissão, reflete também
de orientações adequadas para o autocuidado, como a a qualidade dos serviços de saúde.22
importância de não se andar descalço, inspeção diária
de mãos/pés em busca de bolhas, manchas vermelhas,
óleo-hidroterapia, fisioterapia, cuidados oculares, mudança Suporte financeiro
de ocupação, dentre outras, previne o surgimento de
deformidade visível. Nenhum.
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leprosy strategy 2016 2020.pdf. Page 7.
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Dermatologia
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INVESTIGAÇÃO
Departamento de Dermatologia, Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil
Resumo
PALAVRAS-CHAVE Fundamentos: A sarcoidose é uma doença multissistêmica de causa desconhecida, carac-
Brasil; terizada pela presença de inflamação granulomatosa não infecciosa em diversos órgãos. O
Doença envolvimento cutâneo é comum, com incidência relatada entre 9% e 37% dos pacientes. Estudos
granulomatosa sobre sarcoidose cutânea no Brasil são escassos.
crônica; Objetivos: Descrever aspectos clínico-epidemiológicos dos pacientes com sarcoidose cutânea
Epidemiologia; diagnosticada no Departamento de Dermatologia da Universidade de São Paulo, de maio de
Manifestações 1994 a março de 2018.
cutâneas; Métodos: Os aspectos clínicos de pacientes com sarcoidose cutânea confirmada foram revisados
Sarcoidose retrospectivamente e classificados de acordo com gênero, etnia, idade ao diagnóstico, tipo de
manifestação cutânea, envolvimento sistêmico e tratamento efetuado.
Resultados: A sarcoidose cutânea foi diagnosticada em 72 pacientes, predominou no sexo femi-
nino (74%), idade média ao diagnóstico de 49,6 anos, com maioria de etnia branca (61%). Pápulas
e placas foram as lesões mais comuns. Doença sistêmica foi detectada em 81% dos pacientes,
afetando principalmente pulmões e linfonodos torácicos (97%). Tipicamente, as lesões cutâneas
foram a primeira manifestação (74%). Terapia sistêmica foi necessária em 72%, com seguimento
clínico feito por dermatologistas em grande parte dos casos. Os glicocorticoides orais foram os
medicamentos sistêmicos mais usados (92%), com média de 1,98 medicamento sistêmico por
paciente.
Limitações do estudo: Dados insuficientes nos prontuários médicos.
2666-2752/© 2019 Sociedade Brasileira de Dermatologia. Publicado por Elsevier España, S.L.U. Este é um artigo Open Access sob uma licença
CC BY (http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/).
Tabela 1 Características clínicas de 72 pacientes com sar- Comprometimento sistêmico específico foi detectado
coidose cutânea em 58 pacientes (81%) e as lesões cutâneas foram a pri-
meira manifestação em 43 (74%) desses (tabela 2). O
Características N◦ de pacientes Porcentagem (%) diagnóstico de sarcoidose extracutânea ocorreu antes da
Sexo doença cutânea em 15 casos (26%). Sarcoidose pulmonar
Masculino 19 26 foi a manifestação sistêmica mais frequente, acometeu
Feminino 53 74 56 pacientes (97% dos pacientes com comprometimento
sistêmico). De acordo com o RSPS,1 25 pacientes apresenta-
Etnia vam sarcoidose pulmonar estágio I (linfadenopatia isolada),
Branca 44 61 21 estágio II (infiltração pulmonar com linfadenopatia),
Negra 28 39 dois estágio III (infiltração pulmonar sem linfadenopatia)
Idade, anos e oito estágio IV (fibrose pulmonar). Outros órgãos comu-
Média 49,6 mente envolvidos foram os rins em oito pacientes (14%),
Faixa etária 28-69 linfonodos extratorácicos em oito (14%) e olhos em sete
(12%). Dos pacientes com doença renal, cinco apresentavam
Lesões específicas
apenas hipercalciúria assintomática e três apresentavam
Placas 32 44
nefrolitíase. As manifestações oculares mais comuns foram
Pápulas 30 42
uveíte e hipertrofia da glândula lacrimal em cinco e dois
Subcutânea 11 15
pacientes, respectivamente. Dois pacientes (3%) apresen-
Lúpus pérnio 8 11
taram sarcoidose cardíaca. A doença afetou o fígado, o
Angiolupoide 4 6
baço, o pâncreas, o trato gastrintestinal, o trato respiratório
Hipopigmentada 2 3
superior, os músculos, os ossos e as articulações, sepa-
Associada à tatuagem 2 3
radamente, em casos isolados. A sarcoidose permaneceu
Cicatrizes 1 1
confinada à pele, durante o seguimento, em 14 pacientes
Psoriasiforme 1 1
(19%).
Liquenoide 1 1
Cinquenta e dois pacientes (72%) necessitaram de terapia
≥ 2 tipos 20 28
sistêmica e 12 (17%) receberam apenas terapia local (tabela
Localizações especiais 3). Três pacientes perderam o acompanhamento clínico
Unha 3 4 após o diagnóstico, um teve remissão espontânea e quatro
Cavidade oral 2 3 ainda não haviam iniciado o tratamento quando do levan-
Alopecia cicatricial 2 3 tamento. Dos pacientes que foram tratados apenas com
Genital 1 1 terapia local, uso tópico de corticosteroides foi feito em 10,
corticosteroide intralesional em cinco e inibidor tópico de
Distribuição
calcineurina (tacrolimo) em três. Em metade desses casos,
Cabeça e pescoço 50 69
uma associação de terapias locais foi necessária. Os corti-
Face 44 61
costeroides por via oral constituíram a medicação sistêmica
Somente Face 16 22
mais usada em 48 pacientes (92%), seguido por antimalá-
Nariz 21 29
ricos em 28 (54%), metotrexato em 18 (35%), azatioprina
Membros superiores 38 53
em quatro (8%) e leflunomida em dois (4%), antibióticos da
Membros inferiores 26 36
classe das tetraciclinas em dois (4%), talidomida em um (2%)
Tronco 25 35
e infliximabe em um (2%). Dezessete pacientes (33%) rece-
≥ 2 localizações 40 56
beram corticosteroides orais como monoterapia. O número
médio de medicamentos sistêmicos usados em cada paci-
ente durante o período de acompanhamento foi de 1,98. A
nódulos subcutâneos em 11 (15%), lúpus pérnio em oito terapia sistêmica foi direcionada para lesões cutâneas e,
(11%), angiolupoide em quatro (6%), lesões hipopigmen- portanto, gerenciada exclusivamente pelo dermatologista
tadas em dois (3%), lesões psoriasiformes em um (1%) e em 24 pacientes (46%).
lesões liquenoides em um (1%). Cicatriz e sarcoidose asso-
ciada à tatuagem foram observadas em um (1%) e dois (3%)
pacientes, respectivamente (fig. 1). Vinte pacientes (28%) Discussão
apresentavam mais de um tipo de lesão dermatológica.
Oito pacientes tiveram lesões em outras localizações, como Embora a prevalência de sarcoidose no Brasil ainda não
unhas (três), cavidade bucal (dois), couro cabeludo (alope- tenha sido estabelecida, estima-se que seja menor do que
cia cicatricial específica) (dois) e genitália (um). Cabeça e 10 casos/100.000 habitantes.14 Dermatologistas brasileiros
pescoço foram os locais mais acometidos, com lesões em 50 mais antigos alegavam que a sarcoidose cutânea era extre-
pacientes (69%). Quarenta e quatro pacientes (61%) apresen- mamente rara no Brasil. Em geral, considerava-se que ‘‘um
taram comprometimento facial. As lesões afetaram apenas caso de sarcoidose cutânea é possivelmente um caso mal
a face em 16 pacientes (22%) e 21 (29%) tiveram lesões no diagnosticado de hanseníase ou tuberculose’’. Parece que
nariz. Lesões estavam presentes nas extremidades superi- a incidência da doença tem aumentado gradualmente nas
ores em 38 pacientes (53%), extremidades inferiores em 26 últimas décadas.2 Os números em relação ao sexo e à média
(36%) e tronco em 25 (35%). Cinquenta e seis pacientes (40%) de idade ao diagnóstico na presente série coincidem com
demonstraram lesões em dois ou mais locais. as estatísticas de outros países. No entanto, a maioria de
Figura 1 Exemplos clínicos de sarcoidose cutânea: A, Forma papulosa; B, Forma subcutânea; C, Lúpus pérnio; D, Angiolupoide,
E, Forma hipocromiante; F, Lesões liquenoides; G, Lesões em cicatriz antiga; H, Infiltração periungueal com osteíte e onicodistrofia;
I, Granulomas compostos predominantemente por histiócitos epitelioides (Hematoxilina & eosina, 40×).
nossos pacientes era branca (61%), ao contrário da maior A presença de placas tem sido associada a um curso crônico
prevalência clássica em negros.2,4,15 da doença.18---20
Lesões cutâneas levaram à detecção de sarcoidose extra- Nódulos subcutâneos específicos (não eritema nodoso)
cutânea em 74% dos pacientes, valor corroborado por outros foram observados em 15% dos pacientes, frequência maior
estudos.16,17 do que a encontrada em outros estudos.8,18,20
De acordo com várias séries anteriormente publicadas, O lúpus pérnio, lesão muito característica da sarcoidose
as lesões específicas mais comuns da sarcoidose são as cutânea, geralmente segue um curso crônico e frequen-
pápulas.18---20 No entanto, a sarcoidose do tipo placa foi temente coexiste com sarcoidose do trato respiratório
a apresentação mais frequente em nosso estudo (44%), superior.7 Em nossa casuística, oito pacientes apresenta-
seguida pelas pápulas (42%). Essa proporção também foi ram lúpus pérnio, todos com doença sistêmica associada,
encontrada em séries recentes do Líbano e em Taiwan.21,22 muitas vezes grave e com envolvimento de muitos órgãos.
Placas podem surgir de novo ou a partir de uma confluên- Apenas um paciente apresentou comprometimento do trato
cia de pápulas. Quando comparadas às pápulas, as placas respiratório superior. Cicatrizes e sarcoidose associada à
tendem a ter uma infiltração mais profunda e são mais tatuagem foram diagnosticadas em um e em dois pacien-
propensas a deixar cicatrizes permanents ao se resolver. tes, respectivamente. Essas lesões podem ser diagnosticadas
Tabela 2 Características do envolvimento extracutâneo cutâneo negativo para tuberculina. Esse protocolo foi sufici-
ente para diagnosticar sarcoidose sistêmica na maioria dos
Características N◦ de Porcentagem,
pacientes. Após o diagnóstico, a avaliação básica incluiu
pacientes %
avaliação oftalmológica, perfil hematológico e bioquímico
Envolvimento extracutâneo 58 81 (nível sérico e urinário de cálcio, função hepática e renal),
Pulmonar 56 97 eletrocardiograma e testes de função pulmonar. Testes
Estágio 1 25 43 adicionais foram solicitados conforme a necessidade. Os
Estágio 2 21 36 níveis séricos de enzima conversora de angiotensina não são
Estágio 3 2 3 medidos em nosso serviço. Apenas 60% dos pacientes com
Estágio 4 8 14 sarcoidose apresentam níveis aumentados dessa enzima, os
Renal 8 14 quais não são específicos para a doença.7
Linfadenopatia extratorácica 8 14 Caso a sarcoidose sistêmica não seja diagnosticada em
Ocular 7 12 um paciente com granulomas sarcoídicos cutâneos, deve
Cardíaco 2 3 ser feito acompanhamento em longo prazo. Em nossa série,
Hepático 1 2 a sarcoidose sistêmica foi detectada em 81% dos paci-
Esplênico 1 2 entes; em quase todos, pôde ser demonstrada logo após
Pancreático 1 2 e como consequência do diagnóstico de doença cutânea.
Trato gastrintestinal 1 2 A sarcoidose pulmonar foi a manifestação sistêmica mais
Muscular 1 2 comum, afetou 97% dos nossos casos. A linfadenopatia foi
Trato respiratório superior 1 2 o achado radiológico mais frequente (82%), seguido de
Articular 1 2 infiltração pulmonar (41%) e fibrose (14%). Outros órgãos
Ósseo 1 2 comumente envolvidos foram os rins (14%), linfonodos extra-
Manifestação inicial torácicos (14%) e olhos (12%). Com exceção do envolvimento
Cutânea 43 74 renal, que esteve presente em maior proporção em nosso
Extracutânea 15 26 estudo, outros acometimentos de órgãos foram encontra-
dos em taxas semelhantes às descritas anteriormente.1
Uma frequência maior de manifestações renais pode ser
Tabela 3 Tratamento dos pacientes com sarcoidose relacionada a um possível subdiagnóstico de hipercal-
cutânea ciúria assintomática em pacientes estudados em outras
publicações. Isso enfatiza a necessidade de dosar não
Característica N◦ de Porcentagem, apenas o nível sérico de cálcio, mas também o cálcio
pacientes % urinário.11,12
Terapia local isolada 12 17 Quatorze pacientes apresentaram apenas manifestações
Corticoide tópico 10 83 cutâneas. É controverso na literatura se esses pacientes
Corticoide intralesional 5 42 apresentarão envolvimento sistêmico adicional ou se sua
Inibidor de calcineurina 3 25 doença ficará restrita à pele.12
tópico Corticosteroides tópicos e intralesionais foram as tera-
Terapia sistêmica 52 72 pias locais mais usadas em nossos pacientes. Essas drogas
Corticoide oral 48 92 são consideradas terapia de primeira linha para sarcoidose
Antimalárico 28 54 cutânea com doença limitada ou leve, ou então como adju-
Metotrexato 18 35 vante para ajudar a controlar o distúrbio cutâneo quando
Azatioprina 4 8 a doença extracutânea está sob controle adequado. Inibi-
Leflunomida 2 4 dores tópicos de calcineurina, que têm baixo perfil geral
Antibióticos - classe 2 4 de efeitos colaterais e são indicados para doenças de pele
das tetraciclinas limitadas, também podem ser usados.12,24 Dos 12 pacientes
Talidomida 1 2 (17%) tratados apenas com terapia local, cinco apresenta-
Infliximabe 1 2 ram lesões cutâneas isoladas e sete doença pulmonar leve,
não necessitaram de tratamento sistêmico.
Para pacientes com doença grave ou que não respondem
à terapia tópica, os corticosteroides orais são terapia sistê-
erroneamente como cicatrizes hipertróficas ou queloides.7 mica de primeira linha. Em caso de recaída ou se os sinais
Em alguns pacientes foram detectadas lesões específicas persistirem, agentes poupadores de esteroides devem ser
menos frequentes, como sarcoidose angiolupoide, hipopig- instituídos isoladamente, ou com baixas doses de corticos-
mentada, psoriasiforme e liquenoide. teroide associado.12,25 Em nossa série, os corticosteroides
Acometimento facial esteve presente em 61% dos pacien- foram os medicamentos mais usados (92%), em alguns casos
tes; uma proporção semelhante tem sido relatada por outros como monoterapia (33%). Antimaláricos (54%) e metotrexato
estudos.22,23 Em 40% dos casos, as lesões acometiam duas ou (35%) também foram usados. Outras medicações poupado-
mais localizações. ras de corticoides incluíram azatioprina (quatro pacientes),
Nosso procedimento inicial de rotina para o diagnós- leflunomida (três), antibióticos da classe das tetraciclinas
tico de sarcoidose incluiu histopatologia e cultura da (três) e talidomida (um). O infliximabe tem sido usado
pele (com feitura de colorações específicas para micror- recentemente para a sarcoidose recalcitrante.25 Esse medi-
ganismos), radiografia de tórax ou tomografia e um teste camento foi prescrito para um paciente que apresentava
lúpus pérnio, com doença sistêmica e cutânea grave, após Disorders (WASOG) adopted by the ATS Board and Directors and
falha terapêutica com outros esquemas combinados. by the ERS Executive Committee, February 1999. Am J Respir
O número médio de medicamentos sistêmicos usados em Crit Care Med. 1999; 160:736-55.
cada paciente durante o período de acompanhamento foi de 3. Haimovic A, Sanchez M, Judson MA, Prystowsky S. Sarcoidosis:
a comprehensive review and update for the dermatologist: part
1,98, confirmou que a maioria dos pacientes precisou rece-
II. Extracutaneous disease. J Am Acad Dermatol. 2012;66:719,
ber de uma a duas medicações diferentes para alcançar o
e1-10.
controle da doença. A terapia sistêmica foi direcionada para 4. Haimovic A, Sanchez M, Judson MA, Prystowsky S. Sarcoidosis:
lesões cutâneas em 24 pacientes (46%) e, portanto, gerenci- a comprehensive review and update for the dermatologist: part
ada exclusivamente pelo dermatologista nesses casos. Esses I. Cutaneous disease. J Am Acad Dermatol. 2012;66:699, e1-18.
pacientes apresentavam apenas comprometimento cutâneo 5. Marchell RM, Judson MA. Cutaneous sarcoidosis. Semin Respir
(sete) ou tinham comprometimento pulmonar leve, não con- Crit Care Med. 2010;31:442---51.
siderado merecedor de tratamento pelos internistas (17). 6. Marchell RM, Judson MA. Chronic cutaneous lesions of sarcoido-
sis. Clin Dermatol. 2007;25:295---302.
7. Mañá J, Marcoval J. Skin manifestations of sarcoidosis. Presse
Conclusão Med. 2012;41:e355---74.
8. Mayock RL, Bertrand P, Morrison CE, Scott JH. Manifestations of
Os achados clínicos e epidemiológicos do presente estudo sarcoidosis: analysis of 145 patients with a review of nine series
foram, em sua maioria, semelhantes aos publicados na selected from the literature. Am J Med. 1963;35:67---89.
literatura. Suas limitações incluem o desenho retrospec- 9. Marcoval J, Moreno A, Mañá J, Peyri J. Subcutaneous sarcoido-
tivo e, em alguns casos, a falta de dados detalhados nos sis. Dermatol Clin. 2008;26:553---6.
10. Elgart ML. Cutaneous lesions of sarcoidosis. Prim Care.
prontuários dos pacientes. Comparando-se com dados da
1978;5:249---62.
literatura, observou-se uma incidência aumentada de com-
11. Judson MA. The diagnosis of sarcoidosis. Clin Chest Med.
prometimento renal (hipercalciúria). Apesar do pequeno 2008;29:415---27.
tamanho da amostra, representa a maior série brasileira 12. Wanat KA, Rosenbach M. A practical approach to cutaneous sar-
sobre o assunto, sugerindo que a sarcoidose possa não ser coidosis. Am J Clin Dermatol. 2014;15:283---97.
tão infrequente no Brasil. Embora existam muitas doenças 13. Proença NG, Yagima ME. Aspects of cutaneous sarcoidosis in
infecciosas granulomatosas endêmicas em nosso país, a Brazil. Med Cutan Ibero Lat Am. 1976;4:329---30.
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the World Association of Sarcoidosis and Other Granulomatous
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Dermatologia
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CASO CLÍNICO
a
Dermoclínica, Campinas, SP, Brasil
b
Departamento de Dermatologia, Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil
c
Disciplina de Dermatologia, Departamento de Clínica Médica, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP, Brasil
d
Departamento de Anatomia Patológica, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP, Brasil
Resumo O uso tópico de modificadores da resposta imune, como o imiquimode, tem aumen-
PALAVRAS-CHAVE
tado na dermatologia. Embora seu uso tópico seja bem tolerado, pode estar associado a
Aminoquinolinas;
exacerbações de doenças inflamatórias cutâneas generalizadas, possivelmente pela circulação
Ceratose actínica;
sistêmica de citocinas pró-inflamatórias. Relatamos caso de desenvolvimento de pitiríase rubra
Erupção por droga;
pilar, dermatose rara eritêmato-papuloescamosa, em mulher de 60 anos durante tratamento
Metotrexato;
com imiquimode 5% creme para ceratose actínica. Evoluiu com quadro eritrodérmico e cerato-
Pitiríase rubra pilar
dermia palmoplantar, apresentou resolução clínica progressiva após introdução de metotrexato.
Ressaltamos a importância do reconhecimento de possíveis reações sistêmicas associadas ao uso
tópico do imiquimode.
© 2019 Sociedade Brasileira de Dermatologia. Publicado por Elsevier España, S.L.U. Este é um
artigo Open Access sob uma licença CC BY (http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/).
Introdução
2666-2752/© 2019 Sociedade Brasileira de Dermatologia. Publicado por Elsevier España, S.L.U. Este é um artigo Open Access sob uma licença
CC BY (http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/).
Figura 2 Confluência das lesões e evolução para eritrodermia, com áreas de pele sã. Note o acometimento palmar com cerato-
dermia alaranjada.
Figura 3 Pele, região abdominal, visão panorâmica: A, hiperceratose, acantose psoriasiforme e moderado infiltrado linfoide
perivascular superficial; B, pormenor da imagem anterior, nota-se hiperparaceratose alternada; C, área de disceratose acantolítica
e fenda intraepidérmica suprabasal; D, acentuada congestão (seta) com eliminação transepidérmica de hemácias. Hematoxilina &
eosina, aumento original de 100× (A) e 400× (B, C, D).
O imiquimode é um agente estimulador da resposta tópico em ratos, com aumento de INF-␣ e das IL-1, IL-6,
imunológica, indicado para tratamento tópico de ceratose IL-17, IL-23.7
actínica, carcinoma basocelular superficial e condiloma acu- Yang et al. (2008) relataram exacerbação da PRP em
minado. Nos últimos anos, seu uso tem se ampliado para paciente de 67 anos sob tratamento com imiquimode
tratamento de outras condições dermatológicas off-label.5 tópico 5% para ceratoses actínicas na face e no couro
Como agonista de receptores toll-like7 (TLR-7) presen- cabeludo. Duas semanas após o início do imiquimode,
tes nas células do sistema imune inato (células dendríticas assim como em nosso relato, o paciente desenvolveu qua-
e macrófagos) e queratinócitos, o imiquimode desempenha dro gripal associado ao espraiamento das lesões foliculares
ação antitumoral e antiviral. A ligação ao TLR-7 promove eritêmato-descamativas. Houve melhoria após 26 meses de
aumento da produção de citocinas pró-inflamatórias com tratamento com acitretin.8
perfil Th1, como TNF-␣, IFN-␣, IL-1, IL-6, IL-8, entre outras, Gómez-Moyano et al. (2010) descreveram PRP eritrodér-
assim como inibe a via anti-inflamatória Th2.5 mica em paciente de 56 anos, durante tratamento com
Seu uso tópico é seguro e bem tolerado, com reações imiquimode para CBC superficial no dorso. Como em nosso
locais reversíveis e transitórias, mas efeitos adversos sis- caso, a histopatologia apresentava focos de disceratose
têmicos podem ocorrer. Foram descritos sintomas gripais, acantolítica. Houve melhoria da PRP após dois meses com
mialgia, febre, cefaleia e fadiga, reversíveis com a suspen- acitretin.9
são do medicamento.6 Mais do que à absorção sistêmica do Mesinkovska et al. (2011) publicaram um caso de PRP
imiquimode, credita-se à circulação sistêmica de citocinas acantolítica, em paciente de 65 anos, em uso tópico de
inflamatórias a etiologia desses efeitos adversos.6 imiquimode 3,75% para tratamento de ceratoses actínicas.
Imiquimode foi associado à exacerbação e ao desencade- Apresentou melhoria após fototerapia UVB narrowband.10
amento de erupções cutâneas inflamatórias, como psoríase, A relação causal entre imiquimode e PRP permanece des-
dermatite esfoliativa, eritema multiforme, pênfigo e lúpus conhecida. O imiquimode pode ter sido gatilho para PRP na
subagudo.7 Psoríase tem sido induzida por imiquimode medida em que promoveu ativação da via inflamatória Th1
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Dermatologia
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CASO CLÍNICO
Introdução
2666-2752/© 2019 Sociedade Brasileira de Dermatologia. Publicado por Elsevier España, S.L.U. Este é um artigo Open Access sob uma licença
CC BY (http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/).
Relato do caso
Dermatoses preexistentes, particularmente psoríase e Jorge Arandes Marcocci: Aprovação da versão final
eczema, bem como reação a drogas e linfomas de células do manuscrito; concepção e planejamento do estudo;
T, foram identificadas como etiologias comuns de eri- elaboração e redação do manuscrito; obtenção, análise e
trodermia. Em alguns pacientes, no entanto, a causa é interpretação dos dados; participação efetiva na orientação
desconhecida. Pacientes com eritrodermia idiopática devem da pesquisa; participação intelectual em conduta propedêu-
ser acompanhados de perto por períodos prolongados, com tica e/ou terapêutica de casos estudados; revisão crítica da
múltiplas biópsias, pois uma porcentagem significativa des- literatura; revisão crítica do manuscrito.
ses casos progredirá para linfoma cutâneo de células T.5,6 Maribel Iglesias-Sancho: Aprovação da versão final
A histopatologia frequentemente aponta alterações do manuscrito; concepção e planejamento do estudo;
inespecíficas. Mesmo assim, a maioria dos estudos consi- elaboração e redação do manuscrito; obtenção, análise e
dera necessária a biópsia, pois em 43% a 66% dos casos interpretação dos dados; revisão crítica da literatura; revi-
foi útil para definir o diagnóstico.6 A eritrodermia é uma são crítica do manuscrito.
Núria Setó-Torrent: Concepção e planejamento do 4. Chung VQ, Moschella SL, Zembowicz A, Liu V. Clinical and
estudo; participação efetiva na orientação da pesquisa; revi- pathologic findings of paraneoplastic dermatoses. J Am Acad
são crítica da literatura; revisão crítica do manuscrito. Dermatol. 2006;54:745---62, quiz 763-6.
Núria Setó-Torrent: Concepção e planejamento do 5. César A, Cruz M, Mota A, Azevedo F. Erythroderma. A clinical
and etiological study of 103 patients. J Dermatol Case Rep.
estudo; participação efetiva na orientação da pesquisa; revi-
2016;10:1---9.
são crítica da literatura; revisão crítica do manuscrito.
6. Li J, Zheng H-Y. Erythroderma: a clinical and prognostic study.
Dermatology (Basel). 2012;225:154---62.
Conflitos de interesse 7. Mistry N, Gupta A, Alavi A, Sibbald RG. A review of the diagnosis
and management of erythroderma (generalized red skin). Adv
Skin Wound Care. 2015;28:228---36, quiz 237-8.
Nenhum.
8. Sean, Whittaker. Erythroderma. In: Jean L, Bolognia, Julie V,
Schaffer, Lorenzo Cerroni, editors. Dermatology. 4th ed, PA:
Referências Elsevier Saunders; 2017. p. 183.
9. Okoduwa C, Lambert WC, Schwartz RA, Kubeyinje E, Eitokpah
1. Sehgal VN, Srivastava G, Sardana K. Erythroderma/exfoliative A, Sinha S, et al. Erythroderma: review of a potentially life-
dermatitis: a synopsis. Int J Dermatol. 2004;43:39---47. threatening dermatosis. Indian J Dermatol. 2009;54:1---6.
2. Thiers BH, Sahn RE, Callen JP. Cutaneous manifestations of 10. Andriamanantena D, Boye T, Gervaise A, Vieu C, Splingard
internal malignancy. CA Cancer J Clin. 2009;59:73---98. B, Dot J-M, et al. An unusual paraneoplastic manifestation
3. Kanaji N, Watanabe N, Kita N, Bandoh S, Tadokoro A, Ishii T, in lung cancer: eosinophilic erythroderma. Rev Pneumol Clin.
et al. Paraneoplastic syndromes associated with lung cancer. 2009;65:32---5.
World J Clin Oncol. 2014;5:197---223.
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CASO CLÍNICO
a
Departamento de Dermatologia, Faculdade de Medicina, Universidade do Chile, Santiago, Chile
b
Clínica Alemana de Valdivia, Valdivia, Chile
c
Serviço de Dermatologia, Hospital Clínico da Universidade do Chile, Universidade do Chile, Santiago, Chile
Resumo O nevo de Spitz é lesão melanocítica benigna que se apresenta de várias maneiras:
PALAVRAS-CHAVE solitária, agminada ou disseminada. A variante disseminada é incomum; pode ter uma evolução
Imuno-histoquímica; rápida (a forma eruptiva) e seu manejo pode ser difícil. Este relato apresenta o caso de um
Nevo de células paciente de 24 anos com múltiplas pápulas nos membros, que apareceram quatro anos antes.
epitelioides e Ao exame físico, foram observadas 120 pápulas rosadas e cor da pele, observadas por derma-
fusiformes; toscopia como lesões vascularizadas rosadas e homogêneas. O estudo histopatológico revelou
Nevos e melanomas células epitelioides dispostas em grupos ou isoladamente na derme e na junção dermoepidér-
mica. Células foram positivas para HMB-45 na derme superficial e Ki-67 < 1%. Diante desses
achados, foi feito o diagnóstico de nevos de Spitz disseminados, forma eruptiva.
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artigo Open Access sob uma licença CC BY (http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/).
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Figura 1 A-B, pápulas rosadas e cor da pele, com aparência verrucosa e base séssil.
Discussão
Figura 3 A-B, proliferação melanocítica composta, simétrica e bem circunscrita, organizada em ninhos de células epitelioides (A,
Hematoxilina & eosina, 40×, B, Hematoxilina & eosina, 100×). C, melanócitos epitelioides com citoplasma eosinofílico abundante,
núcleo da vesícula e nucléolo (Hematoxilina & eosina, 400×).
Figura 4 Estudo imuno-histoquímico. A, SOX10 com um padrão de coloração nuclear em melanócitos. B, proteína S100 foi positiva.
C, proteína S100 foi positiva.
tenha sido relatada malignização, os poucos casos relatados Andrés Figueroa: Aprovação da versão final do manus-
e sua evolução errática exigem que se apresente ao paciente crito; obtenção, análise e interpretação dos dados;
várias opções terapêuticas, desde o manejo conservador participação intelectual em conduta propedêutica e/ou
com acompanhamento clínico e dermatoscopia regular até terapêutica de casos estudados; revisão crítica do manus-
o manejo ativo com terapia tópica ou cirúrgica, como foi o crito.
caso do presente paciente.10
Conflitos de interesse
Suporte financeiro
Nenhum.
Nenhum.
Referências
Contribuição dos autores
1. Levy RM, Ming ME, Shapiro M, Tucker M, Guerry D 4th, Cirillo-
Pablo Vargas: Aprovação da versão final do manuscrito; Hyland VA, et al. Eruptive disseminated Spitz nevi. J Am Acad
concepção e planejamento do estudo; elaboração e redação Dermatol. 2007;57:519-23.
do manuscrito; obtenção, análise e interpretação dos 2. Bhoyrul B, Tang DY, Carling EE, Harikumar C, Newton-Bishop
dados; participação efetiva na orientação da pesquisa; J, Carmichael AJ. Regressing eruptive disseminated Spitz nevi.
revisão crítica da literatura; revisão crítica do manus- Pediatr Dermatol. 2015;32:e181---3.
crito. 3. Wallace HJ. Eruptive juvenile melanomata. Br J Dermatol.
1974;91Suppl10:37---8.
Rodrigo Cárdenas: Aprovação da versão final do manus-
4. Ricci F, Paradisi A, Annessi G, Paradisi M, Abeni D. Eruptive
crito; obtenção, análise e interpretação dos dados; revisão diseminated Spitz nevi. Eur J Dermatol. 2017;27:59---62.
crítica da literatura; revisão crítica do manuscrito. 5. Boone SL, Busam KJ, Marghoob AA, Fang Y, Guitart J, Martini
Roberto Cullen: Aprovação da versão final do manuscrito; M, et al. Two cases of multiple Spitz nevi: correlating clinical,
obtenção, análise e interpretação dos dados; revisão crítica histologic, and fluorescence in situ hybridization findings. Arch
da literatura. Dermatol. 2011;147:227---31.
6. Onsun N, Saraçoğlu S, Demirkesen C, Kural YB, Atilganoğlu U. 9. Morgan CJ, Nyak N, Cooper A, Pees B, Friedmann PS. Multiple
Eruptive widespread Spitz nevi: can pregnancy be a stimulating Spitz naevi: a report of both variants with clinical and histo-
factor? J Am Acad Dermatol. 1999;40:866---7. pathological correlation. Clin Exp Dermatol. 2006;31:368---71.
7. Capetanakis J. Juvenile melanoma disseminatum. Br J Derma- 10. Kilinc Karaarslan I, Ozdemir F, Akalin T, Ozturk G, Turk BG,
tol. 1975;92:207---11. Kandiloglu G. Eruptive disseminated Spitz nevi: dermatoscopic
8. Burket JM. Multiple benign juvenile melanoma. Arch Dermatol. features. Clin Exp Dermatol. 2009;34:e807---10.
1979;115:229.
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CASO CLÍNICO
a
Serviço de Dermatologia Sanitária, Secretaria Estadual de Saúde, Porto Alegre, RS, Brasil
b
Instituto de Dermatologia Prof. Rubem David Azulay, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
c
Serviço de Dermatologia, Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, Porto Alegre, RS, Brasil
d
Serviço de Dermatologia, Universidade Federal de Ciências da Saúde, Porto Alegre, RS, Brasil
e
Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil
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Figura 1 Acantólise suprabasal extensa, com formação Figura 3 Eritema difuso, vesiculação, erosões e crostas em
bolhosa intraepidérmica e queratinócitos com aspecto típico em membros inferiores, em áreas próximas às dobras inguinais.
‘‘muro desmoronado’’ (Hematoxilina & eosina, 40×).
Discussão
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DERMATOPATOLOGIA
a
Clínica de Dermatologia, Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil
b
Laboratório de Patologia, Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil
Resumo O número de indivíduos que fazem tatuagem vem crescendo na população mun-
PALAVRAS-CHAVE
dial e, com ele, o de relatos de complicações que variam de reações aos pigmentos injetados
Dermoscopia;
a infecções causadas por agentes inoculados no processo da pigmentação. O diagnóstico de
Histologia
tais eventos indesejados pode ser obtido por meio de métodos complementares não invasivos,
comparada;
preservando ao máximo o desenho da tatuagem. Apresentamos dois casos de pacientes com
Tatuagem;
verrugas sobre tatuagem e correlacionamos seus aspectos clínicos aos dermatoscópicos in vivo
Verrugas
e ex vivo e aos achados no exame histopatológico, para determinar padrões que auxiliem o
diagnóstico dessas lesões sem a biópsia.
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A prática da ornamentação da pele é um hábito tão antigo tatuagem no corpo2 e 25% na Alemanha.3 No que se refere à
quanto a civilização, e encontrada em múmias do período população brasileira, a prevalência de indivíduos com tatu-
entre 2.000 e 4.000 a.C.1 Atualmente, estima-se que 21% agem varia entre 10% a 26% em homens e 10% a 22% em
da população adulta dos EUA apresentam pelo menos uma mulheres.4
No processo de tatuagem, o indivíduo é exposto a
reações histológicas aos pigmentos (eczematosas, sar-
DOI referente ao artigo: coídeas, granulomatosas, pseudolinfomatosas),4 além de
https://doi.org/10.1016/j.abd.2019.02.008 infecções provocadas por diferentes patógenos, o que pode
夽 Como citar este artigo: Veasey JV, Erthal ALN, Lellis RF. In vivo
acarretar quadros graves e de difícil tratamento.1,2 Entre
and ex vivo dermoscopy of lesions from implantation of human essas infecções há relatos de aquisição de doenças sistê-
papillomavirus in tattoos: report of two cases. An Bras Dermatol. micas, como hepatite B, hepatite C e infecção pelo HIV,1
2020;95:78---81.
夽夽 Trabalho realizado na Clínica de Dermatologia, Irmandade da e localizadas na pele, como microbacterioses atípicas2,5 e
Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.
verrugas.6
∗ Autor para correspondência. Apresentamos dois casos de pacientes que, após a tatu-
E-mail: johnveasey@uol.com.br (J.V. Veasey). agem, evoluíram com lesões sobre a linha de pigmentação,
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o diagnóstico clínico, dermatoscópico e histopatológico foi verruciforme papilomatoso na epiderme e presença de pig-
definido como verruga. mento subjacente na derme (fig. 1). O resultado do exame
No primeiro caso, paciente de 39 anos, com tatuagem na histopatológico foi compatível com o de verruga sobre tatu-
face lateral da panturrilha esquerda havia oito anos, referiu agem (fig. 2).
lesões localizadas sobre a tatuagem havia sete anos, um ano No segundo caso, paciente de 33 anos, com tatuagem
após tê-la feito. Negava uso de medicações contínuas, ante- no membro superior esquerdo havia 12 anos, referiu lesões
cedentes pessoais ou uso de tópicos nas lesões. Ao exame, disseminadas havia seis anos sobre o desenho. Apresentava
apresentava numerosas pápulas eritemato-descamativas antecedente pessoal de infecção pelo vírus HIV, em uso de
que variavam entre 3 a 7 mm de diâmetro, dispostas sobre zidovudina, lamivudina, ritonavir e darunavir (carga viral
os contornos da tatuagem, formando trajetos lineares. À indetectável e contagem de células CD4+ 582/mm3 ) e con-
dermatoscopia, foram notadas projeções agrupadas e cur- diloma acuminado genital (múltiplas verrugas de aspecto
tas, de diâmetro e comprimento semelhantes, em padrão papilomatoso) em tratamento. Ao exame físico, apresen-
de ‘‘maçaneta’’, além de capilares glomerulares trom- tava dermatose localizada no membro superior e escapular
bosados, que conferiam aspecto de pontos vermelhos na esquerdo caracterizada por múltiplas pápulas achatadas
superfície da lesão. Feita biópsia incisional com punch e eritemato-descamativas e confluentes, de aspecto diferente
dermatoscopia ex vivo da peça para melhor análise das das lesões genitais, formando placas de limites preci-
estruturas cutâneas e suas alterações, notou-se aspecto sos e bordas irregulares. Algumas lesões acompanhavam o
Figura 1 A, Aspecto clínico da tatuagem com múltiplas pápulas dispostas linearmente. B, Dermatoscopia in vivo (aumento 10×)
evidencia pápulas com projeções digitiformes e pontilhados vermelhos correspondentes a ectasias vasculares. C, Dermatoscopia ex
vivo (aumento 20×) evidencia na porção superior a epiderme com projeções papilomatosas e pontilhados hemorrágicos e presença
de pigmento na derme superficial.
Figura 2 Exame histopatológico do paciente 1, (Hematoxilina & eosina). A, aumento 40×, evidencia epiderme com papilo-
matose, hiperceratose proeminente com paraceratose, hipergranulose, acantose e cristas epidérmicas alongadas e derme com
presença de depósito extracelular de pigmento preto, compatível com pigmento exógeno. B, aumento de 200× evidencia detalhe
de papilomatose. C, aumento de 200× com detalhe do acúmulo do pigmento preto na derme.
desenho da tatuagem, enquanto outras acometiam pele sã. sanitária dos centros de tatuagem. Outro passo importante
À dermatoscopia apresentou aspecto inespecífico, com pon- foi o de educação dos profissionais da saúde para reconhe-
tos isolados de descamação. Feita biópsia incisional e, assim cimento e tratamento adequado das infecções e reações
como no primeiro caso, foi feita dermatoscopia ex vivo da cutâneas nas tatuagens.2
peça, que evidenciou epiderme levemente espessada com As verrugas são afecções cutâneas frequentes, provo-
discreta papilomatose com presença de pigmento na derme cadas pelo papilomavírus humano (HPV), um DNA vírus de
(fig. 3). O resultado do exame histopatológico foi compatível distribuição universal.7 Disfunções na barreira epitelial por
com o diagnóstico de verruga sobre tatuagem (fig. 4). traumatismos possibilitam a transmissão viral. Nos casos
Relatos de contaminações na pele decorrentes do pro- apresentados, houve quebra da barreira cutânea durante a
cesso de tatuagem têm aumentado nos últimos anos, desde realização das tatuagens com possível inoculação do vírus
doenças infecciosas bacterianas, como microbacterioses durante o processo.3 As verrugas virais na área afetada
atípicas e hanseníase, virais, como verrugas e molusco podem surgir após um período de incubação que geralmente
contagioso, até infecções transmitidas classicamente por varia de três semanas a oito meses.7 Em alguns casos, o
contágio sexual, como a sífilis. Tal aumento estimulou nos período de latência é mais longo, pode chegar a 10 anos, e
Estados Unidos uma ação conjunta da Food and Drug Admi- dificulta a relação entre o surgimento da lesão e a inoculação
nistration (FDA) com o Centers for Disease Control and direta através do procedimento. Nesses casos, propõe-se
Prevention (CDC), a fim de revisar os critérios de vigilância que o desenvolvimento das verrugas dependeria de uma
Figura 3 A, Aspecto clínico da tatuagem com múltiplas pápulas eritematosas discretas e dispostas difusamente, tanto sobre a
tatuagem quanto na pele sã. B, Dermatoscopia in vivo (aumento 10×) evidencia detalhe das pápulas com descamação inespecífica,
sem projeções digitiformes e pontilhados vermelhos. C, Dermatoscopia ex vivo (aumento 20×) evidencia na porção superior a
epiderme pouco espessada e com discretas projeções papilomatosas planas, associadas à presença de pigmento na derme superficial
e média.
Figura 4 Exame histopatológico do paciente 2, (Hematoxilina & eosina). Em A (aumento de 200×) é evidenciada epiderme
hiperceratótica com presença de ceratinócitos balonizados na superfície epidérmica. Na derme há depósito de pigmento preto
exógeno ao redor dos vasos. Em B (aumento de 400×) ficam evidentes o polimorfismo e a hipercromia nuclear, além do citoplasma
amplo e basofílico dos ceratinócitos, caracteriza-se o efeito citopático do HPV. Em C (aumento de 400×) nota-se com detalhe o
pigmento preto da tatuagem depositado ao redor dos vasos.
desregulação do sistema imune,8 visto que a imunidade redação do manuscrito; obtenção, análise e interpretação
mediada por células tem papel importante na resposta do dos dados; participação efetiva na orientação da pesquisa;
hospedeiro ao HPV.7 Isso pode ser evidenciado no segundo participação intelectual em conduta propedêutica e/ou
paciente, portador de HIV, que apresentou quadro mais terapêutica de casos estudados; revisão crítica da literatura;
extenso e persistente. revisão crítica do manuscrito.
Em uma revisão sobre implantação de verrugas em tatu- Ana Luisa Nasser Erthal: Concepção e planejamento do
agens, foi observado que o risco de se adquirir uma verruga estudo; elaboração e redação do manuscrito; obtenção, aná-
sobre o pigmento preto é sete vezes maior do que sobre lise e interpretação dos dados; revisão crítica da literatura;
pigmento colorido ou que em pele sem tatuagem.6 Dos revisão crítica do manuscrito.
casos aqui relatados, o primeiro paciente sem comorbidades Rute Facchini Lellis: Obtenção, análise e interpretação
apresentou lesões verrucosas mais restritas à tal coloração, dos dados; participação intelectual em conduta propedêu-
enquanto o segundo apresentou lesões que não respeitavam tica e/ou terapêutica de casos estudados.
a linearidade do pigmento e acometia até pele sã.
A dermatoscopia foi de grande valia nos casos relata- Conflitos de interesse
dos. Aspectos classicamente presentes em verrugas vulgares
e anogenitais são observados nas lesões sobre as tatua- Nenhum.
gens aqui apresentados no primeiro caso,9,10 possibilitaram o
diagnóstico da lesão HPV induzida mesmo sobre o pigmento.
No segundo caso, houve maior dificuldade de identificar Referências
tais aspectos dermatoscópicos, achados também escassos
na apresentação clínica. Um sequenciamento do HPV nesse 1. Lise MLZ, Cataldo Neto A, Gauer JGC, Dias HZJ, Pickering VL.
caso seria muito interessante para caracterizar melhor se Tattooing: profile and discourse of individuals with marks in the
body. An Bras Dermatol. 2010;85:631---8.
a lesão é de um betapapilomavírus e se o HPV do condi-
2. LeBlanc PM, Hollinger KA, Klontz KC. Tattoo ink-related
loma acuminado é o mesmo da tatuagem. Entretanto, não
infections-awareness, diagnosis, reporting, and prevention. N
foi possível fazer tal análise. Engl J Med. 2012;367:985---7.
Outro aspecto ilustrativo deste estudo é a dermatos- 3. Krecké N, Smola S, Vogt T, Müller CSL. HPV-47 Induced and
copia ex vivo, que possibilita a identificação tanto das Tattoo-associated Verrucae Planae: Report of a Case and Review
alterações epidérmicas provocadas pelo HPV quanto das of the Literature. Dermatol Ther (Heidelb). 2017;7:549---54.
dérmicas produzidas pela presença de pigmento da tatua- 4. Bicca JF, Duquia RP, Breunig JA, Souza PRM, Almeida HL Jr.
gem. Tais achados foram compatíveis com os identificados Tattoos on 18 year old male adolescents ? characteristics and
no exame histopatológico. associated factors. An Bras Dermatol. 2013;88:925---8.
A importância do presente estudo consiste em apresentar 5. Sousa PP, Cruz RCS, Schettini APM, Westphal DC. Mycobacterium
abscessus skin infection after tattooing ? case report. An Bras
os aspectos clínicos, dermatoscópicos e histológicos desen-
Dermatol. 2015;90:741---3.
cadeados pela infecção por HPV associado às tatuagens,
6. Ramey K, Ibrahim J, Brodell RT. Verruca localization predomina-
além dos achados da dermatoscopia ex vivo semelhantes tely in black tattoo ink: a retrospective case series. J Eur Acad
aos identificados no exame histopatológico. Enfatizamos a Dermatol Venereol. 2016;30:e34---6.
importância da suspeição clínica da infecção por HPV, mani- 7. Leto MGP, Santos GF Jr, Porro AM, Tomimori J. Human papilloma-
festada pelo surgimento de verrugas após tatuagem, e da virus infection: etiopathogenesis, molecular biology and clinical
necessidade de adoção de medidas de saúde pública que manifestations. An Bras Dermatol. 2011;86:306---17.
tornem esse procedimento mais seguro, com o intuito de 8. Fania L, Sordi D, Pagnanelli G, Mazzanti C, CavanI A. Tattoo
evitar eventos futuros. and warts: efficacy of topical immunotherapy. Eur J Dermatol.
2017;27:322---3.
9. Dong H, Shu D, Campbell TM, Frühauf J, Soyer HP, Hofmann-
Suporte financeiro Wellenhof R. Dermatoscopy of genital warts. J Am Acad
Dermatol. 2011;64:859---64.
Nenhum. 10. Veasey JV, Framil VMS, Nadal SR, Marta AC, Lellis RF. Genital
warts: comparing clinical findings to dermatoscopic aspects,
in vivo reflectance confocal features and histopathologic exam.
Contribuição dos autores An Bras Dermatol. 2014;89:137---40.
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REVISÃO
Serviço de Dermatologia, Hospital das Clínicas, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil
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CC BY (http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/).
sicos locais, Efeitos adversos, Técnicas para aplicação, O início de ação acontece de acordo com a proporção de
Segurança dos anestésicos e Situações especiais. moléculas que se transformam na forma terciária ao entrar
em contato com o pH fisiológico (7,4). A constante de
Mecanismo de ação dos anestésicos locais ionização (pKa) do anestésico representa o pH, a metade
das moléculas se encontra no estado terciário e a outra
metade no estado quaternário. A maioria dos anestésicos
A sensação da dor depende da habilidade do sistema nervoso
apresenta pKa semelhante ao pH fisiológico (7,4). Quando
de transmitir os impulsos elétricos através da fibra nervosa.
há inflamação, o ambiente acidificado favorece a forma qua-
Essa propagação ocorre devido a diferentes concentrações
ternária, reduz a proporção de anestésico capaz de penetrar
de eletrólitos entre o meio intracelular, que apresenta maior
nos nervos.5
concentração de potássio (K+ ) e menores concentrações de
A cadeia intermediária pode ser composta por éster ou
sódio (Na+ ), e o meio extracelular, em que as concentrações
por amida, responsável pela classificação dos anestésicos
são invertidas. Esse gradiente iônico é mantido pela bomba
(tabela 1).5,6
de Na+ K+ ATPase (adenosina trifosfatase). Em repouso, a
Os anestésicos tipo-amida são metabolizados pelo fígado
membrana externa do nervo apresenta carga positiva em
e devem ser usados com cautela em pacientes com insufi-
relação ao meio interno, devido à baixa permeabilidade da
ciência hepática. Os anestésicos tipo-éster são degradados
membrana ao Na+ e à ação da bomba, que expulsa três íons
pela pseudocolinesterase plasmática e seus metabólitos
de Na+ para cada dois íons de K+ que são internalizados.3,4
são excretados pela urina. Um de seus metabólitos, ácido
Quando há um estímulo ao nervo, a membrana torna-
para-aminobenzoico (Para-Aminobenzoic Acid --- PABA), é
-se permeável ao Na+ , que se acumula dentro da célula,
responsável pelo risco de reações alérgicas a esse grupo de
culmina em uma despolarização. Essa mudança na perme-
medicamento. Também é conhecido o potencial de reação
abilidade ao Na+ causa uma alteração no potencial elétrico
cruzada entre os anestésicos desse grupo, distintamente do
através da membrana e a propagação desse potencial elé-
que ocorre com os anestésicos do grupo amida.3,5,6
trico é chamada de potencial de ação. O nervo retorna ao seu
A afinidade dos anestésicos às proteínas plasmáticas
estado de repouso ao mudar novamente a permeabilidade da
correlaciona-se à sua afinidade pelas proteínas dos canais
membrana ao Na+ .3---5
de sódio transmembrana. Quanto maior a afinidade, maior
Os anestésicos locais atuam na bomba de Na+ K+ ATPase,
o tempo de ação do anestésico e maior a sua duração
impedem o influxo de sódio e a propagação do estímulo
(tabela 1).5,6
de dor pelas fibras nervosas. Assim, a despolarização não
acontece.2,5
A sensação de dor é propagada pelas fibras não mieliniza- Tipos de anestésicos locais
das (Fibras C), mais sensíveis aos anestésicos locais do que as
mielinizadas (Fibras A e B). Isso permite que sensações como
Existem distintos métodos para se induzir a anestesia local:
vibração e pressão sejam mantidas mesmo após a inibição
tópica, infiltrativa, bloqueio de campo, bloqueio de nervo
completa da dor.2,5
periférico e tumescente. Em todos, há anestesia regional
transitória.3,5
Classificação e farmacocinética A anestesia tópica é aquela em que a substância é
aplicada diretamente na pele ou na mucosa por meio
Os anestésicos locais são compostos por uma estrutura divi- de creme, pomada, gel ou spray. Nesse caso, o agente
dida em três partes: porção aromática (lipofílica), cadeia penetra até a derme papilar e atua nos ramos nervosos
intermediária e grupo amina (hidrofílica). terminais.3,5 Quando o pKa do anestésico se aproxima do
O anel aromático confere a solubilidade lipídica à pH da pele (5,5) e a camada córnea é fina (como em pál-
substância, quanto maior a solubilidade, maior a difu- pebras) ou ausente (mucosas), o composto atravessa a pele
são do anestésico na membrana nervosa. Essa propriedade com maior facilidade.7,8
correlaciona-se à potência do medicamento. A anestesia infiltrativa é obtida através da injeção do
O terminal amina existe na forma terciária (lipossolú- medicamento diretamente na derme ou no subcutâneo,
vel) e na forma quaternária (hidrossolúvel). O anestésico causa inibição direta das terminações nervosas da área
encontra-se na forma quaternária durante sua aplicação. desejada. Quando injetado na derme, o início de ação é
Tabela 2 Doses preconizadas e categoria na gestação dos anestésicos locais de uso mais comum na dermatologia
Anestésico Dose adulto Dose adulto Dose na criança Dose na criança Categoria
(sem epinefrina) (com epinefrina) (sem epinefrina) (com epinefrina) na gestação
Tipo amida
Lidocaína 4,5 mg/Kg (máx: < 7 mg/Kg 4,5 mg/Kg (300) Até 12 anos: B
300---350) (300---500) 4,5 mg/Kg
(100---150)
> 12 anos:
< 7 mg/Kg
(300---500)
Mepivacaína < 300 mg < 500 mg 4---6 mg/Kg (270) C
Bupivacaína 2 mg/Kg ou 225 mg Segurança e Segurança e C
175 mg (DU) ou eficácia não foram eficácia não foram
400 mg/24h (dose estabelecidos estabelecidos
total)
Ropivacaína 2,9 mg/Kg Segurança e Segurança e B
(200 mg) eficácia não foram eficácia não foram
estabelecidos estabelecidos
Tipo éster
Procaína 350---500 mg 600 mg < 15 mg/Kg C
imediato, porém a aplicação é dolorosa. Se injetado no frina. Em crianças abaixo de 12 anos, a dose máxima é
tecido subcutâneo, a dor tem menor intensidade, porém há de 1,5 a 2,0 mg/Kg/dose (máximo de 150 mg) sem epine-
risco de menor duração do efeito pela reabsorção maior da frina e de 3 a 4,5 mg/Kg/dose (máximo de 150 mg) com
substância.3,5 epinefrina. Para aquelas acima de 12 anos, as doses são
O bloqueio de campo consiste na deposição de solução semelhantes às de adultos. É classificada como categoria B
anestésica em torno do local desejado, de maneira circunfe- na gestação e seu metabolismo hepático ocorre pelo cito-
rencial, para que sejam anestesiados os nervos superficiais cromo P450 (tabelas 1 e 2).1,3,6,9
ou profundos responsáveis pela inervação da região alvo.
Dessa forma, é possível obter-se anestesia com menor Mepivacaína
volume do produto e não há distorção da área a ser A mepivacaína é um anestésico tipo amida com rápido iní-
tratada.3,5 cio de ação e duração de 30 a 120 minutos. A dose máxima
No bloqueio de nervo periférico, o anestésico é inje- permitida é de 300 mg sem epinefrina e de 500 mg com epi-
tado no tronco nervoso principal. Esse método permite nefrina. Em crianças, a dose é de 4---6 mg/Kg/dose (máximo
uma redução expressiva do volume de anestésico necessário de 270 mg) sem epinefrina. Assim como a lidocaína, é meta-
para o procedimento e também preserva o sítio operató- bolizada pelo fígado. Categoria C na gestação (tabelas 1 e
rio de distorção. São amplamente usados em procedimentos 2).3,5,6,10
dermatológicos de face, dáctilo e unhas. Exigem conheci-
mento detalhado da anatomia e experiência do profissional
executante.3,5 Bupivacaína
A anestesia tumescente é semelhante à infiltrativa. A bupivacaína também é anestésica do grupo amida. Seu iní-
No entanto, usam-se doses mais diluídas da substância cio de ação é mais lento em comparação com o da lidocaína
diretamente no local do procedimento. Devido à menor (5 a 8 minutos) e sua duração é prolongada (2 a 4 horas). Sua
concentração do anestésico, é permitido usar-se maior segurança ainda não está bem estabelecida na população
volume com baixo risco de toxicidade. Essa técnica é empre- pediátrica. Em adultos, a dose máxima é de 2 mg/Kg/dose
gada em lipoaspiração, dermoabrasão e implante capilar.5,9 (175 mg em dose única) ou de 400 mg/24 h sem epinefrina.
Com epinefrina, é permitido usarem-se até 225 mg. Para pro-
cedimentos prolongados, seu uso é benéfico. A bupivacaína
tem potencial cardiotóxico e precaução é necessária em
Anestésicos injetáveis
pacientes em uso de betabloqueadores ou digoxina. Cate-
goria C na gestação (tabelas 1 e 2).3,6,10,11
Lidocaína
A lidocaína é um antiarrítmico sistêmico e é, atualmente,
o anestésico injetável mais usado na prática dermatoló- Etidocaína
gica. Seu início de ação é rápido (< 1 minuto) e sua Também pertencente ao grupo amida, seu início se ação
duração é intermediária (30 a 120 minutos). A dose máxima ocorre entre 3 e 5 minutos, com duração de 200 minutos.
permitida para infiltração local em adultos é de 4,5 A dose máxima recomendada é de 4,5 mg/Kg/dose (300 mg)
mg/Kg/dose (máximo: 300---350 mg) sem epinefrina e sem epinefrina e de 6,5 mg/Kg/dose (400 mg) com epine-
de 7 mg/Kg/dose (máximo: 300---500 mg) com epine- frina (tabela 1).1
Tabela 3 Dose e área de aplicação máximas recomendadas para o anestésico tópico eutetic mixture of local anesthetics
(EMLA® )
Idade e peso Dose máxima total (g) Área de aplicação Tempo máximo de
recomendados máxima (cm2 ) aplicação (horas)
0---3 meses ou < 5 Kg 1 10 1
3---12 meses e > 5 Kg 2 20 4
1---6 anos e > 10 Kg 10 100 4
7---12 anos e > 20 Kg 20 200 4
Prilocaína Lidocaína
O anestésico do grupo amida prilocaína tem início de A lidocaína é a substância mais usada em anestésicos, tanto
ação entre 5 e 6 minutos e duração intermediária, que de forma isolada quanto associada a outro componente. É do
varia de 30 a 120 minutos. Sua dose máxima permitida é grupo amida, o que a torna menos alergênica. É classificada
de 5,7 a 8,5 mg/Kg/dose (máximo de 400 mg) sem epinefrina como categoria B na gestação, porém deve-se ficar atento
e de 600 mg com epinefrina. Crianças abaixo de 10 anos não com lactantes, devido à sua excreção no leite materno.8,13
devem usar doses acima de 40 mg/dose sem epinefrina. Seu
metabolismo é hepático e renal. Há risco de metemoglobi- Lidocaína 4% (Dermomax® )
nemia se usadas doses superiores a 8 mg/Kg devido ao seu A lidocaína em creme é o anestésico tópico mais usado no
metabólito ortotoluidina.1,3,6 mundo, isoladamente ou associado a outras substâncias.8
No Brasil, é vendida em creme a 4%. Sua absorção sistêmica
varia de acordo com o local e a extensão da área tratada.
Ropivacaína Após aplicação de 60 g do creme em uma área de 400 cm2 ,
A ropivacaína é anestésico tipo amida com início de ação o pico sérico atinge 0,05 a 0,16 g/mL. Níveis tóxicos da
lento (1 a 15 minutos) e longa duração (2 a 6 horas). substância (> 5 g/mL) provocam alterações do sistema car-
A dose máxima permitida é de 2,9 mg/Kg/dose sem adição diovascular e do sistema nervoso central. Em crianças de
de epinefrina (máximo de 200 mg). Sua segurança não até 10 Kg, a área máxima de aplicação é de 100 cm2 ; naque-
foi confirmada em crianças. Assim como os anestésicos do las que pesam entre 10 e 20 Kg, a área máxima permitida é
grupo, é metabolizada pelo fígado. Apresenta ação vaso- de 200 cm2 . É classificado como categoria B na gestação.8,13
constritora. Categoria B na gestação (tabela 2).6,12
Lidocaína 2,5% + prilocaína 2,5% (EMLA® )
Um dos anestésicos tópicos mais usados, é composto
Articaína pela associação de lidocaína 2,5% e prilocaína 2,5%.
Anestésico do grupo amida, apresenta rápido início de A absorção sistêmica depende da duração da aplicação,
ação (2 a 4 minutos) e duração semelhante à da lidocaína da localização anatômica e da extensão da área tratada.
(30 a 120 minutos). A dose máxima é de 7 mg/Kg/dose Oclusão e aplicação prolongada aumentam a penetração da
(350 mg) sem epinefrina e de 500 mg com epinefrina. Em medicação. A analgesia alcança até 3 mm de profundidade
crianças acima de 4 anos, a dose máxima recomendada é após 60 minutos de aplicação e até 5 mm após 120 minutos.
de 7 mg/Kg/dose. Seu metabolismo é hepático e é conside- O uso de 60 g da medicação em 400 cm2 de superfície corpo-
rado categoria C na gestação.6 ral ocluída oferece baixo risco de toxicidade. Em neonatos, é
permitido usar-se até 1 g do anestésico por, no máximo, uma
hora. É classificada como categoria B na gestação (tabela
Procaína 3).8,13
A procaína é anestésico tipo éster que apresenta início
de ação em 5 minutos e duração curta (30 a 60 minu- Lidocaína 7% + tetracaína 7% (Pliaglis® )
tos). A dose máxima em adultos é de 10 mg/Kg/dose A formulação de lidocaína 7% e tetracaína 7% em creme
(350 a 500 mg) sem epinefrina e de 14 mg/Kg/dose (600 mg) forma uma película na superfície cutânea, que contribui
com epinefrina. Em crianças, usam-se até 15 mg/Kg/dose para sua absorção local. O composto penetra até 6,8 mm de
sem epinefrina. Apresenta, como outros anestésicos profundidade na pele e deve ser aplicado com 30 minutos
dessa categoria, metabolismo plasmático. Categoria C na de antecedência ao procedimento. Reações locais incluem
gestação (tabelas 1 e 2).1,6 eritema, palidez e edema.8
Epinefrina
Anestésicos tópicos A epinefrina (adrenalina) é um vasoconstritor habitualmente
associado aos anestésicos locais (1 a 2:100.000). Permite
Os anestésicos tópicos estão disponíveis em distintas uma reabsorção sistêmica mais lenta do anestésico, pro-
preparações e veículos. As misturas permitem que os com- longa seu efeito, reduz seu pico plasmático e promove
postos se encontrem em estado líquido e em concentrações hemostasia. Deve ser usada com cautela em pacientes trata-
mais elevadas, porém ainda seguras.13 dos com -bloqueadores ou naqueles portadores de doenças
cardiovasculares, doença vascular periférica, hipertensão lentificação da fala, gosto metálico, diplopia, alterações
grave, feocromocitoma e hipertireoidismo. Alguns estudos, auditivas e alucinações. Hipertensão arterial e taquicar-
no entanto, demonstraram que é segura quando usada dia podem estar associadas. Com a progressão, há sinais
em pequenas doses em pacientes com doenças cardíacas de depressão do sistema nervoso, culminam com depres-
estáveis.1,6,14 são respiratória (concentração sérica de lidocaína acima
A adição de epinefrina aos anestésicos locais também de 15 g/mL). Os efeitos cardiovasculares surgem mais
se comprovou segura em locais de vascularização terminal, tardiamente e incluem: depressão do miocárdio, prolonga-
como dáctilos, mãos, pés e região genital.1,15 mento do intervalo de condução, bradicardia, hipotensão e
É considerada categoria C na gestação. A propriedade falência cardíaca (concentração sérica de lidocaína acima
alfa-adrenérgica da epinefrina pode causar vasoconstrição de 20 g/mL).1,5,17
no plexo sanguíneo da placenta. No entanto, é conside- Embora potencialmente grave, a toxicidade sistêmica é
rada segura se usada em baixas doses em grávidas, pois extremamente rara. A dose de anestésicos locais necessária
seu efeito vasoconstritor limita a absorção sistêmica e a para a maioria dos procedimentos dermatológicos é muito
sua transferência à placenta. Recomenda-se que seu uso em inferior à recomendada para cada anestésico: a toxicidade
gestantes seja, sempre que possível, adiado para o período sistêmica está associada a doses elevadas da medicação.1
pós-parto.1,16 Vasques et al. publicaram uma revisão da literatura e
As concentrações usadas variam entre 1:50.000 e identificaram 67 casos de toxicidade sistêmica descritos
1:200.000, as de 1:100.000 e 1:200.000 são as mais usadas. em 54 artigos entre 2010, ano da publicação do algoritmo
Nessas concentrações, apresentam efeitos semelhantes na de conduta na LAST pela Sociedade Americana de Anes-
vasoconstrição e prolongam a duração da lidocaína em cerca tesia Regional e Medicina da Dor, e 2014. Do total, oito
de 200%.1 casos surgiram após infusão contínua de anestésico local
e dois ocorreram após aplicação inadvertida do anestésico
em vaso por meio de cânula venosa. A técnica de aplicação
Efeitos adversos
foi adequada em 78% dos 50 pacientes que receberam dose
única do anestésico local. Entre esses, 23% de toxicidade
Os anestésicos locais são considerados muito seguros quando sistêmica surgiram após bloqueio interescaleno, 16% após
usados corretamente. Entretanto, embora raros, alguns bloqueio epidural e 13% após bloqueio peniano. Pacientes
efeitos adversos podem ocorrer, alguns deles com repercus- menores de um ano foram os mais acometidos (22%). Sete
são sistêmica. casos estavam associados a anestésicos tópicos (não inje-
As reações indesejadas podem ser divididas em duas táveis), cinco deles em crianças, quatro tinham idade de
categorias: aquelas associadas à penetração da agulha na até quatro anos. Em apenas dois pacientes a toxicidade
pele e aquelas associadas à solução anestésica. Entre as sistêmica ocorreu com dermatologistas: duas crianças evo-
primeiras, destacam-se dor, edema, equimose, infecção, luíram para quadro de metemoglobinemia após aplicação de
hematoma, hiperalgesia e trismo muscular.5 A reações asso- EMLA® .17
ciada à solução são a toxicidade local ou sistêmica, reações O trabalho prospectivo de Starling et al. demonstrou que
alérgicas e idiossincrásicas.5 procedimentos dermatológicos feitos em consultório apre-
sentam taxas muito baixas de complicações. Em dez anos de
Toxicidade local estudo nos estados da Flórida e do Alabama, Estados Unidos,
não foi notificada complicação relacionada a anestésicos
A toxicidade local é atribuída ao efeito direto do anestésico locais em procedimentos com dermatologistas.2
no local de aplicação e está associada, em muitos casos, à O estudo longitudinal de Alam et al. incluiu uma pes-
técnica incorreta. São exemplos a dor, tanto pela substância quisa com 437 cirurgiões dermatológicos nos Estados Unidos
quanto pela distensão do tecido no local da aplicação, o e também não mostrou casos de intoxicação pela lidocaína
hematoma, a infecção, dilaceração de estruturas nervosas nos procedimentos cirúrgicos feitos por 10 dias consecutivos
e necrose isquêmica.5,6 pelos médicos. A dose máxima do medicamento usada foi
de 6,54 mL em excisões e de 15,85 mL nas reconstruções.
A incidência de eventos adversos relacionados à anestesia
Toxicidade sistêmica local foi de 0,15%, em 0,13% as reações foram moderadas
(tontura, sonolência e taquicardia pela epinefrina).20
A toxicidade sistêmica dos anestésicos locais (LAST --- local Uma série de 20.021 pacientes foi analisada por Barring-
anesthetic systemic toxicity) é considerada o evento ton e Kluger em um estudo multicêntrico da Austrália e
adverso mais grave e com potencial de óbito. Ocorre da Nova Zelândia de janeiro de 2007 a maio de 2012. Os
quando há elevação do nível plasmático do anestésico pacientes foram submetidos a 25.336 bloqueios de nervos
acima das doses recomendadas. Pode surgir abruptamente periféricos, sem e com auxílio da ultrassonografia. Paci-
após aplicação direta do anestésico na circulação san- entes menores de 13 anos foram excluídos do trabalho.
guínea de forma inadvertida, ou de maneira mais lenta, Houve 22 episódios de toxicidade sistêmica, resultaram em
com a elevação dos níveis séricos do anestésico, após uma incidência de 0,87 por 1.000 bloqueios feitos. Apenas
aplicação de doses excessivas ou redução do metabolismo um paciente evoluiu para falência cardíaca após injeção
do medicamento.1,5,17---19 intravascular direta do anestésico em procedimento de blo-
Inicialmente, o paciente apresenta sinais de ativação do queio paravertebral. O sítio de injeção, o tipo de anestésico
sistema nervoso central, que tendem a se apresentar de usado, a dose por peso e o peso do paciente foram fatores
maneira progressiva: parestesia perioral, parestesia facial, preditores para a ocorrência da complicação.21
conforto. A injeção do líquido no plano subcutâneo é menos Em 2012, Walsh et al. demonstraram que o conhecimento
dolorosa do que aquela na derme. Em alguns casos, princi- dos dermatologistas acerca das doses e da toxicidade dos
palmente nas crianças, indica-se a aplicação de anestésico anestésicos locais é satisfatório. No entanto, o tratamento
tópico na pele previamente ao injetável.1,5 da toxicidade sistêmica com a emulsão lipídica foi corre-
Para anestésicos tópicos, recomenda-se a aplicação em tamente acertado por 21,7% dos participantes do trabalho,
pele intacta, livre de erosão ou eczema. Devem-se evitar índice considerado baixo pelos autores.36
o contato da medicação com a mucosa ocular e o uso de O trabalho retrospectivo de Kvisselgaard et al. descar-
anestésicos do grupo amida em pacientes com insuficiência tou reação de hipersensibilidade em todos os 164 pacientes
hepática e do anestésico EMLA® em recém-nascidos.8 incluídos no estudo, previamente encaminhados à clínica de
Alergologia e Imunologia com suspeita de reação do tipo I a
anestésicos locais, de 2010 a 2014. Os autores consideram
Segurança dos anestésicos que esse evento seja raro com essas medicações.37
Embora os efeitos adversos aos anestésicos sejam pouco
Segundo as diretrizes americanas publicadas em 2016, os frequentes, recomenda-se cautela em seu uso. A seleção da
anestésicos locais são considerados medicamentos seguros medicação adequada, a identificação dos sinais de risco e
para uso em procedimentos dermatológicos feitos em con- o manejo das complicações são conhecimentos primordiais
sultório. Os episódios de toxicidade sistêmica e de reação para o médico dermatologista.6
anafilática aos anestésicos locais são eventos raros e mui-
tos autores recomendam procedimentos cirúrgicos fora do
ambiente hospitalar.1,2,30---32 Situações especiais
O estudo prospectivo de Starling et al., publicado em
2012, coletou dados sobre complicações de procedimen- Gestação e lactação
tos ambulatoriais nos estados da Flórida, de 2000 a 2010,
e no Alabama, de 2003 a 2009, ambos nos Estados Uni-
A lidocaína é considerada categoria B na gestação e a
dos. No primeiro estado, foram reportados 46 óbitos e
epinefrina, categoria C.1,16 Recomenda-se cautela no uso
263 complicações de procedimentos, 45% ocorreram com
dos anestésicos nessa categoria de pacientes devido ao
cirurgiões plásticos. Apenas quatro complicações ocorreram
aumento da sensibilidade local e da absorção sistêmica
com dermatologistas, sem óbitos (1,3% dos casos): um epi-
dessas medicações nessa fase. Deve-se evitar a injeção
sódio de reação vasovagal após lipoaspiração em paciente
intravascular devido ao risco de cardiotoxicidade materna
submetido à anestesia geral; um caso de fibrilação atrial
e fetal.38
de curta duração em paciente submetido à excisão cutâ-
nea; uma excisão cirúrgica incorreta em cirurgia de Mohs
e um episódio de queimadura de segundo grau em paciente
acamado e em uso de oxigênio domiciliar sedado para o pro-
População pediátrica e idosos
cedimento dermatológico. No Alabama, foram notificados
três óbitos e 49 complicações de procedimentos ambula- A aplicação de anestésicos locais na população pediátrica
toriais. A cirurgia plástica foi a especialidade médica com exige cautela. É importante diferenciar os sinais de medo e
maior índice de complicações (42,3% dos casos). Apenas dor daqueles efeitos do sistema nervoso central.6 Em neona-
uma complicação ocorreu com dermatologista, não evoluída tos, a absorção mucocutânea é maior e mais rápida do que
para óbito, correspondeu a 1,3% dos casos: um paciente em adultos e há menor ligação dos anestésicos às proteínas
apresentou infecção por Staphylococcus aureus meticilina- plasmáticas, resulta em risco elevado de intoxicação.39
-resistente após exérese de melanoma. Não foi relatada Nos idosos, o clearance (depuração) dos anestésicos
complicação após procedimentos cosméticos com anestesia locais está reduzido devido à disfunção orgânica e circulação
local feitos por dermatologistas.2 comprometida. Além disso, mudanças neuronais deixam
O trabalho de Hanke, Bernstein e Bullock esses pacientes mais sensíveis a essas medicações. Em mui-
incluiu 15.336 pacientes submetidos a lipoaspiração tos casos, doses menores são exigidas para se obter a mesma
com anestesia tumescente feita por cirurgiões dermatoló- analgesia.6,40
gicos e mostrou complicações em apenas 0,38% dos casos.
Dois pacientes tiveram arritmia cardíaca e dois apresenta-
ram taquicardia persistente. Nenhum óbito foi reportado.33 Comorbidades
Klein e Jeske também demonstraram níveis séricos seguros
de lidocaína com o uso de doses elevadas da anestesia A disfunção hepática pode afetar a circulação sistêmica dos
tumescente em pacientes submetidos a lipoaspiração.34 anestésicos locais. A insuficiência renal e uremia podem
O coorte prospectivo de Alam et al. obteve resultados aumentar a absorção local dessas medicações e reduzir o
semelhantes em 19 pacientes submetidos a cirurgia micro- clearance da ropivacaína e da bupivacaína.6,38
gráfica de Mohs. Os autores mediram seis níveis séricos de Circulação sanguínea alterada reduz o metabolismo das
lidocaína aplicada em três tempos durante o procedimento substâncias no fígado e nos rins, leva à redução do clearance
cirúrgico. Não houve elevação dos níveis séricos de lido- do anestésico. A insuficiência cardíaca reduz a absorção
caína a doses tóxicas mesmo naqueles procedimentos que local desses medicamentos devido à baixa perfusão teci-
usaram doses mais elevadas do anestésico: o valor mais dual. Entretanto, há risco de aumento das concentrações
elevado de lidocaína sérica encontrado pelos autores foi do anestésico no sistema nervoso central. A epinefrina deve
de 0,3 g/mL.35 ser usada com cautela ou evitada em alguns casos.6,38
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26. Wentworth AB, Yiannias JA, Keeling JH, Hall MR, Camilleri MJ, 35. Alam M, Ricci D, Havey J, Rademaker A, Whiterspoon J, West
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local anesthesia. Dermatol Surg. 2004;30:777---83.
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Dermatologia
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DERMATOLOGIA TROPICAL/INFECTOPARASITÁRIA
a
Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
b
Curso de Medicina da Universidade Federal de Alagoas, Arapiraca, AL, Brasil
c
Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil
d
Curso de Medicina da Universidade Federal do Vale do São Francisco, Petrolina, PE, Brasil
e
Programa de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Federal do Vale do São Francisco, Petrolina, PE, Brasil
f
Centro de Referência em Hanseníase Dr Altino Lemos Santiago, Juazeiro, BA, Brasil
g
Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil
h
Escola de Enfermagem e Farmácia, Universidade Federal de Alagoas, Maceió, AL, Brasil
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CC BY (http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/).
O Brasil contribui com 92,3% de todos os casos novos Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com
de hanseníase registrados nas Américas. Apenas três países acesso em março de 2018.
(Brasil, Índia e Indonésia) somaram 80,2% de todos os casos A primeira etapa consistiu na análise da tendência da
do mundo em 2017.1 Nesse mesmo ano, o Brasil registrou taxa de detecção de novos casos, estratificada segundo
26.875 novos casos da doença, dos quais 2.225 (8,28%) em gênero. Foi usado o modelo de regressão segmentada
residentes na Bahia.2 (joinpoint regression).4 A tendência foi classificada em cres-
O envelhecimento caracteriza-se por importantes cente, decrescente ou estacionária. Além disso, calculou-se
transformações físicas, funcionais, biológicas e psicossociais o percentual de variação anual (annual percent change -
que ampliam o risco de desenvolvimento de determinadas APC) e a média de variação do período (average annual per-
doenças.3 Desse modo, o processo de envelhecimento da cent change - AAPC), com intervalo de confiança de 95%
população brasileira, produto da transição demográfica, (95% IC). Por usar dados secundários de domínio público,
justifica a necessidade de entender como a hanseníase dispensou-se a autorização do Comitê de Ética em Pesquisa.
tem afetado essa faixa etária. Além disso, as análises A segunda etapa caracterizou-se pela análise epidemioló-
estratificadas segundo gênero, conforme recomendação gica das seguintes variáveis: gênero, faixa etária, etnia/cor,
da Organização Mundial de Saúde (OMS), têm especial escolaridade, forma clínica, classificação operacional, modo
relevância, uma vez que permitem captar nuances do de detecção e grau de incapacidade física no momento do
processo de adoecimento em cada subgrupo populacional.1 diagnóstico.
Nesse sentido, objetivou-se analisar a tendência e as Foram diagnosticados 8.843 novos casos de hanseníase na
características epidemiológicas da hanseníase na população população baiana com 60 anos ou mais. A taxa de detecção
idosa da Bahia de 2001 a 2017. média foi de 38,73/100.000, com prevalência nos homens
Foi conduzido um estudo ecológico. Os dados referen- (45,19/100.000) em relação às mulheres (33,54/100.000).
tes aos novos casos foram obtidos do Sistema Nacional de Considerando que o número de casos de hanseníase no
Agravos de Notificação (Sinan) e os dados populacionais do Brasil tem sido questionado por pesquisadores,5 o cenário
60 65
55 60
55
50
50
45
45
40
40
35 35
30 30
25 25
2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 2018 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 2018
Ano Ano
Taxa observada Taxa observada
APC = 13,9% CI 95%: 4,7 a 23,9 (p<0,001) APC = 14,5% CI 95%: 0,5 to 30,5 (p<0,001)
APC = -2,8% CI 95%: -3,6 a -1,9 (p<0,001) APC = -2,2% CI 95%: -3,5 to -0,8 (p<0,001)
55
50 Tendência 2001-2017
45 Ambos os gêneros:
40
AAPC = 0,2 CI 95%: -1,4 a 1,7 (p=0,8)
35
Homens:
30
AAPC = 0.7 CI 95% : -1,7 a 3,2 (p=0,6)
25
Mulheres:
20
2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 2018 AAPC = -0,4 CI 95% : -1,8 a 0,9 (p=0,5)
Ano
Taxa observada
APC = 13,5% CI 95%: 5,1 to 22,2 (p<0,001)
APC = -3,4% CI 95%: -4,1 to -2,6 (p<0,001)
Figura 1 Tendência da taxa de detecção de casos novos de hanseníase na população idosa, segundo gênero. Bahia, Brasil,
2001---2017. AAPC, average annual percent change (média da variação percentual anual); APC, annual percent change (percentual
de variação anual); IC, intervalo de confiança.
Tabela 1 Caracterização sociodemográfica e clínica dos casos de hanseníase diagnosticados na população idosa --- Bahia, Brasil,
2001---2017
epidemiológico real da hanseníase em idosos pode ser ainda No que diz respeito às características epidemiológicas,
mais preocupante. verificou-se discreto predomínio de casos na população
O modelo joinpoint mostrou dois comportamentos tem- masculina (52,13%; n = 4.610), faixa entre 60 e 69 anos
porais distintos, de crescimento (2001---2004) e de redução (57,86%; n = 5.117), etnia parda (50,42%; n = 4.459) e
(2004---2017), com maior destaque para as mulheres, cuja baixa escolaridade, com 27,77% (n = 2.456) analfabetos. Dos
redução foi maior do que aquela observada na população novos casos, 52,26% (4.621) foram detectados por meio de
masculina (APC = -3,4% e -2,2%, respectivamente), o que encaminhamento (tabela 1). Resultados semelhantes foram
corroborou outros estudos.3,6,7 Ao considerar a tendência do evidenciados em outras investigações.3,8,9
período total (2001-2017), o comportamento observado foi Na análise estratificada segundo gênero, as proporções
estacionário (fig. 1). das formas multibacilares em homens foram superiores
às observadas na população feminina (3.509/76,12% e Thais Silva Matos: Análise estatística; aprovação da ver-
2.352/55,56%, respectivamente). A forma clínica Virchowi- são final do manuscrito; concepção e planejamento do
ana correspondeu a 22,71% (n = 1.047) dos casos registrados estudo; elaboração e redação do manuscrito; obtenção,
na população masculina e apenas 11,86% (n = 502) dos casos análise e interpretação dos dados; participação efetiva na
registrados no gênero feminino (tabela 1). Esses achados orientação da pesquisa; participação intelectual em conduta
sugerem que o diagnóstico é mais tardio nos homens,10 pos- propedêutica e/ou terapêutica de casos estudados; revisão
sivelmente em razão de dois fatores: o menor acesso aos crítica da literatura; revisão crítica do manuscrito.
serviços de saúde e o próprio processo de negligenciamento Clódis Maria Tavares: Aprovação da versão final do manus-
dos sinais/sintomas da doença.3,8,9 crito; concepção e planejamento do estudo; elaboração e
A presença de incapacidades físicas foi outro elemento redação do manuscrito; participação efetiva na orientação
que se destacou nas análises. Do total dos novos casos, da pesquisa; participação intelectual em conduta propedêu-
30,15% (n = 2.666) já apresentavam alguma incapacidade no tica e/ou terapêutica de casos estudados; revisão crítica da
momento do diagnóstico e em 8,31% (n = 735) essas incapa- literatura; revisão crítica do manuscrito.
cidades eram permanentes (Grau II). A proporção de homens
com Grau II de incapacidade física permanente foi 2,04 vezes Conflitos de interesse
maior do que a de mulheres (11,00%; n = 507 e 5,39%; n
= 228, respectivamente) (tabela 1). Esse cenário reforça o Nenhum.
que já foi exposto, sinaliza para as graves consequências da
doença na população idosa,3,9 sobretudo a masculina, e para Referências
a manutenção da cadeia de transmissão na comunidade.5
Embora os resultados apresentados já sejam capazes de
1. Word Health Organization (WHO). Weekly epidemiological
justificar nossa preocupação com a hanseníase na terceira Record. Global leprosy update, 2017: reducing the disease bur-
idade, as elevadas proporções de campos não preenchi- den due to leprosy. 2018;35:445-56. [Acessado em 10 jan 2019].
dos e/ou ignorados na avaliação do grau de incapacidade Disponível em: <https://zeroleprosy.org/who wer/.
física no momento do diagnóstico, ao mesmo tempo em que 2. Portalarquivos.saude.gov.br [Internet]. Brasil. Ministério da
refletem problemas operacionais na vigilância da doença no Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Registro ativo:
estado,3,6,9 indicam que o número de incapacitados pode ser número e percentual, Casos novos de hanseníase: número, coe-
ainda maior do que o apresentado. ficiente e percentual, faixa etária, classificação operacional,
A hanseníase em idosos deve ser vista com preocupação, sexo, grau de incapacidade, contatos examinados, por estados
uma vez que essa população é mais atingida pelas formas e regiões, Brasil, 2017 [Atualização 30 maio 2018; acesso 01
dez 2018]. Disponível em: <http://portalarquivos2.saude.
multibacilares da doença e têm maior risco de desenvolver
gov.br/images/pdf/2018/julho/13/Registro-ativo-numero-e-
incapacidades físicas. Além disso, o frágil acesso aos serviços -percentual-por-estados-e-regioes-Brasil-2017.pdf>.
de saúde, que coloca esses sujeitos na invisibilidade, é capaz 3. Souza CDF, Fernandes TRMO, Matos TS, Filho JMR, Almeida GKA,
de manter ativa a cadeia de transmissão da doença e torna- Lima JCB, et al. Grau de incapacidade física na população idosa
-la persistente na comunidade. afetada pela hanseníase no estado da Bahia. Brasil. Acta Fisiátr.
2017;24:27---32.
Suporte financeiro 4. Kim HJ, Fay MP, Feuer EJ, Midthune DN. Permutation tests for
joinpoint regression with applications to cancer rates. Stat Med.
2000;19:335---51.
Nenhum. 5. Salgado CG, Barreto JG, da Silva MB, Goulart IMB, Barreto JA,
de Medeiros Junior NF, et al. Are leprosy case numbers reliable?
Contribuição dos autores Lancet Infect Dis. 2018;18:135---7.
6. Souza EA, Ferreira AF, Boigny RN, Alencar CH, Heukelbach J,
Martins-Melo FR, et al. Hanseníase e gênero no Brasil: ten-
Carlos Dornels Freire de Souza: Análise estatística; dências em área endêmica da região Nordeste, 2001-2014. Rev
aprovação da versão final do manuscrito; concepção e pla- Saude Publica. 2018;52:20.
nejamento do estudo; elaboração e redação do manuscrito; 7. Brito AL, Monteiro LD, Ramos Junior AN, Heukelbach J, Alencar
obtenção, análise e interpretação dos dados; participação CH. Temporal trends of leprosy in a Brazilian state capital in
efetiva na orientação da pesquisa; participação intelec- Northeast Brazil: epidemiology and analysis by joinpoints, 2001
tual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de casos to 2012. Rev Bras Epidemiol. 2016;19:194---204.
estudados; revisão crítica da literatura; revisão crítica do 8. Viana LDS, Aguiar MIFD, Aquino DMC. Perfil socioepidemiológico
manuscrito. e clínico de idosos afetados por hanseníase: contribuições para
a enfermagem. Rev Pesqui Cuid Fundam. 2016;2:4435---46.
Tânia Rita Moreno de Oliveira Fernandes: Aprovação da
9. Diniz LM, Maciel LB. Leprosy: clinical and epidemiological study
versão final do manuscrito; concepção e planejamento do
in patients above 60 years in Espírito Santo State ? Brazil. An
estudo; elaboração e redação do manuscrito; participação Bras Dermatol. 2018;93:824---8.
efetiva na orientação da pesquisa; participação intelec- 10. Monteiro LD, Martins-Melo FR, Brito AL, Alencar CH, Heukelbach
tual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de casos J. Physical disabilities at diagnosis of leprosy in a hyperende-
estudados; revisão crítica da literatura; revisão crítica do mic area of Brazil: trends and associated factors. Lepr Rev.
manuscrito. 2015;86:240---50.
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a
Departamento de Dermatologia do Hospital do Servidor Público Estadual, São Paulo, SP, Brasil
b
Departamento de Dermatologia do Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual, São Paulo, SP, Brasil
c
Programa de Residência em Dermatologia do Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual, São Paulo, SP, Brasil
Relato do caso
DOI referente ao artigo:
https://doi.org/10.1016/j.abd.2019.03.004 Homem, 88 anos, procurou o serviço de Dermatologia com
夽 Como citar este artigo: Souza BC, Luce MAC, Cunha TAC, Valente
queixa de lesão assintomática na região glútea direita, com
NYS. Dermatoscopy of the Borst-Jadassohn phenomenon in the
hidroacanthoma simplex. An Bras Dermatol. 2020;95:95---7.
tempo de evolução desconhecido.
夽夽 Trabalho realizado no Hospital do Servidor Público Estadual de Ao exame dermatológico, observou-se uma placa rósea
São Paulo, São Paulo, SP, Brasil. levemente elevada com limites irregulares, porém evidentes
∗ Autor para correspondência. e com pequena área de exulceração (fig. 1). À dermatos-
E-mail: brunocastro1990@hotmail.com (B.C. Souza). copia era possível observar, além da exulceração, várias
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Figura 1 Placa rósea levemente elevada com limites irregu- Figura 3 Detalhe das mesmas estruturas na dermatoscopia.
lares, porém evidentes e com pequena área de exulceração
localizada na região glútea.
Discussão
Suporte financeiro
Nenhum.
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Discussão
Figura 3 Quirodáctilos e pododáctilos apresentam aumento do volume e baqueteamento digital, com unhas em vidro de relógio.
Figura 4 Reação periosteal hipertrófica benigna nas metáfises e epífises do fêmur, tíbia e fíbula bilateralmente, com alargamento
de ossos por hiperostose. Densificação e aumento da espessura de partes moles adjacentes ao joelho, notadamente nas faces
anterior e lateral.
mutation and recalcitrant leg ulcer. J Dermatol Sci. 2015;78: 8. Coggins KG, Coffman TM, Koller BH. The Hippocratic finger points
153---5. the blame at PGE2. Nat Genet. 2008;40:691---2.
7. Kim HJ, Koo KY, Shin DY, Kim DY, Lee JS, Lee MG. Complete form of
pachydermoperiostosis with SLCO2A1 gene mutation in a Korean
family. J Dermatol. 2015;42:655---7.
Uma mulher de 77 anos, saudável, apresentou-se com da na derme reticular superficial e média, caracterizada por
múltiplas pápulas milimétricas branco-amareladas mono- discreto espessamento das fibras colágenas e por fibras elás-
mórficas e não foliculares na região cervical posterior (figs. ticas focalmente aumentadas (fig. 3). Esses achados foram
1 e 2). As lesões teriam anos de evolução e, afora um prurido destacados na coloração de Verhoeff-van Gieson, que mos-
discreto, eram assintomáticas. O exame objetivo, que incluiu trou ainda ausência de fibras elásticas na derme papilar (fig.
a avaliação cardiovascular e dos pulsos periféricos, foi nor- 4). Não foi observada calcificação de tecido elástico.
mal. A biópsia cutânea revelou uma área nodular mal defini-
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CARTA - INVESTIGAÇÃO
Adalimumabe para psoríase Tabela 1 Índice de Gravidade da Psoríase por Área (PASI)
grave em pacientes pediátricos Início Semana 16 Semana 40
chilenos夽,夽夽 Paciente 1 18,3 3,1 1,7
Paciente 2 12 3,1 1,8
Prezado Editor,
Paciente 3 40 0 2,1
Paciente 4 12 1 0
A psoríase juvenil é uma doença inflamatória crônica da
pele que afeta 0,6% a 1,4% dos pacientes pediátricos.1 Está
associada a várias comorbidades, entre as quais artrite Tabela 2 Avaliação Global do Médico (PGA)
psoriática, doenças psiquiátricas, diabetes melito 1 e
2, hipertensão, obesidade, hiperlipidemia e doença de Início Semana 16 Semana 40
Crohn;2---4 portanto, é essencial instituir um tratamento
Paciente 1 3 2 1
precoce e adequado. Devido aos efeitos adversos, as opções
Paciente 2 3 2 1
terapêuticas sistêmicas em crianças são limitadas. Até o
Paciente 3 5 0 1
momento, poucas terapias biológicas foram aprovadas para
Paciente 4 3 0 0
tratamento da psoríase grave. O adalimumabe foi apro-
vado pela Agência Europeia de Medicamentos (European
Medicines Agency [EMA]) para o tratamento da psoríase de adalimumabe foi de 4,2 anos. Dois pacientes apre-
em placas grave em pacientes a partir dos 4 anos e, sentavam histórico familiar positivo para psoríase, mas
recentemente, um ensaio clínico randomizado e duplo-cego não em parentes de primeiro grau. Todos os pacientes
demonstrou sua segurança e superioridade em comparação apresentavam psoríase em placas grave. O paciente 4
ao metotrexato.5 No Chile, não há reembolso econômico apresentou psoríase genital grave e artrite psoriática HLA
para terapias biológicas, que devem ser pagas integral- B27+, com comprometimento das articulações sacroilíacas,
mente pelo paciente; portanto, o acesso a essas terapias que não responderam ao tratamento com metotrexato. O
é limitado devido aos custos. O objetivo do presente artigo paciente 2 tinha sobrepeso. Não foram identificadas outras
é apresentar a experiência dos autores com o uso de comorbidades metabólicas, articulares ou psiquiátricas. No
adalimumabe em pacientes pediátricos com psoríase grave. início do estudo, os seguintes escores foram observados:
Pacientes < 18 anos com psoríase grave que não respon- PASI mediano 21,3, PGA mediano 4 e superfície corporal
deram às terapias tópicas e/ou sistêmicas não biológicas mediana 29%. Na semana 16, o escore PASI de três dos qua-
foram selecionados para receber adalimumabe 0,8 mg/kg tros pacientes foi 75 e a pontuação mediana na PGA foi 2.
por via subcutânea na semana 0 e depois em semanas alter- Na semana 40, o PASI mediano foi de 1,7; todos os pacientes
nadas a partir da semana 1. Eles foram acompanhados por atingiram apresentaram PASI 75 e dois, PASI 90. Todos os
pelo menos 40 semanas, com avaliações clínicas mensais. pacientes atingiram uma pontuação PGA de 1-0 (tabelas 1 e
O Índice de Área e Gravidade da Psoríase (PASI, do inglês 2). Apenas eventos adversos leves foram relatados: infecção
Psoriasis Area and Severity Index) e a escala de 6 pontos do trato respiratório superior (3 casos), infecção do trato
da Avaliação Médica Global (Physician Global Assessment respiratório inferior (3 casos) e dor de cabeça (1 caso).
[PGA]) foram avaliados em todas as visitas. Não foram encontrados relatos anteriores em paci-
Quatro pacientes foram selecionados, três do sexo entes pediátricos chilenos com psoríase grave tratados
feminino. A idade mediana ao diagnóstico da psoríase foi com adalimumabe. Na presente série, o tratamento com
de 11 anos e a duração média da doença antes do uso adalimumabe 0,8 mg/kg em pacientes pediátricos que não
responderam ao tratamento não biológico resultou em
melhorias significativas no PASI (escore 75 na semana 16,
que foram mantidos até a semana 40).
DOI referente ao artigo:
A psoríase juvenil tem sido associada a comorbidades
https://doi.org/10.1016/j.abd.2019.04.012
夽 Como citar este artigo: Armijo D, Valenzuela F, Saint-Pierre G, importantes; a taxa geral estimada foi relatada como duas
Cortés A. Adalimumab for severe psoriasis in Chilean paediatric vezes mais alta do que em pacientes sem psoríase.1 Apenas
patients. An Bras Dermatol. 2020;95:105---6. um dos pacientes apresentou artrite psoriática, com boa
夽夽 Trabalho realizado no Hospital Clinico Universidad de Chile, taxa de resposta, com melhoria dos sintomas e da qualidade
Santiago, Chile. de vida. Considerando as comorbidades da psoríase juvenil,
Tabela 1 Características dos pacientes incluídos no estudo Tabela 2 Comparação entre pacientes de acordo com a
(n = 93) realização de radiografias de tórax
diagnóstico inicial foi avaliado pela regressão de Cox. Foram 0,8 Alteração pós-clínica
Sobrevivência cumulativa
alteração dos exames de imagem do seguimento, ajustados orientação da pesquisa; revisão crítica da literatura; revisão
por idade, sexo, espessura de Breslow e ulceração, em que crítica do manuscrito.
se verifica o comportamento mais agressivo de tumores com
doença metastática identificada clinicamente (p < 0,01 --- Conflitos de interesse
regressão de Cox).
Os presentes achados, que corroboram outros estudos, Nenhum.
sugerem que a feitura de exames de imagem no estadi-
amento de pacientes assintomáticos é pouco produtiva, Referências
devem ser considerados apenas para casos localmente
avançados, com tumores espessos e ulcerados. Os estudos de 1. Trotter SC, Sroa N, Winkelmann RR, Olencki T, Bechtel M. A Glo-
Gjørup et al. (2016) e Ferrándiz et al. (2016), juntos, iden- bal Review of Melanoma Follow-up Guidelines. J Clin Aesthet
tificaram apenas três casos positivos entre RT e TC no esta- Dermatol. 2013;6:18---26.
diamento de 913 pacientes assintomáticos até estágio IIC.4,5 2. Naser N. Cutaneous melanoma: a 30-year-long epidemiological
No seguimento, a frequência de achados positivos em study conducted in a city in southern Brazil, from 1980-2009. An
pacientes assintomáticos aumentou, porém frequentemente Bras Dermatol. 2011;86:932---41.
3. Hollingsworth B. Cost, production, efficiency, or effectiveness:
foi precedida de disseminação regional do tumor. De qual-
where should we focus? Lancet Glob Health. 2013;1:e249---50.
quer modo, metástase à distância clinicamente manifesta 4. Gjørup CA, Hendel HW, Pilegaard RK, Willert CB, Hölmich LR.
indicou doença de evolução agressiva. Routine X-Ray of the chest is not justified in staging of cutaneous
Apesar das limitações inerentes a estudos retrospecti- melanoma patients. Dan Med J. 2016:63, pii: A5317.
vos, os resultados desfavorecem as RT no estadiamento 5. Ferrándiz L, Silla-Prósper M, García-de-la-Oliva A, Mendonça
de pacientes assintomáticos, exceto para casos local- FM, Ojeda-Vila T, Moreno-Ramírez D. Yield of Computed Tomo-
mente avançados. Já durante o seguimento, a positividade graphy at Baseline Staging of Melanoma. Actas Dermosifiliogr.
aumenta, porém geralmente ocorrem precedidas de reci- 2016;107:55---61.
diva locorregional e de sintomas da doença metastática à
a b
distância, dentro dos três primeiros anos de seguimento. Luiza Boava Souza , Gabriel Peres
b,∗
e Juliano Vilaverde Schmitt
Suporte financeiro a
Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade
Estadual Paulista, Botucatu, SP, Brasil
Nenhum. b
Departamento de Dermatologia e Radioterapia, Hospital
das Clínicas, Faculdade de Medicina de Botucatu,
Contribuição dos autores Universidade Estadual Paulista, Botucatu, SP, Brasil
∗
Luiza Boava Souza: Aprovação da versão final do manuscrito; Autor para correspondência.
concepção e planejamento do estudo; elaboração e redação E-mail: julivs@gmail.com (J.V. Schmitt).
do manuscrito; obtenção, análise e interpretação dos dados; Recebido em 24 de agosto de 2018; aceito em 10 de dezem-
revisão crítica da literatura; revisão crítica do manuscrito. bro de 2018
Gabriel Peres: Aprovação da versão final do manuscrito; Disponível na Internet em 24 de dezembro de 2019
elaboração e redação do manuscrito; revisão crítica do
manuscrito. 2666-2752/
© 2019 Publicado por Elsevier España, S.L.U. em nome de
Juliano Vilaverde Schmitt: Análise estatística; aprovação
Sociedade Brasileira de Dermatologia. Este é um artigo Open
da versão final do manuscrito; concepção e planejamento Access sob uma licença CC BY (http://creativecommons.org/
do estudo; elaboração e redação do manuscrito; obtenção, licenses/by/4.0/).
análise e interpretação dos dados; participação efetiva na
+, Apenas menciona ‘‘UVA’’; AP, alta proteção; FPS, fator de proteção solar; MAP, muito alta proteção; NA, não disponível no rótulo.
a Fator de proteção UVA.
b PPD.
c Método de UVA não citado.
Tabela 2 Percentual de transmitância de UVA e luz visível dos diferentes filtros testados (n = 44)
Produto UVA LV
Actsun Color FPS 60 0,0% 6,0%
Anthelios Airlicium FPS 70 --- clara 0,0% 0,0%
Anthelios Airlicium FPS 70 --- com cor 0,0% 0,0%
Anthelios Airlicium FPS 70 --- morena 0,0% 0,0%
Anthelios Airlicium FPS 70 --- morena mais 0,0% 0,0%
Anthelios Alta cobertura FPS 60 0,0% 0,0%
Anthelios BB cream FPS 50 0,4% 7,4%
BLOCSKiN FPS 40 color 0,0% 6,8%
Cetaphil Sun FPS 70 --- com cor 0,1% 0,0%
Emulsão Color FPS 70 0,1% 16,7%
Emulsão Color FPS 50+ 0,2% 6,8%
Ensolei Extreme FPS 90+ 0,1% 4,7%
Episol color FPS 70 --- pele clara 0,0% 0,0%
Episol color FPS 70 --- pele extra clara 0,0% 0,0%
Episol color FPS 70 --- pele morena 0,0% 0,0%
Episol color FPS 70 --- pele morena mais 0,0% 0,0%
Episol color FPS 70 --- pele negra 0,0% 0,0%
Eucerin Sun Creme tinted FPS 60 0,0% 11,4%
Filtrum Color FPS 50 0,0% 0,0%
Foto Ultra Age Active Unify Fusion Fluid color FPS 99 0,0% 0,0%
Fotoprotector Gel Cream Dry Touch color FPS 50+ 0,0% 3,2%
FQM-Melora Heliocare® gel color nude bronze FPS 50 0,1% 3,1%
Idéal Capital Soleil FPS 50 0,0% 0,0%
Idéal Soleil Clarify FPS 60 --- clara 0,0% 0,0%
Idéal Soleil Clarify FPS 60 --- média 0,0% 0,0%
Idéal Soleil Clarify FPS 60 --- morena 0,0% 0,0%
Idéal Soleil Clarify FPS 60 --- com cor 0,0% 0,0%
Minesol Actif Unify FPS 60 --- light 0,1% 0,0%
Minesol Actif Unify FPS 60 --- medium 0,4% 0,0%
Minesol Oil Control FPS 60 tinted 0,0% 17,7%
Moderm Protetor Solar com base FPS 35 --- bege claro 0,1% 0,0%
Moderm Protetor Solar com base FPS 35 --- bege médio 0,1% 0,0%
Photoderm M FPS 50+ 0,0% 7,1%
Photoderm MAX Nude Touch FPS 50+ --- claro 0,5% 0,0%
Photoderm MAX Nude Touch FPS 50+ --- dourado 0,8% 0,0%
Photoderm MAX Nude Touch FPS 50+ --- muito claro 1,2% 0,0%
Photoderm MAX Toque Seco FPS 60 Tinto 0,0% 3,9%
Photoderm MAX Toque Seco FPS 90 Tinto 0,0% 0,0%
Photoprot FPS 99 Color 0,1% 3,9%
Physical Matte UV defense FPS 50 0,9% 6,8%
Sunfresh facial com cor FPS 60 0,0% 26,2%
Controles negativos
Anthelios XL Protect FPS 70 0,0% 75,4%
Eryfotona AK-NMSC FLUID FPS 99 0,0% 59,5%
FotoUltra - Spot Prevent - Fusion Fluid 99 0,0% 63,4%
Anais Brasileiros de
Dermatologia
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Siringocistoadenoma papilífero
em localização incomum夽,夽夽
Prezado Editor,
Tratamento da doença de
relatada em homens asiáticos entre 20 e 30 anos.2 As moda-
Kimura com corticosteroide oral lidades terapêuticas para DK incluem excisão cirúrgica,
e metotrexato夽,夽夽 radioterapia e vários agentes imunomoduladores, como
corticosteroides orais, ciclosporina, leflunomida e micofe-
Prezado Editor,
nolato de mofetil.3
A doença de Kimura (DK) foi inicialmente descrita por Kim Relata-se um caso de DK com uma resposta excelente
e Szeto em 1937, mas tornou-se mais conhecida após a e sustentada ao corticosteroide oral e metotrexato intra-
descrição sistemática de Kimura, que a classificou como venoso. Um homem de 51 anos apresentou história de
uma doença inflamatória crônica.1 A maioria dos casos foi tumefação das pálpebras superiores bilateralmente e edema
similar nas regiões das parótidas bilateralmente ao longo
de sete anos (fig. 1), sem prurido ou dor. O exame físico
evidenciou lesões pendulares, macias e não dolorosas em
DOI referente ao artigo: ambas as pálpebras superiores no terço lateral, resultando
https://doi.org/10.1016/j.abd.2019.03.006 em ptose mecânica. O restante do exame ocular estava den-
夽 Como citar este artigo: Ma H. Treatment of Kimura’s dise- tro dos limites normais. Seu histórico médico não indicou
ase with oral corticosteroid and methotrexate. An Bras Dermatol. alterações. Foi feito um estudo reumatológico e imunológico
2020;95:115---7. completo. No hemograma completo, a contagem de leucóci-
夽夽 Trabalho realizado no Departamento de Dermatologia, Fifth
tos foi de 8,3 × 109 /L, neutrófilos 4,35 × 109 /L (representou
Affiliated Hospital, Sun Yat-sen University, Zhuhai, Guangdong Pro- 52,4%), linfócitos 2,50 × 109 /L (representou 30,1%) e eosi-
vince, China.
camento a ser combinado, uma vez que ele apresenta efeitos 2. Buder K, Ruppert S, Trautmann A, Bröcker EB, Goebeler M, Kers-
imunomodulatórios semelhantes ao inibir a síntese de novo tan A. Angiolymphoid hyperplasia with eosinophilia and Kimura’s
de purina via inosina monofosfato desidrogenase. Embora a disease ? a clinical and histopathological comparison. J Dtsch
recorrência seja muito comum, não foi observada após dois Dermatol Ges. 2014;12:224---8.
anos de acompanhamento deste caso. O autor acredita que 3. Shah K, Tran AN, Magro CM, Zang JB. Treatment of Kimura dise-
ase with mycophenolate mofetil monotherapy. JAAD Case Rep.
o metotrexato pode ser um tratamento promissor para a DK.
2017;3:416---9.
4. Chen Y, Wang J, Xu F, Zeng C, Liu Z. Clinicopathological featu-
Suporte financeiro res and prognosis of Kimura’s disease with renal involvement in
Chinese patients. Clin Nephrol. 2016;85:332---9.
Nenhum. 5. Katagiri K, Itami S, Hatano Y, Yamaguchi T, Takayasu S. In vivo
expression of IL-4, IL-5, IL-13 and IFN-gamma mRNAs in peripheral
Contribuição do autor blood mononuclear cells and effect of cyclosporine A in a patient
with Kimura’s disease. Br J Dermatol. 1997;137:972---7.
Han MA: Aprovação da versão final do manuscrito;
elaboração e redação do manuscrito. Han Ma
Departamento de Dermatologia, Fifth Affiliated Hospital,
Conflitos de interesse Sun Yat-sen University, Zhuhai, Guangdong Province, China
E-mail: drmahan@sina.com
Nenhum.
Recebido em 25 de fevereiro de 2018; aceito em 1 de março
de 2019
Referências
Disponível na Internet em 13 de fevereiro de 2020
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Kimura’s disease: a case report and a clinical and histopatho- Elsevier España, S.L.U. Este é um artigo Open Access sob uma
logical comparison. An Bras Dermatol. 2017;92:392---4. licença CC BY (http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/).
Suporte financeiro
Figura 2 Detalhe da lesão em abdome. Placa amarelada no
abdome. Nenhum.
a,∗
Conflitos de interesse Isaura Azevedo Fasciani ,
a
Neusa Yuriko Sakai Valente ,
b
Nenhum. Maria Claudia Alves Luce
b
e Priscila Kakizaki
Referências a
Departamento de Dermatologia, Hospital do Servidor
Público Estadual, São Paulo, SP, Brasil
b
1. Ugurlu S, Bartley GB, Gibson LE. Necrobiotic xanthogranuloma: Departamento de Dermatopatologia, Hospital do Servidor
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2. Seastrom S, Bookout A, Hogan DJ. Necrobiotic xanthogranuloma Autor para correspondência.
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Recebido em 21 de novembro de 2018; aceito em 13 de
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xanthogranuloma - a systematic review. J Eur Acad Dermatol Elsevier España, S.L.U. Este é um artigo Open Access sob uma
Venereol. 2017;31:221---35. licença CC BY (http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/).
Suporte financeiro
Nenhum.
∗
4. de Golian E, Echols K, Pearl H, Davis L. Linear atrophoderma of Autor para correspondência.
Moulin: a distinct entity? Pediatr Dermatol. 2014;31:373---7. E-mail: 13980427003@163.com (T. Chen).
5. Kharkar VD, Abak BA, Mahajan SA. Linear atrophoderma of
Recebido em 18 de janeiro de 2019; aceito em 18 de março
Moulin: a rare entity. Indian J Dermatol Venereol Leprol.
2018;84:591---4. de 2019
Disponível na Internet em 15 de fevereiro de 2020
∗
Li-Wen Zhang , Meng-Sha Ma , Tao Chen 2666-2752/
e Li-Xin Fu © 2019 Sociedade Brasileira de Dermatologia. Publicado por
Elsevier España, S.L.U. Este é um artigo Open Access sob uma
Departamento de Dermatovenereologia, Chengdu Second licença CC BY (http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/).
People’s Hospital, Sichuan, China
Micose fungoide folicular com comprometimento sistêmico foi detectado no exame de ima-
gem corporal. Foi estabelecido o diagnóstico de MFF. O
espículas e lesões similares a paciente foi tratado com interferon alfa (3.000.000 unida-
hidradenite supurativa em um des, três vezes por semana) e clobetasol tópico, alcançando
paciente --- Remissão completa remissão completa um ano depois, sem recidivas após três
com interferon alfa夽,夽夽 anos de acompanhamento (fig. 3).
A MFF é observada em menos de 10% dos pacientes com
Prezado Editor, MF. Essa variante é mais comum em homens, com uma
Prezado Editor,
Alopecia frontal fibrosante Os padrões clínicos de AFF têm sido descritos com base na
familiar em seis irmãs夽,夽夽 recessão frontal do cabelo como padrão I (linear), padrão II
(difuso), padrão III (pseudo-‘‘sinal da franja’’)4 e padrão
Prezado Editor, irregular.5 Em nossa série, o padrão II é encontrado em todas
as pacientes e em uma, o padrão irregular.
A alopecia frontal fibrosante (AFF) é uma alopecia cica- A genética da AFF ainda é desconhecida. Estudos mos-
tricial progressiva descrita pela primeira vez por Kossard tram que o HLA-DR1 foi implicado no líquen plano e na
em 1994 e que tem se tornado mundialmente epidêmica na síndrome de Graham-Little-Piccardi-Lassueur, mas não foi
última década. Casos familiares de AFF vêm sendo descri- encontrado em AFF.1 Casos familiares podem indicar um
tos desde 2008,1 mas as séries incluem até três parentes na mecanismo genético.
mesma geração ou cinco em duas gerações.2,3 Encontramos Além disso, a epidemia de AFF observada atualmente
um grupo de seis irmãs que apresentavam diagnóstico clínico sugere fortemente que um gatilho ambiental também pode
e histológico de AFF no Brasil. estar envolvido. Nesta série, não pudemos definir qualquer
Essa família é composta por oito irmãos, dois homens (não substância que pudesse ser apontada como esse fator, ape-
examinados) e seis mulheres, todas afetadas pela doença sar de todas terem usado protetor solar em algum momento
(fig. 1). Os pais não eram consanguíneos e não foram exami- de suas vidas.
nados, pois já faleceram. As irmãs moram na mesma cidade Até onde sabemos, esta é a maior série com AFF na
e não vivem juntas. Todas são menopausadas e nenhuma mesma família já descrita. Estudar essas famílias pode aju-
recebeu terapia de reposição hormonal (TRH). A idade de dar a entender a genética e a patogênese dessa intrigante
início da AFF variou de 31 a 62 anos e a idade média foi doença.
de 50,7 anos. Cinco têm alopecia de sobrancelhas e cílios e
quatro têm perda de pelos no corpo. O líquen plano pigmen- Suporte financeiro
toso (LPPig) é observado em duas irmãs e pápulas faciais em
três. O diagnóstico foi feito pelas características clínicas e
Nenhum.
tricoscópicas (fig. 2), pois elas se recusaram a se submeter
à biópsia. Como diagnóstico diferencial, poder-se-ia pensar
em ceratose pilar atrófica, mas nenhuma delas apresentava Contribuição dos autores
ceratose pilar.
De comorbidades encontramos hipertensão arterial sis- Vanessa Barreto Rocha: Aprovação da versão final do manus-
têmica (HAS) e diabetes mellitus (DM) em uma paciente, crito; concepção e planejamento do estudo; elaboração e
trombose venosa profunda (TVP) e rinite alérgica em outras redação do manuscrito; obtenção, análise e interpretação
duas. Não há casos de disfunção tireoidiana. Os dados clíni- dos dados; revisão crítica da literatura; revisão crítica do
cos e demográficos estão resumidos na tabela 1. manuscrito.
Mario Cezar Pires: Aprovação da versão final do manus-
crito; participação efetiva na orientação da pesquisa;
revisão crítica do manuscrito.
Leticia Arsie Contin: Aprovação da versão final do manus-
DOI referente ao artigo:
crito; concepção e planejamento do estudo; elaboração e
https://doi.org/10.1016/j.abd.2019.02.009
夽 Como citar este artigo: Rocha VB, Pires MC, Contin LA. Fami- redação do manuscrito; obtenção, análise e interpretação
lial fibrosing frontal alopecia in six sisters. An Bras Dermatol. dos dados; participação efetiva na orientação da pesquisa;
2020;95:125---8. participação intelectual em conduta propedêutica e/ou
夽夽 Trabalho realizado no Hospital do Servidor Público Municipal terapêutica de casos estudados; revisão crítica do manus-
de São Paulo, Vila Clementino, SP, Brasil. crito.
Figura 2 Tricoscopia da região de implantação frontal das pacientes a, b, e, f, mostra ausência de velos e eritema e descamação
perifoliculares em todos os casos e descamação interfolicular em c,d.
Nenhum. ∗
Vanessa Barreto Rocha , Mario Cezar Pires
e Leticia Arsie Contin
Referências
Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público
1. Roche M, Walsh M, Armstrong D. Frontal fibrosing alopecia - Estadual, Vila Clementino, SP, Brasil
- ocurrence in male and female siblings. J Am Acad Dermatol. ∗
2008;58(2 S2). AB 81.
Autor para correspondência.
2. Tziotzios C, Fenton DA, Stefanato CM, McGrath JA. Familial fron- E-mail: vanessabarreto@oi.com.br (V.B. Rocha).
tal fibrosing alopecia. J Am Acad Dermatol. 2015;73:e37. Recebido em 10 de setembro de 2018; aceito em 6 de feve-
3. Dlova N, Goh CL, Tosti A. Familial frontal fibrosing alopecia. Br J reiro de 2019
Dermatol. 2013;168:220---2. Disponível na Internet em 15 de fevereiro de 2020
4. Moreno-Arrones OM, Saceda-Corralo D, Fonda-Pascual P,
Rodrigues-Barata AR, Buendía-Castaño D, Alegre-Sánchez 2666-2752/
A, et al. Frontal fibrosing alopecia: clinical and prognostic © 2019 Sociedade Brasileira de Dermatologia. Publicado por
classification. J Eur Acad Dermatol Venereol. 2017;31:1739---45. Elsevier España, S.L.U. Este é um artigo Open Access sob uma
5. Contin LA, de Almeida Ledá YL, Caldeira Nassif K, Suárez Res- licença CC BY (http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/).
trepo MV. Patchy Frontal Fibrosing Alopecia: Description of
Anais Brasileiros de
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CORRESPONDÊNCIA
a,∗ b
Nenhum. Elisa Cinotti , Jean Luc Perrot
a
e Pietro Rubegni
Contribuição dos autores a
Departamento de Ciências Médicas, Cirúrgicas e
Neurológicas, Universidade de Siena, Hospital de S. Maria
Elisa Cinotti: Aprovação da versão final do manuscrito;
alle Scotte, Siena, Itália
concepção e planejamento do estudo; elaboração e redação b
Departamento de Dermatologia, Hospital Universitário
do manuscrito; revisão crítica do manuscrito.
de Saint-Etienne, Saint-Etienne, França
Jean Luc Perrot: Aprovação da versão final do manuscrito;
concepção e planejamento do estudo; obtenção, análise e ∗
Autor para correspondência.
interpretação dos dados; participação efetiva na orientação E-mail: elisacinotti@gmail.com (E. Cinotti).
da pesquisa; participação intelectual em conduta propedêu-
tica e/ou terapêutica de casos estudados; revisão crítica da Recebido em 28 de janeiro de 2019; aceito em 24 de abril
literatura; revisão crítica do manuscrito. de 2019
Pietro Rubegni: Aprovação da versão final do manuscrito; Disponível na Internet em 15 de fevereiro de 2020
obtenção, análise e interpretação dos dados; participação 2666-2752/
efetiva na orientação da pesquisa; participação intelectual © 2019 Sociedade Brasileira de Dermatologia. Publicado por
em conduta propedêutica e/ou terapêutica de casos estu- Elsevier España, S.L.U. Este é um artigo Open Access sob uma
dados; revisão crítica do manuscrito. licença CC BY (http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/).
Conflitos de interesse
Nenhum.
Figura 1 Dois casos de tinha negra apresentam aspecto clínico clássico (A1, B1). Dermatoscopia de ambos os casos, com estruturas
lineares hipercrômicas curtas na epiderme (A2, B2). Exame micológico direto (KOH 20%), com hifas septadas demáceas curtas (A3
200 × , B3 400 × ).
Figura 2 A1, B1, C1: Aspecto clínico de micoses superficiais. A2, B2, C2: Exames micológicos diretos (KOH 20%) correspon-
dente aos quadros clínicos apresentados, apresenta em todos os casos hifas septadas hialinas finas e longas (100 × , 400 × , 200 × ,
respectivamente).
filamentosas nos exames que poderiam erroneamente ser 4. Jo JH, Deming C, Kennedy EA, Conlan S, Polley EC, Ng WI, et al.
consideradas como compatíveis à H. wernekii, quer pela Diverse Human Skin Fungal Communities in Children Converge in
presença de artefatos epidérmicos que poderiam ser consi- Adulthood. J Invest Dermatol. 2016;136:2356---63.
derados estruturas fúngicas. Esperamos que estudos futuros 5. Zaror L, Aliaga X. Dermatophytes in healthy Chilians. Mycoses.
ajudarão a elucidar com maior propriedade as estruturas 1990;33:95---8.
6. Friedman D, Friedman PC, Gill M. Reflectance confocal micros-
dessa dermatose.
copy: an effective diagnostic tool for dermatophytic infections.
Cutis. 2015;95:93---7.
Suporte financeiro 7. Liansheng Z, Xin J, Cheng Q, Zhiping W, Yanqun L. Diagnostic
applicability of confocal laser scanning microscopy in tinea cor-
Nenhum. poris. Int J Dermatol. 2013;52:1281---2.
8. Veasey JV, Meneses OMS, da Silva FO. Reflectance con-
focal microscopy of tinea capitis: comparing images with
Contribuição do autor results of dermoscopy and mycological exams. Int J Dermatol.
2018;58:849---51.
John Verrinder Veasey: Aprovação da versão final do manus- 9. Cinotti E, Perrot JL, Labeille B, Cambazard F. Reflec-
crito; elaboração e redação do manuscrito; obtenção, tance confocal microscopy for cutaneous infections and
análise e interpretação dos dados; participação intelec- infestations. J Eur Acad Dermatol Venereol. 2016;30:
tual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de casos 754---63.
estudados; revisão crítica da literatura; revisão crítica do ∗
manuscrito. John Verrinder Veasey
Setor de Dermatoses Infecciosas, Clínica de Dermatologia,
Conflitos de interesse Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, São Paulo, SP,
Brasil
Nenhum. ∗
Autor para correspondência.
E-mail: johnveasey@uol.com.br
Referências Recebido em 10 de março de 2019; aceito em 29 de abril de
2019
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Tinea Nigra. An Bras Dermatol. 2013;88:128---9.
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dra, black piedra, tinea versicolor and tinea nigra: contribution © 2019 Sociedade Brasileira de Dermatologia. Publicado por
to the diagnosis of superficial mycosis. An Bras Dermatol. Elsevier España, S.L.U. Este é um artigo Open Access sob uma
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3. Veasey JV, Avila RB, Ferreira MAMO, Lazzarini R. Reflectance
confocal microscopy of tinea nigra: comparing images with der-
moscopy and mycological examination results. An Bras Dermatol.
2017;92:568---9.
CM
MY
CY
CMY
K
Anais Brasileiros de Dermatologia
aneiro/Fevereiro 2020
mpresso em fevereiro 2020