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Ministro do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal

Gustavo Krause Gonçalves Sobrinho Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
Presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis Diretoria de Incentivo à Pesquisa e Divulgação
Eduardo Martins

Diretor de Recursos Naturais Renováveis


Paulo Benincá de Salles

Chefe do Departamento de Pesca e Aquicultura


Carlos Fernando Anicet Fisher

Diretor de Incentivo à Pesquisa e Divulgação


Celso Martins Pinto

Chefe do Departamento de Divulgação Técnico-Científica e Educação Ambiental


José Silva Quintas

Coordenadora da Divisão de Divulgação Técnico-Científica


Maria Luiza Delgado Assad
Peixes Comerciais do
Médio Amazonas:
Região de Santarém, Pará

Edição
IBAMA Efrem J. G. Ferreira
Diretoria de Incentivo à Pesquisa e Divulgação Jansen A. S. Zuanon
Departamento de Divulgação Técnico-Científica e Educação Ambiental
Geraldo M. dos Santos
Divisão de Divulgação Técnico-Científica
SAIN, Av. L4 Norte, Edifício Sede.
CEP 70.800-900, Brasília, DF.
Telefones: (061) 316-1191 e 316-1222
Fax: (061) 226-5588
e-mail: ditec@ibama.gov.br

Brasília
1998

Impresso no Brasil
Printed in Brazil
Coleção Meio Ambiente
Série Estudos: Pesca, n° 18
ISSN 0103-9695
ISBN 85-7300-021-X

Preparação dos Originais


Vitória Adaii Brito Rodrigues

Revisão de Provas
Vitória Adail Brito Rodrigues
Norma Guimarães Azeredo Agradecimentos
Capa
Paulo Aclidésio Luna Os autores agradecem às seguintes pessoas pela ajuda e
Diagramação
apoio na elaboração deste trabalho: Dr. Mauro César Lambert Ribeiro,
Luiz Eduardo Nunes Dra. Victoria Isaac, MSc. Mauro Rufino, MSc. Marcelo Garcia, Carlos
Fisher, Vera Lúcia Rocha, ítalo Vieira, Paulo Roberto Spozito de Oliveira
Ilustrações (Magnólio), Dr. Bernd Mitlewski e Dr. Wolf Hartmann. Ao INPA, IBAMA
Efrem J. G. Ferreira e GTZ/GOPA pelo apoio institucional.
JansenA. S. Zuanon
Geraldo M. dos Santos

F383p Ferreira, Efrem J. G.


Peixes comerciais do médio Amazonas: região de Santarém,
Pará / Efrem J. G. Ferreira, Jansen A. S. Zuanon, Geraldo M. dos
Santos -Brasília: Edições IBAMA, 1998.

214 p.; 21 x 15 cm
ISSN 0103-9695
ISBN 85-7300-021-X

1. Peixes. 2. Comércio. 3. Médio Amazonas. I. Zuanon, Jansen


A. S. II. Santos, Geraldo M. dos. III. Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis.

CDU 693.2 (282.281.3)


Apresentação

Inserido no Projeto Iara - Administração dos Recursos


Pesqueiros na Região do Médio Amazonas, o Subprojeto Biologia e
Ecologia Pesqueira apresenta, como um dos resultados de suas
atividades voltadas para a produção de informações técnico-cientificas,
o Catálogo de Peixes Comerciais do Médio Amazonas. Apesar de não
poder ser considerado um manual completo, no que se refere ao registro
de todas as espécies de peixes ocorrentes na Amazônia brasileira, com
certeza contempla as espécies, economicamente mais importantes,
comercializadas nos mercados e frigoríficos da região de Santarem/PA
e arredores.

A pouca disponibilidade de informações confiáveis sobre


os recursos pesqueiros na região, estruturadas em documentos de
circulação restrita e que ainda utilizam terminologia técnica, dificultam
os trabalhos de identificação dos peixes comerciais do Amazonas.

Na tentativa de superar esses obstáculos tem-se adotado,


neste processo, a utilização de nomes comuns ou populares das
espécies, o que acaba induzindo a erros. Isto porque numa determinada
localidade, um nome pode ser utilizado para identificar diferentes
espécies ou então diferentes nomes podem ser utilizados para designar
um mesmo tipo de peixe.
A forma como este Catálogo foi elaborado, ou seja,
:vitando-se o uso excessivo de terminologia técnica, apresentando
nformações sobre características individuais, biologia e ecologia das
;spécies, bem como fotografia colorida de cada uma delas, faz do
jresente trabalho um guia prático e útil para todos os interessados no
issunto, representando, desta forma, uma valiosa contribuição do
3
rojeto Iara na geração de conhecimento sobre a composição das
;spécies mais exploradas na região.
SUMARIO
Introdução 9

Metodologia 12
Carlos Fernando Fischer
Coordenador Geral / Projeto Iara Os Peixes Comerciais da Região de Santarém 13

Chave de Identificação das Famílias de Peixes 17

Descrição das Famílias e Espécies de Peixes 21


CHONDRICHTHYES 21
Lamniformes 21
Carcharhinidae 21
Rajiformes 22
Pristidae 22
Potamotrygonidae 23
OSTEICHTHYES 28
Osteoglossiformes 28
Arapaimidae 28
Osteoglossidae 29
Clupeiformes 31
Clupeidae 31
Characiformes 35
Erythrinidae 35
Prochilodontidae 38
Curimatidae 42
Chilodontidae 50
Hemiodontidae 51
Anostomidae 58
Serrasalmidae 68
Cynodontidae 85
Characidae 89
Siluriformes 97
Doradidae 97
Callichthyidae 103
Loricariidae 105
Hypophthalmidae 108
Ageneiosidae 112
Introdução
Pimelodidae 117
Auchenipteridae 143 Os peixes são a principal fonte de proteína na alimentação
Perciformes 146 das populações amazônicas. Em Manaus, por exemplo, o peixe representa
Sciaenidae 146
Cichlidae 155 cerca de 70% da proteína animal consumida, com uma média per capita
da ordem de 150 g/dia, quase 10 vezes maior que a média nacional
Bibliografia 179 (GIUGLIANO et ai, 1978). As populações interioranas com certeza
apresentam valores maiores que estes, já que são muito mais dependentes
Glossário de Termos Técnicos 183 dos recursos pesqueiros do que as das zonas urbanas.
Desenhos Esquemáticos das Principais Estruturas
Morfo-anatômicas das Espécies Estudadas 187 A produção anual de pescado na Amazônia brasileira
oscila em torno de 85 mil toneladas, sendo Manaus o maior mercado
Prancha 01 - Corpo de Peixe de Escama 189 pesqueiro, com cerca de 30 mil t/ano (PETRERE JR., 1978a,b). Estes
Prancha 02 - Corpo de Peixe liso 190 valores são elevados, contudo representam menos da metade da
Prancha 03 - Diferentes Tipos de Boca 191
Prancha 04 - Cabeça de Characiforme 192 produção total estimada para a região, que é de 151 mil t/ano (PETRERE
Prancha 05 - Vista Ventral da Cabeça - Raios Branquiostegais 192 JR., 1989). A estimativa do rendimento sustentável é de cerca de
Prancha 06 - Vista Ventral da Cabeça - Barbilhões 193 200.000 t/ano, caso os estoques fossem equitativamente explorados.
Prancha 07 - Diferentes Tipos de Escamas de Peixes 193
Prancha 08 - Diferentes Tipos de Dentes de Peixes 193
Prancha 09 - Diferentes Formas de Nadadeiras Caudais 194 Por sua importância na economia regional a pesca tem se
Prancha 10 - Aparelho Branquial de Peixes 194 expandido como atividade comercial. Por outro lado, o aumento da
população urbana na Amazônia tem ocasionado uma procura por
Lista das Espécies de Peixes Comerciais com Nomes pescado cada vez maior, em função do preço médio do pescado ser
Científicos e Comuns 195 mais baixo que o de outras fontes de proteína animal, como o gado e o
índice Remissivo 202
Peixes Comerciais do Médio Amazonas
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frango. Isto fez com que mais pessoas e barcos entrassem na atividade trabalhos que podem ser utilizados na identificação das espécies de
para suprir a demanda nas grandes cidades, ocasionando uma peixes da região; em sua grande maioria são trabalhos que usam
concorrência na utilização deste recurso, entre os moradores ribeirinhos terminologia técnica, não facilmente acessível, restritos em sua
e urbanos. Tal fato tem ocasionado uma série de problemas, como a abrangência a um grupo específico de peixes e geralmente escritos em
competição entre grupos de pescadores, sendo que uns defendem a língua estrangeira. Esta situação leva a que os trabalhos com peixes
ideia de que os recursos pesqueiros devam servir principalmente às comerciais da Amazônia se utilizem dos nomes comuns ou populares
comunidades ribeirinhas locais, enquanto outros pressionam para que das espécies, incorrendo em erros, uma vez que estes mudam de um
estes sejam destinados aos grandes centros consumidores. Além disto local para outro. Mesmo numa mesma localidade um único nome
existe também a competição entre os pescadores e membros de outros
setores económicos, que utilizam as áreas das várzeas para fins comum pode ser utilizado para identificar diferentes espécies, ou ainda
agropecuários, exploração florestal, especulação imobiliária, etc. diferentes nomes podem ser dados a uma mesma espécie.
(SUDEPE, 1988). Os problemas relacionados ao aproveitamento dos
recursos pesqueiros têm ocasionado sérios conflitos entre os diversos Foi com o objetivo de encontrar soluções para estes conflitos
segmentos sociais envolvidos, chegando até a disputas armadas, com que se elaborou um programa de administração dos recursos pesqueiros
morte de pessoas, principalmente na região de Santarém. na região do Médio e Baixo Amazonas, chamado Projeto IARA. Este
programa vem sendo desenvolvido numa área compreendida entre os
Os órgãos públicos que atuam no setor têm sido acionados municípios de Almeirim (Pará) e Itacoatiara (Amazonas), embora numa
na busca de soluções para estes problemas; no entanto, constata-se primeira etapa as atividades estejam sendo concentradas no município
uma carência generalizada de informações confiáveis sobre os recursos de Santarém (Pará). Este projeto é composto de vários segmentos,
pesqueiros, bem como sobre outros aspectos importantes de atividades englobando diversos aspectos da pesca, desde a biologia dos peixes até
correlatas. Isto impossibilita a apresentação de sugestões adequadas características sócio-econômicas das comunidades ribeirinhas, incluindo
para resolver ou minimizar os conflitos. informações sobre a pesca artesanal e comercial.

Apesar da importância e do grande potencial que o peixe


O presente trabalho apresenta os resultados obtidos pelo
representa para a região, o conhecimento sobre a composição das
espécies exploradas é quase nulo. As informações disponíveis, em sua subprojeto "Biologia", segmento "Identificação das espécies
maioria, estão em boletins e relatórios técnicos, de circulação restrita, comerciais". Nele constam a relação e a ilustração de todas as espécies
os quais normalmente citam apenas o nome comum das principais encontradas nos mercados e frigoríficos da região. Devemos ressaltar
espécies, que não passam de algumas dezenas. que este inventário não é completo, mas com certeza abrange as
principais espécies comerciais encontradas nos mercados e deve
Um dos problemas cruciais enfrentados nesta área é a constituir-se, portanto, num guia de identificação prático e útil para
dificuldade de identificação correta das espécies. Existem poucos técnicos e leigos que lidam ou se interessam pelo assunto.

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Metodologia Os Peixes Comerciais da Região de Santarém

Para a realização deste trabalho foram feitas amostragens Os peixes amazônicos pertencem a dois grupos ou classes
nos principais mercados de peixes e frigoríficos da região de Santarém,
sendo coletadas todas as espécies de peixes encontradas e, sempre distintas: os Chondrichthyes e os Osteichthyes.
que possível, registrando-as fotograficamente a fresco . Exemplares da
maior parte das espécies foram fixados em formalina a 10%, Os Chondrichthyes são caracterizados pelo esqueleto
posteriormente conservados em álcool 70%, e depositados na Coleção cartilaginoso, que pode apresentar calcificação, mas nunca ossificação;
Central de Peixes do INPA.
narinas e boca ventrais; os dentes não são, em geral, fundidos à maxila
e são substituíveis; pele normalmente com escamas dérmicas fortes,
A classificação seguida foi a de FINK & FINK (1981), chamadas de placóides ou dentículos dérmicos; 5 a 7 aberturas
GREENWOOD et a/. (1966), LAUDER & LIEM (1983), com alterações branquiais de cada lado da cabeça; ausência de bexiga natatória e
embasadas em trabalhos científicos mais específicos de revisão de pulmão; válvula espiral presente no intestino; os machos apresentam
determinados grupos (ROBERTS, 1973; 1974; VARI, 1983; 1989; um par de claspers nas margens internas das nadadeiras pélvicas, que
KULLANDER, 1983; entre outros). A relação dos trabalhos científicos
utilizados para a identificação das espécies é apresentada na são usados na reprodução. Os Chondrichthyes estão divididos em duas
bibliografia. sub-classes, Elasmobranchii e Holocephalii. A primeira compreende
os tubarões e arraias, e a segunda as quimeras. Na Amazônia só foi
registrada a presença de peixes da subclasse Elasmobranchii. Ela está
Além de descrições dos taxons, o trabalho apresenta chaves dividida em duas ordens: Lamniformes (tubarão), e Rajiformes
de identificação para famílias e espécies. Para cada uma das espécies (arraias). Foram registrados representantes de três famílias:
identificadas é apresentada uma fotografia colorida. Nos poucos casos
em que isto não foi possível utilizou-se fotografias de material Carcharhinidae, Pristidae e Potamotrygonidae.
preservado. Apresentamos também informações sobre as características
individuais, a biologia e ecologia das espécies, e outras informações Os Osteichthyes diferem dos Condrichthyes pela presença
de caráter geral. Tentamos, na medida do possível, evitar o uso de
terminologia técnica, de modo que seja acessível a qualquer leigo no de ossos, escamas e bexiga natatória e, eventualmente, pulmões;
assunto. Para auxiliar na compreensão destes termos apresentamos ao apresentam os raios moles das nadadeiras normalmente segmentados
final um glossário com os principais termos técnicos utilizados, além e de origem dérmica (lepidotrichia); geralmente apenas uma abertura
de desenhos esquemáticos das principais estruturas morfo-anatômicas branquial de cada lado da cabeça, coberta por opérculo ósseo. Possuem
citadas no texto. as mais diferentes formas e características, sendo portanto diferenciados
mais por um padrão estrutural comum, combinado com a ausência de
Devemos salientar que embora abranja um considerável características dos Chondrichthyes. Os Osteichthyes estão
número de espécies, este manual foi elaborado basicamente para as representados por cinco ordens: Osteoglossiformes, Clupeiformes,
espécies de peixes comerciais de Santarém e arredores. Characiformes, Siluriformes e Perciformes.

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A ordem Osteoglossiformes é composta por apenas 15 90% destes peixes ocorrem na América do Sul. Um total de
espécies, todas arcaicas, com duas espécies na América do Norte, três aproximadamente 1.300 espécies, distribuídas por cerca de 16 famílias,
na América do Sul, quatro na África, quatro na Ásia e duas na Austrália. são conhecidas no Brasil. Segundo alguns autores, este grupo apresenta
É caracterizada principalmente pela presença de uma língua óssea e o mais extenso caso de diversidade morfológica e ecológica entre os
grandes escamas ciclóides com pequenos ornamentos. Na Amazônia vertebrados atuais, sendo a Amazônia o seu maior centro de radiação
estão os três representantes da América do Sul, pertencentes a duas evolutiva. A este grupo pertencem espécies de grande valor económico,
famílias, Arapaimidae e Osteoglossidae. Representantes das duas tanto para a aquariofilia (cardinal, tetra), como para a alimentação
famílias foram encontrados em Santarém. humana (tambaqui, jaraqui, pacus, sardinhas). Na região de Santarém
foram encontradas representantes de nove famílias desta ordem:
Erythrinidae, Prochilodontidae, Curimatidae, Chilodontidae,
A ordem Clupeiformes é composta por peixes
Hemiodontidae, Anostomidae, Serrasalmidae, Cynodontidae e
caracterizados por atributos comuns aos peixes ósseos inferiores: raios
Characidae.
moles, nadadeiras pélvicas abdominais, escamas ciclóides, etc; além
disto, a bexiga natatória se estende para frente em dois ramos que
entram no crânio e terminam em pequenas bolhas, e parte do canal do A ordem Siluriformes congrega peixes caracterizados pelo
sistema sensor se espalha sobre o opérculo e subopérculo. Normalmente corpo sem escamas, coberto por pele nua (lisa) ou placas ósseas;
possuem escamas prateadas decíduas. Muitos possuem ventre apresentam também barbilhões ao redor da boca, normalmente em
comprimido em forma de quilha, geralmente com escamas três pares (um par maxilar e dois pares mentonianos). Os dentes são
especializadas, direcionadas para trás, chamadas de escudos, serras pequenos e curvos, agrupados em faixas ou placas semelhantes a uma
ou carenas. A ordem é composta por três famílias: Clupeidae, lixa. As nadadeiras peitorais e dorsal são geralmente guarnecidas com
Engraulididae e Pristigasteridae, sendo que apenas representantes da espinhos providos de serras nas margens. Muitas espécies apresentam o
primeira foram encontrados em Santarém. corpo achatado, dorso-ventralmente adaptado à vida bentônica. A maioria
das espécies é noturna ou crepuscular. Muitas são carnívoras, mas outras
A ordem Characiformes compreende a grande maioria dos alimentam-se principalmente de algas (lodo) que são raspadas de folhas,
peixes de água doce do Brasil. Eles são caracterizados pelo corpo pedras e galhos submersos. A ordem inclui desde peixes de mais de 2,5 m
totalmente revestido de escamas finas; nadadeiras pélvicas com 5 a 12 de comprimento e 200 kg, como a piraíba, até espécies muito pequenas,
raios e localizadas na porção médio-posterior do corpo; nadadeira cujos indivíduos adultos não passam de 3 cm de comprimento total.
caudal com cerca de 19 raios principais; nadadeira adiposa quase Algumas espécies produzem sons que podem ser ouvidos até de fora
sempre presente; série circumorbital com no máximo oito ossos; d'água. Várias espécies possuem a capacidade de respirar ar na superfície,
presença de ossos finos e pontiagudos, denominados "espinhas" entre o que as torna capazes, de habitar ambientes não suportados por outros
a musculatura do corpo; e de 3 a 5 raios branquiostegais. Os peixes grupos de peixes. A ordem compreende 14 famílias nas águas doces da
desta ordem estão restritos à América do Sul e África, porém algumas América do Sul, sendo 12 na Amazônia brasileira. Uma família adicional
espécies alcançaram a América Central em época recente. Cerca de (Ariidae) ocorre no estuário do rio Amazonas (Baía de Marajó). Seis

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famílias foram registradas nos mercados, feiras e frigoríficos de Santarém: CHAVE DE IDENTIFICAÇÃO DAS FAMÍLIAS DE PEIXES
Ageneiosidae, Hypophthalmidae, Loricariidae, Auchenipteridae,
Doradidae e Pimelodidae.
1. Aberturas branquiais de cada lado da cabeça, não protegidas por opérculo;
esqueleto cartilaginoso 2
A Ordem Perciformes constitui a maior dentre todos os 1'. Presença de uma só abertura branquial de cada lado da cabeça,
vertebrados, com cerca de 7.000 espécies de peixes, em sua maioria recoberta por um opérculo ósseo; esqueleto ósseo 4
de origem marinha. Elas apresentam as seguintes características:
espinhos presentes nas nadadeiras; nadadeiras dorsal composta de 2. Abertura branquial em posição ventral 3
duas porções, a primeira com espinhos e a segunda com raios moles 2'. Abertura branquial em posição lateral; corpo alongado; lóbulo
ramificados; nadadeira adiposa nunca presente; nadadeiras pélvicas superior da nadadeira caudal muito maior que o inferior; boca em
em posição torácica ou jugular ou ausentes; nadadeiras pélvicas com posição subinferior
um espinho e cinco ou menos raios moles; nadadeiras peitorais no Carcharhinidae (tubarão) p. 21
lado do corpo, inseridas verticalmente; menos que 17 raios principais 3. Corpo discóide, achatado, prolongado por uma cauda em forma de
na nadadeira caudal; escamas ctenóides ou ausentes (ciclóides em chicote, com a presença de um ou mais ferrões sobre ela
poucas formas). Na Amazônia elas representam cerca de 5% das Potamotrygonidae (arraias) p. 23
espécies existentes, sendo em sua maioria ciclídeos (acarás, tucunarés, 3'. Corpo alongado, cabeça se prolongando em ponta óssea (rostro)
jacundás). A ordem é representada por cinco famílias na Amazônia, achatada, em forma de serra, com 17 a 20 dentes de cada lado..
duas das quais foram encontradas nos mercados de Santarém: Cichlidae Pristidae (peixe-serra) p. 22
e Sciaenidae.
4. Corpo coberto de escamas 5
4'. Coberto nu, sem escamas, ou com placas ósseas 16
5. Nadadeira dorsal normalmente curta e sempre sem espinho;
nadadeiras peitorais em posição baixa e afastadas das ventrais 6
5'. Nadadeira dorsal geralmente longa, se estendendo por grande parte do
dorso, sua porção anterior constituída de raios duros, em forma de espinho,
e a posterior de raios moles; nadadeiras peitorais altas, quase sobre as
ventrais; ausência de nadadeira adiposa 22
6. Nadadeira dorsal situada na parte posterior do corpo; escamas grandes
e em forma de mosaico; língua óssea e áspera 7
6'. Nadadeira dorsal situada na porção mediana do corpo; escamas
e língua normais 8

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7. Corpo roliço, cabeça pequena e achatada dorso-ventralmente, boca terminal 12". Boca pouco protrátil; dentes presentes, em pequeno número, bicuspidados,
Arapaimidae (pirarucu) p. 28 inseridos nos lábios; nadadeira anal com 3 ou 4 raios não ramificados
7'. Corpo alongado, achatado lateralmente, região ventral quilhada, Chilodontidae (branquinha-cascuda) p. 50
boca oblíqua, presença de dois pequenos barbilhões 13. Dentes cuspidados, em número de 10 ou mais, inseridos apenas na
Osteoglossidae (aruanã) p. 29 maxila superior Hemiodontidae (charuto, orana) p. 51
8. Corpo alongado, muito comprimido; cabeça estreita; boca pequena, 13'. Dentes incisivos ou cuspidados em número de 8 ou menos, inseridos
ligeiramente voltada para cima; região pré-ventral com serras ou carena; sem em ambas as maxilas Anostomidae (aracus) p. 58
nadadeira adiposa 14..Corpo alto, comprimido, discóide; presença de fortes serras na linha mediana
Clupeidae (apapás) p. 31 da região ventral
8'. Corpo alongado, nornalmente não muito comprimido; região pré- Serrasalmidae (pacus, piranhas, tambaqui, pirapitinga) p. 68
ventral geralmente normal; nadadeira adiposa quase sempre presente 14'. Corpo de forma variável, nunca comprimido e alto ao mesmo
9 tempo 15
9. Nadadeira anal curta, menos de 15 raios 10 15. Corpo alongado, dentes caninos grandes, dois na maxila inferior
9'. Nadadeira anal longa, mais de 19 raios 14 muito maiores que os outros, em forma de presas
10. Nadadeira adiposa ausente, dentes caniniformes, firmemente Cynodontidae (peixe-cachorro, saranha) p. 85
implantados e de tamanhos diferentes; caudal arredondada 15'. Ausência de dentes caninos muito grandes na maxila inferior
Erythrinidae (traíras, jejus) p. 35 Characidae (sardinhas, matrinxã) p. 89
10'. Nadadeira adiposa presente; caudal geralmente furcada; sem dentes 16. Corpo coberto parcial ou totalmente com placas ósseas 17
ou com dentes de formas variadas 11 16'. Corpo nu, sem placas ósseas 19
11. Sem dentes ou com dentes diminutos, fracamente inseridos nos 17. Corpo com apenas uma série de placas ósseas laterais, ao longo
lábios 12 dos flancos, cada placa com um espinho
11'. Presença de dentes incisivos, simples ou cuspidados; corpo alongado, Doradidae (bacus, cujuba) p. 97
fusiforme 13 17'. Corpo coberto por duas ou mais séries de placas ósseas 18
12. Boca protrátil, formando uma ventosa, com duas fileiras de diminutos 18. Duas séries de placas estreitas, altas e lisas, ao longo do corpo;
dentes inseridos nos lábios; um espinho pré-dorsal; nadadeira anal com 2 boca terminal Callichthyidae (tamoatá) p. 103
raios anteriores não ramificados 18'. Três ou mais séries de placas ósseas ásperas sobre o corpo; boca
Prochilodontidae (curimatã, jaraqui) p. 38 inferior com lábios espessos, em forma de ventosa
12'. Boca pouco protrátil, sem forma de ventosa, ausência de dentes; Loricariidae (acarí-bodó, acarí-pedra) p. 105
nadadeira anal com 2 raios anteriores não ramificados 19. Abertura branquial ampla, alcançando a sínfise mandibular; rastros
Curimatidae (branquinhas) p. 42 branquiais longos, finos e numerosos
Hypophthalmidae (maparás) p. 108
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19'. Abertura branquial não atingindo a sínfise mandibular; rastros Descrição das Famílias e Espécies de Peixes
branquiais geralmente curtos, duros e em pequeno número 20
20. Ausência de barbilhões mentonianos, cabeça achatada, corpo CLASSE: CHONDRICHTHYES
comprimido Agcnciosidae (mandubés) p. 112 Ordem: Lamniformes
20'. Presença de três pares de barbilhões 21 Família: Carcharhinidae (tubarão, cação)
21. Abertura branquial ampla, prolongando-se além da base da nadadeira Espécie: Carcharhinus leucas
peitoral
Pimelodidae (mandi, sorubim, filhote, jaú, piramutaba) p. 117 Apenas uma espécie de tubarão é encontrada nas águas
21'. Abertura branquial estreita e curta, limitando-se à base da nadadeira continentais da Amazônia, Carcharhinus leucas (Fig. 1). Embora de
peitoral origem marinha, esta espécie é comumente encontrada em rios e lagos
Auchenipterídae (mandi, cangati) p. 143 desde o México até a América do Sul, sendo sua presença registrada
22. Presença de dois espinhos na porção anterior da nadadeira anal; dois até no alto rio Solimões, na região de Iquitos, Peru. Não se conhece o
orifícios nasais de cada lado do focinho; linha lateral contínua do opérculo até que leva esta espécie a entrar na água doce, aparentemente isto não
o fim do pedúnculo caudal; escamas da linha lateral maiores que as das fileiras está relacionado a nenhuma necessidade biológica fundamental.
imediatamente superior e inferior Sciaenidae (pescadas) p. 146 Embora frequentemente capturada na região de Santarém, não tem
22'. Presença de três ou mais espinhos na porção anterior da nadadeira anal; importância comercial, sendo mais citada como curiosidade.
um só orifício nasal de cada lado do focinho; linha lateral interrompida,
constituída de dois ramos, um superior, do opérculo até embaixo dos raios
moles da dorsal, e outro inferior, sobre o pedúnculo caudal; escamas da linha
lateral de mesmo tamanho que as outras
Cichlidae (acarás, tucunarés, jacundás) p. 155

20 21
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis Peixes Comerciais do

Ordem: Rajiformes Família: Potamotrygonidae (arraias)


Família: Pristidae (peixe-serra, espadarte)
Espécie: Pristis perotteti Caracterizadas pela forma discóide do corpo, as arraias
de água doce são bastante comuns na região. Embora pouco
utilizadas como fonte de alimento, são mais conhecidas por
Embora pareça com um tubarão pela forma de seu
representarem perigo para os banhistas nas margens de lagos e
corpo, o peixe-serra pertence ao grupo das arraias; isso pode ser
rios, por causa de seu ferrão que pode causar ferimentos dolorosos.
verificado pela presença das fendas branquiais em posição ventral,
Apesar de serem de origem marinha, as arraias desta família se
e não lateral, como nos tubarões. Somente uma espécie é encontrada
adaptaram totalmente às águas doces, não conseguindo mais
na região, Pristis perotteti (Fig. 2), sendo caracterizada pela
sobreviver em água salgada. As arraias normalmente se alimentam
presença de uma lâmina longa e achatada na ponta do focinho, de peixes e crustáceos. Tem fecundação interna, com os filhotes
com 16 a 20 dentes de cada lado. Também de origem marinha, não nascendo com o formato do adulto. Quatro espécies foram
se conhece a razão de sua presença nas águas doces. Sua captura encontradas na região.
é comum na região, mas, como o tubarão, tem pouca importância
comercial, sendo também motivo de curiosidade. Chave para as Espécies de Potamotrygonidae

1. Superfície dorsal do disco com ocelos amarelos a alaranjados,


maiores que o diâmetro do olho Potamotrygon motoro
V. Superfície dorsal do disco sem ocelos grandes; pequenas manchas
ou ocelos circulares ocasionalmente presentes acima da órbita ou
submarginalmente no disco 2
2. Superfície dorsal do disco coberta com manchas brancas a amarelo-
claras, circulares, isoladas umas das outras, não formando vermiculações
ou rosetas Potamotrygon scobina
2'. Padrão dorsal diferente do anterior 3
3. Disco dorsal marron-escuro com linhas vermiformes escuras; disco e
cauda relativamente ásperos, com dentículos afiados e espinhos
Potamotrygon aff. hystrix
3'. Disco dorsal uniformemente colorido de marron-claro a marron-escuro,
com manchas brancas •irregulares nas margens, ocasionalmente com padrão
reticulado quebrado por pigmentos escuros; uma série submargjnal de tubérculos
geralmente presente no disco Potamotrygon constellata
Figura 2. Pristis perotteti - peixe-serra

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Espécie: Potamotrygon motoro Espécie: Potamotrygon scobina


Nome comum: arraia-de-fogo, arraia, raia Nome comum: arraia, raia.
Espécie de grande porte, atinge cerca de 60 cm de Espécie de grande porte, alcança cerca de 50 cm de
comprimento e mais de 15 quilos de peso. Caracterizada pela presença comprimento e mais de 15 quilos de peso. Caracterizada pela presença
de ocelos grandes de cor amarelo-alaranjada no dorso do disco. Os de pequenas manchas circulares de cor amarelo-clara.
exemplares jovens são comercializados como peixes ornamentais.

Figura 3. Potamotrygon motoro - arraia-de-fogo Figura 4. Potamotrygon scobina - arraia

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Espécie: Potamotrygon aff. hystrix Espécie: Potamotrygon constellata


Nome comum: arraia, raia. Nome comum: arraia, raia.
Espécie de grande porte, atinge cerca de 50 cm de comprimento Espécie de grande porte, alcança mais de 50 cm de
e 15 quilos de peso. Caracterizada pela cor marron-escura do dorso e por comprimento e 10 quilos de peso. Caracterizada pelo colorido uniforme
linhas vermiformes escuras; o dorso do disco e da cauda é relativamente áspero, do disco, de cor marrom-claro a marrom-escuro, com algumas manchas
com dentículos afiados e espinhos. brancas irregulares nas margens do disco; presença de uma série de
tubérculos sobre o disco, lembrando o formato de espinhos de paineira
ou munguba.

Figura 5. Potamotrygon aff. hystrix - arraia Figura 6. Potamotrygon constellata - arraia

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CLASSE: OSTEICHTHYES
Ordem: Osteoglossiformes
Família: Arapaimidae (pirarucu)

Caracterizada pela língua óssea e áspera; escamas grandes,


grossas e fortemente imbricadas em forma de mosaico; corpo roliço;
região ventral arredondada; boca terminal.

Espécie: Arapaima gigas


20cm
Nome comum: pirarucu, bodeco l 1
Espécie de grande porte, é o maior peixe de escamas da
Amazônia, chegando a atingir mais de 2 metros de comprimento e 100
quilos de peso. Caracterizada pela língua óssea e áspera e pelo corpo Figura 7. Arapaima gigas - pirarucu
roliço. Tem respiração aérea obrigatória, isto é, precisa subir
regularmente à superfície para tomar o oxigénio do ar. Este hábito é
conhecido pelos pescadores e usado para capturá-lo com arpões.-É
uma espécie predadora, se alimentando de peixes. Na época de
reprodução formam casais, com a fêmea depositando os ovos em
buracos cavados no fundo dos lagos, e cuidam da prole nos primeiros
meses de vida. Espécie muito apreciada como alimento, contudo em
virtude de sua escassez, sua presença nos mercados é pequena, sendo
inclusive proibida sua captura entre os meses de novembro e março. É
comercializada em mantas, que é a carne, em forma de filé, que fica Família: Osteoglossidae (aruanã)
após a retirada da cabeça, das nadadeiras, e da espinha dorsal,
praticamente sem espinhos. Dois métodos de conservação são
utilizados: o gelo e a salga, sendo este último o principal. Caracterizada pela língua óssea e áspera; escamas
grandes, grossas e fortemente imbricadas em forma de mosaico; corpo
achatado lateralmente; região ventral quilhada; boca oblíqua,
profundamente fendida; presença de dois pequenos barbilhões na
ponta do queixo. Embora sejam conhecidas duas espécies na
Amazônia, Osteoglossum bicirrhosum e O. ferreirai, na região de
Santarém só é encontrada a primeira.

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Espécie: Osteoglossum bicirrhosum Ordem: Clupeiformes


Nome comum: aruanã, baiano, sulamba, macaco-d'água Família: Clupeidae (apapá, sardinhão)
Espécie de grande porte, alcança cerca de um metro de
comprimento e mais de 2,5 quilos de peso. Caracterizada pela língua Os peixes desta família são caracterizados pelo corpo
óssea e áspera, pelo corpo achatado lateralmente, e pela presença de fortemente comprimido lateralmente; cabeça estreita; boca pequena,
um par de barbilhões na ponta do queixo. Difere de O. ferreirai, por ligeiramente voltada para cima; região pré-ventral com serras ou carena;
esta apresentar 52 a 58 raios na nadadeira dorsal, 61 a 67 raios na nadadeira adiposa e linha lateral, em geral, ausentes. São pelágicos, e
nadadeira anal, e de 37 a 40 escamas na linha lateral, enquanto que se alimentam de peixes. A maioria são espécies de origem marinha e
O. bicirrhosum apresenta valores menores que estes, além de O. ferreirai estuarina; três espécies são conhecidas nas águas doces da Amazônia.
só estar registrada para a região do rio Negro. Espécie onívora, com
preferência por insetos (principalmente Coleoptera), na captura chegam Chave para as Espécies de Clupeidae
a saltar fora d'água, sendo por isso conhecida como macaco-d'água.
Esta espécie se reproduz no início da enchente, com o macho 1. 8 serras pós-ventrais Ilisha amazônica
carregando os ovos, as larvas e os alevinos na boca. Espécie apreciada V. Mais de 8 serras pós-ventrais 2
pelos aquariofilistas, é explorada intensivamente, principalmente no
2.10 serras pós-ventrais; 12 rastros no ramo inferior do primeiro arco branquial;
rio Negro (AM).
coloração amarelada Pettona castelnaeana
2'. 11 a 14 serras pós-ventrais; mais de 20 rastros no ramo inferior do
primeiro arco branquial; coloração prateada .. Pellona flavipinnis

Figura 8. Osteoglossum bicirrhosum - aruanã

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Espécie: llisha amazônica Espécie: Pellona castelnaeana


Nome comum: apapá, sardinhão Nome comum: apapá-amarelo, sardinhão
Espécie de pequeno porte, alcança cerca de 20 cm de Espécie de grande porte, atinge mais de 60 cm de
comprimento. E caracterizada pela presença de oito espinhos pós- comprimento. É caracterizada pela presença de 10 espinhos pós-ventrais
ventrais. E pouco importante como alimento, em virtude de seu pequeno e 12 rastros no ramo inferior do primeiro arco branquial. Sua coloração
tamanho e por apresentar muitas espinhas nos músculos. é amarelo-prateada com a região interna da nadadeira caudal escura
e a anal amarela. Espécie piscívora.

Figura 9. IHsha amazônica - apapá Figura 10. Peíhna castelnaeana - apapá-amarelo

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Espécie: Pellona fíavipmnis Ordem: Characiformes


Nome comum: apapá-branco, sardinhão Família: Erythrinidae (traíra, jeju)
Espécie de grande porte, atinge cerca de 50 cm de
comprimento. É caracterizada por apresentar 11 a 14 espinhos pós- Esta família compreende cerca de 7 espécies,
ventrais e mais de 20 rastros no ramo inferior do primeiro arco branquial. caracterizadas pelo corpo roliço, cilindriforme; cabeça densa, fortemente
Sua coloração geral é mais esbranquiçada queP castelnaeana e apenas ossificada; escamas duras e lisas; nadadeira caudal arredondada; boca
o bordo externo da nadadeira caudal é escuro. Comumente capturada terminal, com dentes caninos e cónicos, sem cúspides, fortemente
junto com a outra espécie do género. Espécie piscívora. implantados; ausência de nadadeira adiposa. Os representantes desta
família são carnívoros e apresentam preferência por ambientes de água
calma, sendo capazes de sobreviver em poças lamacentas e sob
baixíssimas concentrações de oxigénio, graças a adaptações
morfológicas e fisiológicas que possuem. Nos mercados de Santarém
foram encontradas duas espécies.

Chave para as Espécies de Erythrinidae

1. Dorsal com 11-15 raios ramificados, uma série de manchas nos flancos
Hoplias gr. malabaricus
V. Dorsal com 8 raios ramificados, uma faixa longitudinal preta no meio dos
flancos do corpo Hopleiythrinus unitaeniatus

Figura 11. Pellona flavipinnis- apapá-branco

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Espécie: Hoplias gr. malabaricus Espécie: Hoplerythrinus unitaeniatus


Nome comum: traíra Nome comum: jeju
Espécie de médio porte, alcança cerca de 30 cm de Espécie de médio porte, alcança cerca de 25 cm de
comprimento. Caracteriza-se pelo corpo roliço; coloração cinza-escura comprimento. Caracteriza-se pelo corpo roliço; coloração cinza-
e às vezes com barras angulares ao longo dos flancos; queixo e amarronzada mais escura no dorso e uma faixa escura ao longo do
nadadeiras com faixas pontilhadas formadas por pequenas manchas corpo; olho pequeno; dentes incisivos. Espécie carnívora, alimenta-se
escuras e claras, alternadamente; dentes caniniformes perfurantes. de peixes e invertebrados.
Espécie piscívora.

Figura 12. Hoplias gr. malabaricus- traíra Figura 13. Hoplerythrinus unitaeniatus -jeju

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Família: Prochilodontidae (jaraqui, curimatã) Espécie: Prochilodus nigricans


Nome comum: curimatã, curimatã
Esta família compreende cerca de 40 espécies, Espécie de médio porte, alcança cerca de 40 cm de
caracterizadas pelos lábios carnosos e boca protrátil, em forma de comprimento. Caracteriza-se pelo corpo alongado; coloração cinza
ventosa, e presença de espinho pré-dorsal; dentes diminutos, em fileiras prateada, ligeiramente azulada no dorso; as nadadeiras caudal, dorsal
e em grande número, fracamente implantados sobre os lábios; intestino e anal apresentam numerosas manchas escuras e claras,
bastante enovelado, com numerosos cecos pilóricos e estômago com alternadamente; escamas ásperas ao tato; boca protrátil, em forma de
grossas paredes musculares. As espécies deste grupo são detritívoras, ventosa, com lábios carnosos sobre os quais são implantados numerosos
alimentam-se de matéria orgânica e microorganismos associados à dentes diminutos em fileiras; linha lateral com 45 a 50 escamas.
lama no fundo de lagos e margens de rios. Foram encontradas três
espécies nos mercados de Santarém.

Chave para as Espécies de Prochilodontidae

1. Escamas ciclóides ou crenuladas, as pós-dorsais numa série regular


da dorsal até a adiposa, finamente serrilhadas; nadadeira caudal com
faixas verdes ou escuras e amarelas 2
1
l . Escamas ctenóides, pelo menos nos adultos; as pós-dorsais
normalmente não em série regular, não estriadas, e semelhantes àquelas
dos flancos; nadadeira caudal com pontos pretos, nunca com faixas
Prochilodus nigricans
2. Corpo alongado, altura 2,8 - 3,3 vezes contida no comprimento
padrão, escamas crenuladas, 66 a 76 escamas na linha lateral
Semaprochilodus taeniurus
2'. Corpo alto, altura 2,0 - 2,7 vezes contida no comprimento padrão;
38 a 45 escamas na linha lateral
Semaprochilodus insignis

Figura 14.Prochilodus nigricans- curimatã

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Espécie: Semaprochilodus insignis


Espécie: Semaprochilodus taeniurus
Nome comum: jaraqui-escama-grossa
Nome comum: jaraqui-escama-fina
Espécie de médio porte, alcança cerca de 30 cm de
Espécie de médio porte, alcança cerca de 30 cm de comprimento. Caracteriza-se pelo corpo elevado; coloração cinza-
comprimento. Caracteriza-se pelo corpo alongado; coloração cinza-
prateada, mais escura no dorso que no ventre; nadadeiras caudal e
prateada, mais escura no dorso que no ventre; nadadeiras caudal e
anal com faixas transversais, de coloração escura e amarela,
anal com faixas transversais, de coloração escura e amarela,
alternadamente. Espécie muito parecida com a anterior, diferindo
alternadamente; linha lateral com 66 a 76 escamas; 12 a 14 fileiras de
daquela basicamente pelo número de escamas, tendo esta 38 a 45
escamas acima da linha lateral.
escamas na linha lateral, e 7 a 9 fileiras de escamas acima da linha
lateral. São comumente capturadas juntas, formando cardumes de
milhares de indivíduos e estão entre as espécies comerciais mais
importantes da Amazônia.

Figura 16. Semaprochilodus insignis- jaraqui-escama-grossa


Figura 15. Semaprochilodus taeniurus - jaraqui-escama-fina

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Família: Curimatidae (branquinha) 6 Corpo elevado; presença de uma mancha escura na base dos raios
caudais medianos; lóbulos da nadadeira caudal uniformemente claros
Psectrogaster amazônica
Esta família compreende cerca de uma centena de espécies,
&. Corpo alongado, ausência de mancha na base dos raios caudais;
caracterizadas pela ausência total de dentes e o intestino bastante
enovelado. Todas as espécies deste grupo são iliófagas, ou seja, nutrem- lóbulos da nadadeira caudal geralmente com uma mancha escura ...
se de matéria orgânica e microorganismos que vivem na lama, sendo Psectrogaster rutiloides
portanto, peixes típicos de lagos, onde exploram o fundo para se
alimentar. Foram encontradas sete espécies desta família nos mercados
de Santarém.
Espécie: Cyphocharax abramoides
Chave para as espécies de Curimatidae Nome comum: branquinha
Espécie de médio porte, alcança cerca de 25 cm de
1. 75 a 120 escamas na linha lateral 2 comprimento. Caracteriza-se pelo corpo bastante elevado; coloração
uniformemente clara; presença de um espinho pontiagudo na base
1'. 45 a 70 escamas na linha lateral 4
anterior da nadadeira dorsal.
2. Presença de um espinho pontiagudo à frente da nadadeira dorsal
Cyphocharax abramoides
2'. Ausência de espinho à frente da dorsal 3
3. Região abdominal afilada, formando uma quilha
Potamorhina latior
3'. Região abdominal arredondada Potamorhina altamazonica
4. Boca inferior, lábio superior carnoso 5
4'. Boca terminal, lábio superior fino 6
5. Corpo alongado, presença de uma mancha na região pré-dorsal; cerca
de 50 escamas na linha lateral; extremidade da nadadeira anal alcança
a base da caudal Steindachnerina bimaculata
5'. Corpo relativamente elevado; região pré-ventral achatada; ausência
de mancha sobre o corpo; cerca de 65 escamas na linha lateral;
extremidade da nadadeira anal não alcança a base da caudal
Curimatã inornata
Figura 17. Cyphocharax abramoides - branquinha

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Espécie: Potamorhina latior Espécie: Potamorhina altamazonica


Nome comum: branquinha-comum Nome comum: branquinha-cabeça-lisa
Espécie de médio porte, alcança cerca de 30 cm de Espécie de médio porte, alcança cerca de 30 cm de
comprimento. Caracteriza-se pelo corpo alto e romboidal; região ventral comprimento. Caracteriza-se pelo corpo alto e alongado; região pré-
do corpo bastante afilada, em forma de quilha; coloração uniformemente pélvica transversalmente arredondada; escamas pequenas; 90 a 120
clara; 90 a 120 escamas na linha lateral.
escamas na linha lateral. Forma grandes cardumes e apresenta grande
importância comercial.

Figura 18.Potamorhina latior- branquinha-comum Figura 19.Potamorhina altamazonica- branquinha-cabeça-lisa

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Espécie: Steindachnerina cf. bimaculata Espécie: Curimatã inornata


Nome comum: branquinha Nome comum: branquinha
Espécie de pequeno porte, alcança cerca de 20 cm de Espécie de pequeno porte, alcança cerca de 20 cm de
comprimento. Caracteriza-se pelo corpo alongado; coloração cinza ;omprimento. Caracteriza-se pela coloração uniformemente prateada;
amarelada; uma mancha escura na base da caudal e outra na base da inha lateral com cerca de 65 escamas; boca inferior, lábio superior
dorsal; escamas relativamente grandes; nadadeiras amareladas. ;arnoso, formando uma espécie de focinho saliente, região pré-ventral
ichatada, coberta por escamas grandes. Apesar de abundante, não
ipresenta grande importância comercial.

Figura 20. Steindachnermad. bimaculata - branquinha Figura 21. Curimatã inornata - branquinha

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Espécie: Psectrogaster amazônica Espécie: Psectrogaster rutiloides


Nome comum: branquinha-cascuda Nome comum: branquinha-cascuda
Espécie de pequeno porte, alcança cerca de 20 cm de Espécie de pequeno porte, alcança cerca de 15 cm de
comprimento. Corpo curto e alto; região pré-pélvica transversalmente comprimento. Caracteriza-se pelo corpo relativamente alongado; região
arredondada; região pós-pélvica quilhada e com escamas oré-pélvica transversalmente arredonda ou ovalada; região pós-pélvica
transformadas em espinhos; coloração prateada com uma mancha quilhada mas sem escamas transformadas em espinho; extremidade
escura pouco conspícua na base dos raios caudais. dos lobos caudais normalmente com uma mancha escura.

Figura 22. Psectrogaster amazônica - branquinha-cascuda Figura 23. Psectrogaster rutiloides- branquinha-cascuda

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Família: Chilodontidae (cabeça-dura, cabeça-de-ferro) Família: Hemiodontidae (orana, cubiu, charuto, flexeira)

Esta família compreende 6 a 7 espécies, caracterizadas Esta família compreende algumas dezenas de espécies
pela nadadeira anal curta, com 7 a 10 raios ramificados; boca pequena caracterizadas pelo corpo fusiforme; boca pequena, terminal a inferior;
com poucos e diminutos dentes fracamente implantados nos lábios e maxila inferior desprovida de dentes e a maxila superior com dentes
escamas grandes, geralmente ásperas ao tato. Nos mercados da região pequenos, multicuspidados, frágeis e fracamente implantados. As
foi registrada a presença de apenas uma espécie. espécies deste grupo, geralmente, alimentam-se de perifiton,
microorganismos bentônicos e plâncton. Foram encontradas seis
Espécie: Caenotropus labyrinthicus espécies desta família nos mercados de Santarém.
Nome comum: branquinha-cascuda, cabeça-dura,
cabeça-de-ferro Chave para as Espécies de Hemiodontidae
Espécie de pequeno porte, alcança cerca de 15 cm de
comprimento. Caracteriza-se pela boca pequena com dentes 1. Rastros branquiais numerosos e longos, aproximadamente do mesmo
minúsculos, fracamente implantados nos lábios; escamas grossas; tamanho dos filamentos branquiais; presença de uma mancha escura no queixo
coloração do corpo cinza, com numerosas manchas puntiformes Anodus melanopogon
escuras e uma faixa longitudinal ao longo do corpo, interceptada na V. Rastros branquiais curtos, muito menores que os filamentos
região humeral por uma mancha escura; cavidade abdominal com branquiais; ausência de mancha escura no queixo 2
ampla área vazia. Espécie onívora, alimenta-se de pequenos
invertebrados, algas e detritos. 2. 65 a 75 escamas na linha lateral; 5 a 6 escamas entre a linha lateral
e a nadadeira ventral 3
2'. 100 a 125 escamas na linha lateral; 10 a 20 escamas entre a linha
lateral e a nadadeira ventral 4
3. Presença de uma mancha arredondada no meio do corpo;
extremidade dos raios da nadadeira caudal escura; escamas abaixo da
linha lateral maiores que aquelas acima .. Hemiodus unimaculatus
3'. Ausência de mancha no corpo; extremidade dos raios da nadadeira caudal
hialina, formando uma faixa clara semicircular na parte interna; escamas abaixo
e acima da linha lateral do mesmo tamanho Hemiodus immaculatus
4. Cerca de 100 escamas na linha lateral; 10 a 12 escamas entre a
linha lateral e a nadadeira ventral; corpo relativamente elevado
Hemiodus ocellatus
4'. 110 a 125 escamas na linha lateral; 15 a 17 escamas entre a linha
Figura 24. Caenotropus labyrinthicus - cabeça-dura lateral e a nadadeira ventral; corpo alongado 5
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5. Corpo muito alongado, altura contida cerca de 4 vezes no comprimento; Espécie: Hemiodus unimaculatus
nadadeira caudal profundamente furcada, com a face extema do lóbulo inferior
Nome comum: charuto, orana
intensamente avermelhada Hemiodus sp. Espécie de médio porte, alcança cerca de 25 cm de
5'. Corpo pouco alongado, altura contida entre 3 e 3,5 vezes no comprimento. Corpo fusiforme; coloração cinza-prateada com uma
comprimento; nadadeira caudal fracamente furcada, com a face mancha escura arredondada na porção mediana do corpo; escamas
externa do lóbulo inferior de cor amarela clara da parte ventral do corpo maiores que as da parte dorsal; 65 a 71
Hemiodus microlepis escamas na linha lateral; 12 a 14 escamas acima da linha lateral. Espécie
onívora, alimenta-se de pequenos invertebrados e algas.
Espécie: Anodus melanopogon
Nome comum: cubiu, charuto, cubiu-orana
Espécie de médio porte, alcança cerca de 30 cm de
comprimento. Caracteriza-se pelo corpo roliço; coloração cinza-
amarronzada uniforme e ocasionalmente uma mancha escura
arredondada no meio do corpo e outra no queixo; ausência de dentes;
filamentos branquiais longos e numerosos. Espécie planctívora;
alimenta-se de pequenos crustáceos planctônicos.

Figura 25. Anodus melanopogon - cubiu Figura 26.Hemiodus unimaculatus- charuto

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Espécie: Hemiodus immaculatus Espécie: Hemiodus ocellatus


Nome comum: charuto, orana Nome comum: charuto, orana, flexeira
Espécie de médio porte, alcança cerca de 25 cm de Espécie de pequeno porte, alcança cerca de 20 cm de
comprimento. Caracteriza-se pelo corpo fusiforme, coloração cinza comprimento. Caracteriza-se pelo corpo fusiforme; coloração cinza, mais
prateada uniforme, mais escura no dorso que no ventre; nadadeira escura no dorso que no ventre; uma mancha escura arredondada no flanco;
caudal com uma mancha escura em forma de V; 5 a 6 escamas entre a miômeros em forma de zigue-zague facilmente visíveis nos flancos; porção
linha lateral e a nadadeira ventral. Espécie onívora, alimenta-se de interna do lóbulo inferior da caudal mais escura que a restante; escamas
microrganismos do bentos e perifiton. diminutas, em número aproximado de 100 na linha lateral; 21 a 22 fileiras
de escamas acima e 10 a 12 abaixo da linha lateral. Espécie onívora,
alimenta-se de microorganismos do bentos e perifiton.

Figura 27. Hemiodus immaculatus - orana Figura 28. Hemiodus ocellatus - charuto

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Espécie: Hemiodus sp. Espécie: Hemiodus microlepis


Nome comum: charuto, orana Nome comum: charuto, orana, flexeira
Espécie de pequeno porte, alcança cerca de 20 cm de Espécie de pequeno porte, alcança cerca de 20 cm de
comprimento. Caracteriza-se pelo corpo fusiforme, não elevado; altura comprimento. Caracteriza-se pelo corpo fusiforme, relativamente
contida entre 3 e 3,5 vezes no comprimento; nadadeira caudal elevado, com altura contida entre 3 e 3,5 vezes no comprimento;
profundamente furcada, com a face externa do lóbulo inferior coloração cinza, com uma mancha escura arredondada nos flancos;
intensamente avermelhada; escamas diminutas, em número de 110 a nadadeiras peitoral, ventral e anal alaranjadas; escamas diminutas,
125 na linha lateral e 15 a 17 abaixo dela. Espécie onívora, alimenta- com 110 a 125 na linha lateral e 15 a 17 abaixo da linha lateral; Espécie
se de microorganismos do bentos e perifiton. onívora, alimenta-se de microorganismos do bentos e perifiton.

Figura 29. Hemiodussp. - charuto


Figura 30. Hemiodus microlepis - charuto

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Família: Anostomidae (aracu, piau) • Região ventral da cabeça e membrana opercular avermelhada; 3 dentes
nicos em cada lado da mandíbula Leporinus trifasciatus
Esta família compreende peixes caracterizados pelo corpo Região ventral da cabeça e membrana opercular claras; 4 dentes
alongado, fusiforme; narina em forma de tubo; dentes incisivos, em r ulticuspidados em cada lado da mandíbula 8
número de 6 ou 8 em cada maxila, firmemente implantados; nadadeira f Ffedúnculo caudal com uma faixa longitudinal, que geralmente se estende
j >lo corpo Schizodon vittatum
anal curta, com 10 a 13 raios e nadadeira dorsal implantada ao nível
Pedúnculo caudal com uma mancha arredondada; ausência de faixa
médio do corpo. A grande maioria destes peixes apresenta hábitos 1 ngitudinal no corpo Schizodon fasciatum
onívoros, alimentando-se, preferencialmente de invertebrados e frutos,
sendo que algumas espécies se alimentam exclusivamente de algas
filamentosas, raízes de gramíneas e de pequenos frutos e sementes. Espécie: Rhytiodus argenteofuscus
Foram encontradas nove espécies desta família nos mercados de Nome comum: aracu, aracu-pau-de-nego, aracu-pau-de-
Santarém. v íqueiro
Espécie de médio porte, alcança cerca de 30 cm de
c jmprimento. Caracteriza-se pelo corpo alongado, cilindriforme;
Chave para as Espécies de Anostomidae ( Coração cinza no dorso e clara no ventre e uma faixa longitudinal
Í cura ao longo do corpo; boca pequena com dentes curtos e frágeis;
1. 50 a 90 escamas na linha lateral 2 ) a 55 escamas na linha lateral. Espécie herbívora, alimenta-se de
filamentosas e raízes.
1'. 37 a 43 escamas na linha lateral 3
2. 50 a 55 escamas na linha lateral Rhytiodus argenteofuscus
2'. 84 a 90 escamas na linha lateral Rhytiodus microlepis
3. Corpo amarelo-alaranjado com 6 a 10 faixas escuras sobre o tronco .... 4
3'. Corpo cinza-prateado; se com faixas, em número menor que 6 5
4. 8 a 9 faixas escuras bem definidas sobre o tronco; nadadeira caudal
lobada Leporinus fasciatus
4'. 10 a 13 faixas escuras não bem definidas sobre o tronco; nadadeira
caudal pronunciadamente furcada Leporinus aff. affinís
5. Boca terminal a ligeiramente voltada para baixo 6
5'. Boca ligeiramente voltada para cima... Anostomoides laticeps
6. Corpo com 1 a 3 manchas arredondadas e sem manchas verticais
Leporinus fridericf
6. Corpo com 3 a 4 manchas verticais e sem manchas arredondadas 7 Figura 31. Rhytiodus argenteofuscus - aracu

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Espécie: Rhytiodus microlepis Espécie: Leporinus fasciatus


Nome comum: aracu, aracu-pau-de-vaqueiro Nome comum: aracu-amarelo, aracu-flamengo, aracu-
Espécie de médio porte, alcança cerca de 35 cm de pinima
comprimento. Caracteriza-se pelo corpo alongado, cilindriforme e de Espécie de médio porte, alcança cerca de 30 cm de
coloração marrom-escura no dorso e clara no ventre; boca pequena ;omprimento. Caracteriza-se pelo corpo amarelado com 8 a 9 faixas
com dentes curtos e frágeis; 84 a 90 escamas na linha lateral. Espécie escuras transversais sobre o tronco e 3 sobre a cabeça; região ventral da
herbívora, alimenta-se de algas filamentosas e raízes. ;abeça normalmente avermelhada; dentes incisivos, sendo os sinfisianos
ia maxila inferior bem maiores que os demais. Espécie carnívora, alimenta-
se de invertebrados, principalmente insetos.

Figura 32. Rhytiodus microlepis - aracu Figura 33. Leporinus fasciatus - aracu-flamengo

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Espécie: Leporinus aff. affinís Espécie: Anostomoides laticeps


Nome comum: aracu-pinima, aracu-flamengo Nome comum: aracu, piau
Espécie de médio porte, alcança cerca de 30 cm de Espécie de médio porte, alcança cerca de 30 cm de
comprimento. Caracteriza-se pelo corpo amarelado com 10 a 13 faixas comprimento. Caracteriza-se pelo corpo cinza-amarronzado com três a
escuras transversais sobre o tronco, algumas anastomosadas e 3 sobre quatro faixas escuras indistintas sobre o tronco e uma mancha escura na
a cabeça; nadadeiras peitorais, ventrais e anal amareladas; nadadeira base da caudal; boca voltada para cima; dentes incisivos e robustos; porção
caudal escura e profundamente furcada; dentes incisivos, sendo os da íris normalmente avermelhada. Espécie carnívora, alimenta-se de
sinfisianos da maxila inferior bem maiores que os demais. Espécie invertebrados, principalmente insetos, aranhas, e crustáceos.
carnívora, alimenta-se de invertebrados.

Figura 34. Leporinus aff. affinís- aracu-flamengo Figura 35. Anostomoides laticeps- aracu

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Espécie: Leporinus friderici Espécie: Leporinus trifasciatus


Nome comum: aracu-cabeça-gorda, aracu-comum Nome comum: aracu-cabeça-gorda
Espécie de médio porte, alcança cerca de 30 cm de Espécie de médio porte, alcança cerca de 35 cm de
comprimento. Caracteriza-se pelo corpo cinza-amarronzado com duas comprimento. Corpo cinza com duas a três faixas transversais
a três máculas escuras nos flancos, sendo a primeira ao nível da escuras e uma mancha arredondada, também escura, na base da
nadadeira dorsal, a segunda entre a dorsal e a adiposa e a terceira na caudal; a região ventral da cabeça é normalmente avermelhada;
base da nadadeira caudal; dentes incisivos, robustos. Espécie carnívora, dentes incisivos e robustos. Espécie onívora, alimenta-se de
alimenta-se de invertebrados, principalmente insetos. invertebrados, frutos e sementes.

Figura 36. Leporinus friderici- aracu-cabeça-gorda Figura 37. Leporinus trifasciatus - aracu-cabeça-gorda

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Espécie: Schizodon vittatum Espécie: Schizodon fasciatum


Nome comum: aracu-comum, aracu-pororoca Nome comum: aracu-comum, piau, aracu-pororoca
Espécie de médio porte, alcança cerca de 30 cm de Espécie de médio porte, alcança cerca de 30 cm de
comprimento. Caracteriza-se pelo corpo cinza-prateado com três a comprimento. Caracteriza-se pelo corpo cinza prateada com quatro
quatro faixas escuras sobre o tronco e uma faixa longitudinal escura faixas verticais escuras sobre o tronco e uma mancha arredondada na
sobre o pedúnculo caudal, às vezes se estendendo sobre o corpo; dentes base da caudal; dentes largos, multicuspidados. Espécie herbívora,
largos e multicuspidados. Espécie herbívora, alimenta-se de algas alimenta-se de algas filamentosas, raízes e sementes.
filamentosas, sementes e raízes.

Figura 38. Schizodon vittatum - aracu-comum Figura 39. Schizodon fasciatum - aracu-comum

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Família: Serrasalmidae (tambaqui, pirapitinga, piranha, pacu) 6. Adiposa curta, menor que a distância interdorsal 7
6'. Adiposa longa, maior que a distância interdorsal 8
Esta família compreende cerca de 120 espécies, 7. Presença de uma faixa escura vertical sobre o lado do corpo
caracterizadas pelo corpo bastante elevado; uma fileira de escudos Myleus schomburgki
ósseos, em forma de serra, na linha mediana no ventre, normalmente 7. Ausência de faixa escura sobre os lados do corpo ... Myleus torquatus
formando uma quilha; geralmente um espinho na base anterior da 8. Processo supra-occiptal muito longo, normalmente menos de 2,4
nadadeira dorsal; escamas diminutas e dentes fortes, cortantes ou vezes na distância da base do occiptal até a origem da nadadeira
molariformes, firmemente implantados em uma ou duas fileiras, em dorsal; nadadeira adiposa longa e baixa.... Metynnis hypsauchen
ambas as maxilas. Foram encontradas 15 espécies desta família nos 8'. Processo supra-occiptal não muito longo, normalmente mais de 2,6
mercados de Santarém. vezes na distância da base do occiptal até a origem da nadadeira
dorsal; nadadeira adiposa não muito longa e baixa
Chave para as Espécies de Serrasalmidae Metynnis argenteus
9. Boca voltada para cima; nadadeira adiposa longa; primeiros raios
1. Duas séries de dentes no pré-maxilar; geralmente um par de dentes da dorsal desenvolvidos em filamentos Catoprion mento
cónicos sinfisiais na mandíbula 2 9'. Boca terminal; nadadeira adiposa curta 10
1'. Uma série de dentes cortantes no pré-maxilar; mandíbula com série 10. Ausência de dentes no palato; região ventral do corpo avermelhada; cabeça
simples de dentes 9 larga Pygocentrus nattererí
2. Ausência de espinho pré-dorsal 3 10'. Presença de dentes no palato 11
2'. Presença de espinho pré-dorsal 6 11. Corpo alongado, altura contida mais de 2,5 vezes no comprimento
3. Região ventral arredondada 4 Serrasalmus elongatus
3'. Região ventral pontiaguda, em forma de quilha 5 11'. Corpo alto, altura contida menos de 2 vezes no comprimento 12
4. Adiposa com raios; série de dentes internos separada da externa 12. Presença de uma mancha em forma de meia lua na base da
Colossoma macropomum nadadeira caudal Serrasalmus aff. eigenmanni
4'. Ausência de raios na adiposa; dentes do pré-maxilar sem separação 12'. Ausência de mancha em forma de meia lua na base da nadadeira
das duas séries; presença de uma mancha escura sobre o pré-opérculo caudal 13
Piaractus brachypomus
13. Nadadeira caudal com faixa preta, seguida por uma faixa hialina
5. Cabeça pequena; 10 a 16 serras atrás das nadadeiras ventrais, com a no bordo; corpo amarelado Serrasalmus spilopleura
última não próxima da nadadeira anal; 28 - 34 raios ramificados na anal
Mylossoma aureum 13'. Faixa preta terminal no bordo da nadadeira caudal 14
5'. Cabeça proporcionalmente maior; 18 a 22 serras atrás das nadadeiras 14. Dentes do palato obtusos, em número de 3 ou 4, eventualmente ausentes;
ventrais, com a última muito próxima da nadadeira anal; cerca de 37 raios corpo alto, altura contida cerca 1,5 vezes no comprimento; base da
ramificados na anal Mylossoma duriventre nadadeira caudal clara Serrasalmus calmoni

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14'. Dentes do palato agudos, com 8 a 10 de cada lado; altura do corpo Espécie: Piaractus brachypomus
contida mais de 1,8 vezes no comprimento; base da nadadeira caudal
acinzentada Serrasalmus rhombeus Nome comum: pirapitinga
Espécie de grande porte, alcança cerca de 80 cm de
comprimento. Caracteriza-se pelo corpo romboidal, alto e comprimido
Espécie: Coíossoma macropomum lateralmente; coloração cinza-arroxeada uniforme nos adultos e cinza
Nome comum: tambaqui, melo, bocó com manchas alaranjadas nos jovens; uma pequena mancha escura
Espécie de grande porte, alcança cerca de 90 cm de no opérculo; cabeça pequena, duas fileiras de dentes molariformes na
comprimento. Caracteriza-se pelo corpo muito elevado, romboidal; maxila superior e uma fileira principal com 6 a 8 dentes na maxila
maxila superior com duas fileiras de dentes robustos e molariformes; inferior, atrás da qual ocorre um par de dentes cónicos, na região
maxila inferior com uma fileira de dentes igualmente robustos, mediana; nadadeira adiposa totalmente carnosa, sem raios; ausência
decrescendo de tamanho a partir do par central, atrás do qual ocorre de espinho na base da nadadeira dorsal. Espécie herbívora, alimenta-
um par de dentes cónicos; nadadeira adiposa curta, com raios na sua se de frutos e sementes.
extremidade; rastros branquiais longos e numerosos. Espécie onívora,
alimenta-se de frutos, sementes e zooplâncton. Na cheia, entra nos
igapós onde se alimenta de frutos e sementes que caem das árvores.
Espécie muito apreciada como alimento, e utilizada na piscicultura.

Figura 40. Coíossoma macropomum - tambaqui Figura 41. Piaractus brachypomus- pirapitinga
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Espécie: Mylossoma aureum Espécie: Mylossoma duriventre


Nome comum: pacu-comum, pacu-manteiga, pacu Nome comum: pacu-comum, pacu-manteiga, pacu
Espécie de pequeno porte, alcança cerca de 20 cm de Espécie de pequeno porte, alcança cerca de 20 cm de
comprimento. Caracteriza-se pelo corpo bastante elevado e comprimido comprimento. Corpo bastante elevado e comprimido lateralmente;
lateralmente; coloração prateada com uma mancha incipiente na base coloração prateada com uma mancha incipiente na base dos raios
dos raios caudais; nadadeira anal e região opercular geralmente caudais; nadadeira anal e região opercular normalmente alaranjadas;
alaranjadas; ausência de espinho na base da nadadeira dorsal; 10 a ausência de espinho na base da nadadeira dorsal; 18 a 22 serras atrás
16 serras atrás da nadadeira ventral, sendo que as últimas não estão da nadadeira ventral, sendo que as últimas estão em contacto com o
em contacto com o primeiro raio da nadadeira anal. Espécie herbívora, primeiro raios da nadadeira anal. Espécie herbívora, alimenta-se de
alimenta-se de frutos e sementes. frutos e sementes. Forma grandes cardumes, frequentemente junto com
M. aureum. E importante na pesca comercial local.

Figura 42. Mylossoma aureum - pacu-comum Figura 43. Mylossoma duriventre - pacu-comum

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Espécie: Myleus schotnburgki Espécie: Myleus torquatus


Nome comum: pacu-jumento, pacu-cadete, pacu Nome comum: pacu-branco, pacu
Espécie de médio porte, alcança cerca de 25 cm de Espécie de médio porte, alcança cerca de 30 cm de
comprimento. Caracteriza-se pelo corpo bastante elevado com uma comprimento. Caracteriza-se pelo corpo bastante elevado, quase
faixa escura transversal sobre o flanco; um espaço carnoso bastante redondo; coloração prateada uniforme; extremidades das nadadeiras
amplo entre as duas fileiras de dentes da maxila superior. Espécie caudal, anal e dorsal escuras; nadadeira anal com 26 a 30 raios e
herbívora, alimenta-se de frutos e sementes. Pouco frequente nos dorsal com 17 a 22 raios. Espécie herbívora, alimenta-se de frutos e
mercados. sementes. Pelo porte, apresenta alguma importância comercial.

Figura 45. Mu/eus torquatus - pacu-branco


Figura 44. Myleus schomburgki - pacu-jumento
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Espécie: Metynnis hypsauchen Espécie: Mefynnis argenteus


Nome comum: pacu-marreca, pacu Nome comum: pacu-marreca, pacu
Espécie de pequeno porte, alcança cerca de 15 cm de Espécie de pequeno porte, alcança cerca de 20 cm de
comprimento. Corpo bastante elevado, quase redondo; coloração comprimento. Caracteriza-se pelo corpo bastante elevado, quase
prateada uniforme; nadadeira anal longa e com a porção anterior redondo; coloração prateada uniforme; nadadeira anal longa e
avermelhada; processo supra-occipital muito longo, menos que 2,4 vezes avermelhada; processo supra-occipital não muito longo, normalmente
na distância da base do occipital à origem da nadadeira dorsal. Espécie mais de 2,6 vezes na distância da base do occipital à origem da
onívora, alimenta-se de frutos, sementes e invertebrados. nadadeira dorsal. Espécie herbívora, alimenta-se de frutos e sementes.

Figura 46. Mefynnis hypsauchen - pacu-marreca Figura 47. Metynnis argenteus - pacu-marreca

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Espécie: Catoprion mento
Nome comum: pacu-piranha, piranha-pacu Espécie: Pygocentrus nattereri
Espécie de pequeno porte, alcança cerca de 20 cm de Nome comum: piranha-caju, piranha-vermelha
comprimento. Caracteriza-se pelo corpo elevado; coloração cinza- Espécie de médio porte, alcança cerca de 25 cm de
prateada no dorso e amarelo-alaranjada no ventre; região opercular, omprimento. Caracteriza-se pelo corpo denso, principalmente na sua
nadadeiras peitoral, ventral e anal geralmente avermelhadas; boca orção anterior; focinho curto, arredondado, com a maxila inferior
voltada para cima; dentes tuberculados, alguns localizados na superfície olumosa e mais comprida que a superior; espaço interorbital largo e
externa da boca; nadadeira dorsal com os primeiros raios em forma de lho pequeno; coloração cinza no dorso e avermelhada no ventre e
filamento; nadadeira caudal com o contorno da base escuro, em forma agião inferior da cabeça; nadadeiras peitoral, ventral e anal
de meia-lua. Espécie lepidófaga, alimenta-se de escamas de peixes. laranjadas. Espécie piscívora, que forma grandes cardumes, sendo
or isso potencialmente perigosa em certas situações.

Figura 48. Catoprion mento - pacu-piranha


Figura 49. Pygocentrus nattereri - piranha-caju
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Espécie: Serrasalmus eíongatus Espécie: Serrasalmus aff. eigenmanni


Nome comum: piranha-mucura, piranha-comprida Nome comum: piranha-branca, piranha
Espécie de médio porte, alcança cerca de 25 cm de Espécie de pequeno porte, alcança cerca de 15 cm de
comprimento. Caracteriza-se pelo corpo relativamente alongado; omprimento. Caracteriza-se pelo corpo alto; presença de dentes agudos
presença de dentes agudos no palato; maxila inferior maior que a no palato; maxila inferior maior que a superior; coloração cinza-
superior; boca ligeiramente inclinada; coloração cinza prateada no dorso marelada; nadadeiras peitorais, ventrais e anal amarelo-alaranjadas;
e amarelo a avermelhado no ventre; extremidade da caudal escura. adadeira caudal com uma faixa escura na base, em forma de meia-lua.
Espécie piscívora, alimenta-se basicamente de nadadeiras ou escamas spécie piscívora, pouco comum nos mercados e feiras.
retiradas de outros peixes. Pelo seu formato tipicamente alongado, é
inconfundível entre as piranhas.

Figura 50. Serrasalmus eíongatus - piranha-mucura Figura 51. Serrasalmus aff. eigenmanni - piranha-branca

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Espécie: Serrasalmus spilopleura Espécie: Serrasalmus calmoni


Nome comum: piranha-mafurá, piranha-amarela Nome comum: piranha-branca, piranha
Espécie de médio porte, alcança cerca de 25 cm de Espécie de pequeno porte, alcança cerca de 15 cm de
comprimento. Caracteriza-se pelo corpo alto; coloração cinza amarelada; omprimento. Caracteriza-se pelo corpo alto; coloração prateada;
nadadeira caudal com uma larga faixa preta seguida de uma estreita faixa ladadeira anal e cabeça alaranjadas; extremidade da nadadeira caudal
clara na extremidade; nadadeiras peitorais e ventrais amareladas; presença scura; dentes do palato ausentes ou em número de 3 a 4. Espécie
de dentes agudos no palato. Espécie piscívora. E comum ser capturada mívora, alimenta-se de peixes, frutos e sementes. Não é comum nos
junto com P. nattereri. lercados.

Figura 52. Serrasalmus spilopleura - piranha-mafurá Figura 53. Serrasalmus calmoni - piranha-branca

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Espécie: Serrasalmus rhombeus Família: Cynodontidae (peixe-cachorro)


Nome comum: piranha-preta
Espécie de médio porte, alcança cerca de 40 cm de Esta família compreende peixes de médio e grande porte,
comprimento. Caracteriza-se pelo corpo alto; presença de dentes agudos caracterizados pela nadadeira anal longa; boca ampla, oblíqua ou
no palato; coloração uniformemente cinza a cinza-escura nos indivíduos superior, com uma série de dentes numerosos, agudos e caniniformes,
adultos e com manchas escuras nos jovens. Espécie carnívora, alimenta- além de possuir geralmente um par de presas exageradamente grandes
se de peixes e invertebrados. É a piranha que atinge maior tamanho na maxila inferior; nadadeiras peitorais muito desenvolvidas; presença
na Amazônia. de quilha na parte mediana ventral do corpo e rastros branquiais
espinhosos. Foram encontradas três espécies desta família nos mercados
ie Santarém. São todas predadoras, ictiófagos.

Chave para as Espécies de Cynodontidae

L. Nadadeira dorsal situada à frente do início da nadadeira anal


Hydrolycus scomberoides
V. Nadadeira dorsal situada atrás ou no mesmo nível da nadadeira anal... 2
2. Corpo muito comprido e fino; nadadeira dorsal bem mais próxima da caudal
iue da cabeça Rhaphiodon vulpinus
2'. Corpo mais alto e largo; nadadeira dorsal situada em posição
nediana do corpo Cynodon gibbus

Figura 54. Serrasalmus rhombeus- piranha-preta

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Espécie: Hydrolycus scomberoides Espécie: Rhaphiodon uulpinus


Nome comum: peixe-cachorro, cachorra, pirandirá Nome comum: peixe-cachorro, ripa
Espécie de grande porte, alcança mais de 50 cm de Espécie de grande porte, alcança cerca de 50 cm de
comprimento. Corpo alto e comprimido lateralmente; nadadeira dorsal comprimento. Caracteriza-se pelo corpo bastante alongado, com altura
inserida à frente da origem da anal; maxila inferior com um par de presas contida 4 a 6 vezes no comprimento padrão; nadadeira dorsal situada
destacadamente maior que os demais dentes e que se encaixa no palato, ligeiramente atrás da vertical que passa pela origem da anal; coloração
podendo aparecer na superfície externa da maxila superior; escamas uniformemente prateada, mais escura no dorso que no ventre; maxila
diminutas; nadadeira caudal curta e totalmente coberta de escamas; inferior com um par de presas que se encaixa no palato, podendo
nadadeira anal longa, com 34 a 36 raios; coloração cinza com uma mancha aparecer na superfície externa da maxila superior; escamas diminutas;
escura arredondada, atrás da abertura branquial; porção terminal da linha lateral com 130 a 150 escamas; nadadeiras peitorais longas; os
nadadeira caudal mais escura que a basal. Espécie piscívora. raios medianos da nadadeira caudal geralmente são longos, em forma
de filamento. Espécie piscívora.

Figura bb.Hydrolycus scomberoides- peixe-cachorro Figura 56. Rhaphiodon uu/pinus- peixe-cachorro

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Espécie: Cynodon gibus Família: Characidae (matrinxã, sardinha, peixe-cachorro)


Nome comum: peixe-cachorro, caranha, saranha
Espécie de médio porte, alcança cerca de 30 cm de Esta família compreende centenas de espécies, com uma
comprimento. Caracteriza-se pela porção anterior do corpo muito extraordinária diversidade de formas e tamanhos, caracterizadas
elevada; nadadeira dorsal inserida no mesmo nível ou um pouco atrás basicamente pela presença de grande número de dentes, firmemente
da inserção da anal; boca inclinada e dentes caninos, alguns deles em implantados nas duas maxilas e pela nadadeira anal longa, com 10 ou
forma de presa; escamas pequenas e lisas; nadadeira anal bastante mais raios. Apesar da riqueza de espécies, apenas sete foram encontradas
longa, com 72 a 80 raios; coloração prateada com uma mancha escura nos mercados de Santarém, o que se deve, em parte, ao fato da maioria
atrás do opérculo e outra na base dos raios caudais. Espécie piscívora. delas serem de pequeno porte, de pouco ou nenhum interesse como
alimento, contudo várias delas são objeto de exploração pelo comércio de
peixes ornamentais.

Chave para as Espécies de Characidae

1. Dentes cónicos, caniniformes 2


1'. Dentes não cónicos (mulitcuspidados ou molariformes) 4
2. Corpo fusiforme, ausência de dentes externos 3
2'. Corpo não fusiforme, achatado lateralmente; presença de dentes
externos à boca; gibosidade no dorso Roeboides myersi
3. Opérculo com duas manchas escuras, a superior separada da inferior por
uma faixa muito estreita e pálida; 140-175 escamas na linha lateral
Acestrorhynchus falcirostris
3'. Mancha preta na região humeral grande e ovalada, alongada
verticalmente; 83-90 escamas na linha lateral
Acestrorhynchus falcatus
4. Região ventral arredondada Brycon cephalus
4'. Região ventral estreita, em forma de quilha 5
5. (6) escamas entre a linha lateral e a nadadeira dorsal
Triportheus flavus
5'. (5) escamas entre a linha lateral e a nadadeira dorsal 6
Figura 57. Cynodon gibus - peixe-cachorro

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6. 30-37 escamas na linha lateral; altura do corpo contida 3 a 3,4 vezes no Espécie: Acestrorhynchus falcirostris
comprimento Triportheus albus Nome comum: peixe-cachorro, dentudo, ueua
6. 40-46 escamas na linha lateral; altura do corpo contida 3,8 a 4 vezes no Espécie de médio porte, alcança cerca de 35 cm de
comprimento Tripotheus elongatus comprimento. Caracteriza-se pelo corpo comprido e roliço; nadadeira
dorsal implantada na porção terminal do corpo; coloração clara no
abdómen e amarelada no dorso; uma mancha escura na base da caudal
Espécie: Roeboides myersi e ocasionalmente outra, menor, atrás do opérculo; maxila superior maior
que a inferior, ambas com numerosos dentes caniniformes; escamas
Nome comum: zé-do-ó, madalena diminutas e fracamente implantadas; 140 a 175 escamas na linha
Espécie de pequeno porte, alcança cerca de 12 cm de lateral. Espécie piscívora.
comprimento. Caracteriza-se pelo corpo alto e comprimido lateralmente,
com uma gibosidade no dorso; coloração uniforme, prateada a
amarelada; uma pequena mancha escura na região humeral; nadadeira
anal bastante longa; presença de dentes arredondados fora e ao redor
da boca. Espécie carnívora, alimenta-se de escamas de peixes e
invertebrados. Apresenta pouca importância comercial.

5cm

Figura 58. Roeboides myersi - zé-do-ó Figura 59. Acestrorhynchus falcirostris- dentudo

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Espécie: Acestrorhynchus falcatus Espécie: Brycon cephalus


Nome comum: peixe-cachorro, dentudo, ueua Nome comum: matrinxã, jatuarana
Espécie de médio porte, alcança cerca de 25 cm de Espécie de médio porte, alcança cerca de 40 cm de
comprimento. Caracteriza-se pelo corpo alongado e alto; coloração comprimento. Caracteriza-se pelo corpo relativamente alto e
amarelo-avermelhada; uma mancha circular, azulada, atrás do opérculo comprimido; coloração cinza uniforme, com uma mancha escura
e outra escura, na base da caudal; nadadeiras amarelo-alaranjadas, arredondada na região humeral; nadadeiras alaranjadas, exceto a
exceto porções da caudal que normalmente são vermelhas; 83 a 90 caudal que geralmente é cinza; dentes fortes, multicuspidados em várias
escamas na linha lateral; maxilas longas com numerosos dentes "ileiras na maxila superior; região ventral arredondada. Espécie onívora,
caniniformes. Espécie piscívora. alimenta-se de frutos, sementes e insetos; migradora, e se reproduz no
início na enchente. Tem grande importância comercial.

Figura 60. Acestrorhynchus falcatus - dentudo Figura 61. Brycon cephalus - matrinxã

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Espécie: Triportheus flavus Espécie: Triportheus albus


Nome comum: sardinha-papuda, sardinha Nome comum: sardinha-comum, sardinha
Espécie de médio porte, alcança cerca *de 25 cm de Espécie de pequeno porte, alcança cerca de 20 cm de
comprimento. Caracteriza-se pelo corpo alto e comprimido lateralmente; comprimento. Caracteriza-se pelo corpo alongado e comprimido
coloração cinza-escura; nadadeiras cinza-amarelad^s; nadadeira lateralmente; coloração uniforme, cinza prateada no ventre e azulada
caudal com extremidade reta e normalmente com reaios medianos no dorso; nadadeiras peitorais bem desenvolvidas, ultrapassando a
alongados em forma de filamento; 6 escamas entre a l i n h a lateral e a origem das ventrais; nadadeira caudal ligeiramente furcada, amarelada
nadadeira dorsal. Espécie onívora, alimenta-se de frutos, sementes e i com a extremidade escura; 30 a 37 escamas na linha lateral. Espécie
invertebrados. onívora, alimenta-se de frutos, sementes e invertebrados.

Figura 62. Triportheus flavus- sardinha-papuda Figura 63. Triportheus albus - sardinha-comum

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Ordem: Siluriformes
Espécie: Triportheus elongatus
Família: Doradidae (bacus, cuiú-cuiú, cujuba, rebeca)
Nome comum: sardinha-comprida, sardinha
Espécie de médio porte, alcança cerca de 30 cm de Os doradídeos formam um grupo de peixes facilmente
comprimento. Caracteriza-se pelo corpo alongado e comprimido identificáveis em função da presença de uma faixa de placas ósseas de
lateralmente; coloração cinza prateada, mais escura no dorso que no cada lado do corpo. Cada placa possui um espinho curvo, de dimensões
ventre; nadadeira caudal amarelada com a extremidade escura; 40 a variáveis, de acordo com a espécie. Algumas espécies possuem placas
46 escamas na linha lateral. Espécie onívora, alimenta-se de frutos, ósseas adicionais ao longo do dorso, entre as nadadeiras dorsal e
sementes e invertebrados. adiposa, ou ainda recobrindo quase todo o corpo. Existem espécies de
tamanho muito pequeno, com 3-4 cm, e outras de porte avantajado,
com mais de 1 m. Poucas espécies apresentam importância comercial
significativa. São onívoros, e alimentam-se de diversos itens alimentares,
como frutos, insetos, peixes e plantas aquáticas. Foram encontradas
cinco espécies desta família nos meracados de Santarém.

Chave para as Espécies de Doradidae

1. Corpo totalmente coberto por placas ósseas Lithodoras dorsalis


V. Apenas uma série de placas ao longo dos lados do corpo, às vezes uma
série de placas entre as nadadeiras dorsal e adiposa 2
2. Presença de uma faixa lateral clara indo do focinho até a cauda
Platydoras costatus
2'. Sem faixa lateral clara 3
3. 23 placas ou menos em cada lado do corpo 4
3'. Mais de 23 placas laterais, pedúnculo caudal sem placas acima e abaixo;
:orpo cinza com manchas pretas pequenas, sendo estas menos evidentes em
exemplares adultos
Pterodoras lentiginosus
4-. Placas laterais altas, cobrindo quase totalmente os lados do corpo;
:oloração marron com manchas escuras irregulares
Megaíodoras uranoscopus
Figura 64. Triportheus elongatus - sardinha-comprida

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4'. Corpo uniformemente cinza-escuro; placas laterais não muito altas; Espécie: Platydoras costatus
uma série de tentáculos carnosos no teto da cavidade bucal Nome comum: bacu, rebeca
Oxydoras niger Espécie de médio porte, alcança cerca de 30 cm de
comprimento. Doradídeo de coloração muito peculiar, marrom-escuro
Espécie: Lithodoras dorsalis com uma faixa clara em cada lado do corpo, da cauda até o focinho.
Nome comum: bacu-pedra, cascudo Os exemplares jovens são comercializados também como peixes
ornamentais. Devido ao tamanho não muito grande e à baixa aceitação
Espécie de grande porte, atinge mais de 1 m e 15 kg, sendo
no mercado, possui pouca importância na pesca comercial. Como a
um dos maiores doradídeos. É caracterizada pelo corpo totalmente
maioria das espécies do grupo, possui uma dieta bastante variada. Na
recoberto por placas ósseas, inclusive na região ventral. Apesar de não
região de Monte Alegre (PA), constatou-se a presença de uma grande
ser apreciado como alimento pela população amazônica, tem sido quantidade de moluscos (caramujos) no trato digestivo de exemplares
exportado para outras regiões do país e do mundo, na forma de filés desta espécie.
congelados. Reproduz-se uma vez ao ano, sendo que o local mais
importante para o crescimento dos peixes jovens parece ser o estuário
do rio Amazonas, na área da baía de Marajó. Alimenta-se
principalmente de frutos da várzea, e acredita-se que esta espécie seja
um importante dispersor de sementes, espalhando-as ao longo das
margens dos rios.

Figura 65. Lithodoras dorsalis - bacu-pedra Figura 66. Platydoras costatus - bacu

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Espécie: Pterodoras lentiginosus


Espécie: Megalodoras uranoscopus
Nome comum: bacu-liso, bacu-barriga-mole
Nome comum: rebeca, rebecão, bacu
Espécie de grande porte, atinge cerca de 50 cm, embora a
maior parte dos exemplares capturados seja bem menor do que isso. Espécie de grande porte, alcança 60 cm de comprimento.
Espécie muito comum ao longo de todo o Solimões/Amazonas. Não É uma espécie fácil de ser identificada pela presença de poucas placas
tem boa aceitação localmente, mas os maiores indivíduos são vendidos laterais grandes e altas, cobrindo quase totalmente os lados do corpo.
A coloração também é bastante conspícua, com manchas marrons e
no mercado de exportação. Alimenta-se de quase tudo que possa
amarelas por todo o corpo. É bastante explorada pelos frigoríficos locais
capturar e em grandes quantidades, fazendo com que o abdome se
com vistas à exportação. Possui espinhos peitorais e dorsal grandes e
distenda de maneira desproporcional ao tamanho do peixe. Outras fortes, com serras bem desenvolvidas, podendo causar ferimentos
vezes, verifica-se que o conteúdo estomacal não passa de água, dolorosos se não forem manipulados com cuidado. É onívoro, embora
tornando o abdome flácido, provavelmente vindo daí o nome comum demonstre certa predileção por caramujos. Da mesma maneira que o
da espécie. bacu-pedra, é considerado um potencial dispersor de sementes nas
áreas de várzea.

Figura 67. Pterodoras lentiginosus - bacu-barriga-mole


Figura 68. Megalodoras uranoscopus -rebeca
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Família: Callichthyidae (tamoatá)


Espécie: Oxydoras niger
Nome comum: cujuba, cuiu-cuiu Os peixes desta família são caracterizados por terem os
Espécie de grande porte, atinge mais de 1 m de lados do corpo cobertos por duas fileiras longitudinais de placas ósseas,
comprimento e 20 kg. É o maior doradídeo da Amazônia,. Distingue- que são imbricadas ao longo da linha mediana, como em um telhado.
se das demais espécies de doradídeos pelo colorido cinza escuro Possuem espinhos nas nadadeiras peitorais, dorsal e adiposa. A maioria
uniforme e pela presença de tentáculos carnosos no teto da cavidade das espécies possui respiração aérea acessória, possibilitando que
bucal. Possui focinho longo e boca inferior, usados na captura de larvas sobrevivam em ambientes com pouquíssimo oxigénio dissolvido. Os
de insetos e outros invertebrados que vivem em meio aos detritos do principais alimentos são microorganismos e larvas de insetos
fundo dos rios e lagos. Ao contrário das demais espécies da família, é associados à lama do fundo. Somente uma espécie foi encontrada nos
muito apreciada como alimento pela população local, sendo muito mercados de Santarém.
frequente nos mercados e feiras. Pelo porte avantajado, também, é
explorada no mercado de exportação. Até recentemente era classificada
no género Pseudodoras.

Figura 69. Oxydoras niger- cujuba


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Espécie: Holplosternum Htoralle Família: Loricariidae (acari, bodos)


Nome comum: tamoatá, tamuatá
Espécie de pequeno porte, alcança cerca de 20 cm de Os loricariídeos, conhecidos vulgarmente por acaris, bodos
comprimento. Caracteriza-se por apresentar duas fileiras de placas ou cascudos, são caracterizados pelo corpo recoberto por várias fileiras
ósseas, cobrindo totalmente os lados do corpo; um par de barbilhões de placas ósseas, formando uma espécie de couraça protetora; a boca
rictais de cada lado da boca; a nadadeira caudal é furcada; os ossos fica situada em posição ventral, e tem a forma de uma ventosa. A
da cintura escapular são expostos, formando escudos ósseos entre as maioria das espécies tem o corpo bastante achatado, com o ventre
bases das nadadeiras peitorais. Pode respirar o ar atmosférico, pois o praticamente reto. Vivem em diversos tipos de ambientes, desde trechos
intestino apresenta adaptações para realizar trocas gasosas. Resiste encachoeirados e ricos em oxigénio, até poças de água estagnada.
por muito tempo fora d'água, chegando mesmo a realizar pequenas São muito apreciados como alimento e apresentam importância
migrações por terra, apoiado nas nadadeiras peitorais. Reproduz-se económica regional. Alimentam-se de algas, detritos e pequenos
no início da enchente, construindo ninhos com bolhas de ar envoltas animais a eles associados. Duas espécies foram encontradas nos
em saliva e restos de plantas. Apresenta pouco importância comercial mercados de Santarém.
local, mas em Belém é considerada uma das principais espécies da
pesca comercial, sendo inclusive exportada. Espécie onívora, alimenta- Chave para as Espécies de Loricariidae
se de pequenos invertebrados e algas, asssociados à lama do fundo.
1. Nadadeira dorsal com I + 7 raios ... Hypostomus emarginatus
V. Nadadeira dorsal com I + 11-14 raios Liposarcus pardalis

Figura 70. Holplosternum Htoralle - tamoatá

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Espécie: Hypostomus emarginatus Espécie: Liposarcus pardalis


Nome comum: acari-pedra Nome comum: acari-bodó, bodo, acari, cascudo
Espécie de médio porte, alcança cerca de 30 cm de Espécie de grande porte, alcança cerca de 50 cm de
comprimento. É encontrada ocasionalmente nos mercados e feiras, em comprimento. Seguramente é o loricariídeo de maior importância
pequenas quantidades. Faz parte de um grupo constituído por um grande comercial ao longo da calha do rio Solimões/Amazonas, devido à sua
número de espécies muito parecidas, o que torna a identificação difícil abundância e aceitação no mercado. E vendido vivo, pois resiste muito
até mesmo para os especialistas. Diferencia-se do acari-bodó tempo fora d'água. Seus ovos são grandes e de coloração alaranjada,
(Liposarcus) por possuir uma nadadeira dorsal mais curta, constituída sendo depositados no fundo dos lagos, em buracos cavados pelos
por um espinho e sete raios ramificados. Desova em locas ou buracos reprodutores. É uma das poucas espécies amazônicas que desovam
nos barrancos dos rios e lagos. no período de seca dos rios. Pode ser reconhecida facilmente pelo
tamanho da nadadeira dorsal, a qual possui um espinho e onze a
quatorze raios ramificados.

Figura 71. Hypostomus emarginatus -acari-pedra Figura 72. Liposarcus pardalis- acari-bodó

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Espécie: Hypophthalmus fimbriatus


Família: Hypophthalmidae (maparás)
Nome comum: mapará-bico-de-pena
Esta família abriga os maparás, peixes de corpo alongado Espécie de médio porte, alcança cerca de 30 cm de
e comprimido lateralmente, adaptados à vida pelágica, ou seja, à meia comprimento. Distingue-se prontamente das demais espécies de
água. Os olhos são relativamente grandes e situados nas laterais da maparás por possuir os barbilhões largos, em forma de fita ou pena,
cabeça, voltados para baixo. As aberturas branquiais são muito amplas, como sugere o nome comum. Aparentemente, é a espécie menos
chegando até a região do queixo. Possuem uma grande quantidade de abundante das três, sendo sempre coletada em quantidades menores
gordura acumulada na musculatura, em qualquer época do ano. do que as anteriores. A reprodução ocorre durante a enchente.
Formam grandes cardumes, sendo muito importantes na pesca
comercial da região. Alimentam-se de fito e zooplâncton, os quais são
filtrados na boca através dos rastros branquiais longos e finos. Três
espécies foram encontradas em Santarém.

Chave para as Espécies de Hypophthalmidae

1. Barbilhões muito largos, em forma de fitas, pretos


Hypophthalmus fimbriatus
V. Barbilhões achatados, mas não largos 2
2. Focinho arredondado; linha lateral pontilhada; nadadeira caudal
lobada a levemente furcada Hypophthalmus edentatus
2'. Focinho pontudo; linha lateral não pontilhada, mas em linhas
transversais; nadadeira caudal fortemente furcada
Hypophthalmus marginatus

Figura 73. Hypophthalmus fimbriatus- mapará-bico-de-pena

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Espécie: Hypophthalmus edentatus Espécie: Hypophthalmus marginatus


Nome comum: mapará Nome comum: mapará
Espécie de médio porte, alcançando cerca de 30 cm de Espécie de médio porte, alcança cerca de 30 cm de
comprimento. É comum, e tem ampla distribuição na Amazônia. comprimento. Pode ser identificada por duas características básicas: o
Distingue-se das outras espécies de maparás por possuir o focinho focinho longo e a nadadeira caudal profundamente furcada, com ambos
mais curto e o lobo inferior da nadadeira caudal arredondado. É muito os lobos pontiagudos. É capturada em cardumes mistos com H.
abundante em certas regiões, especialmente em lagos de várzea. A edentatus, sendo as duas espécies comercializadas juntas, sob o mesmo
reprodução ocorre durante a enchente. nome comum. Em determinados períodos do ano, os maparás são
capturados em grandes quantidades com o uso de redes de deriva, que
são malhadeiras muito longas que operam rio abaixo ao sabor da
correnteza, guiadas por um pescador em uma canoa.

Figura 74. Hypophthalmus edentatus- mapará Figura 7'5.Hypophthalmus marginatus- mapará

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Família: Ageneiosidae (mandubés) Espécie: Ageneiosus brevifilis


Nome comum: mandubé
Corpo comprimido lateralmente, adaptado à vida pelágica. Espécie de grande porte, podendo ultrapassar 50 cm de
Olhos grandes e situados nas laterais da cabeça, a qual é bastante comprimento e pesar mais de 2 kg. É a maior espécie do grupo. Possui
deprimida. Boca muito ampla, geralmente com apenas um par de o dorso azulado as nadadeiras claras, com uma faixa preta vertcd
barbilhões (maxilares), curtos e finos. Estes barbilhões tornam-se no final da cauda. A cabeça é muito achatada e a boca e
ossificados nos machos na época da reprodução, ficando curvados e desproporcionalmente grande. Alimenta-se de peixes e camarões, que
desenvolvendo espinhos e ganchos laterais. O mesmo acontece com o
são engolidos inteiros. Possui carne branca e macia, sendo apreçado
espinho da nadadeira dorsal. As aberturas branquiais são pequenas,
como alimento em certas regiões.
não se estendendo em direção ao queixo. Algumas espécies atingem
um porte relativamente avantajado com mais de 50 cm. Alimentam-se
de peixes, camarões e insetos. Quatro espécies foram encontradas em
Santarém.

Chave para as Espécies de Ageneiosidae

1. Nadadeira caudal furcada 2


1'. Nadadeira caudal truncada, obliqua, com faixa escura terminal
Ageneiosus brevifilis
2. Extremidade do focinho pontuda Ageneiosus aff. ucayalensis
2'. Extremidade do focinho arredondada 3
3. Corpo escuro, com faixas horizontais claras; bordo da nadadeira caudal
claro Ageneiosus sp.
3'. Corpo cinza-claro , sem faixas horizontais; parte terminal da nadadeira
caudal preta Ageneiosus dentatus

Figura 76. Ageneiosus brevifilis - mandubé

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Espécie: Ageneiosus aff. ucayalensis Espécie: Ageneiosus sp.


Nome comum: mandubé Nome comum: mandubé
Espécie de médio porte, alcança cerca de 30 cm de Espécie de pequeno porte, alcança cerca de 20 cm de
comprimento, e de formato mais esguio. Possui o focinho pontudo, em comprimento. É pouco frequente nas capturas. Distingue-se imediatamente
forma de "V" quando olhado em vista ventral, o que a distingue dos demais Ageneiosus pela coloração típica, cinza escuro com faixas
prontamente das demais espécies do grupo. Não é tão frequente nos claras longitudinais. É capturado em rios e igarapés de águas claras, pretas
mercados, provavelmente em função do pequeno tamanho. Alimenta- ou brancas, em ambientes de correnteza fraca ou moderada. Alimenta-se
se de insetos, peixes pequenos e camarões. principalmente de pequenos peixes e insetos.

Figura 77. Ageneiosus aff. ucayalensis- mandubé Figura 78. Ageneiosus sp. - mandubé

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Espécie: Ageneiosus dentatus Família: Pímelodidae (filhote, sorubim, piramutaba, mandi, dourada)
Nome comum: mandubé
Espécie de médio porte, alcança cerca de 30 cm de Os pimelodídeos são peixes de pele nua, não apresentando
comprimento. Distingue-se das demais espécies do grupo por apresentar placas ou escudos laterais. Possuem três pares de barbilhões, sendo os
um focinho arredondado em vista ventral, além de uma coloração geral barbilhões maxilares geralmente muito longos. Podem apresentar ou
clara, combinada com a nadadeira caudal de borda preta. Da mesma não espinhos nas nadadeiras. As aberturas branquiais são amplas, e a
forma que A. aff. ucayalensis e A. vittatus, apresenta pequena boca normalmente é guarnecida por placas de dentes viliformes. São
importância comercial, sendo vendida misturada em "fieiras" de os bagres mais importantes do ponto de vista comercial, incluindo
exemplares de diversas espécies. Espécie carnívora. algumas das maiores espécies de peixes de água doce do mundo, como
a piraíba e o jaú. Algumas espécies realizam grandes migrações rio
acima na época de reprodução. A maior parte das espécies é carnívora,
embora algumas tenham uma tendência a serem onívoras. A família
Pimelodidae foi a mais importante em número de espécies comerciais
registradas na região, com 22 espécies, o que denota a sua importância
comercial local.

Chave para as Espécies de Pimelodidae

1. Dentes do pré-maxilar dispostos em duas fileiras


Caíophysus macropterus
V. Dentes do pré-maxilar viliformes, normalmente formando uma faixa .... 2
2. Palato com dentes viliformes, formando placas 3
2'. Palato sem dentes 19
3. Barbilhão em forma de fita larga 4
3'. Barbilhão normal, pouco achatado 5
4. Cabeça alta, nadadeira dorsal com filamento
Platynematichthys notatus
4'. Cabeça achatada, nadadeira dorsal normal Goslinia platynema
Figura 79. Ageneiosus dentatus - mandubé 5. Dorsal com 1. + 9-10 raios; corpo malhado....Leiarius marmoratus

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5'. Dorsal com I + 6-7 raios 6 14. Padrão de colorido cinza uniforme, com a região ventral
esbranquiçada 15
6. Prognatismo, maxila inferior maior que a superior
Hemisorubim platyrhynchos 14'. Padrão de colorido malhado tigrado, com faixas transversais e
pintas 16
6'. Maxilas superior e inferior iguais, ou a superior maior 7
15. Nadadeira adiposa curta, sua base mais ou menos do mesmo
7. Placa nucal na frente da nadadeira dorsal muito grande, rugosa, em
tamanho da base da nadadeira ventral
forma de feijão; nadadeira adiposa com raios
Brachyplatystoma filamentosum
Phractocephalus hemioliopterus
15'. Nadadeira adiposa longa, sua base bem maior que a base da
T. Placa nucal pequena; nadadeira adiposa sem raios 8 nadadeira anal Brachyplatystoma vaillanti
8. Maxila superior e inferior de comprimento igual 16. Caudal profundamente furcada, com lobos pontiagudos 17
Brachyplatystoma flavicans 16'. Caudal levemente furcada com lobos arredondados 18
8'. Maxila superior maior que a inferior 9 17. Oito a dez faixas verticais escuras e largas nos lados do corpo,
9. Maxila superior muito maior que a inferior, expondo quase totalmente sobre um fundo castanho; nadadeira caudal com listas horizontais não
a faixa de dentes do pré-maxilar 10 paralelas, anastomosadas; cabeça coberta por pele espessa
9'. Maxila superior apenas um pouco maior que a inferior, expondo Brachyplatystoma juruense
apenas uma parte da faixa de dentes do pré-maxilar 12 17'. 13 a 15 faixas escuras inclinadas nos lados do corpo, sobre fundo
10. Maxila superior muito longa, terminando em focinho pontudo; faixa cinza esbranquiçado; nadadeira caudal com faixas verticais paralelas
de dentes do pré-maxilar formando um grande triângulo pretas e brancas; cabeça coberta por pele fina
Platystomatichthys sturio Merodontotus tigrinus
10'. Maxila superior longa, terminando em focinho arredondado ..11 18. Lado do corpo com faixas escuras largas e anastomosadas;
11. Olhos situados em posição lateral na cabeça Sorubim lima porção mediana da cabeça apresentando largura maior do que a
11'. Olhos situados em posição normal, sobre a cabeça largura da ponta do focinho; fontanela profunda
Sorubimichthys planiceps Pseudoplatystoma tigrinum
12. Cabeça tão larga quanto longa; corpo amarelo ou acinzentado, 18'. Lado do corpo com faixas escuras estreitas alternando-se com faixas
coberto por pequenos pontos escuros Paulicea luetkeni claras, como riscos; presença de manchas escuras arredondadas na parte
12'. Cabeça mais longa que larga; coloração diferente da anterior .... 13 baixa dos lados do corpo; cabeça afilando-se mais ou menos uniformemente
em direção do focinho; fontanela rasa ... Pseudoplatystoma fasciatum
13. Barbilhão maxilar bem maior que o comprimento do corpo, a parte
óssea do mesmo atingindo a vertical da nadadeira dorsal; três ou quatro 19. Nadadeiras dorsal e peitoral sem espinhos pungentes 20
manchas pretas nos lados do corpo Platysilurus aff. barbatus 19'. Nadadeiras dorsal e peitoral com o primeiro raio transformado
13'. Barbilhão maxilar relativamente curto nos adultos, com a parte em espinho 21
óssea pequena, restrita ao canto da boca 14

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20. Boca claramente inferior; dentes do pré-maxilar pequenos, em fileira Espécie: Calophysus macropterus
simples Pimelodina flavipinnis Nome comum: piracatinga, pintadinho, urubu d'água
Espécie de médio porte, atinge cerca de 40 cm de
20'. Boca subterminal; dentes do pré-maxilar formando uma faixa larga
comprimento. Esta espécie, extremamente comum em todo o sistema
Pinirampus pirinampu
do Solimões/Amazonas, diferencia-se de todos os demais bagres por
21. Nadadeira adiposa larga, cobrindo quase toda a distância entre as possuir duas fileiras de dentes no pré-maxilar, ao contrário das placas
nadadeiras dorsal e caudal; primeiros raios da dorsal e do lobo de dentes viliformes. Não apresenta espinhos nas nadadeiras e o corpo
superior da caudal continuando-se em filamentos é marcado por pintas pretas. Do ponto de vista da dieta, é uma espécie
Pimelodus gr. altipinnis considerada oportunista, ingerindo alimentos de origem animal e
21'. Nadadeira adiposa curta e alta; nadadeiras dorsal e caudal normais ... vegetal, além de carcaças de animais mortos. Causa prejuízos à pesca
Pimelodus blochii comercial ao atacar peixes presos em malhadeiras, em cardumes mistos
com os candirus. Em função dos hábitos alimentares, não é muito
apreciado como alimento em muitas áreas da Amazônia.

Figura 80. Calophysus macropterus - piracatinga

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Espécie: Platynematichthys notatus Espécie: Goslinia platynema


Nome comum: babão, barbado, barba-chata
Nome comum: cara-de-gato
Espécie de grande porte, alcança mais de 50 cm de
Espécie de grande porte, alcança mais de 50 cm de comprimento. É caracterizada pelos barbilhões achatados, mas pode
comprimento. Pode ser diferenciada dos demais bagres pelos barbilhões ser diferenciada da espécie anterior pela cabeça muito deprimida e
achatados, nadadeira dorsal terminando em filamento e por uma grande por não ter a nadadeira dorsal com filamento. O colorido do corpo é
mancha preta no lobo inferior da caudal. A coloração geral é cinza-
cinza claro uniforme, sem manchas ou pintas. Os olhos são muito
azulada no dorso, com pequenas pintas pretas. A cabeça curta e alta
pequenos e situados no alto da cabeça. Tem uma certa importância
lhe confere uma estranha aparência, de onde vem o seu nome comum,
cara-de-gato. Possui espinhos peitorais muito longos e agudos, sendo comercial em função do seu tamanho, embora não seja capturada em
por isso temido pelos pescadores. Alimenta-se principalmente de peixes. grandes cardumes. Estudos desenvolvidos no rio Madeira sugerem que
esta espécie migre rio acima no período da cheia, ao contrário da
maioria dos grandes bagres. Alimenta-se principalmente de peixes.

Figura 81. Platynematichthys notatus - cara-de-gato Figura 82. Goslinia platynema - babão

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Espécie: Leiarius marmoratus Espécie: Hemisorubim platyrhynchos


Nome comum: jandiá, jundiá Nome comum: braço-de-moça, liro
Espécie de grande porte, alcança mais de 50 cm de Espécie de grande porte, alcança cerca de 50 cm de
comprimento. Pode ser identificada imediatamente por possuir um comprimento. Apresenta uma característica única entre os
maior número de raios ramificados na nadadeira dorsal (9 ou 10). pimelodídeos: a mandíbula é um pouco maior do que a maxila superior,
Além disso, o padrão de colorido do corpo e nadadeiras é peculiar, fazendo com que a abertura bucal fique voltada ligeiramente para cima.
consistindo de manchas escuras sobre um fundo marrom-amarelado. Embora não cresça muito, figura entre os pimelodídeos melhor aceitos
Aparece nos mercados em pequeno número, mas sua carne é tida como como alimento pela população amazônica. É essencialmente carnívora,
muito saborosa. Alimenta-se de pequenos peixes e invertebrados. alimentando-se de peixes e invertebrados.

Figura 83. Leiarius marmoratus- jandiá Figura 84. Hemisorubim platyrhynchos - braço-de-moça
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Espécie: Phractocephalus hemioliopterus Espécie: Brachyplatystoma flavicans


Nome comum: pirarara Nome comum: dourada
Espécie de grande porte, alcança mais de 1,5 m de Espécie de grande porte, pode atingir mais de 1,5 m de
comprimento e 80 kg de peso. A pirarara é um peixe praticamente comprimento e 20 kg. A dourada quando recém capturada exibe uma
inconfundível, com sua coloração característica e enorme cabeça. coloração típica, com a cabeça prateada e o corpo claro com reflexos
Possui ainda uma placa nucal muito grande e em forma de rim ou amarelo-dourados, daí o seu nome comum. Distingue-se das outras
feijão, característica ímpar entre os pimelodídeos. Diferentemente dos espécies do género Brachyplatystoma por possuir a maxila e mandíbula
demais grandes bagres, essa espécie invade os lagos e igapós a procura de iguais dimensões, além de barbilhões comparativamente mais curtos.
de frutos, que inclui em sua alimentação ao lado de peixes, crustáceos Apresenta elevada importância comercial em diversas áreas da
(caranguejos e camarões) e caramujos. Desova no início da enchente. Amazônia, notadamente na bacia do rio Madeira. É um predador por
excelência, atacando vorazmente os cardumes de peixes menores,
principalmente peixes de escamas. Realiza longas migrações rio acima
na época da reprodução, que supostamente ocorre nas áreas de cabeceiras.
É capturada com malhadeiras, espinhei e linha de mão.

5cm

Figura 85. Phractocephalus hemioliopterus - pirarara Figura 86. Brachyplatystoma flavicans- dourada

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Espécie: Sorubim lima


Espécie: Platystomatichthys sturio
Nome comum: bico-de-pato, braço-de-moça
Nome comum: braço-de-moça
Espécie de grande porte, alcança cerca de 50 cm de
Espécie de grande porte, alcança cerca de 50 cm de comprimento. Apesar de semelhante à espécie anterior, o bico-de-pato
comprimento. Tem aparência peculiar, caracterizada por um focinho pode ser identificado pelo formato mais arredondado do focinho, pelos
comprido e pontudo. A maxila é muito mais longa do que a mandíbula, lobos arredondados da caudal e pela posição dos olhos, situados
deixando à mostra a placa de dentes do pré-maxilar, de formato lateralmente na cabeça. O colorido também é típico, apresentando uma
triangular quando observada em vista ventral. A nadadeira caudal
faixa escura que vai dos olhos até o meio da cauda. Pode formar grandes
possui os lobos bem longos e pontiagudos, com as margens superior e
cardumes, o que faz com que apareça eventualmente em quantidade
inferior de coloração negra. Os barbilhões maxilares são grandes e
ossificados, e a coloração consiste de manchas redondas pretas sobre nos mercados. Espécie carnívora, alimenta-se de peixes pequenos,
um fundo claro. Apresenta pequena importância comercial, pois não camarões e outros invertebrados. Desova no início da enchente.
é especialmente abundante. Alimenta-se de peixes e invertebrados.

Figura 88. Sorubim lima - bico-de-pato


Figura 87. Platystomatichthys sturio - braço-de-moça

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Espécie: Sorubimichthys planiceps Espécie: Paulicea luetkeni


Nome comum: peixe-lenha, sorubim-lenha, chicote Nome comum: jaú, pacamum
Espécie de grande porte, atingindo mais de 1,5 m de Espécie de grande porte, é seguramente um dos maiores
comprimento. Ela é semelhante às duas espécies anteriores, mas peixes da Amazônia e das águas doces do mundo, podendo ultrapassar
distingue-se de ambas pela seguinte combinação de características: 1,5 m de comprimento e chegar a 150 kg. Sua força e resistência são
focinho arredondado, lobos da caudal pontiagudos e olhos situados legendárias entre os pescadores. Tem grande importância apenas na
em posição superior na cabeça. Além disso, o colorido apresenta um pesca comercial de exportação, pois a população amazônica não o
padrão praticamente invertido quando comparado com o de Sorubim aprecia como alimento. É um predador voraz, alimentando-se
lima: uma faixa clara e estreita vai da nadadeira peitoral até o meio da especialmente de peixes. Habita o canal dos rios e os poços profundos
cauda. A coloração da nadadeira dorsal também é distintiva, sendo no pé das cachoeiras. Realiza migrações rio acima na época da
transparente em Sorubim e em Platystomatichthys, e distintamente reprodução e a desova ocorre nas cabeceiras dos rios, no início da
malhada em Sorubimichthys. O corpo é roliço e fino, o que faz com enchente.
que não atinja pesos tão grandes quando comparada com espécies de
tamanhos semelhantes. Tem importância comercial, sendo encontrada
tanto nos mercados como nos frigoríficos. Alimenta-se de peixes e
invertebrados. Desova no início da enchente.

Figura 89. Sorubimichthys planiceps - peixe-lenha Figura 90. Paulicea luetkeni - jaú

130 131

L
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Espécie: Platysilurus aff. barbatus Espécie: Brachyplatystoma filamentosum


Nome comum: mandi Nome comum: piraíba, filhote
Espécie de médio porte, alcança cerca de 25 cm de A piraíba carrega a fama de ser o maior peixe liso das águas
comprimento. Ela é pouco conhecida e de ocorrência esporádica nos doces sul-americanas, ultrapassando 2 m de comprimento e podendo
mercados. O padrão geral de colorido lembra o de Platystomatichthys, chegar a 200 kg. Distingue-se das demais espécies do género pelo colorido
mas pode ser identificada pela cabeça mais alta e estreita, pelo focinho cinza uniforme, associado à presença de uma nadadeira adiposa curta,
mais curto, com a maxila apenas um pouco mais longa do que a com base menor ou do mesmo tamanho que a base da nadadeira anal.
mandíbula, e pelo tamanho dos barbilhões maxilares, muito maiores Apesar de ser reputada como devoradora de pessoas, estudos recentes
do que o comprimento do corpo. Não há maiores informações a respeito têm demonstrado que essa espécie alimenta-se junto ao fundo, onde
da dieta da espécie, mas acredita-se que seja predominantemente captura principalmente pequenos bagres. Todavia, persegue também
carnívora, como a maioria das espécies do grupo. cardumes de peixes de escamas em migração. Os indivíduos jovens,
conhecidos como filhotes, formam atualmente a maior parte das capturas
desta espécie. O fato de serem ainda imaturos sexualmente, isto é,
indivíduos que nunca se reproduziram, lança preocupações sobre o futuro
dos estoques da espécie.

Figura 91. Platysilurusaff. barbatus- mandi Figura 92. Brachyplatystoma filamentosum - piraíba

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Espécie: Brachyplatystoma vaillanti Espécie: Brachyplatystoma juruense


Nome comum: piramutaba Nome comum: sorubim, dourada-zebra, sorubim-flamengo
Espécie de grande porte, alcança cerca de 1 m de Espécie de grande porte, alcança cerca de 60 cm de
comprimento e cerca de 10 kg de peso. Difere de suas congéneres em comprimento. Peixe de colorido conspícuo, formado por oito a dez
forma e hábitos. Quanto à forma, apresenta uma nadadeira adiposa faixas verticais escuras sobre um fundo castanho. A cabeça é
longa, com base distintamente maior que a base da anal. Além disso, é relativamente alta e coberta por pele grossa. E a mais rara da
a única espécie do género que forma grandes cardumes, podendo ser espécies de Brachyplatystoma nos mercados, sempre presente em
capturada aos milhares ao longo da calha do Solimões/Amazonas. pequeno número. Embora tenha bom tamanho, não tem grande
Devido a esse fato, e por ser bem aceita tanto para consumo local importância comercial em função das baixas capturas, mas é
como para exportação, movimenta uma pescaria intensiva e muito apreciada também na aquariofilia.
específica, especialmente no baixo rio Amazonas. É uma espécie muito
voraz, sendo pouco seletiva quanto ao tipo de peixe utilizado como
alimento. Reproduz-se no início da enchente, ao que tudo indica, no
alto Solimões, com os alevinos crescendo no estuário nas proximidades
da Baía de Marajó.

Figura 93. Brachyplatystoma vaillanti - piramutaba Figura 94. Brachyplatystoma juruense - dourada-zebra

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Espécie: Merodontotus tigrinus Espécie: Pseudoplatystoma tigrinum


Nome comum: sorubim, zebra Nome comum: sorubim, caparari, sorubim-tigre, pintado, tigre
Espécie de grande porte, alcança cerca de 60 cm de Espécie de grande porte, alcança mais de 1 m de
comprimento. De aparência geral similar a B. juruense, pode ser comprimento e quase 20 kg, embora a maioria dos exemplares
rapidamente diferenciada pela presença de um maior número de comercializados fique bem abaixo desses valores, com 50-80 cm.
faixas transversais (13 a 15), em posição inclinada e sobre um fundo O caparari apresenta elevada importância comercial em quase toda
esbranquiçado. Além disso, a cabeça de Merodontotus é muito mais a bacia Amazônica. Apesar de exibir um padrão de colorido que
achatada e coberta por pele fina, sendo possível perceber o relevo pode ser confundido com os das duas espécies anteriores, pode ser
dos ossos do crânio logo abaixo. É considerada rara, embora se identificada prontamente pelo formato arredondado dos lobos da
saiba que a distribuição da espécie é muito mais ampla do que a caudal. Apresenta também um estreitamento da porção mediana
citada na descrição original. Deve seguir os padrões gerais de da cabeça, o que é usado na diferenciação desta espécie em relação
reprodução e alimentação dos demais grandes bagres. a P. fasciatum. Alimenta-se basicamente de peixes quando adulto,
sendo que os Gymnotiformes (sarapós) parecem ser presas
importantes para os exemplares jovens . A reprodução ocorre na
enchente, havendo um prolongado período de desova.

Figura 95. Merodontotus tigrinus - zebra Figura 96. Pseudoplatystoma tigrinum - sorubim-tigre
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Espécie: Pimelodina flavipinnis


Espécie: Pseudoplatystoma fasciatum
Nome comum: fura-calça, mandi-moela, moela
Nome comum: sorubim, pintado Espécie de médio porte, atinge cerca de 40 cm. Diferencia-
Espécie de grande porte, alcança mais de 1,3 m de se imediatamente dos demais pimelodídeos por possuir a boca
comprimento. O sorubim é, ao lado do caparari, uma das espécies de claramente inferior, com um focinho bem evidente. Apresenta ainda
bagres mais importantes na pesca comercial da região, sendo inclusive uma nadadeira adiposa muito longa, ocupando quase todo o espaço
capturados em cardumes mistos. Distingue-se daquela espécie pelo entre as nadadeiras dorsal e caudal. Não possui espinhos nas peitorais
padrão de colorido, composto por estrias verticais escuras e estreitas, e dorsal. Em algumas regiões recebe o nome de mandi-moela, em função
intercaladas por "riscos" brancos. O formato da cabeça também é da presença de um estômago com musculatura muito desenvolvida,
distintivo, não havendo o estreitamento mediano, a cabeça afilando lembrando uma moela de ave. Tem grande importância comercial local.
gradualmente em direção ao focinho. É também uma espécie piscívora,
Em outros locais da Amazônia, mal chega a aparecer nas estatísticas
com tendência a consumir uma maior quantidade de peixes de escamas.
de desembarque de pescado. Espécie carnívora, alimenta-se
Há registros de uma participação importante de camarões em sua dieta,
pelo menos em certas regiões. A reprodução ocorre durante a enchente, principalmente de invertebrados aquáticos.
e sabe-se que ocorrem migrações reprodutivas em direção às cabeceiras
dos rios.

Figura 98. Pimelodina flavipinnis - fura-calça


Figura 97. Pseudophfystoma fasciatum- sorubim
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Espécie: Pinirampus pirinampu Espécie: Pimelodus gr. altipinnis


Nome comum: piranambu, barba-chata Nome comum: mandi
Espécie de grande porte, alcança cerca de 60 cm de Espécie de médio porte, alcança cerca de 25 cm de
comprimento, mas a maioria dos exemplares comercializados fica bem comprimento. Apesar da semelhança superficial com Pinirampus
abaixo disso. Como a espécie anterior, o piranambu apresenta grande em função da longa nadadeira adiposa, é prontamente identificado
importância na pesca comercial local, embora seja considerado como pela presença de espinhos nas peitorais e dorsal. Além disso,
peixe de terceira categoria em outros locais. Assemelha-se à espécie apresenta os primeiros raios da dorsal e do lobo superior da caudal
anterior, da qual se distingue pela posição da boca (mais subterminal), terminando em filamento. Não é uma espécie abundante nos
pelos barbilhões mais achatados e por uma nadadeira adiposa um mercados, sendo vendida misturada com outros pimelodídeos de
pouco mais curta. É especialmente voraz, atacando peixes presos em tamanho similar.
malhadeiras. É oportunista e inclui diversos itens em sua dieta. O período
reprodutivo parece coincidir com a enchente dos rios.

Figura 99. Pinirampus pirinampu - piranambu Figura lOO.Pime/odusgr. altipinnis- mandi

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Espécie: Pimelodus blochii Família: Auchenipteridae (mandi-peruano, cangati)


Nome comum: mandi
Espécie de pequeno porte, alcança cerca de 20 cm de Os auchenipterídeos são pequenos bagres de corpo
comprimento. O mandi é uma espécie muito comum e abundante totalmente liso, sem placas ou qualquer armadura externa. Os ossos
nos mercados e feiras, ao longo de todo o sistema do rio Solimões/ do crânio são bem evidentes, cobertos apenas por uma fina camada
Amazonas. A despeito do tamanho não muito avantajado, é de pele. A placa nucal forma projeções ósseas de cada lado da
considerada importante para consumo local. Distingue-se de P. gr. nadadeira dorsal, sendo essa uma característica única entre os
altipinnis especialmente pelo formato da nadadeira adiposa, curta Siluriformes. As aberturas branquiais são pequenas, não se
e alta e de contorno anguloso. Possui espinhos peitorais e dorsal estendendo para a frente, além da base das nadadeiras peitorais.
muito fortes, podendo causar dolorosos ferimentos se forem Possuem fortes espinhos nas nadadeiras peitorais e dorsal, que
manuseados sem o devido cuidado. É onívora, alimentando-se de podem ser travados em posição ereta, o que deve servir como defesa
invertebrados, frutos e pequenos peixes. Reproduz-se durante a contra predadores. Vivem em fendas de troncos e rochas, ancorados
enchente. com o auxílio dos espinhos das nadadeiras. São principalmente
noturnos, saindo em busca de alimento no período de crepúsculo.
Duas espécies foram encontradas em Santarém.

Chave para as Espécies de Auchenipteridae

1.12 a 15 raios na nadadeira ventral; anal longa, 40-50 raios; corpo


de coloração cinza uniforme Auchenipterus aff. nuchalis
1'. 6 raios na nadadeira ventral; anal curta, 23-24 raios; corpo com
manchas escuras e claras, em padrão tigrado
Parauchenipterus galeatus

Figura 101.Pimelodus blochii- mandi

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Espécie: Auchenipterus aff. nuchalis Espécie: Parauchenipterus gaíeatus


Nome comum: mandi-peruano Nome comum: cangati, cachorro-do-padre, mandi
Espécie de pequeno porte, alcançando cerca de 20 cm de Espécie de pequeno porte, alcançando cerca de 20 cm de
comprimento. Diferentemente da maioria dos membros da família, esta comprimento. Caracteriza-se pelo corpo curto e pesado, de coloração
espécie forma grandes cardumes em rios e lagos. Alimenta-se marrom com manchas escuras variadas. Vivem isolados ou aos pares,
principalmente de insetos. Apresenta pequena importância comercial, escondidos durante o dia em cavidades de rochas e troncos submersos.
sendo considerado peixe de segunda ou terceira categoria. Quando Aparecem em pequeno número nos mercados e feiras, não apresentando
capturado em quantidade em redes, causa grande dificuldade aos grande importância comercial. Como a espécie anterior, os machos
pescadores para retirá-lo das malhas. No período de reprodução, os
possuem um espessamento no início da nadadeira anal, mais evidente
barbilhões maxilares e espinho dorsal dos machos tornam-se ossificados
no período de reprodução. São principalmente insetívoros e de hábitos
e curvos como chifres.
noturnos.

Figura 102. Auchenipterus aff. nuchalis - mandi-peruano Figura 103. Parauchenipterus gaíeatus - cangati

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Ordem: Perciformes 4. Presença de dentes caniniformes grandes na série interna do


Família: Sciaenidae (pescadas) dentário Plagioscion squamosissimus
4'. Dentes do dentário de tamanho uniforme nas duas séries
Os peixes desta família são caracterizados pela presença de Plagioscion sp. "Monte Alegre"
dois espinhos na porção anterior da nadadeira anal; linha lateral contínua 5. Olho grande, contido menos de 5 vezes no comprimento da
do opérculo até o fim do pedúnculo caudal, com as escamas maiores que c a beça Plagioscion aff. surinamensis
aquelas das fileiras imediatamente superiores e inferiores. Nadadeira
caudal em forma de losango. São originalmente marinhas e estuarinas, 5'. Olho pequeno, contido mais de 5 vezes no comprimento da cabeça 6
sendo que três gêneros apresentam espécies nas águas doces da Amazônia. 6. Distância interorbital contida menos de 4 vezes no comprimento da
Dois deles estão presentes nos mercados de Santarém, Pachypops, com cabeça: coloração escura, arroxeada Plagioscion auratus
duas espécies, e Plagioscion, com cinco. Estes gêneros são separados pelo 6'. Distância interorbital contida mais de 4 vezes no comprimento da
tamanho da boca, pequena e ventral emPachypops, com dentes pequenos cabeça; coloração cinza claro uniforme
e viliformes, e rastros branquiais rudimentares; Plagioscion, por sua vez, Plagioscion sp. "montei"
apresenta boca grande, dentes caninos, e rastros branquiais desenvolvidos.

Chave para as Espécies de Sciaenidae

1. Boca grande; rastros branquiais desenvolvidos; dentes caninos .... 3


1'. Boca pequena, ventral; focinho obtuso; rastros branquiais
rudimentares; dentes pequenos e viliformes 2
2. Lado do corpo cinza-escuro com uma faixa amarela clara,
horizontal, indo da base da nadadeira peitoral até a base da
nadadeira caudal; 26 a 29 raios na nadadeira dorsal
Pachypops triflíis
2'. Lado do corpo cinza uniforme, sem faixa amarelada; 23 a 26 raios na
nadadeira dorsal Pachypops furchraeus
3. Nadadeira peitoral não atinge o ânus; base da nadadeira anal maior
ou igual a distância ânus-nadadeira anal 4
3'. Nadadeira peitoral atinge ou ultrapassa o ânus; base da nadadeira
anal menor que a distância ânus-nadadeira anal 5

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Espécie: Pachypops trifilis Espécie: Pachypops furchraeus


Nome comum: pescada, curvina Nome comum: pescada, curvina
Espécie de médio porte, alcança cerca de 25 cm de Espécie de médio porte, alcança 25 cm de comprimento.
comprimento. Caracterizada pela presença de uma faixa amarela clara, Caracterizada pela coloração uniforme do corpo, sem faixa amarelada,
que vai da base da nadadeira peitoral até a base da nadadeira caudal, e com 23 a 26 raios na nadadeira dorsal. Como a espécie anterior, não
e com 26 a 29 raios na nadadeira dorsal. Não é muito comum no apresenta muita importância no mercado.
mercado.

Figura 104. Pachypops trifilis - pescada Figura 105. Pachypops furchraeus - pescada

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Espécie: Plagioscion squamosissimus Espécie: Plagioscion sp. "Monte Alegre"


Nome comum: pescada, pescada-branca Nome comum: pescada
Espécie de grande porte, alcança mais de 50 cm de Espécie muilo parecida com a anterior, P. squamosissimus,
comprimento. Caracterizada pela nadadeira peitoral que não alcança diferindo desta por apresentar os dentes do dentário de tamanho
o ânus, pela base da nadadeira anal que é maior ou igual a distância uniforme nas duas séries. Provavelmente trata-se de uma espécie ainda
ânus-nadadeira anal, e pela presença de dentes caninos grandes na não descrita para a ciência, e não se tem informações sobre sua biologia.
série interna do dentário. Sua alimentação depende do local onde se Espécie: Plagioscion aff. surinamensis
encontra, podendo ser composta por camarões e peixes. Espécie muito
apreciada por sua carne branca e delicada, e por isso apresenta grande
importância comercial.

Figura 106. Plagioscion squamosissimus- pescada Figura 107. Plagioscion sp. "Monte Alegre" -pescada

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Nome comum: pescada Espécie: Plagioscion auratus


Espécie de médio porte, alcança mais de 30 cm de Nome comum: pescada-preta
comprimento. Caracterizada pela nadadeira peitoral que alcança Espécie de médio porte, alcança mais de 30 cm de
ou ultrapassa o ânus, pela base da nadadeira anal ser menor que a comprimento. Caracterizada basicamente pela coloração escura
distância ânus-nadadeira anal, e pelo olho grande, contido menos arroxeada, e pelo olho pequeno, contido mais de cinco vezes no
de 5 vezes no comprimento da cabeça. Provavelmente trata-se de comprimento da cabeça. Não é muito comum nos mercados.
uma espécie nova para a ciência e não se tem informações sobre
sua biologia.

Figura 109.Plagioscion auratus- pescada-preta


Figura 108. Plagioscion afí. surinamensis- pescada
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Espécie: Plagioscion sp. "montei" Família: Cichlidae (acarás, tucunarés, jacundás)


Nome comum: pescada
Difere da espécie anterior, P. auratus, basicamente pela Caracterizada pela presença de apenas um orifício nasal
coloração cinza clara uniforme, e pela distância interorbital que está em cada lado do focinho; três ou mais espinhos duros na porção
contida mais de 4 vezes no comprimento da cabeça. Espécie envolvida anterior da nadadeira anal; linha lateral geralmente interrompida,
em problemas técnicos de taxonomia, necessitando ser descrita formando dois ramos, um do opérculo até embaixo dos raios moles da
formalmente para a ciência. nadadeira dorsal, e outro desta região até o final do pedúnculo caudal;
escamas da linha lateral do mesmo tamanho que as adjacentes. São
espécies sedentárias, vivendo em lagos e nas zonas marginais dos rios,
e não realizam migrações; em geral formam casais, reproduzem em
ambientes lênticos, normalmente construindo ninhos e dispensam
cuidados à prole. São espécies de hábitos diurnos, muitas delas com
variado padrão de cores; por causa disto são muito apreciadas como
peixes ornamentais. Na Amazônia existem mais de 100 espécies de
cichlídeos, muitas delas utilizadas tanto como alimento como peixe
ornamental. Foram encontradas 20 espécies em Santarém.

Chave para as Espécies de Cichlidae

1. Nadadeira anal com 3 espinhos 2


1'. Nadeira anal com 4 ou mais espinhos 15
2. Ramos superior do 1° arco branquial com um lóbulo 3
o
2'. Ramo superior do I arco branquial sem lóbulo 6
3. Lóbulo desenvolvido, rastros branquiais situados na borda livre do
lóbulo 4
3'. Lóbulo pouco desenvolvido, rastros branquiais situados na base do
lóbulo; mancha preta nos três primeiros espinhos da nadadeira dorsal,
mancha preta redonda no meio do corpo, faixa preta vertical sobre os
olhos Acarichthys heckeílii
4. Base das porções moles das nadadeiras dorsal e anal escamadas
Figura 110. Plagioscion sp. "montei" -pescada Geophagus proximus

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4'. Nadadeiras dorsal e anal sem escamas, um pequeno ocelo sobre 12. Rastros branquiais longos e numerosos, mancha preta no meio do
a base da nadadeira caudal 5 Chaetobranchus flavescens
corpo
5. Três manchas pretas arredondadas ao longo do corpo, todas abaixo 12'. Rastros branquiais curtos e em pequeno número 13
da linha lateral superior Satanoperca acuticeps 13. Nadadeiras dorsal e anal densamente escamadas
5'. Sem manchas pretas ao longo do corpo; lados da cabeça com Astronotus crassipinnis
pequenas pintas claras Satanoperca furupari
13'. Nadadeiras dorsal e anal sem escamas 14
6. Borda do pré-opérculo serrilhada, corpo alongado, em geral com a
14. Boca muito protrátil; olho muito grande; distância entre o olho e a
altura contida mais de 3,5 vezes no comprimento 7
6'. Borda do pré-opérculo lisa, corpo achatado lateralmente, em geral boca menor que o tamanho do olho Acaronia nassa
com a altura contida menos de 3 vezes no comprimento 9 14'. Boca pouco protrátil; olho pequeno; distância entre o olho e a
boca maior ou igual ao tamanho do olho ...Aequidens tetramerus
7. Corpo com mais de 10 faixas verticais ao longo dos flancos; escamas 15. Anal normalmente com 4 espinhos; presença de escamas na base
com pontos pretos no centro Crenicichla reticuíata das nadadeiras dorsal e anal; mancha no meio do corpo, ocelo na
T. Escamas sem pontos pretos no centro 8 base do ramo superior da nadadeira caudal
8. Corpo com manchas escuras irregulares ao longo dos flancos Cichlasoma amazonarum
Crenicichla aff. omata 15'. Anal com mais de 4 espinhos 16
8'. Corpo sem manchas escuras; opérculo com mancha vermelha 16. Rastros branquiais longos e numerosos
Crenicichla sp. Chaetobranchopsis orbicularis
9. Nadadeira dorsal com entalhe 10 16'. Rastros branquiais curtos e em pequeno número 17
9'. Nadadeira dorsal contínua, sem entalhe 12 17. Anal com 6 espinhos e 9 raios moles; boca grande e muito protrátil;
10. Mancha preta longitudinal sob a nadadeira peitoral; três faixas pretas processo pré-maxilar muito longo; uma mancha arredondada no meio
verticais sobre os flancos, não ultrapassando o meio do corpo do corpo, abaixo da linha lateral superior; pequena mancha preta
Cichla monoculus arredondada na porção superior da base da caudal
10'. Ausência de mancha preta longitudinal sob a nadadeira peitoral 11 Caquetaia spectabilis
11. Três faixas verticais pretas nos lados do corpo, se estendendo até o 17'. Anal com 7-8 espinhos e 13 a 14 raios moles; boca pequena; corpo
ventre; pequenas manchas pretas atrás do olhos; mancha ocelada sobre geralmente com faixas verticais, a última sempre presente, entre os
a primeira faixa vertical na altura da horizontal do olho; pintas bran. cas raios moles das nadadeiras dorsal e anal Heros sp.
distribuídas aleatoriamente sobre o corpo, às vezes não evidentes 17". Anal com 7-8 espinhos e mais de 25 raios moles; boca pequena;
Cichla sp. corpo discóide, com 7 faixas verticais ao longo do corpo
11'. Pintas brancas sobre o corpo uniformemente distribuídas, formando Symphysodon aequifasciatus
linhas longitudinais; ausência de manchas pretas atrás do olho; ausência 17'". Anal com 8 espinhos e 13 a 14 raios moles; dentes grandes, os
de mancha ocelada sobre a primeira faixa vertical; faixas verticais n ã o externos maiores e mais afastados dos da série interna; escamas da
muito evidentes; mais de 100 escamas numa linha logitudinal linha lateral maiores que as demais logo acima e logo abaixo dela ...
Cichla temensis Uaru amphiacanthoides

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Espécie: Geophagus proximus
Espécie: Acarichthys heckellii Nome comum: acaratinga, acará-papa-terra, acará-rói-rói, acará-
Nome comum: acará, cará da-praia
Espécie de pequeno porte, alcança cerca de 15 cm de Espécie de médio porte, alcança cerca de 25 cm de
comprimento. Caracterizada pela presença de três espinhos duros no comprimento. Amplamente distribuída ao longo do rio Solimões/
ramo anterior da nadadeira anal. Ramo superior do primeiro arco Amazonas, e curso inferior dos tributários. Caracterizada pela presença
branquial com lóbulo pouco desenvolvido, com os rastros branquiais de três espinhos na nadadeira anal; presença de um lóbulo desenvolvido
situados na base deste lóbulo. Uma mancha preta sobre os três primeiros no ramo anterior do primeiro arco branquial, com os rastros branquiais
espinhos da nadadeira dorsal e outra redonda no meio do corpo, entre situados na borda livre do lóbulo; base das porções moles das
as duas linhas laterais; uma faixa preta vertical sobre os olhos. nadadeiras dorsal e anal escamadas. Apresenta uma mancha escura
Amplamente distribuída por toda a Amazônia. Espécie onívora, no lado do corpo, sob os espinhos da nadadeira dorsal. Lados do corpo
alimenta-se de pequenos invertebrados (insetos, crustáceos), sementes, com faixas longitudinais alaranjadas e esverdeadas alternadas. Espécie
frutos, algas e é explorada também como peixe ornamental. onívora, alimenta-se de sementes, frutos, pequenos crustáceos, larvas
de insetos, algas.

Figura 112. Geophagus proximus- acaratinga


Figura 111. Acarichthys heckellii - acará
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Espécie: Satanoperca acuticeps Espécie: Satanoperca jurupari


Nome comum: acará-bicudo, acará-papa-terra Nome comum: acará-bicudo; acará-papa-terra
Espécie de pequeno porte, alcança cerca de 20 cm de Espécie de pequeno porte, alcança cerca de 20 cm de
comprimento. Caracterizada pela presença de lóbulo bem desenvolvido comprimento. Parecida com S. acuticeps mas diferencia-se desta pela
no ramo superior do primeiro arco branquial, com rastros branquiais ausência de manchas nos lados do corpo. Espécie onívora, alimenta-
situados na borda livre; nadadeiras dorsal e anal sem escamas; presença se de pequenos crustáceos, larvas de insetos aquáticos, sementes de
de três manchas pretas arredondadas nos lados do corpo, abaixo da gramíneas, pequenos peixes e algas. Muito comum em toda a
linha lateral superior; pequeno ocelo na porção superior da base da Amazônia.
nadadeira caudal. Espécie onívora, alimentando-se de pequenos
invertebrados (crustáceos e larvas de insetos), algas e sementes.

Figura 113.Satanoperca acuticeps- acará-bicudo Figura 114. Satanoperca jurupari- acará-bicudo

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Espécie: Crenicichla reticulata Espécie: Crenicichla aff. ornata


Nome comum: jacundá, peixe-sabão Nome comum: jacundá, peixe-sabão
Espécie de pequeno porte, alcança cerca de 20 cm de Espécie de pequeno porte, alcança cerca de 20 cm de
comprimento. Caracteriza-se pelo corpo alongado, com a altura contida comprimento. Diferencia-se de C. reticulata, pela ausência de manchas
mais de três vezes e meia no comprimento; borda do pré-opérculo pretas no centro das escamas, e por ter 7 a 8 faixas horizontais na
serrilhada; presença de mais de 10 faixas verticais ao longo dos lados porção superior dos lados do corpo; estas manchas parecem
do corpo; escamas com pontos pretos no centro formando um padrão circunscrever círculos claros; uma faixa preta horizontal do olho até o
reticulado. Espécie carnívora, consumindo pequenos peixes e opérculo.
invertebrados como camarões e insetos.

Figura 115. Crenicichla reticulata - jacundá Figura 116. Crenicichla aff. ornata - jacundá

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Espécie: Crenicichla sp. Espécie: Cichla monoculus


Nome comum: jacundá, peixe-sabão Nome comum: tucunaré, tucunaré-comum
Espécie de pequeno porte, alcança cerca de 20 cm de Espécie de grande porte, alcança cerca de 50 cm de
comprimento. Diferencia-se das outras duas espécies por apresentar o comprimento, muito apreciada pela população da Amazônia. E
corpo sem faixas escuras verticais. Apresenta uma grande mancha prontamente diferenciada das outras duas espécies do género por
vermelha sobre o opérculo e uma mancha preta alongada verticalmente apresentar uma mancha escura longitudinal, contínua ou
sob a nadadeira peitoral. interrompida, sob as nadadeiras peitorais; além disso apresenta três
ou quatro faixas verticais escuras sobre a porção superior dos flancos,
nunca se estendendo abaixo da linha mediana do corpo. Peixe
piscívoro, embora eventualmente possa consumir também camarões;
vive normalmente próximo das margens de lagos e rios em pauzadas.
Formam casais durante a época de reprodução, construindo ninhos
onde depositam os ovos, e protegem a prole. Os principais aparelhos
de captura são o corrico e a zagaia. Distribuída por toda a região do
rio Solimões/Amazonas.

Figura 117. Crenicichla sp. -jacundá Figura 118. Cichla monoculus -tucunaré

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Espécie: Cichla sp.
Nome comum: tucunaré Espécie: Cichla temensis
Espécie de grande porte, alcança cerca de 50 cm de Nome comum: tucunaré, tucunaré-paca, tucunaré-pinima,
comprimento. Diferencia-se das outras duas espécies por apresentar tucunaré-açu
três faixas verticais escuras nos lados do corpo, que alcançam a região Espécie de grande porte, alcança mais de 80 cm de
ventral; uma mancha escura ocelada atrás do opérculo e acima da comprimento. Caracteriza-se pela presença de numerosas manchas
nadadeira peitoral; na porção superior da terceira faixa vertical, a claras em forma de pontos, que se distribuem em faixas longitudinais
presença de uma mancha ocelada; pequenos pontos claros distribuídos sobre o corpo, e não apresenta a mancha escura longitudinal sob as
aleatoriamente sobre o corpo; pequenas manchas pretas atrás do olho, nadadeiras peitorais. Nos exemplares com mais de 40/50 cm de
formando uma faixa descontínua. Provavelmente trata-se de uma comprimento, as manchas brancas desaparecem do corpo, mas
espécie nova para a ciência e parece ser restrita ao rio Tapajós. permanecem nas nadadeiras. E a única espécie de tucunaré que pode
facilmente ser identificada pela contagem de escamas: mais de 100
numa linha longitudinal. Distribuída por toda a Amazônia, embora no
rio Negro e seus afluentes, seja onde são encontradas os maiores
exemplares.

Figura 119. Cichla sp.- tucunaré


Figura 120. Cichla temensis- tucunaré-pacá
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Espécie: Chaetobranchus flavescens Espécie: Astronotus crassipinnis


Nome comum: acará-prata, cará Nome comum: acará-açu, apaiari
Espécie de pequeno porte, alcançando cerca de 20 cm de Espécie de médio porte, alcança cerca de 25 cm de
comprimento. Caracteriza-se pela presença de rastros branquiais longos comprimento. Caracteriza-se pela presença de escamas nas bases das
(do mesmo tamanho dos filamentos branquiais) e numerosos (cerca nadadeiras dorsal e anal. Corpo com manchas escuras verticais não
de 100); nadadeira anal com 3 espinhos. Espécie planctófaga, alinhadas. Presença de um ocelo no ramo superior da base da nadadeira
consumindo basicamente microcrustáceos. caudal. Eventualmente o corpo apresenta forte coloração avermelhada,
principalmente na porção mediana e ventral do corpo. Existe outra
espécie, A. ocellatus, que embora não encontrada nos mercados de
Santarém, possivelmente ocorra na região. Esta espécie diferencia-se
de A. crassipinnis, por apresentar manchas oceladas sobre a base dos
raios moles da nadadeira dorsal. O acará-açu é muito apreciado como
alimento, tendo sido introduzido no Nordeste do Brasil, na tentativa de
ser utilizado na piscicultura. Espécie onívora, embora com forte
tendência carnívora, consumindo pequenos peixes, insetos, crustáceos,
e frutos. Forma casais na época de reprodução, atinge a maturidade
com cerca de 10 a 12 meses. Desova mais de uma vez por ano, com o
número de ovos variando entre 1500 e 2000 por desova.

Figura 121. Chaetobranchus flavescens- acará-prata Figura 122. Astronotus crassipinnis - acará-açu

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Espécie: Acaronia nassa Espécie: Aequidens tetramerus


Nome comum: acará-boca-de-juquiá, cará Nome comum: Acará, acará-cascudo, cará
Espécie de pequeno porte, alcança cerca de 15 crn de Espécie de pequeno porte, alcança cerca de 15 cm de
comprimento. Caracteriza-se pela presença de 3 espinhos na nadadeira comprimento. Caracteriza-se pela presença de 3 espinhos na nadadeira
anal; uma mancha alongada abaixo da porção mediana do olho até o anal; boca pouco protrátil; maxilar não exposto quando a boca se
ângulo do opérculo; uma mancha escura grande na porção mediana encontra fechada; ausência de mancha abaixo do olho. Uma faixa
superior dos flancos; pequena barra escura sobre a porção superior da escura longitudinal ao longo do meio do corpo, do opérculo até a
base da nadadeira caudal; boca ampla, bastante protrátil; maxilar nadadeira caudal; uma mancha escura arredondada sobre a faixa
exposto quando a boca se encontra fechada. A distância entre o olho e longitudinal no meio do corpo; mancha escura sobre o ramo superior
a boca é menor que o tamanho do olho. Espécie piscívora. da base da nadadeira caudal; cerca de 7 a 8 faixas verticais não muito
distintas ao longo do lado do corpo. Boca pequena; distância entre o
olho e a boca igual ou maior que o tamanho do olho. É muito comum
em igarapés, onde se alimenta de invertebrados, principalmente insetos.

Figura 123. Acaronia nassa - acará-boca-de-juquiá Figura 124. Aequidens tetramerus- acará-cascudo

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Espécie: Cichlasoma amazonarum Espécie: Chaetobranchopsis orbicularis


Nome comum: acará, cará Nome comum: acará-cascudo, acará-tucumã, cará
Espécie de pequeno porte, alcança cerca de 15 cm de
Espécie de pequeno porte, alcança cerca de 15 cm de
comprimento. Caracteriza-se pela presença de 4 espinhos na nadadeira comprimento. Caracteriza-se pela presença de rastros branquiais longos
anal, embora também possam ocorrer 5; presença de escamas na base e numerosos, e mais de 4 espinhos na nadadeira anal. Espécie
das nadadeiras dorsal e anal; uma mancha escura abaixo do olho; carnívora, alimentando-se de pequenos crustáceos do zooplâncton.
faixa escura longitudinal não muito evidente ao longo do corpo; mancha
escura arredondada no meio do corpo, sobre a faixa longitudinal;
mancha escura ocelada no ramo superior da base da nadadeira caudal.
Espécie parecida com Aequidens sp. da qual difere por apresentar
escamas na base das nadadeiras dorsal e anal, e por ter mais de três
espinhos na nadadeira anal. Espécie onívora, se alimenta de insetos,
sementes, pequenos peixes, crustáceos. E muito abundante no sistema
dos rios Solimões/Amazonas, onde é comumente capturada entre as
macrófitas aquáticas.

Figura 125. Cichlasoma amazonarum - acará Figura 126. Chaetobranchopsis orbicularis- acará-cascudo

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Espécie: Caquetaia spectabiíis Espécie: Heros S p.


Nome comum: acará-rosado, acará, cará Nome comum; acará-roxo, acará-preto, acará-peba, acará-
Espécie de pequeno porte alcança cerca de 15 cm de peneira, cará
comprimento. Caracteriza-se pela boca grande e muito protrátil; 6 Espécie de pequeno porte, alcança cerca de 20 cm de
espinhos na nadadeira anal; nove bandas escuras transversais não comprimento. Caracterizada pela presença de 7 a 8 espinhos e 13 a 14
muito distintas sobre o corpo; uma mancha escura arredondada sobre raios moles na nadadeira ^nal; 6 a 7 bandas verticais escuras sobre o
a quarta banda, abaixo da linha lateral superior; pequena mancha corpo, nem sempre bem evidentes, embora a última sempre esteja
escura na porção superior da base da nadadeira caudal. Espécie presente e visível entre os raios moles das nadadeiras dorsal e anal; às
piscívora, consumindo pequenos peixes, eventualmente podendo vezes pontos pretos distribuídos uniformemente por todo o corpo;
também se alimentar de insetos e crustáceos. pequenos pontos claros formando linhas longitudinais regulares sobre
o corpo. Espécie onívora, consumindo principalmente vegetais (algas
e sementes), pequenos insetos e crustáceos. Também comercializada
como peixe ornamental.

Figura 127. Caquetaia spectabiíis- acará-rosado Figura 128. Heros sp. - acará-roxo

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Espécie: Symphysodon aequifasciatus Espécie: Uaru amphiacanthoides


Nome comum: acará-disco Nome comum: acará-bararuá, bararuá, baru
Espécie de pequeno porte, alcança cerca de 15 cm de Espécies de médio porte, alcança cerca de 25 cm de
comprimento. Caracterizada pelo corpo alto e achatado lateralmente, comprimento. Caracterizada pelo corpo alto e achatado lateralmente;
em forma de disco; 7 a 8 espinhos e mais de 25 raios moles na 8 espinhos na nadadeira anal; dentes grandes, com base alargada;
nadadeira anal; 9 bandas escuras verticais sobre o corpo a primeira coloração do corpo marrom-claro, com uma mancha grande de forma
passando sobre o olho e a última sobre o pedúnculo caudal. Espécie oblonga nos lados do corpo. Uma das poucas espécies herbívoras de
onívora, consumindo vegetais, como algas filamentosas, e pequenos cichlídeos, consumindo algas filamentosas e perifiton. Eventualmente
insetos e crustáceos. Tem pouca importância como alimento, porém é explorada como espécie ornamental.
muito apreciada pelo aquariófilos, sendo uma das espécies com maior
valor dentre as exportadas da Amazônia.

Figura 129. Symphysodon aequifasciatus- acará-disco Figura 130. Uaru amphiacanthoides - acará-bararuá
176 177
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180 • 181
Glossário de Termos Técnicos

Anastomosada - ramificada, em forma de rede.


Arcaica - muito antiga; refere-se a peixes recentes mas cuja origem remonta a
épocas passadas; estes peixes geralmente tem parentesco com formas fósseis ou
extintas e normalmente ocorrem em pequeno número de espécies nos tempos
atuais.
Arco branquial - conjunto ósseo que sustenta as brânquias.
Barbilhão - apêndice carnoso e filamentoso, geralmente situado aos pares na
base da maxila superior e na região mentoniana. Quando curto é chamado de
barbeio.
Bentos (bentônico) - conjunto de organismos que vivem comumente no fundo
do ambiente aquático, tendo estreita relação com este.
Brânquia - estrutura lamelar, com membranas finas e úmidas e ricamente
vascularizadas, que forma o órgão respiratório dos animais que retiram o oxigénio
da água.
Branquiostegais (raios) - três ou mais ossos finos, unidos por membrana carnosa,
em forma de sanfona, situados na porção basal inferior das cabeça, entre os
ossos da mandíbula e que permite a expansão da cavidade buco-faringeana.
Canino (dente) - em forma de dente de cão, isto é, forte e pontiagudo, adaptado
para penetrar e segurar a presa.
Carnívoro - que se alimenta de material de origem animal, geralmente de
invertebrados.
Cecos pilóricos - apêndices carnosos, cónicos, que se encontram isolados ou
formando tufos, entre a porção terminal do estômago e a anterior do intestino;
desempenham função na digestão dos alimentos.
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Peixes Comerciais do Médio Amazonas

Clasper - órgão intromitente dos machos de tubarões e raias, forma do pela Multicuspidado - muitas pontas ou cúspides.
transformação das nadadeiras pélvicas e utilizado na cópula.
Nucal - (placa) região dorsal e posterior da cabeça; nos bagres ela é revestida
Comprimido (corpo) - achatado lateralmente. por uma ou várias placas ósseas.
Cúspide (dente cuspidado) - expansões pontudas dos dentes, normalmente Ocelo - mancha arredondada, com o centro e a periferia de cores diferentes
intercaladas com depressões; quando ocorrem duas, três ou mais cús pides o (geralmente branco, preto ou alaranjado) e com formato de um olho.
dente é denominado, respectivamente de bi, tri e multicuspidado.
Onívoro - que se alimenta de material animal e vegetal, de diversas origens.
Deprimido (corpo) - achatado dorso-ventralmente.
Opérculo - nome genérico dado ao conjunto de ossos localizados na porção
Detritívoro - que se alimenta de detritos, ou seja, de restos orgânicos resultantes terminal da cabeça e que forma a cobertura das brânquias. Normalmente é
da quebra e decomposição de vegetais e animais e que normalmente encontram- formado pelos ossos opérculo, inter-opérculo, sub-opérculo e pré-opérculo.
se depositados no fundo.
Palato - "céu-da-boca"; região interna e superior da cavidade bucal revestida
Fontanela - espaço entre os ossos coberto por membrana na parte superior por membranas lisas e pregas carnosas, podendo também aparecer dentes
do crânio ( em crianças é conhecida como moleira ). firmemente implantados de modo isolado ou em placas dentígeras.
Fusiforme - alongado em forma de fuso. Pélvicas - o mesmo que ventrais; nadadeiras pares, localizadas na região
Gibosidade - Elevação em forma corcunda. abdominal, geralmente atrás das nadadeiras peitorais; pré e pós-pélvica se refere
Hialina - transparente, ou que tem aparência de vidro. ao fato de determinada estrutura estar localizada, respectivamente, à frente ou
Humeral (região humeral) - parte anterior e mediana do flanco, logo atrás do atrás destas nadadeiras.
opérculo. Perifiton - conjunto de organismos aquáticos que se encontram normalmente
Ictiófago - que se alimenta de peixes; o mesmo que piscívoro. aderidos a substrato duro, como raízes, galhos e troncos.
Hiófago - que se alimenta de lodo, ou seja, microorganismos animais e vegetais Piscívoro - que se alimenta de peixes; o mesmo que ictiófago.
que vivem associados à lama, muito comum no fundo e nas margens de rios e Planctívoro - que se alimenta de plâncton, o mesmo que planctófago.
lagos Plâncton - conjunto de organismos, geralmente microscópicos, que vivem no
Interorbital (distância) - espaço ósseo entre as órbitas, tomado pela porção ambiente aquático e estão sujeitos aos movimentos da água; quando estes
superior da cabeça organismos são vegetais, são chamados de fitoplâncton e quando animais, de
Linha lateral - conjunto de poros que se distribuem em série ao longo da linha zooplâncton.
mediana dos flancos; é uma parte do sistema sensorial do peixe, sendo sensível Processo supra-occiptal - osso pontiagudo na porção final superior do crânio.
à pressão da água. Nos peixes de escamas a linha lateral é associada a uma Protrátil - que se pode protrair ou alongar para a frente.
série de escamas perfuradas.
Quilha - seção afilada em forma de V
Maxila - formação óssea da boca dos peixes, onde geralmente são inseridos os Raio (nadadeiras) - filamento ósseo maleável ou em forma de espinho, que dá
dentes; a superior é formada pelos ossos pré-maxilar (mais central) e maxilar e a sustentação às nadadeiras; apresentam-se unidos entre si por uma membrana e
inferior, também denominada mandíbula, é formada pelos ossos dentário, articular
e angular. podem ser simples ou ramificados.
Rastros branquiais - um dos componentes dos arcos branquiais, que são ossos
Mento - região inferior e distai da mandíbula, localizada na extremidade do que sustentam as brânquias; eles estão localizados na parte interna dos arcos
queixo.
branquiais, dirigidos para o interior da cavidade faringeana e em algumas espécies,
184
• 185
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis s

desempenham importante função na alimentação, gerallmente filtrando ou


segurando a presa.
Rictal - relativo à abertura da boca.
Sínfise (mandibular) - Região central mediana da maxila inferior ou mandíbula,
onde se encaixam os dois ossos que a formam, denominadoos de dentário.
Sub-opérculo - Vide opérculo
Supra-occipital (Processo) - prolongamento do occipital, que se projeta para
trás, em direção à nadadeira dorsal; um dos ossos mais posteriores da cabeça.
Tuberculado - em forma de tubérculo, isto é, projeção peqiuena, arredondada Desenhos Esquemáticos das Principais Estruturas
e achatada em cima. Morfo-anatômicas das Espécies Estudadas
Viliforme (dente) - dente diminuto, frágil e que nos bagres ocorre sobre uma
placa óssea nas maxilas e no palato, formando grupamentos de! diferentes formatos
e que são característicos de cada espécie.

186
Espinho pre-dorsal

Processo
Supra-occipital Lóbulo
superior

Nadadeira
caudal

Nadadeira
peitoral Lóbulo
inferior

Nadadeira
anal

Nadadeira
Região pélvica ou ventral
pre'-pélvico "
(pre'- ventral)
00
Prancha 01. Corpo de peixe de escama (Characiformes), mostrando as diferentes estruturas externas.
Espinho
dorsal

Espinho
peitoral

Prancha 02. Corpo de peixe liso (Siiuriformes) mostrando as diferentes estruturas externas.

Superior (voltada p/cima)


Ex.: Anostomus

Terminal
Ex.: Plagioscion

Inferior
Ex.: Pachypops
Suo -inferior
Ex.: Pimelodus

Prancha 03. Diferentes tipos de boca com relação à sua posição


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Circumorbitoi»

Sub-optreulo
Prancha 06. Vista ventral da cabeça de um siluriforme mostrando os diferentes barbilhões.

Prancha 04. Cabeça de Characiforme mostrando as diferentes estruturas ósseas.

Oentículo dérmico
a • vista lateral
Cicldide Ctenóide b = vista superior

Prancha 07. Diferentes tipos de escamas de peixes.

Raios
branquiostegais

Cuspidado Vihforme (ploco do Caniniforme


maxila superior)
Ex: Triporthtut Ex: Rhaphiodon
Cx: Pauliceo

mm
,X_.X X X . l f

Prancha 05. Vista ventral da cabeça de um peixe mostrando os raios branquiostegais. Prancha 08. Diferentes tipos de dentes de peixes.

192 • 193
Furcoda Truncado Arredondada

Lista das Espécies de Peixes Comerciais com Nomes Científicos e Comuns

CHONDRICHTHYES
E marginada Losangular ou rombóidc LAMNIFORMES
CARCHARHINIDAE
Prancha 09. Diferentes formas de nadadeiras caudais. Carcharhinus leucas (Valenciennes, 1841) - tubarão, cação
RAJIFORMES
PRISTIDAE
Pristis perotteti Muller & Henle, 1841 - peixe-serra, espadarte
POTAMOTRYGON1DAE
Potamotrygon constellata - arraia, raia
Potamotrygon aff. hystrix (Muller & Henle, 1841) - arraia, raia
Potamotrygon motoro (Muller & Henle, 1841) - arraia, raia
Potamotrygon scobina (Garman, 1913) - arraia, raia
OSTEICHTHYES
CLJUPEIFORMES
CLUPEIDAE
Ilisha amazônica (Miranda Ribeiro, 1923) - apapá, sardinhão
Pellona castelnaeana Valenciennes, 1847 - apapá-amarelo, sardinhão
Pellona flavipinnis Valenciennes, 1847 - apapá-branco, sardinhão
OSTEOGLOSSIFORMES
ARAPAIMIDAE
Prancha 10. Aparelho branquial de peixes.

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Arapaima gigas (Cuvier, 1819) - pirarucu, bodeco Cyphocharax abramoides Kner, 1859 - branquinha
OSTEOGLOSSIDAE Potamorhina altamazonica (Cope, 1878) - branquinha-cabeça-lisa
Osteoglossum bicirrhosum Vandelli, 1829 - aruanã, baiano, sulamba, macaco- Potamorhina íatior Spix, 1829 - branquinha-comum
d'água
Psectrogaster amazônica Eigenmann & Eigenmann, 1889 - branquinha-
CHARACIFORMES cascuda
ANOSTOMIDAE Psectrogaster rutiloides (Kner, 1859) - branquinha-cascuda
Anostomoides laticeps (Eigenmann, 1912) - aracu, piau Steindachnerina cf. bimaculata (Steindachner, 1876) - branquinha
Leporinus aff. affinís Gúnther, 1864 - aracu-pinima, aracu-flamengo CYNODONTIDAE
Leporinus fasciatus (Bloch, 1794) - aracu-amarelo, aracu-pinima, aracu- Cynodon gibus (Agassiz, 1829) - saranha, caranha, peixe-cachorro
flamengo
Hydrolycus scomberoides (Cuvier, 1819) - pirandirá, peixe-cachorro, cachorra
Leporinus friderici (Bloch, 1794) - aracu-cabeça-gorda, aracu-comum Rhaphiodon uu/pinus Agassiz, 1829 - peixe-cachorro, ripa
Leporinus trifasciatus Steindachner, 1876 - aracu-cabeça-gorda
ERYTHR1NIDAE
Rhytiodus argenteofuscusKner, 1859 - aracu, pau-de-vaqueiro, pau-de-nêgo
Hoplerythrinus unitaeniatus (Spix, 1829) - jeju
Rhytiodus microlepisKner, 1859 - aracu, pau-de-vaqueiro
Hoplias gr. malabaricus (Bloch, 1794) - trairá
Schízodon fasciatum Agassiz, 1829 - aracu-comum
HEMIODONTIDAE
Schizodon vittatum Valenciennes, 1849 - aracu, aracu-pororoca, aracu- Anodus melanopogon Spix, 1829 - cubiu, charuto, cubiu-orana
comum
Hemiodus immaculatus (Kner, 1859) - charuto, orana
CHARACIDAE
Hemiodus microlepis (Kner, 1859) - charuto, orana, flexeira
Acestrorhynchusfalcatus (Bloch, 1794) - peixe-cachorro, dentudo, ueua Hemiodus ocellatusVan, 1982 - charuto, orana, flexeira
Acestrorhynchus falcirostris (Cuvier, 1819) - peixe-cachorro, dentudo, ueua Hemiodus unimaculatus (Bloch, 1794) - charuto, orana
Brycon cephalus (Gúnther, 1869) - matrinxã, jatuarana Hemiodus sp. - charuto, orana
Roeboides myersi Gill, 1870 - zé-do-ó, madalena PROCHILODONTIDAE
Triportheus albus Cope, 1872 - sardinha-comum, sardinha Prochilodus nigricans Agassiz, 1829 - curimatã, curimatã
Triportheus elongatus (Giinther, 1864) - sardinha-comprida, sardinha Semaprochilodus insignis (Schomburgk, 1841) - jaraqui-escama-grossa
Triportheus flavus Cope, 1871 - sardinha-papuda,sardinha Semaprochilodustaeniurus (Steindachner, 1882) - jaraqui-escama-fina
CHILODONTIDAE
SERRASALM1DAE
Caenotropus labyrinthicus (Kner, 1859) - branquinha-cascuda, cabeça-de-ferro, Catoprion mento (Cuvier, 1819) - pacu-piranha, piranha-pacu
cabeça-dura
Colossoma macropomum (Cuvier, 1817) - tambaqui, bocó, ruelo
CURIMATIDAE
Metynnis argenteus Ahl, 1923 - pacu-marreca
Curimatã inornata Vari, 1989 - branquinha
Metynnishypsauchen (Múller & Troschel, 1844) - pacu-marreca

196 197
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Peixes Comerciais do Médio Amazonas
Myleus schomburgki (Jardine, 1841) - pacu-jumento, pacu-cadete
HYPOPHTHALMIDAE
Myleus torquatus (Kner, 1860) - pacu-branco
Hypophthalmus edentatus Spix, 1829 - mapará
Mylossoma aureum (Spix, 1829) - pacu-manteiga, pacu-comum
Hypophthamusfimbriatus Kner, 1857 - mapará-bico-de-p e na
Mylossoma duriventre (Cuvier, 1817) - pacu-manteiga, pacu-comum
Hypophthalmus marginatus Valenciennes, 1840 - mapará
Piaractus brachypomus Eigenmann, 1903 - pirapitinga
LOR1CAR1IDAE
Pygocentrus nattereri (Kner, 1860) - piranha-caju, piranha-vermelha
Hypostomus emarginatus Valenciennes, 1840 - acari-p e c | r a
Serrasalmus calmoni (Steindachner,1908) - piranha, piranha-branca
Liposarcus pardalis (Castelnau, 1855) -acari-bodó, bodo acari cascud
Serrasalmus elongatus Kner, 1860 - piranha-mucura, piranha-comprida
P1MELODIDAE
Serrasalmus rhombeus (Linnaeus, 1766) - piranha-preta
Brachyplatystoma filamentosum (Lichtenstein, 1819) - filhote niraiba
Serrasalmus spilopleura Kner, 1860 - piranha-mafurá, piranha-amarela
Brachyplatystoma flavicans (Castelnau, 1855) - dourada
Serrasalmus aff. eigenmanni Norman, 1929 - piranha, piranha-branca
Brachyplafystomajuruense (Boulenger, 1898) - sorubim, dourada-zebra sorubim-
SILURIFORMES
flamengo
AGENEIOSIDAE Brachyplatystoma vaillanti (Valenciennes, 1840) - pirarnutaba
Ageneiosus brevifilis Valenciennes, 1840 - mandubé Calophysus macropterus (Lichtenstein, 1819) - piracatinga, pintadinho, urubu-
Ageneiosus dentatus Kner, 1857 - mandubé d'água
Ageneiosus aff. ucayalensis Castelnau, 1855 - mandubé Goslinia platynema (Boulenger, 1888) - babão, barbado, barba-chata
Ageneiosus sp. - mandubé Hemisorubim platyrhynchos (Valenciennes, 1840) - braço-de-moca T
AUCHENIPTERIDAE Leiarius marmoratusGiW, 1870 - jandiá, jundiá
Auchenipterus nuchalis (Spix, 1829) - mandi, mandi-peruano Merodontotus tigrinus Britski, 1981 - sorubim, zebra
Parauchenipterus galeatus (Linnaeus, 1766) - cangati, cachorro-do-padre, Paulícea luetkeni (Steindachner, 1875) -jaú, pacamum
mandi Phractocephalus hemioliopterus (Schneider, 1801) - pirarara
CALLICHTHYIDAE Pimelodinaflavipinnis Steindachner, 1876- fura-calça, moela m H' 1
Hoplosternum litoralle (Hancock, 1828) - tamuatá, tamoatá Pimelodus cf. altipinnis Steindachner, 1864 - mandi
DORADIDAE Pimelodus blochii Valenciennes, 1840 - mandi
Lithodoras dorsalis (Valenciennes, 1840) - bacu-pedra, cascudo Pinirampus pirinampu (Spix, 1829) - piranambu, barba-chata
Megalodoras uranoscopus (Eigenmann & Eigenmann, 1888) - rebeca, rebecão, Platynematichthys notatus (Schomburgk, 1841) - cara-de-qato
bacu Platysilurus cf. barbatus Haseman, 1911 - mandi
Oxydoras niger (Valenciennes, 1817) - cujuba, cuiu-cuiu Platystomatichthys sturio (Kner, 1857) - braço-de-moça
Platydoras costatus (Linnaeus, 1766) - bacu, rebeca Pseudoplatystomafasciatum (Linnaeus, 1766) -sorubim pintado
Pterodoras lentiginosus (Eigenmann, 1917) - bacu-liso, bacu-barriga-mole Pseudoplafystoma tigrinum (Valenciennes, 1840) - sorubim, pintado canara "
sorubim-tigre
198
• 199
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis Peixes Comerciais do Médio Amazonas

Sorubim lima (Schneider, 1801) - bico-de-pato, braço-de-moça Plagioscion sp. "Monte Alegre" - pescada
Sorubimichthys planiceps (Agassiz, 1829) - peixe-lenha, sorubim-lenha, Plagioscion sp. "montei" -pescada
chicote Plagioscion squamosissimus (Heckel, 1840) - pescada-branca
PERCIFORMES Plagioscion aff. surinamensis (Bleeker, 1873) - pescada-branca
CICHLIDAE Prochilodus nigricans Agassiz, 1829 - curimatã, curimatã
Acarichthys heckellii (Muller & Troschel, 1849) - acará, cará
Acaronia nassa (Heckel, 1840) - acará-boca-de-juquiá, cará
Aequidens tetramerus ( Heckel, 1840) - acará, acará-cascudo, cará
Astronotus crassipinis (Heckel, 1840) - acará-açu, apaiari
Caquetaia spectabilis (Steindachner, 1875) - acará-rosado, cará
Chaetobranchus flavescens Heckel, 1840 - acará-prata, cará
Chaetobranchopsis orbicularis (Steindachner, 1875) -acará-cascudo, acará-tucumã,
cará
Cichla monoculus Spix, 1831 - tucunaré, tucunaré-açu
Cichla temensis Humboldt, 1833 - tucunaré-paca, tucunaré-pinima, tucunaré
Cichla sp. - tucunaré
Cichlasoma amazonarum Kullander, 1983 - acará, cará
Crenicichlaaff.ornata -Regan, 1905 -jacundá, peixe-sabão
Crenicichla reticulata (Heckel, 1840) - jacundá, peixe-sabão
Crenicichla sp. - jacundá, peixe-sabão
Geophagus proximus (Castelnau, 1855) - acará-tinga, acará-roi-roi
Heros sp. - acará-roxo, acará-preto, acará-peba, acará-peneira, cará
Satanoperca acuticeps (Heckel, 1840) - acará-bicudo, acará-papa-terra
Satanopercajurupari (Heckel, 1840) - acará-bicudo, acará-papa-terra
Symphysodon aequifasciatus Pellegrin, 1904 - acará-disco
Uaru amphiacanthoidesHeckel, 1840 - acará-bararuá, bararuá, baru
SCIAENIDAE
Pachypops furchraeus (Lacepede, 1802) - pescada, curvina
Pachypops trifilis (Muller & Troschel, 1848) - pescada, curvina
Plagioscion auratus (Castelnau, 1855) - pescada-preta

200 201
instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováve
Peixes Comerciais do Médio Amazonas

fndice Remissivo Apapá-31,32


Apapá-amarelo - 33
Apapá-branco - 34
Acará - 158, 171, 172,174 Aracu - 58, 59, 60, 63
Acará-açu -169 Aracu-amarelo - 33
Acará-bararuá -177 Aracu-cabeça-gorda - 64, 65
Acará-bicudo -160,161 Aracu-comum - 64, 66, 67
Acará-boca-de-juquiá -170 Aracu-flamengo - 61, 62
Acará-cascudo -171, 173 Aracu-pau-de-nêgo - 59
Acará-da-praia -159 Aracu-pau-de-vaqueiro - 59,60
Acará-disco -176 Aracu-pinima - 61, 62
Acará-papa-terra -159,160,161 Aracu-pororoca - 66, 67
Acará-peba -175 Arapaima gigas - 28
Acará-peneira -175 Arapaimidae - 28
Acará-preto-175 Arraia - 23, 24, 25, 26, 27
Acará-prata -168 Arraia-de-fogo - 24
Acará-rói-rói -159 Aruanã - 29, 30
Acará-rosado -174 Astronotus crassipinis -169
Acará-roxo-175 Auchenipteridae -143
Acaratinga -159 Auchenipterus nuchalis -144
Acará-tucumã -173
Acari -107
Acari-bodó -107 B
Acari-pedra -106 Babão -123
Acarichthys heckellii -158 Bacu - 99, 101
Acaronia nassa -170 Bacu-barriga-mole -100
Acestrorhynchusfalcatus - 92 Bacu-liso-100
Acestrorhynchus falcirostris - 91 Bacu-pedra - 98
Aequidenstetramerus-171 Baiano - 30
Açjeneiosidae-112 Bararuá -177
Ageneiosus brevifilis -113 Barba-chata -123, 140
Ageneiosus dentatus -116 Barbado -123
Ageneiosus sp. -115 Baru -177
Ageneiosus aff. ucayalensis-114 Bico-de-pato -129
Anodus melanopogon - 52 Bocó- 70
Anostomidae - 58 Bodeco - 28
Ariostomoides laticeps - 63 Bodo -107
Apaiari -169 Brachyplatystoma filamentosum -133
Brachyplatystoma flavicans -127

202
• 203
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Brachyplatystoma juruense-135 Cichla sp. -166


Brachyplatystoma vaillanti -134 Cichla temensis -167
Braço-de-moça -125,128 ; 129 Cichlasoma amazonarum -172
Branquinha - 42, 43, 46, 47 Cichlidae -155
Branquinha-cabeça-lisa - 45 Clupeidae-31
Branquinha-cascuda - 48, 49, 50 Clupeiformes - 31
Branquinha-comum - 44 Colossoma macropomum - 70
Brycon cephalus - 93 Crenícichla aff. ornata -163
Crenicichla reticulata -162
c Crenícichla sp. -164
Cabeça-de-ferro - 50 Cubiu-51,52
Cabeça-dura - 50 Cuiu-cuiu -102
Cação - 21 Cujuba -102
Cachorra - 86 Curimatã inornata - 47
Cachorro-do-padre -145 Curimatã - 39
Caenotropus labyrinthicus - 50 Curimatã - 38, 39
Calophysus macropterus -121 Curimatidae - 42
Callichthyidae -103 Curvina -148,149
Cangati -145 Cynodon gibus - 88
Caparari -137 Cynodontidae - 85
Caquetaia spectabilis -174 Cyphocharax abramoides - 43
Cará - 158, 168, 170, 171, 172, 173, 174, 175
Cara-de-gato -122 D
Caranha - 88 Dentudo-91,92
Carcharhinidae - 21
Doradidae - 97
Carcharhinus leucas - 21
Dourada -127
Cascudo - 98, 107
Dourada-zebra -135
Catoprion mento - 78
Chaetobranchopsis orbicularis -173
Chaetobranchus flavescens -168 E
Characidae - 89 Erythrinidae - 35
Characiformes - 35 Espadarte - 22
Charuto - 51, 52, 53, 54, 55, 56, 57
Chicote -130 F
Chilodontidae - 50 Filhote -133
Chondrichthyes - 21 Flexeira-51, 55, 57
Cichla monoculus -165 Fura-calça -139

204 • 205
Peixes Comerciais do Médio Amazonas
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
L
G Lamniformes - 21
Geophagusproximus -159 Leiarius marmoratus -124
Gosliniaplatynema -123 Leporinus aff. affinís - 62
Leporinusfasciatus - 61
H Leporinus friderici - 64
Hemiodontidae - 51 Leporinus trifasciatus - 65
Hemiodus immaculatus - 54 Liposarcus pardalis -107
Hemiodus microlepis - 57 Liro -125
Hemiodus ocellatus - 55 Lithodoras dorsalis - 98
Hemiodus sp. - 56 Loricariidae -105
Hemiodus unimaculatus - 53
Hemisorubim platyrhynchos -125 M
Heros sp. -175 Macaco-cTágua - 30
Hoplerythrinus unitaeniatus - 37 Madalena - 90
Hoplias gr. malabaricus- 36 Mandi-132,141, 142,145
Hoplostemum Htoralle -104 Mandi-moela -139
Hydrolycus scomberoides - 86 Mandi-peruano -144
Hypophthalmidae -108 Mandubé -112,113,114,115,116
Hypophthalmus edentatus -110 Mapará-108, 110, 111
Hypophthalmus fimbriatus -109 Mapará-bico-de-pena -109
Hypophthalmus marginatus -111 Matrinxã - 93
Hypostomus emarginatus -106 Megalodoras urancscopus -101
Merodontotus tigrinus -136
I Mefynnis argenteus - 77
//isha amazônica - 32 Metynnis hypsauchen - 76
Moela -139
J Myleus schomburgki - 74
Jacundá-162,163,164 Myleus torquatus - 75
Jandiá -124 Mylossoma aureum - 72
Jaraqui - 38 Mylossoma duriventre - 73
Jaraqui-escama-fina - 40
Jaraqui-escama-grossa - 41 O
Jatuarana - 93 Orana - 51, 53, 54, 55, 56, 57
Jaú -131 Osteichthyes - 28
Jeju - 35, 37 Osteoglossidae - 29
Jundiá -124

• 207
206
Peixes Comerciais do Médio Amazonas

Ogteoslossiformes - 28 Piracatinga-121
O$teoglossum bicirrhosum - 30 Piraíba -133
Qjydoras niger -102 Piramutaba -134
Piranambu -140
p Pirandirá - 86
p a camum- 131 Piranha-81, 83
pachypopsfurchraeus -149 Piranha-amarela - 82
pachypops trifilis -148 Piranha-branca - 81, 83
p3cu - 72, 73, 74, 75, 76, 77 Piranha-caju - 79
p3cu-branco - 75 Piranha-comprida - 80
pacu-cadete - 74 Piranha-mafurá - 82
pacu-comum - 72, 73 Piranha-mucura - 80
paCU'jumento - 74 Piranha-pacu - 78
paCu-manteiga - 72, 73 Piranha-preta - 84
p3cu-marreca - 76, 77 Piranha-vermelha - 79
pgcu-piranha - 78 Pirapitinga - 71
parauchenipterus galeatus -145 Pirarara -126
paulicea luetkeni -131 Pirarucu - 28
pelloúo castelnaeana - 33 Plagioscion auratus -153
pellonaflavipirmis - 34 Plagioscion sp. "Monte Alegre" -151
peiXe-cachorro - 85, 86, 87, 88, 91, 92 Plagioscion sp. "montei" -154
pgixe-lenha -130 Plagioscion squamosissimus -150
pejxe-sabão -162,163,164 Plagioscion aff. surinamensis -152
pejxe-serra - 22 Platydoras costatus - 99
perciformes -146 Platynematichthys notatus -122
pecada -146, 148, 149, 150, 151, 152, 154 Platysilurus aff. barbatus -132
pgscada-branca -150 Platystomatichthys sturio -128
pescada-preta -153 Potamorhina altamazonica - 45
pfrractocephalus hemioliopterus -126 Potamorhina latior - 44
Piaractus brachypomus - 71 Potamotrygon constellata - 27
Potamotrygon aff. hystrix - 26
p i 3 u - 58, 63, 67
pj(nelodidae -117 Potamotrygon motoro - 24
pjtnelodina flavipinnis -139 Potamotrygon scobina - 25
pirnelodus gr. altipinnis -141 Potamotrygonidae - 23
pífnelodus blochii -142 Pristidae-22
pjnirampLispirinampu -140 Pristis perotteti - 22
pintadinho -121 Prochilodontidae - 38,39
Prochilodus nigricans - 39
pin tado -137, 138

208 209
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis Peixes Comerciais do Médio Amazonas

Psectrogaster amazônica - 48 Serrasalmus rhombeus - 84


Psectrogaster rutiloides - 49 Serrasalmus spilopleura - 82
Pseudoplatystoma fasciatum -138 Siluriformes - 97
Pseudoplatystoma tigrinum -137 Sorubimichthys planiceps - 130
Pterodoras lentiginosus -100 Sorubim - 135, 136, 137, 138
Pygocentrus nattereri - 79 Sorubim-flamengo -135
Sorubim-lenha -130
R Sorubim lima - 129
Raia - 24, 25, 26, 27 Sorubim-tigre -137
Rajiformes - 22 Steindachnerina cf. bimaculata - 46
Rebeca - 99,101 Sulamba - 30
Rebecão -101 Symphysodon aequifasciatus -176
Rhaphiodon vulpinus - 87
Rhytiodus argenteofuscus - 59 T
Rhytiodus microlepis - 60 Tambaqui - 68, 70
Roeboides myersi - 90 Tamoatá - 104
Ruelo - 70 Tamuatá - 104
Tigre -137
S Trairá - 35, 36
Saranha - 88 Tríportheus albus - 95
Sardinha - 94, 95, 96 Triportheus elongatus - 96
Sardinha-comprida - 96 Tríportheus flavus - 94
Sardinha-comum - 95 Tubarão - 21
Sardinha-papuda - 94 Tucunaré - 165, 166, 167
Sardinhão - 32, 33, 34 Tucunaré-açu - 167
Satanoperca acuticeps -160 Tucunaré-comum - 165
Satanopercajurupari -161 Tucunaré-paca - 167
Schizodon fasciatum - 67 Tucanaré-pinima -167
Schizodon vittatum - 66
Sciaenidae -146 U
Serrasalmidae - 68 Uaru amphiacanthoides - 177
Semaprochilodus insignis - 41 Ueua - 91, 92
Seniaprochilodus taeniurus - 40 Urubu-d'água - 121
Serrasalmus calmoni - 83
Serrasalmus aff. eigenmanni - 81 Z
Serrasalmus elongatus - 80 Zebra - 136
Zé-do-ó - 90

210 211
Coleção Meio Ambiente
Série Estudos — Pesca

1. Camarão-Rosa da Costa Norte


2. Pesca de Aguas Interiores
3. Atuns e Afins
4. Sardinha
5. Camarões do Sudeste-Sul
6. Atuns e Afins: Estimativa da Quantidade de Isca Viva Utilizada
pela Frota Atuneira
7. Lagosta
8. Peixes Demersais
9. Camarão Norte e Piramutaba
10. Lagosta, Caranguejo-Uçá e Camarão Nordeste
11. Sardinha e Atuns e Afins
12. Perfil do Setor Lagosteiro Nacional
13. Manguezal do Rio Camboriú
14. Desembarques Controlados de Pescados - Santa Catarina 1993
15. Projeto Iara
16. Peixes Demersais
17. Situação do Estoque de Sardinha no
Litoral Sudeste e Sul

ESTA OBRA FOI IMPRESSA PELA


IMPRENSA NACIONAL
SIG, QUADRA 06, LOTE 800,
70604-900, BRASÍLIA, DF
EM 1998, COM UMA TIRAGEM
DE 2.000 EXEMPLARES

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