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Mestrado em Clima e Ambiente

“Estudos sobre comunidades


bentônicas de costões rochosos na
costa brasileira e monitoramento
das mudanças climáticas: estado
do conhecimento e desafios.”

Laura Teles
Mabel Simm

Florianópolis, 02 de junho de 2023


Article
“Studies on benthic communities of rocky shores on the Brazilian coast and climate change
monitoring: status of knowledge and challenges.”

“Estudos sobre comunidades bentônicas de costões rochosos na costa brasileira e


monitoramento das mudanças climáticas: estado do conhecimento e desafios.”

Fonte: Coutinho, R., Yaginuma, L. E., Siviero, F., Santos, J. C. Q. P. dos, López, M. S., Christofoletti, R. A., Berchez, F., Ghilardi-Lopes, N.
P., Ferreira, C. E. L., Gonçalves, J. E. A., Masi, B. P., Correia, M. D., Sovierzoski, H. H., Skinner, L. F., & Zalmon, I. R. (2016). Studies on
benthic communities of rocky shores on the Brazilian coast and climate change monitoring: status of knowledge and challenges
. Brazilian Journal of Oceanography, 64(spe2), 27-36.

Grupo de trabalho de costões rochosos (GT)


integrado à ReBentos (Rede de Monitoramento
de Habitats Bentônicos Costeiros), e vinculado
à Sub-Rede Zonas Costeiras da Rede Clima
(MCT) e ao Instituto Nacional de Ciência e
Tecnologia para Mudanças Climáticas (INCT-
MC), foi criado para estudar a vulnerabilidade
das comunidades bentônicas dos costões
rochosos e os efeitos das alterações
ambientais sobre a respectiva biota.
Fonte: Praia do Santinho, Florianópolis-SC, acervo pessoal (2022).
Objetivos
O artigo foi um dos produtos desse GT e teve como
objetivos principais:

- Levantar e revisar o conhecimento existente sobre


as comunidades bentônicas de costões rochosos na
costa brasileira e a biodiversidade associada;

- Verificar as potencialidades de estudos futuros


para uma previsão/mensuração mais acurada dos
efeitos das mudanças climáticas sobre os
ambientes e sua biota.

Bentônicos: são seres vivos que dependem de um


substrato, seja ele consolidado (ou firme, como: o costão
rochoso e os recifes de coral) ou inconsolidado (ou mole,
como: areia e sedimentos de baixa granulação).
Fonte: Praia do Pântano do Sul, Florianópolis-SC, acervo
pessoal (2022).
Divisão do estudo

Definição e principais
características do Levantamento do Efeitos das mudanças
ambiente, localização ao conhecimento existente climáticas nos costões
longo da costa, e as principais ameaças rochosos e sua
ecossistema/serviços locais biodiversidade
ambientais prestados
Introdução - Definição
Ecossistema de transição entre ambientes
terrestres e marinhos. Compostos por organismos
marinhos e pela biota na região entre-marés e os
desafios são impostos tanto pela exposição à
água do mar quanto do ar;

Esses organismos e comunidades são prováveis


sistemas indicadores dos impactos das
mudanças climáticas;

É um dos ambientes mais produtivos do planeta;


Introdução - Definição
São ambientes dinâmicos sob a influência de
uma ampla variedade de fatores bióticos e
abióticos. Como resultado, uma grande riqueza
de espécies de importância ecológica e
econômica, como mexilhões, ostras, crustáceos e
uma diversidade de algas e peixes associados se
desenvolvem nesse ambiente (LITTLER, 2000).

Possuem alta biomassa e produção primária e


microfitobentos e macroalgas são encontrados
devido à entrada de grandes quantidades de
nutrientes dos sistemas terrestres.

Consequentemente, costões rochosos são locais


de alimentação, crescimento e reprodução para
muitas espécies de consumidores (COUTINHO;
ZALMON, 2009).
Introdução
A integração dos fatores ambientais e das
interações biológicas (por exemplo,
competição, predação) influencia o padrão de
distribuição dos organismos em pequenas
escalas espaciais.

Como resultado, os organismos são


distribuídos em diferentes níveis verticais de
acordo com sua tolerância à dessecação e
faixas de dominância, estabelecendo padrões
de zonagem em todo o mundo (STEPHENSON;
STEPHENSON, 1949).

Uma das características mais marcantes dos


costões rochosos em todo o mundo é a
distribuição dos organismos em faixas de
zonação e está relacionado às adaptações
dos organismos aos fatores abióticos do
Fonte: Praia do Pântano do Sul, Florianópolis-SC, acervo ecossistema (GUILARDI-LOPES Et. al, 2012)
pessoal (2023).
Relação com as marés
Os organismos estão sujeitos à
exposição ao ar uma ou duas vezes ao
dia devido à maré - diurna ou semi-
diurna.

Os períodos de marés de sizígia são os


mais críticos para esses organismos, pois
o tempo de exposição atinge o máximo.
Nesse momento, os organismos podem
enfrentar temperaturas acima de 50°C e
suportar uma variação de temperatura
de 30°C em um único dia, dependendo
da temperatura da água na maré alta
(como observado em Arraial do Cabo,
RJ), da estação do ano, latitude, hora do
dia, maré baixa e onde os organismos
estão localizados. Fonte: https://www.inavigate.com.br/post/mares
Fonte: https://www2.ib.unicamp.br/profs/fsantos/be180-2012/marinhos.pdf

Supralitoral: Menos densidade e diversidade. Organismos com alta tolerância à dessecação.


Ex: litorinas (molusco).
Mediolitoral: Os que ficam mais tempo submersos sofrem menos estresse por fatores abióticos.
Ex: cracas, mexilhões e ostras com eficiente fixação ao substrato;
Infralitoral: Fator importante é a radiação solar, quanto mais profundo atenua-se a penetração
da radiação solar.Ex: algas e zooxantelas.
Infralitoral
Craca Megabalanus coccopoma
Macroalgas
Mexilhão Perna perna
Craca Megabalanus coccopoma

Ulva (Alface do mar)

Mexilhão Perna Perna Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Megabalanus

Fonte: http://www.biologia.seed.pr.gov.br/modules

Fonte: http://www.klimanaturali.org/2011/06/mexilhao-perna-perna.html
Mesolitoral
Cracas Tetraclita stalactifera
Mexilhões Brachidontes sp.

Tetraclita stalactifera Brachidontes sp. (Mollusca: Bivalvia)

Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/Tetraclita_stalactifera Fonte: http://ecologia.ib.usp.br/curso/2015/pdf/API_PAULA.pdf


Supralitoral
Gastrópode Littorina

Fonte: Acervo pessoal (2023).

Fonte: Acervo pessoal (2023).


Distribuição geográfica do habitat na costa
A diversidade em costões rochosos ao longo da costa brasileira é o resultado de
uma interação complexa entre fatores biogeográficos e históricos.

OLIVEIRA (1998) demonstra que os rios Amazonas e da Prata são os principais


fatores determinantes das características ficoflorísticas de nossa costa.

Esses dois grandes rios funcionam como barreiras intransponíveis para muitas
espécies de organismos marinhos bentônicos devido ao alto volume de água
doce e sedimentos fornecidos ao ambiente marinho.

Aparentemente, algumas espécies abundantes no Caribe e ausentes do Brasil


alcançaram o Caribe a partir do Pacífico, enquanto o rio Amazonas já drena
uma quantidade considerável de água no Atlântico.
Distribuição geográfica do habitat na costa

Conforme Guilardi et al., (2008), na costa brasileira,


existem duas formações diferentes de costões
rochosos:

A primeira são verdadeiros costões rochosos


formados por estruturas rochosas que se
estendem desde o fundo do oceano até alguns
metros acima do nível do mar, que são
encontrados principalmente no sudeste e em
ilhas.
No Brasil, os costões rochosos graníticos e
gnáissicos estão distribuídos desde a Baía de São
Marcos (MA) até Torres (RS), sendo mais comuns A segunda, nas regiões norte e nordeste, são
na costa sudeste e sul, devido à proximidade da

aglomerados de fragmentos de rocha formados
Serra do Mar com o oceano Atlântico.


por pedregulhos que podem abrigar espécies
Na margem dos continentes os costões se características de costões rochosos.
estendem a cerca de 15m , ao passo que nas ilhas
são mais profundos.

Divisão da zona costeira brasileira em três áreas


principais em relação à presença de costões rochosos
com base na distribuição de organismos bentônicos
Recifes de Arenito em Porto de Galinhas-PE

Fonte: https://www.researchgate.net/figure/Figura-46-Recifes-de-arenito-formando-piscinas-naturais-
durante-a-mare-baixa-praia-de_fig5_305045593

1. Zona que se estende do Amapá ao norte da Bahia, e é caracterizada por uma costa de sedimento
inconsolidado ou sedimento duro, formada principalmente por ecossistemas de recifes de arenito, e
encrustada por algas calcárias, esponjas, corais, briozoários e vários outros grupos de invertebrados
bentônicos.

Os ecossistemas de recifes são compostos por recifes de coral ou biogênicos e recifes de arenito localizados
na zona offshore e perto da linha da costa, onde a plataforma superior do recife é exposta durante a maré
baixa e com organismos bentônicos típicos de regiões intertidais (que sofre influência das marés).
2. Essa zona compreende a área costeira ao norte da Bahia, onde afloramentos
cristalinos formando costões rochosos são comuns, até o sul da ilha de Santa Catarina,
caracterizada pela grande disponibilidade de rochas na borda continental, e cortada por
inúmeras baías e enseadas, bem como em pequenas praias separadas por esporões
rochosos, e numerosas ilhas e ilhéus.

A ressurgência de águas profundas provenientes da ACAS (Água Central do Atlântico Sul)


ocorre dentro desta zona. O principal ponto de ressurgência ocorre na região de Cabo Frio
(RJ) (CARBONEL, 2003).

A fauna e flora bentônicas da área


influenciada pela ressurgência de Cabo
Frio apresenta elementos

com afinidades
temperadas e tropicais.

Essa região atua
como uma barreira biogeográfica para
um grande número de espécies.

Fonte: Costão do Matadeiro, Florianópolis. Acervo pessoal, 2023.


3. A última região se estende desde a área sul de Santa Catarina até a região de Torres
(RS), e é caracterizada por extensas praias de areia e raros afloramentos cristalinos no
continente e nas ilhas.

Além disso, encontramos ilhas oceânicas como Fernando de Noronha, São Pedro e São
Paulo, Trindade e Martim Vaz, que também apresentam extensos costões rochosos.
Praia da Guarita em Torres-RS

Fonte: https://www.batepapocomnetuno.com/post/cost%C3%A3o-rochoso
Levantamento do conhecimento existente
327 artigos científicos de 1944 a 2014 foram usados ​para sintetizar estudos sobre
costões rochosos ao longo do Costa brasileira;

Ecossistemas de recifes também foram contados utilizados para efeito de


comparação;

Número de referências em
costões rochosos e recifes de
coral ecossistemas, por ano.

Levantamento do conhecimento existente


Estudos de 2000 a 2014 foram classificados por
tipo: Número total de referências em comunidades bentônicas por
tipo de estudo, de 2000 a 2014.

1. Biodiversidade: estudos sobre mais de uma flor


ou espécies faunísticas, ou em um grupo de
organismos.
2. Observacional: estudos descritivos enfatizando
aspectos ecológicos.
3. Experimental: estudos que envolvem algum tipo
de amostra ou desenho experimental no campo
ou controlado condições de laboratório, usado
para responder a perguntas ou testar hipóteses
científicas.
4. Metodológico: Estudos com ênfase no
estabelecimento de amostragem de campo ou
métodos experimentais;
5. Mudanças climáticas: Estudos relacionando
aspectos climáticos com organismos bentônicos.
Levantamento do conhecimento existente
Quanto ao substrato:

A maioria dos estudos se concentrou em costões rochosos e recifes de corais;

Estudos sobre recifes de arenito e pedregulhos foram observados em locais como


norte e nordeste do Brasil, onde verdadeiros “costões rochosos" são praticamente
inexistentes.

Número de referências em costões rochosos e


ecossistemas de recifes
de 1944 a 2014 agrupados por tipo de substrato.
Levantamento do conhecimento existente
Quanto às referências:

Maior parte advém de artigos científicos;


20% dos estudos disponíveis são teses, dissertações e anais de congressos.
Tende a aumentar nos próximos anos devido à adoção de resumos estendidos por
congressos da área como o Congresso Brasileiro de Zoologia, Oceanografia e
Biologia Marinha.

Número de referências
sobre costões rochosos e
ecossistemas de recifes,
por tipo de publicação.
Levantamento do conhecimento existente
Quanto a região:
A maioria dos estudos sobre costões rochosos no Brasil concentrou-se no sudeste;

Também observou-se um grande número de estudos no Estado da Bahia devido


ao Parque dos Abrolhos, alvo de inúmeros estudos realizados por cientistas
brasileiros e estrangeiros.

Número de referências em costões rochosos e


ecossistemas recifais por estado brasileiro.

Principais ameaças locais

A exploração de espécies de interesse econômico:

Mexilhão Perna perna Linnaeus: uma das principais espécies sésseis capturadas
nos costões rochosos, são usados ​como sementes para aquicultura ou como
alimento.

Fonte: https://www.researchgate.net/figure/
Principais ameaças locais
Introdução de espécies exóticas:

Ostra Crassostea gigas thumberg:


amplamente cultivada no litoral catarinense e
tem grande importância econômica para a
região.
Coral-sol Tubastraea coccinea e T. tagusensis:
cresce significativamente em substratos
artificiais e rochosos no sudeste e representa
um risco potencial à biodiversidade da
comunidade local.
Medidas alternativas de controle do coral-sol
são necessárias para conter o coral em outras
áreas da costa brasileira, pois já existem Fonte: https://www.bioicos.org.br/post/o-coral-sol-um-astro-invasor

registros dessa espécie no nordeste (BA, AL) e


sudeste (SP, PR e SC) (COUTINHO et al., 2013).
Principais ameaças locais
O lixo nas costas rochosas:

Pode reduzir a circulação da água e criar sombras para as algas, comprometendo


o desenvolvimento da população, entre outros impactos potenciais.

Fonte: https://www.researchgate.net/publication/271229650
Principais ameaças locais
Especulação Imobiliária:

Construção de portos, edifícios, fábricas e imóveis em regiões próximas a áreas


urbanas, são as principais pressões antropogênicas em costões rochosos.
Inserção de áreas com substrato duro artificial de grandes obras no litoral norte do
estado do Rio de Janeiro, criando uma ligação onde antes não havia substrato
duro.
Ilha das Palmas - Guarujá/SP

Fonte: Google Maps


Principais ameaças locais
Poluição:
Stramonita brasiliensis com imposex apresentando pênis e
receptáculo seminal simultaneamente, devido a presença de TBT na
água (LIMAVERDE e outros, 2007).
O lançamento de esgoto, muitas
vezes in natura, prejudica o
crescimento de muitas espécies
bentônicas.

Presença de metais pesados, TBT e


outros compostos oriundos de
efluentes industriais podem afetar
diretamente a proporção de machos
e fêmeas em populações de
gastrópodes, causando alterações
nos órgãos reprodutivos chamados
Fonte: https://www.researchgate.net/figure/Figura-2-Partes-moles-de-uma-
de imposex. femea-de-Stramonita-brasiliensis-com-imposex-apresentando_fig35_348394622
Principais ameaças locais

Sobrepesca:

Realizada por mergulho na região subtidal de costões rochosos é um dos


principais impactos que afetam a estrutura das populações bentônicas.
A remoção de predadores de topo na cadeia alimentar pode aumentar a
abundância de peixes herbívoros, reduzindo a cobertura de algas.

Turismo:

Privatização de praias para construção de condomínios levam a várias questões


ambientais que contribuem para a degradação dos ecossistemas costeiros
rochosos.

O uso de lanchas afeta diretamente as comunidades presentes nos costões


rochosos com derramamentos de óleo e ancoragem em áreas de recifes.
Principais ameaças locais

Os costões rochosos são ecossistemas essenciais para a conservação e para


diminuir a vulnerabilidade das regiões costeiras, mas carecem de políticas
públicas próprias.

É importante considerar o quanto a biodiversidade dos costões rochosos podem


ajudar a manter a estabilidade dos ecossistemas costeiros.

Cenários das mudanças climáticas indicam um aumento no estresse físico (ex:


tempestades).

Impactos antrópicos resultantes dos múltiplos usos das regiões costeiras podem
causar a perda de algumas espécies-chave em ecossistemas. Não está claro
como esses diferentes impactos podem afetar processos ecossistêmicos e,
consequentemente, serviços ambientais.
Efeitos das mudanças climáticas nos costões
rochosos e sua biodiversidade

Os ecossistemas costeiros estão entre os mais


vulneráveis, especialmente nas áreas
entremarés.

Estudos de monitoramento de longo prazo


mostraram que os limites de distribuição da biota
intertidal de rochas duras substratos
progrediram em direção aos pólos a uma taxa de
mais de 50 km por década (RICKETS, 1985;
SOUTHWARD e outros, 1995; HELMUTH et al., 2006).

Invertebrados e algas marinhas podem ser


vulneráveis pois devem se adaptar a
temperaturas extremas terrestres e aquáticas
(FIELDS et al., 1993).
Efeitos das mudanças climáticas nos costões rochosos e
sua biodiversidade
Áreas entremarés:

Ambientes potenciais para avaliar os efeitos das


mudanças climáticas (HELMUTH, 2009).

Acredita-se que os organismos estejam no limite de


tolerância de sua capacidade fisiológica e quaisquer
alterações nos parâmetros abióticos pode levar à
morte, extinção local (HELMUTH, 1999; HELMUTH, 2002;
MASSA et al., 2009).

A influência de ondas/ressaca/tempestades em
costões rochosos foi abordado considerando
mudanças nas espécies da comunidade, composição,
riqueza e diversidade de espécies, intensidade de
interações como competição e predação, e até mesmo
a expansão da zona ocupada por organismos, e as
respectivas bandas.
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Zona_entremar%C3%A9s
Efeitos das mudanças climáticas nos costões rochosos e
sua biodiversidade
O aumento da frequência das chuvas
altera a salinidade, afetando
adversamente as características de
diferentes grupos, como taxa de
mortalidade, liberação de larvas e
outros (SIMPSON; HURLBERT, 1998; CHAN
et al., 2001; BRAVO, 2003; RESGALLA et al.,
2007).

Mais de um fator é modificado (por


exemplo, salinidade e pH), a pressão
fisiológica pode ser intolerável para o
Fonte: shutterstock, 2023.
organismo (PRZESLAWSKI et al., 2005;
VERWEEN et al., 2007; RESGALLA JUNIOR et
al., 2007).
Efeitos das mudanças climáticas nos costões rochosos e
sua biodiversidade

Séries temporais de longo prazo:

Avaliar as mudanças sazonais naturais da comunidade com alguns


organismos sésseis que se expandem e retraem, que aparecem cobrindo
toda a faixa ou completamente desaparecendo em uma determinada
época do ano (por exemplo, várias espécies de gênero Ulva).

Ajudam a avaliar como eventos oceanográficos naturais, como o NAO e o


ENSO, afetam os gradientes de distribuição das espécies.
Efeitos das mudanças climáticas nos costões rochosos e
sua biodiversidade

Em resumo, as mudanças climáticas globais compreendem mudanças


complexas.

No entanto, essas mudanças complexas têm indicadores diretos, como


temperatura do ar e do mar, disponibilidade de oxigênio, salinidade e pH,
variáveis abióticas que influenciam muito a biologia de todas as espécies.

Estresses fisiológicos resultantes de mudanças nas variáveis mencionadas


anteriormente e de eventos extremos, como frentes frias / ressacas, podem
causar grandes mudanças biogeográficas e afetar o mosaico de distribuição de
habitat (SOMERO, 2012).

E, os efeitos nas comunidades de costões rochosos ainda são pouco estudados


no Brasil.
Efeitos das mudanças climáticas nos costões rochosos e
sua biodiversidade

O objetivo da WG ReBentos (COUTINHO et al., 2015) visa incentivar o


engajamento de grupos que trabalham nesse ambiente para obter séries
temporais de longo prazo sobre mudanças na comunidade.

Além disso, estudos em nível de organismo são críticos para entender a


capacidade de adaptação às mudanças climáticas.

Por fim, testar hipóteses científicas é importante para facilitar a unificação de


estudos relacionados ao monitoramento da influência das mudanças
climáticas em costões rochosos
Hipóteses

Hipótese 2: Hipótese 3: Hipótese 4:


Hipótese 1: se as mudanças na se as mudanças na
se as mudanças na
se a hidrodinâmica e frequência e intensidade precipitação alterarão a
temperatura e
as variações médias das ressacas entrada de água doce e
promoverão distúrbios sedimento no mar e a taxa acidificação da água
do nível do mar
físicos mais frequentes de evaporação,o que por do mar afetarão o
induzirão mudanças
nos ecossistemas sua vez afetará variáveis metabolismo de
no padrão de bentônicos e causarão a como salinidade e organismos sésseis
zonagem. retirada e / ou transparência da água do (especialmente os
fragmentação de mar
perenes)
organismos

Como a mudança de Afetando o crescimento,


Especialmente na Criando condições
locais de colonização de reprodução e taxa de
área intertidal), desfavoráveis para
organismos em relação às sobrevivência e
alterando a composição espécies estenobiontes e
localizações atuais ou o induzindo mudanças na
induzindo mudanças na
aumento / redução de e abundância de composição e
composição e abundância
bandas dominantes); espécies; abundância de
de espécies;
espécies.
Considerações Finais
Importância arqueológica dos
costões rochosos: são neles que se
localizam a maior parte dos sítios
arqueológicos da zona costeira
brasileira;

Ausência de legislação federal que


proteja esses ecossistemas e que os
qualifique com status de Área de
Preservação Permanente;

Necessidade de mais estudos sobre


esses ecossistemas no Brasil.

Fonte: Ilha do Campeche, acervo pessoal (2023).

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