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TEÍSMO ABERTO: UM DOS FRUTOS PODRES DA TEOLOGIA CONTEMPORÂNEA

A teologia contemporânea produziu muita reflexão teológica com propósitos dos mais
variados. No período em que surgiu a alta crítica, os pressupostos bíblicos e históricos
passaram a ser questionados em busca de uma verdade que se encaixasse perfeitamente na
mente científica da época. O resultado imediato disso foi uma frieza na vida intelectual e
prática do cristianismo. O surgimento da filosofia racionalista e da ciência empírica, deram
origem ao formalismo religioso entre 1660 e 1730 na Inglaterra, na Europa Continental e, mais
tarde, nos Estados Unidos. Como resposta a esse período infrutífero para o cristianismo,
ocorreu o fortalecimento do Deísmo e o surgimento do reavivamentismo. No Deísmo buscava-
se manter a existência de Deus, mesmo sendo de uma forma distante da realidade humana; no
reavivamentismo, que teve muita força no pietismo alemão, buscou-se preservar a imanência
de Deus na vida devocional particular de cada indivíduo. É inquestionável que, desde então, a
teologia sofreu sérias mudanças e produzido novas formas de pensar que contribuem tanto
positiva quanto negativamente. Nesta resenha queremos dar enfoque numa dessas produções
que está absolutamente inclinada ao aspecto negativo do surgimento de reflexões teológicas
contemporâneas.

Trata-se de um novo conceito de Deus que já algum tempo vem causando polêmica e
acirrado debate teológico acerca dos atributos divinos como Onisciência, Onipotência,
Onipresença e Soberania. Tendo origem na Teologia do Processo na década de 30, seus
primeiros defensores foram Charles Hartshorne, Alfred North Whitehead e John Jacob.
Contudo a expressão “teísmo aberto” foi usada pela primeira vez por Richard Rice, escritor
adventista, em seu livro “A Abertura de Deus: A Relação entre a Presciência Divina e o Livre-
arbítrio”. Apesar de Jonh MacArthur fazer referência a Robert Brow, a maioria concorda que
quem cunhou o termo Teísmo Aberto foi Clark Pinnock em sua obra: “Deus limita Seu
Conhecimento” em 1986. Ao lado de Pinnock, Jonh Sanders também teria sido um divulgador
dessa doutrina.

Ensina a doutrina em questão que Deus é Todo-Poderoso e conhece todas as coisas,


mas não conhece as coisas que ainda não aconteceram. Pelo fato de não terem acontecido
(ainda) elas não estariam na presença de Deus. Ou seja, Deus não sabe ainda, pois devido ao
livre-arbítrio que concedeu ao homem, não sabe que decisão o homem vai tomar. Assim, Deus
conhece o futuro, mas não todo. Deus está no controle, mas não interfere na vontade do
homem. Isso, afirmam eles, faz com que Ele seja Soberano, pois mesmo não sabendo o que os
homens irão fazer, tem o controle em Suas mãos. Desse modo, Deus abriria mão de conhecer
o futuro devido à liberdade de escolha que deu ao ser humano, logo, Deus se esvaziaria de sua
soberania, diminuiria em onisciência, onipotência e onipresença.

O escritor Richard Rice, citado por Pinnock, teria escrito que Deus tem certa noção do
que alguém vai fazer na sexta-feira próxima, mas não tem a exata certeza, porque a pessoa
ainda não fez. Tem um exemplo intrigante da pizza: Deus sabe que domingo depois do culto,
você vai comer uma pizza com sua família, mas não sabe o sabor, porque você e sua família só
vão decidir (o sabor) no domingo após o culto. Outro problema do Teísmo Aberto é a visão que
têm de que Deus não intervém na História, posto que a história se descarrilhou, como um trem
que saiu dos trilhos, e que tudo que está aí não tem o aval de Deus, sendo as decisões
humanas ou os homens os únicos responsáveis.
No Brasil os maiores defensores da chamada abertura do teísmo são, Ricardo Gondim
Rodrigues, pastor da Assembléia de Deus Betesda, Ed René Kivitz, pastor da Igreja Batista e o
escritor Paulo Brabo. Embora em seus escritos afirmem que Deus seja Onisciente, Onipotente,
Onipresente e Soberano, e não confessem serem defensores da abertura do teísmo,
preferindo seguir os caminhos da Teologia Relacional, seus escritos os denunciam como
doutrinadores da heresia em questão. A Doutrina Ortodoxa ensina que: 1) Deus é Onisciente:
conhece todas as coisas: passado, presente e futuro (quanto ao homem, Davi diz no Salmo 139
que Deus escrevia seus dias um a um antes mesmo de existirem e “antes que a palavra saísse à
boca”, Deus já a conhecia toda); 2) Deus é Onipotente: tem poder para fazer todas as coisas; 3)
Deus é Onipresente: está presente em todos os lugares; e 4) Deus é Soberano: faz tudo o que
Lhe apraz.

Concluímos, portanto, que o Teísmo Aberto é uma tentativa de modelar uma forma
mais conveniente de liberdade humana, à custa da concepção de Deus ensinada no Teísmo
Clássico. Todavia, em seu desdobramento final, menospreza a glória de Deus para exaltar a
liberdade do homem. É um esforço de produzir a conclusão final acerca de uma antinomia
bíblica que está muito além da compreensão das criaturas. E, nesse intento, o Teísmo Aberto
prejudica a confiança do crente tanto na providência benigna de Deus, quanto em Sua Palavra
profética.

REFERÊNCIA

Teísmo Aberto: Uma Teologia Além dos Limites Bíblicos, São Paulo, editora Vida, 2006

Instituição: Escola Teológica Charles Spurgeon


Professores: Gaspar de Sousa e Marcos Granconato
Disciplina: Teologia Contemporânea
Aluno: Francisco Dayvid Sousa Abreu

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