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Deísmo

Postura criacionista não teísta

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O deísmo é uma categoria do teísmo e


uma posição filosófica que acredita na
criação do universo por uma inteligência
superior (que pode ser Deus, ou não),
através da razão, do livre pensamento e
da experiência pessoal, em vez dos
elementos comuns das religiões teístas
como a revelação direta, ou tradição.
Voltaire (1694-1778) filósofo francês, foi um deísta. Acreditava que para chegar a Deus não era preciso ir à igreja, mas
sim a razão.

A existência de um Criador ou
Organizador do Universo (comparável ao
Demiurgo do filósofo grego Platão), é a
primeira causa da filosofia deísta. Em
palavras mais simples: um deísta é
aquele que está inclinado a afirmar a
existência de um princípio criador, mas
não pratica nenhuma religião, não
negando a realidade de um mundo
completamente regido pelas leis naturais
e físicas. A interpretação de Deus pode
variar para cada deísta.

John Locke, outro defensor do deísmo.

Deístas podem acreditar que as


ideologias religiosas devem tentar
reconciliar e não contradizer as
evidências e que todas devem estar de
acordo com os ensinamentos bíblicos.
Assim, um dos princípios fundamentais
desta posição é baseado na
consolidação de que Deus criou todo o
visível e o invisível, o mundo físico e o
espiritual mas não interfere nele de
maneira evidente como sugerem as
religiões teístas. O deísmo não acredita
na existência de um deus
providencialista. Também não tomam
posição sobre o que é esse ser criador, e
nem têm como princípio encontrá-lo. O
deísmo nega revelações divinas,
contrariamente ao fideísmo encontrado
em muitos ensinamentos do
Cristianismo, Islamismo e Judaísmo, que
afirma que a religião depende da
revelação das escrituras ou o
testemunho de outras pessoas.
Os deístas tipicamente também rejeitam
certos eventos religiosos. Isso porque
tais ideias (cultos, profecias, etc.) não
parecem ser verdades racionais. Sobre
as religiões organizadas que usam
revelações divinas e livros sagrados, a
maioria dos deístas interpretam-nas
como invenção de outros seres humanos
e não como fontes de autoridade,
embora possam ser aceitas como
inspiração moral e ética. Os deístas
dizem que o maior presente do universo
para a humanidade não é a religião, mas
"a capacidade de raciocinar".[1]
Conceitos

Thomas Paine, grande divulgador do deísmo nos Estados Unidos.

Os deístas acreditam em um deus, como


apregoam as religiões, mas não
acreditam que as religiões possam estar
certas ao se dizerem conhecedoras da
Palavra de Deus ou da maneira como
Deus quer que nós ajamos moralmente.
Para eles, não há quaisquer
comprovações científicas da veracidade
de tais argumentos. Como meio de
investigação para comprovações
metafísicas, os deístas tendem a aceitar
totalmente a lógica. Logo, para os
deístas, as religiões denominacionais
são apenas invenções humanas.

O deísta acredita que a própria estrutura


do universo, tão complexa como é, é a
prova de que existe um criador;
entretanto é importante ressaltar que o
deísmo permite aos seus seguidores
uma livre interpretação disso. Para
alguns deístas, por exemplo, Deus pode
ser um ser transcendental criador das
coisas; para outros, pode ser uma força
completamente neutra – não pensante,
não sobrenatural – que gera e mantém o
universo, ou até mesmo um ser mortal
dotado de altíssima tecnologia.

Hermann Samuel Reimaru representante do deísmo Alemão.

O deísmo pretende enfrentar a questão


da existência de Deus através da razão,
em lugar dos elementos comuns das
religiões teístas tais como a "revelação
divina", os dogmas e a tradição. Os
deístas geralmente questionam as
religiões denominacionais e seu(s)
deus(es) dito(s) "revelado(s)",
argumentando que o Criador não
intervém nos afazeres do mundo. Para
os deístas, a criação revela-se através da
ciência e as leis da natureza. Pessoas
que não são seguidoras de religiões mas
não estão dispostas a ver a realidade
dessa maneira e acreditam num Deus
interferente não são deístas, mas, na
verdade, irreligiosas. Quanto a questões
metafísicas, como a existência ou não
de vida após a morte, cada deísta é livre
para formar a sua opinião sobre isso.
Podem crer, ou podem ser incertos sobre
isso, achando que não dá para saber ou
que ainda não foram encontradas provas
que demonstrassem ou refutassem essa
ideia.

Henry St John, 1º Visconde Bolingbroke. Foi adepto da filosofia deísta.

Um deísta pode ter opiniões bem


diferentes de outras pessoas que
acreditam em Deus – como achar que
Deus não faz questão de ter o seu nome
escrito com inicial maiúscula ou
acreditar que ele não quer ser adorado
ou, ainda, acreditar que nem ele mesmo
sabe que nós existimos etc. Mas isso
não ocorre necessariamente com todos
eles, já que cada um é um livre pensador
individual, com conceitos diferentes,
tendo apenas a não interferência como
característica em comum. Portanto,
entre deístas, as concepções podem
variar. Os deístas em geral consideram
que anjos e demônios são apenas
fraquezas da mente humana que podem
ser vencidas pelo raciocínio lógico. Da
mesma forma, não acreditam que Deus
castigue ou premie as pessoas pelos
seus atos, dado que cada um seria
responsável por seus atos e respectivas
consequências.
O deísta Irlandês John Toland era aluno de John Locke.

O mais próximo da ideia de um Deus


interferente em que um deísta pode
acreditar é a ideia de uma providência
geral, como Voltaire, por exemplo, que
disse certa vez a uma senhora:

"Minha senhora, acredito em


uma providência geral, mas
não numa providência
particular que salvou o seu
pássaro que estava
machucado."

Ou seja, deístas não têm religião e


acreditam em um criador não
interferente (ou não mais interferente).
Portanto, não acreditam em milagres e,
se acreditam, interpretam de uma forma
natural.[1]Immanuel Kant, sobre o
deísmo, escreveu:

"Como estamos acostumados a


entender, pelo conceito de
Deus, não apenas uma
natureza eterna, atuando
cegamente, como raiz das
coisas, mas um Ser supremo,
que deve ser o criador das
coisas pela inteligência e a
liberdade, e só este conceito
nos interessa, poderíamos em
rigor negar ao deísta toda a
crença em Deus e deixar-lhe
apenas a afirmação de um ser
originário ou de uma causa
suprema. No entanto, como
ninguém deve ser acusado de
pretender negar inteiramente
alguma coisa, só por não se
atrever a afirmá-la, é mais
justo e indulgente dizer que o
deísta crê num Deus, ao passo
que o teísta crê num Deus vivo
(summa intelligentia)." (Crítica
da Razão Pura - A633, B661).[2]

História
As raízes do deísmo estão ligadas aos
antigos filósofos gregos e sobretudo à
filosofia aristotélica da primeira causa.[3]
Mais tarde este movimento floresce
durante o Iluminismo, com o apoio de
cientistas britânicos e italianos, como
Galileu Galilei e Isaac Newton.

As primeiras obras de críticas à Bíblia,


tais como Thomas Hobbes no Leviatã e
Spinoza no Tratado Político Teológico,
bem como obras de autores menos
conhecidos, como Richard Simon e Isaac
La Peyrère, pavimentaram o caminho
para o desenvolvimento do deísmo
crítico.

Edward Herbert, considerado o "pai do deísmo inglês", retratado por Isaac Oliver (1560–1617)

Edward Herbert, Lorde de Cherbury


(1583-1648), é geralmente considerado
como o "pai do deísmo inglês", e seu livro
De Veritate (na verdade, It Is
Distinguished from Revelation, the
Probable, the Possible, and the False)
(1624) a primeira grande demonstração
do deísmo.[4][5]

Herbert apresentou os pontos básicos


do deísmo que pode ser resumido na
seguinte maneira: "Deus existe, e pode
ser cultuado pelo arrependimento e por
uma vida de tal modo digna, que a alma
imortal possa receber a recompensa
eterna em vez do castigo". Outros
deístas influentes, como Charles Bloynt
(1654-1693), John Tolarndt ou John
Toland (1670-1722), Lorde Shaftesbury
(1671-1713) pregaram que o
cristianismo não era um mistério e
poderia ter sua autenticidade verificada
pela razão; tudo o que não pudesse ser
provado pela razão deveria ser
descartado.

Entretanto, foi na época do Iluminismo


no final do século XVII, que o movimento
deísta atingiu o seu apogeu a partir dos
escritos de autores ingleses e franceses
como Thomas Hobbes, John Locke,
Jean-Jacques Rousseau e Voltaire. O
mais famoso dos deístas franceses foi
Voltaire, que adquiriu o gosto pela
ciência newtoniana, e reforçou
inclinações deístas, durante uma visita
de dois anos a Inglaterra a partir de
1726.
Ao mesmo tempo, com a imigração de
deístas ingleses, a divulgação dos
escritos deístas e a difusão das ideias
iluministas nas Treze Colônias
contribuíram para popularizar o deísmo
nos Estados Unidos, com os escritos dos
norte-americanos, John Quincy Adams,
Ethan Allen, Benjamin Franklin, Thomas
Jefferson, James Madison, George
Washington e, especialmente, Thomas
Paine em seu livro A Era da Razão. Os
princípios deístas, especificamente
tiveram efeito sobre as estruturas
política e religiosa dos Estados Unidos,
tais como a separação entre Igreja e
Estado e a liberdade religiosa.
O deísmo, geralmente considerado como
uma influente escola de pensamento,
declinou em cerca de 1800. O termo
deísta tornou-se raramente utilizado,
mas as crenças deístas, suas ideias e
influências, não. Elas podem ser vistas
no século XIX na teologia liberal britânica
e na ascensão do unitarianismo, que
adotou muitas das suas crenças e
ideias. Mesmo hoje, há um número
significativo de sítios deístas.

Também existe o ateísmo deísta. Uma


corrente filosófica na qual os ateus,
aqueles que não acreditam em nenhuma
divindade superior, são deístas. Mais
precisamente: esses, os ateus, acreditam
que eles próprios são deuses, em cada
caso, o mais comum é acreditar que é o
deus de sua própria vida (portanto, não
um ser onipotente que criou os céus e a
Terra), sendo o controlador magnânimo
desta.

Fatores que contribuíram


para o declínio geral na
popularidade do deísmo
a aceitação do panteísmo por muito
deístas, o que gerou o surgimento do
pandeísmo;

as influências dos escritores céticos e


(mais tarde, darwinistas) aumentaram
a dúvida sobre o argumento da
primeira causa e do Argumento
Teleológico, transformando muitos
(embora não todos) potenciais deístas
em agnósticos ou ateus;

e campanhas anti-deístas e anti-


racionalismo dos clérigos, com o
intuito de caluniar o deísmo e
equipará-lo com o ateísmo na opinião
pública.

Características
Os deístas não estão presos a nenhum
tipo de mitologia ou dogma, podendo ou
não acreditar em algum tipo de pós-vida.
Frequentemente, os deístas se
encontram insatisfeitos com as religiões
denominacionais, e apresentam,
geralmente, algumas afirmações que os
diferenciam dos religiosos e teístas.

Na idade contemporânea, muitas


pessoas que se descobrem como
deístas, através das definições
mencionadas, se perguntam se os
deístas por não frequentarem nenhuma
religião, não rezam também. A resposta
é simples. Cada deísta possui uma visão
diferenciada sobre Deus e sobre a moral,
mas sempre sob a sua influência cultural
e nunca de ordem religiosa. Rezar em
uma instituição organizada e religiosa
está fora da sua aceitação. No entanto,
alguns deístas rezam sim, mas de forma
isolada. As orações não seguem um
ritual e nem uma doutrina específica.
Podemos encontrar como sugestão a
"Oração da Felicidade Plena (https://driv
e.google.com/drive/folders/0B_Z_C-1Xk
Lq0WHo2QXF1dHY4cFU) " de autoria de
Marco Antonio Okuma, deísta há mais de
30 anos. A oração está disponível de
forma gratuita para baixar da internet. O
autor também foi o primeiro escritor no
Brasil a lançar um livro com o título
"Deísmo (https://www.clubedeautores.co
m.br/book/230230--Deismo#.WM2Esfnz
6PQ) " que retrata novas concepções
sobre sexualidade e religiosidade.
Pandeísmo

Pandeísmo é uma corrente filosófica que


surgiu da mistura do panteísmo com o
deísmo. Panteísmo é a crença de que
tudo compõe um Deus abrangente e
imanente, ou que o Universo (ou
Natureza) é idêntica à divindade.
Panteístas e pandeístas, assim, não
acreditam em um deus pessoal ou
antropomórfico. Para pandeístas: "Deus
originou e se tornou o Universo".

Deístas famosos

Ver também
Teísmo
Pandeísmo

Panteísmo

Panenteísmo

Teísmo agnóstico

Agnosticismo

Ateísmo

Sem religião

Interacionismo

Referências
1. PAINE, Thomas Age of Reason, Part
First, Section 15 (http://www.ushistor
y.org/paine/reason/reason15.htm)

2. Kant, Immanuel (1781). Crítica da


Razão Pura. [S.l.: s.n.] ISBN 978-972-
31-0623-7

3. Aristóteles.O Pensamento : a
gnosiologia (http://www.pucsp.br/po
s/cesima/schenberg/alunos/paulose
rgio/filosofia.html)

4. Willey, Basil (1934). The Seventeenth


Century Background. [S.l.: s.n.]

5. Orr, John (1934). English Deism: Its


Roots and Its Fruits. [S.l.: s.n.] pp. 59
ff.

Ligações externas
Associação internacional dos deístas
(World Union of Deists) (http://www.de
ism.com)
CATHOLIC ENCYCLOPEDIA: Deism
(newadvent.org) (https://www.newadv
ent.org/cathen/04679b.htm)

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