Arquivo
ipt responde 82.qxd 20/1/2006 11:02 Page 14
IPT RESPONDE
Vibração em laje
Necessito executar uma laje de
aproximadamente 500 m2, sustentada
por pilotis, para servir de base para
a construção de uma quadra de futebol
de salão. Embaixo serão construídas
lojas. Qual laje oferece melhor relação
custo–prazo e menor risco de vibrar
e gerar ruídos?
Cesar de Souza Rodrigues
Belo Horizonte-MG
Para evitar problemas de vibração ex-
cessiva (grande amplificação dinâmica
em estados próximos da ressonância) é
importante uma boa separação entre
as freqüências da solicitação dinâmica
e as freqüências naturais da estrutura.
Arquivo
A NBR 6118-03 menciona, para giná-
Reforço de fundação
Como posso construir uma viga e pilares
sobre uma fundação de tijolos de uma
casa antiga sem abalar sua estrutura?
Leonardo T. Bonatto
Prefeitura Municipal de Cruz Alta
Cruz Alta-RS
A construção de elementos estrutu-
rais sobre fundações já existentes re-
quer a avaliação prévia da capacidade
de carga das fundações remanescen-
tes, o que envolve a análise do solo su-
porte e da estrutura de alvenaria exis-
tente. As sobrecargas a serem aplica-
das precisam ser calculadas e a intera-
ção com os antigos elementos deve
14
sio de esportes, a seguinte relação entre
a freqüência natural (fn) e a freqüência
crítica (fcr), freqüência típica de excita-
ção para o tipo de ambiente referido:
fn > 1,2 fcr. No caso de ginásio de espor-
tes fcr = 8,0 Hz, portanto fn > 9,6 Hz. O
CEB (Comité Euro-International du
Béton) faz recomendações semelhantes
para pisos de quadras esportivas no que
ser criteriosamente analisada. Para
tanto, é necessário conhecer os dese-
nhos de projeto e os materiais utiliza-
dos. Por se tratar de estrutura antiga,
com fundações rasas e flexíveis, a am-
pliação desse tipo de estrutura tem de
ser precedida de um reforço das fun-
dações originais, pois acarreta con-
centrações de carga (pilares) e sobre-
cargas (vigas) não-previstas. A ocor-
rência de recalques, em especial os di-
ferenciais, é uma das conseqüências
mais prováveis das ampliações. Pode
haver fissuras na edificação e até mes-
mo a ruptura de elementos estrutu-
rais ou de vedação. Assim, a execução
Envie sua pergunta para a Téchne.
Utilize o cartão-resposta encartado
na revista.
se refere à freqüência fundamental da
estrutura (f1):
f1 > 7,5 Hz, para concreto armado
f1 > 8,0 Hz, para concreto protendido
f1 > 9,0 Hz, para estrutura metálica
Essas indicações confirmam observações
feitas na prática de que estruturas metáli-
cas ou de concreto protendido são mais
sensíveis a vibrações do que estruturas de
concreto armado. Não temos condição
de opinar sobre o custo ou o prazo, pois
isso depende de muitas variáveis: carac-
terísticas do projeto, sistema construtivo,
mercado e mão-de-obra.
Roberto Nakaguma
Divisão de Engenharia Civi
de estacas de reforço (brocas, estacas
Mega ou estacas-raiz) representa
uma solução mais segura para se evi-
tar abalos na estrutura original. O
tipo de estaca a ser executada, o po-
sicionamento em planta e o número
total decorrem da análise do proje-
to. Caso não haja dados do projeto
original, faz-se necessária a abertura
de poços para inspeção das funda-
ções. Sondagens do solo local são in-
dispensáveis para a elaboração de
um projeto de fundação.
Gisleine Coelho de Campos
Divisão de Engenharia Civil
TÉCHNE 82 | JANEIRO DE 2004
ipt responde 82.qxd 20/1/2006 11:02
Variações térmicas durante a concretagem
Que cuidados devem ser tomados
durante o lançamento de concreto em
dias muito frios ou muito quentes?
Giulio Peterlevitz Frigerio
São Carlos-SP
Em dias muito frios a velocidade de
hidratação (reação química do ci-
mento com a água, responsável pelo
endurecimento do concreto) pode
ser prejudicada. Em geral, quando a
concretagem é feita em um ambiente
moderadamente frio, embora haja
uma demora inicial do endureci-
mento, pode-se até esperar uma me-
lhoria na resistência do concreto em
idades mais avançadas, e um material
com melhor expectativa de durabili-
dade. Mas o excesso de frio pode
atrasar esse endurecimento inicial de
tal modo que se torne impraticável
esperar para desenformar e descim-
brar a estrutura. Um dos artifícios
usados, nesse caso, seria manter o
concreto aquecido a temperaturas
acima de um valor mínimo, valendo-
se dos recursos disponíveis, como as-
pergir vapor de água a temperatura
controlada sobre o concreto ou man-
ter o material submerso em água
aquecida. Aquecer o concreto pode
significar, inclusive, prepará-lo com
os materiais a temperaturas iniciais
adequadas à temperatura desejada
para a mistura. Porém, é conveniente
misturar os materiais a temperaturas
não muito altas, para não acelerar
demais a pega. A temperatura míni-
ma a respeitar dependerá da compo-
sição do cimento e da velocidade re-
querida para o endurecimento. Em
geral, os cimentos tipo ARI (CP V)
tolerarão temperaturas mais baixas e
os comuns (CP I ou CP I-S), com-
postos (CP II), de alto-forno (CP III)
e pozolânicos (CP IV) vão requerer
Page 15
temperaturas mínimas, de modo
geral, crescentes nessa ordem. Evitar
trabalhar em um ambiente a menos
de 10oC seria a primeira sugestão, au-
mentando a temperatura mínima em
caso de respostas ainda muito lentas
de endurecimento. A temperatura
máxima deve ser a adotada para cura
a vapor: nunca maior que 80oC. A ve-
locidade de crescimento de resistên-
cia pode ser facilmente estimada, em
uma operação de controle de produ-
ção, usando ensaios não-destrutivos
de concreto. Um esclerômetro de
Schmidt devidamente aferido às
condições da obra pode ser muito
útil. As percussões podem ser feitas,
ao longo do tempo, na superfície
livre do concreto ou em janelas re-
movíveis das fôrmas. A velocidade
de propagação de ondas ultra-sôni-
cas também serve como parâmetro
de controle, mas a estimativa de re-
sistência por ultra-som varia com o
teor de agregados do concreto e por
isso deve ser feita somente quando o
material for constante ao longo da
produção, ou com a devida mudança
de critério de estimativa em função
do traço empregado. Convém lem-
brar que evitar os choques térmicos
tem de ser uma das maiores preocu-
pações do construtor que faz cura
térmica, para evitar a fissuração.
Aquecer e deixar esfriar devagar são
as regras. Quanto maior a peça, ao
aquecê-la ou resfriá-la, mais lentos
serão o acréscimo interno de tempe-
ratura ou a dissipação de calor inter-
no. Assim, deverão ser conduzidos
lentamente tanto o aquecimento,
quanto o resfriamento da peça. So-
mente um estudo térmico levando
em conta a geometria da peça e as ca-
racterísticas do concreto e do entor-
no poderá mostrar as condições li-
mites mais adequadas de aquecimen-
to e resfriamento. Esse estudo pode,
inclusive, ser feito utilizando mode-
los em escala real (as próprias
peças). Pode valer a pena progra-
mar a concretagem para uma esta-
ção mais quente e isso sempre deve
ser considerado.
Em dias muito quentes, quando a
temperatura ambiente é alta, ou
quando o concreto recebe insolação
direta – podendo disso resultar au-
mento significativo da temperatura,
ou mesmo quando existe a possibili-
dade de aumento da temperatura de-
vido ao calor de hidratação do pró-
prio concreto, quando a peça a con-
cretar é de dimensões avantajadas –
deve-se ter cuidado com a aceleração
da pega e com a evaporação excessiva
de água do concreto. As providências
válidas podem ser uma ou mais den-
tre as seguintes:

Interferências ambientais: o condi-
cionamento do entorno do concreto
(propiciar sombra, umedecimento
do ar com aspersores de água, condi-
cionamento do ar, submersão do
concreto em água a temperatura
conveniente)

Interferências na temperatura do
concreto: resfriamento do concreto
(uso de escamas de gelo substituindo
parte ou toda a água de amassamen-
to, agregados refrigerados, serpenti-
nas de refrigeração em locais devida-
mente projetados)

Interferências na cinética das rea-
ções: uso de aditivos retardadores da
pega, uso de pozolanas ou escórias
de alto-forno em proporção capaz
de alterar a liberação de calor ao
longo do tempo
Carlos Eduardo de Siqueira Tango
Divisão de Engenharia Civil
15