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Este Guia expressa o entendimento da Anvisa sobre as melhores práticas com relação a
procedimentos, rotinas e métodos considerados adequados ao cumprimento de requisitos técnicos
ou administrativos exigidos pelos marcos legislativo e regulatório da Agência. 1
As recomendações contidas neste Guia produzem efeitos a partir da data de sua publicação no Portal
da Anvisa e ficam sujeitas ao recebimento de sugestões da sociedade por meio de formulário
eletrônico, disponível em xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx.
1. ESCOPO ....................................................................................................................... 5
2. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 5
3. BASE LEGAL ............................................................................................................... 8
4. ASPECTOS PRÁTICOS RELACIONADOS À REALIZAÇÃO DO ESTUDO DE
DEGRADAÇÃO FORÇADA ................................................................................................... 8
4.1. Quando realizar e quando repetir o estudo de degradação ................................. 8
4.2. Quem deve realizar o estudo de degradação forçada .......................................... 9
4.3. Avaliação teórica prévia ........................................................................................ 10
4.4. Requisitos dos materiais a serem testados......................................................... 11
4.5. Condução do estudo de degradação forçada ..................................................... 13
4.6. Parâmetros de degradação (endpoints) ............................................................... 15
5. REQUISITOS QUANTO AO MÉTODO DE ANÁLISE ................................................ 17
6. REQUISITOS QUANTO ÀS ESPECIFICAÇÕES E REPORTE DE RESULTADOS .. 18
7. INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS DOS ESTUDOS DE DEGRADAÇÃO
FORÇADA ............................................................................................................................ 20
7.1. Avaliação de cromatogramas e obtenção de resultados ................................... 20
7.2. Balanço de massas ................................................................................................ 21
7.3. Análise crítica dos resultados .............................................................................. 25
8. DOCUMENTAÇÃO A SER ENVIADA PARA A ANVISA SOBRE ESTUDOS DE
DEGRADAÇÃO FORÇADA ................................................................................................. 27
9. PROCEDIMENTOS PARA IDENTIFICAÇÃO E QUALIFICAÇÃO DE PRODUTOS DE
DEGRADAÇÃO .................................................................................................................... 29
9.1. Procedimentos para identificação de produtos de degradação ........................ 30
9.2. Procedimentos para qualificação de produtos de degradação ......................... 30
9.2.1. Uso de compêndios oficiais para qualificação de produtos de degradação. 30
9.2.2. Qualificação de produtos de degradação por estudos de comparabilidade . 32
9.2.3. Metabólitos, dados de literatura e estudos de toxicidade .............................. 33
10. RECOMENDAÇÕES PARA PRODUTOS PARA OS QUAIS A NORMA NÃO É
APLICÁVEL .......................................................................................................................... 33
10.1. Medicamentos em desenvolvimento clínico .................................................... 33
10.2. Medicamentos contendo IFA obtidos por fermentação .................................. 34
10.3. Medicamentos contendo IFA sintético em associação ................................... 34
10.4. Medicamentos contendo IFAs enquadrados no inciso IV do Art. 3º da RDC nº
XX, de XXX ........................................................................................................................ 34
10.5. Medicamentos contendo IFAV ........................................................................... 37
11. LISTA DE SIGLAS ...................................................................................................... 40
12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 41
Anexo I - Avaliação de impacto da variabilidade analítica nos cálculos de balanço de
massas via cálculos de propagação de erros .................................................................. 43
1. ESCOPO
Este Guia tem o objetivo de expor a opinião da Agência e demonstrar o melhor
entendimento para o cumprimento da Resolução-RDC nº XX, de XX, de XXXXX de XXX
(1), denomina neste guia como “Resolução”, no que se refere à realização de estudos de
degradação forçada em medicamentos e aos procedimentos para a notificação,
identificação e qualificação de produtos de degradação.
As definições adotadas neste guia são as mesmas utilizada no Art. 4° da RDC XX/XXXX.
Adicionalmente, a definição de método indicativo de estabilidade está apresentada na RDC
318/2019 (2), que trata da realização de estudos de estabilidade em medicamentos.
2. INTRODUÇÃO
Conforme definido na RDC XX/XXXX (1), o perfil de degradação é a descrição dos
produtos de degradação observados no insumo farmacêutico ativo (IFA) ou no produto
acabado (1,3). Os produtos de degradação, por sua vez, são definidos como impurezas
resultantes de alterações químicas do IFA que surgem durante a fabricação ou
armazenamento do medicamento pelo efeito de fatores como luz, temperatura, pH e água,
ou pela reação com um excipiente ou com o sistema de embalagem (1,3).
Em estudos bem desenvolvidos, o perfil de degradação real costuma estar contido no perfil
de degradação obtido no estudo de estabilidade acelerado. Para esse estudo, que é,
primariamente, preditivo da estabilidade do medicamento, o perfil de degradação obtido
pode ser relevante em situações especiais, como nos casos de concessão de prazo de
validade provisório.
Por estes motivos, é necessário que haja evidências de que o método é indicativo de
estabilidade antes do início do estudo. Assim, o estudo de degradação forçada é realizado,
com o objetivo de causar deliberadamente a degradação em maior escala do IFA ou
medicamento, por meio da exposição da amostra a condições de estresse mais vigorosas
que aquela praticada no estudo de estabilidade de longa duração. O estudo de degradação
forçada é, portanto, a ferramenta utilizada para o desenvolvimento de método indicativo
de estabilidade.
No entanto, é importante observar que, uma vez que o perfil de degradação depende das
condições de estresse às quais se expõe o produto, o perfil obtido na degradação forçada
não será igual aos obtidos nos estudos de estabilidade. Daí a necessidade da realização
de degradação forçada em diversas condições para gerar a maior quantidade de produtos
de degradação possível, de modo a abarcar todos os eventuais produtos de degradação
que poderão aparecer nos estudos de estabilidade. Na prática, percebe-se que geralmente
aparecem mais produtos de degradação no estudo de degradação forçada do que nos
estudos de estabilidade. Portanto, o perfil do estudo de degradação forçada (denominado
perfil de degradação potencial) é, em geral, maior que o perfil de degradação real.
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Guia para realização dos estudos de degradação forçada em medicamentos e para a notificação, identificação e
qualificação de produtos de degradação
Guia nº XX/XXXX – versão 1, de XX/XX/XXXX (fonte Arial – tamanho 9 - itálico)
Perfil de degradação
potencial (degradação
forçada)
Perfil de degradação da
estabilidade acelerada
Perfil de degradação
real (estabilidade de
longa duração)
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Guia para realização dos estudos de degradação forçada em medicamentos e para a notificação, identificação e
qualificação de produtos de degradação
Guia nº XX/XXXX – versão 1, de XX/XX/XXXX (fonte Arial – tamanho 9 - itálico)
aceitas, desde que possuam embasamento científico e que cumpram os requisitos
preconizados na Resolução.
3. BASE LEGAL
Resolução - RDC n° XX, de XX de XXXX de XXXX, publicada no DOU de XX de XXXX de
XXXX (1).
Para os casos em que o estudo é aplicável, o estudo de degradação forçada deve ser
realizado para:
a. registro de medicamentos.;
b. inclusões de novas concentrações;
c. alterações pós-registro em que é necessária a adequação do produto (Art 22 da
Resolução;
d. casos em que a Anvisa solicitar a adequação do produto (Art. 23, §3°)
Observe-se que o fato de um método estar descrito em monografia oficial, mesmo que em
farmacopeia aceita pela Anvisa, não é considerada comprovação suficiente de que ele é
indicativo de estabilidade. O poder indicativo de estabilidade do método deve ser avaliado
mesmo que se trate de um método farmacopeico.
Quanto à realização do estudo por risco sanitário, prevista no Art. 23, §3° da Resolução,
esta poderá ser solicitada mesmo que não haja nenhuma mudança pós-registro em aberto
para o produto. Exemplos de situações em que a solicitação pode ocorrer incluem:
a. relatos de eventos adversos associados a um medicamento significativamente maiores
que outros medicamentos de igual IFA, forma farmacêutica e concentração, que
possam de alguma forma estar ligados à formação de produtos de degradação ou à
redução no teor do IFA;
b. identificação, com critérios técnicos e científicos, de alta probabilidade de formação de
um produto de degradação de toxicidade potencial mais elevada que o IFA, estando ou
não associada a uma formulação específica, que possa colocar em dúvida a relação
benefício/risco do medicamento.
O cumprimento do item “c” descrito nos parágrafos anteriores está condicionado à correta
elaboração de testes de adequação do sistema. Por exemplo, para métodos em que a
sensibilidade é crítica, é recomendável incluir soluções de verificação da relação
sinal/ruído. Já para métodos em que a resolução é crítica ou que tem como característica
uma variação muito grande dos tempos de retenção, é importante incluir soluções de
verificação da resolução entre o ativo e o produto de degradação mais próximo, ou entre
dois produtos de degradação muito próximos.
Conforme orientado na Resolução, nos casos em que essa avaliação já tenha sido
realizada (por exemplo, no caso de desenvolvimento de medicamentos novos em que o
IFA foi desenvolvido pelo fabricante do medicamento ou nos casos em que foi realizada
pesquisa extensa sobre o IFA para desenvolvimento do medicamento), a análise teórica
prévia não precisa ser repetida. Nessas situações, recomenda-se que a empresa informe
claramente, na petição objeto de análise, onde as informações de análise teórica prévia
estão localizadas (por exemplo, na seção de impurezas do IFA, na seção de
desenvolvimento do medicamento etc.).
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Guia para realização dos estudos de degradação forçada em medicamentos e para a notificação, identificação e
qualificação de produtos de degradação
Guia nº XX/XXXX – versão 1, de XX/XX/XXXX (fonte Arial – tamanho 9 - itálico)
alterações não impactarão de modo significativo no perfil de degradação potencial do
produto.
Um racional semelhante ao descrito no parágrafo anterior pode ser usado para avaliação
da necessidade de realização do estudo de degradação forçada em diferentes
concentrações de um mesmo produto, conforme descrito no Art. 8° da Resolução.
Exemplos de situações em que não se espera a realização de um perfil de degradação
para cada concentração do medicamento incluem os casos de formulações
completamente proporcionais (por exemplo, comprimidos e cápsulas, para os quais as
diferentes concentrações resultam de compressão ou encapsulamento de diferentes
quantidades de um mesmo bulk) ou formulações que se diferenciem exclusivamente pelo
corante utilizado. Quando as concentrações não forem completamente proporcionais, é
esperado que seja apresentado um racional para justificar a concentração selecionada
para realização do estudo. Em alguns casos, essa justificativa pode estar relacionada à
maior presença de IFA na formulação. Em outros, a presença de um excipiente com
potencial impacto na degradação do IFA (por exemplo, excipiente higroscópico ou com
alta concentração de peróxidos) pode justificar a realização do estudo na condição em que
a concentração do excipiente seja maior. Nas situações em que não for possível
determinar qual é o caso mais crítico a ser avaliado, recomenda-se que sejam avaliadas
ao menos a maior a menor concentração do produto.
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Guia para realização dos estudos de degradação forçada em medicamentos e para a notificação, identificação e
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Guia nº XX/XXXX – versão 1, de XX/XX/XXXX (fonte Arial – tamanho 9 - itálico)
há risco significativo de mudança do perfil de degradação do medicamento, decorrente da
mudança no IFA.
Para medicamentos contendo IFAs associados, é requerido que o estudo seja realizado
nos IFAs isolados, nos IFAs associados e no medicamento, nas mesmas condições
experimentais. Quando houver dados que evidenciem que os IFAs associados não
interagem entre si por via química ou física ou, ainda, quando a formulação proposta para
registro promover separação física completa entre os IFAs, o estudo de degradação dos
IFAs em associação poderá ser dispensado. Nesses casos, recomenda-se que sejam
apresentados os dados disponíveis (por exemplo, estudos prévios, dados robustos de
literatura) que demonstram a ausência de interação físico-química entre os IFAs ou
justificativa técnica capaz de demonstrar que a forma farmacêutica do produto não permite
o contato entre os IFAs (por exemplo, grânulos separados em cápsulas).
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Guia para realização dos estudos de degradação forçada em medicamentos e para a notificação, identificação e
qualificação de produtos de degradação
Guia nº XX/XXXX – versão 1, de XX/XX/XXXX (fonte Arial – tamanho 9 - itálico)
Conforme estabelecido na Resolução, os estudos em fase líquida do produto acabado
podem ser dispensados para medicamentos de forma farmacêutica sólida desde que os
estudos realizados com o IFA, em fase líquida e em fase original, e o com o medicamento,
em fase original, sejam adequados para comprovar o poder indicativo de estabilidade do
método. Essa justificativa se aplica tanto para medicamentos que são administrados em
fase sólida (por exemplo, comprimidos, cápsulas duras etc.), como para medicamentos
que são acondicionados em fase sólida, mas administrados em fase líquida antes do uso
(por exemplo, pós liofilizados para solução injetável, comprimidos efervescentes etc.).
Além das justificativas gerais sobre a não aplicabilidade dos estudos em fase líquida para
medicamentos em formas farmacêuticas sólidas, caso alguma das condições listadas não
possa ser empregada, seja devido às características inerentes à amostra, seja por não
serem aplicáveis, deverá ser apresentada justificativa técnica.
Considera-se que não é “possível” aplicar uma condição quando esta causa na amostra
uma alteração que resulta em total inviabilidade técnica de realização da análise que não
pode ser contornada. A argumentação de que em condição de armazenamento e/ou de
uso do produto não ocorre o referido estresse não é aceita como justificativa técnica para
a não execução de determinada condição de degradação. Por exemplo, não se considera
adequado não realizar o estudo de degradação fotolítica porque o produto será
armazenado em embalagem fotoprotetora.
Quanto aos estudos de oxidação, é esperado que o estudo seja realizado em condições
que permitam simular diferentes mecanismos de degradação oxidativa, de modo gerar o
um perfil de degradação potencial adequado. Uma estratégia considerada adequada é a
que prevê a realização dos estudos em três condições: peróxido de hidrogênio
(simulações de reações nucleofílicas) + iniciador radicalar (simulação de reações
radicalares) + metais de transição (simulação de reações que ocorrem por transferência
de elétrons) (7).
Conforme previsto no § 4º do Art. 10, Nos casos em que as três condições de oxidação
não forem testadas, a empresa poderá apresentar justificativas técnicas para as condições
de oxidação selecionadas para avaliação. Essas justificativas podem incluir estudos de
avaliações teóricas (dados de literatura, informações obtidas de ferramentas in silico,
racional teórico fundamentado etc.) que demonstrem que a oxidação do IFA por
determinado mecanismo de reação não é possível ou, ainda, dados de estudos prévios,
realizados em fase de desenvolvimento, que demonstrem que o IFA em quais condições
de degradação oxidativa o IFA é susceptível à degradação.
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Guia para realização dos estudos de degradação forçada em medicamentos e para a notificação, identificação e
qualificação de produtos de degradação
Guia nº XX/XXXX – versão 1, de XX/XX/XXXX (fonte Arial – tamanho 9 - itálico)
4.6. Parâmetros de degradação (endpoints)
As condições específicas utilizadas para degradação da amostra (parâmetros) deverão ser
ajustadas com base no IFA específico e no tipo de forma farmacêutica a ser estudada.
Esses parâmetros devem ser variados para que se atinja uma redução significativa da
intensidade do pico principal (queda de teor do IFA), idealmente sem ocorrer geração de
produtos de degradação secundários.
Embora não haja uma padronização específica sobre os parâmetros (endpoints) a serem
usados nos estudos de degradação forçada, dados de literatura (ex: (8,9)) podem ser
utilizados para justificar os endpoints propostos.
Não se espera que determinado endpoint seja considerado “melhor”, visto que diferentes
conjuntos de parâmetros selecionados podem gerar resultados adequados. Por outro lado,
por se tratar de uma avaliação científica, é sempre recomendado ajustar as condições
experimentais de acordo com o material que está sendo testado. A experiência adquirida
pelas indústrias e pela academia são essenciais para refinar as condições experimentais
caso a caso.
Como descrito anteriormente, os parâmetros do estudo devem ser variados para que a
degradação aceitável seja atingida em cada condição ou até que se verifique a estabilidade
do IFA isolado ou na formulação. Para estudos em fase líquida, os seguintes parâmetros
podem ser variados, a critério da empresa e com base no racional por ela estabelecido:
a. Tempo de exposição;
b. Temperatura, e
c. Concentração do agente degradante.
Nas reações de oxidação iniciadas por peróxidos, não se recomenda que sejam realizadas
variações de temperatura, visto que o aumento de temperatura resulta em clivagem do
agente degradante, com formação de radicais livres e degradação do IFA por mecanismos
de reação diferentes dos propostos para esse tipo de estudo.
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Guia para realização dos estudos de degradação forçada em medicamentos e para a notificação, identificação e
qualificação de produtos de degradação
Guia nº XX/XXXX – versão 1, de XX/XX/XXXX (fonte Arial – tamanho 9 - itálico)
d. a temperatura da reação deve ser controlada em um faixa que seja suficiente para gerar
radicais metila (C·), mas evitar a geração de radicais peróxidos (geralmente
temperaturas em torno de 40°C são recomendadas) (7)
Caso a amostra não seja solúvel em água, se a empresa optar por utilizar solventes
orgânicos para a diluição da amostra antes da degradação, recomenda-se uma avaliação
criteriosa sobre a possibilidade de o solvente selecionado reagir com o produto, gerando
produtos não compatíveis com condições reais.
É relevante que seja avaliada a pureza de pico do(s) IFA(s) e de outros picos de interesse,
tais como metabólitos ativos e outros produtos de degradação que sejam encontrados em
quantidades mais elevadas.
Nos casos descritos acima e em outros casos nos quais não for possível demonstrar a
pureza cromatográfica do IFA e de outros picos de interesse, a empresa deverá assegurar
que não há coeluição, por meio do uso de técnicas analíticas adequadas. Por exemplo,
um método cromatográfico ortogonal (com seletividade completamente diferente) que
avalie o número e a intensidade dos picos nos dois métodos pode ser utilizado. Para
análises por HPLC, a alteração completa da seletividade para o desenvolvimento de
métodos ortogonais costuma ser realizada por meio de alteração do modificador orgânico
ou da fase estacionária (12). Não é esperado pela Agência que o uso dessas técnicas seja
frequentemente necessário. A avaliação de pureza cromatográfica por outros meios pode
ser necessária particularmente quando forem usados detectores que não dispõem da
ferramenta peak purity.
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Guia para realização dos estudos de degradação forçada em medicamentos e para a notificação, identificação e
qualificação de produtos de degradação
Guia nº XX/XXXX – versão 1, de XX/XX/XXXX (fonte Arial – tamanho 9 - itálico)
O objetivo do teste de pureza de pico é assegurar que não há coeluição de algum produto
de degradação com o IFA, o que acarretaria a não-detecção deste produto de degradação.
A justificativa de balanço de massas dentro dos limites esperados não é considerada
adequada para excluir a necessidade de se realizar o teste de pureza de pico. Isso porque
um balanço de massas dentro de uma faixa aceitável pode ser obtido em situações nas
quais ocorre coeluição, principalmente considerando a provável semelhança estrutural
entre o produto de degradação e o IFA. Essa situação é mais relevante ainda para os
métodos que preveem a utilização de método de quantificação por normalização de área,
que consideram também o pico do IFA para quantificação dos produtos de degradação.
Neste contexto, as duas avaliações (pureza de pico e balanço de massas) são
complementares.
Quando a empresa optar por utilizar métodos diferentes para quantificação de teor e
produtos de degradação, o estudo de degradação forçada deverá ser conduzido para
ambos os métodos. Nesses casos, recomenda-se que as mesmas amostras sejam
testadas em ambos os métodos (ver o item 7. INTERPRETAÇÃO DOS
RESULTADOS DOS ESTUDOS DE DEGRADAÇÃO FORÇADA). Destaca-se que o teste
de teor não está isento da comprovação da seletividade do método, conforme requisitos
da normativa de validação analítica vigente. Da mesma forma, quando esse método é
utilizado para fins de estabilidade, é requisitada comprovação de que se trata de um
método indicativo de estabilidade, conforme requisitos da normativa de estabilidade
vigente. Portanto, será necessário comprovar que o método é capaz de detectar mudanças
na concentração do ativo (seletividade), exigindo, em geral, a condução do estudo de
degradação forçada.
Em casos específicos, é possível solicitar que o teste de produtos de degradação não faça
parte da especificação de liberação do produto. Para este caso, recomenda-se enviar
justificativa baseada não apenas em dados teóricos, mas, também, com dados históricos
que demonstrem que não são formados produtos de degradação durante o processo de
produção, contemplando a avaliação de vários lotes de produção. Em geral, os resultados
dos três lotes submetidos ao registro não são considerados suficientes para esse tipo de
solicitação. Além deve incluir a avaliação de vários lotes de produção é recomendável que
os dados sejam subsidiados por uma validação robusta de processo produtivo.
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Guia para realização dos estudos de degradação forçada em medicamentos e para a notificação, identificação e
qualificação de produtos de degradação
Guia nº XX/XXXX – versão 1, de XX/XX/XXXX (fonte Arial – tamanho 9 - itálico)
Sempre que possível, sugere-se registrar todos os produtos de degradação encontrados,
com seus resultados individuais. É obrigatória a especificação individual dos produtos de
degradação cujos resultados estejam acima do limite de identificação e qualificação.
Alternativamente, quando houver muitos produtos de degradação, pode ser descrito o
maior resultado, porém todos os produtos de degradação acima do limite de notificação
devem fazer parte do cálculo total de produtos de degradação. Impurezas que não são
produtos de degradação (por exemplo, impurezas de síntese do IFA, impurezas de
excipientes), podem ser excluídas do cálculo de produtos de degradação totais do
medicamento, desde que justificado (3).
Além dos picos presentes no placebo, podem ser desconsiderados picos que resultem em
uma porcentagem do total de área que não seja relevante para o resultado. Recomenda-
se que seja usado como limite de integração o limite de notificação, conforme no Anexo I
da Resolução. A empresa pode utilizar outro limite, desde que devidamente justificado.
Caso seja necessário trabalhar com uma amostra na qual o IFA esteja em concentração
acima do seu limite superior de quantificação, é possível utilizar um volume de injeção
menor ou diluir a amostra a fim de avaliar a porcentagem de degradação do IFA. Neste
caso, a amostra não diluída deve ser injetada nas condições do método para avaliar a
porcentagem de impurezas. Outra opção, neste caso, seria avaliar a porcentagem de
degradação por meio da análise simultânea da amostra por outro método que seja
comprovadamente indicativo de estabilidade para teor.
Para cada uma das condições avaliadas, recomenda-se tabelar os resultados de cada
produto de degradação, do total de produtos de degradação e da porcentagem de
degradação do(s) IFA. Os resultados obtidos serão utilizados para fins de cálculos de
balanço de massas, conforme descrito a seguir.
Este conceito, que está baseado na lei da conservação da massa, é um guia científico útil
para a avaliação dos dados, mas nem sempre pode ser atingido. Assim, o foco da análise
não deve ser direcionado exclusivamente para a obtenção de resultados próximos de
100%, mas para confirmação da seletividade do método, investigação completa das vias
de degradação e, se necessário, identificação de produtos de degradação que possam
servir de indicadores para avaliar a extensão da degradação por meio de uma via
específica (15).
Entre outras razões, a avaliação do balanço de massas é útil para: 1) demonstrar que não
são formados produtos de degradação significativos (e potencialmente tóxicos) que não
estão sendo detectados; 2) auxiliar na demonstração do poder indicativo de estabilidade
do método, ao indicar que quedas de teor são acompanhadas de aumento proporcional
dos níveis de produtos de degradação; 3) entender melhor as diferentes vias de
degradação do IFA (15).
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Guia para realização dos estudos de degradação forçada em medicamentos e para a notificação, identificação e
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Guia nº XX/XXXX – versão 1, de XX/XX/XXXX (fonte Arial – tamanho 9 - itálico)
Para fins de exemplo de cálculo, considere o seguinte exemplo hipotético:
• Teor do IFA na amostra não degradada (Ti): 97,2%
• Somatório de produtos de degradação na amostra não degradada (PDi): 0,3%
• Teor do IFA na amostra após degradação (TD): 80,6%
• Somatório de produtos de degradação na amostra após degradação (PDD): 5,7%
O balanço de massa simples (BM) é calculado pela adição do teor do IFA na amostra após
degradação ao somatório de produtos de degradação na amostra após degradação (16).
Matematicamente, pode ser expresso por:
BM = TD + PDD
Embora seja facilmente calculado, por não levar em consideração o teor do IFA na amostra
inicial, o balanço de massas simples pode levar a interpretações errôneas sobre os
resultados obtidos, especialmente nos casos em que o teor do IFA na amostra se distancia
do resultado teórico esperado (100%).
O balanço de massa relativo (BMR) é calculado pela relação percentual entre o aumento
de produtos de degradação e a queda de teor (16). Matematicamente, pode ser expresso
por:
No exemplo citado, o valor calculado seria 100 x (5,7 – 0,3)/ (97,2 – 80,6)= 32,5%.
No exemplo citado, o valor calculado seria 100% - [100 x (5,7 – 0,3)/ (97,2 – 80,6)] = 67,5%.
Baixa recuperação
Diferença de fator Química não
do produto de
de resposta compreendida
degradação
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No que se refere às considerações sobre aos impactos da variabilidade analítica no cálculo
de balanço de massas, entende-se que o principal foco da avaliação dos resultados deva
ser garantir a especificidade do ensaio, a investigação completa das rotas de degradação
e, se necessário, o uso dos produtos de degradação identificados, como indicadores da
extensão de degradação via mecanismos específicos, conforme descrito anteriormente.
Quando justificativas relacionadas à variabilidade do método forem apresentadas, essas
devem ser cientificamente embasadas e tecnicamente justificadas. Um exemplo de
avaliação de impacto da variabilidade analítica nos cálculos de balanço de massas, por
meio de avaliação de propagação de erros, é apresentado no Anexo I.
Ainda, ao final da análise crítica, espera-se uma avaliação sobre as condições às quais o
produto é particularmente sensível, considerando, entre outros fatores, o processo de
fabricação proposto e a influência dos excipientes na rota de degradação. No exemplo 1,
o produto é sensível ao aquecimento e a pH ácido. Portanto, o aquecimento do produto e
o uso de pH ácido para a formulação devem ser avaliados com cautela. Já no exemplo 2,
nota-se sensibilidade à oxidação e à fotólise. Neste caso, pode ser necessária uma
reavaliação da formulação (por exemplo, a adição de antioxidantes à formulação pode ser
considerada) e o uso de embalagens com maior potencial fotoprotetor e com menor
permeabilidade ao oxigênio. Também é necessária uma avaliação crítica do processo
produtivo e dos controles necessários durante a fabricação do medicamento. No exemplo
2 é possível avaliar a necessidade de uso de nitrogênio em determinadas etapas do
processo produtivo ou a necessidade manipulação em condições de iluminação específica.
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Guia para realização dos estudos de degradação forçada em medicamentos e para a notificação, identificação e
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passa não somente pela correta realização do estudo de degradação forçada, mas pela
avaliação teórica prévia das possíveis rotas de degradação do IFA e do produto.
Outra avaliação importante que pode ser realizada quando os resultados dos estudos de
estabilidade já estiverem disponíveis é a avaliação do aumento de produto(s) de
degradação nos casos em que ocorre redução do teor do IFA, consideradas as variações
analíticas inerentes. Nos casos em que os métodos foram adequadamente desenvolvidos,
é esperado que, nos estudos de estabilidade, a queda de teor do IFA seja acompanhada
de aumento proporcional de produtos de degradação. Da mesma forma, não se espera
que os produtos de degradação aumentem de maneira significativa sem que ocorra queda
no teor do ativo. Reduções de teor do IFA nos estudos de estabilidade desacompanhadas
de aumento de produtos de degradação podem indicar que alguma via de degradação do
medicamento não está sendo adequadamente monitorada. Neste caso, pode ser
necessário reavaliar o estudo de degradação forçada para verificar os resultados obtidos,
avaliar as condições testadas e identificar possíveis vias de degradação não monitoradas
por meio de estudos mais aprofundados. Nos casos em que há formação de produtos de
degradação sem a queda correspondente do teor, uma análise mais aprofundada sobre
itens como, por exemplo, a seletividade do método de teor e a perda de peso do produto
(no caso de medicamento de base líquida) pode ser necessária.
As informações a serem incluídas na avaliação teórica prévia estão descritas no item 4.2.
Avaliação teórica prévia.
Na análise crítica, espera-se que seja apresentada discussão sobre o balanço de massas,
sobre o perfil de degradação potencial do IFA, sobre o poder indicativo de estabilidade do
método e sobre as condições especificas às quais o medicamento é sensível, conforme
discutido na seção 7.3. Análise crítica dos resultados.
As justificativas são aplicáveis nos casos em que a empresa optar por não cumprir todos
os requisitos específicos da Resolução, conforme descrito ao longo deste guia.
Recomenda-se que todas as justificativas referentes aos estudos de degradação forçada
sejam incluídas em uma única seção do relatório ou em um único documento isolado, de
modo a evitar que informações importantes se percam e dirimir dúvidas no momento da
análise técnica.
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c. Descrição da situação atual do produto e do método de análise, indicando se
alguma alteração pós-registro foi necessária para a adequação e precisa ser
analisada em conjunto;
d. Estudos do perfil de degradação forçada, conforme requisitos da Resolução;
e. Estudos de estabilidade acelerado e de longa duração que demonstrem
cumprimento dos Artigos XX e XX da RDC XX/XXXX. Os estudos a serem
apresentados (acelerado, longa duração e/ou acompanhamento) serão discutidos
com a empresa no caso específico, levando em consideração os motivos que
levaram a Anvisa a solicitar a adequação.
f. Dados de identificação dos produtos de degradação que superem os limites
descritos no Anexo 1 da Resolução.
g. Dados de qualificação dos produtos de degradação que superem os limites
descritos no Anexo 1 da Resolução ou que se enquadrem no Art. 18, § 5º.
Para medicamento de uso tópico, a dose máxima, embora difícil, não é impossível de ser
estimada (ver, por exemplo, a revisão elaborada por (18)). Procedimentos devidamente
justificados e bem embasados podem ser aceitos. Outra opção, que pode ser utilizada como
modelo do tipo "pior caso" seria considerar como dose máxima diária a utilização de todo o
conteúdo da maior apresentação e maior concentração disponível do produto.
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Guia para realização dos estudos de degradação forçada em medicamentos e para a notificação, identificação e
qualificação de produtos de degradação
Guia nº XX/XXXX – versão 1, de XX/XX/XXXX (fonte Arial – tamanho 9 - itálico)
Nos casos em que a dose máxima diária do medicamento é expressa por peso ou superfície
corporal, dados populacionais (por exemplo, dados do IBGE ou tabelas padronizadas da
OMS) são recomendadas para fins de cálculo de dose máxima. A estratégia de uso de peso
médio adulto de 50 kg, utilizada no guia ICH Q3C não é recomendada no cenário de cálculo
de dose máxima para fins de avalição de limites de produtos de degradação. Isso porque os
cálculos propostos nos guias são diferentes. No cenário de avaliação de PDE (limites máximos
permitidos), a avaliação do limite da impureza é realizada de modo direto e quanto menor o
peso proposto, menor o limite permitido. Assim, neste contexto, o uso de um peso baixo, de
50 kg, é uma abordagem conservadora. Por outro lado, para o cálculo de limites de produtos
de degradação, a avaliação do limite permitido é realizada de modo direto e inversamente
proporcional à dose máxima do IFA. Neste contexto, quanto menor o peso proposto, maior o
limite permitido. Neste segundo cenário, o uso de um peso baixo, de 50 kg, é uma abordagem
permissiva. Considerando a abordagem de uso de dados do IBGE, os valores recomendados
para uso são os maiores valores medianos de altura e peso. Os dados mais recentes
disponíveis para adultos, por exemplo, correspondem a 173 cm de altura e 72,7 kg de peso1
(19).
A identificação dos produtos de degradação deve ser realizada nas situações previstas na
Resolução de produtos de degradação.
Quando a empresa optar por adotar abordagens analíticas para a qualificação das impurezas,
previstas nos incisos II e V do Art. 19), recomenda-se seguir as orientações descritas a seguir,
nos subitens 9.2.1 e 9.2.2.
1
Estes dados deverão ser atualizados a partir da divulgação das informações coletadas por meio do Censo 2022.
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qualificação de produtos de degradação
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O inciso II do Art. 19 da RDC XX considera qualificados os limites de aceitação propostos
quando presentes em compêndios oficiais. Os compêndios aceitos pela Anvisa estão
definidos na Resolução nº 511/2021 (20).
Conforme previsto na Resolução, este tipo de qualificação se aplica aos casos algum dos
compêndios oficiais listados disponibiliza a monografia do produto objeto de análise (mesmo
produtos) na mesma forma farmacêutica, para a mesma via de administração proposta. Para
tanto, o requerente deverá apresentar breve justificativa na petição de registro ou pós-registro
para a utilização de tais limites, considerando as características de uso do produto, incluindo
a forma farmacêutica e a via de administração proposta. As especificações descritas na
monografia do produto acabado devem ser adotadas integralmente pela empresa. Pode ser
aceita a inclusão de testes além dos especificados na monografia e a restrição dos limites
propostos para os testes elencados na monografia. Deve ser apresentada a cópia da
monografia vigente na íntegra. Entende-se que impurezas advindas inicialmente do IFA, mas
que também são esperadas no produto acabado em limites superiores aos limites de
identificação e controle sugeridos pelos guias internacionais, estarão descritas na monografia
do produto acabado.
Quando a monografia do produto acabado não está disponível, outras monografias (do IFA
ou de produtos acabados semelhantes) não podem ser utilizadas, de maneira isolada, para
justificar a qualificação de impurezas. No que se refere ao IFA, é importante esclarecer que a
monografia do insumo se aplica apenas a ele, dado que outros fatores, que não só a entidade
molecular em si, podem influenciar na formação de impurezas. A presença de impurezas,
resíduos de catalisadores e solventes, a interação com os excipientes e o impacto das etapas
posteriores da produção, dentre outros fatores, podem afetar a formação de impurezas no
produto acabado. Da mesma forma, diferenças na rota de síntese podem ser de grande
relevância no perfil de degradação, principalmente no caso de moléculas complexas com
grande número de grupos funcionais. No que se refere a alterações de formas farmacêuticas,
as alterações de processo produtivo e excipientes também podem impactar significativamente
o perfil de degradação do produto. De modo mais significativo, a via de administração é um
item de relevância maior quando da avaliação da segurança do medicamento, uma vez que
impurezas administradas por vias diferentes podem apresentar maior ou menor toxicidade, a
depender de fatores toxicocinéticos tais como absorção, biodisponibilidade e efeito de primeira
passagem.
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9.2.2. Qualificação de produtos de degradação por estudos de comparabilidade
Neste contexto, a primeira etapa para a verificação da possibilidade de uso desta via de
qualificação é a verificação da existência de um medicamento comparador adequado. O
medicamento comparador pode ser o medicamento de referência ou medicamento genérico
ou similar ao produto objeto de análise. Independente do produto escolhido, o medicamento
comparador deve ter se adequado previamente aos requisitos da Resolução, o que significa
dizer que produto deve ter solicitado o registro ou mudança pós-registro que requeira
adequação à RDC 53/2015 ou a RDC XXX após os prazos de vigência estabelecidos na RDC
53/2015 (21). A petição em que aconteceu a adequação deve ter sido analisada pela Agência.
As informações sobre as petições protocoladas para cada produto e deferidas podem ser
consultadas no DOU. Caso não haja medicamento (de referência, genérico ou similar) que se
enquadre na situação descrita, esta via de qualificação de produtos de degradação não pode
ser usada para o produto.
Nos casos em que essa via de qualificação for aplicável, a avaliação levará em conta fatores
como a similaridade de perfil de degradação entre os medicamentos comparados, e os limites
e concentrações das impurezas que foram aprovados no registro do medicamento
comparador em relação aos solicitados pelo medicamento comparado. Nesse caso, não é
necessário o envio do aditamento de qualificação de impurezas e produtos de degradação.
Para o estudo analítico comparativo, o perfil analítico do medicamento sob análise deve ser
comparado ao perfil analítico do medicamento comparador usando um mesmo método
analítico validado e comprovadamente indicativo de estabilidade (por exemplo, estudo
comparativo de perfis cromatográficos, via HPLC). É recomendável que as amostras utilizadas
nos estudos comparativos possuam “idade” semelhante para que a comparação seja
significativa. O produto de degradação poderá ser considerado qualificado se a quantidade de
produto de degradação identificada no medicamento sob análise for similar aos níveis
observados no medicamento comparador. Os limites do produto de degradação que está
sendo qualificado devem ser ajustados com base nos limites de degradação observados no
medicamento comparador (22,23,5).
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previsto na Resolução. A fim de facilitar a análise, recomenda-se que os resultados dos
estudos realizados com o medicamento comparador sejam apresentados.
Mais informações sobre esses procedimentos para qualificação de impurezas podem ser
encontradas no documento “Perguntas e Respostas: Fluxo de análise de qualificação de
impurezas e produtos de degradação de medicamentos classificados como sintéticos e
semissintéticos”.
/10/2017
10. RECOMENDAÇÕES PARA PRODUTOS PARA OS QUAIS A NORMA NÃO É
APLICÁVEL
Para medicamentos na fase de registro, é indispensável o cumprimento das duas partes, que
estão associadas à demonstração de eficácia, segurança e qualidade, fundamentais ao
registro. Para um produto em investigação, que será submetido a um ensaio clínico, é
desejável que se tenha uma confirmação em grau razoável da eficácia e segurança, para
assegurar a segurança dos sujeitos de pesquisa, porém é plausível considerar que alguns
atributos de qualidade ainda não estejam definidos de maneira conclusiva. Por isso, o
cumprimento da primeira parte da RDC XX/XX pode não ser totalmente atendido, desde que
seja demonstrado que o produto pode ser administrado com segurança aos sujeitos.
Entretanto, se o produto sob investigação não for submetido a estudo de estabilidade com
método analítico adequado, haverá dificuldade em determinar, nas etapas seguintes, quais
são, de fato, os atributos de qualidade fundamentais do medicamento. Mais especificamente,
se o método utilizado no estudo de estabilidade do produto sob investigação não for indicativo
de estabilidade para produtos de degradação, não será possível definir o perfil de degradação
do medicamento, e disso surgirão dois problemas:
a. a segurança aos sujeitos de pesquisa não poderá ser confirmada, visto que não é
confirmada a identidade, qualidade e pureza do medicamento em investigação;
b. após o estudo, no momento do registro, poderá não haver dados suficientes para
definição das especificações de produtos de degradação (por exemplo, caso
determinado produto de degradação esteja acima do limite de qualificação, não será
possível saber se o mesmo ocorreu com o produto no ensaio clínico).
Neste contexto, embora o completo cumprimento dos atributos da RDC XX/XXX possa não
ser aplicável aos produtos objetos de ensaios clínicos, recomenda-se que a aplicabilidade de
conceitos semelhantes aos desta norma seja avaliada pela área responsável pela avaliação
de ensaios clínicos em cada estágio do desenvolvimento do medicamento.
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10.2. Medicamentos contendo IFA obtidos por fermentação
Os medicamentos contendo IFA obtidos por fermentação e seus derivados semissintéticos
estão isentos de cumprimento do disposto na Resolução. Conforme descrito no item anterior,
a não aplicabilidade da Resolução aos medicamentos contendo os IFA elencados está
associada aos limites determinados no Anexo I. Isso porque o processo de fermentação,
quando comparado com o processo de síntese, é mais variável e menos controlável, de modo
que o perfil de impurezas de um IFA cujo processo de fabricação envolve a fermentação pode
ser mais complexo e menos previsível do que o de um produto obtido puramente por via
sintética.
Quanto à definição das especificações, para antibióticos obtidos por vias fermentativas,
sugerimos consultar o documento “Guideline on setting specifications for related impurities in
antibiotics” (25). É importante ressaltar que a obtenção do IFA por via fermentativa não deve
ser usada como justificativa única para o estabelecimento de especificações demasiado
alargadas. Da mesma forma, é importante que haja uma compreensão adequada das etapas
de síntese e purificação após a fermentação, visto que, quanto mais etapas sintéticas/ de
purificação forem realizadas, mais puro será o IFA final. Como exemplo, o Guia do EMA, que
foi citado anteriormente e recomenda-se ser seguido, orienta que limites idênticos aos
estabelecidos na Resolução sejam adotados para IFAs semissintéticos. Conforme
mencionado no guia, “etapas de purificação e etapas subsequentes de síntese tornam
possível a obtenção de substâncias ativas com baixos níveis de impurezas. Em muitos casos,
o “material de partida” designado para as etapas de síntese é um composto bem caracterizado
e de boa pureza (por exemplo, 6-APA e 7-ACA)”.
No caso de medicamentos à base de IFAs que podem ser obtidos por vias fermentativas ou
sintéticas, como a amoxicilina, a Resolução se aplicará ao medicamento se o IFA for obtido
pela via sintética. Para o IFA obtido por via fermentativa, recomenda-se seguir a estratégia
descrita anteriormente.
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Os medicamentos contendo IFAs enquadrados no inciso IV do Art. 3º da RDC nº XX, de XXX,
são enquadrados, em sua maioria, como medicamentos específicos, conforme estabelecido
na RDC 24/2011 (26) ou medicamentos de baixo risco, notificados conforme a RDC 576/2021
(27). Para esses medicamentos, a empresa deverá quantificar, nos estudos de estabilidade,
todos os produtos de degradação listados na(s) monografia(s) farmacopeica(s) de produto
acabado e do IFA, ainda que os métodos farmacopeicos não sejam os empregados no
controle de qualidade do medicamento.
Nos casos em que não houver monografia farmacopeica para o medicamento ou para o IFA
e nos casos em que a(s) monografia(s) não incluir(em) o teste de substâncias relacionadas, o
medicamento deve ser exposto a condições de degradação em ampla faixa de pH, de
oxidação, de calor e de luz para comprovação da seletividade, durante a validação de
metodologia analítica (ou verificação da adequabilidade do método farmacopeico) do método
de teor, conforme previsto na RDC 166/2017 (28). Após comprovação da seletividade do
método e a obtenção dos resultados de estabilidade, a seguinte análise é recomendada:
Há monografia farmacopeica
para o medicamento ou IFA?
Sim Não
Nenhum teste
Não
adicional é
necessário.
Para as espécies vegetais que não possuem monografia farmacopeica, nem para o produto
acabado, nem para a droga ou para o derivado vegetal, a empresa deverá verificar na
literatura se há relatos de produtos de degradação descritos para a espécie que coloquem em
risco a segurança de uso do produto utilizado. Neste caso, quando houver documentos
recentes contendo revisões abrangentes sobre a espécie e seus constituintes, por exemplo,
os “Assessment report” publicados pela EMA/HMPC, essas revisões podem ser apresentadas
para cumprimento desse requisito.
Nos casos em que não houver nenhum dado de literatura sobre a espécie, a empresa deverá
realizar investigação sobre os principais constituintes fitoquímicos presentes e verificar a
presença de compostos de relevância toxicológica, conforme dados prévios de literatura
técnico-científica.
Sim
Há produtos de
degradação
listado na
monografia?
Sim Não
Monitorar o produto de
degradação listado. O limite Há na literatura algum
do produto de degradação no produto de degradação
medicamento deve estar de descrito como tóxico e
acordo com a especificação identificado para a espécie?
farmacopeica
Monitorar o produto de
degradação descrito. O limite do
produto de degradação no
Sim medicamento deve estar de
acordo com o limite de
segurança do produto de
degradação descrito na
literatura
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Há monografia
farmacopeica para o
medicamento?
Não
Há monografia
farmacopeica para a
droga ou derivado?
Sim Não
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11. LISTA DE SIGLAS
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12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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15 NUSSBAUM, M. A.; JANSEN, P. J.; BAERTSCHI, S. W. Role of "Mass Balance" in
Pharmaceutical Stress Testing. In: BAERTSCHI, S. W.; ALSANTE, K. M.; REED, R. A.
Pharmaceutical Stress Testing. [S.l.]: Informa Health Care, 2011.
16 IFDC. Evaluating Mass Balance. ANVISA Workshop, 16 May 2022, 2022.
17 BAERTSCHI, S. W. et al. Assessing mass balance in pharmaceutical drug products: New
insights into an old topic. Trends in Analytical Chemistry, 49, 2013.
18 CHANG, R. K. et al. Generic development of topical dermatologic products: formulation
development, process development, and testing of topical dermatologic products. The AAPS
journal, 15, n. 1, 2013. 41-52.
19 IBGE. Estimativas populacionais das medianas de altura e peso de crianças, adolescentes
e adultos, por sexo, situação do domicílio e idade, 2008. Disponivel em:
<https://sidra.ibge.gov.br/tabela/2645#resultado>. Acesso em: 21 Novembro 2022.
20 ANVISA. Dispõe sobre a admissibilidade de códigos farmacêuticos estrangeiros. RDC nº
511, de 27 de maio de 2021, 2021.
21 ANVISA. Estabelece parâmetros para a notificação, identificação e qualificação de
produtos de degradação em medicamentos com substâncias ativas sintéticas e
semissintéticas, classificados como novos, genéricos e similares, e dá outras providências.
Resolução de Diretoria Colegiada - RDC nº 53, de 4 de dezembro de 2015, 2015.
22 OMS. Annex 6 - Guidelines on submission of documentation for a multisource (generic)
finished pharmaceutical product: quality part. WHO Technical Report Series No. 986, 2014.
23 FDA. Guidance for Industry - ANDAs: Impurities in Drug, 2010.
24 ANVISA. Dispõe sobre o Regulamento para a realização de ensaios clínicos com
medicamentos no Brasil. Resolução da Diretoria Colegiada - RDC nº 9, de 20 de fevereiro
de 2015, 2015.
25 EMA. Guideline on setting specifications for related impurities in antibiotics, 2012.
26 ANVISA. Dispõe sobre o registro de medicamentos específicos. Resolução da Diretoria
Colegiada - RDC nº 24, de 14 de junho de 2011, 2011.
27 ANVISA. Dispõe sobre a notificação de medicamentos de baixo risco. Resolução RDC nº
576, de 11 de novembro de 2021, 2021.
28 ANVISA. Dispõe sobre a validação de métodos analíticose dá outras providências.
Resolulção RDC nº 166, de 24 de julho de 2017, 2017.
29 ANVISA. Dispõe sobre o registro de medicamentos fitoterápicos e o registro e a notificação
de produtos tradicionais fitoterápicos. Resolulção - RDC nº 26, de 13 de maio de 2014, 2014.
30 EMA. Guideline on specifications: test procedures and acceptance criteria for herbal
substances, herbal preparations and herbal medicinal products/traditional herbal medicinal
products. EMA/CPMP/QWP/2820/00 Rev. 2/ EMA/CVMP/815/00 Rev. 2/
EMA/HMPC/162241/2005 Rev. 2, 2011.
31 TOGINHO FILHO, D. O.; ANDRELLO, A. C. Catálogo de Experimentos do Laboratório
Integrado de Física Geral. Londrina: Universidade Estadual de Londrina, 2009.
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Anexo I - Avaliação de impacto da variabilidade analítica nos cálculos de balanço de
massas via cálculos de propagação de erros
2
Onde, (𝜎𝑎 )2 e (𝜎𝑏 ) são as varianças de cada um dos parâmetros da equação.
𝜎𝑎 2
𝜎𝑅 2 𝜎 2
) = ( ) + ( 𝑏)
(
𝑅 𝑎 𝑏
• Onde, 𝜎𝑎 e 𝜎𝑏 são os desvios padrão-relativos de cada termo da equação.
Para aplicação das equações descritas acima, é necessário que os valores de desvio padrão
relativo sejam convertidos em desvio-padrão. Tomando o exemplo descrito no item 7.2 deste
guia, se considerarmos um desvio padrão relativo de ±2% para o método de teor e de ±10%
para o método de determinação de produtos de degradação, as medidas podem descritas da
seguinte forma:
Intervalos de confiança, com 95,4% de certeza (α=0,954) são obtidos quando a média se
encontra no intervalo de ±2σ (30):
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• IC BM: (81,9% - 90,7)
• IC BMA: (82,7% - 94,3%)
• IC DAMB: (5,7% - 17,3%)
• IC BMR: (25,9% - 39,1%)
• IC DRBM: (60,9% - 74,1)
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