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ESCOLA: CEEP LEONARDO DAS DORES

PROFESSOR(A): ANNIELLE DO NASCIMENTO SILVA


TURMA: 3º ANO DE ENFERMAGEM
COMPONENTE CURRICULAR: URGÊNCIA EM ENFERMAGEM

Picadas de insetos e animais peçonhentos

Animais peçonhentos são aqueles que possuem glândulas de veneno e que


o injetam com facilidade por meio de dentes ocos, ferrões ou aguilhões. Ex.:
serpentes, aranhas, escorpiões, lacraias, abelhas, vespas, marimbondos e arraias.
Já os animais venenosos são aqueles que produzem veneno, mas não
possuem um aparelho inoculador (dentes, ferrões), provocando envenenamento
passivo por contato (lonomia ou taturana), por compressão (sapo) ou por ingestão
(peixe baiacu).
Os acidentes com animais venenosos e peçonhentos têm grande
importância médica devido a sua gravidade e frequência. Podem ser: picadas por
escorpiões, aranhas, lacraias, cobras, abelhas.

Picadas por escorpiões:

Frequentemente, a picada de escorpião é seguida de dor (moderada ou


intensa) ou formigamento no local da picada; podem ser tratados com analgésicos,
sendo fundamental observar o surgimento de outros sintomas por, no mínimo, 6 a
12 horas, principalmente em crianças menores de 7 anos e em idosos.

Sintomas de gravidade:

– náuseas ou vômito; suor excessivo; agitação; tremores; salivação;


aumento dos batimentos cardíacos e da pressão arterial.
Nestes casos, procurar atendimento hospitalar o mais rápido possível,
mantendo o paciente em repouso, para avaliação da necessidade de aplicação de
soro antiescorpiônico. Se possível, o animal que provocou a picada deve ser levado
ao serviço de saúde para identificação.
Picadas por aranhas:

As principais aranhas causadoras de acidentes no Brasil são a “armadeira”,


a marrom, a tarântula e a caranguejeira.
A armadeira quando surpreendida coloca-se em posição de ataque,
apoiando-se nas pernas traseiras, ergue as dianteiras e procura picar. A picada
causa dor imediata, inchaço local, formigamento e suor no local da picada. Deve-
se combater a dor com analgésicos e observar rigorosamente novos sintomas,
como vômitos, aumento da pressão arterial, dificuldade respiratória, tremores,
espasmos musculares, caracterizando acidente grave. Assim, há necessidade de
internação hospitalar e aplicação de soro específico.
A picada da aranha marrom provoca menos acidentes, por ser pouco
agressiva. Na hora da picada a dor é fraca e despercebida, após 12 a 24 horas
podem surgir dor local com inchaço, náuseas, mal-estar geral, manchas, bolhas e
até morte das células (necrose) no local picado. Nos casos graves, a urina fica de
cor marrom escura. Deve-se procurar atendimento médico para avaliação.
A picada da tarântula (aranha que vive em gramados ou jardins) pode
provocar pequena dor local e necrose. Utilizam-se analgésicos para alívio da dor e
não há tratamento com soro específico, assim como para as picadas de
caranguejeiras.

Algumas medidas de prevenção:

– usar calçados e luvas nas atividades rurais e de jardinagem;


– examinar e sacudir calçados e roupas pessoais, de cama e banho, antes
de usá-las;
– afastar camas das paredes e evitar pendurar roupas fora de armários;
– não acumular lixo orgânico, entulhos e materiais de construção;
– limpar regularmente atrás de móveis, cortinas, quadros, cantos de parede;
– vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos, forros, meia-canas e
rodapés;
– utilizar telas e vedantes em portas, janelas e ralos. Colocar sacos de areia
nas portas para evitar a entrada de animais peçonhentos;
– manter limpos os locais próximos das residências, jardins, quintais, paióis
e celeiros. Evitar plantas tipo trepadeiras e bananeiras junto às casas e manter a
grama sempre cortada;
– combater a proliferação de insetos, principalmente baratas e cupins, pois
são alimentos para aranhas e escorpiões;
– preservar os predadores naturais de aranhas e escorpiões como seriemas,
corujas, sapos, lagartixas e galinhas;
– limpar terrenos baldios pelo menos na faixa de um a dois metros junto ao
muro ou cercas;
– não colocar mãos ou pés em buracos, cupinzeiros, montes de pedra ou
lenha, troncos podres, etc.

Picadas por lacraias:

As “lacraias”, também conhecidas como “centopéias”, são animais


caçadores noturnos muito rápidos e têm o corpo adaptado para penetrar em frestas,
onde se escondem durante o dia. Podem medir até 23 cm e se alimentam de
insetos, lagartixas, camundongos e até filhotes de pássaros.
O veneno das lacraias é muito pouco tóxico para o homem. Embora existam
muitas lendas a respeito desse animal, não há, no Brasil, relatos comprovados de
morte nem de envenenamentos graves em acidentes com lacraias. Os sintomas
são dor forte e inchaço no local da picada. Em acidentes com lacraias grandes
também podem ocorrer febre, calafrios, tremores e suores, além de uma pequena
ferida.
As lacrais gostam muito de umidade. Como perambulam muito, é comum
penetrarem nas casas, onde causam muitos acidentes, que podem ser evitados
tomando-se as seguintes precauções:
– limpar os ralos semanalmente com creolina e água quente, e mantê-los
fechados quando não em uso;
– limpar e manter fechadas as caixas de gordura e os esgotos;
– os jardins devem ser limpos, a grama aparada e as plantas ornamentais e
trepadeiras devem ser afastadas das casas e podadas para que os galhos não
toquem o chão;
– porões, garagens e quintais não devem servir de depósito para objetos fora
de uso que possam servir de esconderijo para as lacraias;
– os muros e calçamentos devem ser cuidados para que não apresentem
frestas onde a umidade se acumule e os animais possam se esconder.
Tomando-se esses cuidados, a ocorrência de lacraias diminui muito. Mas,
em caso de acidente, evite beber álcool, querosene, cachaça, etc., pois isso só lhe
causaria intoxicação. Mantenha o local da picada o mais limpo possível. Embora o
veneno das lacraias não seja muito perigoso para o ser humano, é bom procurar
orientação médica.

Como evitar acidentes por escorpiões, aranhas e lacraias:

– manter jardins e quintais limpos. Evitar o acúmulo de entulhos, lixo


doméstico, material de construção nas proximidades das casas, inclusive terrenos
baldios;
– evitar folhagens densas (trepadeiras, bananeiras e outras) junto às casas;
– manter a grama aparada;
– em zonas rurais, casas de campo, sacudir roupas e sapatos antes de usar;
– não pôr a mão em buracos, sob pedras, sob troncos “podres”;
– usar calçados e luvas ao mexer em locais que podem abrigar escorpiões
e aranhas;
– vedar frestas e soleiras das portas e janelas ao escurecer.

Picadas por abelha:

Quadro clínico: as reações desencadeadas pela picada de abelhas são


variáveis de acordo com o local e com o número de ferroadas, as características e
o passado alérgico do indivíduo atingido.
As manifestações clínicas podem ser: alérgicas (mesmo com uma só picada)
e tóxicas (múltiplas picadas).

Manifestações:

1. Locais: habitualmente, após uma ferroada, há dor aguda local, que tende
a desaparecer espontaneamente em poucos minutos, deixando vermelhidão,
coceira e inchaço por várias horas ou dias. A intensidade desta reação inicial
causada por uma ou múltiplas picadas deve alertar para um possível estado de
sensibilidade e exacerbação de resposta às picadas subsequentes.
2. Regionais: são de início lento. Além da vermelhidão e coceira, o inchaço
evolui para o endurecimento do local, que aumenta de tamanho nas primeiras 24-
48 horas, diminuindo gradativamente nos dias subsequentes. Podem ser tão
exuberantes a ponto de limitarem a mobilidade do membro. Menos de 10% dos
indivíduos que experimentaram grandes reações localizadas apresentarão depois
reações sistêmicas.
3. Sistêmicas: apresentam-se como manifestações de reação alérgica grave,
com sintomas de início rápido, 2 a 3 minutos após a picada. Além das reações
locais, podem estar presentes sintomas como, dor de cabeça, vertigens e calafrios,
agitação psicomotora, sensação de opressão torácica (aperto no peito) e outros
sintomas e sinais, como:
– coceira generalizada, vermelhidão, urticária (placas avermelhadas na pele)
e inchaço nos vasos sanguíneos das camadas profundas da pele.
– respiratórios: rinite, inchaço de laringe provocando dificuldade para
respirar, rouquidão;
– digestivos: coceira no céu da boca ou na faringe, inchaço nos lábios,
língua, úvula e epiglote, dificuldade para engolir, náuseas, cólicas abdominais ou
pélvicas, vômitos e diarreia;
– cardiocirculatórios: a hipotensão (pressão baixa) é o sinal maior,
manifestando-se por tontura. Podem ocorrer palpitações e arritmias cardíacas
4. Reações alérgicas tardias: há relatos de raros casos de reações alérgicas
que ocorrem vários dias após a(s) picada(s) e se manifestaram pela presença de
dor nas articulações, febre e encefalite.
5. Tóxicas: nos acidentes provocados por ataque múltiplo de abelhas
(enxame) desenvolve-se um quadro tóxico generalizado denominado de síndrome
de envenenamento, por causa da quantidade de veneno inoculada. Além das
manifestações já descritas, há dados indicativos de hemólise (destruição dos
glóbulos vermelhos do sangue). Alterações neurológicas como torpor e coma,
hipotensão arterial e insuficiência renal aguda podem ocorrer.

Complicações:
As reações de hipersensibilidade podem ser desencadeadas por uma única
picada e levar o acidentado à morte, em virtude do inchaço na laringe ou choque
anafilático. Na síndrome de envenenamento, descrita em pacientes que geralmente
sofreram mais de 500 picadas, podem ocorrer distúrbios graves, como anemia
aguda, depressão respiratória e insuficiência renal aguda.
Remoção dos ferrões: nos acidentes causados por enxame, a retirada dos
ferrões da pele deverá ser feita por raspagem com lâminas e não pelo pinçamento
de cada um deles, pois a compressão poderá espremer a glândula ligada ao ferrão
e inocular no paciente o veneno ainda existente.

Picadas por cobras:

As principais cobras que provocam acidentes graves no Brasil são: a


jararaca, a surucucu, a cascavel e as corais.
O veneno da jararaca e da surucucu provoca, em até 3 horas depois da
picada:
– dor imediata;
– inchaço, calor e vermelhidão no local picado;
– hemorragia (sangramento) no local da picada ou distante dela;
– diarreia (em caso de picada por surucucu).

Complicações:

– bolhas, gangrena, acúmulo de pus, insuficiência renal aguda.


A cascavel possui veneno que não provoca reações graves no local da
picada, mas pode levar à morte.
A pessoa que foi picada pode apresentar:
– nas primeiras horas: dificuldade em abrir os olhos; “visão dupla” ou “visão
turva”; dor muscular; urina avermelhada.
– após 6-12 horas: escurecimento da urina.

Complicações: insuficiência renal aguda.

A ação do veneno das cobras corais no organismo é muito rápida; os sinais


e sintomas aparecem em questão de minutos.
Sinais e sintomas:

– dificuldade em abrir os olhos;


– desorientação;
– falta de ar;
– dificuldade em engolir;
– insuficiência respiratória aguda.

O que fazer em caso de acidentes com picadas de cobras:

Muitas vezes, mesmo adotando cuidados de prevenção, podem ocorrer


acidentes com cobras. Como medida de primeiros socorros, até que se chegue ao
serviço de saúde para tratamento, recomenda-se:
– NÃO amarrar ou fazer torniquetes, o que impede a circulação do sangue,
podendo produzir necrose ou gangrena;
– NÃO colocar nenhuma substância, folhas ou qualquer produto na picada;
– NÃO cortar ou chupar o local da picada;
– NÃO dar bebida alcoólica ou querosene ao acidentado;
– Manter o acidentado em REPOUSO, evitando que ele ande, corra ou se
locomova, o que facilita a absorção do veneno. No caso de picadas em braços ou
pernas, é importante mantê-los em POSIÇÃO MAIS ELEVADA;
– Levar o acidentado para o centro de tratamento mais próximo, para receber
o soro adequado.

Algumas medidas de prevenção:

– nunca andar descalço. O uso dos sapatos, botinas sem elásticos, botas ou
perneiras deve ser obrigatório. Dependendo da altura do calçado, os acidentes
podem ser evitados na ordem de 50 até 72%;
– olhar sempre com atenção o local de trabalho e os caminhos a percorrer;
– usar luvas de couro nas atividades rurais e de jardinagem. Nunca colocar
as mãos em tocas ou buracos na terra, ocos de árvores, cupinzeiros, entre espaços
situados em montes de lenha ou entre pedras;
– não colocar as mãos em tocas para pegar pelo rabo o tatu que é visto ao
entrar; esta é a melhor maneira de ser picado por cascavéis que se abrigam nesses
locais;
– não utilizar diretamente as mãos ao tocar em sapé, capim, mato baixo,
montes de folhas secas; usar sempre antes um pedaço de pau, enxada ou foice,
se for o caso. Esse tipo de cuidado pode evitar até 20% dos acidentes que
acontecem nas mãos e no antebraço;
– tampar frestas e buracos em paredes e assoalhos;
– não acumular material inútil junto à habitação rural, como lixo, entulhos e
materiais de construção. Manter sempre uma calçada limpa ao redor da casa. Essa
faixa pavimentada junto às paredes tem várias utilidades: evita penetração de
umidade nos alicerces, impede o contato com capim ou grama dos jardins e
principalmente portas, que normalmente devem estar fechadas e ter um mínimo de
vão no solo;
– evitar trepadeiras muito encostadas a casa, folhagens entrando pelo
telhado ou mesmo pelo forro;
– não fazer piquenique às margens dos rios ou lagoas, deles mantendo
distância segura, e não encostar em barrancos durante a pescaria;
– animais domésticos como galinhas e gansos, em geral, afastam as
serpentes das áreas mais próximas às habitações.

IMPORTANTE: Somente médicos e cirurgiões-dentistas devidamente


habilitados podem diagnosticar doenças, indicar tratamentos e receitar remédios.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
- Fundação Nacional de Saúde. Manual de diagnóstico e tratamento de
acidentes com animais peçonhentos
- Secretaria de Estado da Saúde do Paraná. Prevenção de Acidentes com
Animais Peçonhentos. (Cartilha impressa)
- Universidade Estadual de Campinas. Hospital Virtual Brasileiro. Acidentes
com animais peçonhentos. (Lopes, Angela Cristina)

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