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CAPA

Centro de Mediadores
Raul Pedro

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL

1ª Edição

FCMEditora
AGRADECIMENTOS

Quando o Centro de Mediadores deu seus primeiros passos, não sabíamos até onde
ele chegaria. A única coisa que nos movia se chamava fé. E isso foi o suficiente para
avançarmos em cada etapa desse empreendimento. Muito mais do que um sonho individual,
ele passou a ser um mecanismo de crescimento profissional e pessoal.

Desde o seu surgimento, muitas histórias foram construídas e se entrelaçaram,


fazendo com que essa instituição se tornasse uma extensão do lar de cada um. Foram muitos
projetos investidos e realizações imensuráveis. Tudo isso se deve ao comprometimento e
dedicação de cada mestre, aluno, auxiliar, analista, consultor, supervisor, entre outros, que
entenderam que o conhecimento é a chave para a evolução de todas as áreas da vida.

Este livro é apenas mais um dos pequenos detalhes que Deus nos proporcionou
durante essa caminhada, por isso meu agradecimento vai especialmente à Ele. Também sou
grato a todos aqueles que com uma palavra de incentivo e instrução contribuíram para a
elaboração deste e de diversos outros conteúdos. O objetivo foi e será sempre o de atender
às expectativas daqueles que almejam aprimorar suas habilidades profissionais e pessoais,
fornecendo instrumentos hábeis para uma prática de vida mais qualificada.

Raul Pedro
CEO do Centro de Mediadores
À Deus, que com infinita bondade nos cerca todos os dias.
À Ele a honra, o domínio e o poder.
Sumário

APRESENTAÇÃO .............................................................................................................. 6

1. CONCEITO .................................................................................................................... 7
2. HISTÓRIA............................................................................................................................... 8
3. COEFICIENTE INTELECTUAL VS EMOCIONAL ............................................... 8
4. MÚLTIPLAS INTELIGÊNCIAS............................................................................... 11
4.1. Inteligência linguística .......................................................................................... 11
4.2. Inteligência lógico-matemática ............................................................................ 12
4.3. Inteligência espacial ............................................................................................. 12
4.4. Inteligência musical .............................................................................................. 12
4.5. Inteligência corporal e cinestésica ........................................................................ 12
4.6. Inteligência intrapessoal ...................................................................................... 12
4.7. Inteligência interpessoal ...................................................................................... 12
4.8. Inteligência naturalista ......................................................................................... 12
5. INFLUENCIADORES ................................................................................................ 13
5.1. Daniel Goleman .................................................................................................... 13
5.2. Augusto Cury ........................................................................................................ 13
6. PILARES ...................................................................................................................... 14
6.1. Autoconhecimento ................................................................................................ 14
6.2. Controle emocional .............................................................................................. 14
6.3. Automotivação ..................................................................................................... 14
6.4. Empatia ................................................................................................................. 14
6.5. Saber se relacionar ................................................................................................ 15
7. A MENTE E O CÉREBRO ....................................................................................... 15
7.1. Cérebro trino ......................................................................................................... 15
7.1.1. Cérebro reptiliano ....................................................................................... 15
7.1.2. Cérebro emocional ..................................................................................... 16
7.1.3. Cérebro racional ......................................................................................... 16
7.2. Decodificação da comunicação .................................................................................. 17
7.3. Razão VS Emoção ........................................................................................................ 19
7.4. Mindset .......................................................................................................................... 20
7.5. Sistema de crenças........................................................................................................ 21
8. AS EMOÇÕES E OS SENTIMENTOS ......................................................................... 22
8.1. Ansiedade ............................................................................................................. 22
8.2. Raiva ..................................................................................................................... 23
8.3. Estresse ................................................................................................................ 24
8.4. Angústia ................................................................................................................ 24
8.5. Medo ..................................................................................................................... 25
8.6. Culpa ..................................................................................................................... 25
8.7. Vergonha .............................................................................................................. 26
8.8. Tristeza ................................................................................................................. 26
8.9. Mentiras e ilusões ................................................................................................ 27
8.10. Mágoas ................................................................................................................ 28
8.11. Apego .................................................................................................................. 28
8.12. Egoísmo .............................................................................................................. 29
8.13. A língua ............................................................................................................... 29
8.14. Procrastinação ..................................................................................................... 30
8.15. Expectativas ....................................................................................................... 30
9. TRANSFORMAÇÃO .................................................................................................. 31
9.1. Vida com significados ........................................................................................ 31
9.2. Sonhos e desejos .................................................................................................. 31
9.3. Felicidade ............................................................................................................ 31
9.4. Foco e alta performance ...................................................................................... 32
9.5. Amor ................................................................................................................... 32

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 33


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APRESENTAÇÃO

Muitos assuntos relacionados à saúde mental, empatia, autoconhecimento,


procrastinação, ansiedade e motivação têm ganhado destaque nos últimos anos devido a
quantidade de informações que vêm sendo veiculadas. É por essa razão que o
desenvolvimento da inteligência emocional se torna necessário, pois visa conduzir pessoas
a lidarem com as situações diversas do cotidiano, bem como ensinar outras pessoas a agirem
com foco no bem-estar social e coletivo.

A inteligência emocional preza pela percepção, controle e avaliação das emoções,


buscando desenvolver alguns elementos essenciais como o autoconhecimento e as
habilidades sociais. Cada indivíduo aprende a lidar com suas emoções de uma maneira
diferente ao longo da vida. Alguns até desconhecem o que sentem ou não compreendem o
porquê de terem tido reações inesperadas em momentos de estresse ou pressão.

Neste livro será possível entender do que se trata a inteligência emocional e porque
ela se tornou com o passar dos anos um mecanismo de pacificação e harmonia para qualquer
ambiente de convivência. Olhar para dentro de si pode ser extremamente desafiador para
quem passou uma vida inteira observando apenas as reações emocionais dos outros.

Importante ressaltar que aqui serão abordados aspectos relacionados às emoções do


ser humano, como alegria, tristeza, angústia, raiva, medo etc. O estudo acerca das patologias,
como transtorno de ansiedade, síndrome do pânico, compulsão alimentar, entre outros, não
se encontram incluídos nessa abordagem.
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1. CONCEITO

Quando alguém possui a capacidade de entender e gerenciar suas emoções e as das


pessoas ao redor, pode-se dizer que esta pessoa possui inteligência emocional. Esta nada
mais é do que uma definição atribuída pela psicologia, que designa a habilidade do ser
humano de encarar suas emoções, entendê-las e administrá-las.

Nosso cérebro possui dois hemisférios: o esquerdo e o direito. No primeiro funciona


o lado racional, em que há um controle maior das tarefas analíticas e lógicas, ou seja, ele é
o responsável pelo raciocínio linear, matemático e, também, pela linguagem e escrita.
Enquanto o segundo é onde se gerenciam as emoções, e isso inclui a compreensão de
sintomas, a intuição e a percepção da música e de gestos etc. Dito isso, é importante
considerar que, para que haja um domínio pleno das emoções por meio da inteligência
emocional, o indivíduo precisa encontrar um equilíbrio entre esses dois hemisférios
cerebrais.

A inteligência sozinha assume o papel de um computador, fazendo o processamento


das informações que já se encontram presentes na memória. Ela faz a interpretação a partir
dos dados fornecidos e oferece um resultado. Essa administração cognitiva inclui a razão e
a emoção, pois não há um ser humano que seja exclusivamente emocional ou apenas
racional.

Existem gatilhos presentes no cérebro que vão acionar algumas emoções. É o caso
de alguém que quando criança sentia raiva por receber muitas críticas em razão de comer
demais e quando cresceu passou a despertar as mesmas emoções da sua infância toda vez
que alguém critica sua alimentação. O importante aqui é ressignificar essas emoções para
não ter o mesmo sentimento de quando criança.

Muitas pessoas acabam se equivocando achando que é possível modular as emoções.


Por se tratar de algo instintivo ou reativo, as emoções não permitem a sua gestão. O que é
possível fazer é olhar para a ação provocadora da emoção e tentar compreendê-la para dar
um novo sentido aos seus efeitos. Quando a razão e a emoção se conectam, surgem variados
sentidos para a vida. A lógica da cognição emocional está em compreender esses aspectos
que são sentidos e que precisam encontrar o seu eixo.
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2. HISTÓRIA

Os primeiros dados concernentes à inteligência emocional surgiram no século XIX


por meio das ideias criacionistas de Charles Darwin, o qual tratava o tema como expressão
emocional. Para ele, essa temática estava mais voltada ao instinto natural de sobrevivência,
ligada à teoria evolucionista de adaptabilidade.

Outras concepções surgiram no decorrer dos anos tornando o debate mais profundo,
como a discussão já no século XX sobre a inteligência social, que tinha por escopo analisar
a capacidade humana de entender e motivar uns aos outros. Logo após, o conceito de
inteligências múltiplas foi ganhando notoriedade ao abordar aspectos intra e interpessoais.

A popularidade do termo “inteligência emocional” veio por meio do psicólogo,


escritor e PhD da Universidade de Harvard, nos EUA, Daniel Goleman, através de seu livro,
publicado em 1995, intitulado “Inteligência emocional: a teoria revolucionária que redefine
o que é ser inteligente”, embora não seja ele o responsável pela definição acadêmica do
termo. Para ele, a habilidade é tão importante quanto o QI para o sucesso e é algo que pode
ser desenvolvido por todos.

Na verdade, foram os psicólogos e pesquisadores estadunidenses Peter Salovey e


John D. Mayer, que no ano de 1990, fixaram a teoria da inteligência emocional como a
capacidade de perceber e exprimir a emoção, associá-la ao pensamento, compreender e
raciocinar com ela, e saber regulá-la em si próprio e nos outros, portanto, cinco anos antes
de Goleman lançar seu livro. Contudo, bem antes disso já se discutia acerca do controle das
emoções.

O psicólogo norte-americano Edward Thorndike, em 1920, descrevia a inteligência


emocional como a habilidade para lidar com as emoções. Depois dele, outros surgiram
desenvolvendo a temática e acrescentando aspectos relevantes para o que hoje se
compreende dela.

3. COEFICIENTE INTELECTUAL VS EMOCIONAL

Durante muito tempo se buscou valorizar pessoas notadamente inteligentes, que


seriam aquelas que apresentassem resultados satisfatórios acima da média dos seus
semelhantes. Logo, era inteligente aquele que dominava determinada ciência do saber, seja
a matemática, a física, a química, a biologia etc.
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Os pais, na maioria das vezes, estimulavam seus filhos a buscarem conhecimento,


tendo como objetivo torná-los seres capazes de conquistar postos até então inatingíveis.
Contudo, o que passou a ficar evidente foi que, muitos indivíduos considerados inteligentes
não conseguiam atingir resultados positivos na sua vida profissional ou na sua relação com
as pessoas, e isso se tornou um contrassenso. Afinal, pessoas inteligentes não são
necessariamente bem-sucedidas na vida?

A definição da inteligência ganhou contornos com o passar dos anos e recebeu a


denominação de coeficiente intelectual ou quociente intelectual (QI). Este seria um valor
obtido por meio de testes desenvolvidos para avaliar as capacidades cognitivas de um sujeito.
Ou seja, é a expressão do nível de habilidade de um indivíduo num determinado momento
em relação ao padrão comum à sua faixa etária, considerando que a inteligência do indivíduo,
em qualquer momento, é o resultado de uma complexa sequência de interações entre fatores
ambientais e hereditários.

Partindo da análise do coeficiente intelectual, os alunos eram definidos em


potencialmente inteligentes, medianos ou inferiores. Estes últimos tinham um destino trágico
por não serem considerados aptos ao ambiente educacional, social, laboral e relacional. Tudo
isso tendo como base um score de QI. Seu destino dependia de um esforço desmedido para
tentar alcançar um resultado ainda que mediano.

Acontece que não se pode estipular que crianças com coeficiente intelectual alto se
tornem necessariamente um prodígio quando adultas. Percebeu-se com o tempo que diversos
fatores influenciavam no desempenho dessas crianças, tanto é verdade que muitas delas
consideradas com rendimento alto acabavam não conquistando o espaço que lhes era
destinado quando adultas. A razão disso está no fato de que não basta ter um coeficiente
intelectual elevado, pois existem outros componentes necessários para se alcançar o sucesso.

O psicólogo Reuven Feuerestein, a partir de sua teoria da modificabilidade cognitiva


estrutural, afirma que todo ser humano é capaz de adquirir inteligência e desenvolver o
aprendizado, ainda que considerado inapto a isso. Por isso, não se deve reduzir a inteligência
das pessoas por meio de um score de QI, haja vista sua capacidade de expansão.

Pessoas consideradas acima da média, segundo o seu coeficiente intelectual,


acreditam que seu potencial é o bastante para galgarem as melhores posições na sociedade,
e quando isso não ocorre, sentem-se frustradas. É o caso de alunos brilhantes que não
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conseguem passar em uma universidade pública e, em razão disso, entram em depressão ou


procuram suicidar-se. Logo, é evidente que o QI não pode ser o fator determinante para o
sucesso ou para a adaptação do indivíduo no ambiente social.

De outro lado, existem aquelas pessoas que se apresentam na sociedade como


excelentes médicos, advogados, engenheiros, psicólogos etc., porém, com o passar do tempo
se descobre que tais sujeitos carregam em si problemas emocionais graves, que os levam a
praticar pedofilia, violência moral, abuso sexual, falsificação, estelionato ou até mesmo
assassinatos. Portanto, a inteligência que possuem estava destinada à prática de atitudes
contrárias ao bom convívio social.

Entre os anos de 1920 e 1940 surgiu a expressão “inteligência social”, que designa a
capacidade de entender e motivar as pessoas. Nesse aspecto, os modelos de inteligência não
seriam completos se não incluíssem diversos tipos de influências externas.

A inteligência emocional, até então utilizada em diversas teses relacionadas às


emoções, principalmente por Peter Salovey e John Mayer, os quais lhe deram grande
impulso, só ganhou destaque mesmo a partir de 1995 com a colaboração de David Goleman,
que sugeriu ser o “QI” menos importante do que o comportamento inteligente. Ou seja, as
emoções e o quociente intelectual poderiam ser o fundamento da inteligência humana.

No decorrer dos anos, os pesquisadores objetivaram construir a ideia de que havia


uma complementaridade entre emoção e inteligência. Portanto, a capacidade de controle que
uma pessoa possui afeta decisivamente o uso da sua inteligência. Para Goleman, as emoções
de uma pessoa desempenham papel especial na sua maneira de agir e decidir. O controle dos
impulsos, da motivação e da capacidade de se relacionar com os outros é de extrema
importância quando se fala da inteligência.

Goleman sustenta que a consciência é fundamental para exercer o autocontrole, e isso


não significa um extermínio das emoções, pelo contrário, é saber canalizá-las da maneira
correta, como diz Aristóteles em sua Ética Nicomeca: “alguém é capaz de ficar com raiva,
isso é fácil. Mas ficando com raiva da pessoa certa, no grau certo, no momento certo, com o
propósito certo e do jeito certo, não é tão fácil”. Esta capacidade depende da inteligência
emocional de cada pessoa. Não basta ter um QI elevado, é necessário ter integração
emocional com os aspectos racionais.
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Dito isto, percebe-se que a diferença entre o quociente intelectual e o emocional está
no fato de que o primeiro avalia aspectos mais racionais e o outro as emoções. Importante
considerar que o quociente intelectual não é o aspecto determinante para a garantia de um
futuro promissor no âmbito profissional e social. Ele é importante, mas precisa estar alinhado
ao quociente emocional, o qual considera a habilidade de lidar com sentimentos e emoções.
Logo, tais coeficientes não são opostos, mas complementares.

4. MÚLTIPLAS INTELIGÊNCIAS

O significado de inteligência pode ser obtido a partir dos ensinamentos de Celso


Antunes, autor do livro “Inteligências Múltiplas e seus Estímulos”, que a define como a
capacidade que tem o ser humano de conhecer e entender e, também, é juízo, discernimento,
capacidade de adaptação ao meio, de conviver com os seus pares, de solucionar problemas
e criar ideias e produtos.

Um professor de Harvard chamado Howard Gardner questionou no ano de 1983 a


ideia de um quociente intelectual padrão. Para ele, era possível de serem constatadas várias
formas de inteligência, cada uma delas representando uma forma de processar a informação,
o que ele tratou com mais veemência dentro de sua Teoria das Inteligências Múltiplas.

A constatação de Gardner tem por base o fato de que existem pessoas que aprendem
muito mais por meio da leitura e da escrita, enquanto outros se utilizam da lógica e da
matemática. Outros, por sua vez, absorvem mais conhecimento através da inteligência
corporal-cinestésica. No total, seriam oito tipos de inteligência, segundo Gardner, e todos os
indivíduos carregam o conjunto delas. A questão que fica é: como desenvolver essas
múltiplas inteligências?

Não são muitos os casos de pessoas que conseguiram desenvolver todas as


inteligências. Leonardo da Vinci é um dos nomes que obtiveram esse êxito. Ele marcou sua
geração por meio da ciência, matemática, pintura, escultura, arquitetura e poesia, entre
outros. O que fez com que ele adquirisse cada uma dessas inteligências foi a descoberta delas
e qual era a mais desenvolvida no seu caso.

4.1. Inteligência linguística: está ligada à capacidade de dominar a língua e de se


comunicar com os outros. As pessoas que a possuem têm a capacidade de analisar
informações e, a partir disso, produzir conteúdo, seja por livros, periódicos,
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artigos, discursos etc. É o caso de jornalistas, poetas, escritores, diplomatas, entre


outros;
4.2. Inteligência lógico-matemática: tem a ver com a capacidade de raciocínio
lógico e solução de questões matemáticas. Sua medida é feita pela velocidade
com que o indivíduo resolve equações. Boa parte do teste de QI se baseia nessa
inteligência;
4.3. Inteligência espacial: se vincula à capacidade de criação de imagens mentais,
desenhos e de identificar detalhes com precisão, além de um senso apurado de
estética. Por meio dela é possível que as pessoas compreendam mapas e variadas
informações gráficas. Estão incluídos nessa categoria os fotógrafos, publicitários,
arquitetos, designers, pintores, escultores etc.;
4.4. Inteligência musical: ela está presente em todos os indivíduos, mas em alguns
ela se destaca, permitindo a criação de composições e reproduções musicais
usando um instrumento ou a voz;
4.5. Inteligência corporal e cinestésica: diz respeito ao controle que se tem sobre o
corpo, direcionando-o para resolver problemas e manipular objetos com
habilidade. É mais voltada ao esporte em razão da capacidade de mobilidade
física e, também, à arte da dança, que produz formas expressivas e rítmicas;
4.6. Inteligência intrapessoal: aqui o indivíduo se conecta consigo mesmo,
procurando entender suas emoções e refletindo sobre elas. Ou seja, busca
conhecer e entender a si próprio. Aqui se tem mais consciência quanto aos seus
pontos fracos e fortes, o que permite a tomada de decisões mais efetivas.
4.7. Inteligência interpessoal: diz respeito à capacidade de decifrar gestos e palavras
que não foram expressas de maneira clara. Por meio dela também é possível
compreender o temperamento, os sonhos e as motivações das pessoas. Se
enquadram nessa inteligência os profissionais de vendas, relações públicas,
terapeutas etc.
4.8. Inteligência naturalista: é fundamental para a existência e sobrevivência de
todas as espécies. Pode detectar diferentes tipos de animais, plantas, fenômenos
climáticos ou geográficos. Trata-se, pois, de uma habilidade de entender os
processos naturais da vida. Aqui encontramos os oceanógrafos, agrônomos,
engenheiros florestais e ambientais.
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A mente humana guarda muitos mistérios ainda não desvendados, por isso, não se
pode limitar a inteligência humana a um ou outro aspecto, afinal, todas as pessoas são aptas
a desenvolverem múltiplas inteligências, desde que recebam estímulos suficientes para isso.

Estudos afirmam que não se deve rotular as pessoas pela inteligência mais aguçada
que possuem, pois isso cria um obstáculo a que se desenvolvam outras habilidades. Se
alguém possui uma inteligência intrapessoal, não se deve restringir seu conhecimento a isso,
uma vez que todos estão aptos a aprimorarem a inteligência que possuem e a desenvolverem
outras.

5. INFLUENCIADORES

5.1. Daniel Goleman

Nascido na Califórnia, EUA, em 07 de março de


1946, Daniel Goleman foi psicólogo, escritor e jornalista.
Ele recebeu o PhD pela Universidade de Harvard e é o
autor do livro “Inteligência Emocional”, lançado em 1995,
que se tornou um best-seller, obtendo uma venda de 5
milhões de exemplares, distribuídos em diversas línguas.

Em um de seus textos, Goleman afirma que “pessoas que estão no controle de seus
sentimentos e impulsos – ou seja, pessoas racionais – são capazes de criar um ambiente de
confiança e equidade”. Frases como esta fizeram de Goleman uma celebridade no mercado
editorial, uma vez que a abordagem emocional da inteligência estava sendo massificada nos
diversos espectros da sociedade.

5.2. Augusto Cury

Famoso por seus livros na área da psicologia,


Augusto Cury é um médico psiquiatra, professor e escritor
brasileiro. Nasceu em Colina, São Paulo, em 02 de outubro
de 1958 e se formou em medicina pela Faculdade de São
José do Rio Preto.

Cury se dedicou por 17 anos ao estudo sobre as


dinâmicas das emoções e foi o criador da “teoria da inteligência multifocal”, que se destina
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a explicar o regular funcionamento da mente humana e de que forma é possível exercer maior
domínio sobre a vida por meio da inteligência e do pensamento.

No ano de 1999, Cury publicou o livro “Inteligência Multifocal”, em que apresenta


mais de 30 elementos indispensáveis à formação da inteligência humana, como o processo
de interpretação, a democracia e o autoritarismo das ideias. Ele é considerado o autor
brasileiro mais lido da década de 2000.

6. PILARES

Há muitos estudiosos do tema que discorrem sobre os pilares da inteligência


emocional, mas nem todos concordam entre si. Daniel Goleman é um dos mestres que
menciona a existência de cinco pilares, dentre os quais três retratam aspectos intrapessoais
e dois se comunicam com o exterior. São eles:

6.1. Autoconhecimento: quando alguém decide fazer uma análise de seus próprios
comportamentos, ele está demonstrando um grande passo para a sua evolução
como ser humano que vive em sociedade. Não se trata de um processo imediato,
mas de uma constante busca para entender a si próprio e os seus limites, e isso
requer tempo, pois sempre haverá algo novo sobre si que merece ser descoberto
e aprimorado. Entender a motivação de seus atos é fundamental nessa empreitada.
6.2. Controle emocional: é comum que no dia a dia as pessoas passem por situações
adversas que muitas vezes causam desequilíbrio emocional, seja por estresse ou
ansiedade. A capacidade de controlar as emoções diante de intempéries do
cotidiano faz do indivíduo um ser mais maduro, pois tem a percepção de quais
palavras, gestos ou comportamentos lhe afetam e como deve ser sua reação.
6.3. Automotivação: ser otimista é essencial em qualquer decisão que precisa ser
tomada, ainda que haja riscos a serem enfrentados. Nem sempre é possível ter a
certeza dos resultados que se esperam, mas a forma como se pretende chegar até
eles diz muito sobre a caminhada. Usar as emoções de forma correta, evitando
estímulos negativos ajuda no alcance de todos os objetivos.
6.4. Empatia: ao se colocar no lugar do outro, com seus sentimentos e razões, é
possível compreender que as reações emocionais muitas vezes descontroladas,
não pertencem apenas a si próprio, e entender isso deixa tudo mais leve, pois não
se trata apenas de como o sujeito é, mas de como todos são.
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6.5. Saber se relacionar: ao estabelecer relacionamentos, as pessoas esperam que


haja reciprocidade nas emoções uns com os outros. É importante garantir boas
relações em todos os ambientes por onde se passa, uma vez que isso permite fluir
coisas boas para todos.

Daniel Goleman afirma que muitas competências emocionais precisam ser


desenvolvidas para alcançar cada um desses pilares. Ainda que se verifiquem presentes
aspectos permanentes decorrentes da genética, é possível que todas as habilidades sejam
melhoradas.

7. A MENTE E O CÉREBRO

7.1. Cérebro Trino

Desenvolvida pelo médico e neurocientista norte-americano Paul MacLean, a teoria


do cérebro trino ou triúnico defende que o cérebro humano é dividido em três partes que
amadurecem em diferentes etapas da vida.

Segundo a teoria, a parte primitiva e mais antiga do cérebro se forma ainda no útero,
ao passo que o cérebro emocional tem sua formação até os seis anos de vida. O córtex pré-
frontal se desenvolve tempos mais tarde. São partes do cérebro trino:

7.1.1. Cérebro reptiliano

Localizado no tronco cerebral, é conhecido como o antigo cérebro animal. É


considerada a parte mais primitiva do ser humano e por isso tem grande papel nos recém-
nascidos, pois é responsável pelas atividades de respirar, chorar, dormir, urinar, acordar etc.

O cérebro reptiliano, também chamado de complexo-R ou complexo reptílico, ocupa


5% do total da massa cerebral e detém um papel fundamental no controle de certas funções
que, se comparadas a outras que o cérebro realiza, se tornam até pequenas, mas ainda assim
não podem ser desprezadas.

A homeostase é um termo utilizado para representar o equilíbrio interno do corpo. É


o tronco cerebral aliado ao hipotálamo que controla esses níveis de energia. Quando alguém
sofre algum trauma, significa que houve um desequilíbrio no organismo em algum momento
da vida e muitas vezes está ligado a aspectos que estão sob a responsabilidade dessa parte
do cérebro.
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Esse fragmento do cérebro age de forma inconsciente e instintiva. Como ele se


encarrega de questões relativas à nossa sobrevivência, isso acaba dificultando a realização
de certos objetivos pessoais, haja vista que só consegue se sentir seguro estando em um
ambiente familiar. Para ele, há uma ameaça quando se está em território alheio e, por isso,
opta por fugir antes de se deparar com algo novo.

Além de garantir a sobrevivência, o cérebro reptiliano regula as funções vitais


básicas, como a respiração e os batimentos cardíacos. Também procura evitar a dor, optando
pela busca de sensações agradáveis. E ainda, ativa o instinto e motivação sexual, conduzindo
o indivíduo para se relacionar com outras pessoas.

7.1.2. Cérebro emocional

Localizado na parte superior do cérebro reptiliano, no centro do sistema nervoso


central, o cérebro emocional começa a se desenvolver desde o nascimento da criança. É
chamado de sistema límbico profundo e é ele quem dá ensejo ao temperamento, à
monitoração do perigo, ao juízo de bem-estar etc.

Graças ao sistema límbico é possível armazenar informações na memória, o que


influencia de maneira profunda o estado emocional, uma vez que lembranças negativas,
como a morte de um ente querido pode levar a pessoa a se sentir triste, mas pensamentos
positivos, como a aprovação em um concurso público pode ser determinante para lhe
arrancar sorrisos.

Apesar de a mente bloquear certos sinais do cérebro emocional, determinadas


mensagens de alarme do corpo não deixam de funcionar. É o caso de pessoas que sofreram
traumas, mas sua mente consciente continuou em atividade, como se nada tivesse ocorrido.

As duas partes do cérebro supracitadas, reptiliano e emocional, são encarregadas de


registrar as vivências, de administrar nossa fisiologia e as sensações de segurança, conforto,
prazer, dores, desejos etc.

7.1.3. Cérebro racional

Considerada a parte mais jovial do cérebro, é também conhecido como neocórtex.


Ele é o que mais promove distinções do restante dos animais. Nele se localiza o córtex pré-
frontal, que é responsável pelo planejamento, percepção de tempo e contexto, exercício
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empático etc. Ele é quem faz comparação de dados do passado e do futuro. Por exemplo, se
alguém deseja abrir uma empresa, primeiro irá analisar as perspectivas de mercado, quem
não obteve êxito no empreendimento e quais as possíveis chances de sucesso.

O cérebro racional ocupa 30% do crânio e está voltado ao mundo exterior. Entre suas
funções principais está o cumprimento de objetivos, o gerenciamento do tempo e
sequenciamento de ações.

Todo o nosso processo cognitivo, a exemplo da inteligência espacial, a capacidade


de reconhecer faces ou mesmo de possuir a autoconsciência e o motivo de nossa existência
se encontram dentro dessa área do cérebro. Nele está presente o poder da leitura e da escrita,
realizados após uma série de processamentos que permitem associar símbolos escritos e orais
com um significado.

7.2. Decodificação da Comunicação

Nascido em 1939, no Irã, Albert Mehrabian é professor de psicologia na


Universidade da Califórnia e é considerado o responsável pela decodificação da
comunicação, através da teoria 7-38-55%, que ajudou na compreensão do papel que a
comunicação verbal e não verbal desempenha na expressão de sentimentos em relação aos
outros.

Segundo Mehrabian, na comunicação interpessoal, a mensagem é composta 55% de


linguagem corporal (cérebro reptiliano), 38% de tom de voz (cérebro emocional) e 7% de
palavras (cérebro racional). Ou seja, para ele é muito mais importante dar atenção à
linguagem não verbal, que representa 93% da mensagem.

Com base nos estudos desenvolvidos por Mehrabian ao longo de 40 anos, houve uma
contribuição significativa para a psicologia, principalmente no tocante a abordagem da
comunicação não verbal, pois ocorreu uma expansão em relação à expressão de emoções e
atitudes para sua aplicação em áreas como resposta humana e temperamento, além do
impacto do ambiente emocional do local de trabalho no desempenho do ofício.

Quando se fala em comunicação, existem diversos componentes dela que precisam


ser analisados, como a fonte ou remetente, o código, o canal de mensagem, o receptor, o
descodificador e o feedback.
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A fonte diz respeito ao indivíduo ou grupo que deseja transmitir sua mensagem a um
determinado público. Tem a ver, portanto, com o aspecto subjetivo ativo da comunicação. A
codificação, por sua vez, se refere à transformação de uma mensagem abstrata numa
mensagem transmissível, seja por meio de imagens, sons, cores, textos etc. O canal de
mensagem pode ser considerado o meio pelo qual é transmitida a mensagem do remetente
ao receptor e pode ser: televisão, rádio, internet, telefone etc.

Qualquer pessoa que esteja na plateia ou na audiência é considerada receptora da


mensagem. Por exemplo, todos aqueles que estiverem assistindo a um programa de TV são
receptores da mensagem que ele transmite.

Quando a mensagem chega no receptor, existe o que se chama de decodificação, que


é a tradução daquilo que se ouve ou se vê. O sujeito interpreta a mensagem que recebeu e a
traduz conforme seu poder de compreensão. A exemplo disso temos um consumidor que, ao
ver um anúncio de um produto numa loja, entende exatamente do que se trata e qual a
finalidade dele.

Ao tratar sobre a forma de comunicação na atualidade, baseada nos meios digitais, a


partir da teoria de Mehrabian, pode-se dizer que há um prejuízo muito grande na
interpretação, uma vez que a transmissão exclusiva de mensagem de texto, seja através de
telefone celular ou computador, não consegue expressar a emoção (38%) e a linguagem
corporal (55%), ou seja, segundo os dados apresentados pela teoria, a interpretação ficaria
limitada a 7%, o que permite conclusões muitas vezes equivocadas. Logo, se a mensagem a
ser transmitida for algo relevante, o melhor a se fazer é enviar um áudio ou fazer uma ligação,
se não puder transmitir pessoalmente. Assim, o receptor da mensagem poderá avaliar o tipo
de tom de voz usado e quais os sentimentos envolvidos por meio daquele texto.

A parte que representa o cérebro reptiliano é de 55%, que seria a parte instintiva. A
pessoa que recebe um abraço entende que o outro é uma pessoa acolhedora e carrega essa
mensagem para si, pois constatou essa intencionalidade positiva. Porém, se o abraço tiver
segundas intenções, a mensagem passa a ter um cunho invasivo, o que promove repulsa.

Portanto, muito do que se transmite em uma mensagem precisa ser detidamente


averiguado para que se faça a interpretação mais adequada, observando aquilo que se diz,
como se diz e que tipo de gesto foi esboçado para que a mensagem seja recebida de forma
completa.
19

7.3. Razão VS Emoção

Quando se fala em razão e emoção, é comum as pessoas procurarem dissociá-las, não


permitindo a sua coexistência. Isto se deve a uma mentalidade que foi desenvolvida há muito
tempo e defendida por alguns filósofos como Platão e René Descartes. Para eles, razão e
emoção são forças antagônicas.

Esse pensamento ainda existe na atualidade, pois se acredita que as emoções são
capazes de interferir na tomada de decisões. Logo, quanto mais fria uma pessoa demonstrar
ser, mais assertivas serão suas escolhas, haja vista que não houve nenhum prejuízo
emocional interferindo nisso.

A razão é fundamental quando se fala em alcançar objetivos. Ela significa a


capacidade de raciocinar, compreender, assimilar, ponderar e julgar, e é por meio dela que é
possível fazer cálculos, planejar rotas, avaliar pendências financeiras, organizar as tarefas do
dia, resolver problemas etc. Ao fazer uso da razão, o indivíduo demonstra que pretende ver
suas decisões pautadas no mínimo de cuidado possível.

Quando alguém deseja fazer um piquenique com a família no final de semana ao ar


livre, mas de forma precavida faz uma análise da previsão do tempo, que aponta para um
clima chuvoso, ela não se deixa levar pela emoção de estar com os familiares no parque a
todo custo, mas preza pela efetividade desse encontro. A razão neste caso permite que se
analise de forma clara as circunstâncias para diminuir os riscos da escolha.

Portanto, a razão é muito valiosa, mas ela sozinha não garante tudo. É importante
ressaltar o papel das emoções no cotidiano das pessoas, pois são elas que dão a direção
daquilo que nos traz tristeza ou que nos aproxima da felicidade. Muitas vezes o indivíduo
está calando a voz da emoção para atender a um anseio exclusivamente racional e isto no
final termina não sendo saudável.

As emoções são variadas, podendo ser tristeza, alegria, raiva, desprezo, nojo etc.
Vivenciá-las é importante para que cada pessoa possa identificar o caminho que deseja
seguir. Sem elas, não teria como o ser humano ter a percepção do que lhe faz feliz. De forma
isolada, a razão permite alcançar determinados objetivos, mas isso por si só não traz
felicidade.
20

Assim, o mais importante aqui é entender que razão e emoção podem caminhar
juntos, uma vez que a emoção direciona para aquilo que mais promove felicidade e a razão
ajuda a desenvolver estratégias que permitam chegar até ela. A essência da felicidade
humana está no equilíbrio entre razão e emoção.

7.4. Mindset

O termo “mindset” faz referência a maneira como uma pessoa pensa. Seria, portanto,
um “modelo mental” ou uma espécie de mentalidade. Por meio dele é possível tomar
decisões e se preparar para enfrentar as diversas situações do cotidiano.

O mindset é formado a partir da carga de crenças, valores e ideias que uma pessoa
possui. Essa forma de pensar é responsável pela forma como o indivíduo compreende e julga
tudo que acontece na sua vida. É, pois, a percepção que cada pessoa tem a partir da realidade
que está inserido. Existem dois tipos: o mindset fixo e o de crescimento.

No mindset fixo, o indivíduo acredita que sua capacidade, habilidade e inteligência


são imutáveis. Ou seja, ou o indivíduo é inteligente ou não, ou é capaz ou não, ou é habilidoso
ou não é. Não existe meio termo. Por essa razão, muitos se consideram acima dos demais
por possuírem determinado talento. Se alguém precisar se esforçar para conquistar algo,
significa que ela não é capaz e nem inteligente o suficiente para desempenhar essa tarefa.

No mindset de crescimento, por sua vez, os obstáculos representam algo valioso para
a conquista. É na oportunidade de superação que as pessoas se sentem movidas. Prioriza-se
a valorização do trabalho árduo ao invés da premiação pelo resultado. Logo, aqui se
encontram as pessoas que acreditam que podem mudar e ser melhores continuamente.

O mindset é algo que pode ser alterado ou desenvolvido. Ou seja, é possível criar
uma realidade e viver a partir disso. A mudança do estilo de vida depende da mudança do
mindset, ou seja, da maneira como se enxerga o mundo. Se não houver essa mudança de
mentalidade, algumas atitudes sabotadoras ou crenças limitantes podem dificultar a mudança
do comportamento.

É comum que algumas pessoas se sintam no direito de orientar ou corrigir outras


pessoas, mas acabam recaindo nos mesmos erros que apontam. É o caso de alguém que na
tentativa de dizer que a atitude de uma pessoa foi grosseira, acaba sendo grossa em ocasião
posterior. Costuma-se dizer que tais pessoas possuem uma trave no olhar. Se não existir uma
21

relação de superioridade com quem se fala, seja como mentor, conselheiro ou mesmo pai ou
mãe, o melhor é evitar qualquer tipo de correção.

Existe uma distinção entre quem critica e quem aponta sugestões de melhoria.
Normalmente quem critica se posiciona de uma maneira superior e transmite a mensagem
como se ela sempre fosse correta nos seus atos. Quem recebe a crítica se sente ofendido,
como se aquilo não fosse direcionado a ele, ou seja, o resultado acaba sendo o oposto, pois
faz nascer uma dor ao invés de uma solução. É muito mais inteligente apresentar sugestões
de melhoria ou mesmo uma avaliação do comportamento da pessoa.

Também encontramos no mindset aqueles que são pessimistas e otimistas. O


pessimista se prende a qualquer dado que aponte minimamente para uma situação ruim. Por
exemplo, se ele vê uma nuvem escura, ele acredita piamente que virá uma tempestade e que
isso irá arruinar todos os seus planos de sair de casa. O otimista, por sua vez, enxerga tudo
pelo lado positivo. Sua expectativa está sempre voltada para circunstâncias esperançosas,
logo, qualquer sinal negativo não irá atrapalhar seus planos. Ele não se prende em elementos
vagos, mas se apoia em dados capazes de estimulá-lo a ir mais longe.

Quando se fala em mindset dentro das organizações constata-se que uma das grandes
dificuldades é a mudança de mentalidade de seus colaboradores. Isso porque é necessário
incentivá-los a pensar “fora da caixa”, o que requer um esforço a mais em inovação e
motivação. O objetivo é sempre buscar melhores resultados, tanto pessoais como
profissionais.

7.5. Sistema de Crenças

O sistema de crenças pode ser definido como o conjunto de ideias e valores que
norteiam um determinado grupo de pessoas. Sendo assim, tudo aquilo que foi aprendido
desde a infância está contido dentro desse sistema que o indivíduo carrega consigo por toda
a vida, repercutindo na tomada de decisões que influenciam na sua trajetória.

Existem pessoas que sempre olham para o lado negativo dos acontecimentos. Isto se
dá por conta do seu sistema de crenças que prioriza aspectos ruins. Pessoas assim
rotineiramente estão envolvidas em situações tristes ou repletas de problemas, pois a sua
mente está focada nesse tipo de resultado.
22

A maior parte das crenças do indivíduo se origina na família, formando seu caráter e
atribuindo seus valores. Contudo, existem crenças que podem ser limitantes, bloqueando a
vida do sujeito e, por isso, precisam ser ressignificadas. Reconhecer que existem
pensamentos que precisam ser mudados para que se possa evoluir é fundamental nessa
transformação.

O escritor Anthony Robbins, conhecido por suas palestras acerca da Programação


Neurolinguística (PNL), fala bastante acerca desse tema e afirma que muitas das nossas
convicções são como ordens inquestionáveis, nos dizendo como são as coisas, o que é
possível e o que é impossível, o que podemos fazer e o que não podemos.

Existe também o chamado ciclo das crenças, em que uma determinada crença gera
um potencial capaz de conduzir a ações com resultados certos que se repetem. Se o indivíduo
é milionário, ele possui também um potencial enorme para promover ações voltadas a obter
lucros e aumentar sua riqueza, diferentemente de alguém que tem uma crença de pobreza e
que mantém suas ações sempre presas a esse perfil. A solução neste caso é buscar uma
modulação de crenças para romper com esse ciclo.

Se o indivíduo cresce ouvindo no seu seio familiar que dinheiro não é algo bom, pois
quem o possui em grande quantidade acaba sofrendo muito, ele inconscientemente não vai
desejar tê-lo ou se sentirá culpado ao receber um bom salário. Muito embora os seus
familiares tenham motivos para acreditar nisso, essa concepção não precisa ser levada
adiante.

É necessário rever o sistema de crenças que se carrega para avaliar se existe algo
impossibilitando a concretização de sonhos ou até mesmo que o indivíduo tenha uma rotina
de vida que lhe conduza a viver algo melhor. Às vezes, basta mudar a forma de enxergar tais
afirmações e passar a usá-las a seu favor.

8. AS EMOÇÕES E OS SENTIMENTOS

8.1. Ansiedade

Quando estamos diante de situações do cotidiano, como falar em público, se


apresentar para uma plateia, participar de uma entrevista de emprego ou prestes a realizar
uma prova de concurso, é normal que a ansiedade se manifeste. Entretanto, é possível que
algumas pessoas apresentem um quadro mais grave de ansiedade, deixando de ser um
23

simples nervosismo pela expectativa criada e passando a se tornar algo crônico que pode
levar a problemas graves de saúde.

Estar ansioso é normal e ajuda inclusive no desempenho do indivíduo para aquilo


que está para acontecer, pois presume que irá se esforçar bastante para que tudo dê certo.
Contudo, quando isso se torna um transtorno vemos um desequilíbrio excessivo das emoções
e a performance comportamental começa a declinar.

A ansiedade só é controlada quando se verifica quais gatilhos emocionais a


despertam. Às vezes é o consumo excessivo de café, álcool ou cigarro, mas também pode
ser desencadeada por fatores menos perceptíveis, como problemas financeiros ou crise no
casamento.

Em verdade, deve-se buscar ter um cérebro saudável. Essa é a primeira linha de


defesa contra a ansiedade. Se alimentar bem, nutrindo o cérebro das vitaminas essenciais é
fundamental para garantir melhoria de vida e bons resultados no convívio social.

8.2. Raiva

Considerado o sentimento mais primitivo do ser humano, ele tem por objetivo
provocar uma ação que gere mudança. Ao sentir raiva, o indivíduo tem a percepção de que
algo não está certo e usa sua energia para resolver isso.

Antigamente, a raiva era utilizada para a defesa pessoal contra-ataques de animais ou


de feras do campo. Havia um instinto de sobrevivência que exigia do homem um
comportamento reacionário agressivo para garantir seu bem-estar. Hoje, com o avanço da
civilização, o homem passou a estar em contato com outros homens, de diferentes ideologias,
seja no trabalho, na escola, na vizinhança, o que por vezes gera invasões de espaço, causando
abalos emocionais que promovem raiva e ocasionam reações agressivas, seja no falar ou no
agir.

Muitas vezes a raiva surge a partir de alguma atitude que relembra o passado da
pessoa, como quando a criança é repreendida por seus pais em razão de seu péssimo
comportamento e ao se tornar adulto não se sente bem com alguma repreensão. Para evitar
explosões temperamentais que conduzam a agressões das mais variadas formas, ocasionadas
pela raiva, é necessário mentalizar e administrar bem as emoções. O ideal, portanto, é
aprender a modular os elementos provocadores da raiva, seja tentando entender o tom de voz
24

e a maneira como é transmitida a mensagem. Ao fazer isso, as reações também passam a ser
administradas com mais consciência.

8.3. Estresse

O estresse pode ser considerado uma reação natural do organismo que costuma
acontecer quando o indivíduo se encontra em uma situação de perigo ou ameaça. Há uma
alteração da animosidade, mas que no fundo é necessária para que se vivencie coisas novas.

O estresse é tido como o “mal do século” e ele pode atingir qualquer pessoa em
qualquer faixa etária. Ele possui íntima relação com o modo de vida de cada um, o que inclui
rotinas de trabalho extenuantes e a pressão familiar para casar ou atingir o sucesso
profissional.

Os níveis mais altos de estresse são capazes de levar uma pessoa à morte decorrente
de infarto ou de acidente vascular cerebral. Mas pode ser que aconteça de o estresse ser algo
prolongado no tempo, que ocorre vez ou outra, mas que é insistente e com o passar dos anos
provoca problemas a longo prazo.

O primeiro passo para equilibrar o estresse é saber que o futuro existe e que serve de
esperança em meio ao caos. Então, se a pessoa está no congestionamento quilométrico e
precisa chegar em casa, a sua reação imediata é se estressar. Nesse caso, o que ela deve ter
em mente é que sua família estará em casa lhe esperando e que tais infortúnios acontecem
com todos e faz parte do ciclo da vida.

É importante alimentar os sonhos e as perspectivas do futuro, ainda que no momento


pareçam insubsistentes. Estar estressado nem sempre deve ser visto como algo negativo, pois
pode ser o pontapé necessário para atingir grandes metas.

8.4. Angústia

A angústia é uma sensação psicológica que se manifesta pelo sufocamento, peito


apertado, falta de ar, insegurança, sudorese, falta de humor, dentre outras formas. Ela pode
ser considerada uma doença, até mesmo um sintoma de depressão, exigindo por sua vez
tratamento específico.

A angústia está ligada a emoções que se encontram à frente de um acontecimento ou


decorrem de lembranças de situações traumáticas. Se diagnosticada como uma doença,
25

precisa ser tratada, pois outros distúrbios emocionais podem ser desencadeados, como
cansaço físico e mental. Ela também pode ser gerenciada a partir do momento em que se
descobre a sua causa, possibilitando uma aproximação entre o agente provocador e o
receptor.

Contudo, algumas angústias precisam ser vivenciadas, como ocorre no luto, no


divórcio, no abandono e até mesmo quando a criança precisa deixar de mamar. São fatores
que também contribuem para o crescimento pessoal do indivíduo.

8.5. Medo

O medo é um instinto básico que contribui para a evolução do ser humano. Sua
existência pode ser positiva ou negativa, a depender de como ocorre. Ele surge como forma
de proteção contra perigos iminentes ou diante de uma situação de risco. Pode vir como uma
maneira de fazer o indivíduo avançar ou recuar, a depender do contexto que pretende se
expor.

O medo precisa ser compreendido de forma consciente para ser canalizado da forma
correta. O simples fato de estar vivo demonstra que o medo teve um importante papel para
isso, pois ele torna o indivíduo mais precavido para as situações do cotidiano. Por outro lado,
caso o medo seja excessivo, algumas doenças patológicas irreversíveis poderão surgir.

8.6. Culpa

Por diversas vezes na nossa vida pensamos que poderíamos ter assumido outra
postura diante de determinadas situações, tomado outras atitudes, ter falado de outra forma,
compreendido melhor o outro lado da história, e quando isso acontece, a sensação de culpa
aparece.

A verdade é que muitas vezes não é tão fácil entender todo o contexto que estamos
inseridos e interpretações equivocadas podem surgir, fazendo com que a culpa por algum
erro cometido se torne evidente. Ela traz em si o caráter de repúdio pela postura tomada e
muitas pessoas acabam carregando esse peso de responsabilidade pelas suas falhas. Essa é
uma das causas de várias enfermidades que afligem pessoas.

Também é comum o indivíduo encontrar motivos para atribuir culpa a alguém.


Muitas vezes é o pai que estava muito ausente na infância, a mãe que não cuidou direito, o
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professor que não explicou a matéria como deveria, o prefeito que não construiu a obra a
tempo, o médico que se ausentou do plantão etc. Sempre haverá uma busca por um lugar de
refúgio diante de um determinado resultado e, na verdade, o que precisa ser feito é assumir
a responsabilidade pela própria vida.

Autorresponsabilidade é entender que não é necessário colocar culpa em ninguém


para vencer os desafios da vida. É uma atitude que dói, mas que é importante, pois, ao
assumir essa posição, o indivíduo consegue alcançar paz nos seus relacionamentos.

8.7. Vergonha

Sentir vergonha parte do princípio de que existe um comportamento previamente


estipulado e ao ir de encontro a ele, o indivíduo se sente constrangido. Ela é inimiga da
visibilidade, de lugares de destaque. É bem difícil lidar com ela, pois seu objetivo é esconder
a identidade de cada um. O medo e a insegurança colocam a pessoa em uma posição
aparentemente desconfortante e, por isso, sente vergonha.

Uma pessoa que vive com vergonha tem receio do que os outros vão pensar acerca
dela, principalmente sobre seus pontos fracos. Esconder sua identidade parece ser algo
comum, afinal, as pessoas não podem saber quem ela realmente é. Essa emoção normalmente
decorre de alguma experiência que a pessoa sentiu e que não estava certa. Assim, ficou
marcada pela invalidez de sua postura que evita de todas as formas ser imperfeita.

A vergonha implica numa falta de consideração e tolerância a si mesmo. Trata-se de


um fator de baixa autoestima, que impede o indivíduo de se apresentar como é e o coloca
num caminho de rejeição progressiva. Logo, todo o seu potencial fica submerso na
estagnação e aquilo que poderia ser utilizado para enriquecer outras vidas não segue adiante.

O antídoto para a vergonha é ser mais vulnerável, se abrir e se dispor mais, encarando
a realidade como ela é. O passo inicial é pegar tudo aquilo que foi construído e colocar para
fora. Aos poucos todas as barreiras vão se desfazendo e dando lugar a uma coragem
avassaladora. O importante é começar.

8.8. Tristeza

A tristeza pode ser considerada pela falta de ânimo, alegria, motivação ou outras
insatisfações. É um estado afetivo caracterizado pela dor ou sofrimento emocional e se
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expressa por meio de sintomas depressivos, choros, falta de apetite, entre outros. Ela pode
ser desencadeada por aspectos diversos ligados à personalidade do indivíduo ou pela sua
história de vida, como a perda de um ente querido, uma decepção amorosa, uma frustração
ou fracasso na empresa etc.

O importante é não permitir que esse sentimento domine sobre as emoções. É natural
que a tristeza dure um período curto, mas se ela se prolonga no tempo, isso pode desencadear
problemas sérios e que necessitam de tratamento.

8.9. Mentiras e ilusões

Em diversos espectros a mentira pode ganhar contornos diversos, como quem mente
para si mesmo e para outros. Ela pode acontecer no contexto familiar, profissional, escolar
e até mesmo religioso. Por trás dela pode estar um roubo, estupro, assassinato, adultério,
ciúmes, crises, sentimentalismo exacerbado, politicagem etc.

Quem mente para si busca encontrar em outro lugar uma adequação mais apropriada
para o seu perfil. Em outras palavras, significa que há uma falta de clareza quanto a própria
identidade e viver sob mentiras implica o convívio solitário, haja vista que no meio do
percurso a confiança é perdida e raras vezes ela é recuperada. Por isso que, trabalhar com a
verdade significa convencer a si mesmo da sua realidade e se mostrar fiel àqueles do seu
núcleo de convivência.

Pessoas mentirosas têm problemas em sua identidade e precisam ser amadas para que
consigam despertar a ponto de compreender quem realmente são. Não há necessidade de
confrontá-las colocando-as como deturpadoras da verdade, mas deve-se ensiná-las a
enxergar quem são e trazê-las para o ambiente da verdade.

Ilusão tem a ver com aquilo que criamos e que foge da realidade. É a percepção de
que existe uma família perfeita, um casamento sem brigas, um emprego sem defeitos, de que
é autossuficiente e que pode ser feliz sozinho etc. Tanto a ilusão como a mentira produzem
uma falsa realidade que precisa ser desmistificada.

A verdade é que todos temos corpo e mente que precisam de cuidados. Compreender
a si próprio é essencial para não fugir para um local de engano e de fantasias. A realidade
precisa estar massificada na consciência de cada um, ainda que ela seja dura e carregada de
obstáculos. Mentiras e ilusões servem apenas para desvirtuar o propósito de cada um na terra.
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8.10. Mágoas

A mágoa decorre de uma atitude ofensiva de outra pessoa, que aflige o indivíduo de
tal modo que o decepciona. Muitas vezes ela dura anos e fica como uma ferida exposta e
aparentemente incurável. Tudo depende de como aquele que foi atingido irá lidar com esse
sentimento.

Quando alguém é ferido e não expõe sua dor, ele começa a agir de forma mais fria e
triste. Isto se dá porque a mágoa se fez presente, dominando suas emoções e dirigindo seus
passos. Esta é a razão por que ninguém deve esconder suas dores, pois além de carregar um
peso enorme sobre o indivíduo, ele ainda pode ser acometido de doenças graves, afinal, sua
saúde mental e física não vão estar bem.

O melhor a se fazer é enfrentar as mágoas para poder superá-las. Se existe um conflito


não resolvido com alguém, o recomendável é procurar esta pessoa e, no tempo certo,
conversar para que haja paz. O resultado do perdão vai refletir muito no crescimento
individual de quem decide perdoar ou aceitar o perdão.

8.11. Apego

A ideia de apego remete ao comportamento de querer estar junto de algo ou de


alguém, seja por algum tipo de benefício ou por identificação própria. Esse sujeito que é
referência de apego, supre alguma carência ou déficit emocional de quem se apega. Esse tipo
de relação pode ser formada ainda quando o indivíduo é criança, quando depende de alguém
para seus cuidados básicos, como seus pais. Também ocorre quando alguém se prende a um
emprego, uma casa, uma cidade e não consegue se desvencilhar.

A questão é que nem todo apego é saudável, haja vista que ainda na fase adulta esse
comportamento é evidenciado em muitas pessoas, que despejam todas as suas expectativas
em alguém por achar que somente aquele em que ela busca estar saciada é necessária para
sua vivência. Ou então, a pessoa acredita que somente o emprego que possui é capaz de lhe
trazer felicidade, e isso faz com que recuse oportunidades incríveis de crescimento
profissional.

O risco de a pessoa sofrer em razão desse apego é enorme e pode colocar sua vida
em risco, pois o ideal é que a pessoa se sinta completa em si mesmo, não sendo crível buscar
29

no outro ou em algo aquilo que ela pode achar nela própria. A felicidade está mais perto da
capacidade de viver livre.

8.12. Egoísmo

Quem age segundo seus próprios interesses e pensando exclusivamente em si pode


ser considerado uma pessoa egoísta. Normalmente o egoísta tem dificuldade de perceber que
outras pessoas também possuem seus anseios e necessidades, e assim, ignora que seus atos
ou palavras podem ofender a dignidade dos outros.

O sujeito egoísta dificilmente vai se compadecer da dor alheia, pois estará mais
focado naquilo que sente e nos seus próprios objetivos de vida. Para ele, somente é
importante considerar o que pode lhe prejudicar ou beneficiar. Por isso, é fundamental sair
do seu campo de visão egocêntrico e adentrar no lugar do outro para se permitir compreender
a vida além do que se vê.

8.13. A língua

A língua é suficiente para transformar a realidade sobre si e sobre o próximo. Ao usá-


la é possível inclusive causar a morte, pois carrega um peso muito grande se mal
administrada.

Quando alguém decide contar algum segredo importante, uma tragédia poderá ser
vivenciada. É o caso de o presidente de um país anunciar guerra contra outro. O caos estará
formado e atingirá milhares de pessoas. Mas também pode acontecer quando alguém acredita
que sua sinceridade é uma qualidade relevante e, por isso, decide descarregar tudo sobre o
outro, ainda que isso lhe cause constrangimento e ira. Ou seja, por acreditar que a sua
verdade é a melhor, o indivíduo a impõe sem considerar as circunstâncias pessoais do outro.

É possível matar o sonho de alguém ou desmotivá-lo com a própria língua. Quanto


mais se fala, mais os ataques se tornam reais e abalam a estrutura emocional de quem ouve.
Por essa razão, escolher as palavras corretas é de suma importância para evitar a destruição
de vidas, uma vez que cada um tem suas razões que precisam ser respeitadas.

Da mesma forma que a língua pode matar, ela também pode ser usada para o bem,
incentivando projetos de alguém, dando orientações, falando coisas positivas etc. Pode ser
que apenas uma palavra seja suficiente para tornar a vida do outro muito melhor.
30

8.14. Procrastinação

O ato de procrastinar remete ao fato de deixar para depois aquilo que poderia ser feito
de imediato. Ele está sempre ligado à ideia de postergar um feito, de adiar uma atividade ou
simplesmente não fazer aquilo que deveria no momento por acreditar que pode ser feito em
momento posterior. Isso se torna um grande problema, pois o hábito de retardar obrigações
ou metas demonstra uma total falta de responsabilidade que gera prazer, mas que pode afetar,
inclusive, o desempenho no trabalho, na faculdade, na família etc.

Apesar do que parece, a procrastinação não se trata de uma coisa de gente preguiçosa.
Existem fatores psicológicos e fisiológicos que influenciam nesse tipo de comportamento,
como é o caso da ansiedade ou de problemas de autoestima. Também pode decorrer de
alguma lesão no córtex pré-frontal, parte do cérebro responsável pela determinação do foco.

Uma pessoa procrastinadora tende a comprometer suas relações, seja com familiares,
amigos e até mesmo no trabalho e nos estudos. O procrastinador não encontra tempo
suficiente para se fazer presente ou cumprir suas tarefas e, por isso, se ausenta e nunca está
disponível, pois sempre há algo que ficou para trás que precisa ser resolvido.

O que precisa ser considerado é que a procrastinação pode gerar um prazer


instantâneo, temporário, mas que não remete ao sucesso. Ser uma pessoa mais comprometida
com suas metas pode trazer resultados extremamente satisfatórios que se encaminham para
o seu bem.

8.15. Expectativas

A expectativa normalmente está associada à possibilidade razoável de que algo venha


a ocorrer. Para que existam expectativas é necessário que haja o mínimo de fundamento que
as sustente. Se vemos muitas nuvens escuras no céu, a expectativa é que chova.

As expectativas surgem nos casos de incerteza e, por isso, se tornam aquilo que é
mais provável de acontecer. Trata-se, pois, de uma suposição mais ou menos realista. Caso
a expectativa não seja atendida, surge a frustração. Mas caso se torne verdade, haverá alegria.
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9. TRANSFORMAÇÃO

9.1. Vida com significado

Todos nós precisamos de significado para nossas vidas. É isso que nos impulsiona a
ver o mundo e caminhar sobre ele na busca de realizações. Somente é possível falar em
conquistas quando se entende que existe um real propósito para cada um na terra. O resultado
de nossas ações pode ser a resposta que precisamos para permanecermos vivos.

Se existem dúvidas quanto ao significado da vida, é importante responder algumas


perguntas, como: o que significa viver nessa terra? O que eu vim fazer? O que eu represento
para as pessoas à minha volta? Quem sou eu? De onde vim e para onde vou? Onde estou
agora? Qual meu estado emocional no momento? Se eu tivesse que escrever uma carta ao
mundo, informando o que todos precisam fazer para ter uma vida com significado, o que
seria possível dizer?

Quando não se sabe para onde vai ou o porquê de viver da forma como se vive,
qualquer caminho parece ser correto. Mas temos que considerar aspectos pessoais, vivências,
trajetória profissional, ambiente familiar etc., para ajudar a definir o propósito ideal de cada
um. Por isso a autoanálise é tão importante.

9.2. Sonhos e desejos

Todos deveriam ter sonhos e desejos. São eles que impulsionam a caminhada nesse
mundo, tornando a vida cheia de expectativas, muitas das quais frustradas, mas que não
deixam de ser fundamentais. Um sonho ou um desejo é muitas vezes o que falta na vida de
quem necessita de uma motivação para viver.

Muitos colocam seus projetos de vida em um mural para que possam enxergá-los
todos os dias e se sentirem motivados para correr em busca deles. É importante ter sonhos
materiais, mas deve estar na lista também as conquistas mais humanas, como construir uma
família, ajudar o próximo, desempenhar um papel social no seu ambiente de trabalho etc.

9.3. Felicidade

Segundo a psicologia positiva, a pessoa para ser feliz precisa ter emoções positivas e
uma das maiores emoções é a gratidão, que pode proporcionar 20% de felicidade para todos.
Também a emoção de realizações pessoais traz muita felicidade. É comum vermos pessoas
32

que começam projetos e os interrompem no caminho. Muitos até abandonam, mas a verdade
é que nada supera o fato de se chegar até onde foi planejado, por isso, concluir metas também
é sinônimo de alegria.

Conservar bons relacionamentos está entre as alternativas para se garantir a


felicidade. Evitar as mágoas, o desprezo e a raiva tornam a vida mais leve e prazerosa. Não
existe felicidade onde a discórdia prevalece. Muitas vezes é necessário encarar o desafio do
perdão do que seguir a vida carregando o peso de uma tristeza descabida.

9.4. Foco e alta performance

Ter foco ou estar focado em algo significa manter total atenção em determinada
atividade, deixando de lado qualquer tipo de situação que possa provocar distração.

São muitos os empecilhos que surgem para desvirtuar a atenção do indivíduo que
está obstinado a algo. Às vezes é o celular, a TV, o som do vizinho etc. Tudo isso colabora
para atrapalhar o bom andamento da atividade. E para se alcançar uma alta performance
naquilo que se faz, é importante bloquear certos gatilhos. Logo, deixar o celular distante,
procurar um local silencioso, estar bem alimentado são exemplos de observações que não
podem deixar de serem consideradas na hora de se iniciar um projeto. Afinal, ter foco
representa compromisso consigo mesmo e com aquilo que se propõe a fazer.

9.5. Amor

O amor é definido em atitudes e comportamentos. Muitos amam apenas de palavras,


mas é no gesto que se enxerga a grandeza do verdadeiro amor. Existe amor até mesmo
quando se vai contra os anseios de alguém, pois amar não é concordar absolutamente com
tudo o que o outro pretende para si, mas é lhe direcionar no caminho do que é melhor e mais
satisfatório.

O amor pode ser encarado como um sentimento, mas na verdade ele é um misto de
emoções. O que o preserva é a atitude que se tem com o próximo. São nos vínculos
interpessoais que o amor se concretiza e encontra reciprocidade. Amar é dividir seu tempo e
suas forças, é batalhar em favor do bem alheio, é se importar e investir de todas as maneiras
possíveis para que o outro também encontre a felicidade e se sinta amado.
33

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, Marina S. R. Inteligência Emocional e Quociente de Inteligência – QI. Instituto


Inclusão Brasil, [s.d.]. Disponível em: <https://institutoinclusaobrasil.com.br/inteligencia-
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CABALLERO, Beatriz. Cérebro trino: três cérebros, uma pessoa. A Mente é Maravilhosa,
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35

Ao tratar de Inteligência Emocional (IE), nosso pensamento logo se encaminha para o


controle dos nossos impulsos emocionais no ato de falar, ouvir e sentir. É uma prática diária
que precisa ser desenvolvida por cada ser humano no decorrer de sua vida. Sua essência se
revela na construção de uma sociedade que não se deixa dominar pelos vícios de
comportamento adquiridos ao longo dos anos, mas que busca corrigir sua maneira de viver
tendo como base alguns elementos como a automotivação, a empatia e a identificação de
suas próprias emoções e sentimentos.

A descoberta da IE se tornou fundamental principalmente quando se fala em relacionamento


familiar e profissional. O desenvolvimento dessa teoria já ajudou milhares de pessoas a
mudarem sua maneira de agir em prol de sua saúde pessoal e da harmonia no seu ambiente
de convívio. Mais do que um profissional detentor de vários títulos acadêmicos, o primordial
está na simples compreensão de si mesmo.

Neste livro é possível entender a teoria da Inteligência Emocional, desde a sua origem até a
sua aplicabilidade, levando o leitor a possuir não apenas o conhecimento da matéria, mas a
se conhecer a partir desses preceitos, razão pela qual trata-se de uma leitura relevante para
os dias atuais.

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