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Ebook V SGFNE 1834 1844
Ebook V SGFNE 1834 1844
Resumo: O complexo serrano João do Vale, inserido no domínio de caatinga, abrange vegetação
arbustiva-arbórea e fragmentos de Floresta Tropical Sazonalmente Seca, por influência da umidade do
ar que alcança as altitudes mais elevadas. Contudo, a diversidade biológica é sucessivamente frágil as
ações antrópicas que se expandem constantemente, tendo como consequência a degradação da
cobertura vegetal. Portanto, este trabalho tem como obtivo analisar a diversidade de espécies vegetais,
arbustivas e arbóreas, da serra. O levantamento florístico ocorreu através da identificação das espécies
botânicas por meio de baterias de campo e baseado no sistema APG II (Angiosperm Phylogeny Group).
Em decorrência a alta taxa de umidade e temperaturas amena do platô da serra, registrou-se espécies
típicas de caatinga e mata úmida. Neste sentido, identificou-se variedade de espécies de caatinga, e
de exceção, que ao longo dos anos tem sido degradado e extintas da serra como resultado das ações
e ocupação humana.
Abstract: The João do Vale mountain complex, inserted in the caatinga domain, encompasses shrub-
tree vegetation and fragments of Seasonally Dry Tropical Forest due to the influence of air humidity that
reaches the highest altitudes. However, biological diversity is successively fragile due to anthropic
actions that are constantly expanding, resulting in the degradation of the vegetation cover. Therefore,
this work aims to analyze the diversity of plant, shrub and tree species in the mountains. The floristic
survey took place through the identification of botanical species through field batteries and based on the
APG II system (Angiosperm Phylogeny Group). As a result of the high humidity rate and mild
temperatures of the mountain plateau, typical species of caatinga and humid forest were recorded. In
this sense, a variety of caatinga species were identified, and an exception, which over the years has
been degraded and extinct from the mountain range as a result of human occupation and actions.
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Introdução
O complexo serrano João do Vale (RN/PB) é composto por um conjunto de paisagem
de caatinga e fragmentos de Floresta Tropical Sazonalmente Seca, que devido as condições
climáticas com maior umidade do ar que atuam como agentes condicionantes para vários
tipos de vegetação, assim como, para atividades econômicas desenvolvidas pelas
comunidades habitadas em seu platô (LUCENA, 2014). O complexo está inserido no Domínio
de Caatinga, na região semiárida brasileira, cuja biodiversidade é adaptada as condições
climáticas (ambientes áridos e semiáridos), em especial a flora, geralmente xerófila e
caducifólia, que para sobreviver ao período de estiagem as espécies vegetais perdem suas
folhas para controlar a perda de água (AB’SÁBER, 1977; ANDRADE-LIMA, 1981;
ALBUQUERQUE; BANDEIRA, 1995).
O ecossistema de caatinga é rico em biodiversidade e espécies endêmicas, mas
sucessivamente frágil as ações antrópicas que se expandem constantemente, gerando a
degradação ambiental que acaba por comprometer os recursos naturais e a sustentabilidade
deste bioma (DANTAS, 2009). A área remanescente está altamente fragmentada, distribuída
em fragmentos de diferentes tamanhos, ocasionando a extinção de espécies endêmicas das
unidades geoambientais impactando na manutenção e conservação da biodiversidade
(CASTELLETTI et al., 2004; LEAL et al., 2005).
Atualmente, a cobertura vegetal se encontra bastante alterada, resultado das ações
antrópicas, como consequência do crescimento rural e das atividades econômicas prestadas
(e.g. pecuária, exploração agrícola e madeireira) que alteram a composição florística, expõem
o solo à erosão e a perda da diversidade biológica e de recursos naturais (MENDES;
CASTRO, 2003). Porém, são os ambientes serranos que apresentam fisionomias e formações
vegetais heterogêneas em sua grande maioria conservados ou em estágio de sucessão
ecológica avançado (PRADO, 2003; SILVA et al., 2014; OLIVEIRA, 2019).
Neste sentido, o presente trabalho abordará acerca das espécies vegetais, com
enfoque no componente arbustivo e arbóreo, visto que possuem maior influência na cobertura
do solo que compõem as diferentes fisionomias da Serra do João do Vale.
Materiais e métodos
Área de estudo
O objeto de estudo deste trabalho corresponde a Serra João do Vale, um maciço
residual que abrange cerca de 280 km2 localizado na divisa dos estados do Rio Grande do
Norte e da Paraíba, englobando parcialmente os municípios de Jucurutu-RN, Triunfo Potiguar-
RN, Campo Grande-RN e Belém do Brejo do Cruz-PB.
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Figura 1 – Área do complexo serrano João do Vale.
Procedimentos metodológicos
Para a caracterização da cobertura vegetal, assim como demais informação
coletadas, ocorreram por meio de baterias de campo in locus por meio de caminhamento em
pontos aleatório e pontos chave para coletar dados e identificação das espécies (platô,
vertente e encosta). A identificação das espécies botânicas ocorreu com base no sistema
APG II (Angiosperm Phylogeny Group), com auxílio de bibliografia especializada (SOUZA;
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LORENZI, 2005). De modo complementar, também foram realizadas consultas ao sistema
Flora do Brasil 2020 - INCT Herbário Virtual da Flora e dos Fungos
(http://reflora.jbrj.gov.br/reflora), o qual contém dados e amostras botânicas para análise e
verificação das amostras vegetais coletadas.
Resultados
A partir das atividades de campo, observou-se a questão da dinâmica da paisagem
nas mais diferentes áreas da serra (sopé, encosta e platô – Figura 2), onde registrou-se a
ocorrência de espécies típicas de caatinga (Quadro 1) e vegetação de exceção com espécies
típicas de mata úmida (Quadro 2), ambas listadas abaixo.
Quadro 1 – Espécies de Caatinga arbórea e/ou arbustiva identificadas na Serra de João do Vale.
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Quadro 2 – Espécies de Floresta Tropical Sazonalmente Seca (FTSS) identificadas na Serra de João
do Vale.
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Figura 3 – espécies vegetais: a) Enterolobium contortisiliquum; b) Hymenaea courbaril.
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Figura 4 – espécie Cordia goeldiana. A) fruto; b) individuo.
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Figura 3 – espécies vegetais
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Figura 5 – espécie Syagrus cearenses. A) fruto; B) individuo.
Considerações Finais
Neste sentido, com base nos resultados obtidos, a diversidade de espécies arbóreas
que compõem a cobertura vegetal da Serra do João do Vale corresponde a um estimado
patrimônio biológico, que ao longo dos anos tem sofrido redução e declínio como resultado
das ações e ocupação humana. Portanto, degradação ambiental ocasionadas, em geral para
fins econômico e ocupacional, tem resultado na redução das espécies vegetais de porte
arbóreo endêmicas da caatinga, e especialmente, as espécies que corresponde a vegetação
de exceção, que é o caso das espécies típicas de Mata Atlântica. Esta consequência é
resultado da degradação consecutiva, onde não há tempo o suficiente para vegetação se
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regenerar e se distribuir, através do processo de dispersão e germinação. Com isso, salienta-
se a importância de conservar este território, rico em biodiversidade, em meio ao domínio dos
sertões de caatinga e semiárido brasileiro.
Referências
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