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CONSIDERANDO que é seu dever zelar e trabalhar, por todos os meios ao seu
alcance, pelo perfeito desempenho ético da Fisioterapia e Terapia Ocupacional e pelo
prestígio e bom conceito dessa profissão e dos que a exercem legalmente (Art. 5º da Lei n.º
6.316/75);
Desse modo, diante das supramencionadas considerações, vimos por meio deste
Ofício encaminhar resposta à solicitação feita no Ofício N°.
SEI-5/2024/CREMEC/DIR/DIREX/COJUR/ASSEJUR, no qual foi requisitada
manifestação deste Conselho Regional em relação ao suposto exercício ilegal do profissional
Fisioterapeuta Dr. Luiz Jonas Marques Filho, inscrito sob o nº 155964-F, em específico no
que se refere às técnicas invasivas de controle da dor e da inflamação, prescrição de
medicamentos para quadros de inflamação.
Nesse sentido, vejamos o que dispõem os artigos 8º e 9º, inciso III, da Resolução
COFFITO 424/2013, que estabeleceu o Código de Ética e Deontologia da Fisioterapia:
Artigo 8º – O fisioterapeuta deve se atualizar e aperfeiçoar seus
conhecimentos técnicos, científicos e culturais, amparando-se nos
princípios da beneficência e da não maleficência, no desenvolvimento de
sua profissão, inserindo-se em programas de educação continuada e de
educação permanente.
Vale mencionar, também, o artigo 3º do Decreto Lei nº 938/69 que dispõe que “É
atividade privativa do fisioterapeuta executar métodos e técnicas fisioterápicos com a
finalidade de restaurar, desenvolver e conservar a capacidade física do paciente”.
Ademais, a Lei Federal e reiteradas decisões judiciais são unânimes nesse
sentido, ao definir como privativo do fisioterapeuta em realizar a consulta fisioterapêutica,
prescrever a intervenção fisioterapêutica e executar essa intervenção, adotando métodos e
técnicas fisioterápicos com a finalidade de restaurar, desenvolver e conservar a capacidade
física do paciente.
A respeito do tema, em recente julgado do Superior Tribunal de Justiça no REsp
Nº 1.592.450/RS, a Primeira Turma ao julgar embargos de declaração concluiu que é
permitido ao fisioterapeuta e ao terapeuta ocupacional diagnosticar doenças, prescrever
tratamentos e dar alta terapêutica, reconhecendo assim a autonomia profissional, de modo
que reformou o entendimento anteriormente adotado em que apenas o médico poderia
realizar tais atos, ficando restrito ao fisioterapeuta e ao terapeuta ocupacional apenas
executar técnicas e métodos prescritos.
Em relação a prescrição de medicamentos, em 2017, no uso de suas atribuições,
o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional – COFFITO, normatizou a
utilização e/ou indicação de substâncias de livre prescrição pelo fisioterapeuta por meio
do ACÓRDÃO Nº 611, DE 1º DE ABRIL DE 2017, devendo levar-se em consideração a
Instrução Normativa IN86/2021 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA), que define a lista de medicamentos isentos de prescrição; bem como as
exceções elencadas na Portaria nº 344/1998 do Ministério da Saúde que aprova o
Regulamento Técnico referente às substâncias e medicamentos sujeitos a controle especial.
Dessa forma, não há óbice para que profissionais fisioterapeutas
prescrevam/indiquem medicamentos classificados pela Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (ANVISA) como medicamentos isentos de prescrição.
Ademais, observa-se que na própria publicação realizada pelo profissional e
juntada pelo CREMEC, consta a informação “Anti-inflamatórios de livre prescrição”.
Vejamos:
(...)
(…)
(...)
Embora não exista um conceito legal de “órgãos internos” para efeitos jurídicos,
a hermenêutica jurídica exige razoabilidade na interpretação dos dispositivos legais, onde o
operador do direito deve buscar a intenção do legislador - sob pena de favorecer a reserva de
mercado e prejudicar a atuação de outras categorias em uma perspectiva multiprofissional.
Vê-se, portanto, que não há óbice ao uso da via injetável pelo Fisioterapeuta.
Atenciosamente,
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Dr. Jacques Eanes Esmeraldo Melo
Presidente do CREFITO-6