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Poder Judiciário
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª REGIÃO
RELATÓRIO
Ante o exposto: 01. Presentes os requisitos legais, ratifico a liminar e concedo a segurança,
extinguindo o feito forte no art. 487, I, do NCPC. Em consequência: a) declaro nula
a notificação anexada à inicial (evento 1 - NOT7), naquilo que tange especificamente à
impetrante; e b) determino à autoridade impetrada que se abstenha de autuar, fiscalizar e
impedir que a impetrante, Mariana Viera Carneiro, exerça a atividade de instrutora do método
pilates em qualquer academia, escola de dança ou outro estabelecimentos congênere. 02. Com
reexame; mesmo sem recurso voluntário, subam. Interposta apelação, a Secretaria, receba-a
no efeito devolutivo, colha contrarrazões e a remeta ao E. TRF4. 03. Sem honorários e custas
ex lege. 04. A Secretaria oportunamente arquive. 05. P.R.I.
É o relatório.
VOTO
Mérito
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Em suas razões de apelação, Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia
Ocupacional - CREFITO, sustentou sua defesa nos seguintes termos:
(...)
A Resolução COFFITO n.º 386 em momento algum prevê reserva de mercado ou limita a ação
de outros profissionais da saúde, posto que o COFFITO possui competência legal para
normatizar o exercício da Fisioterapia e da Terapia Ocupacional.
Por sua vez, o Conselho Federal de Educação Física regulamentou a aplicação do método
enquanto atividade física (Resolução n.º 201/2010).
Assim, considerando as possíveis destinações do método Pilates, o que a impetrante visa, por
intermédio do mandado de segurança sob comento, é obter do Judiciário um salvo-conduto
para o exercício da Fisioterapia ou da Educação Física sem a devida formação acadêmica.
A Associação Brasileira de Pilates corrobora o que foi até então defendido pelo apelante, e
tem por pacífica a indicação dos profissionais habilitados a aplicar tal método
(http://www.abpilates.com.br/site/template.asp?idPagina=18): A atuação do Método Pilates
no Brasil pode ser exercida por profissionais com formação em Fisioterapia e Educação
Física. Para que uma empresa inicie suas atividades, faz-se necessário o registro em
determinados órgãos nos âmbitos federal, estadual e municipal. Porém, um studio de Pilates
deve estar regulamento dentro do conselho pertinente ao profissional, CREFITO (Conselho
Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional) e/ou CREF (Conselho Regional de Educação
Física).
(...)
Pilates é um método de controle muscular desenvolvido por Joseph Pilates na década de 1920.
A maioria dos exercícios é executada com a pessoa deitada. É atualmente uma técnica
reconhecida para tratamento e prevenção de problemas na coluna vertebral. Um Estúdio de
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Pilates é normalmente o local onde se pratica Pilates no chão (Mat Work) e em Grandes e
Pequenos Aparelhos. O aparelho mais conhecido de todos é o Reformer. Eventualmente um
estúdio completo de Pilates inclui aparelhos como o Cadillac, Wunda Chair, High "Electric"
Chair, Spine Corrector, Ladder Barrel e Pedi-Pole.
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Pilates
Artigo 2° - Para os efeitos éticos e legais desta Resolução, o método Pilates sempre que
indicado e administrado por profissional fisioterapeuta estará vinculado ao controle ético e
fiscalizatório do Sistema COFFITO/CREFITOs, sendo, portanto, necessário o registro, por
parte do profissional fisioterapeuta, do seu consultório ou empresas no CREFITO de sua
circunscrição.
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Art. 1o O exercício das atividades de Educação Física e a designação de Profissional de
Educação Física é prerrogativa dos profissionais regularmente registrados nos Conselhos
Regionais de Educação Física.
Art. 2o Apenas serão inscritos nos quadros dos Conselhos Regionais de Educação Física os
seguintes profissionais:
III - os que, até a data do início da vigência desta Lei, tenham comprovadamente exercido
atividades próprias dos Profissionais de Educação Física, nos termos a serem estabelecidos
pelo Conselho Federal de Educação Física.
Art. 1º Ratificar o Pilates como modalidade e método de ginástica que, como tal, deverá ser
orientado e dinamizado por Profissionais de Educação Física.
(...)
5022815-89.2017.4.04.7200 40000677683 .V30
https://eproc.trf4.jus.br/eproc2trf4/controlador.php?acao=minuta_imprimir&acao_origem=acessar_documento&hash=832bf840fde54fba61edb53c… 4/6
16/11/2018 :: 40000677683 - eproc - ::
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Questiona-se: com que objetivo a impetrante aplica o método Pilates?
Se o objetivo for a reabilitação, ou, na letra do Decreto-lei n.º 938/69, se visa restaurar,
desenvolver e conservar a capacidade física do paciente, estará a impetrante praticando
irregularmente a fisioterapia, em afronta ao art. 3º daquele decreto.
Se, por outro lado, a aplicação do método Pilates pela impetrante seja entendida como
atividade física, estará ofendendo o disposto nos artigos 1º e 3º da Lei n.º 9.696/98, que
estabelecem que compete ao profissional de educação física executar trabalhos nas áreas de
atividades físicas (art. 3º), cabendo tal prerrogativa exclusivamente aos profissionais
registrados nos Conselhos Regionais de Educação Física (art. 1º). Vale destacar novamente, o
que interessa não é o método, mas sim sua destinação.
A impetrante não esclarece na inicial qual o objetivo da aplicação do método Pilates, e sua
alegada formação a permite praticá-lo, mas não aplicá-lo em terceiros (diz-se alegada porque
não comprovou a formação em bailarina e trouxe aos autos diversos certificados sem registro
no Ministério da Educação e Cultura).
Ou seja, nada impede que qualquer pessoa participe de cursos e passe a utilizar técnicas que
aprendeu, praticando exercícios previstos pelo método Pilates.
Mas, evidentemente, não se pode permitir que qualquer pessoa aplique tais técnicas em
terceiros, como a autora faz, posto que tal aplicação exige um objetivo. E, no caso, o método
Pilates possui por finalidade a recuperação ou o exercício físico, atividades regulamentadas
por lei, e permitidas exclusivamente a fisioterapeutas e educadores físicos devidamente
registrados em seus conselhos profissionais, respectivamente.
Nesse contexto, no qual se evidencia a destinação do uso do método Pilates por duas áreas de
saúde, questiona-se: para que finalidade por uma bailarina (que sequer provou tal formação)
instruir pessoas a utilizar o método Pilates?
Não se está tratando da prática de um esporte, nem tampouco do treinamento de uma equipe,
se está tratando da realização de sessões envolvendo uma série de movimentos corpóreos que,
dependendo da condição de quem está praticando, podem gerar efeitos físicos dos mais
diversos, e danos irreversíveis a músculos, articulações, tendões e à coluna vertebral.
E tais sessões só podem possuir dois objetivos: tratamento ou atividade física, ambas
atividades privativas de profissões regulamentadas.
(...)
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hipótese de aplicação do método Pilates seja entendido como atividade física, estará ofedendo
o disposto nos artigos 1º e 3º da Lei nº 9.696/98, que estabelecem que compete ao
profissional de educação física executar trabalhos nas áreas de atividades físicas (art. 3º),
cabendo tal prerrogativa exclusivamente aos profissionais registrados nos Conselhos
Regionais de Educação Física (art. 1º).
Honorários advocatícios
Conclusão
Dispositivo
Documento eletrônico assinado por ROGERIO FAVRETO, Desembargador Federal Relator, na forma do artigo 1º,
inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março de 2010. A
conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico
http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código verificador 40000677683v30 e do
código CRC b7da1634.
https://eproc.trf4.jus.br/eproc2trf4/controlador.php?acao=minuta_imprimir&acao_origem=acessar_documento&hash=832bf840fde54fba61edb53c… 6/6