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UM OLHAR INTEGRADO SOBRE O CUIDADO ONCOLÓGICO: ENFERMAGEM,


MEDICINA, FARMÁCIA, NUTRIÇÃO, FISIOTERAPIA E PSICOLOGIA

Book · November 2023

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4 authors:

Anna Karina Gomes da Silva Sara Barbosa Rocha


Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
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SEE PROFILE SEE PROFILE

Fábio Tadeu Lourenço Guimarães Flaviana FLAVIANA TAVARES Vieira


Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
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SEE PROFILE SEE PROFILE

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UM OLHAR INTEGRADO SOBRE O
CUIDADO ONCOLÓGICO:
Enfermagem, Medicina, Farmácia, Nutrição,
Fisioterapia e Psicologia.

Organizadores:
Anna Karina Gomes da Silva
Sara Barbosa Rocha
Fábio Tadeu L. Guimarães
Flaviana Tavares Vieira
Organizadores:
Anna Karina Gomes da Silva
Sara Barbosa Rocha
Fábio Tadeu Lourenço Guimarães
Flaviana Tavares Vieira

UM OLHAR INTEGRADO SOBRE O


CUIDADO ONCOLÓGICO:
Enfermagem, Medicina, Farmácia, Nutrição,
Fisioterapia e Psicologia.

Diamantina - MG
Universidade Federal dos Vales do
Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM
2024
É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte.
As ideias e opiniões expressas nesta publicação são de inteira responsabilidade de
seus autores e não refletem necessariamente a opinião do Programa de Educação
Tutorial.
Organizadores:
Anna Karina Gomes da Silva
Sara Barbosa Rocha
Fábio Tadeu L. Guimarães
Flaviana Tavares Vieira

Revisores de texto:
Fábio Tadeu L. Guimarães
Flaviana Tavares Vieira

Colaboradores e diagramadores:
Camila Cristina Pereira Costa
João Pedro da Silva Santos

Elaborado com os dados fornecidos pelo (a) autor (a).

O45 Um olhar integrado sobre o cuidado oncológico: enfermagem,


medicina, farmácia, nutrição, fisioterapia e psicologia
[recurso eletrônico] /Organizadores: Anna Karina Gomes da Silva,
Sara Barbosa Rocha, Fábio Tadeu Lourenço Guimarães, Flaviana
Tavares Vieira . – Diamantina: UFVJM, 2023.
140 p. :il.

ISBN: 978-65-999572-0-8 (e-book)

1. Oncologia. 2. Câncer - Tratamento. I. Silva, Anna Karina Gomes


da . II. Rocha , Sara Barbosa . III. Guimarães, Fábio Tadeu Lourenço.
IV. Vieira, Flaviana Tavares. V. Título. VI. Universidade Federal dos
Vales do Jequitinhonha e Mucuri.

CDD 616.994

Ficha Catalográfica – Serviço de Bibliotecas/UFVJM


Bibliotecário Anderson César de Oliveira Silva, CRB-6/ 2618
Dedicamos este livro a todas as pessoas que
receberam o diagnóstico de câncer e aos seus
entes queridos.
Os organizadores.
Fonte: Canva
ORGANIZADORES
Anna Karina Gomes da Silva:
graduanda em Nutrição na
UFVJM - Diamantina - MG

Sara Barbosa Rocha:


Nutricionista formada pela
UFVJM - Diamantina - MG

Fábio Tadeu L. Guimarães:


docente do curso de Nutrição do
Departamento de Nutrição na
UFVJM - Diamantina - MG

Flaviana Tavares Vieira: docente do


curso de Engenharia Química do
Instituto de Ciência e Tecnologia
na UFVJM - Diamantina - MG
COLABORADORES

Camila Cristina Pereira Costa:


graduanda em Enfermagem na
UFVJM - Diamantina - MG

João Pedro da Silva Santos:


graduando em Ciência e Tecnologia
na UFVJM - Diamantina - MG
SUMÁRIO
Apresentação...................................................08

O que é câncer?..............................................10

Olhar do enfermeiro......................................16

Olhar do médico.............................................34

Olhar do farmacêutico..................................54

Olhar do nutricionista...................................93

Olhar do fisioterapeuta..............................107

Olhar do psicólogo......................................126
Fonte: Canva
APRESENTAÇÃO
Falar sobre o câncer nunca foi uma tarefa
fácil. Durante muito tempo o diagnóstico da
doença esteve interligado com a palavra
morte. Pacientes, familiares e amigos
sentiam dificuldade em verbalizar essa
palavra, referindo-se por vezes como
“aquela doença” , que no subconsciente de
quem escutava já fazia alusão ao câncer.
Hoje o cenário é um pouco diferente, não
porque a doença deixou de assustar a
população, mas por saber que existem
tratamentos eficazes contra ela. Além das
campanhas de prevenção, mostrando a
importância do diagnóstico precoce no
combate ao câncer.
Com a finalidade de contribuir, esse material
foi elaborado e é voltado não apenas para
os pacientes oncológicos, bem como seus
familiares, amigos e toda rede de apoio
desses pacientes.

8
Aqui irão encontrar respostas verdadeiras, de
fontes confiáveis, para muitas de suas perguntas.
Pois este livro “Um olhar integrado sobre o
cuidado oncológico” é um compilado de
informações confiáveis de como você pode se
acolher e se posicionar diante de um diagnóstico
como esse.
Ao longo dos capítulos verão diferentes
profissionais da saúde tais como enfermeiro,
médico, fisioterapeuta, farmacêutico,
nutricionista e psicólogo relatando o impacto
que a doença exerce sobre cada uma dessas
áreas e a importância de trabalhar em equipe
para obter melhores resultados.
Claro que o tratamento oncológico depende de
uma série de variáveis, sendo a principal delas a
adesão por completo ao tratamento estipulado
pelo médico ao paciente, potencializado pela
equipe multiprofissional que irá o assistir durante
esse percurso. Esperamos que as informações
deste material possam contribuir com você. Bom
proveito!
Sara Barbosa Rocha
Nutricionista

9
CER?
É CÂN
O QUE

Autora:
Anna Karina Gomes da Silva
Discente do curso de nutrição da Faculdade de
Ciências Biológicas e da Saúde. Petiana do
Programa de Educação Tutorial Estratégias para
Diminuir a Retenção e Evasão da UFVJM, Diamantina
- MG Email: anna.gomes@ufvjm.edu.br
O câncer é uma doença caracterizada pelo
crescimento desequilibrado, acelerado e
invasivo de células, sendo que nesse processo,
ocorre alteração em seu material genético,
que no processo de multiplicação celular,
acaba gerando mais células com essas
alterações (INCA, 2009; ALVES, 2010, GUYTON
et al., 2021).
O crescimento das células cancerosas é
diferente do crescimento das células normais.
Ao invés de morrerem, essas células continuam
crescendo incontrolavelmente, formando outras
novas células anormais. Esse crescimento
rápido, agressivo e incontrolável, espalhando-
se para outras regiões do corpo caracteriza a
doença (INCA, 2011).
O câncer começa quando ocorre uma
mudança genética em uma célula normal,
fazendo com que essa célula receba instruções
incorretas. Essas mudanças ocorrem em genes
especiais que chamamos de proto-oncogenes,
os quais encontram-se inativos em células
normais. Quando há ativação dos proto-
oncogenes, estes se transformam em
oncogenes, o que leva as células normais a se
tornarem cancerosas (INCA, 2011).

11
Os tipos de câncer se distinguem pela
rapidez com que as células se multiplicam
e pela habilidade de invadir tecidos
próximos ou distantes, o que chamamos de
metástase (INCA, 2022). Dessa forma,
alguns tipos de câncer podem ser muito
agressivos e se “espalhar” rapidamente
entre os tecidos, enquanto outros podem
crescer de forma mais lenta além de se
“espalhar” de forma menos agressiva.

Fonte: Ilustração adaptada de Mariana F. Teles (Instituto Nacional de Câncer


(Brasil). ABC do câncer: abordagens básicas para o controle do câncer /
Instituto Nacional de Câncer. – Rio de Janeiro: Inca, 2011. 128 p. : il.)

12
Hiperplasia
Aumento de volume. Esse processo
costuma ser natural, como no caso do
crescimento das mamas em pessoas do
sexo feminino durante a puberdade ou
mesmo durante a gestação. No entanto,
em determinadas ocasiões, a hiperplasia é
um sintoma de que algo não vai bem com
o organismo do paciente.
Displasia
Desenvolvimento celular fora do normal,
que pode gerar a má-formação de um
tecido ou órgão de qualquer parte do
corpo humano. Existem diversos tipos de
displasias, que mudam de acordo com a
região afetada do corpo.
Câncer
Ocorre quando o tumor não ultrapassou a
membrana basal, estando presente apenas
no local inicial.
Câncer invasivo
A doença já ultrapassou a membrana
basal e dessa forma tornou-se invasivo ou
infiltrativo.

13
Existem mais de 100 tipos diferentes de
câncer, que correspondem a diferentes
alterações nos diversos tipos de células do
corpo. Por exemplo: quando começam em
tecidos como pele ou mucosas, são chamados
de carcinomas. Se têm origem nos tecidos
conjuntivos, como ossos, músculos ou
cartilagens, são chamados de sarcomas (INCA,
2022).

..............Tipos de Câncer ............


O câncer pode surgir em diversas áreas do
corpo. No entanto, alguns órgãos são mais
propensos a serem afetados do que outros, e
cada órgão pode ser alvo de diferentes tipos
de tumores, variando em sua agressividade
(INCA, 2022).

14
...............REFERÊNCIAS ..............
ALVES, Fernanda Rodrigues. Manual de condutas para
pacientes oncológicos. São Paulo: Sociedade Hospital
Samaritano, 2010.

BRASIL. Ministério da Saúde. ABC do câncer: abordagens


básicas para o controle do câncer. / Instituto Nacional de
Câncer. Rio de Janeiro: INCA, 2011.

BRASIL. Ministério da Saúde. Consenso nacional de


nutrição oncológica. / Instituto Nacional de Câncer. Rio
de Janeiro: INCA, 2009.

BRASIL. Ministério da Saúde. O que é câncer. / Instituto


Nacional de Câncer. Rio de Janeiro: INCA, 2022.
Disponível em: https://www.gov.br/inca/pt-
br/assuntos/cancer/o-que-e-cancer Acesso em: 7 dez.
2023.

BRASIL. Ministério da Saúde. Tipos de Câncer. / Instituto


Nacional de Câncer. Rio de Janeiro: INCA, 2022.
Disponível em: https://www.gov.br/inca/pt-
br/assuntos/cancer/tipos Acesso em: 7 dez. 2023.

GUYTON, Arthur C.; HALL, Michael E.; HALL, John E..


Tratado de fisiologia médica. 14.ed RIO DE JANEIRO:
Grupo GEN, 2021.

15
Fonte: Canva

O OLHAR DO
ENFERMEIRO

Autora:
Ana Lanza

Enfermeira, Especialista em Gestão em Saúde, Mestre


em Saúde Pública e Doutora em Saneamento Meio
Ambiente e Recursos Hídricos. Docente Departamento de
Enfermagem da Faculdade de Ciências Biológicas e da
Saúde, do campus JK, UFVJM, Diamantina, Minas Gerais,
Brasil. E-mail: ana.lanza@ufvjm.edu.br
PARA QUE ESTOU COM CÂNCER?

Você já foi confrontada(o) por esta


pergunta? Por este diagnóstico?

Primeiro de tudo, antes de começar, quero


dizer sinto muito pelo que você está
passando. Receber essa notícia não deve
ser fácil, né?

Então surgiu esse desafio de escrever


sobre o cuidado integral para a pessoa que
acabou de descobrir que está com câncer.
E eu decidi escrever para quem recebeu e
para quem convive com essa pessoa, pois,
em momento algum, somos apenas um.
Carregamos conosco amores, histórias,
familiares, pessoas que gostamos - ou nem
tanto…

MAS, E AGORA?
É preciso tentar entender o que está
acontecendo.

17
EM QUEM CONFIAR?

São tantas informações, tanta coisa para


correr atrás, tantos lugares para onde ir:
médicos, laboratórios, secretaria de saúde,
clínicas, outras cidades. Tanta informação de
uma vez só.

Preocupações PODERÃO SURGIR: “quem vai


ficar com os meus pais? Ou com os meus
filhos? E o meu trabalho? Minha casa? Quem
vai cuidar de tudo? ”

SÃO TANTAS SITUAÇÕES NOVAS QUE


TEMOS A SENSAÇÃO QUE O CONTROLE
“ESCAPA DAS NOSSAS MÃOS”

Fonte: Canva 18
Pessoas que já passaram por essa
situação contam que na hora que
descobriram que estavam com câncer
choraram, sentiram muito desânimo, falta
de apetite, vontade de sumir, uma tristeza
sem fim. É como se a cabeça ficasse vazia,
por que são muitos pensamentos e
emoções misturados. Outras se
preocuparam mais com os outros do que
consigo mesmas. Tiveram que consolar
parceiros (as), filhos, pais....

Que foi mesmo uma


GRANDE confusão

Relataram um sentimento de ser O MAIOR


DESAFIO DA VIDA.

MAS vou sugerir uma outra coisa aqui: e se


agora, pudéssemos pensar para frente?

19
PENSAR NESSE MOMENTO COMO UM
MOMENTO PARA RECALCULAR A ROTA?

Nossa vida é tão corrida que muitas vezes


a gente se esquece de pensar na gente,
né?

Vou trazer algumas perguntinhas para


você e, quando achar que é hora, tente
refletir sobre cada uma.

Se você quiser, você pode escrever, pode


até gravar no celular. Pode filmar também,
caso deseje.

Você poderá ler, reler, assistir, ouvir e,


sempre que algo se modificar dentro de
você,

Você poderá REESCREVÊ-LA, afinal, essa é a

SUA HISTÓRIA.

20
Talvez o ponto de partida (a pergunta
principal) seja:

Como você descreveria o seu


desejo de viver?

E de viver feliz?

E de ter uma vida incrível


mesmo quando está tratando
uma doença?

Você acha possível fazer


isso?

Acredite: É SIM POSSÍVEL VIVER BEM,


MESMO COM o diagnóstico de câncer

21
Porém, fique atento! Fique atenta!

O diagnóstico do câncer traz consigo a


necessidade de estar aqui e agora.

E muita coisa poderá (ou deverá) mudar


daqui para a frente: sua rotina, seu corpo,
a forma como você manifesta seus
sentimentos, seus desejos, sentimentos,
vontades.

E NÃO NECESSARIAMENTE MUDARÁ PARA


PIOR

Tente trocar o porquê estou com


câncer por, PARA QUÊ estou com
câncer?

Para que essa doença grave se


manifestou no meu corpo (ou naquele de
quem amo tanto)?

22
Fonte: Canva
- Para alterar situações, relações, formas de
enxergar e viver o mundo?
- Para começar a pensar mais em mim?
Para eu aprender a me colocar em primeiro
lugar?
- Para eu tentar estreitar as relações com
as pessoas? Voltar a fazer contatos,
estabelecer novas amizades, conhecer
novas histórias? Contar as minhas histórias?
Para que aos poucos eu me coloque em
primeiro lugar?
- Para aprender a aceitar apoio? Aceitar
ajuda? Aprender a falar sobre o que
preciso?
- Para perdoar, se sinto que vale a pena?
Ou tentar conversar para entender os
porquês do outro?
- Para que eu consiga expressar meus
desejos? Para que eu consiga sonhar,
desejar, manifestar vontades?
- Para que eu aprenda a impor limites que
não puderam ser impostos antes (por
vergonha, medo, outros motivos). Para que
eu aprenda a dizer NÃO QUERO, NÃO
POSSO, NÃO VOU?
23
Para aumentar o meu Autoconhecimento?

Ao se conhecer melhor você aprende a


PRIORIZAR O QUE QUER
E o que prefere não encarar daqui para
frente.
Isso é qualidade de vida. Dentre outras
coisas.

E pensando nessa nova etapa da sua vida


- com mais qualidade, mais sinceridade
para com você mesmo, e com os ajustes e
adaptações necessárias e, na medida do
possível, respeitando os seus limites (e caso
faça sentido para você),

O QUE ACHA DE?

Montar um pequeno altar na sua casa: Um


pequeno espaço que contenha tudo o que
considera mais sagrado: objetos, cartas,
fotografias e tudo mais que faça sentido
para o seu coração. Colocar ali o que te
representa e ALIMENTAR O SEU SAGRADO.
Reconheça-se!

24
Reservar um tempo para rezar, orar,
cantar ou conversar. Ler, escrever cartas,
visitar amigos ou receber visitas. E, lembre-
se: Só faça se não encarar como
obrigação, mas se for prazeroso!

Sempre que possível SE ALIMENTAR COM


PRAZER. Comidas com histórias, receitas
com memórias. Encontre maneiras de se
alimentar bem mesmo naqueles dias que as
coisas não saíram como você esperava.
Informe aos seus familiares e cuidadores
quais os seus pratos favoritos. O que
você gosta de comer? O que não tolera?
Faça junto com eles. Está com falta de
apetite? Enjoado? Experimente comer em
um prato menorzinho, tente diminuir nos
temperos, capriche naquela refeição que
tanto ama. Escreva as receitas que fazem
parte da sua história.

Ensinar. Transmita seus conhecimentos.


Tenha moderação para aceitar que nem
tudo pode, mas também que um pouquinho
sempre vale a pena! Melhor que nada,
não é?

25
Converse com quem já passou por
experiências parecidas. Investigue sobre
táticas utilizadas para levar a doença de
maneira mais leve. SE O PAPO FICAR
DESAGRADÁVEL, tenha a liberdade para
pedir licença e se RETIRAR. VOCÊ NÃO É
OBRIGADO(a) A ESCUTAR O QUE TE FAZ
MAL.

Sempre que possível, e com a permissão dos


profissionais que cuidam de você, faça
exercícios físicos: caminhe a sua raiva, faça
alongamento com seus sonhos, jogue
peteca com os seus desejos, dance com as
possibilidades ou mergulhe em águas
calmas para lavar a alma.

Faça a sua lista de desejos. O que você


quer fazer, conhecer, viver antes de partir?
E isso não é por que você tem um diagnóstico
de doença grave, não.

26
ESSA LISTA DE DESEJOS DEVE SER ELABORADA
POR TODOS NÓS, HUMANOS, POIS NINGUÉM É
IMORTAL, NÃO É MESMO? CONSTRUA SUA LISTA E
MOSTRE PARA QUEM VOCÊ CONSIDERAR
MERECEDOR DE CONHECÊ-LA E COLOCÁ-LA EM
PRÁTICA COM VOCÊ.

Realizar sonhos nos faz querer seguir adiante.


Quais são os seus sonhos e desejos mais
secretos, engraçados, possíveis e impossíveis?

-Fale também sobre como deseja ser


cuidado. O que busca espera do tratamento
para o câncer? Como quer viver durante
essa fase da sua vida? Pense sobre como
ter dias de felicidade e saúde também nesse
momento. O câncer gera um desconforto
muito grande e você tem que ter o direito de
falar sobre isso. Não espere para quando o
tratamento acabar.
- Saia de casa quando estiver disposto.
Conheça lugares, converse com vizinhos e
amigos. Não se esconda, pois, estar com
câncer não é motivo para se ter vergonha.
Abraços, sorrisos e palavras também são
remédio.

O amor pode mudar o nosso mundo

27
VOCÊ NÃO É A SUA DOENÇA.
VOCÊ É UMA PESSOA.
E a sua história importa.

E, se em algum momento, você precisar de


Cuidados Paliativos, não tenha medo!!

Estar em cuidados paliativos possibilita que


diferentes profissionais atuem para melhorar
a saúde das pessoas que estão com uma ou
mais doenças graves, buscando melhorar a
sua qualidade de vida. Saiba que os
Cuidados Paliativos existem para prevenir e
tratar sintomas que podem surgir por causa
da doença, ou durante o tratamento da
doença (efeitos colaterais).

Têm como objetivo mostrar ao paciente e a


seus familiares que é preciso viver apesar
da doença e não apenas sobreviver por
causa dela.

28
Os paliativistas - médicos, enfermeiros,
nutricionistas, fisioterapeutas, psicólogos,
assistente social, dentistas - que trabalham
com os Cuidados Paliativos, geralmente estão
sempre alertas para tentar entender,
conversar e tratar os diversos sintomas e
sentimentos que poderão surgir após o
diagnóstico de uma doença grave, como: a
dor física e espiritual (aquela que dói a alma,
e que nos faz questionar sobre a vida, e ou
sobre Deus), a falta de ar, tristeza, coceira,
prisão de ventre, solidão, medo e outros
diversos sintomas e sensações que nos
incomodam e ou nos entristecem e que, por
algum motivo, não falamos sobre.

#FICADICA: FALE sobre o que está


sentindo!
Ninguém conseguirá adivinhar se você não
falar.

29
E você pode chorar também, se sentir vontade.
Estar limpo é fundamental? Peça! Não sentir dor
em momento algum é prioridade? Avise!

Tem medo de ficar sozinho? Comunique! Não


gosta de ser tratado de certa maneira por algum
profissional? Fale com jeitinho, mas não deixe
passar.

E não se esqueça: fale que ama para quem


você ama (fale muito), fale o que sempre quis
falar, mas não teve coragem, não teve tempo,
não teve vontade, achou que não era necessário,
ou que não era hora. Fale sobre o que dói, sobre
o que incomoda, sobre o que está sentindo. Fale
sobre seus medos, suas dores, ressentimentos,
desejos, vontades.

Fale sobre seus sentimentos e fale sobre sonhos.

A VIDA É AGORA.
NÃO DEIXE PARA DEPOIS.
Um último conselho, se me permite?
Acrescente vida aos anos e não somente
anos à vida, combinado?

30
Por fim, separei aqui algumas dicas de livros
e vídeos para você – ou quem você ama, ou
cuida - que está passando pelo diagnóstico e
ou tratamento de doença grave. Leia, assista,
ouça, reflita e converse muito. Fale muito.
Fale!

A vida é troca!

P.S: Gostaria de expressar aqui que eu queria


muito que a minha mãe tivesse lido esse texto
quando soube que estava com câncer. Ela se
preocupou com todos: com a filha grávida,
com o filho que tinha um bebê pequeno, com
o marido, com os enteados e com as irmãs. E
acho que se deixou em segundo, terceiro,
quinto plano.... Queria que ela tivesse
despertado para a necessidade e
importância de se colocar em primeiríssimo
lugar. E tivesse acrescentado mais vida aos
seus anos.

31
INDICAÇÕES DE LIVROS:
Enquanto eu respirar: Dançando com o tempo e
com todas as possibilidades de estar viva até o
último suspiro. Ana Michelle Soares.

Vida inteira: Uma jornada em busca do sentido e


do sagrado de cada dia. Ana Michelle Soares.

Entre a lucidez e a esperança: Um olhar sobre a


finitude para quem não tem tempo a perder. Ana
Michelle Soares.

A morte é um dia que vale a pena viver. Ana


Claudia Arantes Quintana.

INDICAÇÕES DE VÍDEOS:
Enquanto eu respirar | Ana Michelle Soares |
TEDxSaoPaulo https://www.youtube.com/watch?
v=fBp6ch7Yrlg

A morte é um dia que vale a pena viver | Ana


Claudia Quintana Arantes | TEDxFMUSP
https://www.youtube.com/watchv=ep354ZXKBEs

Fonte: Canva

32
..................REFERÊNCIAS ...............

LSOARES, Ana Michelle. Enquanto eu respirar. BOD GmbH


DE, 2019.

LSOARES, Ana Michelle. Vida inteira. BOD GmbH DE, 2021.

LSOARES, Ana Michelle. Entre a lucidez e a esperança.


BOD GmbH DE, 2023.

ARANTES, Ana Cláudia. A morte é um dia que vale a pena


viver. Leya, 2018.

33
O OLHAR DO
MÉDICO
Fonte: Canva

Autores:
Giovana Amaral Cordeiro¹,
João Gustavo Marques de Faria².

1.Médica Geriatra e Docente Faculdade de Medicina do campus JK,


Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM),
Diamantina, Minas Gerais, Brasil. Email: giovana.cordeiro@ufvjm.edu.br.
2.Discente Faculdade de Medicina do campus JK, Universidade Federal dos
Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), Diamantina, Minas Gerais, Brasil.
Email: joao.marques@ufvjm.edu.br.
O Paciente e seu Dilema

A vida se inicia a partir da formação de um


embrião no ventre materno, tal processo se dá
através da proliferação celular, ou seja, da
multiplicação das células até que se forme
grupamentos celulares, tecidos, órgãos e
sistemas.
O processo de crescimento e proliferação
celular possui mecanismos de proteção caso
aconteça um erro na divisão de uma célula.
As neoplasias são doenças advindas de
falhas nos mecanismos de proteção da divisão
celular, o que acarreta formação de células
diferenciadas com capacidade de
multiplicação aumentada, promovendo
alterações no equilíbrio corporal.
Além disso, essas células diferenciadas
podem invadir outros órgãos, o que é
conhecido como metástase (Silva, 2019).

35
Por se tratar de uma doença multifatorial, o
câncer pode ser causado por:

hereditariedade tabagismo

etilismo hábitos de vida

exposição
exposição solar
ocupacional

alterações causadas por


radiações
infecções virais.

Fonte: Os autores.

Prevenir tais fatores de risco e realizar


rastreios ao longo da vida é a chave de
sucesso no combate de uma das doenças
que mais mata e traz complicações para os
pacientes (Weeden, 2023).

36
Foi estimado que no triênio de 2020-2022,
o Brasil teria aproximadamente 625 mil casos
de câncer, sendo destes 450 mil não
melanoma. O Câncer de pele não melanoma
continua liderando como o mais incidente (177
mil casos), seguido pelo câncer de mama e
próstata (66 mil casos cada), cólon e reto (41
mil), pulmão (30 mil) e estômago (21 mil).
Na população masculina, em exceção ao
câncer de pele não melanoma, o de próstata
segue liderando (29,2%), em seguida o de
cólon e reto assume a segunda posição (9,1%),
o de pulmão (7,9%), o de estômago (5,9%) e
de cavidade oral na última posição (5,0%).
Na população feminina os cânceres de
mama se destacam (29,7%), cólon e reto
(9,2%), colo do útero (7,4%), pulmão (5,6%) e
tireoide (5,4%) são os mais frequentes
(Silveira, 2021).
Fonte: Canva

37
DESDE O RASTREIO ATÉ O
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO, O
PACIENTE PERCORRE UM LONGO
CAMINHO DE INCERTEZAS, ANGÚSTIAS
E ADAPTAÇÕES. O NÚCLEO FAMILIAR,
ESTRUTURA O QUAL FORNECE TODO
SUPORTE AO PACIENTE, SOFRE COM O
RECEBIMENTO DA NOTÍCIA.

Tal fato é percebido ao longo das


consultas médicas e com outros
profissionais da saúde. No geral, o paciente
enfrenta diversas fases do câncer, entre
elas:

o início dos sintomas;


o diagnóstico;
decisões compartilhadas;
relação médico/paciente/familiares;
opções terapêuticas diversas;
Cuidados Paliativos.

38
Decisões terapêuticas, o
binômio Médico-Paciente
Várias são as abordagens possíveis após
dado o diagnóstico e estadiamento de
câncer. Idealmente, as decisões são
tomadas sempre buscando a individualidade
da doença, do doente, dos familiares, da
capacidade técnica e tecnológica
disponíveis para assistência ao paciente.
É imprescindível que o paciente seja
envolvido no processo de sua doença e
tratamento, para isso ele deve ser orientado
sobre as opções de tratamento, as etapas
realizadas, seus riscos, toxicidade e agravos
(Silva, 2019).

Existem, atualmente, inúmeras opções para o


tratamento do câncer, dentre elas:

• Cirurgia oncológica; • Terapia-Alvo;


• Quimioterapia; • Imunoterapia;
• Radioterapia; • Medicina Personalizada;
• Hormonioterapia; • Cuidados Paliativos.
• Transplante de Medula óssea;

39
pouco
s e g u ir e x p licaremos um
A ão
a p ro c e s s o citado, a divis
de cad ico
o n s a b ilid a d es entre méd
de resp nica de
p a c ie n te e a eficácia clí
e
.
cada método

................Cirurgia Oncológica..............
As previsões sobre o crescimento no número
de diagnósticos de câncer no mundo
denotam a importância das estratégias de
prevenção. Estima-se que o número de casos
irá aumentar de aproximadamente 14 milhões,
em 2012, para 19,3 milhões em 2025.
Em relação à mortalidade, é projetado
crescimento de 8 milhões, em 2012, para 11,4
milhões, em 2025 (Silva, 2016). Dessa forma,
a cirurgia oncológica se faz como o mais
antigo tratamento contra o câncer, podendo
ser curativo, diagnóstico e aliviador de
sintomas causados pela doença.

40
Os resultados são benéficos na maioria dos
pacientes que recebem diagnóstico precoce
do câncer e que apresentem condições
clínicas e laboratoriais favoráveis para
passarem pelo procedimento cirúrgico. A
decisão é feita em conjunto com o paciente,
sendo primariamente avaliada pelo médico
assistente os riscos e benefícios de tal
procedimento (Sullivan, 2015).

................Quimioterapia..................

O tratamento quimioterápico utiliza de um


arsenal de medicações, isoladas ou em
combinação, que atuam na destruição das
células tumorais. Por se tratar de uma terapia
sistêmica, não somente as células
cancerígenas, mas as próprias células sadias
do nosso organismo são afetadas, gerando
então os sintomas adversos variados que vão
de queda de cabelo e alterações
gastrointestinais até toxicidade na medula
óssea e efeitos cardíacos, pulmonares e
renais. No geral, essas reações dependem do
tipo, tempo de infusão, concentração da
medicação além do tempo de tratamento e
das condições clínicas do paciente.

41
...................Radioterapia..................

Se baseia na utilização de radiações


ionizantes que irão destruir ou inibir o
crescimento de células diferenciadas que
formam o tumor. Tecidos próximos ao câncer
podem também ser afetados pela radiação.
A radioterapia pode ser utilizada como
tratamento principal, adjuvante (após
tratamento cirúrgico), neoadjuvante (antes do
tratamento cirúrgico) e paliativo para alívio
de sintomas.

.................Hormonioterapia................

Alguns tipos celulares possuem receptores


hormonais específicos, como, por exemplo, ao
hormônio estrogênio, progesterona e
androgênios. Tais células são comumente
encontradas nos cânceres de mama, de
próstata e adrenal, fazendo estímulo a um
rápido crescimento e proliferação das células
malignas.

42
A hormonioterapia entra fazendo bloqueio
a ação deste hormônio nas células tumorais
e/ou diminuição da produção pelo
organismo, podendo ser utilizada de forma
isolada ou em combinação com outros
procedimentos.

.............Transplante de medula..............
Em alguns cânceres que afetam as células
sanguíneas como leucemias, linfomas e
mielodisplasias, doadores compatíveis de
medula óssea podem ser opção ao
tratamento. No geral, é realizado um pré-
tratamento destruindo as células
cancerígenas e posteriormente transplantado
para corrente sanguínea do paciente parte
do aspirado da medula óssea do doador.
Com o passar do tempo, as novas células
passarão a produzir as células sanguíneas
saudáveis normalmente.

43
....................Terapia-alvo...................
Trata-se de um tratamento sistêmico que
utiliza medicamentos ou formulações
celulares para atacar especificamente as
células cancerígenas, provocando poucos
danos às células sadias do corpo. Essa
terapia pode ser usada de forma isolada ou
em combinação a outras.

....................Imunoterapia...................
É um tratamento biológico cujo objetivo é
potencializar o sistema imunológico de
maneira que possa combater infecções e
outras doenças como o câncer. No geral,
proteínas específicas de um câncer são
selecionadas em laboratório e apresentadas
em uma cultura de células do sistema
imunológico, que posteriormente serão
transferidas para ela e apresentarão as
substâncias produzidas pelo câncer para o
sistema imunológico, desenvolver anticorpos e
outras substâncias capazes de neutralizar tais
células e reconhecê-las como agressoras ao
nosso organismo.

44
............Medicina Personalizada............

É um conceito atual que visa tratar a saúde


do paciente de forma individualizada,
analisando cada caso de maneira própria.
Leva em conta dados clínicos do paciente,
análise genética e genômica dele e dos
familiares, bem como aspectos ambientais
relacionados ao paciente. Dessa forma, pode-
se obter uma previsão de possíveis riscos à
saúde e a probabilidade de se desenvolver um
tumor ao longo da vida objetivando a
prevenção e rastreio.

..............Cuidados Paliativos................
Segundo definição mais atual, cuidados
paliativos é uma abordagem que melhora a
qualidade de vida de pacientes (crianças,
adultos e idosos) e suas famílias, que
enfrentam problemas associados a doenças
que ameaçam a vida, por meio da prevenção
e do alívio do sofrimento. Requer identificação
precoce, avaliação e tratamento da dor, além
de outros problemas de natureza física,
psicológica, social e espiritual (WHO, 2020).

45
A abordagem interdisciplinar dos cuidados
paliativos retira o foco da assistência na
doença e traz o foco no doente, buscando o
alívio do sofrimento. O paciente vivencia
durante o processo de adoecimento
sofrimento em vários aspectos da vida, sendo
eles: físico, psíquico, social, espiritual e
biológico. Todo profissional deve trabalhar de
modo complementar com objetivo comum de
aliviar todas as dimensões do sofrimento dos
pacientes e de seus familiares (Stanzani,
2020).
O papel do médico dentro dos cuidados
paliativos é voltado na liderança do cuidado,
no gerenciamento da equipe, na discussão
dos casos clínicos, na avaliação minuciosa dos
pacientes, no manejo impecável dos sintomas
e na elaboração do plano terapêutico. Outro
ponto fundamental de sua participação é o
planejamento de cuidados avançados, que
visa discutir com o paciente suas preferências
e dando oportunidade a ele de se expressar e
definir suas preferências.
Um detalhe importante é que o cuidado é
sempre realizado em parceria com outras
áreas da saúde, o que define o cuidado
interdisciplinar e garante melhores resultados
(Castilho, 2021).

46
OS OBJETIVOS MÉDICOS NOS
CUIDADOS PALIATIVOS SÃO:

Fornecer alívio para dor e outros


sintomas estressantes como astenia
(fraqueza, falta de energia), anorexia
(perda de apetite), dispneia (sensação
e falta de ar) e outras emergências
oncológicas;

Estabelecimento de um plano
avançado de cuidados conforme os
valores e preferências do paciente;

Instituir cuidados paliativos


precocemente no curso de evolução
da doença em conjunto com
tratamentos modificadores da doença
responsáveis por prolongar a vida
(como quimioterapia ou radioterapia);

47
OS OBJETIVOS MÉDICOS NOS
CUIDADOS PALIATIVOS SÃO:

Incluir ou dispensar investigações


diagnósticas proporcionalmente ao
quadro geral;

Comunicação consistente e
sustentada entre o paciente e todos
envolvidos no cuidado;

Apoio psicossocial, espiritual e


prático aos pacientes e seus
familiares;

Não apressar ou adiar a morte;

Fornecer aconselhamentos e suporte


ao luto.

48
Figura 1: Gráfico ilustrativo sobre o benefício potencial dos cuidados paliativos
para os pacientes em relação ao momento da doença (Se/Una-Sus, 2017).

A figura 1 representa conceitos importantes


dentro do trabalho em cuidados paliativos,
relatando sobre o processo de evolução
natural de qualquer doença crônica ou
aguda com risco de vida. Além disso,
podemos observar as modalidades
terapêuticas durante o curso da doença,
sendo que o diagnóstico pode ser realizado
em qualquer fase desta. O eixo horizontal
representa o tempo decorrido desde o início
da evolução da doença até a morte.

49
Por outro lado, o eixo vertical representa a
necessidade relativa de assistência, variando
entre terapia modificadora da doença e
cuidado paliativo. A proporção se modifica
ao longo do tempo e da evolução da
doença.
A terminalidade se inicia no momento em
que não há mais intervenções (exceto
transplante de órgão, se cabível), sendo os
cuidados paliativos acentuados. O processo
de morte e luto é integralmente assistido
pela equipe multidisciplinar, ao contrário do
que muitos pensam.
A avaliação médica do paciente em
cuidados paliativos busca coletar dados de
rotina, informações pessoais inseridas no
histórico médico do paciente, que possam
ser relevantes para o diagnóstico e plano
terapêutico. Durante a consulta, um dos
maiores desafios é o ajuste de expectativas
dos pacientes, familiares e outros
profissionais envolvidos.
Fonte: Canva

50
Estar em contato com o
sofrimento humano, com a
intimidade do paciente e com a
morte necessita de uma
capacitação durante longos
anos de estudo e prática.
Noções de cuidados paliativos
fazem parte do escopo de todo
profissional que lida com o
sofrimento humano.

Algumas considerações
Por fim, vimos que o papel do médico
diante do cuidado com o paciente
oncológico independente do estágio da
doença necessita de uma formação
adequada e estar preparado para o papel
de liderança das equipes interdisciplinares e
coordenar o melhor plano terapêutico para
atingir os objetivos do paciente e de seus
familiares.

51
.................REFERÊNCIAS ............
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à
Saúde. Protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas em
Oncologia/Ministério da Saúde, Secretaria de
Atenção à Saúde – Brasília: Ministério da Saúde, 2014.
XXX p. : il.

CASTILHO, Rodrigo Keppel. Manual de Cuidados


Paliativos: Academia Nacional de Cuidados Paliativos
(ANCP). 3. ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 2021. 624 p.

SILVA, L. C. A. da; SIGNOR, A. C.; PILATI, A. C. L.;


DALFOLLO, B. R.; OLIVEIRA, D. R. .Abordagem
Educativa ao Paciente Oncológico: Estratégias para
Orientação acerca do Tratamento Quimioterápico.
Revista Brasileira de Cancerologia, [S. l.], v. 65, n. 1, p.
e– 06305, 2019. DOI: 10.32635/2176-
9745.RBC.2019v65n1.305. Disponível em:
https://rbc.inca.gov.br/index.php/revista/article/vie
w/305. Acesso em: 29 set. 2023.

SILVA, L. A. S. R. D.. Oncologic surgery: a great


challenge.. Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgiões,
v. 43, n. 3, p. 139–140, maio 2016.

SILVEIRA, F. M. et al.. Impacto do tratamento


quimioterápico na qualidade de vida de pacientes
oncológicos. Acta Paulista de Enfermagem, v. 34, p.
eAPE00583, 2021.

52
ullivan R, Alatise OI, Anderson BO, Audisio R, Autier P,
Aggarwal A, et al. Global câncer surgery: delivering safe,
affordable, and timely câncer surgery. Lancet Oncol.
2015;16(11):1193-224.

Stanzani<sup>1 LZL, 2</sup> . Cuidados paliativos: um


caminho de possibilidades. Brasília Med 2020;57(Anual):1-
2

Weeden CE, Hill W, Lim EL, Grönroos E, Swanton C. Impact


of risk factors on early cancer evolution. Cell. 2023 Apr
13;186(8):1541-1563. doi: 10.1016/j.cell.2023.03.013. PMID:
37059064.

World Health Organization. WHO Definition of Palliative


Care [Internet]. Genebra: World Health Organization;
2020. Disponível em:
www.who.int/cancer/palliative/definition/en.

53
Fonte: Canva

O OLHAR DO
FARMACÊUTICO
Autoras:
Mayara Cristina Oliveira Ortiz ¹, Lorena Ulhôa Araújo², Ana Paula Rodrigues³,
4 5
Renata Aline de Andrade, Josiane Moreira da Costa

1.Farmacêutica especialista em Farmácia Clínica e Oncologia, UFMG, Belo Horizonte, Minas


Gerais, Brasil. Email: mcoortiz@outlook.com.
2.Farmacêutica e Docente Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde do campus JK,
UFVJM, Diamantina, Minas Gerais, Brasil. Email: lorena.ulhoa@ufvjm.edu.br.
3.Farmacêutica e Docente da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde do Campus JK,
UFVJM, Diamantina, Minas Gerais. Brasil. E-mail: anapaula.rodrigues@ufvjm.edu.br
4.Farmacêutica e docente da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde do Campus JK.
UFVJM, Diamantina, Minas Gerais, Brasil. E-mail: renata.andrade@ufvjm.edu.br
5.Farmacêutica Clínica e docente da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde do
Campus JK, UFVJM, Diamantina, Minas Gerais. Brasil. E-mail: josiane.costa@ufvjm.edu.br
“Entro no consultório farmacêutico e
encontro ela, morena, fios grisalhos
encaracolados entre os pretos tingidos,
acompanhada de seu marido, também de
meia-idade. Expressão de angústia, como
se estivesse prestes a contar um segredo,
mas tivesse medo de se ouvir.
Culturalmente, a sociedade sempre
supõe que a mulher foi feita para falar
sobre tudo (SILVA, 2008), mas é difícil
falar sobre algo que causa vergonha.
Quando perguntei como ela se sentia
iniciando o tratamento, ela começou
dizendo que estava sendo castigada por
“essa doença”, com muita dificuldade de
falar a palavra “câncer”. Mas eu estava
ali para ajudar. E superaremos isso
juntas!”

(Conversa de uma farmacêutica com


Catarina*, paciente diagnosticada com
câncer)

55
Bem-vindo ao tratamento!
A ciência o desenvolveu
para te ajudar!
O farmacêutico é popularmente conhecido
como o “profissional do medicamento”, mas o
foco do seu trabalho também é o paciente que
utiliza o medicamento. Por isso, esse profissional
desempenha múltiplos papéis, desde a pesquisa,
produção, manipulação e dispensação de
medicamentos até o acompanhamento dos
pacientes e realização de exames laboratoriais.

Fonte: Canva

56
No tratamento do câncer, o farmacêutico
é o profissional que irá manipular os
medicamentos a serem utilizados. Alguns
serviços também possuem o farmacêutico
clínico, que é o profissional qualificado não
somente para orientar pacientes sobre o uso
dos medicamentos, mas também para
discutir com os médicos sobre o tratamento
mais indicado, avaliar interações
medicamentosas, prevenir reações adversas
e outros problemas indesejáveis associados
ao tratamento.
Além disso, a atuação do farmacêutico na
realização e interpretação de exames
laboratoriais também é essencial para o
diagnóstico e acompanhamento do câncer.
Em conjunto com os demais profissionais da
saúde, é possível obter melhores resultados
no tratamento e melhorar a qualidade de
vida do paciente (WILCKE et al., 2023;
BATISTA et al., 2021; SOUZA et al., 2021;
NEVES et al., 2022; KAYA et al., 2012).

57
A ciência evoluiu muito nas últimas
décadas. Hoje, várias opções de
medicamentos estão disponíveis para tratar
diferentes tipos de câncer. Se você sentir
necessidade de conhecer ou discutir um
pouco mais sobre o seu tratamento, procure
por um farmacêutico clínico oncológico. Ele
poderá te ajudar!

A seguir apresentaremos uma série de


perguntas que geralmente são feitas por
pacientes que se encontram no início do
tratamento oncológico. Escolhemos as
melhores respostas para te esclarecer e
orientar durante essa caminhada.

Fonte: Canva

58
Como saber se esse tratamento
indicado pelo médico é o melhor
tratamento para mim?
Existem vários tratamentos para os
diferentes tipos de câncer. Além da
quimioterapia, as seguintes intervenções
podem ser indicadas: imunoterapia, cirurgia,
radioterapia, hormonioterapia e transplante
de medula óssea. É comum que os médicos
optem pela cirurgia, seguida da
quimioterapia ou até mesmo quimioterapia
seguida da cirurgia. Isso irá depender do tipo
do câncer, localização e fatores específicos
de cada paciente, como idade e presença
de outras doenças (INCA, 2021).

O seu tratamento poderá ser


oferecido na forma de:

• Comprimidos; • Injetáveis;
• Cápsulas; • Radioterapia;
• Líquidos; • Transplante;

59
Fonte: Canva
No processo de escolha do tipo de
tratamento mais adequado, o médico
oncologista seguirá os melhores resultados
apontados pela ciência. Quando um
paciente toma um medicamento por via oral
(pela boca), essa substância precisará
atravessar as paredes do estômago e
intestino para chegar ao sangue. Uma vez no
sangue, o medicamento será levado para
outros locais do corpo. Dessa forma,
dependendo do órgão que está adoecido, o
medicamento necessitará passar por vários
obstáculos do próprio organismo para chegar
ao local de ação.
Durante a consulta com o médico e
principalmente na consulta com o
farmacêutico clínico, é muito importante que
você consiga falar sobre os medos, receios e
demais expectativas sobre o tratamento. Se
você conhecer todos os aspectos positivos e
negativos do tratamento, se sentirá mais
segura(o) para superar e prevenir os efeitos
indesejáveis e ter um tratamento mais
efetivo.

60
Eu sentirei dor
na quimioterapia?

Quando os medicamentos utilizados são


injetáveis, você provavelmente sentirá a dor
da “picada” da agulha na pele.
Eventualmente, alguns medicamentos
podem causar desconforto, ardência,
queimação, placas avermelhadas na pele e
coceira, e nestes casos é importante avisar
imediatamente o profissional de saúde que
está te acompanhando sobre os seus
sintomas (INCA, 2013).

61
Qual a diferença entre
“quimioterapia branca” e
“quimioterapia vermelha”?
Os termos frequentemente utilizados
pelos pacientes “quimioterapia branca” e
“quimioterapia vermelha” dizem respeito à
coloração natural do medicamento
utilizado. Existe uma crença popular de
que a “quimioterapia vermelha” é mais
forte do que a “quimioterapia branca", o
que não é verdade. Ou seja, se você fizer
uso da quimioterapia vermelha, isso não
significa que o seu tratamento é mais forte
do que de outros pacientes que utilizam
medicamentos de coloração diferente.
Um determinado tratamento pode incluir
um período em que o paciente receberá a
“quimioterapia vermelha” e, após este
período, o tratamento será continuado
com a “quimioterapia branca”, por
exemplo.

62
Todo medicamento utilizado para
tratar câncer faz o cabelo cair?
Alguns medicamentos podem causar a
queda de cabelo, mas não todos. É
importante saber que o fato de um
medicamento fazer o cabelo cair não quer
dizer que ele é mais forte do que outro
medicamento que não produz queda de
cabelo. Algumas unidades de saúde contam
com uma tecnologia de resfriamento do
couro cabeludo durante a sessão de
tratamento, que pode reduzir essa queda.
A queda de cabelo é temporária, e depois
do fim da quimioterapia ele voltará a
crescer. Entretanto, se a queda de cabelo
te incomodar, você poderá usar acessórios
como lenços, perucas, toucas e bonés, que
podem ser utilizados de acordo com o que
mais se adapta ao seu estilo (TRUJILLO-
MARTÍN et al., 2023).

63
Terei enjôo durante o
tratamento?
Nem todos os medicamentos utilizados para
o tratamento de câncer podem causar
enjoos. Cada pessoa é única e reage de uma
forma. Mesmo que você esteja utilizando um
medicamento que possa causar enjoos, essa
reação pode acontecer em uma maior ou
menor intensidade e frequência. Caso você
inicie um tratamento que tenha uma maior
chance de proporcionar enjoos, o médico e
ou farmacêutico que cuidará de você irão te
orientar sobre alguns medicamentos que
podem prevenir e controlar essa reação.
Para te ajudar com essa sensação, evite
ficar muito tempo em jejum. Procure se
alimentar de 3 em 3 horas, mesmo que em
pequenas quantidades. Evite alimentos com
cheiro forte, condimentados, muito doces ou
gordurosos, pois eles podem piorar o quadro
(PALATTY et al., 2013).

64
Um parente fez tratamento para o
mesmo tipo de câncer que eu, isso
significa que terei os mesmos efeitos
colaterais que ele teve?

As experiências vividas por cada um são


individuais. Mesmo que o tratamento seja
muito parecido, cada pessoa enfrenta a
doença de uma forma e pode ter reações
adversas diferentes. Aspectos culturais,
sociais e psicológicos podem influenciar no
momento do diagnóstico, durante o
tratamento e nos cuidados com a própria
saúde.

65
Posso tomar chás durante o
tratamento oncológico?
Nem tudo que é natural pode fazer bem.
Algumas plantas podem interferir no seu
tratamento, reduzindo o seu efeito ou
aumentando a chance de efeitos
colaterais. Além disso, muitas plantas não
foram estudadas pela ciência para serem
utilizadas em conjunto com o tratamento
convencional para o câncer, o que pode
trazer riscos à sua saúde.
Converse com os profissionais de saúde
caso faça uso de algum chá ou planta
medicinal para obter a orientação
correta. Mantenha o uso apenas daquilo
que for indicado pelo seu médico ou
farmacêutico e, em caso de dúvidas,
procure um profissional (YEUNG et al.,
2018).

66
É preciso ter cuidado com as informações
vindas de amigos e familiares. Todos tem
ótimas intenções, relatam terem ouvido falar
de produtos, chás e alimentos que poderiam
auxiliar no controle da doença, mas o que
geralmente ocorre é que esses produtos
podem atrapalhar o tratamento, ou até
mesmo prejudicar a oferta de alimentos mais
saudáveis que serão prescritos pelo
nutricionista clínico.

Fonte: Canva

67
Posso continuar a fazer uso
dos medicamentos que já
utilizava rotineiramente?
É muito importante que você informe ao
médico, farmacêutico e enfermeiro todos os
medicamentos que utiliza de forma contínua,
por exemplo: medicamentos para pressão
alta, diabetes e vitaminas. Além disso,
também informe aqueles que costuma tomar
eventualmente, como analgésicos, calmantes,
antiácidos e laxativos. Os profissionais
avaliarão possíveis interações entre os
medicamentos (SEM et al., 2019).
Nenhum de seus medicamentos direcionados
para tratar outras doenças crônicas (como
diabetes, por exemplo) deverá ter seu uso
interrompido sem orientação médica, com o
pensamento de que se deve priorizar o
tratamento do câncer. Se houver alguma
situação específica, você será orientado pelo
seu médico ou farmacêutico.

68
Qual a melhor forma de tomar os
meus medicamentos?
Posso mastigar ou partir?
A melhor forma de administrar
medicamentos no formato de comprimidos
ou cápsulas é engoli-los inteiros com um
copo cheio de água. Não substitua a água
por café, chá, leite ou bebida alcoólica, pois
isso pode afetar a ação do seu medicamento
(ITOH et al., 1998). Caso tenha dificuldade
para engolir, informe ao seu médico e
farmacêutico para que seja avaliada a
melhor opção. Não corte, amasse ou
mastigue os comprimidos e cápsulas sem
antes conversar com o profissional da sua
equipe de tratamento.

69
O médico prescreveu morfina,
ouvi dizer que ela vicia.
É verdade?
A morfina é um medicamento muito efetivo
e estudado pela ciência para controle da dor,
indicado para tratar alguns casos em que a
dor seja forte. Ela pode te ajudar a ter uma
melhor qualidade de vida durante esse
momento, para que você continue fazendo as
coisas que gosta e possa aproveitar o tempo
livre com a sua família.
De fato, a morfina é um medicamento que
deve ser utilizado com cautela e apenas
quando prescrita por médicos. Se ela foi
indicada para você pelo seu médico, ele irá
ajustar a quantidade do medicamento da
forma mais segura para você.

70
Caso seu uso não seja mais necessário, é
possível fazer a retirada de uma forma lenta
e gradual, de acordo com orientação
médica.
Caso você sinta prisão de ventre, sonolência
e/ou dificuldade para respirar, não deixe de
falar com o médico e com a equipe de
profissionais da saúde que te acompanha.

Fon
te: C
anv
a

71
Posso abraçar a minha família e ter
contato com meu parceiro, filhos e
netos pequenos, mesmo fazendo
tratamento?
O câncer não é uma doença contagiosa,
que passa de uma pessoa para outra. Você
pode conviver normalmente com quem ama
e expressar seus gestos de amor, incluindo o
toque, abraços e beijos, sem nenhum risco
de “contaminação” das outras pessoas. Se
for dividir o banheiro com alguém, é
recomendado dar descarga 2 vezes, com a
tampa do vaso fechada, para minimizar os
riscos de contaminação de outras pessoas
que utilizarão o mesmo banheiro (FILHO et
al., 2021).

Fonte: Canva

72
Além disso, devido ao tratamento, o
paciente poderá apresentar uma queda de
imunidade e deverá se cuidar de forma mais
atenta. Evite aglomerações e locais de
pouca ventilação, por exemplo. Sempre que
tiver relações sexuais, utilize preservativo,
como a camisinha. A camisinha é
recomendada não pela chance de
“contaminação” do parceiro, e sim porque a
pessoa que está em tratamento tem maior
chance de contrair doenças, inclusive
aquelas transmitidas através da relação
sexual.
Fon
te:
Ca
nva

73
Posso dirigir ou usar o elevador
fazendo tratamento?
Você pode realizar normalmente as
atividades que já fazia antes, inclusive utilizar
o elevador e dirigir, desde que se sinta bem
para desempenhá-las e não haja
contraindicação médica. Manter hábitos de
vida saudáveis e ter uma boa qualidade de
vida são fatores importantes para o
tratamento (CHENG et al.,2022). Observe
como seu corpo reagirá ao tratamento.
É comum se sentir mais cansado durante
essa fase, por isso, se você se sentir dessa
forma, evite desempenhar atividades que
requerem mais atenção, como dirigir. Se
puder, sempre leve um acompanhante com
você para os dias de tratamento, para que ele
possa te ajudar a se locomover caso se sinta
mal.

74
É normal ter que fazer vários
exames durante o tratamento?
Realizar exames com mais frequência é
normal durante o tratamento, tanto de
sangue quanto de imagem. Eles são
importantes para saber se está tudo bem com
você, como está a evolução da doença e se
você está em condições de receber os
medicamentos programados para seu
tratamento. A quantidade de exames e a
espera pelos seus resultados podem gerar
angústia e medo, mas pense que, sem eles,
não tem como ver seu progresso (SALCI e
MARCON, 2010).

“É uma sensação estranha, nem sei como explicar,


mas eu me preocupava sim. Toda vez que ia fazer o
preventivo era rezando, pedindo a Deus que o
resultado viesse normal, era angustiante, até que não
pegava o resultado na mão [...]. Depois eu vi que,
toda vez que eu ia fazer os exames, dava sempre a
mesma coisa. O médico falava que era normal, aí fui
me tranquilizando, mas só com o passar do tempo
mesmo (Regiane*).”

75
Meus exames laboratoriais podem
alterar durante o tratamento
contra o câncer?
Em vários momentos você poderá apresentar
alterações de exames durante o tratamento.
Essas alterações são frequentes, sendo que
podem ser ocasionadas pelo câncer, pelo
tratamento, ou por ambos. Os exames que
seu médico irá pedir também podem variar
dependendo do tipo de câncer, do estágio
da doença, do tipo de tratamento utilizado e
das características individuais de cada
paciente.
Uma das alterações mais comuns em
exames laboratoriais ao tratar o câncer
ocorre no hemograma. A quimioterapia e a
radioterapia podem afetar a produção de
células sanguíneas pela medula óssea, o que
pode levar a diminuição nos níveis de
glóbulos vermelhos, brancos e plaquetas.

76
Outros exames que podem se mostrar
alterados são os relacionados ao
funcionamento dos rins e fígado, às vezes
afetados por alguns medicamentos utilizados.
Vômitos, diarreias e desidratação associados
ao tratamento podem alterar níveis de cálcio,
sódio, potássio, por exemplo.
Caso você apresente alterações de exames
durante o tratamento, não se preocupe, elas
serão monitoradas pela equipe que faz
parte do seu tratamento , para avaliar a
necessidade de ajustes e para controlar
qualquer efeito colateral ou complicação que
possa surgir (INCA, 2021).

77
Como tomar os meus
medicamentos de maneira
correta?
O momento do diagnóstico de um câncer
pode ser muito difícil e conturbado. Muitas
dúvidas, medos e inseguranças podem surgir,
o que é completamente normal. É comum se
sentir desanimado, cansado e triste diante
dos inúmeros exames a serem feitos e das
incertezas do resultado do tratamento.
Além disso, as experiências de pessoas
próximas, as próprias experiências anteriores
ao tratamento do câncer e os preconceitos
que a sociedade atribui à doença podem
influenciar na decisão de utilizar ou não o
tratamento prescrito pelo médico ou
acreditar no resultado esperado. Em alguns
casos, é indicado o uso do mesmo
medicamento por muitos anos, fazendo com
que sua necessidade seja questionada
(VIEIRA et al., 2018).

78
Por isso, a equipe multidisciplinar (médico,
nutricionista, psicólogo, farmacêutico,
enfermeiro, assistente social…) é muito
importante para te ajudar a passar por esse
momento e pode reduzir a angústia e
amenizar o impacto psicológico do
diagnóstico e do tratamento [4]. Converse
com a equipe que te acompanha sobre os
objetivos do seu tratamento, qual a sua
importância e sobre o motivo de determinado
medicamento ter sido prescrito. Estudos
dizem que o envolvimento do paciente com
sua própria saúde pode influenciar
positivamente nos resultados do tratamento
(KIM et al., 2018; TAVARES et al., 2016; VIEIRA
et al., 2018).
Isso é importante principalmente se o seu
tratamento oncológico envolve o uso de um
medicamento na forma de cápsulas ou
comprimidos que você levará para casa.
Nesse momento, certifique-se com seu
médico e com o farmacêutico sobre o nome
do medicamento, a quantidade e os horários
em que ele deve ser tomado. Aqui estão
algumas dicas que podem te ajudar:

79
1. Tome seu medicamento sempre no mesmo
horário.

Se o seu medicamento não tiver restrição de


horário (por exemplo, tomar em jejum ou tomar
após uma refeição), procure conciliar o horário
da tomada do medicamento com outra
atividade do seu dia a dia (por exemplo, café
da manhã, alguma novela que assista todos os
dias). Com o tempo, você irá associar uma
atividade com a outra, e sempre que assistir
determinada novela, lembrará que está no
horário de tomar o seu medicamento, por
exemplo. Você também pode marcar no
calendário quando já tiver tomado seu
medicamento para manter o controle ou ter
um lembrete diário, por exemplo, na geladeira,
para ajudá-lo a lembrar de tomar. Outra
alternativa é configurar um despertador no
celular para avisar que está na hora de tomar
o seu medicamento. Sua família e amigos
também podem ser envolvidos: conte a eles os
horários que precisa tomar os seus
medicamentos para que eles possam te ajudar
a lembrar. Caso tenha alguma dificuldade em
se lembrar, converse com o farmacêutico.

80
2. Leia com atenção o nome do seu
medicamento para se certificar que está
tomando o medicamento correto.

Medicamentos diferentes podem ter


embalagens ou nomes muito parecidos. Caso
tenha dificuldade na leitura, utilize símbolos,
adesivos ou cores para te ajudar.

3. Se esquecer ou pular uma dose do seu


medicamento, converse com o médico ou
farmacêutico sobre o que deve fazer

Nunca tome seu medicamento duas vezes


no mesmo horário caso se esqueça de tomar
no dia ou no horário anterior. Caso vomite o
comprimido, não tome outro.

81
4. Guarde seu medicamento em local
adequado.

Se o farmacêutico te orientar que o


medicamento precisa ficar na geladeira,
retire-o da caixa de isopor e guarde o
medicamento no centro da geladeira ou na
gaveta de verduras, evitando a porta e
lugares próximos ao congelador. Caso precise
transportar o seu medicamento, coloque-o em
uma caixa de isopor.
Caso o seu medicamento não tenha que
ficar na geladeira, armazene-o onde a luz do
sol não bata diretamente, em local arejado,
que não seja muito quente, nem muito úmido.
Evite guardar na cozinha ou no banheiro, pois
a temperatura e a umidade podem afetar a
validade do seu medicamento. Não deixe o
medicamento muito tempo guardado em seu
carro, pois seu interior pode ficar muito
quente quando exposto ao sol.

82
5. Caso se sinta melhor, não interrompa o
uso do seu medicamento.

O contrário também é verdadeiro: caso


veja que os sintomas relacionados à doença
não melhoraram imediatamente, não pare de
tomar o medicamento sem conversar com o
médico. É preciso completar o tempo de
tratamento proposto para ter o efeito
desejado.

6. Fale com a equipe que te acompanha


caso sinta algo diferente do normal com o
uso do medicamento.

Por exemplo: enjoo, diarreia, febre


(temperatura maior ou igual a 37,8ºC), ondas
de calor, dores nas articulações, pele seca
ou descamando.

83
7. Caso tenha alguma dificuldade em
adquirir o medicamento (retirar na
unidade de saúde ou comprar o
medicamento), converse com o
farmacêutico que está te acompanhando.

Ele poderá, juntamente com o seu médico,


identificar a melhor opção de medicamentos
para você. Também é importante não pular
doses de medicamentos ou tomar uma
quantidade menor do que a indicada pelo
médico.

Se você continuar com dificuldade ou sentir


alguma rejeição em relação ao uso de
medicamentos, converse com a equipe de saúde
que está te acompanhando. Assistentes sociais,
enfermeiros, farmacêuticos, médicos,
nutricionistas e psicólogos poderão te acolher,
ouvir e pensar em melhores estratégias para você.

84
“Cinco meses depois, a paciente retorna
para a consulta farmacêutica me
apresentando seu “novo amigo”, que era
a caixa de remédios. Ela exibia o
medicamento como se fosse um prêmio. E
estava muito satisfeita com a evolução do
tratamento Conta como foi importante se
libertar do que os outros diziam sobre o
câncer - agora conseguia falar o nome da
doença. Toda essa vivência foi
fundamental para ver o tratamento com
outros olhos. Mais do que isso, se sentia
capaz de utilizar tudo que aprendeu na
consulta farmacêutica para manter sua
própria saúde e vivenciar a situação da
melhor forma possível (Catarina*).

85
..................REFERÊNCIAS ...............

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92
Fonte: Canva
O OLHAR DO
NUTRICIONISTA
Autores:
Fábio Tadeu Lourenço Guimarães¹, Anna Karina Gomes
da Silva², Sara Barbosa Rocha³
1.Nutricionista, Mestre em Ciência dos Alimentos, Doutor em Ciências da Saúde,
Docente do Departamento de Nutrição, Preceptor da Residência Multiprofissional
em Saúde do Idoso - Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde, UFVJM,
Diamantina, Minas Gerais, Brasil. Email: fabio.guimaraes@ufvjm.edu.br.
2.Discente do curso de Nutrição - Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde,
UFVJM, Diamantina, Minas Gerais, Brasil. Email: anna.gomes@ufvjm.edu.br.
3.Nutricionista, formada pela Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde,
UFVJM, Diamantina, Minas Gerais, Brasil. Email: saracordeiro12@hotmail.com.
Neste capítulo, apresentaremos o olhar do
Nutricionista para o paciente oncológico. É
importante você se lembrar que os diferentes
olhares dos profissionais que atuam no
tratamento, deverão sempre ser direcionados
para o seu bem-estar, para melhor tratá-lo e
acolhê-lo.
Provavelmente você deve ter recebido muita
solidariedade após seu diagnóstico. Essas
manifestações ocorrem desde mensagens
positivas para enfrentamento das etapas do
tratamento e da doença em si, passando por
possibilidades de terapias, produtos com
possíveis efeitos terapêuticos, assim como
chás de folhas, raízes ou plantas não
convencionais que seriam milagrosos ou que
já teriam bons resultados ou mesmo curado
alguém.
Embora as plantas possam possuir princípios
ativos e muitas delas já sejam utilizadas pela
indústria farmacêutica, o uso dessas plantas
no tratamento não é encorajado. Isso se deve
ao fato de que muitas das plantas utilizadas
na cultura popular, embora sejam indicadas
com a melhor intenção, podem apresentar
toxicidade ao paciente ou fatores
antinutricionais (MECKELBURG et al, 2021).

94
Dessa forma, é importante que qualquer
decisão sobre seu uso seja comunicada à
farmacêutica da equipe multiprofissional e ao
nutricionista.
Independente da fase em que a doença é
detectada, há necessidade de se classificar
cada caso de acordo com a extensão do
tumor. O método para essa classificação é
chamado de estadiamento e sua
importância está na constatação de que a
evolução da doença é diferente quando ela
está restrita ao órgão de origem ou quando se
estende a outros órgãos; sendo assim,
estadiar a doença significa avaliar o seu
grau de disseminação.
Essa classificação permite ao médico
especialista em oncologia propor o
tratamento mais adequado para cada
paciente, uma vez que dois pacientes, com o
mesmo tipo de câncer, mas com
estadiamentos diferentes, podem ter
diferentes propostas de tratamento (Instituto
Nacional de Câncer, 2011).

95
Dependendo do estadiamento do tumor
poderão ser adotadas diferentes
possibilidades de tratamento, visando:
• a cura,
• o prolongamento da vida útil; ou
• a melhora da qualidade de vida.

Atualmente, poucas são as neoplasias


malignas tratadas com apenas uma
modalidade terapêutica, sendo as principais:
quimioterapia, radioterapia e cirurgia,
podendo haver outras como a
hormonioterapia.
A proposta indicada ao seu tratamento, será
discutida com você, e independente de qual
seja a proposta, é importante que siga as
orientações da equipe responsável pelo seu
acolhimento.
Em todas as modalidades terapêuticas, a
Nutrição representa um importante processo
de manutenção da boa saúde. Antes mesmo
do diagnóstico, comumente se observa perda
de apetite e de peso, que pode persistir ou
piorar após seu diagnóstico.

96
A desnutrição no momento do diagnóstico
tem sido associada a um pior prognóstico,
com redução de sobrevida desses pacientes
em relação à indivíduos bem nutridos
(LOEFFEN et al. (2015) apud Sociedade
Brasileira de Nutrição Oncológica, 2021).
Além da ausência de apetite,
frequentemente os tratamentos apresentam
efeitos colaterais, com sintomas como
náuseas, enjoos, vômitos, alterações de
paladar e olfato, além do surgimento de
alterações como herpes e mucosite
(inflamação na mucosa oral e esofagiana)
que atrapalham a ingestão de alimentos.
Essas alterações podem-se apresentar em
maior ou menor intensidade nos diferentes
períodos de tratamento, não apresentando
uma regra comum a todos os pacientes.

É IMPORTANTE QUE VOCÊ SAIBA:


Qualquer alteração que venha a atrapalhar
a ingestão normal de alimentos, deverá ser
relatada ao Nutricionista e à equipe; e dessa
forma, as medidas para diminuir esses
inconvenientes poderão ser adotadas,
evitando maiores prejuízos.

97
ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL
A Nutrição deve ser sua aliada em todas as
fases do tratamento. É importante que desde
o diagnóstico, você se sinta assistido e seguro,
pois o tratamento poderá passar diferentes
momentos, e você poderá reagir de forma
diferente a cada fase.
Ao longo do tratamento, vários pacientes
apresentam, além da perda de peso; anorexia
(ausência de apetite) e carências específicas
de nutrientes que podem agravar a sua
condição clínica e nutricional, por isso, é
desejável que você seja orientado por um
Nutricionista, que avaliará sua condição
nutricional, funcional e metabólica.
Esse acompanhamento deverá ser realizado
desde o início do tratamento, se tornando
ainda mais indispensável aos pacientes que
precisem de cuidados intensivos, onde deverá
também ser verificada se há necessidade de
alteração de consistência de dieta, uso de
suplementação ou ainda substituição da via
oral para via enteral (alimentação por meio
de tubos) ou parenteral (administrada na
veia).

98
A perda de peso não intencional pode
representar um mal prognóstico. Caso você
perca peso sem fazer dieta ou atividade física
extra, essa perda deve ser comunicada à
equipe responsável.
O motivo da preservação do peso ser tão
importante, se deve ao fato de que a perda
não intencional pode acarretar um quadro de
perda de massa magra, ou seja, das proteínas
corporais (proteínas dos músculos e órgãos),
acarretando também em redução da
atividade do sistema imune, maior risco de
infecções, além de menor capacidade de
cicatrização de procedimentos cirúrgicos.
Nos casos em que a perda muscular se torna
mais acentuada, ela leva ao quadro de
caquexia e está relacionada à alterações
metabólicas significativas e maior risco ao
paciente (da Silva M. P. N. 2006).

99
Caberá ao nutricionista, identificar esses
problemas e propor soluções, podendo ser
necessária a prescrição de suplementos
alimentares calóricos, protéicos,
polivitamínicos e outros, que aliados à
fisioterapia e atividade física, podem otimizar
a resposta do paciente.

ja
b ra r q u e , caso não ha
Vale lem sica, esta
p e d im e n to à atividade fí
im ilitará
se r e n c o ra ja da, pois possib
deve de.
o r c o n d iç ã o muscular e saú
melh

Como falamos anteriormente, os diferentes


tipos de tratamentos podem afetar cada
paciente de forma diferente. A seguir, você
poderá entender melhor como esses
tratamentos podem influenciar seu estado
nutricional.

100
QUIMIOTERAPIA E NUTRIÇÃO:
A quimioterapia é um tipo de tratamento
amplamente utilizado contra o câncer, onde
são utilizadas drogas para atacar as células
malignas. No entanto, esses medicamentos
não são seletivos para atacar apenas o
câncer, ocorrendo também a destruição de
células saudáveis, podendo repercutir em uma
série de efeitos colaterais, tais como: náuseas,
vômitos e anormalidades no paladar, podendo
surgir aversão por alimentos habitualmente
consumidos antes do tratamento, sendo que
preparações antes saborosas, podem se
tornar desagradáveis ou provocar mal-estar
(Marinho E.D.C. 2018).
Essas alterações podem afetar, em algum
momento, sua relação com a comida, levando
a alterações no comportamento alimentar,
assim como perda de peso e de massa
muscular, podendo causar sérios prejuízos à
saúde (Tartari et. al., 2010, Calixto-Lima et.
al., 2012, Monroy et. al., 2014, Fernandes et.
al. 2020), podendo afetar afetar seu estado
nutricional.

101
RADIOTERAPIA E NUTRIÇÃO:
A radioterapia é o método de tratamento
local que utiliza equipamentos e técnicas
variadas para irradiar áreas do organismo,
prévia e cuidadosamente demarcadas. É
muito importante deixar claro que, quando
você precisar realizar o tratamento com
radioterapia, não ficará radioativo e poderá
ter contato com outras pessoas normalmente.
Poderá ser indicada com diferentes
finalidades, podendo ser curativa; pré-
operatória (visando reduzir o tumor e facilitar
o procedimento operatório); pós-operatória
ou pós-quimioterapia, (com a finalidade de
esterilizar possíveis focos microscópicos do
tumor); ou radioterapia paliativa (objetiva o
tratamento local do tumor primário ou de
metástase(s), usada principalmente com a
finalidade específica de reduzir a dor
específica de controlar os sangramentos)
(Instituto Nacional de Câncer, 2011).

102
Para redução dos efeitos colaterais da
radioterapia, assim como da quimioterapia,
você poderá seguir as orientações:

103
CUIDADOS INTENSIVOS
Caso você precise de cuidados intensivos
hospitalares, a conduta do nutricionista e da
equipe será específica para o quadro
encontrado. A dieta e acompanhamento
nutricional serão revisados diariamente, com
intuito de ofertar nutrientes com quantidade e
qualidade adequados para a situação, sendo
compatíveis com suas necessidades
nutricionais, e com a capacidade metabólica
que está associada às complicações
relacionadas com a doença crítica.

104
..................REFERÊNCIAS ...............
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106
O OLHAR DO Fonte: Canva

FISIOTERAPEUTA

Autoras:
Débora Fernandes de Melo Vitorino¹, Luiza Emanuelle
Baia Rocha², Luiza Watanabe².

1. Docente da Faculdade de Ciência Biológicas da Saúde- Departamento de


Fisioterapia, do campus JK, UFVJM, Diamantina, Minas Gerais, Brasil. Email:
debora.vitorino@ufvjm.edu.br
2. Discente da Faculdade de Ciência Biológicas da Saúde- Departamento de
Fisioterapia, do campus JK, UFVJM, Diamantina, Minas Gerais, Brasil. Email:
luiza.rocha@ufvjm.edu.br, watanabe.luiza@ufvjm.edu.br
A fisioterapia é uma aliada em todas as
fases do câncer. Pode promover a melhora da
qualidade de vida, prevenir complicações e
faz com que outros tratamentos, como a
quimioterapia e radioterapia, sejam menos
impactantes. É essencial que o paciente
oncológico receba assistência
fisioterapêutica desde seu diagnóstico.
Com um olhar especial a alguns sintomas e
sinais clínicos que estão relacionados
diretamente com a atuação do
fisioterapeuta, entre eles: fadiga, dor, força
muscular, linfedema (é um quadro resultante
de um dano no sistema linfático que causa
inchaço no membro operado), funcionalidade,
função pulmonar.

108
Fadiga
A fadiga relacionada ao câncer é definida
como um sintoma persistente, um senso subjetivo
de cansaço físico, emocional e cognitivo ou
exaustão relacionada ao câncer ou ao seu
tratamento (CAMPOS et al., 2011).
Trata-se de um efeito colateral muito
prevalente no câncer e tem origem multifatorial,
pode estar associada ao tratamento
quimioterápico, radioterápico, medicamentoso,
repouso e a própria doença.
Com o passar do tempo, terá relação direta
com a função muscular, cardiorrespiratória e
psicológica do paciente oncológico, um baixo
condicionamento que irá interferir diretamente
na qualidade de vida do mesmo.

109
A fisioterapia tem um papel importante
na prevenção e tratamento da fadiga
através de exercícios físicos adequados para
essa população, podendo assim:
Diminuir os sintomas da quimioterapia;
Melhorar a eficácia do tratamento;
Aumentar a sobrevida;
Melhorar a função muscular e
cardiorrespiratória;
Reduzir ansiedade, depressão e dor, e
consequentemente, melhorar a
qualidade do sono.
Alguns estudos apontam também
benefícios da acupuntura para o tratamento
da fadiga, sendo este então um tratamento
alternativo que pode ser proposto pela
fisioterapeuta.

110
Dor
A dor é um fator de grande impacto na
qualidade de vida. E em pacientes com
câncer a prevalência é de 50,7% de dor em
todos os estágios da doença. A fisioterapia
tem um papel fundamental para contribuir
com a redução da dor em pacientes com
câncer, somado ao tratamento
medicamentoso (VAN DEN BEUKEN-VAN
EVERDINGEN et al., 2016).
Começa-se com uma avaliação completa,
para localizar as possíveis partes do corpo
com a sintomatologia e promovendo um
tratamento individualizado, visto que as
dores são particulares em cada paciente.

111
Alguns recursos fisioterapêuticos são
utilizados para o manejo da dor, como o
Eletroestimulação Nervosa Transcutânea -
TENS, que atua estimulando as fibras
nervosas, concorrendo com o estímulo da dor,
além de estimular a liberação de endorfinas
e encefalinas. Outro recurso é a
cinesioterapia, que envolve movimentos
voluntários que vão incentivar o ganho de
força, flexibilidade, coordenação motora e
estabilização articular, e também pode
liberar endorfinas, contribuindo também para
minimizar a dor.
Pode também utilizar a termoterapia, que
consiste na utilização de diferentes
temperaturas (calor ou frio) com o objetivo
de modificar o ciclo dor-espasmo-dor, visto
que pode promover o alívio do espasmo
muscular muitas vezes apresentado pelo
paciente oncológico (DO NASCIMENTO,
MARINHO e COSTA, 2017).

112
Além disso, o cuidado se estende também
para pós cirúrgico, para o tratamento
adequado no caso da cicatriz, para que tenha
a devida cicatrização como também para a
mobilização precoce daquela região, evitando
contraturas, redução do movimento e
principalmente a dor.
Após a retirada dos pontos, verificar se o
tecido está com uma excelente cicatrização,
certificar-se que não está saindo nenhum tipo
de líquido, pode-se fazer uma massagem
circular para que o tecido (pele) fique menos
sensível e menos aderido.

113
Força Muscular
No contexto do câncer, alguns fatores
influenciam na perda de força muscular,
entre eles a quimioterapia, desnutrição,
medicação e sedentarismo. Podendo o
paciente oncológico apresentar sarcopenia,
que se caracteriza como a perda de força e
massa muscular (PASTORE, OEHLSCHLAEGER
e GONZALEZ, 2013).
Relacionado a isso, podemos observar
também no paciente a caquexia oncológica,
que é amplamente associada a processos
inflamatórios crônicos no corpo que são
exacerbados pelo câncer, esses processos
inflamatórios podem levar a uma quebra das
proteínas musculares e ao esgotamento de
reservas de gordura, resultando na perda de
peso e massa muscular (PASTORE,
OEHLSCHLAEGER e GONZALEZ, 2013).

114
Essa condição da perda de força muscular
geral pode levar ao aumento do risco de
quedas, perda de autonomia, redução da
capacidade respiratória e redução da
imunidade.
Visto isso, a fisioterapia entra como aliada
para preservação da função muscular, os
fisioterapeutas podem desenvolver programas
de exercícios específicos para ajudar a
preservar a massa muscular e a força dos
pacientes, isso pode incluir exercícios de
resistência e fortalecimento, bem como
técnicas de treinamento de equilíbrio.
Além de visar a melhoria da mobilidade e
treinamento respiratório, pois a perda de
força muscular pode afetar a função
pulmonar.

115
Linfedema
Mais comum em mulheres com câncer de
mama que foram submetidas a mastectomia,
o linfedema se caracteriza por um inchaço
significativo no braço que foi realizada a
cirurgia.
O sistema linfático é o responsável por
drenar a linfa e promover a circulação
adequada de agentes do sistema
imunológico. Com a mastectomia (cirurgia da
mama), ou até mesmo as seções de
quimioterapia e radioterapia, perto da região
axilar, esse sistema pode ficar comprometido,
levando a um acúmulo de líquido, que resulta
em um edema, que é classificado como
linfedema.
O paciente com linfedema terá aumento
do diâmetro de todo membro, alterações na
sensibilidade, diminuição na amplitude de
movimento e rigidez no membro acometido.

116
Durante a fisioterapia, o profissional vai
trabalhar juntamente com o paciente para
diminuir o linfedema e melhorar a função do
membro. Podem ser escolhidas abordagens
como a drenagem linfática manual,
bandagens compressivas, juntamente com
exercícios de relaxamento, flexibilidade e
fortalecimento do membro superior,
facilitando o bombeamento circulatório.

Além dos exercícios que podem ser


realizados em casa, você deve ter alguns
cuidados com o braço, do lado da mama
operada (BARACHO, 2018):
Cuidado para não ferir o braço;
Evitar raspar ou depilar as axilas
Evitar aferir pressão;
Evitar aplicar injeção, vacina, acupuntura,
bem como tirar ou receber sangue;
Não tirar cutícula, cortar cuidadosamente as
unhas;
Evitar tomar sol, sauna;
Manter a pele hidratada.

Fonte: Canva

117
Funcionalidade
O tratamento do câncer envolve a
quimioterapia ou a radioterapia, que pode
gerar alguns agravos ao paciente, como a
fraqueza, indisposição, náuseas que
contribuem para a redução funcional,
deixando o paciente muitas vezes mais
restrito ao domicílio ou até mesmo ao leito.
A funcionalidade está atrelada ao modelo
biopsicossocial que permite olhar o indivíduo
como um todo, respeitando a condição de
saúde, funções do corpo, estruturas do corpo,
atividades, participação, fatores ambientais e
fatores pessoais. Esse contexto, é o que rege
o contexto de avaliação da Classificação
Internacional de Funcionalidade,
Incapacidade e Saúde (CIF) que é utilizada
pelos fisioterapeutas, permite identificar
pontos individuais que podem beneficiar o
paciente oncológico a volta da função e
consequentemente na melhora da qualidade
de vida (SANTOS, SEIPPEL e CASTANEDA,
2019).

118
As atividades de vida diária são as mais
afetadas quando há um comprometimento
da funcionalidade, desde tomar um banho
sozinho, ir ao banheiro, como também
pentear o cabelo. Assim, é importante a
fisioterapia para identificar a principal queixa
do paciente e ter um olhar global para o
retorno ou adaptação dessas atividades
levando a uma independência funcional.

119
Função pulmonar
A função pulmonar pode ficar
comprometida com a falta de exercícios
físicos e hábitos saudáveis, o que pode estar
atrelado a multifatores, como a indisposição,
fraqueza, dor que contribuem para um
declínio da condição cardiopulmonar.
Assim, a fisioterapia com a reabilitação
pulmonar tem a função de melhorar essa
capacidade, com exercícios aeróbicos com
um tempo mínimo de 30 minutos e
treinamento muscular respiratório e de
resistência, que pode ser feito de forma
combinada durante a terapia de forma
monitorada atingindo níveis moderados da
atividade que promovam a melhora desejada
sem causar fadiga excessiva que poderá
levar a um comprometimento (JONES et al.,
2010).

120
Atrelado a esse contexto, a atividade física
tem um papel fundamental para a melhora do
contexto cardiovascular e respiratório, o que
proporciona uma maior disposição e adesão
ao tratamento quimioterápico, podendo estar
atrelado também ao aumento da sobrevida
desses pacientes.
Como vimos, os exercícios são muito
importantes para melhora da fadiga
(cansaço), melhora e prevenção de dores,
condicionamento cardiopulmonar. Sendo
assim, você poderá implementar uma rotina
de exercícios diários e incluir alguns, dos
exemplos que disponibilizamos.

121
122
123
...............REFERÊNCIAS ............
BARACHO, Elza. Fisioterapia Aplicada à Saúde da
Mulher. Editora Guanabara Koogan, 6ª edição, cap. 49,
2018.

CAMPOS, Maira Paschoin de Oliveira et al. Cancer-


related fatigue: a review. Revista da Associação Médica
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DO NASCIMENTO, Ícaro Matheus Bezerra; MARINHO,


Cleidilaine Lima Ferreira; COSTA, Roniery de Oliveira. A
contribuição da fisioterapia nos cuidados em pacientes
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JONES, Lee W. et all. The lung cancer exercise training


study: a randomized trial of aerobic training, resistance
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rationale and design. BMC Cancer, v. 10, n. 1, 2010. DOI:
https://doi.org/10.1186/1471-2407-10-155.

NEUZILLET, Cindy. et al. Rationale and design of the


Adapted Physical Activity in advanced Pancreatic Cancer
patients (APACaP) GERCOR (Groupe Coopérateu
rMultidisciplinaireen Oncologie) trial: study protocol for a
randomized controlled trial. Trials, v.16, p.454-467,2015.

124
ASTORE, Carla Alberici; OEHLSCHLAEGER, Maria Helena
Klee; GONZALEZ, Maria Cristina. Impacto do estado
nutricional e da força muscular sobre o estado de saúde
geral e qualidade de vida em pacientes com câncer de
trato gastrintestinal e de pulmão. Revista Brasileira de
Cancerologia, v. 59, n. 1, p. 43-49, 2013.

SANTOS, Valkiria de Araujo Dos; SEIPPEL, Thamiris;


CASTANEDA, Luciana. Utilização da Classificação
Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde
em Mulheres com Câncer de Mama: Revisão da Literatura.
Revista Brasileira de Cancerologia, [S. l.], v. 65, n. 1, 2019.
DOI: https://doi.org/10.32635/2176-
9745.rbc.2019v65n1.349. Acesso em: 16 ago. 2020.

VAN DEN BEUKEN-VAN EVERDINGEN, Marieke H. J. et al.


Update on Prevalence of Pain in Patients With Cancer:
Systematic Review and Meta-Analysis. Journal of Pain and
Symptom Management, v. 51, n. 6, p. 1070-1090, 2016. DOI:
https://doi.org/10.1016/j.jpainsymman.2015.12.340.

125
Fonte: Canva

O OLHAR DO
PSICÓLOGO

Autora:
Maria Amélia Vieira Toledo

Psicóloga Especialista em Psicologia Clínica, Mestre em Saúde,


Sociedade e Ambiente pela UFVJM, Diamantina, Minas Gerais, Brasil.
Email: amelia.toledo@ufvjm.edu.br.
Vários sofrimentos podem aparecer na
vida das pessoas, desde a suspeita até o
diagnóstico de câncer. Isso pode ocorrer
devido a uma visão histórica e de estigmas
que envolvem o câncer.
Diante disso, surge acompanhamento
psicológico destinado não só a você,
paciente, como também às pessoas próximas
Esse acompanhamento tem como principal.
objetivo auxiliar os envolvidos na
identificação dos sentimentos, orientações,
prevenção e redução dos sintomas
emocionais e físicos causados pela doença
em seus diferentes estágios e pelo
tratamento (INCA, 2014; Assunção, 2023).
O trabalho de suporte psicológico é
realizado tendo como base a história do
paciente e suas crenças buscando parcerias
com as equipes de saúde (Alves, 2018).

127
Assim o trabalho é realizado de forma
interdisciplinar, ou seja, o psicólogo busca a
parceria de oncologistas, enfermeiros e
outros profissionais de saúde, para garantir
uma abordagem ampla, integral no seu
cuidado, de forma biopsicossocioespiritual
(Santos et al., 2023), ou seja, todos os
profissionais olhando para você como um ser
completo, olhando o físico, o emocional, a
parte social (as interações da pessoas, no
trabalho, com os vizinhos, nos locais onde ela
frequenta), familiar e espiritual, lembrando
que a parte espiritual não é apenas a
religião, mas sim as crenças que movem
cada pessoa.
Portanto o acompanhamento centrado na
pessoa, ou seja, ver o ser humano como um
todo e não somente a parte física (Venâncio,
2004; Buss; Pellegrini Filho, 2007; Carrapato
et al., 2017).

128
Para ilustrar a visão do psicólogo e dos
profissionais de saúde que te acompanharão
no tratamento, podemos usar o modelo dos
fatores determinantes da saúde (Figura 1), no
qual observamos que a saúde e a doença
resultam da interação de fatores biológicos,
psicológicos e sociais (Buss; Pellegrini Filho,
2007; Castaneda, 2019; Santos et al., 2020).

129
Figura 1: Determinantes sociais: modelo de
Dahlgren e Whitehead

Fonte: Buss; Pellegrini Filho, 2007.

130
Sabendo dessa visão ampliada que os
profissionais têm, ressalta que o psicólogo
tenta entender as consequências do câncer
na sua vida e das pessoas mais próximas. As
intervenções psicológicas são realizadas para
atender às necessidades específicas,
promovendo a adaptação e o enfrentamento
(Perdigão et al., 2022; Jesus, 2023) frente a
essa luta contra o câncer.
No processo de acompanhamento, o
profissional irá te auxiliar a desenvolver
estratégias eficazes de enfrentamento para
lidar com o estresse, a ansiedade e outras
emoções desencadeadas pelo diagnóstico e
tratamento do câncer (Silva et al., 2020;
Mattos, 2023).

131
A forma como ocorrerá o trabalho do
psicólogo sofrerá influencia de algumas
características suas, como por exemplo, o
sexo, idade, suas crenças, assim como a de
seus familiares, sempre buscando guiá-los
através do processo de tratamento. Esse
suporte é contínuo, abordando as
preocupações emocionais ao longo do ciclo
de tratamento (Burton, 2023).
Na fase avançada da doença, a psicologia
desempenha um papel vital na prestação de
cuidados paliativos, apoiando não apenas o
paciente, mas também seus familiares,
enquanto enfrentam questões relacionadas
ao fim de vida.

132
Diante de tudo que foi apresentado,
podemos descrever, resumidamente, o
processo de atendimento psicológico a
pacientes oncológicos assim:

Acolhimento e Estabelecimento de Vínculo:


O psicólogo inicia o processo de
atendimento com uma abordagem
acolhedora, criando um ambiente seguro e de
confiança possibilitando que você se sinta à
vontade para compartilhar suas experiências
e emoções.

Avaliação Inicial
O psicólogo realiza uma avaliação
abrangente, explorando não apenas os
aspectos físicos do câncer, mas também os
impactos emocionais, sociais e familiares.

Compreensão das Emoções e Reações


O psicólogo busca compreender suas
emoções e reações diante do diagnóstico,
tratamento e prognóstico. Isso envolve
explorar o medo, a ansiedade, a tristeza, a
raiva e outras emoções que podem surgir
nesse contexto.

133
Informação e Educação
É importante verificar a compreensão e
fornecer informações claras e acessíveis sobre
a doença, tratamento e possíveis efeitos
colaterais. Esse aspecto educativo visa reduzir
o desconhecido, permitindo que você se sinta
mais capacitado e informado.

Desenvolvimento de Estratégias de Enfrentamento


Com base na compreensão das emoções e
desafios enfrentados pelo paciente, o
psicólogo trabalha no desenvolvimento de
estratégias de enfrentamento saudáveis. Isso
inclui o fornecimento de ferramentas para
lidar com o estresse, a ansiedade e outros
impactos psicológicos da doença.

Suporte durante o Tratamento


Ao longo do tratamento, o psicólogo oferece
suporte contínuo, adaptando a abordagem
conforme necessário

Intervenção em Questões Específicas


O psicólogo aborda questões específicas,
como, por exemplo, a gestão da dor, a adesão
ao tratamento, às mudanças na imagem
corporal e as relações interpessoais afetadas
pela doença.

134
Inclusão de Familiares e Cuidadores
Reconhecendo o impacto do câncer nas
relações familiares, o psicólogo muitas vezes
inclui familiares e cuidadores nas sessões para
oferecer suporte e orientação também a
essas pessoas.

Planejamento para a Fase Pós-Tratamento


A medida que o paciente se aproxima da
conclusão do tratamento, o psicólogo auxilia
na transição para a fase pós-tratamento,
abordando questões relacionadas ao retorno à
vida cotidiana, preocupações de seguimento e
a possibilidade de recidiva.

De modo geral o psicólogo precisa estar


disponível e vestir-se ao acolhimento com a
escuta cuidadosa na perspectiva de legitima
os sentimentos do paciente utilizando as
ferramentas necessárias para realizar o
atendimento do paciente oncológico e seus
familiares.

135
...............REFERÊNCIAS ............
ALVES, G. DA S.; VIANA, J. A.; SOUZA, M. F. S. DE. Psico-
oncologia: uma aliada no tratamento de câncer. Pretextos
- Revista da Graduação em Psicologia da PUC Minas, v. 3,
n. 5, p. 520-537, 7 mar. 2018. Disponível em:
https://periodicos.pucminas.br/index.php/pretextos/arti
cle/view/15992. Acesso em 09 dez. 2023.

ASSUNÇÃO, C. A. L. Atuação e importância da psico-


oncologia. Rev. Psicol Saúde e Debate. v. 9 n. 2, p. 292-
304, set. 2023. Disponível: em:
https://psicodebate.dpgpsifpm.com.br/index.php/period
ico/article/view/986/607. Acesso em 09 dez. 2023.

BURTON, L. Crianças com Câncer. Revista Brasileira de


Cancerologia, [S. l.], v. 27, n. 1, p. 39–43, 2023. Disponível
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https://rbc.inca.gov.br/index.php/revista/article/view/3
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MATOS, J. R. et al.. Quality of life and coping in children


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PERDIGÃO, M. M. de M.; RODRIGUES , A. B.; CARVALHO,
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VENÂNCIO, J. L.; LEAL, V. M. S. Importância da Atuação


do Psicólogo no Tratamento de Mulheres com Câncer de
Mama. Revista Brasileira de Cancerologia, [S. l.], v. 50, n.
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https://rbc.inca.gov.br/index.php/revista/article/view/2
059. Acesso em: 8 dez. 2023.

138
Agradecemos seu interesse e atenção nessas
informações.
Esperamos ter contribuído um pouco para o seu
bem-estar.
Desejamo-lhe muita saúde e paz!

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48_CAMINHANDO_JUNTOS_UM_OLHAR_INTEGRADO
_SOBRE_O_CUIDADO_ONCOLOGICO

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Esta produção aborda, de forma multidisciplinar


e leve, alguns aspectos do tratamento
oncológico focando em ações da enfermagem,
medicina, farmácia, nutrição, fisioterapia e
psicologia.
Foi escrita por profissionais da saúde,
destacando a importância da abordagem
integrada, da adesão ao tratamento, e fornece
informações valiosas para enfrentar esse
percurso desafiador.

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