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All content following this page was uploaded by Anna Karina Gomes da Silva on 16 January 2024.
Organizadores:
Anna Karina Gomes da Silva
Sara Barbosa Rocha
Fábio Tadeu L. Guimarães
Flaviana Tavares Vieira
Organizadores:
Anna Karina Gomes da Silva
Sara Barbosa Rocha
Fábio Tadeu Lourenço Guimarães
Flaviana Tavares Vieira
Diamantina - MG
Universidade Federal dos Vales do
Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM
2024
É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte.
As ideias e opiniões expressas nesta publicação são de inteira responsabilidade de
seus autores e não refletem necessariamente a opinião do Programa de Educação
Tutorial.
Organizadores:
Anna Karina Gomes da Silva
Sara Barbosa Rocha
Fábio Tadeu L. Guimarães
Flaviana Tavares Vieira
Revisores de texto:
Fábio Tadeu L. Guimarães
Flaviana Tavares Vieira
Colaboradores e diagramadores:
Camila Cristina Pereira Costa
João Pedro da Silva Santos
CDD 616.994
O que é câncer?..............................................10
Olhar do enfermeiro......................................16
Olhar do médico.............................................34
Olhar do farmacêutico..................................54
Olhar do nutricionista...................................93
Olhar do fisioterapeuta..............................107
Olhar do psicólogo......................................126
Fonte: Canva
APRESENTAÇÃO
Falar sobre o câncer nunca foi uma tarefa
fácil. Durante muito tempo o diagnóstico da
doença esteve interligado com a palavra
morte. Pacientes, familiares e amigos
sentiam dificuldade em verbalizar essa
palavra, referindo-se por vezes como
“aquela doença” , que no subconsciente de
quem escutava já fazia alusão ao câncer.
Hoje o cenário é um pouco diferente, não
porque a doença deixou de assustar a
população, mas por saber que existem
tratamentos eficazes contra ela. Além das
campanhas de prevenção, mostrando a
importância do diagnóstico precoce no
combate ao câncer.
Com a finalidade de contribuir, esse material
foi elaborado e é voltado não apenas para
os pacientes oncológicos, bem como seus
familiares, amigos e toda rede de apoio
desses pacientes.
8
Aqui irão encontrar respostas verdadeiras, de
fontes confiáveis, para muitas de suas perguntas.
Pois este livro “Um olhar integrado sobre o
cuidado oncológico” é um compilado de
informações confiáveis de como você pode se
acolher e se posicionar diante de um diagnóstico
como esse.
Ao longo dos capítulos verão diferentes
profissionais da saúde tais como enfermeiro,
médico, fisioterapeuta, farmacêutico,
nutricionista e psicólogo relatando o impacto
que a doença exerce sobre cada uma dessas
áreas e a importância de trabalhar em equipe
para obter melhores resultados.
Claro que o tratamento oncológico depende de
uma série de variáveis, sendo a principal delas a
adesão por completo ao tratamento estipulado
pelo médico ao paciente, potencializado pela
equipe multiprofissional que irá o assistir durante
esse percurso. Esperamos que as informações
deste material possam contribuir com você. Bom
proveito!
Sara Barbosa Rocha
Nutricionista
9
CER?
É CÂN
O QUE
Autora:
Anna Karina Gomes da Silva
Discente do curso de nutrição da Faculdade de
Ciências Biológicas e da Saúde. Petiana do
Programa de Educação Tutorial Estratégias para
Diminuir a Retenção e Evasão da UFVJM, Diamantina
- MG Email: anna.gomes@ufvjm.edu.br
O câncer é uma doença caracterizada pelo
crescimento desequilibrado, acelerado e
invasivo de células, sendo que nesse processo,
ocorre alteração em seu material genético,
que no processo de multiplicação celular,
acaba gerando mais células com essas
alterações (INCA, 2009; ALVES, 2010, GUYTON
et al., 2021).
O crescimento das células cancerosas é
diferente do crescimento das células normais.
Ao invés de morrerem, essas células continuam
crescendo incontrolavelmente, formando outras
novas células anormais. Esse crescimento
rápido, agressivo e incontrolável, espalhando-
se para outras regiões do corpo caracteriza a
doença (INCA, 2011).
O câncer começa quando ocorre uma
mudança genética em uma célula normal,
fazendo com que essa célula receba instruções
incorretas. Essas mudanças ocorrem em genes
especiais que chamamos de proto-oncogenes,
os quais encontram-se inativos em células
normais. Quando há ativação dos proto-
oncogenes, estes se transformam em
oncogenes, o que leva as células normais a se
tornarem cancerosas (INCA, 2011).
11
Os tipos de câncer se distinguem pela
rapidez com que as células se multiplicam
e pela habilidade de invadir tecidos
próximos ou distantes, o que chamamos de
metástase (INCA, 2022). Dessa forma,
alguns tipos de câncer podem ser muito
agressivos e se “espalhar” rapidamente
entre os tecidos, enquanto outros podem
crescer de forma mais lenta além de se
“espalhar” de forma menos agressiva.
12
Hiperplasia
Aumento de volume. Esse processo
costuma ser natural, como no caso do
crescimento das mamas em pessoas do
sexo feminino durante a puberdade ou
mesmo durante a gestação. No entanto,
em determinadas ocasiões, a hiperplasia é
um sintoma de que algo não vai bem com
o organismo do paciente.
Displasia
Desenvolvimento celular fora do normal,
que pode gerar a má-formação de um
tecido ou órgão de qualquer parte do
corpo humano. Existem diversos tipos de
displasias, que mudam de acordo com a
região afetada do corpo.
Câncer
Ocorre quando o tumor não ultrapassou a
membrana basal, estando presente apenas
no local inicial.
Câncer invasivo
A doença já ultrapassou a membrana
basal e dessa forma tornou-se invasivo ou
infiltrativo.
13
Existem mais de 100 tipos diferentes de
câncer, que correspondem a diferentes
alterações nos diversos tipos de células do
corpo. Por exemplo: quando começam em
tecidos como pele ou mucosas, são chamados
de carcinomas. Se têm origem nos tecidos
conjuntivos, como ossos, músculos ou
cartilagens, são chamados de sarcomas (INCA,
2022).
14
...............REFERÊNCIAS ..............
ALVES, Fernanda Rodrigues. Manual de condutas para
pacientes oncológicos. São Paulo: Sociedade Hospital
Samaritano, 2010.
15
Fonte: Canva
O OLHAR DO
ENFERMEIRO
Autora:
Ana Lanza
MAS, E AGORA?
É preciso tentar entender o que está
acontecendo.
17
EM QUEM CONFIAR?
Fonte: Canva 18
Pessoas que já passaram por essa
situação contam que na hora que
descobriram que estavam com câncer
choraram, sentiram muito desânimo, falta
de apetite, vontade de sumir, uma tristeza
sem fim. É como se a cabeça ficasse vazia,
por que são muitos pensamentos e
emoções misturados. Outras se
preocuparam mais com os outros do que
consigo mesmas. Tiveram que consolar
parceiros (as), filhos, pais....
19
PENSAR NESSE MOMENTO COMO UM
MOMENTO PARA RECALCULAR A ROTA?
SUA HISTÓRIA.
20
Talvez o ponto de partida (a pergunta
principal) seja:
E de viver feliz?
21
Porém, fique atento! Fique atenta!
22
Fonte: Canva
- Para alterar situações, relações, formas de
enxergar e viver o mundo?
- Para começar a pensar mais em mim?
Para eu aprender a me colocar em primeiro
lugar?
- Para eu tentar estreitar as relações com
as pessoas? Voltar a fazer contatos,
estabelecer novas amizades, conhecer
novas histórias? Contar as minhas histórias?
Para que aos poucos eu me coloque em
primeiro lugar?
- Para aprender a aceitar apoio? Aceitar
ajuda? Aprender a falar sobre o que
preciso?
- Para perdoar, se sinto que vale a pena?
Ou tentar conversar para entender os
porquês do outro?
- Para que eu consiga expressar meus
desejos? Para que eu consiga sonhar,
desejar, manifestar vontades?
- Para que eu aprenda a impor limites que
não puderam ser impostos antes (por
vergonha, medo, outros motivos). Para que
eu aprenda a dizer NÃO QUERO, NÃO
POSSO, NÃO VOU?
23
Para aumentar o meu Autoconhecimento?
24
Reservar um tempo para rezar, orar,
cantar ou conversar. Ler, escrever cartas,
visitar amigos ou receber visitas. E, lembre-
se: Só faça se não encarar como
obrigação, mas se for prazeroso!
25
Converse com quem já passou por
experiências parecidas. Investigue sobre
táticas utilizadas para levar a doença de
maneira mais leve. SE O PAPO FICAR
DESAGRADÁVEL, tenha a liberdade para
pedir licença e se RETIRAR. VOCÊ NÃO É
OBRIGADO(a) A ESCUTAR O QUE TE FAZ
MAL.
26
ESSA LISTA DE DESEJOS DEVE SER ELABORADA
POR TODOS NÓS, HUMANOS, POIS NINGUÉM É
IMORTAL, NÃO É MESMO? CONSTRUA SUA LISTA E
MOSTRE PARA QUEM VOCÊ CONSIDERAR
MERECEDOR DE CONHECÊ-LA E COLOCÁ-LA EM
PRÁTICA COM VOCÊ.
27
VOCÊ NÃO É A SUA DOENÇA.
VOCÊ É UMA PESSOA.
E a sua história importa.
28
Os paliativistas - médicos, enfermeiros,
nutricionistas, fisioterapeutas, psicólogos,
assistente social, dentistas - que trabalham
com os Cuidados Paliativos, geralmente estão
sempre alertas para tentar entender,
conversar e tratar os diversos sintomas e
sentimentos que poderão surgir após o
diagnóstico de uma doença grave, como: a
dor física e espiritual (aquela que dói a alma,
e que nos faz questionar sobre a vida, e ou
sobre Deus), a falta de ar, tristeza, coceira,
prisão de ventre, solidão, medo e outros
diversos sintomas e sensações que nos
incomodam e ou nos entristecem e que, por
algum motivo, não falamos sobre.
29
E você pode chorar também, se sentir vontade.
Estar limpo é fundamental? Peça! Não sentir dor
em momento algum é prioridade? Avise!
A VIDA É AGORA.
NÃO DEIXE PARA DEPOIS.
Um último conselho, se me permite?
Acrescente vida aos anos e não somente
anos à vida, combinado?
30
Por fim, separei aqui algumas dicas de livros
e vídeos para você – ou quem você ama, ou
cuida - que está passando pelo diagnóstico e
ou tratamento de doença grave. Leia, assista,
ouça, reflita e converse muito. Fale muito.
Fale!
A vida é troca!
31
INDICAÇÕES DE LIVROS:
Enquanto eu respirar: Dançando com o tempo e
com todas as possibilidades de estar viva até o
último suspiro. Ana Michelle Soares.
INDICAÇÕES DE VÍDEOS:
Enquanto eu respirar | Ana Michelle Soares |
TEDxSaoPaulo https://www.youtube.com/watch?
v=fBp6ch7Yrlg
Fonte: Canva
32
..................REFERÊNCIAS ...............
33
O OLHAR DO
MÉDICO
Fonte: Canva
Autores:
Giovana Amaral Cordeiro¹,
João Gustavo Marques de Faria².
35
Por se tratar de uma doença multifatorial, o
câncer pode ser causado por:
hereditariedade tabagismo
exposição
exposição solar
ocupacional
Fonte: Os autores.
36
Foi estimado que no triênio de 2020-2022,
o Brasil teria aproximadamente 625 mil casos
de câncer, sendo destes 450 mil não
melanoma. O Câncer de pele não melanoma
continua liderando como o mais incidente (177
mil casos), seguido pelo câncer de mama e
próstata (66 mil casos cada), cólon e reto (41
mil), pulmão (30 mil) e estômago (21 mil).
Na população masculina, em exceção ao
câncer de pele não melanoma, o de próstata
segue liderando (29,2%), em seguida o de
cólon e reto assume a segunda posição (9,1%),
o de pulmão (7,9%), o de estômago (5,9%) e
de cavidade oral na última posição (5,0%).
Na população feminina os cânceres de
mama se destacam (29,7%), cólon e reto
(9,2%), colo do útero (7,4%), pulmão (5,6%) e
tireoide (5,4%) são os mais frequentes
(Silveira, 2021).
Fonte: Canva
37
DESDE O RASTREIO ATÉ O
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO, O
PACIENTE PERCORRE UM LONGO
CAMINHO DE INCERTEZAS, ANGÚSTIAS
E ADAPTAÇÕES. O NÚCLEO FAMILIAR,
ESTRUTURA O QUAL FORNECE TODO
SUPORTE AO PACIENTE, SOFRE COM O
RECEBIMENTO DA NOTÍCIA.
38
Decisões terapêuticas, o
binômio Médico-Paciente
Várias são as abordagens possíveis após
dado o diagnóstico e estadiamento de
câncer. Idealmente, as decisões são
tomadas sempre buscando a individualidade
da doença, do doente, dos familiares, da
capacidade técnica e tecnológica
disponíveis para assistência ao paciente.
É imprescindível que o paciente seja
envolvido no processo de sua doença e
tratamento, para isso ele deve ser orientado
sobre as opções de tratamento, as etapas
realizadas, seus riscos, toxicidade e agravos
(Silva, 2019).
39
pouco
s e g u ir e x p licaremos um
A ão
a p ro c e s s o citado, a divis
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de resp nica de
p a c ie n te e a eficácia clí
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.
cada método
................Cirurgia Oncológica..............
As previsões sobre o crescimento no número
de diagnósticos de câncer no mundo
denotam a importância das estratégias de
prevenção. Estima-se que o número de casos
irá aumentar de aproximadamente 14 milhões,
em 2012, para 19,3 milhões em 2025.
Em relação à mortalidade, é projetado
crescimento de 8 milhões, em 2012, para 11,4
milhões, em 2025 (Silva, 2016). Dessa forma,
a cirurgia oncológica se faz como o mais
antigo tratamento contra o câncer, podendo
ser curativo, diagnóstico e aliviador de
sintomas causados pela doença.
40
Os resultados são benéficos na maioria dos
pacientes que recebem diagnóstico precoce
do câncer e que apresentem condições
clínicas e laboratoriais favoráveis para
passarem pelo procedimento cirúrgico. A
decisão é feita em conjunto com o paciente,
sendo primariamente avaliada pelo médico
assistente os riscos e benefícios de tal
procedimento (Sullivan, 2015).
................Quimioterapia..................
41
...................Radioterapia..................
.................Hormonioterapia................
42
A hormonioterapia entra fazendo bloqueio
a ação deste hormônio nas células tumorais
e/ou diminuição da produção pelo
organismo, podendo ser utilizada de forma
isolada ou em combinação com outros
procedimentos.
.............Transplante de medula..............
Em alguns cânceres que afetam as células
sanguíneas como leucemias, linfomas e
mielodisplasias, doadores compatíveis de
medula óssea podem ser opção ao
tratamento. No geral, é realizado um pré-
tratamento destruindo as células
cancerígenas e posteriormente transplantado
para corrente sanguínea do paciente parte
do aspirado da medula óssea do doador.
Com o passar do tempo, as novas células
passarão a produzir as células sanguíneas
saudáveis normalmente.
43
....................Terapia-alvo...................
Trata-se de um tratamento sistêmico que
utiliza medicamentos ou formulações
celulares para atacar especificamente as
células cancerígenas, provocando poucos
danos às células sadias do corpo. Essa
terapia pode ser usada de forma isolada ou
em combinação a outras.
....................Imunoterapia...................
É um tratamento biológico cujo objetivo é
potencializar o sistema imunológico de
maneira que possa combater infecções e
outras doenças como o câncer. No geral,
proteínas específicas de um câncer são
selecionadas em laboratório e apresentadas
em uma cultura de células do sistema
imunológico, que posteriormente serão
transferidas para ela e apresentarão as
substâncias produzidas pelo câncer para o
sistema imunológico, desenvolver anticorpos e
outras substâncias capazes de neutralizar tais
células e reconhecê-las como agressoras ao
nosso organismo.
44
............Medicina Personalizada............
..............Cuidados Paliativos................
Segundo definição mais atual, cuidados
paliativos é uma abordagem que melhora a
qualidade de vida de pacientes (crianças,
adultos e idosos) e suas famílias, que
enfrentam problemas associados a doenças
que ameaçam a vida, por meio da prevenção
e do alívio do sofrimento. Requer identificação
precoce, avaliação e tratamento da dor, além
de outros problemas de natureza física,
psicológica, social e espiritual (WHO, 2020).
45
A abordagem interdisciplinar dos cuidados
paliativos retira o foco da assistência na
doença e traz o foco no doente, buscando o
alívio do sofrimento. O paciente vivencia
durante o processo de adoecimento
sofrimento em vários aspectos da vida, sendo
eles: físico, psíquico, social, espiritual e
biológico. Todo profissional deve trabalhar de
modo complementar com objetivo comum de
aliviar todas as dimensões do sofrimento dos
pacientes e de seus familiares (Stanzani,
2020).
O papel do médico dentro dos cuidados
paliativos é voltado na liderança do cuidado,
no gerenciamento da equipe, na discussão
dos casos clínicos, na avaliação minuciosa dos
pacientes, no manejo impecável dos sintomas
e na elaboração do plano terapêutico. Outro
ponto fundamental de sua participação é o
planejamento de cuidados avançados, que
visa discutir com o paciente suas preferências
e dando oportunidade a ele de se expressar e
definir suas preferências.
Um detalhe importante é que o cuidado é
sempre realizado em parceria com outras
áreas da saúde, o que define o cuidado
interdisciplinar e garante melhores resultados
(Castilho, 2021).
46
OS OBJETIVOS MÉDICOS NOS
CUIDADOS PALIATIVOS SÃO:
Estabelecimento de um plano
avançado de cuidados conforme os
valores e preferências do paciente;
47
OS OBJETIVOS MÉDICOS NOS
CUIDADOS PALIATIVOS SÃO:
Comunicação consistente e
sustentada entre o paciente e todos
envolvidos no cuidado;
48
Figura 1: Gráfico ilustrativo sobre o benefício potencial dos cuidados paliativos
para os pacientes em relação ao momento da doença (Se/Una-Sus, 2017).
49
Por outro lado, o eixo vertical representa a
necessidade relativa de assistência, variando
entre terapia modificadora da doença e
cuidado paliativo. A proporção se modifica
ao longo do tempo e da evolução da
doença.
A terminalidade se inicia no momento em
que não há mais intervenções (exceto
transplante de órgão, se cabível), sendo os
cuidados paliativos acentuados. O processo
de morte e luto é integralmente assistido
pela equipe multidisciplinar, ao contrário do
que muitos pensam.
A avaliação médica do paciente em
cuidados paliativos busca coletar dados de
rotina, informações pessoais inseridas no
histórico médico do paciente, que possam
ser relevantes para o diagnóstico e plano
terapêutico. Durante a consulta, um dos
maiores desafios é o ajuste de expectativas
dos pacientes, familiares e outros
profissionais envolvidos.
Fonte: Canva
50
Estar em contato com o
sofrimento humano, com a
intimidade do paciente e com a
morte necessita de uma
capacitação durante longos
anos de estudo e prática.
Noções de cuidados paliativos
fazem parte do escopo de todo
profissional que lida com o
sofrimento humano.
Algumas considerações
Por fim, vimos que o papel do médico
diante do cuidado com o paciente
oncológico independente do estágio da
doença necessita de uma formação
adequada e estar preparado para o papel
de liderança das equipes interdisciplinares e
coordenar o melhor plano terapêutico para
atingir os objetivos do paciente e de seus
familiares.
51
.................REFERÊNCIAS ............
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à
Saúde. Protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas em
Oncologia/Ministério da Saúde, Secretaria de
Atenção à Saúde – Brasília: Ministério da Saúde, 2014.
XXX p. : il.
52
ullivan R, Alatise OI, Anderson BO, Audisio R, Autier P,
Aggarwal A, et al. Global câncer surgery: delivering safe,
affordable, and timely câncer surgery. Lancet Oncol.
2015;16(11):1193-224.
53
Fonte: Canva
O OLHAR DO
FARMACÊUTICO
Autoras:
Mayara Cristina Oliveira Ortiz ¹, Lorena Ulhôa Araújo², Ana Paula Rodrigues³,
4 5
Renata Aline de Andrade, Josiane Moreira da Costa
55
Bem-vindo ao tratamento!
A ciência o desenvolveu
para te ajudar!
O farmacêutico é popularmente conhecido
como o “profissional do medicamento”, mas o
foco do seu trabalho também é o paciente que
utiliza o medicamento. Por isso, esse profissional
desempenha múltiplos papéis, desde a pesquisa,
produção, manipulação e dispensação de
medicamentos até o acompanhamento dos
pacientes e realização de exames laboratoriais.
Fonte: Canva
56
No tratamento do câncer, o farmacêutico
é o profissional que irá manipular os
medicamentos a serem utilizados. Alguns
serviços também possuem o farmacêutico
clínico, que é o profissional qualificado não
somente para orientar pacientes sobre o uso
dos medicamentos, mas também para
discutir com os médicos sobre o tratamento
mais indicado, avaliar interações
medicamentosas, prevenir reações adversas
e outros problemas indesejáveis associados
ao tratamento.
Além disso, a atuação do farmacêutico na
realização e interpretação de exames
laboratoriais também é essencial para o
diagnóstico e acompanhamento do câncer.
Em conjunto com os demais profissionais da
saúde, é possível obter melhores resultados
no tratamento e melhorar a qualidade de
vida do paciente (WILCKE et al., 2023;
BATISTA et al., 2021; SOUZA et al., 2021;
NEVES et al., 2022; KAYA et al., 2012).
57
A ciência evoluiu muito nas últimas
décadas. Hoje, várias opções de
medicamentos estão disponíveis para tratar
diferentes tipos de câncer. Se você sentir
necessidade de conhecer ou discutir um
pouco mais sobre o seu tratamento, procure
por um farmacêutico clínico oncológico. Ele
poderá te ajudar!
Fonte: Canva
58
Como saber se esse tratamento
indicado pelo médico é o melhor
tratamento para mim?
Existem vários tratamentos para os
diferentes tipos de câncer. Além da
quimioterapia, as seguintes intervenções
podem ser indicadas: imunoterapia, cirurgia,
radioterapia, hormonioterapia e transplante
de medula óssea. É comum que os médicos
optem pela cirurgia, seguida da
quimioterapia ou até mesmo quimioterapia
seguida da cirurgia. Isso irá depender do tipo
do câncer, localização e fatores específicos
de cada paciente, como idade e presença
de outras doenças (INCA, 2021).
• Comprimidos; • Injetáveis;
• Cápsulas; • Radioterapia;
• Líquidos; • Transplante;
59
Fonte: Canva
No processo de escolha do tipo de
tratamento mais adequado, o médico
oncologista seguirá os melhores resultados
apontados pela ciência. Quando um
paciente toma um medicamento por via oral
(pela boca), essa substância precisará
atravessar as paredes do estômago e
intestino para chegar ao sangue. Uma vez no
sangue, o medicamento será levado para
outros locais do corpo. Dessa forma,
dependendo do órgão que está adoecido, o
medicamento necessitará passar por vários
obstáculos do próprio organismo para chegar
ao local de ação.
Durante a consulta com o médico e
principalmente na consulta com o
farmacêutico clínico, é muito importante que
você consiga falar sobre os medos, receios e
demais expectativas sobre o tratamento. Se
você conhecer todos os aspectos positivos e
negativos do tratamento, se sentirá mais
segura(o) para superar e prevenir os efeitos
indesejáveis e ter um tratamento mais
efetivo.
60
Eu sentirei dor
na quimioterapia?
61
Qual a diferença entre
“quimioterapia branca” e
“quimioterapia vermelha”?
Os termos frequentemente utilizados
pelos pacientes “quimioterapia branca” e
“quimioterapia vermelha” dizem respeito à
coloração natural do medicamento
utilizado. Existe uma crença popular de
que a “quimioterapia vermelha” é mais
forte do que a “quimioterapia branca", o
que não é verdade. Ou seja, se você fizer
uso da quimioterapia vermelha, isso não
significa que o seu tratamento é mais forte
do que de outros pacientes que utilizam
medicamentos de coloração diferente.
Um determinado tratamento pode incluir
um período em que o paciente receberá a
“quimioterapia vermelha” e, após este
período, o tratamento será continuado
com a “quimioterapia branca”, por
exemplo.
62
Todo medicamento utilizado para
tratar câncer faz o cabelo cair?
Alguns medicamentos podem causar a
queda de cabelo, mas não todos. É
importante saber que o fato de um
medicamento fazer o cabelo cair não quer
dizer que ele é mais forte do que outro
medicamento que não produz queda de
cabelo. Algumas unidades de saúde contam
com uma tecnologia de resfriamento do
couro cabeludo durante a sessão de
tratamento, que pode reduzir essa queda.
A queda de cabelo é temporária, e depois
do fim da quimioterapia ele voltará a
crescer. Entretanto, se a queda de cabelo
te incomodar, você poderá usar acessórios
como lenços, perucas, toucas e bonés, que
podem ser utilizados de acordo com o que
mais se adapta ao seu estilo (TRUJILLO-
MARTÍN et al., 2023).
63
Terei enjôo durante o
tratamento?
Nem todos os medicamentos utilizados para
o tratamento de câncer podem causar
enjoos. Cada pessoa é única e reage de uma
forma. Mesmo que você esteja utilizando um
medicamento que possa causar enjoos, essa
reação pode acontecer em uma maior ou
menor intensidade e frequência. Caso você
inicie um tratamento que tenha uma maior
chance de proporcionar enjoos, o médico e
ou farmacêutico que cuidará de você irão te
orientar sobre alguns medicamentos que
podem prevenir e controlar essa reação.
Para te ajudar com essa sensação, evite
ficar muito tempo em jejum. Procure se
alimentar de 3 em 3 horas, mesmo que em
pequenas quantidades. Evite alimentos com
cheiro forte, condimentados, muito doces ou
gordurosos, pois eles podem piorar o quadro
(PALATTY et al., 2013).
64
Um parente fez tratamento para o
mesmo tipo de câncer que eu, isso
significa que terei os mesmos efeitos
colaterais que ele teve?
65
Posso tomar chás durante o
tratamento oncológico?
Nem tudo que é natural pode fazer bem.
Algumas plantas podem interferir no seu
tratamento, reduzindo o seu efeito ou
aumentando a chance de efeitos
colaterais. Além disso, muitas plantas não
foram estudadas pela ciência para serem
utilizadas em conjunto com o tratamento
convencional para o câncer, o que pode
trazer riscos à sua saúde.
Converse com os profissionais de saúde
caso faça uso de algum chá ou planta
medicinal para obter a orientação
correta. Mantenha o uso apenas daquilo
que for indicado pelo seu médico ou
farmacêutico e, em caso de dúvidas,
procure um profissional (YEUNG et al.,
2018).
66
É preciso ter cuidado com as informações
vindas de amigos e familiares. Todos tem
ótimas intenções, relatam terem ouvido falar
de produtos, chás e alimentos que poderiam
auxiliar no controle da doença, mas o que
geralmente ocorre é que esses produtos
podem atrapalhar o tratamento, ou até
mesmo prejudicar a oferta de alimentos mais
saudáveis que serão prescritos pelo
nutricionista clínico.
Fonte: Canva
67
Posso continuar a fazer uso
dos medicamentos que já
utilizava rotineiramente?
É muito importante que você informe ao
médico, farmacêutico e enfermeiro todos os
medicamentos que utiliza de forma contínua,
por exemplo: medicamentos para pressão
alta, diabetes e vitaminas. Além disso,
também informe aqueles que costuma tomar
eventualmente, como analgésicos, calmantes,
antiácidos e laxativos. Os profissionais
avaliarão possíveis interações entre os
medicamentos (SEM et al., 2019).
Nenhum de seus medicamentos direcionados
para tratar outras doenças crônicas (como
diabetes, por exemplo) deverá ter seu uso
interrompido sem orientação médica, com o
pensamento de que se deve priorizar o
tratamento do câncer. Se houver alguma
situação específica, você será orientado pelo
seu médico ou farmacêutico.
68
Qual a melhor forma de tomar os
meus medicamentos?
Posso mastigar ou partir?
A melhor forma de administrar
medicamentos no formato de comprimidos
ou cápsulas é engoli-los inteiros com um
copo cheio de água. Não substitua a água
por café, chá, leite ou bebida alcoólica, pois
isso pode afetar a ação do seu medicamento
(ITOH et al., 1998). Caso tenha dificuldade
para engolir, informe ao seu médico e
farmacêutico para que seja avaliada a
melhor opção. Não corte, amasse ou
mastigue os comprimidos e cápsulas sem
antes conversar com o profissional da sua
equipe de tratamento.
69
O médico prescreveu morfina,
ouvi dizer que ela vicia.
É verdade?
A morfina é um medicamento muito efetivo
e estudado pela ciência para controle da dor,
indicado para tratar alguns casos em que a
dor seja forte. Ela pode te ajudar a ter uma
melhor qualidade de vida durante esse
momento, para que você continue fazendo as
coisas que gosta e possa aproveitar o tempo
livre com a sua família.
De fato, a morfina é um medicamento que
deve ser utilizado com cautela e apenas
quando prescrita por médicos. Se ela foi
indicada para você pelo seu médico, ele irá
ajustar a quantidade do medicamento da
forma mais segura para você.
70
Caso seu uso não seja mais necessário, é
possível fazer a retirada de uma forma lenta
e gradual, de acordo com orientação
médica.
Caso você sinta prisão de ventre, sonolência
e/ou dificuldade para respirar, não deixe de
falar com o médico e com a equipe de
profissionais da saúde que te acompanha.
Fon
te: C
anv
a
71
Posso abraçar a minha família e ter
contato com meu parceiro, filhos e
netos pequenos, mesmo fazendo
tratamento?
O câncer não é uma doença contagiosa,
que passa de uma pessoa para outra. Você
pode conviver normalmente com quem ama
e expressar seus gestos de amor, incluindo o
toque, abraços e beijos, sem nenhum risco
de “contaminação” das outras pessoas. Se
for dividir o banheiro com alguém, é
recomendado dar descarga 2 vezes, com a
tampa do vaso fechada, para minimizar os
riscos de contaminação de outras pessoas
que utilizarão o mesmo banheiro (FILHO et
al., 2021).
Fonte: Canva
72
Além disso, devido ao tratamento, o
paciente poderá apresentar uma queda de
imunidade e deverá se cuidar de forma mais
atenta. Evite aglomerações e locais de
pouca ventilação, por exemplo. Sempre que
tiver relações sexuais, utilize preservativo,
como a camisinha. A camisinha é
recomendada não pela chance de
“contaminação” do parceiro, e sim porque a
pessoa que está em tratamento tem maior
chance de contrair doenças, inclusive
aquelas transmitidas através da relação
sexual.
Fon
te:
Ca
nva
73
Posso dirigir ou usar o elevador
fazendo tratamento?
Você pode realizar normalmente as
atividades que já fazia antes, inclusive utilizar
o elevador e dirigir, desde que se sinta bem
para desempenhá-las e não haja
contraindicação médica. Manter hábitos de
vida saudáveis e ter uma boa qualidade de
vida são fatores importantes para o
tratamento (CHENG et al.,2022). Observe
como seu corpo reagirá ao tratamento.
É comum se sentir mais cansado durante
essa fase, por isso, se você se sentir dessa
forma, evite desempenhar atividades que
requerem mais atenção, como dirigir. Se
puder, sempre leve um acompanhante com
você para os dias de tratamento, para que ele
possa te ajudar a se locomover caso se sinta
mal.
74
É normal ter que fazer vários
exames durante o tratamento?
Realizar exames com mais frequência é
normal durante o tratamento, tanto de
sangue quanto de imagem. Eles são
importantes para saber se está tudo bem com
você, como está a evolução da doença e se
você está em condições de receber os
medicamentos programados para seu
tratamento. A quantidade de exames e a
espera pelos seus resultados podem gerar
angústia e medo, mas pense que, sem eles,
não tem como ver seu progresso (SALCI e
MARCON, 2010).
75
Meus exames laboratoriais podem
alterar durante o tratamento
contra o câncer?
Em vários momentos você poderá apresentar
alterações de exames durante o tratamento.
Essas alterações são frequentes, sendo que
podem ser ocasionadas pelo câncer, pelo
tratamento, ou por ambos. Os exames que
seu médico irá pedir também podem variar
dependendo do tipo de câncer, do estágio
da doença, do tipo de tratamento utilizado e
das características individuais de cada
paciente.
Uma das alterações mais comuns em
exames laboratoriais ao tratar o câncer
ocorre no hemograma. A quimioterapia e a
radioterapia podem afetar a produção de
células sanguíneas pela medula óssea, o que
pode levar a diminuição nos níveis de
glóbulos vermelhos, brancos e plaquetas.
76
Outros exames que podem se mostrar
alterados são os relacionados ao
funcionamento dos rins e fígado, às vezes
afetados por alguns medicamentos utilizados.
Vômitos, diarreias e desidratação associados
ao tratamento podem alterar níveis de cálcio,
sódio, potássio, por exemplo.
Caso você apresente alterações de exames
durante o tratamento, não se preocupe, elas
serão monitoradas pela equipe que faz
parte do seu tratamento , para avaliar a
necessidade de ajustes e para controlar
qualquer efeito colateral ou complicação que
possa surgir (INCA, 2021).
77
Como tomar os meus
medicamentos de maneira
correta?
O momento do diagnóstico de um câncer
pode ser muito difícil e conturbado. Muitas
dúvidas, medos e inseguranças podem surgir,
o que é completamente normal. É comum se
sentir desanimado, cansado e triste diante
dos inúmeros exames a serem feitos e das
incertezas do resultado do tratamento.
Além disso, as experiências de pessoas
próximas, as próprias experiências anteriores
ao tratamento do câncer e os preconceitos
que a sociedade atribui à doença podem
influenciar na decisão de utilizar ou não o
tratamento prescrito pelo médico ou
acreditar no resultado esperado. Em alguns
casos, é indicado o uso do mesmo
medicamento por muitos anos, fazendo com
que sua necessidade seja questionada
(VIEIRA et al., 2018).
78
Por isso, a equipe multidisciplinar (médico,
nutricionista, psicólogo, farmacêutico,
enfermeiro, assistente social…) é muito
importante para te ajudar a passar por esse
momento e pode reduzir a angústia e
amenizar o impacto psicológico do
diagnóstico e do tratamento [4]. Converse
com a equipe que te acompanha sobre os
objetivos do seu tratamento, qual a sua
importância e sobre o motivo de determinado
medicamento ter sido prescrito. Estudos
dizem que o envolvimento do paciente com
sua própria saúde pode influenciar
positivamente nos resultados do tratamento
(KIM et al., 2018; TAVARES et al., 2016; VIEIRA
et al., 2018).
Isso é importante principalmente se o seu
tratamento oncológico envolve o uso de um
medicamento na forma de cápsulas ou
comprimidos que você levará para casa.
Nesse momento, certifique-se com seu
médico e com o farmacêutico sobre o nome
do medicamento, a quantidade e os horários
em que ele deve ser tomado. Aqui estão
algumas dicas que podem te ajudar:
79
1. Tome seu medicamento sempre no mesmo
horário.
80
2. Leia com atenção o nome do seu
medicamento para se certificar que está
tomando o medicamento correto.
81
4. Guarde seu medicamento em local
adequado.
82
5. Caso se sinta melhor, não interrompa o
uso do seu medicamento.
83
7. Caso tenha alguma dificuldade em
adquirir o medicamento (retirar na
unidade de saúde ou comprar o
medicamento), converse com o
farmacêutico que está te acompanhando.
84
“Cinco meses depois, a paciente retorna
para a consulta farmacêutica me
apresentando seu “novo amigo”, que era
a caixa de remédios. Ela exibia o
medicamento como se fosse um prêmio. E
estava muito satisfeita com a evolução do
tratamento Conta como foi importante se
libertar do que os outros diziam sobre o
câncer - agora conseguia falar o nome da
doença. Toda essa vivência foi
fundamental para ver o tratamento com
outros olhos. Mais do que isso, se sentia
capaz de utilizar tudo que aprendeu na
consulta farmacêutica para manter sua
própria saúde e vivenciar a situação da
melhor forma possível (Catarina*).
85
..................REFERÊNCIAS ...............
Filho PL; Jesus MM; Almeida KM. et al. Prevenção dos riscos
ocupacionais e o uso dos equipamentos de proteção pelos
profissionais de enfermagem nos serviços de
quimioterapia. Revista Eletrônica Acervo Saúde, v. 13, n. 8,
p. e8690, 25 ago. 2021.
86
Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva.
Detecção precoce do câncer / Instituto Nacional de
Câncer José Alencar Gomes da Silva. – Rio de Janeiro :
INCA, 2021. 72 p.: il. color. ISBN 978-65-88517-22-2
(versão eletrônica). AbuRuz S, Jaber D, Basheti I, Sadeq A,
Arafat M, AlAhmad M, Said A. Impact of pharmacist
interventions on drug-related problems in general surgery
patients: a randomised controlled trial. European Journal of
Hospital Pharmacy. 2021;28. doi: 10.1136/ejhpharm-2020-
002206. Epub 2020 Jul 13. PMID: 32661104; PMCID:
PMC8640438.
87
Filho PL; Jesus MM; Almeida KM. et al. Prevenção dos riscos
ocupacionais e o uso dos equipamentos de proteção pelos
profissionais de enfermagem nos serviços de
quimioterapia. Revista Eletrônica Acervo Saúde, v. 13, n. 8,
p. e8690, 25 ago. 2021.. Acesso em: 22/09/2023.
88
Kaya M, Nakamura K, Nagamine M, Suyama Y, Nakajo M,
Uchida R, Hagikura K, Kanda A, Sugiyama K, Sugiyama R,
Nakagaki S, Kimura M. A retrospective study comparing
interventions by oncology and non-oncology pharmacists in
outpatient chemotherapy. Cancer Rep (Hoboken). 2021
Aug;4(4):e1371. doi: 10.1002/cnr2.1371. Epub 2021 Mar 19.
PMID: 33739629; PMCID: PMC8388162.
89
Ramalho OD, Shoemaker SJ, Ekstrand M, et al. Preventing
and resolving drug therapy problems by understanding
patients medication experiences. J Am Pharm Assoc. 2012;
52(1):71-80.
90
Tavares NU; Bertoldi AD; Mengue SS et al. Factors
associated with low adherence to medicine treatment for
chronic diseases in Brazil. Revista de Saúde Pública, v. 50,
p. 10s, 2016.
91
Wilcke C, Parenty L, Zamolo H, Sarkozy F. Les pharmaciens
d’officine sont aussi des acteurs du 1er recours. Résultats
de l’enquête demandes de soins non programmés dans les
officines du Grand Est [Community pharmacists are also
first aid actors. Results of the survey on unscheduled care
in pharmacies in the Grand Est region]. Ann Pharm Fr.
2023 Mar;81(2):380-388. French. doi:
10.1016/j.pharma.2022.08.012. Epub 2022 Aug 29. PMID:
36049547.
92
Fonte: Canva
O OLHAR DO
NUTRICIONISTA
Autores:
Fábio Tadeu Lourenço Guimarães¹, Anna Karina Gomes
da Silva², Sara Barbosa Rocha³
1.Nutricionista, Mestre em Ciência dos Alimentos, Doutor em Ciências da Saúde,
Docente do Departamento de Nutrição, Preceptor da Residência Multiprofissional
em Saúde do Idoso - Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde, UFVJM,
Diamantina, Minas Gerais, Brasil. Email: fabio.guimaraes@ufvjm.edu.br.
2.Discente do curso de Nutrição - Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde,
UFVJM, Diamantina, Minas Gerais, Brasil. Email: anna.gomes@ufvjm.edu.br.
3.Nutricionista, formada pela Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde,
UFVJM, Diamantina, Minas Gerais, Brasil. Email: saracordeiro12@hotmail.com.
Neste capítulo, apresentaremos o olhar do
Nutricionista para o paciente oncológico. É
importante você se lembrar que os diferentes
olhares dos profissionais que atuam no
tratamento, deverão sempre ser direcionados
para o seu bem-estar, para melhor tratá-lo e
acolhê-lo.
Provavelmente você deve ter recebido muita
solidariedade após seu diagnóstico. Essas
manifestações ocorrem desde mensagens
positivas para enfrentamento das etapas do
tratamento e da doença em si, passando por
possibilidades de terapias, produtos com
possíveis efeitos terapêuticos, assim como
chás de folhas, raízes ou plantas não
convencionais que seriam milagrosos ou que
já teriam bons resultados ou mesmo curado
alguém.
Embora as plantas possam possuir princípios
ativos e muitas delas já sejam utilizadas pela
indústria farmacêutica, o uso dessas plantas
no tratamento não é encorajado. Isso se deve
ao fato de que muitas das plantas utilizadas
na cultura popular, embora sejam indicadas
com a melhor intenção, podem apresentar
toxicidade ao paciente ou fatores
antinutricionais (MECKELBURG et al, 2021).
94
Dessa forma, é importante que qualquer
decisão sobre seu uso seja comunicada à
farmacêutica da equipe multiprofissional e ao
nutricionista.
Independente da fase em que a doença é
detectada, há necessidade de se classificar
cada caso de acordo com a extensão do
tumor. O método para essa classificação é
chamado de estadiamento e sua
importância está na constatação de que a
evolução da doença é diferente quando ela
está restrita ao órgão de origem ou quando se
estende a outros órgãos; sendo assim,
estadiar a doença significa avaliar o seu
grau de disseminação.
Essa classificação permite ao médico
especialista em oncologia propor o
tratamento mais adequado para cada
paciente, uma vez que dois pacientes, com o
mesmo tipo de câncer, mas com
estadiamentos diferentes, podem ter
diferentes propostas de tratamento (Instituto
Nacional de Câncer, 2011).
95
Dependendo do estadiamento do tumor
poderão ser adotadas diferentes
possibilidades de tratamento, visando:
• a cura,
• o prolongamento da vida útil; ou
• a melhora da qualidade de vida.
96
A desnutrição no momento do diagnóstico
tem sido associada a um pior prognóstico,
com redução de sobrevida desses pacientes
em relação à indivíduos bem nutridos
(LOEFFEN et al. (2015) apud Sociedade
Brasileira de Nutrição Oncológica, 2021).
Além da ausência de apetite,
frequentemente os tratamentos apresentam
efeitos colaterais, com sintomas como
náuseas, enjoos, vômitos, alterações de
paladar e olfato, além do surgimento de
alterações como herpes e mucosite
(inflamação na mucosa oral e esofagiana)
que atrapalham a ingestão de alimentos.
Essas alterações podem-se apresentar em
maior ou menor intensidade nos diferentes
períodos de tratamento, não apresentando
uma regra comum a todos os pacientes.
97
ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL
A Nutrição deve ser sua aliada em todas as
fases do tratamento. É importante que desde
o diagnóstico, você se sinta assistido e seguro,
pois o tratamento poderá passar diferentes
momentos, e você poderá reagir de forma
diferente a cada fase.
Ao longo do tratamento, vários pacientes
apresentam, além da perda de peso; anorexia
(ausência de apetite) e carências específicas
de nutrientes que podem agravar a sua
condição clínica e nutricional, por isso, é
desejável que você seja orientado por um
Nutricionista, que avaliará sua condição
nutricional, funcional e metabólica.
Esse acompanhamento deverá ser realizado
desde o início do tratamento, se tornando
ainda mais indispensável aos pacientes que
precisem de cuidados intensivos, onde deverá
também ser verificada se há necessidade de
alteração de consistência de dieta, uso de
suplementação ou ainda substituição da via
oral para via enteral (alimentação por meio
de tubos) ou parenteral (administrada na
veia).
98
A perda de peso não intencional pode
representar um mal prognóstico. Caso você
perca peso sem fazer dieta ou atividade física
extra, essa perda deve ser comunicada à
equipe responsável.
O motivo da preservação do peso ser tão
importante, se deve ao fato de que a perda
não intencional pode acarretar um quadro de
perda de massa magra, ou seja, das proteínas
corporais (proteínas dos músculos e órgãos),
acarretando também em redução da
atividade do sistema imune, maior risco de
infecções, além de menor capacidade de
cicatrização de procedimentos cirúrgicos.
Nos casos em que a perda muscular se torna
mais acentuada, ela leva ao quadro de
caquexia e está relacionada à alterações
metabólicas significativas e maior risco ao
paciente (da Silva M. P. N. 2006).
99
Caberá ao nutricionista, identificar esses
problemas e propor soluções, podendo ser
necessária a prescrição de suplementos
alimentares calóricos, protéicos,
polivitamínicos e outros, que aliados à
fisioterapia e atividade física, podem otimizar
a resposta do paciente.
ja
b ra r q u e , caso não ha
Vale lem sica, esta
p e d im e n to à atividade fí
im ilitará
se r e n c o ra ja da, pois possib
deve de.
o r c o n d iç ã o muscular e saú
melh
100
QUIMIOTERAPIA E NUTRIÇÃO:
A quimioterapia é um tipo de tratamento
amplamente utilizado contra o câncer, onde
são utilizadas drogas para atacar as células
malignas. No entanto, esses medicamentos
não são seletivos para atacar apenas o
câncer, ocorrendo também a destruição de
células saudáveis, podendo repercutir em uma
série de efeitos colaterais, tais como: náuseas,
vômitos e anormalidades no paladar, podendo
surgir aversão por alimentos habitualmente
consumidos antes do tratamento, sendo que
preparações antes saborosas, podem se
tornar desagradáveis ou provocar mal-estar
(Marinho E.D.C. 2018).
Essas alterações podem afetar, em algum
momento, sua relação com a comida, levando
a alterações no comportamento alimentar,
assim como perda de peso e de massa
muscular, podendo causar sérios prejuízos à
saúde (Tartari et. al., 2010, Calixto-Lima et.
al., 2012, Monroy et. al., 2014, Fernandes et.
al. 2020), podendo afetar afetar seu estado
nutricional.
101
RADIOTERAPIA E NUTRIÇÃO:
A radioterapia é o método de tratamento
local que utiliza equipamentos e técnicas
variadas para irradiar áreas do organismo,
prévia e cuidadosamente demarcadas. É
muito importante deixar claro que, quando
você precisar realizar o tratamento com
radioterapia, não ficará radioativo e poderá
ter contato com outras pessoas normalmente.
Poderá ser indicada com diferentes
finalidades, podendo ser curativa; pré-
operatória (visando reduzir o tumor e facilitar
o procedimento operatório); pós-operatória
ou pós-quimioterapia, (com a finalidade de
esterilizar possíveis focos microscópicos do
tumor); ou radioterapia paliativa (objetiva o
tratamento local do tumor primário ou de
metástase(s), usada principalmente com a
finalidade específica de reduzir a dor
específica de controlar os sangramentos)
(Instituto Nacional de Câncer, 2011).
102
Para redução dos efeitos colaterais da
radioterapia, assim como da quimioterapia,
você poderá seguir as orientações:
103
CUIDADOS INTENSIVOS
Caso você precise de cuidados intensivos
hospitalares, a conduta do nutricionista e da
equipe será específica para o quadro
encontrado. A dieta e acompanhamento
nutricional serão revisados diariamente, com
intuito de ofertar nutrientes com quantidade e
qualidade adequados para a situação, sendo
compatíveis com suas necessidades
nutricionais, e com a capacidade metabólica
que está associada às complicações
relacionadas com a doença crítica.
104
..................REFERÊNCIAS ...............
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE LINFOMA E LEUCEMIA.
Disponível em :
<https://www.abrale.org.br/informacoes/tratamentos/ra
dioterapia/#1583783195747-161a5817-0c273707-f2c7 >
acesso em 12/12/2023.
.
105
LOEFFEN E. A.; BRINKSMA, A.; MIEDEMA, K. G. et al.
Clinical implications of malnutrition in childhood cancer
patients – infections and mortality. Support Care Cancer, v.
23, n. 1, p. 143-50, 2015. Apud Sociedade Brasileira de
Nutricao Oncologica - I Consenso brasileiro de nutricao
oncologica da SBNO / Sociedade Brasileira de Nutricao
Oncologica ; organizado por Nivaldo Barroso de Pinho. –
Rio de Janeiro : Edite, 2021. 164 p.
106
O OLHAR DO Fonte: Canva
FISIOTERAPEUTA
Autoras:
Débora Fernandes de Melo Vitorino¹, Luiza Emanuelle
Baia Rocha², Luiza Watanabe².
108
Fadiga
A fadiga relacionada ao câncer é definida
como um sintoma persistente, um senso subjetivo
de cansaço físico, emocional e cognitivo ou
exaustão relacionada ao câncer ou ao seu
tratamento (CAMPOS et al., 2011).
Trata-se de um efeito colateral muito
prevalente no câncer e tem origem multifatorial,
pode estar associada ao tratamento
quimioterápico, radioterápico, medicamentoso,
repouso e a própria doença.
Com o passar do tempo, terá relação direta
com a função muscular, cardiorrespiratória e
psicológica do paciente oncológico, um baixo
condicionamento que irá interferir diretamente
na qualidade de vida do mesmo.
109
A fisioterapia tem um papel importante
na prevenção e tratamento da fadiga
através de exercícios físicos adequados para
essa população, podendo assim:
Diminuir os sintomas da quimioterapia;
Melhorar a eficácia do tratamento;
Aumentar a sobrevida;
Melhorar a função muscular e
cardiorrespiratória;
Reduzir ansiedade, depressão e dor, e
consequentemente, melhorar a
qualidade do sono.
Alguns estudos apontam também
benefícios da acupuntura para o tratamento
da fadiga, sendo este então um tratamento
alternativo que pode ser proposto pela
fisioterapeuta.
110
Dor
A dor é um fator de grande impacto na
qualidade de vida. E em pacientes com
câncer a prevalência é de 50,7% de dor em
todos os estágios da doença. A fisioterapia
tem um papel fundamental para contribuir
com a redução da dor em pacientes com
câncer, somado ao tratamento
medicamentoso (VAN DEN BEUKEN-VAN
EVERDINGEN et al., 2016).
Começa-se com uma avaliação completa,
para localizar as possíveis partes do corpo
com a sintomatologia e promovendo um
tratamento individualizado, visto que as
dores são particulares em cada paciente.
111
Alguns recursos fisioterapêuticos são
utilizados para o manejo da dor, como o
Eletroestimulação Nervosa Transcutânea -
TENS, que atua estimulando as fibras
nervosas, concorrendo com o estímulo da dor,
além de estimular a liberação de endorfinas
e encefalinas. Outro recurso é a
cinesioterapia, que envolve movimentos
voluntários que vão incentivar o ganho de
força, flexibilidade, coordenação motora e
estabilização articular, e também pode
liberar endorfinas, contribuindo também para
minimizar a dor.
Pode também utilizar a termoterapia, que
consiste na utilização de diferentes
temperaturas (calor ou frio) com o objetivo
de modificar o ciclo dor-espasmo-dor, visto
que pode promover o alívio do espasmo
muscular muitas vezes apresentado pelo
paciente oncológico (DO NASCIMENTO,
MARINHO e COSTA, 2017).
112
Além disso, o cuidado se estende também
para pós cirúrgico, para o tratamento
adequado no caso da cicatriz, para que tenha
a devida cicatrização como também para a
mobilização precoce daquela região, evitando
contraturas, redução do movimento e
principalmente a dor.
Após a retirada dos pontos, verificar se o
tecido está com uma excelente cicatrização,
certificar-se que não está saindo nenhum tipo
de líquido, pode-se fazer uma massagem
circular para que o tecido (pele) fique menos
sensível e menos aderido.
113
Força Muscular
No contexto do câncer, alguns fatores
influenciam na perda de força muscular,
entre eles a quimioterapia, desnutrição,
medicação e sedentarismo. Podendo o
paciente oncológico apresentar sarcopenia,
que se caracteriza como a perda de força e
massa muscular (PASTORE, OEHLSCHLAEGER
e GONZALEZ, 2013).
Relacionado a isso, podemos observar
também no paciente a caquexia oncológica,
que é amplamente associada a processos
inflamatórios crônicos no corpo que são
exacerbados pelo câncer, esses processos
inflamatórios podem levar a uma quebra das
proteínas musculares e ao esgotamento de
reservas de gordura, resultando na perda de
peso e massa muscular (PASTORE,
OEHLSCHLAEGER e GONZALEZ, 2013).
114
Essa condição da perda de força muscular
geral pode levar ao aumento do risco de
quedas, perda de autonomia, redução da
capacidade respiratória e redução da
imunidade.
Visto isso, a fisioterapia entra como aliada
para preservação da função muscular, os
fisioterapeutas podem desenvolver programas
de exercícios específicos para ajudar a
preservar a massa muscular e a força dos
pacientes, isso pode incluir exercícios de
resistência e fortalecimento, bem como
técnicas de treinamento de equilíbrio.
Além de visar a melhoria da mobilidade e
treinamento respiratório, pois a perda de
força muscular pode afetar a função
pulmonar.
115
Linfedema
Mais comum em mulheres com câncer de
mama que foram submetidas a mastectomia,
o linfedema se caracteriza por um inchaço
significativo no braço que foi realizada a
cirurgia.
O sistema linfático é o responsável por
drenar a linfa e promover a circulação
adequada de agentes do sistema
imunológico. Com a mastectomia (cirurgia da
mama), ou até mesmo as seções de
quimioterapia e radioterapia, perto da região
axilar, esse sistema pode ficar comprometido,
levando a um acúmulo de líquido, que resulta
em um edema, que é classificado como
linfedema.
O paciente com linfedema terá aumento
do diâmetro de todo membro, alterações na
sensibilidade, diminuição na amplitude de
movimento e rigidez no membro acometido.
116
Durante a fisioterapia, o profissional vai
trabalhar juntamente com o paciente para
diminuir o linfedema e melhorar a função do
membro. Podem ser escolhidas abordagens
como a drenagem linfática manual,
bandagens compressivas, juntamente com
exercícios de relaxamento, flexibilidade e
fortalecimento do membro superior,
facilitando o bombeamento circulatório.
Fonte: Canva
117
Funcionalidade
O tratamento do câncer envolve a
quimioterapia ou a radioterapia, que pode
gerar alguns agravos ao paciente, como a
fraqueza, indisposição, náuseas que
contribuem para a redução funcional,
deixando o paciente muitas vezes mais
restrito ao domicílio ou até mesmo ao leito.
A funcionalidade está atrelada ao modelo
biopsicossocial que permite olhar o indivíduo
como um todo, respeitando a condição de
saúde, funções do corpo, estruturas do corpo,
atividades, participação, fatores ambientais e
fatores pessoais. Esse contexto, é o que rege
o contexto de avaliação da Classificação
Internacional de Funcionalidade,
Incapacidade e Saúde (CIF) que é utilizada
pelos fisioterapeutas, permite identificar
pontos individuais que podem beneficiar o
paciente oncológico a volta da função e
consequentemente na melhora da qualidade
de vida (SANTOS, SEIPPEL e CASTANEDA,
2019).
118
As atividades de vida diária são as mais
afetadas quando há um comprometimento
da funcionalidade, desde tomar um banho
sozinho, ir ao banheiro, como também
pentear o cabelo. Assim, é importante a
fisioterapia para identificar a principal queixa
do paciente e ter um olhar global para o
retorno ou adaptação dessas atividades
levando a uma independência funcional.
119
Função pulmonar
A função pulmonar pode ficar
comprometida com a falta de exercícios
físicos e hábitos saudáveis, o que pode estar
atrelado a multifatores, como a indisposição,
fraqueza, dor que contribuem para um
declínio da condição cardiopulmonar.
Assim, a fisioterapia com a reabilitação
pulmonar tem a função de melhorar essa
capacidade, com exercícios aeróbicos com
um tempo mínimo de 30 minutos e
treinamento muscular respiratório e de
resistência, que pode ser feito de forma
combinada durante a terapia de forma
monitorada atingindo níveis moderados da
atividade que promovam a melhora desejada
sem causar fadiga excessiva que poderá
levar a um comprometimento (JONES et al.,
2010).
120
Atrelado a esse contexto, a atividade física
tem um papel fundamental para a melhora do
contexto cardiovascular e respiratório, o que
proporciona uma maior disposição e adesão
ao tratamento quimioterápico, podendo estar
atrelado também ao aumento da sobrevida
desses pacientes.
Como vimos, os exercícios são muito
importantes para melhora da fadiga
(cansaço), melhora e prevenção de dores,
condicionamento cardiopulmonar. Sendo
assim, você poderá implementar uma rotina
de exercícios diários e incluir alguns, dos
exemplos que disponibilizamos.
121
122
123
...............REFERÊNCIAS ............
BARACHO, Elza. Fisioterapia Aplicada à Saúde da
Mulher. Editora Guanabara Koogan, 6ª edição, cap. 49,
2018.
124
ASTORE, Carla Alberici; OEHLSCHLAEGER, Maria Helena
Klee; GONZALEZ, Maria Cristina. Impacto do estado
nutricional e da força muscular sobre o estado de saúde
geral e qualidade de vida em pacientes com câncer de
trato gastrintestinal e de pulmão. Revista Brasileira de
Cancerologia, v. 59, n. 1, p. 43-49, 2013.
125
Fonte: Canva
O OLHAR DO
PSICÓLOGO
Autora:
Maria Amélia Vieira Toledo
127
Assim o trabalho é realizado de forma
interdisciplinar, ou seja, o psicólogo busca a
parceria de oncologistas, enfermeiros e
outros profissionais de saúde, para garantir
uma abordagem ampla, integral no seu
cuidado, de forma biopsicossocioespiritual
(Santos et al., 2023), ou seja, todos os
profissionais olhando para você como um ser
completo, olhando o físico, o emocional, a
parte social (as interações da pessoas, no
trabalho, com os vizinhos, nos locais onde ela
frequenta), familiar e espiritual, lembrando
que a parte espiritual não é apenas a
religião, mas sim as crenças que movem
cada pessoa.
Portanto o acompanhamento centrado na
pessoa, ou seja, ver o ser humano como um
todo e não somente a parte física (Venâncio,
2004; Buss; Pellegrini Filho, 2007; Carrapato
et al., 2017).
128
Para ilustrar a visão do psicólogo e dos
profissionais de saúde que te acompanharão
no tratamento, podemos usar o modelo dos
fatores determinantes da saúde (Figura 1), no
qual observamos que a saúde e a doença
resultam da interação de fatores biológicos,
psicológicos e sociais (Buss; Pellegrini Filho,
2007; Castaneda, 2019; Santos et al., 2020).
129
Figura 1: Determinantes sociais: modelo de
Dahlgren e Whitehead
130
Sabendo dessa visão ampliada que os
profissionais têm, ressalta que o psicólogo
tenta entender as consequências do câncer
na sua vida e das pessoas mais próximas. As
intervenções psicológicas são realizadas para
atender às necessidades específicas,
promovendo a adaptação e o enfrentamento
(Perdigão et al., 2022; Jesus, 2023) frente a
essa luta contra o câncer.
No processo de acompanhamento, o
profissional irá te auxiliar a desenvolver
estratégias eficazes de enfrentamento para
lidar com o estresse, a ansiedade e outras
emoções desencadeadas pelo diagnóstico e
tratamento do câncer (Silva et al., 2020;
Mattos, 2023).
131
A forma como ocorrerá o trabalho do
psicólogo sofrerá influencia de algumas
características suas, como por exemplo, o
sexo, idade, suas crenças, assim como a de
seus familiares, sempre buscando guiá-los
através do processo de tratamento. Esse
suporte é contínuo, abordando as
preocupações emocionais ao longo do ciclo
de tratamento (Burton, 2023).
Na fase avançada da doença, a psicologia
desempenha um papel vital na prestação de
cuidados paliativos, apoiando não apenas o
paciente, mas também seus familiares,
enquanto enfrentam questões relacionadas
ao fim de vida.
132
Diante de tudo que foi apresentado,
podemos descrever, resumidamente, o
processo de atendimento psicológico a
pacientes oncológicos assim:
Avaliação Inicial
O psicólogo realiza uma avaliação
abrangente, explorando não apenas os
aspectos físicos do câncer, mas também os
impactos emocionais, sociais e familiares.
133
Informação e Educação
É importante verificar a compreensão e
fornecer informações claras e acessíveis sobre
a doença, tratamento e possíveis efeitos
colaterais. Esse aspecto educativo visa reduzir
o desconhecido, permitindo que você se sinta
mais capacitado e informado.
134
Inclusão de Familiares e Cuidadores
Reconhecendo o impacto do câncer nas
relações familiares, o psicólogo muitas vezes
inclui familiares e cuidadores nas sessões para
oferecer suporte e orientação também a
essas pessoas.
135
...............REFERÊNCIAS ............
ALVES, G. DA S.; VIANA, J. A.; SOUZA, M. F. S. DE. Psico-
oncologia: uma aliada no tratamento de câncer. Pretextos
- Revista da Graduação em Psicologia da PUC Minas, v. 3,
n. 5, p. 520-537, 7 mar. 2018. Disponível em:
https://periodicos.pucminas.br/index.php/pretextos/arti
cle/view/15992. Acesso em 09 dez. 2023.
136
CASTANEDA, L.. O Cuidado em Saúde e o Modelo
Biopsicossocial: aprender para agir. CoDAS, v. 31, n. 5, p.
e20180312, 2019. https://doi.org/10.1590/2317-
1782/20192018312. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/codas/a/XFbYtL8kKMbKRKrSbkTs
bDk/#. Acesso em: 08 dez. 2023.
137
PERDIGÃO, M. M. de M.; RODRIGUES , A. B.; CARVALHO,
R. E. F. L. de; OLIVEIRA, S. K. P. de; ANJOS, S. de J. S. B.
dos; ALMEIDA , P. C. de. Distress em Pacientes
Oncológicos no Brasil: Revisão Integrativa da Literatura.
Revista Brasileira de Cancerologia, [S. l.], v. 68, n. 3, p. e–
182402, 2022. DOI: 10.32635/2176-
9745.RBC.2022v68n3.2402. Disponível em:
https://rbc.inca.gov.br/index.php/revista/article/view/2
402. Acesso em: 9 dez. 2023.
138
Agradecemos seu interesse e atenção nessas
informações.
Esperamos ter contribuído um pouco para o seu
bem-estar.
Desejamo-lhe muita saúde e paz!
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