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Volume 1
1ª edição
2021
Cia do eBook
Copyright © 2021 Renata Paula Lima Beltrão (org.)
A Cia do eBook apoia os direitos autorais. Eles incentivam a criatividade, promovem a liberdade de
expressão e criam uma cultura vibrante. Obrigado por comprar uma edição autorizada desta obra e
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PROJETO EDITORIAL
Equipe Cia do eBook
ISBN
978-65-86755-85-5
Ricardo Antonio Lo Ré
Acadêmico de Medicina da Universidade Federal do Piauí.
Coautores
Augusto César Beltrão da Silva
Possui graduação em Medicina pela Universidade do Estado do Pará,
é especialista em anestesiologia pelo hospital Getúlio Vargas em Manaus.
Atualmente é professor de habilidades médicas e cirurgia ambulatorial do
curso de medicina do Instituto de Educação Superior do Vale do Parnaíba
(IESVAP) e trabalha como anestesiologista em diversos hospitais na cidade
de Parnaíba-PI.
CAPÍTULO 2
1-D 2-B 3-C
CAPÍTULO 3
1-D 2-E 3-A 4-A 5-D
CAPÍTULO 4
1-D 2-C
CAPÍTULO 5
1-D 2-A 3-A 4-B 5-B
CAPÍTULO 6
1-D 2-B 3-E 4-B 5-B 6-D 7-C
CAPÍTULO 7
1-C 2-A 3-B 4-D 5-B
CAPÍTULO 8
1-A 2-A
CAPÍTULO 9
1-D 2-A
CAPÍTULO 10
1-B 2-D 3-D 4-D
CAPÍTULO 11
1-D 2-C
Lista de siglas
ACIS Advanced Cardiovascular Life Suporte
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária
B1 1ª Bulha Cardíaca
B2 2ª Bulha Cardíaca
B3 3ª Bulha Cardíaca
B4 4ª Bulha Cardíaca
BEG Bom Estado Geral
BLS Basic Life Suport
CC Circunferência da Cintura
CEEM Código de Ética do Estudante de Medicina
CFM Conselho Federal de Medicina
CQ Circunferência do Quadril
DD Decúbito dorsal
DEA Desfibrilador Externo Automático
EIC Espaço Intercostal
EPIS Equipamento de Proteção individual
FTV Frêmito Toraco-Vocal
GEG Grave Estado Geral
HDA História da Doença Atual
HIV Vírus da imunodeficiência Humana
HM Higiene das mãos
IMC índice de Massa Corpórea
INMETRO Instituto Nacional de Meteorologia, Qualidade e Tecnologia
IRAS Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde
LHC Linha Hemiclavicular
MRSA Staphylococcus Aureus Resistente a Meticilina
MMII Membros Inferiores
MMSS Membros Superiores
OMS Organização Mundial de Saúde
PCA Persistência do Canal Arterial
PCR Parada cardiorrespiratória
RCP Ressuscitação cardiopulmonar
RCQ Relação Cintura Quadril
REG Regular Estado Geral
RVS Resistência Vascular sistêmica
RHA Ruídos Hidroaéreos
SAMU Serviço de Atendimento Móvel de Urgência
SBV Suporte Básico de Vida
SCIH Serviço de Controle de Infecção Hospitalar
SIDA Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
RDC Resolução da Diretoria Colegiada
TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
TGI Trato Gastrointestinal
UTI Unidade de Terapia Intensiva
VAS Vias Aéreas Superiores
VD Ventrículo Direito
VE Ventrículo Esquerdo
VRI Via Respiratória Inferior
VRS Via Respiratória Superior
Lista de figuras
Figura 1.1 - Nuvem de palavras dos Preceitos Fundamentais do CEEM.
Figura 2.2 - Exemplos de estudantes de Medicina descumprindo o art. 13
do CEEM.
Figura 2.1 - Exemplo de mapa conceitual feito por aluno do primeiro
período durante aula.
Figura 4.1 - Exibição de filme sobre a importância de higienização das
mãos.
Figura 4.2 - Equipe de saúde atuando.
Figura 4.3 - Cartaz para estimular higienização das mãos.
Figura 4.4 - Cartaz para conscientização para higienização das mãos antes
do cuidado cirúrgico.
Figura 4.5 - A pessoa deve acionar a torneira e molhar as mãos.
Figura 4.6 - Em seguida, deve aplicar uma quantidade suficiente de
sabonete de preferência líquido) para cobrir toda a superfície das mãos.
Figura 4.7 - Com o sabonete nas mãos, deve realizar fricção entre as
palmas das mãos para ensaboar toda a superfície das mãos.
Figura 4.8 - Com as mãos ensaboadas, entrelaçar os dedos e esfregar a
palma da mão direita contra o dorso da mão esquerda e vice-versa. Em
seguida, na mesma posição deve friccionar os espaços interdigitais.
Figura 4.9 - Esfregar o dorso dos dedos de uma mão com a palma da mão
oposta, segurando os dedos, com movimento de vai-e-vem.
Figura 4.10 - Os polegares também devem ser lavados com movimentos
circulares realizados com a outra mão.
Figura 4.11 - Em seguida, as polpas digitais devem ser friccionadas contra
a palma da outra mão, e movimentos circulares, para higienização das
unhas.
Figura 4.12 - Com o auxílio da palma da mão oposta, esfregar o punho
fazendo movimentos circulares.
Figura 4.13 - Enxaguar bem as mãos, com cuidado para retirar todo o
sabonete e não tocar as mãos na torneira.
Figura 4.14 - Por fim, secar as mãos com papel absorvente na direção das
mãos para os punhos.
Figura 4.15 - Higienização antisséptica: procedimento semelhante ao
anterior (higienização das mãos com água e sabonete) associado a agente
antisséptico.
Figura 4.16 - Antissepsia cirúrgica.
Figura 5.1 - Decúbitos.
Figura 5.2 - Tipos de palpação.
Figura 5.3 - Tipos de percussão.
Figura 5.4 - Palpação do pulso.
Figura 5.5 - Técnica da aferição de pressão arterial.
Figura 5.6 - Uso da balança antropométrica não digital.
Figura 5.7 - Medida das circunferências abdominais.
Figura 5.8 - Tipos de fáceis.
Figura 5.9 - Posição ortopneica.
Figura 5.10 - Posição genupeitoral.
Figura 5.11 - Posição de cócoras.
Figura 5.12 - Posição parkinsoniana.
Figura 5.13 - Ortótono.
Figura 5.14 - Opistótono.
Figura 5.15 - Emprostótono.
Figura 5.16 - Pleurostótono.
Figura 5.17 - Posição em gatilho.
Figura 5.18 - Coloração das mucosas.
Figura 5.19 - Ângulo de Charpy.
Figura 5.20 - Biotipos.
Figura 6.1 - Palpação do ictus cordis.
Figura 6.2 - Focos de ausculta cardíacos.
Figura 6.3 - Técnica de ausculta cardíaca.
Figura 6.4 - Ausculta do Foco aórtico acessório.
Figura 6.5 - Técnica para ausculta da irradiação de sopros.
Figura 6.6 - Ausculta com o paciente inclinado para a frente.
Figura 6.7 - Palpação dos pulsos.
Figura 6.8 - Turgência jugular.
Figura 6.9 - Manobras semiológicas.
Figura 6.10 - Sopro Mesossistólico ou de ejeção.
Figura 6.11 - Sopro Holossistólico ou de Regurgitação.
Figura 6.12 - Sopro Protossistólico.
Figura 6.13 - Sopro telessistólico.
Figura 6.14 - Sopro Protodiastólico aspirativo.
Figura 6.15 - Ruflar diastólico.
Figura 6.16 - Sopro sistodiastólico.
Figura 6.17 - Sopro Contínuo.
Figura 7.1 - Linhas imaginárias de referência no tórax.
Figura 7.2 - Cálculo da carga tabágica total.
Figura 7.3 - Tipos de tórax.
Figura 7.4 - Ritmo respiratório de Cheyne-Stokes.
Figura 7.5 - Ritmo respiratório de Biot.
Figura 7.6 - Ritmo respiratório de Kussmaul.
Figura 7.7 - Respiração suspirosa.
Figura 7.8 - Percussão dígito-digital do tórax.
Figura 7.9 - Manobra de Ruault.
Figura 7.10 - Manobra de Laségue.
Figura 7.11 - Orientação topográfica do frêmito toracovocal.
Figura 7.12 - Orientação topográfica para ausculta respiratória.
Figura 8.1 - Cadeia de linfonodos.
Figura 8.2 - Palpação do Linfonodo pré-auricular.
Figura 8.3 - Palpação do linfonodo retroauricular.
Figura 8.4 - Palpação do linfonodo occipital.
Figura 8.5 - Palpação do linfonodo amigdaliano.
Figura 8.6 - Palpação dos linfonodos submandibulares.
Figura 8.7 - Palpação dos linfonodos submentonianos.
Figura 8.8 - Palpação do linfonodo cervical anterior.
Figura 8.9 - Palpação do linfonodo cervical posterior.
Figura 8.10 - Palpação do linfonodo supraclavicular.
Figura 8.11 - Palpação do Linfonodo epitroclear.
Figura 8.12 - Palpação dos linfonodos axilares.
Figura 8.13 - Palpação dos linfonodos inguinais.
Figura 10.1 - Divisões do abdome.
Figura 10.2 - Tipos de abdome.
Figura 10.3 - Cicatrizes Abdominais.
Figura 10.4 - Equimoses abdominais.
Figura 10.5 - Circulação colateral.
Figura 10.6 - Técnica de ausculta do abdome.
Figura 10.7 - Sinal do Piparote. Figura.
Figura 10.8 - Hepatimetria.
Figura 10.9 - Técnica de Mathieu.
Figura 10.10 - Técnica de Lemos-Torres.
Figura 10.11 - Posição de Shuster.
Figura 10.12 - Pontos dolorosos.
Figura 10.13 - Sinal de Blumberg.
Figura 11.1 - Cadeia de Sobrevida da PCR extra-hospitalar.
Figura 11.2 - Chamar a pessoa de forma vigorosa.
Figura 11.3 - Pesquisa de pulso e movimentos respiratórios.
Figura 11.4 - Posicionamento correto das mãos.
Figura 11.5 - Posicionamento correto para realização de RCP.
Figura 11.6 - Manobra de Chin-Lift.
Figura 11.7 - Manobra de Jaw-Thrust.
Figura 11.8 - Ventilação com um socorrista.
Figura 11.9 - Ventilação com dois socorristas.
Figura 11.10 - Desfibrilador.
Figura 11.11 - Posição dos eletrodos.
Figura 11.12 - Fluxograma
Lista de tabelas
Tabela 4.1 - Estudos sobre a adesão dos profissionais de saúde à
higienização das mãos no Brasil.
Tabela 4.2 - Intervenções para melhorar a adesão a higienização das mãos
entre profissionais da saúde.
Tabela 5.1 - Classificação de Pressão Arterial Segundo a High Blood
Pressure Clinicai Practice Guideline (2017). Escala de Coma de Glasgow.
Tabela 5.2 - Reatividade pupilar à luminosidade.
Tabela 5.3 - Classificação por Índice de Massa Corpórea.
Tabela 5.4 - Medidas adequadas da Cintura Abdominal e da Relação
Cintura-quadril referentes ao gênero.
Tabela 8.1 - Localização e drenagem dos grupos ganglionares.
1
Código de Ética do Estudante de Medicina
Alba Angélica Nunes Mouta
Augusto César Beltrão da Silva
Renata Paula Lima Beltrão
Mauro Mendes Pinheiro Machado
VAMOS PRATICAR
1. Assinale a alternativa correta:
a) Cabe ao estudante de medicina portar consigo a carteira de
identificação acadêmica, com possibilidade de ser apresentada logo
que solicitada.
b) Os cuidados com a biossegurança do aluno são uma
responsabilidade unilateral da instituição de ensino e/ou do local de
aprendizado, quer públicas ou privadas.
c) É vetado ao acadêmico de medicina a interferência,
mesmo que por exigência junto à instituição de ensino, de
programas de avaliação e aperfeiçoamento do corpo
docente.
d) O acadêmico de medicina, quando em exercício das atividades no
cenário de formação ou associando sua imagem à escola médica,
deve adotar postura e vestimenta segundo as normas da instituição.
e) O estudante de medicina deve manter seu comportamento e
posturas segundo ao desenhado pela instituição, não podendo se
pronunciar ou questionar decisões previamente tomada pelo corpo
administrativo de sua instituição.
PARA REFLETIR:
“Acadêmico de medicina, primeiro período, após anos no cursinho,
passou no vestibular em outro estado e se mudou para a cidade da
instituição. O acadêmico passa a apresentar quadro depressivo e recorre à
coordenação da Instituição de ensino visando encontrar apoio psíquico.”
No caso citado acima, é dever da Instituição fomentar o apoio psicossocial
ao estudante?
PARA REFLETIR:
“Acadêmico de medicina, segundo período, empolgado com a aula
prática de anatomia, posta foto nas suas redes sociais, em posse de uma peça
anatômica humana (coração).” O estudante agiu certo ao postar a foto? E se
fosse uma peça sintética?
PARA REFLETIR:
“Acadêmico de medicina, primeiro período, grava todas as aulas e
fotografa os slides do professor sem autorização, além disso, comercializa o
material com os alunos faltosos.” Diante disso, cabe punição ao aluno? E
caso ele não comercializasse?
O CEEM é claro ao afirmar que o estudante deve respeito e zelo pela
imagem do professor, devendo ter a sua autorização caso tenha a
necessidade de gravar áudios ou vídeos das aulas. Também é dever do
estudante posicionar-se contra e denunciar casos de abuso de autoridade
e/ou assédio moral nas relações entre estudantes, internos, residentes,
professores e/ou preceptores.
Ainda abordando o eixo 3, também é importante destacar alguns
pontos citados pelo CEEM referentes à relação entre o estudante e os
pacientes. O estudante deve demonstrar respeito e empatia e, acima de
tudo, é vetada a divulgação de informações de conteúdo médico visando se
promover. Todo procedimento realizado pelo estudante em um paciente
exige a supervisão de um profissional médico. Também é dever do
acadêmico escrever de forma legível nos prontuários, manter o sigilo
profissional e falar com o paciente de uma maneira que se faça
compreender.
Estudante de medicina
Conforme o delegado André Gustavo Feltes, a polícia chegou até eles
depois que uma paciente passou mal e procurou um especialista. “Essa
vítima começou a passar mal, foi consultar com outro médico e ali ela ficou
sabendo que o […] não era médico e sim acadêmico de medicina. Ele está
cursando o 9º semestre na Universidade Federal do Paraná e havia montado
toda essa estrutura”, explicou.
Ao longo das investigações, constatou-se que, além de prescrever
medicamentos de uso controlado, como esteroides anabolizantes, ele
também adulterava os medicamentos que vendia para seus pacientes. “Ele
adquiria medicamentos feitos em farmácias de manipulação, mas ele
adulterava esses medicamentos. Ele utilizava aquelas embalagens, etiquetas
falsas, adicionava alguma outra substância para render mais e vendia
diretamente para os pacientes”, disse Feltes.
Em algumas prescrições e requisições de exames, o suspeito chegou a
falsificar a assinatura e utilizar carimbo contendo os dados profissionais de
um médico regular, sem o conhecimento deste.
Após ter conhecimento de que poderia estar sendo investigado, o falso
médico passou a orientar seus pacientes a mentirem caso fossem intimados
pela polícia, bem como a não entregar receitas ou recibos que os pacientes
porventura possuíssem.
Os outros profissionais que faziam parte da equipe serão intimados a
prestar depoimento.
Apreensões
Foram apreendidos comprimidos e ampolas de anabolizantes vendidos
de maneira ilegal, além de diversos potes plásticos utilizados para
acondicionar os medicamentos adulterados.
O falso médico foi preso preventivamente, enquanto o falso personal
foi detido mediante a um mandado de prisão temporária de 30 dias.
Os envolvidos deverão responder por crimes como exercício ilegal da
medicina, associação criminosa, falsidade material, falso testemunho e
adulteração de produtos destinados a fins medicinais.
“A Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Saúde Pública do Rio
de Janeiro investiga uma rede de médicos e cooperativas que recrutam
estudantes de medicinas, até do segundo ano, para exercerem ilegalmente a
profissão em plantões de hospitais públicos e particulares, sobretudo nos fins
de semana, revela Vera Araújo. Os estudantes que recebem em média R$
200 por plantão – usam carimbos falsos ou cedidos pelos médicos para
ludibriar os pacientes a quem prescrevem até mesmo medicamentos
controlados, como no caso da menina Joanna Marcenal, de 5 anos, que
morreu no dia 13. Ela havia sido atendida por um desses estudantes, que
está foragido.”
VAMOS PRATICAR
3. Visto o caso acima, segundo o Código de Ética do Estudante de
Medicina, podemos afirmar que:
a) Ao acadêmico de medicina é proibida a prestação de assistência
médica sob sua exclusiva responsabilidade, salvo em casos de
iminente perigo à vida.
b) Não cabe ao aluno apontar falhas nos regulamentos e nas normas
das instituições onde exerça sua prática, quando as julgar indignas
do ensino ou do exercício médico; entretanto, cabe a ele negar
propostas indecorosas e ilegais.
c) É vetado ao acadêmico a realização de procedimentos médicos
sem a orientação e supervisão de um médico, salvo em casos de
pesquisa aprovada por instituição de ensino.
d) Não existe ilicitude no caso acima. Ao acadêmico é permitida a
execução de plantões com finalidade de aprendizado.
e) Caso acompanhado de um médico responsável, não existiria
qualquer ilicitude no caso acima por parte do aluno, quer seja na
prescrição medicamentosa ou no recebimento de valores.
PARA REFLETIR:
“Acadêmico se posiciona de forma contrária aos amigos que
planejavam um trote violento para os alunos recém- aprovados. Decide
então afastar-se da atividade e não mais ter contato com o grupo executor.”
Apenas isso é eticamente suficiente?
PARA REFLETIR:
“Acadêmico sente-se constrangido em todas as aulas de um
determinado professor que insiste em fazer comentários preconceituosos
referentes ao peso do aluno. Apesar da situação o estudante prefere não
posicionar-se por ter medo de retaliações vindas do docente.” O que pode
ser considerado adequado?
PARA REFLETIR:
Art. 37. Ao estudante de medicina cabe buscar uma formação que valorize
o princípio de equidade na atenção à saúde, que garante o tratamento
diferenciado, baseado nas necessidades específicas do paciente.
VAMOS PRATICAR
5. Ainda no tocante ao Código de Ética do Estudante de Medicina,
norma de condutas e orientações ao alunato do curso, é
CORRETO afirmar que:
a) É permitido ao acadêmico de medicina identificar-se como
médico, desde que participe do ciclo clínico de sua formação.
b) Não cabe ao estudante de medicina a responsabilidade de
contribuir na construção de um currículo que valorize o processo de
reflexão crítica e humanística no ensino.
c) É vetado ao estudante de medicina o registro de quaisquer
informações no prontuário do paciente, sendo esta tarefa restrita ao
corpo clínico que o acompanha.
d) Não é previsto no CEEM o dever do acadêmico em preservar a
imagem do professor, solicitando autorização prévia para gravações
em áudio e/ou vídeo do conteúdo ministrado. É de sua escolha.
e) É permitido o uso de plataformas de mensagens instantâneas para
comunicação entre médicos e estudantes de medicina, em caráter
privativo, para enviar dados ou tirar dúvidas sobre pacientes, com a
ressalva de que todas as informações passadas tenham absoluto
caráter confidencial.
VAMOS PRATICAR
6. Segundo o Código de Ética do Acadêmico de Medicina, marque
a alternativa INCORRETA:
a) Cabe ao aluno a defesa do acesso à saúde como um direito básico
do cidadão.
b) O estudante de medicina deve ter conduta ativa, questionando
quando o preceptor se negar a prestar atendimento a um usuário.
c) Por questões religiosas, é direito do acadêmico se negar a prestar
atendimento ao paciente, desde que exista um outro acadêmico para
executá-lo.
d) É dever do estudante de medicina agir de forma solidária e
respeitosa com as pessoas, a instituição e as normas vigentes,
valorizando atitudes e medidas que beneficiem o crescimento
coletivo.
e) O acesso à saúde de grupos minoritários da população deve ser
exclusivo de suas portas especiais de entrada. Assim, caso um índio
busque atendimento na Estratégia da Saúde da Família, é dever do
acadêmico de medicina orientá-lo quanto à necessidade de buscar
apoio no órgão responsável.
PARA REFLETIR:
“Acadêmico de medicina, quarto período, em atividade prática na
unidade básica de saúde encontra-se na seguinte situação: Paciente recusa
atendimento com o acadêmico, que de maneira resistente informa que a
paciente ficará sem atendimento médico.” É correto agir dessa maneira?
Como poderia ser solucionada, de forma ética, essa problemática?
PARA REFLETIR:
“Acadêmico do quarto período em aula prática no ambulatório de
saúde comunitária presencia profissional recusando-se a atender um
paciente transexual. Na situação, o aluno posiciona-se a fim de garantir o
acesso daquele indivíduo ao serviço de saúde.” O aluno pode agir contra o
posicionamento de seu preceptor ou outro profissional da saúde?
PARA REFLETIR:
Art. 43. O estudante de medicina deve respeitar a atuação de cada
profissional no atendimento multiprofissional ao paciente.
Art. 44. O estudante de medicina deve alertar, de forma respeitosa,
qualquer profissional de saúde quando identificada alguma situação que
julgue oferecer risco potencial à segurança do paciente.
Art. 45. O estudante de medicina deve entender a importância de participar
de atividades multiprofissionais e reconhecer suas próprias limitações.
VAMOS PRATICAR
7. Diante do relacionamento interdisciplinar, é previsto no Código
de Ética do Acadêmico de Medicina:
a) Que o estudante de medicina deve ignorar a atuação de cada
profissional no atendimento multiprofissional ao paciente.
b) Que o estudante de medicina deve entender a importância de
participar de atividades multiprofissionais e reconhecer suas próprias
limitações.
c) Que as discussões multiprofissionais sobre os casos clínicos sejam
evitadas para resguardar o relacionamento entre os profissionais.
d) Que o aluno deve valorizar os conhecimentos de sua área,
permitindo que os outros profissionais tomem condutas de modo
alheio a sua posição técnica.
e) Que antes de ampliar discussões multidisciplinares sobre casos
clínicos, fica orientado ao estudante que sedimente seus
conhecimentos técnicos dentro da medicina.
REFERÊNCIAS
CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA. Código de Ética do Estudante
de Medicina. Brasília, 2018.
Estudante de Medicina é preso por se passar por médico em Curitiba. RIC
mais, 2019. Disponível em:
<https://ricmais.com.br/noticias/seguranca/estudante-de-medicina-e-
preso-por-se-passar-por-medico-em-curitiba/>. Acessado em: 10 jul. 2019.
2
Prontuário
Alba Angélica Nunes Mouta
Lucas Antônio de Oliveira Santos
Augusto César Beltrão da Silva
Camila Maila Fontinele Beltrão
Renata Paula Lima Beltrão
FATO REAL
“Após atendimento ginecológico da filha menor de idade, mãe vai ao
consultório questionar o médico a respeito da possibilidade de vida sexual
ativa por parte de sua filha.” Como o médico deve agir nessa situação?
Figura 2.1 - Exemplo de mapa conceitual feito por aluno do primeiro período durante
aula.
Fonte: autoria própria.
VAMOS PRATICAR
1. Menino de 5 anos foi internado com quadro de meningite
bacteriana e em poucas horas evoluiu para o óbito. A mãe,
inconformada, acusou o médico, que havia atendido seu filho na
UPA há dois dias, por erro médico, considerando que havia sido
diagnosticado com sinusite e prescrito apenas amoxicilina,
liberando-o para tratamento domiciliar. O prontuário do menino foi
solicitado para a acusação judicial e o mesmo estava assim
preenchido:
Identificação: José
Paciente com queixa de cefaleia, sinais gripais. Ex.: secreção
mucopurulenta em orofaringe, sem outras anormalidades.
CD: amoxicilina
REFERÊNCIAS
CARVALHO, M. S. O. A. A Importância do Preenchimento Adequado do
Prontuário Médico – Aspectos Éticos e Legais. Disponível em:
https://www.ipebj.com.br/docdown/_685.pd Acessado em: 10 julho de
2019.
CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA. Resolução CFM no
1638/2002. Publicado no diário oficial da união em 9 de agosto de 2002.
FRANÇA, G. V. Direito médico. Rio de Janeiro: Editora Forense. 12. ed.
2014.
PRESTES JÚNIOR, L. C. RANGEL, M. Prontuário Médico e suas
Implicações Médico-Legais na Rotina do Colo-Proctologista. Rev bras
Coloproct, V. 27, N. 2, abril/jun 2007. Mãe consegue na Justiça acesso a
prontuário médico de filho que faleceu em hospital público. Tribunal de
Justiça. Disponível: https://www.tjac.jus.br/noticias/mae-consegue-na-
justica-acesso-a-prontuario-medico-de-filho-que-faleceu-em-hospital-
publico/. Acessado em: 01 agosto de 2019.
3
Relação Médico-Paciente
Alba Angélica Nunes Mouta
José Ângelo Mouta Neto
Augusto César Beltrão da Silva
Renata Paula Lima Beltrão
RELAÇÃO MÉDICO-PACIENTE
A crescente modernização tecnológica acabou levando a um
distanciamento das relações interpessoais e esse distanciamento também é
observado na relação médico-paciente. Com o excesso de exames e
intervenções diagnósticas, os médicos tendem a encurtar o tempo das
consultas e deixam os pacientes falar cada vez menos.
Em média, os médicos demoram 11 segundos para interromper o
paciente pela primeira vez quando ele começa a falar os motivos que o
levaram à consulta. Essa pausa precoce pode levar a erros de entendimento
e receio do paciente em falar abertamente, potencializando ou gerando
medo e/ou constrangimento.
A relação médico-paciente deve ser pautada na confiança e
responsabilidade, para tanto, é necessário que o médico pratique a empatia.
É essencial que ele se coloque no lugar do paciente e compreenda que a
chegada ao consultório, muitas vezes é o fim de um calvário de espera e dor,
amplificada por conjunturas sociais e emocionais. Portanto, o médico deve
estar preparado para realizar o acolhimento de cada indivíduo que o
procurar, de forma humana e com escuta qualificada, favorecendo o
estabelecimento de laços.
Existem quatro modelos de relação médico-paciente, a diferença entre
eles está no grau de participação do médico e do paciente na condução da
consulta. Os modelos são:
Paternalista: o médico tende a tomar todas as decisões quanto à conduta do
paciente, sem ouvir a sua opinião sobre as escolhas. Com isso, ele visa o
bem-estar do paciente. Nessa relação, o centro do poder está nas mãos do
médico, sendo o paciente submisso às suas decisões.
Informativo: nesse modelo, o médico tem o papel de repassar seus
conhecimentos sobre a patologia e mostrar os planos que podem ser usados
para o tratamento, mas é o paciente quem deve tomar a decisão.
Interpretativo: o médico repassa as informações sobre a doença e espera o
paciente expressar seus valores e expectativas para que depois possa fazer a
escolha do tratamento mais adequado para ele.
Deliberativo: nesse modelo, médico e paciente compartilham a tomada das
decisões. O médico fornece todas as informações sobre doença e
tratamentos para que ambos cheguem num consenso sobre qual a melhor
escolha.
O médico precisa de tempo para conhecer o paciente, uma boa tática
é, antes de iniciar a consulta propriamente dita, indagá-lo sobre o que ele
gosta de fazer em seu tempo livre, uma preferência musical ou de esportes,
estabelecendo uma aproximação sincera. Depois disso, deve ser iniciada a
consulta, primeiramente perguntando sobre as queixas. Nesse momento,
lembre-se de deixá-lo à vontade para falar.
Muitas vezes, o problema do paciente é de cunho psicossocial, e a
atenção do médico é capaz de promover o seu bem-estar. Algumas pessoas
têm uma longa passagem por médicos de diversas especialidades e nenhum
desses consegue resolver o problema porque simplesmente nenhum dos
profissionais deu abertura para o paciente falar abertamente sobre tudo o
que lhe aflige. Ao mesmo tempo, é inadequado tentar, em todas as
consultas, chegar a um diagnóstico definitivo ou mesmo rotular os
problemas apresentados, engessando os planos terapêuticos. A busca
excessiva em rotular os problemas pode acabar levando a generalizações do
diagnóstico.
Uma boa relação médico-paciente implica em resultados positivos não
apenas durante a consulta, mas a longo prazo. Uma relação estabelecida
com confiança gera uma maior adesão ao tratamento, visto que o paciente
confia naquele profissional e segue suas recomendações sem medo, pois
enxerga no médico a ajuda que busca. Na ausência desse vínculo, o
paciente não tem segurança em iniciar e manter a terapêutica e/ou
recomendações, especialmente as que se referem a mudanças no estilo de
vida.
Foi forçosa a reformulação no Método Clínico, agora denominado
Método Clínico Centrado na Pessoa (MCCP), que muda o foco da consulta
da doença para a pessoa e do médico para o paciente, que passa a ser
sujeito ativo na sua busca por saúde. Esse método passa a focar não apenas
nos aspectos objetivos que envolvem a doença, mas também na experiência
da pessoa com a doença, e para entender essa relação é necessário entender
o contexto ao qual cada paciente está inserido.
O MCCP é dividido em seis componentes, abaixo sendo listados cada
um e explicados o que deve ser feito:
1. Explorando a doença e a experiência com a doença: a vivência da
doença vai ser diferente para cada pessoa, pois ela decorre da interação
entre os fatores sociais e culturais do indivíduo com as alterações causadas
pela doença, ou seja, as doenças se manifestam de forma diferente, de
acordo com o contexto individual. No momento da consulta, é necessário
que o médico esteja atento às expressões faciais e corporais, modo de falar
que demonstre medo e/ou ansiedade, entre outros sinais que possam dar
pistas de como realmente aquela pessoa está. Existe uma maneira fácil e
padronizada de abordar a experiência do doente, para isso, usa-se o
acróstico SIFE:
S(sentimentos): o sentimento da pessoa em relação à doença (medo, tristeza,
culpa).
Ex.: como você se sente em relação ao diagnóstico de hipertensão?
Tem algum medo em relação ao futuro?
I(ideias): indagar sobre quais as possíveis causas para essa doença. Muitas
vezes, os pacientes atribuem relações causais às doenças, podendo atrelá-las
a causas místicas ou crendices populares.
F(funcionamento): esclarecer quais efeitos a doença pode causar no
funcionamento de sua vida.
Ex.: depois do diagnóstico de um câncer, por exemplo, a pessoa pode
continuar a trabalhar normalmente?
As medicações podem levar a enjoo?
E(expectativa): incentivar o paciente a falar sobre as expectativas para o
futuro e sobre o tratamento ofertado.
2. ENTENDENDO A PESSOA COMO UM TODO: este passo visa
conhecer a pessoa como um todo, diferente do modelo biomédico, que
focava apenas na doença. Esse método visa entender o contexto que a
pessoa está inserida, levando a uma melhor relação entre ela e o médico. O
contexto do paciente vai desde aspectos proximais (perguntar sobre questões
familiares, financeiras e de emprego) até os distais (aspectos culturais,
geográficos e o sistema de atendimento à saúde).
3. ELABORANDO UM PLANO CONJUNTO DE MANEJO DOS
PROBLEMAS: propõe a elaboração de um plano conjunto de manejo do
problema, no qual o paciente deve participar ativamente da sua construção,
diferente dos modelos de saúde prévios, onde o médico construía o processo
terapêutico e a pessoa deveria apenas segui-lo. Nesse ponto, o médico deve
discutir com o paciente para chegar a um esquema que seja eficaz, mas que
se encaixe na realidade daquela pessoa.
4. INCORPORANDO A PROMOÇÃO E PREVENÇÃO DE SAÚDE:
nesse aspecto é trabalhado a educação em saúde. O médico deve sempre ter
papel de difusor de conhecimentos para a população. Durante as consultas,
ele deve aproveitar para fazer orientações sobre como evitar e prevenir
doenças.
5. INTENSIFICANDO A RELAÇÃO ENTRE PROFISSIONAL E
PACIENTE: como dito anteriormente, o fundamento da relação médico-
paciente é ser pautado na confiança e responsabilidade, devendo o
profissional comprometer-se busca do bem-estar do paciente. A confiança
do paciente naquele profissional traz maior facilidade para cumprir o
tratamento.
6. SER REALISTA: nesse aspecto, o médico deve sempre pautar suas
escolhas visando o melhor para o paciente. Ele deve entender que nem
todos os problemas do paciente poderão ser abordados em uma única
consulta. O profissional deve saber o momento certo para revelar
determinadas notícias e a maneira correta de abordar o paciente. Ele
também deve usar os recursos de acordo com a sua disponibilidade e deve
indagar o paciente sobre suas condições financeiras para que possa instituir
o tratamento de acordo com o seu poder aquisitivo.
O Sigilo é outro elemento fundamental nessa relação. O profissional
deve guardar as informações captadas durante a consulta, pois essas
informações pertencem ao paciente, e cabe a ele decidir quem deve saber
ou não. Existem alguns casos, como doenças que precisam de notificação
compulsória, que esse princípio pode ser, em parte, violado, para o
cumprimento de leis e regulamentos.
É importante destacar que o médico deve abordar uma linguagem
acessível para ser compreendido pelo paciente. Deve ser evitado uso de
termos técnicos e, quando for necessário utilizá-los, devem ser explicados de
forma clara até a correta interpretação do paciente.
Também é importante destacar que a relação médico-paciente deve ter
como um de seus princípios a verdade. O paciente deve sempre ser
informado sobre sua condição de saúde. Portanto, o médico é obrigado a
informar ao paciente o diagnóstico, as expectativas para o seu futuro, qual
tratamento deve ser instituído, e os riscos que o paciente corre. Em alguns
casos, como quando o paciente é criança ou não está em pleno uso de suas
faculdades mentais, as informações devem ser repassadas para o
acompanhante dele.
Além da comunicação com o paciente, também deve-se destacar a
importância de manter uma correta linguagem quando estiver dialogando
com profissionais de saúde. Por isso, é importante o conhecimento de
termos semiológicos, pois essa é uma linguagem universal de acesso a todos
os profissionais da saúde.
Os profissionais devem sempre ser claros durante a comunicação com
os pacientes para evitar erros nas interpretações. Muitas vezes, esses erros
acabam levando a procedimentos jurídicos, por isso, em alguns casos, faz-se
necessário o uso do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)
quando for preciso realizar cirurgia e alguns procedimentos invasivos, sendo
uma maneira de resguardar o médico em uma eventual necessidade, e
servindo também de mais um momento para explicar o procedimento e
tirar as possíveis dúvidas.
VAMOS PRATICAR
1. Paciente de 60 anos foi diagnosticado com câncer gástrico e está
bastante debilitado. A família, inconsolável, participa ativamente do
tratamento e dos cuidados ao paciente e espera encontrar apoio na
equipe da oncologia. A família deve esperar que este paciente receba
atenção humanizada baseando-se em qual dos princípios abaixo?
a) A assistência humanizada depende de um espaço adequado e de
um profissional específico. Para fazê-lo, é necessário ter saberes
específicos, necessidades, possibilidades, angústias e invenções, que a
verticalidade das ações pode corresponder.
b) Deve-se aproveitar um momento específico durante a assistência
ao paciente oncológico para orientação e prevenção em relação às
questões referentes à doença, sem ter que estender a outros pacientes
com afecções distintas.
c) Os valores que norteiam a humanização do cuidado ao paciente
oncológico são a autonomia e o protagonismo do profissional de
saúde, a responsabilidade do paciente pela aquisição da doença e a
relação com o paciente voltado diretamente para a cura do câncer.
d) A assistência humanizada precisa ser dotada de atitudes proativas
estimulando a adesão pelo paciente, desde as ações preventivas até o
tratamento da doença, aliada ao reconhecimento dos direitos do(a)
usuário(a), de sua subjetividade e referências culturais.
e) A assistência humanizada depende de espaço adequado ou do
momento da consulta, devendo ser considerados os valores dos
familiares ou do responsável legal pelo paciente, aliados às boas
práticas médicas com ênfase no tratamento da doença.
REFERÊNCIAS
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VAIROLETTI, E. Você e seu médico tem um diálogo na mesma língua?
Revista ABRALE Online, 2017.
4
Higienização das Mãos
Ana Lisia Albulquerque Gayoso Castelo Branco
Andrey Sady de Sousa Almeida
Camila Kizzy Trindade Oliveira
Dayana Magalhães Viana
Debora Jamille dos Santos Siqueira
Fabiano Veloso Falcão Júnior
Halley Santos de Lima
Inês Portela Passos Galvão
Jamylla Santos Lonsdale
João Marcos Brito Trévia
Paulo Fernando Freitas Martins Filho
Renata Paula Lima Beltrão
Sidney Júnior Viegas Melo
(TRANNIN ET AL.,
2016).
HOSPITAL Aplicação de As profissionais do sexo
UNIVERSITÁRIO questionário. feminino apresentam maior
ALCIDES aderência à higienização das
CARNEIRO – mãos, principalmente, antes
HUAC, PARAÍBA da realização de
(ARAÙJO ET AL., procedimentos assépticos e
2015). de limpeza e após risco à
exposição a fluidos corporais.
HOSPITAL Observação não A taxa de aderência global a
REFERÊNCIA DE participativa dos cinco hm foi classificada como
ARACAJU, SE momentos de hm indesejável ou sofrível,
(llapa-rodríguez preconizadas pela OMS. encontrando-se fora das
ET AL., 2018). recomendações preconizadas
pela OMS. A maior taxa foi
encontrada para os
enfermeiros, seguido dos
fisioterapeutas.
PRONTO Dados coletados pelo O conhecimento da equipe
ATENDIMENTO DE “teste de enfermagem é satisfatório,
UM HOSPITAL De conhecimento a no entanto os profissionais
PRIVADO EM respeito da higienização desconhecem tempo mínimo
MUNICÍPIO DO das mãos para para que a preparação
NOROESTE DO profissionais alcoólica destrua os micro-
ESTADO DO RIO Da saúde”. organismos na superfície das
GRANDE DO SUL mãos.
(KORB ET AL.,
2019)
UTI NEONATAL Foi realizada avaliação A adesão à higiene das mãos
DE MATERNIDADE das técnicas de em relação às
EM SALVADOR, BA higienização das mãos recomendações da OMS foi
(SILVA ET AL., durante as rotinas de deficiente, tanto em termos
2017) trabalho (por 15 min/3 de técnica, como em termos
meses) utilizando os de frequência.
“cinco momentos para a
higienização das mãos ”
indicados pela OMS.
UTI DE UM Foi realizado estudo de A maior adesão à
HOSPITAL DE dados secundários obtidos higienização das mãos foi dos
PORTO ALEGRE, do banco de dados fisioterapeutas e a menor, dos
RS (SOUZA ET AL., eletrônico do serviço de técnicos de enfermagem.
2015). controle de infecção
hospitalar (scih) da uti do
hospital.
HM: HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS
OMS: ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE
UTI: UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA.
FONTE: AUTORIA PRÓPRIA
TABELA 4.1 - ESTUDOS SOBRE A ADESÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE À
HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS NO BRASIL.
VAMOS PRATICAR
1. Acerca da higienização das mãos, assinale a opção CORRETA:
a) As mãos colonizam uma microbiota residente e outra transitória,
ambas passíveis de remoção mecânica, com a higienização das mãos
com água e sabão.
b) A higienização simples das mãos deve ter duração mínima de dois
minutos e tem como finalidade remover microrganismos.
c) A técnica de higienização antisséptica é igual à utilizada para
higienização simples das mãos, divergindo apenas em relação ao
tempo, que deve ser maior na higienização simples.
d) A fricção antisséptica com uso de preparações alcoólicas tem
como finalidade reduzir a carga microbiana das mãos. Nesse
procedimento, as mãos devem secar livremente, sem utilização de
papel toalha.
e) Apesar de se referir apenas à higienização simples das mãos, o
termo lavagem das mãos foi substituído por higienização das mãos,
sendo esta a medida individual mais simples e mais barata para
prevenir a propagação das infecções relacionadas à assistência à
saúde mesmo sem o uso de antissépticos.
REFERÊNCIAS
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5
Semiologia Geral
Alba Angélica Nunes Mouta
Danielle Laís Lopes Barboza
Augusto César Beltrão da Silva
Laisa Aguiar Paiva
Lady Jane da Silva Macedo
Nickolas Souza Silva
Jocerone Emerson Nougueira Oliveira
Renata Paula Lima Beltrão
Francisco Clezion Franca Vasconcelos Júnior
Thiago Santos Lima Almendra
O EXAME CLÍNICO
O exame clínico é essencial para formular hipóteses diagnósticas,
estabelecer uma boa relação médico-paciente e para a tomada de decisões.
Divide-se em anamnese e exame físico, os quais se complementam.
Para a realização do exame físico é necessário ter atenção quanto ao
posicionamento do examinador e do paciente, bem como o conhecimento
da segmentação corporal correta. Em relação às posições do paciente,
consideram-se as seguintes:
Decúbito dorsal: o corpo está deitado sobre a maca com a face voltada
para cima, as pernas e braços devem estar estendidos e devem repousar
sobre a mesa de exame, com os braços em mínima abdução.
Decúbito lateral (direito e esquerdo): o corpo deve estar de lado, a
depender do lado que estiver em contato com o leito (direito ou esquerdo), o
braço ipsilateral deve estar sob a cabeça e o braço contralateral deve estar
junto ao corpo. As pernas devem estar estendidas e uma sobre a outra.
Decúbito ventral: o corpo deitado com a face voltada para a maca, as
pernas devem estar estendidas e os braços sobre o travesseiro com o rosto
repousando sobre um dos seus lados.
Posição sentada (no leito em uma banqueta ou cadeira): o paciente
deve estar sentado com a postura ereta, os braços devem estar juntos ao
corpo com as mãos repousando sobre as coxas.
Posição de pé ou ortostática: o paciente deve estar em pé com a
postura ereta, os pés encontram-se moderadamente afastados um do outro e
os membros superiores caem naturalmente junto ao corpo com as palmas
das mãos voltadas para frente. É a posição anatômica.
ANAMNESE
A adequada realização da anamnese possibilita embasamento de
suspeições diagnósticas, investigativas e terapêuticas. A falha de construção
da anamnese acarreta consequências negativas sobre o raciocínio clínico, o
que, em geral, não podem ser compensadas com a realização de exames
complementares, por mais sofisticados que sejam.
Dentre os objetivos e possibilidades da anamnese, consideramos:
• Estabelecer condições para uma adequada relação médico-
paciente;
• Definir a história clínica detalhada e cronologicamente organizada;
• Avaliar o estado de saúde passado e atual do paciente, conhecendo
os fatores pessoais, familiares e ambientais que influenciam seu
processo saúde-doença;
• Conhecer os hábitos de vida do paciente, bem como suas
condições socioeconômicas e culturais;
• Associar os determinantes epidemiológicos gerais que possam
influenciar o processo saúde-doença do paciente.
A anamnese pode ser conduzida de diversas formas:
• Por meio de escuta ativa, em que o médico deixa que o paciente
relate livremente suas queixas, limitando-se a ouvi-lo;
• Anamnese dirigida, na qual o médico, tendo em mente um
esquema básico, conduz a entrevista de modo a abranger os aspectos
importantes para o caso;
• Modo misto, onde o paciente relata de maneira espontânea suas
queixas, para depois ser conduzido a uma entrevista objetiva.
O método para colher as informações deve variar conforme a
habilidade de comunicação dos interlocutores, do local de entrevista, do
caráter da doença e da velocidade exigida na atuação do médico. O mais
importante é garantir que as informações sejam completas e
fidedignas. Apesar de se reconhecer que em alguns momentos, como as
urgências, é inviável a coleta completa antes da execução de determinados
procedimentos. Nesse caso, as informações podem ser completadas em um
segundo momento.
Na prática, é recomendado que se:
• Cumprimente o paciente e se identifique. Procure perceber alguma
condição especial – dor, sono, ansiedade, hostilidade ou tristeza –
para que você saiba a maneira de conduzir a entrevista;
• Mantenha o cuidado de não sugestionar o paciente com perguntas
tendenciosas, decorrentes de ideias preconcebidas ou que possam
direcionar a entrevista a um rumo diverso do real. Ex.: paciente
idoso chega ao consultório e o médico pergunta: “você não tem vida
sexual ativa, certo?” Isso pode gerar constrangimento ao paciente
em responder de forma correta, o que acaba levando a erros na
escolha da conduta terapêutica do paciente e mesmo uma falha no
estabelecimento da relação médico-paciente;
• Dedique tempo e raciocínio clínico, pois a causa mais frequente de
erro diagnóstico é uma história clínica mal obtida;
• Registre as informações, a data e hora do atendimento;
• Atente ao fato de que nenhuma informação deve deixar de ser
coletada, muitas vezes quando o médico sabe que terá outro contato
com o paciente, ele pode deixar para indagar algumas informações
em um segundo momento, caso o paciente esteja ansioso ou não
esteja se sentindo a vontade para falar no momento. Portanto, deve-
se tomar o cuidado de não deixar de fazer perguntas delicadas,
como o histórico de relações sexuais e a orientação sexual. É muito
comum que os estudantes que estão começando a praticar o exame
clínico tenham vergonha de fazer perguntas desse tipo, mas elas são
extremamente importantes para a conduta a ser utilizada em cada
paciente, e não devem deixar de ser executadas. Em alguns casos, o
examinador pode deixar para realizar essas perguntas depois de já
ter conseguido estabelecer uma boa relação com o paciente.
A anamnese compõe-se dos seguintes elementos:
Identificação: perfil sociodemográfico que possibilita a interpretação dos
dados individuais e coletivos do paciente. Deve conter: nome; idade;
sexo/gênero; cor/etnia; estado civil; profissão; local de trabalho;
naturalidade; procedência; residência; nome da mãe; nome do responsável,
cuidador e/ou acompanhante; religião; filiação a órgãos/instituições
previdenciárias e planos de saúde.
Queixa principal: é o motivo da consulta. Sintomas ou problemas que
motivaram o paciente a procurar atendimento médico, e que podem ser
acrescidos do tempo de doença ou alguma característica marcante no
quadro. Um exemplo de queixa principal, anotado após conversa com
paciente, seria: “Dor de cabeça há dois dias”. Esta anotação deve conter,
com discrição e bom senso, palavras ipsi literi àquelas que o paciente utilizou
durante a entrevista.
Sugere-se as seguintes perguntas para a definição da queixa principal:
• Qual o motivo da sua consulta?
• Por que o senhor me procurou?
• O que o senhor está sentindo?
Em pacientes poliqueixosos perguntar o que mais o incomoda no
momento, qual dos sintomas o fez procurar o atendimento.
Deve-se tomar cuidado com os rótulos diagnósticos.
Ex.: Médico: O que o senhor está sentindo?
Paciente: Eu tenho hipertensão, doutor.
Nesse caso, a hipertensão não pode ser a queixa principal. A queixa
principal deve ser um sinal ou sintoma e não um diagnóstico. Nesses casos, é
necessário fazer outras perguntas como: “O que você sentiu?”.
História da doença atual (HDA): registro cronológico e detalhado em
termos técnicos do problema atual de saúde do paciente. Designa-se então,
um Sintoma-Guia, que é o sintoma ou sinal que permite construir a história
da doença atual com mais facilidade e precisão. Cada sintoma, tanto o
principal, quanto os associados, devem ser minuciosamente descritos. Tendo
DOR como exemplo de sintoma, são necessárias informações como:
• Início;
• Localização;
• Intensidade;
• Característica;
• Fator desencadeante;
• Duração;
• Irradiação;
• Fator de melhora e de piora;
• Relação com outros sintomas;
• Evolução;
• Situação atual.
Na HDA, o médico deve usar sua experiência e conhecimento para
extrair o máximo de informações, podendo perguntar, diretamente, sobre
outros sintomas que julgue necessário.
Além disso, o médico pode utilizar-se de meios como réguas de
mensurações, comparações ou alternativas diretas de sim/não para que as
informações sejam colhidas de forma completa. Por exemplo, pode-se pedir
que o paciente escolha um número de 0 a 10 para classificar a intensidade
de sua dor, sendo 0 ausência e 10 a pior dor já sentida.
Interrogatório sintomatológico: também chamado de revisão de sistemas,
consiste em uma avaliação detalhada dos sintomas de cada sistema
corporal, complementando a HDA. Além disso, auxilia no diagnóstico de
possíveis condições que possam estar relacionadas à queixa principal e que
não foram mencionadas anteriormente, como também serve para
reconhecer outras patologias que não estão associadas com o motivo da
consulta. Esse momento também pode ser usado para promover a
prevenção e promoção de saúde. Iremos citar alguns exemplos dos sinais e
sintomas que devem ser investigados durante essa etapa, lembrando que
tudo que deve ser investigado não estará contido aqui, traremos apenas
alguns exemplos.
• Geral: indagar sobre a ocorrência de febre, astenia, câimbras,
sudorese, calafrios e alteração da adiposidade.
• Cabeça e pescoço: indagar, por exemplo, presença de tumorações,
abaulamentos, movimentos involuntários, existência de pulsações
anormais, cefaleia.
• Pele e fâneros: indagar entre outros, coloração, umidade, textura,
sensibilidade, existência de prurido, alopecia, hirsutismo, unhas
quebradiças e lesões.
• Olhos: Presença de lacrimejamento, dor ocular, prurido, sensação
de corpo estranho, nistagmo, fotofobia, escotoma, diplopia,
queimação ou qualquer outra anormalidade/variação.
• Nariz: Perguntar entre outros sobre a ocorrência de rinorreia,
obstrução, epistaxe, cacosmia, rinolalia, hiposmia, anosmia.
• Ouvidos: Questionar sobre a presença de otorreia, otorragia,
otalgia, vertigem, zumbido, corpos estranhos ou quaisquer outros
sinais e sintomas relacionados.
• Cavidade bucal e anexos: Por exemplo sialorreia, tosse, disfagia,
odinofagia, ulceração, sangramentos e pirose.
• Tórax: indagar sobre a presença de sinais e sintomas como
dispneia, expectoração, hemoptise, vômica, tiragem e palpitações.
• Abdome: Perguntar sobre esteatorreia, náuseas, vômitos, icterícia,
melena, hematêmese, hematoquezia e enterorragia.
• Sistema geniturinário: indagar sobre incontinência urinária,
presença de corrimento, alterações de volume, frequência e
coloração da urina e dor ao urinar.
• Sistema locomotor: indagar sobre dificuldade de deambulação,
artralgia, mialgia, rigidez matinal, sinais flogísticos e deformidades
ósseas.
• Sistema nervoso: indagar sobre parestesia, paresia, convulsões,
tonturas e alterações de memória.
• Exame psíquico: Avaliar consciência, atenção, orientação, humor,
pensamento, memória, inteligência, afetividade e sensopercepção.
Quanto à promoção e prevenção de saúde, perguntar sobre a última
ida ao oftalmologista, se a pessoa costuma usar protetor solar, se tem uma
alimentação equilibrada, se realiza atividades físicas e aproveitar para dar
orientações nesses momentos.
VAMOS PRATICAR:
1. A palavra anamnese tem origem grega e significa trazer de novo à
memória. Portanto trata-se de uma busca de caracterização de um
acontecimento prévio que tem influência atual na vida do indivíduo.
Sobre a anamnese assinale a alternativa CORRETA:
a) A identificação do paciente deve ser sucinta e objetiva,
caracterizando o nome, a data de nascimento e o sexo.
b) A queixa principal dever ser descritiva, subjetivamente e bem
caracterizada, utilizando termos técnicos próprios da medicina.
c) A relação médico-paciente deve ser fortalecida na primeira
consulta, já que as consultas seguintes devem ser objetivas e pouco
explicativas.
d) A HDA deve conter a descrição detalhada da queixa principal,
avaliando sua duração, características e associações.
e) A empatia deve ser trabalhada de maneira discreta, pois devemos
fazer o paciente acreditar que estamos tomando a decisão correta
sobre o seu tratamento.
2. Sobre a anamnese, marque a alternativa INCORRETA:
a) Oferecer réguas de mensuração, comparações ou alternativas
diretas de sim/não, são recursos que devem ser evitados durante a
anamnese.
b) Na queixa principal deve-se questionar sobre sintomas ou
problemas que motivaram o paciente a procurar atendimento
médico.
c) O auxílio ao paciente, no encontro da resposta mais adequada,
deve ser realizado com cautela, evitando a indução durante o
questionamento.
d) Quando o médico sabe que terá outro contato com o paciente, ele
pode deixar para indagar algumas informações em um segundo
momento, caso o paciente esteja ansioso ou não esteja se sentindo a
vontade para falar no momento.
e) A anamnese é um momento único, em que o médico pode investir
na relação médico-paciente e reduzir o medo e as angústias que o
paciente possa demonstrar sobre o exame físico e exames
complementares possivelmente necessários.
a) VFFV
b) VVFV
c) FFFF
d) FVVF
e) VVFF
ECTOSCOPIA OU SOMATOSCOPIA
É a análise geral e as impressões iniciais que o médico terá do paciente.
Deve ser realizada antes dos exames específicos de cada sistema. É realizado
em conjunto com a anamnese, fazendo uso da inspeção e palpação.
• Estado geral
Consiste na avaliação subjetiva do paciente, tendo como base sua
apresentação no âmbito da higiene, estado de nutrição e deambulação.
Utiliza-se a seguinte nomenclatura, de acordo com a experiência médica:
bom estado geral (BEG), regular estado geral (REG) ou grave estado geral
(GEG).
• Sinais Vitais
Consiste na avaliação do pulso, da frequência cardíaca, da frequência
respiratória, da temperatura e da pressão arterial sistêmica.
Pulso: diversos pulsos arteriais podem ser palpados, como o carotídeo, o
radial, o braquial, o temporal, o poplíteo, o tibial posterior e o pedioso.
Devem ser avaliados frequência, amplitude e ritmo. A frequência adequada,
no adulto, é entre 60 a 100 bpm. Acima de 100 bpm é considerado
taquicardia e abaixo de 60 bpm é considerado bradicardia.
Frequência respiratória: durante a avaliação da respiração é importante que
não seja dito ao paciente, o que está sendo feito visto que ele pode alterar
seu ritmo respiratório, devendo o examinador tentar distrair o paciente
enquanto realiza a contagem. O valor normal situa-se entre 12 e 20
incursões respiratórias por minuto (irpm) no adulto, nesse caso o paciente é
considerado eupneico. Acima de 20 irpm o paciente é taquipneico e abaixo
de 12, bradipneico. Destacam-se ainda que, de acordo com a faixa etária do
paciente, esses valores sofrem alterações. O normal do recém-nascido é ter
de 30 a 40 irpm e as crianças de 25 a 30 irpm.
Temperatura: a temperatura normal do corpo é em torno de 37ºC. Existem
situações que podem levar a um aumento (febre) ou redução (hipotermia)
dessa temperatura. A pesquisa da temperatura pode ser feita pela palpação
com a região dorsal dos dedos ou com o auxílio de um termômetro, que é
mais apropriado por indicar a temperatura exata do paciente. Existem
vários locais nos quais podem ser feitas a pesquisa da temperatura usando o
termômetro, sendo as mais utilizadas as regiões axilar, bucal e retal.
MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS
Sobre a mensuração de massa do paciente em balança antropométrica
não digital, deve-se primeiramente pedir que o paciente retire os calçados
antes de subir na balança. Após a subida, retira-se o lacre de medição do
peso e estipula-se um peso aparente, a partir disso, movimenta-se, para a
esquerda, o bloco superior das dezenas para a dezena de massa corporal
estipulada, após isso verifica-se se houve movimento vertical da faixa de
equilíbrio. Se houver equilíbrio, a indicação da massa corporal está correta,
se não, deve-se alterar o bloco das dezenas uma vez para frente (se a faixa
de equilíbrio estiver para cima) ou para trás (se a faixa de equilíbrio estiver
para baixo). Se durante a alteração das dezenas houver grande
movimentação vertical da faixa de equilíbrio é indicativo de que a mudança
deve ser estabelecida no bloco das unidades de massa, devendo-se
movimentá-la para a esquerda até ser atingido o equilíbrio.
Com o valor do peso e da altura, pode ser calculado o Índice de Massa
Corpórea (IMC), dividindo o peso pela altura elevada ao quadrado
(kg/cm²). Este índice é usado para avaliar o estado nutricional do paciente,
porém, ele possui algumas limitações, como a confusão de obesidade com
tecido muscular em pessoas musculosas e com o peso do feto nas mulheres
grávidas.
FIGURA 5.6 - USO DA BALANÇA ANTROPOMÉTRICA NÃO DIGITAL.
FONTE: AUTORIA PRÓPRIA.
CLASSIFICAÇÃO IMC
Baixo peso < 19,99 kg/m2.
Normal 20 a 24,99 kg/m2.
Sobrepeso 25 a 29,99 kg/m2.
Obesidade classe I 30 a 34,99 kg/m2.
Obesidade classe II 35 a 39,99 kg/m2.
TABELA 5.2 - CLASSIFICAÇÃO POR ÍNDICE DE MASSA CORPÓREA.
FONTE: ADAPTADO DE SOCIEDADE BRASILEIRA DE ENDOCRINOLOGIA
Nível de consciência
Para a definição do nível de consciência do paciente, é necessário
avaliar quatro sinais: a presença dos reflexos, a capacidade de reagir a
estímulos (reatividade), a capacidade de deglutir e a capacidade de
responder a ordens e perguntas simples (perceptividade).
Classifica-se o estado de consciência em:
• Lúcido ou consciente: quando os sentidos funcionam
corretamente. De acordo com a orientação no tempo e no espaço, o
estado consciente ainda pode ser dividido em orientado ou
desorientado;
• Sonolento: quando não requisitado, o paciente dorme;
• Obnubilado: paciente encontra-se sonolento e desorientado;
• Torporoso ou estupor: paciente abre os olhos apenas quando
realizado estímulo doloroso;
• Comatoso: paciente está inconsciente.
Pode-se ainda quantificar os diferentes graus de coma pela Escala de
Coma de Glasgow. A Escala de Coma Glasgow tem por finalidade ser uma
medida clínica de avaliação objetiva da gravidade da injúria cerebral nos
pacientes. A partir do início de 2018, houve uma atualização em relação à
parametrização da reatividade pupilar à luminosidade de acordo com o
estudo “Simplifying the use of prognostic information in traumatic brain injury. Part 1:
the GCS-Pupils score: an extended index of clinical severity”, com essa junção dos
indicadores tem-se uma avaliação prognóstica da morbimortalidade e do
desfecho desfavorável.
A junção da Escala de Coma de Glasgow com a avaliação pupilar
(Tabela 5.4) resulta em uma análise do prognóstico de 6 meses em relação a
mortalidade e a déficits neurológicos. Assim sendo, há evidências de que a
avaliação pupilar fornece uma informação adicional na análise do provável
desfecho, bem como com a adição desse parâmetro há uma concordância
do desfecho fatal e/ou desfavorável com o escore primariamente obtido.
As parametrizações atuais apresentam certas divergências filosóficas e
estruturais que devem ser seguidas corretamente para a melhor eficiência
do processo clínico. Os parâmetros de abertura ocular, resposta verbal e
resposta motora agora apresentam a variável ‘não testável’, indicando casos
nos quais o parâmetro não pôde ser avaliado devido a impedimentos.
Ademais, instaura-se o parâmetro de avaliação da resposta pupilar ao
reflexo fotomotor, o qual espera a miocontração pupilar bilateral, não sendo
retirados pontos quando ocorre. Em casos de contração unilateral ipsilateral
retira-se 1 ponto e em casos de não resposta retiram-se 2 pontos.
Outro ponto de discussão é o desencorajamento em relação às práticas
vigorosas/dolorosas, como a fricção esternal ou a torção mamilar para
testar a resposta do paciente. Ao invés disso, deve-se pressionar o leito
ungueal com uma caneta por 10 segundos para avaliar abertura ocular.
Para testar a resposta motora, indica-se a estimulação por pressão no
trapézio e na incisura supraorbital.
Por fim, as classificações indicam que uma pontuação igual ou menor
que 8 traduzem coma ou injúria cerebral grave; entre 9 a 12 indicam uma
injúria moderada; e, entre 13 a 15 indicam injúria leve ou ausente. Reitera-
se aqui a necessidade de intubar o paciente quando o escore final for menor
ou igual a 8.
PARÂMETROS VARIÁVEIS ESCORES
Abertura ocular Espontânea 4
Ao comando verbal 3
À pressão 2
Não responsiva 1
Não testável NT
Resposta verbal Orientada 5
Confusa 4
Palavras 3
Sons 2
Não responsivo 1
Não testável NT
Resposta motora Obedece a comandos 6
Localizando em membro estimulado 5
Flexão normal 4
Flexão anormal 3
Extensão 2
Não responsivo 1
Não testável NT
Resposta pupilar Inexistente -2
(fotorreatividade) Unilateral -1
Completa 0
TABELA 5.5 - REATIVIDADE PUPILAR À LUMINOSIDADE.
VAMOS PRATICAR:
4. Na escala de coma de Glasgow, as melhores respostas motoras
com padrão de decorticação, descerebração e retirada inespecífica,
têm as seguintes pontuações, respectivamente:
a) 2, 3 e 4.
b) 3, 2 e 4.
c) 4, 3 e 2.
d) 3, 4 e 2.
e) 2, 4 e 3.
FALA E LINGUAGEM
A Linguagem diz respeito ao processo psíquico de elaboração do
pensamento no córtex cerebral, podendo ser, ou não, expressada pela fala,
escrita ou gestos. A fala, por sua vez, consiste na articulação das palavras
para expressão verbal da ideia elaborada. Ela depende tanto do pleno
entendimento dos estímulos audiovisuais que chegam ao indivíduo e da sua
articulação com os centros motores do cérebro, como também da
integridade das estruturas necessárias para a sua realização. Com essa
divisão, percebe-se que podem existir falhas essenciais na fala ou na
linguagem, devendo ser identificadas por meio da anamnese e do exame
físico.
• Distúrbios da fala
A exploração é feita apenas observando a fala do paciente, durante a
consulta, tomando cuidado para que ele não o perceba. Podendo ser
classificada em:
Disfonia: geralmente ocorre, por acometimento do nervo vago-espinhal,
que inerva as cordas vocais. A voz se torna “rouca” e com maior
intensidade.
Dislalia: é um comprometimento da articulação da palavra por uma causa
não neurológica, como malformações do aparelho fonador. A dislalia
fisiológica ocorre em crianças até cerca de 4 anos.
Disartria: também é um distúrbio da articulação, porém, de causa
neurológica, que pode se dar por comprometimento de nervos periféricos
ou centrais, como ocorre nos cerebelopatas ou parkinsonianos.
• Hidratação
O estado de hidratação é avaliado por meio de alguns parâmetros,
sendo eles: alteração abrupta do peso, redução da elasticidade, turgor e
umidade da pele, alteração das mucosas, das alterações oculares, da
alteração do volume urinário e do comprometimento do estado geral. Nos
casos de desidratação em crianças com até 18 meses de idade, observa-se a
depressão das fontanelas. Além dessas alterações, o paciente também
apresenta sede intensa, oligúria e olhos fundos.
• Desenvolvimento Físico
As alterações no desenvolvimento físico vão além do não
enquadramento nos padrões esperados para a estatura e para a estrutura
somática do indivíduo; engloba o surgimento de caracteres anatômicos e
sexuais. O hipo ou hiperdesenvolvimento, com obediência ou não das
proporções entre os segmentos corporais, são facilmente reconhecidos. É
consenso que a raça e a carga genética são condições primordiais, mas que
são fortemente influenciados por fatores exógenos, como hábitos
nutricionais.
O Hiperdesenvolvimento, no Brasil, é entendido como o alcance de
estaturas superiores a 1,90m em homens, e superiores a 1,80m em
mulheres. Existem processos específicos de crescimento relacionados a
distúrbios hipofisários, como o gigantismo acromegálico e o gigantismo
infantil.
O Hipodesenvolvimento é considerado em adultos menores que
1,50m, de ambos os sexos. Existem diversas apresentações, como:
constituição corporal frágil (hábito grácil), características infantis na fase
adulta (infantilismo), desproporcionalidade entre o conjunto cabeça e
tronco, em relação aos membros (anão acondroplásico), redução geral do
crescimento (anão hipofisário), entre outras.
• Fácies
Mesmo com a grande variabilidade genética, as expressões faciais dos
indivíduos e seus traços anatômicos, com características específicas e
marcantes, podem sugerir alguns diagnósticos:
Fácies atípica: normal, comportando diversas variações.
Fácies hipocrática: indicativo de doenças graves. O paciente apresenta olhos
fundos, parados e inexpressivos, lábios delgados e cianóticos e pele pálida.
Fácies renal: o edema ao redor dos olhos é a característica mais marcante.
Fácies leonina: a pele apresenta-se espessa e com lesões e manchas
característica da hanseníase. Os pelos do rosto ficam escassos, o nariz fica
mais espesso e largo, assim como os lábios engrossam.
Fácies parkinsoniana: a cabeça permanece inclinada para frente, o olhar se
torna fixo, com os supercílios levantados, semelhante a uma expressão de
susto.
Fácies basedowiana: característica de pacientes com hipertireoidismo. Nota-
se um rosto magro com exoftalmia e a presença de bócio.
Fácies mixedematosa: típica de hipotireoidismo. Constitui-se por uma face,
apática, arredondada, nariz e lábios grossos, pele seca e perda de pelos.
Fácies acromegálica: apresenta um aumento da mandíbula e das arcadas
supraorbitárias, além do aumento, significativo, do nariz, lábios e orelhas.
Fácies cushingóide ou de lua cheia: caracterizada por uma face
arredondada, com traços atenuados e acnes. Comum em paciente em uso
de corticoterapia prolongada.
Fácies mongoloide: rosto redondo, lábios entreabertos, olhos oblíquos e
distantes um do outro. É característico da síndrome de Down.
Fácies da paralisia facial periférica: assimetria facial, incapacidade de
fechamento palpebral e boca deslocada para o lado não afetado.
Fácies miastênica: presença de ptose palpebral bilateral e por consequência
permanência da cabeça levantada e da testa franzida.
Fácies adenoideanas: o paciente apresenta a fisionomia inexpressiva, a boca
entreaberta, com lábio superior levantado e prognatismo do maxilar
superior. Essa pessoa tem uma tendência a babar.
FIGURA 5.8 - TIPOS DE FÁCEIS.
A. DA PARALISIA FACIAL PERIFÉRICA; B. BASEDOWIANA; C. RENAL; D. LEONINA;
E. ACROMEGÁLICA; F. CUSHINGOIDE; G. ADENOIDEANA; H. HIPOCRÁTICA
FONTE: AUTORIA PRÓPRIA.
VOLUNTÁRIAS
Ortopneica: Com objetivo de aliviar a falta de ar, o paciente senta com os
pés no chão ou em um apoio e as mãos apoiadas no leito. É comum nos
casos de insuficiência cardíaca.
Genupeitoral: Conhecida como prece maometana. O paciente fica de
joelhos com o tronco fletido e o tórax encostando no chão e os braços estão
sobre o travesseiro com o rosto repousando sobre um dos lados do rosto. É
comumente assumida nos casos de derrame pericárdico.
Posição de cócoras: melhora o retorno venoso por provocar a compressão
dos vasos dos membros inferiores e abdominais. Proporcionam alívio nos
casos de hipóxia.
Parkinsoniana: posição adotada pelos pacientes com Parkinson ao caminhar.
Tendem a semi-fletir a cabeça, o tronco e os membros inferiores.
Decúbitos lateral, dorsal, ventral e com variados graus de flexão da coluna:
assumidas conscientemente pelo paciente na tentativa de reduzir o
padecimento.
INVOLUNTÁRIAS
As posições tomadas que independem da vontade do paciente são:
Atitude passiva: Paciente fica na posição que foi deixado no leito.
Ortótono: O tronco e os membros ficam rígidos, sem conseguir se curvar.
Opistótono: Corpo contraído em posição de arco, o paciente apoia a cabeça
e os calcanhares no leito.
Emprostótono: É o oposto do opistótono, o corpo fica com a concavidade
voltada para a frente.
Pleurostótono: Corpo curvado lateralmente.
Posição em gatilho: É comum nos casos de irritação meníngea, o paciente
apresenta a cabeça hiperextendida, as pernas fletidas sobre as coxas e o
tronco curvado com concavidade para a frente.
FIGURA 5.17 – TIPOS DE POSIÇÕES VOLUNTÁRIAS E INVOLUNTÁRIAS.
FONTE: AUTORIA PRÓPRIA.
• Circulação colateral
É a existência de um circuito venoso anormal visível durante o exame
clínico, indicando restrição do fluxo sanguíneo através dos troncos venosos
principais. Investiga-se a circulação colateral por meio da sua localização,
direção do fluxo sanguíneo e existência de frêmito ou sopro.
A direção do fluxo é identificada pela compressão de um segmento
venoso por duas polpas digitais do examinador, distanciadas
aproximadamente entre 5 a 10 cm. Após a abrupta retirada das mãos, deve-
se observar o enchimento ou não da veia.
A existência de frêmito ou sopro é identificada pela palpação e
ausculta, respectivamente. Mais informações sobre circulação colateral
serão abordadas no capítulo 10 - Semiologia Digestória.
• Edema
Ocorre quando há excesso de líquido no espaço intersticial e/ou no
interior das células. Para avaliar o edema é preciso considerar:
• Localização e distribuição: pode ser localizado ou generalizado
(anasarca).
• Intensidade: estima-se a profundidade da fóvea, mensurando entre
uma a quatro cruzes. Ainda é factível a verificação do peso do
paciente e o perímetro da área edemaciada.
• Consistência: mole ou duro.
• Elasticidade: elástico ou inelástico.
• Temperatura da pele circunjacente: normal, quente ou fria.
• Sensibilidade da pele circunjacente: doloroso ou indolor.
Outras alterações da pele adjacente: palidez, cianose, vermelhidão e
alteração de textura (lisa ou enrugada).
Para a avaliação da intensidade do edema pode-se utilizar o sinal de
Cacifo ou Godet, que é realizado com a compressão da região examinada
com o I quirodáctilo por cerca de 10 segundos e observar se houve a
formação de depressão e o tempo de retorno para as condições normais,
assim é feita a classificação em cruzes: +/4+, 2+/4+. 3+/4+ ou 4+/4+.
Não existe um consenso sobre quais parâmetros classificam o edema em
determinada quantidade de cruzes, porém, existe uma maneira de
classificar observando a depressão formada pela compressão: + (2 mm); 2+
(4 mm); 3+ (6 mm) e 4+ (8 mm).
• Biotipo
Classifica-se como, brevilíneo (membros e pescoço curtos com tórax
alargado, o ângulo de Charpy é maior que 90°); normolíneos ou mediolíneos
(equilíbrio entre os membros e o tronco, ângulo de Charpy aproximadamente
igual a 90°); e longilíneos (pescoço e membros alongados, tórax chato e
afilado, com ângulo de Charpy menor que 90°).
O ângulo de Charpy é formado pelas últimas costelas não-flutuantes,
para identificar o biotipo do paciente.
Figura 5.19 - Ângulo de Charpy.
Fonte: autoria própria.
O exame da marcha pode começar tão logo o paciente adentre o
consultório. É importante que ele esteja com os joelhos à mostra e os pés
descalços para que os movimentos sejam melhor observados. Primeiro,
observa-se a marcha de forma global, para depois atentar-se aos seus
detalhes.
Inicialmente, pede-se ao paciente para andar de um lado a outro da
sala, várias vezes, enquanto se observam alguns parâmetros, tais como,
largura da base com o paciente em pé, sequência e o comprimento das
passadas, maneira como o pé toca o chão, movimento dos braços, posição
do tronco e da cabeça e se o paciente caminha em linha reta.
Para melhor avaliar a marcha, solicita-se ao paciente que realize
algumas manobras, como, caminhar mais rápido ou mais devagar, ou até
correr; dar meia volta ou parar bruscamente; caminhar sobre as pontas dos
pés ou sobre os calcanhares; caminhar para os lados ou para trás; caminhar
de olhos fechados; subir e descer escadas; caminhar colocando um pé na
frente do outro de modo que o calcanhar de um pé toque os dedos do outro
(marcha em tandem).
Serão descritas as principais marchas patológicas que recebem
denominações próprias, de acordo com as características apresentadas no
exame físico.
• Marcha da hemiparesia espástica: chamada de marcha ceifante ou
⑨Marcha
helicópode, geralmente resultante de acidente vascular encefálico. O
paciente mantém o membro superior do lado acometido em flexão,
adução e rotação medial, junto ao corpo, e o membro inferior
ipsilateral estendido. Em consequência da dificuldade de flexionar a
perna, o paciente arrasta o pé, formando um semicírculo e levanta o
quadril para auxiliar na elevação do pé. Essa marcha produz um
som característico, pois toca o solo com a borda lateral e ponta do
pé. É possível observar, também, um maior desgaste do sapato
nesses locais.
• Marcha em tesoura: ocorre em pacientes com espasticidade grave
das pernas, como o apresentado na paralisia cerebral e doença de
Little. Caracteriza-se por adução das coxas, de modo que os joelhos
se cruzam ao caminhar. Os passos são curtos, rígidos e arrastados.
Pode haver oscilação do tronco para manter o equilíbrio. discer
• Marcha atáxica-cerebelar ou ebriosa: decorrente de lesão no
cerebelo ou nas suas vias de conexão. Na forma leve, o único sinal
pode ser a incapacidade de caminhar em tandem. No estado mais
grave, a marcha é cambaleante, instável, de base larga e pode haver
oscilação do corpo para frente, para trás ou para os lados. Quando o
paciente é solicitado a andar em linha reta, ele apresenta oscilações e
desvios, como se estivesse embriagado, daí a denominação de
marcha ebriosa. Se a lesão ocorrer apenas de um lado, o desvio dar-
se-á para o lado acometido. Se for solicitado ao paciente para
caminhar para frente e para trás sucessivas vezes, ocorrerá a
chamada marcha em estrela.
• Marcha atáxica-sensorial ou talonante: resultante de doença da
coluna dorsal da medula ou dos nervos periféricos, os quais privam o
Sistema Nervoso das informações proprioceptivas necessárias à
coordenação da marcha. O paciente tenta, então, regular o
movimento por meio da visão. A marcha é insegura, desordenada e
de base larga. O paciente caminha com passos altos, tocando
fortemente o chão com o calcanhar e depois com a ponta dos pés,
provocando um som de “batida dupla” característico. É clássico
dessa marcha a piora dos sintomas com os olhos fechados.
• Marcha parética ou escarvante: o paciente apresenta fraqueza nos
músculos dorsiflexores dos pés e dedos, por isso, ele caminha
arrastando os dedos no chão. Para evitar isso, eleva excessivamente a
andando
perna, flexionando o joelho e o quadril. Ao tocar o chão, produz
também som de “batida dupla”, porém é diferente do produzido
pela marcha talonante, pois, ao contrário desta, os dedos tocam o
chão antes do calcanhar. É comum na esclerose lateral amiotrófica indido
(ELA), na doença de Charcot-Marie-Toothe em outras neuropatias
periféricas.
• Marcha Parksoniana: ocorre na doença de Parkinson ou em outras
síndromes parkinsonianas. O paciente mantém uma postura inclinada
para frente e caminha rígido, sem o balanço natural dos braços,
como um bloco. Os passos são curtos, lentos e arrastados.
Acontecem os fenômenos da aceleração involuntária (festinação),
como se estivesse correndo atrás do seu centro de gravidade, e de
“congelamento” (freezing), ao encontrar obstáculos. Esses pacientes
também perdem o equilíbrio facilmente.
• Marcha miopática ou anserina: é fruto da fraqueza da musculatura
do quadril e do membro inferior, geralmente causada por miopatia
ou distrofia muscular. Há balanço exagerado da pelve para um lado
e para o outro durante o caminhar, na tentativa de deslocar o peso
do corpo, assemelhando-se ao caminhar de um pato. Poderá haver
lordose pronunciada, se houver fraqueza dos músculos flexores do
quadril. Essa marcha também é típica de gravidez avançada.
• Marcha apráxica: o paciente tem dificuldade de caminhar
normalmente sem que haja perda de sensibilidade, fraqueza ou
incoordenação. Caracteriza-se por hesitação para iniciar o
movimento, perda do automatismo, passos curtos e lentos, além de
poder apresentar dificuldade no movimento de virada e
incapacidade de retirar os pés do chão (marcha magnética).
• Marcha de pequenos passos: é semelhante à marcha parkinsoniana,
porém sem rigidez e bradicinesia. A marcha é lenta, com passos
curtos e arrastados e com perda dos movimentos associados.
DICIONÁRIO
Abaulamentos – aspecto curvado, arredondado.
Afonia – perda parcial ou total da voz.
Alopecia – perda de cabelos ou pelos.
Anosmia – perda do olfato.
Cacosmia – sensação de odor, que em algumas vezes só o paciente sente.
Disartria – distúrbio da articulação da fala, dificuldade na produção de
fonemas.
Disfagia – dificuldade de deglutição.
Disfasia – descoordenação da fala e incapacidade de dispor as palavras de
modo compreensível.
Disfonia – alteração da voz.
Disgrafia – distúrbio de escrita, dificuldade para escrever, tanto em relação
à caligrafia quanto à coerência.
Dislalia – distúrbio da articulação da fala, consistindo na má pronúncia de
palavras.
Dislexia – distúrbio da aprendizagem da leitura, dificuldade no
reconhecimento da correspondência entre os símbolos gráficos e os
fonemas.
Disritmolalia – distúrbio no ritmo da fala, destacando-se a gagueira e a
taquilalia.
Epistaxe – sangramento nasal.
Escotoma – perda total ou parcial do campo visual.
Esteatorreia – aumento do teor gorduroso das fezes.
Fotofobia – aversão à luz, por algia que ela provoca em algumas afecções.
Hematêmese – saída de conteúdo sanguinolento pela boca, proveniente do
TGI, especialmente esôfago e estômago.
Hematoquezia – a presença de sangue vermelho vivo nas fezes, resultante
de hemorragias digestivas altas.
Hemoptise – expectoração de sangue.
Hiposmia – redução da capacidade olfativa.
Hirsutismo – aumento de pelos nas mulheres em regiões que só são comuns
o aparecimento de pelos em homens.
Melena – conteúdo fecalóide pastoso, fétido, escuro e brilhante, resultante
de hemorragias do sistema digestivo alto, processados pela digestão.
Nistagmo – oscilação rítmica de um ou ambos os olhos.
Odinofagia – dor durante a deglutição
Otalgia – dor no ouvido.
Otorragia – hemorragia no ouvido.
Otorreia – secreção esbranquiçada saindo pela orelha.
Paresia – perda parcial dos movimentos de determinada estrutura corporal.
Parestesia – sensações cutâneas subjetivas. Ex.: formigamento, frio ou calor.
Pirose – desconforto epigástrico ou retroesternal em queimação, comum
após as refeições. Conhecida popularmente como azia.
Prurido – coceira.
Rinolalia – voz anasalada.
Rinorreia – secreção nasal.
Sialorreia – excesso de secreção de saliva.
Tiragem intercostal – é a retração dos músculos intercostais nos espaços
intercostais. Representa esforço respiratório.
Vômica – expulsão por meio da tosse de secreção proveniente dos pulmões.
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M.; ATTA, J. A.; MARTINS, M. A. Semiologia Clínica. 1. ed. São Paulo:
Sarvier, 2002.
PINHO, F. M. O.; BRANCO, R. F. G. R.; PORTO, C. C. Anamnese. In:
PORTO, C. C.; PORTO, A. L. Semiologia Médica. 7. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2014.
PINHO, F. M. O.; BRANCO, R. F. G. R.; PORTO, C. C. Método Clínico.
In: PORTO, C. C.; PORTO, A. L. Semiologia Médica. 7. ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.
RICARDO, D. R.; ARAÚJO, C. G. S. Índice de Massa Corporal: um
questionamento científico baseado em evidências. Arq Bras Cardiol, v. 79, n
1, 61-9, 2002.
ROCCO, J. R. História médica geral – a anamnese. In:______. Semiologia
Médica. 1. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
ROYAL COLLEGE OF PHYSICIANS ANS SURGEONS OF
GLASGOW. THE GLASGOW STRUCTURED APPROACH TO
ASSESSMENT OF THE GLASGOW COMA SCALE. 2018. Disponível
em: <https://www.glasgowcomascale.org/>. Acesso em: 20 jul. 2019.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. VII Diretriz Brasileira
de Hipertensão Arterial. Arquivo Brasileiro de Cardiologia. 2016;
107(3Supl.3):1-83.
6
Semiologia Cardiovascular
Talita Fonsêca Terto
Wanessa Landim Porto
Gabriel Freire Cordeiro Sampaio
Francisco Clezion Franca Vasconcelos Júnior
Alba Angélica Nunes Mouta
Renata Paula Lima Beltrão
Thiago Santos Lima Almendra
8Mat
B1 regene
Tumgrande
=
B2 -
0
o som corresponde à expressão “TLÁ”. A 3ª bulha possui ruído
correspondente às vibrações ventriculares devido a corrente sanguínea
⑧
durante o enchimento dos ventrículos. A 4ª bulha possui ruído débil e
0
ocorre no fim da diástole.
EXAME CLÍNICO
ANAMNESE
Componentes da identificação como idade, sexo, cor, profissão e
naturalidade/procedência são importantes para a construção do raciocínio
diagnóstico. Há alterações que acometem preferencialmente uma
determinada faixa etária, como o infarto agudo do miocárdio, mais comum
a partir da quinta década de vida. Quanto ao sexo, um exemplo é a
aterosclerose coronária, predominante no sexo masculino. Há forte relação
entre determinadas profissões e as doenças cardíacas. Aqueles que se
expõem a situações de estresse mais elevado, por exemplo, são mais
suscetíveis a coronariopatias.
Sinais e sintomas devem ser observados, como: dor torácica,
palpitações, dispneia, tosse, expectoração, sibilância, hemoptise, desmaio,
alterações no sono, cianose, edema e astenia.
Nos antecedentes pessoais buscam-se, mais comumente, infecções
estreptocócicas, alimentação rica em lipídios, nefropatias e perturbações
emocionais como ansiedade e depressão. Destacam-se, nos hábitos de vida,
o tabagismo, etilismo e sedentarismo, que são fatores de risco para doenças
coronarianas. Com relação às condições socioeconômicas, a baixa renda e
habitações rurais e/ou periféricas estão relacionadas à aterosclerose,
hipertensão arterial, moléstia reumática e cardiopatia chagásica.
EXAME FÍSICO
CORAÇÃO
Inspeção e palpação: São realizadas simultaneamente e devem
compreender a investigação de abaulamentos, batimentos ou movimentos
visíveis e/ou palpáveis e frêmito.
>
Com o paciente em decúbito dorsal (DD), o examinador posiciona-se à
direita do mesmo para a observação tangencial da região precordial; e
próximo aos pés do paciente para a observação frontal, em busca de
alterações visíveis.
O choque da ponta, o ictus cordis, tem localização variável, dependendo
do biotipo do paciente. Pode situar-se no 4ª espaço intercostal (EIC)
esquerdo nos brevilíneos, no 5º EIC esquerdo nos mediolíneos e no 6º EIC
esquerdo nos longilíneos, sofrendo variação em centímetros na lateralidade
da linha hemiclavicular (LHC) esquerda. Sua posição deve ser marcada
com o paciente em DD. A seguir avalia-se a mobilidade após mudança de
decúbito para laterais direito e esquerdo, habitualmente entre 1 e 2 cm da
sua posição inicial. O deslocamento maior que o intervalo esperado pode
indicar alterações ventriculares, como dilatação e/ou hipertrofia.
A avaliação da intensidade do ictus cordis é feita repousando a palma da
mão onde há maior percepção da atividade motora cardíaca. É importante
avaliar também a extensão em polpas digitais.
Na área precordial e nas regiões vizinhas podem ser encontrados
batimentos e movimentos. O frêmito cardiovascular é a vibração produzida
no coração ou nos vasos e percebidas pelo tato. Devem ser investigadas sua
localização e intensidade, além de em qual fase do ciclo cardíaco ele se
encontra.
Figura 6.1 - Palpação do ictus cordis.a. palpação do ictus cordis em decúbito dorsal
horizontal. b. palpação do ictus cordis em decúbito lateral esquerdo. Fonte: autoria
própria.
Ausculta: É de suma importância um ambiente silencioso para a
realização de uma boa ausculta. O paciente deve ser posicionado em DD,
em decúbito lateral esquerdo e sentado, com o tórax inclinado para frente.
As regiões cervicais, interescapulovertebrais e supra e infraclaviculares
devem ser auscultadas, assim como todo o precórdio e áreas vizinhas, além
dos clássicos focos de ausculta. São eles:
• Foco mitral: situado no hemitórax esquerdo, no quinto EIC, sobre
a LHC
• Foco pulmonar: no segundo EIC esquerdo, em região paraesternal
• Foco aórtico: no segundo EIC direito, em região paraesternal
• Foco tricúspide: na base do apêndice xifóide, levemente
lateralizado à esquerda.
A ausculta cardíaca deve observar a frequência, o volume, o ritmo, a
quantidade de bulhas, a presença de cliques, estalidos ou sopros e sons
acessórios.
FIGURA 6.2 - FOCOS DE AUSCULTA CARDÍACOS. A – FOCO AÓRTICO; B – FOCO
PULMONAR; C – FOCO TRICÚSPIDE; D – FOCO MITRAL.
FONTE: AUTORIA PRÓPRIA.
FIGURA 6.3 - TÉCNICA DE AUSCULTA CARDÍACA.
Ainda existe um 5º foco de ausculta, o aórtico acessório também
conhecido como foco de Erb, localizado entre o 3º e 4º EIC esquerdo,
próximo ao esterno.
FIGURA 6.4 - AUSCULTA DO FOCO AÓRTICO ACESSÓRIO.
FONTE: AUTORIA PRÓPRIA.
Em casos de sopro na ausculta cardíaca, o médico deve posicionar o
estetoscópio em outras regiões do tórax como a axilar e infraclavicular.
FIGURA 6.5 - TÉCNICA PARA AUSCULTA DA IRRADIAÇÃO DE SOPROS.
FONTE: AUTORIA PRÓPRIA.
Em caso de pacientes com bulhas hipofonéticas pode-se utilizar a
posição sentado ou em pé com o tórax inclinado para a frente, essa posição
favorece a ausculta dos sons.
FIGURA 6.6 - AUSCULTA COM O PACIENTE INCLINADO PARA FRENTE.
FONTE: AUTORIA PRÓPRIA.
VAMOS PRATICAR
1. Sobre o ictus cordis, investiga-se:
( ) Localização
( ) Extensão
( ) Mobilidade
( ) Intensidade de impulsão
( ) Ritmo e frequência
a) Apenas I e II falsas
b) Apenas I e IV falsas
c) Apenas II e IV falsas
d) Todas verdadeiras
e) Todas são falsas
PULSOS PERIFÉRICOS
Pulso Radial: com o membro superior do paciente em repouso, palpa-se
com as polpas digitais dos dedos indicador e médio, utilizando a mão direita
para o pulso esquerdo do paciente e vice-versa. Realiza-se uma comparação
com a artéria homóloga e observa-se a frequência, o ritmo, o estado da
parede arterial, a amplitude e a tensão.
No pulso em martelo d’água, característico da insuficiência valvar
aórtica, a palpação é realizada com a face ventral dos dedos e a palma da
mão. Posiciona-se o braço do paciente acima da cabeça, com a mão
esquerda do examinador segurando a mão do paciente, enquanto a mão
direita do examinador envolve o punho do paciente na sua face anterior.
Pulso Capilar: a semiotécnica de análise desse pulso envolve a compressão
sobre o leito ungueal até a identificação de zona pulsátil, entre a palidez e a
cor rósea, devido à compressão. A zona pulsátil é discreta em condições
normais.
Pulso Carotídeo: palpam-se as artérias ao lado da traqueia, no ângulo da
mandíbula, comparando-as. Observam-se o estado da parede, a amplitude
do pulso e a presença de frêmito. As pulsações são comumente visíveis na
hipertensão arterial sistêmica, após alterações emocionais e exercícios
físicos.
FIGURA 6.7 - PALPAÇÃO DOS PULSOS. A. PALPAÇÃO DO PULSO RADIAL. B.
PALPAÇÃO DO PULSO EM MARTELO D’ÁGUA. C. ANÁLISE DO PULSO CAPILAR.
D. PALPAÇÃO DO PULSO CAROTÍDEO.
FONTE: AUTORIA PRÓPRIA.
VAMOS PRATICAR
4. Toda vez que o sangue é lançado do ventrículo esquerdo para as
artérias, a pressão e o volume provocam oscilações ritmadas em toda
a extensão da parede arterial, evidenciada quando palpamos a
artéria contra uma superfície dura. A este sinal damos o nome de
pulso arterial. Sobre técnicas de aferição de pulsos assinale a correta.
a) O pulso aórtico deve ser palpado diretamente no flanco esquerdo,
5 centímetros de distância da cicatriz umbilical.
b) O pulso poplíteo possui importante função na avaliação da
perfusão do membro inferior em casos de obstruções periféricas.
c) Devemos utilizar o primeiro e o segundo quirodáctilos para a
palpação dos pulsos centrais e periféricos tanto em crianças como
em adultos.
d) O pulso tibial é palpável na porção posterior do trocânter medial
do lado direito e na porção anterior do lado esquerdo.
e) O pulso de eleição para contagem da frequência cardíaca durante
o exercício físico é o pulso carotídeo na altura do ângulo da
mandíbula.
ESTALIDOS
Os estalidos auscultados no exame físico podem ser de ejeção ou de
abertura da valva mitral. No primeiro caso, o som será de alta frequência,
acontece na sístole ventricular, mais especificamente no período de ejeção
ventricular rápida - para fins didáticos, ocorre após e próximo do som da
primeira bulha. O estalido de ejeção é mais bem audível com o paciente
sentado, com o tórax inclinado para frente. Tal som pode ser proveniente de
anormalidades nas valvas semilunares ou da dilatação de grandes vasos.
O Estalido de Abertura da Valva Mitral, por sua vez, é de alta
frequência e ocorre na diástole ventricular, mais especificamente no período
de enchimento ventricular rápido - para fins didáticos, ocorre após e
próximo do som da segunda bulha. O estalido de abertura da valva mitral é
mais bem audível com o paciente em pé e aumenta de intensidade aos
esforços e aos exercícios. Tal som pode ser proveniente de anormalidades
nas valvas atrioventriculares.
SOPROS
Os sopros cardíacos são sons derivados de vibrações prolongadas,
resultantes de algum dos seguintes mecanismos: aumento do fluxo de
sangue por valvas normais ou estenosadas, fluxo retrógrado através das
valvas ou defeitos septais, vasos dilatados ou fluxo sanguíneo regurgitante.
EXAME FÍSICO
Ao registrar os sopros no exame físico cardiovascular, deve-se levar em
consideração a localização onde a ausculta é máxima (foco de ausculta), o
timbre (suave, rude, aspirativo, em jato ruflar), irradiação (axila, pescoço,
borda esternal, região interescapular), modificações com manobras, a
intensidade, o tipo e a presença ou não de ruídos adicionais.
Manobras Semiológicas: Na avaliação dos sopros cardíacos, pode-se utilizar
certas manobras semiológicas que alteram o retorno venoso ou a resistência
vascular sistêmica, modificando a ausculta dos sopros e, consequentemente,
facilitando a busca por esses achados.
• Posição de cócoras (agachamento rápido): Aumenta subitamente o
retorno venoso, devido à compressão do sistema venoso dos
membros inferiores e dos vasos abdominais. Este sangue é
subitamente deslocado ao coração.
• Inspiração Profunda (Rivero-Carvalho): Durante a inspiração
profunda, o retorno venoso ao coração direito aumenta de imediato,
elevando os seus volumes e fluxos.
• Manobra de Valsalva: O indivíduo oclui o nariz e a boca com a
mão e faz um esforço expiratório. Isso eleva subitamente a pressão
intratorácica, reduzindo repentinamente o retorno venoso aos dois
corações. Por isso, os volumes e fluxos cardíacos ficam diminuídos.
Essa manobra exerce efeito oposto ao da posição de cócoras.
• Handgrip: O indivíduo faz um esforço isométrico, apertando
alguma coisa com a mão. Essa manobra provoca um aumento da
Resistência Vascular Sistêmica (RVS), reduzindo a ejeção de sangue
pela valva aórtica e pelo trato de saída do VE.
FIGURA 6.9 - MANOBRAS SEMIOLÓGICAS.
A. HANDGRIP; B. VALSALVA.
FONTE: AUTORIA PRÓPRIA.
Ao se analisar a intensidade dos sopros, utiliza-se uma mensuração em
cruzes que facilita a observação da gravidade da lesão anatômica e obedece
à seguinte gradação:
1+ = audível apenas com manobras
2+ = facilmente audível, porém, sem irradiação importante.
3+ = moderadamente alto e com irradiação presente.
4+ = alto e com frêmito palpável.
5+ = audível com apenas parte do estetoscópio sobre a pele.
6+ = audível com estetoscópio próximo à pele, sem contato.
Dependendo de onde se encontram dentro do ciclo cardíaco, os sopros
podem ser classificados em sistólicos, diastólicos, sistodiastólicos ou
contínuos. Para fins didáticos, sopros que se encontram entre B1 e B2 são
sistólicos e os que se encontram entre B2 e B1 são diastólicos. São chamados
sopros inocentes os que estão presentes sem estarem associados à
cardiopatia, caso contrário, são chamados de sopros orgânicos.
Sopros Diastólicos
• Sopros Protodiastólicos aspirativos: Sopros por regurgitação pelas valvas
semilunares têm um caráter suave ou “aspirativo”, bem diferente dos outros
sopros. Ex.: Insuficiência aórtica e Insuficiência pulmonar. Nesse caso, as
manobras semiológicas ajudam a diferenciar a causa do sopro. Quando o
sopro tem como causa uma insuficiência aórtica, o som aumenta com a
manobra de Handgrip. Quando a causa é uma insuficiência pulmonar, o som
aumenta com a manobra de Rivero-Carvalho.
FIGURA 6.14 - SOPRO PROTODIASTÓLICO ASPIRATIVO.
FONTE: AUTORIA PRÓPRIA.
• Ruflar diastólico: Este sopro é causado pelo hiperfluxo através das valvas
atrioventriculares ou pela estenose delas. Tem um caráter de ruflar (um som
grave e descontínuo), muito diferente do sopro descrito acima. Ex.: Estenose
mitral e Estenose tricúspide. Quando causado por estenose mitral, o ruflar
inicia-se um pouco depois de B2 (início da diástole) e na maioria das vezes
termina em B1. Quando há estalido de abertura, o sopro se inicia logo após
este som. Quando causado por estenose tricúspide, é muito semelhante ao
da Estenose Mitral, porém aumenta caracteristicamente com a inspiração
profunda (Rivero-Carvalho), em geral não há estalido de abertura e
hiperfonese de B1.
VAMOS PRATICAR
6. Qual a manobra é realizada para diferenciar o sopro da
insuficiência tricúspide do da insuficiência mitral?
a) Elevação passiva dos MMII
b) Handgrip
c) Lasegue
d) Rivero-Carvalho
e) Inspiração forçada
DICIONÁRIO
Astenia – sensação de fraqueza orgânica, mantendo capacidade muscular.
Cianose – coloração azulada da pele decorrente do aumento da
hemoglobina não oxigenada ou de pigmentos da hemoglobina não
fisiológicos.
Dispneia – desconforto respiratório, com percepção de respiração não
efetiva.
Hemoptise – eliminação de sangue pela boca, através da glote, proveniente
das vias aéreas respiratórias inferiores.
Palpitação – percepção incômoda dos batimentos cardíacos.
Sibilância – sonoridade aguda produzida pelas vias respiratórias,
popularmente referida como chiadeira.
REFERÊNCIAS
BENSEÑOR, I.M. ATTA, J.A. MARTINS, M.A. Semiologia Clínica. 1. ed.
São Paulo: Sarvier, 2002.
BICKLEY, Lynn S.; SZILAGYI, Peter G. Bates: propedêutica médica. 11.
ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.
LÓPEZ, M.; MEDEIROS, J. L. Semiologia Médica. 5. ed. São Paulo:
Atheneu, 2015.
PORTO, C. C.; PORTO, A. L. Semiologia Médica. 7. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2014.
Sociedade Brasileira de Cardiologia. 7ª Diretriz Brasileira de Hipertensão
Arterial. Arq Bras Cardiol 2016; 107(3Supl.3):1-83.
7
Semiologia Respiratória
Wanessa Landim Porto
Talita Fônseca Terto
Alba Angélica Nunes Mouta
Laisa Aguiar Paiva
Nickolas Souza Silva
Renata Paula Lima Beltrão
Thiago Santos Lima Almendra
Ilvanete Tavares Beltrão
EXAME CLÍNICO
ANAMNESE
Durante a realização da anamnese, componentes de identificação
como idade, raça, sexo, ocupação e procedência auxiliam no raciocínio
clínico.
Alguns sinais e sintomas são mais frequentes nesta prática clínica e
demandam uma atenção pormenorizada. Cabe ao médico questionar sobre
dor, espirros, congestão, epistaxe, rinorreia, alterações de olfato ou
gustatórias, prurido nasal, hemoptise, rinolalia, roncos, dispneia, tosse,
expectoração, vômica, cianose, sibilância, disfonia, rouquidão e cornagem.
Além de indagar sobre os sintomas extratorácicos que possam estar
relacionados a afecções respiratórias.
Vale conhecer o passado patológico do paciente, frisando
acometimentos respiratórios, antecedentes traumáticos torácicos, cirurgias,
alergias e alterações autoimunes.
É imprescindível investigar tabagismo, com quantificação da carga
tabágica total e anual, em razão da direta relação com bronquites,
enfisemas e carcinoma brônquico. Além disso, é necessário investigar
etilismo, hábito relacionado a pneumonias causadas pelas bactérias do
gênero Klebsiella.
EXAME FÍSICO
VIA RESPIRATÓRIA SUPERIOR
Inspeção: na avaliação da face, vale observar edemas nasais e perinasais,
hiperemia, presença de secreção e/ou irritações, lesões estruturais, desvios,
presença da prega nasal e da dupla linha de Dennie-Morgan. Na rinoscopia, o
paciente deve estar confortavelmente sentado, com a cabeça inclinada para
trás. A rinoscopia anterior saudável flagra uma mucosa avermelhada,
íntegra e úmida. O uso de pinças e luzes auxiliam na visualização de corpos
estranhos, aumento de estruturas, lesões e outras anormalidades na
cavidade nasal, como a hipertrofia dos cornetos.
Percussão: na semiologia da VAS a percussão tem um valor restrito. É
utilizada como recurso de gatilho da dor na topografia dos seios da face. As
demais estruturas das VAS são inacessíveis à percussão.
Palpação: a palpação das estruturas das VAS apresentam um valor restrito
ao exame. Informações como a palpação de linfonodos regionais, dores
e/ou restrições de mobilidade cervical podem ser alguns dos achados do
exame físico.
VAMOS PRATICAR
1. Combine as informações e julgue a verdadeira:
I. Respiração de Cheyne-Stokes
II. Respiração de Biot
III. Respiração de Kussmaul
IV. Respiração suspirosa
a) III – IV - II - I
b) II – III – I - IV
c) III – II – IV – I
d) II – III – I - IV
e) III - IV - I - II
2. P.R.C.V., 55 anos, sexo masculino, diabético e hipertenso, durante
o pós-operatório de uma cirurgia para se colocar um marcapasso,
apresentou dispneia, tosse seca e febre baixa. Após avaliação
médica, foi diagnosticada uma atelectasia, que é um colapso total ou
parcial do pulmão ou do lóbulo pulmonar, que acontece quando os
alvéolos se esvaziam. Sobre o exame físico da patologia em questão,
é correto afirmar que:
a) Uma retração do hemitórax e tiragem podem ser encontrados
durante a inspeção.
b) Expansibilidade e frêmito toracovocal diminuídos podem ser
comuns na percussão.
c) Alterações na ausculta não são muito frequentes.
d) Durante a ausculta, a ressonância vocal geralmente se encontra
aumentada.
e) No local da oclusão, é esperado um som timpânico durante a
percussão.
a) 4, 1, 3, 2.
b) 1, 2, 3, 4.
c) 3, 4, 2, 1.
d) 4, 3, 2, 1.
e) 2, 4, 1, 3.
DICIONÁRIO
Anosmia – perda do olfato.
Cacosmia – sensação de cheiros desagradáveis que só são sentidos pelo
paciente.
Cianose – coloração azulada da pele decorrente do aumento da
hemoglobina não oxigenada ou de pigmentos hemoglobínicos não
fisiológicos.
Cornagem – ruído grave provocado pela passagem do ar pelas vias
respiratórias altas reduzidas de calibre.
Cornetos – estruturas localizadas na lateral das narinas, tem a função de
umidificar e aquecer o ar.
Disfonia – alteração ou enfraquecimento da voz, com dificuldade de
fonação de origem variada, incluindo a rouquidão.
Dispneia – desconforto respiratório, com percepção de respiração não
efetiva.
Epistaxe – sangramento nasal.
Esternutatória – provoca espirro.
Expectoração – expulsão, por meio de tosse, de secreções provenientes da
traqueia, brônquios e pulmões.
Frêmito toracovocal – são vibrações vocais transmitidas por toda a extensão
da parede torácica.
Hemoptise – eliminação de sangue pela boca, através da glote, proveniente
das vias aéreas respiratórias inferiores.
Hiposmia – diminuição da capacidade olfativa.
Otorreia – saída de secreção esbranquiçada do ouvido.
Parosmia – distorção do olfato.
Rinolalia – voz nasalada.
Rinorreia – secreção nasal.
Rinoscopia – exame das fossas nasais.
Seios Perinasais – espaços preenchidos de ar presentes nos ossos cranianos
que se comunicam com as fossas nasais.
Sibilância – sonoridade aguda produzida pelas vias respiratórias,
popularmente referida como chiadeira.
Tiragem intercostal – é a depressão dos espaços intercostais, de modo
pronunciado, durante a inspiração.
Vômica – eliminação súbita, através da glote, de quantidade abundante de
secreção purulenta, mucoide ou serosa.
REFERÊNCIAS
BARRETO, S.S.M. Pneumologia: no Consultório. 1 ed. Porto Alegre:
Artmed, 2008
BENSEÑOR, I.M. ATTA, J.A. MARTINS, M.A. Semiologia Clínica. 1. ed.
São Paulo: Sarvier, 2002.
LÓPEZ, M.; MEDEIROS, J. L. Semiologia Médica. 5. ed. São Paulo:
Atheneu, 2015.
PORTO, C. C.; PORTO, A. L. Semiologia Médica. 7. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2014.
ROCCO, J.R. Semiologia Médica. 1 ed. Rio de Janeiro: Elsevier,2010.
8
Semiologia dos Linfonodos
Gabrielle Cavalcante Rangel Oliveira
Deyzon Alves Silva
Ricardo Antonio Ló Ré
Maria Eduarda Mauriz Rodrigues
Alba Angélica Nunes Mouta
Renata Paula Lima Beltrão
Augusto César Beltrão da Silva
EXAME CLÍNICO
ANAMNESE
Em casos de afecções linfonodais, a história clínica é útil para orientar
o exame físico e o raciocínio clínico a ser seguido. O aumento dos gânglios
requer investigação quando a etiologia é desconhecida e quando o diâmetro
é, em média, maior que 1 cm. É necessário analisar também outros fatores
como idade, local e quadro clínico (febre, alterações de pele, presença de
outros linfonodos, tumores, processos infecciosos localizados e outras
alterações fisiopatológicas associadas à adenopatia.
A idade é importante, pois, acima dos 50, apenas 40% das
linfadenopatias são benignas. O local, por sua vez, ajuda no raciocínio
clínico. Como exemplo, gânglios cervicais posteriores afetados podem
sugerir rubéola e toxoplasmose; gânglios auriculares anteriores sugerem
afecções na conjuntiva e olhos; gânglios epitrocleares bilaterais são vistos na
sarcoidose, tularemia, sífilis secundária e hanseníase; gânglios axilares
unilaterais são vistos em tumores de mama, linfomas, infecções de
extremidades superiores, doença da arranhadura do gato e brucelose, entre
outros.
Quanto à história clínica, inicialmente, coleta-se uma história contada
livremente pelo paciente sem a interferência do examinador e, em seguida,
faz-se uma anamnese dirigida buscando informações complementares.
Deve-se determinar pela ótica do paciente, a forma, volume, velocidade de
crescimento, aspecto da superfície e borda, alteração de consistência,
sensibilidade espontânea ou à palpação, crescimento constante ou
interceptado por períodos de regressão, coalescência de linfonodos,
tendência à supuração ou drenagem de material purulento.
É importante perguntar como e em que data a linfadenomegalia foi
notada (essa data, geralmente, não coincide com a data de surgimento) para
, dessa forma, estimar se a evolução está sendo lenta (como em processos
malignos) ou aguda (como em processos inflamatórios).
As linfonodomegalias podem determinar a compressão e infiltração de
estruturas anatômicas de uma região e interferir na mobilidade de
extremidades, deglutição e/ou fonação, além de dor dorso-lombar
(característica da compressão dos plexos lombar e sacro), constipação
(acontece quando há aumento do volume concomitantemente dos
linfonodos para-aórticos e mesentéricos), ascite (comum na carcinomatose
peritoneal), edema de membros inferiores (quando linfonodos ilíacos ou
retroperitoneais comprimem a veia ilíaca), desconforto abdominal (quando
as vísceras estão comprimidas pelos linfonodos aumentados de volume) e até
alterações urinárias podem ser indício de linfadenopatia.
EXAME FÍSICO
Inspeção e palpação geralmente alcançam todas as cadeias
ganglionares superficiais. A ausculta e a percussão não possuem valor nesse
caso.
Inspeção: É conveniente observar a região corporal da topografia comum
das cadeias linfonodais. É prudente fazer a mobilização ativa e/ou passiva
para facilitar a inspeção. Um recurso válido é a comparação bilateral,
buscando assimetrias. A pele pode apresentar hiperemias, brilho, umidade e
até mesmo orifício de fistulação.
Palpação: Deve ser feita com as polpas digitais. Na palpação dos gânglios da
cabeça e pescoço, o paciente deverá fletir ligeiramente o pescoço, a fim de
manter a musculatura relaxada. Podem-se palpar as cadeias cervicais,
bilateral e simultaneamente. A seguir, palpam-se as fossas supraclaviculares
pesquisando gânglios, os quais nesses locais sempre indicam doenças. Por
fim, palpam-se os linfonodos da região axilar, epitroclear e de outros locais,
como inguinal.
A palpação de linfonodos é feita através de movimentos circulares com
os dedos, movendo a pele sobre os linfonodos das principais cadeias.
Caracterizam-se quanto à localização, tamanho, número, formato,
delimitação (isolados ou fundidos), mobilidade, temperatura, consistência,
hipersensibilidade, flutuação e fistulização.
É essencial estabelecer as dimensões em centímetros e sempre que
possível em 3 dimensões. Quando a forma for muito irregular e ficar difícil
de palpar uma das dimensões, deve-se anotar, ao menos, os dois maiores
diâmetros.
A linfonodomegalia ou adenomegalia, que é o aumento do tamanho
do linfonodo pode ter diversas causas, entre elas:
• Aumento do número de linfócitos e macrófagos durante a resposta
a antígenos em infecções bacterianas (estreptococcias,
estafilococcias, sífilis, tuberculose) e infecções virais (rubéola,
mononucleose);
• Neoplasias próprias dos linfonodos, como a doença de Hodgkin;
• Invasão de linfonodo por metástases neoplásicas de outros órgãos
do aparelho digestivo, rins, próstata, Útero, ovários, pele e osso;
• Invasão por fungos (blastomicose, cromomicose);
• Invasão por parasitos (estrongiloidíase);
• Infiltração dos linfonodos por macrófagos repletos de metabólitos
nas doenças lipídicas.
O número de linfonodos acometidos é importante principalmente
como valor prognóstico de metástases (maior número, pior prognóstico).
Em casos de acometimento generalizado, pode ser indicativo de
imunossupressão grave, doenças sistêmicas como AIDS ou linfoma.
Busca-se identificar se o formato é irregular e aderido aos planos
profundos, o que é mais indicativo de malignidade ou se formato é regular,
de paredes lisas e não aderidas aos planos profundos, o que é mais sugestivo
de benignidade.
Pesquisa-se a presença de dor à palpação e na presença desta, começar
pelas áreas menos dolorosas em direção à área mais sensível, do contrário, a
musculatura de defesa pode ser acionada ou mesmo diminuir a colaboração
do paciente (em casos de crianças), prejudicando o exame.
Com a superfície palmar ou dorsal dos dedos, nota-se a existência de
hipertermia local, que é sugestiva de processo inflamatório. Observa-se se
há formação de coleção purulenta (flutuação) e se houve exteriorização do
pus (fistulização).
Em geral, um linfonodo considerado normal tem o tamanho
aproximado de uma ervilha (observação: linfonodo inguinal, mesmo em
situação normal, pode medir de 0,5 a 2 cm), é indolor à palpação, liso,
móvel e de consistência macia, deformáveis e com rápido retorno a forma
inicial; já os linfonodos infecciosos são pouco ou muito dolorosos, de
consistência amolecida e não são aderidos a planos profundos e tendem a
regredir, com exceção de inflamações que podem levar à hiperplasia linfoide
benigna, que é quando ele permanece com volume aumentado, mas
assintomático (nesses casos, o linfonodo permanece aumentado
permanentemente devido infecções passadas, comum em linfonodos
cervicais anteriores e submandibulares); já linfonodos metastáticos, em
geral, são indolores, tem superfície irregular, crescem com o tempo e estão
aderidos. Ao notar um linfonodo alterado, deve-se examinar a área que ele
drena.
Localização dos grupos Drenagem
ganglionares
VAMOS PRATICAR
1. Ao exame físico são encontrados linfonodos de textura
homogênea, móveis, formato de feijão, achatados, indolores e de
consistência fibroelástica. Marque a alternativa que em geral se
relaciona a esta descrição.
a) Normais.
b) Infecciosos.
c) Fistulizantes.
d) Metastáticos.
e) Linfomatosos.
REFERÊNCIAS
Extensão Médica Acadêmica da FMUSP. Apostila de propedêutica. Edição
1- Exame clínico. Disponível em: <
http://www2.fm.usp.br/gdc/docs/ema_56_apostila_ema.pdf>. Acesso em
10 julho 2019.
BENSEÑOR, I. M.; ATTA, J. A.; MARTINS, M. A. . Semiologia Clínica.
1 ed. São Paulo: Savier, 2002.
ROCCO, J. R. . Semiologia Médica. 1 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
PORTO, C.C. ; PORTO, A. L. . Semiologia Médica. 7 ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2014.
LÓPES, M. LAURENTYS-MEDEIROS, J. Semiologia Médica. As bases
do diagnóstico clínico. 5 ed. Rio de Janeiro: Revinter, 2004.
9
Semiologia da Cavidade Oral
Afif Rirth Nery Aguiar
Aluísio Ferraz Arcoverde Filho
Analita de Almeida Fraga
Amanda Beatriz Diniz Soares
Andreza Serpa Otoni
Danilo Lima Medeiros
João Victor das Chagas Evaristo
João Victor Lugli Mantovani Perini
Lanniel Carvalho Leite de Lavor
Lucas Gomes Guimarães
Maria Clara Oliveira Machado da Costa
Nicole Falone Resende Honorato
Raimundo Victor Benigno de Sousa
Renata Paula Lima Beltrão
Yasmin Augusta Bezerra
INTRODUÇÃO
A cavidade bucal dispõe de um conjunto de estruturas banhadas pela
saliva, com flora microbiana própria de grande potencial defensivo, e
desempenha importantes funções referentes à mastigação dos alimentos e à
fonação.
A cavidade bucal tem formato oval. Possui limites: anteriormente, os
lábios, lateralmente, as bochechas, inferiormente, o soalho muscular,
posteriormente, o istmo da faringe e superiormente, o palato. Comunica-se
com o exterior pela abertura dos lábios e com a faringe, por meio do istmo
da garganta. O vestíbulo da cavidade bucal é o espaço entre as bochechas e
os lábios externamente e internamente entre os ossos (maxila e mandíbula) e
os dentes.
A cavidade bucal possui diversas estruturas, didaticamente divididas
em: vestíbulo da boca, cavidade bucal própria, lábios, mucosa jugal
(bochechas), mucosa do sulco vestibular, gengiva, língua, dentes, epitélio
bucal, glândulas salivares, saliva e a articulação temporomandibular (ATM).
Na avaliação semiológica da cavidade bucal, o médico deve seguir uma
sistematização que inclui todas essas estruturas.
As manifestações clínicas das afecções da cavidade bucal e de seus
anexos são muito variadas em função da complexidade estrutural desta
região. A idade, o sexo, os antecedentes pessoais e familiares, os hábitos de
vida, as condições socioeconômicas e culturais são itens importantes e
devem ser investigados na anamnese.
EXAME CLÍNICO
ANAMNESE
A anamnese do paciente com qualquer queixa de lesão de cavidade
oral deve conter o tempo de evolução da doença e presença de sintomas
como dor, prurido, dificuldade de alimentação ou alterações em outros
sistemas do organismo. Entretanto, muitas lesões podem ser notadas pelo
paciente ou ao exame físico sem causar sintomas. Deve-se pesquisar, ainda,
se as lesões são recorrentes, determinando a periodicidade de surgimento
das lesões e quanto tempo duram até haver remissão. A pesquisa dos
antecedentes pessoais é essencial e deve englobar tipo de alimentação,
creme dental, exposição a agentes físicos ou químicos, tabagismo, uso de
álcool e tratamentos prévios tópicos ou sistêmicos.
Os principais sinais e sintomas são: dor, limitação da abertura bucal,
disfunção da ATM, halitose, xerostomia, sangramento gengival, ulcerações,
nódulos, vesículas, bolhas, manchas e placas.
A causa mais comum de dor na cavidade bucal e odontalgia,
relacionadas às cáries dentárias em suas diversas fases, as alterações
pulpares e as periodontais. As principais características da odontalgia são
dor aguda, bem localizada, de curta duração que desaparece quando se
elimina a causa. Entretanto, caso ocorram processos inflamatórios nos
tecidos adjacentes a dor se torna contínua, irradiando para regiões
próximas dificultando a definição do local da sintomatologia. A intensidade
da dor modifica-se com a ingestão de substâncias quentes, frias, doces e
ácidas, que aumenta quando o paciente muda para decúbito dorsal por
aumento do fluxo sanguíneo local. As pulpites, osteomielites e alveolites são
outras causas possíveis de dor.
A halitose refere-se ao odor bucal desagradável, mau hálito, em geral
percebido por pessoas próximas e menos pelo próprio paciente. Requer
exame minucioso da cavidade bucal, mas também dos sistemas respiratório
e digestório, pele e mucosas. Em 90% dos casos de halitose a causa é local,
destacando-se a higiene bucal deficiente.
A limitação da abertura bucal consiste na dificuldade de abertura,
podendo ser temporária ou permanente, é chamada de trismo, podendo ter
causas intra ou extra articulares (ATM). O sangramento gengival é um
sintoma comum, relacionado com o ato de escovar os dentes.
EXAME FÍSICO
Para o exame da cavidade bucal, necessita-se, em primeiro lugar, de
boa iluminação. O paciente deve estar sentado de forma correta e
confortável para que haja bom acesso a todas as áreas da boca. O médico
coloca-se de frente, do lado direito ou à esquerda do paciente, fazendo o
exame dos lábios, bochechas, assoalho da boca, palato duro e mole, língua,
dentes e mucosa alveolar. Utilizam-se espátulas de madeira, afastador bucal
e gaze para prender e tracionar a língua.
A técnica de palpação varia de acordo com a região a ser examinada,
podendo ser digital ou bidigital (com dedos de uma ou de ambas as mãos)
ou digitopalmar. Os tecidos são suavemente pressionados entre as pontas
dos dedos ou entre os dedos e a palma da mão, e, às vezes, contra os ossos
subjacentes.
O exame deve iniciar-se com avaliação das condições gerais da boca
do paciente. Este processo inclui higiene bucal, condição dos dentes,
presença de lesões dos tecidos moles, uso de aparelhos protéticos ou
ortodônticos, falta de dentes, manifestação de tártaros (cálculos salivares) e
halitose. Depois desta avaliação geral, é feito o exame de cada uma das
estruturas anatômicas, a começar pelos lábios.
LÁBIOS
Inspeção: procuram-se alterações da cor e do formato, fissura e ocorrência
de lesões.
Palpação: é feita bidigitalmente, para determinar a textura, flexibilidade,
consistência dos tecidos superficiais e subjacentes. Os principais achados
são: palidez, nas anemias; cianose, nas cardiopatias congênitas; e
vermelhidão, na queilite.
LÍNGUA
Inspeção e palpação: o paciente deve abrir a boca e deixar a língua em
repouso, podendo-se, então, obter uma noção do tamanho e verificar a
ponta da língua e suas bordas laterais com relação aos dentes. A seguir, para
se conseguir a inspeção da maior superfície possível, pede-se ao paciente
que coloque a língua para fora, e, com uma gaze entre o indicador e o
polegar, o médico traciona-a delicadamente, de modo que sua superfície
lateral, base, superfície dorsal e lateral possam ser visualizadas. Puxando a
ponta da língua para cima, ou pedindo ao paciente que encoste a ponta da
língua na porção anterior do palato duro, é possível fazer a inspeção de sua
superfície ventral. A palpação bidigital da língua é feita puxando-a para fora
com a mão esquerda, como se fosse uma “pinça”, enquanto a mão direita,
com os dedos polegar e indicador, procura verificar a consistência e
eventuais alterações. Os movimentos intrínsecos e extrínsecos, horizontais,
verticais e circulares da língua são executados pelo paciente por solicitação
do médico.
MUCOSA JUGAL
Inspeção: é necessário inspecionar a mucosa das bochechas desde a
superfície anterior, junto da comissura labial, até o fórnix do vestíbulo
oposto à tuberosidade do maxilar. A bochecha deve ser afastada com o
auxílio de uma espátula de madeira para que se possa ter uma visão de toda
a sua superfície.
Palpação: é feita com o dedo polegar para fora da bochecha e o dedo
indicador na boca.
ASSOALHO DA BOCA
Inspeção: o paciente deve abrir bem a boca e colocar a língua para cima e
para trás. O exame da parte posterior é feito com o auxílio de uma espátula
de madeira para deslocar a língua lateralmente.
Palpação: deve ser bimanual, com o dedo indicador de uma das mãos
deslizando sobre o assoalho, acompanhado externamente pelos dedos da
mão oposta. O paciente deve estar com a cabeça e a mandíbula
ligeiramente voltadas para baixo, a fim de se conseguir o máximo
relaxamento dos músculos do assoalho da boca. As estruturas que podem
ser examinadas são: glândulas sublinguais e duetos, parte superior das
glândulas submaxilares e duetos e freio lingual.
DENTES
Inspeção: solicita-se ao paciente que abra a boca, e, com o auxílio de uma
espátula de madeira, afastam-se a mucosa jugal (bochechas) e os lábios.
Examina-se desde o último molar do lado direito até o último molar do lado
esquerdo. Para visualizar a arcada dentária superior, o paciente deve
inclinar a cabeça para trás. Pela inspeção, somente se consegue observar as
coroas dos dentes. Ademais, o exame completo de um dente apenas é
possível por meio de radiografias das arcadas dentárias. No exame dos
dentes, é fundamental considerar os seguintes aspectos: cor, presença de
manchas, tamanho, formato, estrutura anatômica, número, erosão, abrasão,
fraturas, macrodontia e cáries dentárias.
Palpação: é feita com os dedos indicador e polegar “em pinça” e serve
apenas para verificar a mobilidade dental.
GLÂNDULAS SALIVARES
Para o exame das glândulas salivares, usam-se a inspeção, a palpação e
a análise da secreção salivar.
Inspeção: com o auxílio de uma espátula de madeira, localiza-se a abertura
dos duetos das glândulas salivares. Para isso, pede-se ao paciente que abra a
boca, procurando na mucosa jugal (bochecha), no nível da coroa do
segundo molar superior, uma pequena elevação, que é o orifício terminal do
dueto parotídico. Quando há dificuldade, é feita uma compressão da
parótida por trás da borda posterior da mandíbula para produzir afluxo de
saliva, o que possibilita a localização do orifício. No paciente, com a boca
aberta e a ponta da língua no palato duro, é possível observar, de cada lado
do freio lingual, 2 pequenos orifícios em que desembocam os duetos
submandibulares. Ao lado, notam-se 2 elevações, as papilas sublinguais, nas
quais se podem ver os orifícios terminais dos condutos excretores das
glândulas sublinguais.
Palpação: é realizada com as porções digitais dos dedos de uma mão, com a
outra mão na cabeça do paciente, fazendo com ela pequenos movimentos
para relaxar os músculos. É necessário lembrar que a glândula parótida se
estende posteriormente e para cima do lobo da orelha, assim como para
baixo, anteriormente à borda anterior do músculo masseter. A palpação da
glândula submandibular é bimanual. Para isso, introduz-se 1 ou 2 dedos na
boca: ficando a outra mão para fora, sobre a região submandibular, em sua
superfície posterior. As demais glândulas salivares são difíceis de serem
palpadas. A palpação fornece informações sobre consistência, sensibilidade,
limites, flutuação, mobilidade, temperatura e ocorrência de massas nas
glândulas.
ARTICULAÇÃO TEMPOROMANDIBULAR
O exame da articulação temporomandibular compreende a inspeção, a
palpação e a ausculta da região correspondente em repouso e durante os
movimentos. É necessária uma sequência sistemática e completa, incluindo
a abertura da boca, o deslocamento dos processos condilares nas fossas
articulares e a avaliação da musculatura da articulação.
Inspeção: o examinador fica em frente ao paciente e solicita que ele abra e
feche a boca lentamente. Avalia-se, então, o grau de abertura da boca, que,
em pessoas normais, deve alcançar, entre as bordas dos dentes incisivos
superiores e inferiores, 35 a 55 mm. Neste movimento de abrir e fechar a
boca, é possível observar se existem ou não desvio da articulação e sinais de
tumefação.
Palpação: inicia-se pelos processos condilares, procurando-se verificar as
condições de deslizamento, anotando-se as alterações na excursão,
ocorrência de dor e ruídos.
Ausculta: é feita com o auxílio de um estetoscópio, colocando-se o receptor
sobre o masseter. Solicita-se ao paciente que abra e feche a boca
lentamente. Notam-se um crepitar suave na articulação normal e estalos em
uma articulação comprometida.
VAMOS PRATICAR
1. Sobre o exame clínico da cavidade oral, assinale a alternativa
CORRETA:
a) A halitose é causada, em sua maioria, devido causas sistêmicas.
b) A olfação, por seu caráter inespecífico, é pouco relevante no
exame físico da cavidade oral.
c) Doenças sistêmicas podem ter expressões na cavidade oral, salvo
na formação/manutenção dos dentes
d) No exame físico da língua deve ser realizada uma mobilização
ativa e passiva do órgão, para melhor visualização de sua parte
lateral e ventral.
e) O uso da espátula (abaixador de língua) deve ser realizado
avançando 1/3 na cavidade bucal sobre a língua, evitando o
desconforto e a possibilidade de indução do reflexo nauseoso no
paciente.
REFERÊNCIAS
MOORE. K. L.; et al. Anatomia Orientada para a Clínica.6ª ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.
CONSTANTINO, G. T. L.; MIZIARA, I. D. Lesões da Cavidade Oral.
Disponível em: http://www.mmdicinanet.com.br/revisões. 2008.
PORTO, C. C.; PORTO, A. L. Semiologia Médica. 7. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2014.
PORTO, C. C.; PORTO, A. L. Semiologia Médica. 8. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2019.
10
Semiologia Digestória
Iago Samuel Luciano de Moraes
Gabriel Rios Carneiro de Britto
Alba Angélica Nunes Mouta
Danielle Laís Lopes Barboza
Renata Paula Lima Beltrão
Thiago Santos Lima Almendra
Eduardo Augusto Lopes
Ramodnil de Moura Santos
EXAME CLÍNICO
ANAMNESE
A anamnese, na semiologia abdominal, pode fornecer mais
informações que do que exame físico. Dados simples pertencentes às
identificações do paciente, como a idade, naturalidade, procedência, cor e
gênero podem guiar o raciocínio para hipóteses diagnósticas mais precisas.
A doença diverticular colônica, por exemplo, é mais frequente após a
terceira década de vida; bem como a incidência da cirrose hepática, uma
vez que, entre os gêneros, atinge dois homens para cada mulher.
Como o sistema digestório é integrado, começando na boca e findando
no ânus, existe uma inter-relação entre os sinais e sintomas específicos que
devem ser investigados. Durante a anamnese completa, deve-se indagar
sobre disfagia, odinofagia, outras algias, eructação, rouquidão, distensão
abdominal, ascite, náusea, vômito, dispepsia, pirose, hiporexia, anorexia,
hematêmese, melena, hematoquezia, diarreia, esteatorreia, disenteria,
flatulência, constipação, tenesmo, perda ponderal inexplicada, anemia,
febre e desorientação.
É interessante buscar informações de afecções anteriores no Trato
Gastrointestinal (TGI), doenças hematológicas, infecciosas ou autoimunes,
antecedentes urológicos e ginecológicos, cirurgias prévias e cardiopatias.
Vale inquirir sobre a realização de exames de fezes anteriores
(parasitológicos, coprocultura, pesquisa de sangue oculto e substâncias
redutoras) e condições de doenças familiares.
Indagar sobre a história familiar pode ser definidor em casos de
doenças hereditárias e genéticas, a exemplo da polipose adenomatosa
familiar, câncer de cólon e doença de Chron.
É fundamental investigar hábitos alimentares recentes e passados, a
origem da água consumida, o saneamento básico, a recreação em lagoas, as
condições de higiene e o destino dos dejetos. Deve-se investigar o consumo
de bebidas alcoólicas e o tabagismo, qualificando e quantificando cada um.
Por fim, questiona-se sobre a ingesta de drogas lícitas e ilícitas, em
especial anti-inflamatórios não-esteroidais, que podem desencadear diversos
sintomas gástricos.
VAMOS PRATICAR
1. Sobre a dispepsia, marque a correta:
a) Dificuldade (demora) de digestão.
b) Dor/Desconforto na parte alta do abdome.
c) Sempre acompanhada de outros sintomas gastrointenstinais.
d) Todas estão corretas.
e) É a sensação de queimação.
EXAME FÍSICO
O posicionamento para a avaliação do paciente inclui o decúbito
dorsal, com braços rentes ao corpo, o abdome desnudo e com a bexiga
vazia, porém podem existir variações de postura conforme a busca de
informações específicas no exame físico.
Inspeção: o abdome atípico ou normal apresenta leve conformação
curvilínea, simetria, inobservância de movimentos peristálticos e ausência
de massas, cicatrizes, protuberâncias e redes vasculares notoriamente
implantadas.
A avaliação do contorno pode ser descrita especificamente ou
enquadrado nos tipos variantes conhecidos na literatura. Assim, temos:
Abdome escavado: côncavo e retraído. Com visualização facilitada da
topografia dos rebordos costais e espinhas ilíacas. Pode estar associado a
pacientes com desnutrição grave, resultante de síndromes disabsortivas,
dietas carenciais ou doenças consuptivas.
Abdome globoso ou protuberante: predomínio nítido do diâmetro
anteroposterior sobre o transversal. Corriqueiramente correlacionado à
obesidade, podendo derivar de ascite, distensões gasosas de alças intestinais,
pneumoperitônio, visceromegalias ou massas.
Abdome batráquio: predomínio nítido do diâmetro transversal sobre o
anteroposterior. Mais notório quando o paciente assume o DD, com
acentuação da dilatação dos flancos. Pode ser observado na fase de
regressão dos casos de ascite.
Abdome em avental: resultante do acúmulo de tecido adiposo subcutâneo
na parede abdominal, juntamente com o enfraquecimento da musculatura,
provocando queda do tecido sobre as coxas, gerando um aspecto de
“avental”. Característico em pessoas com obesidade de grau elevado e
melhor evidenciado em ortostase. Uma variação desse tipo é o pendular ou
ptótico, associado ao puerpério.
FIGURA 10.2 A – ABDOME ATÍPICO;
FIGURA 10.3 A – ABDOME ESCAVADO;
FIGURA 10.4 A – ABDOME GLOBOSO;
FIGURA 10.5 A– ABDOME BATRÁQUIO;
FIGURA 10.6 A– ABDOME EM AVENTAL.
FONTE: AUTORIA PRÓPRIA.
DICIONÁRIO
Anorexia – falta de apetite.
Ascite – acúmulo de líquido anormal na cavidade abdominal.
Diarreia – aumento da quantidade de líquido nas fezes, comumente seguido
do aumento do volume e do número de evacuação.
Disenteria – é a presença de diarreias de conteúdo mucosssanguinolento,
associado a cólicas.
Disfagia – dificuldade de deglutir os alimentos
Dispepsia – é a sensação que descreve o mal funcionamento do sistema
digestório alto. Engloba o desconforto epigástrico, distensão abdominal
gasosa, náusea e sensação de saciedade precoce.
Equimoses – é uma infiltração de sangue nos tecidos do organismo,
especialmente no subcutâneo, devido à ruptura de capilares.
Eructação – é a expulsão do ar proveniente do estômago pela boca.
Conhecido popularmente como arroto.
Esteatorreia – aumento do teor gorduroso das fezes.
Esplenomegalia – aumento do volume do baço.
Fecaloma – são fezes enduradas por desidratação que exercem efeito de
massa, com estagnação no reto.
Flatulência – emissão de gases pelo ânus.
Hiporexia – reduzida concentração de oxigênio no sangue arterial.
Hematêmese – saída de conteúdo sanguinolento pela boca, proveniente do
TGI, especialmente esôfago e estômago.
Hematoquezia – a presença de sangue vermelho vivo nas fezes, resultante
de hemorragias digestivas altas.
Melena – conteúdo fecalóide pastoso, fétido, escuro e brilhante, resultante
de hemorragias do sistema digestivo alto, processados pela digestão.
Odinofagia – dor ao deglutir os alimentos.
Ortostase – ato de se manter em pé, na posição anatômica padrão.
Pirose – desconforto epigástrico ou retroesternal em queimação, comum
após as refeições
Tenesmo – espasmo doloroso do esfíncter retal ou vesical, com desejo
contínuo mas quase inútil de evacuar ou urinar
REFERÊNCIAS
JAIMOVICH, C. A.; MAZZARONE, F.; PARRA, J. F. N.; PITANGUY, I.
Semiology of the Abdominal Wall: its Value in Planning Abdominoplasty.
Rev. Soc. Bras. Cir. Plást., Rio de Janeiro, v. 14, n. 3, p. 21–38, 1999.
LÓPEZ, M.; MEDEIROS, J. L. Semiologia Médica. 5. ed. São Paulo:
Atheneu, 2015.
MENEGHELLI, U. G.; MARTINELLI, A. L. C. Princípios de
semiotécnica e de interpretação do exame clínico do abdômen. Rev. da
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto e do Hospital das Clínicas da
FMRP, Ribeirão Preto, v. 37, n. 3–4, p. 267–285, 2004.
PORTO, C. C.; PORTO, A. L. Semiologia Médica. 7. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2014.
RIBEIRO, M. C. B. Semiologia abdominal. Minas Gerais: Departamento
de Cirurgia da Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro, 2015. 44
slides, color. Disponível em:
<http://www.ebserh.gov.br/documents/147715/0/Semiologia+abdominal
.pdf/1c6adf4f-e22d-43b8-8aca-636ebe5be636>. Acesso em: 03 nov. 2017.
11
Suporte Básico de Vida
Tom Ravelly Mesquita Costa
Pedro Henrique dos Santos Silva
Alba Angélica Nunes Mouta
Samuel Davi Sousa Lopez
Augusto César Beltrão da Silva
Renata Paula Lima Beltrão
DIRETRIZES
Com o intuito de padronizar a abordagem ao paciente em PCR, a
American Heart Association criou, no ano de 1963, um comitê específico para a
RCP. No ano de 1966, foram estabelecidas as primeiras normas
padronizadas para o desempenho no manuseio da PCR. Ao longo dos anos,
diversas atualizações foram desenvolvidas e emitidas, sendo vigente a do ano
2017.
CADEIAS DE SOBREVIVÊNCIA
Com o propósito de organizar e hierarquizar os comandos em uma
situação de PCR no ambiente extra-hospitalar, foi criado a cadeia de
sobrevivência. A principal ênfase desse conjunto de procedimentos é a
identificação dos chamados “Ritmos Cardíacos Chocáveis”. Os ritmos
cardíacos chocáveis são os ritmos de batimentos cardíacos onde a ativação
do desfibrilador externo automático promove o reestabelecimento do ritmo
cardíaco regular. A importância dessa identificação precoce se dá
principalmente pelo fato de que quanto antes for realizada a desfibrilação
do paciente maior será o aumento de sua sobrevida, de forma diretamente
proporcional.
Para que a cadeia de sobrevivência no SBV ocorra de maneira eficaz,
é necessário o apoio das pessoas que estejam no ambiente, de modo que seja
realizado o correto reconhecimento da situação de PCR, a convocação do
suporte de socorro de emergência móvel, as manobras de RCP, e ocorra, de
maneira adequada, o manuseio do DEA.
Diante disso, a RCP se divide nos seguintes passos:
1. RECONHECIMENTO DA CENA
Todo e qualquer atendimento de emergência em saúde em ambiente
extra-hospitalar deve-se ter como atitude inicial a verificação do ambiente
em que o paciente se encontra e a garantia de segurança para o profissional
que irá prestar socorro. Ambientes que exponham o socorrista a risco de
vida ou complicações sempre devem ser evitados até que haja condições
seguras para o atendimento ou meios adequados para que os riscos sejam
contornados.
Por exemplo, em um caso de atropelamento em uma rodovia de alto
fluxo de carros, onde o paciente se encontra à deriva na estrada, o socorrista
não deve realizar nenhum tipo de investida e se expor ao risco de um novo
atropelamento antes que seja possível contornar e controlar a situação.
Socorristas que não possuam equipamentos de proteção individual (EPIs)
também podem limitar sua intervenção somente ao momento em que estes
estiverem disponíveis.
4. COMPRESSÕES TORÁCICAS
Logo ao identificar uma situação de PCR (vítima inconsciente, com
ausência de respiração e ausência de pulso central), as compressões
torácicas devem ser iniciadas de forma imediata. A perfusão sanguínea
proporcionada pela correta realização das manobras de RCP é fundamental
para aumentar a possibilidade de reversão da PCR e reduzir as chances de
sequelas por hipóxia.
Desse modo, é fundamental que as manobras sigam à risca a técnica
correta, de modo a potencializar sua eficácia:
1. Compressões de alta qualidade:
As compressões torácicas realizadas durante a realização de uma RCP
são fatores determinantes da qualidade do atendimento prestado. O
socorrista deve agir com rapidez e perspicácia, para evitar o retardo no
início das compressões e para que elas sejam realizadas da forma mais
eficaz.
O número de compressões a serem realizadas deve estar entre 100 e
120 compressões por minuto, nunca saindo desse intervalo. De preferência
deve haver revezamento entre as pessoas que realizam a compressão a cada
2 minutos, de modo a evitar que a fadiga reduza a qualidade do
atendimento realizado.
O posicionamento do socorrista é de fundamental relevância para
haver qualidade das compressões realizadas. Deve-se colocar a região
hipotênar da mão dominante no centro do tórax do paciente, de modo a
obter-se apoio durante as manobras. A mão não dominante deve ser
colocada paralelamente sobre a primeira (imagem 3). Os cotovelos devem
estar completamente estendidos, de modo a formar um ângulo de 90º com
o plano horizontal. Essa postura também é importante para minimizar o
esforço dos membros superiores e reduzir a fadiga durante o atendimento
possibilitando maior eficácia da compressão cardíaca (figura 11.5).
A correta realização das compressões deve levar a uma depressão do
tórax entre 5 a 6 centímetros. O profissional deve sempre estar lateralmente
ao tórax do paciente, e não sobre ele. A importância desse posicionamento é
permitir que o coração tenha espaço suficiente para se encher novamente a
cada ciclo da massagem.
As compressões torácicas não devem ser interrompidas até que chegue
o DEA ou que o paciente se movimente.
FIGURA 11.4 - POSICIONAMENTO CORRETO DAS MÃOS.
FONTE: AUTORIA PRÓPRIA.
FIGURA 11.5 - POSIÇÃO CORRETA PARA REALIZAÇÃO DE RCP.
FONTE: AUTORIA PRÓPRIA.
5. VENTILAÇÃO
Na apresentação de um quadro súbito de PCR, a necessidade de
ventilação imediata é menor, pois geralmente o conteúdo arterial de
oxigênio é suficiente para evitar níveis importantes de hipoxemia durante
certo tempo.
Entretanto, o procedimento de ventilação é muito importante para
garantir a redução da possibilidade de sequelas como efeitos secundários ao
período de hipoxemia.
1. Abertura das vias aéreas;
O procedimento de ventilação necessita inicialmente da correta
abertura das vias aéreas, de modo que o ar transmitido através da ventilação
possa ter seu trânsito facilitado até o parênquima pulmonar.
A abertura das vias aéreas poderá ser feita por meio de duas
manobras: a de Chin-Lift, a qual consiste na elevação do queixo e extensão
da cabeça; e a de Jaw-Thrust, que consiste na tração da mandíbula
anteriormente (figura 11.4). É importante ressaltar que em pacientes com
possibilidade de trauma cervical a abertura deve ser feita apenas com a
elevação da mandíbula. Após a abertura das vias aéreas, se deve verificar a
presença de alguma respiração espontânea.
FIGURA 11.6 - MANOBRA DE CHIN-LIFT.
FONTE: AUTORIA PRÓPRIA.
FIGURA 11.7 - MANOBRA DE JAW-THRUST.
FONTE: AUTORIA PRÓPRIA.
2. Técnica de ventilação:
A ventilação pode ser feita basicamente de três formas:
• Ventilação sem proteção total para o socorrista que realiza a RCP:
Conduta: Ventilação boca a boca ou boca-nariz. Na respiração boca a
boca, o profissional deve fechar as narinas do paciente, estender sua cabeça
e elevar sua mandíbula e, em seguida, realizar dois sopros, com sua boca
sobre a boca aberta do paciente. Na respiração boca-nariz, mais comum em
crianças e recém-nascidos, o profissional deve estender a cabeça e elevar a
mandíbula, realizando dois sopros que englobem, simultaneamente a boca e
o nariz do paciente.
• Ventilação com dispositivos de barreira e válvulas:
Existem os dispositivos faciais com válvulas unidirecionais, que, por
serem unidirecionais, permitem a proteção do indivíduo que realiza a RCP;
e existem as máscaras portáteis de bolso, que envolvem a boca e o nariz da
vítima e possuem válvula unidirecional.
• Dispositivos bolsa-válvula-máscara:
São dispositivos mais simples do que a ventilação mecânica e são
usados normalmente por profissionais de saúde, possuindo maior
efetividade quando a RCP é conduzida por duas pessoas. No ambiente
hospitalar, esses equipamentos são denominados coloquialmente como
“AMBU”.
FIGURA 11.8 - VENTILAÇÃO COM UM SOCORRISTA.
FONTE: AUTORIA PRÓPRIA.
VAMOS PRATICAR
1. Na reanimação cardiopulmonar do adulto, é CORRETO
afirmar:
a) Iniciar pelas compressões torácicas, com frequência entre 100-
120/minutos, minimizando as interrupções, com profundidade entre
5-6cm (3 polegadas), permitindo um retorno total, e com 30
compressões x 2 ventilações com 2 socorristas e 15 compressões x 1
ventilação com 1 socorrista.
b) Iniciar pelas compressões torácicas, com frequência acima de
100/minutos, minimizando as interrupções, com profundidade entre
5-6cm (2 polegadas), permitindo um retorno total, e com 30
compressões x 2 ventilações, independente de 1 ou 2 socorristas.
c) Iniciar pelas compressões torácicas, com frequência entre 90-
120/minutos, minimizando as interrupções, com profundidade entre
4-6cm (3 polegadas), permitindo um retorno total, e com 30
compressões x 2 ventilações com 2 socorristas e 15 compressões x 1
ventilação com 1 socorrista.
d) Iniciar pelas compressões torácicas, com frequência entre 100-
120/minutos, minimizando as interrupções, com profundidade entre
5-6cm (2 polegadas), permitindo um retorno total, e com 30
compressões x 2 ventilações, independente de 1 ou 2 socorristas.
e) Iniciar pelas compressões torácicas, com frequência aproximada a
100/minutos, minimizando as interrupções, com profundidade entre
5-6cm (2 polegadas), permitindo um retorno total, e com 30
compressões x 2 ventilações, independente de 1 ou 2 socorristas.
2. Durante um passeio, você percebe um senhor desacordado. Na
primeira avaliação da vítima, como um profissional da área da
saúde, você procura perceber a possibilidade de uma Parada
Cardiorrespiratória. Assim, marque o CORRETO:
a) É necessário avaliar resposta ao chamado e capacidade
respiratória. Caso não responda, não respire ou apresente respiração
anormal, deve-se iniciar de imediato a reanimação cardiopulmonar
pelas compressões torácicas.
b) É necessário avaliar resposta ao chamado e capacidade
respiratória. Caso não responda, não respire ou apresente respiração
anormal, deve-se acionar de imediato o sistema de atendimento de
emergência e iniciar a reanimação cardiopulmonar.
c) É necessário avaliar resposta ao chamado, pulso e capacidade
respiratória. Caso não responda, não possua pulso, não respire ou
apresente gasping, deve-se acionar de imediato o sistema de
atendimento de emergência e iniciar a reanimação cardiopulmonar.
d) É necessário avaliar resposta ao chamado, pulso e capacidade
respiratória. Caso não responda, não possua pulso, não respire ou
apresente gasping, deve-se, na sequência, iniciar a reanimação
cardiopulmonar, buscar o DEA e acionar o sistema de atendimento
de emergência.
e) É necessário avaliar resposta ao chamado, pulso e capacidade
respiratória. Caso não responda, não possua pulso, não respire ou
apresente gasping, deve-se, na sequência, realizar 2 ventilações de
resgate, iniciar a reanimação cardiopulmonar, buscar o DEA e
acionar o sistema de atendimento de emergência.
FIGURA 11.12 - FLUXOGRAMA PARA ATENDIMENTO EM CASOS DE
ATENDIMENTOS EM ACIDENTES OU OUTRAS SITUAÇÕES NECESSÁRIAS.
REFERÊNCIAS
AMERICAN HEART ASSOCIATION. Destaques das atualizações
específicas das diretrizes de 2017 da American Heart Association Para
Suporte Básico de Vida em Pediatria e para Adultos e Qualidade da
Ressuscitação c/ardiopulmonar. ECCguidelines.heart.org. 2017.
AMERICAN HEART ASSOCIATION. Destaques das Diretrizes da
American Heart Association 2015: Atualizações das diretrizes para RCP e
ACE. DALLAS Texas, 2015.
AMERICAN HEART ASSOCIATION. Web-based Integrated Guidelines
for Cardiopulmonary Resuscitation and Emergency Cardiovascular Care –
Part 11: Pediatric Basic Life Support and Cardiopulmonary Resuscitation
Quality. ECCguidelines.heart.org. 2017.
LIMA. C. A. et. al. Suporte avançado de vida na parada
cardiorrespiratória: aspectos teóricos e assistenciais. Revista da Universidade
Vale do Rio Verde, Três Corações, v. 13, n. 1, p. 653-663, 2015
MARTINS, Herlon Saraiva et al. Emergências clínicas: abordagem prática.
2012.
Ministério da Saúde – Departamento de Tecnologia e Informação do SUS.
Morbidade Hospitalar do SUS – Por local de internação. Disponível em:
<http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sih/cnv/niuf.def>. Acesso
em: 02 de jul de 2019.
MIYADAHIRA A. M. et al. Ressuscitação cardiopulmonar com a utilização
do desfibrilador externo semiautomático: avaliação do processo ensino-
aprendizagem. Rev. Esc. Enferm. USP vol.42 nº.3, São Paulo, set. 2008.
MORI, S; WHITAKER, I.Y; MARIN, H. F. Estratégias tecnológicas de
ensino associadas ao treinamento em Suporte Básico de Vida. Acta paul.
infere., São Paulo, v. 24, n. 5, 2011.
SILVA, A. S.; ALMEIDA. O. S. Suporte Avançado de Vida e as novas
diretrizes da American Heart Association 2010: um levantamento
bibliográfico. Rev.Saúde.Com, Vitória da Conquista- BA, v. 9 n.1, 2013.
Anexos
CAPÍTULO 5
GRUPO 01
Foto de uma atividade realizada com os alunos do primeiro período
utilizando uma forma de metodologia ativa. A atividade foi realizada da
seguinte maneira: os estudantes foram divididos em grupos, cada grupo
teria que estudar sobre os tipos de fácies existentes, depois disso, teriam que
criar uma representação gráfica dos diversos tipos de fácies. A imagem
acima foi o resultado da atividade de um dos dois grupos que optou por
utilizar a massa de biscuit. Deve-se observar que algumas fáceis foram
demonstradas em apenas um dos grupos e que algumas delas são diferentes
das demonstradas no nosso livro, pois dependendo da fonte utilizada,
podemos encontrar outras fontes.
GRUPO 02
CAPÍTULO 7
Atividade realizada durante uma reunião da LISEMPI. Inicialmente
foi ministrada uma aula sobre semiologia do sistema respiratório. Em
seguida os ligantes foram divididos em grupos para confeccionar moldes
com massa de biscuit dos tipos de tórax.
Tórax cifoescoliótico
Tórax em tonel
Tórax infudibuliforme
Tórax cariniforme