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MANUAL DE

CARDIOLOGIA
PARA GRADUAÇÃO
MANUAL DE
CARDIOLOGIA
PARA GRADUAÇÃO
Coordenador:
Coordenador:
Valério Marcelo Vasconcelos
do Nascimento
Valério Marcelo Vasconcelos do
Revisores:
Ideltônio José Feitosa Barbosa
Ivson Cartaxo Braga
José René Garcia Arévalo

Autores:
Amanda Duarte Oliveira
Amanda Ferreira Vigó
Ana Beatriz Nepomuceno Cunha
Ana Mel Maria de Souza
Bruna da Luz Parente Sampaio
Fábia Lívia Ramos Brilhante de França
Fernando José Lianza Dias Filho
Gilvandro de Assis Abrantes Leite Filho
Ideltônio José Feitosa Barbosa
Igor Oliveira Meneses
João Victor Fernandes de Paiva
José René Garcia Arévalo
Juliana Vieira de Oliveira Salerno
Karoline Frazão Bezerra
Palmira Gomes Amaral
Paulo Sérgio Franca de Athayde Júnior
Rayanne Kalinne Neves Dantas
Vanessa Serrano Bezerra
Vítor Pedro Lira de Andrade
PREFÁCIO

A Liga Acadêmica de Cardiologia da Paraíba (CARDIOLIGA-PB) surgiu em 2016 a partir de um grupo


de alunos com o interesse em comum no estudo e aprofundamento acerca desta especialidade,
com o apoio essencial de grandes mestres. Em seus 2 anos de existência, a Liga propiciou diversas
discussões, debates e oportunidades em áreas clínicas e científicas. Baseando-se no aprendizado
e questionamentos suscitados pela experiência nesta área e na vivência durante o curso de
Medicina, surge o interesse de compilar de forma simplificada o conhecimento cardiológico
necessário para graduandos de Medicina.

O livro “Cardiologia para graduação” consiste em uma iniciativa dos membros da Liga Acadêmica
de Cardiologia da Paraíba, apoiados pela Editora Sanar e seus orientadores, visando condensar
as informações essenciais para o aprendizado e prática cardiológica durante a graduação,
possibilitando a criação de um conhecimento duradouro que permita uma prática médica mais
segura, atualizada e científica. O livro é composto por 16 capítulos, que partem do princípio
de permitir um entendimento maior sobre os temas cardiológicos com uma leitura de fácil
entendimento, viabilizando o reconhecimento de fatores de risco, realização de diagnósticos
seguros e precoces, compreensão e aplicação de intervenções terapêuticas corretas e viáveis, e
um domínio atualizado sobre os temas a serem abordados na graduação.

João Victor Fernandes de Paiva


Presidente da CARDIOLIGA-PB (Gestão 2016 - 2017)

Rayanne Kalinne Neves Dantas


Presidente da CARDIOLIGA-PB (Gestão 2017 - 2019)
CARDIOLOGIA PARA A GRADUAÇÃO
AGRADECIMENTOS

Agradecemos a todos os envolvidos na produção deste Livro, em especial a cada um dos


orientadores e colaboradores que se dispuseram a contribuir e nos guiar nessa construção.
Agradecemos a Editora Sanar por seu entusiasmo e apoio com a criação e distribuição de
conteúdo médico de qualidade. Agradecemos a cada um dos membros da CARDIOLIGA-PB por
seu interesse e disponibilidade. Agradecemos aos nossos professores e mestres de todas as áreas
médicas, a quem devemos o conhecimento necessário para a criação e realização deste livro.
Agradecemos a Faculdade de Medicina Nova Esperança (FAMENE) e ao Hospital Universitário
Nova Esperança (HUNE) pelo apoio e criação de oportunidades. Por fim, agradecemos a cada um
dos acadêmicos de Medicina que estão iniciando esta leitura, acreditamos que sua dedicação e
esforço farão a diferença no futuro da Medicina brasileira.

João Victor Fernandes de Paiva


Presidente da CARDIOLIGA-PB (Gestão 2016 - 2017)
AUTORES
AMANDA DUARTE OLIVEIRA

Acadêmica de medicina da Faculdade de Medicina Nova Esperança. Membro da Liga Acadêmica


de Cardiologia da Paraíba (CARDIOLIGA - PB).

AMANDA FERREIRA VIGÓ


Acadêmica de medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Paraíba. Membro da Liga
Acadêmica de Cardiologia da Paraíba (CARDIOLIGA - PB)

ANA BEATRIZ NEPOMUCENO CUNHA

Acadêmica de medicina da Faculdade de Medicina Nova Esperança. Membro da Liga Acadêmica de


Cardiologia da Paraíba (CARDIOLIGA - PB)

ANA MEL MARIA DE SOUZA

Acadêmica de medicina do Centro Universitário de João Pessoa. Membro da Liga Acadê-


mica de Cardiologia da Paraíba (CARDIOLIGA - PB)

BRUNA DA LUZ PARENTE SAMPAIO

Acadêmica de medicina da Faculdade de Medicina Nova Esperança. Membro da Liga Aca-


dêmica de Cardiologia da Paraíba (CARDIOLIGA - PB)

FÁBIA LÍVIA RAMOS BRILHANTE DE FRANÇA

Médica. Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina Nova Esperança. Clínica geral.

FERNANDO JOSÉ LIANZA DIAS FILHO

Residente de Cardiologia. Graduado em Medicina pela Faculdade de Medicina Nova Esperança,


Residente de Cardiologia no Hospital Agamenon Magalhães, e fez residência de Clínica Médica
pela FAMENE.
GILVANDRO DE ASSIS ABRANTES LEITE FILHO

Acadêmico de medicina da Faculdade de Medicina Nova Esperança. Membro da Liga Aca-


dêmica de Cardiologia da Paraíba (CARDIOLIGA - PB)

IGOR OLIVEIRA MENESES

Acadêmico de medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Paraíba. Membro da Liga Acadêmica


de Cardiologia da Paraíba (CARDIOLIGA - PB)

IDELTÔNIO JOSÉ FEITOSA BARBOSA

Bacharel em Ciências Biológicas pela UFPB, mestre em Radiogenética pela UFPB e doutor
em Odontologia/Laser pela UNICSUL. Professor de biofísica e fisiologia da Faculdade de
Medicina da UFPB, FAMENE, FCM-JP e UNIPÊ e da Faculdade da área da saúde da Santa
Emília de Rodat e da FPB-Laureate. Foi membro do Conselho Superior de Ensino da UFPB,
Secretário Municipal de Saúde de Rio Tinto-PB e diretor do laboratório de análises clínicas
da Maternidade Santa Rita de Cássia.

JOÃO VICTOR FERNANDES DE PAIVA

Acadêmico de medicina da Faculdade de Medicina Nova Esperança. Membro da Liga Aca-


dêmica de Cardiologia da Paraíba (CARDIOLIGA - PB)

JOSÉ RENÉ GARCIA ARÉVALO

Graduado em Medicina pela Faculdade de Ribeirão Preto da USP e especialista em cardiologia


pelo Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto da USP. Fez aperfeiçoamento em Medicina Comuni-
tária pelo Project Concern USA e em ecocardiografia pelo Instituto Dante Pazanesse. Mestre em
Medicina pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP e doutor em Medicina pela USP.
É professor da FAMENE, onde atua nas áreas de cardiologia, ecocardiografia, semiologia médica,
epidemiologia clínica, medicina baseada em evidências e educação a distância.
JULIANA VIEIRA DE OLIVEIRA SALERNO

Acadêmico de medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Paraíba. Membro da Liga


Acadêmica de Cardiologia da Paraíba (CARDIOLIGA - PB).

KAROLINE FRAZÃO BEZERRA

Acadêmica de medicina da Faculdade de Medicina Nova Esperança. Membro da Liga Aca-


dêmica de Cardiologia da Paraíba (CARDIOLIGA - PB)

PALMIRA GOMES AMARAL

Acadêmica de medicina da Faculdade de Medicina Nova Esperança. Membro da Liga Aca-


dêmica de Cardiologia da Paraíba (CARDIOLIGA - PB).

PAULO SÉRGIO FRANCA DE ATHAYDE JÚNIOR

Residente em Medicina Geral, Família e Comunidade, pós-graduando em terapia inten-


siva, membro da equipe de terapia intensiva do Hospital de Saúde da Mulher e Amigo
da Criança Dr Peregrino Filho. Antigo integrante da CARDIOLIGA-PB. Graduado em Medi­
cina pela Faculdade de Medicina Nova Esperança, Residente em Medicina Geral, Família
e Comunidade pela Faculdade de Medicina Nova Esperança, pós-graduando em terapia
intensiva pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira - Faculdade Redentor e mem­
bro membro da equipe de terapia intensiva do Hospital de Saúde da Mulher e Amigo da
Criança Dr Peregrino Filho. Antigo integrante da Liga Acadêmica de Cardiologia da Paraíba
(CARDIOLIGA-PB).

RAYANNE KALINNE NEVES DANTAS

Acadêmica de medicina da Faculdade de Medicina Nova Esperança. Membro da Liga Acadêmica


de Cardiologia da Paraíba (CARDIOLIGA - PB).
VANESSA SERRANO BEZERRA

Acadêmica de medicina da Faculdade de Medicina Nova Esperança. Membro da Liga Aca-


dêmica de Cardiologia da Paraíba (CARDIOLIGA - PB)

VÍTOR PEDRO LIRA DE ANDRADE

Acadêmico de medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Paraíba.


REVISORES TÉCNICOS
IDELTÔNIO JOSÉ FEITOSA BARBOSA

Bacharel em Ciências Biológicas, mestre em Radiogenética e doutor em Odontologia. Professor


da Faculdade de Medicina da UFPB, FAMENE, FCM-JP e UNIPÊ e da Faculdade da área da saúde da
Santa Emília de Rodat e da FPB-Laureate. Bacharel em Ciências Biológicas pela UFPB, mestre em
Radiogenética pela UFPB e doutor em Odontologia/Laser pela UNICSUL. Professor de biofísica e
fisiologia da Faculdade de Medicina da UFPB, FAMENE, FCM-JP e UNIPÊ e da Faculdade da área da
saúde da Santa Emília de Rodat e da FPB-Laureate. Foi membro do Conselho Superior de Ensino
da UFPB, Secretário Municipal de Saúde de Rio Tinto-PB e diretor do laboratório de análises clíni-
cas da Maternidade Santa Rita de Cássia.

IVSON CARTAXO BRAGA

Médico, especialista em Cardiologia e Ecocardiografia e professor da FAMENE. Graduado em


Medicina pela Universidade Federal da Paraíba, fez residência em Cardiologia pelo Pronto So­
corro Cardiológico de Pernambuco (PROCAPE – Universidade de Pernambuco). Especialista em
Ecocardiografia pelo PROCAPE – UPE e em Cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia
(SBC). Médico cardiologista do Hospital Agamenon Magalhães e médico preceptor do internato
e professor de Cardiologia da Faculdade de Medicina Nova Esperança.

JOSÉ RENÉ GARCIA ARÉVALO

Médico, mestre e doutor em medicina, especialista em Cardiologia e ecocardiografia e professor


da FAMENE. Graduado em Medicina pela Faculdade de Ribeirão Preto da USP e especialista em
cardiologia pelo Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto da USP. Fez aperfeiçoamento em Medici­
na Comunitária pelo Project Concern USA e em ecocardiografia pelo Instituto Dante Pazanesse.
Mestre em Medicina pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP e doutor em Medicina
pela USP. É professor da FAMENE, onde atua nas áreas de cardiologia, ecocardiografia, semiologia
médica, epidemiologia clínica, medicina baseada em evidências e educação a distância.
VALÉRIO MARCELO VASCONCELOS DO NASCIMENTO (O COORDENADOR
GERAL DO LIVRO)

Médico e jornalista, especialista em Cardiologia, Ecodopplercardiografia adulto e Gestão Hospita-


lar, e pós-graduado em Ecocardiografia sob stress farmacológico. Médico pesquisador no InCor/
FMUSP e no NUPEC-UFPB. Médico graduado pela UFPB e jornalista. Especialista em Cardiologia
pelo Instituto Dante Pazzanese, Ecodopplercardiografia adulto e Gestão Hospitalar, e pós-gradu­
ado em Ecocardiografia sob stress farmacológico. Membro titulado da SBC e membro da SOCESP.
Médico pesquisador no Instituto do Coração da Faculdade de Medicina da USP(InCor/FMUSP) e
no Centro de Biotecnologia e Núcleo de pesquisa experimental e clínica em cardiologia da UFPB
(NUPEC-UFPB). Foi médico assistente da diretoria do Hospital do Servidor Público Estadual de
São Paulo (HSPE), médico da Escola Paulista de Medicina (EPM-USP), cardiologista do grupo de
transplante pulmonar da EPM, coordenador da Unidade de Dor Torácica da HSPE, diretor médico
assistencial adjunto e chefe do serviço de cardiologia e de ecocardiografia do Hospital Universi-
tário da UFPB.
SUMÁRIO

FISIOLOGIA DO SISTEMA CIRULATÓRIO CAPÍTULO 1

1. CORAÇÃO...........................................................................................................................23
1.1. Anatomia funcional do coração.....................................................................................................23
1.2. Estrutura elétrica do coração...........................................................................................................27
2. FISIOLOGIA CARDÍACA.....................................................................................................31
2.1. Propagação do potencial de ação cardíaco...............................................................................31
2.2. O ciclo cardíaco.....................................................................................................................................34
3. HEMODINÂMICA...............................................................................................................39
3.1 Energética de sístole e fluxo..............................................................................................................39
3.2 Débito cardíaco, pressão e fluxo sanguíneo...............................................................................42
REFERÊNCIAS.........................................................................................................................47

SEMIOLOGIA CARDIOVASCULAR CAPÍTULO 2


1

1. ANAMNESE.........................................................................................................................49
1.1 Identificação ...........................................................................................................................................49
1.2 Sinais e sintomas....................................................................................................................................51
2. SEMIOTÉCNICA..................................................................................................................55
2.1 Inspeção e palpação ............................................................................................................................56
2.2 Ausculta cardíaca ..................................................................................................................................59
REFERÊNCIAS.........................................................................................................................68

HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA


CAPÍTULO 3

1. INTRODUÇÃO....................................................................................................................69
2. EPIDEMIOLOGIA..............................................................................................................70
3. DIAGNÓSTICO..................................................................................................................70
3.1 Preparo do paciente.............................................................................................................................71
3.2. Para a medida propriamente dita..................................................................................................71
3.3 Automedida da pressão arterial (AMPA).....................................................................................72
3.4 Monitorização residencial da pressão arterial (MRPA)...........................................................73
3.5 Monitorização ambulatorial da pressão arterial de 24 horas (MAPA)..............................73
4. CLASSIFICAÇÃO...............................................................................................................73
4.1 Normotensão verdadeira...................................................................................................................74
4.2 Hipertensão sistólica isolada............................................................................................................74
4.3 Hipertensão do avental branco.......................................................................................................74
4.4 Hipertensão mascarada......................................................................................................................75
5. AVALIAÇÃO CLÍNICA.......................................................................................................76
5.1 Anamnese cuidadosa..........................................................................................................................76
5.2 Exame físico criterioso.........................................................................................................................76
6. AVALIAÇÃO LABORATORIAL .........................................................................................76
7. ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO............................................................................................77
8. IDENTIFICAÇÃO DE LESÕES SUBCLÍNICAS DE ÓRGÃOS-ALVO.................................78
9. CONDIÇÕES CLÍNICAS ASSOCIADAS À HIPERTENSÃO..............................................78
10. PREVENÇÃO PRIMÁRIA..................................................................................................78
10.1 Medidas não-medicamentos.........................................................................................................78
10.2 Medidas medicamentosas .............................................................................................................78
10.3 Estratégias para implementação de medidas de prevenção ...........................................79
11. DECISÃO TERAPÊUTICA E METAS................................................................................79
11.1 Metas a serem atingidas em conformidade com as características individuais .... 80
11.2 Tratamento não medicamentoso e abordagem multidisciplinar ..................................80
11.3 Suplementação de cálcio e magnésio .......................................................................................82
11.4 Tratamento medicamentoso .........................................................................................................82
11.5 Esquemas terapêuticos ...................................................................................................................89
12. NOVA DIRETRIZ DA AMERICAN HEART ASSOCIATION / AMERICAN COLLEGE OF
CARDIOLOGY, EM NOVEMBRO DE 2017. O QUE MUDOU........................................93
REFERÊNCIAS........................................................................................................................94

SÍNDROME CORONARIANA AGUDA CAPÍTULO 4

1. INTRODUÇÃO.....................................................................................................................95
2. EPIDEMIOLOGIA................................................................................................................96
3. FISIOPATOLOGIA...............................................................................................................97
4. DIAGNÓSTICO....................................................................................................................99
4.1 Angina pectoris....................................................................................................................................101
5. ANGINA ESTÁVEL............................................................................................................103
6. SÍNDROME CORONARIANA AGUDA S EM SUPRADESNÍVEL DE SEGMENTO ST......104
6.1. Angina instável....................................................................................................................................106
6.2 IAM SEM SUPRA DE ST.......................................................................................................................108
6.3 Achados clínicos das SCASST..........................................................................................................108
6.4 Estratificação de risco........................................................................................................................109
6.5 Diagnóstico das SCASST...................................................................................................................112
6.6 Tratamento clínico da SCASST........................................................................................................114
6.7 Tratamento intervencionista da SCASST....................................................................................119
7. SÍNDROME CORONARIANA COM SUPRADESNIVELAMENTO DO SEGMENTO ST....120
7.1 Achados clínicos da SCACST...........................................................................................................120
7.2 Diagnóstico da SCACST.....................................................................................................................122
7.3 Tratamento clínico da SCACST.......................................................................................................126
7.4 Terapia de reperfusão........................................................................................................................130
REFERÊNCIAS.......................................................................................................................133

INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CAPÍTULO 5

1. INTRODUÇÃO...................................................................................................................135
2. FATORES PRECIPITANTES DE IC......................................................................................136
3. FISIOPATOLOGIA.............................................................................................................137
4. MECANISMOS COMPENSATÓRIOS................................................................................138
4.1 Ativação neuro-hormonal................................................................................................................139
4.2 Sistema renina-angiotensina-aldosterona (SRAA).................................................................139
4.3 Outros mecanismos compensatórios.........................................................................................140
5. DIAGNÓSTICO..................................................................................................................141
5.1 Anamnese e exame físico.................................................................................................................143
5.2 Exames complementares.................................................................................................................143
5.3 Peptídeos natriuréticos ....................................................................................................................143
5.4 Ecocardiograma...................................................................................................................................144
5.5 Radiografia de tórax...........................................................................................................................144
5.6 Eletrocardiograma...............................................................................................................................144
5.7 Ressonância magnética....................................................................................................................145
5.8 Estudo hemodinâmico......................................................................................................................145
5.9 Ergoespirometria.................................................................................................................................145
6. CLASSIFICAÇÃO...............................................................................................................145
6.1 Baseada em sintomas........................................................................................................................145
6.2 Baseada na progressão.....................................................................................................................146
6.3 Baseada na fração de ejeção...........................................................................................................147
6.4 Baseada no tempo de aparecimento..........................................................................................147
7. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS............................................................................................150
7.1 Sinais e Sintomas.................................................................................................................................150
7.2 Exame físico ..........................................................................................................................................151
8. TRATAMENTO...................................................................................................................153
8.1 Medidas não-farmacológicas.........................................................................................................153
8.2 Tratamento farmacológico..............................................................................................................154
REFERÊNCIAS .....................................................................................................................159

CARDIOMIOPATIAS CAPÍTULO 6

1. CARDIOMIOPATIA DILATADA.........................................................................................162
1.1 Fisiopatologia........................................................................................................................................162
1.2 Quadro clínico ......................................................................................................................................163
1.3 Exame físico...........................................................................................................................................163
1.4 Exames complementares.................................................................................................................164
1.5 Tratamento.............................................................................................................................................165
2. CARDIOMIOPATIA HIPERTRÓFICA.................................................................................167
2.1 Fisiopatologia........................................................................................................................................167
2.2 Fatores de risco para morte súbita...............................................................................................171
2.3 Quadro clínico.......................................................................................................................................171
2.4 Exame físico...........................................................................................................................................173
2.5 Exames complementares.................................................................................................................173
2.6 Tratamento farmacológico..............................................................................................................174
3. CARDIOMIOPATIA RESTRITIVA......................................................................................176
3.1 Fisiopatologia........................................................................................................................................176
3.2Quadro clínico........................................................................................................................................177
3.3 Exame físico...........................................................................................................................................177
3.4 Exames complementares.................................................................................................................177
3.5 Tratamento.............................................................................................................................................178
4. DISPLASIA OU CARDIOMIOPATIA ARRITMOGÊNICA DO VENTRÍCULO DIREITO �������178
4.1 Fisiopatologia........................................................................................................................................179
4.2 Quadro clínico.......................................................................................................................................179
4.3 Diagnóstico............................................................................................................................................180
4.4 Exames complementares.................................................................................................................182
4.5 Tratamento.............................................................................................................................................183
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................184

TAQUIARRITMIAS CAPÍTULO 7

1. INTRODUÇÃO...................................................................................................................185
2. DETERMINANDO A FREQUÊNCIA..................................................................................185
3. MECANISMOS DE AÇÃO.................................................................................................187
4. DIAGNÓSTICO.................................................................................................................188
5. EXTRASSÍSTOLES............................................................................................................189
6. TAQUICARDIA SINUSAL.................................................................................................191
7. TAQUICARDIA SUPRAVENTRICULAR PAROXÍSTICA....................................................192
8. REENTRADA EM VIA ACESSÓRIA...................................................................................196
9. SÍNDROME DE WOLFF-PARKINSON-WHITE.................................................................197
10. FIBRILAÇÃO ATRIAL......................................................................................................199
11. FLUTTER ATRIAL............................................................................................................201
12. TAQUICARDIA ATRIAL..................................................................................................202
13. TAQUICARDIA VENTRICULAR......................................................................................203
14. CANALOPATIAS............................................................................................................210
REFERÊNCIAS .....................................................................................................................214

BRADIARRITMIAS CAPÍTULO 8

1. INTRODUÇÃO...................................................................................................................215
2. DISFUNÇÕES DO NSA DISFUNÇÕES DO NÓ SINOATRIAL........................................216
2.1 Bloqueio Sinoatrial..............................................................................................................................217
2.2 Pausa sinusal..........................................................................................................................................218
2.3 Síndrome de Bradicardia-Taquicardia.........................................................................................219
3. DISTÚRBIOS DE CONDUÇÃO ATRIOVENTRICULAR .....................................................219
3.1 Achados clinicos...................................................................................................................................222
3.2 Diagnóstico e exames complementares....................................................................................222
3.3 Tratamento.............................................................................................................................................223
4. INDICAÇÕES DE MARCA-PASSO CARDÍACO.................................................................224
REFERÊNCIAS......................................................................................................................225
VALVOPATIAS CAPÍTULO 9

1. ESTENOSE AÓRTICA........................................................................................................227
1.1 Etiologia...................................................................................................................................................227
1.2 Fisiopatologia........................................................................................................................................228
1.3 Fatores de risco.....................................................................................................................................229
1.4 Sinais e sintomas..................................................................................................................................229
1.5 Exame físico...........................................................................................................................................229
1.6 Exames Complementares................................................................................................................230
1.7 Tratamento farmacológico..............................................................................................................232
1.8 Tratamento cirúrgico..........................................................................................................................233
2. INSUFICIÊNCIA AÓRTICA...............................................................................................235
2.1 Etiologia...................................................................................................................................................235
2.2 Fisiopatologia........................................................................................................................................235
2.3 Sinais e sintomas..................................................................................................................................237
2.4 Exame físico...........................................................................................................................................237
2.5 Exames complementares.................................................................................................................238
2.6 Tratamento farmacológico..............................................................................................................239
2.7 Tratamento cirúrgico..........................................................................................................................240
3. ESTENOSE MITRAL.........................................................................................................240
3.1 Etiologia...................................................................................................................................................240
3.2 Fisiopatologia........................................................................................................................................241
3.3 Sinais e sintomas..................................................................................................................................241
3.4 Exame físico...........................................................................................................................................242
3.5 Exames complementares.................................................................................................................243
3.6 Tratamento farmacológico ............................................................................................................246
3.7 Tratamento invasivo...........................................................................................................................248
4. INSUFICIÊNCIA MITRAL:.................................................................................................250
4.1 Etiologia...................................................................................................................................................250
4.2 Fisiopatologia........................................................................................................................................251
4.3 Insuficiência Mitral Crônica.............................................................................................................251
4.4 Insuficiência mitral aguda................................................................................................................252
4.5 Sinais e sintomas.................................................................................................................................252
4.6Exame físico............................................................................................................................................252
4.7 Exames complementares.................................................................................................................253
4.8 Tratamento farmacológico..............................................................................................................253
4.9 Tratamento cirúrgico..........................................................................................................................254
5. PROLAPSO DA VALVA MITRAL......................................................................................256
5.1 Etiologia...................................................................................................................................................257
5.2 Sinais e sintomas..................................................................................................................................257
5.3 Exame físico...........................................................................................................................................258
5.4 Exames complementares.................................................................................................................258
5.5 Tratamento farmacológico..............................................................................................................259
5.6 Tratamento cirúrgico..........................................................................................................................259
6. ESTENOSE TRICÚSPIDE..................................................................................................260
6.1 Etiologia...................................................................................................................................................260
6.2 Fisiopatologia........................................................................................................................................260
6.3 Sinais e sintomas..................................................................................................................................261
6.4 Exame físico...........................................................................................................................................261
6.5 Exames complementares.................................................................................................................261
6.6 Tratamento farmacológico..............................................................................................................262
6.7 Tratamento cirúrgico..........................................................................................................................263
7. INSUFICIÊNCIA TRICÚSPIDE..........................................................................................263
7.1 Etiologia...................................................................................................................................................264
7.2 Fisiopatologia........................................................................................................................................264
7.3 Sinais e sintomas..................................................................................................................................264
7.4 Exame Físico..........................................................................................................................................265
7.5 Exames Complementares................................................................................................................265
7.6 Tratamento farmacológico .............................................................................................................265
7.7 Tratamento cirúrgico..........................................................................................................................266
8. ESTENOSE PULMONAR..................................................................................................268
8.1 Etiologia...................................................................................................................................................267
8.2 Fisiopatologia........................................................................................................................................267
8.3 Sinais e sintomas..................................................................................................................................267
8.4 Exame físico...........................................................................................................................................268
8.5 Exames Complementares................................................................................................................268
8.6 Tratamento.............................................................................................................................................268
9. INSUFICIÊNCIA PULMONAR..........................................................................................268
9.1 Etiologia...................................................................................................................................................269
9.2 Fisiopatologia........................................................................................................................................269
9.3 Sinais e sintomas..................................................................................................................................269
9.4 Exame físico ..........................................................................................................................................269
9.5 Exames Complementares................................................................................................................270
9.6 Tratamento.............................................................................................................................................270
REFERÊNCIAS .....................................................................................................................271
ENDOCARDITE INFECCIOSA CAPÍTULO 10

1. INTRODUÇÃO...................................................................................................................273
2. EPIDEMIOLOGIA..............................................................................................................274
3. MICROBIOLOGIA..............................................................................................................274
4. FISIOPATOLOGIA.............................................................................................................275
5. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS............................................................................................276
6. DIAGNÓSTICO.................................................................................................................278
7. AVALIAÇÃO PROGNÓSTICA............................................................................................280
8. TRATAMENTO...................................................................................................................280
9. PROFILAXIA.....................................................................................................................283
REFERÊNCIAS .....................................................................................................................285

PERICARDITE CAPÍTULO 11

1. INTRODUÇÃO...................................................................................................................287
2. ETIOLOGIA........................................................................................................................288
3. FISIOPATOLOGIA.............................................................................................................290
4. APRESENTAÇÃO CLÍNICA...............................................................................................290
5. DIAGNÓSTICO..................................................................................................................291
5.1 Eletrocardiograma...............................................................................................................................291
5.2 Ecocardiograma...................................................................................................................................292
5.3 Radiografia de tórax...........................................................................................................................293
5.4 Ressonância magnética cardíaca (RMC).....................................................................................293
5.5 Angiotomografia de coronárias....................................................................................................293
5.6 Exames laboratoriais..........................................................................................................................294
6. TRATAMENTO .................................................................................................................294
7. TAMPONAMENTO CARDÍACO.......................................................................................295
REFERÊNCIAS .....................................................................................................................297

CHOQUE CARDIOGÊNICO CAPÍTULO 12

1. INTRODUÇÃO...................................................................................................................299
2. ETIOLOGIA .......................................................................................................................300
3. DIAGNÓSTICO..................................................................................................................301
4. CLASSIFICAÇÃO...............................................................................................................302
5. TRATAMENTO...................................................................................................................303
REFERÊNCIAS .....................................................................................................................306

EMERGÊNCIAS HIPERTENSIVAS CAPÍTULO 13

1.INTRODUÇÃO..................................................................................................................307
2.FISIOPATOLOGIA.............................................................................................................308
3. CLASSIFICAÇÃO...............................................................................................................308
4. ENCEFALOPATIA HIPERTENSIVA....................................................................................309
5. HIPERTENSÃO ACELERADA MALIGNA OU NEFROESCLEROSE HIPERTENSIVA MALIG-
NA...................................................................................................................................310
6. SÍNDROMES CORONARIANAS AGUDAS........................................................................311
7. EDEMA AGUDO DE PULMÃO HIPERTENSIVO...............................................................312
8. PRÉ-ECLÂMPSIA E ECLÂMPSIA......................................................................................312
9. DISSECÇÃO AGUDA DE AORTA......................................................................................313
10. ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO............................................................................316
REFERÊNCIAS .....................................................................................................................318

MORTE SÚBITA PARADA CARDIORESPIRATÓRIA CAPÍTULO 14

1. INTRODUÇÃO..................................................................................................................319
2. EPIDEMOLOGIA..............................................................................................................320
3. ETIOLOGIA.......................................................................................................................320
4. RITMOS CARDÍACOS .....................................................................................................321
5. PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA EXTRA-HOSPITALAR (PCREH)..........................322
6. PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA INTRA-HOSPITALAR (PCRIH)............................323
7. FATORES DE RISCO PARA A MORTE SÚBITA ..............................................................323
8. ABORDAGEM ..................................................................................................................324
8.1 SUPORTE BÁSICO DE VIDA...............................................................................................................324
8.2SUPORTE AVANÇADO DE VIDA.......................................................................................................326
8.3 CUIDADOS PÓS- PCR..........................................................................................................................329
REFERÊNCIAS......................................................................................................................330
ELETROCARDIOGRAMA FISIOLÓGICO CAPÍTULO 15

1. INTRODUÇÃO..................................................................................................................349
2. EIXO ELÉTRICO.................................................................................................................353
3. INTERPRETANDO O RITMO CARDÍACO.........................................................................355
4. PAREDES MIOCÁRDICAS E AS DERIVAÇÕES ELETROCARDIOGRÁFICAS...................359
REFERÊNCIAS.......................................................................................................................360

EXAMES COMPLEMENTARES EM CARDIOLOGIA:


CONCEITOS BÁSICOS CAPÍTULO 16

1. RADIOGRAFIA DE TÓRAX...............................................................................................361
1.1 Anatomia radiológica do tórax......................................................................................................362
2. ELETROCARIODRAMA DE ESFORÇO..............................................................................364
3. ELETROCARDIOGRAFIA PELO SISTEMA HOLTER.........................................................367
4. ECOCARDIOGRAFIA........................................................................................................368
4.1 Ecocardiograma transtorácico.......................................................................................................369
4.2 Ecocardiograma sob estresse.........................................................................................................370
4.3 Ecocardiograma transesofágico....................................................................................................370
4.4 Ecocardiograma com Doppler.......................................................................................................371
5. CATETERISMO CARDÍACO..............................................................................................373
6. TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA............................................................................374
7. RESSONÂNCIA MAGNÉTICA..........................................................................................375
8. CINTILOGRAFIA MIOCÁRDICA......................................................................................376
REFERÊNCIAS.....................................................................................................................379
Fisiologia do CAPÍTULO

sistema circulatório
Ideltônio José F. Barbosa | Rayanne Kalinne N. Dantas
1
O que você irá ver nesse capítulo:

✓ 1. Coração
✓ 2. Fisiologia Cardíaca
✓ 3. Hermodinâmica
✓ 4. Referência

1. CORAÇÃO

1.1. Anatomia funcional do coração

O coração é um órgão cavitário oco formado por quatro cavidades or-


ganizadas a partir do tecido cardíaco. Esse tecido cardíaco está desdobra-
do em três tecidos que juntos compõe a própria estrutura do coração: Epi-
cárdio, miocárdio e endocárdio. O epicárdio camada tecidual serosa mais
externa do coração, enquanto o endocárdio é a camada interna contínua
com a estrutura do endotélio do vasos que chegam e saem do coração.O
miocárdio, por sua vez, é a camada média, o tecido cardíaco de função,
com estruturas elétricas associadas.
O coração tem a forma de cone truncado e está situado entre os pul-
mões, repousando sua base no músculo diafragma, atrás do esterno e das
costelas e projetado em 40o para o lado esquerdo.

23
CAPÍTULO 1

FIGURA 1: Estrutura cardíaca

ESTRUTURA DO CORAÇÃO

Pericárdio

Diafragma
O coração é envolvido por um saco
membranoso cheio de líquido, o pericárdio

Aorta

Artéria pulmonar
Veia cava superior

Aurícola do átrio esquerdo


Átrio direito
Artéria e veia coronárias

Ventículo direito
Ventrículo esquerdo

Os ventrículos ocupam a maior


parte do coração. Todas as ar-
térias e veias se fixam à base
do coração.

Discos Células musculares


intercalares miocárdias

As células musculares miocárdicas são ramificadas, têm um único núcleo e são ligadas umas às outras
por junções especializadas conhecidas como discos intercalares.

FONTE: Silverthorn (2003)

24
FISIOLOGIA DO SISTEMA CIRCULATÓRIO

Considerando a função cardíaca, o coração bombeia a montante até


que retorne às suas próprias cavidades, cerca de 5 litros de sangue por
minuto para aproximadamente 100 mil quilômetros de vasos sanguíneos.
Esses valores podem variar com as dimensões corporais, de forma contí-
nua e reiterada ao longo da vida do indivíduo, com suas atividades antes
do nascimento e, muitas vezes, terminando após a condição de morte ce-
rebral. Essas atividades, contudo, só podem ser analisadas se antes der-
mos uma olhada na organização anatômica do coração.

FIGURA 2: Cavidades cardíacas

Aorta

veia cava superior artéria pulmonar

veias pulmonares

átrio direito átrio esquerdo


valva mitral

valva pulmonar valva aórtica

valva tricúspide

ventrículo esquerdo
ventrículo direito

O coração é composto por quatro cavidades ocas, observadas na figura


2, por onde o sangue flui, a partir da contração da estrutura muscular do
próprio tecido cardíaco. As cavidades superiores, ou átrios, são separadas
completamente pelo septo interatrial em átrio direito e átrio esquerdo,
não havendo comunicação ou mistura de sangue entre elas. São as
cavidades que recebem o sangue no coração e o transfere para o seu
respectivo ventrículo.
As cavidades inferiores, ou ventrículos, são separadas completamente
pelo septo interventricular em ventrículo direito e ventrículo esquerdo,
não havendo comunicação ou mistura de sangue. São as cavidades que
distribuem o sangue do coração para as artérias. Considerando a estrutura
de comunicação entre átrios e ventrículos, vamos localizar o septo
atrioventricular, sede dos óstios atrioventriculares direito e esquerdo, que
comunicam o átrio ao seu respectivo ventrículo.

25
CAPÍTULO 1

De forma geral, podemos observar, a partir da figura 3, que o sangue


chega ao coração a partir das veias que chegam aos átrios e passam para
os ventrículos através dos óstios atrioventriculares direito e esquerdo,
onde estão inseridas as valvas atrioventriculares direita e esquerda (res-
pectivamente tricúspide e mitral). Dos ventrículos, o sangue é bombeado,
através das valvas semilunares pulmonar no lado direito e aórtica no lado
esquerdo, para as suas respectivas artérias.

FIGURA 3: Movimento do sangue nas cavidades cardíacas.

veia cava superior


aorta

Aos pulmões

valvula pulmonar
Dos pulmões

átrio esquerdo
átrio direito

valvula mitral

valvula tricúspide valvula aórtica

ventrículo direito ventrículo esquerdo

veia cava inferior


sangue oxigenado

sangue não oxigenado aorta descendente

O sangue que chega ao átrio direito, trazido pelas veias cavas inferior
e superior, trata-se de sangue venoso proveniente dos tecidos do corpo.
Uma vez enchendo a cavidade atrial, ele é bombeado, através da valva
atrioventricular direita, para o ventrículo direito, cuja contração impele
esse sangue venoso para o tronco pulmonar através da valva semilunar.

26
FISIOLOGIA DO SISTEMA CIRCULATÓRIO

FIGURA 4: Valvas atrioventriculares e semilunares.

Válvula pulmonar

Válvula aórtica

Válvula mitral

Válvula tricúspide

O sangue que chega ao átrio esquerdo é trazido pelas veias pulmona-


res, em número de quatro, tratando-se de sangue arterial proveniente dos
pulmões. Uma vez enchendo a cavidade atrial, este é bombeado, através
da valva atrioventricular esquerda, para o ventrículo esquerdo, cuja con-
tração impele esse sangue venoso através da valva semilunar aórtica para
a artéria aorta.

1.2. Estrutura elétrica do coração

Iremos encontrar no coração dois tipos de estruturas elétricas:


as células que compõem o tecido de geração do potencial de ação
cardíaco, cuja organização é denominada marcapasso cardíaco, e as
células que se organizam a partir da composição do próprio miocárdio
para conduzir o impulso elétrico, denominado sincício cardíaco. Vamos
estudar separadamente a organização destes tecidos para poder unir tal
informação quando descrevermos a propagação do potencial de ação
cardíaco. A figura 5 mostra de forma geral a estrutura do coração elétrico:

27
CAPÍTULO 1

Figura 5: Coração elétrico

1.2.1. Marcapassos atriais

O marcapasso atrial, nó sinoatrial (NSA) e nó atrioventricular (NAV) são


as estruturas responsáveis pela geração do potencial de ação cardíaco,
sendo o NSA localizado na parede do átrio direito, na desembocadura das
veias cavas, enquanto o NAV está situado imediatamente acima da inser-
ção do anel valvar atrioventricular direito. Pela própria localização das es-
truturas, podemos definir suas funções.
O NSA é o marcapasso responsável por iniciar o potencial de ação car-
díaco, sendo sua frequência denominada de ritmo sinusal, de 50 a 100 dis-
paros por minuto em um indivíduo normal e em repouso. Já o NAV, é res-
ponsável por transferir o impulso dos átrios para os ventrículos e tem uma
frequência de 40 a 60 disparos por minuto, estando subjugado ao ritmo
sinusal. Os potencias elétricos gerados nos marcapassos por movimento
iônico em fases distintas, se distribuem, como visto na figura 6, pelo tecido
de condução cardíaco e suas junções comunicantes.

28
CAPÍTULO

Semiologia Cardiovascular
João Victor Fernandes De Paiva | Karoline Frazão Bezerra
2
O que você irá ver nesse capítulo:
✓ 1. Anamnese
✓ 2. Semiotécnica
✓ 3. Referências

1. ANAMNESE

Na semiologia cardiovascular, assim como no exame de todos os sis-


temas, a realização de uma anamnese completa e detalhada é essencial
para nortear toda a avaliação do paciente, além de permitir sugestões de
patologias e prognósticos.

1.1 Identificação

No primeiro tópico da anamnese, deve-se realizar correlações com


dados epidemiológicos e atentar para características da vida do paciente
que possam demonstrar susceptibilidade a algumas patologias.

49
CAPÍTULO 2

Figura 1. Ilustração exemplificando patologias mais associadas à determinada faixa


etária.

IDADE

Crianças/Jovens Pacientes com mais


menores de 20 anos de 50 anos
Doenças congênitas e Angina e Infarto Agudo do
Moléstia Reumática Miocárdio

Pacientes entre 20 e 50 anos

Chagas e Hipertensão

Figura 2. Ilustração exemplificando patologias mais prevalentes no sexo feminino e


masculino.

SEXO

Maior
incidência de: Maior incidência
Estenose/Prolapso de: aterosclerose
mitral coronariana

50
SEMIOLOGIA CARDIOVASCULAR

Tabela 1. Relação prevalente entre algumas características e patologias


cardiovasculares.

CARACTERÍSTICA ATENÇÃO PARA:

Etnia (Negros) Maior incidência de H.A. e em maior intensidade

Profissão Esforço Físico/Estresse

Naturalidade/Residência Doenças Endêmicas (Chagas)

Antecedente de Infecções Estreptocócicas Lesões valvares reumáticas

Lesões Renais Presença de H.A.

Histórico de transtornos psicológicos Sintomatologia de causa psicológica

Hábitos de vida Doenças relacionadas com: alimentação/tabagis-


mo/alcoolismo/sedentarismo

1.2 Sinais e sintomas.

A avaliação e compreensão das queixas referidas pelos pacientes são


de grande importância para a suspeição diagnóstica e definição do curso
de tratamento e prognóstico. Assim, na semiologia do sistema cardiovas-
cular, se faz
1.2 Sinais necessário conhecer os principais quadros relacionados e ob-
e sintomas
servar casos importantes
A avaliação e compreensão parareferidas
das queixas diagnóstico diferencial.
pelos pacientes são de grande importância para a
suspeição diagnóstica e definição do curso de tratamento e prognóstico. Assim, na semiologia do sistema
cardiovascular, se faz necessário conhecer os principais quadros relacionados e observar casos
importantes 1.2.1 DOR TORÁCICA
para diagnóstico diferencial.

1.2.1 DOR TORÁCICA


Fluxograma 1. Características de dor torácica de diferentes etiologias.

DOR CARDÍACA AÓRTICA → Dissecção de aorta: súbita, lancinante,


intensa, retroesternal, que irradia para
pescoço, ombros e região interescapular.

PERICÁRDICA → Pericardite: Dor aguda e contínua, em constrição ou


queimação retroesternal, em direção ao ápice, que piora
com inspiração / tosse / deglutição, e melhora com
ISQUÊMICA inclinação do tórax ou posição genupeitoral.

→ Síndrome coronariana: relacionada à hipóxia celular, dor constritiva (aperto),


retroesternal (restrita ou precordial), leve, moderada ou intensa, que irradia para mandíbula,
região cervical, MMSS, região epigástrica e região interescapulovertebral.

Fluxograma 1. Características de dor torácica de diferentes etiologias.

Tabela 2. Caracterização da dor torácica nas diferentes síndromes coronarianas.

TIPO DURAÇÃO 51 FATORES ASSOCIADOS

Provocada por esforço físico e


Angina Estável Até 10 minutos estresse, e melhorada com
repouso e nitrato sublingual.
Pode ocorrer em repouso, e
Angina Instável Até 20 minutos também melhora com nitrato
sublingual.
CAPÍTULO 2

Tabela 2. Caracterização da dor torácica nas diferentes síndromes coronarianas.

TIPO DURAÇÃO FATORES ASSOCIADOS


Esforço, estresse, melhora com
Angina Estável Até 10 minutos
repouso e Nitrato sublingual.
Semelhante↑, pode ocorrer em
Angina Instável Até 20 minutos repouso, melhora com Nitrato
sublingual.
Não alivia com repouso nem
IAM Mais de 20 minutos
Nitrato sublingual.

Tabela 3. Caracterização da dor torácica em diversos diagnósticos diferenciais.

DIAGNÓSTICO CARACTERÍSTICA FATORES ASSOCIADOS


Dor pleurítica ou em Início súbito, presença de dispneia/he-
Tromboembolismo
aperto, em região retro- moptise, relacionada com pós-operatório,
pulmonar
esternal. TVP e imobilização prolongada
Dor pleurítica na região Duração variável, piora com inspiração/
Pleurite tosse, melhora com decúbito preferencial.
envolvida
Dor pleurítica, aguda, Piora com inspiração/ tosse, apresenta
Pneumotórax
unilateral. dispneia e murmúrios reduzidos.
Dor em queimação em Apresenta disfagia e regurgitação, piora
Refluxo gastroesofágivo região epigástrica e retro- com a deglutição, e decúbito pós-pran-
esternal. dial, melhora com IBPs e antiácidos.

Dor nas articulações cos- Piora com palpação e movimentos do


Dor osteomuscular tocondrais e costoesternal tórax, melhora com analgésicos e pode
e nas cartilagens costais. apresentar sinais flogísticos.
Aumenta com estresse, sem relação com
Dor “surda” – de difícil esforço, presença de palpitações, dispneia
Dor psicogênica localização, difusa, pro- suspirosa, dormência e astenia, alívio com
funda. repouso /analgésicos e placebos.

1.2.2 PALPITAÇÕES

Trata-se de um sintoma largamente referido na prática clínica, consis-


tindo na percepção incômoda dos batimentos cardíacos. Faz-se necessá-
rio avaliar frequência e ritmo cardíacos, duração das palpitações, fatores
desencadeantes, grau de incômodo, ocorrência de síncope e pré-síncope,
conhecimento de cardiopatia estrutural e história familiar de morte súbi-
ta. Podem estar relacionadas ao esforço (desaparecendo com o repouso e

52

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