Você está na página 1de 129

Ademir Ferreira da Silva Júnior

Márcia Cristina Freitas da Silva


Tinara Leila de Souza Aarão
Patrick Roberto Gomes Abdoral
[Organizadores]

INTEGRANDO SABERES: compartilhando experiências e inovações na


atenção básica e saúde da família

Volume 2

Belém/PA
2023
CORPO EDITORIAL

Editor-Chefe

Tassio Ricardo Martins da Costa


Enfermeiro, Mestrado em andamento, Universidade do Estado do Pará (UEPA). Editor-
chefe, Editora Neurus. Professor Universitário. Consultor em Desenvolvimento de Pesquisa
em Ciências da Saúde. Belém, Pará, Brasil.

Editora-Executiva

Ana Caroline Guedes Souza Martins


Enfermeira. Mestre em Ensino em Saúde na Amazônia (ESA), Universidade do Estado do
Pará (UEPA). Doutoranda, Programa de Doutorado Acadêmico Pesquisa Clínica em
Doenças Infecciosas, Instituto Nacional de Infectologia da Fundação Oswaldo Cruz (INI-
FIOCRUZ-RJ). Docente do Curso de Graduação em Enfermagem da UEPA. Belém, Pará,
Brasil.

Editora-Técnica

Niceane dos Santos Figueiredo Teixeira


Enfermeira, Universidade da Amazônia (UNAMA). Mestranda no Programa de Pós-
graduação em Criatividade e Inovação em Metodologias de Ensino Superior, Universidade
Federal do Pará (UFPA). Especialização em Unidade de Terapia Intensiva adulto e em
Estomaterapia, Faculdade Venda Nova do Imigrante (FAVENI). Belém, Pará, Brasil.

Conselho Editorial

Sting Ray Gouveia Moura


Fisioterapeuta. Mestre em Gestão de Empresas, Faculdade Pitágoras em Marabá. Doutor
em Educação Física, Universidade Católica de Brasília (UCB), Marabá, Pará, Brasil.

Adriana Letícia dos Santos Gorayeb


Enfermeira. Mestre em Ensino em Saúde na Amazônia (ESA). Doutoranda, Programa de
Doutorado Profissional em Ensino em Saúde na Amazônia (ESA). Universidade do Estado
do Pará (UEPA). Reitora do Centro Universitário da Amazônia (UniFAMAZ), Pará, Brasil.

Simone Aguiar da Silva Figueira


Enfermeira. Mestre em Ensino em Saúde na Amazônia (ESA). Doutoranda, Programa de
Doutorado Profissional em Ensino em Saúde na Amazônia (ESA). Docente na Universidade
do Estado do Pará (UEPA), Campus Santarém, Pará, Brasil.
Selma Kazumi da Trindade Noguchi
Fisioterapeuta. Mestre em Ensino em Saúde na Amazônia (ESA). Doutoranda, Programa
de Doutorado Profissional em Ensino em Saúde na Amazônia (ESA). Universidade do
Estado do Pará (UEPA). Belém, Pará, Brasil.

Sarah Lais Rocha


Enfermeira. Mestre em Ensino em Saúde na Amazônia (ESA). Doutoranda, Programa de
Doutorado Profissional em Ensino em Saúde na Amazônia (ESA). Docente na Universidade
do Estado do Pará (UEPA), Campus Marabá. Coordenadora do curso de Enfermagem da
Faculdade Carajás, Pará, Brasil.

Suanne Coelho Pinheiro Viana


Enfermeira. Mestre em Políticas de Saúde, Universidade Federal do Pará (UFPA).
Responsável Técnica pelo curso de Enfermagem, Serviço Nacional de Aprendizagem
Comercial (SENAC/PA), Belém, Pará, Brasil.

Anne Caroline Gonçalves Lima


Enfermeira. Mestre em Saúde Pública, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Especialista em Centro Cirúrgico, CME e RPA (CGESP). Especialista em Enfermagem
Obstétrica. Belém, Pará, Brasil.

Isis Ataíde da Silva


Enfermeira. Mestre em Saúde da Amazônia. Universidade Federal do Pará (UFPA).
Especialista em Oncologia na Modalidade Residência Uniprofissional em Saúde. Hospital
Ophir Loyola/Universidade do Estado do Pará (UEPA). Belém, Pará, Brasil.

Daniel Figueiredo Alves da Silva


Fisioterapeuta. Mestre em Ensino em Saúde na Amazônia (ESA). Doutorando, Programa
de Doutorado Profissional em Ensino em Saúde na Amazônia (ESA). Docente no Centro
Universitário Metropolitano da Amazônia (UniFAMAZ), Belém, Pará, Brasil.

Elcilane Gomes Silva


Médica, Doutoranda, Programa de Doutorado Profissional em Ensino em Saúde na
Amazônia (ESA), Universidade do Estado do Pará (UEPA). Belém, Pará, Brasil.

Alfredo Cardoso Costa


Biólogo, Doutorando, Programa de Doutorado Profissional em Ensino em Saúde na
Amazônia (ESA). Docente na Universidade do Estado do Pará (UEPA). Belém, Pará, Brasil.

Renata Campos de Sousa Borges


Enfermeira. Mestre em Ensino em Saúde na Amazônia (ESA). Doutorando, Programa de
Doutorado Profissional em Ensino em Saúde na Amazônia (ESA). Docente na Universidade
do Estado do Pará (UEPA). Tucuruí, Pará, Brasil.
Nathalie Porfirio Mendes
Enfermeira, Universidade do Estado do Pará (UEPA). Mestre em Enfermagem,
Universidade Federal do Pará (UFPA). Especialista em Saúde do Idoso, modalidade
residência. Coordenadora de Centro Cirúrgico HPSM-MP, SESMA. Docente no Centro
Universitário FIBRA. Belém, Pará, Brasil.

Leopoldo Silva de Moraes


Enfermeiro. Biólogo, Doutor, Programa de Pós-graduação Stricto Sensu. Doutorado em
Neurociências e Biologia Celular, Universidade Federal do Pará (UFPA). Belém, Pará,
Brasil.

David José Oliveira Tozetto


Médico intensivista. Doutorando no Programa de Pós-graduação Stricto Sensu. Doutorado
Profissional em Ensino em Saúde na Amazônia (ESA), Universidade do Estado do Pará
(UEPA). Coordenador Adjunto do curso de medicina, UEPA, Marabá, Pará, Brasil.

Elisângela Claudia de Medeiros Moreira


Psicóloga, Doutora em Doenças Tropicais, Programa de Pós-graduação Stricto Sensu do
Núcleo de Medicina Tropical da Universidade Federal do Pará (UFPA), Belém, Pará, Brasil.

Benedito do Carmo Gomes Cantão


Bacharel em Direito pela Faculdade Gamaliel. Graduado em Enfermagem pela
Universidade do Estado do Pará (UEPA). Mestre em Cirurgia e Pesquisa experimental pelo
Programa de Mestrado Profissional em Cirurgia e Pesquisa Experimental (CI-PE) da UEPA.
Especialista em Enfermagem Oncológica e Terapia Intensiva. Coordenador da Clínica
Cirúrgica e Oncológica do Hospital Regional de Tucuruí. Professor auxiliar IV, Universidade
do Estado do Pará (UEPA). Tucuruí, Pará, Brasil.

Vanessa Costa Alves Galúcio


Biomédica, Universidade Federal do Pará (UFPA). Doutora e Mestre em Biotecnologia e
Recursos Naturais, Universidade do Estado do Amazonas (UEA). Especialista em Análises
Clínicas e Microbiologia, em Gestão Ambiental e em Gestão da Segurança de Alimentos.
Atualmente ministra aula na Faculdade Cosmopolita para os cursos de Fisioterapia,
Enfermagem, Farmácia e Biomedicina. Belém, Pará, Brasil.

Ilza Fernanda Barboza Duarte Rodrigues


Doutorado em andamento pelo Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia
(RENORBIO). Pós-Graduação em Farmacologia e Farmácia Clínica com ênfase em
Prescrição Farmacêutica/IBRAS. Professora voluntária do Instituto de Ciências
Farmacêuticas (ICF) na Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Mestre pelo Programa
de Pós-Graduação stricto sensu em Ciências Farmacêuticas/UFAL. Farmacêutica
graduada pela Universidade Federal de Alagoas. Especialista em Terapia Floral de Bach.
Técnica em Química Industrial formada pelo Instituto Federal de Alagoas.
FICHA CATALOGRÁFICA

I61

Integrando saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da


família / Organizadores Ademir Ferreira da Silva Júnior, Márcia Cristina Freitas da Silva, Tinara
Leila de Souza Aarão, et al. – Belém: Neurus, 2023.

Outro organizador: Patrick Roberto Gomes Abdoral

Livro em PDF
127 p.

ISBN 978-65-5446-075-0
10.29327/5298426
https://doi.org/10.29327/5298426

1. Saúde da família. 2. Saúde pública. I. Silva Júnior, Ademir Ferreira da (Organizador). II. Silva,
Márcia Cristina Freitas da (Organizadora). III. Aarão, Tinara Leila de Souza (Organizadora). IV.
Título.

CDD 362.10981

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) elaborada por Editora Neurus –


Bibliotecária Janaina Ramos – CRB-8/9166

O conteúdo, os dados, as correções e a confiabilidade são de inteira responsabilidade dos


autores

A Editora Neurus e os respectivos autores desta obra autorizam a reprodução e divulgação


total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de
estudo e de pesquisa, desde que citada a fonte. Os conteúdos publicados são de inteira
responsabilidade de seus autores. As opiniões neles emitidas não exprimem,
necessariamente, o ponto de vista da Editora Neurus

Editora Neurus
Belém/PA
2023
INFORMAÇÕES SOBRE OS ORGANIZADORES

Licenciatura em Ciências Biológicas (2007), Mestrado.


Doutorado em Neurociências e Biologia Celular pela
Universidade Federal do Pará (UFPA). Pós-Doutorado pela
Universidade do Estado do Pará em Parceria com Instituto
Evandro Chagas (IEC) e University of Dubai. Professor e
Pesquisador do Núcleo de Medicina Tropical. Coordenador do
Ademir Ferreira da Silva Programa de Educação Permanente em saúde (PEPS),
Júnior Professor da Faculdade de Medicina da UFPA. Pará, Brasil.

Biomédica, Universidade Federal do Pará (UFPA). Mestrado


em Morfologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ). Doutorado em Neurociência e Biologia Celular, UFPA.
Márcia Cristina Freitas da Professora da UFPA, atuando no ensino através de
Silva metodologias ativas na Faculdade de Medicina. Pará, Brasil.

Biomédica, Universidade Federal do Pará. Mestrado em


Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários, Universidade
Federal do Pará (UFPA). Doutorado em Biologia de Agentes
Infecciosos e Parasitários, UFPA.
Pós-doutorado no Programa de Pós-Graduação em Biologia
Parasitária na Amazônia da Universidade do Estado do Pará
(UEPA). Professora Adjunta da Faculdade de Medicina da
Universidade Federal do Pará (UFPA) campus Altamira. Pará,
Tinara Leila de Souza Aarão Brasil.

Fisioterapeuta, Faculdade Cosmopolita. Mestrando em gestão


(ENEB). Docente do Programa de Residência
Multiprofissional em Saúde do CESUPA, Tutor do Programa
Patrick Roberto Gomes de Educação Permanente em Saúde da UFPA, Docente e
Abdoral preceptor na Universidade Paulista. Belém, Pará, Brasil.
APRESENTAÇÃO

Prezados leitores, esta obra é produto da junção de estudos científicos de alunos


e professores do Programa de Educação Permanente em Saúde da Universidade Federal
do Pará (PEPS/UFPA). Esta coletânea é dividida em dois volumes, sendo o volume 2
focado no compartilhamento de experiências e inovações na atenção básica e em saúde
da família. Nesse cenário, destaca-se que a Atenção Básica é o primeiro nível de
atendimento e de cuidado em um sistema de saúde, ou seja, é considerada a porta de
entrada para os serviços de saúde e é o ponto de contato preferencial para a maioria das
pessoas quando assistida por assistência em saúde.
Em continuidade, é valido destacar que seu principal objetivo é fornecer cuidados
preventivos, promover a saúde, diagnosticar problemas de saúde, oferecer tratamento para
doenças comuns e encaminhar pacientes a serviços de maior complexidade quando
necessário. Neste ambiente, tem-se a Estratégia de Saúde da Família (ESF), uma
abordagem específica da Atenção Básica adotada no sistema de saúde. Ela busca tratar
doenças, promover a saúde e prevenir problemas de saúde por meio do acompanhamento
regular das famílias. A ESF é centrada na criação de equipes multiprofissionais que
trabalham de forma integrada e pró-ativa nas comunidades, oferecendo cuidados de saúde
de forma holística, considerando não apenas aspectos clínicos, mas também sociais,
psicológicos e culturais que afetam a saúde das famílias.

Boa leitura!
SUMÁRIO

CAPÍTULO I ..................................................................................................................... 11
PREVENÇÃO DA GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA: UMA CARTILHA COMO
INSTRUMENTO EDUCATIVO EM SAÚDE
Carla Ribeiro dos Reis Barbosa; Rayanne Mendonça Morais; Josiane Macedo de
Oliveira Rupf
10.29327/5298426.1-1

CAPÍTULO II .................................................................................................................... 23
ELABORAÇÃO DE UMA TECNOLOGIA EM SAÚDE DE PREVENÇÃO DA
TRANSMISSÃO VERTICAL DO HIV
Dayhane Souza da Conceição; Giovanna Tavares Sarmento Quadros; Ademir Ferreira
da Silva Junior
10.29327/5298426.1-2

CAPÍTULO III ................................................................................................................... 34


CARTILHA EDUCATIVA PARA GESTANTES COMO ENFRENTAMENTO À
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA
Adriane Oliveira Silva; Luana da Silva Freitas; Thalia Karoline Santos Gomes; Josiane
Macedo de Oliveira Rupf
10.29327/5298426.1-3

CAPÍTULO IV .................................................................................................................. 49
ELABORAÇÃO DE TECNOLOGIA EDUCATIVA ACERCA DA ATENÇÃO À SAÚDE DA
POPULAÇÃO LGBTQIA+ NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Renato Magalhães de Souza Costa; Romana Nogueira de Miranda; Cassandra Pina
Varejão; Ademir Ferreira da Silva Júnior
10.29327/5298426.1-4

CAPÍTULO V ................................................................................................................... 59
PROMOÇÃO A SAÚDE BUCAL: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Djanny Nunes Maia; Filipe Ferreira da Silva; Marcia Cristina Freitas da Silva
10.29327/5298426.1-5

CAPÍTULO VI ................................................................................................................. . 68
TELEATENDIMENTO: UMA PRÁTICA MULTIPROFISSIONAL NA ATENÇÃO
PRIMÁRIA À SAÚDE
Sarah da Silva Ribas; Laiz de Lima Macêdo; Keila da Silva Martins; Márcia Cristina
Freitas da Silva
10.29327/5298426.1-6
CAPÍTULO VII ................................................................................................................. 84
IMUNIZAÇÃO NA ATENÇÃO BÁSICA: ELABORAÇÃO DE PADRONIZAÇÃO
OPERACIONAL PADRÃO NAS SALAS DE VACINAÇÃO DO MUNICÍPIO DE
VISEU/PA
Keila Ozório Fernandes Barbosa; Luciana Emanuelle de Aviz; Marília do Socorro
Monteiro da Costa; Ademir Ferreira da Silva Júnior
10.29327/5298426.1-7

CAPÍTULO VIII ................................................................................................................ 93


FATORES QUE DIFICULTAM A ASSISTÊNCIA ODONTOLÓGICA A GESTANTE NA
ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Cristian França Valente; Claudio Sergio Azevedo de Miranda; Marcia Cristina Freitas
10.29327/5298426.1-8

CAPÍTULO IX .................................................................................................................. 105


A QUALIFICAÇÃO DO CUIDADO AO HIPERTENSO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À
SAÚDE COM A IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA PREVINE BRASIL: UM RELATO DE
EXPERIÊNCIA
Maria de Fátima da Silva e Silva; Patrycia Abadia da Silva Montagner; Ilka Lorena de
Oliveira Farias
10.29327/5298426.1-9

CAPÍTULO X ................................................................................................................... 119


ACOLHIMENTO COMO INTERVENÇÃO DO/A ASSISTENTE SOCIAL NA UNIDADE
BÁSICA DE SAÚDE DO GUAMÁ NO MUNICÍPIO DE BELÉM/PA: RELATO DE
EXPERIÊNCIA
Bárbara Pereira Brito; Kaio Vinicius Paiva Albarado
10.29327/5298426.1-10

ÍNDICE REMISSIVO ........................................................................................................ 127


CAPÍTULO I

PREVENÇÃO DA GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA:


UMA CARTILHA COMO INSTRUMENTO
EDUCATIVO EM SAÚDE

Carla Ribeiro dos Reis BarbosaI; Rayanne Mendonça MoraisI; Josiane Macedo de Oliveira RupfII
I
Discentes do Curso de Especialização Multiprofissional em Atenção Básica e Saúde da Família da
Universidade Federal do Pará (UFPA). Belém, Pará, Brasil.
II
Enfermeira, Mestranda em Doenças Tropicais, Especialista em Epidemiologia e Controle de Infecção
(UFPA), Especialista em Qualidade e Segurança do Paciente (Fiocruz). Especialista em Enfermagem e
em Terapia Intensiva. Enfermeira Assistencial da UDIP no Hospital Universitário João de Barros Barreto –
HUJBB. Belém, Pará, Brasil.

RESUMO / ABSTRACT

Objetivo: A finalidade foi elaborar uma cartilha Objective: The purpose was to develop an
educativa por meio do Programa Saúde na Escola educational booklet through the Health at School
(PSE) sobre a gravidez na adolescência. Program (PSE) on teenage pregnancy. Methods:
Métodos: Trata-se de uma pesquisa descritiva, This is descriptive research, where a review was
onde realizou-se uma revisão em periódicos carried out in national and international indexed
nacionais e internacionais indexados sobre journals on teenage pregnancy, addressing sexual
gravidez na adolescência, abordando a educação education and the right to sexual and reproductive
sexual e direito à saúde sexual e reprodutiva. health. Secondary data from the Information
Utilizou-se de dados secundários do Sistema de System on Live Births – SISNAC/DATASUS was
Informações sobre os Nascidos Vivos used to support the choice of the age range of the
(SISNAC/DATASUS), para subsidiar a escolha da target audience for the material, and finally, the
faixa etária do público-alvo para o material, e por final product. Results: The booklet “Pregnancy in
último, o produto. Resultados: A cartilha Adolescence: join this conversation!”, was finished
“Gravidez na Adolescência: se liga nesse papo!”, in 13 pages and structured in 7 topics. With
foi finalizada em 13 páginas e estruturada em 7 language accessible to the target audience of 12 to
tópicos. Com uma linguagem acessível ao público- 15 years old, it contains some expressions from
alvo de 12 a 15 anos, contém algumas expressões Pará and various illustrations about adolescence
paraenses e ilustrações diversas sobre as and their affective relationships at this stage. The
adolescências e suas relações afetivas nesta fase. content deals with adolescence, early pregnancy,
O conteúdo dispõe sobre adolescências, gravidez risks and contraceptive methods for a safe sex life.
precoce, riscos e métodos contraceptivos para Conclusion: The preparation and socialization of
uma vida sexual segura. Conclusão: A the educational booklet can encourage dialogue on
confecção e socialização da cartilha educativo sex education that allows adolescents to make
pode fomentar o diálogo sobre educação sexual choices with dignity, freedom and autonomy.
que possibilite aos adolescentes realizarem
escolhas com dignidade, liberdade e autonomia.

Palavras-chave: Gravidez na Adolescência; Key words: Teenage Pregnancy; Sex Education;


Educação Sexual; Saúde Sexual; Reprodutiva. Sexual and Reproductive Health.

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 11


INTRODUÇÃO

Enquanto a literatura sociológica considera a gravidez na adolescência um


fenômeno social, visto que apresenta um olhar integral do contexto histórico das
adolescentes ao escolher a maternidade em sua perspectiva de vida, estudos relacionados
a saúde reafirmam o contrário, quando trata-se de vulnerabilidade social e os riscos que
esta apresenta ao grupo em fase de desenvolvimento, chamando-o de “problema social”.
A gestação nesta idade possui quatro macrofatores causais, são estes: a gravidez não
planejada, a gravidez estratégica, a gravidez desejada e a gravidez indesejada (SANTOS,
et al., 2017).
Abordar esta temática é garantir o direito à saúde de maneira ampla, englobando
o diálogo livre sobre sexualidade, cidadania, diversidade, estimulando a participação juvenil
na promoção a saúde sexual e reprodutiva de adolescentes e jovens, para que possam ser
protagonistas neste processo de descobertas de uma vida saudável (Diretrizes Nacionais
para a Atenção Integral à Saúde à Saúde de Adolescentes e Jovens - DNAISAJ, 2010).
Para além dos aspectos fisiológicos e biológicos, os quais envolvem diferentes
mudanças durante a puberdade e maturação sexual, bem como a capacidade reprodutiva.
Discorrer sobre as adolescências abrange, a construção histórica do sujeito, que advém de
outros fatores, a saber: econômicos, culturais e sociais, os quais influenciam no direito de
escolha e no ciclo de vida deste grupo (SANTOS et al., 2017).
A educação sexual é um processo de aprendizagem que visa fornecer
informações precisas e adequadas sobre aspectos relacionados a sexualidade, incluindo
questões anatômicas, fisiológicas, sociais e comportamentais, tendo como objetivo ajudar
as pessoas a compreenderem melhor essas mudanças e realizar decisões informadas e
responsáveis sobre relacionamentos, saúde sexual e reprodutiva, prevenção de infecções
sexualmente transmissíveis (IST) e a própria gravidez não-planejada (CARVALHO, 2019).
A abordagem desta como prevenção da gravidez na adolescência deve ser
realiza com clareza, adaptando a linguagem para garantir a compreensão do conteúdo,
intervindo no bem-estar geral e para o desenvolvimento saudável da sociedade. Neste
sentido, as cartilhas são tecnologias educativas de fácil acesso que contribuem no reforço
da orientação de temas relacionados à saúde, atingindo, não somente o público-alvo, mas,
subsidiando estudos futuros e ações de educação permanente na área referida
(FIGUEIREDO, 2020; TORRES et al., 2009).

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 12


A socialização da tecnologia por meio do PSE é um caminho estratégico para a
discussão sobre a temática, visto que este possui o objetivo de desenvolver ações
articuladas entre saúde e educação no ambiente escolar, buscando a participação da
comunidade junto as equipes Saúde da Família. Sendo também um facilitador para os pais
que acreditam na relevância das orientações sobre educação sexual para seus filhos
(JUNIOR; SILVA, 2021; GUIMARÃES; CABRAL, 2022; SOUZA, 2016).
Portanto, objetivamos a elaboração de uma tecnologia educativa no âmbito da
atenção básica visando trabalhar a educação sexual com o público-alvo de 12 a 15 anos,
fazendo um recorte sobre os direitos sexuais e reprodutivos dos adolescentes para a
sensibilização da gravidez na adolescência.

METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa descritiva, em que no primeiro momento foi feito uma
revisão de periódicos nacionais e internacionais indexados sobre gravidez na adolescência
e categorias afins que abrangem o direito à saúde de adolescentes e jovens, para o
conteúdo da elaboração de cartilha educativa. O segundo momento consistiu na pesquisa
de dados secundários, do qual utilizamos como fonte o SISNAC do DATASUS, para
subsidiar a escolha da faixa etária do público-alvo do material, bem como quais recortes
sobre educação sexual a serem abordados, como: conceito de adolescências, saúde sexual
e reprodutiva para a prevenção da gravidez e outros agravos a saúde dos adolescentes e
jovens.
E o terceiro foi elaborada produção do material no Programa Canva, no qual
empregou-se as fontes TO October e Dreaming Outloud Sans, nos tamanhos 9, 12, 14, 16,
28, 56, destacando as seções e outros pontos importantes com sublinhado. O produto
contém 13 páginas, tendo como elemento pré-textual o sumário, textual os tópicos citados
nos resultados e no pós-textual as referências, a qual não está nas figuras. Utilizamos
algumas expressões paraense nas seções, assim como no conteúdo da cartilha. Nas
ilustrações buscamos a representatividade através das imagens de adolescentes e jovens
em sua diversidade, estas foram selecionadas no próprio programa.

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 13


RESULTADOS E DISCUSSÃO

A primeira página é a capa com título, nomes das autoras, local e ano da
elaboração. O instrumento está dividido em três partes, o elemento pré-textual – o sumário,
no qual dispomos a estrutura da mesma em tópicos (Figura 1); os elementos textuais
(Figura 2, Figura 3, Figura 4, Figura 5 e Figura 6) e o elemento pós-textual, o qual expõe
as referências na página 13, contudo, não está em nenhuma das figuras referenciadas.
Utilizamos algumas expressões paraense com a finalidade de tornar a linguagem mais
acessível ao púbico nesta fase transitória de construção identitária. Para a ilustração foram
escolhidos desenhos de adolescentes em diferentes contextos sociais.

Figura 1 – A capa do material e, por conseguinte, o elemento pré-textual - o sumário

Fonte: Elaborado pelos autores, 2023.

No sumário buscou-se uma linguagem regional para explicar cada tópico: (01)
Nem te conto!; (02) Tu sabes o que são adolescências?; (03) Égua não! A menina tá
prenha!; (04) Ela tá mofina!; (05) Hum... tá doído? Sem proteção não rola!; (06) Égua! Foi
pai-d’égua!; e (07) Referências.

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 14


Figura 2 – Páginas referentes ao objetivo da cartilha e o conceito de “adolescências”

Fonte: Elaborado pelos autores, 2023.

(01) NEM TE CONTO!


Este tópico é uma breve apresentação do material onde destaca-se no primeiro
parágrafo dados sobre a gravidez na adolescência no período de 2018 no Estado do Pará,
chamando a atenção o do público-alvo para a faixa etária das adolescentes. O segundo
refere-se ao objetivo da cartilha, adentrando na relevância do assunto abordado para a
saúde deste grupo social (Figura 2).

(02) TU SABES O QUE SÃO ADOLESCÊNCIAS?


Aqui atentou-se para a abordagem da adolescência em sua pluralidade.
Explicando que a fase está para além das mudanças corporais. Envolvendo assim, o
contexto social de cada indivíduo, seja em seu ambiente familiar ou social. Influenciando
no comportamento dos adolescentes em suas escolhas e relações afetivas (Figura 2).

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 15


Figura 3 – A primeira página é referente a sexualidade, e a segunda refere-se a temática
da gravidez na adolescência

Fonte: Elaborado pelos autores, 2023.

(03) ÉGUA NÃO! A MENINA TÁ PRENHA!


Nesta seção abordamos de maneira direta os riscos de uma relação sexual sem
proteção, como a gestação não planejada e a indesejada. Esta última, geralmente,
consequência de uma violência sexual. Destacamos a faixa etária gestacional, segundo a
OMS (Figura 3).

(04) ELA TÁ MOFINA!


Neste tópico utilizamos informações da “Semana de Prevenção da Gravidez na
Adolescência”, expondo o que pode ocorrer antes, durante e após a gravidez na
adolescência. Tentamos destacar a desigualdade de gênero em relação a responsabilidade
e cuidados do recém-nascido, bem como a baixa escolarização da mulher, o que contribui
ou intensifica a vulnerabilidade social e reflete nos cuidados com a saúde (Figura 4).

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 16


Figura 4 – Página referente a gravidez indesejada, e a segunda explana os riscos
gestacionais durante a adolescência.

Fonte: Elaborado pelos autores, 2023.

(05) HUM... TÁ DOÍDO? SEM PROTEÇÃO NÃO ROLA!


Ao abordamos os métodos anticoncepcionais ou contraceptivos, adentramos
na saúde sexual e, consequentemente, reprodutiva. Aqui procuramos expor os preventivos
indicados aos adolescentes conforme o MS, como: as camisinhas masculinas e femininas,
as pílulas combinadas, a injeção mensal, o DIU, e o planejamento reprodutivo, visto que
algumas adolescentes já iniciaram a vida conjugal, e por isso, engravidam ou almejam
ampliar a família com os parceiros. Orientando-os para a relevância em procurar os serviços
de saúde, bem como participar de ações educativas que visem o seu protagonismo diante
das discussões relacionadas a educação sexual (Figura 5).

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 17


Figura 5 – Páginas referentes aos métodos contraceptivos

Fonte: Elaborado pelos autores, 2023.

(06) ÉGUA! FOI PAI-D’ÉGUA!


No último apresentamos as considerações finais reforçando aos adolescentes a
importância de buscar informações em locais seguros, de preferência, nas Unidades
Municipais de Saúde (UMS) ou com as equipes Saúde da Família (eSF). Assim como
participar de ações educativas que esclareçam sobre a saúde sexual e reprodutiva de forma
livre (Figura 6).

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 18


Figura 6 – Páginas referentes ao tópico “Hum... tá doído? Sem proteção não rola!” e
“Égua! Foi Pai-d’égua!”

Fonte: Elaborado pelos autores, 2023.

Dialogar sobre a sexualidade em vários contextos sociais brasileiros, levando em


consideração a pluralidade da adolescência é uma dificuldade encontrada pelos próprios
adolescentes para iniciar a vida sexual de maneira segura e responsável. Principalmente,
quando as barreiras são no âmbito familiar, com o desconforto ao abordar o assunto, o que
aumenta a desinformação e os expõe, não somente a gravidez precoce, mas, a outros
perigos como: IST e a violência sexual (SANTARATO et al., 2022).
É necessário a busca por espaços estratégicos que permitam a mobilização e
participação deste grupo social na promoção a saúde para difusão das informações
corretas. A escola, ainda que apresente suas limitações em alguns aspectos, é um
ambiente social que abrangem as múltiplas adolescências. Junto a atenção básica de
saúde já efetuam atividades por meio do PSE, realizando ações que potencializam esses
locais e o público que transitam nestes ambientes prevenindo-os dos riscos da
(re)incidência gestacional, podendo implicar na desigualdade social e possíveis históricos
de pobreza das mulheres (SANTARATO et al., 2022; ASSIS et al., 2022).

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 19


Neste sentido, a cartilha é uma tecnologia educacional que visa entregar um
conteúdo simples, de linguagem acessível, contendo informações confiáveis que venham
a auxiliar o público-alvo no reforço as orientações sobre o tema estudado, cumprindo sua
funcionalidade diante de assuntos relacionados a saúde (ALMEIDA, 2017).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sendo assim, abordar a gravidez na adolescência requer discussões sobre


educação sexual, onde possa se abarcar livremente o direito à saúde sexual e reprodutiva.
É preciso sensibilizar as adolescências sobre os riscos de uma relação sexual
desprotegida. A elaboração e socialização da cartilha educativo, por meio do PSE, será
uma ação intersetorial que disponibilizará informações pertinentes ao público-alvo,
fomentando o diálogo sobre as adolescências e suas relações afetivas, em prol do
desenvolvimento individual que os possibilite realizar escolhas com dignidade, liberdade e
autonomia.
Dentre as limitações encontradas destaca-se a impossibilidade da pesquisa in
loco com o público para o qual o material é direcionado. O que dificultou na seleção das
mensagens durante o processo de construção.

AGRADECIMENTOS E FINANCIAMENTO

Nossos agradecimentos vão para: o Prof. Dr. Ademir Ferreira, pelos materiais
enviados para subsidiar a elaboração da cartilha; a colega de Curso - Adriane Oliveira Silva
e a amiga Jacqueline Suellen de Sousa Chaves pela ajuda com o Programa Canva; e a
nossa orientadora, a Profa. Josiane Ruft, pelo acompanhamento e encaminhamentos em
relação ao artigo científico.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Denise M. Elaboração de materiais educativos. Escola de Enfermagem da


Universidade de São Paulo: São Paulo, 2017.

ASSIS, Tamara de Souza Campos. et al. Reincidência de Gravidez na Adolescência:


fatores associados e desfechos maternos e neonatais. Ciência & Saúde Coletiva, 27
(8):3261-3271, 2022.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção em Saúde. Departamento de Ações


Programáticas Estratégicas. Diretrizes Nacionais para Atenção Integral à Saúde de

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 20


Adolescentes e Jovens na Promoção, Proteção e Recuperação da Saúde. Brasília:
Ministério da Saúde, 2010.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretária de Atenção à Saúde. Departamento e Atenção


Básica. Saúde sexual e saúde reprodutiva. I ed., I reimpr. – Brasília: Ministério da Saúde,
2013.

CARVALHO, Laisy Giordana Lopes; JARDIM, Marcela Coelho; GUIMARÃES, Ana Paula
Martins. Educação sexual na perspectiva dos temas transversais: uma revisão de
literatura. Educationis, v. 7, n. 2, p. 19-29, 2019.

DE FIGUEIREDO, Mirieli Louveira. Educação Sexual e Reprodutiva para Adolescentes na


Atenção Primária: uma Revisão Narrativa. Ensaios e Ciência C Biológicas Agrárias e da
Saúde, v. 24, n. 1, p. 82-87, 2020.

GUIMARÃES, Jamile. CABRAL, Cristiane da Silva. Pedagogias da Sexualidade:


discursos, práticas e (des)encontros na atenção integral à saúde de adolescentes. Pro-
Posições, Campinas, SP. v. 33, e20200023, 2022.

JUNIOR, Wellington Ramos Gomes. SILVA, Neilton da. Políticas Educativas e Direitos de
Cidadania: programa saúde na escola. Cruz das Almas, BA: Mestrado Profissional em
Gestão Pública e Segurança Social (PPGPSS-UFRB), 2021. 26p.; il. (fascículo, v. 4)

SANTOS, Benedito Rodrigues dos. et al. Gravidez na Adolescência no Brasil – Vozes de


Meninas e de Especialistas. – Brasília: INDICA, 2017; 112p.

SANTARATO, Nathalia. et al. Characterization of adolescent sexual practices. Rev.


Latino-Am. Enfermagem. 2022; 30 (spe): e3711.

SOUZA, Thais Cristina Flexa. A Percepção de Pais sobre Educação em Saúde no


Ambiente Escolar. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Enfermagem) -
Instituto de Ciências da Saúde. Universidade Federal do Pará, 2016; 53p.

TORRES, Heloisa Carvalho. et al. O processo de Elaboração de Cartilhas para


Orientação do autocuidado no Programa Educativo em Diabetes. Revista Brasileira de
Enfermagem, Brasília 2009 mar-abril; 62 (2): 312-6.

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 21


| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 22
CAPÍTULO II

ELABORAÇÃO DE UMA TECNOLOGIA EM SAÚDE


DE PREVENÇÃO DA TRANSMISSÃO VERTICAL
DO HIV

Dayhane Souza da ConceiçãoI; Giovanna Tavares Sarmento QuadrosI; Ademir Ferreira da Silva JuniorII
I
Discente do Curso de Especialização Multiprofissional em Atenção Básica e saúde da Família da
Universidade Federal do Pará (UFPA). Bragança, Pará, Brasil.
II
Professor da faculdade de Medicina da Universidade Federal do Pará (UFPA). Bragança, Pará, Brasil.

RESUMO / ABSTRACT

Objetivo: Elaboração de uma tecnologia Objective: Elaboration of an educational


educativa de prevenção da transmissão vertical do technology to prevent vertical transmission of HIV
HIV para gestantes na atenção básica. Métodos: for pregnant women in primary care. Methods:
Trata-se de uma pesquisa metodológica, na qual This is methodological research, in which it carried
realizou a construção de uma tecnologia educativa out the construction of an educational technology
do tipo cartilha digital sobre a transmissão vertical of the digital booklet type on the vertical
do HIV e suas medidas de prevenção para transmission of HIV and its prevention measures
gestantes na Atenção Básica. A construção das for pregnant women in Primary Care. The
cartilhas ocorreu no período de outubro de 2022 a construction of the booklets took place from
março de 2023. Resultados e discussão: A October 2022 to March 2023. Results and
cartilha acontece através do diálogo de duas discussion: The booklet takes place through the
personagens: uma gestante e uma enfermeira, dialogue of two characters: a pregnant woman and
que orienta essa paciente a desenvolver ações a nurse, who guide this patient to develop positive
positivas e fundamentais para a prevenção da and fundamental actions for the prevention of
doença. Buscando aliar um conteúdo rico em illness. Seeking to combine content rich in
informações evitando termos técnicos e científicos, information, avoiding technical and scientific terms,
havendo predomínio de palavras simples, curtas e with a predominance of simple, short and easy-to-
de fácil entendimento. A cartilha educativa mostra- understand words. The educational booklet is
se efetiva, ao melhorar o conhecimento acerca da effective in improving knowledge about VT-HIV
prevenção da TV-HIV, na análise do grupo prevention, in the analysis of the intervention
intervenção, principalmente quanto ao uso da group, especially regarding the use of medication
medicação no período gestacional, intraparto e during pregnancy, intrapartum and postpartum.
pós-parto. Considerações finais: A referida Final considerations: This technology is an
tecnologia é um importante veículo de informação important vehicle of strategic information for
estratégica para as gestantes e poderá aproximar pregnant women and can bring society closer to
a sociedade dos conhecimentos sobre a temática knowledge on the topic addressed, and can
abordada, podendo intervir no comportamento, intervene in behavior, leading to disease
levando a prevenção da doença. prevention.

Palavras-chave: Transmissão Vertical; Doenças Key words: Vertical Transmission; Infectious


Infecciosas; HIV; Gestantes. Diseases; HIV; Pregnant women.

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 23


INTRODUÇÃO

A alta infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) tem se configurado


como um problema de saúde pública, visto que o Brasil é um dos países que contém
elevadas taxas de infecção pelo vírus (CRUZ et al., 2021). A multiplicação da infecção em
mulheres na idade reprodutiva gera preocupação dado que, se não prevenido pode
provocar a exposição do vírus em recém-nascidos, pela transmissão vertical (TV) do HIV,
que ocorre no decorrer da gestação, parto ou amamentação (COSTA et al., 2021).
A TV durante o parto é a principal forma de transmissão pois, expõe o RN ao
sangue materno e outras secreções durante o parto. Na amamentação pode ocorrer a
ingestão de macrófagos infectados pelo vírus que estão presente no colostro materno. Nas
últimas décadas foram notificadas cerca de 134.000 gestantes infectadas pelo HIV, sendo
8.312 em 2019, com taxa de detecção de 2,8 casos/mil nascidos vivos (FRIEDICH et al,
2016; BRASIL, 2020).
Destacando os fatores que corroboram com a transmissão vertical aponta-se o
nível da carga viral materna, no qual, baseando-se no valor como referência para
designação de condutas, como espécime, a prescrição de antirretroviral para a gestante
e/ou parturiente e recém-nascido e simultaneamente a designação da via de parto
(HOLZMANN et al., 2020).
Algumas ações são propostas para a diminuição do número de crianças
infectadas, dentre elas está o aconselhamento, testagem e outros, mas ainda há a
necessidade de se desenvolver estratégias para a ampliação das intervenções para a
prevenção da transmissão (FREITAS et al., 2019). Nesse sentido, vale dar importância a
utilização de tecnologias variadas no cotidiano de trabalho, pois ela aperfeiçoa a prática do
cuidado e a educação em saúde por ser um meio atrativo, criativo e dinâmico, contribuindo
para as relações interpessoais entre profissionais e sujeitos (LIMA; MISSIO, 2021).
As tecnologias educacionais são instrumentos poderosos para redução de
morbidade, atuando na promoção de saúde e qualidade de vida, de forma a colaborar no
combate de patologias (BRAGA et al., 2022). A relevância do estudo justifica-se pela
necessidade de desenvolver metodologia educativa relacionada a prevenção da
transmissão vertical do HIV. Tais tecnologias podem ser trabalhadas, principalmente,
durante o acompanhamento do pré-natal, tendo em vista a possibilidade de se promover
ações educativas nesse período (TELES, 2011). O objetivo geral é a laboração de uma

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 24


tecnologia educativa de prevenção da transmissão vertical do HIV para gestantes na
atenção básica.

METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa metodológica, na qual realizou investigação,


organização e análise dados para construção, avaliação dos instrumentos e técnicas de
pesquisa, centrada no desenvolvimento de ferramentas específicas de coleta de dados com
vistas a melhorar a confiabilidade e validade desses instrumentos (MOREIRA et al., 2018).
O pesquisador, no desenvolvimento da pesquisa metodológica, se interessa em
transformar o conhecimento construído em um formato palpável (TELES, 2011).
Nesse tipo de estudo é importante que se leve em consideração, fases
conhecidas como: diagnóstico situacional, revisão da literatura, elaboração dos textos e
ilustração. Neste estudo, em questão é apresentado a elaboração dos textos, layout e
design que fazem parte da ilustração. É necessário que haja uma adaptação da linguagem
voltada ao público-alvo da tecnologia para que seja garantido a compreensão das
informações (SILVA; FERREIRA, 2021).
A construção das cartilhas ocorreu no período de outubro de 2022 a março de
2023, respeitando as seguintes etapas: (I) levantamento bibliográfico da temática; (II)
seleção do conteúdo; (III) seleção das ilustrações e adequação; (IV) diagramação da
cartilha; (V) registro e divulgação da cartilha.
Na primeira etapa, foi realizado um levantamento bibliográfico para construção
do material nos sites do Ministério da Saúde (MS), da Organização Mundial da Saúde
(OMS) e em base de dados, Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde
(LILACS), PUBMED e Scientific Electronic Library Online (SciELO). Entre os anos de 2022
e 2023, utilizando os seguintes: Descritores em Ciência da Saúde/ Medical, Subject
Headings (DeSC/MeSH): Transmissão Vertical de Doenças Infecciosas, HIV, Gestantes,
Metodologia educativa. Com base na pesquisa intitulada “Elaboração de uma tecnologia
em saúde para a prevenção da transmissão vertical do HIV”.
Na segunda etapa, procedeu-se a realização da seleção de conteúdo de acordo
com a temática da cartilha e público-alvo. O tema escolhido está diretamente relacionado
com a prevenção da transmissão vertical do HIV. Em seguida, os dados foram
sistematizados em um documento textual seguindo uma lógica linear. A linguagem foi

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 25


adaptada com a simplificação de termos técnicos para garantir o acesso e a compreensão
do texto por parte público.
Após as etapas anteriores, realizou-se o processo de seleção e adequação das
ilustrações que irão compor o material, retiradas do site Freepik. Na quarta etapa, para
diagramação do produto utilizou-se o software CorelDRAW Graphics Suite 2020 no
tamanho A4 (21 x 29,7 cm), em cores e configurações para a impressão. A fonte é Arial,
com tamanhos variados entre 10 a 12 pontos (PT) para facilitar a leitura do público-alvo. Na
última etapa, foi solicitado o registro International Standard Book Number (ISBN) na Câmara
Brasileira do Livro (CBL) e o Digital Object Identifier (DOI) na Even3 publicações, visando
à difusão global das cartilhas nas redes de varejo, bibliotecas e sistemas gerais de
catalogação.
A presente pesquisa por se tratar de uma criação de uma tecnologia educacional,
não será submetida ao comitê de ética em pesquisas com seres humanos. Contudo, o
estudo seguiu todas as normas da resolução 466/2012. O benefício da pesquisa está
diretamente ligado à ampla divulgação da cartilha nos cenários de prática das equipes que
atendem a gestante sobre a prevenção da transmissão vertical do HIV, agregando novos
conhecimentos as gestantes, pois auxiliará na compreensão do paciente em suas
dimensões física, biológica, social e psicológica.
Para a utilização dessa cartilha viabilizará tecnologia que possa direcionar
padronizar, sistematizar e dinamizar as ações educativas realizadas por profissionais de
saúde, em especial os enfermeiros, na abordagem à prevenção da TV-HIV e promoção da
saúde do binômio mãe-filho.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A cartilha foi estruturada nos seguintes tópicos: 1) apresentação; 2) prevenção


da transmissão vertical do HIV; 3) o que é o HIV; 4) sintomas; 5) como descobrir o HIV na
gravidez; 6) como transmitir de mãe para bebê; 7) cuidados no pré-natal; 6) cuidados pós-
parto e nascimento.
A cartilha se inicia com uma capa, que destaca o título da cartilha e uma
contracapa que mostra o domínio apresentação com o objetivo de contextualizar a temática
abordada e mostrar o objetivo principal que é divulgar sobre a prevenção da transmissão
vertical do HIV (Figura 1). A presença da infecção sexualmente transmissível durante a
gestação pode afetar a criança e levar a consequências gravíssimas como o abortamento

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 26


e a falta de orientações adequada contribui para o crescimento da TV. Sendo mantida como
problema de saúde pública no Brasil (MARTINS et al., 2022).

Figura 1 – Modelo do material gráfico: Prevenção da transmissão vertical do HIV

Fonte: Elaborado pelos autores, 2023.

O seu desenvolver acontece através de um diálogo de duas personagens da


cartilha: uma gestante e uma enfermeira, que orienta essa paciente a desenvolver ações
positivas e fundamentais para a prevenção da doença. O enfermeiro é um dos grandes
responsáveis pela atenção ao pré-natal de baixo risco no Sistema Único de Saúde e precisa
dispor de habilidades e metodologias para a orientação das gestantes. Neste sentido, as
cartilhas podem ser consideradas um eficiente meio de comunicação para promover a
saúde, pois contribuem para o conhecimento e empoderamento do usuário (COSTA et al.,
2020).
Na perspectiva de reduzir a propagação da infecção do HIV e zerar os números
de casos de AIDS em crianças, há diretrizes, guias e projetos voltados para a prevenção
da transmissão vertical do HIV, os quais devem ser abordados inicialmente nas unidades
básicas de saúde desde o planejamento familiar com essas mulheres e seus parceiros, até
o acompanhamento adequado durante toda a gestação (XAVIER et al., 2022).

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 27


Buscou-se aliar um conteúdo rico em informações evitando termos técnicos e
científicos, havendo predomínio de palavras simples, curtas e de fácil entendimento.
Inicialmente foi abordado o conceito de HIV, informando o que é o vírus causador da AIDS
e mostrando que ele ataca o sistema imunológico. Seguindo a conversa com a enfermeira,
esclarece sobre como é feito o diagnóstico através dos testes rápidos que são feitos na
atenção primária a saúde e qual período que deve ser realizado, que deve ser
oportunamente na primeira consulta e no terceiro trimestre de gestação (figura 2).

Figura 1 – Modelo do material gráfico: páginas ilustrativas 01

Fonte: Elaborado pelos autores, 2023.

Desse modo, o acompanhamento do pré-natal é fundamental para detector


precocemente infecções, a exemplo pelo vírus HIV. O diagnóstico logo no início da
gestação permite o tratamento adequado e diminui as chances de transmissão vertical.
Nesse contexto, tanto os testes sorológicos (ELISA e confirmatório) quanto o teste rápido
para HIV pode ser realizado pelos profissionais de saúde durante a rotina pré-natal,
especialmente pelo enfermeiro na Atenção Básica. Além disso, um resultado negativo não
descarta a possibilidade de infecção pelo HIV, por conta da janela imunológica (intervalo
entre o contágio e a detecção de anticorpos), sendo recomendada a nova testagem quando
adequado (SALES; SCHONHOLZER, 2020).

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 28


Posteriormente a conversa acontece com a informação de que a transmissão do
vírus pode ocorrer de 3 formas: gravidez, parto e após o nascimento. Para mostrar como
se transmite a doença no parto e após o nascimento foi enfatizado sobre o uso do AZT
(Zidovudina) via endovenosa na mãe, sendo 3 horas antes do parto e o uso do xarope
ofertado ao RN, além de relatar sobre o PCR que é um teste que objetiva a detecção
precoce do vírus no RN (figura 3).

Figura 3 – Modelo do material gráfico: páginas ilustrativas 02

Fonte: Elaborado pelos autores, 2023.

Todo recém-nascido de mãe positiva para o HIV deve receber AZT por via oral
como profilaxia para a transmissão vertical do vírus, preferencialmente nas primeiras 24
horas e idealmente nas primeiras quatro. Nos casos em que a gestante não fez uso da
TARV durante a gestação, é indicada a associação de AZT e Nevirapina (NVP), em ambos
os casos o tratamento deve ser mantido por seis semanas (SILVA, 2022).
A transmissão vertical tem sido responsável pelos casos de AIDS em crianças
em todo o mundo e, no Brasil, cerca de 84% desses casos em crianças com até 13 anos
de idade são decorrentes dessa forma de transmissão. A probabilidade de ocorrer a
transmissão vertical pode chegar a 25,5% sem qualquer intervenção (MIRANDA et al.,
2016).

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 29


A cartilha educativa mostra-se efetiva, ao melhorar o conhecimento acerca da
prevenção da TV-HIV, na análise do grupo intervenção, principalmente quanto ao uso da
medicação no período gestacional, intraparto e pós-parto. Esse achado é importante, tendo
em vista que o uso da Terapia Antiretroviral (TARV) é um dos principais cuidados para
prevenção da TV-HIV. Portanto, a adesão efetiva ao uso da medicação parte, inicialmente,
da compreensão da importância dessa (LIMA et al., 2022). Ntombela et al. (2015) afirmam
que iniciar e manter a TARV durante a gestação mantém a supressão viral, o que oferece
benefícios e reduz a transmissão do HIV.

Figura 3 – Modelo do material gráfico: páginas ilustrativas 03

Fonte: Elaborado pelos autores, 2023.

Por fim, no fechamento da cartilha foi enfatizado a relevância do pré-natal


adequado para a prevenção da transmissão da infecção, pois a prevenção é o único meio
de controle da propagação do vírus (figura 4). Espera-se orientar as gestantes e torná-las
agentes do cuidado. As orientações repassadas geram conhecimento para o desempenho
seguro do cuidado, obtendo-se mais qualidade de vida (FREITAS; BARROSO; GALVÃO,
2013).

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 30


CONSIDERAÇÕES FINAIS

A referida tecnologia é um importante veículo de informação estratégica para as


gestantes e poderá aproximar a sociedade dos conhecimentos sobre a temática abordada,
podendo intervir no comportamento, levando a prevenção da doença. A informação
proporciona segurança emocional e adesão aos cuidados preventivos podendo assim,
reduzir os números de infecção em RN, logo a diminuição nos custos de hospitalizações.
Acredita-se que o uso deste material tornará mais dinâmica a prática dos
profissionais, tendo em vista que é constituída de imagens, texto simplificado e composto
de cores, o que torna mais fácil a memorização, contribuindo consideravelmente para o
alcance da redução da transmissão vertical do HIV.

AGRADECIMENTOS E FINANCIAMENTO

A Deus por proporcionar esse momento, por nos dar saúde e a superar as
dificuldades. A Universidade Federal do Pará, seu corpo Docente por oportunizarem o
momento de compartilhar seus conhecimentos. Ao orientador Ademir Ferreira da Silva
Junior, pelo apoio e incentivo ao desenvolvimento dos estudos. E a todos que fizeram
parte da minha formação, meu muito obrigada.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA-CRUZ, et al. Percepções acerca da qualidade de vida de pessoas vivendo com


HIV. Escola Anna Nery 25(2)2021.

BRAGA FCS, et al. Elaboração de cartilhas educativas para saúde do idoso: relato de
experiência. Revista Eletrônica Acervo Saúde, 15(12), e11324. 2022.

BRASIL. Boletim Epidemiológico Especial. Secretaria de Vigilância em Saúde Ministério


da Saúde. 2020.

COSTA GAS, et al. Perfil epidemiológico da transmissão vertical de HIV no Brasil.


Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v.4, n.5, p. 21049-21059 sep./oct. 2021.

COSTA CC, et al. Construção e validação de uma tecnologia educacional para prevenção
da sífi lis congênita. Acta Paul Enferm. 2020;33:eAPE20190028.

FREITAS CHSM, et al. Inequalities in access to HIV and syphilis tests in prenatal care in
Brazil. Cadernos de Saúde Pública, [S.L.], v. 35, n. 6, p. 1-14. FapUNIFESP (SciELO).
2019.

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 31


FREITAS, J. G.; BARROSO, L. M. M.; GALVÃO, M. T. G. Capacidade de mães para
cuidar de crianças expostas ao HIV. Rev. Latino-Am. Enfermagem, v. 21, n. 4, jul./ago.
2013

FRIEDICH L, et al. Transmissão vertical do HIV: uma revisão sobre o tema. Boletim
Científico de Pediatria - Vol. 5, N° 3, 2016.

HOLZMANN APF, et al. Preventing vertical HIV virus transmission: hospital care
assessment. Rev Bras Enferm. 2020;73(3):e20190491.

LIMA ACMACC, et al. Booklet for knowledge and prevention of HIV mother-to-child
transmission: a pilot study of a randomized clinical trial. Rev Esc Enferm USP. 2022;56;
e20210560.
LIMA AP, MISSIO L. Construção e validação de uma tecnologia educativa para educação
em saúde no planejamento familiar. Série-Estudos, Campo Grande, MS, v. 26, 57, p. 167-
183, maio/ago. 2021.

MIRANDA AE et al. Avaliação da cascata de cuidado na prevenção da transmissão


vertical do HIV no Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 32(9):e00118215, set, 2016

MOREIRA TMM, et al. Tecnologias para a promoção e o cuidado em saúde. Fortaleza:


EdUECE; 2018. MARTINS NLSO, et al. Métodos que visam prevenir a transmissão
vertical do HIV em mães soropositivas: revisão integrativa. REAEnf | Vol. 17. 2022.

NTOMBELA, NP; et al. Supressão viral entre adolescentes grávidas e mulheres vivendo
com HIV na zona rural de KwaZulu-Natal, África do Sul: um estudo transversal para
avaliar o progresso em direção aos indicadores e implicações do UNAIDS para o controle
da epidemia de HIV. Reprod Saúde.19(1):116, 2019.

SILVA ASR, FERREIRA SC. Construção e validação de tecnologia em saúde educacional


para primeiros socorros. HU Rev. 2021; 47:1-8. DOI: 10.34019/1982-
047.2021.v47.32594.

SILVA JM. Estratégias de prevenção à transmissão vertical do HIV adotadas no Brasil de


2011 a 2021: uma revisão integrativa. Dissertação (Bacharelado em Medicina) à
Universidade Federal de Alagoas – UFAL.
2022.

SALES TC, SCHONHOLZER TE. Assistência de enfermagem prestada a gestante com


HIV durante o pré-natal. Revista da Saúde da AJES, v. 6, n. 12, 2020.

TELES LMR. Construção e validação de tecnologia educativa para acompanhantes


durante o trabalho de parto e parto. Dissertação (Mestrado)- Universidade Federal do
Ceará. Programa de Pós-graduação em Enfermagem. Fortaleza. 2011.

XAVIER KNG et al; Gestantes com HIV, transmissão vertical do HIV e casos de AIDS em
crianças no estado de Sergipe nos anos de 2010 a 2020: Uma análise epidemiológica.
Research, Society and Development, v. 11, n.9, e5211931456, 2022.

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 32


| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 33
CAPÍTULO III

CARTILHA EDUCATIVA PARA GESTANTES COMO


ENFRENTAMENTO À VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA

Adriane Oliveira Silva; Luana da Silva Freitas; Thalia Karoline Santos Gomes; Josiane Macedo de Oliveira
Rupf
I
Discente do Curso de Especialização Multiprofissional em Atenção Básica e saúde da Família da
Universidade Federal do Pará (UFPA). Pará, Brasil.
II
Mestranda em Doenças Tropicais, Universidade Federal do Pará (UFPA). Especialista em epidemiologia
e controle de infecção hospitalar. Especialista em qualidade e segurança do paciente. Especialista em
enfermagem em terapia intensiva. Belém, Pará, Brasil.

RESUMO / ABSTRACT

Objetivo: Elaborar uma cartilha como tecnologia Objective: To develop a booklet as a health
em saúde acerca do tema violência obstétrica para technology about obstetric violence for pregnant
gestantes na Atenção Básica. Métodos: Estudo women in Primary Care. Methods: Descriptive and
do tipo descritivo e exploratório com levantamento exploratory study with bibliographical survey on the
bibliográfico sobre a temática, foi realizada a subject, the selection of the content was carried
seleção do conteúdo, assim como das ilustrações, out, as well as the illustrations, proceeding to the
seguindo para a diagramação da cartilha. layout of the booklet. Results: There is still a need
Resultados e Discussão: Ainda há necessidade to reinforce discussions and interventions on the
de reforçar discussões e intervenções sobre o subject, but professionals have developed
tema, porém profissionais têm desenvolvido practices that combat disrespect, abuse and
práticas que combatem o desrespeito, abuso e neglect during pregnancy, childbirth, birth and
negligência no período da gestação, do parto, postpartum. According to Brandt (2018), the main
nascimento e pós-parto. Segundo Brandt (2018), types of violence are identified: verbal, institutional,
são apontados os principais tipos da violência: moral, physical, sexual, and psychological. In this
verbal, institucional, moral, física, sexual e sense, it is important that there is a bond of trust
psicológica. Nesse sentido, é importante que haja between professionals and pregnant women so
vínculo de confiança entre os profissionais e as that they are properly guided, and their decisions
gestantes para que sejam devidamente orientadas are respected. The booklet is proposed as a form
e suas decisões sejam respeitadas. A cartilha é of guidance and awareness for women and
proposta como forma de orientação e companions on the subject, strengthening the
conscientização às mulheres e acompanhantes guarantee of women's rights and autonomy.
sobre o assunto, fortalecendo a garantia de Conclusion: This booklet will be relevant to the
direitos e a autonomia da mulher. Considerações local community, contributing to the reduction of
finais: A presente cartilha terá relevância à obstetric violence in the territory, also favoring the
comunidade local, contribuindo para a redução da dissemination of the subject to other women.
violência obstétrica no território, favorecendo
também a disseminação do assunto a outras
mulheres.

Palavras-chave: Violência Obstétrica; Atenção Key words: Obstetric Violence; Primary Care;
Básica; Educação em Saúde. Health Education.

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 34


INTRODUÇÃO

O pré-natal consiste na assistência prestada à mulher desde o início da


gestação, objetivando assegurar a evolução da gravidez para que assim permita o
nascimento de um recém-nascido saudável, garantindo o bem-estar materno e neonatal.
De acordo com as recomendações do Ministério da Saúde, esta assistência deve estar
voltada ao acolhimento da mulher, na realização de atividades preventivas e educativas, na
detecção precoce de doenças e situação de risco, e no acesso facilitado aos serviços de
saúde (BRASIL, 2005; BRASIL, 2012).
Durante a assistência pré-natal é fundamental a realização de atividades
educativas, no qual consiste em uma série de práticas desenvolvidas pelos profissionais de
saúde com o objetivo de garantir a autonomia do indivíduo perante o seu cuidado, por meio
do compartilhamento de saberes e construção de conhecimentos em saúde. (BRASIL,
2012; FLORES, 2019).
Diversas abordagens podem ser realizadas nas atividades educativas no âmbito
do pré-natal, dentre estas é fundamental explanar a respeito dos direitos da gestante e
práticas que caracterizam violência obstétrica, a fim de que esta mulher tenha
conhecimento e autonomia sobre o seu processo de parir, evitando a ocorrência de
possíveis práticas abusivas (PEIXOTO et al., 2020; SILVA, 2021).
Violência obstétrica consiste na realização de violência à mulher grávida,
parturiente ou puérpera, em uma assistência desumanizada, onde profissionais de saúde
se apropriam do corpo feminino e dos processos reprodutivos, retirando da mulher a sua
autonomia e protagonismo, além da realização de práticas intervencionistas
desnecessárias, desrespeitando a integridade física e mental, podendo gerar
consequências negativas perante a sua qualidade de vida (OMS, 2014).
Trata-se de um problema antigo que acontece no mundo todo, sendo uma prática
muito presente na realidade de diversos centros de saúde do Brasil, seja público ou privado,
em maternidades ou consultórios pré-natais. Nem sempre ocorrerá através de práticas
físicas, esta forma de violência pode vir escondida por trás de expressões em tons de
brincadeiras, irônicos ou arrogantes, proferidas por profissionais de saúde à mulher, onde
muitas das vezes não são reconhecidas pelas próprias mulheres como uma forma violência
(MARTINS et al., 2019).
Perante o desconhecimento acerca deste tema, diversas pesquisas apontam
que muitas mulheres não possuem informação alguma sobre violência obstétrica, uma vez

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 35


que acabam não percebendo que tais atos abusivos foram realizados durante a assistência,
sendo muitas vezes justificados como medidas normais e necessárias. Isto é consequência
da falta de orientações acerca desta temática pelos profissionais que atuam no pré-natal,
reflexo de uma assistência desqualificada e mecanizada (CONCEIÇÃO et al., 2021).
A cartilha foi elaborada considerando observações realizadas durante as
consultas e rodas de conversa no pré-natal, em que se era abordado a temática em
questão, onde percebeu-se que as gestantes que realizavam o acompanhamento na
unidade de saúde da família Esmailda Marinho de Oliveira, pertencente ao município de
Castanhal, havia pouca ou nenhuma informação sobre o tema violência obstétrica.
Diante de tantas desinformações a respeito deste tema, o conteúdo abordado
nesta pesquisa proporciona e suscita nos profissionais que trabalham na saúde um olhar
mais atencioso e humanizado para a obstetrícia, a partir do fomento em disseminar
conhecimento sobre os direitos das gestantes visando contribuir na diminuição dos casos
de violência obstétrica, visto que várias situações de violência podem ser evitadas com o
preparo e conhecimento das mulheres.
Nesse sentido, a educação em saúde visa facilitar e potencializar o
desenvolvimento de ensino e aprendizagem, o Ministério da Saúde define como o “conjunto
de práticas do setor que contribui para aumentar a autonomia das pessoas no seu cuidado
e no debate com os profissionais e os gestores a fim de alcançar uma atenção de saúde de
acordo com as suas necessidades” (BRASIL, 2006 apud FALKENBERG et al., 2014).
A criação desta cartilha está fundamentada acerca da importância desta
temática para a saúde da mulher no que condiz no processo de gestação, parto e puerpério,
com abordagem ainda que no âmbito da atenção primária em busca de tentar prevenir tal
situação, visto que, no município elencado para o desenvolvimento desta tecnologia, já
houve inúmeros casos reportados de violência obstétrica, principalmente ocorridas em
ambiente hospitalar.
Assim, esta pesquisa teve como objetivo geral elaborar uma cartilha como
tecnologia em saúde acerca do tema violência obstétrica para gestantes na Atenção Básica
e, como objetivos específicos: levantamento bibliográfico sobre violência obstétrica para
gestantes na atenção básica e a definição de conteúdo e layout para a tecnologia educativa
sobre violência obstétrica para gestantes.

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 36


METODOLOGIA

A metodologia utilizada para a construção da referida cartilha possui abordagem


de caráter do tipo descritivo e exploratório. Foi realizado um levantamento informacional
acerca da temática de violência obstétrica para alcançar os dados descritos na mesma,
para isso reuniu-se artigos do banco de dados do Google Acadêmico utilizando as palavras-
chaves: "violência obstétrica", "atenção básica" e "educação em saúde", onde teve como
resultado o total de 20 artigos, estes foram analisados minuciosamente, todavia, apenas 2
artigos se encaixaram nos critérios estabelecidos. O arcabouço teórico foi subsídio para a
elaboração do conteúdo da cartilha proposta.
Após o levantamento bibliográfico da temática, foi realizada a seleção do
conteúdo, assim como das ilustrações, seguindo para a diagramação da cartilha. Para a
composição do material foram utilizadas ilustrações retiradas do site Freepik, estas foram
selecionadas e adequadas conforme a diagramação do produto utilizando a ferramenta de
design gráfico Canva. Este material foi desenvolvido com textos apresentando linguagem
simples de forma adaptada para garantir o acesso e a compreensão deste por parte do
público.
Considerando a grande relevância do tema violência obstétrica e a disseminação
de informações atualizadas e de qualidade para as gestantes no acompanhamento de pré-
natal, as autoras do projeto contactaram a coordenação da unidade, buscando autorização
para realizar a doação do material educativo à Secretaria de Saúde do município de
Castanhal, de maneira que venha ser ofertado nas unidades de saúde, assim como, auxiliar
na assistência dos profissionais envolvidos no cuidado.

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 37


RESULTADOS E DISCUSSÃO

Figura 1 – Capa e sumário

Fonte: Elaborado pelos autores, 2023.

O material educativo contém uma capa, onde destaca o título da cartilha, os


autores e uma ilustração referente ao tema, além da contracapa, que contém as logomarcas
das instituições participantes para a realização do estudo, e sumário. Buscando apresentar
o conteúdo da cartilha de forma didática ao público que se deseja alcançar, os elementos
textuais foram dispostos em tópicos: (1) O que é violência obstétrica; (2) Tipos de violência
obstétrica; (3) Quem provoca violência obstétrica; (4) Situações que caracterizam violência
obstétrica; (5) Como evitar a violência obstétrica; (6) Boas práticas de assistência ao parto
e nascimento; (7) O que fazer diante da violência obstétrica.

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 38


(1) O que é violência obstétrica:

Figura 2 – Páginas referentes a um dado das nações unidas com frases típicas de
violência obstétrica e em seguida sua definição.

Fonte: Elaborado pelos autores, 2023.

Inicialmente, é apresentado um dado do relatório das Nações Unidas, com


algumas frases que muitas parturientes costumam ouvir por profissionais. Segundo dados
do Relatório das Nações Unidas, uma em cada quatro mulheres já sofreu violência
obstétrica no Brasil, (BERNARDO, 2021). De acordo com a análise, nos últimos 20 anos,
profissionais de saúde ampliaram o uso de intervenções que antes serviam apenas para
evitar riscos ou tratar complicações no parto. Isso indica que ainda há necessidade de
reforçar discussões e intervenções sobre o tema, porém profissionais têm desenvolvido
práticas que combatem o desrespeito, abuso e negligência no período da gestação, do
parto, nascimento e pós-parto.
Após isto, é colocada a conceituação de violência obstétrica, fundamentado em
Conceição (2021), é toda ação que se relaciona com os processos reprodutivos das
mulheres, que irão acarretar consequências físicas e psicológicas, tais violações podem ser
de curto ou longo prazo, todas com o objetivo único de acelerar o parto.

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 39


(2) Tipos de violência obstétrica:

Figura 3 – Tipos de Violência Obstétrica

Fonte: Elaborado pelos autores, 2023.

Nestas páginas, segundo Brandt (2018), são apontados os principais tipos da


violência: verbal, institucional, moral, física, sexual e psicológica. A violência verbal que
ocorre através de falas transmitidas pelos profissionais, como xingamentos e ofensas. Em
contrapartida às outras formas de violência, existe a institucional, desconhecida por muitas
mulheres pois exprimem-se de forma mais indireta. Baseando-se em Brasil (2007), é um
tipo que ocorre estruturalmente entre os estabelecimentos de saúde, que vai desde a
negação do acolhimento à mulher até à falta do repasse de informações no pré-natal.
A violência moral também é considerada fundamental apresentar, pois nela
manifestam-se os variados tipos de discriminação, que se dão por gênero, cor, etnia ou
classe social, podem resultar em processos jurídicos caso as gestantes ou parturientes
tenham conhecimento (LIMA, 2018). Na física e sexual, são as práticas mais visíveis e
frequentes onde ocorre o uso de ocitocina e episiotomia, práticas muito comuns e que se
naturalizaram entre as maternidades. Na sexual, os assédios, toques excessivos por vários

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 40


profissionais que constrangem as parturientes, ferindo sua intimidade, dignidade e pudor.
Por fim, menciona-se a violência psicológica, que pode desencadear em transtornos como
ansiedade, e a depressão pós-parto.

(3) Quem provoca violência obstétrica:


A violência obstétrica pode ser física, psicológica, verbal, simbólica ou sexual,
sendo provocada por profissionais como médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem
ou outros profissionais que em algum momento prestem assistência obstétrica. Nesse
sentido é importante que haja vínculo de confiança entre os profissionais e as gestantes
para que sejam devidamente orientadas e suas decisões sejam respeitadas. Nota-se assim,
relevância de maior esclarecimento sobre o tema no sentido de prevenir a violação de
direitos acolhendo e orientando.

Figura 4 – Quem provoca violência obstétrica e situações que caracterizam a violência

Fonte: Elaborado pelos autores, 2023.

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 41


(4) Situações que caracterizam violência obstétrica:
Neste tópico são abordadas as diversas situações que contextualizam práticas
de violência obstétrica. Desde xingamentos, piadas, falas ofensivas a traumas físicos
causados no corpo da mulher através de procedimentos que há tempos são proscritos.
Pontua-se como exemplo de violência obstétrica a manobra de Kristeller, prática em que
se realiza uma pressão sobre o abdome da mulher afim de “empurrar” o feto para fora do
canal vaginal, isto está associado a diversas complicações, logo, resultando em
consequências negativas capazes de perdurar por toda a vida da mulher (PIRES, 2022).
Outro exemplo a ser destacado neste tópico é referente a episiotomia, trata-se
de um procedimento cirúrgico no qual é realizado um corte na região perineal com o objetivo
de aumentar a abertura vaginal. De acordo com os estudos, a episiotomia não deve ser
realizada de forma rotineira e indiscriminada, esta prática deve ser realizada apenas de
forma seletiva, bem indicada e aplicando técnica correta, para proteger contra lacerações
perineais graves, além de ser realizada apenas com o consentimento da mulher
(FEBRASGO, 2018).

Figura 5 – Continuação de situações que caracterizam a violência e como evitar a


violência obstétrica.

Fonte: Elaborado pelos autores, 2023.

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 42


(5) Como evitar a violência obstétrica:
Neste item foi pontuado algumas formas de como evitar a violência obstétrica. A
presença do acompanhante durante todo o período de trabalho de parto, parto e pós-parto
é um direito de toda parturiente sendo amparada pela Lei Federal nº 11.108/2005, no qual
esta deve ser respeitada em todos os estabelecimentos de saúde, seja ele o sistema único
de saúde como na rede privada ou conveniada. A referida lei estabelece que o
acompanhante é qualquer pessoa de livre escolha da mulher, podendo ou não ter vínculos
familiares (BRASIL, 2005).
Além disso, abordou-se a também na cartilha a Lei Federal N° 11.634/2007, a
qual se trata do direito da gestante ao conhecimento e vinculação prévia à maternidade na
qual ocorrerá seu parto e/ou que será atendida em situações de intercorrência durante o
pré-natal, no âmbito do Sistema Único de Saúde (BRASIL, 2007).
Outra forma de evitar a violência obstétrica em que foi pontuada na cartilha, é a
utilização de um plano de parto. Consiste em um documento onde a gestante poderá
escrever todos os seus desejos, preferências, expectativas e procedimentos para o
momento do parto. Em um estudo no qual buscou analisar a utilização do plano de parto
como estratégia para redução de violência obstétrica, identificou que aquelas que
entregaram um plano de parto na maternidade, foram submetidas a menos procedimentos,
todos com consentimento da paciente (MACHADO et al., 2020).

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 43


(6) Boas práticas de assistência ao parto e nascimento:

Figura 6 – Boas práticas de assistência ao parto e nascimento e o que fazer diante da


violência obstétrica.

Fonte: Elaborado pelos autores, 2023.

Nesta seção foram citadas algumas das boas práticas de assistência ao parto e
nascimento, dentre elas cita-se o uso do partograma, este consiste em um documento
gráfico onde é registrado tudo o que acontece no trabalho de parto para o seu adequado
monitoramento. Este registro gráfico é capaz de diagnosticar desvios da normalidade da
evolução do trabalho de parto, onde, a partir dos achados, serão tomadas condutas
necessárias, assim evitando realizar intervenções desnecessárias (BRASIL, 2001).
O incentivo a movimentação e adotar posições de livre escolha da parturiente,
também foram mencionados neste tópico. Segundo as diretrizes nacionais de assistência
ao parto normal, o profissional de saúde deve encorajar a mulher a adotar qualquer posição
em que esta achar mais confortável, abrangendo as posições de quatro apoio, lateral ou
cócoras (BRASIL, 2007).
Além disso, o estímulo à amamentação na primeira hora de vida do RN, também
se caracteriza no tópico em questão, uma vez que se trata de uma prática simples capaz
de proporcionar benefícios imediatos ao recém-nascido, havendo impacto na nutrição e

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 44


saúde do binômio, como também na prevenção de morbidade e mortalidade materna e
neonatal (BRASIL, 2014).

(7) O que fazer diante da violência obstétrica:


Considerando que a Atenção Básica trabalha no sentido da prevenção a cartilha
visa orientar sobre como agir diante desses casos, vale ressaltar que a Educação em Saúde
(ES) constitui-se, na perspectiva da teoria do agir comunicativo compreende as ações
intencionais ou planejadas, cuja finalidade imediata ou futura, que para as gestantes que
têm a oportunidade de participar de uma ES melhora e ou torna esta mulher mais preparada
e aumenta a oportunidade de participar, opinar, decidir e despertar nas gestantes,
companheiros e familiares a vivência de um parto mais agradável, sem imposições nas
suas escolhas e ou decisões em relação a sua decisão como, por exemplo, a escolha o tipo
de parto (BERNARDO et al., 2021).
Diante ao exposto, a denúncia é a forma mais evidenciada quando se fala em
como proceder, sendo possível realizar denúncias pelos contatos registrados na cartilha
(180 ou 136) ou seguir as alternativas indicadas, como se dirigir a delegacia da mulher do
município e comunicar a Secretaria de Saúde do Município. Nesse sentido, a cartilha é
proposta como forma de orientação e conscientização às mulheres e acompanhantes sobre
o assunto, fortalecendo a garantia de direitos e a autonomia da mulher.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A elaboração da tecnologia da cartilha para fins pedagógicos, deve ter como


premissa um estudo do perfil de público da localidade ou dos meios em que será aplicada,
conhecendo previamente o nível de conhecimento da população a respeito do tema
abordado. Não deve conter linguagem rebuscada ou dados muito técnicos, a fim de garantir
uma interpretação facilitada ao leitor, alcançando assim, os resultados almejados de
amenização da problemática.
A presente cartilha terá relevância à comunidade local, contribuindo para a
redução da violência obstétrica no município de Castanhal, através da abordagem no qual
foi realizada nesta tecnologia, onde se procurou apresentar de forma detalhada e didática
as principais informações sobre a violência obstétrica, prevenção e denúncia, como
também expor acerca das boas práticas de assistência ao parto e nascimento, assim
também favorecendo a disseminação do assunto a outras mulheres.

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 45


AGRADECIMENTOS

Agradecer primeiramente a Deus, pela oportunidade de realizar uma pós-


graduação e por nos conduzir por este caminho. À nossa orientadora Josiane Macedo de
Oliveira Rupf, pela paciência em nos orientar, acessibilidade e disponibilidade. Ao professor
Ademir Ferreira da Silva Júnior, por toda dedicação no planejamento da pós-graduação e
em nos proporcionar experiências exitosas nas aulas práticas, sempre se preocupando em
oferecer o melhor a todos os alunos. Por fim, agradecer a Secretaria Municipal de Saúde
de Castanhal no âmbito da Atenção Primária no qual possibilitou, através do contato com
as pacientes, a observação e construção do material educativo realizado abordando um
tema tão importante e pertinente à saúde da mulher.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Parto, aborto e puerpério: assistência humanizada à


mulher. Brasília, 2001. Disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cd04_13.pdf. Acessado em: 13 de março de
2023.

BRASIL. Ministério da Saúde. Diretrizes nacionais de assistência ao parto normal: versão


resumida. Brasília, 2017.

BRASIL. Ministério da Saúde. Cadernos HumanizaSUS: Humanização do parto e do


nascimento. Brasília, 2014.

BRASIL. Ministério da Saúde.

BRASIL. Ministério da Saúde. Cadernos de atenção básica: Atenção ao pré-natal de baixo


risco. Brasília, 2012.

BRASIL. Lei nº 11.108, de 07 de abril de 2005. Altera a Lei nº 8.080, de 19 de setembro


de 1990, para garantir às parturientes o direito à presença de acompanhante durante o
trabalho de parto, parto e pós-parto imediato, no âmbito do Sistema Único de Saúde –
SUS. Diário Oficial da União, Brasília, 2005.

BRASIL. Lei n° 11.634, de 27 de dezembro de 2007. Dispõe sobre o direito da gestante


ao conhecimento e a vinculação à maternidade onde receberá assistência no âmbito do
Sistema Único de Saúde.

BRITO AVS, et al. Tecnologias educacionais voltadas para gestantes: revisão integrativa.
Revista Eletrônica Acervo Saúde. v. 13. n. 11. Amapá, 2021.

BERNARDO RGQ, et al. Violência Obstétrica e a atuação dos profissionais de saúde no


pré-natal. International Journal of Development Research. v. 11. n. 4. Belém, 2021.

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 46


CONCEIÇÃO RGS, et al. Assistência qualificada no pré-natal como prevenção da
violência obstétrica: Revisão integrativa. Research, Society and Development, [S.I], v. 10,
n.8, 2021.

FALKENBERG MB, et al. Educação em saúde e educação na saúde: conceitos e


implicações para a saúde coletiva. Ciênc. saúde coletiva, v.19, n.3, p.847-852, 2014.

FEBRASGO. Recomendações Febrasgo parte II - episiotomia. São Paulo, 2018.


Disponível em: https://www.febrasgo.org.br/pt/noticias/item/715-recomendacoes-febrasgo-
parte-ii-episiotomia. Acessado em: 20 de abril de 2023.

FLORES QRS. Grupos de Pré-Natal nas Unidades Básicas de Saúde de Franco da


Rocha - SP: percepções sobre a prática de Educação Pré-natal. Trabalho de Conclusão
de Curso de Especialização CEFOR/SUS-SP, São Paulo, 2019; 47 p.

IMAGENS LICENCIADAS. Freepik, 2023. Disponível em: https://br.freepik.com/.


Acessado em 20 de abril de 2023.

LIMA ACAD. Violência moral obstétrica no processo gestacional, de parto e abortamento


e o amparo da mulher no ordenamento jurídico brasileiro. Monografia (Bacharel em
Direito) - Curso Direito da Universidade Estadual do Amazonas. Manaus, 2018; 40 p.

MACHADO KS, et al. Plano de parto: uma estratégia para reduzir atos de violência
obstétrica? Interdisciplinary Journal of Health Education, 2020; v. 5, n.2.

MARTINS FL, et al. VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA: Uma expressão nova para um problema
histórico. Revista Saúde em Foco, [S.I.], n. 11, 2019.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Prevenção e eliminação de abusos,


desrespeito e maus-tratos durante o parto em instituições de saúde. Genebra:
Departamento de Saúde Reprodutiva e Pesquisa/OMS, 2014.

PEIXOTO IVP, et al. A importância da educação em saúde para as gestantes durante o


acompanhamento do ciclo gravídico puerperal. Saúde coletiva, [S.I.], v. 10, n. 57, p. 3607-
3613, 2020.

PIRES ASS. Complicações maternas decorrentes da realização da manobra de Kristeller


durante o período expulsivo do trabalho de parto. Repositório Científico do Instituto
Politécnico de Viseu, 2022.

SILVA JDG. Educação em saúde para mulheres como ferramenta preventiva de violência
obstétrica na rede pública de saúde. Trabalho de conclusão de curso de graduação do
Centro Universitário AGES, Paripiranga, 2021.

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 47


| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 48
CAPÍTULO IV

ELABORAÇÃO DE TECNOLOGIA EDUCATIVA


ACERCA DA ATENÇÃO À SAÚDE DA POPULAÇÃO
LGBTQIA+ NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

Renato Magalhães de Souza CostaI; Romana Nogueira de MirandaI; Cassandra Pina VarejãoI; Ademir
Ferreira da Silva JúniorII
I
Discente do Curso de Especialização Multiprofissional em Atenção Básica e saúde da Família da
Universidade Federal do Pará (UFPA). Belém, Pará, Brasil.
II
Docente da faculdade de Medicina da Universidade Federal do Pará (UFPA), Altamira, Pará, Brasil.

RESUMO / ABSTRACT

Objetivo: descrever o processo de elaboração de Objective: to describe the development of an


uma cartilha educativa em saúde com o tema educational booklet regarding the “health care for
“atenção à saúde da população LGBTQIA+ na the LGBTQIA+ population in Primary Health Care”.
Atenção Primária à Saúde”. Relato de Experience report: a descriptive study, of the
experiência: trata-se de um estudo descritivo, do experience report type, referring to the process of
tipo relato de experiência, acerca do processo de development of an educative technology about the
elaboração de uma tecnologia educativa sobre a health of LGBTQIA+ population for healthcare
saúde de pessoas LGBTQIA+ destinada para professionals. Discussion: the health of LGBTQIA+
profissionais de saúde. Discussão: a saúde de people in primary care is a broad topic, composed
pessoas LGBTQIA+ na atenção primária é um of specific health needs of this population. Even
tema amplo, composto por necessidades today, there is a lack of knowledge on the subject,
específicas em saúde dessa população. Nota-se, in addition to the reproduction of prejudices in
ainda na atualidade, carência de conhecimento society. In this regard, the use of educational
sobre o assunto, além da reprodução de booklets on health is essential in the process of
preconceitos na sociedade. Neste sentido, a educating the public, as it enables the transmission
utilização de cartilhas educativas em saúde é of knowledge in a simple and objective way. Final
essencial no processo de educação do público por considerations: it is believed that the educational
possibilitar a transmissão do conhecimento de booklet can help to promote the proposed theme,
forma simples e objetiva. Considerações finais: contributing to the strengthening and expansion of
acredita-se que a cartilha educativa pode auxiliar the subject and in the fight against existing
na promoção do tema proposto, contribuindo para prejudices. It is important to validate and socialize
o fortalecimento e expansão do assunto e no the booklets so that it is possible to achieve its
combate a preconceitos existentes. Ressalta-se a central objective of promoting the education of
importância da realização de validação e professionals and the community regarding the
socialização da cartilha para que seja possível subject.
atingir esse objetivo central de promover a
educação dos profissionais e comunidade em
torno do assunto.

Palavras-chave: Atenção Primária à Saúde; Key words: Primary Health Care; Health
Educação em saúde; Pessoas LGBTQIA+; Education; LGBTQIA+ People; Educational
Tecnologia Educacional. technology.

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 49


INTRODUÇÃO

Historicamente nota-se uma visão preconceituosa e deturpada da população em


geral em relação a pessoas que se identificam como lésbicas, gays, bissexuais,
transexuais, travestis, transgêneros, queer, intersexo, assexuais, dentre outras expressões
e identidades de gênero fora do padrão da norma binária, cisgênero e heterossexual
(LGBTQIA+). Não sendo raro relatos de variadas formas de violências contra essa
população que vão desde agressões verbais, psicológicas, físicas até atentados contra a
vida. Fator este que corrobora para diminuição da qualidade de vida, segregação social e
até negação de direitos básicos a essa população específica (PORDEUS; VIANA, 2021;
TAGLIAMENTO et al., 2020; ROZARIO, 2020; OLIVEIRA, 2022).
A LGBTfobia está presente inclusive âmbito da saúde, vitimando desde os
usuários até os profissionais atuantes nas Redes de Atenção à Saúde. Destacam-se nos
relatos de pessoas LGBTQIA+ casos de condutas inadequadas por parte dos profissionais,
tais como atendimento discriminatório, julgamentos pessoais ofensas verbais e negação do
atendimento e ao uso do nome social. Nota-se ainda que pessoas transexuais, travestis e
transgêneros são vítimas de forma recorrente de transfobia nos serviços de saúde
(RONCHI, 2018; NATARELLI et al., 2015; MOTA et al., 2022).
Além disso, evidencia-se também falta de capacitação profissional adequada
acerca da atenção à saúde de pessoas LGBTQIA+. Apesar de a discussão sobre o tema
ter se propagado nos últimos anos, ainda hoje observa-se a carência de sua abordagem
nas grades curriculares dos cursos da área da saúde ou em capacitações no ambiente
profissional. Tal déficit propicia atendimentos ineficazes, visto que os profissionais não
possuem conhecimento satisfatório sobre as necessidades específicas dessa população
(MATTA et al., 2020; COSTA-VAL et al., 2022; GUIMARÃES, 2018).
Tais fatores influenciam negativamente na adesão de pessoas LGBTQIA+ aos
serviços de saúde, visto que favorece o distanciamento pelo receio de serem vítimas de
LGBTfobia e não terem suas necessidades de saúde atendidas adequadamente.
Negligenciando o direito dos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) de terem um
atendimento humanizado, acolhedor e livre de discriminações (FAZZANO et al., 2022;
OLIVEIRA et al., 2018; BRASIL, 2011).
Nesse contexto, destaca-se a implementação da Política Nacional de Saúde
Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (PNSILGBT) por meio da
Portaria nº 2836/2011, com o objetivo geral de viabilizar a saúde integral da população

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 50


LGBTQIA+ por meio de objetivos específicos como mecanismos de gestão que promovam
a equidade no SUS, ampliação do acesso dessa população aos serviços de saúde e
qualificação da rede de serviços de saúde (BRASIL, 2013a).
O desenvolvimento e aplicação de tecnologias educativas, tal como a cartilha,
visa contribuir com a capacitação e orientação do público ao qual se destina. A aplicação
desse material educativo é abrangente, possibilitando alcançar desde os usuários aos
profissionais dos serviços de saúde, podendo ser delimitado a um público específico. Seu
desenvolvimento tem em vista o fácil entendimento do assunto pelo público-alvo,
favorecendo a eficácia da instrução do público acerca de tema previamente definido (LIMA,
2021).
Portanto, o presente trabalho teve como objetivo relatar a experiência acerca do
processo de elaboração de uma tecnologia educativa em saúde, nos moldes de cartilha
educativa, com foco na assistência à saúde LGBTQIA+ na Atenção Primária à Saúde
(APS), visando promover a orientação dos profissionais atuantes acerca do tema como
medida de aprimorar a integralização da atenção à saúde dessa população, seguindo os
princípios de universalidade, equidade e integralidade do Sistema Único de Saúde.

RELATO DE EXPERIÊNCIA

Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência, com o objetivo


de descrever a produção de uma tecnologia educativa em saúde, nos moldes de cartilha
educativa, destinada para profissionais atuantes na APS, que informa e orienta acerca de
aspectos da saúde da população LGBTQIA+. Este estudo é produto de um Trabalho de
Conclusão de Curso da Especialização Multiprofissional em Atenção Básica e Saúde da
Família, ofertado pela Universidade Federal do Pará.
O estudo utilizou o método proposto por Holliday OJ (2006) para sistematização
de experiências, composto por cinco etapas de desenvolvimento, sendo estas: 1) o ponto
de partida; 2) as perguntas iniciais; 3) recuperação do processo vivido; 4) a reflexão de
fundo e; 5) os pontos de chegada.
A necessidade de construção da tecnologia deu-se para o desenvolvimento das
atividades de educação em saúde como uma estratégia de aproximação entre usuários e
os profissionais de saúde e o tema proposto para a tecnologia educativa em saúde. Foi
produzida uma cartilha, a qual abordou a saúde da população LGBTQIA+, visando orientar
os profissionais da APS neste assunto (figura 1).

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 51


Figura 1 – Capa da cartilha “Saúde LGBTQIA+ na Atenção Primária à Saúde”

Fonte: Elaborado pelos autores, 2023.

A elaboração da cartilha ocorreu no período de outubro de 2022 a abril de 2023,


seguindo as respectivas etapas: (I) levantamento bibliográfico da temática; (II) seleção do
conteúdo; (III) seleção das ilustrações e adequação; (IV) diagramação da cartilha. Na
primeira etapa, realizou-se levantamento bibliográfico nos sites do Ministério da Saúde,
Organização Mundial da Saúde e nas bases de dados SciELO, BDENF, LILACS e Google
Acadêmico.
Na segunda etapa, houve a seleção do conteúdo da cartilha. Foram
selecionados temas relacionados às necessidades e especificidades em saúde da
população LGBTQIA+ na APS e principais carências de conhecimento dos profissionais de
saúde acerca do tema (BRASIL, 2013a; CACHOPO; BARBOSA, 2021; COSTA-VAL et al.,
2022). Seguindo com a sistematização dos dados em um documento textual obedecendo
uma lógica linear com adaptação da linguagem utilizada na cartilha de acordo com seu
público-alvo.
Na terceira etapa realizou-se o processo de seleção e adequação das ilustrações
utilizadas na cartilha, tendo como critério de seleção imagens com licenciamento livre para
uso. Após, na quarta etapa do processo, foi feita a diagramação do produto, em um modelo
protótipo, com utilização do software CorelDRAW® Graphics Suite 2020 no tamanho A4

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 52


(21 x 29,7 cm), em cores e configurações para impressão, com utilização de fontes livres
licenciadas, com tamanhos entre 14 e 18 pontos (PT) visando facilitar a leitura para o
público. Posteriormente, após a etapa de validação do produto, será feita revisão do
material sendo realizadas adequações do conteúdo, para disponibilização do produto oficial
finalizado.

DISCUSSÃO

A garantia de políticas e direitos direcionados às pessoas LGBTQIA+ é resultado


de lutas e movimentos sociais ao longo da história mundial. No Brasil, observa-se a
presença crescente de movimentos pelo combate às violências LGBTfóbicas a partir das
décadas de 1970 e 1980 e, a partir dos anos 2000, o estabelecimento de políticas inclusivas
para essa população (ROZARIO, 2020; COSTA; LIMA, 2021).
Nota-se que, apesar da existência de políticas de saúde voltadas para pessoas
LGBTQIA+, como a PNSILGBT, as necessidades e especificidades de saúde dessa
população são, ainda na atualidade, atendidas de forma inadequada e, por vezes,
negligenciadas. Tendo como principais causas a falta de capacitação adequada dos
profissionais acerca desse assunto e, também, casos de discriminações contra pessoas
LGBTQIA+ nas redes de atenção à saúde (BRASIL, 2013; GUIMARÃES, 2018; MATTA et
al., 2020).
A APS é tida como o primeiro nível de assistência contínua à saúde dos
indivíduos e comunidade. Os serviços disponíveis na APS são diversificados, visando
alcançar e serem acessíveis para a população em sua totalidade. A disponibilidade e
qualidade desses serviços pode variar entre as regiões, devido a fatores como
acessibilidade, estrutura, gestão local, qualidade do atendimento, influenciando na
satisfação dos usuários de acordo com a contemplação de suas necessidades e
especificidades de saúde (BRASIL, 2019; CANTALINO et al., 2021).
Quanto às necessidades em saúde da população LGBTQIA+ no âmbito da APS,
destacam-se orientações mais específicas, tais como o acesso ao processo
transexualizador, exame citopatológico para homens trans e pessoas transmasculinas,
planejamento familiar para pessoas LGBTQIA+, pré-natal de homens transexuais. Além
desses serviços mais específicos, ressalta-se a importância de abordar para a sociedade
como um todo quanto a importância da imunização, ações de orientação e prevenção às
infecções sexualmente transmissíveis e orientações sobre violências LGBTfóbicas e como

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 53


agir (COSTA; LIMA, 2021; ARAÚJO et al., 2021; CACHOPO; BARBOSA, 2021;
ALBUQUERQUE et al, 2018; SOUZA et al, 2022; ROSSI et al, 2021; MOTA et al., 2022).
Nesse sentindo, a utilização de estratégias de educação em saúde, tal como a
cartilha elaborada neste estudo, é essencial. Sua adaptabilidade de acordo com o público-
alvo facilita que temas amplos e suas especificidades sejam abordados de forma que
contribua para o conhecimento dos leitores acerca do assunto, tornando-os também
possíveis agentes disseminadores do assunto, fortalecendo e expandindo a discussão
acerca a saúde LGBTQIA+ (LIMA, 2021).
Objetivando a efetividade da tecnologia proposta neste estudo, seu conteúdo foi
desenvolvido com base nos achados da literatura, iniciando com a explicação de conceitos
recorrentes no assunto, tais como orientação sexual, identidade de gênero, expressão de
gênero, e o significado da sigla LGBTQIA+ (BAHIA, 2018).
Após, foi incluído tópico acerca de direitos da população LGBTQIA+, tais como
a PNSILGBT, direito ao registro de nome social no Cartão Nacional de Saúde, acesso ao
processo transexualizador no SUS, alteração de nome e gênero no registro civil, casamento
e adoção (BRASIL, 2017).
Em seguida, apresentou-se de forma geral os serviços da APS, destacando-se
no texto orientações específicas para a população LGBTQIA+ no âmbito da APS – como
acessar o processo transexualizador, importância da realização de exame citopatológico
por homens transexuais, mulheres cisgênero bissexuais ou lésbicas, pré-natal para homens
transexuais. Destacou-se também orientações acerca de Infecções Sexualmente
Transmissíveis e formas de prevenção, um assunto de extrema importância a ser abordado
na sociedade em sua totalidade, devido a ser uma questão de saúde pública (BRASIL,
2013b; ARAÚJO et al., 2021; SOUZA et al, 2022; ROSSI et al., 2021).
A cartilha apresenta ainda orientações sobre como agir em casos de violências
LGBTfóbicas, seja nos serviços de saúde ou demais segmentos da sociedade, tais como
formas de conseguir provas, busca por suporte de testemunhas, e serviços disponíveis para
realizar a denúncia – como a Delegacia de Combate aos Crimes Discriminatórios e
Homofóbicos (DCCDH) no município de Belém-PA e o Disque Direitos Humanos (Disque
100) a nível nacional (COSTA; LIMA, 2021; BRASIL, 2017).
Visando a efetividade da cartilha no processo de educação em saúde
LGBTQIA+, o processo de elaboração foi realizado utilizando-se linguagem acessível,
interativa, além de ilustrações complementares para melhor compreensão e fixação do
assunto abordado na cartilha (GONÇALVES et al., 2021).

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 54


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dentre as características de cartilha educativa, destacam-se a possibilidade de


adaptar o conteúdo abordado e facilidade de sua aplicação, promovendo melhor adesão do
público ao qual se destina, sendo uma tecnologia fundamental no processo de educação
em saúde. Ressalta-se a importância de produções desta natureza acerca da saúde
LGBTQIA+ devido a perceptível falta de capacitação adequada dos profissionais em torno
deste tema. De forma que a utilização destas estratégias possibilita contribuir para o
entendimento e expansão da discussão do tema, além de ser uma forma de combater
preconceitos, muitas das vezes estabelecidos pela falta de informação ou informação
inverídicas.
Como limitação para este estudo, destaca-se que para que seja alcançado seu
objetivo central de promover a educação em saúde LGBTQIA+ do público-alvo é necessário
a realização das demais etapas de implementação, sendo elas: avaliação e validação do
material, sendo respeitadas as considerações realizadas neste processo, realizar os
registros International Standart Book Number (ISBN) e Digital Object Identifier (DOI),
possibilitando então a disponibilização do material oficial para o público.

REFERÊNCIAS

ALBUQUERQUE GA, et al. Planejamento reprodutivo em casais homossexuais na


estratégia saúde da família. Revista de APS, 2018, 21(1): 104-111.

ARAÚJO JMS, et al. Pap smear and cervical cancer in transgender men: integrative
review. Research, Society and Development, 2021, 10(2): e17010212342.

BAHIA. Defensoria Pública do Estado. Entendendo a diversidade sexual. 1 ed. Salvador:


ESDEP, 2018.

BRASIL. Ministério da Saúde. Carta dos direitos dos usuários da saúde. 3 ed. Brasília:
Ministério da Saúde, 2011.

BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays,


Bissexuais, Travestis e Transexuais. 1 ed., 1 reimp. Brasília: Ministério da Saúde, 2013a.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2803, de 19 de novembro de 2013. Redefine e


amplia o Processo Transexualizador no Sistema Único de Saúde (SUS). Brasil, 2013b.

BRASIL. Ministério Público Federal. O Ministério Público e os direitos de LGBT: conceitos


e legislação. Brasília: MPF, 2017.

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 55


BRASIL. Ministério da Saúde. Carteira de Serviços da Atenção Primária à Saúde
(Casaps) - Versão Profissionais de Saúde e Gestores – Completa. Brasil, 2019.

CACHOPO MHL, BARBOSA MJS. Ações de prevenção à saúde de utentes LGBTI + na


Unidade Municipal de Saúde da Pratinha (Belém): uma experiência profissional.
Intervenção Social, 2021, 57-58:195-213.

CANTALINO JLR, et al. Satisfação dos usuários em relação aos serviços de Atenção
Primária à Saúde no Brasil. Revista de Saúde Pública, 2021, 55(22).

COSTA-VAL A, et al. O cuidado da população LGBT na perspectiva de profissionais da


Atenção Primária à Saúde. Physis: Revista de Saúde Coletiva, 2022, 32(2): e320207.

COSTA BM, LIMA MLC. Mapeamento de políticas públicas destinadas a pessoas LGBT:
algumas conquistas e muitos desafios. Revista Periódicus, 2021, 3(16): 121-132.

FAZZANO LH, et al. Uma interpretação comportamental sobre a LGBTfobia reproduzida


no contexto psicoterapêutico. Revista Perspectivas, 2022, 13(1): 183-196.

GONÇALVES RMV, et al. Elaboração de cartilha de orientação para uso de telemetria


cardíaca. Revista Eletrônica Acervo Saúde, 2021, 13(8): e8516.

GUIMARÃES RCP. Estigma e diversidade sexual nos discursos dos (as) profissionais do
SUS: desafios para a saúde da população LGBT. Tese (Doutorado em Saúde Coletiva) –
Faculdade de Ciências da Saúde. Universidade de Brasília, Brasília, 2018, 148 p.

HOLLIDAY OJ. Para sistematizar experiências. 2 ed. Brasília: Ministério do Meio


Ambiente, 2006; 128 p.

LIMA II MM. Qualificação do acolhimento e do atendimento da população trans pelos


profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS): uma cartilha. Dissertação (Mestrado
Profissional) – Faculdade de Medicina. Programa de Pós-graduação em Ensino na
Saúde. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2021, 62 p.

MATTA TF, et al. Saúde LGBT e currículo de enfermagem: visão de futuras enfermeiras.
Research, Society and Development, 2020, 9(9): e722997855.

MOTA M, et al. “Clara, esta sou eu!” Nome, acesso à saúde e sofrimento social entre
pessoas transgênero. Interface - Comunicação, Saúde, Educação [online], 2022, 26:
e210017.

NATARELLI TRP, et al. O impacto da homofobia na saúde do adolescente. Escola Anna


Nery, 2015, 19(4): 664-670.

OLIVEIRA GM. Este barulho te incomoda?! Potência política de travestis negras em


Salvador frente a negação de direitos e às múltiplas violências: aceita que dói menos!
Dissertação (Mestrado Acadêmico em Serviço Social) – Instituto de Psicologia Social.
Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2022, 166 p.

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 56


OLIVEIRA GS, et al. Serviços de saúde para lésbicas, gays, bissexuais e
travestis/transexuais. Revista de Enfermagem UFPE on line, 2018, 12(10): 2598-2609.

PORDEUS MP, VIANA RA. Feminismo, Desigualdade de Gênero e LGBTfobia: a


interseccionalidade das minorias no Brasil. Conhecer: Debate entre o público e o privado,
2021, 11(26): 113–131.

RONCHI DM. A equidade nas políticas de saúde LGBT: relato de experiência de uma
graduanda em saúde coletiva. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Saúde
Coletiva) – Escola de Enfermagem. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto
Alegre, 2018, 21 p.

ROSSI LF, et al. Health Education Related to Sexuality and Sexually Transmitted
Infections: an Integrative Review. New Trends in Qualitative Research, 2021, 8: 9-17.

ROZARIO ESB. Para além das plumas e paetês: movimento LGBT no enfrentamento à
LGBTfobia em Belém (PA). Revista Brasileira de Estudos da Homocultura, 2020, 3(9): 5-
26.

SOUZA LBF, et al. Assistência à saúde do homem transgênero durante o ciclo gravídico
puerperal: Uma revisão integrativa. Revista Nursing, 2022, 25(292): 8566-8571.

TAGLIAMENTO G, et al. Minha dor vem de você: uma análise das consequências da
LGBTfobia na saúde mental de pessoas LGBTs. Cadernos De Gênero E Diversidade,
2020, 6(3): 77–112.

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 57


| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 58
CAPÍTULO V

PROMOÇÃO A SAÚDE BUCAL: RELATO DE


EXPERIÊNCIA

Djanny Nunes MaiaI; Filipe Ferreira da SilvaI; Marcia Cristina Freitas da SilvaII
I
Discente do Curso de Especialização Multiprofissional em Atenção Básica e saúde da Família da
Universidade Federal do Pará (UFPA), Belém, Pará, Brasil.
II
Professora da faculdade de Medicina da Universidade Federal do Pará (UFPA), Belém, Pará, Brasil.

RESUMO / ABSTRACT

Introdução: O Programa Saúde na Escola se Introduction: The Health at School Program


apresenta como uma forma concreta de promoção presents itself as a concrete form of health
de saúde de extrema relevância para a assistência promotion of extreme relevance for the assistance
escolar facilitando o contato da população com os of students, facilitating the contact of the population
serviços odontológicos. Objetivo: Expor a with dental services. Objective: To expose the
realização de atividades do programa saúde na carrying out of activities of the health program at
Escola Estadual de Ensino fundamental Dr. school in students in the region of Ananindeua/PA.
Gaspar Viana na região de Ananindeua/PA. Methods: The actions involved students between
Métodos: As ações envolveram alunos com the ages of 05 and 13. Site reconnaissance visits
idades de 05 e 13 anos. Foram realizadas visitas were carried out to collect all the institution's data
no local para recolher todos os dados da instituição and activity planning. Audiovisual educational
de ensino e planejamento das atividades. Foram material was used on the ideal brushing technique;
utilizadas material educativo audiovisual sobre a painting activity addressing the theme “diet” and
técnica ideal de escovação; atividade com guidance on oral hygiene. Additionally, topical
abordagem do tema “dieta” e orientação de higiene application of fluoride with 2% Sodium Fluoride
bucal. Adicionalmente foi realizada aplicação was performed in children aged 05 years.
tópica de flúor com Fluoreto de Sódio a 2% nas Experience report: The two moments in which the
crianças com faixa etária de 05 anos. Relato de activities were carried out were extremely fruitful
experiência: Os dois momentos de realização das and the students who were the target audience of
atividades foram extremamente proveitosos e de the actions, which added to the cooperation of the
uma participação ativa dos alunos que foram o primary care team, resulted in success in the
público-alvo das ações que somada à cooperação objectives of health promotion and protection.
da equipe de atenção básica resultou em êxito nos specific. Conclusion: Carrying out educational
objetivos de promoção de saúde e de proteção actions in the school environment through the
específica. Conclusão: A realização de ações health at school program is very important to
educativas no ambiente escolar através do improve the quality of dental health in the student
programa saúde na escola é muito importante para population.
melhorar a qualidade da saúde odontológica na
população estudantil.

Palavras-chave: Promoção da Saúde; Programa Key words: Health Promotion; School Health
Saúde Escola; Saúde Bucal; Atenção Primária à Program; Oral Health; Primary Health Care; Health
Saúde; Sistema Único de Saúde. Unci System.

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 59


INTRODUÇÃO

O ambiente escolar, há muito tempo, se apresenta com múltiplas funções,


tornando a escola um equipamento de desenvolvimento de ensino e aprendizagem
associado às diversas formas de abrangência, e envolvendo seu território, sendo de
extrema importância para promoção de educação e saúde. O Ministério da saúde e trata
de uma política que delibera sobre ações de atenção aos estudantes da educação pública
básica no país no âmbito escolar e da Estratégia de saúde da Família (ESF) que deve agir
nas instituições de ensino presentes na sua área de abrangência, aproximando assim a
equipe de saúde com a esfera da educação (NÓBREGA, 2019).
Promoção de saúde é uma ação global, planejada para construir políticas
públicas saudáveis, criar ambientes que apoiem o esforço individual e comunitário de ser
saudável, fortalecendo ação comunitária, desenvolver habilidades pessoais ou reorientar
os serviços. Ações clínicas resolutivas devem ser desenvolvidas e acompanhadas pela
equipe responsável pelo território. Na odontologia, o uso racional de flúor direcionado para
grupos mais vulneráveis, além da realização de escovação supervisionada nas escolas,
são estratégias de controle de doenças bucais sustentadas por evidências de efetividade.
Entretanto, a efetividade está relacionada à integração a outras estratégias coletivas de
promoção da saúde desenvolvidas no ambiente escolar (AÍDA, 2018).
As escolas são indispensáveis para promoção de saúde e educação, tratando-
se de um ambiente onde as crianças e adolescentes passam a maior parte de sua infância
e juventude. A Organização Mundial de saúde na década de 1990, com o intuito de
relacionar saúde e ensino, proporcionou um programa chamado escolas promotoras de
saúde (EPS). Baseando-se em ambientes escolares com posturas saudáveis, estimulando
desenvolvimentos de habilidades, rotinas e estilos de vidas melhores (NERY; JORDÃO;
FREIRE, 2019).
A educação é tida como o pilar principal para promover e preservar a saúde,
levando em consideração a realidade em que os indivíduos estão inseridos. A prática de
saúde, como prática educativa, deixou de ser um processo de persuasão, dentro de uma
metodologia participativa, passou a ser um processo de capacitação dos indivíduos para a
transformação da realidade (NÓBREGA, 2019)
Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura (UNESCO, 2019) “a saúde se deve aprender na escola da mesma forma que todas
as outras ciências sociais”. A escola tem sido considerada um local adequado para o

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 60


desenvolvimento de programas de saúde por reunir crianças em faixas etárias propícias à
adoção de medidas educativas e preventivas, envolvendo a participação dos professores
como agentes multiplicadores de conhecimentos em saúde bucal.
Diante desse exposto o objetivo desse trabalho é descrever a integração da
escola na área de educação em saúde e saúde bucal. Este trabalho utilizou as experiências
da estratégia saúde da família São Lucas/PA interagindo com a escola estadual Dr. Gaspar
Viana no município de Ananindeua-PA, Brasil com 82 crianças na faixa etária de05 a 13
anos nas ações desenvolvidas em saúde bucal.

MÉTODOS

Inicialmente a cirurgiã-dentista responsável realizou visitas de reconhecimento


do local para, juntamente com a gestora para recolher todos os dados da instituição sobre
o número e faixa etária dos alunos, equipamentos disponíveis para utilização na ação e
planejamento dela, apresentação do projeto escola e equipe docente.
Após planejamento minucioso com toda a equipe componente da ESF foi
solicitada ajuda dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) para suporte nos dias
designados para a realização das atividades propostas. Como metodologias para viabilizar
as ações, utilizou-se: material educativo audiovisual sobre a técnica ideal de escovação e
atividade de pintura com abordagem do tema “dieta”. Adicionalmente foi realizada aplicação
tópica de flúor com Fluoreto de Sódio a 2% nas crianças com faixa etária de idade com 05
a 13 anos.
As ações foram realizadas no mês de maio de 2022, com 82 alunos de turmas
do 2 ano ao 6 ano de 05 e 13 anos na escola estadual Dr. Gaspar Viana situada no
município de Ananindeua- Pará, pela equipe de saúde bucal componente da Estratégia de
saúde da Família São Lucas que geograficamente atendia os alunos da referida escola.

RELATO DE EXPERIÊNCIA

Foi realizada a visita prévia à escola e conversa com a direção e professores


para se adequar à rotina deles foi essencial para o sucesso das atividades realizadas. Além
disso, contar com o auxílio dos ACS se mostrou de extrema importância tanto por ser um
recurso humano para ajuda na realização das atividades, podendo assim repassar qualquer
informação para as famílias deles mais facilmente. A aplicação de conceitos aprendidos e

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 61


debatidos, por meio das atividades de promoção de saúde, permitiu tratar de forma
ampliada a realidade desses grupos, podendo contribuir para melhoria da qualidade de vida
dos indivíduos envolvidos.
A primeira faixa etária de alunos abordada foi de 05 a 13 anos, com duas turmas
de 30 alunos (Figura 1) com os quais foi realizada inicialmente a dinâmica do uso de
material audiovisual na forma de vídeo educativo adequado para a idade projetado na sala
de aula com música de instrução à técnica adequada de escovação “amigo do dente” ou
“inimigo do dente”, ou seja, se fazia bem à saúde geral e à integridade do dente.

Figura 1 – Material audiovisual utilizado com o vídeo educativo de escavação "amigo do


dente" ou "inimigo do dente" aos alunos com faixa etária de idade com 05 aos 13 anos.

Fonte: Autoria Própria.

A segunda faixa etária de idade foi de 11 a13 anos, em uma turma de 26 alunos
(Figura 2). Foi trabalhado o tema escovação com a demonstração da técnica ideal com o
auxílio de macromodelo e escova através de linguagem simples e de fácil percepção. Ainda
foi possível supervisionar a escovação, praticada pelas próprias crianças no macromodelo
odontológico, utilizando escova dentária para demonstração da forma correta de escovação
e das partes da cavidade bucal que devem ser higienizadas, educá-las quanto à
importância da higiene.

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 62


Figura 2 – Apresentação sobre demonstração de escovação com o macromodelo aos
alunos com faixa etária de idade de 11 a 13 anos.

Fonte: Autoria Própria.

Ao fim da parte educativa foi realizada a aplicação tópica de flúor em todos os


alunos dessa turma com o uso de flúor neutro a 2% de aplicação tópica aplicado em uma
moldeira rolete para ser levado em contato com os dentes (Figura 3). Ao final das aplicações
os alunos foram instruídos que não poderiam comer nem beber nada no intervalo de 30
minutos e as professoras ficaram responsáveis por esse controle.

Figura 3 – Alunos realizando a aplicação de flúor neutro a 2% supervisionada com faixa


etária de idade 05 anos a 13 anos.

Fonte: Autoria Própria.

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 63


Por fim foi estimulado nesses alunos que eles repassassem o que foi aprendido
nas atividades para outras pessoas, especialmente no ambiente familiar, desse modo
agindo como agentes multiplicadores das informações de promoção de saúde bucal.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A escola é o ambiente ideal para educação em saúde bucal aos estudantes,


contribuindo positivamente para a melhora na qualidade de vida deles, já́ que a dor dentária
e as idas ao consultório odontológico podem contribuir para o abandono escolar, por
exemplo. os programas saúde na escola vem se tornando mais eficazes atingindo o objetivo
de manter a saúde da população infantil.
Uma vez que a escola é o local de desenvolvimento intelectual, de hábitos,
valores e costumes para a faixa etária de crianças e adolescentes, utilizar o ambiente
escolar para propagação de medidas preventivas e de promoção se mostra bastante
adequado. O grupo de escolares, especialmente o grupo com menores idades, possui
grande potencial de imitar as ações que observam, sendo assim mais passiveis de correção
de hábitos e condutas inadequadas. Portanto é necessária a ampliação da abrangência do
PSE para torná-ló mais popular e, assim considerar todas as faixas etárias presentes no
ambiente escolar (SOUSA, 2021).
As ações de promoção de saúde bucal nas escolas devem focar também nos
professores que são instrumentos muito importantes de propagação e reforço, no cotidiano
da sala de aula, das informações repassadas. Para isso fornecer subsídios teórico-práticos
para esses profissionais se faz necessário como prática das ESB (OLIVEIRA, 2021).
A realização desse trabalho possibilitou os participantes além de vivenciar uma
experiência significativa em ambiente escolar, perceber a importância da presença de
profissionais nesses ambientes realizando atividades de promoção e prevenção em saúde
bucal. Embora não tenhamos aplicado nenhum instrumento de avaliação quantitativa dos
resultados, pudemos perceber o interesse por parte dos docentes nos assusto abordados
e uma satisfação dos alunos em adquirir esses conhecimentos através de atividades
extraclasse.
Diante das atividades realizadas e do referencial proposto pode-se refletir a
respeito da formação destes alunos, os quais foram colaborativos e puderam ir além dos
conhecimentos teóricos específicos, mesmo que de forma pontual, permitindo atingir
experiências importantes para o desenvolvimento pessoal da mesma forma que Domingues

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 64


(2016), os quais mostraram que atividades diferentes revelam potencialidades para o
amadurecimento dos alunos.
A maioria das escolas com maior AEPSB (ambiente escolar promotor de saúde
bucal) está concentrada na rede pública em capitais e regiões com melhores indicadores
socioeconômicos, principalmente nas regiões Sul e Sudeste. Em relação às capitais e
distritos, esses resultados já́ são esperados, pois os indicadores têm como premissa uma
melhor organização dos serviços escolares e um maior enfoque em diversos aspectos da
promoção da saúde escolar. Da mesma forma, no estudo de Horta (2019), que classificou
as escolas de acordo com seu potencial de promoção da saúde global, as escolas das
regiões Sul e Sudeste também receberam as maiores pontuações gerais, enquanto as da
região Nordeste obtiveram as menores pontuações gerais.
Outro estudo no Brasil, que avaliou a efetividade das estratégias de promoção
da saúde bucal na atenção primária, revelou desigualdades regionais semelhantes com as
regiões Sul e Sudeste comparadas às regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Esses
achados reforçam a necessidade de maior foco institucional para buscar ações estratégicas
direcionadas para as regiões menos favorecidas com base nos princípios de promoção da
saúde. Vale ressaltar a consideração de determinantes sociais da saúde para reduzir
efetivamente as aparentes desigualdades, não apenas nas escolas, mas também nos
serviços de saúde.
Esses levantamentos bibliográficos reforçam a necessidade de analisar os
determinantes das condições de saúde, redirecionando o foco de atenção para a estrutura
social na qual os indivíduos estão inseridos e ligando determinantes a doenças orais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A realização de ações educativas no ambiente escolar através do programa


saúde na escola é muito importante como forma de melhorar a qualidade de vida oral,
exercer a odontologia social e preventiva e aproximar a esfera educacional à saúde, tal qual
aconteceu nas atividades relatadas no presente estudo. Além disso, é importante saber
que, assim como na experiência descrita neste artigo, a promoção de saúde na escola
possui dificuldades de execução e falta de incentivo, sendo necessária tanto a atenção
maior da sociedade quanto a articulação com a estratégia de saúde da família.

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 65


REFERÊNCIAS

AIDA, J.; ANDO, Y.; OOSAKA, M.; NIIMI, K.; MORITA, M. Contributions of social context
to inequality in dental caries: a multilevel analysis of Japanese 3-years old children.
Community Dent Oral Epidemiol; n. 36, p. 149–156, 2018.

DOMINGUES GC, FONSECA GS, ZILBOVICIUS C, JUNQUEIRA SR. Contribuições de


estratégias extramurais para a formação em odontologia. Rev. Brás Extensão
Universitário 2019;7(2):105-11

HORTA, R.L.; ANDERSEN, C.S.; PINTO, R.O.; HORTA, B.L.; OLIVEIRA-CAMPOS, M.


ANDREAZZI, M.A.R. et al. Promoção da saúde no ambiente escolar no Brasil. Rev.
Saúde Pública., n. 51, p. :27, 2021.

LACERDA, J.T.; BEM PEREIRA, M. TRAEBERT, J. Dental pain in Brazilian


schoolchildren: a cross-sectional study. Int J Paediatr Dent [Internet]. V. 23, n. 2, p. 131-7,
2015.
NERY, N. G.; JORDÃO, L. M. R.; FREIRE, M. do C. M. School environment and oral
health promotion: The national survey of school health (PeNSE). Revista de Saúde
Pública, v. 53, p. 1–13, 2021.

NÓBREGA, A. V. da. et al. Impact of dental caries on the quality of life of preschoolers
measured by PedsQL questionnaire. Ciência e Saúde Coletiva, v. 24, n. 11, p. 4031–
4042, 1 nov. 2020.

OLIVEIRA EL, RATTO SG, VIEIRA APSB, CARVALHO G, FONSECA M, GUEDES V et


al. Importância do nível de conhecimento dos professores de escola pública do ensino
fundamental sobre saúde bucal: revisão de literatura. Rev. Campo do Saber. 2021;4(5):2-
16.

SANTIAGO, B.M.; VALENÇA, A.M.G.; VETTORE, M.V. The relationship between


neighborhood empowerment and dental caries experience: a multilevel study in
adolescents and adults. Rev. Brás Epidêmico. n. 17, p. 15–28, 2015.

SOUSA JB, PINHEIRO NETO MB, LOBO VFB, CARNEIRO SV, SILVA CHF. Benefícios
da inserção do cirurgião dentista no programa saúde na escola. Jornada odontológica dos
acadêmicos da católica. JOAC. 2021;2(2).

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 66


| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 67
CAPÍTULO VI

TELEATENDIMENTO: UMA PRÁTICA


MULTIPROFISSIONAL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À
SAÚDE

Sarah da Silva RibasI; Laiz de Lima MacêdoI; Keila da Silva MartinsI; Márcia Cristina Freitas da SilvaII
I
Discente do Curso de Especialização Multiprofissional em Atenção Básica e saúde da Família da
Universidade Federal do Pará (UFPA). Belém, Pará, Brasil.
II
Dra. em Neurociência e Biologia Celular, orientadora no Curso de Especialização Multiprofissional em
Atenção Básica e saúde da Família da Universidade Federal do Pará (UFPA). Belém, Pará, Brasil.

RESUMO / ABSTRACT

Objetivos: Descrever os acontecimentos na Objectives: To describe the events in the practice


prática do teleatendimento em uma unidade de of telecare in a health unit of the Collegiate of
saúde do Colegiado de Secretários Municipais de Municipal Health Secretaries of the State of Pará in
Saúde do Estado do Pará no município de Brasil the municipality of Brasil Novo/PA and to elaborate
Novo/PA e elaborar um fluxograma de processos a flowchart of processes to optimize telemedicine
para otimizar os protocolos de telemedicina. protocols. Methods: Experience report of the
Métodos: Relato de experiência da vivência do experience of telecare related solely to the services
teleatendimento relacionada aos serviços offered in the city of Brasil Novo/PA in partnership
ofertados no município de Brasil Novo/PA em with COSEMS/PA in the telemedicine program,
parceria com o COSEMS/PA no programa de which took place in a basic health unit of primary
telemedicina, ocorrido em uma unidade básica de health care. The present study is of the descriptive
saúde da atenção primária à saúde. O presente and observational type, the information passed on
estudo é do tipo descritivo e observacional, as was data acquired from the implementation to the
informações repassadas foram dados adquiridos present, that is, between the period of September
desde a implantação, entre o período de setembro 2021 to February 2023. Results: The high number
de 2021 a fevereiro de 2023. Resultados: É of negative points is notorious, but the advances
notório o alto quantitativo de dificuldades, mas são provided by telecare are evident, such as: Greater
evidentes os avanços proporcionados pelo coverage and scope of family health actions, care
teleatendimento, como: Maior abrangência e for patients, investment to reach populations with a
alcance das ações de saúde da família, atenção high level of social vulnerability and those who had
aos pacientes, investimento para o alcance às difficulties in accessing health professionals.
populações com alto índice de vulnerabilidade Conclusion: The report provides data that prove
social e aquelas que possuíam dificuldades de that each health unit requires several factors, but,
acesso aos profissionais da saúde. Conclusão: O once implemented, it guarantees an advance in
relato fornece dados que comprovam que cada medical coverage, personalized follow-up to
unidade de saúde requer atenção individual, mas, patients, strong interaction between specialists and
uma vez implantada a telemedicina garante um the team of eNASF-AP, reduction of the queue for
avanço na cobertura médica, acompanhamento face-to-face consultations, more professional
aos pacientes, interação dos especialistas com a autonomy, among others, and it has proved to be
equipe do eNASF-AP, redução da fila de espera an excellent alternative in meeting the demands of
para os atendimentos presenciais, e tem se SUS consultations. Also, based on experience, it
revelado uma excelente alternativa na atenção às was possible to draw up a flowchart of processes
demandas de consultas do SUS. Ainda, após a to be followed to optimize telemedicine protocols.
vivência foi possível a elaboração de um
fluxograma de processos a serem seguidos para
otimizar os protocolos de telemedicina.

Palavras-chave: Teleatendimento; SUS; Atenção Key words: Telemarketing; SUS; Primary Health
Primária à Saúde. Care.

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 68


INTRODUÇÃO

A modalidade de telemedicina, dentre outros benefícios visa “a garantia de


acesso e redução de deslocamentos desnecessários aos serviços de saúde e
monitoramento da evolução clínica” (OLIVEIRA et al., 2022, p. 467). Para compreender
melhor antes de adentrarmos no mérito do trabalho, é necessário compreender no que
consiste a telemedicina. Pode-se então “conceituá-la de maneira simples como a utilização
das tecnologias de informação e comunicação na área da saúde, proporcionando serviços
de cuidados à distância” (MALDONADO,2016 apud SILVA et al., 2020, p.74).
A Telessaúde apresenta variados campos de atuação e abrange o uso de
Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC), visando a qualidade e a
efetividade do atendimento à distância além de proporcionar melhoria de acesso aos
serviços de saúde (BRASIL, 2020). No início de 2020, devido à pandemia do novo
coronavírus a telessaúde se tornou um recurso fundamental, uma vez que medidas de
isolamento e distanciamento social precisaram ser realizadas, impactando os atendimentos
de saúde presenciais. E foi nesse contexto que a mesma ganhou sua consolidação efetiva
(LISBOA, 2023).
No Brasil, país com extensos contrastes econômicos, sociais e culturais, além
de amplas dimensões territoriais, o teleatendimento configura uma oportunidade de unificar
e qualificar o atendimento da Atenção Primária à Saúde (APS) e aumentar a resolutividade
nesse nível de atenção, fortalecendo as Redes de Atenção à Saúde (RAS) do Sistema
Único de Saúde - SUS (NUNES et al., 2016).
O presente artigo aborda o tema “Teleatendimento: uma prática multiprofissional
na atenção primária à saúde”, e abrange todas as fragilidades e potencialidades de uma
experiência vivida em uma unidade de saúde vinculada ao Colegiado de Secretários
Municipais de Saúde do Estado do Pará, desde o período de implantação do programa em
setembro de 2021 até o período de fevereiro de 2023.
A constatação desses tópicos foi possível por intermédio de um relato de
experiência partindo da ótica de um profissional de enfermagem no município de Brasil
Novo/PA em uma unidade de atenção primária à saúde em parceria com o Conselho de
Secretarias Municipais de Saúde do Estado do Pará (COSEMS/PA), com enfoque no
programa de telemedicina. A metodologia utilizada foi a descritiva e observacional, e estão
discorridas no presente trabalho, que teve por intuito além de analisar a experiência, a

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 69


elaboração de um fluxograma de processos a serem seguidos para otimizar os protocolos
de telemedicina.
A partir disso, este estudo tem como objetivo: Descrever os acontecimentos na
prática do teleatendimento em uma unidade de saúde do Colegiado de Secretários
Municipais de Saúde do Estado do Pará no município de Brasil Novo/PA e elaborar um
fluxograma de processos para otimizar os protocolos de telemedicina.

METODOLOGIA

O projeto exposto trata-se de um relato de experiência que partiu da narrativa de


uma enfermeira na vivência do teleatendimento, essa retrospectiva foi relacionada
unicamente aos serviços ofertados no município de Brasil Novo/PA em parceria com
Conselho de Secretarias Municipais de Saúde-COSEMS no programa de telemedicina, que
ocorreu em cenário local específico de uma unidade básica de saúde da atenção primária
à saúde.
O presente estudo é do tipo descritivo, “sendo aquele no qual se descreve um
fenômeno e registra a maneira que ele ocorre” (DALFOVO, 2008, p. 5) e observacional que
podem fornecer informações sobre o uso e a prática do “mundo real”; detectar sinais sobre
os benefícios e riscos (ABRAHÃO et al., 2019) e para o levantamento da pesquisa tivemos
como base os critérios de inclusão que foi a seleção de informações relativas a dificuldades
e as potencialidades identificadas nesses serviços que influenciaram a implantação e o
andamento do programa, no entanto, consequentemente os critérios de exclusão foram as
situações de que não estiveram presentes nesse período ou não apresentavam relevância
no desenvolvimento e no decorrer desse período (PERUZZO et al., 2018).
As informações repassadas foram dados adquiridos desde a implantação até a
atualidade, ou seja, entre o período de setembro de 2021 a fevereiro de 2023, no qual foi
desenvolvida por meio de reuniões periódicas para melhor esclarecimento e para a
explanação dessa prática e a partir de então foi dado seguimento na tabulação dos fatos,
isso é, direcionado pela coordenadora do projeto e com colaboração da parte escrita pelas
acadêmicas do Curso de Especialização em Atenção Básica e Saúde da Família -
CEMABS/UFPA, tendo como produto final a produção de um fluxograma 1 para facilitar e
auxiliar no manejo adequado dos pacientes (SACHETT et al., 2022).

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 70


Fluxograma 1 – Atendimento visando otimização dos processos para telemedicina

1º Acolhimento: Receber os encaminhamentos junto as demandas.

2º Triagem: Verificar se o paciente está apto para o teleatendimento ou se deve ser


direcionado para o atendimento presencial.

3º Solicitação de exames: Solicitar os exames obrigatórios para primeira consulta de


acordo com as especialidades.

4º Coleta dos dados: Receber os resultados dos exames solicitados, investigar o


histórico pregresso e o atual, realizar os registos fotográficos e outros.

5º Agendamento: Solicitar as datas das consultas por especialidades.

6º Consultas: Orientar o paciente a está presente na unidade referência, conforme a


data e horário da consulta.

Fluxograma 1 – Os 5 (cinco) primeiros passos poderão ser realizados em teleatendimento


ou por meio presencial, esses primeiros contatos são realizados com a equipe de saúde
local. Na última etapa o paciente deverá comparecer na unidade de saúde onde será
direcionado a sala do programa e assim realizada a telemedicina.
Fonte: RIBAS et al., 2023.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Apesar do projeto telemedicina ser implantado desde 2017 e ter como intuito
principal ofertar consultas com especialista buscando diminuir os gastos com os
tratamentos fora do domicílio e alcançar ainda mais a população, foi somente no final do
ano de 2021 que o programa foi aderido pelo município. Nesse viés a proposta inicial foi de
promover o contato entre médicos e pacientes, no decorrer dos atendimentos por sua vez

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 71


houve a necessidade de proporcionar o teleatendimento também pela enfermagem,
trazendo novas demandas como parte de suas atribuições (LIMA, 2022).
O teleatendimento em comento é realizado desde o primeiro contato com o
paciente através de uma abordagem clínica qualificada, passando por triagem, identificação
de comorbidades, riscos e agravos, e outros históricos, bem como o agendamento das
consultas, o acompanhamento e regimento para retorno, além de se usar o meio digital
para proporcionar os vínculos de outros profissionais que também fazem o
acompanhamento dos pacientes (SILVAKF et al., 2019).
Dentre outros fatores, essa modalidade surgiu para possibilitar o diagnóstico
seguro e o monitoramento eficaz dos pacientes enfermos sem sobrecarregar o sistema de
saúde e evitar a exposição ao risco desnecessário, a telemedicina emergiu como
ferramenta singular de interação médico-paciente para auxiliar a ambos nesse momento
único. “A tecnologia de telecomunicação promoveu diversas atividades no campo da saúde
desde a educação dos profissionais até o atendimento, solicitação de exames e prescrição
de medicamentos” (BASHSHUR, 2011 apud BENASSI et al., 2021, p. 342).
Contudo, para que tudo isso fosse possível de se realizar contou-se dentre
outros com o auxílio de várias capacitações e programas de educação, tais como, o
Telessaúde Brasil Redes que permite inclusão digital “integrando instituições nacionais e
internacionais nas ações de ensino, e ampliando a assistência atualizada e pesquisa
colaborativa para que profissionais de saúde em áreas geograficamente remotas tenham
acesso a capacitação” (VALLE; CURY et al., 2012, p. 167).
Foi diante desse contexto que ocorreu a avaliação e a realização de uma
retrospectiva para execução do levantamento descrito no presente artigo, além da
identificação dos impasses mais prevalentes no decorrer desse percurso. No quadro 1 fora
utilizado os marcadores que envolveram o início de todo esse processo desde a adequação
da estrutura física da unidade de saúde, passando pela capacitação dos profissionais
envolvidos até a implantação efetiva do projeto, marcada assim pelo início das consultas
(MACHADO et al., 2021).

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 72


Quadro 1 – Fragilidades e potencialidades identificadas no decorrer dos teleatendimentos,
incluindo as tecnologias leves, leve-duras e duras durante o período de implantação do
programa de telemedicina.
Período de implantação do programa de telemedicina 09/2021.
Potencialidades:
• Autonomia profissional preservada;
• Oferta de educação permanente;
• Flexibilidade para os profissionais manterem a educação e capacitação
continuada;
• Frequentes campanhas e ações não obrigatórias;
• Horário de funcionamento estendido;
• Equipe multiprofissional completa, incluindo 3 (três) especialistas.
• Atendimentos apenas presenciais restritos apenas a: psiquiatra, obstetra e
ginecologista.
Fragilidades:
• Equipe reduzida;
• Comunicação inadequada durante o processo de trabalho;
• Falta de comprometimento com a execução das tarefas da modalidade por parte
da equipe;
• Pacientes negligentes com a própria saúde;
• Sobrecarga de trabalho;
• Constante busca ativa de pacientes por abandono de tratamento;
• Extensão do horário de trabalho para suprir a demanda;
• Instabilidade na internet;
• Pouca estrutura e insumos;
• Falta de medicações tanto no SUS quanto na rede privada;
• Grande tempo de espera das medicações controladas pela regional.
Fonte: RIBAS. SS; MACÊDO. LL; MARTINS. KS; SILVA. MCF; 2023. Com base nas
informações obtidas através do relato de experiência.
Fonte: Autoria Própria.

Inicialmente observamos que é notório o alto quantitativo de fragilidades, fato


esse que dificultou relativamente o desenrolar do programa e o promover desses cuidados,
no entanto a partir das experiências e do estabelecimento de vínculos com outros
profissionais é que foi adquirido maior estabilidade, e consequentemente o aumento das
potencialidades, como está apresentado e descrito no quadro 2 (MACHADO et. al. 2021).
Contudo, essas potencialidades são somente alguns dos desafios postos para a
sustentabilidade e qualificação do Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro. “Fortalecer e
integrar a Atenção Primária a Saúde (APS) à rede de serviços de saúde, aumenta a
eficiência do sistema de saúde, com segurança e satisfação das pessoas, o que resulta em
desfechos em saúde mais favoráveis principalmente à população mais vulnerável” (SARTI;
ALMEIDA; 2022, p. 2).

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 73


Quadro 2 – Fragilidades e potencialidades identificadas no decorrer dos teleatendimentos,
incluindo as tecnologias leves, leve-duras e duras após o programa já implantado.
Programa já implantado até o período de 02/2023.
Potencialidades:
• Autonomia profissional preservada;
• Constante capacitação;
• Oferta de educação permanente;
• Flexibilidade para os profissionais manterem a educação continuada;
• Frequentes campanhas e ações não obrigatórias;
• Boa articulação entre os serviços de saúde;
• Adesão de parcerias com outros órgãos;
• Horário de funcionamento estendido;
• Redução da fila de espera para os atendimentos no Hospital Regional Público
da Transamazônica;
• Ampliação da equipe multiprofissional com admissão de mais 13 (treze)
especialistas, incluindo os serviços de teleconsulta, teleorientação,
interconsultas;
• Especialistas atuando por teleatendimento: Endocrinologista, ginecologista,
obstetra, dermatologista, psiquiatra, pediatra, urologista, alergista,
pneumologista, cardiologista, gastroenterologista neuropediatra e neurologista
adulto;
• Forte interação dos especialistas com a equipe do Núcleo Ampliado de Saúde
da Família/Atenção Primária (eNASF-AP), principalmente com o profissional
nutricionista;
• Aumento dos indicadores na unidade em que o programa é instalado.
Fragilidades:
• Equipe reduzida;
• Falta de comprometimento por parte de alguns profissionais;
• Pacientes negligentes com a própria saúde;
• Sobrecarga de trabalho;
• Constante busca ativa de pacientes por abandono de tratamento;
• Instabilidade na internet;
• Falta de medicações tanto no SUS quanto na rede privada;
• Grande tempo de espera das medicações controladas pela regional.
Fonte: RIBAS. SS; MACÊDO. LL; MARTINS. KS; SILVA. MCF; 2023. Com base nas
informações obtidas através do relato de experiência.
Fonte: Autoria Própria.

Diante disso, são evidentes os avanços na atenção aos pacientes


proporcionados pelos teleatendimentos em um curto período, além do forte investimento
para o alcance às populações principalmente as com alto índice de vulnerabilidade social
e aquelas que possuíam dificuldades de acesso aos profissionais da saúde, expandindo
assim a integralidade e a equidade apregoada no Sistema Único de Saúde - SUS (LISBOA,
et. al. 2023).

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 74


A experiência vivenciada é uma realidade notória em outras unidades de saúde
que implementaram o sistema, um exemplo é o Polo de telemedicina de baixa
complexidade (PTBC) na comunidade de Santa Catarina no rio Madeira, que relatam que:
Desde que se tornou, então, uma realidade e, desde os
primeiros momentos, observou-se que é um sistema expansível,
podendo acoplar-se a muitos recursos disponíveis na
telemedicina, entre outros, telexames, teleprontuários,
teledermatologia, telepsiquiatria. O sistema também possibilita a
formação de agentes comunitários, líderes da comunidade e
demais profissionais de saúde por meio de software e programas
de teleeducação e educação continuada (MACHADO, 2010, p.
05).

Com base no levantamento dos dados e nas evidências, foi identificada certa
organização e a partir de então desenvolvido um fluxograma de atendimento, visando
minimizar as principais fragilidades passiveis de mudanças e que implicaram na lentidão do
processo devido a equipe reduzida, sobrecarga de trabalho etc., colaborando assim para o
andamento do trabalho.

ANÁLISE DO PERÍODO DE IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA EM SETEMBRO DE 2021

Principais fragilidades enfrentadas:


Em março de 2020, o Conselho Federal de Medicina (CFM) atestou a viabilidade
e eticidade do uso da telemedicina “em caráter de excepcionalidade e enquanto durar a
batalha de combate ao contágio da Covid-19”, nos seguintes termos:
6. Teleorientação: para que profissionais da medicina realizem à
distância a orientação e o encaminhamento de pacientes em
isolamento;
7. Telemonitoramento: ato realizado sob orientação e supervisão
médica para monitoramento ou vigência à distância de
parâmetros de saúde e/ou doença;
8. Teleinterconsulta: exclusivamente para troca de informações
e opiniões entre médicos, para auxílio diagnóstico ou terapêutico
(BRASIL, 2020).

O período de implementação da Telemedicina em comento se iniciou em


setembro de 2021 e muitas foram as fragilidades enfrentadas, perpassando desde motivos
técnicos até a falta de insumos básicos. Essas serão discorridas com base no relato de
experiência, é valido ressaltar que “o projeto de atendimento via telemedicina foi totalmente
concebido a partir das diretrizes do Conselho Federal de Medicina (Resolução CFM nº
1.643, 2002), tanto no aspecto da segurança, relativo à gestão e preservação dos dados

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 75


do paciente, quanto no protocolo de funcionamento do próprio serviço” (COUTINHO et tal.,
2019, p. 643).
Inicialmente uma das principais fragilidades foi o fato de haver uma “equipe
reduzida”, pois a priori era somente a enfermeira, e apenas após um período, conseguiu o
auxílio de uma técnica de enfermagem, e apesar disso e da falta de conhecimentos
específicos em telemedicina, conseguiu-se um excelente auxílio nas demandas da
atividade.
Foram disponibilizados recursos financeiros para a implantação
da política nacional de telessaúde, implantados núcleos de
telessaúde estaduais, disponibilizado canal telefônico gratuito de
acesso nacional às teleconsultorias, investimentos em
capacitação de pessoal e materiais sensibilizadores do uso das
ferramentas. Assim, é possível afirmar que esses
investimen¬tos foram bem-sucedidos em alcançar parte
significativa da APS (SARTI; ALMEIDA, 2022, p. 11).

Além disso, o que dificultou a implantação foi a falta de comprometimento da


equipe com a execução das tarefas da modalidade, no desenvolvimento das atividades, e
a de profissionais que não compareciam para as consultas que haviam sido agendadas,
quanto dos próprios pacientes que por vezes negligenciavam a própria saúde não dando
seguimento a tratamentos (como acompanhamento psiquiátrico, por exemplo) ou faltando
as consultas de retorno por motivos como: não gostar do atendimento do profissional, bem
como não esperar pelo dia da consulta, visto que a demanda era grande e haviam poucos
profissionais.
Outro fator determinante foi a escassez de profissionais atuantes na área, a falta
de empenho de alguns acabou por gerar uma sobrecarga de trabalho na equipe e uma
busca contínua pelos pacientes que se encontravam desanimados com as longas esperas
ou por acreditarem que devido não terem mais comparecido as consultas ou tratamentos,
seu caso “não havia mais solução”.
Para tentar sanar esse problema, houve a necessidade de estender o horário de
expediente, seja chegando antes ou saindo após o horário de trabalho, o que acabava por
causar maior cansaço nos profissionais envolvidos. Outro grande problema era a constante
falta de internet, um serviço que é essencial para a modalidade de telemedicina. Essa
instabilidade decorria de diversos fatores, a maioria externa a unidade como: problemas na
fiação que fornecia a conexão ou a própria escassez de fornecimento desse serviço.

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 76


Aliado a esses fatores externos a unidade não possuía infraestrutura adequada
para exercer essa modalidade de medicina, bem como a escassez de aparatos
tecnológicos bem simples e essenciais como webcam, monitores, dentre outros.
Em regiões com altos níveis de pobreza, como no caso do
estado do Pará, existem diversas áreas que não são cobertas
pelos serviços públicos no que tange à infraestrutura
tecnológica. Essa realidade dificulta o planejamento quando se
discute sobre as possibilidades de constituição de um modelo de
Cidade Inteligente, sobretudo em função da baixa presença do
Estado. Esses aspectos são bastante evidentes quer nos bairros
periféricos das áreas urbanas, quer nas áreas rurais do estado
(COUTINHO et al., 2019, p. 638).

Por fim, uma queixa advinda dos pacientes, era a falta de disponibilidade das
medicações prescritas nas consultas, tanto no SUS, quanto na rede privada de saúde, o
que acabava por gerar, principalmente para as medicações de uso controlado, uma grande
espera no seu fornecimento.

Potencialidades encontradas:
Apesar das diversas fragilidades encontradas no programa de telemedicina em
comento, identificamos várias potencialidades, tanto para os profissionais atuantes, quanto
para os pacientes. Um dos maiores benefícios para os profissionais da área é a
preservação da autonomia profissional, não ficando atrelado aos protocolos implantados
pela prefeitura a que está subordinado, utilizando então, o método que achar mais eficaz.
A princípio, para a divulgação da modalidade de telemedicina para os
profissionais de saúde, havia oferta de educação permanente no que abrangia desde a
telemedicina em si até assuntos inerentes a saúde, visando assim a capacitação para os
mais diversos campos da medicina.
Nesse contexto ainda, visando a captação de pacientes, houve grande e
constante investimento em campanhas e ações sociais para informar e registrar os
pacientes que teriam a possibilidade de ser atendidos pela telemedicina. E um auxílio para
atender a alta demanda de pacientes foi a extensão do horário de funcionamento da
unidade. A atenção por intermédio da telemedicina envolvia uma equipe multiprofissional,
que incluía o atendimento com especialistas nas áreas de psiquiatria, obstetrícia e
ginecologia, ampliando os serviços de saúde para a população.

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 77


ANÁLISE DO PERÍODO APÓS A IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA ATÉ FEVEREIRO
DE 2023
Após o período de transição, enquanto ainda estava sendo implantada a
modalidade de telemedicina na unidade, muitas adversidades foram superadas ao passo
que os fatores positivos se sobressaíram. Como já ressaltado anteriormente, uma das
principais potencialidades é a autonomia profissional, visto que, o mesmo tem a
possibilidade de buscar por métodos que entender ser o mais eficaz para os usuários, não
se restringindo a protocolos preestabelecidos. Esse fator gerou uma grande aceitação dos
mesmos ao programa, já que o atendimento médico acontece com enfoque individualizado
e integral a sua saúde.
Essa autonomia é reforçada e aprimorada devido as constantes capacitações e
a oferta de educação permanente aos profissionais que permaneceram desde o início,
sempre visando o melhor atendimento aos usuários. Um ponto chave que se destacou para
o bom funcionamento desse programa, foi uma boa articulação entre os serviços de saúde,
de modo que todos os profissionais atuantes conseguissem instruir bem os usuários e dar
o devido encaminhamento com base no seu caso específico, fazendo com que estes, não
se desloquem para locais que não irão suprir a sua necessidade.
Para maior agilidade nos procedimentos, foram desenvolvidos informativos
sobre o programa e seu fluxo de atendimentos, a serem distribuídos aos colaboradores dos
serviços de saúde e a comunidade. Além disso, as informações se tornaram ainda mais
difundidas com a parceria da organizadora do programa com os Agentes Comunitários de
Saúde (ACS), que também identificaram demandas que se enquadram na abrangência do
projeto. Outro fator que gerou um grande alcance e aceitação ao programa foi a adesão de
parcerias com outros órgãos, tais como o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) e Núcleo
Ampliado de Saúde da Família/Atenção Primária (eNASF-AP).
A aderência dos usuários ao programa de telemedicina gerou uma redução
significativa na fila de espera para atendimentos no Hospital Regional Público da
Transamazônica, visto que foram ampliadas as especialidades atendidas pelo mesmo. A
equipe multiprofissional que antes contava com apenas 3 (três) especialistas, agora
abrange 13 (treze) especialidades atuando por intermédio do teleatendimento, tais como:
endocrinologia, ginecologia, obstetrícia, dermatologia, psiquiatria, pediatria, urologia,
alergista, pneumologia, cardiologia, gastroenterologia, neuropediatra e neurologia para
adultos.

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 78


As modalidades de consultas e atendimentos abrangem 3 (três) tipos diferentes
de serviços, sendo estes: teleconsulta, teleorientação e interconsultas. Um diferencial é a
modalidade de teleorientação, na qual é possível oferecer orientações médicas ao usuário
ou a sua rede de apoio (Exemplo: familiares), caso o mesmo, não possa participar (seja por
traumas ou negligência com sua saúde), desta forma não deixa desamparado aquele que
não busca pessoalmente ajuda nos órgãos de saúde.
Por fim, apesar de ainda haver dificuldades em relação aos indicadores, na
unidade no qual o programa de telemedicina está instalado, são notáveis um ligeiro
aumento de elementos positivos. Houve um aumento no indicador relacionado a saúde da
mulher, como a proporção de mulheres para a coleta de exame citopatológico do colo
uterino (Preventivo do Câncer do Colo de Útero - PCCU), uma vez que, a realização do
mesmo é obrigatória para o atendimento com o profissional ginecologista, onde a mulher
necessita está de posse do resultado desse exame no dia agendado para a sua consulta,
por meio da telemedicina.
A solicitação dos exames necessários para a realização da avaliação com o
médico especialista, se dá por intermédio do profissional de enfermagem responsável pela
telemedicina na unidade, que irá realizar uma triagem prévia de cada caso. Diante de tudo
até aqui discorrido, é evidente que diversas foram as fragilidades encontradas e muitas
ainda são as enfrentadas, mas não restam dúvidas de que a telemedicina trouxe diversos
benefícios, não só para os profissionais, mas principalmente para os pacientes que não se
encontram mais desamparados.
Considerando as mais diversas áreas na qual a telessaúde pode abranger é
válido destacar a participativa interação dos especialistas do projeto com a equipe eNASF-
AP, principalmente com o profissional nutricionista, onde foi possível visualizar como uma
das potencialidades no período pós-implantação. Sendo a nutrição um campo de suma
importância na prevenção de doenças e promoção da saúde, e objetivando a garantia do
direito constitucional de segurança alimentar e nutricional, incentiva-se o desenvolvimento
de um projeto de teleatendimento para atender também esta finalidade (VALLE; CURY et
al., 2012).
Com essa proposta supracitada, busca-se abranger os usuários com orientações
dessa área do conhecimento e promover discussões junto aos outros profissionais que
atendem na telemedicina do COSEMS-PA. Segundo Valle e Cury et. al. (2012), dentro da
proposta da Telessaúde na cidade no Rio de Janeiro (RJ), o TeleNutrição, na qualidade de
projeto inovador a nível estadual e federal, implantou e desenvolveu atividades de

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 79


educação continuada envolvendo discussões sobre esta temática junto aos profissionais
das Estratégias Saúde da Família (ESFs), bem como integrou acadêmicos de Nutrição
nesse projeto. Nessa perspectiva, o TeleNutrição alcançou todas as regiões do Brasil, ainda
que de maneira destoante.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após os dados apresentados e com base em uma análise geral sobre os pontos
destacados acima podemos afirmar que a telemedicina é um ramo que apesar de
apresentar algumas diferenças metodológicas à prática da medicina e aos protocolos já tão
consolidados na atuação da saúde tem se revelado benéfica na garantia da atenção às
demandas dos pacientes.
O relato de experiência acima fornece dados que comprovam que cada unidade
de saúde requer infraestrutura, empenho dos profissionais envolvidos, aceitação da
comunidade e admissão de profissionais para ser executada, mas, uma vez implantada
garante um avanço na cobertura médica, acompanhamento personalizado aos usuários,
forte interação dos especialistas com a equipe do Núcleo Ampliado de Saúde da
Família/Atenção Primária (eNASF-AP), principalmente com o profissional nutricionista,
redução da fila de espera para os atendimentos presenciais, mais autonomia profissional,
entre outros, e tem se revelado uma excelente alternativa na atenção às demandas de
consultas do SUS.
Nesse contexto, após análise dos dados e reflexão sobre as evidências já
descritas neste, foi desenvolvido um fluxograma de atendimento destinado às unidades de
saúde visando minimizar as principais fragilidades passíveis da mudança de atendimento
e que implicaram nos problemas nos atendimentos iniciais descritos na experiência.

AGRADECIMENTOS

Prestamos os nossos agradecimentos em primeiro lugar а Deus, que nos


conduziu até aos nossos objetivos e nos fez com que fossem alcançados, durante todo o
período de estudos; aos nossos familiares e amigos que nos incentivaram nos momentos
difíceis e compreenderam as ausências enquanto se fez necessária a realização deste
trabalho, o que dê certo colaborou em nossa formação acadêmica.; aos professores, pelas
correções e ensinamentos que nos permitiram apresentar um melhor desempenho no

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 80


processo de formação profissional ao longo do curso e a todos que participaram, direta ou
indiretamente do desenvolvimento deste trabalho de pesquisa, enriquecendo nosso
processo de aprendizado.
Agradecemos também a Dra. Márcia Cristina Freitas da Silva e ao Dr. Luiz
Marcelo de Lima Pinheiro, os quais tiveram participação especial como orientadores desse
trabalho e que nos guiou com paciência e esforços, bem como a gestão do curso e da
Universidade, que decerto que foi através deles que alcançamos o conhecimento para
atingirmos a esse estágio.

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, A. R. A assistência médica hospitalar no Rio de Janeiro no século XIX. Rio de


Janeiro: Ministério da Educação e Cultura, Conselho Federal de Cultura, 1982.

BARRETO, ML. Esboços para um cenário das condições de saúde da população


brasileira 2022/2030. In FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ. A saúde no Brasil em 2030 -
prospecção estratégica do sistema de saúde brasileiro: população e perfil sanitário
[online]. Rio de Janeiro: Fiocruz/Ipea/Ministério da Saúde/Secretaria de Assuntos
Estratégicos da Presidência da República, 2013. Vol. 2. pp. 97-120.

BARRETO ACO, et. al. Percepção da equipe multiprofissional da Atenção Primária sobre
educação em saúde. Revista Brasileira de Enfermagem. RJ 2019; 279 e 279p.

BASHSHUR, R.; et al. The taxonomy of telemedicine. Telemed J E Health 17:484-94,


2011.

BENASSI, Gabriela; PREUSS, Lislei Teresinha; MENDES, Marli de Freitas. Extensão


Universitária e Teleatendimento na Pandemia: Um Relato De Experiência. DOI:
http://dx.doi.org/10.5380/ef.v0i20 Revista Extensão em Foco, Palotina, n. 23 (Especial), p.
340-358, jun. 2021.

BRASIL, Secretaria Municipal da Saúde de Belo Horizonte. Manual Para Teleatendimento


– Novos Tempos, novos desafios. Agosto/2020. Belo Horizonte.

CELES, R. S. et al. A telessaúde como estratégia de resposta do Estado: revisão


sistemática. Revista Panamericana de Salud Pública, Washington, DC, v. 42, e84, 2018.
DOI: 10.26633/RPSP.2018.84.

CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA (CFM - Brasil). Resoluções. Vols. XII, XIII e XIV.
Brasília, 1989, 1993.

CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA (CFM - Brasil). Pareceres. Brasília, 1994. v.1.

CURY MT, VALLE J, CASTRO, LMC, MONTEIRO, A., MARTINS MA, SATURNINO P.
Telenutrição e Educação permanente em nutrição para todos. Anais do World Nutrition
Rio, 2012. Rio de Janeiro, 2012.

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 81


DALFOVO, M. S., Lana, R. A., SILVEIRA, A. (2008). Métodos quantitativos e qualitativos:
um resgate teórico. Revista Interdisciplinar Científica Aplicada, 2(3), 1–13. Recuperado de
https://portaldeperiodicos.animaeducacao.com.br/index.php/rica/article/view/17591.

LIMA E. Telemedicina do COSEMS/PA avança nos municípios com atendimento via


teleinterconsultoria 2022. Disponível em: Telemedicina do Cosems/PA avança nos
municípios com atendimento via teleinterconsultoria - COSEMS (cosemspa.org.br).
Acessado em: 21 de abril de 2023.

LISBOA KO, et. al. A história da telemedicina no Brasil: desafios e vantagens. Revista
saúde e sociedade. SP, v.32, n.1, 2023, 12P.

MACHADO MFAS, et. al. Trabalho, em equipes multiprofissionais na atenção primária no


Ceará: porosidade entre avanços e desafios. Saúde em Debate. RJ, 2021, 991 p.

MACHADO. FSN; CARVALHO. MAP de; MATARESI A, MENDONÇA ET, CARDOSO LM,
YOGI MS, et al. Utilização da telemedicina como estratégia de promoção de saúde em
comunidades ribeirinhas da Amazônia: experiência de trabalho interdisciplinar, integrando
as diretrizes do SUS. Ciênc saúde coletiva [Internet]. 2010Jan;15(1):247–54.

NUNES. A.A; BAVA. MCGC; CARDOSO. C.L; MELLO. L.M; TRAWITZKI. L.V.V;
WATANABE. M.G.C; BRAGGION. M.F; MANUMOTO. S; CARRETA. R.D; SANTOS. V.
Telemedicina na estratégia de saúde da família: Avaliando sua aplicabilidade no contexto
do PET saúde. Cad. Saúde Coletiva, 2016, Rio de Janeiro, p.24 (99 – 104)

PERUZZO HE, et. al. Os desafios de se trabalhar em equipe na estratégia saúde da


família. (Trabalho de Conclusão de Curso). Escola Ana Nery. RJ, 2018; 3 p.
PAZ LBM. Os desafios de uma estagiária em psicologia escolar: relato de experiência.
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). PE, 2017; 10p.

REZENDE, E. J. C. et al. Ética e telessaúde: reflexões para uma prática segura. Revista
Panamericana de Salud Pública, Washington, DC, v. 28, n. 1, p. 58-65, 2010.

SACHETT JAG, et. al. Relato de experiência das contribuições da telessaúde em


comunidades ribeirinhas do Amazonas na pandemia. Revista Brasileira de Enfermagem.
AM, 2022; 2p.

SARTI T.D., ALMEIDA A.P.S.C. Incorporação de Telessaúde na atenção primária à saúde


no Brasil e fatores associados. Cad Saúde Pública 2022;38(4).

SILVA, KF, et. al. Construção e validação de um modelo de consulta de enfermagem na


saúde da mulher na atenção primária à saúde. Universidade de santa Catarina. SC, 2019.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ. Guia de Elaboração de Trabalhos Acadêmicos.


Belém-PA, 2019, 21 a 66 p.

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 82


| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 83
CAPÍTULO VII

IMUNIZAÇÃO NA ATENÇÃO BÁSICA: ELABORAÇÃO


DE PADRONIZAÇÃO OPERACIONAL PADRÃO NAS
SALAS DE VACINAÇÃO DO MUNICÍPIO DE VISEU/PA

Keila Ozório Fernandes BarbosaI; Luciana Emanuelle de AvizI; Marília do Socorro Monteiro da Costa I;
Ademir Ferreira da Silva JúniorII
I
Discente do Curso de Especialização Multiprofissional em Atenção Básica e saúde da Família da
Universidade Federal do Pará (UFPA). Pará, Brasil.
II
Professor Dr. da faculdade de Medicina da Universidade Federal do Pará (UFPA). Pará, Brasil.

RESUMO / ABSTRACT

Objetivo: Relatar a experiência vivenciada por Objective: To report the experience lived by
discentes do Curso de Especialização students of the Multiprofessional Specialization
Multiprofissional em Atenção Básica e Saúde da Course in Primary Care and Family Health of a
Família de uma instituição de ensino superior do higher education institution in the State of Pará in
Estado do Pará na elaboração de um the elaboration of a Standard Operating Procedure
Procedimento Operacional Padrão sobre on immunization for workers in vaccination rooms
imunização para trabalhadores das salas de in the municipality of Viseu - SHOVEL. Experience
vacinação do município de Viseu/PA. Relato de report: This is a descriptive study, of the
experiência: Trata-se de um estudo descritivo, do experience report type, referring to the production
tipo relato de experiência, referente à produção e and dissemination of a Standard Operating
divulgação de um Procedimento Operacional Procedure on immunization for workers in
Padrão sobre imunização para trabalhadores das vaccination rooms. The elaboration of instruments
salas de vacinação. A elaboração do instrumental for the vaccine room made it possible to organize
para a sala de vacina possibilitou organizar e and standardize the flow of care for immunization.
padronizar o fluxo de atendimento para a It was produced by a multidisciplinary team
imunização. Foi produzido por uma equipe composed of eight employees from the urban and
multidisciplinar composta por oito colaboradores rural areas of the nursing team, who work directly
da zona urbana e da zona rural da equipe de with vaccine rooms. Discussion: The construction
enfermagem, que atuam diretamente com salas de of the Standard Operating Procedures for the
vacinas. Discussão: A construção dos vaccine room shows that organizing and
Procedimentos Operacionais Padrão para a sala standardizing the flow of care for immunization is
de vacina evidencia que organizar e padronizar o important and necessary for the organization of the
fluxo de atendimento para a imunização é procedures for the tasks performed in accordance
importante e necessária para a organização dos with the PNI, so that they are carried out with
procedimentos das tarefas executadas de acordo quality and effectiveness within the unit. Final
com a PNI, para estas serem realizadas com considerations: The elaboration of a Standard
qualidade e eficácia dentro da unidade. Operating Procedure on immunization is a low-cost
Considerações finais: A elaboração de um strategy in promoting health in PHC, in addition to
Procedimento Operacional Padrão sobre achieving the organization and standardization of
imunização é uma estratégia de baixo custo na care.
promoção a saúde na APS, além de conseguir
efetivar a organização e a padronização dos
atendimentos.

Palavras-chave: Protocolo de Enfermagem; Key words: NursingProtocol; Immunization;


Imunização; Qualidade. Quality.

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 84


INTRODUÇÃO

A Atenção Primária à Saúde (APS) pressupõe um conjunto de ação individual e


coletiva relacionada à proteção e promoção da saúde, prevenção de agravos, diagnóstico,
tratamento e reabilitação, constituindo-se uma das primeiras portas de entrada para o
sistema de saúde, com previsão de resolução de 80% das dificuldades encontrada na
saúde pela população brasileira (GIOVANELLA; FRANCO; ALMEIDA, 2020).
Nesse sentido, a saúde da família constitui-se como uma das principais
estratégias proposta pelo Ministério da Saúde do Brasil, para reorientar o modelo
assistencial do Sistema Único de Saúde (SUS), a partir da atenção básica. Ela procura
reorganizar os serviços e reorientar as práticas profissionais na perspectiva da promoção
da saúde, prevenção de doenças e reabilitação, enfim, da promoção da qualidade de vida
da população, constituindo-se em uma proposta com dimensões técnica, política e
administrativa inovadora, que padronizam as ações no âmbito da saúde (NASCIMENTO et
al., 2019).
Diante das Políticas e Programas de Saúde que fazem parte da APS aos grupos
populacionais compostos por mulheres, crianças, homens, idosos entre outros, há o
Programa Nacional de Imunização (PNI) que diz respeito à Política Nacional de Vacinação
desses grupos populacionais brasileiros e tem como meta principal o controle e a
erradicação de doenças imunopreveníveis (BISPO et al., 2017).
Frente a esse contexto Reis et al., (2020) esclarece que a vacinação proporciona
imunidade individual e para todos, dessa forma não deixa que doenças imunopreveníveis
possam se disseminar, sendo obrigatório em programas da Saúde. A imunização de baixo
custo é capaz de modificar o curso da doença e por fim sua morbidade e mortalidade,
proporcionando a tríade: prevenção, promoção e proteção.
Para Correia Junior, Silva e Trevisan, (2021) existem dois fatores importantes
quanto as vacinas, o primeiro é que são administradas em pessoas saudáveis, nesse
sentido tem a menor tolerância para riscos em comparação com medicamentos
administrados em pessoas doentes. O segundo é que ganha maior participação das
pessoas, além disso, o número de infectados se faz menor após a demanda dos programas
de imunização, sendo assim recomendado universalmente o que soma com o controle
erradicação de várias doenças.
Entretanto, frequentemente se observa nas salas de vacinas procedimentos
realizados sem organização ou controle, sem observar as condicionalidades exigidas

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 85


nesses ambientes, como o revestimento nas paredes da sala em azulejo branco, a
geladeira na temperatura adequada para a conservação das vacinas e insumos, dentre
outras recomendações, que muitos enfermeiros e técnicos de enfermagem não seguem ou
desconsideram (BRITO, 2021).
Desse modo, a falta de manuais atualizados nas salas de vacinas das unidades
básicas de saúde, aliada com a irregularidade no calendário das vacinas infantis pelo MS
e a falta de capacitação e treinamento da equipe de enfermagem que atua nesses postos
são pressupostos essenciais para que seja criado o Procedimento Operacional Padrão
(POP) para melhorar o atendimento e a rotina diária das salas de vacina, que em sua
maioria são desorganizadas, não atendendo a critérios padronizados pelo Ministério da
Saúde (MARTINS et al., 2017).
Por esse motivo, o presente estudo teve como objetivo relatar a experiência
vivenciada por discentes do Curso de Especialização Multiprofissional em Atenção Básica
e Saúde da Família de uma instituição de ensino superior do Estado do Pará na elaboração
de um Procedimento Operacional Padrão (POP) sobre imunização para trabalhadores das
salas de vacinação do município de Viseu/PA.

RELATO DE EXPERIÊNCIA

Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência, vivenciado por


discentes do Curso de Especialização Multiprofissional em Atenção Básica e Saúde da
Família de uma instituição de ensino superior do Estado do Pará na elaboração de um
Procedimento Operacional Padrão (POP) sobre imunização para trabalhadores das salas
de vacinação do município de Viseu/PA.
Segundo Gil (2018, p. 21), esse tipo de pesquisa visa descrever as
características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações
entre variáveis, seguindo uma linha que contempla interrogar, coletar, observar e analisar
os dados, exigindo assim, uma série de dados sobre o que se deseja pesquisar sem que o
pesquisador possa interferir nesses dados.
O estudo utilizou o método de sistematização de experiências, proposto por
Holliday (2006), onde propõe cinco etapas para explanação da experiência vivida em uma
ordem justificada:

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 86


1) O ponto de partida, será o início de todo o processo de sistematização no momento
de vivência da experiência, foi realizado durante o processo registros documentais
da experiência como relatório descrevendo a atividade;
2) As perguntas iniciais, momento da definição e delimitação dos objetivos a fim de
sistematizar a experiência, foi considerado o processo de elaboração do POP;
3) Recuperação do processo vivido, o qual foi baseada na reconstrução da história e
as informações ordenadas e descritas na mesma sequência dos acontecimentos
durante uma roda de conversa com cinco profissionais que atuam em salas de
vacina para a construção do POP;
4) A reflexão de fundo, nesta etapa foi analisado e interpretado criteriosamente a
experiência vivenciada por meio do embasamento teórico;
5) Os pontos de chegada, nesta etapa final foram formuladas as conclusões da
experiência, evidenciando a relevância da vivência, bem como a avaliação do POP
quanto às condutas preconizadas pelo Ministério da Saúde para as salas de vacina
do município de Viseu/PA.

A sistematização dos assuntos delimitados na roda de conversa com oito


profissionais da saúde, sendo cinco enfermeiras, e três técnicas, que sistematizaram a
experiência vivenciada por cada profissional das duas categorias diferentes que apontaram
as principais contribuições para o processo de elaboração do POP das salas de vacinação
do município de Viseu /PA.
Quanto ao processo de padronização e elaboração propriamente dita do POP
foi realizada pela equipe do programa de extensão, respeitando as seguintes etapas: (I)
levantamento bibliográfico da temática; (II) seleção do conteúdo; (III) seleção das
ilustrações e adequação; (IV) diagramação do POP e (V) registro e divulgação do POP na
Secretaria Municipal de Viseu/PA.
Por fim, o POP foi divulgado e socializado com profissionais de saúde da atenção
primária, que trabalham diretamente com salas de vacina. Posteriormente o material foi
disponibilizado on-line e de forma gratuita, via mídia social e no site da Secretaria Municipal
de Viseu/PA, servindo de suporte para a melhoria na cobertura vacinal e na redução de
desperdício de insumos e vacinas.
No que tange aos aspectos éticos e legais esse estudo respeitou todos os
pressupostos dispostos na Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde. Contudo,
vale esclarecer que embora seja um relato de experiência não foram utilizados entrevistas

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 87


ou coleta de dados com humanos, portanto, não houve necessidade de aprovação do
Comitê de Ética. De modo, que a culminância desse estudo foi a construção de um POP,
para a equipe que atua na sala de vacinação do município de Viseu/PA, após a autorização
institucional para a sua realização.
Os riscos foram minimizados ao se garantir segurança das fontes consultadas
nos sites do Ministério da Saúde (MS), da Organização Mundial da Saúde (OMS) e em
revistas indexadas que abordaram sobre a temática desse estudo. Em relação aos
benefícios a pesquisa proporcionará a padronização dos Procedimentos Operacionais
Padrão (POP) nas salas de vacinação do município de Viseu/PA.

DISCUSSÃO

Foram elencados na estrutura do POP para padronizar o instrumental em seu


cabeçalho foram colocados o logotipo da prefeitura, o título, data de criação, data de
revisão, versão, elaboração, data aprovação, local de guardar o documento, responsável
pelo POP, conforme a Figura 1.

Figura 1 – Design do POP da Atenção Básica de Viseu/PA.

Fonte: Barbosa et al. (2023).

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 88


Os procedimentos de cada intervenção foram encaminhados, para validação,
dos oito enfermeiros das unidades de saúde, dentre elas: Pronto Atendimento, Unidade
Básica de Saúde (UBS) e Unidades de Saúde da Família (USF). A validação foi realizada
por meio de impresso no qual constavam sete itens: a clareza do objetivo, aplicabilidade da
intervenção no serviço, materiais necessários para realização da intervenção e
disponibilidade nos serviços, clareza e ordem das etapas a serem realizadas durante o
procedimento, profissionais autorizados a realizar a intervenção e orientação sobre o
registro de enfermagem.
Os POP têm oito títulos com objetivos que visam conferir qualidade e segurança
das atividades desenvolvidas na sala de vacinação. Assim, o primeiro tópico contemplado
é a organização do ambiente cujo objetivo é padronizar a organização e funcionamento da
sala de imunização, observando a temperatura local, a higienização do local, dentre outras
atribuições que tornam viável a imunização. O segundo item aborda o atendimento ao
paciente, padronizando as condutas que devem ser adotadas para uma abordagem mais
humanizada e eficiente.
O terceiro tópico descrito no POP é o procedimento de registro o objetivo desse
tópico é avaliar a caderneta do paciente observando às vacinas já realizadas e as que serão
realizadas posteriormente, além de fazer o registro da dose administrada no boletim diário
específico. O quarto tópico selecionado foi à administração dos imunobiológicos
padronizando as condutas a serem adotadas para a administração eficiente nos pacientes.
O quinto tópico é relacionado ao encerramento do trabalho diário nas salas de vacinação a
finalidade desse pop é padronizar as ações a serem realizadas no final do dia para que
esteja tudo adequado para o funcionamento no dia seguinte.
O sexto tópico aborda sobre a conduta correta de desprezar os perfurocortantes,
essa etapa é importante para a segurança dos profissionais e dos pacientes, assim como
dos resíduos da UBS. O sétimo tópico diz respeito sobre as condutas para realizar os
pedidos de vacinas e finalizando o POP o recebimento das vacinas normalizando as
condutas adequadas para esse procedimento, pois o sucesso da sala de vacinação se deve
ao modo correto de recebimento das vacinas e insumos.
Acredita-se que a padronização dos procedimentos operacionais é primordial
para uma prática assistencial de qualidade, de modo que a normatização das condutas
utilizadas em cada conduta realizada reduz os riscos de eventos adversos, conferindo maior
segurança ao paciente, além de economia ao estado por reduzir custos com insumos e
contribuir com a qualidade do processo de imunização.

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 89


Os estudos de Nascimento et al. (2019) sobre a construção dos Procedimentos
Operacionais Padrão para a sala de vacina evidenciam que organizar e padronizar o fluxo
de atendimento para a imunização é importante e necessária para a organização dos
procedimentos das tarefas executadas de acordo com a PNI, para estas serem realizadas
com qualidade e eficácia dentro da unidade.
Além do mais, trabalhar no ambiente de sala de vacinas é enobrecedor,
especialmente quando o espaço físico é adequado, à ambiência é propícia, os
equipamentos são recomendados pelos órgãos competentes e apresentam ótimas
condições de trabalho e profissionais aptos e competentes como descreve Brito (2020).
Desse modo, o POP foi construído pela equipe multidisciplinar composta pelos oito
colaboradores da zona rural do município de Viseu/PA, que relataram a importância da
padronização dos procedimentos, por ser um instrumental de gerenciamento e
normatização das condutas e procedimentos a serem observados em relação à imunização.
Sendo esse POP amplamente estudado pela enfermagem.
Frente a essa perspectiva Teixeira et al. (2021) reforça que uma das principais
ações em saúde, realizadas na APS, é a vacinação que é considerada uma das melhores
estratégias para prevenção de doenças infecciosas, contribui para redução de
morbimortalidade, evita internações, reduz custos para o sistema de saúde e previne
incapacidades em longo prazo, de modo que são necessárias práticas seguras em
vacinação, embasadas em evidências científicas.
Para garantir a eficácia e eficiência do POP foram realizadas reuniões semanais
durante o processo de elaboração do material para priorizar as ações que constam no POP.
Assim, há uma unanimidade entre os participantes que se trata de um avanço para o
município de Viseu, pois colaborará com a tomada de decisão do enfermeiro, além de
possibilitar corrigir as não conformidades, que não se adequam ao processo padrão exigido
pelo Ministério da Saúde.
O POP permitiu que todos os profissionais da sala de vacina e até mesmo da
Unidade Básica de Saúde prestem cuidado padronizado para o paciente de acordo com as
diretrizes técnicas-científicas e, ainda, contribui para dirimir as distorções adquiridas na
prática, tendo também finalidade educativa. Desse modo, a adesão de protocolos de
cuidados pode proporcionar maior satisfação para a equipe de enfermagem e para o
paciente, maior segurança na realização dos procedimentos e, consequentemente, maior
segurança para o paciente, objetivando garantir um cuidado livre de variações indesejáveis
na sua qualidade final (TEIXEIRA et al., 2021).

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 90


CONSIDERAÇÕES FINAIS

A construção do POP para a sala de vacinação de Viseu/PA é um instrumental


eficaz e de grande relevância para a padronização das condutas empregadas pelos
profissionais de enfermagem, além de ser utilizados como forma de facilitar o entendimento
da equipe na APS, assim como contribuir para diminuição de eventos adversos pós-
vacinação (EAPV) e perdas físicas de imunobiológicos, sendo, portanto, uma estratégia
para reduzir custos e melhorar a qualidade do serviço prestado.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA MG, et al. Conhecimento e prática de profissionais sobre conservação de


vacinas. Revista Enfermagem Cuidado é Fundamental, v. 7, n. 4, p. 201-203, 2015.

BISPO WF, et al. Relato de experiência: atualização do cartão vacinal de educadores


infantis. Revista de Enfermagem UFPE online, v. 11, n. 6, p. 628-2637, 2017.

BRITO ZA. Avaliação das salas de vacinas do município de Campina Grande-PB.


Brazilian Journal of Health Review, v. 4, n. 4, p. 18022-18030, 2021.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2018.

GIOVANELLA L; FRANCO CM; ALMEIDA PF. Política Nacional de Atenção Básica: para
onde vamos? Ciênc. saúde coletiva, v. 25, n. 4, p. 34-45, 2020.

JUNIOR, MRSC; SILVA, B R; TREVISAN, M. Importância das vacinas da produção a


vacinação como garantia no cuidado a saúde. Braz. J. H. Review, v. 4, n. 6, 2021.

MINAYO, MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 13. ed., São
Paulo: Hucitec, 2017.

NASCIMENTO CC, et al. Construção de procedimento operacional padrão para sala de


imunização. Revista Eletrônica Acervo Saúde, v. 11, n. 9, p. 389-390, 2019.

REIS NM, et al. Inovações clínicas não foram capazes de combater como doenças
imunopreveníveis: um relato de experiência imunológica. Revista Eletrônica Acervo
Saúde, v. 40, n. 2, p. 2241-2241, 2020.

SALES CB, et al. Protocolos Operacionais Padrão na prática profissional da enfermagem:


utilização, fragilidades e potencialidades. Rev. Bras de Enf, v. 71, n. 1, p. 138-46, 2018.

SIQUEIRA LG, et al. Avaliação da organização e funcionamento das salas de vacina na


Atenção Primária à Saúde em Montes Claros, Minas Gerais, 2015. Epidemiol. Serv.
Saúde, v. 26, n. 3, p. 23-37, 2017.
TEIXEIRA, T B et al. Avaliação da Segurança Do Paciente Na Sala De Vacinação. Texto
& Contexto Enfermagem, 2021, 30 (2): 45-56.

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 91


| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 92
CAPÍTULO VIII

FATORES QUE DIFICULTAM A ASSISTÊNCIA


ODONTOLÓGICA A GESTANTE NA ATENÇÃO
PRIMÁRIA À SAÚDE: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Cristian França ValenteI; Claudio Sergio Azevedo de MirandaI; Marcia Cristina FreitasII
I
Discente do Curso de Especialização Multiprofissional em Atenção Básica e saúde da Família da
Universidade Federal do Pará (UFPA). Belém, Pará, Brasil.
34mII
Professora da faculdade de Medicina da Universidade Federal do Pará (UFPA). Belém, Pará, Brasil.

RESUMO / ABSTRACT

Objetivo: Conhecer os fatores que dificultam a Objective: To know the factors that hinder the
assistência às gestantes no pré-natal assistance to pregnant women in dental prenatal
odontológico, em uma ESF localizada no care, in an FHS located in the city of Curralinho/PA.
município de Curralinho/PA. Métodos: Trata-se de Methods: This is a qualitative study, reporting the
um estudo de caráter qualitativo, relatando a experience from the investigative approach. A
experiência a partir da abordagem investigativa. conversation circle was held with the
Foram realizados roda de conversa com a equipe multidisciplinary team; lectures and dynamics for
multiprofissional; palestras e dinâmicas para o the public of pregnant women and training with the
público de gestantes e capacitação com os ACS CHAs of the ascribed area. Results/Discussion:
da área adstrita. Resultados/Discussão: Foram Some occurrences were observed, such as late
constatadas algumas ocorrências como a procura search of patients, appearing only in the last
tardia das pacientes, comparecendo apenas no gestational trimester.In the multiprofessional
último trimestre gestacional. Destacou-se na roda conversation circle, the importance of agreeing on
de conversa multiprofissional, a importância de routine actions within the FHS together with the
pactuar ações rotineiras dentro da ESF junto com CHAs was highlighted in order to obtain
os ACS para que se obtivessem melhorias nos improvements in family planning indicators within
indicadores do planejamento familiar dentro do the territory. In listening to the public of pregnant
território. Na escuta com o público de gestantes, women, it was perceived the need to bring the offer
percebeu-se a necessidade de aproximar a oferta of services to the population farthest from the seat
de serviços para a população mais distante da of the municipality. In the training with the
sede do município. Na capacitação com os community health agents, it was highlighted that
agentes comunitários de saúde destacou-se que one of the obstacles of the capture is in the
um dos empecilhos da captação está na ocultação concealment of the pregnancy and it was
da gravidez e ressaltou-se sobre a educação em emphasized about the health education for the
saúde para as gestantes na sala de espera da pregnant women in the waiting room of the UBS.
UBS. Considerações finais: O profissional deve Final considerations: The professional must
considerar a realidade em que está inserido e os consider the reality in which he is inserted and the
fatores que direta e indiretamente influenciam e factors that directly and indirectly influence and
impactam a assistência as gestantes o que vai impact the assistance to pregnant women, which
além do contexto de uma UBS. goes beyond the context of a UBS.

Palavras-chave: APS; Pré-natal; Gestante; Key words: PHC; Prenatal; Pregnant Woman;
Assistência Odontológica. Dental Care.

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 93


INTRODUÇÃO

A Atenção Primária à Saúde (APS) é o nível de atenção responsável pelo


cuidado e resolução das principais condições de saúde das pessoas, sendo a porta de
entrada preferencial do Sistema Único de Saúde (SUS) e a ordenadora da rede de atenção.
É, portanto, elemento precípuo da organização dos sistemas de saúde efetivos, e, no Brasil,
a APS tem na Estratégia em Saúde da Família (ESF) seu principal plano de organização
(BRASIL, 2022).
Serviços da APS são as ações oferecidas para que as pessoas recebam atenção
integral, tanto do ponto de vista do caráter biopsicossocial do processo saúde-doença,
como ações de promoção, prevenção, cura e reabilitação adequada ao contexto da APS
(BRASIL, 2020). Para alcance desses atributos na APS, entre outras medidas, é
recomendado a oferta de cuidados odontológicos, sobretudo na ESF (BRASIL, 2022).
As Diretrizes da Política Nacional de Saúde Bucal preveem na reorganização da
atenção em saúde bucal em todos os níveis de atenção, o conceito do cuidado como eixo
de reorientação do modelo, respondendo a uma concepção de saúde não centrada
somente na assistência aos doentes, mas, sobretudo, na promoção da boa qualidade de
vida e intervenção nos fatores que a colocam em risco (BRASIL, 2004).
Considerando que a mãe tem um papel fundamental nos padrões de
comportamento apreendidos durante a primeira infância, ações de educação em saúde com
gestantes tornam-se fundamentais para introduzir bons hábitos desde o início da vida da
criança. O pré-natal realizado na ESF é uma atividade habitualmente realizada na rotina
dos profissionais e o acompanhamento odontológico deve fazer parte da rotina de cuidados
da assistência pré-natal (RABELO et al., 2021).
São muitos os agravos que podem ocorrer na saúde bucal da gestante, por
exemplo a gengivite e o aumento da placa bacteriana devido principalmente ao elevado
nível de estrógeno e progesterona que tornam a gengiva mais suscetível a proliferação de
Provotella intermedia provocando a inflamação nos tecidos gengivais e até a hiperplasia
em 5% destas pacientes (CARDOSO et al., 2013).
Da mesma forma, a gestação pode levar a mudanças comportamentais na
mulher, com alterações na dieta e hábitos de saúde bucal, o que também pode impactar
nas condições de saúde (STEINBERG et al., 2013). Segundo Rabelo et al. (2021), a
participação da equipe de saúde bucal (eSB) dentro do pré-natal na ESF ainda é pouco

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 94


expressiva, mesmo que no cronograma de atendimentos existe um momento para o pré-
natal odontológico ainda há certa resistência por parte das gestantes.
Desta forma, para que seja oferecido um pré-natal eficaz, é imprescindível
conhecer os fatores que dificultam a assistência as gestantes, e assim possam ser
introduzidos avanços e melhorias nos processos de tratamento e cuidado a esse público
desde a APS de forma integralizada e provedora de saúde.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo de caráter qualitativo, relatando a experiência a partir da


abordagem investigativa para evidenciar as dificuldades de uma Equipe de Saúde Bucal
(ESB) na assistência e acompanhamento às gestantes, no ambiente da Unidade Básica de
Saúde (UBS) localizada no município de Curralinho (Ilha de Marajó, Pará), os eventos
intercorreram durante o período de setembro de 2022 a janeiro de 2023. Público-alvo:
equipe multiprofissional, gestantes e agentes comunitários de saúde (ACS). Foram
estruturados quatro momentos neste projeto de intervenção: o primeiro, se propôs fazer o
levantamento das condições de fluxo e processo de atendimento das gestantes na unidade
(para o planejamento das três próximas etapas).
No segundo momento ocorreu uma roda de conversa com a equipe
multiprofissional da Estratégia Saúde da Família da Marambaia, alguns fatores foram
avaliados e debatidos com relação a importância do pré-natal odontológico na APS. No
terceiro encontro realizou-se com as gestantes e acompanhantes, atividades de educação
em saúde e escuta dessas pacientes. No último momento, realizou-se uma capacitação
com ACS da estratégia com a seguinte temática: a importância da captação precoce para
a integralidade do cuidado e o ACS no contexto da equipe multiprofissional.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

PLANEJAMENTO DAS AÇÕES


Ademais, Pereira (2006), salienta que de acordo com as tendências recentes da
pesquisa em Atenção Primária à Saúde (APS) o acolhimento parece encontrar eco em
trabalhos que apontam a importância do vínculo e da acessibilidade nos resultados dos
cuidados de saúde, tornando-se ação fundamental para a construção de um novo modelo
de assistência, onde o usuário é prioridade em sua necessidade. No cenário deste

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 95


experimento, em uma unidade básica de saúde na qual existem duas equipes, uma dessas
denominada Estratégia Saúde da Família da Marambaia com um médico, um enfermeiro,
uma técnica de enfermagem e nove ACS; com uma população adstrita de 2350 usuários
cadastrados.
Os autores desse estudo selecionaram um dia da rotina do funcionamento do
serviço e como observadores se propuseram a registrar a demanda, o fluxo de atendimento
dos usuários e o processo de trabalho dos profissionais de saúde. A partir de então, realizar
o planejamento com o público-alvo para o desenvolvimento das discussões acerca dos
principais fatores que dificultam a assistência às gestantes. Sobressaíram nestas
anotações a alta procura pelos serviços, no entanto, não há absorção desta demanda
espontânea, principalmente para a consulta médica e com o odontólogo. Muitas pessoas
retornam sem pelo menos ser escutadas – em sua maioria não são usuários da área adstrita
da equipe.
Atentou-se para a ausência de um ambiente com profissional e lugar apropriado
para essa abordagem, o que seria valoroso para edificação do exercício do acolhimento.
Para Brasil (2012), a atenção básica, além de ser uma das principais portas de entrada do
sistema de saúde, tem que se constituir numa “porta aberta” capaz de dar respostas
“positivas” aos usuários, não podendo se tornar simplesmente um local burocrático e
obrigatório de passagem para os outros tipos de serviços.
Os primeiros funcionários (portaria, técnicos e recepcionista) chegam por volta
das sete horas da manhã, comumente já existem filas devido ao encabeçamento do número
de consultas diárias seja para o médico, odontólogo ou até mesmo para a administração
de imunizantes. As usuárias que procuram a unidade suspeitando de gravidez, diferente
dos demais grupos (na demanda espontânea), são acolhidas pelo enfermeiro onde é
realizada uma escuta qualificada, solicitados exames para confirmar a gestação e
posteriormente é iniciado o pré-natal com este profissional que agendará as demais
consultas com médico e acompanhamento odontológico.
Observou-se, entretanto, dificuldades neste fluxo, sobretudo no que diz respeito
ao pré-natal com a ESB, uma vez que foram constatadas algumas ocorrências como a
procura tardia das pacientes, comparecendo apenas no último trimestre gestacional e a não
vinculação de muitas gestantes à estratégia. Concernente a esta observação atentou-se
para o Previne Brasil, o Ministério da Saúde (MS) estabelece uma cobertura de pelo menos
60% das gestantes (atendidas pelas ESF) que realizem no mínimo uma consulta com a
ESB (SANTOS, 2023).

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 96


Neste primeiro momento, também, percebeu-se fatores relativos aos
Determinantes Sociais da Saúde (DSS), diretamente relacionados às demandas da
população como o conhecimento das grávidas sobre a importância do acompanhamento
odontológico. Rocha (2019), sobressalta que a morbidade materna vai além das
complicações fisiológicas e perpassa todos os aspectos de vida da mulher, envolvendo
aspectos emocionais, sociais, econômicos e institucionais, reforçando a necessidade de
ações mais efetivas no cuidado à gestante.

RODA DE CONVERSA MULTIPROFISSIONAL


No segundo momento, elucidaram-se várias questões averiguando o serviço de
saúde e o processo de trabalho na tentativa de sanar as dificuldades na assistência. Junto
a gerência da unidade, após o esclarecimento (pelos autores) da importância de reforçar a
comunicação dentro da equipe no intuito de estabelecer um melhor atendimento e serviço
ao público, em especial as gestantes; agendou-se com pelo menos duas semanas de
antecedência esse pedido aos componentes da equipe.
No encontro estavam médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e
odontólogos, no formato de roda de conversa, enfatizou-se a importância do pré-natal
odontológico e da garantia do acompanhamento das pacientes. Segundo Moura e Lima
(2014), a roda de conversa é um instrumento que permite a partilha de experiências e o
desenvolvimento de reflexões sobre as práticas educativas dos sujeitos, em um processo
mediado pela interação dos pares, através de diálogos internos e no silêncio observador e
reflexivo.
A partir de então levantou-se um questionamento sobre o atraso da gestante
com o dentista da unidade. Denotou-se que nos últimos dois anos, a cobertura global do
pré-natal da estratégia saúde da família (daquela unidade) estava se ampliando e que havia
um esforço por parte da equipe para se regularizar as consultas com odontólogo e que já
existia um protocolo interno de pré-natal, onde na primeira consulta a gestante já era
encaminhada para a avaliação médica, odontológica e de imunização.
Era um desafio no âmbito nacional, a capitação com o início do pré-natal
adequado ainda no primeiro trimestre, sendo possível oferecer uma assistência de forma
integral e apropriada e garantir uma cobertura completa em todos os aspectos relacionados
ao pré-natal, tornando imprescindível pactuar ações rotineiras dento da ESF, junto dos ACS
para que se obtivessem melhorias nos indicadores do planejamento familiar dentro do

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 97


território, garantindo uma captação precoce para que assim fosse possível realizar um
número adequado de consultas de enfermagem, medicina e odontologia.
No debate também foi frisado que as gestantes necessitam de mais informações
sobre as diferentes vivências que devem ser trocadas entre as mulheres e os profissionais
de saúde, uma espécie de intercambio de experiência e conhecimentos que é a melhor
forma de compreensão e de se promover o processo de gestação, uma vez que por medo
ou por falta de informação a paciente deixa de comparecer a uma consulta para cuidar de
sua saúde e de seu bebê.
Durante a conversa ressaltou-se que para uma maior adesão das gestantes ao
serviço odontológico, a orientação destas pacientes quanto a necessidade do
acompanhamento por toda a equipe da ESF desde o ACS, médico, enfermeiro,
recepcionista, (onde ocorre a maior parte dos agendamentos) deve ser reforçada. Em
adição, Figueiredo et al. (2022), explana que durante a assistência pré-natal, todas as
informações passadas pelo profissional são de extrema importância para um cuidado
efetivo tanto para a mãe quanto para a criança.
Em continuidade, Santos e Nunes (2023), realizaram momentos de educação
permanente com as equipes de saúde da família mostrando a importância do pré-natal
odontológico para os profissionais presentes objetivando que conhecimento possa ser
repassado para as gestantes durante as consultas do pré-natal. A atividade com a equipe
multiprofissional na ESF da Marambaia, foi considerada positiva pelos participantes que
demostraram ser relevante a comunicação entre a equipe durantes o serviço e favorecer o
encontro da paciente com o cirurgião dentista o mais cedo possível.

EDUCAÇÃO EM SAÚDE PARA GESTANTES


Realizou-se uma atividade com pacientes e acompanhantes que
estavam na sala de espera, durante o expediente habitual da unidade (com clínica médica,
atendimento de enfermagem, imunização e consulta odontológica). As gestantes
normalmente pré-agendadas, comparecem com antecedência, são acolhidas pela
recepção por ordem de chegada, passam pelo procedimento de triagem e aguardam as
consultas na sala de espera.
Ambiente em que foram convidadas informalmente para uma dinâmica acerca
do tema pré-natal odontológico, momento oportuno para a adesão das gestantes, uma vez
que eram prioridades nos atendimentos e logo estariam disponíveis para participarem da
educação em saúde. Para Zambenedeti (2012), o desafio neste ambiente é de não tornar

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 98


uma simples “palestra”, na qual as informações tenham sentido unidirecional. Mas,
transformar este espaço de espera em um grupo para troca de experiências entre os
participantes e reflexão acerca do assunto, tirar dúvidas etc.
Participaram grávidas, acompanhantes e outros pacientes da demanda
programada naquele momento, também havia gestantes no seu primeiro dia na unidade,
com o público de mais de vinte pessoas na ação. A dinâmica aconteceu com perguntas
diretas para os pacientes sobre o atendimento na unidade, desde o primeiro contato,
recepção, espera das consultas, vacina, tratamento com o dentista e outros profissionais.
E de forma bem descontraída foram ouvidas as queixas e elogios a respeito do serviço de
saúde.
O evento desvencilhou-se com inúmeras disposições das necessidades no
âmbito do acesso aos serviços e da continuidade do acompanhamento. O agendamento e
conduta com médico e enfermeiro, naquele universo de usuários, demostrou-se satisfatório
e que as quantidades de encontros estavam regulares. Havia usuários de outras áreas
adstrita principalmente da zona rural e a dificuldade relatada era devido ao acesso a
atenção a saúde em suas localidades. Para que esses pacientes realizassem o pré-natal
precisavam fazer longo deslocamento em transporte particular ou barco de “linha” quando
existisse, com o custo financeiro comprometendo muito o orçamento dessas famílias que
são na grande maioria carentes.
Outro ponto levantado neste grupo de participantes e o fato de não haver
disponibilidade de imunizantes, somente em ações esporádicas da secretária de saúde.
Relataram também a ausência de atividades de campo por parte dos ACS e que muitas
são áreas descobertas sem equipe de saúde da família. Os longos caminhos dos rios,
afluentes mais remotos, horas de peregrinação para conseguir chegar até uma unidade
com equipe completa ou disponibilidades de insumos para o tratamento de saúde.
Para Brasil (2004), é imprescindível, em cada território, aproximar-se das
pessoas e tentar conhecê-las: suas condições de vida, as representações e as concepções
que têm acerca de sua saúde, seus hábitos e as providências que tomam para resolver
seus problemas quando adoecem bem como o que fazem para evitar enfermidades. Na
escuta com este público, percebeu-se a necessidade de aproximar a oferta de serviços
para a população mais distante da sede do município. UBS com equipe completa e ACS,
imunizantes e equipe de saúde bucal com consultório e atendimento regular em tempo
oportuno para essas populações, o que parece ser um grande desafio.

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 99


CAPACITAÇÃO COM OS ACS
Após participação ao enfermeiro da equipe sobre a importância de realizar uma
capacitação com os ACS da área, estes foram convidados e então combinados dia e
horário. Seis dos noves ACS estavam presentes no evento localizado na sala de reuniões
da UBS. Iniciou-se as oito horas da manhã, com equipamento projetor preparou-se slides
para apresentação. O tema abordava “A importância da captação precoce para a
integralidade do cuidado à gestante e o ACS no contexto da equipe multiprofissional”.
O intuito era dialogar com esses profissionais o processo de trabalho e as
dificuldades enfrentadas, principalmente na captação das gestantes para o pré-natal e
explicitar a necessidade do acompanhamento odontológico com as gestantes. Para Sanine
et al. (2019), há relatos de gestantes que apesar de realizarem pré-natal em USF
desconhecem o ACS ou não receberam visita domiciliar durante a gestação, sugerindo
limitações quanto ao vínculo, além de falhas na organização das ações de vigilância que
justificariam as ocorrências com início tardio.
Durante a atividade na ESF da Marambaia os ACS demostraram interesse pelo
assunto, enfatizou-se sobre as principais afecções bucais encontradas no período
gestacional e da educação em saúde para essas pacientes, da farmacologia e o uso
racional de medicamentos. Evidenciou-se durante o diálogo que um dos empecilhos para
se conseguir captar cedo as gestantes está relacionado ao fato da ocultação da gravidez,
visto que muitas são adolescentes e em condições de vulnerabilidade social e econômica,
não tiveram contato com uma ação ou consulta de planejamento familiar com o profissional
da saúde.
Há também uma certa resistência ainda hoje para se trabalhar o assunto dentro
da escola ou em outros ambientes sociais com os adolescentes devido as barreiras
culturais e religiosa que dificultam bastante a educação em saúde e consequentemente o
autocuidado. Ressaltou-se sobre a educação em saúde para as gestantes e outros públicos
que aguardam na sala de espera, que é essencial a equipe se planejar para realizar essas
atividades neste ambiente de forma estratégica e dinâmica com o rodízio dos profissionais
durante a semana, o que precisa ser analisado e debatido com a coordenação e equipe da
UBS.
Para Zambenedeti (2012), A sala de espera além do impacto na atenção
oferecida aos usuários, através da diversificação das possibilidades de diálogo e atenção
visando a resolução de seus problemas de saúde, também teve importante papel na
formação profissional.

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 100
Um dos ACS discorreu lembrando do televisor que fica na sala de espera da
UBS, que este aparelho seria uma ferramenta para os profissionais nas atividades em
grupo. Assuntos importantes em saúde poderiam ser reproduzidos auxiliando no
esclarecimento de muitas dúvidas dos usuários, uma maneira de mesmo encorajá-los para
perguntas posteriores na própria consulta de rotina. Segundo Dias; Brito (2019), a sala de
espera constitui um espaço importante para a promoção de educação em saúde através da
construção coletiva de saberes, troca de vivencias e fortalecimento de vínculos entre
usuários e profissionais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

É notório que embora a APS seja o pilar, a base da saúde e a porta de entrada
do usuário do SUS, são grandes os desafios para o alcance das metas, a consolidação do
cuidado integral e o direito a saúde, o que demanda diretamente o trabalho em equipe,
cooperação, comunicação mútua e empatia com o usuário, respeitando-o como sujeito
autônomo e provedor de saúde através do autocuidado.
O profissional deve considerar a realidade em que está inserido e os fatores que
direta e indiretamente influenciam e impactam a assistência as gestantes o que vai além do
contexto de uma UBS, e até mesmo da APS, perpassando pelos determinantes sociais de
saúde, pela singularidade da região, das múltiplas dificuldades enfrentadas pela população
destas localidades o que se torna primordial a capacidade do profissional inserir-se neste
“mundo” e desenvolver o vínculo para a criação do cuidado. Deste modo se faz necessário
discutir e planejar estratégias com vários setores locais envolvidos: população, profissionais
de saúde e gestão que precisam analisar essas barreiras e problemáticas que embora
presentes, não são barreiras exclusivas dessa região, mas que impedem o acesso e direito
a saúde e dignidade de muitas pessoas.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Departamento de


Saúde da Família. Diretriz para a prática clínica odontológica na Atenção Primária à
Saúde: tratamento em gestantes / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção Primária à
Saúde, Departamento de Saúde da Família. Brasília: Ministério da Saúde, 2022.Acesso
em: 16 de fevereiro de 2023.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Departamento de


Saúde da Família. Carteira de serviços da Atenção Primária à Saúde (CaSAPS): versão

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 101
profissionais de saúde e gestores [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de
Atenção Primária à Saúde, Departamento de Saúde da Família. –Brasília: Ministério da
Saúde, 2020.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Departamento de


Atenção Básica. Coordenação Nacional de Saúde Bucal. Diretriz da Política Nacional de
Saúde Bucal. Brasília: Ministério da Saúde, 2004.

BRASIL. Ministério da Saúde. Acolhimento à demanda espontânea: queixas mais comuns


na atenção básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2012. (Cadernos de Atenção Básica, n.
28, volume 2). Portal da Secretaria de Atenção Primária a Saúde.

CARDOSO, JA; SPANEMBERG, KC; CHERUBINI, K; FIGUEIREDO, MAZ; SALUM, FG.


Oral granuloma gravidarum: a retrospective study of 41 cases in Southern Brazil. Journal
of Applied Oral Science [online]. 2013, v. 21, n. 3.

CARINE DA LUZ, N. et al. Relato de experiência do projeto de extensão educação em


saúde bucal a gestante e na primeira infância no ambiente hospitalar. 15.° CONEX –
Resumo Expandido.

CARVALHO, J. A. M. DE et al. Avaliação do acesso de gestantes à atenção odontológica


realizada pelo grupo PET-Saúde da Universidade Estadual De Londrina-PR. Revista da
ABENO, v. 14, n. 1, p. 81–86, 2014.

DA SILVA LEMOS, A. P.; MARIA MADEIRA, L. Assistência pré-natal realizada pelo


enfermeiro obstetra: a percepção da puérpera. Revista de Enfermagem do Centro-Oeste
Mineiro, v. 9, 20 dez. 2019.

DIAS, G. S. A.; BRITO, G. M. S. DE. SALA DE ESPERA COMO ESPAÇO PARA


PROMOÇÃO DA EDUCAÇÃO EM SAÚDE NA ATENÇÃO BÁSICA. 2019.

FIGUEIREDO, B. F. et al. Assistência de Enfermagem ao Pré-Natal na Atenção Básica:


Ações que favorecem a adesão das gestantes às consultas.
repositorio.animaeducacao.com.br, 22 jun. 2022.

MARQUES, B. L. et al. Orientações às gestantes no pré-natal: a importância do cuidado


compartilhado na atenção primária em saúde. Esc. Anna Nery Rev. Enferm, p.
e20200098–e20200098, 2021.

MARTINS, Larissa de Oliveira et al. Assistência odontológica à gestante: percepção do


cirurgião-dentistaDental care for pregnant woman: dental surgeon's perceptions. Rev Pan-
Amaz Saude, Ananindeua, v. 4, n. 4, p. 11-18, dez. 2013.

MELO, E. DOS S. Roda de Conversa como Estratégia para Gestão e Educação


Permanente em Saúde. [TESTE] Revista Portal: Saúde e Sociedade, v. 4, n. 2, p. 1152–
1159, 2 set. 2019.

MOURA, A. F.; LIMA, M. G. A Reinvenção da Roda: Roda de Conversa, um instrumento


metodológico possível. Revista Temas em Educação, [S. l.], v. 23, n. 1, p. 95–103, 2014.

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 102
NOGUEIRA, J. W. DA S.; RODRIGUES, M. C. S. Comunicação efetiva no trabalho em
equipe em saúde: um desafio para a segurança do paciente. Cogitare Enfermagem, v. 20,
n. 3, 23 set. 2015.

OBA, M. DAS D. DO V.; TAVARES, M. S. G. Quem são as mulheres e porque vão


procurar o serviço de assistência pré-natal das unidades de saúde de Ribeirão Preto.
Revista Brasileira de Enfermagem, v. 52, n. 4, p. 596–605, dez. 1999.

OLIVEIRA, M. C. R. DE. Relato de experiência do atendimento compartilhado e


multiprofissional da equipe de saúde bucal no pré-natal e puerpério. www.arca.fiocruz.br,
2017.

PEREIRA R. P. A. O acolhimento e a estratégia saúde; da família in: grupo de estudos em


saúde da família. Belo Horizonte-MG ammfc, 2006.

RABELO, Maria Luciely da Silva Pinheiro; MOREIRA, Magda Ravenna Moura. ATUAÇÃO
DA ODONTOLOGIA NO ATENDIMENTO COMPARTILHADO DURANTE PRÉ NATAL:
UM RELATO DE EXPERIÊNCIA.

ROCHA, C. G. G. DA et al. Determinantes sociais da saúde na consulta de enfermagem


do pré-natal*. Rev. enferm. UFPE on line, p. [1-8], 2019.

SANTOS, M. A.; NUNES, C. J. R. R. Importância do Pré-Natal Odontológico na APS:


relato de experiência. Health Residencies Journal - HRJ, v. 4, n. 18, 28 fev. 2023.

SANINE, P. R. et al. Atenção ao pré-natal de gestantes de risco e fatores associados no


Município de São Paulo, Brasil. Cad. Saúde Pública (Online), p. e00103118–e00103118,
2019.

SILVA, L. A. G. DA. A melhoria na qualidade do atendimento ao pré-natal e puerpério,


incluindo saúde bucal, na Unidade Básica de Saúde Parque dos Faróis de Nossa Senhora
do Socorro/SE.

STEINBERG, B. J. et al. Oral health and dental care during pregnancy. Dent Clin North
Am, v. 57, n. 2, p. 195-210, Apr 2013.

ZAMBENEDETI G. Sala De Espera Como Estratégia De Educação Em Saúde No Campo


Da Atenção As Doenças Sexualmente Transmissíveis. Saúde soc. São Paulo, v2|, n.4,
P.1075-1086, 2012.

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 103
| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 104
CAPÍTULO IX

A QUALIFICAÇÃO DO CUIDADO AO HIPERTENSO


NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE COM A
IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA PREVINE BRASIL:
UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Maria de Fátima da Silva e SilvaI; Patrycia Abadia da Silva MontagnerI; Ilka Lorena de Oliveira FariasII
I
Discente do Curso de Especialização Multiprofissional em Atenção Básica e Saúde da Família da
Universidade Federal do Pará (UFPA). Pará, Brasil.
II
Docente do Curso de Especialização Multiprofissional em Atenção Básica e Saúde da Família da
Universidade Federal do Pará (UFPA). Pará, Brasil.

RESUMO / ABSTRACT

Introdução: A Atenção Primária em Saúde (APS) Introduction: Primary Health Care (PHC)
representa a expansão do direito à saúde no SUS; represents the expansion of the right to health in
No ano de 2019 a partir de pactuação na Comissão the SUS; In 2019, based on an agreement with the
Intergestores Tripartite (CIT), houve a elaboração Tripartite Inter-managers Commission (CIT), a
de um modelo de financiamento de custeio para a funding model for APS was created, which
APS, que culminou na publicação da Portaria culminated in the publication of Ordinance GM/MS
GM/MS nº 2.979, na qual ficou instituído o No. 2,979, which established the Previne Program
Programa Previne Brasil. Objetivo: Descrever Brazil. Objective: To describe, through an
através de relato de experiência os processos de experience report, the work processes to improve
trabalho para melhoria do Indicador 6 do Previne Indicator 6 of Previne Brasil, as well as the results
Brasil bem como os resultados alcançados em um achieved in a Family Health Strategy (ESF) in the
Estratégia de Saúde da Família (ESF) no Municipality of Santana do Araguaia/PA.
Município de Santana do Araguaia-PA. Relato de Experience report: The lived experience occurred
experiência: A experiência vivenciada ocorreu through the following moments: How were the work
perpassando pelos seguintes momentos: Como processes in the care of hypertensive patients; The
eram os processos de trabalho na atenção ao transition process in work processes and how
hipertenso; O processo de transição nos these processes evolved. Final considerations:
processos de trabalho e como se deu a evolução From the experience, we can see the relevance of
nesses processos. Considerações finais: A partir the strategies developed and the involvement of
da experiência vivenciada, podemos perceber a the team as a whole in the quest to offer greater
relevância das estratégias desenvolvidas e do quality in care and consequently improve the index
comprometimento da equipe como um todo na of indicator 6 related to systemic arterial
busca em oferecer maior qualidade no hypertension.
atendimento e consequentemente melhorar o
índice do indicador 6 relacionado a hipertensão
arterial sistêmica.

Palavras-chave: Atenção Primária à Saúde; Key words: Primary Health Care; Prevent Brazil;
Previne Brasil; Hipertensão Arterial Sistêmica. Systemic Arterial Hypertension.

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 105
INTRODUÇÃO

A Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) evidencia a Saúde da Família


(SF) como critério de prioridade de reorganização da atenção primária no Sistema Único
de Saúde (SUS). Esta define a atenção primária como um conjunto de ações de saúde
desenvolvidas em âmbito individual e coletivo que abrangem a promoção e proteção da
saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, reabilitação e manutenção da
saúde. Sendo estas desenvolvidas através de ações por meio de uma equipe
multidisciplinar, com foco em populações de território geograficamente delimitado
(MACINKO; MENDONÇA, 2018).
A Atenção Primária em Saúde (APS) representa a expansão do direito à saúde
no SUS. Mudanças importantes relacionadas ao seu financiamento vêm ocorrendo ao longo
dos anos, mas é em 2019 que a partir de pactuação na Comissão Intergestores Tripartite
(CIT), há a elaboração de um modelo de financiamento de custeio para a APS, que
culminou na publicação da Portaria GM/MS nº 2.979, na qual ficou instituído o Programa
Previne Brasil (BRASIL, 2019).
Esta portaria objetiva estruturar o modelo de financiamento da atenção primária
e estimular o acesso do indivíduo aos serviços, a cobertura efetiva da APS, prestar
assistência de qualidade, focando no resultado dos indicadores de saúde e no atendimento
às necessidades de saúde das pessoas, sendo garantido os princípios da universalidade,
equidade e a integralidade do SUS.
Esse novo modelo de financiamento da APS, traz mecanismos que estimulam
responsabilidades da gestão e profissionais para um melhor uso dos recursos públicos,
conforme previstos no Artigo 35 da lei 8.080/1990. Este novo modelo se organiza pelos
seguintes componentes: Capitação ponderada, pagamento por desempenho e incentivo
para ações estratégicas (BRASIL, 2019, Art.9).
No que concerne ao pagamento, a Portaria GM/MS nº 3.222/2019 definiu um
conjunto de indicadores do Programa Previne Brasil (2021) e as ações estratégicas que
serão contempladas para a inclusão de novos indicadores de pagamento por desempenho
em 2022, sendo este atualizado pela nota técnica nº 3/2022 – DESF/SAPS/MS. Dentre um
conjunto de sete indicadores de saúde, será abordado o indicador VI – Proporção de
pessoas com hipertensão, com consulta e pressão arterial aferida no semestre.
Segundo as Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (2020), a hipertensão
arterial sistêmica (HAS) é uma doença crônica não transmissível com condição multifatorial

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 106
que depende de fatores genéticos, ambientais e sociais, onde há o aumento da pressão
arterial (PA) persistente, ou seja, PA sistólica maior ou igual a 140 mmHg e/ou PA diastólica
maior ou igual a 90 mmHg, sendo as aferições realizadas com a técnica correta em pelo
menos duas ocasiões diferentes e na ausência de medicamentos anti-hipertensivos.
(BARROSO et.al, 2020, p. 528).
O acompanhamento com boas práticas realizadas na APS dos casos
leves/moderados, que correspondem a grande parcela dos casos, é de suma importância
para assegurar o tratamento adequado e controle da condição, visto que o controle dos
valores pressóricos, especialmente a pressão arterial sistólica, é o principal fator de risco
para morbimortalidade (BRASIL, 2021). Essas práticas no cuidado ao hipertenso qualifica
a assistência ao indivíduo em processo de adoecimento e efetiva as ações de saúde.
Diante da temática abordada, interessou-se em discorrer de forma detalhada,
por meio de um relato de experiência, sobre os caminhos percorridos desde a implantação
do Previne Brasil e quais as estratégias utilizadas para alcance do 6º indicador a partir dos
resultados do Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (SISAB) de uma
Estratégia de Saúde da Família do Município de Santana do Araguaia/PA.

RELATO DE EXPERIÊNCIA

O cenário de desenvolvimento do estudo foi uma Estratégia de Saúde da Família


(ESF) no município de Santana do Araguaia no estado do Pará, município que possui uma
população de 75.995 habitantes, segundo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística) estimados para o ano de 2021. Outrossim, este município conta 37.936
cidadãos cadastrados no Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica
(SISAB), até a competência de julho 2022, o que significa dizer que 49,92% da população
está, devidamente, cadastrada e vinculada às Estratégias de Saúde da Família.
A ESF onde se deu a experiência está localizada na zona urbana e funciona das
7 às 11 e das 13 às 17 horas, de segunda à sexta. Possui população de 3.852 pessoas
cadastradas até abril/2023 e destas 324 são hipertensas. Conta com equipe mínima de
enfermeira, médica, odontóloga, auxiliar de odontologia, técnicos de enfermagem, agentes
comunitários de saúde, recepcionista e auxiliar de serviços gerais.
O relato aborda a experiência a partir da vivência das autoras deste estudo e
que atuam na ESF, referente às práticas no atendimento a pacientes com hipertensão
arterial, bem como os passos para o cumprimento de meta em relação ao indicador 6 do

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 107
Programa Previne Brasil. Este estudo foi fomentado a partir da trajetória do Curso de
Especialização Multiprofissional em Atenção Básica e Saúde da Família no ano de
2022/2023.
A princípio realizou-se uma busca mais ampla a fim de elucidar o processo de
transição do financiamento da APS no município. Fez-se necessário compreender se houve
capacitações, treinamentos, mudanças no modo do atendimento, recursos humanos,
dentre outras percepções necessárias para se formar uma lógica de entendimento.
Posto isso, a partir da vivência na ESF e correlacionado ao indicador 6, foi
realizado uma descrição detalhada de como ocorreu desde a captação e cadastro do
público hipertenso, sua chegada a ESF por demanda espontânea, busca ativa, diagnóstico,
fluxo, registro e qualificação das informações, bem como o entendimento das estratégias
para o acompanhamento deste público-alvo, além de outras vertentes relevantes
encontradas no período da vivência. Ademais, de acordo as informações disponíveis no
SISAB desde 2019, foi avaliado a evolução dos resultados por quadrimestre da ESF
vivenciada.

COMO ERAM OS PROCESSOS DE TRABALHO NA ATENÇÃO AO HIPERTENSO


Anterior a implementação do Programa Previne Brasil, o processo de trabalho
referente ao cadastro, atendimento e fluxo dos hipertensos não se baseava em estabelecer
o vínculo com o cidadão. Um exemplo de como ocorria é que medicações do Programa
HIPERDIA, programa de cadastramento e acompanhamento de hipertensos e/ou
diabéticos implantado em 2002, ficavam nas Unidades Básicas de Saúde e eram entregues
pelos profissionais técnicos de enfermagem, após o paciente receber o diagnóstico de
Hipertensão Arterial e/ou Diabetes Melitus, sem que houvesse o acompanhamento efetivo
dos usuários.
Após o cadastro do usuário pelos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e o
posterior diagnóstico de hipertensão pelo médico, o usuário recebia uma carteirinha do
Programa HIPERDIA que continha os nomes das medicações utilizadas e este
mensalmente se dirigia até uma unidade de saúde para receber suas medicações. Na
ocasião realizava-se a aferição da PA.
As equipes de saúde não possuíam vínculo com o usuário, ou seja, este se
deslocava a qualquer unidade de saúde para receber suas medicações, e havendo queixas
no momento, encaminhava-se a consulta médica. Em meados de 2018, após reunião dos
farmacêuticos do município e questionamentos acerca da ausência de profissional

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 108
habilitado para a dispensação das medicações nas unidades de saúde, seguidos de
debates sobre o tema, a gestão municipal concentrou a dispensa de medicamentos em um
único estabelecimento onde estão até os dias atuais.

O PROCESSO DE TRANSIÇÃO NOS PROCESSOS DE TRABALHO


Em 2019, ano em que ocorreu a implantação do novo modelo de financiamento
da APS do Previne Brasil, os indicadores que compõem o Financiamento por Desempenho
começaram a ser operacionalizados e avaliados pelo Ministério da Saúde através do SISAB
sem que os profissionais tivessem recebido treinamento ou capacitação. Algumas
orientações e comandos que os profissionais tiveram acesso procedia da técnica que
realizava a digitação nos sistemas de informações de saúde, que buscou compreender os
passos para alcance de metas, por meio de leitura autônoma, a partir dos manuais
disponibilizados na plataforma do Ministério da Saúde.

COMO SE DEU A EVOLUÇÃO NOS PROCESSOS DE TRABALHO – O RELATO

➢ Estratégia da Gestão
Com o advento da Pandemia causada pelo Coronavírus (COVID-19) e seu
pico no Brasil em 2020, as receitas médicas para os pacientes hipertensos e diabéticos
considerados estáveis tinham duração de seis meses, onde o paciente com a mesma
receita realizava a retirada das medicações por este período e não necessitava de ir até as
Unidades de Saúde, uma medida para diminuir a disseminação do vírus da COVID-19.
Essa ação embora reduzisse a circulação do público-alvo do Programa
HIPERDIA nos serviços de saúde, também afetaria proporcionalmente a qualidade do
acompanhamento dos hipertensos e sobretudo este indicador de saúde em especial. Fato
que perdurou até meados de 2021, onde, com a pandemia mais controlada, viu-se a
necessidade de uma abordagem mais integralizada ao usuário a fim de melhor cobertura
da população e em especial aos públicos que correspondiam aos sete indicadores de
saúde, inclusive, os hipertensos.
Houve várias discussões da gestão local de saúde com as equipes da APS tendo
como pauta, o alcance das metas dos indicadores de saúde. Além disso, uma nova
profissional enfermeira, participou de capacitação presencial acerca dos Indicadores do
Programa Previne Brasil promovido pelo Ministério da Saúde. Logo, foi possível receber
melhores informações sobre a nova modalidade de financiamento, a importância em

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 109
organizar o fluxograma de atendimento, a qualificação da informação no Prontuário
Eletrônico do Cidadão (PEC), a realização do cadastro individual e acompanhamento do
ACS, além da efetivação de busca ativa.
Esta estratégia, embora no início, gerou vários questionamentos dos pacientes
sobre a necessidade dos retornos mensais à ESF. Após esclarecimentos pelos
profissionais, os pacientes compreenderam sobre a sua importância e no decorrer dos
meses, relatavam que este fluxo facilitou a adesão ao acompanhamento.

➢ Adaptação da Carteira do Programa HIPERDIA


A nova carteira para o Programa HIPERDIA foi criada como uma ferramenta
que visa auxiliar na qualificação das informações e contribuir com a continuidade do
cuidado ao paciente hipertenso e/ou diabético pela equipe multiprofissional. Em oposição
a carteira antiga que continha apenas identificação do usuário, data, nome da medicação e
valores para PA e glicemia, nesta ferramenta atualizada, foram incluídas mais informações,
contendo: espaço para identificação do usuário, ESF e ACS vinculados, profissional que
realizou a consulta, medicações em uso, dados antropométricos no momento da consulta
(peso, altura, IMC, PA, glicemia, circunferência abdominal e da panturrilha), além de dados
como exames solicitados, data de realização e dados vacinais.
Com a nova carteira, foi ainda estabelecido que a validade da receita dos
hipertensos fosse mensal, devendo este ir até a Unidade Básica de Saúde do seu território
de abrangência, para sua reavaliação periódica, para então a liberação das medicações
com a devida prescrição. Dessa forma, além de realizar a triagem, o usuário é avaliado pelo
profissional médico ou enfermeiro obrigatoriamente para consulta e avaliação. Nas figuras
em anexo, apresentamos as imagens das carteiras antiga e atual de hipertensão. Na
carteira de acompanhamento antiga (figura 1), apresenta somente espaço para inserção
dos dados pessoais, valores de PA e glicemia além das medicações em uso.
Já nas figuras 2 e 3, em anexo, demonstramos a carteira atual de
acompanhamento do Programa HIPERDIA. A mesma, possui o modelo para três dobragens
e nesta, além do espaço dos dados pessoais, também é acrescentado no cabeçalho a ESF
e ACS no qual o paciente é vinculado. Além disso, há espaço para o profissional (médico
ou enfermeiro) anotar a data do atendimento, o responsável pelo mesmo e inserir o próximo
agendamento.
Também há o espaço para adicionar os medicamentos em uso, data e resultado
dos pedidos de exames, realização de atividades educativas, informações sobre vacinas e

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 110
colunas de 1-14 que se referem ao acompanhamento mensal. Em cada coluna, o
profissional que o atender anotará os valores das triagens e alguma observação do
atendimento. Nesta etapa, a remodelação da carteira do HIPERDIA se tornou uma
ferramenta essencial no acompanhamento da condição de saúde. Permitiu ainda uma
“fidelização” do usuário, pois os mesmos faziam questão da levar as carteiras
mensalmente, para que houvessem as devidas anotações e próximos agendamentos.

➢ Fluxograma do Hipertenso na UBS


Após reunião da equipe de saúde chegou-se ao consenso da melhor forma
de atendimento e fluxograma ao público hipertenso. Quando o hipertenso chega por
demanda espontânea, identifica-se dados do seu endereço para localização do ACS. Se o
paciente não possuir o diagnóstico é direcionado para consulta médica, antes, passa pela
triagem realizando aferição da PA, peso e altura. Após conduta médica e posterior
diagnóstico, o paciente recebe a carteira de hipertenso ainda no consultório médico, com
as informações preenchidas e o agendamento para o próximo retorno mensal com o
enfermeiro. A informação já é qualificada no sistema do PEC, com a ativação da condição
de hipertenso e o agendamento no sistema para acompanhamento em cuidado continuado
e programado.
O acompanhamento do paciente hipertenso com o enfermeiro é realizado pelos
próximos dois meses (caso seja avaliado a estabilidade dos valores pressóricos da PA e
ausência de queixas do paciente que necessite o retorno médico). Este profissional, no
momento da consulta verifica a situação cadastral (individual e domiciliar) realizado pelo
ACS, além do seu acompanhamento em visitas regulares, renova a receita dos anti-
hipertensivos prescrita pelo médico, realiza orientações pertinentes à mudança no estilo de
vida (MEV), questiona sobre a forma que os medicamentos estão sendo utilizados, se é de
acordo ao prescrito, bem como o acompanhamento da condição de saúde no sistema,
inclusive a necessidade de encaminhamento ao nutricionista, caso não tenha ocorrido na
consulta médica.
Após duas consultas consecutivas com o enfermeiro, como descrito acima e
independente de queixas do paciente, este é agendado para o médico, para nova avaliação
e reinicia o fluxo, como mostra a figura 4. Com a criação deste fluxograma e o agendamento
dos pacientes, percebe-se que apesar da facilidade e agilidade ao atendimento deste
público, alguns pacientes se acomodaram e por vezes faltavam aos agendamentos, indo
até a Unidade de Saúde somente quando sua medicação anti-hipertensiva acabava.

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 111
Figura 4 – Fluxograma de atendimento ao paciente hipertenso na UBS

Verificação dos
Paciente dados cadastrais
hipertenso
chega por
demanda
espontânea
Cadastrado pelo Sim
ACS?

Diagnóstico
Não

Encaminhado
ao médico Recebe
carteira de
hipertenso
Realiza
cadastro
individual e
domiciliar

Contendo
Nos dois meses informações e
seguintes, se próximo
estáveis valores agendamento
pressórico

Atendimento com Renovação de


enfermeira receita,
orientações e
encaminhamen
to ao
nutricionista
Retorno médico
no 3º mês, ou
quando
necessário

Fonte: Elaborado pelos autores, 2023.

➢ Estratégia de captar o cidadão


Como uma estratégia de acompanhar presencialmente, todos os pacientes
hipertensos cadastrados na área dos respectivos ACS, foram elaboradas duas tabelas de
acompanhamento do hipertenso e diabético, conforme exposto nas figuras 5 e 6, em anexo.
As tabelas, foram fixadas na parede da sala dos ACS de forma paralela. Na
figura 5, eram inseridos dados dos hipertensos, como nome, data de nascimento, número
do Cartão Nacional de Saúde (CNS) ou número de Cadastro de Pessoa Física (CPF). Após

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 112
relacionar todos os hipertensos em tabela (figura 5), foi verificado junto ao PEC quando
ocorreu a data da última consulta realizada pelo profissional médico ou enfermeiro, a
vinculação do cidadão na equipe de saúde, averiguação da condição de hipertensão
autorreferida pelo cadastrado elaborado pelo ACS ou até mesmo a falta deste, além de
duplicidade de cadastros e visitas pelo ACS.
Após resolução de pendências cadastrais que poderiam ser diagnosticadas,
foram descritos na tabela construída (figura 6 – tabela que continha os meses de janeiro a
dezembro), o valor da PA e a identificação de qual profissional realizou a última consulta,
por exemplo: Consulta Médica (CM) 120x80 mmHg ou Consulta de Enfermagem (CE)
120x80 mmHg, anotados no mês em que ocorreu o atendimento.
Como resultado, ao final de todos os cadastros analisados e descritos nas
tabelas, visualmente era nítido identificar quais pacientes realizavam o acompanhamento
mensal, os que não frequentavam a unidade de saúde (na maioria dos casos, realizavam
acompanhamento em clínicas particulares), ou ainda, aqueles faltosos no
acompanhamento da condição de saúde. Diante dessas informações, iniciou-se o trabalho
da busca ativa, com a médica, enfermeira e ACS, semanalmente na ocasião das visitas
domiciliares, para realizar a primeira consulta no domicílio além da aferição da PA.
A primeira consulta tinha o objetivo de conhecer o paciente e motivá-lo a iniciar
o acompanhamento mensal na APS, procurando estabelecer o vínculo com o usuário, além
de aproveitar a oportunidade para apresentar a cartela de serviços disponíveis, como por
exemplo, a coleta de preventivo, atualização da carteira vacinal e consultas odontológicas.
No retorno a unidade de saúde, o atendimento realizado na visita domiciliar, inicialmente
era inserido, no PEC, no módulo Coleta de Dados Simplificados (CDS), onde somente os
códigos dos atendimentos, eram adicionados. Nesta modalidade de inserção dos dados,
CDS, não há espaço para descrição do atendimento, apenas codificação.
Posteriormente, iniciou-se o registro das informações no PEC, no módulo de
Registro de Atendimento Tardio. Neste campo de inserção dos dados da consulta, as
informações podem ser inseridas em até 7 dias após o atendimento e permite a descrição
de forma detalhada, não somente o uso de código. Logo, possibilitava qualificar melhor as
informações com riquezas de detalhes, o que não é possível no CDS.
Todavia, vale ressaltar as dificuldades encontradas, como a indisponibilidade de
transporte todas as semanas para realizar a busca ativa no domicílio, o comodismo de
alguns pacientes em saber que os profissionais vão até ele, corroborando com a não
priorização em ir até a unidade de saúde, bem como, aqueles pacientes que trabalham no

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 113
período diurno, e não possuem a disponibilidade de ir até o estabelecimento de saúde ou
de receber a visita da equipe.

RESULTADOS

A Nota Técnica Explicativa do Relatório de Indicadores de Desempenho da APS


do Ministério da Saúde trata dos indicadores avaliados no componente no Desempenho da
APS no Programa de Financiamento Previne Brasil. Conforme esta Nota são estabelecidas
metas de alcance dos indicadores da APS (BRASIL, 2022).
Quanto ao Indicador 6, tratado neste estudo, segundo (BRASIL, 2022) o valor
numérico da meta a ser alcançada é de 50% de cobertura da população com a condição
de hipertensão cadastrada. Os critérios orientados para o alcance da meta recomendada
pelo Ministério da Saúde, para o indicador aqui discutido, são baseados nos dados de
identificação, condição avaliada de hipertensão registrada por médico ou enfermeiro,
condição de saúde como hipertenso autorreferido no cadastro realizado pelo ACS,
atendimento individual realizado por médico ou enfermeiro nos últimos 6 meses, aferição
de PA nos últimos 6 meses por técnico de enfermagem, enfermeiro e/ou médico e se está
presente no numerador, ou seja, se cumpriu com todos os requisitos para ser contabilizado.
Assim, seguindo estas orientações foi possível estabelecer uma rotina de fluxo
para os hipertensos, priorização nos atendimentos com os agendamentos e a realização
semanal de busca ativa dos hipertensos que não frequentam a UBS, além dos faltosos no
acompanhamento, percebendo-se que as estratégias adotadas foram exitosas no avanço
para o alcance do indicador 6 do Previne Brasil, conforme é visualizado no quadro abaixo:

Tabela 1 – Resultados do Indicador 6 da Estratégia de Saúde da Família por quadrimestre


de 2019 a 2022.
Resultados do Indicador 6 da Estratégia de Saúde da Família
Ano 1º Quadrimestre 2º Quadrimestre 3º Quadrimestre
2019 2% 1% 1%
2020 2% 6% 8%
2021 10% 8% 12%
2022 39% 41% 39%
Fonte: SISAB, perfil e-Gestor, 2023.

Vale salientar a importância de desenvolver novas estratégias e metodologias, a


fim de alcançar melhor cobertura da população, bem como, a possibilidade de flexibilizar o

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 114
horário de atendimento, que pode ser uma alternativa que impacte na não adesão de muitos
pacientes ao acompanhamento de sua saúde.
É importante registrar que alguns processos, por ser manual, como por exemplo
a criação das tabelas e relação dos hipertensos, onde foi visualizado de forma individual o
histórico de cada paciente, tornou o processo cansativo e moroso, ficando como sugestão
a transformação de tais tabelas em instrumento tecnológico, como planilhas em Excel, com
algum tipo de aviso sonoro ou visual, classificando os pacientes de acordo ao
acompanhamento (ativo, faltoso ou inativo) a cada quadrimestre.
Todavia, apesar dos percalços, é imprescindível destacar quanto ao
envolvimento e mobilização da equipe de saúde no alcance deste indicador, a busca ativa
e acolhimento com uma escuta qualificada de cada hipertenso gerando vinculação do
paciente à ESF e adesão ao tratamento de saúde.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir desta experiência percebemos a relevância das estratégias


desenvolvidas com o intuito em oferecer maior qualidade no atendimento e
consequentemente melhorar o índice do indicador 6 relacionado a hipertensão. O processo
se torna ainda mais gratificante quando os próprios pacientes reconhecem a facilidade do
acesso e a adesão ao envolvimento nos serviços de saúde.
Outrossim, fica evidenciado que as ferramentas e estratégias adotadas para a
melhoria do alcance do indicador 6 do Previne Brasil foram exitosas. É nítido destacar que
a criação do fluxo do paciente hipertenso, a remodelação da carteira de HIPERDIA e as
tabelas fixadas que permitiram visualizar de forma clara quais e quantos pacientes
necessitavam de busca ativa, foram de primordial relevância neste processo.
Destacamos ainda, que as visitas domiciliares, aos hipertensos, permitiram uma
geração de vínculo e confiança com o cidadão. O fato de a APS ir ao encontro das
necessidades dos pacientes não somente falando sobre hipertensão, mas de outros
serviços disponíveis a fim de evitar outros agravos e estimular as medidas preventivas,
possibilitou uma maior adesão ao tratamento e acompanhamento deste público-alvo.
Importante registrar que outras medidas são necessárias para captação
daqueles que não vão a unidade de saúde por justificarem o trabalho como empecilho,
flexibilização do horário de atendimento ou até mesmo ações dentro das empresas do
município podem sugerir uma maior cobertura deste público-alvo. Além disso, o

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 115
envolvimento e o comprometimento de cada integrante da equipe de saúde em se dispor
para melhorar a meta do referido indicador e consequentemente estreitar a relação
Paciente/APS estabelecendo vínculos mais sólidos, foi o grande destaque dessa
experiência.

REFERÊNCIAS

BARROSO, Weimar Kunz Sebba et al. Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial –


2020. Arquivos brasileiros de cardiologia, v. 116, n. 3, p. 528.

BRASIL. Secretaria de Atenção Primária a Saúde. Ministério da Saúde. Estratégia Saúde


da Família (ESF). 2021. Disponível em: <https://aps.saude.gov.br/ape/esf/>. Acesso em:
14 abr. 2022.

BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Secretaria de Atenção Primária à


Saúde. PORTARIA Nº 3.947, 2017. Disponível em:
<https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/prt3947_28_12_2017.html>. Acesso
em: 11 de abr. 2022.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Departamento de


Saúde da Família. Manual instrutivo financiamento do APS [recurso eletrônico] / Ministério
da Saúde, Secretaria de Atenção Primária à Saúde, Departamento de Saúde da Família.
– Brasília: Ministério da Saúde, 2021.

BRASIL. Ministério da Saúde. Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica


(SISAB). Nota Técnica Explicativa do Relatório de Indicadores de Desempenho da APS
(Previne Brasil-2022).

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Hipertensão


arterial: hábitos saudáveis ajudam na prevenção e no controle da doença. Disponível em:
<https://aps.saude.gov.br/noticia/12076>. Acesso em 07. Mar. 2023.

FARIAS, Pablo Antônio Maia de; MARTIN, Ana Luiza de Aguiar Rocha; CRISTO, Cinthia
Sampaio. Aprendizagem Ativa na Educação em Saúde: percurso histórico e aplicações.
Rev. Brasileira de Educação Médica, 2015.

MACINKO, James; MENDONÇA, Claunara Schilling. Estratégia Saúde da Família, um


forte modelo de Atenção Primária à Saúde que traz resultados. Saúde em Debate, v. 42,
n. 1, p. 18-37, set. 2018.

MASSUDA, Adriano. Mudanças no financiamento da Atenção Primária à Saúde no


Sistema de Saúde Brasileiro: avanço ou retrocesso? Disponível em:
<https://orcid.org/0000-0002-3928-136X>. Acesso em 14 abr. 2022.

MAZUCATO, Thiago (Org); FONTANA, Felipe et al. Metodologia da pesquisa e do


trabalho científico. Penápolis: FUNEPE, 2018. 96 p.

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 116
MINAYO, M.C.S. O desafio do conhecimento. Pesquisa qualitativa em saúde. 14 ed. São
Paulo: Hucitec, 2014.

PRODANOV, Cleber Cristiano; FREITAS, Ernani Cesar de. Metodologia do trabalho


científico [recurso eletrônico]: métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico.
Novo Hamburgo - 2. ed. RS: Feevale, 2013. 277 p.

SAÚDE, Ministério da Saúde Secretaria de Atenção Primária À. Ministério da Saúde


Secretaria de Atenção Primária à Saúde: indicador 6. INDICADOR 6. 2022.

SISAB. Sistema de Informação em Saúde para Atenção Básica. Indicadores de


desempenho.

SISAB. Sistema de Informação em Saúde para Atenção Básica. Relatório de cadastros


vinculados.

TUMELERO, Naína. Pesquisa descritiva: conceito, características e aplicação. 2021.


Disponível em: https://blog.mettzer.com/pesquisa-descritiva/. Acesso em: 03 maio 2022.

VALADARES, Universidade Federal de Juiz de Fora - Campus Governador. Instrutivo


para elaboração de relato de experiência. Estágio em Nutrição em Saúde Coletiva. 2016.

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 117
| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 118
CAPÍTULO X

ACOLHIMENTO COMO INTERVENÇÃO DO/A


ASSISTENTE SOCIAL NA UNIDADE BÁSICA DE
SAÚDE DO GUAMÁ NO MUNICÍPIO DE BELÉM/PA:
RELATO DE EXPERIÊNCIA

Bárbara Pereira BritoI; Kaio Vinicius Paiva AlbaradoII

I
Discente do Curso de Especialização Multiprofissional em Atenção Básica e Saúde da Família da
Universidade Federal do Pará (UFPA). Belém, Pará, Brasil.
II
Professor da faculdade de Medicina da Universidade Federal do Pará (UFPA). Belém, Pará, Brasil.

RESUMO / ABSTRACT

Objetivo: Descrever os fatores que afetam ou Objective: To describe the factors that affect or
corroboram para o adoecimento dos usuários que corroborate the illness of users who seek the
buscam os serviços ofertados na Unidade Básica services offered at the Basic Health Unit - UBS of
de Saúde - UBS do Guamá através do Guamá through Reception as a practice of
Acolhimento como prática de intervenção do/a intervention by the Social Worker. Methods: This
Assistente Social. Métodos: Trata-se de um is a descriptive study, of the experience report type,
estudo descritivo, do tipo relato de experiência, which presents the experience during the period
que apresenta a vivência durante o período de from September 2022 to January 2023 during the
setembro de 2022 a janeiro de 2023 durante a reception with the Social Worker, in the Social
realização de acolhimento junto a Assistente Service room. For data collection, a field diary and
Social, na sala do Serviço Social. Para coleta de participant observation were used. Results: the
dados foi utilizado o diário de campo e observação factors that affect and corroborate with the process
participante. Relato de experiência: os fatores of illness of users are: the lack of humanization,
que afetam e corrobora com o processo de empathy, care and reception of some health
adoecimento dos usuários são: a falta de professionals, such as the case of a user who,
humanização, empatia, cuidado e acolhimento de when leaving the doctor's office, sought the Social
alguns profissionais de saúde, como o caso de Service for guidance. her in understanding the
uma usuária que ao sai do consultório médico, medical prescription and the results of the exams,
buscou o Serviço Social para orientá-la na because she did not understand the technical
compreensão do receituário médico e no resultado words used by the doctor. In addition, the user
dos exames, porque não compreendia as palavras reported that the professional did not look at her,
técnicas usada pelo médico. Além disso, a usuária spending the entire consultation with his head
relatou que o profissional não a olhava, passando down, causing a feeling of invisibility and
a consulta toda com a cabeça abaixada, discomfort in the user, expressing sadness and
ocasionando na usuária um sentimento de crying during the reception because she felt
invisibilidade e desconforto, externando tristeza e invisible. Conclusion: It is necessary to have
choro durante o acolhimento por ser senti invisível. professional training for these professionals on the
Conclusão/Considerações finais: É necessário importance of the Humanization Policy for the
que haja uma capacitação profissional para esses promotion of the health of its population that seeks
profissionais sobre a importância da Política de the services offered by the unit.
Humanização para a promoção da saúde de sua
população que busca pelos serviços ofertados
pela unidade.

Palavras-chave: Acolhimento; Atenção Básica de Key words: Reception; Primary Health Care;
Saúde; Prática Profissional; Humanização. Professional Practice; Humanization.

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 119
INTRODUÇÃO

Acolher no aspecto linguístico da língua portuguesa significa Refúgio, Proteção


ou Amparo, já no campo da Saúde Pública têm várias definições, tendo como significado
“estar com” ou “estar perto de”, configurando uma prática inclusiva (TEIXEIRA, 1975). E,
nesse sentido o acolhimento no aspecto do Sistema Único de Saúde (SUS) é norteado
como uma diretriz da Política Nacional de Humanização (PNH), direcionado pelos princípios
da Equidade e Integralidade, sendo capaz de alterar o modelo tecno-assistencial na
assistência à saúde, desenvolvendo práticas que contemplam os princípios doutrinários do
SUS, garantido o acesso, a criação de vínculos, e atendimento humanizado (SANTOS,
2006).
O acolhimento pode ser compreendido também como uma forma de
aproximação entre os usuários e a equipe de saúde, visando uma relação mais humanizada
e solidária com a realidade social dos sujeitos (PAIM, 2009). E, como um processo de
intervenção profissional que incorpora as relações humanas, não se limitando em apenas
receber alguém, mas uma sequência de atos dentre de um processo de trabalho, envolve
uma escuta social qualificada, com a valorização da demanda que procura pelo serviço
oferecido, a identificação da situação problema, no âmbito individual, mas também coletivo
(SANTOS, 2006).
Dessa forma, o acolhimento é interpretado como compromisso conjunto para o
estreitamento das relações entre a equipe e os usuários dos serviços de saúde. É uma
técnica de intervenção que precede e decorre de instrumentos e procedimentos
imprescindíveis na construção de um vínculo de confiança profissional com o usuário, a fim
de desvelar a singularidade social (CHUPEL; MIOTO, 2010). Neste sentido, o presente
trabalho tem o objetivo de apresentar os fatores que afetam e corroboram para o
adoecimento dos usuários que buscam os serviços ofertados na Unidade Básica de Saúde
(UBS) do Guamá através do Acolhimento como prática de intervenção do Assistente Social.

METODOLOGIA

O trabalho consiste - se num estudo descritivo, do tipo relato de experiência, que


apresenta a vivência durante o estágio profissional do Curso de Especialização
Multiprofissional em Atenção Básica e Saúde da Família da Universidade Federal do Pará
(UFPA), na UBS do Guamá, situada num bairro periférico do município de Belém do Pará,

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 120
na sala do Serviço Social durante as realizações de acolhimentos nos períodos de setembro
de 2022 a janeiro de 2023, junto a profissional da unidade. Para coleta de dados, utilizou-
se o diário de campo, instrumento valorativo no processo de aprendizagem,
questionamentos, anotações e impressões acerca da temática estudada e a técnica de
observação participante, na qual permite o pesquisador fazer parte da ação.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As Unidades Básicas de Saúde (UBS) são denominadas como componentes da


Atenção Básica de Saúde (ABS), caracterizada como a principal porta de entrada para
acesso aos serviços de saúde. Elas são inseridas próximas de onde as pessoas moram e
vivem, são unidades distribuídas por bairros dentro de cada municípios de cada estado
(BRASIL, 2013).
A portaria nº 2.463/2017 do Ministério da Saúde (MS), que aprovou a Política
Nacional da Atenção Básica (PNAB) acordada pelos entes federativos, caracteriza a ABS
pelo conjunto de ações de saúde individuais, familiares e coletivas, envolvendo promoção,
prevenção, proteção, diagnóstico, tratamento, reabilitação, redução de danos, cuidados
paliativos e vigilância em saúde (BRASIL, 2017).
Essas ações devem ser desenvolvidas a partir de cuidado integrado e gestão
qualificada pela equipe multiprofissional (BRASIL, 2017). Sendo norteados pelos princípios
do SUS, e ao acolher os usuários, proporciona atendimento humanizado, realizando
classificação de risco, identificando as necessidades de intervenções de cuidados
responsabilizando-se pela continuidade da atenção e viabilizando o estabelecimento do
vínculo, pois ela é caracterizada pela grande proximidade do cotidiano da vida das pessoas.
A UBS do Guamá, fica localizada numa área de grande população, atende
bairros próximos como: Guamá, Terra-Firme, Marco e Jurunas. Essas áreas são as mais
populosas de Belém e o acesso aos serviços se dá pela triagem na unidade, realizando o
cadastro pelos seguintes documentos: cartão do SUS, registro geral, comprovante de
residência, CPF e números para contato ou pela guia médica de encaminhamento.
O trabalho do Serviço Social é realizado tanto pelo turno da manhã como pela
tarde, as anotações e experiências vividas ocorrem no turno da manhã. O acesso ao
Serviço Social se dá de duas formas: pelo encaminhamento ou pela necessidade própria
do usuário em buscar o serviço. Durante esse período de estágio, realizando atendimento

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 121
e acolhimento junto a Assistente Social da instituição, foi perceptível a importância deste
profissional na ABS.
Pois, através dos acolhimentos foram identificados diversos fatores que afetam
e corrobora com o processo de adoecimento dos usuários que buscam pelos serviços
oferecidos nessa unidade, as principais queixas da população é a falta de humanização,
cuidado e acolhimento de alguns profissionais de saúde, como o caso de uma usuária que
ao sai do consultório médico, buscou o Serviço Social para orientá-la na compreensão do
receituário médico e no resultado dos exames, porque não compreendia as palavras
técnicas usada pelo médico. Além disso, a usuária relatou que o profissional não a olhava,
passando a consulta toda com a cabeça abaixada, ocasionando na usuária um sentimento
de invisibilidade e desconforto, externando tristeza e choro durante o acolhimento por ser
senti invisível.
O acolhimento é uma das diretrizes da PNH que busca pôr em prática os
princípios do SUS como forma de garantir mudanças nos modos de gerir e cuidar,
estimulando a comunicação transversal entre os gestores, trabalhadores e usuários, no
combate de práticas “desumanizadoras” que afetam o cuidado em si dos usuários (BRASIL,
2013).
Humanizar significar a inclusão das diferenças no processo de gestão e cuidado,
é construída de forma coletiva e compartilhada, proporcionado a criação de vínculos entre
os usuários e os profissionais de saúde e da PNAB, na qual está associada com os
princípios doutrinários do SUS que são alguns deles: Equidade e Integralidade.
De acordo com (PAIM, 2009, p.33) “a equidade diz respeito à possibilidade de
atender desigualmente os que são desiguais, para alcançar a igualdade”, ou seja, identificar
as vulnerabilidades sociais dos sujeitos e intervir da melhor maneira possível para que se
alcance a resolutividade para o sujeito. e a integralidade diz respeito a promoção, a
proteção e a recuperação da saúde, o atendimento integral no SUS priorizar as atividades
preventivas (PAIM, 2009).
Essas ações são para evitar que as pessoas adoeçam, se acidentes ou se
tornem vítimas de outros agravos, porém essas ações e atitudes não estão sendo
realizadas por alguns destes profissionais nesta unidade, a ausência de humanização,
cuidado e atenção com a história de vida e vulnerabilidade dos usuários é cotidiana nos
serviços prestado. A falta do cuidado do olhar médico ao paciente é um grande empecilho
para a promoção da saúde, porque alguns deixam de tomar o remédio por falta de não
saber ler ou por se sentir discriminado ou invisibilizado.

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 122
A maioria que buscava o Serviço Social, necessitava de uma escuta qualificada,
porque a pandemia também deixou sequelas sociais e afetivas irreparáveis como o luto não
vivido pelas perdas dos familiares, os usuários relataram que não ser sentiam mais
acolhidos porque o distanciamento social ocasionou mais o esfriamento no atendimento. E,
ao buscar o Serviço Social, se sentiam acolhidos, ouvidos e vistos.
Muitos relatos também foram sobre a importância do/a Assistente Social na
unidade, ao realizar a escuta qualificada que é um instrumento de intervenção do Serviço
Social que permite limpar as impurezas das informações bagunçadas e filtrar as
informações pertinentes, revelam as causas possíveis que possam contribuir para o
adoecimento e ajudar no fazer saúde.
Para as autoras Chupel e Mioto (2010), o acolhimento faz parte do Serviço Social
porque está relacionado com o relacionamento que permeia toda a prática profissional, está
intrínseco no acúmulo de conhecimentos técnicos e prático sobre o processo interventivo
apresentando -se elementos que contemplam um acolhimento humanizado, que são:
fornecimento de informações; conhecimento da demanda do usuário; escuta; postura
profissional; comportamento cordial, classificação de risco (CHUPE; MIOTO, 2010).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se que a falta de humanização e cuidado por parte de alguns


profissionais da equipe de saúde da UBS do Guamá são os principais fatores que
contribuem para o interrompimento do tratamento e prevenção do processo saúde - doença.
É necessário que haja uma capacitação profissional para esses profissionais sobre a
importância da Política de Humanização para a promoção da saúde de sua população que
busca pelos serviços ofertados pela unidade. Para que se possa alcançar e garantir aos
usuários um atendimento acolhedor é necessário que todo o corpo institucional esteja em
consonância com as diretrizes citadas no decorrer deste trabalho: “tratar os desiguais,
desigualmente”, gestos como da Assistente Social contribuem e faz a diferença na vida e
na saúde dos usuários. Assim, como sua prática profissional pautada nas expressões da
‘Questão Social’ que é o seu principal objeto de trabalho e de análise da realidade social,
possuindo um vasto acúmulo teórico que possibilita analisar as estruturas sociais
permitente da sociedade.

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 123
AGRADECIMENTOS E FINANCIAMENTO

Agradeço primeiramente a Deus pelas bênçãos recebidas, ao todos os


professores do curso que proporcionaram ensinamentos e experiências riquíssimas para
minha prática profissional, especialmente ao Prof. Dr. Ademir Ferreira da Silva Júnior e
Prof. Rosa Suely que sempre foram solícitos quando acionados e a minha querida colega
de profissão, Assistente Social Jaqueline Rocha de Oliveira, que me acolheu na UBS do
Guamá e contribuiu de forma riquíssima para a realização dessa pesquisa.

REFERÊNCIAS

AGUIAR; NETO, Zenaide De. SUS: Sistema Único de Saúde: antecedentes, percurso,
perspectivas e desafios. 2. ed. São Paulo: Martinari, 2015. p. 9-272.

AL.], M. I. S. B. [; ORGANIZADORES]. Saúde e Serviço Social. 5. ed. Rio de Janeiro:


Cortez, 2012. p. 7-288.

BARROCO; SILVA, Maria Lucia. Código de ética do/a Assistente Social: comentado. 2.
ed. São Paulo: Cortez, 2012.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção


Básica. Rastreamento / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção, Departamento de
Atenção Básica. - 1. ed., 1. reimpr - Brasília: Ministério da Saúde, 2013.

BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Atenção Básica. Brasília: Ministério da


Saúde, 2012. (Série E. Legislação em Saúde).

BRASIL. Ministério da Saúde. Acolhimento à demanda espontânea. v. 1. Brasília:


Ministério da Saúde, 2011. (Série A. Normas e Manuais Técnicos (Cadernos de Atenção
Básica n. 28, Volume I).

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Política Nacional de


Humanização. Formação e intervenção / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à
Saúde, Política Nacional de Humanização. Brasília: Ministério da Saúde, 2010.

BEHRING, Elaine Rossetti; BOSCHETTI, Ivanete. Política Social: fundamentos e história.


9. ed. São Paulo: Cortez, 2011. p. 7-213.

CHUPEL, C. P. MIOTO, R. C. T. Acolhimento e serviço social: contribuição para a


discussão das ações profissionais no campo da saúde. Serviço Social e Saúde,
Campinas, SP, v. 9, n. 2, p. 37–59, 2015.

CHUPEL, C. P.; ALVES, F. L.; GERBER, L. M. L. O Projeto ético-político do Serviço


Social e a Intervenção Profissional no âmbito da saúde: a sua interface com a Política
Nacional de Humanização. In: Anais do Congresso Paraenses dos Assistentes Sociais.
CRESS/PR, 2006.

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 124
CFESS; SOCIAL, C. F. D. S. Parâmetros para atuação de assistentes sociais na política
de saúde. 1. ed. BRASÍLIA: CFESS, 2010. p. 4-82.

FILHO; BERTOLLI, Claudio. História da Saúde Pública no Brasil. 4. ed. São Paulo: Ática,
2006.

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar Projetos de Pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
p. 9-176.

IAMAMOTO, Marilda Villela; CARVALHO, Raul De. Relações sociais e Serviço Social no
Brasil: esboço de uma interpretação histórico-metodológica. 41. ed. São Paulo: Cortez,
2014. p. 7-400.

MARTINELLI, Maria Lúcia. O trabalho do assistente social em contextos hospitalares:


desafios cotidianos. Serviço Social e Sociedade, São Paulo, v. 1, n. 107, p. 1-11

MARTINI, D. et al. A inserção do assistente social na área da saúde: uma reflexão sobre o
município de Florianópolis. Congresso Catarinense de Assistentes Sociais, Florianópolis,
v. 1, n. 1, p. 1-11, dez./2013.

MOTA; (ORGS.), A. E. (. A. Serviço Social e Saúde: formação e trabalho profissional. 4.


ed. São Paulo: Cortez, 2009.

PAIM, Jairnilson Silva. O que é o Sus. 6. ed. Brasília: Fiocruz, 2009. p. 43-100.

SANTOS. E.T. O acolhimento como um processo de intervenção do Serviço Social junto a


mulheres em situação de violência. 2006 – Trabalho de Conclusão de Curso.
Universidade Federal de Santa Catarina. Departamento de Serviço Social.

TEIXEIRA, R.R. O acolhimento em um serviço de saúde entendido como uma rede de


conversações. In: PINHEIRO, R.; MATTOS, R.A. Construção da Integralidade: cotidiano,
saberes e práticas em saúde. Rio de Janeiro: HUCITEC, 2003, p. 89-112.

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 125
| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 126
ÍNDICE REMISSIVO

A L

Adolescência, 11
Assistência Odontológica, 93
Assistente Social, 119
Atenção à Saúde, 49 LGBTQIA+, 49
Atenção Básica, 84
Atenção Primária à Saúde, 49, 68, 93, 105

C P

Padronização Operacional Padrão, 84


Cartilha Educativa, 34 Prática Multiprofissional, 68
Cuidado ao Hipertenso, 105 Prevenção, 11, 23
Promoção à Saúde, 59

G T

Gestantes, 34, 93 Tecnologia Educativa, 49


Gravidez, 11 Tecnologia em Saúde, 23
Gravidez na Adolescência, 11 Teleatendimento, 68
Transmissão Vertical do HIV, 23

H U

Hipertenso, 105 Unidade Básica de Saúde, 119


HIV, 23

I V

Imunização, 84 Violência Obstétrica, 34


Instrumento Educativo, 11

| Integrando Saberes: compartilhando experiências e inovações na atenção básica e saúde da família... | 127

Você também pode gostar