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AAESC
Florianópolis - SC
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
Esperamos que as pessoas que acessem o livro possam conhecer uma parte dos
desafios enfrentados, os caminhos trilhados e tudo o que foi construído. Estamos abertos ao
diálogo e a novas escolhas na fase dois do projeto.
Janeiro de 2022
1. CAPÍTULO - OBJETO DE ARTE INTERATIVO: A CONCEPÇÃO DE UMA
BRINQUEDOTECA INCLUSIVA
Introdução
Este artigo tem como objetivo discorrer sobre o andamento e resultados
parciais obtidos com o Projeto de pesquisa Objeto de Arte Interativo: Uma Proposta
de Investigação sobre as possibilidades de produção e uso de materiais inclusivos. A
pesquisa, realizada no campo de conhecimento das Artes Visuais – UDESC, está
sendo viabilizada por recursos do PAP - UDESC e Edital Elisabete Anderle de
Estímulo à Cultura em Santa Catarina/2019 e compreende o período entre agosto de
2020 e agosto de 2021. O estudo faz parte desta coletânea porque foi a partir dos
dados iniciais do projeto de pesquisa Objeto de Arte Interativo: Uma Proposta de
Investigação sobre as possibilidades de produção e uso de materiais inclusivos, que
se fundamentaram a proposição do projeto FORMAÇÃO INCLUSIVA PARA MUSEUS
DE SANTA CATARINA, submetido ao Edital Elisabete Anderle, 2019 que foi
concluído em dezembro de 2021.
Deste modo os dois projetos, o de pesquisa e o de apoio a cultura unificaram-
se para problematizar a interatividade com o uso de Objetos de Arte em museus e
espaços culturais, construindo possibilidades que ampliem a inclusão de pessoas
com deficiências através da concepção de objetos, jogos e espaços propositivos que
relacionem conteúdos estéticos, históricos e sociais de maneira lúdica e reflexiva.
Investindo também na formação de educadores e desenvolvimento de pesquisas que
solidifiquem e qualifiquem ainda mais a atuação dos Núcleos de Ação Educativas
(NAE) de museus em Santa Catarina.
1
Acadêmica do Curso de Licenciatura em Artes Visuais CEART/ UDESC – bolsista IC/
PIBIC – Cnpq – 2020/2021.
2
Orientadora, professora do DAV - Departamento de Artes Visuais CEART/ UDESC.
Museu Histórico de Santa Catarina – MHSC, com a Rede de Educadores de Museus
- REM, assim como com a Associação de Arte-educadores do Estado de Santa
Catarina – AAESC, tem como escopo a viabilização de uma Brinquedoteca Inclusiva,
a qual potencializará, no seu uso cotidiano, as propostas realizadas ao longo desta
pesquisa, no desenvolvimento de objetos pedagógicos e que culmina com a criação
de um centro de pesquisa sobre materiais inclusivos junto ao Museu Histórico de
Santa Catarina - MHSC.
Desta forma, buscamos relatar o processo de pesquisa e concepção dos
Objetos de Arte e da Brinquedoteca, detalhando seus fundamentos teóricos e suas
etapas de execução. Inicialmente, abordaremos os fundamentos para o
desenvolvimento de objetos pedagógicos, que abarcam discussões em torno dos
saberes relativos ao ensino de artes para pessoas com deficiências; em seguida,
exploraremos as caracterizações e demandas sociais dos museus como espaços
educativos não-formais; e, finalmente, apresentaremos a metodologia utilizada para
a criação de ‘Objetos de Arte’ para a brinquedoteca do MHSC.
Cabe ressaltar ainda que as tecnologias não são neutras, embora seja uma
produção da humanidade e portanto todos tem direito ao acesso, é preciso considerar
um conceito em estudo que se classifica como “colonialismo de dados”, fenômeno
que segundo Silveira, Souza e Cassino (2021), faz com que as tecnologias existentes
em especial as redes sociais, colaborem para a transformação do cotidiano em uma
engrenagem potente do capitalismo na direção da produção da subjetividade como
um pacote disponível da internet, aliado a um consumo desenfreado de conteúdos
virtuais.
Fonseca da Silva (2017) também destaca os impactos das tecnologias digitais
na formação de professores de artes, ressaltando a necessidade de uma formação
crítica que não fique a mercê do mercado e da indústria cultural.
Retomando o tema da ampliação da acessibilidade para inclusão, tomamos a
metodologia desenvolvida por Fonseca da Silva (2010) em que a autora ressalta o
processo de desenvolvimento de objetos pedagógicos partindo de algumas
premissas. A primeira delas diz respeito ao conceito de Objeto Pedagógico como uma
estratégia mais ampla para o desenvolvimento da aprendizagem, para além de um
jogo, de um material didático e que pode inclusive perpassar um processo de
mediação a partir de uma organização didática, desenvolvido particularmente por
um/uma professor/a.
3
Sobre este tema ver Fischer (1987).
A autora explicita que a criação de um objeto pedagógico para o ensino de arte
voltado a crianças com deficiência precisa considerar minimamente quatro aspectos:
O primeiro deles diz respeito ao “domínio das diferentes teorias acerca da inclusão”,
das políticas públicas e suas contradições. Para reconhecer as condições que estão
inseridas os sujeitos com deficiência nas escolas e nos espaços de arte. O segundo
aspecto ressaltado por Fonseca da Silva (2010) diz respeito ao “domínio sobre as
concepções de ensino de arte” e de seu desenvolvimento histórico-social,
compreendendo as formas emancipatórias de criação, formação e circulação da arte
e seu ensino na sociedade capitalista. Neste aspecto um fator decisivo é o domínio
dos conteúdos artísticos, pois para criar objetos pedagógicos de arte é preciso saber
arte, suas teorias e seus processos de criação.
Outro aspecto destacado pela autora diz respeito aos “conhecimentos técnicos
para execução dos objetos”, melhoria da interface, acessibilidade e desenvolvimento
da formação estética da pessoa com deficiência. O domínio da materialidade dos
materiais, seus usos e qualidades, processos de colagem e costura, texturização das
peças entre outros conhecimentos básicos de durabilidade, limpeza e proteção do
usuário no manuseio das peças, são saberes que precisam ser dominados por
aqueles que desejam projetar e ou desenvolver objetos pedagógicos.
Um último aspecto referente à produção de materiais pedagógicos diz respeito
ao quarto, e último aspecto ressaltado pela autora e ressalta os “princípios de
adequação ao uso” dos objetos pedagógicos. Para quem dirigimos o objeto
pedagógico? Quais as necessidades do usuário e que possibilidade de
desenvolvimento queremos estimular para conquistar as aprendizagens. Deste modo
partilhamos das teorias do desenvolvimento psicológico abordados por Vigotski na
leitura de Martins (2015), Duarte (2004), Vigotiski (2009) e Pasqualini (2020).
Ressaltado este percurso da especificidade da produção de Objetos
Pedagógicos passamos a refletir acerca da especificidade do museu de arte e demais
espaços de veiculação e colecionismo da produção artística da humanidade.
Ainda segundo a autora (ROCHA, 2013), nos anos 70 e 80, são assumidos
debates que disseminam uma museologia mais participativa e articula-se, em 1986,
o Sistema Nacional de Museus. As propostas abraçadas no Brasil que articulam
veementemente a relação entre patrimônio cultural e ações de comunicação, fazem
parte das narrativas sobre as funções do museu atualmente, e estão perceptíveis nas
produções e pesquisas recentes nesse campo.
O percurso, que num primeiro momento pode aparentar ser longo e complexo,
revela a potência da organização de instituições públicas e seus setores voltados à
educação, que norteadas pelo objetivo comum de democratização do conhecimento,
trabalham como mobilizadores de saberes construídos na e para a sociedade.
5. Considerações finais
6. Referências
CARLSSON, M.L.; CASTELLEN, C.M. Construindo: ações inclusivas em museus.
In: I Simpósio de Patrimônio Cultural de Santa Catarina - “Patrimônio cultural:
saberes e fazeres partilhados”, Florianópolis, 2013.
Introdução
4
Participa do Grupo de Pesquisa Arte e Formação nos Processos Políticos Contemporâneos (GFAP) UDESC –
CNPq. E-mail: cmcastellen@gmail.com
Assim, é no potencial educacional do museu que projetos e programas estão
sendo desenvolvidos, oportunizando práticas inclusivas de democratização e de
acesso aos bens da cultura a diferentes grupos sociais.
Desejando aprofundar reflexões sobre o tema da acessibilidade no que tange
os espaços museológicos e as instituições culturais, Grabriela Aidar (2021, p.87)
propõe um olhar mais abrangente e relacional para o tema, do que o senso comum
compreende como sendo sinônimo de ações voltadas exclusivamente para pessoas
com deficiência.
Segundo Aidar, o tema da acessibilidade em museus não é consensual, pois
a sua definição e utilização dependem de opções ideológicas, metodológicas, e de
referências bibliográficas particulares (AIDAR,2019, p.156). Para a autora:
Aidar menciona que os grupos que ficam de fora desse acesso são aqueles
socialmente vulneráveis, em piores condições socioeconômicas e que são
majoritários no país (AIDAR, 2021, p.88).
Para Mário Chagas e Cláudia Storino (2012), o acesso cidadão aos bens
culturais não se dá de modo natural, porque:
Trata-se de conquista, que se faz com lutas e enfrentamentos renovados. Mesmo
nas sociedades em que o direito legal de acesso está garantido, a transformação
desse direito em prática social cidadã, em realidade cotidianamente vivida exige
embates e enfrentamentos sistemáticos. Em uma palavra: exige militância
(CHAGAS; STORINO, 2012, p.VII).
5
Informações sobre a atuação da REM-SC, criada em 2010, estão disponíveis em: http://remsc.blogspot.com/
6
Disponível em: https://www.cultura.sc.gov.br/a-fcc/patrimoniocultural/apresentacao#cadastro-catarinense-de-
museus
O Cadastro foi elaborado a partir de um questionário composto de 96 questões,
e aplicado através do Google Forms, que disponibilizado na página do Sistema
Estadual de Museus do site da Fundação Catarinense de Cultura - FCC, poderia ser
respondido pela pessoa responsável ou por algum profissional do quadro técnico
autorizado da instituição museológica. Houve a participação de museus
correspondentes as sete regiões do estado de Santa Catarina: Oeste, Meio Oeste,
Norte, Serra, Sul, Grande Florianópolis e Vale do Itajaí.
Estão apresentados no Relatório original os dados extraídos das respostas das
166 instituições que participaram do Cadastro Catarinense de Museus - CCM, assim
como algumas informações relevantes e análises comparativas com os dados do
relatório da primeira campanha do CCM, editado no ano de 2017. Estão mensuradas
no referido relatório, os gráficos de 70 respostas, das 96 perguntas aplicadas no
questionário. O Relatório esclarece que para algumas questões existiu a opção Não
se aplica, que corresponde à resposta de instituições desativadas ou em implantação
(FCC-CCM, 2021, p.17).
No entanto, para dialogar com a proposição e temática da referida mesa que
participei, na ocasião do Seminário Formação Inclusiva para Museus de Santa
Catarina, selecionei algumas questões/respostas coletadas, a fim de fazer um recorte
do Relatório do Cadastro Catarinense de Museus – 2021, para problematizar
reflexões no campo das ações educativas e culturais na construção de propostas
efetivas de inclusão social e acessibilidade (para pessoas com deficiência) aos
espaços museais no estado de Santa Catarina.
O convite para novas reflexões sobre o tema da acessibilidade agora em artigo
não me permite analisar detalhadamente todos os itens selecionados, pois cada um
deles convoca a fazer outras análises pertinentes para dialogar com o tema proposto.
Recomendo às pessoas interessadas, uma pesquisa atenta ao Relatório do Cadastro
Catarinense de Museus7, pois poderão encontrar os quadros estatísticos aqui
mencionados, como também poderão fazer outras relações, não só com o tema da
acessibilidade e inclusão social, mas com muitos outros pertinentes ao campo da
museologia no estado.
7
Relatório do CCM - 2021 disponível em: https://www.cultura.sc.gov.br/noticias/patrimonio/22985-sistema-
estadual-de-museus-lanca-2-relatorio-do-cadastro-catarinense-de-museus
Informo que a numeração das questões por mim selecionadas e aqui
apresentadas, corresponde a mesma do Relatório, mas de forma alternada por conta
das escolhas que fiz a partir da análise do questionário do CCM. Algumas questões
apenas descrevo para compreensão do quadro conjuntural do panorama dos museus
catarinenses e outras questões examinarei com maior intensidade, dialogando com o
tema proposto.
Como já mencionei, vou discorrer sobre Acessibilidade, aprofundando um
pouco mais com relação aos públicos inclusivos em especial as pessoas com
deficiência. Para outros públicos, seriam necessárias elaborar outras análises.
No que tange ao público com deficiência, é importante destacar que de acordo
com o Censo Demográfico de 2010 o último realizado pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatísticas - IBGE, Santa Catarina apresentava 1.331.445 pessoas com
deficiência8, o que correspondia a 21,31% de toda a população do estado. A
deficiência visual concentrava o maior número de pessoas com 12,87%.
8
Dados disponíveis em: https://inclusao.enap.gov.br/wp-content/uploads/2018/05/cartilha-censo-2010-
pessoas-com-deficienciareduzido-original-eleitoral.pdf
esfera público/privado (mista); 6,60% na esfera federal; 5,40% estadual e 3,00%
outro. Chama a atenção nos percentuais apresentados, que 72,2% dos museus das
instituições cadastradas estão vinculados administrativamente às esferas públicas e,
se for levado em consideração os museus mistos no compartilhamento administrativo,
chega-se a 77,60% das instituições. É um número significativo, visto que a gestão
pública é majoritariamente responsável pela indução das políticas públicas na área
(ou pela falta dela).
Questão 4 - Qual é a situação do museu? (p.22): 83,10% das instituições
museológicas cadastradas, informaram que encontram-se em atividade. Já na
Questão 7- O museu é declarado como de Utilidade Pública? (p.25): 50,60% das
instituições informaram que Não e 49,40% informaram que Sim o museu é de utilidade
pública. Considero um dado significativo, que o relatório aponta, pois houve um
acréscimo relevante de mais de 100 % com relação ao cadastro anterior (2013-2015),
onde 79,35% dos museus não declaravam ser de utilidade pública. Registra-se aqui
uma percepção maior por parte dos quadros de funcionários, com relação a função
social do museu na sociedade.
Com relação a Questão 8 - O museu possui plano museológico? (p.26):
74,10% das instituições museológicas cadastradas de Santa Catarina informaram
Não possuir o plano museológico e 25,9% delas informaram que Sim possuir. Com
esse percentual tão elevado de museus catarinenses sem plano museológico é
importante lembrar que a Lei nº 11.904/09, que Institui o Estatuto de Museus e dá
outras Providências, versa em seu Art.44. É dever dos museus elaborar e
implementar o Plano Museológico (BRASIL, 2009). E refere-se ao plano museológico
no seu Art. 45 compreendido como sendo:
...ferramenta básica de planejamento estratégico, de sentido global e integrador,
indispensável para a identificação da vocação da instituição museológica para a
definição, o ordenamento e a priorização dos objetivos e das ações de cada uma
de suas áreas de funcionamento, bem como fundamenta a criação ou a fusão de
museus, constituindo instrumento fundamental para a sistematização do trabalho
interno e para a atuação dos museus na sociedade (Idem).
9
Acessibilidade a Museus (Cadernos Museológicos Vol.2). Disponível em: https://www.museus.gov.br/wp-
content/uploads/2013/07/acessibilidade_a_museu_miolo.pdf
67 museus que assinalaram Não possui parcerias com outras instituições. Na
sequência em ordem decrescente, 31,9% dos museus informaram realizar parcerias
com Entidades vinculadas ao governo municipal (Apesar de não haver
correspondência direta, é interessante lembrar que 60,2% dos museus estão
vinculados à esfera administrativa municipal); 27,7% realizam parcerias com as
Universidades; 21,1% com Outros museus; 20,5% com a Iniciativa privada; 10,2%
com a Associação de municípios. Já 7,8% das instituições informaram fazer parcerias
com Entidades vinculadas ao governo estadual e o mesmo percentual também com
as Entidades vinculadas ao governo federal. Por último, 1,8% dos museus fazem
parcerias com Organizações Internacionais.
As parcerias realizadas entre os museus e as universidades são de
fundamental importância para o fortalecimento do papel social de ambas as
instituições. Os museus estão repletos de fontes inesgotáveis de pesquisas, nas mais
diversas temáticas que possibilitam a troca e a produção de conhecimentos a partir
de seus acervos museológicos, arquivísticos e documentais. As parcerias permitem
o desenvolvimento de ações, vivências e práticas interdisciplinares, contribuindo
assim na formação dos mais variados públicos, incluindo a comunidade universitária
e as equipes de funcionários dos museus. Exemplos não faltariam para serem
citados, mas potencializo aqui as parcerias realizadas entre o Centro de
Artes/Universidade do Estado de Santa Catarina com o Museu de Arte de Santa
Catarina e o Museu Histórico de Santa Catarina, em um número considerável de
projetos de extensão e estágios voltados para a acessibilidade e inclusão social de
pessoas com deficiência.
Em minha pesquisa Museu de Arte de Santa Catarina e suas ações educativas
como possibilidades de inclusão social através de parceria (CASTELLEN, 2004), já
havia percebido que na formação de uma rede de relacionamentos, as instituições
podem atuar conjuntamente, reduzindo investimentos, amenizando riscos possíveis
e compartilhando benefícios (p.69). Percebi, também, que é necessário que a equipe
seja composta por profissionais, que trabalhem e planejem em conjunto no sentido
de elaborar, recomendar e desenvolver estratégias para a integração (Idem). Nesta
aliança, é necessário avaliar também competências técnicas e os aspectos culturais
do parceiro escolhido (Idem p.71). Além disso, é necessário responsabilidade,
incentivo e é preciso dar condições de garantias de funcionamento [...] para realizar
uma ação conjunta com o objetivo de trabalhar com questões sociais de grande
repercussão, como proporcionar o acesso a arte e aos bens culturais (Idem p.72).
Garantindo a democratização do acesso de todo cidadão aos bens e
serviços culturais.
No que tange o atendimento/acolhimento de diferentes públicos, o
desenvolvimento de parcerias para ações compartilhadas, pode ser realizado com
instituições, organizações, associações, grupos de interesses comuns na efetivação
de projetos educativos e culturais. No aspecto da acessibilidade e inclusão social, é
possível estabelecer parcerias com instituições de educação especial, de saúde, de
assistência social, associações de pessoas com diferentes deficiências, movimentos
sociais, etc.
Aidar (2021) menciona que são as parcerias que garantirão a continuidade dos
processos educativos desenvolvidos. Os programas atuam, prioritariamente, de
maneira continuada com os educandos e com os participantes/visitantes do museu,
o que permite o aprofundamento das estratégias e das relações e vínculos com o
grupo e entre eles (AIDAR, 2021, p.95). Outra ação possível indicada por Aidar (2021)
que poderá ser desenvolvida e que sendo prática na Pinacoteca do Estado de São
Paulo, são os cursos de formação para profissionais que atuam com os públicos-alvo,
em sua maioria profissionais da assistência social, saúde ou educação inclusiva
(Idem).
Na mesma perspectiva, Amanda Tojal em sua pesquisa Museu de Arte e
Público Especial (1999), destaca que:
É fundamental manter parcerias e assessorias com profissionais especializados
das áreas de saúde e educação, com forma de orientar as melhores opções
referentes às adaptações físicas e sensoriais do espaço museológico, como
também do atendimento individual e coletivo do público participante (TOJAL, 1999,
p.66).
10
Arquivos MASC – NAE (1996-97) e meus arquivos pessoais como coordenadora do Núcleo de Ação
Educativa do MASC entre os anos de 1996 a 2009.
museus, desde que submetidos à prévia aprovação dos museus a que se vinculem
(FCC-CCM, 2021, p 33).
11
Segundo o Relatório Outros diz respeito a: Coordenador, assistente cultural-monitores, agente administrativo
e voluntários / Turismólogo /Chefe do setor / Mediadores / Monitores / Assistente administrativo, técnico em
informação, jornalista, analista de projetos / Chefes de cultura e turismo, diretor / Auxiliar administrativo /
Auxiliar de patrimônio histórico / Especialista cultural: tradutor inglês / Professor coordenador / Assessoria de
cultura / Técnico em museu / Comunicador, Analista e Assessor gestão / Gestor de acervo / Coordenador
administrativo /Pesquisadores / Arte educador / Técnico de som / Militares / Professor / Diretor de cultura (p. 41).
museus) é de Servidores públicos efetivos. Novamente o dado significativo chama a
atenção, pois 13,90% dos 23 museus não possuem quadro funcional ( há aqui uma
pequena variação no percentual com relação à Questão 23, na qual 24 das
instituições museológicas informam que Não possui quadro funcional). O mesmo
percentual de 13,90% diz respeito a Cargo em comissão. Os demais percentuais em
ordem decrescente são: 10,80% Contratação direta (CLT); 6% Estagiários/Bolsistas;
5,40% Admissão em caráter temporário; 4,80% Contratação temporária por
terceirização, 4,80% Voluntário; e 4,20% Á disposição (cedido de outro setor).
Considerando aqui as categorias: voluntário, estagiário/bolsista, contratação
temporária por terceirização, cargo em comissão, à disposição e admissão em caráter
temporário, observa-se que 39,10% dos cargos nos museus cadastrados são
transitórios. Esses dados são relevantes visto que 72,2% dos museus das instituições
cadastradas estão vinculados administrativamente às esferas públicas.
Um quadro delicado que se apresenta na conjuntura atual, diz respeito a
ameaça que paira sobre o quadro funcional do setor público. A possível Reforma da
Previdência vinculada a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 32/2012, do Poder
Executivo, caso aprovada no Congresso Nacional, colocará em risco a prestação de
serviços públicos: de saúde, de educação, de assistência social e também os serviços
de cultura. Proposta que além de ameaçar direitos constitucionais, viabilizará a
privatização de todos os serviços públicos direcionados a população.
Como desenvolver a formação técnica continuada de quadros profissionais
dos museus, não só para a temática da acessibilidade, mas para as demais áreas
específicas do museu como o patrimônio, a conservação, a pesquisa, as ações
educativas e outras demandas institucionais? Como formar quadros profissionais,
cujos vínculos de trabalho apresentam-se com fragilidades para a efetivação de
programas e projetos a longo prazo? Como trabalhar a acessibilidade atitudinal,
relacionada ao acolhimento de públicos no museu?
O Relatório reitera sobre a Lei nº 11.904/09, que em seu Art. 17 dispõe: Os
museus manterão funcionários devidamente qualificados, observada a legislação
vigente.
12
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 32/20, do Poder Executivo, altera dispositivos sobre servidores e
empregados públicos e modifica a organização da administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes
da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. Disponível em:
https://www.camara.leg.br/noticias/690350-pec-muda-regras-para-futuros-servidores-e-altera-organizacao-
da-administracao-publica/
Parágrafo único. A entidade gestora do museu público garantirá a disponibilidade
de funcionários qualificados e em número suficiente para o cumprimento de suas
finalidades (BRASIL, 2009 In FCC-CCM, 2021, p.42).
13
Projeto vinculado ao Programa LIFE/CEART/UDESC, coordenado por Maria Cristina da Rosa Fonseca da Silva.
-Para conhecer melhor o projeto Família no Museu, acesse:
https://www.apecv.pt/revista/invisibilidades/12/10.24981.16470508.12.8.pdf
pesquisadores. O relatório informa que para estes mesmos públicos, o cadastro
anterior também apresentou a necessidade de agendamento.
Chegamos ao subtítulo PÚBLICOS DO MUSEU, onde elenco as questões que
envolvem a dinâmica diária dos museus para efetivamente promover o acesso e a
inclusão de seus diferentes públicos.
De acordo com os dados apresentados no relatório, referentes a Questão 42
- Com base nos últimos três anos, em quais meses do ano o museu possui maior
visitação? (p.60): os 4 maiores percentuais de visitação nos museus ocorrem: 34,30%
nos meses de Maio; 38,60% nos meses de julho; 33,10% nos meses de setembro e
33,70% nos meses de outubro. Os meses de menor fluxo de público nos museus
foram percebidos em fevereiro com 16,30%.
Creio que os percentuais elevados nos meses de maio, setembro e outubro
devem refletir as respostas da Questão 45 (p.63) pois, ao solicitar aos museus para
que Avalie em uma escala de 1 (mínimo) a 4 (máximo)a frequência do público visitante
do museu, 107 dos museus cadastrados responderam na escala máxima (4) serem
os grupos escolares o público com maior frequência nos museus .
Na Questão 43 - Relate, de forma breve, o que justifica o maior período de
visitação (p.61), as justificativas apresentadas para o período de maior visitação estão
assim definidas: 29,50% o Período Letivo / Fins Didáticos; com 24,70% está o Período
de Férias; já 23,50% está a Motivação Turística; 22,90% estão os Eventos no
Município e arredores; e 20,50% visitam por outros (Motivos variados: Festivais,
comemorações, exposições, festas, eventos promovidos pelo museu, etc.).
Questão 44 - Avalie qual a procedência do público visitante (p.62): de acordo
com as respostas foi possível perceber que a Comunidade local destaca-se na
categoria Sempre e na categoria Frequente, seguidos por Grupos regionais
(municípios vizinhos). Na categoria Ás Vezes a procedência é de Grupos de outras
regiões do estado e também de outros estados. Na categoria Raramente estão
públicos de Outros países. Neste sentido, percebe-se que os projetos e programas
do museu voltados para a comunidade local/regional possuem grande relevância.
Observa-se na Questão 46 - Que tipo de infraestrutura o museu dispõe para
recebimento de público de outros públicos de outros países?(p.64): dos museus
cadastrados 65,70% que corresponde a 109 instituições, informaram Não possuir
infraestrutura para receber público de outros países; 21,70% que equivale a 36
museus, informaram ter Servidores da área de atendimento ao público com fluência
em outros idiomas; 14,50% que corresponde a 24 museus, informam ter Etiquetas de
objetos/textos explicativos em outros idiomas. Entre outras infraestruturas com 3,60%
corresponde a 6 museus que possuem Áudio-guias. O Relatório avalia que o índice
de 65,7% das instituições museológicas cadastradas que responderam Não possuem
infraestrutura para o recebimento de público de outros países, pode desfavorecer o
potencial turístico das regiões, sobretudo nos períodos de temporadas turísticas,
momento de aumento do fluxo de público de outras nacionalidades em Santa Catarina
(p.64). O acolhimento ao turista nos remete às reflexões de acessibilidade
comunicacional do museu, especialmente no que diz respeito ao público estrangeiro.
Questão 47 - Indique quais equipamentos/suportes o museu utiliza para facilitar
o acesso a pessoas com necessidades especiais (p. 65). Essa questão nos faz
perceber mais atentamente sobre o tema da acessibilidade ao público voltado para
pessoas com deficiência no museu. Os itens solicitados para essa questão estão
relacionados à coleta de dados sobre os recursos e adaptações físicas que
encontram-se nos espaços do museu, para o uso de pessoas com deficiência.
Ao analisar as respostas dessa questão, gostaria de destacar primeiramente
dois percentuais antes de detalhar as demais respostas sobre os
equipamentos/suportes apresentados nesta coleta de dados. Destaco que 20,50%
(corresponde a 34) dos museus cadastrados Não respondeu esta pergunta e 16,30%
(corresponde a 27 museus) informaram que Não há equipamentos/suportes de
acesso a pessoas com necessidades especiais14. Segundo os dados coletados no
CCM o quesito Rampa de acesso foi a opção com 53%, (corresponde a 88 instituições
das 166 cadastradas) com o maior registro dos equipamentos/suportes para facilitar
o acesso de pessoas com deficiência. Em seguida com 12% estão os elevadores que
correspondem a 20 museus. Na sequência coloco em ordem decrescente os dados
coletados: 8,40% (14 museus) informam Sanitários; 4,20% (7 museus) informam
Cadeiras de rodas e o mesmo percentual para Acessibilidade para cadeirantes
(seriam as rampas?); 3,60% (6 museus) possuem Audioguias; 3% (5 museus)
Maquetes e objetos táteis possuem o mesmo percentual para Sinalização em braille;
2,40% (4 museus) Piso podotátil; 1,80% (3 museus) informaram ter o mesmo
14
De acordo com a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência)
– Lei Nº 13.146 de 06 de julho de 2015.
Art. 2º Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física,
mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação
plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.
percentual em Escada plataforma elevadora, Corrimão e Vídeo com legenda em
libras; 1,20% (2 museus) também com o mesmo percentual em Catálogo/livro em
braille, Tradutor em libras e Identificação em braille das obras; por fim com 0,60%
(equivale a 1 museu) mesmo percentual para Atendimento especial para deficientes
visuais ou paralisia, Roteiro em braille e Vídeo Guia.
É importante que os equipamentos/suportes mencionados estejam em pleno
funcionamento, pois a mera informação sem as utilizações necessárias, permitirão
fragilizar os dados levantados. Tais recursos são fundamentais, para beneficio dos
visitantes.
Os museus precisam ficar atentos a legislação federal e normativas vigentes
que garantem as adequações necessárias de acessibilidade física. Neste sentido,
para a eliminação de barreiras de acesso, as adequações necessárias precisam se
tornar mais frequentes nos espaços museológicos em Santa Catarina. São as
mudanças físicas, comunicacionais e atitudinais que, com os compromissos culturais
e financeiros, garantirão assim o acesso físico e sensorial das pessoas com
deficiência nos museus catarinenses.
Para Aidar a eliminação dos obstáculos físicos às nossas instituições garantirá
sua acessibilidade, pois, não serão rampas, elevadores ou banheiros para
cadeirantes que nos tornarão verdadeiramente acessíveis, nem mesmo apenas às
pessoas com deficiência (AIDAR, 2019, p.163).
Entre as muitas contribuições contidas da publicação Acessibilidade a museus que
complementam essa percepção, destaco:
Se a acessibilidade aos espaços de um museu, em termos físicos, significa a
possibilidade de chegar a um lugar, ter acesso corresponde também compreender
e apreciar o que se passa nesse lugar, o que envolve a apreensão e a percepção
do que acontece no espaço tal como foi previsto para que fosse apreendido e
percebido (COHEN, DUARTE, BRASILEIRO, 2012, p.41).
Neste sentido, fica claro que implica por parte da equipe do museu, a adoção de uma
visão ampla do conceito de acessibilidade, que extrapola aspectos físicos e espaciais,
permitindo assim receber com mais dignidade às pessoas com deficiências.
Em suas reflexões, Rosa Barbosa ainda observou, alguns museus carecem até
mesmo da própria politica institucional (Idem).
No que se refere a acessibilidade, ao levar-se em conta as proposições de
ações educativas com diferentes públicos, entre eles pessoas com deficiências /
públicos especiais Rosa Barbosa ressalta que:
...museus necessitam de profissionais qualificados, assim como de assessorias de
especialistas que orientem o trabalho a ser realizado com cada tipo de público
dentro de suas especificidades (Idem, p.221).
8. Considerações Finais
9. Referências bibliográficas
15
Santa Catarina no Ranking de Competitividade dos Estados Brasileiros, disponível em:
https://www.sde.sc.gov.br/index.php/biblioteca/competitividade/relatorio-2021-1/1819-santa-catarina-no-
ranking-de-competitividade-dos-estados-brasileiros-2021/file Acesso em 15 dez. 2021.
Acesso em : 05 mai. 2021
______. Lei nº 13.146, de 06 de julho de 2015. Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com
Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm
Acesso em: out. 2016.
ROSA BARBOSA, Maria Helena. Museus de Arte: desafios contemporâneos para a adoção
de políticas educacionais. 2009. 256p. Dissertação (Mestrado em Artes Visuais) – Programa
de Pós-Graduação em Artes Visuais, Universidade do Estado de Santa Catarina,
Florianópolis, 2009. Disponível em:
https://sistemabu.udesc.br/pergamumweb/vinculos/000076/0000766f.pdf
Endereços eletrônicos:
Aline Bertoncello17
Introdução
16
Graduanda em História pela Universidade Federal da Fronteira Sul, Técnica Administrativa do Centro de
Memória do Oeste de Santa Catarina e vice-coordenadora da Rede de Educadores em Museus de Santa Catarina.
17
Doutoranda em Ciências Ambientais pela Universidade Comunitária da Região de Chapecó, Técnica em
Educação Patrimonial do Centro de Memória do Oeste de Santa Catarina e coordenadora da Rede de Educadores
em Museus de Santa Catarina.
- Rede de Educadores em Museus” acontecido no Museu Histórico de Santa
Catarina, que contou com a presença de Magaly Cabral, Diretora do Museus da
República - RJ/IBRAM/MinC e integrante da REM-RJ, que abordou em sua fala a
importância das redes para o setor de educação em Museus. Na oportunidade,
estiveram presentes educadores museais e profissionais de museus de diversas
regiões do estado de Santa Catarina. Nesse momento, formou-se a Rede de
Educadores em Museus de Santa Catarina, a REM-SC, constituída por um grupo de
profissionais com o propósito de organizar encontros em espaços culturais com
educadores e profissionais de museus, com a finalidade de realizar estudos, reflexões
e definição de diretrizes no campo teórico e prático, de modo a fundamentar, avaliar,
dinamizar e potencializar ações para a área, conforme as necessidades do Estado18.
Vale ressaltar, que a rede é uma organização não governamental e sem fins
lucrativos, formada por um grupo de voluntários que dedicam o seu tempo e trabalho
para a realização de encontros de estudo, eventos e capacitações, realizados em
parceria com diferentes espaços culturais.
Foi devido a essa atuação que mais uma vez surgiu a possibilidade de se
formar uma nova parceria, agora entre a REM/SC e o projeto Formação Inclusiva para
Museus em Santa Catarina (FIMSC), com a realização da pesquisa sobre
acessibilidade que será apresentada na sequência. Mas a parceria da REM com o
CEART – UDESC é muito anterior, nasceu em 2018 com a plenária da REM que
aconteceu durante a realização do Festival Internacional de Arte e Cultura José Luiz
Kinceler – FIK 2018, Encontro REM (Rede de Educadores em Museus): Palestra
“Educação formal e não formal - pontos de tangência e particularidades” e Palestra
18
Todas as informações referentes à REM SC, foram obtidas por meio do blog http://remsc.blogspot.com, que
foi construído com o objetivo de documentar toda a história e as ações da Rede.
“A estética da intolerância: reflexões sobre a relação entre o extremismo político e a
arte no Brasil atual” tendo como palestrantes, Luciana Chen e Argus Romero Abre de
Morais. A atividade de parceria se repetiu no FIK 2020, tendo como programação, no
dia 10 de fevereiro: 14h: Apresentação da Rede de Educadores em Museus
(REM/SC), 14h30: Oficina “Política Nacional de Educação Museal”, 15h: Palestra com
Mila Chiovatto, coordenadora da Núcleo de Ação Educativa da Pinacoteca/SP, após,
roda de perguntas. Já no dia 11 de fevereiro aconteceu das 8h30 às 12h: Relatos de
experiência da Rede de Educadores em Museus (REM/SC) e das 14h às 17h30:
Relatos de experiência da Rede de Educadores em Museus (REM/SC).
2. A pesquisa
5. Referências
CASTRO. F; et. al. História da Educação Museal no Brasil & Prática político-
pedagógica museal. Vol. 1, Rio de Janeiro: Museu Histórico Nacional, 2020.
NASCIMENTO, M. R. ; GONÇALVES, L. C. F. EDUCAÇÃO MUSEAL EM REDE:
surgimento e atuação das redes de educadores em museus no Brasil. Redoc, Rio de
Janeiro, v. 3, n. 2, p. 140-154, 2019. Disponível em: https://www.e-
publicacoes.uerj.br/index.php/re-doc/article/view/39944/30491. Acesso em: 28 nov.
2021.
Este texto se apresenta como uma reflexão ao processo criativo desenvolvido para as
Caixas Inclusivas que fazem parte do projeto Formação Inclusiva para Museus de SC,
contemplado pelo Edital Elisabete Anderle do ano de 2019. A oportunidade de poder
contribuir com este projeto, que é de grande importância para a formação das pessoas com
deficiência por meio da cultura, de reconhecimento e valorização da história e produção local,
foi significante para minha formação continuada enquanto Artista Plástica, pelo qual considero
relevante compartilhar estas percepções. Sendo eu estrangeira, foi também uma
oportunidade de aprender muitas coisas da região e estado no qual resido, e imagino que
assim seja com todas as pessoas que tenham contato com o projeto.
Uma coisa que me chamou a atenção no primeiro contato com o projeto, foi a
diversidade de temáticas abordadas pelos museus mapeados no estado. Enquanto artista
visual, quando me comunicaram da ideia geral e a relação com museus, fiz uma associação
direta a galerias e centros culturais. No entanto, neste projeto se incluem desde instituições
que preservam o acervo pessoal de artistas, até museus que cuidam do acervo material
relativo à história local, inclusive museus que preservam o património natural das regiões.
19
Bacharel em Artes Visuais – CEART-UDESC - Artista Independente
necessária e acredito que o projeto contribui em muito para aproximar estes espaços,
presentando dispositivos interativos para aprender a partir destes.
Muitas vezes na produção artística refletimos sobre o material, a forma, cor, conceito,
e acredito que também muitas vezes, é deixado de lado a reflexão sobre a acessibilidade da
obra. Por isso, a partir da ampliação de projetos de mediação e educação inclusiva, além de
ampliar o acesso a pessoas com deficiência, se amplia também a consciência da
responsabilidade social do produtor cultural, a se atender às demandas necessárias para que
todas as pessoas tenham acesso àquela produção quando em exposição ou no seu próprio
desenvolvimento. Esse foi um aprendizado importante que o projeto me trouxe enquanto
profissional da área.
Para a produção da estrutura, uma das referências que se considerou foi a série de caixas
realizadas por Marcel Duchamp entre 1936 e 1941, denominadas “Boîte en valise”, que
reuniam reproduções em miniatura das suas principais obras. Neste caso, se reúnem objetos
e materiais significativos para a região, presentes no acervo de alguns dos trinta e três
museus que fazem parte do projeto.
Figure 4 Produção das caixas
A seguir, irei descrever algumas das produções realizadas, considerando que fazem
parte de muitos outros materiais, jogos e dinâmicas presentes nas caixas, realizados por
minhas colegas e impressos cedidos pelos museus em questão. Algumas das ideias
desenvolvidas para incluir na caixa, foram inspiradas nos próprios trabalhos de mediação
feitos pelas instituições, como por exemplo, os cubos com letras pirografadas em madeira.
Originalmente realizados em proporções maiores e de papelão, pelo Projeto Museu Casa do
Poeta Lindolf Bell e a Escola Municipal Maurício Germer em 2016.
Nas minhas produções mantenho um olhar atento a reciclagem de materiais, por isso alguns
foram feitos de papietagem, como a escultura do Cemitério dos Gatos da Casa da Família
Colonial, que também me pareceu interessante por ser uma técnica acessível a prática na
escola, podendo sugerir exercícios de produção de novas releituras.
Todos os objetos foram pensados com atenção para poder simular da maneira mais
fiel e simplificada a sua estrutura real, como na releitura da Locomotiva Baldwin-Mogul
fabricada em 1908, na frente do Museu Histórico e Antropológico da Região do Contestado,
que neste caso foi realizado em madeira.
Figura 17 - Locomotiva Baldwin-Mogul 1908
O desafio de criar objetos, jogos e dinâmicas inclusivas, começa pelo reconhecimento de que
enquanto artista visual nunca tinha realizado um trabalho no qual a inclusão fosse um dois
eixos fundamentais do planejamento, reconhecendo assim o processo para além do fazer
prático, também como um processo social de ampliar a percepção das práticas e produções
para possibilitar uma compreensão diversa e assim reciprocamente estimulante, como eu o
senti particularmente neste processo.
Estes foram alguns dos tantos materiais desenvolvidos para rechear estas caixas de
conhecimentos, curiosidades e possibilidades de criar diálogos e reflexões sobre a história e
produção cultural de Santa Catarina.
Cada uma destas caixas guarda um pouco da riqueza cultural e imaterial de cada
região, sendo além de exposição portátil, um conjunto de materiais que possibilitam
a acessibilidade a espaços e obras que nem nas suas versões originais poderiam ser
apreendidas da mesma maneira. Seu aspecto lúdico e educativo, lhe confere um valor
simbólico de muita importância para aqueles que venham a ter contato com as
mesmas.
Figura 20 - Material didático Antonieta de Barros
CAPÍTULO 5 - A ORGANIZAÇÃO DOS MATERIAIS E A PRODUÇÃO DE JOGOS
ACESSÍVEIS
Introdução
20
Editora gráfica de material didática e professora de arte da RMF.
21
Estudante de Licenciatura – CEART – UDESC. Bolsista de Iniciação Científica e produtora de jogos junto ao
projeto.
estado de Santa Catarina explicando sobre a proposta do projeto e convidando-os a
participar. Dos 32 museus que responderam, solicitamos que enviassem imagens do
museu e seu acervo, textos que caracterizassem suas atividades e sua história,
materiais educativos e de mediação produzidos e quaisquer outros conteúdos que
julgassem pertinente. Destes, apenas 18 Museus foram contemplados efetivamente
nas caixas a partir dos desdobramentos dos materiais enviados.
Para dar segmento ao texto compreende-se que “através dos jogos, também
é possível desenvolver aspectos importantes para a produção de conhecimento.”
(BORNELLI, 2010, p. 82). Portanto, exploramos as potencialidades das imagens e
objetos apresentados pelos museus para garantir uma ação educativa inclusiva nos
espaços museais.
Alguns dos jogos citados acima passaram por uma etapa de construção gráfica
para que pudessem ser materializados posteriormente através de impressões em
diferentes suportes. Nesta etapa, foram realizadas vetorização, edição e ilustrações
de imagens que se relacionam com os acervos dos museus para criação de jogos
como o quebra-cabeça, dominó, tangram, jogo de tabuleiro. As ferramentas utilizadas
nesta etapa do processo foram os softwares Illustrator e Photoshop bem como a
plataforma do Canva que possibilitaram a criação dos materiais gráficos autorais
desenvolvidos no projeto.
3.1. Objetos
Figura 25 - Trem ferroviário - Caixa Meio-Oeste Figura 26 - Jogos dados palavra - Caixa Vale do itajaí
Figura 27 Placas de inscrição Rupestre - Caixa Região Norte Figura 28 - Replica escultura - Caixa Vale do Itajaí
Outras propostas interativas são os jogos com base nas obras e acervos dos
museus. Idealizamos 8 tipos diferentes de jogos - tangrams, jogos da memória,
dominós, quebra-cabeças, puxa conversas, jogos de tabuleiro, dedoches e baralho.
Passamos a descrevê-los nos próximos tópicos.
Estes jogos foram pensados para que crianças cegas e videntes pudessem
reconhecê-los e contemplá-los, para isso foram recortados em peças grandes de
MDF e depois colorido e adicionado relevo nos contornos (para que se entenda o que
é a figura) e textura nos cabelos e pelos faciais.
O puxa conversa é um jogo composto por cartas que possuem textos com
perguntas sobre temas específicos e tem como objetivo fomentar a interação entre
um grupo e o diálogo sobre o tema escolhido. Neste caso, além dos cards com
perguntas, nosso jogo possui cards com informações retiradas dos materiais enviados
pelos museus para auxiliar no processo de perguntas e respostas. Os jogos puxa
conversas foram inseridos enquanto dispositivo de diálogo e reflexão de alguns temas
apresentados nas caixas. Ao todo foram construídos 2 jogos puxa conversa: Puxa
conversa Ferroviário que busca fomentar o diálogo acerca da história da Ferrovia
Tereza Cristina em Tubarão (Região Sul), apresentando fatos e curiosidades
históricas que permeiam a construção das ferrovias, sua função e importância para a
região e os impactos desta no desenvolvimento da região. O Puxa conversa dos
Sambaquis busca apresentar fatos e curiosidades arqueológicas e históricas sobre
os homens do sambaquis, introduzindo temas como patrimônio, sítios arqueológicos,
inscrições rupestres e outros temas que permeiam o universo pré-histórico do estado
de Santa Catarina.
Este jogo, que foi pensado inicialmente em alto relevo, sofreu alterações ao
longo do processo. No primeiro momento, as imagens foram vetorizadas para permitir
o corte a laser em mdf como foi realizado em outros jogos como o tangram, porém, o
detalhamento dos desenhos foi um empecilho para as materialização. Levando em
consideração esses aspectos, as peças foram construídas a partir da impressão do
material em papel adesivo sob placas de mdf e suas formas contornadas
manualmente para acrescentar relevo após a impressão que ainda será realizada.
Inicialmente o jogo segue a mesma lógica do dominó convencional: 6 imagens
diferentes, sendo que cada imagem aparece 8 vezes, totalizando 28 peças. Cada
jogador recebe 7 peças, se sobrarem peças após a distribuição, estas passam a
compor um monte que pode ser comprado ao longo da partida. Diferente do
convencional, como não existe numeração, o jogo pode iniciar conforme decisão do
grupo. Vence aquele que eliminar todas as peças adquiridas no jogo, ou aquele com
o menor número de peças em mão, em caso de empate, vence aquele que tiver o
menor número de figuras.
Além dos objetos e jogos pedagógicos, o conteúdo das caixas conta com
materiais informativos com textos e imagens, em formatos como cartões postais,
cartilhas ou cartazes com imagens de alta qualidade de diferentes acervos. Estes
materiais funcionam como dispositivos que podem ser utilizados de variadas formas
pelos mediadores e educadores que forem utilizar o material das caixas.
4. Considerações Finais
Além disso, alguns dos museus que responderam não possuíam fotos de
qualidade (ou quaisquer tipo de imagem) de seus acervos, e portanto a criação de
materiais para estes espaços foi muito mais difícil, e em alguns casos, inviável. Nestes
casos, houve uma defasagem do material, fazendo com que os objetivos iniciais
tivessem que se ajustar às demandas.
O último desafio encontrado foi na etapa de impressão dos materiais, visto que
muitas das propostas elaboradas não puderam ser materializadas nesta primeira
fase. Em alguns casos devido às especificidades das imagens, em outros, devido a
direitos autorais e valor orçamentário.
Mesmo com os imprevistos ao longo do projeto, foi possível criar um acervo
considerável de jogos e objetos pedagógicos que contemplam elementos dos museus
do território catarinenses, apontando suas especificidades e potencialidades no
âmbito educativo. Esperamos que esta imersão no universo museológico atrelado a
perspectiva de um ensino inclusivo possa proporcionar ao público uma experiência
lúdica e construtiva para os diversos públicos em ações educativas por todo território
catarinense.
5. Referências
ALVES, Mariah Fonseca e FONSECA DA SILVA, Maria Cristina da Rosa. Jogos para mediação de acervos nos
museus de Santa Catarina. In 31º Seminário de Iniciação Científica da Universidade do Estado de Santa Catarina.
Florianópolis: Editora Udesc, 2021. Disponível em: Jogos para mediação de acervos nos museus de Santa
Catarina1 O projeto 'Objetos de arte interativo: uma proposta de investig
BORNELLI, Margarete Cascaes. Arte, Inclusão e Jogos. In, Objetos Pedagógicos na formação de professores de
artes visuais. Florianópolis: Editora da Udesc, 2010.
FONSECA DA SILVA, M. C da R..; DOS SANTOS, S. M.; ALMEIDA MOREIRA, D. Objeto Pedagógico: Relatando
o Ensino de Arte em Classes Inclusivas. DAPesquisa, Florianópolis, v. 3, n. 5, p. 450-458, 2019. DOI:
10.5965/1808312903052008450. Disponível em:
https://www.revistas.udesc.br/index.php/dapesquisa/article/view/15413.
GUGLIELMI, Rebeca. Confecção de Jogos no PIBID: Uma experiência Interdisciplinar. Florianópolis. 2017.
Disponível em: https://sistemabu.udesc.br/pergamumweb/vinculos/00003c/00003cc5.pdf
ROCHA, Stéfani Rafaela Pintos. A Formação dos licenciados em Artes Visuais no Projeto PIBID Interdisciplinar
UDESC: Um estudo da produção de materiais para pessoas com deficiência. Florianópolis. 2015. Disponível em:
https://sistemabu.udesc.br/pergamumweb/vinculos/00006b/00006b98.pdf
Figura 41 - Mala Região Norte
CAPÍTULO - 6 AS CAIXAS PROPOSITORAS: OBJETOS PEDAGÓGICOS EM MOVIMENTO
Introdução
O presente artigo tem como objetivo problematizar o âmbito pedagógico das Caixas
Propositoras identificando seus objetivos e apresentando a metodologia pedagógica de
desenvolvimento em cada uma das regiões. Para isso, no primeiro apresentaremos as
concepções pedagógicas de mediação para pessoas com deficiência. No segundo tópico
serão apresentadas as caixas, os museus selecionados e os materiais criados para
mediação. Finalizamos o texto apresentando a organização do projeto na segunda fase e as
considerações finais do projeto.
O projeto Formação Inclusiva para Museus de Santa Catarina, foi idealizado para
cobrir uma lacuna relativa à falta de acessibilidade junto aos museus de Santa Catarina. Os
estudos desenvolvidos pela Rede de Educadores de Museus – REM, apresentados no
capítulo dois confirmam a necessidade existente de ampliar a formação de equipes e o
desenvolvimento de Objetos Pedagógicos capazes de atuar como elemento problematizador
da reflexão e da ampliação da aprendizagem para além do conhecimento imediato.
Mesmo nos espaços de educação não formais, isto é, que não necessitam de
certificação como na escola, embora não exista um currículo pré-estabelecido é necessário
que exista uma concepção pedagógica de uso. Assim, embora não se aborde comumente a
concepção educativa dos Núcleos de Ação Educativa – NAE, buscamos por meio do projeto
ressaltar uma concepção de aprendizagem. Deste modo, partimos da perspectiva da
psicologia Histórico-cultural que toma como base o desenvolvimento da aprendizagem a partir
dos fundamentos de Vigotski (2009).
A Educação museal não é o único, nem o mais importante espaço de formação para
os escolares, mas é uma importante instituição social, que produz uma organização de
22
Coordenadora do projeto Formação Inclusiva para Museus de Santa Catarina,
financiado pelo Edital de Cultura Elisabete Anderle, 2019. Professora do DAV-
CEART/UDESC.
objetos e artefatos humanos, que precisa ser problematizada como um recorte feito,
analisada criticamente e utilizada como aporte formativo para as escolas, as famílias e neste
caso os públicos com deficiência. Os escolares não poderiam ficar alijados das diferentes
propostas de espaços culturais e esse movimento escola-museu e sociedade precisam atuar
em conjunto e de forma diversificada. É bom lembrar que as crianças e os adultos têm direito
ao acesso aos conhecimentos historicamente produzidos pela humanidade, assim como
acesso ao conhecimento crítico que envolve a criação e a organização dessas instituições,
Outro tópico que faz parte do artigo diz respeito aos detalhes da concepção do projeto
na organização do trabalho, intitulado “As caixas propositoras, os museus e as escolhas
didáticas”. Neste tópico pretendemos abordar o conceito de caixa propositora, bem como as
escolhas didáticas sugeridas aos educadores de museus para o desenvolvimento das ações
educativas.
Neste tópico pretendemos apresentar cada uma das caixas propositoras, os museus
participantes e as escolhas didáticas construídas ao longo do processo de produção das
caixas. Certamente como um material aberto, a sua manipulação pelos espaços de ação
educativa nas instituições culturais de Santa Catarina, dará seguimento a novas proposições
de uso e desenvolvimento das potencialidades pedagógicas das caixas propositoras.
23
Lucia Helena Reily - http://lattes.cnpq.br/2137953768970405
vinculada à Diretoria de Patrimônio Cultural da Fundação Catarinense
de Cultura (FCC/DPAC).
Criado por meio do Decreto no 615, de 10 de setembro de 1991, entre
aderidos e cadastrados, conta com 215 instituições museológicas em
119 municípios: museus públicos (de natureza administrativa federal,
estadual e municipal), privados, entre outras. (RELATÓRIO,2021,
p.15).
Outro aspecto que se relaciona diretamente com o nosso projeto é a falta de equipe
técnica dos museus, em especial de profissionais com formação nas atividades de ação
educativa. Destes, 55,4% não tem profissional com formação para atuar junto às atividades
de Ação Educativa.
Como já apontado no texto quatro produzido por Emiliana Pagalday Fernández, nas
primeiras discussões acerca do material apresentamos a proposição de uso dos múltiplos,
por meio das conhecidas Caixas de 1914 de Marcel Duchamp. Partimos então desta
proposta de desenvolvimento de materiais, acrescentando as possibilidades de ampliação da
acessibilidade.
Esta caixa da imagem 1, é a mais farta, pois a região da grande Florianópolis conta
com um número significativo de espaços culturais no estado. Dos museus da região
escolhemos quatro tipologias diferenciadas, o Museu de Arte de Santa Catarina - MASC, o
Museu Antropológico de Arqueologia - Marque- UFSC, o Museu Aberto da Tartaruga Marinha,
o Museu Histórico de Santa Catarina - MHSC e o Museu Ovo de Eli Heil.
24
Fonte: https://www.chapeco.sc.gov.br/cultura/index.php?r=conteudo&idconteudo=9
Também sobre a administração da prefeitura do Chapecó, temos o Museu Antônio Selistre
de Campos, que reúne diferentes coleções e que sofreu ao longo dos anos mudanças de sua
localização e mesmo divisão da sua coleção.
25
https://www.chapeco.sc.gov.br/cultura/index.php?r=conteudo&idconteudo=17
do Contestado, que ocorreu no período de outubro de 1912 e agosto de 1916. O conflito se
deu entre pequenos produtores, posseiros e o governo, não só do estado, mas também do
Paraná e do governo federal. A desapropriação de uma faixa de terra cruzando Paraná e
Santa Catarina foi o estopim da guerra. A construção da estrada e a decorrente desocupação
dos trabalhadores após sua conclusão também gerou muitos conflitos.
Já o Museu do Vinho Mário Pellegrin26 está situado na cidade de Videira, faz parte de
seu centro histórico, a homenagem a Mário Pellegrin se deu pelo fato de ele ter sido a pessoa
que trouxe a primeira muda de videira para a região. A construção do prédio, segundo o site
da instituição, se deu pelos padres Salvatorianos em 1983. O acervo é composto por artefatos
vinculados à vitivinicultura, conta a história da cidade e da sua grande produção de vinho e
uvas.
26
https://turismo.videira.sc.gov.br/equipamento/index/codEquipamento/13419
Imagem 46 - Região Sul
A caixa Sul é composta por quatro museus, o primeiro deles é o Museu de Zoologia
Professora Morgana Cirimbelli Gaidzinski, o segundo é o Museu Ferroviário de Tubarão, já
o terceiro e o quarto são respectivamente o Museu Anita Garibaldi e a Casa da Anita
Garibaldi.
A caixa da Região do Vale conta com seis museus: O Museu da Família Colonial, o
Museu de Arte de Blumenau, o Museu Pomerano, a Casa do Poeta Lindolf Bell, o Museu da
Música e o Museu de Ecologia Fritz Müller.
O Museu da Família Colonial27 pertence ao sistema cultural da Fundação Cultural de
Blumenau, O Museu da Família Colonial é uma unidade da Fundação Cultural de Blumenau.
Segundo o site é "Ambientado em casas-museu, edificadas no século XIX (1858 e 1864) e
reconhecidas como as mais antigas edificações da cidade, remanescentes da época da
colonização do Vale do Itajaí. Na residência de 1864, viveu o sobrinho do Dr. Blumenau,
Victor Gaertner. Transformada em casa-museu no ano de 1967, tem como missão manter
viva a memória e a herança cultural dos colonizadores. O acervo é formado por significativas
peças do uso cotidiano dos imigrantes. Agregado ao museu, encontra-se o Parque Horto
Botânico Edith Gaertner. Fica aos fundos, numa área de aproximadamente quatro mil metros
quadrados de mata, onde é possível visualizar espécies raras cultivadas pelo Dr. Hermann
Bruno Otto Blumenau. Outra atração deste espaço é o Cemitério dos Gatos. Na imagem, a
fachada das casas localizadas na Alameda Duque de Caxias". O cemitério dos gatos foi a
peça escolhida para reproduzir na caixa da imagem 5.
27
https://www.blumenau.sc.gov.br/secretarias/fundacao-cultural/fcblu/memaoria-digital-museu-famailia-
colonial69
28
https://museudeartedeblumenau.blogspot.com/
29
https://www.pomerode.sc.gov.br/turismo/5
Situada em Timbó, a casa do poeta Lindolf Bell reúne uma vasta produção do artista.
Segundo o site do museu: "A Casa do Poeta Lindolf Bell está instalada na antiga morada do
poeta e de seus pais. Foi de interesse do ilustre Lindolf Bell transformar o município de Timbó,
sua terra natal, em um lugar conhecido e lembrado pela poesia. Com esta Casa, eleva-se
cada vez mais a poesia e a literatura Barriga-Verde, dando chance e liberdade aos que
procuram a palavra “palavra”. A Casa do Poeta constitui-se de museu, praça, centro de
memória, biblioteca e espaço cultural30".
O museu da música, segundo seu registro nas redes sociais, "foi instalado no antigo
Salão Hammermeister em Timbó, foi construído no início do século XX por imigrantes
alemães, unicamente com a função de salão de bailes. O Museu da Música foi inaugurado
em 19 de setembro de 2004, tendo como idealizador o Pastor Hans Hermann Ziel, com o
apoio da Prefeitura Municipal através da Fundação de Cultura e Turismo. Possui um amplo
acervo, com mais de 2000 peças, constituído de instrumentos musicais dos mais variados
tipos, épocas e países, tanto originais como réplicas; coleções de gravuras, métodos,
partituras, livros, discos e desenhos técnicos"31.
Já o Museu de Ecologia Fritz Müller foi, segundo seu site: "Fundado em 1936, o museu
é resultado da necessidade de manter viva a memória e o trabalho de Fritz Müller.
Atualmente, ele abriga cerca de 4 mil itens, sendo insetos, animais taxidermizados, animais
conservados em meio líquido, fósseis, ossos, peles, minerais, além de pertences do biólogo
e de sua família. O local é administrado pela Fundação Municipal do Meio Ambiente (Faema),
através da Diretoria de Educação Ambiental (Dea)" O museu elaborou uma cartilha que foi
reproduzida com autorização do museu na caixa da Região do Vale.
30
https://www.culturatimbo.com.br/casa-do-poeta/
31
https://www.facebook.com/museu.musica
Imagem 48 - Caixa da Serra
No seu Art. 1º a lei define: "Fica o Poder Executivo Municipal autorizado a tombar e
incorporar ao Patrimônio Histórico e Cultural do Município de Curitibanos, os bens móveis
que constituem o acervo do Museu Histórico Antônio Granemann de Souza, constantes da
relação anexa que fica fazendo parte integrante da presente Lei. Esses objetos compõe assim
o acervo do museu.
Museu Malinverni Filho é o segundo museu que faz parte da caixa da região serrana.
Possui cerca de 3.800 peças entre esculturas, pinturas, poemas, documentos e objetos
particulares que referem-se à vida e ao trabalho do artista Agostinho Malinverni Filho. Hoje o
Museu é coordenado pelo filho do artista – Jonas Malinverni e Maria do Carmo Lange
Malinverni – esposa do artista.
Imagem 49 - Caixa da Região Norte
O museu Fritz Muller, foi fundado em 1936 para manter viva a memória e o trabalho
de Fritz Müller. Segundo seu site, "possui um dos acervos mais ricos de Blumenau. Com
cerca de 4 mil itens, como insetos e animais taxidermizados, o museu preserva também
alguns pertences do biólogo e naturalista Johann Friedrich Theodor Müller e de sua família".
5. Considerações Finais
Nossa intenção no presente artigo foi problematizar o âmbito pedagógico das Caixas
Propositoras identificando seus objetivos e apresentando a metodologia pedagógica de
desenvolvimento em cada uma das regiões. Deste modo buscamos descrever os museus
participantes de cada região, identificando e caracterizando as tipologias. Igualmente
apresentamos uma seleção de materiais de cada caixa.
ANVERSA, P. O que pensam as famílias sobre a formação artística dos filhos com
deficiência? com a palavra, às mães. 2011. Dissertação (Mestrado em Artes Visuais) -
Universidade do Estado de Santa Catarina.
Introdução
32
Início da nota: CV (resumido): Doutoranda em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da
UDESC. Email: stefani-rafaela@hotmail.com. Fim da nota.
[...] na sociedade pode ser considerada um acontecimento recente. O próprio
termo “inclusão” começou a ser utilizado e defendido na década de 1980,
durante a criação do Movimento de Inclusão Social, nos EUA, com a
participação de representantes do mundo todo, da ONU e da UNESCO, em
1981, considerando então o “Ano da Pessoa com Deficiência”. Antes da data
citada, o termo utilizado para definir a aproximação dessa população com a
sociedade era “integração”. No conceito de integração, a maior
responsabilidade era atribuída ao desenvolvimento pessoal e superação de
barreiras do indivíduo, enquanto a sociedade incumbia-se de receber a
pessoa para o convívio, mas sem a preocupação de adaptar os espaços e
sistemas sociais existentes. (SARRAF, 2010, p. 155-156).
Lucia Reily (2012) nos instiga a refletir sobre uma questão emblemática nos
museus e em diferentes espaços que visitamos, quando se trata da proibição do toque
nas obras ou em objetos em diferentes comércios/lojas. Esse tabu relacionado à
concepção de dano ao material quando tocado, se aproxima também da ideia de
estigma relativo às pessoas que dependem desse sentido. Tocar sempre fez parte da
nossa formação humana, é um dos sentidos mais desenvolvidos desde a tenra idade.
Nas palavras da autora,
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O primeiro é um fomento a cultura por meio do edital Elisabete Anderle (2019) e o segundo é um projeto de
Extensão do Programa LIFE/CEART/UDESC, ambos coordenados pela profa. Dra. Maria Cristina da Rosa
Fonseca da Silva (DAV-UDESC).
deficiência, mas para diferentes públicos buscando fornecer a possibilidade de
formação inclusiva para pessoas que atuam diretamente no atendimento ao público.
Cabe destacar que o pano de fundo de análise não se centra especificamente
na estética dos materiais, mas em sua funcionalidade e acessibilidade a partir do DUA
tendo em vista atender as necessidades dos sujeitos que têm interesse em usufruir
das ações e objetos pedagógicos. A definição do que entendemos e aderimos como
objeto pedagógico se alinha a concepção cunhada por Fonseca da Silva, Lunardi
Mendes e Schambeck (2012, p. 33) quando consideram
[...] todo instrumento criado pelo professor e/ou pelo aluno ou, ainda, um
material já pronto, adaptado para uma determinada atividade, com o objetivo
de ampliar as potencialidades de aprendizagem dos estudantes. Esses
objetos podem ser utilizados em diversos contextos: na sala de aula ou em
outros espaços educativos, como museus de artes, instituições culturais, em
projetos de organizações não-governamentais e em propostas que possam
ser criadas como espaços educativos tendo a arte como fio condutor.
Figura 52 - Adaptação
Início da descrição: Na imagem ao fundo aparece um quadro de uma obra na vertical ilustrando uma
paisagem em tom azul escuro, com nuvens brancas sobrepostas ao fundo azul e um sol amarelo
coberto na parte superior esquerda da obra. A frente do quadro estão uma mulher de cabelos
castanhos claros amarrados, de pele branca levemente inclinada para a frente segurando uma
adaptação em miniatura da obra e também, a mão de um garoto de cabelos escuros de pele branca
que está ao seu lado. Observa-se que a mulher está guiando o percurso da mão do garoto sobre a
adaptação. Ambos estão posicionados em frente ao quadro. Fim da descrição.
5. Referências:
ONU. Declaração Internacional dos Direitos Humanos, 1948. Disponível em: <
https://www.unicef.org/brazil/declaracao-universal-dos-direitos-humanos>. Acesso
em: 04 dez. 2021.
SARRAF, Viviane Panelli. Acesso à Arte e Cultura para pessoa com deficiência visual:
Direito e desejo. In: MORAES, Marcia; KASTRUP, Virgínia. Exercícios de ver e não
ver: arte e pesquisa com pessoas com deficiência visual. Rio de Janeiro: Nau, 2010.
p. 154-173.
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Educadora do NAE MHSC. Email:
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Educadora do NAE MHSC. Presidente da AAESC Email:
Atentos às discussões sobre a função do museu como um espaço social
destinado à educação e preocupados com o caráter didático e educativo da nova
instituição, o grupo entendeu que o MHSC também serviria como um complemento à
educação formal e à pesquisa (além do processo museológico de aquisição,
documentação, conservação e exposição do patrimônio documental e bens de valor
histórico), e com a finalidade de contar, através do seu acervo, a história política do
Estado a estudantes e ao público em geral.
Longe de estar esgotada, a discussão sobre a função do museu nos processos
educativos não é recente. Em diferentes contextos históricos, seja como Biblioteca
ou Gabinete de Curiosidades, o museu se configurou, mesmo que para uma minoria,
como um lugar de pesquisa ( através dos seus objetos e coleções) e como um espaço
de educação.
Considerando esta pequena introdução o presente artigo pretende apresentar
os diferentes projetos desenvolvidos, assim como identificar alguns pontos para
pensar que demandas de pesquisa o setor educativo considera pertinente.
2. Breve Histórico
Obs: O Plano Museológico do MHSC está em fase de revisão pela equipe do Museu.
Entre os projetos citados, alguns se encontram suspensos devido ao isolamento
social imposto pela pandemia da Covid-19 e outros foram encerrados. Pelo mesmo
motivo, a capacitação continuada da equipe do MHSC tem sido realizada na forma
virtual, a mais recente (julho//2021) foi o curso “Como acolher o público cego e com
baixa visão no MHSC”, realizado em parceria com a ACIC que, através do conteúdo:
Orientação e Mobilidade – aspectos da movimentação nos espaços, as formas e
procedimentos, trouxe suas experiências e as possibilidades de ações na promoção
da acessibilidade no museu.
Dentro desse processo, o NAE/MHSC tem procurado realizar sua prática
museológica acompanhando os desafios que se apresentam à sociedade hoje.
Assim, no ano de 2011 realizamos a parceria para testar o protótipo do projeto Família
no Museu, que posteriormente circulou em diferentes museus da cidade. Igualmente
no ano de 2014, quando a Profª Maria Cristina Rosa Fonseca da Silva convidou o
MHSC para ser parceiro no desenvolvimento de projetos para o Programa de
Extensão Universitária MEC/SESu para o edital PROEXT 2015. Este projeto tinha
como objetivo aproximar o público cego dos museus da cidade e a cada mês havia
uma atividade em um dos museus da cidade. Na sequência da parceria firmada, deu
continuidade por meio do projeto “Objeto de Arte Interativo”.
O projeto teve diferentes momentos e se expandiu através da construção de
propostas de materiais educativos e interativos para as ações do MHSC junto aos
seus públicos. Durante todo o percurso, foram realizadas reuniões mensais entre
ambas as instituições para discutir/definir as abordagens e metodologia dos trabalhos.
Considerando o Museu como um terreno fértil de possibilidades, os bolsistas
que participaram do projeto tiveram a oportunidade de vivenciar o Museu através de
visitas mediadas e visitas técnicas, conhecendo todos os espaços, o acervo, e o
acesso aos documentos, materiais educativos e as atividades desenvolvidas pelo
NAE.
Novos diálogos e novas propostas surgem, como a ideia de um mascote para
guiar o visitante pelo espaço virtual: um guarda vestindo o uniforme do Regimento de
Infantaria da Ilha de Santa Catarina no período colonial (peça do acervo do MHSC).
Assim, foi criado o primeiro personagem figura 44 e, depois de vários estudos e
discussões foi selecionado o modelo (figura 45).
Considerando a ludicidade dessa interação com o público, o Núcleo de Ação
Educativa sugeriu também transformar as mediadoras do Museu, Simone Coelho e
Veronice Nogueira em personagens (figura 46) para dialogarem juntamente com o
guarda. O desenvolvimento desta etapa do projeto foi apresentado por Yuri F. Bastos
no Seminário Interno do MHSC (SIMHSC) durante a programação da semana da
Primavera dos Museus de 2017, evento coordenado pelo Instituto Brasileiro de
Museus (IBRAM).
Figura SEQ Figure \* ARABIC 55 - Modelos para a seleção do mascote
Figura 60 -Visita à reserva técnica e acompanhamento da gravação das músicas da caixa de música
do acervo- Fonte acervo NAE/MHSC (2016)
A parceria tem continuidade e é ampliada quando o projeto elaborado pela Profª Maria
Cristina Rosa Fonseca da Silva “Formação Inclusiva para Museus de Santa Catarina”
é aprovado pelo Edital Elizabete Anderle – 2019.
Dentre as ações do projeto, o Museu foi contemplado com a aquisição de uma
brinquedoteca (móveis, produção de jogos do acervo e materiais digitais) para o NAE,
além da promoção do MHSC a um centro de pesquisa.
Figura 61 - Espaço do NAE - Brinquedoteca- Fonte acervo do NAE/MHSC (2021)
Acreditamos que esta parceria revela, por parte da Universidade, o reconhecimento
do MHSC como um espaço de pesquisa e de formação profissional, fortalecendo seu
compromisso social e sua Missão:
4. Considerações Finais
5. Referências: