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TFC - Final-Defesa Ling - 102808
TFC - Final-Defesa Ling - 102808
2023
DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA
Setembro/2023
UNIVERSIDADE DO NAMIBE
Nº de Estudante: __________________________
Orientada por:
____________________________
Co-orientador
__________________________________
Moçâmedes/2023
Dedico este trabalho aos meus pais "Francisco Zeca
Mutuva (em memória) e Nené Fute Chihombola" que,
desde muito cedo, acreditaram em mim. Eterna gratidão
por tudo meus heróis!
i
AGRADECIMENTOS
Á Deus todo-poderoso pela força e protecção durante esta caminhada e por permitir a
elaboração deste trabalho, dando-me luz e discernimento nas horas em que tudo parecia
incerto;
À minha querida mãe pelas suas orações, pelo esforço e dedicação e encorajamento, muito
obrigada pelo papel de pai e mãe, desde os meus 6 anos de idade;
Ao senhor Abraão José Cale que considero como um segundo pai e que nunca mediu esforços
em ajudar, á minha família grata pelo encorajamento;
Um profundo agradecimento vai para o meu noivo (Constantino Tchongolola) que esteve
sempre comigo em todos os momentos, dando o seu apoio e encorajamento quando tudo
parecia incerto; à minha amiga Augusta Fernando, obrigada pela amizade e pela força!
Gratidão, meus;
Um agradecimento especial à professora Madalena Inácio, minha tutora, pela paciência e pelo
direccionamento quanto à realização do trabalho;
Ao Professor Doutor Ubaldo Jorge Augusto de Filipe André, pela pronta disponibilidade
sempre que foi solicitado, apesar das suas ocupações, respondia prontamente as minhas
preocupações;
Aos professores Lázaro e Melo pela paciência e pelos ensinamentos durante a fase
experimental do trabalho no laboratório;
À Universidade do Namibe, em particular à Faculdade de Ciências Naturais, pela
oportunidade que me foi concedida;
A todos os docentes e funcionários das Faculdades de Ciências Naturais e das Pescas que,
directa ou indirectamente, contribuíram para a minha formação;
Finalmente aos amigos e companheiros de batalha, em particular a “geração de ouro e pilha
rija”, pelos momentos de conivência;
As palavras não chegam para demonstrar a minha gratidão por vocês, gratidão, gratidão!...
ii
RESUMO
O plástico está presente em todos os sectores e actividades económicas. Este material, barato
e versátil, promoveu uma série de avanços científicos e benefícios sociais. As suas
características levaram à proliferação do seu uso a nível mundial, todavia, o seu consumo teve
como consequência o aumento da poluição resultante do abandono dos seus resíduos, mas
além dos plásticos a comunidade científica está também preocupada com o tamanho menor
destes poluentes ‟Microplásticos-MPs‟ por constituírem a principal forma de poluição dos
ambientes aquáticos, podendo gerar impactos nocivos à biota circundante, principalmente
para espécies de interesse comercial como é o caso da Neochelon falcipinnis. A presnte
presquisa é exploratória com um pendor misto ou seja quali-qualintativo em que objectivou
analisar a ocorrência de microplástico no estuário do rio Bero da província do Namibe isto é
na N. falcipinnis e no sedimento arenoso. Para o efeito foram amostrados um total de 35
indivíduos pescados no estuário do Rio Bero. Utilizando uma metodologia básica de
observação de conteúdo estomacal, todos os indivíduos foram previamente medidos e pesados
e posteriormente, removidos os estômagos, foram conservados em álcool a 70% e observados
na sequência, isto no mês de Maio de 2023. Os resultados mostraram que dos indivíduos
amostrados 66% ingeriram MPs do tipo fibra com tamanhos e cores diferentes, tendo
predominado a cor preta, e para o sedimento os resultados mostraram que em 600g foram
observados um total de setenta e nove (79) microplásticos, apenas 72 MPs quantificados, os
microplásticos quantificados foram do tipo fibra com diferentes tamanhos e cores variadas em
que a cor com maior predominância foi azul. Destes 79MPs 7 deles não foram quantificados
por apresenatrem a cor clara ou transparente uma vez que podia ser cofundido com a cor do
material (papel filtro branco) usado na observação dos mesmos. Este estudo é de extrema
importância desde a poluição marinha em si, seus tipos e consequências sociais, económicas e
ambientais, assim como as normas, leis e convenções tanto internacionais como de
abrangências nacionais que visam controlá-la e reduzi-la.
iii
ABSTRACT
Plastic is present in all sectors and economic activities. This cheap and versatile material has
promoted a series of scientific advances and social benefits. Their characteristics have led to
the proliferation of their use worldwide, however, their consumption has resulted in an
increase in pollution resulting from the abandonment of their waste, but in addition to plastics,
the scientific community is also concerned about the smaller size of these pollutants
‟Microplastics -MPs‟ as they constitute the main form of pollution of aquatic environments,
and can generate harmful impacts on the surrounding biota, mainly for species of commercial
interest such as Neochelon falcipinnis. This research is exploratory with a mixed approach,
that is, qualitative and qualitative, which aimed to analyze the occurrence of microplastics in
the estuary of the Bero River in the province of Namibe, that is, in N. falcipinnis and in sandy
sediment. For this purpose, a total of 35 individuals fished in the Bero River estuary were
sampled. Using a basic methodology for observing stomach contents, all individuals were
previously measured and weighed and then, after removing their stomachs, they were
preserved in 70% alcohol and subsequently observed, this in May 2023. The results showed
that of the 66% of the individuals sampled ingested fiber-type MPs with different sizes and
colors, with black predominating, and for the sediment the results showed that in 600g a total
of seventy-nine (79) microplastics were observed, only 72 MPs were quantified, the
Quantified microplastics were of the fiber type with different sizes and varied colors, with the
most predominant color being blue. Of these 79 MPs, 7 of them were not quantified because
they were light or transparent in color, as this could be confused with the color of the material
(white filter paper) used to observe them. This study is extremely important regarding marine
pollution itself, its types and social, economic and environmental consequences, as well as the
standards, laws and conventions, both international and national, that aim to control and
reduce it.
iv
Keywords: Estuary; Plastic; Pollution; Microplastic; Macroplastic; Bero River.
LISTAS DE FIGURAS
Figura 4: Metodologia utilizada para recolha de sedimento arenoso na área de estudo, em uma
área de 1m2 (A e B)..................................................................................................................20
Figura 7: Análise macroscópica do estado de repleção dos estômagos (A), estado do estômago
após estar acondicionado em álcool 70% durante 72 horas (B)...............................................22
Figura 14: Cores dos microplásticos encontrados nos estômagos das N. falcipinnis...............28
v
Figura 20: Variação semanal da ocorrência dos MPs no sedimento arenoso do estuário do rio
Bero...........................................................................................................................................31
TABELAS
Tabela 1 – Tabela ilustrativa de todos indivíduos com os respetivos tipos, cor e quantidade de
MPs...........................................................................................................................................27
vi
LISTA DE ABREVIATURA
vii
ÍNDICE
AGRADECIMENTOS.............................................................................................................ii
RESUMO..................................................................................................................................iii
ABSTRACT..............................................................................................................................iv
LISTA DE ABREVIATURA.................................................................................................vii
INTRODUÇÃO.........................................................................................................................1
2.1.Tipo de Pesquisa..............................................................................................................22
2.2Caracterização da Área de Estudo....................................................................................22
2.3 População e amostr..........................................................................................................23
2.4Técnicas e procedimentos................................................................................................23
2.5 Amostragem de campo…………………………………………………………………
...........................................................................................................................................24
2.5.1 Captura dos peixes e recolha de areia.......................................................................24
2.5.2 Análise Laboratorial.....................................................................................................25
2.5.3 Análise do trato estomacal da N. Falcipinnis e identificação dos microplásticos....25
2.5.4 Quantificação de microplástico no sedimento arenoso do estuário.............................28
3. CAPITULO III - RESULTADOS E DISCUSSÕES........................................................30
_______________________________________________________________________.....30
viii
3.1. Apresentação dos resultados da análise laboratorial......................................................30
3.1.1. Análise da frequência dos indivíduos amostrados...................................................30
3.1.2. Análise biológica.....................................................................................................31
3.2 Análise da areia da praia por sistema de
suspensão…………………………………………….......................................................34
3.3 Análise dos result............................................................................................................36
3.4. Proposta de solução do problema...................................................................................39
4. CONCLUSÕES...................................................................................................................40
5. SUGESTÕES.......................................................................................................................41
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................................42
APÊNDICES...........................................................................................................................47
ix
INTRODUÇÃO
Desde a antiguidade, os seres humanos possuem profunda ligação com os mares e oceanos,
estabelecendo suas comunidades nas adjacências desses corpos d’água, utilizando-os como
fonte primária de alimentação, ou usando-os como via principal de transporte e comércio.
Tudo isto porque os mares e oceanos são espaços fundamentais para a existência e a
conservação da vida na terra, possuindo um carácter transaccional e multicultural, uma vez
que não se restringem a uma só nação, mas fazem parte de um todo complexo e integrado
que influencia ao planeta como um todo, e não somente aqueles que têm contacto directo
com suas águas (Fernandes, 2018).
Neste sentido, observa-se que o ambiente marinho, como consequência de seu intrínseco
contacto com os povos e suas actividades, acaba por ser atingido directamente pela evolução
dos hábitos e meios de produção humana, seja de forma negativa ou positiva, assim, com a
chegada da revolução industrial, a humanidade passou cada vez mais a aumentar sua
capacidade de produção e consumo. Dado a este facto, aumentou-se também a quantidade de
resíduos gerados nesse processo, ao passo que o manejo destes detritos não conseguiu
acompanhar o aumento exponencial de sua produção, o que acabou causando o despejo
desses materiais na natureza de forma indiscriminada e inadequada (Zanella, 2013).
Fernandes (2018), afirma que dentre tais materiais encontram-se os plásticos, materiais
multiusos que possuem quase infinitas aplicações comerciais. Segundo estudos, indicam
que, a produção mundial de plástico tem vindo a aumentar desde 1950, tendo sido
produzidas cerca de 359 milhões de toneladas no ano de 2018 e que o plástico é a base da
produção de vários materiais, sendo cada vez mais utilizado em embalagens (cerca de 40%
do total de plástico produzido), na construção civil, na mobilidade e transporte, nos matériais
electrónicos, na agricultura, nos materiais de cuidados de saúde, no desporto e lazer, bem
como na energia, por apresentarem características como resistência à corrosão, baixa
condutividade eléctrica e térmica, elevada durabilidade, serem leves, versáteis e ainda por
apresentarem baixo preço (Plastics Europe, 2019).
Pompêo et al (2022), afirmam que as actividades terrestres são fontes de uma variedade de
poluentes que impactam negativamente os ecossistemas costeiros e marinhos. Dentre estes
poluentes, os que representam um elevado grau de ameaça são os metais pesados, poluentes
orgânicos persistentes, patogénicos, substâncias radioactivas, hidrocarbonetos,
petroquímicos, plásticos e outras formas de resíduos sólidos, calor e até ruídos. Eles chegam
1
aos mares e oceanos por meio de rios, canais ou outros cursos de água, chuvas, acção do
vento, esgotos e descargas industriais (Pompêo et al., 2022).
Os plásticos podem entrar nos ambientes aquáticos através de duas fontes principais:
marinhas e terrestres. Estima-se que 80 % do plástico existente nos oceanos seja emitido por
fontes terrestre (Hohenblum et al., 2015) que incluem os rios, escoamento de águas pluviais,
águas residuais, lixo transportado pelo vento e descartado nas praias pelo ser humano e
proveniente de actividades turísticas (Ryan et al., 2009). As fontes marinhas incluem
actividades marítimas, como o abandono de artes de pesca e descargas ilegais de resíduos
provenientes de navios (Ryan et al., 2009).
Problema de investigação
A poluição marinha por plástico vem a ser um dos principais factores que influenciam na
morte de muitos organismos marinhos. Adicionalmente, é uma das principais formas de
degradação da costa e dos ecossistemas marinhos pois os efeitos da poluição afectam o
ecossistema marinho em todos os níveis, sendo o emaranhamento e a ingestão as interacções
2
mais comuns, atingindo desde o fitoplâncton e o zooplâncton até os grandes mamíferos e
aves, chegando ao ser humano. Nesta sequência, o problema de investigação deste trabalho
manifesta-se na seguinte questão:
Justificativa
Dada a importância ecológica dos estuários, isto é fornecimento de alimento e habitat para
espécies bênticas, epi-bênticas e pelágicas, tendo um papel fundamental na cadeia alimentar
marinha. Neste local há entrada de água proveniente dos rios que possui grande quantidade
de nutrientes e matéria orgânica, sendo utilizados pelos produtores primários, é considerado
um local com elevada capacidade de dispersão e mistura de nutrientes, de modo a distribuí-
los pela região costeira. Os estuários fornecem ainda protecção contra predadores para
espécies da ictiofauna juvenil, permitindo que estes organismos desenvolvam-se e cheguem
à fase adulta é também neste ecossistema que diversos organismos passam parte da sua vida
(ambiente de berçário). Os estuários são ainda utilizados como zona de migração para
alimentação e reprodução. É está grande importância ecológica ou serviço ecossistemico que
justifica a razão do estudo ou analise da ocorrência de microplástico no estuário do rio Bero
tudo isso porque o estuário em estudo sofre com actividades antrópicas como: urbanização,
pesca ilegal, praticas agrícolas, poluição não só com plásticos mas com outros poluentes,
dado este facto, ocorre o desmatamento na região, a poluição das águas, e dragagem
sedimentar, mudando a dinâmica dos estuários e suas condições para abrigar espécies pós
estes estressores diminuem a produtividade estuarina, alteram a qualidade das águas, e
modificam a distribuição de habitats de forma a diminuir a qualidade de vida dos animais
que ali habitam, por isso, a conservação deste berçário é necessária para que não se
comprometa a produtividade primária (Schiavon et al., 2021).
Objecto de investigação
Campo de acção
Objectivos de investigação
3
a) Geral
b) Específicos
Hipóteses
Hipótese afirmativa:
Hipótese nula:
4
Estrutura do Trabalho
Este trabalho contém uma introdução, três capítulos, uma conclusão, sugestões, referências
bibliográficas, e apêndices. O primeiro capítulo, aborda a fundamentação teórica, onde
apresentamos os principais referentes teóricos acerca da poluição marinha, generalidade dos
plásticos e os microplásticos. No segundo capítulo, faz-se uma descrição da amostragem e
processamento das amostras usados na determinação da ocorrência de microplástico neste
ecossistema. No terceiro, efectuou-se a apresentação, tratamento e discussão de dados
experimentais sobre detecção e a quantificação de microplástico do estômago do peixe
tainha e da areia do estuário de rio Bero. Apresentou-se as conclusões, nas quais mostra-se
as conclusões mais relevantes obtidas no estudo. Por fim, apresentam-se as referências
bibliográficas que foram consultadas para a execução desta monografia.
5
CAPÍTULO I - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
__________________________________________________________________________
6
1.1 Percepção Conceitual de Estuário
A palavra estuário deriva do adjectivo latino aestuarium, que significa maré ou onda abrupta
de grande altura (Pritchard, 1952). No entanto os estuários são corpos de água costeiros,
parcialmente fechado, com uma ligação livre ao oceano, situado na parte terminal de uma
bacia hidrográfica, onde no seu interior a água salgada marinha se dilui de forma mensurável
com a água doce proveniente da drenagem terrestre. ( Pereira & Neto, 2019)
É praticamente impossível trazer uma classificação que englobe e descreva a totalidade dos
estuários face a diversidade de formas, dimensões, topografia e características
hidrodinâmicas que cada um destes corpo de água possui, pós cada estuário tem
particularidades que os diferenciam de outros , tornando-o único( Pritchard,1952) Daí a
existência de vários critérios de classificação estabelecido em função dos parâmetros que
utilizam:
7
Estuários em planícies costeiras ou aluvionares- são sistemas de água
formados por ramificação gradual de sistemas fluviais; são geralmente
compridos e estreitos,
Estuário do tipo fiorde- São formados por acção glaciar, são geralmente
profundos, estreitos e fortemente estratificados,
Estuários gerados por barras e/ou diques- estes resultam do encerramento
natural e/ou artificial de baías localizadas em zonas costeiras com fortes
correntes litorais,
Estuários formados tectónicamente- estes resultam normalmente de grandes
baías fechadas,
C) Hidrodinâmica: é o critério utilizado por Pritchard, em que os gradientes de
salinidade em profundidade e a intensidade da circulação no interior do sistema
(devido a presença de massas liquidas com diferentes densidades permitem distinguir
os seguintes grupos de estuários em:
Positivos, cunha salina (dominado poe rio ou estratificados): quando há haloclina
separando a camada superficial de água doce da profunda de água salgada; ocorre
quando a razão entre o caudal de água doce afluente e o prisma de maré é grande e a
razão entre a largura e a profundidade é pequena,
Semi-estratificado ou parcialmente misturados: quando há haloclina separando a
camada superficial de água doce da profunda de água salgada; ocorre quando a razão
entre o caudal de água doce afluente e o prisma de maré é grande e a razão entre a
largura e a profundidade é pequena,
Bem misturados ou verticalmente homogéneo: quando o gradiente de salinidade é
apenas longitudinal; ocorre quando há maré muito intensa.
Estuários sazonais ou intermitentes nestes, a salinidade varia sazonalmente. Durante
a estação chuvosa, estes estuários podem permanecer abertos ao mar, ao passo que
na época seca o rio pode secar ou ficar represado, podendo encontrar-se separado do
mar por barreiras de areia sazonais.(Joanainaet al.,2015).
Pela alta produtividade primaria neste local permite muitas concentrações de espécies
algumas nativas e outra transitórias os estuários têm servido de lugar para a pratica de pesca
de subsistência, prática de aquicultura, instalação portuária.
8
vivem nos limites da tolerância, com especial referência para a ictiofauna, os estuários
representam áreas de grande importância para reprodução, criação, alimentação, proteção e
consequentemente para a reposição do estoque pesqueiro, estes corpos de água têm uma
relevancia importância socio-economica e ecologica pós a sua alta reatividade bioquimica
das zonas de grande turvação, resultantes da acção da maré transformam o estuário num
habitat privelegiado de numerosos organismos pelaficos e bentonicos.
1.1.5 Fitoplâncton
1.1.6 Zooplâncton
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1.2 Poluição Marinha
Quando se trata do meio ambiente marinho, nota-se que são diversas as fontes da poluição,
entre elas a recepção de águas fluviais contaminadas, o despejo do esgoto in natura no mar,
o lixo doméstico e industrial, os rejeito radioactivos, a chuva ácida e a maré negra causada
pelo derrame de petróleo e seus derivados (Porto, 2000). Adicionalmente, o relatório
elaborado pelo GESAMP (Grupo de Peritos sobre Aspectos Científicos da Protecção do
Meio Marinho) apresentado na reunião preparatória para a Conferência de Washington,
constatou que 70% da contaminação marinha advém de fontes poluentes terrestres. Por outro
lado, nos últimos anos, diversos episódios envolvendo desastres ecológicos causados por
derramamentos de óleo no mar foram notícia nos principais jornais do país e do mundo
(Porto, 2000).
A partir do momento em que a humanidade percebeu-se que a saúde humana pode ser
afectada das mais diversas formas, a questão passou a ser pautada em importantes discussões
tanto científica como social (Cruz, 2007). A poluição marinha é meio extremamente
pernicioso de degradação, com consequências nefastas, como o comprometimento do bioma
marítimo em geral, além das inúmeras doenças que podem acometer o ser humano (Gomes,
2007).
10
Santos (2017), afirma que é válido se proceder a simples diferenciação entre poluição e
contaminação, conceitos por vezes confundidos. Contaminação corresponde à presença de
concentrações elevadas de certas substâncias na água, sedimentos ou organismos, cuja
presença supera os níveis naturais para determinada área e um organismo específico.
Enquanto, a poluição já pressupõe a ocorrência de determinados factores.
Meirelles (1991), define poluição como sendo, toda alteração das propriedades naturais do
meio ambiente, causada por agente de qualquer espécie, prejudicial à saúde, a segurança ou
ao bem-estar da população sujeita a seus efeitos. Adicionalmente, Nusdeo (2015), afirma
que poluição significa a presença de elementos exógenos num determinado meio, de modo a
lhe deteriorar a qualidade ou a lhe ocasionar perturbações, tornando-o inadequado a uma
dada utilização. Por outro lado, Ferri (1983), afirma que poluição é tudo o que ocasione
desequilíbrios ecológicos, perturbações na vida dos ecossistemas. O mesmo ainda acrescenta
que, não interessa saber se a modificação se faz no ar, na água ou na terra; se é produzida
por matéria em estado gasoso, líquido ou sólido, ou por libertação de energia, nem se é
causada por seres vivos ou por substâncias destituídas de vida.
Nusdeo (2015), afirma que, a supracitada convenção é um dos documentos gerais mais
importantes de preservação e combate a poluição do meio marinho.
11
Segundo Ferreira (2010), a palavra “plástico” deriva do latim “plasticu” que significa
“aquilo que tem propriedade de adquirir determinadas formas sensíveis, por efeito de uma
acção exterior”.
Os plásticos são materiais polímeros sintéticos leves, impermeáveis e duráveis, que podem
ser formulados para serem rígidos ou flexíveis, transparentes ou coloridos, e apresentam
baixo custo. Por tantas vantagens, são amplamente empregados em todos os sectores da
sociedade moderna. No entanto, problemas relacionados ao gerenciamento inadequado dos
resíduos sólidos fazem com que estes materiais sejam considerados contaminantes
omnipresentes no ambiente (Montagner et al, 2021). Os mesmos afirmam que a produção
mundial de plásticos, que se iniciou em 1950, cresceu consideravelmente nos últimos 60
anos, com estimativas de que 8,3 bilhões de toneladas de plásticos virgens tenham sido
produzidos para as mais diferentes aplicações. Os números actuais mostram que 6,3 bilhões
de toneladas de resíduos plásticos foram gerados entre o início da produção, na década de
50, e 2015. Dessa quantidade, 9% foram reciclados, 12% incinerados e 79% foram dispostos
em aterros ou no ambiente, demonstrando as deficiências no saneamento e no controle dos
resíduos sólidos. Até 2050, estão previstos que cerca de 12 bilhões de toneladas de resíduos
plásticos sejam lançados no ambiente, caso a produção actual de plásticos permaneça nesse
ritmo acelerado e sem melhoria da gestão de resíduos. Estudos apontam que, dentre os
plásticos mais encontrados no ambiente, estão os polímeros termoplásticos polipropileno
(PP), polietileno (PE) (podendo ser PEBD - polietileno de baixa densidade ou PEAD -
polietileno de alta densidade), poliestireno (PS), policloreto de vinila (PVC), politereftalato
de etileno (PET), poliamida (PA) e o polímero termorrigido poliuretano (PU) (Montagner et
al, 2021).
12
predominantemente, na superfície d’água, embora plásticos flutuantes possam sofrer
bioincrustação e afundar (Cózar et al., 2015). Materiais de alta densidade, como o
policloreto de vinila (PVC), poliéster ou poliamidas, afundam (Jenny; et al, S.d).
Os plásticos por serem materiais maleáveis e flexíveis que podem ser moldados em,
praticamente, qualquer forma, além de leves, versáteis, fortes, duráveis, resistentes à
corrosão e de baixo custo, tornam-se materiais extremamente práticos e ideais para diversas
aplicações. O que, de fato, leva ao aumento de sua utilização e, consequentemente, da sua
demanda (Moore, 2008).
De fato, o sucesso dos plásticos como material tem sido substancial, eles provaram ser
versáteis para uso em uma variedade de tipos e formas, incluindo polímeros naturais,
polímeros naturais modificados, plásticos termoendurecidos, termoplásticos e, mais
recentemente, plásticos biodegradáveis (Andrady & Neal, 1977). No que se refere aos
plásticos biodegradáveis, eles são obtidos a partir de materiais orgânicos e, ou materiais
fósseis, sujeitos a degradação por microorganismos, dióxido de carbono ou metano e
biomassa em condições específicas. O desenvolvimento de plásticos biodegradáveis é
muitas vezes visto como uma alternativa viável aos plásticos tradicionais. No entanto, eles
também podem ser uma fonte de microplásticos. Os plásticos biodegradáveis são
tipicamente compostos de polímeros sintéticos e amidos, óleos vegetais ou produtos
químicos especializados, projectados para acelerar os tempos de degradação que, se
descartados adequadamente, se decompõem em plantas industriais de compostagem sob
condições quentes, húmidas e bem arejadas (Fact, 2016).
Pois bem para adquirirem as características que os tornam tão práticos e úteis, muitas vezes,
esses polímeros sintéticos têm de passar por um processo no qual recebem aditivos que
acabam por modificar a sua estrutura. Os aditivos são compostos químicos específicos
adicionados a um polímero para alterar ou melhorar as suas propriedades (Andrady & Neal,
13
1977). Estes aditivos, geralmente, podem incluir cargas inorgânicas - por exemplo, carbono
ou sílica, para reforçar o material plástico, estabilizadores térmicos para permitir que os
plásticos sejam processados a altas temperaturas, plastificantes para tornar o material
maleável e flexível, retardadores de fogo para desencorajar a ignição e a queima e, também,
estabilizadores ultravioletas – UV, para evitar a degradação quando exposto à luz solar.
Corantes, agentes de fosqueantes, opacificantes e aditivos de brilho também podem ser
utilizados para melhorar a aparência de um produto plástico (Andrady & Neal, 1977).
No entanto, se por um lado, as propriedades que tornam os plásticos tão úteis, por outro,
fazem com que os resíduos de plásticos inadequadamente manipulados se tornem uma
grande ameaça para o meio marinho. Devido a sua durabilidade, eles podem persistir nos
mares por muitos anos, em razão da sua baixa densidade eles são facilmente dispersos pela
água e vento, às vezes viajando milhares de quilómetros de áreas de origem (Cunha, 2017).
Apesar do plástico trazer benefícios económicos, esse traz preocupações acerca dos seus
resíduos, já que ao envelhecer, o plástico aumenta a capacidade de absorver poluentes
hidrofóbicos, tais como, Poluentes Orgânicos Persistentes (POP), e estes podem se
concentrar à superfície da água em até 500 vezes (WurL; Obbard, 2004). Além disso, essas
substâncias são bioacumulativas e contribuem para o processo de biomagnificação, que
consiste no aumento da concentração de determinada substância ao longo dos níveis tróficos
da cadeia alimentar, resultando em um maior acúmulo de substâncias nos organismos que
ocupam os níveis tróficos.
14
1.2.2 Microplásticos
Os microplásticos são comumente definidos como partículas plásticas com diâmetro entre
0,1 e 5 mm. Outras terminologias podem ser utilizadas para classificar partículas com
tamanhos menores ou maiores aos dos microplásticos. O termo nanoplásticos, por exemplo,
tem sido utilizado para definir partículas ainda menores, com diâmetro inferior a 0,001 mm,
ou 1000 nm (SOBHANI et al., 2020). Partículas com tamanho superior ao dos
microplásticos podem ser classificadas como mesoplásticos ou macroplásticos. Os
mesoplásticos são aquelas partículas com diâmetro entre 5 e 25 mm. Já as partículas com
diâmetro maior que 25 mm são chamadas de macroplásticos (Pompêo, 2022)
A presença de microplásticos no ambiente marinho é preocupante, porque são difíceis de
serem visualizados e removidos, sendo potencialmente ingeridos por uma gama muito maior
de organismos, quando comparados aos macroplásticos (Romeo et al., 2015), incluindo:
corais e organismos zooplanctónicos.
Com a ingestão de microplástico, pode ocorrer acumulação destes nos tecidos do animal e a
transferência pela cadeia trófica (Cozar et al., 2014), atingindo uma quantidade ainda maior
de espécies.
Os microplásticos podem ainda ser classificados de acordo com a sua origem. Quando
partículas menores que 5 mm são produzidas intencionalmente para determinadas aplicações
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a partir de processos industriais, estas partículas são oriundas de fontes primárias. Pastas de
dente, sabões, cremes esfoliantes e géis de banho são alguns exemplos de produtos de
higiene pessoal que podem levar microplásticos em sua composição. A principal via de
contaminação de corpos hídrico por microplásticos de fontes primárias é a partir de efluentes
domésticos e industriais. Por outro lado, se as partículas plásticas são formadas a partir do
intemperismo ambiental, estas são ditas como resultantes de fontes secundárias. Quando
plásticos são lançados indevidamente e permanecem no ambiente natural, eles estão sujeitos
à ação de diferentes fatores ambientais, como intemperismo, radiação ultravioleta e ação
mecânica, que podem promover a fragmentação destes materiais em partículas cada vez
menores(XU et, al 2019).
ROSAL, 2021 apresenta outra forma de classificar os microplásticos pela morfologia das
partículas estes diminutos de plásticos (1) grânulos e em pó (primário), (2) fragmentos,
fibras, linhas, filme e espumas (secundário) está última categoria resulta do processo físico-
químico e biológico aos quais estão expostos no meio ambiente e por
intemperismo(GESAMP, 2019).
Cerca de 70% dos ´´lixos´´ ou residos plásticos se encontram depositados no fundo dos
oceanos em relação ao restante presente na superficie e na coluna dꞌágua (PELMALM,
2019). Um ano dpois PAGTER e outos reportaram que mais de 630 espécies de organismos
aqiáricos estão sujeitas a ingestão de MPs, mamiíeros, avés, peixes ( incluindo espécies
comerciais) invertebrados e zooplânctons se alimentam na zona fótica( águas superficiais)
oonde se encontram a maioria dos MPs recém introduzidos ao ambiente aquático flutuantes
e disponiveis a estes organismos pós com a densidade e hidrofobicidade alteradas, devido ás
mudanças nas propriedades polímericas causadas por factores bióticos e abióticos os MPs se
16
tornam suspensos na coluna dꞌágua e, por conseguinte são depositados no
sedimento(PAGTER et al, 2020).
Segundo Caixeta et al. (2018), uma grande parcela de microplásticos e nano plásticos
lançados no ambiente causam factores hostis à flora. Leonor (2020), acrescenta ainda que, os
microplásticos devido ao seu tamanho reduzido, eles podem ser facilmente ingeridos por
organismos aquáticos desde os níveis tróficos inferiores, o que apresenta riscos físicos já
comprovados para esses organismos como à obstrução do trato digestivo, de acordo com a
relação do tamanho da partícula e tamanho do animal, o que limita a entrada de alimentos e
consequentemente pode levar o animal à desnutrição, além de causar stresse e alterações
hormonais que comprometem a sua taxa de reprodução e crescimento. (Leonor, 2020).
Teixeira (2019), afirma que existem ainda poucos estudos acerca dos impactos na saúde
humana por conta do microplástico, mas sabe-se que devido a permanência deste no
ambiente estomacal e pulmonar, pode vir a trazer diversos problemas nesses órgãos, além de
ter probabilidade de causar intoxicação por várias substâncias pela captação de poluentes
orgânicos persistentes.
Ademais, há estudos referentes ao efeito de componentes maléficos à saúde humana em
embalagens plásticas e se pressupõe que tais efeitos também estejam associados ao
microplástico, esses compostos presentes em plástico estão ligados a disfunções endócrinas,
diabetes tipo 2, e anormalidades no sistema reprodutor masculino e feminino (Cruz et al.,
2017).
Lucio e outros acrescentam que em termos de contaminantes, os MPs representam uma
grande preocupação, visto que os animais aquáticos utilizados na alimentação humana
possuem em seu organismo micropartículas plásticas. Aliado a este factor há um grande
problema como a capacidade de bioacumulação destas partículas na cadeia alimentar,
afectando negativamente a ingestão de alimentos, reduzindo a quantidade de energia
disponível para o crescimento e sucesso reprodutivo. Além disso, a capacidade destas
micropartículas plásticas de adsorverem poluidores químicos do ambiente ressalta a
preocupação quanto ao seu papel no movimento desses poluentes por meio da cadeia
alimentar, uma vez que podem ser transferidos do microplástico para o corpo
( Lucio, Magnoni, Pimenta, & Conte, 2019)
17
Os microplásticos em ambientes marinhos tendem a se comportar como uma “esponja”
interagindo com o meio, liberando e adsorvendo substâncias que podem gerar impactos em
diferentes matrizes ambientais, como a água e o sedimento e aos organismos a eles
associados. Estudos relatam que partículas plásticas possuem a capacidade de acumular 106
a mais de substâncias do que 1L de água do mar (MATO et al., 2001) e 100 vezes mais que
o sedimento marinho (TEUTEN et al., 2009). Tal capacidade está associada a diversos
fatores ligados às características dos plásticos, como a composição, porosidade, densidade,
grau de cristalinidade ou de emborrachado, tempo de residência do plástico no ambiente,
grau de envelhecimento, foto oxidação, entre outros factores, além dos aspectos poliméricos,
factores físico-químico ambientais como pH, temperatura, salinidade, matéria orgânica e
microbiota, influenciam de maneira directa nos processos de sorção e desorção de
substâncias dos microplásticos com os ecossistemas marinhos e costeiros (WANG et al.,
2016; ENYOH et al., 2021).
MA et al., 2020 afirmam que ao retratar dos efeitos dos MPs sobre os vertebrados estuarinos
e marinhos, inferem que os mesmos podem estar mais susceptíveis aos efeitos em cascata,
por estarem, em sua maioria, em níveis tróficos superiores, podendo biomagnificar e
bioacumular os MPs oriundos de organismos de níveis tróficos inferiores, causando uma
perturbação no fluxo de energia na cadeia alimentar (MA et al., 2020).
Morfologia
A tainha apresenta o corpo alongado e fusiforme, com escamas tipo ciclóides (lisas ao tato);
29-36 escamas em séries laterais (sendo comum para a espécie entre 30-34 escamas).
Barbatana peitoral com 1 raio dividido e 14-16 raios ramificados; anal com 3 espinhos e 8
raios. Barbatana caudal levemente lunada. Coloração do corpo prateada nas laterais em tom
18
azulado, com dorso mais escuro. Apresenta estrias longitudinais escuras que passam pelo
centro das escamas e se estendem da cabeça até o pedúnculo caudal, sendo menos nítidas na
metade inferior do corpo, desaparecendo na região ventral do corpo que apresenta coloração
esbranquiçada.
Segundo dados recentes disponibilizados pela IUCN afirma que a espécie N. falcipinnis é
uma espécie pelágica eurialina que tolera condições que variam de hipersalino a água doce;
favorece substratos arenosos ou lamacentos com um tamanho máximo de 50cm, figura 1.
Apesar das dificuldade de identificação das especiés desta familia, a IUCN apresenta a
seguinte categoria taxonómica descrita por Valencienne, 1836.
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Actinopterygii
Ordem: Mugiliformes
Família: Mugilidae
Género: Neochelon
19
Espécie: N. falcipinnis
Distribuição geográfica
Segundo Medeiros (2014), afirma que as espécies pertencentes a família Mugilidae são
biologicamente fundamentais na cadeia alimentar aquática como elo de ligação entre o
menor e os mais altos níveis tróficos uma vez que são consumidores primários que se
alimentam de detritos e microalgas epífitas e bentónicas (diatomáceas, dinoflagelados e
cianobactérias) e servem de alimento a numerosas aves, peixes e mamíferos como o golfinho
comum.
Ecologia alimentar
Habitat e Reprodução
Os membros desta familia ocorrem em todo mundo em zonas costeiras de mares tropicais,
subtropicais e temperados, muitas destas espécies são consideradas diádromas, podendo
ocorrer em ambientes distintos(marinhos, estuarino e de água doce) em diferentes fases do
seu ciclo de vida (Lemos, 2015). N. falcipinnis habita em águas costeiras marinhas, estuários
e lagoas sobre substratos arenosos ou lamacentos. Os N. Falcipinnis são ovíparos, os seus
ovos são pelágicos e não adesivos. A desova pode ocorrer em lagoas ou no mar.
21
2.CAPITULO II - MATERIAIS E MÉTODOS
22
2.1.Tipo de Pesquisa
Segundo Moreira, 2023 método de pesquisa exploratória é uma técnica que tem como
objetivo principal explorar um assunto ou tema de forma mais ampla e profunda, permitindo
que o pesquisador identifique e entenda as questões centrais associadas a esse tópico, na
pesquisa exploratória, geralmente é utilizada uma combinação de técnicas, como a revisão
bibliográfica, a análise de documentos, entrevistas com especialistas, grupos de discussão e
outros métodos que permitem ao pesquisador coletar informações de forma aberta e flexível
o assunto ou o tema. Na sequqência, Moreira acrescenta que pesquisa quali-quantitativa ou
pesquisa misto, é uma abordagem que combina elementos da pesquisa qualitativa e
quantitativa onde os dados qualitativos e quantitativos são coletados simultaneamente,
permitindo uma compreensão mais completa e multifacetada do fenômeno estudado. Os
dados coletados qualitativamente através de entrevistas, por exemplo, são convertidos em
dados quantitativos através do recebimento de códigos para categorias específicas. Esta
análise quantitativa possibilita a identificação de padrões e tendências na amostra
estatisticamente representativa (Moreira, 2023).
O presente estudo foi realizado no estuário do rio Bero. O rio Bero é um dos principais
cursos de água da província do Namibe, de elevada relevância para as populações do
Namibe, pois fornece água para o uso doméstico e para a actividade agrícola (Lúcio, 2015).
Segundo Silva (2018), o seu estuário está situado na embocadura do mesmo rio (Figura 3).
Este estuário tem uma única saída para o mar que está sempre aberta, permitindo que,
durante as marés altas, a água do mar penetre no estuário e durante as marés baixas pouca
água do rio concentrada no estuário passe para o mar (Silva, 2018). Na realidade esse
estuário ocupava o espaço compreendido entre a salina “Sal do Sol”, a estrada da cidade de
Moçâmedes – controlo policial até ao antigo bairro “Nação-Praia”. As acções humanas,
como a agricultura, a construção, o aumento da área da salina da cidade, o desvio feito ao
leito do rio na zona da Macala e o aumento das superfícies agricultáveis junto à foz do rio,
mudaram e diminuíram consideravelmente a sua extensão (Silva, 2018), figura 3.
23
A B
Figura 3: Área de estudo: Estuário do Rio Bero (A e B). Fonte: Própria (2023).
Há produção agrícola nas adjacências deste corpo de água e pela alta produtividade primaria
neste local permite muitas concentrações de diversidade de espécies transitórias, pós, este
estuário tem servido de lugar para a prática de pesca de subsistência para populações
ribeirinhas, servindo-lhes de fonte de renda. Além da tainha (N. falcipinnis) o presente
estuário possui outras espécies como o roncador (conodon nobilis –Linneus, 1758), ferreira
(Lithognathus mormyrus), tico tico (Trichechus manatus), sardinha (Sardinela) e carapau
(Trachurus trecae) , encontra-se também espécie da família decápodes no caso o camarão
(Penaeus vannamel) e a santola (Mja squinado), as aves marinhas mais frequentes são o
Flamingo (Phoenicopterus ruber), e a Cegonha (Ciconia spp), estas aproveitam deste local
para se alimentarem e mesmas se alimentam de pequenos crustáceos.
O estuário em estudo é rico em biodiverdade com já descrito na secção 2.2, está diversidade
de especies é o que represnta a população da presnte pesquisa pós as estpecies descritas
nesta secção representam as principais especiés mais frequentes ou as que realizam a
piracema no estuário do Rio Bero ou seja a presnte presquisa tem como população as
24
especies migratórias ou que realizam a piracema no estuário do Rio Bero e como amostra os
seguintes elementos: 35 espécimes de N. Falcipinnis e 600g de sedimento arenoso do
estuário do Rio Bero.
Uma vez que o sedimento arenoso é um compartimento deste corpo de água que apresenta
acúmulo de contaminantes na sua composição que ganhou com passar do tempo faz-se
nessecario avaliar-lo para melhor inferir sobre a ocorrencia dos MPs no prsente estuário
2.4Técnicas e procedimentos
Para o alcance dos objectivos traçados teve-se a necessidade de usar os seguintes materiais:
Para obtenção de dados referentes à poluição por microplástico no Estuário do rio Bero,
inicialmente, fez-se um levantamento dos principais referentes teóricos sobre o tema em
estudo.
Fez-se uma amostragem ao longo do estuário do Rio Bero durante os meses de Novembro
de 2022 e Maio de 2023, durante o qual capturou-se 35 espécimes de N. Falcipinnis após a
captura os espécimes foram acondicionados em um balde contendo gelo a fim de parar a
digestão e, em seguida transportados para o Laboratório de Ictiologia da Faculdade de
Ciências Naturais da Universidade do Namibe para posteriores análises.
25
Posteriormente, fez-se uma amostragem do sedimento arenoso de acordo com o protocolo de
Frias et al., (2018) e European commission (EC, 2013), na qual demarcou-se uma área de
1m² a partir da marca da maré alta e dentro desta área definiu-se dois (2) quadrantes com
50cm x 50cm separados por 5m de distância. Finalmente, recolheu-se a camada superficial
do sedimento (aproximadamente 5cm de profundidade) e transportou-se para o Laboratório
de Química para posteriores análises, figura 4.
A B
Figura 4: Medição dos pontos de recolha de amostra de sedimento em uma área de 1m2 (A
e B). Fonte: Própria (2023).
2.5.2 Análise Laboratorial
26
Figura 5: Biometria das amostras. Fonte: Própria (2023).
Após a biometria, fez-se uma incisão na parte médio-ventral de cada espécime, a partir do
ânus para a determinação do sexo por meio da análise macroscópica da gónada, com auxílio
de uma pinça e um bisturi. Posteriormente, removeu-se 35 estômagos de indivíduos e pesou-
se para determinação do peso dos estômagos com conteúdo, estômago vazio e peso dos itens
alimentares encontrados através de uma balança com a precisão de três casas decimais
(Figura 6).
A B
Figura 6: Pesagem da amostra (A), incisão da parte médio-ventral da amostra (B). Fonte:
Própria (2023).
27
O grau de repleção foi determinado visualmente, conforme de uma escala que agrupa os
estômagos em 5 estados (Adaptado do INIP-Angola).
1- Vazio – 0%
2- C/ conteúdo 1 – 25%
3- C/ conteúdo 25 – 50%
4- C/ conteúdo 50 – 75%
5- C/ conteúdo 75 – 100%
Em seguida, conservou-se o conteúdo estomacal em álcool a 70% para posterior analise.
A B
28
A
B
29
A B
C Dacia Ea
do do
Amostra foi transportada para o laboratório de ecofisiologia para a devida observação, desta
feita, para se cumprir com objectivo da prática após a filtração com ajuda de uma pinça,
retirou-se o papel filtro do funil para um papel alumínio embrulhado para conservar a
30
amostra e deixou-se secar a temperatura ambiente por um período de 30 minutos depois da
secagem, levou-se o papel filtro para a devida observação na lupa.
31
3. CAPITULO III - RESULTADOS E DISCUSSÕES
_______________________________________________________________________
32
3.1. Apresentação dos resultados da análise laboratorial
3.5
2.5
Frenquência
1.5
0.5
0
19 20 21 22 23 24 25 26 27 34 38
Comprimento (cm)
33
Assim como na figura 11 os indivíduos apresentavam diferentes frequências de
comprimento, a figura 12 mostra que os mesmos apresentavam também diferentes
frequências de peso.
600
500
400
Peso(g)
300
200
100
0
19 20 21 22 23 24 25 26 27 34 38
Comprimento(cm)
34
Tabela 1 – Tabela ilustrativa de todos indivíduos com os respetivos tipos, cor e quantidade
de MPs.
35
Quantificação da Ingestão dos MPs pela N.falcipinnis
12 (34%)
23 (66%)
Figura 13: Caracterização dos microplásticos ingerido pela N. falcipinnis. Fonte: Própria
(2023).
Dos 32 MPs totais encontrados nos estômagos de 23 tainhas, a cor mais abundante foi a
preta (45%), seguida da azul (22%), castanha (17%), vermelha (13%) e transparente (3%).
Cores
Figura 14: Cores dos microplásticos encontrados nos estômagos das N. falcipinnis. Fonte:
Própria (2023).
36
Figura 15: Tipos de fibras encontrados na tainha. Fonte: Própria (2023).
Dos 600g de sedimento arenoso recolhido no estuário do rio Bero, foi possível observar um
total de setenta e nove (79) microplásticos, apenas 72MPs quantificados, dentre eles as
fibras e filamentos. Destes dois tipos de microplásticos, as fibras foram as mais
predominantes com o total de 70 que representa 97,2 % e 2 filamentos que representa 2,8%.
Destes 79MPs 7 deles não foram quantificados por apresenatrem a cor clara ou transparente
uma vez que podia ser cofundido com a cor do material (papel filtro branco) usado na
observação dos mesmos, figura 17.
37
Tipos de MPs encontrados no sedimento
120
100
Percentagem
80
60
40
20
0
Fibras Filamentos
30
25
20
15
10
5
0
Azul Preta Vermelha Verde
Cores
38
Figura 18: Microplásticos encontrados na areia. Fonte: Própria (2023).
A figura abaixo apresenta a variância semanal da ocorrência de microplásticos no sedimento
arenoso em que a maior predominância de MPs foi na terceira semana.
39
destacadas com 83,6%, seguido por fragmentos com 8,5%, e filamentos com 7,4%). Quanto
as cores, a cor a azul foi a mais predominante com 66,8%, seguida da cor vermelha 9,6%,
transparente 7,3% e verde 6,2%.
Os microplásticos podem ser transferidos ao longo das cadeias tróficas marinhas através de
várias espécies de peixes, muitas das quais possuem importância comercial (Ory et al.,
40
2018). A ingestão de microplásticos pode ocorrer de forma directa, ou indirecta através do
consumo de organismos contaminados. Existem inúmeras consequências da ingestão de
partículas de microplásticos para os organismos marinhos. A sua ingestão pode causar
bloqueios internos, abrasão e danos no aparelho digestivo dos peixes, o que poderá causar
desnutrição e potencial morte do animal (Nadal et al., 2016).
41
resíduos sólidos (plásticos), bem como a carência de saneamento básico. Medidas como
redução do consumo irresponsável de materiais plásticos e emponderamento da população
devem ser levadas em consideração pelos tomadores de decisão, já que esses materiais são
persistentes e acabam, muitas vezes, poluindo os ecossistemas naturais e afectando
actividades socioeconómicas.
Referente aos tipos do microplásticos encontrados, destacam-se na sua maioria as fibras,
seguido por filamentos. Como já descrito, nas espécies da N.falcipinnis analisadas
predominou as fibras de cor preta e nos sedimentos arenosos são as fibras azuis que se
apresentaram com maior percentagem.
Maior presença da fiscalização no estuário do rio Bero de forma a desenfrear a poluição por
plástico levado a cabo pelas acções antrópicas como também é imprescindível efectuar o
monitoramento de resíduos sólidos no ambiente marinho, a fim de avaliar os índices de
contaminação e possível acréscimo.
42
4. CONCLUSÕES
A problemática da poluição por plásticos nos oceanos está a merecer cada vez mais atenção
por parte das mais variadas áreas disciplinares, mobilizando a sociedade civil e a média,
procurando mitigar o problema, portanto o levantamento dos principais contributos teóricos
referentes à poluição por plásticos permitiu dar bases teóricas e práticas para o alcance dos
objectivos preconizados na presente pesquisa.
Análise laboratorial do trato gastrointestinal da N.falcipinnis, permitiu detectar a presença de
32 microplásticos dos 35 processados e nos 600g de sedimentos processados foi possível
verificar a ocorrência de 72 microplásticos. As cores mais abundantes dos plásticos foram
azul, preta, transparente, vermelha e verde, o que pode indicar uma maior disponibilidade no
meio aquático ou uma selecção preferencial neste ambiente. Estes dados despertam a
atenção, pois as consequências da poluição por microplásticos são evidentes e que geram
problemas sérios na cadeia trófica das espécies marinhas e dos estuários. Considerando os
impactos negativos da ingestão de microplásticos para os peixes e, potencialmente, para a
saúde humana devido ao seu consumo, compreender os padrões de ingestão de
microplásticos é fundamental para identificar as origens do material ingerido e
consequentemente auxiliar na definição de medidas para a prevenção desse impacto no
ambiente marinho e estuarino. Além disso, é preciso melhor entender os impactos do esforço
pesqueiro em termos do aumento da taxa de mortalidade em consequência do aumento da
ingestão de microplástico derivado de vários materiais. A implementação eficiente de
políticas locais e nacionais, juntamente com os objectivos de Desenvolvimento Sustentáveis
da Organização das Nações Unidas e uma economia circular para os plásticos, é importante
para garantir essa prevenção. Por fim, é necessário que se implemente uma gestão
ecossistêmica costeira com objectivo principal de promover estratégias para a gestão
integrada dos ecossistemas costeiros, buscando promover a conservação e a utilização do
ambiente de forma sustentável.
É recomendável, para estudos futuros, a inclusão de um maior número de indivíduos adultos
e juvenis, uma vez que as suas dietas variam ao longo da sua ontogenia alterando a
acumulação de MPs. É ainda de realçar a necessidade de reforçar o número de indivíduos
amostrados, incluir variações sazonais e averiguar a existência de diferenças entre áreas
geográficas.
43
5. SUGESTÕES
44
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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49
50
APÊNDICES
51
Apêndice - Analise laboratorial de microplásticos no organismo da N.falcipinnis
A
B C
E F
D
52