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DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA

REGÊNCIA DO CURSO DE LICENCIATURA EM RECURSOS MARINHOS

ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DE MICROPLÁTICO NO ESTUÁRIO DO RIO BERO


DO NAMIBE

Bendi Chihombola Mutuva

2023
DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA

REGÊNCIA DO CURSO DE LICENCIATURA EM RECURSOS MARINHOS

ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DE MICROPLÁTICO NO ESTUÁRIO DO RIO BERO


DO NAMIBE

Bendi Chihombola Mutuva

Trabalho de fim de Curso elaborado para a obtenção


do grau de Licenciada em Recursos Marinhos, no
Departamento de Biologia, sob a orientação Científica
da Docente Madalena Barros Inácio, MSc.

Setembro/2023
UNIVERSIDADE DO NAMIBE

Unidade Orgânica: Faculdade de Ciências Naturais


Departamento de: Biologia

Trabalho de Fim de Curso apresentado à Faculdade


de Ciências Naturais da Universidade do Namibe,
como parte dos requisitos para aquisição do grau de
Licenciada em Recursos Marinhos.

ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DE MICROPLÁTICO NO ESTUÁRIO DO RIO BERO


DO NAMIBE

Apresentado por: Bendi Chihombola Mutuva

Nº de Estudante: __________________________

Nº de Registo do trabalho: __________________

Orientada por:

____________________________

Madalena Barros Inácio, MSc.

Co-orientador

__________________________________

Ubaldo Jorge Augusto de Filipe André, PhD.

Moçâmedes/2023
Dedico este trabalho aos meus pais "Francisco Zeca
Mutuva (em memória) e Nené Fute Chihombola" que,
desde muito cedo, acreditaram em mim. Eterna gratidão
por tudo meus heróis!

i
AGRADECIMENTOS

Á Deus todo-poderoso pela força e protecção durante esta caminhada e por permitir a
elaboração deste trabalho, dando-me luz e discernimento nas horas em que tudo parecia
incerto;
À minha querida mãe pelas suas orações, pelo esforço e dedicação e encorajamento, muito
obrigada pelo papel de pai e mãe, desde os meus 6 anos de idade;
Ao senhor Abraão José Cale que considero como um segundo pai e que nunca mediu esforços
em ajudar, á minha família grata pelo encorajamento;
Um profundo agradecimento vai para o meu noivo (Constantino Tchongolola) que esteve
sempre comigo em todos os momentos, dando o seu apoio e encorajamento quando tudo
parecia incerto; à minha amiga Augusta Fernando, obrigada pela amizade e pela força!
Gratidão, meus;
Um agradecimento especial à professora Madalena Inácio, minha tutora, pela paciência e pelo
direccionamento quanto à realização do trabalho;
Ao Professor Doutor Ubaldo Jorge Augusto de Filipe André, pela pronta disponibilidade
sempre que foi solicitado, apesar das suas ocupações, respondia prontamente as minhas
preocupações;

À regência de Recursos Marinhos, especialmente ao Coordenador do curso, MSc. Nelson


Francisco Baião Cambinda, "nosso Pai", por nos suportar, desde o segundo ano até à defesa,
respondendo a preocupação de cada estudante;

Aos professores Lázaro e Melo pela paciência e pelos ensinamentos durante a fase
experimental do trabalho no laboratório;
À Universidade do Namibe, em particular à Faculdade de Ciências Naturais, pela
oportunidade que me foi concedida;
A todos os docentes e funcionários das Faculdades de Ciências Naturais e das Pescas que,
directa ou indirectamente, contribuíram para a minha formação;
Finalmente aos amigos e companheiros de batalha, em particular a “geração de ouro e pilha
rija”, pelos momentos de conivência;
As palavras não chegam para demonstrar a minha gratidão por vocês, gratidão, gratidão!...

ii
RESUMO

O plástico está presente em todos os sectores e actividades económicas. Este material, barato
e versátil, promoveu uma série de avanços científicos e benefícios sociais. As suas
características levaram à proliferação do seu uso a nível mundial, todavia, o seu consumo teve
como consequência o aumento da poluição resultante do abandono dos seus resíduos, mas
além dos plásticos a comunidade científica está também preocupada com o tamanho menor
destes poluentes ‟Microplásticos-MPs‟ por constituírem a principal forma de poluição dos
ambientes aquáticos, podendo gerar impactos nocivos à biota circundante, principalmente
para espécies de interesse comercial como é o caso da Neochelon falcipinnis. A presnte
presquisa é exploratória com um pendor misto ou seja quali-qualintativo em que objectivou
analisar a ocorrência de microplástico no estuário do rio Bero da província do Namibe isto é
na N. falcipinnis e no sedimento arenoso. Para o efeito foram amostrados um total de 35
indivíduos pescados no estuário do Rio Bero. Utilizando uma metodologia básica de
observação de conteúdo estomacal, todos os indivíduos foram previamente medidos e pesados
e posteriormente, removidos os estômagos, foram conservados em álcool a 70% e observados
na sequência, isto no mês de Maio de 2023. Os resultados mostraram que dos indivíduos
amostrados 66% ingeriram MPs do tipo fibra com tamanhos e cores diferentes, tendo
predominado a cor preta, e para o sedimento os resultados mostraram que em 600g foram
observados um total de setenta e nove (79) microplásticos, apenas 72 MPs quantificados, os
microplásticos quantificados foram do tipo fibra com diferentes tamanhos e cores variadas em
que a cor com maior predominância foi azul. Destes 79MPs 7 deles não foram quantificados
por apresenatrem a cor clara ou transparente uma vez que podia ser cofundido com a cor do
material (papel filtro branco) usado na observação dos mesmos. Este estudo é de extrema
importância desde a poluição marinha em si, seus tipos e consequências sociais, económicas e
ambientais, assim como as normas, leis e convenções tanto internacionais como de
abrangências nacionais que visam controlá-la e reduzi-la.

Palavras-chave: Estuário; Plástico; Poluição; Microplástico; Macroplástico; Rio Bero.

iii
ABSTRACT

Plastic is present in all sectors and economic activities. This cheap and versatile material has

promoted a series of scientific advances and social benefits. Their characteristics have led to

the proliferation of their use worldwide, however, their consumption has resulted in an

increase in pollution resulting from the abandonment of their waste, but in addition to plastics,

the scientific community is also concerned about the smaller size of these pollutants

‟Microplastics -MPs‟ as they constitute the main form of pollution of aquatic environments,

and can generate harmful impacts on the surrounding biota, mainly for species of commercial

interest such as Neochelon falcipinnis. This research is exploratory with a mixed approach,

that is, qualitative and qualitative, which aimed to analyze the occurrence of microplastics in

the estuary of the Bero River in the province of Namibe, that is, in N. falcipinnis and in sandy

sediment. For this purpose, a total of 35 individuals fished in the Bero River estuary were

sampled. Using a basic methodology for observing stomach contents, all individuals were

previously measured and weighed and then, after removing their stomachs, they were

preserved in 70% alcohol and subsequently observed, this in May 2023. The results showed

that of the 66% of the individuals sampled ingested fiber-type MPs with different sizes and

colors, with black predominating, and for the sediment the results showed that in 600g a total

of seventy-nine (79) microplastics were observed, only 72 MPs were quantified, the

Quantified microplastics were of the fiber type with different sizes and varied colors, with the

most predominant color being blue. Of these 79 MPs, 7 of them were not quantified because

they were light or transparent in color, as this could be confused with the color of the material

(white filter paper) used to observe them. This study is extremely important regarding marine

pollution itself, its types and social, economic and environmental consequences, as well as the

standards, laws and conventions, both international and national, that aim to control and

reduce it.

iv
Keywords: Estuary; Plastic; Pollution; Microplastic; Macroplastic; Bero River.
LISTAS DE FIGURAS

Figura 1: Características morfológicas da Tainha (N. Falcipinnis)..........................................15

Figura 2: Distribuição geográfica da N. Falcipinnis.................................................................16

Figura 3: Área de estudo: Estuário do Rio Bero (A e B)..........................................................18

Figura 4: Metodologia utilizada para recolha de sedimento arenoso na área de estudo, em uma
área de 1m2 (A e B)..................................................................................................................20

Figura 5: Biometria das amostras.............................................................................................20

Figura 6: Pesagem da amostra (A), incisão da parte médio-ventral da amostra (B)................21

Figura 7: Análise macroscópica do estado de repleção dos estômagos (A), estado do estômago
após estar acondicionado em álcool 70% durante 72 horas (B)...............................................22

Figura 8: Análise do conteúdo estomacal na Lupa binocular...................................................22

Figura 9: Processo de preparação para amostragem do sedimento arenoso. Pesagem do


sedimento (A), mistura da solução salina de Nacl e água destilada filtrada (B), composto que
se deixou sedimentar por 24h (C), composto sedimentado (D) e filtração da amostra (E)......23

Figura 10: Observação do Microplásticos no sedimento..........................................................24

Figura 11: Frequência de comprimento da N. falcipinnis.........................................................25

Figura 12: Frequência de peso da N.falcipinnis........................................................................26

Figura 13: Caracterização dos microplásticos ingerido pela N. falcipinnis..............................28

Figura 14: Cores dos microplásticos encontrados nos estômagos das N. falcipinnis...............28

Figura 15: Tipos de fibras encontrados na tainha.....................................................................29

Figura 16: Apresentação gráfica do tipo de MPs encontrado na N.falcipinnis........................29

Figura 17: Tipos de Microplásticos encontrados no sedimento arenoso do Estuário do Rio


Bero...........................................................................................................................................30

Figura 18: Cores dos microplásticos.........................................................................................30

Figura 19: Microplásticos encontrados na areia.......................................................................31

v
Figura 20: Variação semanal da ocorrência dos MPs no sedimento arenoso do estuário do rio
Bero...........................................................................................................................................31

TABELAS

Tabela 1 – Tabela ilustrativa de todos indivíduos com os respetivos tipos, cor e quantidade de
MPs...........................................................................................................................................27

vi
LISTA DE ABREVIATURA

AC- Antes de Cristo


EC - Comissão Europeia
EU - União Europeia
GESAMP- Grupos de Peritos sobre Aspectos Científicos da Protecção do meio Marinho
IARC- Agência Internacional para a Investigação do Cancro
LDPE - Polietileno de baixa densidade
MARPOL- Convenção Internacional Para Prevenção de Poluição por Navios
MPs- Microplásticos
NOAA - Administração Nacional do Oceano e da Atmosfera
OMI- Organização Marítima Internacional
ONU – Organizações das Nações Unidas
PA - Poliamida
PC - Policarbonato
PE - Polietileno
PET - Politereftalato de etileno
POP - Poluente Orgânico Persistente
PP - Polipropileno
PS - Poliestireno
PTFE – Politetra fluoretileno
PUR - Poliuretano
PVC - Policloreto de vinil
UV - Ultravioleta
UNEP - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
UNINBE- Universidade do Namibe

vii
ÍNDICE

AGRADECIMENTOS.............................................................................................................ii

RESUMO..................................................................................................................................iii

ABSTRACT..............................................................................................................................iv

LISTA DE ABREVIATURA.................................................................................................vii

INTRODUÇÃO.........................................................................................................................1

1.1 Percepção Conceitual de Estuário................................................................................6


1.1.1 Características dos estuários...........................................................................................6
1.1.2 Critérios e Técnicas de Classificação de Estuários........................................................6
1.1.3 Principais Actividades....................................................................................................7
1.1.4 Importância dos Estuários..............................................................................................7
1.1.5 Fitoplâncton....................................................................................................................8
1.1.6 Zooplâncton..............................................................................................................8
1.2 Poluição Marinha.........................................................................................................8
1.2.1 Generalidade sobre os plásticos................................................................................10
1.2.2 Microplásticos..............................................................................................................13
1.2.3 Classificação dos microplásticos.............................................................................14
1.2.4 Consequência dos microplásticos no ambiente marinho..........................................15
2.CAPITULO II - MATERIAIS E MÉTODOS...................................................................21

2.1.Tipo de Pesquisa..............................................................................................................22
2.2Caracterização da Área de Estudo....................................................................................22
2.3 População e amostr..........................................................................................................23
2.4Técnicas e procedimentos................................................................................................23
2.5 Amostragem de campo…………………………………………………………………
...........................................................................................................................................24
2.5.1 Captura dos peixes e recolha de areia.......................................................................24
2.5.2 Análise Laboratorial.....................................................................................................25
2.5.3 Análise do trato estomacal da N. Falcipinnis e identificação dos microplásticos....25
2.5.4 Quantificação de microplástico no sedimento arenoso do estuário.............................28
3. CAPITULO III - RESULTADOS E DISCUSSÕES........................................................30

_______________________________________________________________________.....30

viii
3.1. Apresentação dos resultados da análise laboratorial......................................................30
3.1.1. Análise da frequência dos indivíduos amostrados...................................................30
3.1.2. Análise biológica.....................................................................................................31
3.2 Análise da areia da praia por sistema de
suspensão…………………………………………….......................................................34
3.3 Análise dos result............................................................................................................36
3.4. Proposta de solução do problema...................................................................................39
4. CONCLUSÕES...................................................................................................................40

5. SUGESTÕES.......................................................................................................................41

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................................42

APÊNDICES...........................................................................................................................47

ix
INTRODUÇÃO

Desde a antiguidade, os seres humanos possuem profunda ligação com os mares e oceanos,
estabelecendo suas comunidades nas adjacências desses corpos d’água, utilizando-os como
fonte primária de alimentação, ou usando-os como via principal de transporte e comércio.
Tudo isto porque os mares e oceanos são espaços fundamentais para a existência e a
conservação da vida na terra, possuindo um carácter transaccional e multicultural, uma vez
que não se restringem a uma só nação, mas fazem parte de um todo complexo e integrado
que influencia ao planeta como um todo, e não somente aqueles que têm contacto directo
com suas águas (Fernandes, 2018).
Neste sentido, observa-se que o ambiente marinho, como consequência de seu intrínseco
contacto com os povos e suas actividades, acaba por ser atingido directamente pela evolução
dos hábitos e meios de produção humana, seja de forma negativa ou positiva, assim, com a
chegada da revolução industrial, a humanidade passou cada vez mais a aumentar sua
capacidade de produção e consumo. Dado a este facto, aumentou-se também a quantidade de
resíduos gerados nesse processo, ao passo que o manejo destes detritos não conseguiu
acompanhar o aumento exponencial de sua produção, o que acabou causando o despejo
desses materiais na natureza de forma indiscriminada e inadequada (Zanella, 2013).
Fernandes (2018), afirma que dentre tais materiais encontram-se os plásticos, materiais
multiusos que possuem quase infinitas aplicações comerciais. Segundo estudos, indicam
que, a produção mundial de plástico tem vindo a aumentar desde 1950, tendo sido
produzidas cerca de 359 milhões de toneladas no ano de 2018 e que o plástico é a base da
produção de vários materiais, sendo cada vez mais utilizado em embalagens (cerca de 40%
do total de plástico produzido), na construção civil, na mobilidade e transporte, nos matériais
electrónicos, na agricultura, nos materiais de cuidados de saúde, no desporto e lazer, bem
como na energia, por apresentarem características como resistência à corrosão, baixa
condutividade eléctrica e térmica, elevada durabilidade, serem leves, versáteis e ainda por
apresentarem baixo preço (Plastics Europe, 2019).
Pompêo et al (2022), afirmam que as actividades terrestres são fontes de uma variedade de
poluentes que impactam negativamente os ecossistemas costeiros e marinhos. Dentre estes
poluentes, os que representam um elevado grau de ameaça são os metais pesados, poluentes
orgânicos persistentes, patogénicos, substâncias radioactivas, hidrocarbonetos,
petroquímicos, plásticos e outras formas de resíduos sólidos, calor e até ruídos. Eles chegam
1
aos mares e oceanos por meio de rios, canais ou outros cursos de água, chuvas, acção do
vento, esgotos e descargas industriais (Pompêo et al., 2022).

Os plásticos podem entrar nos ambientes aquáticos através de duas fontes principais:
marinhas e terrestres. Estima-se que 80 % do plástico existente nos oceanos seja emitido por
fontes terrestre (Hohenblum et al., 2015) que incluem os rios, escoamento de águas pluviais,
águas residuais, lixo transportado pelo vento e descartado nas praias pelo ser humano e
proveniente de actividades turísticas (Ryan et al., 2009). As fontes marinhas incluem
actividades marítimas, como o abandono de artes de pesca e descargas ilegais de resíduos
provenientes de navios (Ryan et al., 2009).

Um outro factor que se tem destacado no incremento da produção de detritos plásticos é a


má gestão pois estes são libertados no ambiente quantidades significativas, atingindo os
mares e oceanos cerca de 10% dos plásticos produzidos causando assim a poluição marinha
por plástico (APA, 2020).
O presnte trabalho faz uma abordagem sobre a ocorrencia de microplásticos no estuário do
Rio Bero propriamente na especié da N. falcipinnis e no sedimento arenoso tendo em conta a
significativa importância ecologica que um derteminado estuário oferece nos organismos
que ali circundam faz-se nessecario avaliar a ocorrencia destes diminutos de plásticos para
que não se comprometa a produtividade primária. Por outro lado os organismos vivos
servem de indicadores dos ambientes que circundam dada importancia ecologica que o meio
oferece.
O estudo do sedimento como ferramenta de avalição ambiental se remete á importância
ecologica que este compartimento apresenta e no acúmulo de contaminantes ao longo do
tempo se ternonando optimo indicador de saúde dos ecoaaistemas áquaticosn pós este
compartimento é considerado o melhor compartimento ambiental para avaliar e monitorar
MPs em ambientes áquaticos (PALMALM,2019).

Problema de investigação

A poluição marinha por plástico vem a ser um dos principais factores que influenciam na
morte de muitos organismos marinhos. Adicionalmente, é uma das principais formas de
degradação da costa e dos ecossistemas marinhos pois os efeitos da poluição afectam o
ecossistema marinho em todos os níveis, sendo o emaranhamento e a ingestão as interacções

2
mais comuns, atingindo desde o fitoplâncton e o zooplâncton até os grandes mamíferos e
aves, chegando ao ser humano. Nesta sequência, o problema de investigação deste trabalho
manifesta-se na seguinte questão:

- Será que existe ocorrência de microplásticos no estuário do Rio Bero?

Justificativa

Dada a importância ecológica dos estuários, isto é fornecimento de alimento e habitat para
espécies bênticas, epi-bênticas e pelágicas, tendo um papel fundamental na cadeia alimentar
marinha. Neste local há entrada de água proveniente dos rios que possui grande quantidade
de nutrientes e matéria orgânica, sendo utilizados pelos produtores primários, é considerado
um local com elevada capacidade de dispersão e mistura de nutrientes, de modo a distribuí-
los pela região costeira. Os estuários fornecem ainda protecção contra predadores para
espécies da ictiofauna juvenil, permitindo que estes organismos desenvolvam-se e cheguem
à fase adulta é também neste ecossistema que diversos organismos passam parte da sua vida
(ambiente de berçário). Os estuários são ainda utilizados como zona de migração para
alimentação e reprodução. É está grande importância ecológica ou serviço ecossistemico que
justifica a razão do estudo ou analise da ocorrência de microplástico no estuário do rio Bero
tudo isso porque o estuário em estudo sofre com actividades antrópicas como: urbanização,
pesca ilegal, praticas agrícolas, poluição não só com plásticos mas com outros poluentes,
dado este facto, ocorre o desmatamento na região, a poluição das águas, e dragagem
sedimentar, mudando a dinâmica dos estuários e suas condições para abrigar espécies pós
estes estressores diminuem a produtividade estuarina, alteram a qualidade das águas, e
modificam a distribuição de habitats de forma a diminuir a qualidade de vida dos animais
que ali habitam, por isso, a conservação deste berçário é necessária para que não se
comprometa a produtividade primária (Schiavon et al., 2021).

Objecto de investigação

Efeitos da poluição por microplástico nos ecossistemas marinhos.

Campo de acção

Sedimento arenoso e o trato gastrointestinal da N. falcipinnis.

Objectivos de investigação

3
a) Geral

 Analisar a ocorrência de microplásticos no estuário do rio Bero.

b) Específicos

 Identificar o tipo de microplásticos no trato gastrointestinal da N. falcipinnis;

 Quantificar os microplásticos do trato gastrointestinal da N. falcipinnis;

 Caracterizar os microplásticos encontrados no trato gastrointestinal da N.


falcipinnis;

 Identificar o tipo de microplástico no sedimento arenoso do estuário do rio


Bero;

 Quantificar os microplásticos encontrados no sedimento arenoso do estuário


do rio Bero;

 Propor soluções de melhoria para minizar a ocorrência dos microplásticos no


estuário do Rio Bero.

Hipóteses

Hipótese afirmativa:

-Existe a ocorrência de microplásticos no estuário do Rio Bero do Namibe.

Hipótese nula:

-Não existe ocorrência de micriplástico no estuário Rio Bero do Namibe

4
Estrutura do Trabalho

Este trabalho contém uma introdução, três capítulos, uma conclusão, sugestões, referências
bibliográficas, e apêndices. O primeiro capítulo, aborda a fundamentação teórica, onde
apresentamos os principais referentes teóricos acerca da poluição marinha, generalidade dos
plásticos e os microplásticos. No segundo capítulo, faz-se uma descrição da amostragem e
processamento das amostras usados na determinação da ocorrência de microplástico neste
ecossistema. No terceiro, efectuou-se a apresentação, tratamento e discussão de dados
experimentais sobre detecção e a quantificação de microplástico do estômago do peixe
tainha e da areia do estuário de rio Bero. Apresentou-se as conclusões, nas quais mostra-se
as conclusões mais relevantes obtidas no estudo. Por fim, apresentam-se as referências
bibliográficas que foram consultadas para a execução desta monografia.

5
CAPÍTULO I - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

__________________________________________________________________________

Nesta secção apresenta-se os principais referentes teóricos acerca da conceituação dos


estuários, poluição marinha, generalidade dos plásticos e os microplásticos.

6
1.1 Percepção Conceitual de Estuário

A palavra estuário deriva do adjectivo latino aestuarium, que significa maré ou onda abrupta
de grande altura (Pritchard, 1952). No entanto os estuários são corpos de água costeiros,
parcialmente fechado, com uma ligação livre ao oceano, situado na parte terminal de uma
bacia hidrográfica, onde no seu interior a água salgada marinha se dilui de forma mensurável
com a água doce proveniente da drenagem terrestre. ( Pereira & Neto, 2019)

1.1.1 Características dos estuários

Os estuários são caracterizados por grande variabilidade na salinidade e pela instabilidade


dos seus factores ambientais. Uma propriedade importante dos estuários traduz-se pelo fato
de, embora havendo variações importantes das afluências de água doce, não têm tendência
de acumular a correspondente água doce no próprio estuário. As variações na quantidade
total de sal não são apenas dependentes da taxa de variação dos caudais da água doce
afluentes, mas um aumento no caudal de água doce dá origem a uma translação transiente
para jusante das isolinhas de salinidade à superfície e alguma diminuição de salinidade a
todas as profundidades ao mesmo tempo, ocorre uma reacção, que resulta num fluxo
acrescido de água salgada nas camadas mais fundas, que pode originar estratificação
vertical. (Pereira & Neto, Estuários (Capítulo 16), 2019)

Nos dizeres de Pereira e Neto afirmaram que os estuários, tendem a estabelecer-se um


equilíbrio dinâmico, quase-estacionário e que resulta das interacções entre o caudal fluvial
permanente do rio para o estuário e a pressão para montante da água salgada. Do equilíbrio
das forças associado àquelas interacções resultam as características observadas no estuário.

1.1.2 Critérios e Técnicas de Classificação de Estuários

É praticamente impossível trazer uma classificação que englobe e descreva a totalidade dos
estuários face a diversidade de formas, dimensões, topografia e características
hidrodinâmicas que cada um destes corpo de água possui, pós cada estuário tem
particularidades que os diferenciam de outros , tornando-o único( Pritchard,1952) Daí a
existência de vários critérios de classificação estabelecido em função dos parâmetros que
utilizam:

A) Geometria: trata-se de critério de classificação mais simples , em que se


consideram os valores médios do comprimento, largura e profundidade do estuário
com uma avaliação meramente subjectiva;
B) Geomorfologia: com este critério de pretende-se traduzir a relação entre a
morfologia do sistema e os fenómenos que estiveram na sua génese. Assim
considera-se:

7
 Estuários em planícies costeiras ou aluvionares- são sistemas de água
formados por ramificação gradual de sistemas fluviais; são geralmente
compridos e estreitos,
 Estuário do tipo fiorde- São formados por acção glaciar, são geralmente
profundos, estreitos e fortemente estratificados,
 Estuários gerados por barras e/ou diques- estes resultam do encerramento
natural e/ou artificial de baías localizadas em zonas costeiras com fortes
correntes litorais,
 Estuários formados tectónicamente- estes resultam normalmente de grandes
baías fechadas,
C) Hidrodinâmica: é o critério utilizado por Pritchard, em que os gradientes de
salinidade em profundidade e a intensidade da circulação no interior do sistema
(devido a presença de massas liquidas com diferentes densidades permitem distinguir
os seguintes grupos de estuários em:
 Positivos, cunha salina (dominado poe rio ou estratificados): quando há haloclina
separando a camada superficial de água doce da profunda de água salgada; ocorre
quando a razão entre o caudal de água doce afluente e o prisma de maré é grande e a
razão entre a largura e a profundidade é pequena,
 Semi-estratificado ou parcialmente misturados: quando há haloclina separando a
camada superficial de água doce da profunda de água salgada; ocorre quando a razão
entre o caudal de água doce afluente e o prisma de maré é grande e a razão entre a
largura e a profundidade é pequena,
 Bem misturados ou verticalmente homogéneo: quando o gradiente de salinidade é
apenas longitudinal; ocorre quando há maré muito intensa.
 Estuários sazonais ou intermitentes nestes, a salinidade varia sazonalmente. Durante
a estação chuvosa, estes estuários podem permanecer abertos ao mar, ao passo que
na época seca o rio pode secar ou ficar represado, podendo encontrar-se separado do
mar por barreiras de areia sazonais.(Joanainaet al.,2015).

1.1.3 Principais Actividades

Pela alta produtividade primaria neste local permite muitas concentrações de espécies
algumas nativas e outra transitórias os estuários têm servido de lugar para a pratica de pesca
de subsistência, prática de aquicultura, instalação portuária.

1.1.4 Importância dos Estuários

O ecossistema estuarino apresenta características peculiares,águas calmas e salobras devido


à influência da maré. Considerado um dos ecossistemas mais ricos em que a fauna e flora

8
vivem nos limites da tolerância, com especial referência para a ictiofauna, os estuários
representam áreas de grande importância para reprodução, criação, alimentação, proteção e
consequentemente para a reposição do estoque pesqueiro, estes corpos de água têm uma
relevancia importância socio-economica e ecologica pós a sua alta reatividade bioquimica
das zonas de grande turvação, resultantes da acção da maré transformam o estuário num
habitat privelegiado de numerosos organismos pelaficos e bentonicos.

Sendo os estuários uma zona de confluência de águas fluviais e marinhas a sua


hidrodinâmica é favorável á retenção de nutrientes que aí fluem sustentando, por isso, uma
actividade biológica intensa nas zonas estuáeinas , capaz de as transfoemar em autênticos
viveiros dos peixes e crustáceos de importância vital na economia de muitas comunidades
riberinhas.

1.1.5 Fitoplâncton

As comunidades fitoplanctonicas (microorganismos aquáticos com capacidade


fotossintética, que vivem dispersos na coluna de água, responsáveis pela produção primaria
que sustenta grande parte da biodiversidade) integram organismos que, pela sua resposta
rápida a alterações ambientais e a contaminantes, assumem um papel importante nos meios
estuarinos e, como tal, são considerados chave nestes ecossistemas. Geralmente os sistemas
estuarinos o fitoplâncton regista um aumento da sua biomassa a partir do mês de Abril,
condicionado pelas condições de temperatura, luz e disponibilidade de nutrientes, e
apresenta menores valores no outono e inverno. Os grupos taxionómicos dominantes no
fitoplâncton estuarino são as diatomáceas embora também possam ocorrer elevadas
densidades das classes Chlorophyceae (Clorofitas), Cryptophyceae (Criptofitas),
Cyanobacteria (Cianobacterias), Euglenophyceae (Euglenofitas) e Prasinophyceae
(Prasinofitas), como acontece nos estuários do Tejo e do Sado. No geral, a concentração de
nutrientes na coluna de água não e factor limitante para o crescimento do fitoplânctons
(excepto a sílica para as diatomáceas), mas a sua concentração decresce de montante
para jusante de modo paralelo a dos nutrientes. O caudal e a salinidade, são factores que,
além da temperatura do ar e da radiação fotossintética atmosférica, podem influenciar a
produção do fitoplânctons nos estuários (Pereira & Neto, Estuários (Capítulo 16), 2019) .

1.1.6 Zooplâncton

Relativamente ao zooplâncton (comunidade de organismos aquáticos sem capacidade


fotossintética, com pouca capacidade de locomoção e que vivem dispersos na coluna de
água), os grupos mais frequentes nos estuários são Copepoda, Cladocera, Apendicularia e
Chaetognata. Na maioria dos casos, os Copepoda são o grupo taxionómico mais abundante,
com o género Acartia a apresentar maiores densidades, a ocorrerem nos estuários ( Pereira
& Neto, Capítulo 16 Estuários, 2019).

9
1.2 Poluição Marinha

A poluição marinha, conforme conceituada pelo artigo 1º inciso 4 da Convenção da ONU


sobre Direito do Mar “poluição do meio marinho significa a introdução pelo homem, directa
ou indirectamente, de substâncias ou de energia no meio marinho, incluindo os estuários,
sempre que a mesma provoque ou possa vir a provocar efeitos nocivos, tais como danos aos
recursos vivos e à vida marinha, riscos à saúde do homem, entrave às actividades marítimas,
incluindo a pesca e as outras utilizações legítimas do mar, alteração da qualidade da água do
mar, no que se refere à sua utilização e deterioração dos locais de recreio”.

Quando se trata do meio ambiente marinho, nota-se que são diversas as fontes da poluição,
entre elas a recepção de águas fluviais contaminadas, o despejo do esgoto in natura no mar,
o lixo doméstico e industrial, os rejeito radioactivos, a chuva ácida e a maré negra causada
pelo derrame de petróleo e seus derivados (Porto, 2000). Adicionalmente, o relatório
elaborado pelo GESAMP (Grupo de Peritos sobre Aspectos Científicos da Protecção do
Meio Marinho) apresentado na reunião preparatória para a Conferência de Washington,
constatou que 70% da contaminação marinha advém de fontes poluentes terrestres. Por outro
lado, nos últimos anos, diversos episódios envolvendo desastres ecológicos causados por
derramamentos de óleo no mar foram notícia nos principais jornais do país e do mundo
(Porto, 2000).

A preocupação com a degradação do meio marítimo é relativamente nova, levando-se em


consideração a antiga crença em que os oceanos tinham a infinita capacidade de absorver e
depurar todo e qualquer elemento nele introduzido (Gomes, 2007). O maior interesse
relativo aos mares restringia-se a expansão territorial e económica que proporcionava.

A partir do momento em que a humanidade percebeu-se que a saúde humana pode ser
afectada das mais diversas formas, a questão passou a ser pautada em importantes discussões
tanto científica como social (Cruz, 2007). A poluição marinha é meio extremamente
pernicioso de degradação, com consequências nefastas, como o comprometimento do bioma
marítimo em geral, além das inúmeras doenças que podem acometer o ser humano (Gomes,
2007).

10
Santos (2017), afirma que é válido se proceder a simples diferenciação entre poluição e
contaminação, conceitos por vezes confundidos. Contaminação corresponde à presença de
concentrações elevadas de certas substâncias na água, sedimentos ou organismos, cuja
presença supera os níveis naturais para determinada área e um organismo específico.
Enquanto, a poluição já pressupõe a ocorrência de determinados factores.

Meirelles (1991), define poluição como sendo, toda alteração das propriedades naturais do
meio ambiente, causada por agente de qualquer espécie, prejudicial à saúde, a segurança ou
ao bem-estar da população sujeita a seus efeitos. Adicionalmente, Nusdeo (2015), afirma
que poluição significa a presença de elementos exógenos num determinado meio, de modo a
lhe deteriorar a qualidade ou a lhe ocasionar perturbações, tornando-o inadequado a uma
dada utilização. Por outro lado, Ferri (1983), afirma que poluição é tudo o que ocasione
desequilíbrios ecológicos, perturbações na vida dos ecossistemas. O mesmo ainda acrescenta
que, não interessa saber se a modificação se faz no ar, na água ou na terra; se é produzida
por matéria em estado gasoso, líquido ou sólido, ou por libertação de energia, nem se é
causada por seres vivos ou por substâncias destituídas de vida.

Nusdeo (2015), afirma que, a supracitada convenção é um dos documentos gerais mais
importantes de preservação e combate a poluição do meio marinho.

1.2.1 Generalidade sobre os plásticos

Com objectivo de encontrar um material artificial e mais barato capaz de se dissolver em


solventes mas tão meláveis e moldável como a borracha (matéria-prima utiliza em diversos
produtos na época), em 1907 surgi o plástico, um novo material que supriu necessidades
antes não solucionadas em um só material já existente, plástico este que foi descoberto pelo
químico belga Leo Hendrik Baekeland, que criou um aparato totalmente sintético, a base de
petróleo, carvão e gás natural, inserido na fabricação de diversos objectos com o baixo valor
económico, portanto mais acessíveis à população, ocasionando mudanças no consumo e
consequentemente reflectindo no estilo de vida da humanidade, na actualidade os objectos
em quase sua totalidade, são compostos por esse material (Mercês et al, 2021). Cole (2016),
afirma que, na actualidade o termo plástico é utilizado para se referir aos polímeros
orgânicos sintéticos que derivam do processo de polimerização de monómeros extraídos de
matérias-primas como celulose, carvão, gás natural, sal e petróleo.

11
Segundo Ferreira (2010), a palavra “plástico” deriva do latim “plasticu” que significa
“aquilo que tem propriedade de adquirir determinadas formas sensíveis, por efeito de uma
acção exterior”.

Os plásticos são materiais polímeros sintéticos leves, impermeáveis e duráveis, que podem
ser formulados para serem rígidos ou flexíveis, transparentes ou coloridos, e apresentam
baixo custo. Por tantas vantagens, são amplamente empregados em todos os sectores da
sociedade moderna. No entanto, problemas relacionados ao gerenciamento inadequado dos
resíduos sólidos fazem com que estes materiais sejam considerados contaminantes
omnipresentes no ambiente (Montagner et al, 2021). Os mesmos afirmam que a produção
mundial de plásticos, que se iniciou em 1950, cresceu consideravelmente nos últimos 60
anos, com estimativas de que 8,3 bilhões de toneladas de plásticos virgens tenham sido
produzidos para as mais diferentes aplicações. Os números actuais mostram que 6,3 bilhões
de toneladas de resíduos plásticos foram gerados entre o início da produção, na década de
50, e 2015. Dessa quantidade, 9% foram reciclados, 12% incinerados e 79% foram dispostos
em aterros ou no ambiente, demonstrando as deficiências no saneamento e no controle dos
resíduos sólidos. Até 2050, estão previstos que cerca de 12 bilhões de toneladas de resíduos
plásticos sejam lançados no ambiente, caso a produção actual de plásticos permaneça nesse
ritmo acelerado e sem melhoria da gestão de resíduos. Estudos apontam que, dentre os
plásticos mais encontrados no ambiente, estão os polímeros termoplásticos polipropileno
(PP), polietileno (PE) (podendo ser PEBD - polietileno de baixa densidade ou PEAD -
polietileno de alta densidade), poliestireno (PS), policloreto de vinila (PVC), politereftalato
de etileno (PET), poliamida (PA) e o polímero termorrigido poliuretano (PU) (Montagner et
al, 2021).

Em sua maioria, os detritos plásticos no ambiente marinho provêm do continente (Andrady,


2011; Jambeck et al., 2015), onde são descartados diretamente ao longo da costa ou nos rios,
carregando plásticos de áreas urbanizadas e/ou industrializadas até o oceano (Mani et al.,
2015). Logo, além dos ambientes oceânicos, os plásticos também são encontrados em praias,
mangais e estuários, nos mais diversos formatos e tamanhos (pellets e detritos) (Silva, 2018)
Além da distribuição mundial, os detritos plásticos também estão distribuídos ao longo de
toda coluna d’água, dependendo de sua densidade específica. Plásticos de baixa densidade
como compostos de polipropileno ou polietileno, por exemplo, são encontrados,

12
predominantemente, na superfície d’água, embora plásticos flutuantes possam sofrer
bioincrustação e afundar (Cózar et al., 2015). Materiais de alta densidade, como o
policloreto de vinila (PVC), poliéster ou poliamidas, afundam (Jenny; et al, S.d).
Os plásticos por serem materiais maleáveis e flexíveis que podem ser moldados em,
praticamente, qualquer forma, além de leves, versáteis, fortes, duráveis, resistentes à
corrosão e de baixo custo, tornam-se materiais extremamente práticos e ideais para diversas
aplicações. O que, de fato, leva ao aumento de sua utilização e, consequentemente, da sua
demanda (Moore, 2008).

Além dessas características, os plásticos possuem, também, altos valores de isolamento


térmico, excelentes propriedades de barreira de oxigénio e humidade, bio-inércia, além de
serem potencialmente transparentes, o que os tornam excelentes materiais para embalagens.
Por tais razões, materiais convencionais como vidro, metal e papel estão sendo substituídos
por embalagens de plástico económicas com um design equivalente ou superior (Andrady &
Neal, 1977).

De fato, o sucesso dos plásticos como material tem sido substancial, eles provaram ser
versáteis para uso em uma variedade de tipos e formas, incluindo polímeros naturais,
polímeros naturais modificados, plásticos termoendurecidos, termoplásticos e, mais
recentemente, plásticos biodegradáveis (Andrady & Neal, 1977). No que se refere aos
plásticos biodegradáveis, eles são obtidos a partir de materiais orgânicos e, ou materiais
fósseis, sujeitos a degradação por microorganismos, dióxido de carbono ou metano e
biomassa em condições específicas. O desenvolvimento de plásticos biodegradáveis é
muitas vezes visto como uma alternativa viável aos plásticos tradicionais. No entanto, eles
também podem ser uma fonte de microplásticos. Os plásticos biodegradáveis são
tipicamente compostos de polímeros sintéticos e amidos, óleos vegetais ou produtos
químicos especializados, projectados para acelerar os tempos de degradação que, se
descartados adequadamente, se decompõem em plantas industriais de compostagem sob
condições quentes, húmidas e bem arejadas (Fact, 2016).

Pois bem para adquirirem as características que os tornam tão práticos e úteis, muitas vezes,
esses polímeros sintéticos têm de passar por um processo no qual recebem aditivos que
acabam por modificar a sua estrutura. Os aditivos são compostos químicos específicos
adicionados a um polímero para alterar ou melhorar as suas propriedades (Andrady & Neal,
13
1977). Estes aditivos, geralmente, podem incluir cargas inorgânicas - por exemplo, carbono
ou sílica, para reforçar o material plástico, estabilizadores térmicos para permitir que os
plásticos sejam processados a altas temperaturas, plastificantes para tornar o material
maleável e flexível, retardadores de fogo para desencorajar a ignição e a queima e, também,
estabilizadores ultravioletas – UV, para evitar a degradação quando exposto à luz solar.
Corantes, agentes de fosqueantes, opacificantes e aditivos de brilho também podem ser
utilizados para melhorar a aparência de um produto plástico (Andrady & Neal, 1977).

No entanto, se por um lado, as propriedades que tornam os plásticos tão úteis, por outro,
fazem com que os resíduos de plásticos inadequadamente manipulados se tornem uma
grande ameaça para o meio marinho. Devido a sua durabilidade, eles podem persistir nos
mares por muitos anos, em razão da sua baixa densidade eles são facilmente dispersos pela
água e vento, às vezes viajando milhares de quilómetros de áreas de origem (Cunha, 2017).

Apesar do plástico trazer benefícios económicos, esse traz preocupações acerca dos seus
resíduos, já que ao envelhecer, o plástico aumenta a capacidade de absorver poluentes
hidrofóbicos, tais como, Poluentes Orgânicos Persistentes (POP), e estes podem se
concentrar à superfície da água em até 500 vezes (WurL; Obbard, 2004). Além disso, essas
substâncias são bioacumulativas e contribuem para o processo de biomagnificação, que
consiste no aumento da concentração de determinada substância ao longo dos níveis tróficos
da cadeia alimentar, resultando em um maior acúmulo de substâncias nos organismos que
ocupam os níveis tróficos.

Uma vez no ambiente aquático, os plásticos são degradados em pedaços de menores


dimensões, podendo ser encontrados sob formas macro (>25 mm), meso (5-25 mm) e
microplásticos (≤5 mm) (Arthur et al., 2009).

Os processos de degradação dos plásticos podem ser químicos, mecânicos, físico-químico e


biológicos e levam à redução drástica do peso molecular médio dos polímeros (Cózar et al.,
2014). Os plásticos tornam-se frágeis e quebradiços principalmente devido à erosão
mecânica por acção de ventos, ondas e partículas de sedimentos e devido à acção da
radiação solar (fotólise) (Moore, 2008) estes vão se degradando desde a forma macro
passando na forma meso até atingir a forma microplástico.

14
1.2.2 Microplásticos

Os microplásticos são comumente definidos como partículas plásticas com diâmetro entre
0,1 e 5 mm. Outras terminologias podem ser utilizadas para classificar partículas com
tamanhos menores ou maiores aos dos microplásticos. O termo nanoplásticos, por exemplo,
tem sido utilizado para definir partículas ainda menores, com diâmetro inferior a 0,001 mm,
ou 1000 nm (SOBHANI et al., 2020). Partículas com tamanho superior ao dos
microplásticos podem ser classificadas como mesoplásticos ou macroplásticos. Os
mesoplásticos são aquelas partículas com diâmetro entre 5 e 25 mm. Já as partículas com
diâmetro maior que 25 mm são chamadas de macroplásticos (Pompêo, 2022)
A presença de microplásticos no ambiente marinho é preocupante, porque são difíceis de
serem visualizados e removidos, sendo potencialmente ingeridos por uma gama muito maior
de organismos, quando comparados aos macroplásticos (Romeo et al., 2015), incluindo:
corais e organismos zooplanctónicos.

Com a ingestão de microplástico, pode ocorrer acumulação destes nos tecidos do animal e a
transferência pela cadeia trófica (Cozar et al., 2014), atingindo uma quantidade ainda maior
de espécies.

Os microplásticos, por apresentarem a mesma escala de tamanho dos organismos


planctónicos, estão potencialmente disponíveis para vários filtradores e predadores de
plâncton, que os confundem com alimento. O plâncton, sendo a base da cadeia alimentar
marinha, ao estar exposto a contaminantes, vai originar a sua transferência para inúmeros
organismos marinhos. A ingestão pode ser directa, quando os organismos confundem os
microplásticos com alimento ou indirecta, quando organismos consomem outros que
inicialmente os ingeriram, sendo uma via de entrada destes na cadeia alimentar, podendo
provocar efeitos tóxicos crónicos, derivados da biomagnificação (Brennecke et al., 2016;
Figueiredo e Vianna, 2018). Pode-se assim afirmar que, a ingestão é a interação mais
provável entre organismos marinhos e os microplásticos (Leonor, 2020). Estes
contaminantes emergentes possuem uma classificação quanto a sua origem.

1.2.3 Classificação dos microplásticos

Os microplásticos podem ainda ser classificados de acordo com a sua origem. Quando
partículas menores que 5 mm são produzidas intencionalmente para determinadas aplicações

15
a partir de processos industriais, estas partículas são oriundas de fontes primárias. Pastas de
dente, sabões, cremes esfoliantes e géis de banho são alguns exemplos de produtos de
higiene pessoal que podem levar microplásticos em sua composição. A principal via de
contaminação de corpos hídrico por microplásticos de fontes primárias é a partir de efluentes
domésticos e industriais. Por outro lado, se as partículas plásticas são formadas a partir do
intemperismo ambiental, estas são ditas como resultantes de fontes secundárias. Quando
plásticos são lançados indevidamente e permanecem no ambiente natural, eles estão sujeitos
à ação de diferentes fatores ambientais, como intemperismo, radiação ultravioleta e ação
mecânica, que podem promover a fragmentação destes materiais em partículas cada vez
menores(XU et, al 2019).
ROSAL, 2021 apresenta outra forma de classificar os microplásticos pela morfologia das
partículas estes diminutos de plásticos (1) grânulos e em pó (primário), (2) fragmentos,
fibras, linhas, filme e espumas (secundário) está última categoria resulta do processo físico-
químico e biológico aos quais estão expostos no meio ambiente e por
intemperismo(GESAMP, 2019).

1.2.4 Consequência dos microplásticos no ambiente marinho

A sua presença no meio ambiente coloca biotas em perigo, afectando a biodiversidade.


Resíduos de plásticos e microplásticos têm sido achados na interacção com a biota marinha e
frequentemente confundidos por alimentos. Esses animais marinhos ingerem esses detritos e,
em análises do seu conteúdo estomacal, pode-se reflectir em toda a cadeia alimentar e em
seus impactos na vida humana (Mercês et al, 2021).

Cerca de 70% dos ´´lixos´´ ou residos plásticos se encontram depositados no fundo dos
oceanos em relação ao restante presente na superficie e na coluna dꞌágua (PELMALM,
2019). Um ano dpois PAGTER e outos reportaram que mais de 630 espécies de organismos
aqiáricos estão sujeitas a ingestão de MPs, mamiíeros, avés, peixes ( incluindo espécies
comerciais) invertebrados e zooplânctons se alimentam na zona fótica( águas superficiais)
oonde se encontram a maioria dos MPs recém introduzidos ao ambiente aquático flutuantes
e disponiveis a estes organismos pós com a densidade e hidrofobicidade alteradas, devido ás
mudanças nas propriedades polímericas causadas por factores bióticos e abióticos os MPs se

16
tornam suspensos na coluna dꞌágua e, por conseguinte são depositados no
sedimento(PAGTER et al, 2020).

Segundo Caixeta et al. (2018), uma grande parcela de microplásticos e nano plásticos
lançados no ambiente causam factores hostis à flora. Leonor (2020), acrescenta ainda que, os
microplásticos devido ao seu tamanho reduzido, eles podem ser facilmente ingeridos por
organismos aquáticos desde os níveis tróficos inferiores, o que apresenta riscos físicos já
comprovados para esses organismos como à obstrução do trato digestivo, de acordo com a
relação do tamanho da partícula e tamanho do animal, o que limita a entrada de alimentos e
consequentemente pode levar o animal à desnutrição, além de causar stresse e alterações
hormonais que comprometem a sua taxa de reprodução e crescimento. (Leonor, 2020).

Teixeira (2019), afirma que existem ainda poucos estudos acerca dos impactos na saúde
humana por conta do microplástico, mas sabe-se que devido a permanência deste no
ambiente estomacal e pulmonar, pode vir a trazer diversos problemas nesses órgãos, além de
ter probabilidade de causar intoxicação por várias substâncias pela captação de poluentes
orgânicos persistentes.
Ademais, há estudos referentes ao efeito de componentes maléficos à saúde humana em
embalagens plásticas e se pressupõe que tais efeitos também estejam associados ao
microplástico, esses compostos presentes em plástico estão ligados a disfunções endócrinas,
diabetes tipo 2, e anormalidades no sistema reprodutor masculino e feminino (Cruz et al.,
2017).
Lucio e outros acrescentam que em termos de contaminantes, os MPs representam uma
grande preocupação, visto que os animais aquáticos utilizados na alimentação humana
possuem em seu organismo micropartículas plásticas. Aliado a este factor há um grande
problema como a capacidade de bioacumulação destas partículas na cadeia alimentar,
afectando negativamente a ingestão de alimentos, reduzindo a quantidade de energia
disponível para o crescimento e sucesso reprodutivo. Além disso, a capacidade destas
micropartículas plásticas de adsorverem poluidores químicos do ambiente ressalta a
preocupação quanto ao seu papel no movimento desses poluentes por meio da cadeia
alimentar, uma vez que podem ser transferidos do microplástico para o corpo
( Lucio, Magnoni, Pimenta, & Conte, 2019)

17
Os microplásticos em ambientes marinhos tendem a se comportar como uma “esponja”
interagindo com o meio, liberando e adsorvendo substâncias que podem gerar impactos em
diferentes matrizes ambientais, como a água e o sedimento e aos organismos a eles
associados. Estudos relatam que partículas plásticas possuem a capacidade de acumular 106
a mais de substâncias do que 1L de água do mar (MATO et al., 2001) e 100 vezes mais que
o sedimento marinho (TEUTEN et al., 2009). Tal capacidade está associada a diversos
fatores ligados às características dos plásticos, como a composição, porosidade, densidade,
grau de cristalinidade ou de emborrachado, tempo de residência do plástico no ambiente,
grau de envelhecimento, foto oxidação, entre outros factores, além dos aspectos poliméricos,
factores físico-químico ambientais como pH, temperatura, salinidade, matéria orgânica e
microbiota, influenciam de maneira directa nos processos de sorção e desorção de
substâncias dos microplásticos com os ecossistemas marinhos e costeiros (WANG et al.,
2016; ENYOH et al., 2021).

MA et al., 2020 afirmam que ao retratar dos efeitos dos MPs sobre os vertebrados estuarinos
e marinhos, inferem que os mesmos podem estar mais susceptíveis aos efeitos em cascata,
por estarem, em sua maioria, em níveis tróficos superiores, podendo biomagnificar e
bioacumular os MPs oriundos de organismos de níveis tróficos inferiores, causando uma
perturbação no fluxo de energia na cadeia alimentar (MA et al., 2020).

1.3 Caracterização da espécie

Segundo Santana (2015), a familia Mugilidae poussui 14 géneros e aproximadamente 70


espécies. São peixes que apresentam grande similaridade em sua morfologia externa, o que
dificulta a identificação taxonómica, sendo motivo de inúmeras revisões em nível de gênero
e espécie dentro da família Mugilidae.

Morfologia

A tainha apresenta o corpo alongado e fusiforme, com escamas tipo ciclóides (lisas ao tato);
29-36 escamas em séries laterais (sendo comum para a espécie entre 30-34 escamas).
Barbatana peitoral com 1 raio dividido e 14-16 raios ramificados; anal com 3 espinhos e 8
raios. Barbatana caudal levemente lunada. Coloração do corpo prateada nas laterais em tom

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azulado, com dorso mais escuro. Apresenta estrias longitudinais escuras que passam pelo
centro das escamas e se estendem da cabeça até o pedúnculo caudal, sendo menos nítidas na
metade inferior do corpo, desaparecendo na região ventral do corpo que apresenta coloração
esbranquiçada.

Segundo dados recentes disponibilizados pela IUCN afirma que a espécie N. falcipinnis é
uma espécie pelágica eurialina que tolera condições que variam de hipersalino a água doce;
favorece substratos arenosos ou lamacentos com um tamanho máximo de 50cm, figura 1.

Figura 1: Características morfológicas da Tainha (N. Falcipinnis). Fonte: Própria (2023).


Classificação taxonomica

Apesar das dificuldade de identificação das especiés desta familia, a IUCN apresenta a
seguinte categoria taxonómica descrita por Valencienne, 1836.

Reino: Animalia

Filo: Chordata

Classe: Actinopterygii

Ordem: Mugiliformes

Família: Mugilidae

Género: Neochelon

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Espécie: N. falcipinnis

Distribuição geográfica

Os membros desta familia ocorrem em todo mundo, mas N. falcioinnis encontra-se


distibuido maioritariamente em Africa nomedamente: Angola, Benin, Cabo Verde,
Camarões, Congo, Côte d´lvoice, Republica Decocratica do Congo, Guiné
Equatorial(Bioko),Gabão, Gâmbia, Ghana, Guiné, Guiné-Bissau, Libéria, Nigéria, Senegal,
Serra Leoa e Togo, figura 2.

Figura 2: Distribuição geográfica da N. Falcipinnis. Fonte: www.fisheBase.com


Biologia e ecologia

Segundo Medeiros (2014), afirma que as espécies pertencentes a família Mugilidae são
biologicamente fundamentais na cadeia alimentar aquática como elo de ligação entre o
menor e os mais altos níveis tróficos uma vez que são consumidores primários que se
alimentam de detritos e microalgas epífitas e bentónicas (diatomáceas, dinoflagelados e
cianobactérias) e servem de alimento a numerosas aves, peixes e mamíferos como o golfinho
comum.

Ecologia alimentar

Segundo Valencienne, 1836 os mugilideos apresentam uma grande capacidade adaptativa


de alimentos de diversas origens, variando seus hábitos alimentares de acordo com a fase do
ciclo de vida. São considerados detritivoros, iliófagos, onivoros e fitófago (Lemos, 2015). O
N.falcipinnis quando juvenil se alimenta de zooplâncton enquanto adulto filtra detritos
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organicos, algas verde-azulado, algas verdes e vermelhas, diatomaceas, dinoflagelados,
vermes e microartrópodes da lama e da areia.

Habitat e Reprodução

Os membros desta familia ocorrem em todo mundo em zonas costeiras de mares tropicais,
subtropicais e temperados, muitas destas espécies são consideradas diádromas, podendo
ocorrer em ambientes distintos(marinhos, estuarino e de água doce) em diferentes fases do
seu ciclo de vida (Lemos, 2015). N. falcipinnis habita em águas costeiras marinhas, estuários
e lagoas sobre substratos arenosos ou lamacentos. Os N. Falcipinnis são ovíparos, os seus
ovos são pelágicos e não adesivos. A desova pode ocorrer em lagoas ou no mar.

21
2.CAPITULO II - MATERIAIS E MÉTODOS

Apresenta-se, nesta secção as principais metodologias utilizadas para o alcance dos


objectivos definidos na presente pesquisa.

22
2.1.Tipo de Pesquisa

Segundo Moreira, 2023 método de pesquisa exploratória é uma técnica que tem como
objetivo principal explorar um assunto ou tema de forma mais ampla e profunda, permitindo
que o pesquisador identifique e entenda as questões centrais associadas a esse tópico, na
pesquisa exploratória, geralmente é utilizada uma combinação de técnicas, como a revisão
bibliográfica, a análise de documentos, entrevistas com especialistas, grupos de discussão e
outros métodos que permitem ao pesquisador coletar informações de forma aberta e flexível
o assunto ou o tema. Na sequqência, Moreira acrescenta que pesquisa quali-quantitativa ou
pesquisa misto, é uma abordagem que combina elementos da pesquisa qualitativa e
quantitativa onde os dados qualitativos e quantitativos são coletados simultaneamente,
permitindo uma compreensão mais completa e multifacetada do fenômeno estudado. Os
dados coletados qualitativamente através de entrevistas, por exemplo, são convertidos em
dados quantitativos através do recebimento de códigos para categorias específicas. Esta
análise quantitativa possibilita a identificação de padrões e tendências na amostra
estatisticamente representativa (Moreira, 2023).

Corrobolando com os dizeres do Moreira, 2023 a presnte presquisa é do tipo exploratória


com uma abordagem mista ou quali-quantitativa.

2.2Caracterização da Área de Estudo

O presente estudo foi realizado no estuário do rio Bero. O rio Bero é um dos principais
cursos de água da província do Namibe, de elevada relevância para as populações do
Namibe, pois fornece água para o uso doméstico e para a actividade agrícola (Lúcio, 2015).
Segundo Silva (2018), o seu estuário está situado na embocadura do mesmo rio (Figura 3).
Este estuário tem uma única saída para o mar que está sempre aberta, permitindo que,
durante as marés altas, a água do mar penetre no estuário e durante as marés baixas pouca
água do rio concentrada no estuário passe para o mar (Silva, 2018). Na realidade esse
estuário ocupava o espaço compreendido entre a salina “Sal do Sol”, a estrada da cidade de
Moçâmedes – controlo policial até ao antigo bairro “Nação-Praia”. As acções humanas,
como a agricultura, a construção, o aumento da área da salina da cidade, o desvio feito ao
leito do rio na zona da Macala e o aumento das superfícies agricultáveis junto à foz do rio,
mudaram e diminuíram consideravelmente a sua extensão (Silva, 2018), figura 3.

23
A B

Figura 3: Área de estudo: Estuário do Rio Bero (A e B). Fonte: Própria (2023).
Há produção agrícola nas adjacências deste corpo de água e pela alta produtividade primaria
neste local permite muitas concentrações de diversidade de espécies transitórias, pós, este
estuário tem servido de lugar para a prática de pesca de subsistência para populações
ribeirinhas, servindo-lhes de fonte de renda. Além da tainha (N. falcipinnis) o presente
estuário possui outras espécies como o roncador (conodon nobilis –Linneus, 1758), ferreira
(Lithognathus mormyrus), tico tico (Trichechus manatus), sardinha (Sardinela) e carapau
(Trachurus trecae) , encontra-se também espécie da família decápodes no caso o camarão
(Penaeus vannamel) e a santola (Mja squinado), as aves marinhas mais frequentes são o
Flamingo (Phoenicopterus ruber), e a Cegonha (Ciconia spp), estas aproveitam deste local
para se alimentarem e mesmas se alimentam de pequenos crustáceos.

2.3 População e amostra

População ou universo é o conjunto de seres animados ou inanimados que apresentam pelo


menos uma característica em comum. Amostra é um subconjunto da população, é uma parte
do todo. (Marott et al, 2008)

O estuário em estudo é rico em biodiverdade com já descrito na secção 2.2, está diversidade
de especies é o que represnta a população da presnte pesquisa pós as estpecies descritas
nesta secção representam as principais especiés mais frequentes ou as que realizam a
piracema no estuário do Rio Bero ou seja a presnte presquisa tem como população as
24
especies migratórias ou que realizam a piracema no estuário do Rio Bero e como amostra os
seguintes elementos: 35 espécimes de N. Falcipinnis e 600g de sedimento arenoso do
estuário do Rio Bero.

Uma vez que o sedimento arenoso é um compartimento deste corpo de água que apresenta
acúmulo de contaminantes na sua composição que ganhou com passar do tempo faz-se
nessecario avaliar-lo para melhor inferir sobre a ocorrencia dos MPs no prsente estuário

2.4Técnicas e procedimentos

Para o alcance dos objectivos traçados teve-se a necessidade de usar os seguintes materiais:

 Para a captura do sedimento usou-se: fita métrica, espátula metálica e frasco de


vidro).
 Para a captura do peixe( balde que serviu para o transporte até á faculdade de
Ciências naturais da UNINBE);
 Para analise do sedimento arenoso no laboratório de Química usou-se: bancada,
gobelé/copo de precipitação, espátula metálica, funil, papel filtro branco, placa
universal, herlenmeyr, papel-alumínio, balança de precisão, esguicho, usou-se
também água distilada, folha A4, cloreto de sódio, o sedimento como materia prima,
e a lupa binocular de marca opta- tech para observação dos miceoplástico.
 Para analise biológica do peixe no laboratório de Ictiologia usou-se: bancada,
ictiometro, bisturi, tesoura, pinça, álcool 70%, frascos de plástico, lápis, folha A4,
prancheta e balança de precisão.
 Para a observação dos microplásticos no laboratório de Ecofisiologia de Plantas
usou-se a lupa binocular de marca opta-tech.

2.5 Amostragem de campo

Para obtenção de dados referentes à poluição por microplástico no Estuário do rio Bero,
inicialmente, fez-se um levantamento dos principais referentes teóricos sobre o tema em
estudo.

2.5.1 Captura dos peixes e recolha de areia

Fez-se uma amostragem ao longo do estuário do Rio Bero durante os meses de Novembro
de 2022 e Maio de 2023, durante o qual capturou-se 35 espécimes de N. Falcipinnis após a
captura os espécimes foram acondicionados em um balde contendo gelo a fim de parar a
digestão e, em seguida transportados para o Laboratório de Ictiologia da Faculdade de
Ciências Naturais da Universidade do Namibe para posteriores análises.

25
Posteriormente, fez-se uma amostragem do sedimento arenoso de acordo com o protocolo de
Frias et al., (2018) e European commission (EC, 2013), na qual demarcou-se uma área de
1m² a partir da marca da maré alta e dentro desta área definiu-se dois (2) quadrantes com
50cm x 50cm separados por 5m de distância. Finalmente, recolheu-se a camada superficial
do sedimento (aproximadamente 5cm de profundidade) e transportou-se para o Laboratório
de Química para posteriores análises, figura 4.

A B

Figura 4: Medição dos pontos de recolha de amostra de sedimento em uma área de 1m2 (A
e B). Fonte: Própria (2023).
2.5.2 Análise Laboratorial

2.5.3 Análise do trato estomacal da N. Falcipinnis e identificação dos microplásticos

No Laboratório de Ictiologia, realizou-se a biometria das amostras em estudo, na qual


mediu-se o comprimento total dos espécimes do N. Falcipinnis com auxílio de um
ictiómetro com precisão a 19cm e, posteriormente pesou-se em uma balança de precisão de
304,5g (Figura 5).

26
Figura 5: Biometria das amostras. Fonte: Própria (2023).
Após a biometria, fez-se uma incisão na parte médio-ventral de cada espécime, a partir do
ânus para a determinação do sexo por meio da análise macroscópica da gónada, com auxílio
de uma pinça e um bisturi. Posteriormente, removeu-se 35 estômagos de indivíduos e pesou-
se para determinação do peso dos estômagos com conteúdo, estômago vazio e peso dos itens
alimentares encontrados através de uma balança com a precisão de três casas decimais
(Figura 6).

A B

Figura 6: Pesagem da amostra (A), incisão da parte médio-ventral da amostra (B). Fonte:
Própria (2023).
27
O grau de repleção foi determinado visualmente, conforme de uma escala que agrupa os
estômagos em 5 estados (Adaptado do INIP-Angola).
1- Vazio – 0%

2- C/ conteúdo 1 – 25%

3- C/ conteúdo 25 – 50%

4- C/ conteúdo 50 – 75%

5- C/ conteúdo 75 – 100%
Em seguida, conservou-se o conteúdo estomacal em álcool a 70% para posterior analise.

A B

Figura 7: Análise macroscópica do estado de repleção dos estômagos (A), estado do


estômago após estar acondicionado em álcool 70% durante 72 horas (B). Fonte: Própria
(2023).

A análise e quantificação de microplásticos foram realizadas no laboratório de Ecofisiologia,


utilizando o protocolo desenvolvido de NOAA (Masura et al., 2015). Inicialmente, fez-se o
controlo do local, fechando-se as janelas do laboratório, fez-se a limpeza da lupa e lavagem
da placa de Petri com água destilada para retirada de possíveis microplástico existente no
meio. O conteúdo estomacal de cada espécime foi colocado numa placa de Petri de vidro
para as possíveis análises. Todos os microplásticos foram quantificados recorrendo à lupa
binocular marca OPTA- TECH com uma ampliação de 8 vezes. Dada a contaminação os
microplásticos não podem ser observados na placa de plástico.

28
A
B

Figura 8: Análise do conteúdo estomacal na Lupa binocular. Fonte: Própria (2023).


2.5.4 Quantificação de microplástico no sedimento arenoso do estuário

No laboratório de Química fez-se o cumprimento do protocolo do mesmo em fechar as


janelas, limpar as bancadas com água destilada e filtrada para evitar a contaminação do
experimento com os possíveis microplásticos presentes no meio. A experiência teve início
com a pesagem do sedimento, com ajuda de uma espátula metálica retirou-se o sedimento do
frasco de vidro para o gobelé para a devida pesagem. Em seguida, colocou-se 200g de uma
solução salina de cloreto de sódio na água destilada, a seguir misturou-se o sedimento no
gobelé e deixou-se sedimentar por um período de 24horas (Figura 9). O mesmo processo
repetiu-se por três vezes em dias separados, usou-se, de cada vez, 200g de sedimento
arenoso.

29
A B

C Dacia Ea
do do

Figura 9: Processo de preparação para amostragem do sedimento arenoso. Pesagem do


sedimento (A), mistura da solução salina de Nacl e água destilada filtrada (B), composto que
se deixou sedimentar por 24h (C), composto sedimentado (D) e filtração da amostra (E).
Fonte: Própria (2023).
Após 24 horas de sedimentação da mistura da água destilada e filtrada com cloreto de sódio
e sedimento arenoso, lavou-se o funil com detergente de lavar louça e água corrente, após a
lavagem, fez-se novamente outra lavagem com água destilada e filtrada, foi necessário filtrar
a água destilada por estar reservado em um pistilho de plástico para que não houvesse
contaminação no experimento, o processo da lavagem repetiu-se com o Herlenmeyr
(recipiente onde filtrou-se o experimento). Por último, colocou-se o papel de filtro dentro do
funil, com ajuda do esguicho, pincelou-se o papel de filtro contido no funil com objectivo de
fixar o papel de filtro no funil, a seguir colocou-se o funil com o filtro no suporte universal
para a devida filtração (Figura 9). O mesmo processo repetiu-se por três vezes em dias
diferentes com intervalo de 7 dias.

Amostra foi transportada para o laboratório de ecofisiologia para a devida observação, desta
feita, para se cumprir com objectivo da prática após a filtração com ajuda de uma pinça,
retirou-se o papel filtro do funil para um papel alumínio embrulhado para conservar a

30
amostra e deixou-se secar a temperatura ambiente por um período de 30 minutos depois da
secagem, levou-se o papel filtro para a devida observação na lupa.

Figura 10: Observação do Microplásticos no sedimento. Fonte: Própria (2023).

31
3. CAPITULO III - RESULTADOS E DISCUSSÕES

_______________________________________________________________________

Nesta secção apresentamos o alcance dos objectivos traçados na elaboração da presente


pesquisa.

32
3.1. Apresentação dos resultados da análise laboratorial

3.1.1. Análise da frequência dos indivíduos amostrados

Os indivíduos amostrados apresentavam diferentes frequências de comprimento tal como


ilustra a figura 11.

Frenquência de comprimento da N. falcipinnis


4.5

3.5

2.5
Frenquência

1.5

0.5

0
19 20 21 22 23 24 25 26 27 34 38

Comprimento (cm)

Figura 11: Frequência de comprimento da N. falcipinnis. Fonte: Própria (2023).

33
Assim como na figura 11 os indivíduos apresentavam diferentes frequências de
comprimento, a figura 12 mostra que os mesmos apresentavam também diferentes
frequências de peso.

Frenquência de peso da N. falcipinnis


700

600

500

400
Peso(g)

300

200

100

0
19 20 21 22 23 24 25 26 27 34 38

Comprimento(cm)

Figura 12: Frequência de peso da N.falcipinnis. Fonte: Própria (2023).


3.1.2. Análise biológica

A tabela 1, apresenta os resultados do conteúdo estomacal realizada em 35 indivíduos da


espécie N. falcipinnis. Da análise dos 35 indivíduos de tainha processada, 23 indivíduos
continham MPs que representa 66% da amostra recolhida, tendo-se observado 32 MPs no
total dos estômagos.

34
Tabela 1 – Tabela ilustrativa de todos indivíduos com os respetivos tipos, cor e quantidade
de MPs.

Individuo Tipos de MPs Cor Quantidade de Comprimento


MPs (cm)
1 Fibras Preta, Vermelha e 6 20
Azul
2 Fibra Preta 2 22
3 Fibra Preta 1 19
4 Ausente - 25
5 Fibra Azul 1 21
6 Ausente - - 23
7 Fibra Preta 1 19
8 Fibra Preta 1 25
9 Ausente - - 24
10 Ausente - - 19
11 Fibra Azul e Preta 2 22
12 Ausente - - 21
13 Fibra Vermelha 1 24
14 Fibra Castanha 2 23
15 Fibra Preta 1 25
16 Ausente - - 22
17 Fibra Preta 1 23
18 Fibra Castanha 1 27
19 Fibra Vermelha 1 24
20 Fibra Preta e Castanha 2 21
21 Fibra Azul 1 23
22 Ausente - - 26
23 Ausente - - 23
24 Ausente - - 19
25 Fibra Preta 1 22
26 Fibra Azul 1 20
27 Ausente - - 25
28 Fibra Preta 1 24
Mesoplástica
29 Fibra Azul 1 21
30 Ausente - - 20
31 Fibra Transparente 1 24
32 Fibra Transparente 1 34
33 Ausente - - 27
34 Fibra Castanha 1 38
35 Fibra Preta 1 34

Fonte: Própria (2023).

35
Quantificação da Ingestão dos MPs pela N.falcipinnis

12 (34%)
23 (66%)

Ingerido Não ingerido

Figura 13: Caracterização dos microplásticos ingerido pela N. falcipinnis. Fonte: Própria
(2023).
Dos 32 MPs totais encontrados nos estômagos de 23 tainhas, a cor mais abundante foi a
preta (45%), seguida da azul (22%), castanha (17%), vermelha (13%) e transparente (3%).

Cores dos microplásticos encontrados nos estômagos da N.


falcipinnis
16
14
12
10
8
6
4
2
0
Preta Azul Castanha Vermelha Transparente

Cores

Figura 14: Cores dos microplásticos encontrados nos estômagos das N. falcipinnis. Fonte:
Própria (2023).

36
Figura 15: Tipos de fibras encontrados na tainha. Fonte: Própria (2023).

As fibras foram a forma de MPs encontradas, representando 100% do total encontrado na


tainha.

3.2 Análise da areia da praia por sistema de suspensão

Dos 600g de sedimento arenoso recolhido no estuário do rio Bero, foi possível observar um
total de setenta e nove (79) microplásticos, apenas 72MPs quantificados, dentre eles as
fibras e filamentos. Destes dois tipos de microplásticos, as fibras foram as mais
predominantes com o total de 70 que representa 97,2 % e 2 filamentos que representa 2,8%.
Destes 79MPs 7 deles não foram quantificados por apresenatrem a cor clara ou transparente
uma vez que podia ser cofundido com a cor do material (papel filtro branco) usado na
observação dos mesmos, figura 17.

37
Tipos de MPs encontrados no sedimento
120

100
Percentagem

80

60

40

20

0
Fibras Filamentos

Figura 16: Tipos de Microplásticos encontrados no sedimento arenoso do Estuário do Rio


Bero. Fonte: Própria (2023).
Dos MPs encontrados a cor predominante foi a cor azul com 30 Mps, que perfaz um
percentual de 41%, seguido pela cor preta com 27Mps que faz 37,5%, depois a cor
verrmelha com 10MPs que faz 13,8% e verde com 5 Mp que faz 7%, Figura 18.

Cor de MPs encontrados no sedimento


45
40
35
Percentagem(%)

30
25
20
15
10
5
0
Azul Preta Vermelha Verde

Cores

Figura 17: Cores dos microplásticos. Fonte: Própria (2023).

38
Figura 18: Microplásticos encontrados na areia. Fonte: Própria (2023).
A figura abaixo apresenta a variância semanal da ocorrência de microplásticos no sedimento
arenoso em que a maior predominância de MPs foi na terceira semana.

3.3 Análise dos resultados

Os resultados da análise laboratorial são bastante conclusivos e remetem-no a uma grande


reflexão sobre a ocorrência de microplásticos que se verifica no estuário do Rio Bero.

Nas análises dos conteúdos estomacais dos 35 da N.falcipinnis processados, 66%


apresentaram um total de 32 microplásticos de diferentes tipos como também os resultados
dos 600g de sedimentos arenosos analisados verificou-se a presença de 79 microplásticos
mas apenas 72 quantificados. Os resultados encontrados convergem com os estudos feitos
por Silva (2018), onde um total de 196 peixes capturados foram detectados 757 potenciais
microplásticos (MPs). No total de todos os microplásticos encontrados na espécie, a este
padrão foi semelhante ao encontrado nos tratos gastrointestinais, as fibras foram as mais

39
destacadas com 83,6%, seguido por fragmentos com 8,5%, e filamentos com 7,4%). Quanto
as cores, a cor a azul foi a mais predominante com 66,8%, seguida da cor vermelha 9,6%,
transparente 7,3% e verde 6,2%.

Souza e Silva também encontraram particulas de microplástico em peixes no estuário do Rio


da Amazonas em que foram analisados um total de 189 exemplares de peixes representando
46 espécies de 22 famílias deste 228 partículas microplásticas foram encontrados no trato
gastrointestinal de 26 exemplares pertencentes a 14 espécies, que representaram 13,7% da
abundância total. Do número total de microplásticos partículas, 210 (92,1%) foram
encontradas nos estômagos de 21 espécimes representando 11 espécies, e 18 partículas
(7,9%) foram recuperadas dos intestinos de 13 espécimes representando seis espécies.
O tamanho das partículas plásticas recuperadas do trato gastrointestinal dos peixes foi
sempre < 5 mm os microplásticos foram registradas em quatro categorias de formato: pellets
(97,4%), folhas (1,3%), fragmentos (0,4%) e fios (0,9%) quanto as cores eram claras,
amarelas, laranja e azul. ( Souza & Silva, 2018)

De acordo os microplasticos quantificados, observou-se alta variabilidade na abundância de


cores dos itens plásticos ingeridos por peixes, tal como os trabalhos já realizado por Lusher
et al., (2013) realizado no Canal Inglês onde foi observada a predominância das cores preta
(42%) e azul (34%); no nordeste do Atlântico foram observadas as cores claras (21,9%),
azul (13,2%) e vermelho (11,4%) (Murphy et al., 2017); no mar da China observou-se nove
cores de plásticos, sendo transparentes, pretos e azuis os mais abundantes (Jabeen et al.,
2016). Santos et al., (2016) hipotetizam que os animais marinhos que percebem plástico
flutuante de cima para baixo selecionam fragmentos de plástico que estejam reflectindo
cores claras, e os que percebem os plásticos de baixo para cima preferencialmente ingerem
fragmentos escuros, seguindo a lei de Thayer em que itens alimentares de dorso escuro e
ventre claro estariam “camuflados” no oceano. No entanto, isso pode também estar
relacionado aos espectros de luz detectados pelas diferentes espécies assim como pela
disponibilidade das cores de plástico no ambiente; estudos relacionados a estes factores são
necessários para esclarecer esta possível selecção.

Os microplásticos podem ser transferidos ao longo das cadeias tróficas marinhas através de
várias espécies de peixes, muitas das quais possuem importância comercial (Ory et al.,
40
2018). A ingestão de microplásticos pode ocorrer de forma directa, ou indirecta através do
consumo de organismos contaminados. Existem inúmeras consequências da ingestão de
partículas de microplásticos para os organismos marinhos. A sua ingestão pode causar
bloqueios internos, abrasão e danos no aparelho digestivo dos peixes, o que poderá causar
desnutrição e potencial morte do animal (Nadal et al., 2016).

Os microplásticos podem transcolar-se da cavidade intestinal para a corrente sanguínea,


acumulando-se nos tecidos e células. Assim, a ingestão destas partículas por peixes
pelágicos é uma problemática de extrema relevância para o ser humano. Para além da
toxicidade inerente da composição dos polímeros e a presença de aditivos, a química dos
microplásticos pode ser alterada. Estas alterações ocorrem através da presença de
substâncias tóxicas já existentes no ambiente marinho que adsorvem a superfície do plástico
(Ziccardi et al., 2016). Estas substâncias podem ser metais pesados e poluentes orgânicos
persistentes (POP) que podem ser transferidos para os organismos, causando disrupções
endócrinas (Teuten et al., 2009) e entrar nas cadeias tróficas marinhas (Setälä et al., 2014).

O presente estudo, comprovou também a presença de microplásticos em 600g de sedimentos


superficiais do ambiente estuarino do rio Bero, nestes 600g foi possível observar um total de
setenta e dois (72) microplásticos, dentre eles as fibras e filamentos. Destes dois tipos de
microplásticos, as fibras foram as mais predominantes com um total de 70 e 2 filamentos.
Como Leonor (2020) constatou também a presença de microplásticos em sedimentos do
ambiente estuarino foram encontradas fibras (99% do total de microplásticos identificados
no sedimento e fragmentos (1%). As fibras foram a forma mais comum de microplásticos
encontrados, Morgado et al. (2020), também estudaram amostras de sedimentos do estuário
do rio Mon-dego, em que foram analisados microplásticos de PE e PP.
As acções humanas, como a agricultura, a construção, o aumento da área da salina da
cidade, o desvio feito ao leito do rio na zona da Macala e o aumento das superfícies
agricultáveis junto à foz do rio, mudaram e diminuíram consideravelmente a sua extensão
como também aumentou os níveis de poluição no estuário do Rio Bero. Dada a importância
ecológica do estuário do Rio Bero os dados de concentrações de microplásticos revelados
nesta pesquisa representam problemas não só para as larvas de peixe, mas também para toda
a comunidade e para todas as zonas que dependem do estuário, ou seja, as zonas costeiras
adjacentes, o que é preocupante e corrobora para maior atenção quanto ao gerenciamento de

41
resíduos sólidos (plásticos), bem como a carência de saneamento básico. Medidas como
redução do consumo irresponsável de materiais plásticos e emponderamento da população
devem ser levadas em consideração pelos tomadores de decisão, já que esses materiais são
persistentes e acabam, muitas vezes, poluindo os ecossistemas naturais e afectando
actividades socioeconómicas.
Referente aos tipos do microplásticos encontrados, destacam-se na sua maioria as fibras,
seguido por filamentos. Como já descrito, nas espécies da N.falcipinnis analisadas
predominou as fibras de cor preta e nos sedimentos arenosos são as fibras azuis que se
apresentaram com maior percentagem.

3.4. Proposta de solução do problema

Tendo em conta os resultados apresentados, relativamente a ocorrência de microplástico no


estuário do rio Bero, apresenta-se a seguir algumas acções que devem ser levados em
consideração para mitigar a problemática levantada.

Tendo em vista a problemática socioeconómica e ambiental do microplástico no ambiente


estuárino e marinho, bem como a grande quantidade encontrada no presente estudo, propõe-
se que novos estudos venham a ser feitos no estuário do Rio Bero, com maior desenho
amostral.

Implementação de instrumentos apropriados para políticas que incentivem a criação e uso de


plásticos biodegradáveis, uma vez que o plástico biodegradável apresenta menor impacto
ambiental.

Maior presença da fiscalização no estuário do rio Bero de forma a desenfrear a poluição por
plástico levado a cabo pelas acções antrópicas como também é imprescindível efectuar o
monitoramento de resíduos sólidos no ambiente marinho, a fim de avaliar os índices de
contaminação e possível acréscimo.

42
4. CONCLUSÕES

A problemática da poluição por plásticos nos oceanos está a merecer cada vez mais atenção
por parte das mais variadas áreas disciplinares, mobilizando a sociedade civil e a média,
procurando mitigar o problema, portanto o levantamento dos principais contributos teóricos
referentes à poluição por plásticos permitiu dar bases teóricas e práticas para o alcance dos
objectivos preconizados na presente pesquisa.
Análise laboratorial do trato gastrointestinal da N.falcipinnis, permitiu detectar a presença de
32 microplásticos dos 35 processados e nos 600g de sedimentos processados foi possível
verificar a ocorrência de 72 microplásticos. As cores mais abundantes dos plásticos foram
azul, preta, transparente, vermelha e verde, o que pode indicar uma maior disponibilidade no
meio aquático ou uma selecção preferencial neste ambiente. Estes dados despertam a
atenção, pois as consequências da poluição por microplásticos são evidentes e que geram
problemas sérios na cadeia trófica das espécies marinhas e dos estuários. Considerando os
impactos negativos da ingestão de microplásticos para os peixes e, potencialmente, para a
saúde humana devido ao seu consumo, compreender os padrões de ingestão de
microplásticos é fundamental para identificar as origens do material ingerido e
consequentemente auxiliar na definição de medidas para a prevenção desse impacto no
ambiente marinho e estuarino. Além disso, é preciso melhor entender os impactos do esforço
pesqueiro em termos do aumento da taxa de mortalidade em consequência do aumento da
ingestão de microplástico derivado de vários materiais. A implementação eficiente de
políticas locais e nacionais, juntamente com os objectivos de Desenvolvimento Sustentáveis
da Organização das Nações Unidas e uma economia circular para os plásticos, é importante
para garantir essa prevenção. Por fim, é necessário que se implemente uma gestão
ecossistêmica costeira com objectivo principal de promover estratégias para a gestão
integrada dos ecossistemas costeiros, buscando promover a conservação e a utilização do
ambiente de forma sustentável.
É recomendável, para estudos futuros, a inclusão de um maior número de indivíduos adultos
e juvenis, uma vez que as suas dietas variam ao longo da sua ontogenia alterando a
acumulação de MPs. É ainda de realçar a necessidade de reforçar o número de indivíduos
amostrados, incluir variações sazonais e averiguar a existência de diferenças entre áreas
geográficas.

43
5. SUGESTÕES

 Que se crie campanhas de sensibilização e conscientização da população sobre as


consequências da poluição por plásticos nos ecossistemas marinhos;
 Para os futuros estudos sobre a análise da ocorrência de microplástico no estuário do
Rio Bero, que considerem aspectos que não foram realçados nesta pesquisa por
limitações, como maior número de indivíduos, incluir outras espécies pelágicas e
algumas demersais;
 Tendo em conta o rigor científico utilizado na presente pesquisa, recomenda-se que
se utilize os resultados desta pesquisa como material de consultas para os estudantes
da Universidade do Namibe.

44
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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49
50
APÊNDICES

51
Apêndice - Analise laboratorial de microplásticos no organismo da N.falcipinnis

A
B C

E F
D

Figura 21: Ilustração do processo de preparação da extracção


dos tratos estomacais para observação dos microplásticos na lupa binocular. Medição de
comprimento dos indivíduos (A), incisão da parte médio ventral da amostra (B), observação
macroscópica do estado de relpressão do estômago (C), pesagem do estômago sem conteúdo
após a raspagem de conteúdo (D), observação microscópica do conteúdo estomacal (E),
morfologia da espécie (F) Fonte:Própria (2023).

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