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Livro Origem Culto Afrobrasileiro
Livro Origem Culto Afrobrasileiro
Esse curso tem como conteúdo, auxiliar o aprendiz na introdução ao culto afro brasileiro.
Título II
Dos Direitos e Garantias Fundamentais
Capítulo I
Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos
A Constituição Federal, no artigo 5º, VI, estipula ser inviolável a liberdade de consciência
e de crença, assegurando o livre exercício dos cultos religiosos e garantindo, na forma da
lei, a proteção aos locais de culto e as suas liturgias.
De acordo com a Lei nº. 9394/96, o Decreto nº. 5.154/04 e a Deliberação CEE 14/97
(Indicação CEE 14/97), os cursos livres são uma modalidade de ensino legal e válida em
todo o território nacional.
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A Constituição Federal em seu Artigo 205/CF, “caput”, prevê que a educação é direito de
todos e será incentivada pela sociedade.
Tal prática é defendida também pelo Artigo 206/CF que prevê que o ensino será
ministrado com base em alguns princípios e em seu inciso II: “a liberdade de aprender,
ensinar, pesquisar e divulgar pensamentos, a arte e o saber”.
As primeiras uniões de cultos aconteciam nas senzalas, e anos depois começaram a ocorrer
nos quilombos, tendo mais liberdade, hierarquia e organização.
Importante salientar também que, o sincretismo e a mistura de crenças no Brasil é algo 100%
presente, pois inumeros povos diferentes se uniram para terem força na reconstrução
cultural e religiosa africana no Brasil.
Em questão de cultos afro brasileiros, não existe e nunca existirá um culto puro ou tradicional,
pois desde o inicio das primeiras uniões de africanos em culto religioso, já ocorreu a mistura
entre etnias, culturas e idiomas, sendo ela essa mistura de africanos de varias etnias
diferentes, ou de africanos com indigenas.
Então podemos analisar como foi sincretizada as religiões e cultos afro brasileiros, desde a
mistura de povos diferentes africanos, africanos com indígenas, africanos com o catolicismo
e africanos com o kardecismo.
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Lembrando que todo esse sincretismo ocorreu por meio de sobrevivência, como modo de
manter o culto africano e indigena vivo, ou os negros africanos e indigenas sincretizavam
suas crenças, ou eram mortos pela Igreja.
Religiões afro-brasileiras
As religiões afro-brasileiras são aquelas originadas na cultura de diversos povos africanos
trazidos como escravos ao Brasil entre os séculos XVI e XIX. Tendo um importante papel
na preservação das tradições culturais dos diferentes grupos étnicos negros (afro-
brasileiros), há também, atualmente, um grande número de brancos e outros grupos
étnicos que aderem a tais religiões, em especial o candomblé e a umbanda.
Várias religiões afro-brasileiras possuem, em maior ou menor grau, influências de religiões
vindas da Europa (Catolicismo, Kardecismo) ou dos povos ameríndios (religiões
indígenas). Além disso, elas recebem diversas denominações regionais.
O Brasil possui inúmeros cultos de origem africana, esses todos com idiossincrasias
brasileiras, mistas também com culturas ameríndios, latinas ou europeias.
Em todo território nacional temos uma variedade de cultos, sendo eles diferentes em cada
região, assim, cada culto possui sua cultura regional, tendo sua particularidade cultural e
ritualística.
Os cultos são:
umbanda, quimbanda,
umbanda 7 linhas, pajelança,
umbanda cruzada, macumba carioca,
umbanda sagrada, umbandaime,
candomblé, omolokô,
candomblé de caboclo, cabula,
tambor de mina, xangô do nordeste,
candomblé verde, xambá,
batuque, egungun,
ijexá, babassuê,
jurema, terecô,
catimbó, encantaria.
Salientando que cada culto tem sua nação especifica, tornando-as diferentes em
suas ritualísticas, idioma e cultura.
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Algumas nações são o nagô, jeje, jeje-nagô, angola, funfun, ijexá, xangô, efon.
O culto afro brasileiro traz consigo também uma doutrina muito rígida, repleta de
proibições que servem para purificar o iniciado e o livrar de problemas futuros.
Esses são chamados de ewó(nagô) ou quijila(banto), podem ser tanto ações proibidas
ou até mesmo alimentos proibidos.
Muitos pronunciam as proibições como QUIZILA, mas a pronuncia correta do kimbundu é
QUIJILA.
Cada candomblé do Brasil, possui um nação diferente, logo, cada nação possui idioma
diferente, fundamentos diferentes, ritualisticas diferentes e divindades diferentes.
Cada orixá, nkisi ou vodum, tem seu ewó especifico, e todos devem ser respeitados para
que o iniciado não caia
em enfermidade ou
castigos divinos.
As divindades são muito
exigentes com seus filhos
e sua disciplina
ritualística, por isso todo
iniciado deve tomar todo o
cuidado no seu dia a dia e
nos preceitos exigidos.,
respeitando datas
especificas, roupas,
ambientes, alimentos
específicos,
comportamento e
disciplina.
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Povos Africanos
Segundo os estudos de historiadores do Brasil e da USP – Projeto Africa Brasil, em quatro
séculos de tráfico negreiro, cerca de mais de 5 milhões de africanos aportaram no
Brasil na condição de escravos, mas no geral, os africanos retirados da África ultrpassam
o número de 12 milhões.
Entretanto, podem ser estabelecidas duas linhas principais de religiões africanas que tiveram
maior influência no Brasil:
- As religiões dos negros bantos, vindos da áfrica central e oriental (Angola, Congo,
República Democrática do Congo, Moçambique), que originaram diferentes cerimônias
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celebradas especialmente no Rio de Janeiro. A exemplo bantu temos o candomblé
angola, cabula, omolokô e a umbanda.
- A umbanda já se difere dos demais, pois tem sicretismo catolico, indigena, iorubá
e bantu.
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Como podemos analisar no mapa acima, veremos diferentes rotas do trafico negreiro, de
diferentes regioes e paises da África.
Existiram 4 grandes rotas no trafico de escravos:
Rota da Guiné – (povos mandingas, balantas, bijagós)
Rota da Mina – (povos jejes, minas, nagôs, malês)
Rota de Angola – (povos congos, angolas, benguelas, rebolos, cabindas)
Rota de Moçambique – (povos moçambiques, quelimanes, macuas)
Muitas das crenças africanas trazidas para o Brasil, foram sincretizadas pelo islamismo,
séculos antes mesmo do trafico negreiro.
O povo africano foi um dos povos que mais sofreu com guerras e invasões, por isso muitas
de suas mitologias tem ligação com divindades guerreiras e grandes períodos de
tribulações.
A África foi o continente mais invadido na história da humanidade, assim gerando um povo
sofrido, com traumas e um espirito de resiliencia inigualavel.
Sem contar nos inumeros ditadores que destruiram os paises africanos, levando seu povo
a pobreza extrema, miséria e milhões de mortes.
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O Islamismo no culto afro brasileiro
O islamismo iniciou sua influencia sobre os negros africanos desde o século VII, através
de invasões e guerras no continente africano.
O povo muçulmano na África obrigou os povos africanos animistas a se converterem ao
islã e também incluirem praticas do islã em suas crenças.
Varias foram as mudanças que os muçulmanos fizeram nos cultos negros subsaarianos:
Adoração de um único Deus;
Uso do turbante;
Raspar a cabeça;
Louvar a sexta feira;
Usar a cor branca nas vestimentas;
Se ajoelhar perante a Deus;
Prostrar a cabeça a Deus;
Adaptações linguisticas;
Entre outros.
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As crenças animistas africanas subsaarianas foram nitidamente mudadas pelo islã.
Podemos analisar também o nome das divindades iorubá Oxalá, Obatalá, Ajalá, todos
contendo o nome de Deus em árabe, Alá.
Também houve adaptação linguistica com o nome Orisá nlá, com Inshalá, que é uma
frase sagrada em arabe que significa “se Deus quiser”.
E isso tudo, depois no trafico negreiro de escravos africanos para Brasil, também teve
influencia na construção dos cultos afro brasileiros.
Na época da colonização, tanto nas captanias do Pará, Maranhão, Pernambuco e Rio de
Janeiro, ¼ da população negra de cada local era muçulmana, e foi isso que influnciou
muito a construção dos cultos afro brasieliros a terem rituais e palavras
arabes/muçulmanas.
Alguns linguistas afirmam que a palavra atabaque também é uma adaptação da palavra
DERBAQUE, que é um tambor arabe, e muitas outras.
Toda adaptação linguistica ocorre por meio de não se conseguir pronunciar a palavra
original corretamente, modificando-a.
Esse é um processo natural que ocorre na mistura de povos.
“Aquele que não sabe de onde veio, não sabe pra onde vai.”
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Sincretismo
Uma característica muito presente nas religiões afro-brasileiras é o sincretismo religioso.
Herkowitz (1958, apud HURBON, 1987) utiliza o conceito de reinterpretação para explicar
esse fenômeno,
''o processo pelo qual antigas significações são atribuídas a novos elementos ou novos valores, o
que muda a significação cultural das formas antigas".
Roger Bastide não nega o conceito de reinterpretação de Herkowitz, mas defende que a
reinterpretação também está ligada às estruturas e mobilidades sociais. Defende que o
fenômeno da reinterpretação está em parte condicionado pela discriminação entre classes
sociais e em parte condicionado pela discriminação racial dentro da Igreja (como ocorreu
no Brasil). Distingue ainda a aculturação material (com suporte nos conteúdos culturais em
contato, onde está inserido o sincretismo religioso) e a aculturação formal (baseada na
mudança de mentalidade).
Essas, entre outras hipóteses, explicam como foi possível no Brasil a existência, por
exemplo, do culto a Ogum (orixá guerreiro dos iorubás) "disfarçado" de reverência ao
guerreiro católico São Jorge da Capadócia.
Ou ainda, a correlação entre os santos gêmeos São Cosme e São Damião e os ibêjis,
orixás gêmeos dos iorubás.
O sincretismo no Brasil ocorreu devido a caça da igreja católica contra demais religiões,
assim, os negros tiveram que adaptar seu culto aos orixás, trocando por imagens dos
santos católicos para poderem continuar com os cultos normalmente.
Devemos sim respeitar os santos católicos, pois foram graças a eles que a religião
africana se manteve viva no brasil durante anos, até hoje.
Então como forma de sobrevivência religiosa, o sincretismo ocorreu no Brasil.
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O sincretismo no Brasil também tem sua variabilidade de acordo com a região:
Exemplos de sincretismo em São Paulo, capital:
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Nação Nagô – Culto aos Orixás
Orixás são divindades dos povos nagô, representados pela natureza. Foram enviados por
Olodumaré, Olofin ou Olorun (Deus) para a criação do mundo e após isso, ensinar e
auxiliar a humanidade a viver no planeta. Os nagôs foram traficados para o Brasil por volta
de 1780.
Uns contam que quase todos orixás encarnaram como humanos e tiveram vida terrena,
chamados Irumolés, mas já existiam anteriormente no Orum (Céu) , e outros eram
humanos que se tornaram orixás pelos seus feitos extraordinários e sabedoria durante
a vida, ou porquê teriam nascido com poderes sobrenaturais e podiam controlar a
natureza, como: raios, chuvas, rios, fogo,vento, árvores, minérios e o controle de
ofícios das condições humanas, como: agricultura, pesca, metalurgia, guerra,
maternidade, saúde.
Outros contam que os orixás desceram do Orum para ajudar os seres humanos, assim
tornando Irunmolés, e séculos depois voltando ao Orun.
Inumeras lendas são contadas de diversas formas, pois o ensinamento desses povos
ocorre de fora oral, através da oralidade, ou seja, tudo é ensinado, repassado de geração
em geração apenas através da fala, nada por escrito, por isso ocorrem tantas mudanças
com o passar dos anos.
O candombe existe até hoje no Uruguai, desfilam nas ruas tocando tambores.
Ja o outro nome, Ka Nzo Ndombe significa Pequena casa de negros, em kimbundu.
Podemos notar a mistura de idiomas que formam os nomes, com o idioma banto e o
iorubá, isso mostra nitidamente como os povos se uniram aqui no Brasil, mesmo sendo
rivais em terras africanas.
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Os nagôs sempre causando guerras, e os bantos fugindo da guerra, fez com que os
bantos saissem da região dos Camarões e descessem para o centro e sul da África,
dominando a maior parte da África.
Os iorubás são uma minoria na África.
Já aqui no Brasil, os Nagôs tiveram que deixar a guerra de lado e se unirem aos bantos,
que eram em numeros bem maiores.
Os orixás são:
Nos cultos afro brasileiros de origem nagô, existirão qualidades de orixás, essas que darão
aos orixás nomes diferentes, gerando assim uma variedade maior de orixás.
Essas qualidades podem ser designadas apenas através do jogo de buzios, O érindilogun.
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A renovação do candomblé nagô
Rodolfo Manoel Martins de Andrade é um dos personagens mais importante da história do
candomblé ketu (nagô).
Posteriormente, viajou para diversas províncias do então Império do Brasil, ainda retornando
à África.
Radicou-se em Lagos, mas voltava sempre ao Brasil.
Hoje, tem descendentes no Brasil e África.
O método divinatório nagô de 16 búzios usado hoje em todo o Brasil, o erindilogun, ou “jogo
de búzios”, é frequentemente conhecido, entre os adeptos do candomblé ketu, como o
“sistema Bamboxê”.
Foi Babá Bamboxê quem trouxe o adoxú para o Brasil, a ritualistica de raspar o iniciado e
colocar o orixá na cabeça do mesmo, assim fundamentando o candomblé ketu no Brasil.
Os orixás vieram para o Brasil com os povos nagôs, tomando grande influência no nordeste
do Brasil, como a Bahia.
Segundo historiadores como ALENCASTRO e COSTA E SILVA, os povos nagôs eram muito
dificeis de lidar, sempre briguentos e hostis, eram povos originalmente de guerra e sempre
fugiam, pois não queriam trabalhar na lavoura, assim, os nagôs foram colocados como
soldados e domesticos.
Com isso, os nagôs tiveram maior acesso aos centros urbanos e casarões federais, levando
sua cultura aos nobres e historiadores da época.
Isso fez com que a cultura nagô tomasse grande espaço nos estudos sociológicos e culturais
de grandes pesquisadores internacionais.
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Muitos se perguntam por que o culto aos orixás é tão grande no Brasil e de outras nações
nem tanto.
Estudiosos como Roger Baptiste, Pierre Verger, Gilbert Rouget, Alfred Metraux, entre outros,
estudaram os iorubas e publicaram sobre sua cultura, assim gerando grande popularidade.
Com o tempo, a cultura ioruba estava também nas obras de grandes escritores e musicos,
levando mais ainda para todo o Brasil a cultura ioruba dos orixás.
As demais nações de negros africanos não tiveram tanto conhecimento no Brasil pois essas
foram colocadas nas lavouras de cana, distante da sociedade, explica Professor Alberto
Costa e Silva.
Junto aos nagô, vieram para o Brasil os Malês, negros mulçumanos, inteligentes, que sabiam
ler e escrever, e lutar. Por serem povos de guerra, e nunca aceitaram a catequização
obrigatória da Igreja, geraram assim a famosa REVOLTA DOS MALÊS de 1835, a grande
guerra em Salvador que acabou com a morte de inumeros malês e os demais deportados
para a África.
Foi um verdadeiro massacre, pois enquanto os malês lutavam com paus e facas, a guarda
portuguesa usava mosquetes e cavalos.
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Nação Angola – Culto aos Nkisi
Por mais que os Orixás ganharam fama graças aos pesquisadores e sociólogos da
época, foram os povos bantos que influenciaram a construção da atual cultura
brasileira, também da culinária, da musicalidade, do idioma, entre outros.
Os povos bantos não levaram sua crenças dos Nkisis para a sociedade, mas foram eles
que construiram nossa nação, devido ao grande numero de africanos bantos no Brasil e
por terem sido os primeiros traficados para o Brasil, que eram muito maior que os nagôs.
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Os bantos eram excelentes agricultores, ferreiros, pastores, e isso fez com que fossem
mantidos nas fazendas, lavouras e matadouros, afastados dos centros urbanos.
Por isso suas crenças eram vistas como de meros agricultores.
Mas devido ao seu grande numero, os bantos influenciaram a construição do Brasil que
temos hoje.
O Brasil teve sua construção cultural fortemente influenciada pelo povo bantu, angolanos
e congoleses que foram trazidos para o Brasil no tráfico de escravos em 1530.
Desde a cultura, a religião e a culinária, tudo isso teve influência dos negros bantus
africanos.
O samba, ritmo famoso brasileiro, teve seu início nas casas de bantos. Chamado de
semba pelos angolanos e por coincidência, ainda existe uma divindade banto chamada
Samba Kalunga – dama do mar.
É importante esclarecer que a palavra KIUMBA do kimbundu, não significa espirito ruim,
como é usado na umbanda, KIUMBA significa “pessoa que gasta demais”.
A feijoada, tipico prato brasileiro, se tornou parte principal da nossa culinaria graças ao
povo banto, e fez tanto sucesso, que os negros bantos que conseguiram voltar para
Angola, levaram esse prato lendário para seu país natal.
Várias palavras do português falado no Brasil têm origem no kimbundu, uma língua
banta de Angola. Alguns exemplos são: moleque, cafuné, quilombo, caçula,
macumba, senzala, fubá, quitanda, muamba, camundongo, marimbongo, farofa,
muvuca, cachimbo, cachaça, dendê, manha, maluco, bunda, quimbanda,
umbanda, etc.
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(Estátua de nkisi banto)
Os Inkisis são:
É importante salientar, que os Nkisi são vistos para os povos banto, como elementos da
natureza, logo, não é possivel se incorporar tais elementos.
Diferente dos iorubás que incorporam seus orixás através dos Eleguns.
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A Cabula e o Omolokô
A Cabula surge no Brasil por volta de 1826, no Espirito Santo, através da união de povos
Malês e bantos, e também indigenas.
Ocorreu também a ajuda de quilombolas que lutavam pela religião e liberdade.
Os Malês eram muito inteligentes, sabiam ler e escrever, falavam varios idiomas e sabiam
da importancia do aprendizado e do letramento.
Essa foi a maior causa das lutas dos Malês e bantos da Cabula, lutaram durante décadas
pelo direito das crianças negras terem educação e ensino.
A Cabula ainda existe até hoje no Brasil, e sempre teve muita força, obtendo até grande
território na Bahia, chamado Cabula, que lá foi onde surgiu o mais importante terreiro da
Bahia, o Ilê Axé Opô Afonjá.
Os Bacúros são ancestrais nobres da Cabula, porem o Omolokô também os cultua, assim
sucessivamente a Umbanda de apropriou do culto, denominando os de Linha das Almas, ou
pretos velhos, pois esses ancestrais incorporados vinham curvados e com bengalas.
Lembrando: Apropriação cultural não é crime e nunca foi, é comum as culturas se apropriarem
de culturas alheias por afinidade.
Inumeros grupos religiosos incorporaram em seus cultos, culturas de povos vizinhos por
afinidade, ou por questão diplomatica.
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O Omolokô
O culto Omolokô teve seu surgimento junto com a Cabula, pois quando os adeptos da Cabula
foram expulsos dos centros urbanos, fugiam para as fazendas e lavouras onde não seriam
reprimidos pela policia.
Isso foi um dos motivos do nome Omolokô, que significa Filhos das Fazendas ou filhos do
orixá Okô, orixá da agricultura. Historiadores também dizem ter ligação com o vodum Lokô e
o orixá Iroko, muitas são as especulações do significado do nome Omolokô.
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Nação Jeje – Culto aos Vodun
Assim, como os Nagôs ou iorubás, os jejes, fons, minas e os fante-axante, formam grupos
sudaneses que englobam a África Ocidental hoje denominada de Nigéria, Gana, Benim e
Togo. Sua entrada no Brasil ocorreu em meados do século XVII.
A palavra djedje (jeje) recebeu uma conotação pejorativa, como “inimigo”, por parte dos
povos conquistados pelos reis de Daomé. Quando os conquistadores eram avistados
pelos nativos de uma aldeia, muitos gritavam dando o alarme “Pou okan, djedje hum wa!”
("Olhem, os jejes estão chegando!).
O idioma francês se tornou o mais falado no Benin, atigo Daomé, devido a invasão
francesa, e com isso surgiram a palavra patuá e feitiço.
A palavra patuá significa em francês “gente que fala diferente, dialeto diferente”.
Assim os franceses chamavam os daomeanos no inicio, e principalmente eram chamados
assim porque carregavam colares e amuletos, por isso esses amuletos acabram sendo
chamados de patuá.
Deve-se usar a palavra magia, e não feitiço, pois feitiço vem de ficticio.
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Os vários grupos étnicos são:
Fons Sombas
Ewes Gouns
Fantis Baribas
Ashantis Aizos
Minas Ijexás
Adjas Hausas
O Voduns são:
Importante salientar que, o Vodun Nanã, é tradicional do culto jeje daomeano,e não dos
iorubás.
O que ocorreu foi que os iorubás se apropriação da culto do Vodun Nanã, trazendo-a para o
culto dos orixás.
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O Calundu
O Calundu foi uma espécie de religião, mais como uma reunião de africanos banto,
por volta do ano de 1640.
Esse culto é pouco estudo pelos historidores e possui pouco acervo, pois data de
muitos séculos atrás.
O Calundu é também um culto banto, com divindades Nkisi, como a cabula, o omolokô
e o candomblé angola.
O que ocorreu foi uma apropriação cultural dessas palavras, onde foi usado essas palavras
banto que ja existiam, e foi criado em cima delas novas vertentes.
O que ocorreu com Zélio foi que ele trouxe traços da cultura banto para o kardecismo, porém
como o kardecismo não aceitou esse sincretismo de Zélio, logo, ele inicio sua propria religião
espirita com sincretismo banto.
Zélio não era totalmente africanista, nem kardecista, pois trabalhava com espiritos afro
brasieliros e ritualisticas afro brasieliras, mas mantia o nome de “tenda espirita” e os
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trabalhos de psicografias e orações catolicas, mas principalmente usava o nome tenda
espirita para afastar o preconceito forte que existia contra os cultos afro.
Por fim, Zélio conseguiu introduzir a cultura afro brasileira negra na alta sociedade, ou seja,
introduziu a cultura afro na cultura dos brancos.
O que se via séculos atrás apenas cultuada por negros, hoje em dia vemos milhares de
terreiros com sacerdotes e adeptos todos brancos.
Apenas em 1939, Zélio Fernandino fundou uma federação espirita, pois ja existiam varias
tendas espiritas que seguiam a sua doutrina e necessitava de um controle juridico, porém foi
processado pelos espiritas e teve que mudar o nome para Federação de Umbanda, assim
dando inicio a religião Umbanda.
Ramificações
A Umbanda possui varias ramificações, caracterizadas por diferenças em rituais,métodos,
hierarquia, etc.
Entre as vertentes mais conhecidas estão:
• Umbanda tradicional: criada por Zélio Fernandino de Morais, se baseia nos
princípios da caridade e da fraternidade espírita kardecista. É fundamentada
em três entidades iniciais que são os Caboclos, os Preto-Velhos e as
Crianças. Esta vertente originalmente não é adepta das práticas africanas.
• Umbanda de almas e angola: além da Umbanda tradicional, se utiliza de ritos
africanos.
• Umbanda branca ou Umbanda de mesa: voltada ao Espiritismo com doutrinas
baseadas na conduta kardecista. Não trabalha diretamente com Exús, pombo-giras
nem se utilizam de fumo, álcool, imagens e atabaques.
• Umbanda de caboclo: tem influência da cultura indígena brasileira, trabalhando
com Caboclos. Não trabalha com orixás.
• Umbanda omolocô: do culto africanista aos orixás e aos nkisis, também
aos Guias e Linhas da Umbanda.
• Umbanda esotérica: seu maior difusor foi Mestre Yapacany considerada como um
conjunto de leis divinas, sincretismo europeu e hindu. Muito pouco africana.
• Umbanda iniciática: derivada da Umbanda esotérica, foi fundada por Pai Rivas
(Mestre Umbanda Yamunisiddha Arhapiagha), com influência Iniciática oriental,com
uso de mantras indianos e do Sânscrito.
• Umbanda Sagrada: a partir dos ensinamentos transmitidos por Rubens Saraceni.
• Umbanda de preto-velho: onde só se trabalha na linha das almas benditas.
• Umbanda trançada ou Umbandomblé: Umbanda misturada com candomblé.
• Umbandaime: Mistura da umbanda com o ritual do Santo Daime.
A Pomba Gira
Como toda adaptação de idioma, o Brasil também teve muitas adaptações idiomáticas
por causa das misturas de idiomas e povos na construção do pais.
Na religião afro brasielira isso também aconteceu, adaptações, sincretismos, e
reinterpretações.
No culto banto, de angola e congo, existe um Nkisi chamado Mpambu Njila, esse o
mensageiro e guardião das ruas, passagens, e da sabedoria.
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A entidade exú
Da mesma maneira que houve apropriação cultural do nome do Nkisi Mpambu Njila e se
tornou pomba gira, ocorreu a apropriação cultural com o orixá Exú dos nagôs.
Com ampla fama entre os nagô, o orixá Exu sempe foi reverenciado com prioridade, assim,
os crioulos que frequentavam os cultos nagôs perceberam essa importancia do nome Exu e
começaram a usa-lo em demais cultos e vertentes.
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Esse espirito foi logo denominado de Exu Marabô na época, pois o nome exu, carregava
imensa fama pelos nagôs.
Umas das entidades, chamada Marabô, possui relatos de seu nome na Guiné e Guiné
Bissau - África.
Devido o trafico negreiro, esses chefes foram trazidos para o Brasil e seu nomes foram
incluidos aos cultos afro brasileiros, por questão de respeito hierárquico.
Com base em estudos historicos e antropológicos, analiso que essa entidade Exu Marabô,
na verdade, sejam espiritos de chefes religiosos da Guiné e Guiné Bissau, bem diferente do
que se é retratado nos cultos afro brasileiros atuais.
A fama da incorporação
É importante salientar que nos cultos na África, não é comum e nem essencial a incorporação.
A exemplo, nos cultos nagôs, apenas os Elegun vão incorporar orixás, e são treinados para
suportar esse laço mediúnico, que pode durar até 15 dias em transe.
A imposição da incorporação que temos nos dias de hoje nos cultos afro brasileiros, provém
do kardecismo.
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O Tambor de Mina
Tambor de Mina é uma religião afro-brasileira muito praticada nos estados brasileiros
do Maranhão, Piauí, Pará e na Amazônia, cuja característica marcante é o transe.
O Maranhão foi um dos grandes destino da mão de obra africana, sobretudo durante o último
século do tráfico de escravos para o Brasil (1750-1850), principalmente para a capital,
a Baixada Maranhense e o Vale do Itapecuru, regiões onde existiam grandes plantações
de algodão e cana-de-açúcar.
No nome tambor de mina, a palavra tambor é devido a importância do instrumento nos rituais
de culto. A palavra mina refere-se ao negro-mina da região de São Jorge da Mina.
Denominação dada aos escravos procedentes da costa situada a leste do Castelo de São
Jorge da Mina na atual República do Gana, trazidos da região das atuais repúblicas do Togo,
Benim e Nigéria, conhecidos principalmente como negros mina-jejes e mina-nagôs.
O primeiro parece ser o mais antigo e se estabeleceu em torno da Casa Grande das Minas
Jeje, mais conhecida como Casa das Minas (Querebentã de Toi Zomadônu), o terreiro mais
antigo, que deve ter sido fundado em São Luís na década de 1840.
O outro, que lhe é quase contemporâneo e que também se continua até hoje se estabeleceu
em torno da Casa de Nagô. A Casa das Minas e a Casa de Nagô localizam-se no mesmo
bairro (São Pantaleão) a uma quadra de distância.
A Casa das Minas é única, não possui casas que lhe sejam filiadas, daí porque nenhuma
outra siga completamente seu estilo. Nesta casa os cânticos são em língua jeje e só se
recebem divindades denominadas de voduns, mas apesar dela não ter casas filiadas, o
modelo do culto do Tambor de Mina é grandemente influenciado pela Casa das Minas.
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A Casa de Nagô cultua voduns, orixás e encantados (gentis ou caboclos, que são espíritos
de reis, nobres, índios, turcos etc.).
Na Mina há festas especiais para voduns, gentis e caboclos, sendo que de acordo com o
desenvolver do culto mudam-se os toques e os cânticos também, dependendo da família ou
linha de entidades que se queira homenagear.
A família de Quevioço (dos voduns chamados nagôs), como Toi Badé Neném Quevioçô
(Xangô), Nochê Sobô Babadi (Iansã), Toi Loco (Iroco), Toi Lissá (Oxalá), Toi Averequete,
Nochê Abê (Iemanjá) e outros;
A família de Dambirá (que cura a peste e outras doenças), chefiada por Toi Acóssi Sapatá
Odã e que incluí entre outros Toi Azíle, Toi Agonçozonce Dambirá, Toi Polibojí, Toi Lepon,
Toi Alogué, Nochê Ieuá, Nochê Bôçalabê e Toi Boçucó.
Existem ainda os
voduns Toi Ajaúto de
Aladánu e Toi Avrejó
que formam a família
de Aladanu, hóspede
de Quevioçô, e os
voduns agrupados na
família de Savaluno,
hóspede de Davice,
como Toi Agongono
e Toi Jotin.
O título de Toi significa que o vodum é masculino e o título de Nochê significa que o vodum
é feminino.
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O Terecô
O Terecô teria se originado de práticas religiosas de antigos escravizados que viviam nas
fazendas de algodão de Codó e em suas redondezas, nas matas de coco (babaçu), na bacia
do rio Itapecuru, ate o início da prática na zona urbana às margens da Lagoa do Pajeleiro,
antes mesmo da abolição da escravidão.
Muitos terecozeiros ficaram famosos por trabalhos de magia, inclusive tendo políticos como
clientes, como pai-de-santo Bita do Barão. Estima-se que Codó tenha cerca de 300 terreiros
de Terecô e Umbanda, o que lhe rendeu a fama nacional de capital da magia.
33
O Babaçuê
Babaçuê é um culto religioso afro-ameríndio popular do Norte e Nordeste do Brasil em
especial nos estados do Amazonas e do Pará.
Como Batuque de Santa Bárbara, cultua os orixás nagôs Iansã e Xangô, a primeira
protegendo as mulheres e o segundo, os homens. E na versão Batuque-de-Mina, cultua os
Voduns.
"Babaçuê"
possivelmente é uma
corruptela de
"Bárbara Soeira",
nome pelo qual o
terecô maranhense
também é conhecido.
No início do século
XX, por volta de 1910,
pesquisadores de
visibilidade nacional
davam notícias vagas
sobre um tipo de culto
na Amazônia
denominado
"batuque" ou
"babaçuê", que teria
se curvado às tradições ameríndias, ou seja, à pajelança.
Como o tambor de Mina e o terecô, o babaçuê se baseia na tradição jeje (fom) de culto aos
voduns. Porém, também é realizado o culto aos Orixás (tradição nagô), em especial Iansã
(orixá dos ventos e protetora das mulheres, sincretizada com Santa Bárbara) e Xangô (orixá
dos raios e da justiça, protetor dos homens).
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O Xambá
Povo Xambá ou Tchambá que veio dos limites da Nigéria com Camarões, moradores do
vale do rio Benué em África. Uma Nação que se derramou nas águas de Maceió até 1920,
até que o Babalorixá Artur Rosendo Pereira precisou fugir: levou Xambá para Recife.
No início da década de 1920, a perseguição política de que eram vítimas as religiões afro-
brasileiras no país, levou o babalorixá Artur Rosendo Pereira, a fugir de Maceió, capital do
estado de Alagoas, vindo a estabelecer-se por volta de 1923 na rua da Regeneração, no
bairro de Água Fria, na cidade do Recife, em Pernambuco.
Antes desse episódio, ainda vivendo em Maceió, Rosendo havia viajado até à costa da África,
onde permaneceu por quatro anos com "Tio Antônio", que trabalhava no mercado de Dacar,
no Senegal, vendendo panelas.
Rosendo iniciou muitos filhos de santo, tendo muitos deles aberto terreiro. Entre estes
destacou-se Maria das Dores da Silva - "Maria Oiá" - iniciada em 1928. A saída de iaô de
Maria Oiá foi realizada sem o toque dos tambores e cantada em voz baixa ainda devido à
perseguição, que entretanto persistia.
Em 1930, Maria Oiá inaugurou o próprio terreiro, à rua da Mangueira, no bairro de Campo
Grande no Recife. Com a conclusão de sua iniciação, recebeu no barracão as folhas, a faca
e a espada das mãos de seu babalorixá, que realizou ao meio dia o ritual de coroação de Oiá
no trono.
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O Xangô do Nordeste
Como seu próprio nome ja diz, o culto Xangô do Nordeste cultuam se os Orixás.
Alcançado os anos de 1920, os rituais do xangô tomam cores mais vivas, graças à busca por
referências realizada pelo Pai Adão Ventura.
Nas últimas décadas, muito se discute sobre as feições e destinos que o Xangô de
Pernambuco pôde ter com o passar do tempo. Sob tal aspecto, a proliferação dos discursos
de resistência e preservação pode ser fundamental para que essas e outras tradições
religiosas daquela região prolongassem a sua existência.
Ao mesmo tempo em que se reafirma um certo tipo de credo, o Xangô de Pernambuco liga-
se progressivamente à construção de outras identidades de natureza étnica e social.
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O Candomblé de Caboclo
Quando o povo banto chegava em terras alheias tinha por prática religiosa identificar os
espíritos que “chegaram primeiro” naquela terra. Para tal recorriam aos sacerdotes locais a
fim de aprender os métodos de culto a tais espíritos os reconhecendo como:
O termo candomblé de caboclo teria surgido na Bahia, entre o “povo de santo” ligado ao
candomblé de nação Ketu - nagô, originalmente pouco afeito ao culto de caboclo,
justamente para marcar sua distinção em relação aos terreiros de caboclos.
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Nos anos de 1930, a antropóloga americana Ruth Landes esteve na Bahia e, numa visita
que fez ao terreiro de Mãe Sabina, famosa sacerdotisa cabocla, Ruth Landes registrou um
diálogo significativo.
“Ela sabe qual é a nossa seita? Sabe que somos caboclos e os outros são africanos?”
“A senhora deve saber essas coisas. Este templo é protegido por Jesus e Oxalá e pertence
ao Bom Jesus da Lapa. É uma casa de espíritos caboclos, os antigos índios brasileiros, e não
vem dos africanos Yorubás ou do Congo. Os antigos índios da mata mandam os espíritos
deles nos guiar, e alguns são espíritos de índios mortos há centenas de anos. Louvamos
primeiro os deuses africanos nas nossas festas porque não podemos deixá-los de lado; mas
depois salvamos os caboclos porque foram os primeiros donos da terra em que vivemos.
Foram os donos e, portanto, são agora nossos guias, vagando no ar e na terra. Eles nos
protegem.”
Das três principais etnias Nagô (ou Kétu), Fon (ou Jeje) e Angola (ou Bantu) que deram
forma ao Candomblé no Brasil, os Bantus foram os que mais se aproximaram aos nativos
brasileiros.
Com isso no final do século XVIII surgiram no Recôncavo Baiano os primeiros Candomblés
de Caboclo.
Os Caboclos de Pena eram os índios das tribos que viviam da caça, pesca e que se
adornavam com penachos, cocares e colares artesanais.
Os Caboclos de Couro eram os espíritos dos vaqueiros ou boiadeiros tratadores de
gado que usavam indumentárias e chapéus de couro.
Todos esses Caboclos tinham como finalidade o aconselhamento aos aflitos, lhes indicando
banhos, defumadores, oferendas e tudo que pudesse ajudá-los na resolução dos problemas.
Esses Candomblés de Caboclos foram importantes na conquista de novos adeptos, por ter
uma percepção menos formal em sua forma de culto, por cultuarem tanto as divindades
africanas (conservando a essência de seus ritos) quanto os Caboclos da terra.
Na África, o culto a Oxossi desapareceu quando a cidade de Kétu foi dominada pelos Fons,
com a ajuda dos europeus. O culto a Oxossi foi difundido aqui, no Brasil, com a vinda de
importantes sacerdotes na época da colonização.
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Fica aqui o respeito e dedicação ao povo indigena brasileiro, os donos da terra.
O Catimbó
O Catimbó é um culto afro ameríndio de origem nordestina brasileira, que teve sua origem
na época colonial. Estudos apontam que possa ter origem no seculo XVII.
É um culto que trabalha com ervas, rezas, curas, cantigas, danças, fundamentados sempre
na humildade e simplicidade.
Trabalham com espiritos de indios, caboclos e mestres juremeiros.
Muito se assemelha ao culto Encantaria, no Maranhão, mas muitos dizem ser cultos distintos.
A iniciação no culto da Jurema se dá através do tombamento, um ritual de iniciação e transe.
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O catimbó tem rituais e dogmas próprios, logo não pode ser comparado ao camdonblé,
umbanda ou outra vertente.
Nesse culto se faz uso do vinho da Jurema, produzido com a raiz da arvore, levando o iniciado
ao transe, devido ao temor enteógeno da raiz.
O Toré, uma forma específica de culto à Jurema, é, por vezes a única forma de identificação
cultural remanescente entre os ameríndios do Nordeste.
Esta variedade de cultos, entretanto, foi severamente reduzida por ocasião do contato
europeu, de forma que a tradição da Jurema sagrada teve de ser adaptada aos preceitos
católicos, devido à forte repressão colonial aos cultos considerados pagãos.
Assim, o vasto panteão aborígene foi gradualmente suprimido, sendo adotado, nos rituais da
população cabocla, as mesmas deidades do catolicismo tradicional. O culto aos
antepassados, porém, por sua grande influência, foi mantido e, ademais, adaptado à
realidade dos Mestres da Jurema.
Tais Mestres seriam figuras ilustres do Catimbó, que, quando vivos, teriam realizado diversos
atos de caridade por intermédio do uso de ervas e propriedades xamânicas, de modo que por
ventura de sua morte, teriam sido transportados a uma das Cidades místicas do Juremá,
localizada nas imediações de um arbusto de Jurema plantado pelo Mestre anteriormente a
seu falecimento.
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As Benzedeiras
Como sabemos as Benzedeiras ou Rezadeiras assim chamadas, são pessoas muito
humildes que trabalham na cura, através de rezas e ervas.
Possuem sincretismo com o catolicismo, espiritismo e curandeirismo.
Com base nisso, podemos notar a semelhança com os mestres juremeiros, pessoas que
trabalham no espiritismo, com base na humildade e simplicidade, sincretizados com o
catolicismo e o curandeirismo.
Tanto a Jurema como as benzedeiras, estão em relatos das cartas portuguesas ao Rei de
Lisboa Dom João, desde 1702, onde relata indios e negros em rituais de cura, transe e
magia.
O benzimento se tornou uma tradição no Brasil, sendo passado de pai para filho e assim por
diante. Durante séculos, as benzedeiras mantiveram seu legado até os dias de hoje, porém
poucos são os que mantém esse culto.
Aqueles que ja se benzeram já ouviram falar em curas como espinhela caída, ventre virado,
bucho virado, bicha aguáda, mal olhado, olho gordo, quebrante, e outros mais.
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O Batuque
Batuque é uma forma genérica de denominar as religiões afro-brasileiras de culto aos orixás
encontrada principalmente no estado do Rio Grande do Sul, Brasil, de onde se estendeu
para os países vizinhos tais como Uruguai e Argentina.
O batuque é fruto de religiões dos povos da Costa da Guiné, do Benim e da Nigéria, mas
nao tem nada a ver com as nações do Candomblé. O Batuque possui os lados Jeje, Ijexá,
Xalú, Oyó, cambina, muito confundida com Cabinda, e Nagô.
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O Ijexá
Música ritualística de origem africana, o ijexá foi levado para o Brasil pelos iorubás
escravizados. No Candomblé nagô da Bahia, é fortemente empregado nos cultos religiosos,
a exemplo dos dedicados aos orixás Ogum e Xangô, quando em sua origem é dedicado
especialmente a Xangô (as exceções em que este toque não se pratica são aqueles
dedicados aos orixás de origem jeje: Omulu, Oxumarê e Nanã).
É comum vermos também o Ijexá nos batuques jeje-nagô do Rio Grande do Sul.
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A Macumba Carioca
No seculo XVIII, haviam reuniões festivas de origem negra banto no Rio de Janeiro e seus
entornos, que eram tocados tambores e a macumba, um instrumento musical de percussão,
que com o tempo o seu nome foi dado a própria reunião, a Macumba.
Como toda outra religião afro brasileira, a macumba carioca também foi perseguida pelo
governo brasileiro.
A macumba urbana, que possuia uma roupagem kardecista ou católica, mais aceita
pela sociedade e pelo governo.
A macumba rural, que possuia uma linha tradicional africanista, como estavam longe
dos centros urbanos, podiam manter os cultos com tambores e sua tradicionalidade
livres da repressão social e governamental.
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Como podemos ver ao lado,
temos o instrumento de
percussão chamado macumba,
que também possui o nome de
uma arvore chamada Macumba.
Tudo isso ocorreu porque a comunidade negra buscava um culto que tivesse aceitação
pela sociedade e pelo governo, principalmente quando se iniciou as macumbas no
Maracanã, maior estadio de futebol do Brasil.
Esse foi um dos momentos de grande visibilidade e liberdade dos cultos afro no Brasil.
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A macumba sofreu tanto com o preconceito, que até o instrumento macumba foi
esquecido de ser usado nos terreiros.
A palavra macumba foi vinculada a algo ruim, magia negra, etc.
Tudo isso foi obra da construção social branca, que sempre buscou eliminar do Brasil
a cultura africanista.
Devemos então como forma de respeito aos povos africanos e nossos antepassados,
manter viva as tradições africanistas, e não vincula-las a cultura europeia.
As religiões afro brasieliras devem ser livres para serem 100% africanistas.
O movimento africanista brasileiro não precisa de uma roupagem européia para se
manter vivo nos dias de hoje.
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A Quimbanda
Desde a chegada dos povos bantos no Brasil, entre eles vieram os kimbanda,
curandeiros da regiãos do Congo e Angola.
Esses curandeiros trabalhavam com curas e magias, muitos rituais até se
assemelhavam com o candomblé angola, porém, eram sacerdotes mais reservados e
temidos.
Os quimbandeiros
começaram a ganhar fama e
com eles grande perseguição
católica.
Com amplo conhecimento em
magia, esses quimbandeiros
começaram a ameaçar seus
inimigos, afirmando que
trabalhavam na cura, mas
também sabiam fazer o mal
para quem os ameaçasse.
Devemos salientar que o culto kimbanda de antigamente, de raiz banto, muito parecido
com o candomblé angola, nada tem a ver com kimbanda relatada apartir de 1950 por
Aluizio Fontenelle, que mistura a cultura afro brasileira com a Goetia.
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O Culto a Egungun
Terreiro de Vera Cruz, fundado +/- 1820 por um africano chamado Tio Serafim, em
Vera Cruz, Ilha de Itaparica. Ele trouxe da África o Egun de seu pai, invocado até hoje
como Egun Okulelê, faleceu com mais de cem anos.
Terreiro de Encarnação, fundado +/- 1840 por um filho do Tio Serafim, chamado João-
Dois-Metros por causa de sua altura, no povoado de Encarnação. Foi nesse terreiro
que se invocou pela primeira vez no Brasil o Egun Baba Agboula, um dos patriarcas
do povo Nagô.
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Terreiro de Tuntun, fundado +/- 1850 pelo filho de Marcos-o-Velho, chamado Tio
Marcos, num velho povoado de africanos denominado Tuntun, Ilha de Itaparica.
Marcos possuiu o título de Alapini, Ipekun Ojé, Sacerdote Supremo do Culto aos
Egungun, na tradição histórica Nagô, o Alapini representa os terreiros de Egun ao afin,
palácio real.
Tio Marcos, Alapini, faleceu por volta de 1935, e com sua morte desapareceu o terreiro
do Tuntun, porém a tradição do culto a Baba Olokotun continuou através de seu
sobrinho Arsênio Ferreira dos Santos, que possuia o título de Alagba, este migrou para
o Rio de Janeiro levando o assento de Baba Olokotun para o município de São
Gonçalo. Depois do falecimento de Arsênio, os assentos dos Baba retornaram para
Bahia, através do atual Alapini, Deoscoredes M. dos Santos, conhecido como Mestre
Didi Axipá, presidente da Sociedade Cultural e Religiosa Ilê Axipá. Mestre Didi foi
iniciado na tradição do culto aos Egungun por Marcos e Arsênio.
Ilê Agboulá, Localizado em Ponta de Areia, na Ilha de Itaparica, o Ilê Agboulá é, hoje,
no Brasil, um dos poucos lugares dedicados exclusivamente ao culto dos Egun. Sua
fundação remonta ao primeiro quarto do século XX por Eduardo Daniel de Paula, Tio
Opê, Tio Serafim e Tio Marcos, mas a comunidade que lhe deu origem e que lhe
mantém os fundamentos está estabelecida na Ilha, como já vimos há cerca de
duzentos anos.
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O Candomblé Verde
Agenor Miranda Rocha, o
Professor Agenor, (nasceu em
Luanda, Angola, 8 de setembro de
1907) foi um babalorixá da religião
dos Orixás, o Candomblé ketu.
Foi iniciado aos cinco anos de
idade, em 1912, ao orixá Oxalá,
pelas mãos de Eugênia Ana dos
Santos, mais conhecida como Mãe
Aninha de Xangô ou Obá Biyi,
fundadora do Ilê Axé Opô Afonjá,
na cidade Salvador, devido a uma
enfermidade, fato este que levou
sua Mãe carnal a senhora Zulmira
Miranda, católica Apostólica
Romana, fervorosa, a aceitar o
feito com intuito de salvar a vida de
seu filho.
Foi o jogo de búzios (merindilogum) do Prof. Agenor que decidiu a sucessão de importantes
terreiros: Mãe Oquê e Mãe Tatá, na Casa Branca do Engenho Velho; Mãe Stella, no Ilê Axé
Opô Afonjá; Mãe Índia, no Terreiro do Bogum (o último grande jogo de sucessão antes do
falecimento do professor). Seu jogo de búzios foi um dos mais procurados do país.
Poucos foram aqueles que tiveram acesso ao acervo e conhecimento odúnico de Professor
Agenor. Segundo relatos de conhecedores de Professor Agenor, pouco da sabedoria dele
fora passada em seus livros, mas a grande maioria de seus conhecimentos, tiveram acesso
apenas por aqueles que tiveram vivência com o professor.
Umas das maiores polêmicas de professor Agenor, foi contrariar o culto nagô, refrente a
prática do sacrificio de animais dentro da religião.
Professor Agenor pregava que “para ele” não havia necessidade do sacrificio animal para
obter graças e bençãos dos Orixás, para ele, os Orixás não necessitavam de uma morte para
agrada-los.
Para ele, todo tipo de morte era negativa para os Orixás, pois os mesmos eram o grande
simbolo da vida.
Ela pregava a força da folhas, da natureza, o respeito a natureza, tanto para o mundo vegetal
como para o mundo animal. Como ainda na infancia fora iniciado em Ossain, por Babá
Cipriano Abedé, para ser um Babalossain, professor Agenor tinha forte ligação com o culto
da folhas, saindo da tradição de Orumilá onde se é feito constantemente o sacrificio animal.
Professor Agenor afirmava que a magia do candomblé e dos orixás estava nas folhas, e não
no sangue animal. Pregava ainda que o mundo está em constante evolução, e não matar na
religião do candomblé era um grande passo da evolução na espiritualidade.
Reforçava sua idiologia ainda por ser devoto de São Francisco de Asssis, o santo protetor
dos animais.
Isso fez com que se gerasse muito inimigos dentro do candomblé, mas por outro lado, se
criou posteriormente por adeptos da ideologia de Prodessor Agenor, o Candomblé Verde,
onde não se faz o sacrificio animal em momento algum.
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O Umbandaime
Segundo seus adeptos, a Doutrina do Santo Daime é uma missão espiritual, que encaminha
os seus praticantes ao perdão e a regeneração do seu ser. Isto acontece porque o daimista,
ao participar dos cultos e ingerir o Santo Daime inicia um processo de auto conhecimento,
que visa corrigir os defeitos e melhorar-se sempre, aprimorando-se como ser humano.
Nos rituais sempre há uma forte presença musical. São sempre cantados hinos religiosos e
são usados maracás, um instrumento indígena ancestral, na maioria dos locais de culto, além
de violas, flautas, bongôs e atabaques.
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Surgiu no estado brasileiro do Acre, no início do século XX, tendo como fundador o lavrador
e descendente de escravos Raimundo Irineu Serra, que passou a ser chamado dentro da
doutrina e por todos que o conheciam como Mestre Irineu. Após conhecer a bebida
sacramental chamada de ayahuasca pelos nativos da região Amazônica, Irineu Serra teve
uma visão de características marianas, em que um ser espiritual superior lhe entrega a missão
do Santo Daime.
Mestre Irineu ou Raimundo Irineu Serra nasceu em São Vicente Ferrer, no Estado do
Maranhão em 1892. No final da primeira década do século, embarcou para o então Território
do Acre para trabalhar
nos seringais, onde se
estabeleceu próximo à
cidade de Brasileia, na
fronteira com a Bolívia.
Foi ali que Raimundo
Irineu Serra teve sua
iniciação com a
ayahuasca, recebendo
a missão de uma
entidade feminina
associada com a Virgem
Maria (Virgem da
Conceição ou Rainha da
Floresta) de expandir a
Doutrina e utilizar todo o
conhecimento nela
inserida para a cura.
Na década de 1930 inicia seus trabalhos espirituais com um pequeno grupo de seguidores
nos arredores de Rio Branco e, com o passar dos anos, viu esse grupo aumentar em tamanho
e importância no cenário acreano. Raimundo Irineu Serra faleceu em 6 de julho de 1971.
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A Encantaria
Encantaria é uma forma de manifestação espiritual e religiosa afro-ameríndia, praticada
sobretudo no Piauí, Bahia, Maranhão e Pará. Pode estar associada a diversas religiões
presentes nesses estados, como a Pajelança ou Cura, o Terecô (Mata ou Encantaria de Maria
Bárbara Soeira), o Babaçuê e o Tambor de Mina.
Diferente da Umbanda, na qual as entidades são espíritos de índios, africanos, etc, que
desencarnaram e hoje trabalham individualmente (geralmente usando nomes fictícios), na
Encantaria, os encantados não são necessariamente de origem afro-brasileira e não
morreram, e sim, se "encantaram", ou seja, desapareceram misteriosamente, tornaram-se
invisíveis ou se transformaram em um animal, planta, pedra, ou até mesmo em seres
mitológicos e do folclore brasileiro como sereias, botos e curupiras.
Encantaria também pode se referir aos lugares onde tais entidades vivem.
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Encantaria Piauiense
O Piauí, devido a proximidade com o Maranhão, principalmente Teresina, que fica na divisa
dos dois estados e muito próxima da cidade de Codó, recebe muita influência do Tambor de
Mina e da Encantaria Maranhense, além da tradicional Umbanda. Em Teresina é possível
encontrar mais de 500 terreiros de cultos afro-brasileiros.
Encantaria Maranhense
No estado do Maranhão, o culto aos encantados é uma parte muito importante do tambor de
mina (estando ausente apenas na Casa das Minas) e do terecô.
A encantaria é presente em praticamente todo o estado, tendo atravessado as fronteiras do
Maranhão e chegando a estados vizinho como o Piauí e o Pará. Mas, a verdade é que muitas
entidades da encantaria de mina do Maranhão já pode ser encontrada em tendas de todo o
Brasil. Os maiores centros de encantaria são as cidades de São Luís, Codó, Caxias, e
Cururupu, todas no Maranhão, e também Teresina (Piauí) e Belém do Pará.
No tambor de mina e no terecô, são cultuadas diversas divindades de origens diversas, tais
como africanas (Voduns e certos Orixás), católicas (o Deus único, o Espírito Santo e a Virgem
Maria) e encantados, que são chamados de gentis (se forem nobres de origem europeia) ou
de caboclos (de origem nativa ou não, como os "turcos", reis mouros).
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A Pajelança
No Maranhão, desde meados do século XIX, utiliza-se o termo Pajelança (ou Cura, e que não
deve ser confundida com a pajelança cabocla) para um sistema médico-religioso, com rituais
de especialistas religiosos negros destinados à "cura de feitiço", na qual se cultua e entra em
transe principalmente com entidades não africanas - nobres, como Rei Sebastião, princesas
e caboclos e outras, algumas vezes encantadas em animais (pássaros, peixes, répteis e
mamíferos).
No contexto maranhense, embora se costume relacionar a Cura (pajelança de negro ou de
terreiro) à cultura indígena, ela mais se aproxima do Tambor de Mina.
Embora rituais de
Pajelança estejam
ausentes na Casa das Minas e na Casa de Nagô, os terreiros mais antigos do estado, muitos
curadores e pajés abriram terreiros de Mina, já no século XIX e, em especial, nos anos 1930,
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para fugir da perseguição policial, acusados de curandeirismo. Na década de 60, iniciaram
também ligações com a Umbanda.
O pajé pode ser também apresentado como "ave de encantado", assim como se utiliza o
termo "cavalo" para médiuns.
É dito que os encantados que participam das duas "navegam nas duas águas", sendo a Mina
classificada como "linha de água salgada" e a Cura/Pajelança como "linha de água doce".
Em Codó, no terecô, os encantados pertenceriam à "linha da mata".
Quando falamos de cultos afro brasieliros de modo geral, devemos sempre nos lembrar da
forte influencia indigenas que tivemos na construção dos nossos cultos e ritualisticas.
Foram os indigenas, os nativos brasileiros, que deram abrigo a inumeros negros escravos
que fugiam das senzalas, e assim gerando miscigenação ritualistia afro amenrindia.
Da mesma forma que foram trazidas para o Brasil inumeras culturas de inumeros povos
africanos diferentes, foram introduzidas nos cultos afro diversas culturas de diversos povos
indigenas diferentes, como:
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Terena: da família linguística aruak, há cerca de 26 mil pessoas dessa etnia no
território brasileiro. Encontram-se nos estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e
São Paulo.
Pataxó: da família linguística pataxó, esse grupo reúne cerca de 12 mil pessoas nos
estados da Bahia e Minas Gerais.
Inúmeros são os povos indigenas no Brasil, demos acima apenas alguns exemplos, pois de
acordo com o censo do IBGE (2010), existem 305 grupos étnicos de indigenas no Brasil.
Dentre eles, há dois troncos principais:
Macro-Jê: que incluem os grupos Boróro, Guató, Jê, Karajá, Krenák, Maxakali, Ofayé,
Rikbaktsa e Yatê.
Tupi: onde estão os Arikém, Awetí, Jurúna, Mawé, Mondé, Mundurukú, Puroborá,
Ramaráma, Tuparí e Tupi-Guarani.
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Agradecimentos
Fica aqui a imensa gratidão do Instituto Culto Afro Brasileiro pela dedicação e interesse
nessa cultura tão rica e linda.
Agradeço a todos que forneceram conhecimento para a conclusão deste livro.
Que todos alcancem seus objetivos e possam crescer em todos seus potenciais,
fisicamente, psicologicamente, espiritualmente, socialmente e intelectualmente.
Que Deus abençoe a todos.
FONTES:
Historiadores; Antropólogos; Sacerdotes; Escritores; Etnólogos;
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