Você está na página 1de 5

LISTA 1 Definição de sequências

Cálculo IV - 2023.2 Convergência de sequências


Sequências monótonas; limitadas

Exercício 1

As seguintes sequências têm um padrão natural de continuação. Usando tal padrão determine uma fórmula
para o termo geral da sequência.

(a) 1, 3, 5, 7, 9, . . . (c) 2 3 4 5 6
3 , 2·4 , 3·5 , 4·6 , 5·7 , . . .

(b) 99, 199, 299, 399, 499, . . . (d) − 12 , 25 , − 83 , 11


4 5
, − 14 ,...

Exercício 2

Verifique se as sequências são crescentes, decrescentes ou não-monótonas. Determine também se são limitadas
superiormente e inferiormente.
   2 
n n −1
(a) (c)
2n + 1 n2 + 1
(−3)n 1 − (−1)n
   
(b) (d)
n 5

Exercício 3

(a) Toda sequência limitada tem limite? Explique.

(b) Toda sequência que tem limite é limitada? Explique.


(c) Toda sequência monótona é convergente? Explique.
(d) Toda sequência convergente é monótona? Explique.

Exercício 4

Verifique que as sequências {an } abaixo são decrescentes e tem limitante inferior. O que você pode dizer a
respeito da convergência destas sequências?
n 1 · 3 · 5 · · · (2n − 1)
(a) an = ,n ≥ 1 (b) an = ,n ≥ 1
3n (2n)n

Exercício 5

Verifique se as sequências são convergentes ou divergentes:


 n  nπ o
1 − cos(2n )
n    
e (c) sen sen(2n)
(a) 2 (e) √ (g)
n3 1+ n 2n
3 + 5n2
   
ln(n)
(b) (d)
n o
n2
n+n 2 n 2 (f) (−1)

1
Exercício 6

Dados a1 , c ∈ R e b1 > 0, considere as sequências (an )n≥1 e (bn )n≥1 dadas pelas relações:

(a) an+1 − an = c (b) bn+1 = c · bn .

Determine (dependendo de a1 , b1 e c), se as sequências (an ) e (bn ) são monótonas (crescente ou decrescente) e
calcule, caso existam, seus limites quando n → ∞.

Solução do Exercício 1

(a) an = 2n − 1 para n ≥ 1

(b) an = 99 + n · 100 para n ≥ 0


n
(c) an = para n ≥ 2
(n − 1)(n + 1)
n
(d) an = (−1)n para n ≥ 1
2 + 3(n − 1)

Note que outras respostas são possíveis dependendo do índice inicial.

Solução do Exercício 2

1 2 3 1 2 3
(a) Os primeiros termos da sequência são , , , . . . . Podemos verificar que < < . Isto sugere que a
3 5 7 3 5 7
sequência é estritamente crescente. De fato, para todo n,
n n+1
< ⇐⇒ n(2n + 3) < (n + 1)(2n + 1) ⇐⇒ 2n2 + 3n < 2n2 + 3n + 1 ⇐⇒ 0 < 1
2n + 1 2(n + 1) + 1

Como vale esta última desigualdade, vale a primeira, o que significa que a sequência é crescente.
Agora, em relação à limitação da sequência, observamos primeiro que todos os termos da sequência são
n
positivos (0 < ). Logo ela é limitada inferiormente.
2n + 1
Por outro lado, temos que
n < 2n + 1
para todo n. Isto implica que
n
<1
2n + 1
para todo n. Logo a sequência é limitada superiormente.
−3 9 −27
(b) Os primeiros termos da sequência são , , , . . . . Observamos que o termo an é maior que 0 se n é
1 2 3
par e menor que 0 se n é ímpar. Logo a sequência não pode ser nem crescente nem decrescente. Logo ela
3n
não é monótona. Agora, chamando bn = , note que
n

an = (−1)n bn

Queremos estudar o comportamento da sequência {bn }. Observe que 3n = en ln 3 . Para determinar


n ln 3
limn→∞ e n , observe que se trata de uma indeterminação do tipo “ ∞ ∞
". Portanto, podemo usar a regra
de L’Hôpital obtendo que
en ln 3 ln 3en ln 3
lim = lim =∞
n→∞ n n→∞ 1
Temos assim que a sequência {bn } vai para infinito. Como an = (−1)n bn , temos que an = bn (para n par)
ou an = −bn (para n ímpar). Assim a sequência {an } não é limitada inferiormente nem superiormente.

2
(c) A sequência é estritamente crescente. Pode verificar mostrando diretamente que an < an+1 ou usando
x2 − 1
a função f (x) = 2 . Como é crescente, é limitada inferiormente. Por outro lado, notemos que vale
x +1
2
n − 1 < n + 1 para todo n, logo nn2 −1
2 2
+1 < 1 para todo n. Assim, a sequência é limitada.

1−(−1)n 1−(−1)n
(d) Para n par, 5 = 0. Para n ímpar, 5 = 25 . Logo a sequência não é monótona, mas é limitada.

Solução do Exercício 3

(a) Não. Por exemplo, an = (−1)n é limitada mas não tem limite.
(b) Sim. Informalmente: se a sequência tem limite L, a partir de algum índice ela fica entre (digamos) L − 0.1
e L + 0.1, e portanto este “rabo” da sequência é limitado. Como sobram apenas uma quantidade finita
de termos antes daquele índice (e qualquer conjunto finito de números é limitado), a sequência como um
todo tem que ser limitada também.
(c) Não. Por exemplo, bn = n é monótona mas diverge.
(d) Não. Por exemplo, cn = (−1)n /n, ou seja, (cn ) = −1, 1/2, −1/3, 1/4, ... não é monótona mas converge
para 0.

Solução do Exercício 4

1 2 3 1 2 3
(a) Os primeiros termos da sequência são , , , . . . . Podemos verificar que > > . Isto sugere que
3 9 27 3 9 27
a sequência é estritamente decrescente. De fato, para todo n,

n n+1 3n+1 n+1 n+1


n
> n+1 ⇐⇒ > ⇐⇒ 3 > ⇐⇒ 3n > n + 1 ⇐⇒ 2n > 1
3 3 3n n n
Como vale esta última desigualdade, vale a primeira, o que significa que a sequência é decrescente.
Por outro lado, todos os termos da sequência são positivos, logo a sequência é limitada inferiormente.
Pelo teorema da sequência monótona, temos que a sequência {an }é convergente.
(b) Vamos entender primeiro como estão definidos os termos de esta sequência. Lembremos que
1 · 3 · 5 · . . . (2n − 1)
an =
(2n)n

No numerador aparecem multiplicados os primeiros números ímpares, começando desde 1 até 2n − 1.


Para n = 1, 2n − 1 = 2 · 1 − 1 = 1, portanto na fórmula acima, no numerador só vai ter o termo 1. Não
vai aparecer nem 3 nem 5 nem nenhum outro número ímpar. Portanto, segundo a fórmula de an ,

1
a1 =
2
Para n = 2, 2n − 1 = 2 · 2 − 1 = 3, portanto na fórmula acima, no numerador só vai ter o produto de 1 e
de 3. Não vai aparecer nem 5 nem nenhum outro número ímpar. Portanto, segundo a fórmula de an ,

1·3
a2 =
42
Para n = 3, 2n − 1 = 2 · 3 − 1 = 5, portanto na fórmula acima, no numerador só vai ter o produto de 1,
de 3 e de 5. Não vai aparecer nenhum outro número ímpar. Portanto, segundo a fórmula de an ,

1·3·5
a3 =
63

3
E desta mesma maneira podemos determinar todos os termos da sequência. Podemos verificar facilmente
que vale a1 > a2 > a3 .
O termo n + 1−ésimo da sequência é

1.3.5. · · · (2n − 1) · (2(n + 1) − 1) 1.3.5. · · · (2n − 1) · (2n + 1)


an+1 = =
((2(n + 1))n+1 2n+1 (n + 1)n (n + 1)

Então

1.3.5. · · · (2n − 1) · (2n + 1) 1.3.5. · · · (2n − 1)


an+1 < an ⇐⇒ <
2n+1 (n + 1)n (n + 1) 2n (n)n
n n
1.3.5. · · · (2n − 1) · (2n + 1)2 n (2n + 1) nn
⇐⇒ n+1 n
< 1 ⇐⇒ <1
1.3.5. · · · (2n − 1)2 (n + 1) (n + 1) 2(n + 1) (n + 1)n
 n
2n + 1 n
⇐⇒ <1
2n + 2 n + 1

2n + 1 n n  n
E esta última desigualdade vale porque < 1 e < 1 (se < 1, então n+1 n
< 1).
2n + 2 n+1 n+1
Portanto a sequência é decrescente. Como todos os termos da sequência são positivos, a sequência é
limitada inferiormente. Pelo teorema da sequência monótona, temos que a sequência {an }é convergente.

Solução do Exercício 5

(a) Observe que se trata de uma indeterminação do tipo " ∞



". Portanto, podemo usar a regra de L’Hôpital
obtendo que
en en
lim 3 = lim
n→∞ n n→∞ 3n2

Usando a regra de L’Hôpital mais duas vezes temos que


en en en en
lim 3
= lim 2
= lim = lim =∞
n→∞ n n→∞ 3n n→∞ 3 · 2 n n→∞ 3 · 2 · 1

Assim a sequência diverge.

(b) Dividindo numerador e denominador pela maior potência que aparece no denominador, temos
3
3 + 5n2 2
+5 5
lim = lim n = =5
n→∞ n + n2 n→∞ 1 + 1 1
n

3 1
pois lim = lim = 0.
n→∞ n2 n→∞ n

(c) sen(0) = 0, sen(π/2) = 1, sen(π) = 0, sen(3π/2) = −1· e sen(θ + 2π) = sen(θ). Portanto, a sequência vai
repetindo os valores 0, 1, −1. Desta forma a sequencia não converge.
ln(n)
(d) n2 é uma indeterminação do tipo " ∞
∞ ". Assim podemos usar a regra de L’Hôpital:

1
ln(n) n 1
lim = lim = lim = 0.
n→∞ n2 n→∞ 2n n→∞ 2n2

Portanto, a sequência é convergênte.


(e) O numerador é limitado e o denominador tende ao infinito. Portanto a sequência converge a zero.

(f) Os termos da sequência são alternadamente iguais a 1 ou -1. Assim, a sequência é divergente.
1 1 − cos(2n )
(g) Temos que 0 ≤ 1 − cos(2n ) ≤ 2 para todo n e lim = 0. Pelo teorema do confronto, lim = 0.
n 2n n 2n

4
Solução do Exercício 6

(a) Suponhamos que c = 0. Neste caso, an+1 = an para todo n ≥ 1 e portanto a sequência é constante. Toda
sequência constante é monótona e tem por limite o valor da constante. Assumamos agora c ̸= 0. Assim

an+1 = an + c = an−1 + 2c = an−2 + 3c = · · · = a1 + nc.

Então a sequência é monótona. Será crescente com limite ∞ quando c > 0 e decrescente com limite −∞
quando c < 0.
(b) Observe que
bn+1 = c · bn = c2 · bn−1 = · · · = cn b1 .

Se |c| < 1, temos que limn→∞ cn = 0. Se 0 ≤ c < 1 = 0, a sequência (bn )n≥1 é decrescente e limn→∞ bn =
0. Se −1 < c < 0, a sequência não é monótona, pois vai alternando valores positivos e negativos. Mas
ainda vale neste caso que limn→∞ bn = 0.
Para estudar o caso |c| ≥ 1 devemos dividir em mais casos:
Caso c = 1 temos que bn+1 = b1 para todo n ∈ N. Assim a sequência é constante e como antes, é
monótona e o limite é o valor b1 .
Caso c > 1 temos que limn→∞ cn = ∞ e assim (bn )n é crescente e limn→∞ bn = ∞.
Caso c ≤ −1 temos que não existe limite de cn (e portanto não existe limite de {bn }) pois a sequência
oscila entre valores positivos e negativos. Neste caso a sequência não é monótona.

Você também pode gostar