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Bens Culturais e Relações Internacionais - Prefácio e Introdução
Bens Culturais e Relações Internacionais - Prefácio e Introdução
(Organizador)
Coordenador
Prof. Me. Marcelo Luciano Martins Di Renzo
Santos
2017
Revisão
Viviane Campos
Sobre o livro
• Formato: 180 x 255 mm • Mancha: 145 x 220 mm
• Tipologia: Times New Roman (textos/títulos)
• Papel: Cartão Supremo 250g/m2 ; Offset 75g/m2
• Tiragem: 500 • Impressão: Gráfica Santuário
Distribuidora Loyola
Rua São Caetano, 959 (Luz)
CEP 01104-001 – São Paulo – SP
Tel (11) 3322.0100 – Fax (11) 3322.0101
E-mail: vendasatacado@livrarialoyola.com.br
PREFÁCIO
Bernardo Buarque de Hollanda........................................................................................................09
INTRODUÇÃO
Patrimônio como esteio das Relações Internacionais: em questão o soft power
Rodrigo Christofoletti.........................................................................................................................13
PARTE 1
RELAÇÕES INTERNACIONAIS E BENS CULTURAIS: TEMAS ABRANGENTES
PARTE 2
ATORES, ORGANISMOS E MANIFESTAÇÕES EM FOCO
PARTE 3
MUSEUS E ACERVOS EM DESTAQUE: LOCUS E ETHOS DO SOFT POWER
Sobre os autores.............................................................................................................................459
O
leitor tem em mãos uma obra original e de peso. O seu vulto pode ser aferi-
do de imediato pela extensão quantitativa do livro, fruto do empenho com-
petente e apaixonado do seu organizador. A coletânea alinhava um total
de vinte e seis capítulos, divididos em quatro partes autônomas e interligadas, em que fica
evidente o impressionante investimento de compilação de textos inéditos. Estes, por seu tur-
no, resultam de pesquisas em boa parte desenvolvidas na Universidade Católica de Santos,
mediante trabalhos acadêmicos dedicados a uma interface até então inexplorada no Brasil – o
patrimônio cultural e as Relações Internacionais.
A originalidade do volume jaz não apenas no preenchimento de uma lacuna reflexiva
por parte da Academia brasileira, aporta uma questão de fundo, ainda pouco dimensionada em
sua abragência, nessa emergente área de estudos e de atuação. Tal questão se refere ao fenô-
meno dos bens culturais na contemporaneidade e pode ser formulada nos seguintes termos:
até que ponto o soft power, termo originário da área de RI, pode constituir uma ferramenta
útil no entendimento dos processos de mercantilização e de transnacionalização da cultura, de
um lado, e na formulação de políticas públicas culturais, que se colocam acima dos interesses
meramente nacionais, de outro?
Como se sabe, “poder brando” foi uma expressão cunhada no início dos anos 1990,
para designar habilidades de persuasão na esfera decisiva de governos e na estratégia geopolí-
tica de Estados-Nacionais. Trata-se da busca por alternativas ao uso da força física, à exclusi-
vidade do poderio bélico, à intervenção militar e, no limite, à guerra. Em sua origem, o termo
foi proposto pelo cientista político estadunidense Joseph Nye Jr. e permaneceu desde então
adstrito ao âmbito da teoria das Relações Internacionais.
O referido autor e o seu conceito axial são os fios condutores do presente trabalho.
Eles perpassam, de maneira transversal, os pressupostos e as interrogações do conjunto de ar-
tigos aqui reunidos. Longe do mero jargão jornalístico, o soft power é teorizado a fundo neste
livro, de múltiplas formas e sob ângulos muitas das vezes críticos. Seu uso possibilita pensar
outra latitude do conhecimento humano: o patrimônio cultural, em suas dimensões físico-sim-
bólicas, materiais e imateriais.
Se é patente que as Relações Internacionais não manifestam grande interesse pelo
que diz respeito à cultura e às artes em geral, o inverso também é verdadeiro. Isto porque o
terreno patrimonial se constituiu no Brasil, e de resto na maior parte do globo, sob a égide ma-
tricial da nação, no bojo da afirmação das identidades nacionais. É o que demonstra de modo
convincente o antropólogo José Reginaldo Gonçalves, professor da UFRJ, desde a publicação
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Rodrigo Christofoletti
Baudolino – Dizia de mim para mim, quando eu estiver com uma idade
avançada – vale dizer, agora – hei de escrever as Gesta Baudolini, tendo
por base estas notas. Assim, no curso de minhas viagens, eu trazia comigo
a história da minha vida. Mas na fuga do reino de Preste João... [...] perdi
aqueles papéis. Foi como se tivesse perdido minha própria vida. Nicetas
Choniates – Dirás o que puderes lembrar. Trabalho com fragmentos de
episódios, restos de acontecimentos, e tiro disso tudo uma história, tecida
num desenho providencial. Quando me salvaste, tu me deste o pouco f turo
que me resta e te recompensarei, devolvendo a ti o passado que perdeste.
Baudolino – Mas minha história talvez não faça nenhum sentido... Nicetas
Choniates – Não existem histórias sem sentido. Sou um daqueles homens
que o sabem encontrar até mesmo onde os outros não o veem. Depois dis-
so, a história se transforma no livro dos vivos, como uma trombeta pode-
rosa, que ressuscita do sepulcro aqueles que há séculos não passavam de
pó... Para isso, todavia, precisamos de tempo, sendo realmente necessário
considerar os acontecimentos, combiná-los, descobrir-lhe os nexos, mesmo
aqueles menos visíveis [...] (ECO, 2001, p. 17-18)
P
ara que sua história fosse escrita, Baudolino, personagem do filósofo italiano
Umberco Eco, guardou suas memórias. Mas, uma vez perdidos seus docu-
mentos, ou seja, a base material cuidadosamente produzida e conservada que
garantiria a produção das Gesta Baudolini, sua própria vida se foi. No entanto, o “historiador”
Nicetas lhe garantiu que, com os fragmentos do que pudesse lembrar, com a seleção criativa
de sua própria mente, ainda seria possível escrevê-la, demonstrando, então, que não há limites
mínimos para a massa documental necessária à produção da narrativa histórica. Isso significa
que uma história se conta mediante a colagem de vários fragmentos, visões e olhares cujo fruto
se mostra por meio da construção de uma narrativa ordenada e criteriosamente organizada.
Inspirados por esta passagem de Umberto Eco, propugnada pelo fictício historiador
Nicetas, propõe-se neste livro uma seleção de textos que tratam de documentar o estado da
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