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Discentes: Gabriela Lage Francelina, Isadora Pereira Silva e Jheniffer Munique

Docente: Andressa Nazareth Silva


Disciplina: Psicologia do Desenvolvimento: Infância

Análise Crítica do artigo: Hospitalização em Oncologia Pediátrica e


Desenvolvimento Infantil: Interfaces entre Aspectos Cognitivos e Afetivos

A internação oncológica pediátrica é um momento desafiador e complexo para


crianças e seus familiares. Ser diagnosticado com câncer em uma idade tão jovem traz
consigo uma série de problemas emocionais, físicos e psicossociais. Neste contexto,
compreender a interação entre os aspectos cognitivos e afetivos do processo de
hospitalização é crucial para promover o desenvolvimento infantil saudável e garantir o
bem-estar geral da criança. Além disso, as exigências cognitivas da hospitalização, como a
compreensão de informações médicas, o manejo de procedimentos médicos e a
manutenção do aprendizado escolar, também podem ser desafiadoras para crianças em
tratamento de câncer. Diante dessa situação complexa, é necessário considerar os
aspectos cognitivos e afetivos e explorar os diferentes aspectos da internação oncológica
pediátrica e seu impacto no desenvolvimento infantil.
Para esse estudo, houve a necessidade de cinco crianças entre 4 e 9 anos, diagnosticadas
com câncer (leucemia), com acompanhamento em um ambulatório especializado em
oncologia pediátrica de um hospital da Baixada Santista. Nessa pesquisa foram utilizados
quatro instrumentos para uma maior observação do caso, sendo estes os diários de campo,
entrevista semiestruturada com os responsáveis, provas piagetianas de conservação de
quantidades discretas (comprimento, líquidos, volume e prova de inclusão de classes) e
técnica projetiva de desenho-estória com tema. As provas em questão foram avaliadas de
maneira prevista no contexto teórico-conceitual e a técnica projetiva de desenho-estória
com tema conforme Trinca. Para cada criança foi preparado um kit dentro de uma caixa
contendo todo o material usado para o protocolo. Assim, a pesquisa foi aplicada na
brinquedoteca do ambulatório do hospital. Todo o protocolo foi esclarecido para os
participantes, bem como o funcionamento da pesquisa e as gravações. Os responsáveis
assinaram o Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE) e as crianças foram
convidadas a participar do trabalho, assinando um Termo de Assentimento Livre e
Esclarecido (TALE). Sendo assim, o projeto foi aprovado e começou os estudos.
O artigo em análise discute o desenvolvimento cognitivo das crianças hospitalizadas, sob a
perspectiva da teoria dos estágios cognitivos de Jean Piaget. Assim, ocorre a descrição dos
quatro estágios do desenvolvimento de acordo com Piaget: sensório-motor, pré-operatório,
operatório-concreto e operatório-formal. Analisando o segundo deles, Piaget (1975) diz que,
a criança pré-operatória se organiza cognitivamente de forma egocêntrica e seria capaz de
representar mentalmente o mundo, sem, entretanto, a habilidade de ter outras
representações sobre o mundo além da sua própria. Percebe-se essa característica na
paciente F., sexo feminino, 6 anos de idade, classificada como pré-operatória, que expressa
seus sentimentos de forma bastante simbólica sobre a doença e a hospitalização através do
desenho, indicando indiretamente que a personagem que fora desenhada se parecia muito
com ela antes da hospitalização e que a mesma supre um desejo da garota, os cabelos
grandes. Observa-se uma visão de mundo em que a criança se preocupa consigo mesma,
com seus medos, ignorando os sentimentos das pessoas de seu convívio social e as
consequências causadas pela doença, não utilizando a lógica para compreender as
justificativas, focando somente nos sentimentos. A mesma situação é perceptível no
paciente L.G, sexo masculino, 4 anos de idade. Embora algumas situações pudessem
influenciar o egoísmo, o contato com a avó supria a presença da mãe, mas a fase pré-
operatória superou esse embate. Ademais, na fase pré-operatória, as crianças estão mais
focadas na sua própria visão egocêntrica do mundo e tendem a associar os seus
sentimentos e pensamentos a toda a realidade, o que pode influenciar a forma como lidam
com a doença e hospitalização.
Durante a transição para o período operatório-concreto, a criança é capaz de entender
conceitos mais complicados, como causa e consequência, o que afeta a habilidade de
raciocinar logicamente sobre sua saúde. Nesse momento, a criança começa a adquirir uma
compreensão mais aprimorada das relações de causa e consequência, o que ajuda a
considerar de maneira mais lógica e consciente sua própria saúde. Os pacientes G., N. e B.,
com idades de 8 e 9 anos, apresentaram o conhecimento da fase e os motivos que
designaram todo o processo da doença (raciocínio lógico). Todos comprovaram estar no
período operatório-concreto estabelecido por Piaget, demonstrando compreensão da
realidade com explicações, justificativas e preocupação com familiares.
De modo geral, o texto ressalta como a abordagem de Piaget contribui para a compreensão
da percepção de crianças em diferentes avanços de desenvolvimento cognitivo em relação
à hospitalização, doença e tratamento. Métodos de análise dos dados encontrados são
descritos, como a comparação entre as provas piagetianas e os desenhos-estórias com
tema, para entender as diversas maneiras de expressão e compreensão das crianças.
Assim, o texto ressalta a ligação entre os diferentes avanços de desenvolvimento cognitivo
das crianças e a maneira como elas demonstram seus sentimentos, medos e resistências
durante a internação e tratamento na área de oncologia pediátrica.
Em suma, os familiares das crianças envolvidas têm uma visão positiva sobre o
serviço oferecido pelo hospital. Segundo Piaget, as crianças em vários desenvolvimentos
cognitivos têm formas distintas de compreender o mundo que está ao redor. Assim, é
essencial que os profissionais de saúde e os cuidadores estejam vigilantes em relação à
etapa de crescimento cognitivo da criança para ajustar a comunicação, os cuidados e o
suporte emocional de acordo com suas necessidades individuais.

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