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Matemática
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lrrt'rdito cm Língua Portuguesa, este munurrl (r irrdlcndo pirâ ttxlur
r;uc dcscjam aprender ou aperfeiçoar sou ost,ilo (lrr írrlfÊyar glfuÍn
t,cxt«r matemátic<1. De maneira direl,u, com dicrtrr rlmlllor ê rul,ll
humor, o leitor é levado a
aprender vítrirrx l,rlcttltrg: tle tttttm
cxprossar, da melhor forma possível, suurq rrlrrllli rrul uln l,Êr[u
mrrtcmático.

O livr«r ainda traz um dicionário etimológico quo, rrlórn ds Êrpllí,rf o


signiÍicado etimológico da palavra, liga eslo xiglrllloatlo â r[iân
rnutcmática de porque usá-lo.
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l,lxt remamente indicado para estudantes, proíirxxo r(ri o proíl mk rnn
dus mais diversas áreas que trabalham ou gostrrnr tlu Mnl,ntttál,lun,
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Manual de Redaçáo
Matemática
Com urn dicion ó,río etimológico
de palauras usadas na Matemdtica
Mtrnual de redação matemática
Oopyright @ 2014 Daniel Cordeiro de Morrrin lt'lllru
l)ireitos reservados pela Sociedade Brasiloinr rlc. Melr$rÉâhu
Manual de Redaçáo
$lociedade Brasileira de Matemátictr
[)rcsidente: Marcelo Viana
Matemática
Vice-Presidente: Vanderlei Horita
Primeiro Secretário: Ali Túzibi Com um dicion ó,río etimológico
Segundo Secretário: Lüz Manoel de Figueiredo
1l'erceiro Secretário: Marcela Souza
de palat)ras usadas na Matemd,tíca
llesoureiro: Carmen Mathias

I,lditor Executivo Daniel Cordeiro de Morais Filho


Hilário Alencar

Assessor Editorial
Tiago Costa Rocha

Cnleção Professor de Matemática

Comitê Editorial
Bernardo Lima F.d

ffi s
Djairo de Figueiredo FJ-'t
llonaldo Garcia ( Editor- Chefe)
Josó Espinar ffi
José Cuminato
SÍlvia Lopes
r/fr'
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Capa .4"§
Pablo Diego Regino

Distribuição e vendas
(__),*
Sociedade Brasileira de Matemática
Iistrada Dona Castorina, 110 Sala 109 - Jardim Botânico
22460-320 Rio de Janeiro RJ M
rJ
'IbleÍbnes: QD 2529-5073 I 2529-5095 ')
http://www sbm.org.br / email:lojavirtual@sbm. org.br '\
kâr
I SRN 9978-85-8337 -019-2 X
I,,I(iIIA CATALOGRÁFICA PREPAN"ADA PELA SEÇAO DE TR"A.TAMENTO
I )A tN I-'()ITMAÇÁO DA BIBLIOTECA PROFESSOR ACHILLE BASSI _ ICMC/USP ftJ

Morais Filho, Daniel Cordeiro de 1" ediçáo


20L4
l,llt'/rrr Manual de redaçáo matemática / Daniel Cordeiro de
Morais Filho. Rio de Janeiro
- Rio de Janeiro: SBM, 2014.
186 p. (Coleçáo do Professor de Matemática; 35)

IStsN 9978-85-8337-019-2
1. Texto matemático. 2. OrtograÍia na matemática. 3
lledações de tcoremas. 4. Notaçircs o s()u llso. I. Tíüulo
n|"sBM
colrÇÁo no I,RoFESSoR DE MATEMÁTtcA
nãsBM
cotuÇÃo Do PRoFESSoR DE MArsruÁrucd
. Logaritmos - E. L. Lima
, Anó,lise Combinatória e Probabilid,ade com as soluções dos exercícios -
A. C. Morgado, J. B. Pitombeira, P. C. P. Carvalho e P. Fernandez
, Medída e Forma em Geometría (Comprimento, Área, Volume e Semelhança) -
E. L. Lima
, Meu Professor de Matemd,tica e outre.s Histórias - E. L. Lima
, Coordenad,as no Plano com as soluções d,os exercícíos - E. L. Lima com a
colaboração de P. C. P. Carvalho
, Trígonometria, Números Complexos - M. P. do Carmo, A. C. Morgado e E. Wagner,
Notas Históricas de J. B. Pitombeira
. Coord,enadas no Espaço - E. L. Lima
. Progressões e Matemótica Financeiro - A. C. Morgado, E. Wagner e S. C. Zani
, Construções Geométricos - E. Wagner com a colaboração de J. P. Q. Carneiro
, Introduçõ,o à Geometría Espacial' P. C. P. Carvalho
, Geometria Euclid,iana Plana - J. L. M. Barbosa
. Isometrías - E. L. Lima
, A Matemó,tica do Ensino Méd,io Vol. I - E. L. Lima, P. C. P. Carvalho, E. Wagner e
' A. C. Morgado
. A Matemática do Ensino Médío Vol. 2 - E. L. Lima, P. C. P. Carvalho, E. Wagner e
' A. C. Morgado
, A Matemdtica do Ensino Médio Vol.3 - E. L. Lima, P. C. P. Carvalho, E. Wagner e
. A. C. Morgado
, Matemó,tica e Ensino - E. L. Lima "Vanitas vanitatum et omina vanitas."
, Temas e Problemas - E. L. Lima, P. C. P. Carvalho, E. Wagner e A. C. Morgado "Vaidade das vaidades, tudo é vaidade."
, Episódios d,a, História Antiga d,a Matemó.tica - A. Aaboe Eclesiastes l:2, na Vulgata de São Jerônimo.
, d,e Matemática - E. L. Lima
Exa,me d,e Textos: Anó,lise d,e liuros
, A Matemdtica do Ensino Medío Vol. 4 - Exercicios e Soluções - E. L. Lima, P. C. P.
Carvalho, E. Wagner e A. C. Morgado
, Construções Geométricas: Erercícios e Soluções - S. Lima Netto
, llm Conuite à Matemátíca - D.C de Morais Filho
, Tópicos de Matemótica Elementar - Volume 1 - Números Reais - A. Caminha
. Tópicos de Matemátlca Elementar - Volume 2 - Geometria Euclidiana Plana - A.
Cnminha Este livro é dedicado a Dona Júlia Augusta Pinto de Morais, professora
. Tópicos d,e Matemótica Elementar - Volume 3 - Introd,uçã.o à Aná,lise - A. Caminha
primiária, que ensinou a matemática da vida na simples lição de dividir o
, 'l\ípicos de Matemática Elementar - Volume 4 - Combinatória - A. Caminha
, - amor em seis paÍtes iguais!
'l'(tpicos d,e Matemó,tica Elementar Volume 5 - Teoria d,os Números - A. Caminha

Ese.--
Sumário

Prefácio

1 Como se escreve um texto matemático I - I


1.1 Considerações gerais sobre uma boa redação matemática -J
1.2 Algumas considerações técnicas 8

Como se escreve um texto matemático II - 15


2.1 O cuidado com a estruturação das frases 16
2.2 Sugestões técnicas parafazer uma boa redagão matemática 22
Algumas dicas da Língua Portuguesa para uso na Matemática 33
3.1 A regência de verbos e nomes 35
3.2 O uso do verbo ter na escrita matemática 36
3.3 O cuidado com o uso de algumas palavras e expressões 37

Mais dicas da Língua Portuguesa para uso na Matemática 49


4.1 A opção de usar outros termos 50

bib-....:.,-
§IIMÁRIO SIIMARIO

4.2 A diferença entre o uso de certas pirlrrvrirs nir Mrrlr'rnrlticrr 11.1 Dicionário etimológico-explicativo da Matemática . 134
e na linguagem coloquial 53
4.3 O uso dos artigos 54 L2 Estrutura e redação de uma dissertação matemática 149

4.4 A concordância verbal 56


13 A indispensável revisão de um texto 157
13.1 Algumas sugestões para revisar um texto matemático 158
) Ortografia na Matemática 6l
13.2 Questionário para revisar uma dissertação 159
.5.1 Palavras de grafia problemática 62
5.2 Palavras compostas: o uso do hífen . 64 Referências 165

As notações e seu uso 7t Índice Remissivo 169


6.1 Como se usam as notações matemáticas 12
6.2 O cuidado com o uso de notações 8l
6.3 O alfabeto grego 84

Definições matemáticas. Como redigi-las? 87


7.1 Considerações gerais sobre as def,nições matemáticas 88
7.2 Exemplos de tipos de definições matemáticas 92
7 .3 O cuidado para definir realmente aquilo que se deseja: não
compre nem venda gato por lebre! 94

A redação de teoremas e de demonstrações 97


tt.I Como se enunciam teoremas 98
tl.2 Como se redige uma demonstração matemática 101

Como se fazem referências e citações bibliográficas 109


9.I Como se fazem referências 110
9.2 Como fazer citações bibliográficas 113
9.3 Informações que devem constar em uma citação bibliográf,ca116
0 llxplicação e uso de expressões latinas na Matemática 123

I I)ir:ionírrio etimológico-explicativo de palavras usadas Ma-


trrnática 133

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Prefácio

Co*o escrever Matemática? Qual a melhor forma de redigir um texto


matemático? Como expressar as ideias matemáticas da maneira mais inte-
ligível?
Essas perguntas frequentes são feitas por estudantes do ensino médio,
alunos de graduação, de pós-graduação, professores e demais interessados,
tanto em Matemática como em Computaçáo, Engenharia e áreas afins.
Os questionamentos não são novos e a busca por respostas satisfatórias
tem afligido desde os iniciantes aos mais experientes. O astrônomo-mate-
mático Johann Keplerl, em 1609, na introdução do seu livro Astronomia
Nova,já externava essa preocupação, questionando-se como obter sucesso
no tema. Suas palavras refletem com propriedade as dificuldades sentidas
por todos ao escrever um texto matemático:
, "...a prolixidade tem sua dose de obscuridade, não menor do que a
concisão. Esta escapa aos olhos damente, aquela os confunde; esta carece
de lua, aquela sofre de excesso de luminosidade; aqui avisão não se move,
rJohann Repler (1571-1630): matemático e astrônomo alemão, mais conhecido pelas
Leis de Kepler do movimento planetrário, expostas no livro acima mencionado.

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l'n'liici«r PreÍãcio

Iri ( o.fh,scacla." l21l fórmulas, dar respostas corretas ou mesmo ter ideias geniais para resolver
li talvez, em dúvida, tenha decidiclo: problemas. Em geral, já antes de entrarem na universidade, os alunos são
Pttr isso tomei a tlecisão cle ajutlur () (nt('tttlitnt'nttt rltt lt'tlttt t't,nt uttt(t
"
solicitados a redigir mertemática, e muitos não sabem corno proceder, pois
irrtnxlu.ç'[io a mai,ç clara possível a esÍu obtu." l.) ll ninguérn os ensinou.
As palavras de Kepler são a maior pr'()vl tlt'rlrrt'('\pr('ss;u r'n'tligir Seguramente, os iniciantes terão mais facilidade com o tema quanto
ttttt resultado matemático é tão importantc c tkrrlrrrrl:r t:rnlo cslorço t;rurnttr mais cedo se dedicarem a ele. Para este fim, alguns livros tên-r sido escritos
sul-rcr ou desenvolver a Matemática que está nclt'. em outras línguas, e o assunto chegou a tornar-se disciplina em universida-
Certamente os leitores hão de concorclar'(1r('nr('snro rrs lrols itlcilrs, des estrangeiras. Em nosso país, a preocupação de como ensinar a escrever
tluando expressas de fonna incompreensívcl, pcltlt'nr s('u v';rlor. (-)rrt'rrr os- um bom texto maternático, caso ainda não faça parte da prática didática do
crcve bem se comunica com facilidade, tern nrr:llrort's clr;rnt't's tlt' ;lrcpurar prof'essor, deve aparecer como terna indispensável em disciplinas introdu-
bous alulas, além de ser um requisito imprescirrrlívt'l plrr;r solit'illrr lrolsas tórias.
tlc cstudo ou de pesquiszt, pedir Íinanciamento rlc proit'los. prrlrlit'ru'irr-(i- Pelos motivos apresentados, e pela Íalta de um texto sobre o tema em
gos, ter êxito em concursos, etc. língr.ra portuglresa (até onde nos consta!), prepartunos este peqLleno ma-
Qurando se escreve, melhora-se a convicção nos prripr ios ;rr1-r,rrnclrlos, nual. Ele complementa o texto [5], onde apresentamos a parte bírsica da
:rl)ura-se o raciocínio, e é quando podem surgir novls irlt'irrs. llscrc:vcr é Lógica, usada na Maternática.
uttut maneira de pensar, de organizar o qLte se clesc.jl conrrrrrit'lrr'. Ao cscre- Independentemente do grau acadêmico dos leitores, cada um, de acordo
vct', ttit<t é incomum surgirem ideias inesperadas. Oultrs v('z('s, rlrrirndo se com suas necessidades, poderá tirar proveito deste manual: o estudante
rerligc descobrimos erros nos raciocínios que jurírvarrros t'slru'r'orrr:los. olímpico, o aluno pré-universitário ansioso por escrever a solução de um
Prof'essores e alunos necessitam perceber a imp«rltânc'ilr tllr pnilic:r de exercício, o prot'essor preocupado em preparar sLlas aulas, os prof-essores
('scrcver no processo de ensino e aprendizagem da Mlrtcrrriiticir. Slrhcr cx- do PROFMAT, os apreensivos em escrever dissertações de final de curso
l)r'cisar as ideias de fbrma escrita é uma das ferrantcntls rlitkiticlrs hiisicils ou de mestrado, dentre tantos outros.
rctprcriclils de um docente. Além do mais, praticar a cscrilu i' urrr cxr:clcnte O livro foi propositadamente dividiclo em capítulos e seções curtas.
t'xcrcício cle Lógica. Não há como fugir dessa realiclaclc. Algr"rrnas citações Íbram extraídas da página eletrônica do Mathematical
lirríirn, é importante saber escrever para comLlnicar as idcias conr eÍi- Quotation Server:
c iôncia. http : / /maLh. furman. edu/-mwoodard/mquot . html,
l{c:crtnhecemos: escrever qualquer texto, inclursive os de Matern/rtica, (consultada em janeiro de 2014) mantida por Mark R. Woodard, e rever
ruur ri unra lareÍa imediata que se aprende do dia para a noite. O sucesso tidas para o Português pelo autor; outras vieram de Itl], e as detnais, cla
rlc n'tligir l-rcrn clecon'e do acúmulo de experiências ato longo dos anos, da Literatura Brasileira ou da Cultura Popular. As ref'erências [33] e [2], apr:-
pr:rlir'rr t'orrslitrrlcr c cle muitn observação de como os bons autores escrevent sar de não citadas, Íbram consultadas e merecem constar na Bibliograíia.
'.r'tt', lr'\los. As ilustrações dos livros apresentadas no decorrer do texto lirrant rc-
lrlru rrrt'rrlr', r":trl:r vcz rnitis cedo, nossos estudantes estão percebendo tiraclas da Internet. Já os comentários sobre essas ilustrações Íirrartt tros-
, l'11, r ,l,r l\ l,rlrttt.tlrt';t cohnu'-lhcs Inais clo clule sirnplificar expressões, Ltsar sos, rla percepçlxl c;ue tivemos sobre cada uma clelas. É urn trtotlcslo ;xts
llr"cl6cio

seio pela história iconográf,ca de textos matcnriiticos, lrrllislrtLrs soh Ilosso


ponto vista.
Agradecemos profundamente à Prof'essorl Kirrirrc Virrnu Âtuoriltr, da
Unidade Acadêmica de Letras da UniversirJaclc lictk'r';rl rlr ('ltttpittit Cran-
de, por uma primeira revisão do texto e pelas prol'ícrrirs convcrsls clue ti-
verros. Mais uma vez, meu obrigado ao ProÍ'. Josó l,intlrttthct'1q l\rssiano
Ilarreiro, pela ajuda com o editor de texto L r(. Agrlrh,rr.:l'rnos uitttla os
CAPITULO 1

seguintes colegas: Prof. Francisco Júlio Sobreira clc Allri.io ('urt'On, pelas
sugestões e por nossas prazerosas conversas; Proí'. lirrg. ('tlso l{«rzendo
Bezerra Filho e Prof. José Urânio das Neves, nosrio grnrtrlr,r rt'tcs[re, pelas
sugestões.
Escrever um livro desta natureza causa uma angústiu iulirriortitl t qual-
quer escritor, pois se teme cometer os effos que ensinautos cvilur. Com
cefÍeza, por mais cuidadosos que fomos, e por mais tcrnpo clttc gitstanros
Como se escreve um texto
revisando incansavelmente este manual, devemos ter tropcçr(lo, clado es-
corregões e cometidos eÍros. Por esse motivo, sugestircs c colahtlrações,
matemático | -
ts quais previamente agradecemos, devem ser enviaclas panr o onclereço:
danielGdme . ufcg. edu. br
Muito obrigado, um abraço fraterno a todos, bom provcito!

"A maioria das ideias fundamenÍais da Ciência são essencialmente


Umas Palavras: simples e podem, como regra, ser expressas com uma linguagem
Deixamos claro que todas observações, dicas e estilos de redação en- compreensível a todos."
sinados neste manual são de preferência e responsabilidade do autor e, í
portanto, não refletem, necessariamente, qualquer opinião da Sociedade Albert Einstein (1 879- 1955)
lJrasileira de Matemática sobre o tema. The Evoluíion of Physics

" Qualquer coisa pode se tornar tão simples quanto possível, mas
não mais simples do qwe são."

Albert Einstein ( 1 879- I 95-5)


in. Cal,c:ulu,s Gems, G. Simmons, McGraw Hill Inc., 1992
Cotno sc csclr'v(' rrrlt lcxlo rtutlcutiticrl I I .1 Considerações gerais sobre uma boa redação matemática

"Ele é conlo unta raposa que apog,a suas pagtrdu:; tttt trn'itt (t)ttt u escrever, imediatamente !

r'tttttltt-" Nas próximas seções, iremos expor e estudar detalhadamente vários


Niels H. Abel lt{02 - 1t329),
( itens importantes que lhe ajudarão a escrever um bom texto matemático.
comentzlndo sobre o estilo de como GaLlss escreviir nlil(cnliilica. Esperamos colaborar nesta empreitada. Boa leitura!

"Vtr:ês sctbem que escrevo vagarosamenía. ls,to rlct'c-sc Um esclarecimento:


principalme nle cto.foto de eu nuncu estur satisfeito «té lxxlcr dit.cr Tudo a ser escrito ao longo deste manual refere-se a um texto acadê-
o márinto possít,el em poucas pulavros, e escrever con<'i.t'tttttt'ttlt' mico ou formal, chamado apenas texto. Temos em mente a construção de
tomo muito mais tempo clo que qttando sç aí prttli.ro." textos a serern produzidos por leitores com grau de conhecimento mate-
Karl Friedrich Gauss (1171- I 11.5.5), mático bem diverso, variernclo entre o do Ensino Médio ao de uma pós-
jLrstiÍicando seu estilo de cscrcvcr. graduação. Para atingir esse leclue de público, preÍ'erimos dar exemplos
onde usamos conhecimentos rnaternáticos básicos.
Com exceção das regras grarnaticais, a maioria das sugestões dadas
ToOo, devem ser unânimes em aceitar o treino e o tempo como alia- em cada capítulo não são leis ou normas inflexíveis, imutáveis. Longe
rlos indispensáveis para alguém desenvolver seu estilo pessoal de escrever. disso! Elas devem ser userdas sern exzrgeros e com bom senso. Quando se
Mas algumas dicas e técnicas podem ajudar muito, e são elas qLle preten- tem mais experiência, é possívcl rclaxar alguns pontos, mas na dúvida, é
tlcmos ensinar. aconselhável o iniciante não se arriscar muito.
Não há dúvida, o primeiro passo para aprender a escrever é escre-
vcrrclo e lendo, principalmente com aquele olhar observador variando de
rrrrr aprendiz a de um crítico. Certamente, praticar esse exercício exige L.1 Considerações gerais sobre uma boa reda-
hcrn mais do que simplesmente ler! Por isso, aconselhamos o leitor, já a
p;rrlir desse momento, a começar a reler alguns livros que estudou; dessa ção matemática
vr:2, rrão mais com intuito de aprender (apenas) Matemática, mas de anali-
silr il rnaneira como os autores os escreveram. O que esses autores podem
l. Ao escrever, você organiza suas ideias em um texto e espera serem
entendidas por quem o leia. Há nessa atividade, no mínimo, duas
llrr' r:nsinar nesse sentido? O que você mudaria nesses textos? Aprende-se
pessoas: você e um leitor. Por isso, nunca esqueça de seus leitores,
rrrrrilo cont essa prática.
do que, na medida do possível, você podefazer para tornar as coisas
l'rrrlr os iniciantes, aconselhamos começar a escrever, com detalhes, as
mais simples e inteligíveis para eles.
rr",uluçot's rkls exercícios, mesmo aqueles mais simples; reescrevam tam-
Irlr u', r'rrrrrr'iirrkls e as demonstrações tlos teoremas, dos resultados prin- Muitos acusam a Matemática de ser complicada e difícil. Cuidado
,llr,lr'. rl,rrrrlo llrcs urna versão rnais íntima, pessoal, realmente sua. Aos pzrra não torná-la mais inacessível para quem tem essa opinião. Seus
r,llir!rrl,,. r'l)t('('iso rcrligir suas iclcias originais, teorias, textos mais lon- Ieitrlres podem ter mais ou menos conhecimento do que você sobre
Iilr, .Dlírl', r ililtl)l('x()s. llnÍirn, tt()ss() c«rnsclh0 parit tocl«ls é: conrecem a lr;uil«r (lLlc cscreveu; geralrnente. em qualquer desses casos, vocô
Cort.ro se cscrevc uur tcxto rnatemático - I 1.1 Considerações gerais sobre uma boa redação matemática

não estará por perto para esclareccr-llrcs algulna pir;sagem mal es- ser lido e possa atrair a atenção e o interesse dos leitores. Essas
crita ou mal explicada. Não vale a dcsculpa poslcrior: "Ah, mas o qualidades referem-se, inclusive, a um texto extremamente técnico,
que eu queria dizer com isso eru...". Ao cscrcvcr, niul desperdice a por que não?
oportunidade de expressar o que dese.ia, c ccrtiíic1uc-se de que isso
realmente ocorreu. Na maioria das vezcs, nho lui unra scgunda opor-
5. Um ponto merecedor de destaclue é que a linguagem a ser utilizada
deve se adaptar ao público para o qual você está se dirigindo. É pre-
tunidade.
ciso haver interação, e aí entra a sensibilidade do escritor em com-
2. No processo de produção de um texto, é esscnciul ;rcrccber que pode preender os limites e explorar as possibilidades de seus leitores. Uma
haver uma diferença muito grande entre os scguirrlcs olementos: coisa é escrever um texto cle clivulgação científica para não especia-
(a) o que você pensa; listas ou para alunos do Ensino Módio, outra é escreveÍ uma disser-
(b) o que deseja expressar; tação de mestrado, uma tese de doutorado ou um artigo científico.
Essa distinção deve basear-se, principalmente, no tipo de motivação
(c) o que você escreveu;
a ser empregada e no quanto de rigor e formalismo que podem - ou
(d) o que os leitores vão entender do que está escrito. devem - ser usados em cada caso. Cada um desses públicos posslri
Fazer esses elementos serem uma única coisa é um dos requisitos características especííicas e o escritor deve saber aproveitá-las para
essenciais da arte de bem escrever. construir seu texto e atingir seus objetivos.
Nesse sentido, é necessário buscar a clareza e firrnccer aos leitores Esse item nos fzrz lembrar a história real de um insensível prof-es-
condições para entendeÍem, cle fàto, o qlle o escritor cluer transmitir. sor da universidade qLle, na primeira aula da disciplina de Cálculo
Em textos científlcos (e talvez em todos os outros), não é permitido introdutório para uma turma de calouros, referia-se ao conjunto dos
ao escritor outra alternativa. números reais como a:

-1. Para construir um bom texto matemático, deve-se buscar algumas ". .. vrtriedade unidimensional não compacta. . . "
c1 u al idades espec ífi cas exigi das pela Matem átrca; c I are za, c onc is ão, Realmente, um mau exemplo. Assustava qualquer um.
rigor e formalismo necessários requisitados tanto pelo tema quanto
pelo público alvo. Nessa busca, há sempre questionamentos se escre- 6. Sobre o formalismo - e, em alguns casos, nossas palavras também
veu-se em demasia ou se f,cou faltando explicar mais detalhadamen- se aplicam para o rigor - parece valer a seguinte comparação: for-
tc alguma passagem. Em relação a essas dúvidas, aprâtica, o tempo, malismo é como uma roupa, fica desconfortável se muito apertada
a observação e o bom senso são auxiliares indispensáveis para chegar ou se muito folgada!
lo ccluilíbrio necessário. Até chegar nesse ponto, é preciso ter um já dissemos, é importante motivar os leitores. Essa motivação
7. Como
l)ouco de paciência.
deve ser honesta, isso não significa, simplesmente, chamar os resul-
Á t Irrrcsclitor clcve sempre objetivar a construção de um texto, cuja tarclos que você vai apresentar de interessantes ou importante.s, seln
lcilrrt'l ílttir cotn Íacilidntle, cscrito em estilo agradável, gostoso de rnaiorcs razões ou explicações. Os leitores devem ser informados do
('rrilril,!r |rr lt \r ililt lr'\lrr tttttlt'nt;iliCil I
- l.l Considerações gerais sobre uma boa redação matemática

l'cal ntotivo cle c:ct'tos t('srll;r(hr', lt'tr'lll u It ttllr';r11r (lr's('tr'tll ttssim "Prolongando o raio até a extremidade da
dcnominados. circunferência encontramos seu diâmetro."
Pttr exemplo, ct)ttcortlctuos t;rrr', ,urlr", rl'' ,rprr",r'nliu ir lt'ol ilt clc sis- Encerramos os mal exemplos com uma frase extraída de um com-
lemas de equações lincrur's. irl)('n.r', (",r rr'\r'r nnrir ltrt:,r'tlo (iptl: pôndio de preparação para o antigo Exame de Admissão, publicado
"O estudrt dos sisterntl,s'tlt't'rIt,t1.,,,'.r lttt,',ttt'\ t'tttlltlt, ttttlr()t'l(tn,te na em 1941:

.litrmnção de unt estudunlr". "Reta perpendicular: é a linha que encontra


sem vir adicionada com ntairll('s ('\plr.;r,,,rt',. l.ttt,t ',r' t'ltiglttíttica e outra, sem pender para um lado nem para outro."
não motiva absolutamente nudl l
9. Principalmente na construçãoinicial de seu texto, preflra usar pala-
13. Certamente, só conseguirá clar unrir lro;r nrol11;11,ir() {llr('nl ctlnhece vras simples, que ajudam a clesenvolver, com clareza e sedução, o
bem o tema sobre o qual está cscrcvt'rttlo t'('(:ll);l/ rlt'lt'lrttstniti-lo tema sobre o qual você estír discorrendo. Não assuste os leitores.
com habilidade. Na motivação, pl-()c(:ss() ttttr r;rl tl;r t'it'rilrt, ri comum
t0. Use apropriadamente as n-retírÍbras e evite palavras inadequadas ao
buscar um estilo informal, ou meslllo usilr unul ltnl't1;11',1'11, lnltis co-
loquial, o que é recomendável. Entrctlrtrlo. st'rr rlrrvitl;r, clrogeuá o contexto. É imprescindível usar as palavras certas nos lugares cer-
tos, correspondendo a seus verdadeiros signiflcados, principalmente
momento em que algumas ideias só ptxlct'lto sct lrrlt'rlil,,niuncnte ex-
pressas usando-se a linguagem técnica iq[o1rt'irrtlrr.
a seus significados matemírticos. Nesse sentido, lembre o fato do
significado de algumas palavras diferirem muito quando usadas na
Quando chegar o momento propício, exponlut surrs itlt'irrs utilizando linguagem coloquial e quando usadas na linguagem matemática. Fa-
a terminologia adequada. Mais Llma vez, não cs(lur'\'rr rr tlosc certa
laremos mais detalhadamente sobre esse tema na Seção 4.2.
do devido rigor e formalismo demandados pelo trilrico solrt'c o qual
você está escrevendo e seu público seja capaz de crttclrtk'r.. I l. Fuja da linguagem vulgar e cuidado com histórias ou anedotas poli-
Como exemplos de descuidos sobre o que acabetm()s rkr cxllot', ob- ticamente incorretas ou impróprias. Palavras expÍessando, sob qual-
serve como a frase a seguir, se dirigida para uma tnnnir :uliantada, quer disfarce, algum sinal de intolerância, desrespeito ou discrimina-
c:arece de explicações matemáticas mais precisas: ção são inaceitáveis! Vivemos uma época de muita vigilância nesse
sentido.
"Uma elipse é uma linha fechada, arredonclada,
1r;lr:ecida com uma circunferência meio Não ponha em risco todo um texto por uma frase inÍ'eliz, principal-
.r ctrat adinha . " mente se for desnecessária.

Aincla contendo esses defeitos, veja as frases reais a seguir. extraídas, 12. Evite redigir um texto confuso, desorganizado, difícil de seus leito-
lcspcctivanrente, de uma prova e de uma enciclopédia de Matemá- res lerem, de compreenderem os símbolos matemáticos ou as equa-
tica.
ções; enfim, um texto velado, precisando ser decifrado para ser en-
"() r'r,rrl to rlrt ;.tl;rnr>-" lcnrliclo. Inl'elizrnente, essa é a descrição fiel de algurnas provas c
fufq.,.$q Sjlgtçy!_Uln tgxto matemático J 1.2 Algumas considerações técnicas

redações que os professores são obrignclon u corrigir. Concordemos Infelizmente, encontram-se effos crassos de Português em provas,
ser desanimadora a leitura de um tcxto cscrito dersu maneira. dissertações, teses, etc. Há quem pense, pelo fato de estar fazendo
uma redação científica, principalmente uma redação matemática, ter
Nunca esqueça: seus leitores já vão tcr o t,rnbalho de entender a ma-
a permissão de não usar vírgulas, de esquecer a pontuação, de des-
temâtrca que você quer expressar. Mais umü voí, não complique as
prezar as regras da concordância verbal, as regras de acentuaçáo, a
coisas para eles ! Os leitores querem um tcxtu ctrpue de compreender
ortograf,a, etc. Mesmo que alguns relutem em admitir, todas essas
e não um quebra-cabeça! Esse recado tornu-sc purticularmente inci-
norÍnas existem para expressar as ideias mais claramente. Não usá-
sivo se algum de seus leitores for um dc scus prol'essores ou alguém
las é correr o risco de não entenderem o que você escreveu. Não há
que o julgará pelo que você escrever.
alternativa.

13. Complementando o item anterior, prirne pela organização lógica das Há várias gramáticas existentes no mercado para ajudá-lo nesse sen-
ideias. Deve-se encarar a construção de uma redação matemática tido.
como um dos melhores exercícios de Lógica. É scmpre recomendá- Nos Capítulos 3 e 4, daremos algumas dicas da Língua Portuguesa,
vel ter em mente o esquema: introdução, desenwtlvimento e conclu- específicas da linguagem matemática.
sdo. Esse esquema deve ser levado em conta para o texto como um
todo, como também parucadaparte dele. 2. Caso tenha dúvidas quanto à grafia, ao uso, ou ao signiflcado de
alguma palavra, não arrisque, recolTa depressa a um dicionário ou a
14. Em geral, as ações para construção de um texto sá<>: planejaf escre- uma gramática. Quando usado convenientemente, um dicionário é
ve4 revisar; re-escrever, planeja4 escrever revisar re-escrevef etc. um flel companheiro de um escritor. Uma gramática normativa e um
Essas ações não devem ser tomadas, necessariamente, nessa ordem, bom dicionário de sinônimos e antônimos também auxiliam muito.
tampouco de uma única vez. Busque e encontre sua própria metodo- No Capítulo 5, estudaremos algumas palavras usadas na Matemática
logia de escrever, repetindo e explorando cada uma delas. que causam muitas dúvidas em relação às suas grafias.

3. Em textos matemáticos não é incomum abreviar-se algumas palavras

1.2 Algumas considerações técnicas ou expressões. Caso deseje estabelecer a abreviação de uma palavra
ou de uma expressão, o faça na primeira vez em que ela aparecer no
l. Em primeiro lugar, escreva corretamente o Português, respeitando texto. Para isso, escreva a palavra ou a expressão a ser abreviada,
as regras gramaticais da nossa Língua. Só poderá obter sucesso ao seguida da respectiva abreviação entre parênteses.
escrever quem conhece o mínimo necessário da língua usada para se Por exemplo: "Definimos o máximo divisor comum (m.d.c) de dois
comunicar. Não há Ciência no mundo capaz de suportar um texto números inteiros nL e n como o maior número inteiro que os divide."
conr crros gramaticais. Erros dessa nafifieza põem em risco a cre-
tlihilidude de um escritor, por mais especialista em qualquer assunto 4. Não utilize abreviações indevidas - a menos que sejam abreviações

ulonlílico, E creia, isso realmente ocorre! já consagradas, on previamente convencionadas -, pois pode ocorrer
l0 Como se escÍeve um texto matemático -I 1.2 Algumas considerações técnicas ll
do eeus leitores não as conhecerem. Além do mais, estamos falando 7. Geralmente, não são aceitas notas de rodapé em artigos científlcos
de um texto acadêmico, bem diferente da linguagem de Internet, por matemáticos.
oxemplo, sempre repleta de abreviações. Evite:

'rA expressão é válida para q.q. que seja o


número par."
"Um número é divisÍvel por 5 sse termina
em 0 ou 5.'
Nos exemplos acima, q. q. abrevia a expressão qualquer que seja
e sse úrevia a expressão se, e somente se.

Observagão: informalmente é bastante comum, mas em textos aca-


dêmicos não se deve abreviar as palavras: capítulo, demonstração,
equação, exemplo, exercício, figura, observação, teorema, dentre
outras.

5. Exemplo de uma abreviação consagrada e recomendada pelos dicio-


nários: a abreviação da púavra pógina, escrita como p.. Nesse caso,
não se deve usar a abreviação pg. (a abreviaçáo pg. está mais para
pago do que para pá.gina). Já a palawa páginas é abreviada como
pp. Exemplo: "Vide p. 34" oa "Vde pp. 46-59".

6. Ao externar suas opiniões, aconselhamos não o fazer como se fossem


verdades irrefutáveis. Por exemplo, em vez de impor:

"O teorema a seguir é o mais importante de to-


da MatemâLíca!",
seria mais conveniente escrever: "Consideramos o teorema a se-
guit; como o mais importante de toda Matemática!", ot ainda, se
a opinião for de outra pessoa: "Segundo o matemritico Fulano de
Thl, d,ecano da matemática brasileira, o teorerna a seguir é o mais
importante de toda Matemática- e acrescente a referêncía - (vide
[Fulano de tal]);'
t2 Como se escreve um texto matemático - I 1.2 Algumas considerações técnicas 13

Comentários sobre a figura da página anterior


Os egípcios usavam o caule de uma planta para fabricar um dos rnais
antigos antepassados do papel: o papiro. Nos papiros, escreveram textos
de natureza diversa, e apesar de não muito durável, alguns deles felizmente
sobreviveram até nossos dias.
Na f,gura da página anterior, vê-se o fac-simile de um fragmento do
Papiro de Rhind, texto de Matemática egípcia (c.1600a.C-1500 a.C.), que
é o documento matemático mais antigo conhecido. Analisando-o, pode-
mos entender pelo menos as figuras geométricas. O papiro revela o estágio
da matemática egípcia de sua época e é "uma lista de exercícios resol-
vida", constando de 87 problemas com as respectivas resoluções. Tem um
título interessante, já posicionando a Matemática como "ciência inacessí-
vel"r "Para conhecer todas as coisas secretas".
Esse papiro é ainda conhecido como Papiro de Ahmes, nome do escriba
que o escreveu. Ahmes se estabelece, portanto, como o primeiro autor de
um texto matemático a ter seu nome registrado na História.
Já o nome Rhind vem de A. Henry Rhind (1833-1863), um jovem an-
tiqurário escocês que em sua época pôde desfrutar da invejável e raríssima
oportunidade de comprar um papiro histórico legítimo, na cidade de Lu-
xor, pleno Egito, em algum dia escaldante do ano de 1858. Atualmente, o
papiro encontra-se no Museu Britânico.
Para quem conhece a antiga Coleção Schaum, cujos livros tinham uma
teoria resumida e muitos exercícios resolvidos, para felicidade de vários
alunos e de alguns professores, certa yez, rtm colega - o João Sampaio,
professor da UFScar -, possuidor de muito bom humor, me disse que o
Papiro de Rhind foi o primeiro volume dessa coleção!
l6 Como se escreve um texto matemático - II 2.1 O cuidado com a estruturação das frases t7

2.L O cuidado com a estruturação das frases xos; lembre-se de uma linha lógica de raciocínio que um texto deve
seguir.
1. Diferentemente do que às vezes pode ocorrer na Literatura, não é
a
conveniente usar frases muito Iongas em textos matemáticos. Preca- -). Não introduza objetos estranhos nas suas frases nem acrescente fatos
vendo-se dos exageros, pois ninguém deseja ler um texto telegráfico, que, mesmo corretos, sejam inúteis.
é preferível usar frases curtas, mas uma bem conectada com a outra. A frase a seguir pode ser cômica, mas representa com muita propri-
edade a falta desse cuidado:
Uma frase longa nada mais é do que duas ou mais frases curtas, não
devidamente divididas! Lembremos que a respiração e os olhos, em Evite: "Se ja Y um con junto. Chamemos Y de X.
coordenação com o cérebro, sempre pedem uma pausa após se ler Logo, . . ."
certo número de palavras a flm de compreender a mensagem lida. Um outro caso: ao pedir para resolver - apenas para resolver - uma
Nesse sentido, é preciso fornecer aos leitores as melhores condições equação do segundo grau, no final da resolução, alguém escÍeve:
para entenderem e gostarem do que leem.
Evíte: "As soluçÕes sáo 11 : ) e rz : -5. Observe
Comprovando o que acabamos de dizer sobre frases longas, comece que -5 é uma raiz negativa. "
agora sentindo nesta frase a dificuldade enfrentada por um leitor ao
E daí? No contexto no qual o exemplo foi construído, essa observa-
ser obrigado a ler uma frase qualquer muito longa, a qual, na maioria
ção ó irrelevante.
dos casos, requer muita habilidade para pontuá-la corretamente, nos
leva a travar a respiração e também exige, de forma inevitável, um
Enfim, aqui vale mais uma vez lembrar um dos requisitos exigidos
por um texto matemático: concisão.
maior poder de concentração, bem como muito mais atenção, sem
mencionar que uma frase dessas cobra um descanso para entender o 4. Ainda sobre o item anterior, evite palavras desnecessiírias, causado-
que se 1ê, pois ninguém é de ferro, nem preparado para uma tarefa ras de prolixidade, redundância ou excesso de detalhes.
dessas. Ufa! Sentiu como é difícil ler uma frase longa?
Por exemplo:
Como dissemos, uma frase longa exige muita habilidade de quem a
escreve para usar corretamente a pontuação, daí a chance de cometer
(a) Evite: "suponha que a matriz quadrada M
erros é bem maior. Não convém arriscar, é aconselhável quebrar as
é tal que satlsfaz a condição detM:3."
frases longas. O conselho dado em [30] também vale para textos Prefira: "Suponha que a matriz quadrada M satisfaça a con-
científicos: "Na dúvida, L{se o ponto" . Pronto! dição detM :3."
ou
2. Há quem aconselhe também evitar parágrafos muito longos, pois po- M seja tal que detM : 3."
"Suponha que a matriz quadrada
o'pesada",
clenr tornar a pá,gtna muito aparentando ser difíciI de ser
(b) Evite: "Todas as equações algébricas,
lida.
as quais estudamos no capÍtulo anterior,
Caso siga esse conselho, cautela com frases ou parágrafos descone- Lôm raízes reais. "
ll{ Como se escreve um texto matemático II 2.1 O cuidado com a estruturação das frases 19

Prefira: "Todas equações algébricas estudadas no capítulo É muito "áo", náo acham? Opa, os ecos apareceram novamente!
anÍerior têm raízes reais." O exemplo acima parece uma cantoria de repentistas nordestinos,
por sinal, uma de qualidade muito baixa.
Em um texto científico, pense numa frase como se fosse uma má-
quina, e nas palavras, como peças dessa máquina. Imaginando dessa Preflra:
forma, as máquinas não devem ter peças desnecessárias. Uma frase "A equação analisada não prtrticipa do processo iterativo, como se
também não deve ter palavras desnecessárias. pôde constata4 após análise dos programas realizados."

5. O uso repetido, e dispensável, das mesmas palavras pode transfor-


mar seu texto em um tormento para quem o 1ô. Certa vez, contei 18 1. As palavras que e se, devido aos seus múltiplos usos em nossa Lín-
palavras portanto escritas em um peqLleno texto de meia lauda!
gua, tendem a ser usadas em demasia. Cuidado para não empregá-las
Evite: "Como a divide b, então b : na. Como b desnecessariamente, pois podem se transformar em ervas-daninhas
divid,e ct então c : n7b. Então , c : (m.n)a. Logo / do seu texto.
a divide c." Observe exemplos de uso exagerado do que e do se cometido por
Sugerimos: este autor em alguma ocasião da vida:

"Como a,divide b, temos b : TLa. Da mesma forma, como b divide "...que tem muita importância no contexto e
c, resulta c: mb. Essas duas igualdades implicctm em c: (m.n)a,. gue poderia gerar dúvidas. "
Concluímos então que a divide c."
"...o tempo e a observação são auxiliares
Receba esse conselho com prudência. Certamente, aqui e ali, po- indispensáveis para se chegar ao equilÍbrio
demos e somos forçados a repetir a mesma palavra sem constrangi- necessário. "
mento algum, como Íizemos no exemplo anterior.
Bastaria apenas escrever:
6. Ainda quanto ao conselho do item anterior, devemos flcar atentos "...que tem muita importância no contexto e poderia gerar dúvidas."
aos "ecos" gerados pelas palavras. Cuidemos, em especial, com as "...o tempo e a observação são auxiliares indispensáveis para che-
rirnas, apreciadas em algumas poesias e, em geral, abominadas na
gar ao equilíbrio necessário."
prosár, principalmente em um texto científico. Às veres fazemos ri-
mas involuntariamente e nem percebemos. 8. Caça aos que's. O quê?
Por exemplo, evite: Ainda sobre o uso da paiavra que, faça um teste: escolha uma página
de algum trabalho que escreveu e conte quantos 4ue's você usou.
" Após o trabalho de programação, percebe-se
(lr() .r i l.eração f oi
f eita sem a participação da Não é raro exagerar. Muitos deles não poderiam ser eliminados,
,',1r,rçíitl r,rn <1 uestão." recstruturanclo-se as frases? O texto não ficaria mais enxuto e melhor
20 Como se escreve um texto matemático - II 2.1 O cuidado com a estruturação das frases 2t

de ser lido economizando esses que's? Ao cortá-los, proceda com Depois do objeto principal da frase, que éfamília, deve apare-
muita cautela, para não modificar o significado das frases. Quando cer o símbolo que o representa.
tiver oportunidade, Íaça esse teste. (b) Perceba a diferença entre as frases:

De vez em quando, modifique a Íbrma como vem estruturando as "A reta perpendicular a reta dada r."
9.
frases para não tornar seu texto monótono e previsível. Também mo- e

difique a maneira de enunciar ou de apresentar definições, teoremas, "A reta r perpendicular a reta dada."
demonstrações, etc. (c) Veja ainda estes casos de inversão da ordem das palavras:
Não se deve abusar da forma usual como alguns escrevem textos "A função Í(*) : -r2 + L não atinge seu maior valor em
matemáticos, ordenando-os cansativamente com o esquema: ponto algum do intervalo (2,8)."
definiç ão - exemplo -te o rema- demo ns t raç ão -c o ro lário - exe rc íc io s, "A função Í (r) : -r2 + I atinge seu maior valor em algum
ponto do intervalo (-2,8)."
definiç ão - exemp lo - te o rema- demons t raç ão -c o ro lário - exe rc íc io s,

definiç ão - exemplo -te o re ma - demons t raç ão -c o ro lário - exe rc í c i o s,... 1 1. Uma regra recomendável na técnica de redação é escrever no co-
meço da frase a ideia principal do que se quer expressar. Com isso,
10. Além da preocupação com o uso da palavra certa no lugar certo, destaca-se a parte mais importante a ser comunicada.
deve-se observar com toda atenção a ordem das palavras ao estrutu-
Sinta o que falamos, comparando as frases:
rar uma frase. O recado vale, principalmente, para textos matemáti-
cos, nos quais símbolos e palavras se misturam. Palavras posiciona- "Após os cálculos que faremos a seguir; comprovaremos que todas
das em ordem errada podem gerar frases confusas ou de significados as raízes da equação são imaginárias."
ambíguos. "Todas as raíZes da equação são imaginárias, como comprovarão
Vejamos: os cálculos que faremos a seguir"

12. É aconselhável não exagerar no uso da voz passiva. Ao menos para


(a) Evite:
nós, e para muitas pessoas, a voz ativa transmite mais movimento e
"Considere uma famíIia de subconjuntos de ação. O uso da voz ativa dá mais vida ao texto, mais dinâmica.
números reais {A.}."
Como exemplo, confronte as frases:
O símbolo {Á.} anterior representa afamília de subconjuntos
ou os números reais? "Um método prático para calcular o determinante de uma matriz de
A frase correta que se gostaria de comunicar ó:
ordem 3 x 3 será apresentado no próximo capítulo."

"Con.sidere uma.família "Apresentaremo.ç, no prriximo capítulo, um método prático para cal,-


{A"} de subconjuntos de números re-
rt i s." cuLar o determinante de uma matriz de ordem 3 x 3."
22 Como se escreve um texto matemático - II 2.2 Sugestões técnicas parafazer uma boa redação matemática 23

2.2 Sugestões técnicas para fazer uma boa re- Vamos provar o resultado por redução ao absurdo. Consideremos
que exista apenas um número finito de números primos. Logo, é pos-
dação matemática
sível enumerarmos todos eles cotno p1,p2,...,pr. A seguir, cons-
l. Eu, n(ts ou o leitor? trwamos o número inteirut N : [,rpr. . .pn |_1. Ora, como N > p.i
para j : 1,2,. ,h, então, necessariamente, o número N possui
algumfator primo p.:jo, Que é um dos números primos anteriormente
Antes de responder a essa pergunta, vamos apresentar uma demons- enumerados. Dessa maneira, observemos que, cotlto pi,, divide N e
traçáo, considerada das mais belas de toda Matemática. A, demons- divide o produto ptpz...p,,,, então piu divide N - prpr. ..pn : l.
tração usa o método de redução a um absurdo e é a de que exis- Ou seja, pio divide l. Absurdo, pois pio é um número primo, conse-
tem infinitos números prirnos. Como uma antiga obra de arte, o quentemente maior do qtte l. Portanto, nossa hipótese inicial de que
tempo apenas serviu para torná-la ainda mais admirável. Foi bri- existia apenas um número finito de primos é falsa e, assim, concluí-
lhantemente apresentada por Euclidesl, por volta do Século I I I a.C. mos que o conjunto dos números primos é infinito. C.Q.D.2
e aparece no Livro IX de Os Elemenlos. Usaremos três maneiras
distintas para redigi-la e depois comentaremos sobre o estilo com o Demonstração (Versão 2):
qual cada uma foi escrita.
Provaremos o resultado pelo método de redução ao absurdo. Consi-
Preservando a terminologia da época de Euclides, número para nós dere que exista apenas um número finito de números primos. Logo,
será um número natural diferente de zero; já número primo, neste é possível enumerar todos os números primos cot?to py,pz,...,pr.
contexto, é um número diferente de 1, apenas divisível por ele mesmo A seguir; construa o número inteiro N : pr.p, . . . pn i_7. Ora, já que
e pela unidade. N > pj para j : 7,2,. . . ,tu, então, necessariamente, o número N
possui algumfator primo pio, que é um dos números primos enume-
Teorema: Existem infinitos números primos. rados anteriormente. Dessa maneira, observe que, como pi, divide
Demonstração (Versão I ): N e divide o produto ptpz...pn, então p1n divide IV - prpr.. .p,:
1, ou seja, p1o divide l. Chegamos então a um absurdo, pois pi.,, é
I
Euclides (c.300-260 a.C.): geômetra grego e autor de Os Elemenúos, um conjunto de um número primo e é maior do que l. Portanto, a hipótese inicial
l3 livros (hoje seriam como 13 capítulos), que até o século XIX estava na lista das obras
de que existia apenas um número finito de primos é falsa e, assim, o
que compunha a formação de quem pretendia ter uma cultura geral de boa qualidade.
Esscs livros reuniram a maior parte da Matemática então conhecida no Mundo Ocidental conjunto dos números primos é infinito. C.Q.D.
Antigo. Diferentemente do que muitos pensam, Os Elementos não versam apenas sobre
(icornctria (Plana e Espacial), mas também sobre Aritmética e pelo que hoje conhecemos
Demonstração (Versão 3):
corno Tcoria dos Números. A obra destacou-se por seu ineditismo ao tratar a Matemá-
lica crrm tnn model.o axiomático, utilizando postulados e demonstrações lógico-dedutivas. A demonsÍração será.feita por um argumento de redução a um ab-
('ottt cssc cstilo, Euclides Íundou o método axiomático, influenciando definitivamente o
tttorkl rlc lirzcr Ciôncia. Pouco ficou registrado sobre a vida de Euclides, mas sabe-se que tC.Q.n.ó a abreviação clc "Como queríamos demonstrar". No Item l7 da Seçlm ti.2
Ituttlx{tn cscl'cvcu outras obras sobre Matemática, Astronomia, Óptica e Música. litlarcttros tnais sobrc o usrl clcssas trôs letras.

Ib---
24 Como se escreve um texto matemático - II 2.2 Sugestões técnicas para fazer uma boa redação matemática 25

surdo, supondo-se que exista apenas um número finito de números opmloes.


primos. Logo, é possível enumerar todos os números primos como Você tem a liberdade de optar pelo estilo de sua preferência. Não há
pt,pz,...,pn. O passo seguinte é construir o número necessidade de ser rigoroso nessa escolha. Há escritores que mes-
N : prpr...p,ll. Ora, jáque N )>'pipara j -- 1,2,...,n,então, clam esses estilos, sem se prender estritamente a qualquer um deles,
necessariamente, o número N possui algum fator primo p.io, que é e é isso que recomendamos.
um dos números primos já enwmerados. Dessa maneira, deve-se ob-
selyar que, como Pl divide N e também divide o produto ptPz . . .Pn, Há ainda a opção de redigir uma demonstração na primeira pes-
então pio divide IY - ptp, . . .pn - l. Ou seja, p.io divide I . Absurdo, soa do singular, usando o pronome eu, que não está entre as ante-
pois p3o é um número primo. PorÍanto, a hipótese inicial de que riores. Sequer vamos exempliflcar esse estilo. Por ser tão pouco
existe apenas um número finito de primos é falsa e, dessa forma, se usual o vimos sendo usado apenas uma única vez. Muitos opi-
conclui que o conjunto dos números primos é infinito. C.Q.D. nam que nesse estilo se constroi um texto egocêntrico, recheado
com frases do tipo: "Eu vou agora provar", "conside-
Comentários sobre redações anteriores: ro que", ttobservo
que", "acabei de demonst Tar" etc. Essa é nossa opinião,
Em nossa opinião, a melhor maneira de escrever uma demonstração
e parece ser também a opinião de todos, com exceção do teimoso
é convidando os leitores paÍa acompanhar as ideias do escritor. Para
solitário que usou esse estilo.
esse fim, você tem duas opções: usa sempre o nós (leitor e escritor)
como na Versão 1, ou mescla o nós com o você, dittgindo-se ao
2. Um dos usos do se, muito comum na Matemática, é como conjun-
leitor, como na Versão 2.
ção condicional. Ao usá-la numa frase referente a algum resultado
Particularmente, preferimos a Versão 2,por parecer mais um diálogo dedutivo, geralmente complementa-se a frase com o advérbio então.
entre escritor e leitores. Usando esse estilo de redigir, os leitores
Exemplo:
tornam-se e sentem-se importantes ao compartilhar os passos da de-
monstração que o escritor está apresentando. Assim, talvez a leitura "Se a soma dos algarismos de um número é divisível por 3, então o
possa prender mais a atenção deles e os faça sentir participando do número é divisível por 3."
processo da construção do texto.
OBSERVAÇÃO: note o uso da vírgula: 'Se P, então Q'.
Note nas duas primeiras versões o fato dos verbos serem conjugados
no imperativo: consideremos, defina, etc., e os pronomes pessoais J. No caso anterior, às vezes a paiavra então pode ser suprimida, mas
nrís e você não aparecerem explicitamente na redação. deve ser substituída por olltras palavras que ainda deem um sentido
Já na Versão 3, nsou-se avoz passiva, sem a participação de qual- condicional e dedutivo à frase.
quer pessoa, tanto o escritor como os leitores parecem ter ficado fora
Exemplo:
do processo de redação. Há os que acham esse estilo muito impes-
soal, scr-r-r interação entre quem escreve e quem 1ê. Mas são apenas "Sc rr iguoldud.e vul.e, temos..."
Como se escreve um texto matemático - II 2.2 Sugestões técnicas para faze,r uma boa redação matemática 27

"Se as condições (1), (2) e (3) se verificam, valem as seguintes as- 5. Expressões matemáticas faze:m parte de um texto matemático e se
serções........" misturam com palavras. Por isso, no contexto geral, devem ser
etc. encaradas como frases, esffuturadas com sujeito e predicado, in-
Entretanto, evite frases do tipo: cluindo o verbo. Assim, elas não devem fugir às regras de pontu-
ação. Acostume-se a também pontuar expressões matemáticas.
"Se rà)2rn3 >8." Exemplos:

Nesse caso, a ausência da palavra então só atrapalha o entendimento. "Consideremos números fi,A € Z, ímpares, tais que 12 > 8y - 2e
Pref,ra escrever, por exemplo: ! a 2. Dessa mflneira, ..."
n
"Se n ) 2, entdo n3 > 8." " D e s env olv endo a exp re s s ão (9 .32), enc ont ramo s

Um outro exemplo do mal uso de uma vírgula numa frase dedutiva:


az +3n2
h
,Como a: .,
1
- d,b: c(a + d,)
Portanto, a cuwa procurada é uma elipse."

Torna-se bem mais inteligível escrever: Observações:

a) Observe o uso do ponto na penúltima linha do segundo exemplo,


"Como o : 9
- d,, tem-se b : c(a + d,)."
mesmo tendo sido a frase encerrada com uma expressão matemática.
c

4. Não se pode começff uma frase com o se, e somente se. Não faz b) Ressaltamos o cuidado com o ponto e vírgula (;) quando usados
sentido! Se, e somente se é um conectivo lógico usado para conec- em expressões matemáticas, pois denotam a expressão tal que.
tar duas sentenças matemáticas, cada uma podendo ser deduzida da Exemplo:
outra. "Defina o conjunto 2N : {2n;n € N}."
Errad,o:"Se e somente se uma reta é paralela a
uma reta de um plano é que essa reta é 6. Muitas vezes, é preferível escrever uma equação em destaque, res-
saltando a imporlância dela no contexto.
paralela ao pIano."
A frase correta é:
"Ume reta é paralela a um plano se, e somente se, ela é paralela a "Para resolver a equação ar2 + br * c : 0,a * 0, a maioria dos
uma reta desse plano" professores acons elham usar a fórmula:

OBSERVAÇÃO: atente para o uso das vírgulas: " ...se, e somente


llêr,.,"
-b=,'\/F - Aac ,,
28 Como se escreve um texto matemático - II Sugestões técnicas parafazer uma boa

"1200+ 1300+ 1400+ 1500+ 1600+ 1700+ 1800+ 2000+2100+


Veja como a fórmula flcaria com bem menos destaque, caso escre- +2200 +2300 +2400 +2500.,,
vêssemos: ou
"Para resolver a equação ar2 + br * c:
I 0, o maioria dos
0,a "a +b< i+33 + 1b00 + 1600 { sentlll, + 1800 + 200 + 2100 <
professores aconselham usar aJórmuro -u
* @." < 22003 - 2300 -l ln20o + 2500.,,
2a
De qualquer maneira em que uma expressão matemática precise ser
7. Quando possível, escreva uma expressão matemática em uma mesma quebrada, deve-se sempre procurar a mais adequada, que facilite o
linha, sem quebrá-la. entendimento dos leitores.

Além de esteticamente feia, a frase a seguir pode suscitar dúvidas:

"É importante os alunos saberem que para


resolver uma simples equação do segundo grau ar2+
br -t c : 0, a + 0, deve-se usar a fórmula:
-b + !rF- uõ ,r
2a
É preferível escrever:

"É importante os alunos saberem que para resolver uma simples


equação do segundo grau an2 -f br -t c : 0, o,* 0, deve-se usar a
fórmula:
-b * /b2 - 4ac ,,
2"

8. Complementando o item anterior, caso a expressão matemática seja


muito longa e não for possível escrevê-la em uma mesma linha,
aconselhamos quebrá-la no local onde aparecer um dos símbolos
:, (, ), (, ), -l, -, etc., seguindo essa ordem de prioridade.
Ao quebrar a expressão em um dos símbolos acima, muitas vezes o
símbolo é repetido no começo da linha seguinte.

Por exemplo:
2.2 Sugestões técnicas paru fazer uma boa redação matemática 31
30 Como se escreve um texto matemático - II
Comentários sobre a figura da página anterior
Essa é uma versão de Os Elementos de Euclides. Essa versão, dentre
várias produzidas ao longo do tempo, é um manuscrito grego do Século
IX, preservado na admirável Biblioteca do Vaticano. O texto é do Livro I,
Proposição 47, justamente o decantado Teorema de Pitágoras, o teorema
mais famoso de toda Matemática!
O desenho no cenüo da página à direita indica que realmente está se

demonstrando o Teorema de Pitágoras.


Observe os escritos, em letras menores, circulando o texto principai.
As figuras napágina à direita cla ilustração, ao pé dapágrna, parecem
ter sido desenhadas posteriormente ao texto, por algum leitor que estudou
o manuscrito.
32 Como se escrsve um texto matemático - II

Algumas dicas da Língua Portuguesa


para uso na Matemática

Ndo me venhamfalar sobre a vossa alavanca de Arquimedes.


Ele era um homem distaído, possuidor de muita imaginação
matemática. A Matenuítica tem todo o meu respeito, embora
eu não tenha inclinações para &ssuntos cientfficos.

Deem-me a palavra certa e a acento certo e eu ttoverei o


mundo!!!
Joseph Conrad (1857 - 1924)
Preface to A Personal Record.

"Escreyer é cortar palavras."

Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)

A, qo".tOes referentes ao estilo de redação, aos significados de certas


ua Portuguesa para uso na Matemática 3.1 A regência de verbos e nomes 35

palavras ou a como usá-las podem se transformar em um tema controver- de vista apresentados, no entanto, certarrente hão de concordar que cada
tido, suscitando dúvidas e indefinições. O mesmo ocorre com o uso de um deles tem considerável importância e merece a devida atenção. Tam-
algumas regras gramaticais, que podem diferir da opinião final de um es- bém não devemos nos esquecer de sempre Llsar o bom senso e respeitar a
pecialista para outro ou de uma gramática para outra. Muitas vezes, não opinião de autores com autoridade e experiência. Fizemos isso ao escrever
há decisão unânime e satisfàtória sobre algumas dessas dúvidas e indefini- este capítulo.

ções, em cujo debate não nos compete entrar- Baseado nas considerações anteriores, trocamos os polêmicos certos
Justificando eSSe nosso comentário, há um fato que sobretudo oS eS- ot errados por evite, aconselhamos, recomendanuts, não é conveniente,
critores de textos científicos devem ficar conscientes: diferentemente das etc.
ideias matemáticas, uma língua é um ente mutável, Se modifica ao longo Em qualquer caso, nosso estudo busca o denominado paclrão culto da
do tempo, dependendo de diversos fatores, tais como sociais, etários, re- língua portuguesa e, nesse sentido, tomamos o cuidado de seguir as re-
gionais, etc. Por exemplo, na época em que a língua portuguesa estava comendações das mais respeitadas gramáticas normativas e os principais
nascendo do Latim, por volta do Século III a.C., de forma bem diferente dicionários.
da atual, o Teorema de Pitágoras.iá existia há cem anos e era apresentado Para o caso específlco da Matemática, tratado na Seção 3.3, considera-
da mesma maneira que hoje o encontramos nos livros didáticos. Temos de mos vários comentários que achamos importantes, dados em
aceitar o fato de que as línguas se modiÍicam e isso gera opiniões diferentes t31l e t251.
sobre seu uSO, oS resultados matemáticos não - ou, nem tanto, para não
sermos tão radicais!
Estamos convictos de que dúvidas e indefinições, naturais no uso de 3.1 A regência de verbos e nomes
uma língua, causam um certo desconÍbrto para quem trabalha com a exa-
tidão da certeza, como ocoÍTe nas Ciências Exatas. Muitas vezes, as gIa- O uso de preposições após os verbos (regência verbal) e após os no-
máticas e oS manuais normativos não conseguem satisfazer nossa ânsia mes (regência nominal) é um tema causador de muitos erros e dúvidas. É
bivalente em determinar o certo ou o effado. Por esse motivo, fomos muito sempre aconselhávelfazer uma consulta se tiver alguma dúvida.
cautelosos em alguns itens apresentados mais adiante. Nesses itens, de- Apresentaremos, a seguir, exemplos ilustrativos do que rezam as gra-
cidimos apenas expor certas opiniões que julgamos importantes e, talvez, máticas normativas e os principais dicionários acerca de três casos de re-
estejam longe de ser a palavra flnal sobre o assunto - se, dependendo do gôncias verbais e nominais que nos interessariam.
caso, existir alguma! Mas entendemos que essas opiniões devam ser con-
sideradas e, principalmente, conhecidas.
não houver uma decisão conclusiva sobre qualquer das alter-
o IGUAL A
Quando
nativas apresentadas, cabe aos leitores escolherem o caminho a seguir. Na "A constante de Champernowne 0,72345678910111213. . . não é
verdade, essa decisão, em muitos casos, depende de uma escolha subjetiva, igual a qualquer fração.formada por núnteros inteiros."
de estilo pessoal, ficando a critério do escritor.
Facultamos aos leitores o direito de discordarem de alguns dos pontos o IG[JALDADE ENTRE
36 Algumas dicas da Língua Portuguesa para uso na Matemática 3.3 O cuidado com o uso de algumas palavras e expressões 37

Exemplo: "A igualdade entre os polinômios p(r) : atr2 I b e Cuidado, muito cuidado, é bastante comum o uso do decantado ter que,
q(r) : -9r2 + r implica em a : -9 e b : r" como na frase

IMPLICAR no sentido de deduzir, trazer como consequência, pode


"Desse modo, Se g:5, temos que y2 *5:30."
ou não ser acompanhada de preposição. Nesse último caso, usa-se Para surpresa de muitos, ter que signif,ca ter necessidade ou obrigação
implicar em. de; devef precisar, tem o mesmo sentido de ter de. Portanto, segundo
Íezam os dicionários, deve-se evitar o uso do ter que, como sinônimo de
Exemplo:
implica, acarreta, etc. (122),1231); basta apenas usar o Íer.
"As duas desiguctldades de (4.3) implicann tr > 7 ".

ou

"As duas desigualdades de (4.3) implicam em r > 7".


3.3 O cuidado com o uso de algumas palavras e
expressoes
3.2 O uso do verb o ter na escrita matemática 1. CASO VERÍDICO: numa prova, vimos a seguinte frase "... é pre-
ciso agradar a condiçõo de que..." Independente do que essa pessoa
O verbo ter ébasÍante usado em textos matemáticos com significados, queria dizer, condição alguma pode ser agradada! O correto é dizer
às vezes, distintos daqueles mais usuais. Exempliflquemos alguns usos do uma condição é satisfeita ou determinado objeto cumpre uma de-
verbo ter em textos matemáticos: terminada condição. Observe, uma condição é um requisito que se
pede de um objeto matemático.
1. "Se r > 2, temos 12 > 4."
2. Por outro lado, devemos dizer: determinado elemento goza de umq
Nesse caso, a palavra temos substitui a palavra então.
propriedade ou determinado elemento possui uma propriedade, ot
2. "Da hipótese Hç temos a validade das sentenças (1.2) e (3.7)." ainda, determinado elemento tem uma propríedade. Observe, uma

Nesse caso, a palavra temos substitui a palavra decorre.


propriedade é uma qualidade especial que um determinado objeto
matemático possui, ó algo intrínseco ao objeto.
3. "Se:r e'y sãonúmeros reais, temos aigualdade r +A: y * r." Diante dos dois itens anteriores, evite escrever:
Nesse caso, a palavra temos substitui a palavra vale. "Um objeto cumpre uma propriedade."
ou
Uma consideração interessante: bem diferente do que estamos acostu-
mados a ver, e muitos a usar, o verbo ter, quando empregado no sentido de
"Um objeto tem uma condição."
implicar, não é acompanhado de preposição: 3. Dif'erentemente do que muitos estão acostumados, nos convencemos
"Desse rnodo, s€ 'y : 5, temos y2 + 5: 30." clc c;ue se deve lero sinal de ordem '<' como menor (do) que (viclc
3B Algumas dicas da Língua Portuguesa para uso na Matemática 3.3 O cuidado com o uso de algumas palavras e expressões 39

t31l). Já o símbolo '(' , que é uma disjunção lógica entre duas Em relação às ftrnções, as letras r e A vaflarn - a menos no caso das
sentenças, recomendamos 1ô-1o como: menor (do) que ou igual a. funções constantes, quando apenas o r yarta*, o que justifica cha-
Por exemplo, a expressão (r 1) < 0 deve ser lida da forma "Xis
- mar essas letras de variáveis. Quando usadas em equações, essas le-
menos um é menor (do) que lero", e a expressão 3 ( 7, como"Três é tras representam números desconhecidos, o que induz serem chama-
menor (do) que ou igual a Ltm". Recomendação análoga segue para das incógnitas, palavra composta derivada do Latim
os símbolos '>' e ')'. in+co gnita,s, que signiflca não+conhecidas.

Deve-se dizer'.
4. Dada uma função /, desaconselhamos chamar raí zes os números
"Considere o sistema de m equações e n, incógnitas."
z tais que/(z) : 0. Esses nítmeros, pertencentes ao domínio da
função, devem ser chamados zeros dafunção f . O termo raízes Um exemplo em que se confundiu essa terminologia aparece na se-
deve ficar reservado ao nos referirmos a equações ou a polinômios. guinte frase, retirada de uma pâgrna eletrônica, onde, apesar da boa
Assim, dependendo de cada caso, dizemos r ,é raiz da equação ot r vontade em auxiliar os alunos, está definido:
é raiz do polinômio.
"A solução de um sistema de equações com
Evite:
Por exemplo: duas variáveis é um par ordenado (x, y) de
"Prova-se que o polinômio p(r) : -3r5 + 7r - 18 possui pelo
números reais que sati sfaz as duas equações. "
menos uma raiz real." Por ironia, a propaganda da página eletrônica, no sentido de que
: tirana todas as dúvidas de Matemática dos leitores, é "Aqwi não há
"Prova-se que a equação -3r5 + 7r: - L8 0 possui pelo menos
incógnitas!". De fato!
uma raiz real."
Entretanto, no estudo de sistemas lineares, permite-se chamar va-
Mas devemos dizer:
riável livre a uma incógnita, quando todas as outras incógnitas do
"Prova-se que afunção polinomial f (r) : -3tr5 l7r - 78 possui sistema puderem ser expressas em função dela.
pelo menos um zero real."
6. Os autores de lZ5) !9rt9m qgg_q_§ expressões função do
Justificando a diferença entre as duas terminologias, apesar de pode-
primeiro grau e função do sequndo grau são uma ter-
rem ser escritos usando-se a mesma expressão matemática, polinô-
minologia imprópria. Com certeza, no Ensino Fundamental ou no
mios e equações são conceitos distintos.
Ensino Médio, deflnem-se graw de polinômios e grau de equações,
mas não se deflne grau de funções.
5. O uso das seguintes palavras também gera confusão. Atente que
funções possuem variáveis, enquanto ecluações possuem incógni- Ainda repassando o conselho dos autores, é recomendável chamar-
/as. Muita gente confunde as duas terminologias porque geralmente, sefunção afi.m à função Í(") : ar lb, a,,b € 1R.; chamar-sefunção
r
usam-se as mesmas letras e A ao se falar sobre funções e sobre linear à função Í(") : tt't, o, e IR.; e chamar-sefunção quadráticu
equações. à Ítrnção ,l'(t:): rtt,2 1-ltt: ! r',rl,,b,r: € JR,a, I0.
40 Algumas dicas da Língua Portuguesa para uso na Matemática 3.3 O cuidado com o uso de algumas palavras e expressões 4t

No caso em que a * 0, pode-se ainda chamar função polinomial "Tbdos os ângulos retos são congruentes, pois têm medidas iguais
do primeiro grau a qualquer das duas primeiras funções e chamar a 90o."
função polinomíal do segundo grau à terceira função. Já a função Falando em uso inadequado de terminologia, temos consciência de
Í(*) : b é chamadafunção constante e a função Í(r) : r chama- que um dicionário linguístico tem flnalidades diferentes de um dici-
sefunção identidade. onário matemático, mas, contrariando a boa linguagem matemática,
Muitos também consideram impróprio chamar-se f unção line- nos deparamos com um famoso dicionário de Português contendo a
ar à função f (r) : o;L I l.r, pelo fato de seu gráfico ser uma reta. seguinte definição:
Diferentemente dessa ideia, o termofunção linear (real) é usado em "Triângulo isóscele: o que tem dois lados portanto, dois ôngulos
e,
Matemática para designar funções satisfazendo a condição:
iguais."
Í(r, + c:r2) : Í('rr) I t:,f (r2), para todos ri., Í2 no domínio de
f e paru todo número real r,:. Atente que a função Í (r) : o,r I b 8. É preciso distinguir as operações de adição, subtração, muhiplica-
só é linear, conforme definimos, se, e somente se, b : 0. Daí, a ção e divisão do resultado de cada uma dessas operações, que são,
terminologia recomendada. respectivamente, soma, diferença, produto e quociente.

7. Dois (ou mais) ângulos ou dois (ou mais) segmentos de reta sáo con- 9. Número, numeral ou algarismo? A primeira palavra é diferente
gruentes (ol côngruos), quando possuírem as mesmas medidas. Já das duas outras. Número refere-se a ideia que representa uma quanti-
dois (ou mais) triângulos são ditos congruentes quando, sem muito dade ou medida, etc. Por exemplo, três é, um número que representa
formalismo, um puder ser sobreposto ao outro. a quantidade de elementos do conjunto {V, ô,8}. Já numeral ou
UMA RECOMENDAÇÃO: contenha-se no caso de ângulos, seg- algarismo é o símbolo que representa essa ideia. Usando os algaris-
mentos de reta ou triângulos, para segurar a pecaminosa tentação mos indo-arábicos, essa ideia é representada pelo símbolo 3, já em
de usar a palawa igual em vez de congruente! Reza um princípio algarismos romanos essa ideia é representada pelo símbolo III.
básico da Lógica-matemática que um objeto só é igual a si mesmo.
Dessa maneira, não devemos chamar iguais a dois ângulos distin- 10. Alertados por uma recomendação em [31], constatamos que a pala-
tos de mesma medida, a dois segmentos de reta distintos de mesmo vra registrada nos dicionários é invertível (inverter + ível), em vez de
comprimento ou a dois triângulos diferentes de mesmo formato! O inversível, como é comum se usar. De acordo com o que registram
correto é dizer que eles são congruentes. os dicionários, devemos dizer: matriz invertível, função invertível,
etc. Não encontramos a palavra inversível registrada nos dicionários
Por outro lado, dizemos: ds medidas de ôngulos são iguais, os com-
consultados.
primentos de segmentos de reta são iguais ou as áreas de triângulos
sáo iguais quando, em qualquer dos respectivos casos, tiverem os I l. Na linguagem matemática, há quem defenda o uso da palavra inter-
mesmos valores. sectfrr, em substituição à palavra interceptar l3ll. Para esses, in-
Por exemplo: lerccplur signiÍica interromper, deter, reler, cotÍto estir deÍiniclo nos
44 Algumas dicas da Língua Portuguesa para uso na Matemática 3.3 O cuidado com o uso de algumas palavras e expressões 45

Já a expressáo em vez de pode signifrcar ao invés de, ot em Para essas pessoas, a palavra onde deveria ser substituída por expres-
lugar de. sões tais como na qual ou em que: "Considere a expressão
(b) Através de e Por meio de V(rrh) - rr2h, na qual T" representa o raio ...", "Considere a expres-
são V (r, h) : nr2h, em que r representa o raio ..."
Através de significa de um lado a outro de, por entre.
Por meio de significa mediante. Não existe uma posição deflnida sobre esse uso. Além do mai§, paÍece ter
se tornado uma prática da escrita matemática o uso do advérbio onde da
Manuais normativos condenam o uso da expressão através de
maneira como flzemos no primeiro exemplo.
com significado por meio de ([9], p.101).
Logo, há recomendação de não usar
"Provaremos essa afirmação através do
método...".
em vez disso, recomenda-se escrever
"Provaremos essa afirmação por meio do método ..."
ou melhor,
"Provaremos essa afirmação usando o método ...".

19. De sorte que é uma expressão costumeira em textos matemáticos, e


significa de modo que, de maneira que, de forma que.
Por exemplo:
"Considere dois números inteiros nL e n, de sorte que o móximo
divisor comum entre eles se.ja 1."

20. Já a palavra ora signific a note-se que, e comumente aparece em tex-


tos matemáticos, quando se deseja começar uma frase ressaltando
algum fato importante.
Exemplo: "Ora, a interseção dessas superfícies é uma curva no es-
paÇo, daí..."

21. O USO DO ADVÉRBIO OrtdC

Já vimos pessoas defenderem ser errado usar o advérbio onde da


seguinte maneira: "Considere a expressãoV(r,h) : Tr2h, onde r
represenía o raio ..."
Algumas dicas da Língua Portuguesa para uso na Matemática 3.3 O cuidado com o uso de algumas palavras e expressões 47

Comentários sobre a figura da página anterior


Tradução medieval do Grego para o Latim, feita em 1270, dos comen-
L'ários de Eudóxio acerca da obra de Arquimedes Sobre a esfera e o ci-
lindro. Note que a disposição das palavras se adequa aos desenhos, o
que comprova um certo ineditismo de estilo até então. Parece também que
os desenhos foram feitos antes das palavras terem sido escritas. Observe
ainda que os desenhos na margem esquerda da primeira folha aparentam
ter sido adicionados à obra posteriormente.
Os textos científ,cos europeus medievais, em sua maioria traduções
para o Latim de textos clássicos gregos ou de textos árabes, têm uma be-
leza incomum. Além de preservarem a erudição e o conhecimento, são
verdadeiras obras de arte copiadas à mão, que demoravam anos para serem
produzidas nas celas dos mosteiros, com paciência e extravagante esmero.

A
48 Algumas dicas da Língua Portuguesa paÍa uso na Matemática

CAPITULO 4

Mais dicas da Língua Portuguesa para


uso na Matemática

" -Quando uso ulna palavra - replicou Humpty Dumpty


corn um tom meio desdenhoso - ela significa exatamente o
que eu quero que signifique ... nem mais, nem meno*

- A questão - ponderou Alice - é saber se o senhor pode


fazer as palavras dizerem coisas difurentes.
- A questão - replicou Humpty Dumpty - é saber quem é
que mnnda. É só isso."

Lewis Carrol (1832-1 898),


Do outro lado do espelho, VI

" Óbrio éa palavra mais perigosa de toda Matemtitica."

Eric Temple Bell (1883-1960)


50 Mais dicas da Língua Portuguesa para uso na Matemática 4.1 A opção de usar outros termos 51

4.1 A opção de usar outros termos assím, acarueta, após algumas manipulações algébricas encontra-
mos, como consequência temos, deduzimos, dessa forma, dessa
maneira, desse modo, esse raciocínio nos leva a concluir, implica,
E ,-ro.,unte modiÍicar a maneira de redigir, evitando repetitividade
resulta, etc.
ou monotonia. Seguem algumas sugestões para auxiliar-lhe nesse sentido.
4. Alertando sobre o cuidado em empregá-las convenientemente, as se-
1. A palavra portanto é muito usada após argumentações para deduzir guintes frases também são de grande utilidade ao escrever a dedução
uma conclusão. de algum resultado:
A Íim de evitar repetições, dependendo do caso e da atenção necessá- 'de onde segue-se que', 'desde que', 'em virtudede', 'jd que', 'note
ria ao usá-las apropriadamente, as seguintes palavras também podem que', 'umtt vez que P vale, temos Q', 'vê-se que', etc.
ser empregadas com a mesma Íinalidade:

conclui-se, consequentemente, daí, segue-se, donde, então, logo, 5. As expressóes com efeito e de fato podem ser empregadas ao come-

pois, por conseguinte, etc. çar uma argumentação ou quando se vai tecer comentiários sobre cer-
tas aflrmações recém-feitas. Essas expressões transmitem a mesma
2. Sobre as palavras do item anterior, analisemos um erro comum a ser ideia.
corrigido: náo faz sentido começar uma frase com a pa)avra por- Exemplos:
tanto, ou com qualquer de seus sinônimos, sem que alguma argu-
mentação tenha sido feita anteriormente. Não é raro ver os principi-
"O número 22u + 7 é wm número composto. Com e.feito, escre-
antes cometerem esse effo. vendo...."

Essa recomendação lembra a história real de um desligado profes-


"O número 22u + L é um número composto. De fato, escrevendo...."
sor que, sem nada mencionar anteriormente, dava o mal exemplo e OBSERVAÇÃO: geralmente, quando usadas nesse sentido, essas ex-
começava a aula escrevendo na lousa: "Portanto,..." E,Ía realmente pressões f,cam seguidas de vírgulas.
cômico.
6. As seguintes conjunções adversativas são sinônimos e aiudam evitar
Por outro lado, cautela com os exageros, como este descuido come-
repetições:
tido por um excelente autor de livros de Matemática:
contudo, entretanto, mas, no entanto, não obstante, porém, toda-
" O raciocínio, no caso c > 0 é mais simples ainda, pols então,
vía.
a partir de um certo N..."

7. Sobre o uso de conjunções adversativas, observe a frase:


3. Dependendo do contexto, pode-se ainda usar as seguintes palavras
ou expressões para concluir alguma argumentação feita anteriormen- "Os dois segmentos pertencem à retas pat:aleL,-rt,
te: mas têm comprimentos dj..fer:enLes. "
52 Mais dicas da Língua Portuguesa para uso na Matemática 4.1 53

A conjunção mas está usada impropriamente, pois não há adversi- "Considere um triângulo de lados medindo a,,b e c com respectivos
dade alguma entre os segmentos pertencerem à retas paralelas e o ângulos internos A, B e C, opostos a esses lados. Então, temos:
fato deles terem comprimentos diftrentes. Nesse caso, aconselha-se
(1) a2 : I
b2 c2 - 2bccos Á
substituir mas pela conjunção e:
(10 b2 : a2 I c2 - 2accos B
" Os dois segmentos pertencem à retas paralelas e têm comprimentos
diferentes." (iii) c' : az *
) ) t')
b' - 2ab cos C."

Casos desse tipo não são incomuns. Ora, para demonstrar esse teorema, basta demonstrar um dos itens
(i), (ii) ot ('ii.i) e depois, para justificar a demonstração dos demais,
8. As expressões isÍo é e ou seja podem ser usadas para explicar mais escreve-se:
detalhadamente algum fato recém-afirmado.
"Analogamente, seguem-se os outros casos."
Exemplo: "Ora, Ltsando a Regra de Sarrus obtém-se detA f 0, ou
seja, a matriz A é invertível."

"Ora, Ltsando a Regra de Sarrus obtém-se detA I 0, isto é, a matriz 4.2 A diferença entre o uso de certas palavras
A é invertível."
na Matemática e na linguagem coloquial
OBSERVAÇÃO: no meio de frases, as expressões anteriores são usa-
das entre vírgulas, como fizemos nos exemplos dados. 1. Quando se diz na linguagem coloquial
Atenção, não se pluraliza ou seja; não existe a abominável expressão "Existem cinco poliedros de Platão",
ou se j am! Coma dela! ([9], p.563). em geral, entende-se qte cinco é o número exato de poliedros de
Platão e não existem nem mais nem menos do que cinco desses po-
9. Em diversas ocasiões, você pode ter dois ou mais resultados a se-
liedros.
rem demonstrados e a demonstração de um deles segue exatamente
o mesmo procedimento dos outros. Quando isso acontecer, é perda Já na linguagem matemática, uma frase desse tipo deve ser entendida
de trabalho, de tempo e de espaço, escrever as duas demonstrações. de maneira diferente, como:
Nesse caso, depois de demonstrar um dos fatos, para justificar a de-
"Existem, pelo menos, cinco poliedros de Platão".
monstração de um outro, basta apenas escrever:
O que justifica essa interpretação matemática é se existissem trinta,
'Analogamente, temos ...', 'Procedendo-se de maneira análoga, setenta ou dezessete poliedros de Platão, ainda existiriam - pelo
obtemos...' , 'asando um raciocínio análogo ao anterior, resulta menos - cinco desses poliedros! Dessa maneira, o estilo em que ir
...', etc. frase tbi originahnente escrita não reproduz, na linguugem matcrnlÍ-
Por cxemplo, isso ocorre quando se demonstra a Lei dos Cossenos: lica, o núrncro cxato cle policclnrs cle Platão cxistentes.
54 Mais dicas da Língua Portuguesa para uso na Matemática 4.3 O uso dos artigos 55

Caso na linguagem matemática, quiséssemos expressar a existência ou ainda


de exatamente cinco poliedros de Platão, deveríamos ressaltar esse "Cada número inteiro positivo é igual à soma de quatro quadrados
fato, escrevendo, por exemplo:
perfeitos."
"Existem cinco, e somente cinco, poliedros de Platão", Note o artigo um da frase inicial, ele não significa Ltm certo, deter-
"Existem cinco, e apenas cinco, poliedros de Platão" minado oa algum, especificamente, como geralmente é entendido na
linguagem coloquial.
ou
" Existem exütümente cinco poliedros de Platcío" .
Semelhantemente, a frase:
"A soma de dois números racionais é wm número racional"
O mesmo estilo deve ser usado quando se quer expressar o número
exato de objetos que cumprem uma determinada condição matemá' deve ser entendida matematicamente como:

tica. "A soma de dois números racionais quaisquer é um número racio-


Diante dessa explicação, veja que a frase: nal".
"Há vinte e sete aluruts na minha sala de altla", E assim por diante.
pode ter interpretações bem distintas, se usada na linguagem colo-
2. Cuidado com o uso dos artigos a, o, um e uma. O mal uso desses
quial ou na linguagem mzrtemática.
artigos pode mudar totalmente o sentido de uma frase.

Compare as frases :
4.3 O uso dos artigos " Considere uma raiz positiva da equação 12
- 5r * 6: 0 "
e
1. Observe a frase:
" Considere a rai7. positiva da equação 12 - 5r * 6: 0."
"(Jm número inteiro positivo é igual à soma de qwatro quadrados
perfeitos". A segunda frase fica com sentido ambíguo, pois as duas raízes
(rt : 2 e 12 : 3) da equação são positivas. A qual delas a pes-
Quando usado na linguagem matemática, como acima, o artigo um soa se refere?
significa todo, qualquer que seja, cada um e, dessa maneira, a frase
deve ser matematicamente entendida como: Outro exemplo, cujo uso do artigo definido está errado:

"Todo número inteiro positivo é igual à soma de quatro quadrados "O número 3 é o.fator do número 6."
perfeitos."
O emprego do artigo nesse caso expressa a ideia de uniciclade, ou
ou seja, apenas 3 é fator do número 6, o que não é verdade, já que 2, por
"Qualquer que seja o número inteiro positivo, ele é igual à soma de exemplo, ó também fator de 6.
q unt ro q uadrado s perfeitos." I)evo-sc escrevcr:
56 Mais dicas da Língua Portuguesa para uso na Matemática 4.4 A concordância verbal 57

"O número 3 é fator do número 6." "Quaisquer que sejam os valores de a e b".

ou 2. O mesmo cuidado com o plural deve ser devotado, quando do uso da

"O
expressão tal que e da expressáo tais que. Atentemos ainda, com a
númeru,t 3 é umfator do número 6."
flexão correta do verbo ser; seja e sejam.
3. Os artigos se aliam à exatidão que a Matemática requer, podendo Por exemplo:
fornecer informações mais precisas. "Quaisquer que sejam r e z tais que ...."
Por exemplo, comparemos as frases: "Seja n o número de raízes reais do polinômio p tal que p tem coe-
"Uma condição suficiente para que um número seja divisível por 3 ficientes inteiros.-."
é que a soma de seus algarismos seja divisível por 3." Veja um deslize, muito comum, que detectamos em um excelente
e livro de Álgebra Abstrata:
"A condição suficiente para que um número seja divisível por 3 é "Seja 'n, € Z, u € {1, -1} e ?t,...,pk números primos
que a soma de seus algctrismos seja divisível por 3." positivos. "
Essas frases comunicam o fato de que a soma dos algarismos do 3. Qual das construções abaixo está correta?
número ser divisível por 3 é condição suficiente pata o número ser
divisível por 3, só que a segunda fornece mais informação, por asse- (a)"O conjunto A ou B são vazios."
gurar que a condição mencionada é única, não existe outra. (b)"O conjunto A ou B é vazio."

4. A palavraAmbos(as) deve ser acompanhada de artigo.


Em qualquer ocasião, quando o oufor exclusivo, o uso do singular é
Exemplo: "Ambas as técnicas podem ser usadas para resolver o obrigatório.
problema."
Dessa forma, se não há informações sobre os conjuntos A e B, am-
Evite o pleonasmo ambos os dois (vide [35]). bas as construções anteriores estão corretas. Agora, se for sabido
que apenas um dos conjuntos évazio, o correto é aalternativa (b).

4.4 A concordância verbal 4. A concordância com o numeral zero é sempre feita no singular.
Exemplo:
l. Em um texto matemático, é muito comum usar os termos qualquer,
qualquer que seja, etc. Preste atenção para o fato da palavra qual- " Ora, mover-se zero grau no sentido horário é não mudar de po,si-
quer ser a única em nossa Língua cujo plural é flexionado no meio ção! "
dela:. quaisquer. Veja ainda os exemplos: ".frio de zero gruu", "cúrros 7.ero-c1uilôntc-
Portanto; dizemos: ltít", " Tenho z,e ru chunce tle scr im.perador dc Rontu" clc.
58 Mais dicas da Língua Portuguesa paÍa uso na Matemática 4.4 A concordância verbal I 59

5. Números fracionários (e concordância verbal) : "Diante dos dados reve.lados, 65% das pessods entrevistadas estão
satisfeitas com o novo método de ensino."
No caso em que o sujeito de uma oração é um número fracionário, o
verbo é flexionado de acordo com o numerador dafraçáo. Numera- "Diante dos dados revelados, 0,7Yo das pessoas estão satisfeitas
dor igual a um usa-se singular e maior do que um usa-se o plural. com o novo método de ensino."

Exemplos: "Diante dos dados revelados, O,7yo do eleitorado está satisfeito."

"Vê-se que 1/9 das notas das provas é superior a sete." "Diante dos dados revelados, gS% do eleitorado está satisfeito."
([7], pp. 159-160)
"A pesquisa revelou algo surpreendente: 2/3 do alunado não sou-
beram responder às perguntas."

A regra é interessante, pois nesse último exemplo, mesmo sendo 213


menor do que 1, o verbo fica no plural. A justiflcativa para essa
regra é que o número é lido como se "houvesse um plaral"; dois
terços ([7], p.161).

6. Porcentagem (e concordância verbal):

Há dois casos a serem considerados: quando se refere a rTo, sem


citar o especiflcador, e quando se diz r% de alguma coisa, citando o
especif,cador.

(a) Quando se usa r%, semcitar o especificador, o verbo é flexionado


de acordo com o número r.

Exemplo:

"Diante dos dados revelados, 65Ya estão satisfeitos com o novo mé-
todo de ensino."

"Entretanto, apenas l,2Vo concorda com o método."

Note quando o número é menor do que dois, o verbo flca no singular.

(b) Já quando o especiflcador é citado, o verbo flexiona-se de acordo


com o especificador.

Exemplos:
IUais dicas da Lfugua Porhrguesapara uso naMntemática

CAPITULO 5

Ortografia na Matemática

'Herrar é umano,'n
Anônimo
Pichação em um muro (bem branquiúo!).

"Se erro, exísto."


Santo Agostiúo (354-430)
A cidade de Deus, X|,26

este capítuloo abordamos algumas dúvidas e alguns dos erros mais


comuns da Ortografia, que aparecem em textos matemáticos. Intcnciona-
mos ressaltar alguns pontos merecedores de destaque, qu€ podom qiudu o
leitor a redigir um tercto sem muitos ero§.

6l
62 Ortografia na Matemática 5.1 Palavras de grafia problemática 63

5.L Palavras de grafia problemâtica 8. Mais uma dica: o teste é dos noves fora, com a palavra nove usada
no plural. Deve-se também usar a expressãoprova dos noves e noves
1. Apesar de a palavra apótema terminar em a, ela é um substantivo fora. (19), p.547)
masculino. Portanto, dizemos
9. Apenas um detalhe: o substantivo ó extensão, com.r, mas o verbo é
"O apótema relativo à base do triângulo isósceles 7... ". estender, escrito com s.

2. Sofi,sma também é uma palavra masculina. Diz-se o sofisma. Devemos escrever:

a
"Consideranclo a extensão I dafunçao f a toclo o conjunto dos nú-
J. O numeral correspondente a 50 é cinquenta, escrito com a letra q. A meros reais...."
forma cincoenta, além de não registrada em dicionários, é con-
denada pelas grarnáticas.
"Podemos estenderafunção f (*) - lF - 4atodo o conjunto dos
números reais...."
4. Já o numeral 14 pode ser escrito de duas maneiras: catorze oü qua-
10. Diferentemente do usado ao se preencher cheques, não existe o nu-
torze, sendo a primeira de uso mais frequente ([9], p.169).
meral hum, ao menos é o que af,rmam manuais e dicionários. O
5. Acerca da grafla das funções trigonométricas, seguindo as Novas numeral correspondente ao número \ é, um. Só. Por falar nesse
Regras Ortográficas, devemos escrever cosseno, com dois esses e tema, diz-se mil reais e não um mil reais, do mesmo jeito que
não com apenas um esse ou com hífen! não se diz uma mi I pes soas.

Da mesma forma, devemos escrever cossecante, com dois esses. Nosso comentário é apenas informativo, não estamos sugerindo que
se mude a maneira de preencher cheques, até porque, nesse caso, se
A palavra cotangente se escreve sem hífen.
tem mais segurança escrevendo hum emvez de um.

6. É muito comum o engano, mas o certo é euclidiano, com i, e náo 11. A palavra isósceles tem uma variante pouco usada: isóscele.
euclideano, com e, apesar do termo derivar da palavra Euclides,
terminada em e.§. t2. A palavra correta é somatório. Apesar do conceito de somatório
vir de soma, que é uma palavra feminina, a palavra somatório é um
Portanto, deve-se escrever ge ometria euclidiana, e sp aÇ o euclidiano.
substantivo masculino. Não ó registrada a forma somatória, ape-
7. Complementando o item anterior, o cerlo é escrever sar de já ser bastante usada ([9], p.718), principalmente em botc-
quins, quando se pede a conta ao garçon.
abeliano, hamilto ninno, lagran giano, laplaciano, n ew toniano, ri-
emanniano, etc. 13. Porc e ntag e tn oa p e rc e ntag e m?

A regra é a seguinte: quando se formam adjetivos usando nomes Ambas as Íbrmas são usitdas e registradas nos cliciottít'ios, it pt'itur-rit'it
próprios de pessoas, usa-se a terminação iano, com i ( vide [9]). ó usada conr nrais l'requôncia (l9l).
64 Ortografi a na Matemática 5.2 Palavras compostas: o uso do hífen 65

14. Não obstante a terrível tentação que alguns sentem em utilizar, não antiderivada, antípoda.
existe a palavra lnterar, o certo é iterar, que signiflca tornar a o Antes das consoantes r e s, dobram-se essas consoantes:
fazer ou a dizer, repetir. antissimétrica.

Bibliografla consultada: 122),l23l e l9). (b) AUTO-: pref,xo grego que significa ele, si próprio.
o Sem hífen antes de vogal diferente:
auto adj unt o, aut o e s p aÇ o, auto inte rs eç ão.
5.2 Palavras compostas: o uso do hífen o Com hífen antes de mesma vogal.

No começo ano de 2009, passaram a valer as mudanças trazidas pelo


o Sem hífen antes de consoante diferente de r e s:

Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Dentre essas mudanças, aut ofunç ã rfis mo, aLtt ov al o f aut ov e t o r
o, aut omo
ressaltam-se as modif,cações no uso do hífen. o Antes das consoantes r e s, dobram-se essas consoantes:
Realmente, pouca gente conhecia algumas regras do uso do hífen, a aut o r refe r ê nc ia, aut o ss imilare s.
maioria das regras talvez fosse mesmo difícil de ser lembrada. (c) CO-: prefixo de origem latina que indica copresença, corres-
Vamos explicar, diante do Novo Acordo Ortográflco, como usar o hífen pondendo, em parte.
para compor algumas palavras que, com frequência, aparecem na Matemá- o Sem hífen antes de vogal diferente.
tica.
o Exceção: sem hífen antes de palavras começadas com a
leffa o'.
A seguir, apresentaremos uma lista de certos prefixos, conjuntamente
cooperador.
com alguns vocábulos que eles formam.
o Sem hífen antes de consoante diferente de r e s:

cofator (pl. c ofatore s ), cotangente, covariante.


1. REGRA BASICA:
o Antes das consoantes r e s, dobram-se essas consoantes:
Em palavras compostas, sempre se usa o hífen antes da letra h:
cossecante, cosseno.
anti- ho rário, s upe r-harmônic a mas e sc rev e- se s ubarmônic
( a. Vide (d) CONTRA-.' prefixo latino que indica oposição, açõo contrd-
prefixo Sub-, mais adiante.)
ria.
2. PREFIXOS TERMINADOS EM VOGAL o Sem hífen antes de vogal diferente:
contraexemplo (pl. contraexemplos ).
(a) ANTI-.' prefixo grego que indica oposição, ação contrária. o Com hífen antes de mesma vogal.
o Sem hífen antes de vogal diferente. o Sem híf-en antes de consoante diÍ'erente de r e,s:
o Com hífen antes de mesma vogal. c ont rtttlo mínirs, co nt ra po s itivtt.
o Sem hífen antes de consoante diferente de r e s: o Antcs clas consoantcs r e s, clobrartl-sc cssils corrsoiurlcs.

itti
66 Ortografl a na Matemática 5.2 Palavras compostas: o uso do hífen 6'7

(e) PSEUDO-.' elemento de composição grego que significafalso. s ub ane l, s ub c amada, s ub cla ss e, s ub co nj unt o, s ub c o rp o, s ub es -

o Sem hífen antes de vogal diferente: p aÇ o, s wb g rup o, s ub line ar, s ubmatriz, s ubmó dulo, s ubm últ i p l, r t,
subsequência.
p se udo al e at ó ri o, p se udo e sfe ra, p s e udo inv e r s a.
o Diante de palavras iniciadas com h, perde-se essa letra e
o Com hífen antes de mesma vogal.
forma-se a palavra composta, sem usaÍ hífen:
o Sem hífen antes de consoante diferente de r e s:
subarmônica.
p s eudodiJerenc ial, pseudométrica, p s e udonorma, p s ewdoprimo.
o Usa-se hífen diante de palavras iniciadas com r.
o Antes das consoantes r e s, dobram-se essas consoantes.
o Sem hífen antes de vogal:
(D SEMI-.' prefixo de origem latina que significametrtde, meio. subamortecido, subíndic e.
o Sem hífen antes de vogal diferente: (b) SUPER .' preflxo de origem latina que indica posição supe-
s emieixo, s emie sfe ra, s emie sp aç o rior, superioridade, excesso.
o Com hífen antes de mesma vogal: o Usa-se um hífen antes de mesma consoante.
s emi- infinito, s emi -ins c rit o r Sem hífen antes de consoante diferente: superlinear, super-
o Sem híf'en antes de consoante diferente de r e s: po sição, superquadrático.

s rência, s emicírc ulo, s emic ontínua, s emifoixa,


emic i rc unf'e se - o Sem hífen antes de vogal:

mi g rup o, s e m i no rma, s emip e ríme tro, s emip lano. superamortecido.


o Antes das consoantes r e s, dobram-se essas consoantes:
4. ALGUMAS PALAVRAS COMPOSTAS:
semirreta.
matriz-coluna (pl. matriz,es-coluna), matriz-linha (pl. matrizes-
(g) PALAVRAS FORMADAS POR OUTROS PREFIXOS TER- linha), normal-padrão (pl. normais-padriio), vetor-linha (pl. ve-
MINADOS EM VOGAL tores-linha), vetor-coluna (pl. vetores-coluna), qui-quadrado (pl.
bidimensional, bilinear, bivariada, contradomínio (contrado- qui-quadrados), hipergeométrica, tabela-verdade (pl. tabelas-ver-
mínios ), multidimensional, tridimensional, tris ecção, unidimen- dade).
sional
5. Atenção, as seguintes palavras permanecem do mesmo jeito:

3. PREFIXOS TERMINADOS EM CONSOANTE: n ário (p l. n - ári o s ), n - dimens io nal (p l.'n - dimens i onai s ), n-v ariada
-

(pl. n-variadas), n-upla (pl. n-uplas).


(a) SUB-; pref,xo de origem latina que signif,ca por baixo de,
abaixo de, (em) posição inferior. Bibliografla consultada: 1221, 123), tgl e t6l. O último livro poclc
o Usa-se um hífen antes de mesma consoante. ser encontrado na página: http://mi,chaelis.uol.com..br/novartrtografia.htnrl
o Sem hífen antes de consoante diferente de r e h: (Crrrrsultacla cm .ianciro de 201 4)
68 Ortografi a na Matemática 5.2 Palavras compostas: o uso do hífen 69

Comentários sobre a figura da página ânterior

Uma bela edição de Os Elernenlos, em Latim, publicada en 7482,


quando o Brasil era uma terra desconhecida, selvagem, habitada por pouco
ns FlitirÍpriri iltc tr,rXrsr,;1i1tsç pg mais de 3 milhões de indígenas, i\s vésperas de ser o palco do encontro do
IiDrrilurü üfllur{ef,-
Velho e do Nclvo mLlndo, que nllnca rnais seriam os mesmos.
7.&irs
Voltanclo à ilustração da página antelior, observe as figuras geométricas à di-
'§lrtnu§
reita da página e a ausência de notações. A rnatemática é expressa usando-se ape-
nas palavras, sem qualquer linguagenr simbólica, era o período da "matemática
r+=_ei--..-1
I í{ú!íN Ftrffi . J
retórica". O título do livro, Os Elemento.s, revela que o assunto tratado é de cunho
t\ Í básico, por conter elementos (bírsicos) par"a se esfirdar temas mais avançaclos.
ro
;q r
uoíaÉ, tú.ÊJrr rcim lirrc'* lúr' rçcr,í
lücrir ('qltç:cor stcroi rrifcrir t;nutm /
lü \
/ e%o* 'i \t i

O texto foi escrito pelo nratenrático grego Euclides de Alexandria


LriihUÍtw npindlculilrrs tôfi i.o.Ar (c. 325 a.C. 265 a.C.), que, em sua época, coligiu praticamente todo conheci-
obfillirc otcii.[ãrtgu[+iro rnurol rr
rit qo WiqlcuiuÍq; tuio ú.O Jr grra mento matemático grego nessa obra. O,s ELemenÍos é urn conjunto com l3 livros

,€t Í)tc
3\ - -t---
(6À'

'.4
(hoje, como se fossem capítulos) e vcl-sam sobre Teoria dos NÍrmeros e Geometria
Plana e Espacial.
Ê/.
EI De fbrn,a inédita, o livro trata a Maternática, pela prirnetra vez na História,
r8,ptmflfl.sÍãr
r.E\.
l*.\m0!G i
usando um modelo axiomático. Urn divisor para o pensamento lógico, rompendo
.+"- l\ l \-.---- com a tradicional maneira de raciocinar de babilônios e egípcios, cuja Matemá-
Ír,6ícdlr',ííerr,
r§t ,/1 I \*+. "

tica, apesar de conter vários avanços signiÍrcativos para época, apenas resolvia
,/ \ I \-+ai. r-
/ \ I \,-ao:.\-----
/_*\_.:.'\ \ problernas particulares, de cunho prático, sem qualquer generalização ou abstra-
0Ê'6íírB 0rrl)Eshiú.i nmidrsonúm
ção.
rr.:Illiaclloflg;otrí
arrrÍ qrirtdríl;trraE
._
rorruo"ur+
fl Não obstante sua aridez para os conceitos atuais de livros didáticos, Os Ele-
I | l+:lr'rur {
,'rmrtgulú.?lliat'tl I ll I
uonaÍÍ" ruentos é a obra matemática mais influente de todos os tempos, um marco para a
nol.elt-
literatura matemática e para o pensarnento humano.
Diz-se que houve época em que o número de edições de Os Elementos perdia
âpenas para o número de edições da Bíblia.
Pela semelhança de algumas palavras portuguesas e latinas, pode-se arriscar
cntender algumas passagens do texto. Tente.
ii i,,iilii:,lill I tr,

iiiiffi,,'
Ortografi a na Matemática

CAPITULO 6

As notações e seu uso

"Urn professor que era extremamente preciso tinha o hábito


de dizer'... polinômio do quarto grau
ara + brs + erz + d,r * e, onde e náa ó necessariamente a
base dos logaritmos naturais!'"

J. E.Littlewood (1885 -1977)


A Mathematician's Miscellany,IVlethuen Co. Ltd., 1953.

As notaçOes ajudam a economizar palavras e fazemparte da lingua-


gem matemática. Elas são indispensáveis em várias partes de um texto
científico. Por isso, é preciso escolher uma notação eficiente, que não
apresente ambiguidades, que possa lembrar o objeto que represente toda
vez que a virmos, e que não seja complicada ou exótica.
A seguir, daremos algumas recomendações referentes às notações e a
como usá-las.

7t
72 As notações e seu uso 6.1 Como se usam as notações matemáticas 73

6.1 Como se usam as notações matemáticas As notações não podem parecer enf-eites de carnaval. Veja um exem-
plo recheado de "adereços carnavalescos":
1. Como as definições, o uso de notações deve ser minimizado. Só de-
note um objeto caso seja realmente necessário. Antes de usar uma
notação, convém perguntar-se Por que está sendo usada? É a*-
fr, : o'l H*qr
pensável? Está sendo usada no local certo? A notação escolhida é (Inspirado em [10], p.2l)
eficiente?
Bem, é bom também ir com calma, pois às vezes, não podemos nos
2. Devem-se respeitar notações já consagradas e de uso amplo. Só te- livrar de algumas notações bem esquisitas !
nha coragem de mudar uma notação consagrada caso tenha muita
razão para isso. 7. Cuidado para não ser seduzido pelas notações: deixar de usá-las no
momento propício ou utilizá-las em demasia. É importante ter a
-') - Vários livros ÍÍazefir nas primeiras ou nas últimas páginas, até mesmo sensibilidade para sentir que certas ideias na Matemática são melhor
em selr índice remissivo, uma lista com as principais notações utili- expressas usando-se palavras;já outras, usando-se símbolos. A ob-
zadas ao longo do texto. A ideia é facilitar o entendimento de um servação, a prática e a experiência são os melhores professores para
eventual leitor que use o livro apenas para uma ráprda consulta e se aprender esse uso. Apesar do contexto e das finalidades do uso
possa desconhecer alguma notação utilizada. determinarem sua escolha, deve-se estar atento para essa diferença.
Recomenda-se adotar essa prática em dissertações de Iniciação Ci- Vejamos, em yez de escrever o enunciado de um teorema, usando
entífica, de final de curso, de especiaHzaçáo, de mestrado e em teses tanto símbolos, como:
de doutorado. "Vy € lR,y ) 0,-r e IR.;22: y",
4. Para serem destacadas no texto, as notações devem ser escritas com achamos que ele pode ser entendido mais facilmente, usando-se ape-
um tipo de letra diferente do usado para as palavras. nas palavras:
"Todo número real positivo possui uma raiz real."
5. Uma mesma letra, usada com fontes diferentes ou com pequenas
modificações, pode denotar objetos distintos. Por exemplo, cada um Por outro lado, em vez de escrever um resultado usando tantas pala-
dos símbolos abaixo pode representar um objeto diferente: vras, como

"Não existem quatro números inteiros não nu1os,


A, Ã, Ã, A', A, A, A, Ao, A7, etc. tais que a soma da quarta potência de cada um
de três deles seja igual à quarta potência do
(Inspirado em [10], p.2l) outro restante",
6. Deve-se evitar ao máximo "carregar na notação", isto é, escolher acreditamos ser mais econômico e inteligível usar-se nraris sínrbolos,
uma notação de aspecto complicado, exótica, difícil de ser escrita. e escrever:
74 As notações e seu uso 6.1 Como se usam as matemáticas 75

"A equação 14 +g4 + z4 - ua nã.o possui raízes inteiras não nulas". dos leitores. Eles terão o direito de ficar chateados ao ver algum
símbolo ser usado sem saber seu significado.
8. Ainda sobre o item anterior, muitas vezes, com o intuito de eco-
Examine a frase:
nomizar palavras, alguns exageram na utílizaçáo de símbolos. Por
exemplo, aconselhamos evitar uma frase do tipo:

"Se A : b2 - 4ac ) 0, então as raízes da equação "O volume d,e um cilindro é Tr2h.,,
são reais. "
Na frase anterior, faltou explicar o que reprcsentam as letras r e h.
Prefira:
A frase deve ser reescrita como:
"Seja L,: b2 - 4ac. Se A> 0, então as raízes daequaçãosão
reais."
"O volume de um cilindro de raio r e altura h é rr2h.,'
9. Ainda como exemplo de exagero no uso de símbolos, certo livro
do Ensino Médio representou o conjunto-solução de uma inequação Já uma frase do tipo
como
{r;a e JR}. "Seja tr um número entre 3 e 4.,,
Não seria mais simples (e prudente) representar esse conjunto apenas
por IR.?
carece de sentido. A que tipo de número a frase refere-se?
10. Agora, vejamos dois exemplos de notações simplesmente dispensá- Caso o número r seja entendido como um número real, afrase ainda
veis: ficaria imprecisa. Da forma escrita, não se poderia deduzir se o nú-
mero u poderia ser 3 ou 4. Nessas circunstâncias, para evitar ambi-
"Toda matriz Á com determinanLe não nulo é
guidades, se r não for um dos números 3 ou 4, é melhor escrever
invertível."
"Repetindo-se o mesmo processo r : 2n vezes, "Sejan € (3,4) "
encontra-se. . . "
É recomendável escrever: ( No exemplo acima, (3,4) representa o intervalo aberto de extremos
o'Tbda
matriz com determinante não nulo é invertível." 3e4).
"Repetindo-se o mestno processo 2n vezes, encontra-se..."
Caso r possa ser o número 3 ou o número 4, deve-se escrever
11. Sempre explique as notações naprimeira vezemque apaÍecerem no
texto. O conselho vale, principalmente, para notações desconhecidas "Sejar € [3,4] "
As notações e seu uso 6.1 Como se usam as notações matemáticas

e assim por diante. Veja um outro exemplo de mal uso de uma notação:
( No exemplo anterior, [3,4] representa o intervalo fechado de extre-
mos 3 e 4). /7 a a2\
*s.y: Í 1 IB 6z lU a matriz de vandermond., en-
Imprecisões semelhantes podem ser encontradas nas frases:

tão
\r " ", )
"Um dos números n ou n*L é sempre um número d,ety : (B a)(c b)(" _ a),,.
- -
PàT,,,

''O número -r é negativo". O correto é escrever:

12. Outra recomendação que merece ser levada em conta: quando uma /t o, a2\
notação for escolhida para Íepresentar um objeto, não a reutilizepara "SrV:f 1 b 6z leo*otrizdeVanderm.ond,então
representar outro objeto. Isso pode geÍar uma grande confusão. \r " "')
Veja como complicar uma simples frase, fazendo-se mau uso das d,etV : (b _ a)(c _ b)(" _ a),,.
notações:

Eryad,o:"Seja fr a distância da retarà circunfe-


rência de equaç ã.o x2 * A2 : 12." Um outro exemplo:
Certo: "Seja d a distância da reta r à circunferência de equação
Í2 +A2: R2." 7
Caso em um determinado local você represente B : » Á3, routro,
Já na expressão matemática, ,t:1
2 7
"I 2'("or0 +'isen á) : 2(cos 0 + isen|)* 4(cos 0 +'isen1)", não modifique para B : » Ai, àÍrrênos que teúa uma boa ruzáo
i:! i:L
a letra'i, que denota a unidade imaginária complexa (i : \/=L),
para isso.

está também sendo usada para o índice que aparece no somatório. O


certo é escrever, por exemplo:
13. Alguns símbolos matemáticos são muito parecidos e devem ser devi-
damente distinguidos pfla não serem confundidos. Apesar dos no-
2
vos progÍamas computacionais de digitação ajudarem a evitar esse
fh:1 Ze(cos 0 + isenl): 2(cos 0 -f isenl) * 4(cos 0 + i,senl). tipo de problema, o exemplo a seguir é positivamente didático.
As notações e seu uso 6.1 Como se usÍLm as notações matemáticas

ó, §, 0 letra EÍegartminúscula, Le1r:a gregafimaiúscula,


I

fi, x, x
símbolo do conjunto vazio.
letra xís minúscula, letra xis maiúscula, letra grega
-1
trrltr :I," -|){'""t#ll,
X,
chi minúscula, símbolo da operagão de multiplicação.
número um, letra ele, bana vertical. fica bem mais simples - e elegante - escrever
U,U letra u maiúscula, símbolo de união.
k, K,n letra k minúscula, letra K maiúscula, letra grega kapa. I
-Y - -r)(sen(ff\
erere
o,0, O
letra e,letra grega épsilon, símbolo de pertence.
letra grega ômicron, número zero,Ietrao maiúscula. I,;
( Baseado em [13]) t7. Os símbolos V e I são chamados, respectivamente, quantificador
universal e quantificador existencial e geralmente, são lidos como
t4. Em alguns casos, há mais de uma opção para escrever uma expres-
para todo e existe.
são. Escolha a mais conveniente para seus propósitos.

Por exemplo: A ordem, na qual os quantificadores de nattrezas distintas (existen-


cial e universal ou universal e existencial) aparecem numa sentença,
{!(our
i,i
- bui)'}'/' ou pode modiflcar totalmente o sentido da mesma.

Por exemplo, os significados das sentenças abaixo são completa-


lLllul
(L - ne)-tlLllul
L-ne' mente distintos, pois trocamos a ordem na qual aparecem quanti-
lr ficadores de naturezas distintas:
min{
'r*l' -;u€lR.-{-1}} min {n ).
u €lR 'r*l'
YyeZ,lr€Nta\qtey2
r+-L
(Baseado em [10], p. 33)
lr e N tal que Vy e Z temos y2 : n.
15. Uma frase do tipo "i < j e ej ) q6" fica melhor de ser lida, quando
reescrita preservando-se a ordem segundo a qual as letras i ej apa-
Já quantificadores de mesma natlJÍezapodem ser comutados.
recem: Tânto faz escrever:
"i,<jeqr, 1Qj"
Vy e Z,Vn e N tem-se que lgl + lrzl 2 0
16. Das opções disponíveis para apresentar uma fórmula, escolha a mais
simples e a mais esteticamente agradável de ser lida.

Por exemplo, em vez de Vn € N,VA eZtem-seque lyl + lnl


80 As notações e seu uso 6.2 O cuidado com o uso de notações 8l

Ou ainda, tanto faz escrever (c) números inteiros pelas letras i, j,k,l,m,,n,p,Q,r,s.

l'u e N, 'a + O,1z e Z, z l0; z2 + w2 :20 22. Na Geometria, fala-se em triângulo ABC e em segmento EF.
Em geral, no caso de triângulos, as letras Á, B e C representam os

+ w2 : 20.
vértices do triângulo e são ordenadas no sentido anti-horário, pre-
1z e Z,z + O,ltr € N, w I 0; z2
servando-se, na medida do possível, a ordem em que aparecem no
18. Novamente, convém ter cautela com o uso da vírgula próxima a no- alfabeto.
tações matemáticas. Observe como pode ser mal interpretada uma Jáparaos segmentos horizontais, as letras são ordenadas da esquerda
frase do tipo: para direita, ou de cima para baixo, no caso de segmentos verticais.
"Dada uma matriz com determinante não nuJo A, A I
Na medida do possível, também preserva-se a ordem em que as letras
também tem determinante não nulo" aparecem no alfabeto.

Prefira: "Dada uma matriz A com determinante não nulo, sua in- Com certeza, você tem outras opções para ordenar as letras que bati-
versa A-1 também tem determinante não nulo". zam triângulos, segmentos ou outras figuras geométricas, entretanto,
ao estabelecer uma ordem, não utilize outra ordem ao batizar as de-
19. Às vezes, é preciso lembrar ao leitor de alguma notação estabelecida mais figuras. Preserve sua escolha.
anteriormente.

Por exemplo, se você definiu ru - 7f 4 como sendo o ponto no


qual a função Í(*) : -4r2 + 2r - | atinge seu maior valor, não 6.2 O cuidado com o uso de notações
espere que quatro páginas posteriores, apenas por mencionat 'tr1r1',
1. Não se deve representar conjuntos da seguinte maneira:
seus leitores hão de lembrar o que essa notação representa. Custa
pouco recordá-los, para não correr esse risco: Errado:
" ...sendo f M :7f 4opontonoqualafunção f (*): -4r2+2r-1 Z- - { conjunto dos números inteiros negativos}.
assume seu maior valor, ...."
Usa-se o símbolo { } para dentro das chaves descrever um con-
junto pelas propriedades que o catacteizam, ou escrever nominal-
20. É aconselhável preservar a tradição: conjuntos são representados por
letras maiúsculas e elementos de conjuntos por letras minúsculas. mente os elementos do conjunto.

No exemplo anterior, pode-se aceitar


21. Também é comum representar
Z- :conjunto dos números inteiros negativos,
(a) incógnitas ou números reais pelas letras r, y, z,r.D, z,t;
man é prel'erível usar o estilo
(b) constantes reais pelas letras a,b,c; ZZ :\_rr,;rr,e N)
82 As notaç0or c seu uso O cuidado com o uso de

"Se rl é um número nat.ural divisÍve1 por 20 +


v,- -{ - 3,-2,-7l}. é um número par,,.
2. Dentro de um texto, nunca é aconselhável começur uma frase com Note que a frase 'ose n é um número natural divisível pot 20,,
náo é
um símbolo matemático. Com essa finalidade, as l'runes devem ser uma sentença matemática, por causa da presença da conjunç
áo se.
reformuladas.
5. Muitos principiantes confundem o símbolo de impli cação,=+, com
Evite: "Se ja / uma função. Í >_ 0 no conJunto dos o símbolo de igualdadg ':', que têm significados bem diferentes.
pontos. . . " um professor deve deixar bem claro esta diferen alunos.
çaparaseus
Sugerimos escrever:
6. Ainda sobre o item anterior, a notação propícia para representar
as
" Seja f uma função tal que Í > 0 no conjunto dos ptmtos..." palavras portanto ou então são os três pontinhos dispostos
na forma
de vértices de um triângulo equilátero:
3. Em certas ocasiões, contraindicamos usaÍ símbolos matemáticos,
como l, V, -+, :1 =) ), (, etc. para substituir palavras dentro
de uma frase, formada essencialmente por palavras. Algumas pessoas preferem escrever

Evite:
12+r-2:0
"A raiz encontrada é )'tr." .'.(r-1)(r+2):o
"Os determinant.es das matri-zes são *0." .'.Í-1:0our*2:0
.'.r:1our--2.
"Considere um A retângulo."
4. É bom ficar alerta em relação ao símbolo "=+", o qual não representa
7. Evite também usar a notação !rpara representar a palavra existem.
Essa notação não está consagrada. o que existe é o
a palavra portanto, mas a palavra implica, quando conecta duas sen- símboro r.
tenças matemáticas, tais que a segunda possa ser deduzida da pri- 8. Pode parecer preciosismo, mas note a diferença entre os usos das
meira. reticências nas expressões a seguir:
Por exemplo,

rt*rz + ...*frn,
ur--2+12+fr-6:0"
frr*rzÍ...irn.
"Um número natural n é divisível por 20 + n é um número par."
vê alguma diferença? Na primeira expressão, as reticências estão no
Pelo que acabamos de observar, é semanticamente impróprio escre- meio da altura da linha, na outra está na base da linha. A primeira
é
ver uma frase do tipo mais aconselhável.
84 As notações e seu uso 6.3 O alfabeto grego 85

9. Ainda no mesmo sentido do item anterior, o símbolo de implica re-


presentado por um ponto deve vir entre as parcelas da multiplicaçáo,
na metade da altura delas: O ALFABETO GREGO

Tabela 6.1: O Alfabeto Grego.

34'786:26724. Minúscula Maiúscula Escreve Minúscula Maiúscula Escreve


ilêl ilêt
Alfa Nu
Em I4Tg[, esse ponto é gerado pelo comando cdot. a A u N
lalfal lni* I ot lnu* I
Beta Ksi
Note a diferença da expressão anterior com a seguinte: p B ç
c
lbetal /kiçil
Gama Omicron
1 f /gámal
o o lómicronl
34.786 :26724
Delta 7f Pi
ô A I]
ldéltal Variante: w lpil
cuja primeira parcela pode ser confundida com o número trinta e e Epsílon p Rô
E P
quatro mil, setecentos e oitenta e seis ou com trinta e quatro ponto Variante: e lepsílonl Variante: p lrôl
sete oito seis. Zeta o Sigma
( Z »
lsígmal
/dzétal Variante: ç
Eta Tau
n H T T
lêtal Itául
0 Teta Upsilon
6.3 O alfabeto grego Variante: r9
o Itétal
U T
lipsílonl
Iota ó Fi
t, I liótal Variante: cp
o
trtt
As letras do alfabeto grego são frequentemente utilizadas para denotar
Kapa Khi
objetos matemáticos. Essa tradição comprova a admirâvel contribuição da K K
lcápal
x x tkit
antiga cultura Erega à Matemática e ao conhecimento humano.
Lambda Psi
Outra justificativa para o uso das letras de um outro alfabeto para re- À 1b iv
llômbdal lpsíl
presentar objetos matemáticos é que, muitas vezes, as 26letras de nosso
^
Mu Omega
alfabeto não são suficientes para denotar todos objetos Çom os quais se
M a o
l_L
lmil ot lmul l,\megal
trabalham.
O alfabeto grego segue na próxima página.
A§ notaglg e seu ryn

CAPITULO 7

Definições matemáticas. Como


redigi-las?

"Corno definir o que só sei sentir?"


Catulo da Paixão Cearense (1863-1946),
na canção Ontem, ao luar

"O que fui em um nome? Aquilo que chamnmos de rosa, mesmo


com outro nome, teria o rnesmo perfume suave."
W. Shakespeare (1564- 16 I 6)
Romeu e Julieta, II, 2

D"nri, matematicamente um objeto é dar-lhe um nome mediante determi-


nadas propriedades que o caracterizem e o identiflquem plenamente. Esse nome é
geralmente formado por uma única palavra, como triângulo, matriz, círcukt, elc,,
mas também pode ser constituído por uma frase curta, como cilindro circular reto,
números primos entre si, mdximo divisor comum, etc.
Atente que as definições surgem para economizar a linguagem.

87
88 DeÍiniçCres mntcrnrttlcur, CgTo rodigi-las? 7.1 Considerações gerais sobre as definições matemáticas 89

7.1 Considerações gerais sobre as defrnlções ma- 6. A fim de evitar dúvidas para os leitores, deixe claro se certas afirmações
que você está fazendo são definições ou se podem ser demonstradas. Há
temáticas uma diferença muito grande entre esses dois tipos de afirmação. Os teo-
remas são sentenças cuja validade é assegurada por uma demonstração, as
1. Só defina um objeto quando for realmente ncccssúrio. l)oílnlções supér-
definições não. Não se provam definições. Lamentavelmente, esse é um
fluas podem complicar um texto.
terrível equívoco presente em muitos textos, inclusive em livros didáticos!
2. Ao sentir necessidade de fazer uma definição, é cottvcttiente perguntar-se: Vamos exemplificar o que essa falta de cuidado pode ocasionar: em outro
Por que fazer essa definição?, Em que local do lcxltt tt tuul§ upntpriado da local, distante daquele onde fbi defrnida potência inteira positiva de um
definiçdo ser feita? e, finalmente, Como fazer q dtt.littií'iht? número real positivo, o autor de um livro didático de Matemática apenas
escreve:
3. Quanto à segunda pergunta do item anterior, é prel'crÍvcl lirrmular uma
def,nição no local onde será usada pela primeira vez,. Nfrtl é conveniente "Sendo a um número real- não nul-o e z um inteiro po-
1
definir um objeto a ser usado bem posteriormente, caso ctlntr6rio, corre-se sitivo, temos a-n':
o risco dos leitores já terem esquecido a definição quantlo forem usá-la.
an'
Como os leitores - em particular, os menos experientes - hão de distinguir
4. Tome cuidado para não dificultar o entendimento do seu trahalho, deixando se essa frase é uma definição ou uma afirmação que pode ser provada?
de estabelecer terminologias ou de definir objetos que aparecem no texto e Quando em uma frase desse tipo aparecem palavras como define-se, cha-
não sejam de conhecimento dos leitores. Não os decepcione. mamos, denomina-se, etc., essas indicam tratar-se de uma definição.

portanto, etc. ao se recligir uma E quando não for o caso? É melhor reescrever a frase, sinalizando explici-
5. Não se deve usar as palavras então, logo,
tamente que uma deflnição está sendo formulada!
definição. Essas palavras, bem como outras expressões indicadoras da con-
clusão de um raciocíniO, devem flcar reservadas para enunciar Sentenças Na verdade, no exemplo acima, já que no livro a potência positiva de um
condicionais, como os teoremas, cujas conclusões advêm de argumenta- número foi definida primeiramente, a frase em questão é uma definição.
ções lógico-dedutivas. Certamente, não haveria dúvidas quanto a isso, caso os leitores tivessem

Veja este exemplo extraído de um livro de Álgebra Linear: lido, por exemplo:

"Se a única solução for a trivial, então "DEFINIÇÃO: Sendo a um número real não nulo e n um inteiro positivo,
diremos que os vetores At,Az,...,An sáo 1
-l-."
linearmente independentes."
definimos o.-n
"an -
(nesse estilo, explicita-se que trata-se de uma definição)
Na frase anterior, observe atentamente o fato da sentença diremos que os
vetores At, Az, . . . , An são linearmente independentes não ser uma con- ou
clusão lógico-dedutiva advinda do fato da única solução set a trivial. Ela é "Define-se potência negativa de um número real positivo a,, como
apenas uma opção de escolha do escritor, que poderia ter optado em chamar ^_n. | ,,
u,:-.
os vetores At, Az, . . . , An por qualquer outro nome. Não houve dedução- an
(nesse estilo, usa-se o verbo definir na frase e o nome do objeto deÍini<Jo ó
lógicamatemática alguma para a definição ser feita. Nesse exemplo, o uso
do então é totalmente indevido, impróprio e inadequado! escrito no estilo negrito-itálico.)
90 Definições matemáticas. Como redigi-las?

7. Muitas vezes, as definições aparecem em destaque no texto, como fizemos DEFINIÇÃO: dados dois números inteiros rn e n,
rn + O, d.izemos que m,
no primeiro exemplo do item anterior. Outras vezes, isso nlo ocorre. Como divide n, quando existir um número inteiro r, tal que
já dissemos, em qualquer caso é preciso deixar claro para os leitores que n : rrn' Denotamos essefato por mln, que é rido como "m divide n,,. o.ç
uma definição está sendo formulada. números r e m são chamados fatores do número n.l
Quando não se uÍiliza a palavra definição, ou outras que explicitem uma Exemplo I: como 12 : J.4: (_B).(_4), os números 3,_8, 4 e _4
definição, pode-se convencionar no início do texto - na intrtdução do tra- dividem e são fatores de 72. Logo, escrevemos
2112, 4172, _2172 e _4112.
balho, por exemplo- que o nomes dos objetos a serem deÍinidos ficarão Semelhantemente, como _35 : (_7).b :
7.(_5), resulta que T,_7,5
sempre destacados em itálico ou negrito-itálico. Por exemplo: e-5 dividem -JS, e que esse número temT,_2,5 e _5 comofatores.
Assim, podemos escrever _2135, bl _ 3b, _51 _
"Dentre os triângulos que merecem importância especial, destacamos os BS e Tl _ 25, etc2.
isósceles, que possuem dois lados de mesmo comprimento." Exempro 2: o número 3 não divide o número B, já que não exisíe um nú-
Procedemos dessa forma no segundo exemplo do item anterior. Assim, as
mero inteiro r tal que B : 3.r. 3
informações flcam claras e não há como os leitores ficarem confusos se o Exemplo 3: o número r divide e éfator de quarquer número, pois se n Ç z,
que leem é uma definição ou um teorema. então n:1.n.4
Exemplo 4: qualquer número não nulo m Ç Z divide
o número zero, já
8. É recomendável motivar uma definição. Mesmo que isso não seja sem- :
que 0 0.m. Entretanto, o número 0 não pode dividir um número
pre possível, não convém dar uma lista enorme de definições sem o leitor nã,,
nulo n, pois caso isso ocorresse, existiria um número
inteiro m, tal que
entender o porquê. y1 : 0.m, o que é um
absurdo. por isso, se n f 0, chama_se impossível
Por exemplo, antes de deflnir triângulo isósceles, convém apresentar um uma divisão d,o Ítpo
n J'
õ.
desenho de um triângulo isósceles e explorar as características de um triân-
gulo desse tipo que aparecerão na definição. ão, destacamos o nome do objeto def,nido usando
.
estilo negrito-itálico
-
uma preferência particular do autor
para apresentar a notação usada para esse -. Ãp.ár"itumos também,
9. Deflnições devem sempre ser acompanhadas de exemplos. Essa prática objeto e incluir a definiçáo de um outro objet.
relacionado ao que estávamos def,nindo:
zcouzNrÁarcs.'fornecemos /a tores de um número.
faz com que os leitores se familiarizem mais fácil e rapidamente com os
dois exempros após a definição dada. É sempre
convc_
objetos recém-deflnidos. Procure apresentar bons exemplos, que possam niente o primeiro exemplo ser o mais simples.
No nosso caso, adicionamos um segundtr
ilustrar com eflciência e diversidade os objetos definidos. exemplo, usando um número negativo, para
o reitor nao p"nr* qu" u a"nrição só Íun_
ciona para números positivos. É importante dar
exemplos contemplando a variedade dc
Quando for o caso, apresenta-se logo - às vezes, dentro da própria defi- elementos da classe onde o objeto fài definido.
Note que o exempro expro_
L

nição - a notação que representará o objeto deflnido. Aconselhamos tam- rando ao máximo a definição dada. ".r""ouào,
3coiwrNrÁruo,s;
demos um exemplo de um caso para o qual
bém, quando for o caso, apresentaÍ outras terminologias utilizadas para a definição não varc.
Quando possível e conveniente, após dar alguns exemplos, é didaticamente
batizar o objeto recém-deflnido, como também apresentar outras notações recomondávcr
também apresentar exemplos que não satisiazem
a definição.
usadas para o representar. Deixe claro qual o nome e a notação a serem 4counNúRIoS: aqui demos um exemplo particularmente interessante
I c inrp«rrr.antc
adotadas em seu texto e seja flel a essa escolha até o final. ser exibido.
scouBNrÁRlos:
aproveitamos o Exempro 4 pe*a deÍinir um caso
exccpcionar, prr.u
Vamos exemplificar o que dissemos com um simples exemplo: o qual a deÍinição nã. se enquadra, mas que
I
tern muita imprlrtância n«l conlexto c p,rlcrirr

I
92 Definições matemáticas. Como redigi-las? 7.2 Exemplos de tipos de definições mateL 93

7.2 Exemplos de tipos de definições matemáti- Para ressaltar o que acabamos de observar, a frase

cas "Um interval-o é um subconjunt.o de números reais,,


1. A seguir, desconsiderando as variantes, formularemos as maneiras mais
comuns de redigir uma definição. Como exemplo, escolhemos a definição é verdadeira, mas não serve para ser usada como uma
definição matemá-
de triân gulo i s ó s c e le s. tica, pois sua recíproc a "todo conjunto de números reais
é um intervaro,,
não vale. Pena que um autor de livros de Matemática
descuidou_se desse
(1) Um triângulo é dito isósceles se possuir dois lados de mesmo compri- fato e a usou em seu livro com essa finalidade.

mento. Para evidenciar o fato de as condições que deflnem


um objeto serem ne-
(2) Um triângulo é isósceles se, e somente se, possuir dois lados de mesmo cessárias e suficientes, arguns autores preferem
o estilo de Definição (2);
já outros o evitam, por considerá-lo mais parecido
comprimento. com o enunciado de um
teorema do que propriamente com uma definição.
(3) Diz-se que um triângulo é isósceles se possuir dois lados de mesmo euestões de preferência,
mas concordamos com a observação.
comprimento.
Ainda sobre estilos, outros autores chegam mesmo a usar
(4) Chamamos isósceles a um triângulo que possui dois lados de mesmo o símbolo .<+, em
definições, o que achamos extremamente inapropriado.
comprimento. Esse símbolo deve
ser reservado para rigar duas proposições, tais que
uma pode ser deduzida
(5) Um triângulo é isósceles quando possui dois lados de mesmo compri- matematicamente da outra.
mento.
2. Em alguns casos, uma definição pode ser dada de uma forma
(6) Denomina-se triângul,o isósceles ao triângulo que tem dois lados de direta, mais
simples, como
mesmo comprimento.
"Seja À* o menor valor dos elemenÍos da diagonal
da matriz M.,,
Uma observação muito importante: conforme a situação, se desejar seguir o estilo desse exemplo,
pode-se
optar pelas palavras seja, sejam, considere, consi.deremos,
Convenciona-se, nas definições em que a conjunção se é usada apenas uma denote, deno-
vez, como nas Definições (l) e (3), que esta deve ser entendida como fosse
tetnos, dentre outras.

foi explicitamente redigida na Definição (2). A


se, e somente se, tal como 3. Ainda há a opção de indicar que uma def,nição está sendo feita
usand.
razáo para essa convenção é que as propriedades que deflnem um objeto símbolos. caso esses símboros não sejam de conhecimento
dos Ieitores,
são condições necessárias e suficientes. Logo, ao escrever "Um triângulo é devem ser explicados no começo do texto.
isósceles se possuir dois lados de mesmo comprimento", fica subentendido
Exemplos:
que a recíproca dessa afirmação "Um triângulo que possui dois lados de
mesmo comprimento é isósceles" é viálida, ou seja, vale o que foi explici- "Dadosn € N e r) 0 real, consideremos
tado no estilo de redação (2), acima. a(n,r) u ,ir"o do porígono regurar de n lados inscrito nct círcukt de rai.
T.
gerar dúvidas. E conveniente mencionar casos dessa natureza, o que serve para tomar a
definição ainda mais clara. ou
94 Deflnições matemáticas. Como redigi-las?
7.3
95
"Dadosn € N e r) 0 real, consideremos
que não correspondem ao objeto que
o escritor gostaria de definir. Aqui,
a(n,r) : área do polígono regular de'n lados inscrib na círculo de raio nunca, valem as observações dadas
no Item Z, da página 4.
mais que

r.." Exemplifiquemos arguns desses casos


e algumas definições enigmáticas,
ex_
ou traídas de livros didáticos de Matemática.
Todos os exemplos a seguir foram realmente
"Dados rt, €Ner ) 0 real, consideremos
nições.
apresentados como sendo defi_

a(n,r) :: área do polígono regular de n lados inscrito rut círculo de raio


l. "sequência numérica é todo conjunto
disposto em uma certa ordem.,,
T.

2' A seguir, daremos a definição de número comprexo,


4. Finalizando: as motivações dadas antes de definir um objet«1, e os exemplos
1947 ' Advertimos que em livros
dada em um livro de
dados depois de definilos, ajudam muito o entendimento dos leitores. Uma mais antigos, a terminolo gia números
complexos era usadapara nominar
escolha adequada dos termos usados, bem como do estilo de redação, são números bem diferentes doJoje
conhe_
cidos como complexos: ali,b,a, à
imprescindíveis para a compreensão de uma deflnição. Caso não acredite € IR. e i : ,t_1. Apesar da observação,
o fato não interfere no exemplo a seguir.
no que estamos relatando, veja esta def,nição dada sem qualquer motivação,
"Número complexo é o que consta
extraída de uma Enciclopédia de Matemática do Ensino Básico: de 2 ou mais números reÍ-erentes a
unidades diversas, nu$ mdas de mesma
.TERMOS SEMELHANTES espécie eformadas irregularmente,
isto é, sem base determinada.,'
Vários termos sâo semelhantes quando são formados pelas mesmas letras com essa definição você consegue dar exempros
afetad.os pelos mesmos expoentes, sejam quais forem os coeficientes. " de números complexos?
Resposta que, novamente, só deve
ser olhada depois do leitor tentar
Pois bem, agora, com uma deflnição dessas, quem pode dar um exemplo dar sua
resposta:
de termos semelhantes?
'c1e '1eded âp MqJoJ
00I e Buser Burn ,suroq g e e1p
Resposta que só deve ser olhada depois do leitor tentar dar sua resposta: a I
J. "MIO é a metade de um diâmetro.,,
'c]ê 'ssr, 'çsL- 'rsf odrt op soruJâl seluerllâtuâs ops 'oldruexe rod
4. "um triângulo é um objeto geométrico
que possui três rados, três ôngulos
e três vértices, geralmente indicados
por letras maiúsculas.,,
7.3 O cuidado para definir realmente aquilo 5' "Para que um porígono seja regular,
todos os seus rados e ânguros devem
que se deseja: não compre nem venda gato ter a mesma medida.,'

por lebre! 6' "um intervalo é um determinado subconjunto


de números reais.,,
7. "O logaritmo é o expoente de uma potenciação.,,
Ao definir um objeto, certifique-se de que a definição dada corresponde, de
fato, ao objeto que deseja definir. Não é raro encontrar definições com erros de 8' "o domínio de uma função é o intervaro representado
pera prt[eção d,
toda natureza, inclusive em livros didáticos. Um escritor deve ser extremamente grdfico sobre o eixo das abscissas.,,
cuidadoso com as definições que formula. São muitos os exemplos de deflnições Como exercício faça uma análise çríticadas
definições anteriores.
A redaç,ão de teorernas e de
demonst,rações

"Seu artigo tern muita coisa nova e muita coisaverdadeira.


Infelizmente, o que é verdadeiru não é novo, e o que é novo não é
verdadeiro! "
Parecer final do julgamento de um anigo submetido à publicação
em um jornal cientÍfico.

Anônimo
Return to Mathematical Circles, H.Eves,
Prindle, Weber and Schmidt, 1988.

M"r-o não explícito em alguns casos, umteorerna é uma aflrmação mate-


mática condicional ou implicativa, que precisa de uma demonstração para garantir
sua validade. Um teorema constitui-se de duas partes: as hipóteses, que fazem
parte das premissas, admitidas como verdadeiras e disponibilizadas para seltm
usadas na demonstraçáo, e a tese, q\e é a conclusão do teorema.

97
98 A redação de teoremos e de demonstrações gg

8.L Como se enunciam teoremas (c) Ter a soma dos seus algarismos divisível por 3 é condição
suficiente
para que o número seja divisível por 3.
l. Hâ várias maneiras de enunciar um teorema, corno vcremos nos próximos
(d) ser divisível por 3 é condição
itens. Ao usar qualquer uma delas, deixe bem claro quuis são as hipóteses necessiíria para que o número tenha a
soma dos seus algarismos divisível por 3.
equaléatese.
Para substituir os estilos usados em (c) e (d), tem-se
2. Sem entrar em detalhes daLógica, quando duas sentenças matemáticas P e ainda as opções a
seguir, comumentemente mais utilizadas:
Q são tais que a sentença Q pode ser deduzida da sentença P, escrevemos
" P + Q", e reciprocamente. Uma sentença desse tipo é chamada sen- (a) uma condição suficiente para um número ser divisíver por 3 é que a
tençahnplicativa. Pode-se reescrever uma sentença implicativa " P ) Q", soma de seus algarismos seja divisível por B.
transformando-a em uma sentença condicional "Se P, então Q ". De ma- (b) uma condição necessiíria para a soma dos algarismos de um número
neira inversa, toda sentença condicional também pode ser transformada em
ser divisível por B é que esse número seja divisível
. por B.
uma sentença implicativa.
É pena que a maioria dos rivros do Ensino Médio estão
Ainda temos duas outras maneiras de escrever uma sentença implicativa, ignorando as para-
vras necessdrio e suficiente ao enunciar teoremas, relegando
bastante específicas da linguagem matemática: um estilo de
redação tão peculiar à linguagem da Lógica-M atemática.
(A sentença) P é condição suficiente para (a sentença) Q com certeza, a
razáo é que para usar e entender uma sentença escrita
nesse estilo, é preciso
e raciocinar um pouco mais!
(A sentença) Q é condição necessdria para (a sentença) P. 3. vejamos agora as diferentes opções de escrever um teorema
constituído por
Um teorema pode ser escrito em qualquer dos estilos anteriores. uma sentença bicondicional , p e . e,
Por exemplo, considere Alguns dos estilos a seguir podem não ser os mais comuns para
redigir o
simples resultado que escolhemos como exemplo, mas
P: A soma dos algarismos do número n é divisível por varem para ilustrá-
3
los.
e

Q: O número n é divisível por 3. (a) Dois números complexos são raízes da equação
As frases a seguir exprimem a mesma ideia, exempliflcando as diferentes ar2 +b, + c: 9r_o,b,c Ç C, a I 0 se, e somente se, um. rleles
maneiras de enunciar uma mesma sentença implicativa " -b+t/F-aac -b-\/b.2-4aõ
,,P + Q":
f*ffeooutrofor -2a
(b) A condição necessdria e suficiente para dois números c,mltlexr,t
(a) A soma dos algarismos do número n é divisível por 3 + n édivisível .st,-
rem raízes da equação ar2 * b, + . : 0, {1,b, t: ç Ç,
por 3. u, f {), é que
um deles -b+JF-4nrc
seja
_t _ 1tF _J,u.
(b) Se a soma dos algarismos do número n for divisível por 3, então n é e o outro se.la
2a,
- 2;_
divisível por 3.
100 A redação de teoremas e de demonstrações 8.2 Como se redige uma demonstração matemática t0l

(c) Para que dois números sejam raízes da equação LEMA: é um teorema auxiliar ou introdutório, utilizado na demonstração
ar2 +br * c : 0, a,b,c e C, a f 0, é necessário e suficiente de um outro teorema que lhe sucede.

que um deles seja -u


* 1P= aac e o outro seja -b - JF= 4"c COROLÁNO: é um teorema deduzido de outro que acabou de ser provado,
2a 2a
o uso das terminologias anteriores torna claro aos leitores uma «rrdem
(d) (Usando a linguagem de conjuntos) ró gica-deduri * rado :
"^ ^::
:::::: : :;:':rl
SeR: {". C; ar2 *br*c:0,a,b,ce C, al0\
- tac -b - t/ry\.
-b+ ur-62 s :-
u R.
Tudo depende da escolha do escritor, que deve usar as opções disponíveis
com bom senso.
"S: { 2o ' 2" "r,ao
Í'wttlsv
5. Alguns teoremas ainda podem ser chamados de leis, regras,lemas etc.

Exemplo: l,ei dos Senos, Regra de Sarrus, Dispositivo Prático de Briot-


(e) As condições abaixo são equivalentes:
Ruffini, l,ema de Fatou, e assim por diante.
i,) Dois números complexos 11 e ixz são raízes da equação
ar2 +br * c:0, a,b,c e C, a + 0". 6. Ao longo do texto, para futuras referências, alguns autores preferem desta-

ii) Um dos números complexos rr ou .Í2 é igual a -b+JP-4aõ car os enunciados dos teoremas e enumerá-los da seguinte forma: Teorema
2a 3.3, Teorema 3.4, Lema 4.2, Lema 4.3, Proposição 2.1, Proposição 2.2, etc.

e o outro é igual a
-b - JF- 4"õ outros acham mais fácil encontrar um resultado enumerando os teoremas,
2a lemas, corolários, proposições na ordem em que cada um deles aparece no
texto: Teorema 4.3, Proposição 4.4, I*ma 4.5, Lema 4.6, Corolárb 4.7,
(0 (Usando mais símbolos)
Proposição 4.8, Teorema 4.9, etc.

Já outros autores, por vezes, enunciam alguns resultados sem qualquer des-
Os números xlt e fr2 são raízes da equação
complexos
taque. Nesse último caso, há o risco da importância de algum teoremer
ar2 +br*c : 0, a,b, c e C, a I 0 e um deles for
-b + !/F= 4"c passar despercebidamente.
2a

eo outrofor -b-lP-4aõ
2a
8.2 Como se redige uma demonstração mate-
4. Como os teoremas aparecem amiúde em textos matemáticos, não convém
abusar dessa palavra. Dependendo do contexto e da opção de quem os
mática
enuncie, os teoremas podem ser chamados por outros nomes, que ora lista- Não seria demais dizer que náoháMatemática sem demonstrações; elas com-
mos: põem parte da estrutura lógica essencial do que é constituída a Matemática c da
PROPOSryÃO: geralmente usa-se essa palavra para denotar um teorema, maneira como ela funciona. As demonstrações são como rituais indispensáveis,
que não é principal e tem importância limitada no contexto. usados para provar resultados, garantindo que eles são válidos.
r02 A redação de teoremas e de demonstrações

Constantemente, é necessário redigir demonstrações ao se estudar Matemá- como se o escritor fosse guiar um amigo por uma
estrada da quar esse
tica, e todos concordam que elas são as que mais exigem de quem escreve. Por amigo conhece o ,.início,,, que são as hipóteses, e ..fim,,,
o que é atese. A
outro lado, é lendo uma demonstração que se percebe a qualidade da Matemática demonstração seria a "descrição do trajeto", ligando
esses dois rugares.
uÍllizada pam provar o resultado, a capacidade de quem a elaborou e a habilidade
de quem a escreveu.
5' Na redação de uma demonstração, é uma lástima desperdiçar
a oportuni-
dade de ressaltar onde aparecem as ideias principais
Vamos, a seguir, dar algumas sugestões para ajudáJo a redigir uma boa de- e aqueles pontos es-
senciais que fazem a demonstração funcionar. Ao
monstração: ler uma demonstração,
um leitor vai em busca dessas informações e não se
deve decepcioná-lo.
I. Demonstração ou prova?
6. No Iocal onde for usar uma hipótese, deixe claro para quar finaridade era
É uma preferência nossa usar a palavra demonstração para denominar um está sendo uÍirizada. Esse é um ponto essenciar, que
tornará a demonstração
processo lógico-dedutivo, que utllizaas hipóteses para deduzir a tese. Com clara, ressaltando a importância das hipóteses no processo
de dedução da
. essa mesma finalidade, alguns preferem usar a palavra prova, e outros se- tese.
quer fazem essa distinção.
É desapontador para quarquer leitor perceber que
as hipóteses tenham sido
No nosso ponto de vista, uma prova pode ser uma evidência de um fato, citadas apenas subriminarmente na redação de
uma demonstração.
mas não necessariamente um processo lógico-dedutivo. Daí nossa prefe-
rência em usar a palavra demonstração. 7' Na demonstração, não permita aparecerem objetos ou ideias surgidas
do
nada, sem a devida apresentação ou explicação.
Em contrap artida, usamos os verbos provar, deduzir e demonstrar como Lembremos: escrever
uma demonstração náo éfazer um show de mágicas
sinônimos. ou brincar de esconde-
esconde.

2. Primeiramente, demonstrar é um ato de persuasão, baseado no raciocínio


8' Algumas vezes, logo de início, deve-se devotar argumas
paravras, expri-
lógico-dedutivo, e não um ato de fé! Ninguém deve acreditar em uma de-
cando a ideia gerar da demonstração, o que vai
monstração, mas ser convencido de que ela vale. Ao escrever uma demons- ser feito e aonde se quer
chegar.
tração, estamos exercitando nossa capacidade de, usando argumentações
lógicas, convencer alguém da validade de algum fato. Com essa finalidade, pode_se usar frases como:

'Nosso objetivo serd mostrar qre ...', 'A ideia principar da demonstração
3. Um aspecto importante: em geral, diferentemente da poesia ou da prosa
é..., 'usaremos a técnica (tar) para provaF..., ,Nosso probrema
literiária, a redação de uma demonstração não depende dos sentimentos ín- , reduz-se a
provar...t, etc.
timos, das ideias subjetivas ou da prolixidade do escritor, mas de sua capa-
cidade de ser conciso, claro e exato naquilo que deseja expressar. 9. Quando a demonstração for indireta e, principarmente dirigida para urn
público iniciante, é aconserhável inteirar os leitores
4. Ao redigir uma demonstração de um resultado, tenha em mente que você, se era vai ser Íbita p.r
uma argumentação por absurdo ou se vai ser demonstrada
usando argumentações e um processo lógico-dedutivo, deve guiar os leito- a contrap.silivrr
do resultado a ser provado.
res, ensinando-os como podem deduzir esse resultado usando as hipóteses
disponíveis. Deixe-os sempre informados sobre cada passo a ser dado. É Com essa Íinalidade, pode-se usâr as expressões:
104 A redação de teoremas e de clemonstrações 8.2 Como se redige uma demonstração matemática 105

'suponha por absurdo (ot contradição) que ...', 'Proveflle§ qao T vale. conceitos que representam, além de muito relativos, podem transparecer
Caso contrdrio, teríamos...', '(Jsaremos o método do roduçdo a um ab' certa soberba se usados em lugares inadequados.
surdo. Para isso suponha ...', 'Provaremos ü contraposlttva do resul- Cuidado também com o uso das frases note que, veja que, obserue que,
tad,o...' etc., sem serem acompanhadas de comentários explicativos. usadas em
locais impróprios, todas essas expressões podem provocar,um sentimento
10. Se a demonstração for muito longa, é recomendável divitli-la em Pd§.ros ou
de frustração nos leitores, caso não consigam fazer tarefas tão "imediatas"
partes. Há aÍé quem escÍeva: Primeiro passo:..., segundo pas§o:... , etc.
como o'notar" o "veÍ facilmente" ou "observat" algum fato que o autor está
Caso a demonstração envolva alguns casos específicos, tâmbém é recomen- aflrmando ser simples ou óbvio.
dável tratar separadamente a demonstração de cada um «lesses c&so§.
Além do mais, deve-se ser honesto no uso de qualquer das expressões an-
Em qualquer das possibilidades anteriores, comunique o fato sos leitores e, teriores, pois seria injusto empregá-las para resultados que você tenha gas-
antes de cada passagem, diga-lhes o que vaifazer. tado dias para concluir e exige que sejam entendidos prontamente por quem
ler seu texto.
11. Alguns preferem dividir uma demonstração bastante longa em uma sequên-
cia de lemas ou teoremas auxiliares preliminares, culminando na conclusão 16. Certavez, vimos a frase "...vaFnos tentar provar que...". Frases desse tipo
do que se quer provar. Mais uma vez, são questões de preferência, que de- não transmitem modéstia, mas imprecisão. É mehor ser exato: ...vamos
vem ser usadas com o devido bom senso. provar que... ou..,não consegaimos provar que....

t2. Mesmo que o resultado a ser demonstrado seja de um caso geral, às vezes, t7. As demonstrações devem ser flnalizadas com frases expressando que se
algumas ideias podem ser melhor expostas e compreendidas usando-se ca-
chegou à dedução da tese, e que a demonsúação foi concluída. Essa atitude
sos particulares. Se casos particulares revelam satisfatoriamente a técnica
também evita que o leitor possa pensar que o texto seguinte ao flnal de uma
atTlizada, e não se perde a generalidade do resultado, é conveniente de-
demonstração ainda faça parte dela.
monstraÍ um caso particular a demonstrar o caso geral.
Por exemplo, em uma demonstração, caso se proponha provar que a raiz de
13. Para conectaÍ os passos de uma demonstração, pode-se usar frases como: um polinômio está no intervalo (-1,21, ao chegar a esse ponto, algumas
pessoas encerrariam a demonstração escrevendo :
'Desse ponto em di.ante, nosso obietivo serd mostrar qae...', 'Resta'nos
provar .,.','Finalmente provemos ...', 'Após algumas simpfficações, re' "Dessaforma, a raiz do polinômio está no intervalo (-1,21, tomo quería-
sulta ....' mos demonstrar".

14. Ao longo de uma demonstração, pode ocorrer que seja preciso efetuar al- Apesar de não ser muito comum, após o último ponto-parágrafo da tre-
gum ciálculo. Não comecefazer contas inadvertidamente; avise aos leitores monstração, outros apenas escreveriam a abreviação das três últimas pulu-
o que deseja fazer para não ficarem perdidos sem saber aonde você ou seus vras da frase anterior:
cálculos irão leváJos. "Dessaforma, araizdo polinômio estdno intervalo (-1,2]. C.e,D,".
15. Cautela com frases do tipo isso é trivial, é fiúcil ver que, segue trivial' Mesmo sendo menos comum ainda, os mais clássicos ou saudosiutss usa-
tnente, é óbvio que, etc. É prudente tratar essas frases com cuidado. Os riam a abreviação "Q.E.D." referente às primeiras letras dus ;:uluvrul du
IOfr A rcdacao clc tr:ot cnlls c tlc tlcrttoltslt'itçõcs
:!,- . !1]--Çgl rrrrd i ge u ur, cre *., sr r-ação rn.tcr, í t i cir
lt) I
ll'asc ircirrra escrita crn l-alirl: Qtttrl t'nr! tlt'ttrorr.:lttrrttlttttt \/ktrtítl órol dt'-
tttott.slt'titttlttttt/1.qtc setraclttzcontoí/ tlttt'Ltrtttlttitt ,\('t tl('ttt()tt.r/rrlr1o. Ilssa
erur utlllr tlacliçao rla ópoca enl clLlc o [,atirtr ct.a uslrtlo t'ottro líttgtlit cicrltí-
lica. A frasc aparcciu lras tlacluçÕcs lutirtiis tb O,: l',lt'tttt'l//í,,\ (lc Ilr-rclicles c
crtnto lradiçrto c0ntil)trotr scndo trsircllt 1-ror lttttto Icttt1lo. tll('sltto cltt [cxttls
cscritos cln oLrtrils língLIas.

Ii-remplo:
" I)c,s.str.litrtttu, tr ttri:. tltt ltrtlitrôrrritt c,vÍti rttt itrlct'rttlrt ( I fl Q.l'.'.1)."
('uriosantctrtc. cel tos livlos antigos bcur antigos tncstttol ;tirttla truziattl
as scguintes abrcviaç'ocs clc ll'ases liúinits tttt Íinal clc tlctttottsltltç'ircs:

Q.li.F.'. Qtrotl l'.'nrt lircicttrlltrrt. qttc signllica'O tlttt'titrlttr tlc.scr ft'iltt


( r't tt t.sl rtt ú lt t )'

Q.ti.l.. ()trtxl 1..'rtrt lnt,utit,tttlutn. rluc signiíica '0 qtt( tinlt(t tlc,tcr att(ott'
I nl.lt I I i nt't't I t( tt l( ) )' .

AtLralntcnte . crrr urligos cientíÍicos estlt torttartcl()-sc colltLtltt ttsar tl sít'ttbtllcr


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3
6
108 A redação de teoremas e de demonstrações

Comentários sobre a figura da página anterior

Edição inglesa da obra clássica de Arquimedes referente ao tratado As côni-


cas, de seu contemporâneo Apolônio de Perga (262-190 a.C). A obra original,
onde é feito o primeiro estudo completo sobre essas curvas, foi perdida,
Observe no livro, os vários desenhos na página à direita. O tratamento dado é
totalmente geométrico, já que essas curvas no tempo de Apolônio não possuíam
equações algébricas, só surgidas após a Geometria Cartesiana, no século XVtr. A CAPITULO 9
edição tem características bem especiais, foi preparada por Isaac Barrow (1630-
1677), professor de Isaac Newton (1643-1727), em Oxford. Newton posterior-
mente assumiu aCáÍedra de Barrow na mesma universidade.

como se fazem referências e citações


bibliográficas

"O senhor escreveu este enorme livro sobre o mundo,


sem
mencionar ao menos uma única vez o Criador do (Jniverso!,,

Frase de Napoleão Bonaparte, ao comentar com


Laplace sobre a
mais famosa e intrincada obra do cientista francês,
a Mécanique
Céleste.

Laplace, prontamente, respondeu a Napoleão:

"Majestade, eu não precisei dessa hipóte,sc,!,,

Posteriormente, quando infbrmado por Napoleão


sotrre ctrc
diálogo, Lagrange, outro extraordinário matemático.
clinnc-tho:

t09
110 Como se fazem referências e citações bibliográflcas

"Ah, mas essa é uma ótima hipótese, Majestade! Explica tantas "lgualando as Equações (j.l) e (3.2), obtemos 0 : rf2
coisas..."
+ ktr,
k e z. substituindo esse valor na desiguardade (3.1g), resulta o que que-
Pierre-Simon de Laplace (1749 - 1827) ríamos demonstrar"
Budget of Paradoxes, Augustus DeMorgan. Note que a frase anterior ficaria bem menos informativa caso apenas
men-
cionássemos:
Po. de linguagem e efeito de clarezae organizaçáo do texto, deve-
""oromia "f gualando (3.1) e (3.2), obtemos 0 : rl2 * ktr,k e
se enumeraÍ teoremas, lemas, corolários, deflnições, expressões, Íiguras, equa-
Z.
ções, ou quaisquer outros objetos posteriormente referenciados. Os números usa- Substituindo esse vafor em (3.18), resul-ta o que
I
dos para enumerar esses objetos são chamado s referências e devem ser utilizados
queríamos demonst rar .,,
ao mencioná-los.
um detalhe importante:ao chamar uma express ão de equação, nãová mais
adiante chamando-a defórmula, problema,etc. convém uniformizar
a ma-
9.1 Como se fazem referências neira de se referir a um determinado objeto, quarquer que ele seja
.

1. Exemplo de uma frase em que aparecem referências: 4. Yeja uma frase mal escrita, em que a presença de uma referência pode
confundir o leitor
"Da Expressao (5.1 ), asada no Tborema 5.2, segue-se que r : 2. Substi- k:
..."quando E, (4.2) vale para ak:0.u
tuindo esse valor na Equação (4.6), obtemos A > 0 e, portanto, o triâ.ngulo
Deveria ter-se escrito:
T1 da Figura 4.1 tem área maior do que o triângulo T2 daquela mesma
"...quando k : s, a equação (4.2) vale parà a1,
figura!' - 0.,,

Na frase anterior, o número (5.1) refere-se à Equação 1 do Capítulo 5. Se 5. os números das referências podem apaÍecer do lado direito ou esquerdo da
aparecesse um número do tipo (7.6.2), esse se refereria à Equação 2, da página. Tudo depende do estilo de texto adotado.
Seção 6, do Capítulo 7 . E assim por diante.
6. Muita atenção com frases do tipo *Da equação acima...,,, .,Dafigura a_
2. Não é preciso enumerar expressões, figuras, etc., que não sejam referencia- baixo...". Há o perigo da denominada ,,equação acima,,flcar na página
das. anterior, ou a "figura abaix,o', ficar na páginaseguinte.

3. Nem toda expressão matemática é uma equação. Dessa forma, ao mencio- Quando for o caso, é preferível usar da última equação, da próximafigura,
nÍlr uma referência, muitas vezes, é conveniente ajudar os leitores, explici- etc.

tando-lhes anatureza do objeto referenciado. Lembre-se de que há também


7. Ao se referir a f,guras, teoremas, cororários, proposições, observaçiles,
crc.,
de s ig ual dad e s, re I aç õ e s, i de nt i dade s, i gualdade s, eÍc.
que foram enumerados, alguns preferem escrever a referência
usantkr u pri-
Por exemplo: meira letra maiúscula. o mesmo procedimento segue para capÍtutr15. ssrçÕcs
f e outras partes do texto.
Não confundir referências, tal como definimos acima, com referências bibliográficas
ou citações bibliográficas, sobre as quais falaremos na Subseção 9.2. Exemplo:
112 Como se fazem referências e citações bibliográficas 9.2 Como fazer citações bibliográficas 113

'Peln Teorema 3.4...'r'...usando a Figura 3.8 do Corokúri,o 3.4, ..:,'A Ao referenciar esse teorema, acreditamos ser mais conveniente chamá-lo
teoria que foi desenvolvida no Capítulo 4..:,'A demonstração desse fato pelo nome. Talvez seja falta de respeito chamar, por exemplo, o Teorema
será dada na Seção 6.3.', etc. Fundamental da Aritmética apenas por um "desconhecido,, Teorema 3.21

OBSERVAÇÃO: Entretanto, escreve-se: O último teorema da Seção 2.4 e I L Por fim, terminado de escrever seu texto, cheque detalhadamente se as re-
o primeiro lema da seçõo seguinte... ferências estão realmente certas.

8. As maneiras como definições, teoremas, lemas, etc., são enumerados de-


pende do estilo adotado. 9.2 Como fazer citações bibliográficas
Alguns autores preferem enumerá-los da forma:
Em geral, é impossível escrever um texto autosuficiente, onde sejam demons-
Definiçã.o 7.7, Teorema 7.7, Lema 7.1, Exemplo 1.1, Definiçtio 7,2, Teo-
tradas todas aflrmações feitas pelo autor
rema 7.2, Lema 7.2, etc. - pelo menos as que precisem de uma
demonstração. Em especial, não são demonstradas as que se julgam imediatas, as
Já outros acham ser mais fácil encontrar um teorema, uma definição ou um de conhecimento básico dos leitores, ou outras que constituem parte secundiíria
lema, se forem enumerados segundo a ordem em que todos eles aparecem do trabalho.
no texto: Diante da impossibilidade de demonstrar tudo que se aflrma, deve-se reme-
Definição 7.7, Teorema 1.2, Lema 1.3, Exemplo 1.4, Definição 1.5, Teo- ter o leitor a textos nos quais possa encontrar as demonstrações que não foram
rema 7.6,I*ma 7.7, Teoretna.Í.8 etc. feitas, bem como os demais resultados utilizados ou apenas mencionados. o con-
junto desses textos auxiliares (livros, artigos, etc.), listados no flnal do
Certos programas, para editar textos matemáticos já fazem essa escolha trabalho,
chama-se bibli.ografia e cada um desses textos chama-se citação2biblingráfica ou
automaticamente, dependendo do estilo de texto adotado.
refurência bibliagráfica. A bibliografia também pode ser chamada referências
9. Teoremas (ou conjecturas) com nomes consagrados, quando forem referen- bibliográficas.
ciados, também devem ser escritos com a primeira letra maiúscula. Artigos, Perceba que a lista das referências bibliográficas também disponibiliza leitu-
preposições ou conjunções, que se encontrem no interior desses nomes, são ras complementares sobre o tema, fornece uma ideia da pesquisa bibliográfica quc
escritos com letras minúsculas. o autor fez e da evolução do tema ao longo dos anos, enriquecendo a qualidade clo

Exemplo: Tborema de Pitágoras, Axioma da Escolha, Hipótese de Rie- trabalho.

mann, Lema de Zom, etc.


l. Há' formas diferentes de escrever citações, podendo depender dc cstil6s
Ainda sobre o mesmo tema, escrev e-se Regra de Crame4 Álgebra de Boole, adotados. Iremos explorar esses diferentes estilos nos exemplos
Dispositivo Prático de Briot-Ruffini, etc.
r scgtrir,
os quais, claramente, são fictícios.

10. Mesmo que no seu texto você tenha enunciado e enumerado um teorema Pode-se escrever:
de nome consagrado, convém citar o nome pelo qual ele é conhecido:
"A demonstraçdo do teorema pode ser encontracla em
tS t, l7 t ou I LI1,,,
Exemplo:
2Apenas o
termo citação <>u citação textual reÍbrc-se a um trccho tlc urrr lexle rlrrc lirl
"Teorema 3.2 (Teorema Fundamental da Aritmética): Seja..." Íranscrit«r I iteralmente.
114 Como se fazem referências e citações bibliográflcas

Os números 5, 7 e 13 significam que as citações são respectivamente a "A demonstração do teorema pode ser encontrada em
[5, Tborema 3.4].,,
quinta, a sétima e a décima terceira da lista de citações da Bibliografla.
2- se em uma mesma ocasião forem mencionadas mais do que uma citação, é
Esse é o estilo numérico de citações bibliográficas.
recomendável, de alguma forma, ordenar as citações. pode-se fazer
essa or-
Ao consultarem a Bibliografia, os leitores encontrarão, por exemplo:
denação, dependendo do estilo adotado para escrever as citações,
de acordo
[5] ALVES, C.O., "O Teorema de Tales na Matemática e no Arnor",Fis- com a numeração das referências ou ao ano em que forani publicadas.
vista de História e Matemática Sentimental, n. 38, vol 7, Editora Fábio e
Por exemplo:
Levi Ce Ltda. (1989).
"Paramaiores detalhes, consulte [4],
E assim por diante.
[B], Ilt] e tl2l.,'
Ou
Em um outro estilo, emprega-se o sobrenome do autor ou dos autores:
"Para maiores detalhes, consulte
[pinto, p, ]gggl, [Carício, lggg],
"A demonstração do teorema pode ser encontrada em fAlves l],
Ida Silva, 2001] e IRodrigues, 2014J.,,
[Alves 3] ou em fMiyagaki & Sobreira]."
Essa última opção pode fornecer uma ideia da evorução do
estudo de um
Os números nas citações bibliográficas [Alves I ] e [Alves 3/ significam
tema no decorrer dos anos.
que o autor de sobrenome Alves possui pelo menos três trabalhos na lista
de citações. Esse é o estilo alfabético de citações bibliográflcas.
A fim de convencê-lo quanto ao que sugerimos, compare os exempros an-
teriores com os a seguir:
Já em outro estilo, usa-se o sobrenome do(s) autor(es) e o ano:
"Para maiores detalhes consul_te llr2), IB], t11l e
"A demonstração do teorema pode ser encontrada em fAlves ], 20041, i
ou
[Alves 3,2001] ou em [Miyagaki & Sobreira, 1998]."
Por fim, outros fazem a citação escrevendo apenas a primeira letra do so- "Para maiores detal_hes consul-te Ip j_nto, p . , 19g 9 ] ,
brenome do autor: IRodrigues, 20741, ICarÍcio, lggg] e IAugusto, 20Ol
"A demonstração do teorema pode ser encontrada em [A1], [A3] ou e em Não fica menos orgarlzado?

IM & S]." Aconselhamos não começar uma frase com uma citação. observe
como é
Em qualquer dos casos, ao se referir a algum fato, pode-se ser mais exato, desconfortável ler uma frase do tipo:
mencionando a seção e a página da obra citada na qual se pode encontrar
" [Guerra, V. ] é uma excelente referência para os
aquilo a que você está se referindo. Muitas vezes, essa prática poupa o iniciantes.,,
leitor de procurar uma simples passagem referenciada em um texto que
Sugerimos:
pode ser muito longo.

Exemplo:
"o artigo [Guerra, v] é uma excelente reÍbrência paftt o,t^ inicitutres,',

"A demonstração do teorema pode ser encontrada em fdo O, J. M. 8., 4. convém também não citar as referências como se pudesscnr
rcr uritutlcr
Seção 4.2, p.461." humanas.

ou Em vez de:
ll6 Como se fazem referências e citações bibliográficas
tn
"Essa resposta foi dada por [B] . " Nome do autor ou dos autores, título do livro, nome da editora, número
da
edição, local e ano da publicação.
Sugerimos: "Essa respostafoi dada por H. Borba, em [B]."
Exemplo:
Em vez de:

" ISafdanha, 2001] demonstrou a recÍproca deste teo- Isilval998] silva, A. J. da, "euando, em pleno sertão da paraíba, no pi<:o
do Jabre, Lampeão deu uma nova demonstração do Teorema de Fermat.
rema. "
E quem fui de contrariá-lo?!", Revista de Matemática semi-iárida, Editora
Sugerimos: "4. Saldanha, em [Saldanha, 2014], demonstrou a recíproca Amigos Rufifino & Catuogono Ltda., Bs Ed. (lgg4).
deste teorema."
OBSERVAÇÕES:
5. Nunca se deve fazer umareferência imprecisa como a que segue:

"Por um resultado bastante conhecido, concluímos (a) Alguns ainda incluem na citação a cidade onde a editora está situacla.
que a função atinge seu maior va1or no ponto *o:1." @) É dispensável colocar se o livro é da primeira, segunda ou terceira
Como os leitores hão de encontrar "esse resultado conhecido"? impressão.

(c) A palavra edição, às vezes é abreviada. por exemplo: 3@ Ed.


(d) Nas citações, o ano pode ou não vir
9.3 Informações que devem constar em uma ci- estilo que se adote.
entre parênteses, depende do

taçáo bibliogrirfica
2. Se for um artigo:
Uma citação deve conter as informações necessárias para o leitor encontrá-la Nome do autor ou dos autores, título completo do artigo, nome ou
abre-
quando desejar obtê-la. A ordem e a maneira que essas informações aparecem viação do nome do periódico, quando for o caso, ou nome dos anais
ou
podem diferir de um estilo adotado para outro, ou de uma revista científica para das atas do encontro científico no qual o artigo foi publicado, número do
outra. Por isso, quando for o caso, deve-se consultar as norÍnas da editora respon- volume, número das páginas e ano da publicação.
sável pela publicação da revista ou, no caso de dissertações, seguir o que foi feito
Exemplo:
em dissertações anteriores. Convém que os órgãos responsáveis pelas publicações
(Departamentos, Coordenações de cursos de pós-graduação, etc.) convencionem [caio, 2013] caio, F. A., A Matemática Geométrica na extração de petró-
essas regras. Muitas vezes, adotam-se asnornas da ABNT- Associação Brasileira leo da Baía de Todos os santos no período de carnaval, Jornal de
Mat.
de Normas Técnicas (http : / /www. abnt .org.br (consultado em janeiro de Petrolífera, n.23, pp.67 -7 g, ZOl3!
2014).
3. Se for uma dissertação ou tese:
Em geral, independente do estilo adotado, para cada item da citação, a biblio-
Nome do autor, título, universidade onde a tese ou disserluçíkr ltli
graf,a deve informar: del'cn-
dida, ano da defesa.

1. Se for um livro: 3Em geral, o


nome de revistas cientÍÍicas apsrece abrsviado. Virlc ttorn s.
nu p, I 19,
ll8 Como se fazem referências e citações bibliográficas 9.3 Informações que devem constar em uma citação bibliográfica il9

Exemplo: o número do volume e o ano em que foi publicado. verifique com aton-
ção se escreveu corretamente as palavras, se as acentuou adequadamente,
[S] Souto, M.A.S., Novas descobertas antigas, novas metodologias e a
sobretudo se forem em outra língua.
r,nestna velha aprendizagem, Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-
Graduação em Matemática Aprendiz, UFSRT (2013).
3. Em particular, tome cuidado para não modificar a maneira que escolheu
4. Se for uma página eletrônica: para usar seu próprio nome em um artigo. Geralmente usa-se o último so-
brenome, seguido das primeiras letras dos nomes restantes. É importante
É importante mencionar o endereço eletrônico da página, a última data em
uniformizar a maneira de escrever seu nome para futuras consultas e cita-
que foi consultada e o responsável por sua manutenção, caso possa obter
ções. Feita uma primeira escolha, não a modifique.
todas essas informações.

Cuidado com citações de páginas eletrônicas: pode ser que hoje elas exis- 4. se for citar algum trabalho técnico, tese de doutorado, relatório, etc., che-
tam e simplesmente desapareçam amaúã. Mais ainda, aquilo que você que se esse trabalho não já foi publicado como artigo em alguma revista
leu anteriormente já pode estar modificado. Ninguém deve se sentir cul- científ,ca. caso isso tenha ocorrido, é importante citar o trabalho como ar-
pado por isso, são os novos tempos. Entretanto, as publicações em páginas tigo publicado. Muitas vezes, é mais fácil encontrar um trabalho em umâ
eletrônicas estão se tornando usuais, o quejustif,ca citá-las. revista científica do que encontrar um relatório técnico ou uma cópia de
Por exemplo: uma dissertação ou de uma tese.

[17] http: //www.pabf ozito-pe. comp.htmL, página consultada O endereço l^/hi\^r. ams . orglmathscinet (consultadaem janeiro de20l4)
em 06/10/201j. Organizada por T. E. Barros (a lenda viva). é uma opção onde essa consulta pode ser feita. outra opção é usar o Go-
ogle Acadêmico http : schol-ar. google. com.br (também consul-
Uma outra novidade: atualmente, muitas atas, resumos e trabalhos apre- tada em janeiro de 2014).
sentados em reuniões científicas aparecem apenas em CDROM's. Cite-os
sem constrangimento: 5. No endereço eletrônico
fNeto, 20L0] Neto, D.C.M., Quem tem medo da beleza de rueu cornpu- www. mathontheweb . orqlmathweb/mi- j ournals . htmf
tador? Atas do XXI Encontro da Associação Intergalática dos Amantes,
é também possível encontrar uma lista com o site de de revistas cientíÍicas
Apaixonados e Caídos de Amorpela Informática, Vol. 3,pp. 17-29 (2012),
de Matemática.
em CD-ROM.
Exemplo: Journal of Mathematical Analysis and Apprications, Elsevicr,
ALGUNS CUIDADOS AO ESCREVER A BIBLIOGRAFIA Inc. (nome da editora), A msterdam (nome da cidade onde situa-se a editora)
é o nome de um jornal científico matemático, que publica resultarjos na árcu

1. Verifique se todos os itens listados na Bibliografia aparecem, de fato, no de Análise, Equações diferenciais e suas aplicações.

texto e vice-versa. As revistas científicas são citadas usando-se abreviações. No endercço clc-
trônico
2. Observe com cuidado se as referências foram escritas corretamente. Che-
que o nome do trabalho referenciado, os nomes dos autores, da editora, wi^rw . ams . org/msnhtml,/ seria J, s . pdf
120 Como se fazem referências e citações bibliográflcas 9.3 Informações que devem constaÍ em uma citação bibliográfica t21

(consultada em janeiro de 2014) há uma lista de abreviações de nomes de Exemplo: o ISSN da Revista Matemática Universitária, editada pela Soci-
revistas científlcas de Matemática. edade Brasileira de Matemática, é ISSN 0102-8545.

Exemplo: A revista acima, quando citada, deve ser citada como


J. Math. Anal. Appl.

6. Há, uma maneira usada internacionalmente de identificar uma publicação


poÍ uma sequência de números, separados em grupos de dÍgitos.

Por exemplo,
rsBN 978-85-858 1 8- 1 2-8
I
rssN 0102-8545.
Vamos explicar o que significam:

1) ISBN International Standard Book Number, um número


é abreviação de
usado pelas editoras para identiflcar, internacionalmente, um livro. Maiores
informações podem ser obtidas no endereço www. isbn. org (consultado
emjaneiro de20l4)
Atualmente, o número do ISBN é composto por 13 dígitos. Esses dígitos
especif,cam alíng:uaem que o livro foi escrito, a editora, o título publicado
e assim por diante, cada número tem um signiflcado. O último dígito é para
checar uma fórmula matemática que gera o número do ISBN.

No Brasil, a obtenção do ISBN de um livro flca sob a responsabilidade


da Agência Brasileira do ISBN, ligado à Fundação Biblioteca Nacional:
www . i sbn . bn . br (consultada em janeiro de 20t4).

Por exemplo, o ISBN do livro Um convite à Matemdtica, deste autor, publi-


cado pela Sociedade Brasileira de Matemática, tem
rsBN 978-85-858 1 8- 12-8.

2) Já ISSN é abreviação do Internacional Standard Serial Number, tm


número usado apenas para identif,car revistas científicas, jornais científicos
oito dígitos, representando
e publicações periódicas ou seriais. O ISSN tem
também várias infonhações sobre um periódico. Informações podem ser
obtidas no site www. issn. org (consultada em janeiro de 2014).

.- iüt
Como se fazem referências e citações U'llggtulgut
t22

CAPITULO 1O

Explicação e uso de expressões


latinas na Matemática

"O original não é fiel à tradução."

J. L. Borges (1899 -1986)


Comentário do escritor argentino sobre a excelente qualidade de
uma tradução.

Ar*u-u. línguas e dialetos ocidentais usados hoje em dia decorreram di-


retamente do Latim, como o Francês, Espanhol, Romeno, Italiano, Português,
Catalão e Galego. Já outras línguas tiveram em sua formação uma forte inÍluência
do Latim.
Durante séculos, a língua latina foi a língua cientíÍica usada no mundo, prcs-
tando-se para difundir descobertas e fazer o intercârnbio de ideiars entre cicnlislits
de diferentes nacionalidades. Como se tornou uma Iíngua eruclitn, c por tratliçClcs
histriricas, tlecorrentes cla influência clo donríni«r c du cxtensíio ckl Antigo ltttlilrio

t23
t24 Explicação e uso de expressões latinas na Matemática

Romano, atualmente, muitas línguas, como a nossa, ainda preservam o costume Por exemplo:
de usar expressões latinas.
A seguir, explicaremos algumas das expressões latinas que julgamos mais "Portanto, caros jurados, diante do exposto, a posteriori, o acusado é irut-
utilizadas no meio científico. cente! "

1. Ad hoc:(lê-se: /adóA) ) hteralmente signiflca para isto. A expressão é "A posteriori, as raízes do polinômio são reais,'.
usada como adjetivo, significando (especialmente) destinado para esta fi-
nalidade, ( especialmente ) para isto.
cuIDADo: o termo a posteriori não indica simplesmente posterioridade
Exemplo: parecerista ad hoc é uma pessoa especialmente designada para temporal, tampouco deveria ser usado no sentido de depo i s .
dar um parecer sobre um determinado assunto. Da mesma forma tem-se o
consultor ad hoc, etc. Pareceristas e consultores ad hoc são muito solicita-
dos por agências de fomento. -r. usa-se a abreviação cf. dapalavra latina confer,com o significado de com-
pare, confira, c onfronte.
2. Muitas vezes, encontramos nos argumentos dedutivos o que se chamam
raciocínio a pri,ort e raciocínio a postertori. Vamos explicar o signiflcado
Por exemplo:
dessas expressões.

Uma expressão é exatamente o oposto da outra, e ambas são usadas como "Há uma outra demonstração desse resultado que também usa o Teorema
adjetivos para qualificar um conhecimento ou argumento. de Aproximação de Weiestrass (cf. [Burity, Z}O|),Teorema 4.3),,
A expressão a priori significa do que vem antes, da frente para trás, aceito
antes de ser provado pela experiência.
4. Algumas datas são escritas na forma ,,c. 230 a.C.,, otJ ,,Eudoxo (c.400_347
Um raciocínio a priort é aquele admitido, baseando-se em fatos suposta-
mente conhecidos, ainda não justiflcados ou provados.
a.c.)". Esse c., usado antes do ano, indica que a data não é exata,apenas se
refere a um período aproximado. Tal letra é a abreviação da palavra latina
Por exemplo:
circa, que quer dizer aproximadamente, por volta de.
"A priori, aquele rapal é um sujeito de bem, nada ouvi falar contra ele! " ,
"A prtori, podemos considerar essas duas retas paralelas". Não se esqueça de usar o ponto após a letÍa ,c,.

CUIDADO: a priori não indica simplesmente anterioridade temporal e não


deveria ser utilizada, como é comum se ver, com o sentido de antes ou a
5. As letras e.g. são a abreviação da expressão exempli gratia (lê-se em La-
princípio. tim: /ékiçémpli griiçia/), que signiflca por exemplo, e é empregada crm
Jâ a posteriorÍ significa depois da experiência e com base nela, de trás esse mesmo sentido.
para diante. Por um raciocínio a posteriort, chega-se à conclusão de um
fato através da experiência e com base nela, esclarecendo-se f'atos novos Ao aparecer em um texto escrito em português, o termo e.g. deve ser lido
ainda não conhecidos. como por exemplo.
t24 Explicação e uso de expressões latinas na Matemática

Romano, atualmente, muitas línguas, como a nossa, ainda preservam o costume Por exemplo:
de usar expressões latinas.
A seguir, explicaremos algumas das expressões latinas que julgamos mais "Portanto, carosjurados, diante do exposto, aposteriori,
o acusado é ino-
utilizadas no meio científico. cente! "

1. Ad hoc:(lê-se: /adóA) ) üteralmente signiflca para isto. A expressão é


"A posteriori, as raízes do polinômio são reais,,.
usada como adjetivo, significando (especialmente) destinado para estafi-
nalidade, ( e specialmente ) para isto.
cuIDADo: o termo a posteriort não indica simplesmente posterioridade
Exemplo: parecerista ad hoc é uma pessoa especialmente designada para temporal, tampouco deveria ser usado no sentido de
depois.
dar um parecer sobre um determinado assunto. Da mesma forma tem-se o
consultor ad hoc, etc. Pareceristas e consultores ad hoc são muito solicita-
dos por agências de fomento. 3. usa-se a abreviação cf. daparavra latina confer,com o significado de com-
pare, confi,ra, confronte.
2. Muitas vezes, encontramos nos argumentos dedutivos o que se chamam
raciocínio a priori e raciocínio a posteriori. Vamos explicar o significado
Por exemplo:
dessas expressões.

Uma expressão é exatamente o oposto da outra, e ambas são usadas como "Há uma outra demonstração desse resurtado que também
usa o Teorema
adjetivos para qualificar um conhecimento ou aÍgumento. de Aproximação de Weiestrass (cf.
[Burity, 2}O|),Teorema4.3),,
A expressão a priori signiflca do que vem antes, dafrente para trds, aceito
antes de ser provado pela experiência-
4. Algumas datas são escritas na forma "c. 230 a.c." ott ',Eudoxo (c.400-347
Um raciocínio a priori é aquele admitido, baseando-se em fatos suposta-
a.C.)".Esse c., usado antes do ano, indica que a data não é
mente conhecidos, ainda nãojustiflcados ou provados. exata, apenas se
refere a um período aproximado. Tar retra é a abreviação
da palavra latina
Por exemplo:
circa, que quer dizer aproximadamente, por volta de.
"A priori, aquele rapaz é um sujeito de bem, nada ouvi falar contra ele!",

"A priori, podemos considerar essas duas retas paralelas". Não se esqueça de usar o ponto após a letra ,c,.

CUIDADO: a priori não indica simplesmente anterioridade temporal e não


deveria ser utilizada, como é comum se ver, com o sentido de antes ou a
5. As letras e.g. são a abreviação da expressão exempli gratia (rê-se
princípio. tim: /ékiçémpli gráçia/), que significa por exemplo, e é empregada
em La-
c«rm
Jâ a posteriori significa depois da experiência e com base nela, de trás esse mesmo sentido.
para diante. Por um raciocínio a posteriori, chega-se à conclusão de um
fato através da experiência e com base nela, esclarecendo-se fatos novos Ao aparecer em um texto escrito em português, o termo
e.g. devescr rid,
ainda não conhecidos. camo por exempkt.
126 Explicação e uso de expressões latinas na Matemática

Exemplo: "Qualquer cônica, e.9., a hipérbole, é uma curva plana". ideia, a palavra não é, ou pelo menos, por tradição linguística, não
deveria
OBSERVAÇÃO: quando aparece no meio de uma frase, a abreviação e.g. ser entendida como sendo uma palavra inglesa!

é usada entre vírgulas e com um ponto após cada letra. Exemplo: "rn [Jugurta,200s] e [Moreira, 2005] podem-se encontrar be-
las exposições sobre a aplicação da Matemdtica à Música.,,
6_ Errata significa faltas, erros. Para desgosto e irritação do autor ou dos
editores, a errata é um documento anexado a um texto, geralmente de uma 10. A expressão latina rpsrs liaeris (lê-se: /ípçis líteris/) pode ser útil em
diver_
página,Írazendo correções de erros só detectados após a publicação desse sas ocasiões, e significa pelas mesmas letras, nos mesmos termos,
literal-
texto. O singular de errata é erratam. mente.

Por exemplo:
7. Emprega-se etc. como abreviação da expressão latina et cetera (lê-se: /eti-
"Esta demonstração segue, ipsís litteris, os mesmos passos da
çétéra/), que significa e as demais coisas. Significa também e assim por demonstra-
diante. Deve-se usar a expressão após serem citados alguns exemplos de ção anterior"
uma lista, indicando a existência de mais elementos na lista além dos cita- A expressão ipsis verbis (lê-se: /ípçis vérbis/) e a palavra verbatim (lê_se:
dos. /verbátim/) podem ser usadas com o mesmo significado.
OBSERVAÇÃO: na maioria das construções das frases, usâ-se vírgula an- Exemplo:
tes da abreviaçáo etc., o Formulário Ortográfico assim recomenda, já outros
"Esta demonstração segue, ipsis verbis, os mesmos passos da demonstra-
manuais não aconselham.
ção anterior"
Caso a frase encerre-se com eÍc., usa-se apenas um único ponto. " verbatim, esta demonstração segue os mesmos passos da demonstraçã,
([9],p.322) anterion"

8. Também encontramos com frequência a abreviação Í.e., prontamente lida 11' A seguir, daremos uma lista de abreviações de termos latinos usados
em
como is/o é. Atençáo, apesar de serem lidas dessa forma em um texto em citações.
Português, na realidade, essas letras são a abreviação da expressão latina
(a) Et al.(lê-se /éti
áu/): abreviação da expresão latinaet atii, que signiÍica r
id est (lê-se em Latim: /íd ést/). Curiosamente, apenas por coincidência
outros. Essa abreviação deve ser empregada para indicar que, além
linguística é que essas palavras também signiflcam isro á. do autur
citado, o texto tem outros autores. Geralmente, emprega-se o termo quando
Exemplo: há mais do que três autores, no caso de dois ou três autores, costuma-se
escrever o nome de cada um deles.
"Vê-se, portanto, que a reta r é ortogonal a duas retas perpendiculares
contidas no plano P, i.e., r é perpendicular a esse plano". Exemplo: "No livro [Elon Inges Lima et ar, 200r ], os autores.fitz,ent ,*r(t
minuciosa aruilise e uma incisiva crítica a alguns livros ditlátir:o;
OBSERVAÇÃO: geralmente, no meio de uma frase, a abreviação i.e. é u,sudttlt
no Ensino Médio"-
usada entre vírgulas. Não esqueça dos pontos após cada letra.
As palavras et al, na referência no exemplo acima, indicam a cxisr0nciu
9. A palavra in é uma preposição latina, que significa em. Pode ser usada de, pelo menos, mais três autores da obra citada, além do quc up,rrrcc
nn
antes de uma citação bibliográflca com este significado. Utilizada com essa citação.
t28 Explicação e uso de expressões latinas na Matemática

(b) Ibid,em (lê-se /ibídem/): significa no mesmo lugar. Esse termo é usado "Mutatis mutandis, as demonstrações dos itens (ii,) e (i,ii.) seguem
os mes-
em referências bibliográficas, no sentido de na mesma obra, no mesmo ca- mos passos da demonstração do item (i,),,.
pítulo ounamesmapágina. A expressão ibidem também aparece abreviada
No exemplo, usa-se a expressão após ter-se demonstrado o item (i).
comoibid ouib.
OBSERVAÇÃO: na maioria das ocasiões, quando usada no meio da
Exemplo: frase,
a expressão é escrita entre vírgulas.
"Essa demonstração pode ser encontrada em [M. L. Castro, p.16]. lá a
demonstração do Teorema 7.1 estd na p. 23, ibidem." 13' A palavra §rc (lê-se: /çía) traduzida como assim, deste modo_ EIa deve
é:
ser usada entre parênteses após uma citação para indicar que por
"Essa demonstração pode ser encontrada em [M. L. Castro, p.l6]. Já a mais es-
tranha, inconveniente ou errada que possa parecer, até mesmo
demonstração do Teorema 7.1 está na p. 23, ibid." com erros
de Português, etc., a citação é daquela maneira que foi escrita.
Indica que
"Essa demonstração pode ser encontrada em [M. L. Castro, p.16]. Já a o eÍro é do autor da citação e não foi cometido pelo autor do texto, que
demonstração do Teorema 7.1 estd na p. 23, ib." apenas está reproduzindo-a literalmente.

A expressão pode ainda aparecer em uma lista de notas de rodapé, como A seguir, citaremos um lamentável exemplo verídico escrito em um
livro
por exemplo, a partir do Item 21 da lista abaixo: para o Ensino Médio:
20. Blá,btá,btá,.. "A drea da superflcie esferica de uma esfera de raio R é definida
por
21. Vide [Pinto, J. A]. 4trR2." (stc)
22. lbid, p. 24. (O uso nesse caso, refere-se à obra citada anteriormente, [Pinto, J. Como se não bastasse, no livro ainda foi escrito:
Al.)
"E o volume da esfera é, por definição, igual a
23.Ibid, p. 345. (Novamente, refere-se à obra já citada.) ... !n}z.,,{ri"1
Adicionamos o sic nas frases anteriores para avisar os leitores que não
te-
(c) I-oco ciÍato (lê-se: /lóla çitánil): signiflca no lugar citado, no mesmo mos nada a ver com o erro das citações, esses erros crassos foram
cometidas
lugar no mesmo livro. O mesmo que lbidem. Deve ser usado para remeter- pelos autores que os escreveram.
se a um trecho de algum textojá citado. A expressão geralmente aparece
abreviada como loc. cit.. 14. A palavra vide significavede, veja. seuuso é uma maneira de remeter
os
leitores a um texto ou a alguma passagem de qualquer outro texto
Exemplo: diferente
do que se está lendo.
"Essa demonstração pode ser encontrada em [M. L. Castro, p.16]. Já a "A demonstração de que entre dois números racionais há sempre
demonstração do Tborema 7.1 está na p. 23, loc. cit.." um nú-
mero irracional não é muito longa, vide, por exempro,
[M.
Montenegnt,
12. Se quiser usaÍ uma expressão com o mesmo sentido do Item 9, da Subse- Tborema 41."

çáo 4.1, uma opção é utilizar os termos mutatis mutandis (lê-se: /mutátis
Para esta seção, consultamos: [22), LZ3),
mutândis/), que significa mudando o que deve ser mudado, com a devida Í341, t32] e t9l.
alt e raç ão do s p o rme no re s, fe it as as mo dific aç õ e s ne c e s s árias.

Por exemplo:
l3t) Explicação e uso rle expressõrcs latinas na Matenráticn
Iil

AWATYSH Comentários sobre a figura da página anterior


Essa é a capa do prinleiro livro clc Cálculo DiÍ'erencial
.finitésimo's Pqr(t o cr»rrpreen.tãrt rlu,t cLtn,{t,s, de autoria clo Marcluês
.iá escrito,
de l,'llos,it;rl
Atttíli.s.t, rlt, itr

mffiffi (Guillaume de I Hospitar ( r66 r-1104)), ja


cu primeir-a ecrição fbi puhricltrrr t,rrr
1669' O livro illtrodltz pela pritneira vez, de fbnna
cliclírtica, sistemátic, c irrtt.li
T}üFIHIh,ÍMffiT FHTITS, -9ível' um tetna tle pesquisa cle ponta naquela época:
DiÍêrencial' o texto clo Marquês, alérn de cJivulgar
o recém-inventaclo ('lilr.ul.
o Cálculo, a.judou pe st.rr rL.
senvolvillento e na sua ctlnsoliclação como unra poderosa
Pçsr lr,rrr#qgrmrç dsr ligr*r íotrrÊrr. ver prtlblemas í'ísiccts. N<) livro, tarnbém é apresentaclál
Í-errarlcnta papr r.cs.l
a regr-a para o cÍlc1l. rlt.
linritcs indeterlninados' clue Íicou conhecicla colno
Regru de L'Ho,rpiral. lre je cst,
dacla;lor vários calouros etlt seus primeiros cul'sos
cle Cálculo nas univer-sirlirrk.s.
Mas é precisO |elatar a vertlacleirtt hrstória cla autoria
clesstr regra: os Bernorrlli lir
ranr a família cltre tnais procluziu ntaternáticos rcnonrackrs
em tocla Ilisr(rr.ilr. lrlcs.
juntanrente cotn Leohnilrcl Euler' (1701-1783),
tiverarn papel prepopcler-lrrrc rrrr
descttberta de vários resultaclos e na consoliclação
clo CálcLrlo (tambénr) cr.irrrlr
pelo eclétictl cientista alcmão Gottíiied Leibniz (164(t-1716).
Johann (ou .lcrrrr)
Berntlulli (1667-1148), tttrl clos prittteiros làrnosos
da farnília, liri proí'css.r.r1r
Marquês e fez um contrato com seu abastaclo aluno
ern troca cle ur.r.ra pensao crrr
dinheiro, para inlbrmá-lo sempre errr primeira nrão,
e apenas 1 ere. s.br.c r.tr;r
descoberta que íizesse
- cientisttts thtnosos tinharm de sobreviver.c a saírlir cr-lr st.
ttpoiar na Nobreza-. Ent|e outros assuntos, parle
clessas descobertas. fistg tllr r..r
responclência entre os dois, em parlicular, a própria
Regra, foi cglecacll rrp 1i1,11 ,.
donde Íica a dúvida sobre quem realrnente clescobriu
essa regra. Na verclutlc, r.rrrr
ffi o sucesso do livro, o ciurnento Johann Bernouili, após
note' s(r após a t.trtlrte de L'Hospital l-, o acus«lLr
a rnorte crc [.,H.spilrrr
cle não ter daclcl no livro o tlt.r,itLr
r, í, Á P ,dt R sn mérito às suas descobertas, principalmcnte eln relação
Berrtor-rlli creditava a si pr«iprio. A história contada
à Íarmosa rcsl.1 (plc.l.lrrrrrrr
dessa Íbrnra Il.1qsp1l.c(.(.(,r(.
H t trT hüFB, I M H RT ]E RÜYÂT§. o Marquês erii Lll'll ricaçtlzirrho nretido a cientista que
c()nrl)r-()u srnr liyrrr. N:rrl:r
tlisso' O Marcluês tinha seu valor, suas qualiclaclcs con.r«l
rrr,tcrr'ilic.. t.l.. ,rt.srrr,
üil* ,m,ffi, H t lil I" ícz itlgtltltas clesctthcrtas ltltttetnltticas c nrcrccc
rcsl'rcito. l)oprrlru.izirr-turr lr.rrrr
cicrtlílico trlttl é tltttlt tlrrcÍir íiÍcrl. o c;uc cvirlcrrcirr lr inrpor.lârrt.i;r
t1r lr.lrlrrrllr. r1.
l"llosllitlrl, cltlc l)cl'l11lltlecetr l)()rrlú'r'lrtl:rs, c()nro uln tlos
lt'rl.s tlt.(,:rlt.rrl, rrr:rr:,
ttslrrlos t'lrrlrrrillrtkrs. Altirrt tro rruris. rro
1r'crlÍt'io trt'st,u rivrrr. o N4rrrr;ur,s. tr«.nrorro
r'.t'l:tl. rt.torrlrt.r't.tr o t.rtltlilo rlo t;rrr.(.s(.r(.\,(,u:ros lit.r.rtorrlli
t.:r I t.rlrrrrz (l tl,ilt ,.

À*
132 Explicação e uso de expressões latinas na Matemática

nunca creditou a si próprio qualquer descoberta matemática, apesar de ter se tor-


nado um expoente na França no que se referia ao Cálculo. Enfim, os nomes dos
Bernoulli e de um de seus ex-alunos, o Marquês de L Hospital, já estão marcados
na História da Matemática. "lalveznunca se saiba a verdadeira autoria da chamada
Regra de UHospital, mas isso é apenas um charme que o destino nos reservou, e
torna essa história ainda mais admirável.
CAPITULO 11

Dicion ário eti mológ ico-expl icativo de


palavras usadas na Matemática

"(Sansón)...que el dolor grande de mis costillas no me deia


hacer
más piedosos discursos. En esto fueron razonando los dos, haste
que llegaron a un pueblo donde
fue ventura halrar um algebrista,
con quien se curó el Sansón desgraciadot ,,.

Miguel de Cervantes
Dom Quíxote de la Mancha
Capítulo X7, Segunda parte.

Mritas vezes nos perguntamos quar a origem de ceftas paravras usadas rra
Matemática e o porquê de justamente usá-las. A etimologia de algumas dcssus

t".-.qu, a grande dor tla,ç


minha.r t'o.çtelct.ç não tne deixu.firz.er nrui,t
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r33
134 Dicionário etimológico-explicativo de palavras usadas na Matemática Dicionário etimoló cativo da Matemática

palavras é bastante interessante, principalmente quando se descobre que seus sig- 2. ÁLGEBRA.' essâ palavra vem do Árabe al-jabr e signiflca restauraç:ãrt,
niÍicados expressam com fldelidade a ideia matemática daquilo que representam. reintegração (daquilo que se quebrou). Ela chegou à Matemática por nreio
Acreditamos que em alguns casos, o conhecimento da raiz etimológica de de um tratado iárabe sobre equações chamado Al-jabr w'al mfrqabara, cujtr
uma palavra pode ser um interessante auxiliar no processo ensino-aprendizagem. tradução pode ser ciência da reintegração e equiparação. Esse rivro foi es-
Neste capítulo, selecionamos e explicamos a etimologia de algumas palavras crito pelo matemático persa Mohammed ibu-Musa al-Khwarizmi (c.7g0-
.iulgadas por nós como as mais relevantes e as mais usadas na Matemática. Por c.850), que introduziu o sistema numérico indo-arábico no ocidente. Ape-
razões históricas, você vai perceber o fato da maioria delas terem raízes latinas sar de conteúdo elementar em comparação ao já produzido por babilô-
ou gregas. Não poderia ser diferente, pois essas duas línguas sempre tiveram uma nios e hindus no que passaria a chamar-se Álgebra, o livro escrito por.
grande influência na linguagem científica. al-Khwarizmi teve um duradouro impacto na Matemática da época.
Nossa principal contribuição ao fazer esse pequeno dicionário foi ligar a raiz
No contexto do livro, referindo-se à resolução de uma equação algébrica,
etimológica da palavra ao seu uso na Matemática. Assim, diferentemente dos di- a ideia de reintegrar signif,ca adicionar termos iguais a ambos os lados dtr
cionários etimológicos tradicionais, procuramos explicar as razões matemáticas equação, e equiparação significa deixar os dois lados da equação iguais
parâ certos objetos terem o nome que têm. Logo, adicionamos o adjetivo "expli- ([37], p. a8; [19] p.167). Essa ideia faz-nos lembrar de alguns livros diilá-
cativo" ao título desse capítulo. ticos atuais do ensino fundamental, que usam uma balança para ensinar a
Em nossa pesquisa, encontramos várias explicações interessantes e outras até resolver equações algébricas.
mesmo diferentes das que demos para se compreender araiz etimológica de uma
palavra. Das que selecionamos, optamos pelas explicações que tinham base lógica o texto ficou famoso no ocidente e tornou-se conhecido apenas pelo seu
ou fundamento histórico.
primeiro nome Al-jabr, temo que passou a significar o assunto tratado no
Advertimos que nosso trabalho não é o de um dicionarista, até porque nem te-
livro. No Século XVI, a palavra álgebrajá estava sendo usada com o sig-
nificado que hoje a conhecemos.
ríamos competência para isso, mas apenas o de quem deseja repassar informações
que julgamos interessantes para os apreciadores da Matemática, das palavras e de Incrivelmente, essa palavra também ficou associada, durante anos, ao que
suas origens. atualmente entendemos por procedimenÍos cirúrgicos da ortopedia. como
referência nesse sentido, um dos significados que o Dicionário Aurélio re-
gistra para o verbete álgebra é Arte de consertar ossos fraturados ou des-
11..1 Dicionário etimológico-explicativo da Ma- locadost Em Dom Quixote de la Mancha de Cervantes, citado no começo
deste capítulo, e nas obras de antigos autores de língua poftuguesa, o tenro
temática algebrista é também usado com esse antigo signiflcado médico.

l. AGUDO: palavra decorrente da palavra LaÍina acutus, que signifrca fino,


3. ALGARISMO.' derivado de al-KhwariTmi, nome pelo qual o matemático
penetrante, terminado em ponta. Pelo seu formato, o último signiflcado
persa citado no item anterior ficou conhecido, esse termo signiÍica du ri-
explica o motivo de chamar-se agudo a um ângulo com medida positiva,
dade de Khwarizmi. Al-Khwarizmi escreveu outro livro, além do lnencio-
menor do que 900.
nado no item anterior, que também tornou-se bastante popular. No livr«r, cle
A palavra acutus deriva de acus, que é agulha em Latim. O vocábulo acum- explicava como usar os numerais indo-arábicos, umâ noviclade para a Ml-
pltturu (=tratamento com agulhas) tern a mesma raiz da palavra agudo. temírtica ocidental daqr,rela época. O livro loi traduzidr) pilril o l,atirn corrr
136 Dicionário etimológico-explicativo de palavras usadas na Matemática I l.l Dicionário etimológico-explicativo da Matemática 137

o nome Liber Algorismi, ott seja, Livro de al-Khwarizmi, donde a palavra sobrenome do matemático e filósofo francês, René du Peron Descartes2. A
algarismo tomou seu signiflcado atual. razáopara verter seu sobrenome para o Latim uma práticanaquela época
-
- é que em seu tempo, e por muito depois, os trabalhos matemáticos eram
4. ÂNcur-o RBTo: vide ORTO. escritos em Latim, um dos legados deixados pelo Império Romano para a
ciência3. Enflm, o Latim tinha se tornado a língua científlca internacional,
5. ARITMETICA: do Grego arithmetike, palavra que compõe a expressão
que favorecia a troca de ideias e a pesquisa científica entre cientistas de
téchne arithmetiké, que significa arte (ou a técnica) de contar ou ciência
línguas diferentes.
dos números. O vocábulo decorre de arithmós, que é número em Grego.
10. CATETO: palavra decorrente do Grego e significa reta perpendicular; reÍu
6. AVOS: emprega-se esse termo para ler frações, cujo denominador são nú-
vertical (a uma outra reta). Foi usada nesse sentido já por Euclides. De-
meros maiores do que dez e náo são potências de dez. Por exemplo i "trinta
34 coffem da mesma família a palavra catéter, usada na Medicina, e catoirJe ,
e quatro, vinte e cinco avos" (-). A palavra provém do termo oitavo, usada na Física.
usado como substantivo,signifiáído pequena parte de um todo, parte alí-
quota oufração em que a unidade principal foi dividida. A palavra oitavos, I l. CILINDRO: videVOLUME.
popularmente interpretada como o composto de oit(o)+avos, flcou com o
t2. CÍnCUfO: deriva do vocábulo latino circulus, que signiflca cinto, roda,
passil do tempo reduzida apenas a ayos.
anel. Lembremos que os coliseus e os locais onde os romanos realizavam
suas corridas de bigas tinham o formato circular ou oblongo, originalmente
7. BARICENTRO: centro de gravidade, do Grego bary,qtesignifrcapesado,
chamados circo. Por isso as palavras círculo e circo têm a mesm a raiz eti-
gravidade.
mológica. Com essa explicação, entende-se porque a palavra latina circulus
8. CÁtCUtO: vem do Latim calculus. Signif,ca pedra pequena, seixo pe- também quer dizer reunião ou assembleia ruidosa.
queno (lembre-se de cálculo renal). A palavra calculus deriva da junção
13. CONGRUENTE decorre da palavra latina congruezs, derivada de cong,ru-
do vocábulo kalyx, qle é (pedra de) cal, com o sufixo diminutivo u/as.
ere, qüe, entre outros significados, quer dizer vir junto, estar de ar:orukt,
É improvável a explicação para o uso dessa palavra, descrita pela bucólica combina4 concordari coincidir Esse último significado explica seu uso na
e bonitinha história de que os numerais foram inventados por pastores ao Matemática tal como conhecemos, por exemplo, nas expressóes triânguk»
contar suas ovelhas, associando uma pedrinha a cada uma delas, e vice- congruente s, s e gmentos congruentes e ângulos congruente s.
versa!
14. coRoLÁRIo.' essapalavra tem uma interessante história. Deriva do vocli-
Com um sistema numérico não posicional, em verdade, que pouco con-
bulo latino corollarium, que signif,c a pequena coroa oü grinalda de Í'olhas
tribuía a fazer contas, certamente os antigos romanos usavam pequenas
zRené Descurtes (1596-1650),
pedras para ajudá-los a efetuar operações elementares e ensinar as crian- filósofo e matemático francês, foi um clos prccurso-
res do Cálculo Infinitesimal e, juntamente com Pierre de Fermat, um dos invcntorcs tftr
ças a contar. (Será que também usavam pedras de cal patafazer contas na Geometria Analítica. Introdutor do racionalismo filosófico, foi o Íun«ladol dt Fikrtoliu
lousa?). Daí o vocábulo tomou o sentido de conta, cálculo, como hoje o Moderna, e sempre é lembrado por sua máxima: Cogito ergo sunt (Discurso tlu Ruzlfut,
conhecemos. 1637) que se traduz do Latim, c<>mo: Pen,^o, ktgo exislo!
3Algumas más línguas dizem que essa
foi a única c«lntribuiçlo dos rornurxrn ;lnrn rr
9. CARTESIANO.' decorre de Cartesius,latinização da palavra Descartes, Malemática, mas não entremos cm dctalhes.
140 Dicionário etimológico-explicativo de palavras usadas na Matemática I 1.1 Dicionrário etimológico-explicativo da Matemática 14t

o ângulo cr, exterior ao cone, igual a 0. Iâ a elipse é formada quando um cônicas. Apolônio usou essas palavras, com o sentido que acabamos cle
plano corta o cone com um ângulo amenor do que á, e a hipérbole, com explicar, ao escrever seu célebre tratado: As Cônicas. Os termos foram
um ângulo a maior do que d. emprestados dos pitagóricoss, que os usaram noutro contexto (t281).

Como ainda se pode constatar, temos os tratamentos algébricos modernos 24. EXPOENTE' origina-se das palavras latinas exo+ponere. O vocábulo exo
dados a eSSaS curvas, que usam o Conceito de excentricidade'e'ou do significafora e ponere significa colocar, por. Dessa forma, expoente é algo
discriminante A de uma equação algébrica. Nesses casos, a elipse ainda colocado fora do lugar, que fica em destaque. Lembremos que o expoente
está associada a algo menor, a parábola, a algo igual e a hipérbole, a algo
é colocado acima da linha, e portanto, fora da linha em que se escreve um
maior. Constate na tabela a seguir: texto.

Elipse Parábola Hipérbole 25. FILAÇÃO: vem do Latimfractionem, tendo raiz napalavrafrangere, tra-
Excentricidade e<l e:7 e>7 duzida como quebrar. Afração senaaparte quebrada (fracionada) de um
Discriminante a<1 A:0 a>1 todo.

26. GEOMETRIA.' deriva das palavras gregas geo+metros e literalmente sig-


nifica medir a terra. A palavra grega para Terra era Geos (donde surgem
geografia e geologia) e o termo para medir eÍa metros. Eis uma explicação
etimológica para nossos alunos compreenderem que a Geometria realmente
nasceu de uma necessidade práttica de medição de terras.

27. HIPÉRBOLE.. vide o vocábulo ELIPSE.

28. HIPOTENUSA; palavra de origem bem curiosa. Originária do Grego, sig-


a: parábola
á, parábola o< á, elipse a > â,
9, hipérbole
nifrca linha estendida por baixo. O que isso tem a ver com a Matemática'?

Figura 1 1.1: Explicação geométrico-etimológiÇa para os nomes das cônicas. A explicação é a seguinte: o sufixo grego hipo transmite a ideia daquilo
que está em posiçdo inferior, debaixo de (lembremos hipotermia = tempe-
Essa ideia ainda se repete quando esses termos são usados para classif,car ratura abaixo do normal, hipoglicemia=glicose abaixo do nível aceitável);
equações diferenciais parciais de segunda ordem, são usados na Geometria a palavra tenusa tem a mesma raiz da palavra tensão e deriva de teinein
Diferencial para classificar certos pontos em uma superfície e na língua que, por sua vez, significa esticado, estendido. Portanto, a hipotenusa seria
portuguesa, para designar certas figuras de linguagem (parábola= narração
as seções cônicas (parábola, elipse e hipérbole) e estudou suas principais propriedades.
igual a outra,lembremos das parábolas bíblicas; hipérbole=naryação que 5
Pitagóricos: membros da Escola Pitagórica fundada por Pitágoras de Samos(Sé,ctrlo
exagera (aumenta) os fatos; elipse=omissão das palavras.) VI a.C.). Essa escola filosófica, que tiúa os moldes e o rigor de uma "seita rcligiosa".
As palavras elipse, parábola e hipérbole foram empregadas pelo matemá- pregava que os números eram o princípio de todas as coisas. Para seus cotnponcntcs,
a 'números' eram os números naturais e acreditavam que o universo, com suas lcis e l'cnô-
tico grego Áp olônio d.e Perga çc.260-c.190 a.C.) para designar as secções
menos, podia ser cxplicado pela relação entre esses números e pelo simholismo quc llrcs
aApolônio de Perga (c.260- c.190 a.C.), matemático grego que nessa sua obra definiu creditavam.
142 Dicioniário etimológico-explicativo de palavras usadas na Matemática 1 1.1 Dicionário etimológico-explicativo da Matemática 143

a linha estendida (abaixo do ângulo reÍo). O uso e o signilicado da palavra A expressão LOGARITMO NEPERIANO decorre do nome de seu inven-
na Matemática tornam-se mais convincentes, quando lembramos que, em tor.
diversas ocasiões importantes, os triângulos retângulos são usados com a -, -)
MATEMÁTICA: origina-se do Grego, mathema, que é ciência, conheci-
hipotenusa sendo a base desses triângulos. Por exemplo, ao se deduzir as
mento. A palavra matemática significa aquilo que é aprendido. Acredjta-se
relações métricas do triângulo retângulo.
que o termo foi cunhado pelos pitagóricos.
29. HIPOTESE'vide o vocábulo TESE. Em Latim, mathematicúu era um palavra no plural, fato que explica que
origem grega ísos, que significa igual, seme' hoje, em algumas línguas, a palavra matemática também seja escrita no
30. 1SO.' decorre da palavra de
lhante e compõe as seguintes palavras:
plural. Vejamos: no Inglês, mathematics; no EspanhoT, matemáticas, e no
Francês, mathématiques.
ISOMETRIA: iso+metria, qwe íem a mesma medida.
Um fato que achamos interessante: derivada da mesma raiz, descobrimos
ISOMORFISMO: iso+moffismo, que tem a mesma forma.
nos dicionários a palavra polimática, adjetivo de polimatia que significa
ISÓSCELES.' do Grego, isos+skélos. Literalmente significa que tem per- cwltura pessoal extensa e variada, erudiçõo. Já polímata é um indivíduo
nas iguais. A palavra skélos qler dizer pernas. Recordemos que uma perna que estuda ou conhece muitas ciências. Não é à toa que é raro o uso dessas
dobrada dá a ideia de um ângulo. Por essa razáo, segue o uso da palavra palavras hoje em dia.
isósceles para designar um triângulo com dois ângulos internos de mesma
medida. Só para comprovar ainda mais a influência da língua Grega na Ci- 34. MENOS: vide MINUTO.
ência, em Inglês, os lados de um triângulo retângulo podem ser chamados 35. MINUTO: os antigos navegadores do Mediterrâneo dividiam um arco cle
de legs, que significa pernas.
um círculo usando o sistema sexagimal, de uso comum naquele tempo. A
31. LEMA: palavra de origem grega decorrente de lambanein, que signiflca esses pequenos pedaços de arco (1/60 do original), os romanos chamararlr

tomar, agarrar e cuja tradução literal seria aquilo que se admite. Essa pars minutia prima (parte miúda primeira), que signiflca primeira parte
tradução explica o fato de admitirmos como válido um lema para demons- diminuída, miúda, expressão posteriormente resumida a minutia. Daí o
trarmos um teorema. porquê chamar-se minwto a1/60 de um ângulo que vale um graLr.

Para constataÍ o quefoi exposto acima, a palavra dilema=di+lema significa A palavra MENOS, usada no sentido de subtrair, diminuir, fazer mcnor,
dwas coisas que se admitem, daí a dúvida sobre qual escolher. vem do Latim, minus, e tem a mesma raiz dapalavra minuto. Tambérn tônr
a mesma raiz as palavras menor e miniatura.
32. LOGARITMO.' palavra cunhada em 1614 pelo inventor dos logaritmos,
Já SEGUNDO, medida que vale l/60 de tm minuto, é a seguntlu purta
John Napier6. Decorre do Latim Científlco logarithmus, formada a partir
diminuída de um aÍco que, em vista da explicação anterior, foi naturalntctrtc
da junção dos termos emprestados do Grego: lógos, qlue significa cólcwlo,
chamada em Latim de segunda pars minutia, donde vem a pzrlav rtr,segutttkt,
razão, e arithmós, que signiflca número. A palavra razão refere-se ao mé-
como a usamos em nossos dias.
todo original usado para construir o logaritmo.
6John Napier (1550-1617), matemático escocês que criou os logaritmos e com isso, Nossa unidade de medida de tempo, baseada em um relírgi«r circular rlc
ponteiros, também adotot-t essa terminologia para as sLrbclivisircu rl«ls pcr'ío
naquela época, reduziu em meses o tempo gasto com vários cálculos, principalmente os
da Astronomia. clos quc cl.tamarnos nr.inulo c selqutrdo.
144 Dicionário etimológico-explicativo de palavras usadas na Matemática icativo da Matemática t45

36. NORMAL: vide ORTO. 42. PARALELEPÍPED0: origina-se


da junção das palavras gregas
para+ allel+ epi+ pedon, que se traduzem como
-1 t- NÚMEROS EM GREGO: vfuias palavras da Matemática são formadas
ao lado+outro+sobre+solo, transmitindo a forma geométrica de um para-
com os numerais escritos em Grego. Por exemplo, os nomes dos polígonos
lelepípedo, cujas faces estão uma ao lado da outra e sobre sua base (,
e poliedros. Segue como se escrevem os principais números em Grego.
solo).
1- mono 12- dodeca
2- di 13- trideca $. PoLÍGoNo: palavraformada pelos vocábulos gregos poli+gonos. futli
3- tri 14- tetares cai deca signiflca muito, diverso e gonos signiflca canto, quina, ângulo. polígon,
4- Íetra 15- pentacaideca se,ia que tem diversos (vários) ângulos. o nome dos polígonos é formado
5- penta 16- hecaideca pela junção de duas palavras gregas. A primeira representa o número
seus
6- hexa (lê-se: lékçal) 17- heptacaideca lados escrito em Grego- e, consequentemente, o número de ângulos inter-
7-hepta 18- octocaideca nos do polígono-seguida dapalavra gono.
8-octa 19- eneacaideca
Por exemplo : p entá g ono (p enta=cinco), hexá g ono (hexa=seis), heptá g o no
9- enea 20- icosa
(hepta=sete), e assim por diante
10 - deca 100- hecaton
11- undeca 1000- chilioi, chiliai, chilia
44. PRIMO.' o termo não tem nadaaver com parentesco entre números. os an-
tigos gregos classificaram os números como primeiros ou indecomponíveis
38. ORTO: elemento de composição proveniente do Grego, traduzido como e secundários ort composÍos, terminologia preservada até hoje. A palavra
ereto, vertical, reto, donde decorre ORTOGONAL=Ir\I+gonal, que tem primeiro é ttaduzida do Grego para o Latim, como primus, donde decorre
um ângulo vertical, ereto. O termo latino para ortho é retus, donde vem o nosso primo usado atualmente.
Â,wCUUO RETO eRETÂNGULO, que tem ângulo reto.
A palavra tem a mesma raiz dos vocábulos primitivo (=primeiro de um,
Há ainda outra terminologia usada na Matemática com o mesmo sentido certo tipo), principal (=primeiro em poder) e primdrio (=primeiro de uma
de ortogonal, que é NORMAL. Essa palavra vem do Latim norvna, nome ordem estabelecida).
dado ao objeto para ffaçar um ângulo reto, que hoje conhecemos como
esquadro. A reta perpendiculaÍ a uma outra, traçada com uma norvna, era 45. SECANTE: vem do Latim secante, que significa que corta,particípio pre-
dita reta normal, daí o significado moderno dessa palavra. sente do verbo secare, traduzido como cortar, separar cortando. Atente
cle
que a hipotenusa do triângulo usado na def,nição da secante de um
ângulo
39. PARÁBOIÁ..' vide o vocábulo ELIPSE.
corta o círculo trigonométrico.
40. PARADOXO: decone da palavra gÍega, paradoksos, que significa estra- As palavras secção e seccionar são da mesma família.
nho, bizarro, extraordindrio.
46. SEGUNDO: vide MINUTO.
41. PARALELA: o vocábulo grego para signif,ca ao lado de, ao longo de; jâ
o vocábulo grego allel signiflca outro. Assim, a palavra paralela designa 47. sE'No.'decorre do Latim sinas, signiÍicando prega (côncava olt emjrtrmu
duas retas, (uma) ao lado da outra. de semirín:ulo), cavidutlc, (:urva, sinuosid.utre, partc tkt ve:;tirkt qut trthn,
146 Dicionário etimológico-explicativo de palavras usadas na Matemática 11.1 Dicionário etimológico-explicativo da Matemática 147

o peito (o seio), bolsa, baía. Sua origem é a mesma da palavra seio, sinuo- palavra consequência (= resultado que segue um evento).
sidade.
50. SÓLIDOS DE PLATÃO: usa-se essa expressão para designar os únicos
Atualmente, quem associa os signiflcados anteriores ao formato da senoide
cinco poliedros, muito admirados por possuírem propriedades represen-
fica com a sensação de que o temo foi muito bem escolhido. Entretanto,
tando a beleza simétrica, o equilíbrio artístico e a perfeição da forma: /e-
devemos recordar que, quando essa palavra foi usada pela primeirayez, o
traedro, hexaedro (cubo), octaedro, dodecaedro e icosaedro (mnemonica-
conceito de função e, mais sofisticadamente, o de gráflco de uma função
mente chamados THODI).
estavam muito longe de serem criados. Na verdade, originalmente, a pa-
lavra seno não tem nada a ver com o formato da senoide, o que torna essa Apesar desses sólidos levarem seu nome, Platão não descobriu e nem fez
história ainda mais interessante. qualquer estudo matemático sobre eles! Em suas ideias filosóficas, no seu
sistema cósmico, ele associou cada um desses sólidos, já conhecidos em
sua época, a um elemento da Natureza: o tetraedro ao fogo, o hexaedro ,i
terra, o octaedro ao ar e o icosaedro à água. O dodecaedro representava o
Jiva de o universo.

Essa maneira de explicar o mundo, fruto de sua f,losofla, foi detalhada em


um de seus diálogos: Timeu. Foi só por essa causa que ficaram conhecidos
como sólidos de Platão.

Figura lL.2: Jiva, o ancestral do atual seno. 51. SOMA: a origem dessa palavra muito nos chamou a atenção. Ela deriva
da palavra latina summu.§ que, originalmente, significava o que se acha no
O fato é que houve um eÍro de tradução que felizmente deu certo: os mate- lugar mais elevado. De mesma raiz etimológica decorre a palavra portu-
máticos hindus chamavam a meia corda correspondente a um ângulo a, de g\esa sumo (O Papa é chamado Sumo Pontífice dalgrqa). São de raízes
jiva, palavra sânscrita que def,nia o ancestral correspondente ao nosso atual próximas as palavras supremo, super e outros superlativos.
sena (vide Figura 11.2). Os matemáticos árabes, que aprenderam com a
Ató esse ponto, não se constata nada que ligue esses signiflcados à Mate-
tradição indiana, continuaram utilizando o mesmo termo. Mas, quando os
mática. A explicação do uso dapalavra soma na Matemática é a seguinte:
tratados árabes foram traduzidos para o Latim, a palavra jiva foi confun-
para efetuar uma adição, os antigos (gregos e romanos) listavam os núme-
dida com a palavra árrabe jaib, que signiflca dobra, bolso, baía e, por sua
ros em uma coluna e somavam de baixo para cima, em sentido contrário eul
vez, foi traduzida paÍa o Latim como sinus. Sem dúvida, um eÍro como
que hoje fazemos. O resultado da conta era colocado no topo da coluna, ou
poucos, com um flnal feliz! (t201 p. 139,126l)
seja, no summus da coluna, no seu lugar mais elevado. Com o passar do
48. SÉrun: decorre de serere, palavra latina que quer dizer juntat; agrupar. tempo, a palavra que designava esse local passou a signif,car o resultado da
Tem a mesma ruiz de sermão (=agrupamento de pessoas ou palavras) e de operação realizadal
inserir.
52. TANGENTE' vem da palavra latina tangere e significa que taca. O termo
49. SEQUÊNCIA.' vem do Latim sequi, que significa seguir. A palavra se- é propício quanto ao seu uso na Matemática, pois expressa a ideia do que
gundus, que significa o que segue, provém da mesma raiz, como também a ocon'e com a reta tangente a uma curva.
148 Dicionário etimológico-explicativo de palavras usadas na Matemática

53. TEOREMA.' do grego théorema, que significa obieto de atenção, assunto


de estudo, de meditação ou de especulação. Tem a mesma ruz da palawa
teoria.

54. TESE: provém do Grego, significando proposição, conclusão mantida por


raciocínio. JâapalawaHIPÓTESE é formada pelas palavras hipo+tese.
como já dissemos, o suflxo grego hipo transmite a ideia daquilo que está CAPÍTULO 12
em posiçdo inferior, debaixo de. Assim, etimologicamente, hipótese é
aquilo que é inferior à tese, que está abaixo, ou melhor, que vem antes
da tese, ou ainda aquilo que d.á base a um argumento, a uma conclusão.
com essa explicação, não há mais razão para os iniciantes confundirem
hipótese comtese.

55. TRIGONOMETRIA: vem do Grego trigono + metria. A palavra trigono Estrutura e redação de uma
signiflca que tern três ângulos e metria é medida. Acredita-se que o termo
foi criado, em 1595, pelo matemático alemáo Barthol,omiius Pitiscus (1561- dissertação matemática
1613).

56. VOLUME. decorre da palavra latinavolvere, que significa volver, rolar,


enrolar. De mesmo significado, provém apalawacILINDRO, derivada da
palavra grega kulindros. Expliquemos o uso desses significados na atuali-
dade: antigamente,já que não havia papel, escrevia-se em papiro ou couro "A última coisa que alguém sabe quando escreve um livro é o que
de animais que, paÍa serem guardados, eram enrolados em forma do que colocar em primeiro lugar"
hoje chamamos cilindros.lJmvolume referia-se a uma dessas peças escri- Blaise Pascal, (l 623 - I 662)
tas. Daí a natural associação da palavra com o sentido que hoje a conhece- Pensées, 1670.
mos.
"Caro senhor, yos encontrei um argumento. Não sou obrigado a

Para este capítulo, consultamos 1221,127),132),123), [34], U5l' [16] e t8l. encontrar uma maneira que possais compreendê-\o".

Samuel Johnson (17 09-84)17


The Life of Samuel Johnson (1784), J. Boswell.

A ,rgrir,comentaremos conlo deve ser montada uma dissertação. Há ou-


tros trabalhos que seguem a mesma estrutura de uma dissêrtação e para os quais
- com as devidas modificações - também se prestam nossos comentários. Den-
tre estes, incluem-se trctbalhos de conclusõo de curso de graduação, relatórios de

149
t-5 t
150 Estrutura e redação de uma dissertação maternatica

leitores terão um texto inteiro pela frente para entender detalhadamente


iniciação científica, monografias de cursos de especialiZação, teses de doutorado,
tudo o que você fez. Portanto, não se estenda.
relatórios técnicos e, de certa forma, artigos científicos.
Por outro lado, cuidado com os exageros: nossos conselhos não significam
um resumo de três linhas, cada uma com cinco palavras!
As principais partes de uma dissertação constituem-se de: capa com o título,
resumo em Português e, geralmente, em Inglês ou Espanhol (depende da ítea), Alguns chamam ainda o resumo de resumo analítico, sinopse, sumdrio ou
inúodução, capítulos, apêndice(s) e bibliografla. abstract. Este último é o resumo escrito em Inglês que sempre segue o
Teceremos comentários sobre cada uma dessas partes: resumo em Português apresentado nas dissertações.

1. CAPA 3. TNTRODUÇÃO
O título, seguido do nome do autor, deve ser adequadamente enquadrado Se os leitores sentiram-se entusiasmados com o título e com o resumo de
ao tamanho da capa, montada de modo que fique esteticamente agradável seu trabalho, vão querer conhecê-lo melhor. A introdução é o local onde
de ser vista e lida. Nessa atividade, leva-se em conta o tipo e o tamanho você deve dar mais informações e convencê-los da relevância do que escre-
das letras. Observe com cuidado o tamanho das letras usadas para escrever veu. É importante motivá-los para continuar a leitura aÍé o final. Eis um
o nome da universidade, o título da dissertação e o nome do autor. Esses dos motivos pelos quais torna-se importante escrever uma boa introdução.
tamanhos devem ficar adequados para, por exemplo, o nome do autor não Para guiá-lo nesse sentido, é bom se autoquestionar: Por que um leitor leria
ficar maior do que o título da dissertação. meu trabalho? O que motivaria alguém ler o que escrevi?
Recomenda-se que os cursos de graduação e pós-graduação uniformizem Na introdução, deve-se descrever o que vai ser apresentado ao longo do
essas capas, disponibilizando-as em suas páginas eletrônicas' texto, tecendo um relato geral, mas breve, do que os leitores irão encontrar.
Mesmo usando expressões técnicas, escolha um título chamativo, que re- Enuncie os resultados principais, as dificuldades enfrentadas e as técnicas
presente com fidelidade o assunto a ser apresentado. Lembre-se de que o usadas para resolvê-las. Mencione os pontos mais importantes de seu tra-
título é a primeira informação que os leitores terão de seu trabalho, po- balho, o que o diferencia dos demais, o que ele acrescenta de novo ao tema,
dendo ser decisivo pala atrairlhes a atenção e continuar a leitura, ou logo quais as técnicas principais utilizadas, etc. Nesse sentido, tome cautela para
desistir dela! Se possível, escolha um título curto, contendo o mínimo de não assustar os leitores, deixando a impressão de que a dissertação é difícil
símbolos. A sugestão também vale para os títulos dos capítuIos, das seções ou complicada.
e dos apêndices. Ao escrever a introdução, você com certeza há de falar sobre outros traba-
As primeiras letras das palavras dos títulos devem ser escritas com le- lhos. Cuidado para não se prolongar muito nos comentiírios sobre outros
tras maiúsculas, exceto artigos, preposições e conjunções que aparecem trabalhos e se esquecer de dar a devida atenção ao seu! Quanto a isso, tam-
no meio do título. bém proceda com a dose certa de entusiasmo e evite superlativos referentes
a si, pois exageros nesse sentido podem ser interpretados como ostentações
2. RESUMO
arrogantes.
O resumo deve ser curto, informativo, e deve conter os pontos importantes
Na introdução, atente para não citar fatos, conclusões ou fazer promessas
de seu trabalho, descrevendo-os sucintamente. Não escreva detalhes e nem
que não serão cumpridns posteriormente.
. se alongue. Resumo não combina com um texto longo. Contenha-se, os
156 Estrutura e redação de uma dissertação matemáúica

aos 81 anos de idade.


Infelizmente, seu nome apenas flcou marcado na história da Matemática por
uma curva cujo nome muitos sequer imaginam ser de uma mulher. É uma curva
de terceiro grau, conhecida por "Curva de Agnesi".
Para saber mais sobre as mulheres na Matemática, consulte t3l e tal.

CAPITULO 13

A indispensável revisão de um texto

"Bem, melts prezados senhores


dado o avançado da hora
errata e efeitos do vinho
o poeta sai de fininho.
(será mesmo com dois esses
que se escreve paçarinho?)"

Cacaso, na poesia Jogos Florais.


Os Cem melhores poemas brasileiros do Século,
Organização de Italo Moriconi, Objetiva, 2001.

U*u criteriosa revisão final pode melhorar substancialmente seu trabalho.


t52 Estrutura e redação de uma dissertação matemática

Além disso, informe como o texto foi organizado e dividido, descrevendo Para o texto não ficar "quebrado", é também no apêndice que vários es-
brevemente, cada capítulo. critores optam por comentar ou provff detalhes relevantes apenas mencio-

Por ser necessário dar uma ideia de todo texto, a introdução deve ser a nados nos capítulos, que ficariam deslocados se fossem provados naquele

última paÍte a ser escrita, apesaÍ de ser a primeira parte da dissertação ge- momento.
ralmente lida. Mais secretamente, é também no apêndice, que muitos. preferem colocar
alguns cálculos enfadonhos, mas imprescindíveis, de resultados usados no
4. CAPÍTULOS texto.
A dissertação deve ser dividida em capítulos, de maneira que cada capítulo
7. BIBLIOGRAFIA
contemple e desenvolva um tema específlco, escolhido segundo sua opção
e bom senso. Essa divisão deve ser feita visando um melhor entendimento Na bibliografia, devem ser dadas informações sobre todas as citações bi-
e uma melhor apresentação de cada parte da obra, bem como dela como bliográflcas que apareceram no texto. Essas citações podem ser de livros,
um todo. Com essa mesma ideia, divide-se cada capítulo em seções que de artigos, de outras dissertações, de páginas eletrônicas, etc. o objetivo é

abordem subtemas daquele capítulo. que alguém interessado consiga encontrar os textos citados. No capítulo 9,
tratamos das citações bibliográflcas com mais detalhes.
Sobre a recomendação de dividir os capítulos em seções, leve em conside-
ração que, psicologicamente, um leitor há de sentir-se mais realizado em
completar a leitura de cada seção, ao ter de ler um capítulo muito longo,
que não foi dividido e paÍece não ter fim.

É importante também dar atenção à ordem na qual os capítulos são apre-


sentados. Essa ordem pode melhorar substancialmente o entendimento e a
apresentação do texto.

5. CONCLUSÃO

Apesar de em dissertações matemáticas não ser comum, alguns trabalhos


científicos são encerrados com uma conclusão daquilo que foi estudado.

6. APÊNDICE
É no apôndice onde se disponibilizatodo material de apoio ao texto produ-
zido.

Geralmente, colocam-se no apêndice os principais resultados citados ou


usados, bem como os enunciados ou demonstrações de teoremas impor-
tantes. Após enunciar esses resultados no apêndice, deve-se fornecer as
referências a partir das quais os leitores poderão encontrá-los.
I 5.1 llstruttrt'a e rct[ltçl1tr tle ru nra cl i ssct'tltção IlratcnriÍLic:it

Comentários sobre a Íigrrra da página anterior


A inclusão unterioré unra honrcrtttgcrtr àls nrullrclcs rrrrrl,'
cla obra cla piigina
máticas. Apenas err nossos dias é qtte hít urtta procul'il rt.tr.Lior errt sc c()nll('( ('r ()
papel clas rrrulhcre:s ua Matcnriitica c na Cliência. em geral.
O texto cla pirgina arrtcli«rr Íiri escrito pela italiana Maria (laetilr)l Alrr,'sr
',,11,',1;,' lmmipüm, ffi hffi yrffi il$Iü' I* o"yt
^ Yt t' (l7lu- 1799).senrclúr,icla.uprinrcirarnulherrnaten'rírticaatct'notolie(lutlce rt',,,
#Im**fifiàHIA#AH,YA N fli i'
I

nhccinrento oficial no nreio cicntíÍico de sua época. Garota precocc c irrtcligt'rtr'


i ;i i,,ri,lr ffi W , ü ffi ff
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tevc urnn ctlucaçitcl esntcrada: làlava Latirn e Gre-uo perÍeitanrentc. alútn rlc l lt'
N{IT".ÀI{FSR ,,,ii:i braico, F-rarrcês, Alernão c lr',spanhoL
;ri',rB*Bff,,Sr:f,t$srmd,rr ;$$'wü44u1$l*,'r,
dsiJu $;1iyu"r,u,'d]f ,:
Sua reputaçao conto clel"latedora. seu conirccirnento sobre viilios ils\ur]l()\ ('

,. ,
i,,,r r,,,
T: (),i$.'{[' ffi I i ,;' a clareza dc suas ideias logo lhe dcranr lurniL. Agnesi corrheciu a Mu{cnlilit:r
modcrna rle sua época. 'finha estuclado os trabalhos clc New(on. I-cibniz. lrult'r.
rlos irrnãos Bernilulli, rlc Fermat e clc Descartes. o cluc lhe garantia respci(o r'llrt'
dava notoriedade.
Cionrpiklu. clc lbrnra didiirtica. toclo cssc conhecinrento em Lln'rir crllccilr rlt'
.{ v<rlurnes com rttais clc l(XX) páginas, chamada lns'ÍiÍtriorri ArtuliÍit'ltc utl tt.s.r,
dellu GittvctrtLi. ctt.io fuc-.sirttilc ilustra o linal dcste capítulo. Nesta tarelir. Agrrt'sr
loi alórn clo Marcluês clc l'Hospital, cujo tr-abalho collentarnos na piigirra lll.
ptris stur olrlrt aple:cnllrrlr sistr,'rttuticlrtncntc. ul.ittt clo Clilcttlo. ttiPicos tlc Alr'r'l,r:r.
Geornetria Anal ít i ca e Ecluações D i l'crenc iai s.
C) lrt,stitrt:,ionl conlinha grandc parte tla Matemírlica rccétr-criacll nurlrrt'l:r
época, err nível cle conhecimento c entertclirlcnto apcnas para os grartclcs nrlr
ternírticos europcus. Unr cornitê da Acadcrnia de Ciôncia íl'irnccsa errrcalreglrtLr
[]-§ h(tL,q M# ] }l'ü'f]ffiffiM["-Vü$(-
tlc lvrtliur lt tr§f i1. rlecllrr,rtt: "I-.ttc tntltttllt() (ttr(tt'l(ri:.tt- .tt'1t,,1'.\u(t (tt',<(tni:(tt.tt,'
*-" "ttfriffi[*d- fl]{J ü'Ít L'::fi'q[h;H:ffi"
rÍ Med h-h-ffi'
ffiffi[. cuidutlo,ytt, por suu clure:fl a precisão. I{ão ltú rrenhurrt ttuÍro livnt, (nt (luttl(lut't
u7.,*.tta [0NLI' *tà,U »S, EUgrSW$.pJ[,[ ;,,, lfuguu. qu( l)o.\.\u penniÍir uo leitrtr petl(lrur t[Ío proliuttlu ort rttltitltutt('nt('n()\
íwrn*í,::-*ffi#-ià .:r:-*'-**':l
-'"'1-' L'r»tr't,itos.fitntltuntttÍttis da Análise. Nris o L'ons'itlt'rutntt,s (()nt() o ttrtti.t t'rttttltlt'1,, ,
lrd!,
t*{*:!j::: ' ''-:--} o tnclltrtr entseu gêtteru".
trrn 1775. o trabalh«l era publicackr ern Frarrcês, 1'ror tlccisi-ul rlc trnlr ('()nu\\ir(,
tlir Acttlcnria Rcal de Ciências, da clual parlicipuvanr os rttillclrtuilicos rl'Al:rrrrlrt'rl
c Vlntlcnrrrlrttlc. Postcliornrc'rtlc Íili publicaclo cnr Ittglôs.
Ao Íirrirl tllr virlir, Agrtcsi lcz volrl tlc pohrczlr, tlivitlirr stur ltr'r'rrrrç'ir ('()nr (,',
nlris ttr'r't'ssilrrtlos. t'st'u unir'r, ittlt'r'r':st st'rilt rlltt ltttllts rlt'('ltlt't'isttto r't'ttirl:rr tl,'',
|tolrrt's t'rlollrlt':; tlt'srrt P;ttor;ttirr. 1r;rllrtllto (llrr'(r'\\iui;l (()rn \uir nr()rl('('nr | /()()
156 Estrutura e redação de uma dissertação matemática

aos 81 anos de idade.


Infelizmente, seu nome apenas ficou marcado na história da Matemática por
uma curva cujo nome muitos sequer imaginam ser de uma mulher. É u-a curva
de terceiro grau, conhecida por "Curva de Agnesi".
Para saber mais sobre as mulheres na Matemática, consulte [3] e tal.

CAPITULO 13

A indispensável revisão de um texto

"Bet4 meus prezados senhores


dado o avançado da hora
errata e efeitos do vinho
o poeta sai defininho.
(será rnesmo corn dois esses
que se escreve paçartnho?),,

Cacaso, na poesia
"/ogos Florais.
Os Cem melhores poemas brasileiros do Século,
Organização de Italo Moriconi, Objetiva, 2001.

U*u criteriosa revisão final pode melhorar substancialmente seu trabalho.


13.2 Questionário para revisar uma dissertação r59
158
A indispensável revisão de um texto

Algumas sugestões para revisar um texto


6. Atualmente, com o uso dos computadores, as correções textuais se torna-
l3.L ram mais simples de serem feitas. Simplicidade que há quinze anos nin-
matemático guém imaginava ter à disposição. Com isso, a exigência com o aspecto
estético das páginas parece ter aumentado. Convém observar esse item.
cujos pensamentos
1. Revise seu texto com a ótica de um leitor desconhecido,
que um eventual leitor vai 7. No processo de revisão, caso esteja usando o editor de textos IATpI e deseje
você não conhece. É preciso ter a percepção do
deixar uma linha em branco, abaixo de outra, para escrever as correções, in-
sentir ao ler o que você escreveu'
sira o comando def-basel-inestretchil.3) antes de
2. Noprocessoderevisão,leiaotextoquantasvezesforemnecessárias'de
begin { document }.
qualidade do
*oáo qu", após modiflcações, se dê por convencido da boa 8. Por fim, é preciso sentir o que o texto transmite a um leitor. Peça primeira-
que escreveu- É natural sentir que esse processo não
vai acabar (e como
mente a um dos amigos - de preferência, alguém que entenda do assunto
sofremoscomisso!).Tudodependedecadaescritor'masestabeleçaum para ler e criticar o que foi produzido.
que produziu e não -
limite, quando sentir-se seguro sobre a qualidade do Críticas sinceras e construtivas podem melhorar muito um texto. Outros
queira mais modificações.
olhos também são capazes de perceber viários deslizes e eÍros com os quais
revisão haver menos modificações a
Quando chegar ao estágio de a cada vocô já tenha se acostumado.
serem feitas, com certeza estará no caminho certo' A escrita pode ser considerada uma arte. Um trabalho minucioso para o
ajudáJo na revisão de
Na próxima seção, elaboramos um questionário para qual se pode gastar bastante tempo procurando a palavra mais adequada
um texto matemático. para ser usada, ou a melhor maneira de pontuar uma frase para facilitar seu
entendimento. Na verdade, em muitos casos, escrever é um trabalho paci-
3.Quandosesentirsatisfeitocomoqueescreveu,recomendamosaindaler ente, talvez, igual ao de um escultor; um ofício verdadeiramente artesanal.
vezes, pode ocorrer
o texto em voz alta. Mesmo o tendo revisado viárias
erro tenha passado Uma coisa é sempre verdadeira: um texto bem escrito é fruto de muito
e, tenha ceÍteza,quase sempre ocorre!- que algum
- trabalho, e quanto mais fácil ou agradável de ser lido, mais esforço o autor
desapercebidamente.Lembremosqueosouvidospodemdetectarfalhase
teve paÍa escrevê-lo.
imprecisõesqueescapamaosolhos'Alémdomais'aleituraemvozalta
lhedaráoportunidadedechecarcomofluiessaleitura,epoderámelhorar
seu texto também nesse sentido' L3.2 Questionário para revisar uma disserta-
4. Se possível, passe algum tempo sem ter contato com o texto' devendo'
De tanto ler um texto'
çao
então, retomar a revisão com a mente descansada.
os eÍTos' imprecisões' Segue um esquema de revisão de um texto científico, que deve ser utilizado le-
nos acostumamos com ele, e podemos nem perceber
e o quanto Podemos melhorá-lo'
vando-se em consideração as sinceras respostas dadas às perguntas a seguir. Essas
respostas devem guiar o escritor na melhoria do que escreveu.
5. omatemáticoPaulHalmosafirmouem[36]queescreviaerevisavaseus l. O texto está digitado corretamente? As expressões matemáticas estão isen-
2 Capítulo
de forma espiralada: Capítulo 1; Capítulo 1 e Capítulo ;
livros tas de enos'/
1,.Capítulo 2 e CaPítulo 3, etc.
160 A indispensável revisão de um texto I3.2 Questioniário para revisar uma dissertação túl

2. As equações estão devidamente numeradas? Há equações enumeradas e 16. Conclua com uma análise global. O trabalho final corresponde àquilo quc
não referenciadas? você tinha em mente? Senão, ficou a dever ou f,cou melhor?

4
As referências e citações bibliográflcas foram devidamente checadas se es- 17. De 0 a 10, atribua uma nota a seu texto.
tão corretas? A mesma pergunta vale para desenhos, diagramas, tabelas,
etc.

4. Cada item da lista bibliográflca está escrito corretamente? Nome do autor,


nome da obra (sobretudo se forem escritos em língua estrangeira), número
das páginas e o ano da publicação foram checados?

5. As notações e as definições usadas estão coerentes com o texto e estão


corretas? Foram devidamente explicadas?

6. Há deflnições ou notações dispensáveis?

7. A gramática, ortografia e pontuação estão corretas? As palavras foram


usadas com seu real significado?

8. O que foi escrito corresponde justamente ao que você gostaria de expres-


sar?

q. Leia o trabalho em voz alta, checando a fluidez da leitura.

10. O texto está convidativo? A introdução é suficientemente chamativaparu


estimular que se leia o restante do trabalho?

i1. O título do trabalho e os nomes dos capítulos indicam realmente aquilo que
foi tratado em cada uma dessas partes? Esses títulos despertam o interesse
do leitor?

12. Há frases ou parágrafos, desnecessariamente, muito longos?

13. Há palavras que podem ser cortadas, frases que podem ser suprimidas, sem
alterar a boa apresentação e o bom entendimento do texto?

14. As ideias estão bem expostas?

15. Os argumentos e as demonstrações estão corretas? Todas as hipóteses ne-


cessárias foram devidamente apresentadas?
t62 A indispensável revisão de um texto 13.2 Questionário para revisar uma dissertação 163

Annals of Mathemalics,142 (1995), 443-551


Comentário sobre a figura da página anterior
O advogado francês Pierre de Fermat (1601-1665) tinha a Matemática comtr
hobby, o que não o impediu de fazer importantes descobertas científlcas. Ao ler
o livro de Diofanto de Alexandria (c.Sec.I[), na parte em que Diofanto estuda o
Modular elliptic curves Teorema de Pitágoras, Fermat escreveu nas margens do livro o texto em Latim
and citado no começo da flgura anterior. Nesse texto, com a linguagem da época, ele
Fermat's Last Theorem afirma que, para n ) 3, a equação frn + yn : zn 11ío possui solução inteira
não nula r)A e z. Nas duas últimas frases, Fermat diz "descobri uma demonstra-
By Auunew Wrr,ps*
ção realmente admirável para este fato. Porém a morgem é muito pequena para
contê-la" . O resultado enunciado por Fermat ficou conhecido como o Último Te-
For Nad,a, Clare, Kate and, Oliai,a
orema de Fermat. Essas frases do advogado-matemático, de aspecto pueril, uma
Cubum autem in duos cubos, aut qtadmtoquadrahtm in duos quadra- pérola memorável da antologia da literatura matemática, escondiam uma enorme
toquad,ratos, et generaliter nullam in infini,tum ultra quailratum sutileza, que só o tempo havia de revelar. Devido à sua fácil compreensão e à
potestatem in d,uos ejwilem nominis fas est iliuid,ere:
çujus rei dificuldade em prová-lo, o Último Teorema de Fermat caiu no gosto popular. Ao
d,emonstrationem mirabilem sane detexi, Hanc marginis exi,guitas
non caperet, longo dos anos que se seguiram e ao insucesso de centenas de pessoas, inclusive
Pi,erre de Fennat de renomados matemáticos, o problema plecisaÍia que muita matemática fosse
desenvolvidapara ser resolvido, e isso só ocorreu em 1994, quase 350 anos após
Introduction ter sido enunciado. Coube ao inglês Andrew Wiles (1953- ) provar o Último
Teorema de Fermat, usando uma matemática bastante elaborada, bem distante da
An elliptic curve over Q is said to be modular if it has a finite covering by
usada em centenas de infrutíferas tentativas anteriores. Ainda hoje, várias dessas
a modular curve of the form Xo( f). Any such elliptic curve has the property
that its Hasse-Weil zeta function has an analytic continuation and satisfies a tentativas, feitas principalmente por amadores e apaixonados pela Matemática, in-
functional equation of the standard type. If an elliptic curve over Q with a satisfeitos com o desfecho dessa história e fascinados pelo teorema, continuam a
given j-inva.riant is modular then it is easy to see that all elliptic curves with
aparecer amiúde. Mesmo sem compreendeÍmos a Matemática do texto (isso vale
the same j-invariant are modular (in which case we say that the j-irwariant
is modular). A well-knorvn conjecture which grew out of the work of Shimura ao menos para os não especialistas no assunto), percebe-se que Wiles, na intro-
and Taniya,ma in the 1950's and 1960's asserts that every elüptic curve over Q dução do seu artigo, dá-lhe um tom quase didático: faz uma introdução histórica,
is modular. However, it only became widely known through its publication in a na sexta lluthafaz uma definição, na décima linha faz uma gracinhal, deixando
paper of Weil in 1967 [W"] (* an exercise for the interested reader!), in which,
moreover, Weil gave conceptual evidence for the conjecture, Although it had
um exercício para o leitor, e assim continua... Suas frases são bem elaboradas,
been numerically verified in many cases, prior to the results described in this curtas, enxutas, diretas. Dentre aS centenas de milhares de resultados provados
paper it had only been known that finitely many j-invariants were modular. anualmente em revistas científlcas, Wiles tinha certeza de que seu artigo ficaria nu
In 1985 Fley made the rema,rkable observation that this conjecture should
história da Matemática. E caprichou ao escrevêlo!
imply Rrmat's Last Theorem. The precise mechanism relating ühe two was
formulated by Serre as the e-conjecture and this was then proved by Ribet in lNo artigo, dependendo da dificuldade do exercício proposto pua o "leitor intcrcs-
the summer of 1986. Ribet's result only requires one to prove the conjecture
for semfutable elliptic curves in order to deduce Fermat's Last Theorem. sado"n essa "gracinha" pode muito bem ter sido uma gozaçáo, bem hulnorada, clarol
Bem, convenhamos, depois de seu feito, Wiles tinha o direito de fazer a gracinhu quc
*I'he work on this quisesse!
l»per wro supported by an NSF grant.
164 A indispensável revisão de um texto

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Agnesi o que são, 113
t36l NORMAN E. STEENROD, PAUL R. HALMOS, MENAHEM M. SCHIF- curva de, 156 Clareza, rigor e formalismo, 4
FER and JEAN A. DIEUDONNÉ (1973) . How to write Mathematics. Ame-
Maria Gaetana, 155 Comece a escrever já, 3
rican Mathematical Society. al-Khwarizmi, 135 Como chamar as funções, 39
Alfabeto grego, 84
l37l JOHN STILLWELL (2010). Mathemntics andits History. Springer-Verlag. Como queríamos demonstrar, 105
Analogamente,52
Concisão, l7
t38l FRANK J. SWETZ (1995). From Five Fingers to Infinity, A Journey th- Apótema,62
Condição necessária e suficiente, 98
rough the History of Mathemalics. Open Court. Apolônio, 108, 140
Condição versus propriedade, 37
Arquimedes,33,47, 108
Congruentes versus iguais, 40

Ba:row, 108 Conjunções adversativas, 5 I


Bernoulli, 131
Conjuntos e elementos, 8l
Bibliograf,a Contribuição romana para a Matemáticu,
o cuidado ao escrever, I 18 137

c.f.,125 Definições matemáticas, 87


Citações bibliográfl cas como fazer as, 88
abreviações de jornais, I 20 confundidas como teoremas, 89
de artigos, I 17 cuidado ao usá-las, 94

169
INDICE REMISSNO 171

Marquês de L Hospital, 131 Palavras importantes, 42


deixá-las claro,90 Estender e extensão, 63
Modificar o estilo, 20 Palavras repetidas, 18
devem ser seguindas Por exemPlos, Et al.,127
Motivação do texto, 6 Papiro Rhind, 13
90 Etc,126
Etimologia, 134
Mulheres na Matemática, 155 Pitágoras, l4l
e apalavraportanto, etc., 88
Mutatis mutandis, 128 Pitagóricos, 141
e o se, e somente se,92 Euclides, 22, 37, 69, 138
PlaÍáo, I47
estilo de redação de,92 Eudóxio,47 Número versus algarismo, 41
Porcentagem e concordância, 58
explicitadas por símbolos, 93 Euler, 13 1 Números fracioniários e concordância,
Porcentagem e percentagem, 63
uso das, 88-90 Expressões latinLas, 124 58
Posição de uma palavra na frase, 2l
Demonstrações matemáticas Napier, 142
Fermat Processo de produção do texto, 4
como enceÍrá-las, 106 Newton, 108
O último teorema de, 163 Pronome pessoal e Matemática, 22
como redigir,102,103 Notação para portanto, 83
Pierre de, 163
e a tese, 105 Notações,71 Q.E.D, 106
Fluência de um texto, 5
e as hipóteses, 103 a sedução das,73 Quebrar expressões matemáticas, 28
Frases longas, 16
e casos particulares, 104 comofazer as,72
e o cuidado com alguns termos, 105 consagradas, 80 Raízes versus zeros de função, 38
Grafi a de funções trigonométri cas, 62 Referências
longas, 104 escolher a melhor, 78
Grau de polinômio, 39 como chamá-las, 110
o que são, 101, 102 explique-as,75
ou provas, 102 o cuidado com o uso das, 76 como escrever, 111
Halmos, 158
parecidas, TT confusas com o texto, I 11
por absurdo, 103
l. e.,126 uso das,72,82,84 de teoremas, 112
por passos, 104
Ibidem, 128 uso de símbolos e palavras, 74 o cuidado ao citar, 111
Dissertação matemática, 1 50
ln,I27 Notas de rodapé, o que são, 1 10
como revisar uma, 158 11
Regência verbal e nominal, 35
dividir capítulos de uma, 152 Incógnitas versus variáveis, 38
O cuidado com o Português, 9 René Descartes, 136
questioniírio Para revisar, 159 Ipsis litteris, 127
O cuidado com um texto confuso, 8 Rimas no texto, 19
revisãoeoIAEX, 159 Ipsis verbis, 127
O verbo ter naMatemática,36 Roma antiga, 138
apêndice, 152 ISBN, 120
Operações e seus resultados, 41
bibliografla, 153 ISSN, 120
Orgaruzaçáo lógica de um texto, 8 Símbolos e acentuaçáo, 27
capa, 150 Sentenças condicionais, 25
Leibniz, 131 Os Elementos,22,3I,69
conclusão, 152 Sentenças implicativas e condicionais,
introdução, 151 Liber Algorismi, 136
Palavra zero e concordância, 57 98
resumo, 150 Linguagem inadequada, 7
Palavras conclusivas, 50, 51 Sic, 129
Linguagem matemática versus lingua-
Palavras desnecessiírias, l7 Sofisma,62
E. 9.,125 gem coloquial, 53
Palavras formadas por prrfixos, 66 Somatório,63
Errata,126 Loc. cit., 128
172 ÍNDICE REMISSNO

Teorema de Pitágoras, 31, 34 do portanto,50


Teoremas do que e do se, 19
como enumerar, 101 do se, e somente se,26
(contínuaçd,o d,os título s publicados)
do advérbio onde,44
como enunciar, 98 . Tópicos Matemática Elementar - volume 6 - Polinômios - A. Caminha
d,e
do hífen, 64 .
e a bicondicional, 99 Treze Viagens pelo Mund.o d.a Matemôtico - c. correia de sa e J. Rocha (editorog)
e sentenças equivaientes, 100 do ponto e vírgula, 80 . Como Resoluer Problemas Matemáticos - T. Tao

hipóteses e tese de, 98


do sufixo iano,62 . Geometria em sala d.e Aula - A. c. P. Hellmeister (comitê Editorial da RPM)
dos quantiflcadores, T9
o que são,97 COLEÇÃO PROFMAT
tipos de, 100
Yerbatim,127 .
Texto e o público-alvo, 5 Introd.uçã.o à Álgebra Linear - A. Hefez e C.S. Fernandez
Yide,l29 . Tópicos de Teoria d,os Números - c. G. Moreira , F. E Brochero e N. C. Saldanha
Textos científlcos latinos, 137
. Polinômios e Equações Algébricas' A. Hefez e M'L' Villela
Traduções científi cas latinas, 47 Wiles . Tópicos d,e Historia d.e Matemdtico - T. Roque e J' Bosco Pitombeira
Andrew, 163 . Recursos Computacionais no Ensino d,e Matemdtíco - V. Giralilo, P. Caetano e F.
Uso eo último teorema de Fermat, 163 Mattos
da palavraÁmbos,56 seu estilo de redação, 163 . Temas e Problemas Elementares - E. L" Lima, P. c. Pinto carvalho, E. wagner e

dapalavra iterar,63 A. C. Morgado


. Números e Funções Reais - E. L. Lima
davírgula,26
. AritrÍtético - Abramo Hefez
da voz ativa,Zl . Geometrio - A. Caminha
das exPressões Condição necessd' . Auatiaçd.o Educacional - M. Rabelo
ria e suficiente,56 . Matemó.tica Discreta ' A. Morgado e P.C.P. Carvalho
das palavras interseção e intersec-
C OLE ÇÃO I N ICIAÇÃO CIEN TÍFI CA
tar,42
das palavras de qualquer e quais- . Números lrcacionais e Tran'scend,entes - D. G. de Figueiredo
quer,57 . Números Racíonais e Irracionais - I. Niven
de Isto é e ou seja,52 . Tópicos Especiais em Álgebra - J. F. S. Andracle
de tal que e tais que,57
COLEÇÃO TEXTO S UNIVERSITÁRIOS
de Com e.feito e de fato,5l
de abreviações, 10 . Introd.uçd,o à Cornputaçõ.o Algébrica com o Maple- L' N' de Andrade

de artigos, 54,55 . Elementos de Aritmética - A. Hefez


de exPressões imPortantes, 44 . Métodos Matemó'ticos pa.ra a Engenhq,ria - E' C' ile Oliveira e M' Tygel

de quantidades, 53
. Geometria Díferencia,l d,e Curuas e Superfícies - M' P' do Carmo
. Matemó,tica Discreta - L. Lovâsz, J. Pelikán e K' Vesztergombi
de terminologia adequada, 6
. Átgebra Línear: Um segundo Curso 'H. P. Bueno
do +,82 . Introd.uçd,o às lru.nções d,e uma variá,uel complexa - c. s. Fernandez e N. C.
do ou,57 Bernardos Jr.
n.DsBM
(continuaçdn d,os títulos publirados)
. El.ementos d,e Topolngia Geral - E. L. Lima
. A Construçdn dos Números - J. Ferreira
. Introduçãa à Geometria Projetiua - A. Barros e P. Anclrade
. And.lise Vetorial Clássica - F. Acker
. Funções, Lirnites e Continuidade - P. Ribenboim
. Fund,amentos d.e Andlise Funcinnal - D. Pellegrino, E. Teixeira e G. Botelho
. Teoria dos Núrneros Transcendentes - D. Marquez
. Introd.uçãn à Geometria Hiperbólica - O modelo de Poincaré - P. Anüade

COLEÇÃO MATEMÁTI CA APLICADA

. Introd.uçd,o à Inferência Estatística- H. Bolfarine e M. Sandoval


. Discretiza4fu d.e Equações Diferenciais Parciais - J. Cuminato e M. Meneguette

colÜÇÃo oLIMHÍADAS DE MATErtt ÃTrcA


. Olimpíad,as Brasileiras de Matemática, la a 8a - E. Mega,
R. Watanabe
. Olimpíad.as Brasileiras d,e Matemdtica, 9a a 16a - C. Moreira, E. Motta,
E. Tengan, L. Amâncio, N. C. Saldanha e P. Rodrigues
. 21 Aulas d,e Matemó.tica Olímpica - C. Y. Shine
. Iniciaçãa à, Matemá,tica: Um curso com problemas e soluções - K. I. M. Oliveira e A.
J. C. Fernríndez

CoLEÇÃo FRoNTErans DA MATEMÁTnSA

. Fund.amentos d,a Teoria Ergód.ica - M.Viana e K. Oliveira

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