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Manual de Redação Matemática
Manual de Redação Matemática
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Oonro cstruturar uma dissertaqáo de íinrrl rlo crtrxu ou (lF tnetürillu'f
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Daniel Cordeiro de Morais Filho
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lrrt'rdito cm Língua Portuguesa, este munurrl (r irrdlcndo pirâ ttxlur
r;uc dcscjam aprender ou aperfeiçoar sou ost,ilo (lrr írrlfÊyar glfuÍn
t,cxt«r matemátic<1. De maneira direl,u, com dicrtrr rlmlllor ê rul,ll
humor, o leitor é levado a
aprender vítrirrx l,rlcttltrg: tle tttttm
cxprossar, da melhor forma possível, suurq rrlrrllli rrul uln l,Êr[u
mrrtcmático.
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Assessor Editorial
Tiago Costa Rocha
Comitê Editorial
Bernardo Lima F.d
ffi s
Djairo de Figueiredo FJ-'t
llonaldo Garcia ( Editor- Chefe)
Josó Espinar ffi
José Cuminato
SÍlvia Lopes
r/fr'
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Capa .4"§
Pablo Diego Regino
Distribuição e vendas
(__),*
Sociedade Brasileira de Matemática
Iistrada Dona Castorina, 110 Sala 109 - Jardim Botânico
22460-320 Rio de Janeiro RJ M
rJ
'IbleÍbnes: QD 2529-5073 I 2529-5095 ')
http://www sbm.org.br / email:lojavirtual@sbm. org.br '\
kâr
I SRN 9978-85-8337 -019-2 X
I,,I(iIIA CATALOGRÁFICA PREPAN"ADA PELA SEÇAO DE TR"A.TAMENTO
I )A tN I-'()ITMAÇÁO DA BIBLIOTECA PROFESSOR ACHILLE BASSI _ ICMC/USP ftJ
IStsN 9978-85-8337-019-2
1. Texto matemático. 2. OrtograÍia na matemática. 3
lledações de tcoremas. 4. Notaçircs o s()u llso. I. Tíüulo
n|"sBM
colrÇÁo no I,RoFESSoR DE MATEMÁTtcA
nãsBM
cotuÇÃo Do PRoFESSoR DE MArsruÁrucd
. Logaritmos - E. L. Lima
, Anó,lise Combinatória e Probabilid,ade com as soluções dos exercícios -
A. C. Morgado, J. B. Pitombeira, P. C. P. Carvalho e P. Fernandez
, Medída e Forma em Geometría (Comprimento, Área, Volume e Semelhança) -
E. L. Lima
, Meu Professor de Matemd,tica e outre.s Histórias - E. L. Lima
, Coordenad,as no Plano com as soluções d,os exercícíos - E. L. Lima com a
colaboração de P. C. P. Carvalho
, Trígonometria, Números Complexos - M. P. do Carmo, A. C. Morgado e E. Wagner,
Notas Históricas de J. B. Pitombeira
. Coord,enadas no Espaço - E. L. Lima
. Progressões e Matemótica Financeiro - A. C. Morgado, E. Wagner e S. C. Zani
, Construções Geométricos - E. Wagner com a colaboração de J. P. Q. Carneiro
, Introduçõ,o à Geometría Espacial' P. C. P. Carvalho
, Geometria Euclid,iana Plana - J. L. M. Barbosa
. Isometrías - E. L. Lima
, A Matemó,tica do Ensino Méd,io Vol. I - E. L. Lima, P. C. P. Carvalho, E. Wagner e
' A. C. Morgado
. A Matemática do Ensino Médío Vol. 2 - E. L. Lima, P. C. P. Carvalho, E. Wagner e
' A. C. Morgado
, A Matemdtica do Ensino Médio Vol.3 - E. L. Lima, P. C. P. Carvalho, E. Wagner e
. A. C. Morgado
, Matemó,tica e Ensino - E. L. Lima "Vanitas vanitatum et omina vanitas."
, Temas e Problemas - E. L. Lima, P. C. P. Carvalho, E. Wagner e A. C. Morgado "Vaidade das vaidades, tudo é vaidade."
, Episódios d,a, História Antiga d,a Matemó.tica - A. Aaboe Eclesiastes l:2, na Vulgata de São Jerônimo.
, d,e Matemática - E. L. Lima
Exa,me d,e Textos: Anó,lise d,e liuros
, A Matemdtica do Ensino Medío Vol. 4 - Exercicios e Soluções - E. L. Lima, P. C. P.
Carvalho, E. Wagner e A. C. Morgado
, Construções Geométricas: Erercícios e Soluções - S. Lima Netto
, llm Conuite à Matemátíca - D.C de Morais Filho
, Tópicos de Matemótica Elementar - Volume 1 - Números Reais - A. Caminha
. Tópicos de Matemátlca Elementar - Volume 2 - Geometria Euclidiana Plana - A.
Cnminha Este livro é dedicado a Dona Júlia Augusta Pinto de Morais, professora
. Tópicos d,e Matemótica Elementar - Volume 3 - Introd,uçã.o à Aná,lise - A. Caminha
primiária, que ensinou a matemática da vida na simples lição de dividir o
, 'l\ípicos de Matemática Elementar - Volume 4 - Combinatória - A. Caminha
, - amor em seis paÍtes iguais!
'l'(tpicos d,e Matemó,tica Elementar Volume 5 - Teoria d,os Números - A. Caminha
Ese.--
Sumário
Prefácio
bib-....:.,-
§IIMÁRIO SIIMARIO
4.2 A diferença entre o uso de certas pirlrrvrirs nir Mrrlr'rnrlticrr 11.1 Dicionário etimológico-explicativo da Matemática . 134
e na linguagem coloquial 53
4.3 O uso dos artigos 54 L2 Estrutura e redação de uma dissertação matemática 149
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Prefácio
Er---.
l'n'liici«r PreÍãcio
Iri ( o.fh,scacla." l21l fórmulas, dar respostas corretas ou mesmo ter ideias geniais para resolver
li talvez, em dúvida, tenha decidiclo: problemas. Em geral, já antes de entrarem na universidade, os alunos são
Pttr isso tomei a tlecisão cle ajutlur () (nt('tttlitnt'nttt rltt lt'tlttt t't,nt uttt(t
"
solicitados a redigir mertemática, e muitos não sabem corno proceder, pois
irrtnxlu.ç'[io a mai,ç clara possível a esÍu obtu." l.) ll ninguérn os ensinou.
As palavras de Kepler são a maior pr'()vl tlt'rlrrt'('\pr('ss;u r'n'tligir Seguramente, os iniciantes terão mais facilidade com o tema quanto
ttttt resultado matemático é tão importantc c tkrrlrrrrl:r t:rnlo cslorço t;rurnttr mais cedo se dedicarem a ele. Para este fim, alguns livros tên-r sido escritos
sul-rcr ou desenvolver a Matemática que está nclt'. em outras línguas, e o assunto chegou a tornar-se disciplina em universida-
Certamente os leitores hão de concorclar'(1r('nr('snro rrs lrols itlcilrs, des estrangeiras. Em nosso país, a preocupação de como ensinar a escrever
tluando expressas de fonna incompreensívcl, pcltlt'nr s('u v';rlor. (-)rrt'rrr os- um bom texto maternático, caso ainda não faça parte da prática didática do
crcve bem se comunica com facilidade, tern nrr:llrort's clr;rnt't's tlt' ;lrcpurar prof'essor, deve aparecer como terna indispensável em disciplinas introdu-
bous alulas, além de ser um requisito imprescirrrlívt'l plrr;r solit'illrr lrolsas tórias.
tlc cstudo ou de pesquiszt, pedir Íinanciamento rlc proit'los. prrlrlit'ru'irr-(i- Pelos motivos apresentados, e pela Íalta de um texto sobre o tema em
gos, ter êxito em concursos, etc. língr.ra portuglresa (até onde nos consta!), prepartunos este peqLleno ma-
Qurando se escreve, melhora-se a convicção nos prripr ios ;rr1-r,rrnclrlos, nual. Ele complementa o texto [5], onde apresentamos a parte bírsica da
:rl)ura-se o raciocínio, e é quando podem surgir novls irlt'irrs. llscrc:vcr é Lógica, usada na Maternática.
uttut maneira de pensar, de organizar o qLte se clesc.jl conrrrrrit'lrr'. Ao cscre- Independentemente do grau acadêmico dos leitores, cada um, de acordo
vct', ttit<t é incomum surgirem ideias inesperadas. Oultrs v('z('s, rlrrirndo se com suas necessidades, poderá tirar proveito deste manual: o estudante
rerligc descobrimos erros nos raciocínios que jurírvarrros t'slru'r'orrr:los. olímpico, o aluno pré-universitário ansioso por escrever a solução de um
Prof'essores e alunos necessitam perceber a imp«rltânc'ilr tllr pnilic:r de exercício, o prot'essor preocupado em preparar sLlas aulas, os prof-essores
('scrcver no processo de ensino e aprendizagem da Mlrtcrrriiticir. Slrhcr cx- do PROFMAT, os apreensivos em escrever dissertações de final de curso
l)r'cisar as ideias de fbrma escrita é uma das ferrantcntls rlitkiticlrs hiisicils ou de mestrado, dentre tantos outros.
rctprcriclils de um docente. Além do mais, praticar a cscrilu i' urrr cxr:clcnte O livro foi propositadamente dividiclo em capítulos e seções curtas.
t'xcrcício cle Lógica. Não há como fugir dessa realiclaclc. Algr"rrnas citações Íbram extraídas da página eletrônica do Mathematical
lirríirn, é importante saber escrever para comLlnicar as idcias conr eÍi- Quotation Server:
c iôncia. http : / /maLh. furman. edu/-mwoodard/mquot . html,
l{c:crtnhecemos: escrever qualquer texto, inclursive os de Matern/rtica, (consultada em janeiro de 2014) mantida por Mark R. Woodard, e rever
ruur ri unra lareÍa imediata que se aprende do dia para a noite. O sucesso tidas para o Português pelo autor; outras vieram de Itl], e as detnais, cla
rlc n'tligir l-rcrn clecon'e do acúmulo de experiências ato longo dos anos, da Literatura Brasileira ou da Cultura Popular. As ref'erências [33] e [2], apr:-
pr:rlir'rr t'orrslitrrlcr c cle muitn observação de como os bons autores escrevent sar de não citadas, Íbram consultadas e merecem constar na Bibliograíia.
'.r'tt', lr'\los. As ilustrações dos livros apresentadas no decorrer do texto lirrant rc-
lrlru rrrt'rrlr', r":trl:r vcz rnitis cedo, nossos estudantes estão percebendo tiraclas da Internet. Já os comentários sobre essas ilustrações Íirrartt tros-
, l'11, r ,l,r l\ l,rlrttt.tlrt';t cohnu'-lhcs Inais clo clule sirnplificar expressões, Ltsar sos, rla percepçlxl c;ue tivemos sobre cada uma clelas. É urn trtotlcslo ;xts
llr"cl6cio
seguintes colegas: Prof. Francisco Júlio Sobreira clc Allri.io ('urt'On, pelas
sugestões e por nossas prazerosas conversas; Proí'. lirrg. ('tlso l{«rzendo
Bezerra Filho e Prof. José Urânio das Neves, nosrio grnrtrlr,r rt'tcs[re, pelas
sugestões.
Escrever um livro desta natureza causa uma angústiu iulirriortitl t qual-
quer escritor, pois se teme cometer os effos que ensinautos cvilur. Com
cefÍeza, por mais cuidadosos que fomos, e por mais tcrnpo clttc gitstanros
Como se escreve um texto
revisando incansavelmente este manual, devemos ter tropcçr(lo, clado es-
corregões e cometidos eÍros. Por esse motivo, sugestircs c colahtlrações,
matemático | -
ts quais previamente agradecemos, devem ser enviaclas panr o onclereço:
danielGdme . ufcg. edu. br
Muito obrigado, um abraço fraterno a todos, bom provcito!
" Qualquer coisa pode se tornar tão simples quanto possível, mas
não mais simples do qwe são."
"Ele é conlo unta raposa que apog,a suas pagtrdu:; tttt trn'itt (t)ttt u escrever, imediatamente !
não estará por perto para esclareccr-llrcs algulna pir;sagem mal es- ser lido e possa atrair a atenção e o interesse dos leitores. Essas
crita ou mal explicada. Não vale a dcsculpa poslcrior: "Ah, mas o qualidades referem-se, inclusive, a um texto extremamente técnico,
que eu queria dizer com isso eru...". Ao cscrcvcr, niul desperdice a por que não?
oportunidade de expressar o que dese.ia, c ccrtiíic1uc-se de que isso
realmente ocorreu. Na maioria das vezcs, nho lui unra scgunda opor-
5. Um ponto merecedor de destaclue é que a linguagem a ser utilizada
deve se adaptar ao público para o qual você está se dirigindo. É pre-
tunidade.
ciso haver interação, e aí entra a sensibilidade do escritor em com-
2. No processo de produção de um texto, é esscnciul ;rcrccber que pode preender os limites e explorar as possibilidades de seus leitores. Uma
haver uma diferença muito grande entre os scguirrlcs olementos: coisa é escrever um texto cle clivulgação científica para não especia-
(a) o que você pensa; listas ou para alunos do Ensino Módio, outra é escreveÍ uma disser-
(b) o que deseja expressar; tação de mestrado, uma tese de doutorado ou um artigo científico.
Essa distinção deve basear-se, principalmente, no tipo de motivação
(c) o que você escreveu;
a ser empregada e no quanto de rigor e formalismo que podem - ou
(d) o que os leitores vão entender do que está escrito. devem - ser usados em cada caso. Cada um desses públicos posslri
Fazer esses elementos serem uma única coisa é um dos requisitos características especííicas e o escritor deve saber aproveitá-las para
essenciais da arte de bem escrever. construir seu texto e atingir seus objetivos.
Nesse sentido, é necessário buscar a clareza e firrnccer aos leitores Esse item nos fzrz lembrar a história real de um insensível prof-es-
condições para entendeÍem, cle fàto, o qlle o escritor cluer transmitir. sor da universidade qLle, na primeira aula da disciplina de Cálculo
Em textos científlcos (e talvez em todos os outros), não é permitido introdutório para uma turma de calouros, referia-se ao conjunto dos
ao escritor outra alternativa. números reais como a:
-1. Para construir um bom texto matemático, deve-se buscar algumas ". .. vrtriedade unidimensional não compacta. . . "
c1 u al idades espec ífi cas exigi das pela Matem átrca; c I are za, c onc is ão, Realmente, um mau exemplo. Assustava qualquer um.
rigor e formalismo necessários requisitados tanto pelo tema quanto
pelo público alvo. Nessa busca, há sempre questionamentos se escre- 6. Sobre o formalismo - e, em alguns casos, nossas palavras também
veu-se em demasia ou se f,cou faltando explicar mais detalhadamen- se aplicam para o rigor - parece valer a seguinte comparação: for-
tc alguma passagem. Em relação a essas dúvidas, aprâtica, o tempo, malismo é como uma roupa, fica desconfortável se muito apertada
a observação e o bom senso são auxiliares indispensáveis para chegar ou se muito folgada!
lo ccluilíbrio necessário. Até chegar nesse ponto, é preciso ter um já dissemos, é importante motivar os leitores. Essa motivação
7. Como
l)ouco de paciência.
deve ser honesta, isso não significa, simplesmente, chamar os resul-
Á t Irrrcsclitor clcve sempre objetivar a construção de um texto, cuja tarclos que você vai apresentar de interessantes ou importante.s, seln
lcilrrt'l ílttir cotn Íacilidntle, cscrito em estilo agradável, gostoso de rnaiorcs razões ou explicações. Os leitores devem ser informados do
('rrilril,!r |rr lt \r ililt lr'\lrr tttttlt'nt;iliCil I
- l.l Considerações gerais sobre uma boa redação matemática
l'cal ntotivo cle c:ct'tos t('srll;r(hr', lt'tr'lll u It ttllr';r11r (lr's('tr'tll ttssim "Prolongando o raio até a extremidade da
dcnominados. circunferência encontramos seu diâmetro."
Pttr exemplo, ct)ttcortlctuos t;rrr', ,urlr", rl'' ,rprr",r'nliu ir lt'ol ilt clc sis- Encerramos os mal exemplos com uma frase extraída de um com-
lemas de equações lincrur's. irl)('n.r', (",r rr'\r'r nnrir ltrt:,r'tlo (iptl: pôndio de preparação para o antigo Exame de Admissão, publicado
"O estudrt dos sisterntl,s'tlt't'rIt,t1.,,,'.r lttt,',ttt'\ t'tttlltlt, ttttlr()t'l(tn,te na em 1941:
Aincla contendo esses defeitos, veja as frases reais a seguir. extraídas, 12. Evite redigir um texto confuso, desorganizado, difícil de seus leito-
lcspcctivanrente, de uma prova e de uma enciclopédia de Matemá- res lerem, de compreenderem os símbolos matemáticos ou as equa-
tica.
ções; enfim, um texto velado, precisando ser decifrado para ser en-
"() r'r,rrl to rlrt ;.tl;rnr>-" lcnrliclo. Inl'elizrnente, essa é a descrição fiel de algurnas provas c
fufq.,.$q Sjlgtçy!_Uln tgxto matemático J 1.2 Algumas considerações técnicas
redações que os professores são obrignclon u corrigir. Concordemos Infelizmente, encontram-se effos crassos de Português em provas,
ser desanimadora a leitura de um tcxto cscrito dersu maneira. dissertações, teses, etc. Há quem pense, pelo fato de estar fazendo
uma redação científica, principalmente uma redação matemática, ter
Nunca esqueça: seus leitores já vão tcr o t,rnbalho de entender a ma-
a permissão de não usar vírgulas, de esquecer a pontuação, de des-
temâtrca que você quer expressar. Mais umü voí, não complique as
prezar as regras da concordância verbal, as regras de acentuaçáo, a
coisas para eles ! Os leitores querem um tcxtu ctrpue de compreender
ortograf,a, etc. Mesmo que alguns relutem em admitir, todas essas
e não um quebra-cabeça! Esse recado tornu-sc purticularmente inci-
norÍnas existem para expressar as ideias mais claramente. Não usá-
sivo se algum de seus leitores for um dc scus prol'essores ou alguém
las é correr o risco de não entenderem o que você escreveu. Não há
que o julgará pelo que você escrever.
alternativa.
13. Complementando o item anterior, prirne pela organização lógica das Há várias gramáticas existentes no mercado para ajudá-lo nesse sen-
ideias. Deve-se encarar a construção de uma redação matemática tido.
como um dos melhores exercícios de Lógica. É scmpre recomendá- Nos Capítulos 3 e 4, daremos algumas dicas da Língua Portuguesa,
vel ter em mente o esquema: introdução, desenwtlvimento e conclu- específicas da linguagem matemática.
sdo. Esse esquema deve ser levado em conta para o texto como um
todo, como também parucadaparte dele. 2. Caso tenha dúvidas quanto à grafia, ao uso, ou ao signiflcado de
alguma palavra, não arrisque, recolTa depressa a um dicionário ou a
14. Em geral, as ações para construção de um texto sá<>: planejaf escre- uma gramática. Quando usado convenientemente, um dicionário é
ve4 revisar; re-escrever, planeja4 escrever revisar re-escrevef etc. um flel companheiro de um escritor. Uma gramática normativa e um
Essas ações não devem ser tomadas, necessariamente, nessa ordem, bom dicionário de sinônimos e antônimos também auxiliam muito.
tampouco de uma única vez. Busque e encontre sua própria metodo- No Capítulo 5, estudaremos algumas palavras usadas na Matemática
logia de escrever, repetindo e explorando cada uma delas. que causam muitas dúvidas em relação às suas grafias.
1.2 Algumas considerações técnicas ou expressões. Caso deseje estabelecer a abreviação de uma palavra
ou de uma expressão, o faça na primeira vez em que ela aparecer no
l. Em primeiro lugar, escreva corretamente o Português, respeitando texto. Para isso, escreva a palavra ou a expressão a ser abreviada,
as regras gramaticais da nossa Língua. Só poderá obter sucesso ao seguida da respectiva abreviação entre parênteses.
escrever quem conhece o mínimo necessário da língua usada para se Por exemplo: "Definimos o máximo divisor comum (m.d.c) de dois
comunicar. Não há Ciência no mundo capaz de suportar um texto números inteiros nL e n como o maior número inteiro que os divide."
conr crros gramaticais. Erros dessa nafifieza põem em risco a cre-
tlihilidude de um escritor, por mais especialista em qualquer assunto 4. Não utilize abreviações indevidas - a menos que sejam abreviações
ulonlílico, E creia, isso realmente ocorre! já consagradas, on previamente convencionadas -, pois pode ocorrer
l0 Como se escÍeve um texto matemático -I 1.2 Algumas considerações técnicas ll
do eeus leitores não as conhecerem. Além do mais, estamos falando 7. Geralmente, não são aceitas notas de rodapé em artigos científlcos
de um texto acadêmico, bem diferente da linguagem de Internet, por matemáticos.
oxemplo, sempre repleta de abreviações. Evite:
2.L O cuidado com a estruturação das frases xos; lembre-se de uma linha lógica de raciocínio que um texto deve
seguir.
1. Diferentemente do que às vezes pode ocorrer na Literatura, não é
a
conveniente usar frases muito Iongas em textos matemáticos. Preca- -). Não introduza objetos estranhos nas suas frases nem acrescente fatos
vendo-se dos exageros, pois ninguém deseja ler um texto telegráfico, que, mesmo corretos, sejam inúteis.
é preferível usar frases curtas, mas uma bem conectada com a outra. A frase a seguir pode ser cômica, mas representa com muita propri-
edade a falta desse cuidado:
Uma frase longa nada mais é do que duas ou mais frases curtas, não
devidamente divididas! Lembremos que a respiração e os olhos, em Evite: "Se ja Y um con junto. Chamemos Y de X.
coordenação com o cérebro, sempre pedem uma pausa após se ler Logo, . . ."
certo número de palavras a flm de compreender a mensagem lida. Um outro caso: ao pedir para resolver - apenas para resolver - uma
Nesse sentido, é preciso fornecer aos leitores as melhores condições equação do segundo grau, no final da resolução, alguém escÍeve:
para entenderem e gostarem do que leem.
Evíte: "As soluçÕes sáo 11 : ) e rz : -5. Observe
Comprovando o que acabamos de dizer sobre frases longas, comece que -5 é uma raiz negativa. "
agora sentindo nesta frase a dificuldade enfrentada por um leitor ao
E daí? No contexto no qual o exemplo foi construído, essa observa-
ser obrigado a ler uma frase qualquer muito longa, a qual, na maioria
ção ó irrelevante.
dos casos, requer muita habilidade para pontuá-la corretamente, nos
leva a travar a respiração e também exige, de forma inevitável, um
Enfim, aqui vale mais uma vez lembrar um dos requisitos exigidos
por um texto matemático: concisão.
maior poder de concentração, bem como muito mais atenção, sem
mencionar que uma frase dessas cobra um descanso para entender o 4. Ainda sobre o item anterior, evite palavras desnecessiírias, causado-
que se 1ê, pois ninguém é de ferro, nem preparado para uma tarefa ras de prolixidade, redundância ou excesso de detalhes.
dessas. Ufa! Sentiu como é difícil ler uma frase longa?
Por exemplo:
Como dissemos, uma frase longa exige muita habilidade de quem a
escreve para usar corretamente a pontuação, daí a chance de cometer
(a) Evite: "suponha que a matriz quadrada M
erros é bem maior. Não convém arriscar, é aconselhável quebrar as
é tal que satlsfaz a condição detM:3."
frases longas. O conselho dado em [30] também vale para textos Prefira: "Suponha que a matriz quadrada M satisfaça a con-
científicos: "Na dúvida, L{se o ponto" . Pronto! dição detM :3."
ou
2. Há quem aconselhe também evitar parágrafos muito longos, pois po- M seja tal que detM : 3."
"Suponha que a matriz quadrada
o'pesada",
clenr tornar a pá,gtna muito aparentando ser difíciI de ser
(b) Evite: "Todas as equações algébricas,
lida.
as quais estudamos no capÍtulo anterior,
Caso siga esse conselho, cautela com frases ou parágrafos descone- Lôm raízes reais. "
ll{ Como se escreve um texto matemático II 2.1 O cuidado com a estruturação das frases 19
Prefira: "Todas equações algébricas estudadas no capítulo É muito "áo", náo acham? Opa, os ecos apareceram novamente!
anÍerior têm raízes reais." O exemplo acima parece uma cantoria de repentistas nordestinos,
por sinal, uma de qualidade muito baixa.
Em um texto científico, pense numa frase como se fosse uma má-
quina, e nas palavras, como peças dessa máquina. Imaginando dessa Preflra:
forma, as máquinas não devem ter peças desnecessárias. Uma frase "A equação analisada não prtrticipa do processo iterativo, como se
também não deve ter palavras desnecessárias. pôde constata4 após análise dos programas realizados."
"Como a,divide b, temos b : TLa. Da mesma forma, como b divide "...que tem muita importância no contexto e
c, resulta c: mb. Essas duas igualdades implicctm em c: (m.n)a,. gue poderia gerar dúvidas. "
Concluímos então que a divide c."
"...o tempo e a observação são auxiliares
Receba esse conselho com prudência. Certamente, aqui e ali, po- indispensáveis para se chegar ao equilÍbrio
demos e somos forçados a repetir a mesma palavra sem constrangi- necessário. "
mento algum, como Íizemos no exemplo anterior.
Bastaria apenas escrever:
6. Ainda quanto ao conselho do item anterior, devemos flcar atentos "...que tem muita importância no contexto e poderia gerar dúvidas."
aos "ecos" gerados pelas palavras. Cuidemos, em especial, com as "...o tempo e a observação são auxiliares indispensáveis para che-
rirnas, apreciadas em algumas poesias e, em geral, abominadas na
gar ao equilíbrio necessário."
prosár, principalmente em um texto científico. Às veres fazemos ri-
mas involuntariamente e nem percebemos. 8. Caça aos que's. O quê?
Por exemplo, evite: Ainda sobre o uso da paiavra que, faça um teste: escolha uma página
de algum trabalho que escreveu e conte quantos 4ue's você usou.
" Após o trabalho de programação, percebe-se
(lr() .r i l.eração f oi
f eita sem a participação da Não é raro exagerar. Muitos deles não poderiam ser eliminados,
,',1r,rçíitl r,rn <1 uestão." recstruturanclo-se as frases? O texto não ficaria mais enxuto e melhor
20 Como se escreve um texto matemático - II 2.1 O cuidado com a estruturação das frases 2t
de ser lido economizando esses que's? Ao cortá-los, proceda com Depois do objeto principal da frase, que éfamília, deve apare-
muita cautela, para não modificar o significado das frases. Quando cer o símbolo que o representa.
tiver oportunidade, Íaça esse teste. (b) Perceba a diferença entre as frases:
De vez em quando, modifique a Íbrma como vem estruturando as "A reta perpendicular a reta dada r."
9.
frases para não tornar seu texto monótono e previsível. Também mo- e
difique a maneira de enunciar ou de apresentar definições, teoremas, "A reta r perpendicular a reta dada."
demonstrações, etc. (c) Veja ainda estes casos de inversão da ordem das palavras:
Não se deve abusar da forma usual como alguns escrevem textos "A função Í(*) : -r2 + L não atinge seu maior valor em
matemáticos, ordenando-os cansativamente com o esquema: ponto algum do intervalo (2,8)."
definiç ão - exemplo -te o rema- demo ns t raç ão -c o ro lário - exe rc íc io s, "A função Í (r) : -r2 + I atinge seu maior valor em algum
ponto do intervalo (-2,8)."
definiç ão - exemp lo - te o rema- demons t raç ão -c o ro lário - exe rc íc io s,
definiç ão - exemplo -te o re ma - demons t raç ão -c o ro lário - exe rc í c i o s,... 1 1. Uma regra recomendável na técnica de redação é escrever no co-
meço da frase a ideia principal do que se quer expressar. Com isso,
10. Além da preocupação com o uso da palavra certa no lugar certo, destaca-se a parte mais importante a ser comunicada.
deve-se observar com toda atenção a ordem das palavras ao estrutu-
Sinta o que falamos, comparando as frases:
rar uma frase. O recado vale, principalmente, para textos matemáti-
cos, nos quais símbolos e palavras se misturam. Palavras posiciona- "Após os cálculos que faremos a seguir; comprovaremos que todas
das em ordem errada podem gerar frases confusas ou de significados as raízes da equação são imaginárias."
ambíguos. "Todas as raíZes da equação são imaginárias, como comprovarão
Vejamos: os cálculos que faremos a seguir"
2.2 Sugestões técnicas para fazer uma boa re- Vamos provar o resultado por redução ao absurdo. Consideremos
que exista apenas um número finito de números primos. Logo, é pos-
dação matemática
sível enumerarmos todos eles cotno p1,p2,...,pr. A seguir, cons-
l. Eu, n(ts ou o leitor? trwamos o número inteirut N : [,rpr. . .pn |_1. Ora, como N > p.i
para j : 1,2,. ,h, então, necessariamente, o número N possui
algumfator primo p.:jo, Que é um dos números primos anteriormente
Antes de responder a essa pergunta, vamos apresentar uma demons- enumerados. Dessa maneira, observemos que, cotlto pi,, divide N e
traçáo, considerada das mais belas de toda Matemática. A, demons- divide o produto ptpz...p,,,, então piu divide N - prpr. ..pn : l.
tração usa o método de redução a um absurdo e é a de que exis- Ou seja, pio divide l. Absurdo, pois pio é um número primo, conse-
tem infinitos números prirnos. Como uma antiga obra de arte, o quentemente maior do qtte l. Portanto, nossa hipótese inicial de que
tempo apenas serviu para torná-la ainda mais admirável. Foi bri- existia apenas um número finito de primos é falsa e, assim, concluí-
lhantemente apresentada por Euclidesl, por volta do Século I I I a.C. mos que o conjunto dos números primos é infinito. C.Q.D.2
e aparece no Livro IX de Os Elemenlos. Usaremos três maneiras
distintas para redigi-la e depois comentaremos sobre o estilo com o Demonstração (Versão 2):
qual cada uma foi escrita.
Provaremos o resultado pelo método de redução ao absurdo. Consi-
Preservando a terminologia da época de Euclides, número para nós dere que exista apenas um número finito de números primos. Logo,
será um número natural diferente de zero; já número primo, neste é possível enumerar todos os números primos cot?to py,pz,...,pr.
contexto, é um número diferente de 1, apenas divisível por ele mesmo A seguir; construa o número inteiro N : pr.p, . . . pn i_7. Ora, já que
e pela unidade. N > pj para j : 7,2,. . . ,tu, então, necessariamente, o número N
possui algumfator primo pio, que é um dos números primos enume-
Teorema: Existem infinitos números primos. rados anteriormente. Dessa maneira, observe que, como pi, divide
Demonstração (Versão I ): N e divide o produto ptpz...pn, então p1n divide IV - prpr.. .p,:
1, ou seja, p1o divide l. Chegamos então a um absurdo, pois pi.,, é
I
Euclides (c.300-260 a.C.): geômetra grego e autor de Os Elemenúos, um conjunto de um número primo e é maior do que l. Portanto, a hipótese inicial
l3 livros (hoje seriam como 13 capítulos), que até o século XIX estava na lista das obras
de que existia apenas um número finito de primos é falsa e, assim, o
que compunha a formação de quem pretendia ter uma cultura geral de boa qualidade.
Esscs livros reuniram a maior parte da Matemática então conhecida no Mundo Ocidental conjunto dos números primos é infinito. C.Q.D.
Antigo. Diferentemente do que muitos pensam, Os Elementos não versam apenas sobre
(icornctria (Plana e Espacial), mas também sobre Aritmética e pelo que hoje conhecemos
Demonstração (Versão 3):
corno Tcoria dos Números. A obra destacou-se por seu ineditismo ao tratar a Matemá-
lica crrm tnn model.o axiomático, utilizando postulados e demonstrações lógico-dedutivas. A demonsÍração será.feita por um argumento de redução a um ab-
('ottt cssc cstilo, Euclides Íundou o método axiomático, influenciando definitivamente o
tttorkl rlc lirzcr Ciôncia. Pouco ficou registrado sobre a vida de Euclides, mas sabe-se que tC.Q.n.ó a abreviação clc "Como queríamos demonstrar". No Item l7 da Seçlm ti.2
Ituttlx{tn cscl'cvcu outras obras sobre Matemática, Astronomia, Óptica e Música. litlarcttros tnais sobrc o usrl clcssas trôs letras.
Ib---
24 Como se escreve um texto matemático - II 2.2 Sugestões técnicas para fazer uma boa redação matemática 25
"Se as condições (1), (2) e (3) se verificam, valem as seguintes as- 5. Expressões matemáticas faze:m parte de um texto matemático e se
serções........" misturam com palavras. Por isso, no contexto geral, devem ser
etc. encaradas como frases, esffuturadas com sujeito e predicado, in-
Entretanto, evite frases do tipo: cluindo o verbo. Assim, elas não devem fugir às regras de pontu-
ação. Acostume-se a também pontuar expressões matemáticas.
"Se rà)2rn3 >8." Exemplos:
Nesse caso, a ausência da palavra então só atrapalha o entendimento. "Consideremos números fi,A € Z, ímpares, tais que 12 > 8y - 2e
Pref,ra escrever, por exemplo: ! a 2. Dessa mflneira, ..."
n
"Se n ) 2, entdo n3 > 8." " D e s env olv endo a exp re s s ão (9 .32), enc ont ramo s
4. Não se pode começff uma frase com o se, e somente se. Não faz b) Ressaltamos o cuidado com o ponto e vírgula (;) quando usados
sentido! Se, e somente se é um conectivo lógico usado para conec- em expressões matemáticas, pois denotam a expressão tal que.
tar duas sentenças matemáticas, cada uma podendo ser deduzida da Exemplo:
outra. "Defina o conjunto 2N : {2n;n € N}."
Errad,o:"Se e somente se uma reta é paralela a
uma reta de um plano é que essa reta é 6. Muitas vezes, é preferível escrever uma equação em destaque, res-
saltando a imporlância dela no contexto.
paralela ao pIano."
A frase correta é:
"Ume reta é paralela a um plano se, e somente se, ela é paralela a "Para resolver a equação ar2 + br * c : 0,a * 0, a maioria dos
uma reta desse plano" professores acons elham usar a fórmula:
Por exemplo:
2.2 Sugestões técnicas paru fazer uma boa redação matemática 31
30 Como se escreve um texto matemático - II
Comentários sobre a figura da página anterior
Essa é uma versão de Os Elementos de Euclides. Essa versão, dentre
várias produzidas ao longo do tempo, é um manuscrito grego do Século
IX, preservado na admirável Biblioteca do Vaticano. O texto é do Livro I,
Proposição 47, justamente o decantado Teorema de Pitágoras, o teorema
mais famoso de toda Matemática!
O desenho no cenüo da página à direita indica que realmente está se
palavras ou a como usá-las podem se transformar em um tema controver- de vista apresentados, no entanto, certarrente hão de concordar que cada
tido, suscitando dúvidas e indefinições. O mesmo ocorre com o uso de um deles tem considerável importância e merece a devida atenção. Tam-
algumas regras gramaticais, que podem diferir da opinião final de um es- bém não devemos nos esquecer de sempre Llsar o bom senso e respeitar a
pecialista para outro ou de uma gramática para outra. Muitas vezes, não opinião de autores com autoridade e experiência. Fizemos isso ao escrever
há decisão unânime e satisfàtória sobre algumas dessas dúvidas e indefini- este capítulo.
ções, em cujo debate não nos compete entrar- Baseado nas considerações anteriores, trocamos os polêmicos certos
Justificando eSSe nosso comentário, há um fato que sobretudo oS eS- ot errados por evite, aconselhamos, recomendanuts, não é conveniente,
critores de textos científicos devem ficar conscientes: diferentemente das etc.
ideias matemáticas, uma língua é um ente mutável, Se modifica ao longo Em qualquer caso, nosso estudo busca o denominado paclrão culto da
do tempo, dependendo de diversos fatores, tais como sociais, etários, re- língua portuguesa e, nesse sentido, tomamos o cuidado de seguir as re-
gionais, etc. Por exemplo, na época em que a língua portuguesa estava comendações das mais respeitadas gramáticas normativas e os principais
nascendo do Latim, por volta do Século III a.C., de forma bem diferente dicionários.
da atual, o Teorema de Pitágoras.iá existia há cem anos e era apresentado Para o caso específlco da Matemática, tratado na Seção 3.3, considera-
da mesma maneira que hoje o encontramos nos livros didáticos. Temos de mos vários comentários que achamos importantes, dados em
aceitar o fato de que as línguas se modiÍicam e isso gera opiniões diferentes t31l e t251.
sobre seu uSO, oS resultados matemáticos não - ou, nem tanto, para não
sermos tão radicais!
Estamos convictos de que dúvidas e indefinições, naturais no uso de 3.1 A regência de verbos e nomes
uma língua, causam um certo desconÍbrto para quem trabalha com a exa-
tidão da certeza, como ocoÍTe nas Ciências Exatas. Muitas vezes, as gIa- O uso de preposições após os verbos (regência verbal) e após os no-
máticas e oS manuais normativos não conseguem satisfazer nossa ânsia mes (regência nominal) é um tema causador de muitos erros e dúvidas. É
bivalente em determinar o certo ou o effado. Por esse motivo, fomos muito sempre aconselhávelfazer uma consulta se tiver alguma dúvida.
cautelosos em alguns itens apresentados mais adiante. Nesses itens, de- Apresentaremos, a seguir, exemplos ilustrativos do que rezam as gra-
cidimos apenas expor certas opiniões que julgamos importantes e, talvez, máticas normativas e os principais dicionários acerca de três casos de re-
estejam longe de ser a palavra flnal sobre o assunto - se, dependendo do gôncias verbais e nominais que nos interessariam.
caso, existir alguma! Mas entendemos que essas opiniões devam ser con-
sideradas e, principalmente, conhecidas.
não houver uma decisão conclusiva sobre qualquer das alter-
o IGUAL A
Quando
nativas apresentadas, cabe aos leitores escolherem o caminho a seguir. Na "A constante de Champernowne 0,72345678910111213. . . não é
verdade, essa decisão, em muitos casos, depende de uma escolha subjetiva, igual a qualquer fração.formada por núnteros inteiros."
de estilo pessoal, ficando a critério do escritor.
Facultamos aos leitores o direito de discordarem de alguns dos pontos o IG[JALDADE ENTRE
36 Algumas dicas da Língua Portuguesa para uso na Matemática 3.3 O cuidado com o uso de algumas palavras e expressões 37
Exemplo: "A igualdade entre os polinômios p(r) : atr2 I b e Cuidado, muito cuidado, é bastante comum o uso do decantado ter que,
q(r) : -9r2 + r implica em a : -9 e b : r" como na frase
ou
t31l). Já o símbolo '(' , que é uma disjunção lógica entre duas Em relação às ftrnções, as letras r e A vaflarn - a menos no caso das
sentenças, recomendamos 1ô-1o como: menor (do) que ou igual a. funções constantes, quando apenas o r yarta*, o que justifica cha-
Por exemplo, a expressão (r 1) < 0 deve ser lida da forma "Xis
- mar essas letras de variáveis. Quando usadas em equações, essas le-
menos um é menor (do) que lero", e a expressão 3 ( 7, como"Três é tras representam números desconhecidos, o que induz serem chama-
menor (do) que ou igual a Ltm". Recomendação análoga segue para das incógnitas, palavra composta derivada do Latim
os símbolos '>' e ')'. in+co gnita,s, que signiflca não+conhecidas.
Deve-se dizer'.
4. Dada uma função /, desaconselhamos chamar raí zes os números
"Considere o sistema de m equações e n, incógnitas."
z tais que/(z) : 0. Esses nítmeros, pertencentes ao domínio da
função, devem ser chamados zeros dafunção f . O termo raízes Um exemplo em que se confundiu essa terminologia aparece na se-
deve ficar reservado ao nos referirmos a equações ou a polinômios. guinte frase, retirada de uma pâgrna eletrônica, onde, apesar da boa
Assim, dependendo de cada caso, dizemos r ,é raiz da equação ot r vontade em auxiliar os alunos, está definido:
é raiz do polinômio.
"A solução de um sistema de equações com
Evite:
Por exemplo: duas variáveis é um par ordenado (x, y) de
"Prova-se que o polinômio p(r) : -3r5 + 7r - 18 possui pelo
números reais que sati sfaz as duas equações. "
menos uma raiz real." Por ironia, a propaganda da página eletrônica, no sentido de que
: tirana todas as dúvidas de Matemática dos leitores, é "Aqwi não há
"Prova-se que a equação -3r5 + 7r: - L8 0 possui pelo menos
incógnitas!". De fato!
uma raiz real."
Entretanto, no estudo de sistemas lineares, permite-se chamar va-
Mas devemos dizer:
riável livre a uma incógnita, quando todas as outras incógnitas do
"Prova-se que afunção polinomial f (r) : -3tr5 l7r - 78 possui sistema puderem ser expressas em função dela.
pelo menos um zero real."
6. Os autores de lZ5) !9rt9m qgg_q_§ expressões função do
Justificando a diferença entre as duas terminologias, apesar de pode-
primeiro grau e função do sequndo grau são uma ter-
rem ser escritos usando-se a mesma expressão matemática, polinô-
minologia imprópria. Com certeza, no Ensino Fundamental ou no
mios e equações são conceitos distintos.
Ensino Médio, deflnem-se graw de polinômios e grau de equações,
mas não se deflne grau de funções.
5. O uso das seguintes palavras também gera confusão. Atente que
funções possuem variáveis, enquanto ecluações possuem incógni- Ainda repassando o conselho dos autores, é recomendável chamar-
/as. Muita gente confunde as duas terminologias porque geralmente, sefunção afi.m à função Í(") : ar lb, a,,b € 1R.; chamar-sefunção
r
usam-se as mesmas letras e A ao se falar sobre funções e sobre linear à função Í(") : tt't, o, e IR.; e chamar-sefunção quadráticu
equações. à Ítrnção ,l'(t:): rtt,2 1-ltt: ! r',rl,,b,r: € JR,a, I0.
40 Algumas dicas da Língua Portuguesa para uso na Matemática 3.3 O cuidado com o uso de algumas palavras e expressões 4t
No caso em que a * 0, pode-se ainda chamar função polinomial "Tbdos os ângulos retos são congruentes, pois têm medidas iguais
do primeiro grau a qualquer das duas primeiras funções e chamar a 90o."
função polinomíal do segundo grau à terceira função. Já a função Falando em uso inadequado de terminologia, temos consciência de
Í(*) : b é chamadafunção constante e a função Í(r) : r chama- que um dicionário linguístico tem flnalidades diferentes de um dici-
sefunção identidade. onário matemático, mas, contrariando a boa linguagem matemática,
Muitos também consideram impróprio chamar-se f unção line- nos deparamos com um famoso dicionário de Português contendo a
ar à função f (r) : o;L I l.r, pelo fato de seu gráfico ser uma reta. seguinte definição:
Diferentemente dessa ideia, o termofunção linear (real) é usado em "Triângulo isóscele: o que tem dois lados portanto, dois ôngulos
e,
Matemática para designar funções satisfazendo a condição:
iguais."
Í(r, + c:r2) : Í('rr) I t:,f (r2), para todos ri., Í2 no domínio de
f e paru todo número real r,:. Atente que a função Í (r) : o,r I b 8. É preciso distinguir as operações de adição, subtração, muhiplica-
só é linear, conforme definimos, se, e somente se, b : 0. Daí, a ção e divisão do resultado de cada uma dessas operações, que são,
terminologia recomendada. respectivamente, soma, diferença, produto e quociente.
7. Dois (ou mais) ângulos ou dois (ou mais) segmentos de reta sáo con- 9. Número, numeral ou algarismo? A primeira palavra é diferente
gruentes (ol côngruos), quando possuírem as mesmas medidas. Já das duas outras. Número refere-se a ideia que representa uma quanti-
dois (ou mais) triângulos são ditos congruentes quando, sem muito dade ou medida, etc. Por exemplo, três é, um número que representa
formalismo, um puder ser sobreposto ao outro. a quantidade de elementos do conjunto {V, ô,8}. Já numeral ou
UMA RECOMENDAÇÃO: contenha-se no caso de ângulos, seg- algarismo é o símbolo que representa essa ideia. Usando os algaris-
mentos de reta ou triângulos, para segurar a pecaminosa tentação mos indo-arábicos, essa ideia é representada pelo símbolo 3, já em
de usar a palawa igual em vez de congruente! Reza um princípio algarismos romanos essa ideia é representada pelo símbolo III.
básico da Lógica-matemática que um objeto só é igual a si mesmo.
Dessa maneira, não devemos chamar iguais a dois ângulos distin- 10. Alertados por uma recomendação em [31], constatamos que a pala-
tos de mesma medida, a dois segmentos de reta distintos de mesmo vra registrada nos dicionários é invertível (inverter + ível), em vez de
comprimento ou a dois triângulos diferentes de mesmo formato! O inversível, como é comum se usar. De acordo com o que registram
correto é dizer que eles são congruentes. os dicionários, devemos dizer: matriz invertível, função invertível,
etc. Não encontramos a palavra inversível registrada nos dicionários
Por outro lado, dizemos: ds medidas de ôngulos são iguais, os com-
consultados.
primentos de segmentos de reta são iguais ou as áreas de triângulos
sáo iguais quando, em qualquer dos respectivos casos, tiverem os I l. Na linguagem matemática, há quem defenda o uso da palavra inter-
mesmos valores. sectfrr, em substituição à palavra interceptar l3ll. Para esses, in-
Por exemplo: lerccplur signiÍica interromper, deter, reler, cotÍto estir deÍiniclo nos
44 Algumas dicas da Língua Portuguesa para uso na Matemática 3.3 O cuidado com o uso de algumas palavras e expressões 45
Já a expressáo em vez de pode signifrcar ao invés de, ot em Para essas pessoas, a palavra onde deveria ser substituída por expres-
lugar de. sões tais como na qual ou em que: "Considere a expressão
(b) Através de e Por meio de V(rrh) - rr2h, na qual T" representa o raio ...", "Considere a expres-
são V (r, h) : nr2h, em que r representa o raio ..."
Através de significa de um lado a outro de, por entre.
Por meio de significa mediante. Não existe uma posição deflnida sobre esse uso. Além do mai§, paÍece ter
se tornado uma prática da escrita matemática o uso do advérbio onde da
Manuais normativos condenam o uso da expressão através de
maneira como flzemos no primeiro exemplo.
com significado por meio de ([9], p.101).
Logo, há recomendação de não usar
"Provaremos essa afirmação através do
método...".
em vez disso, recomenda-se escrever
"Provaremos essa afirmação por meio do método ..."
ou melhor,
"Provaremos essa afirmação usando o método ...".
A
48 Algumas dicas da Língua Portuguesa paÍa uso na Matemática
CAPITULO 4
4.1 A opção de usar outros termos assím, acarueta, após algumas manipulações algébricas encontra-
mos, como consequência temos, deduzimos, dessa forma, dessa
maneira, desse modo, esse raciocínio nos leva a concluir, implica,
E ,-ro.,unte modiÍicar a maneira de redigir, evitando repetitividade
resulta, etc.
ou monotonia. Seguem algumas sugestões para auxiliar-lhe nesse sentido.
4. Alertando sobre o cuidado em empregá-las convenientemente, as se-
1. A palavra portanto é muito usada após argumentações para deduzir guintes frases também são de grande utilidade ao escrever a dedução
uma conclusão. de algum resultado:
A Íim de evitar repetições, dependendo do caso e da atenção necessá- 'de onde segue-se que', 'desde que', 'em virtudede', 'jd que', 'note
ria ao usá-las apropriadamente, as seguintes palavras também podem que', 'umtt vez que P vale, temos Q', 'vê-se que', etc.
ser empregadas com a mesma Íinalidade:
conclui-se, consequentemente, daí, segue-se, donde, então, logo, 5. As expressóes com efeito e de fato podem ser empregadas ao come-
pois, por conseguinte, etc. çar uma argumentação ou quando se vai tecer comentiários sobre cer-
tas aflrmações recém-feitas. Essas expressões transmitem a mesma
2. Sobre as palavras do item anterior, analisemos um erro comum a ser ideia.
corrigido: náo faz sentido começar uma frase com a pa)avra por- Exemplos:
tanto, ou com qualquer de seus sinônimos, sem que alguma argu-
mentação tenha sido feita anteriormente. Não é raro ver os principi-
"O número 22u + 7 é wm número composto. Com e.feito, escre-
antes cometerem esse effo. vendo...."
A conjunção mas está usada impropriamente, pois não há adversi- "Considere um triângulo de lados medindo a,,b e c com respectivos
dade alguma entre os segmentos pertencerem à retas paralelas e o ângulos internos A, B e C, opostos a esses lados. Então, temos:
fato deles terem comprimentos diftrentes. Nesse caso, aconselha-se
(1) a2 : I
b2 c2 - 2bccos Á
substituir mas pela conjunção e:
(10 b2 : a2 I c2 - 2accos B
" Os dois segmentos pertencem à retas paralelas e têm comprimentos
diferentes." (iii) c' : az *
) ) t')
b' - 2ab cos C."
Casos desse tipo não são incomuns. Ora, para demonstrar esse teorema, basta demonstrar um dos itens
(i), (ii) ot ('ii.i) e depois, para justificar a demonstração dos demais,
8. As expressões isÍo é e ou seja podem ser usadas para explicar mais escreve-se:
detalhadamente algum fato recém-afirmado.
"Analogamente, seguem-se os outros casos."
Exemplo: "Ora, Ltsando a Regra de Sarrus obtém-se detA f 0, ou
seja, a matriz A é invertível."
"Ora, Ltsando a Regra de Sarrus obtém-se detA I 0, isto é, a matriz 4.2 A diferença entre o uso de certas palavras
A é invertível."
na Matemática e na linguagem coloquial
OBSERVAÇÃO: no meio de frases, as expressões anteriores são usa-
das entre vírgulas, como fizemos nos exemplos dados. 1. Quando se diz na linguagem coloquial
Atenção, não se pluraliza ou seja; não existe a abominável expressão "Existem cinco poliedros de Platão",
ou se j am! Coma dela! ([9], p.563). em geral, entende-se qte cinco é o número exato de poliedros de
Platão e não existem nem mais nem menos do que cinco desses po-
9. Em diversas ocasiões, você pode ter dois ou mais resultados a se-
liedros.
rem demonstrados e a demonstração de um deles segue exatamente
o mesmo procedimento dos outros. Quando isso acontecer, é perda Já na linguagem matemática, uma frase desse tipo deve ser entendida
de trabalho, de tempo e de espaço, escrever as duas demonstrações. de maneira diferente, como:
Nesse caso, depois de demonstrar um dos fatos, para justificar a de-
"Existem, pelo menos, cinco poliedros de Platão".
monstração de um outro, basta apenas escrever:
O que justifica essa interpretação matemática é se existissem trinta,
'Analogamente, temos ...', 'Procedendo-se de maneira análoga, setenta ou dezessete poliedros de Platão, ainda existiriam - pelo
obtemos...' , 'asando um raciocínio análogo ao anterior, resulta menos - cinco desses poliedros! Dessa maneira, o estilo em que ir
...', etc. frase tbi originahnente escrita não reproduz, na linguugem matcrnlÍ-
Por cxemplo, isso ocorre quando se demonstra a Lei dos Cossenos: lica, o núrncro cxato cle policclnrs cle Platão cxistentes.
54 Mais dicas da Língua Portuguesa para uso na Matemática 4.3 O uso dos artigos 55
Compare as frases :
4.3 O uso dos artigos " Considere uma raiz positiva da equação 12
- 5r * 6: 0 "
e
1. Observe a frase:
" Considere a rai7. positiva da equação 12 - 5r * 6: 0."
"(Jm número inteiro positivo é igual à soma de qwatro quadrados
perfeitos". A segunda frase fica com sentido ambíguo, pois as duas raízes
(rt : 2 e 12 : 3) da equação são positivas. A qual delas a pes-
Quando usado na linguagem matemática, como acima, o artigo um soa se refere?
significa todo, qualquer que seja, cada um e, dessa maneira, a frase
deve ser matematicamente entendida como: Outro exemplo, cujo uso do artigo definido está errado:
"Todo número inteiro positivo é igual à soma de quatro quadrados "O número 3 é o.fator do número 6."
perfeitos."
O emprego do artigo nesse caso expressa a ideia de uniciclade, ou
ou seja, apenas 3 é fator do número 6, o que não é verdade, já que 2, por
"Qualquer que seja o número inteiro positivo, ele é igual à soma de exemplo, ó também fator de 6.
q unt ro q uadrado s perfeitos." I)evo-sc escrevcr:
56 Mais dicas da Língua Portuguesa para uso na Matemática 4.4 A concordância verbal 57
"O número 3 é fator do número 6." "Quaisquer que sejam os valores de a e b".
"O
expressão tal que e da expressáo tais que. Atentemos ainda, com a
númeru,t 3 é umfator do número 6."
flexão correta do verbo ser; seja e sejam.
3. Os artigos se aliam à exatidão que a Matemática requer, podendo Por exemplo:
fornecer informações mais precisas. "Quaisquer que sejam r e z tais que ...."
Por exemplo, comparemos as frases: "Seja n o número de raízes reais do polinômio p tal que p tem coe-
"Uma condição suficiente para que um número seja divisível por 3 ficientes inteiros.-."
é que a soma de seus algarismos seja divisível por 3." Veja um deslize, muito comum, que detectamos em um excelente
e livro de Álgebra Abstrata:
"A condição suficiente para que um número seja divisível por 3 é "Seja 'n, € Z, u € {1, -1} e ?t,...,pk números primos
que a soma de seus algctrismos seja divisível por 3." positivos. "
Essas frases comunicam o fato de que a soma dos algarismos do 3. Qual das construções abaixo está correta?
número ser divisível por 3 é condição suficiente pata o número ser
divisível por 3, só que a segunda fornece mais informação, por asse- (a)"O conjunto A ou B são vazios."
gurar que a condição mencionada é única, não existe outra. (b)"O conjunto A ou B é vazio."
4.4 A concordância verbal 4. A concordância com o numeral zero é sempre feita no singular.
Exemplo:
l. Em um texto matemático, é muito comum usar os termos qualquer,
qualquer que seja, etc. Preste atenção para o fato da palavra qual- " Ora, mover-se zero grau no sentido horário é não mudar de po,si-
quer ser a única em nossa Língua cujo plural é flexionado no meio ção! "
dela:. quaisquer. Veja ainda os exemplos: ".frio de zero gruu", "cúrros 7.ero-c1uilôntc-
Portanto; dizemos: ltít", " Tenho z,e ru chunce tle scr im.perador dc Rontu" clc.
58 Mais dicas da Língua Portuguesa paÍa uso na Matemática 4.4 A concordância verbal I 59
5. Números fracionários (e concordância verbal) : "Diante dos dados reve.lados, 65% das pessods entrevistadas estão
satisfeitas com o novo método de ensino."
No caso em que o sujeito de uma oração é um número fracionário, o
verbo é flexionado de acordo com o numerador dafraçáo. Numera- "Diante dos dados revelados, 0,7Yo das pessoas estão satisfeitas
dor igual a um usa-se singular e maior do que um usa-se o plural. com o novo método de ensino."
"Vê-se que 1/9 das notas das provas é superior a sete." "Diante dos dados revelados, gS% do eleitorado está satisfeito."
([7], pp. 159-160)
"A pesquisa revelou algo surpreendente: 2/3 do alunado não sou-
beram responder às perguntas."
Exemplo:
"Diante dos dados revelados, 65Ya estão satisfeitos com o novo mé-
todo de ensino."
Exemplos:
IUais dicas da Lfugua Porhrguesapara uso naMntemática
CAPITULO 5
Ortografia na Matemática
'Herrar é umano,'n
Anônimo
Pichação em um muro (bem branquiúo!).
6l
62 Ortografia na Matemática 5.1 Palavras de grafia problemática 63
5.L Palavras de grafia problemâtica 8. Mais uma dica: o teste é dos noves fora, com a palavra nove usada
no plural. Deve-se também usar a expressãoprova dos noves e noves
1. Apesar de a palavra apótema terminar em a, ela é um substantivo fora. (19), p.547)
masculino. Portanto, dizemos
9. Apenas um detalhe: o substantivo ó extensão, com.r, mas o verbo é
"O apótema relativo à base do triângulo isósceles 7... ". estender, escrito com s.
a
"Consideranclo a extensão I dafunçao f a toclo o conjunto dos nú-
J. O numeral correspondente a 50 é cinquenta, escrito com a letra q. A meros reais...."
forma cincoenta, além de não registrada em dicionários, é con-
denada pelas grarnáticas.
"Podemos estenderafunção f (*) - lF - 4atodo o conjunto dos
números reais...."
4. Já o numeral 14 pode ser escrito de duas maneiras: catorze oü qua-
10. Diferentemente do usado ao se preencher cheques, não existe o nu-
torze, sendo a primeira de uso mais frequente ([9], p.169).
meral hum, ao menos é o que af,rmam manuais e dicionários. O
5. Acerca da grafla das funções trigonométricas, seguindo as Novas numeral correspondente ao número \ é, um. Só. Por falar nesse
Regras Ortográficas, devemos escrever cosseno, com dois esses e tema, diz-se mil reais e não um mil reais, do mesmo jeito que
não com apenas um esse ou com hífen! não se diz uma mi I pes soas.
Da mesma forma, devemos escrever cossecante, com dois esses. Nosso comentário é apenas informativo, não estamos sugerindo que
se mude a maneira de preencher cheques, até porque, nesse caso, se
A palavra cotangente se escreve sem hífen.
tem mais segurança escrevendo hum emvez de um.
6. É muito comum o engano, mas o certo é euclidiano, com i, e náo 11. A palavra isósceles tem uma variante pouco usada: isóscele.
euclideano, com e, apesar do termo derivar da palavra Euclides,
terminada em e.§. t2. A palavra correta é somatório. Apesar do conceito de somatório
vir de soma, que é uma palavra feminina, a palavra somatório é um
Portanto, deve-se escrever ge ometria euclidiana, e sp aÇ o euclidiano.
substantivo masculino. Não ó registrada a forma somatória, ape-
7. Complementando o item anterior, o cerlo é escrever sar de já ser bastante usada ([9], p.718), principalmente em botc-
quins, quando se pede a conta ao garçon.
abeliano, hamilto ninno, lagran giano, laplaciano, n ew toniano, ri-
emanniano, etc. 13. Porc e ntag e tn oa p e rc e ntag e m?
A regra é a seguinte: quando se formam adjetivos usando nomes Ambas as Íbrmas são usitdas e registradas nos cliciottít'ios, it pt'itur-rit'it
próprios de pessoas, usa-se a terminação iano, com i ( vide [9]). ó usada conr nrais l'requôncia (l9l).
64 Ortografi a na Matemática 5.2 Palavras compostas: o uso do hífen 65
14. Não obstante a terrível tentação que alguns sentem em utilizar, não antiderivada, antípoda.
existe a palavra lnterar, o certo é iterar, que signiflca tornar a o Antes das consoantes r e s, dobram-se essas consoantes:
fazer ou a dizer, repetir. antissimétrica.
Bibliografla consultada: 122),l23l e l9). (b) AUTO-: pref,xo grego que significa ele, si próprio.
o Sem hífen antes de vogal diferente:
auto adj unt o, aut o e s p aÇ o, auto inte rs eç ão.
5.2 Palavras compostas: o uso do hífen o Com hífen antes de mesma vogal.
Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Dentre essas mudanças, aut ofunç ã rfis mo, aLtt ov al o f aut ov e t o r
o, aut omo
ressaltam-se as modif,cações no uso do hífen. o Antes das consoantes r e s, dobram-se essas consoantes:
Realmente, pouca gente conhecia algumas regras do uso do hífen, a aut o r refe r ê nc ia, aut o ss imilare s.
maioria das regras talvez fosse mesmo difícil de ser lembrada. (c) CO-: prefixo de origem latina que indica copresença, corres-
Vamos explicar, diante do Novo Acordo Ortográflco, como usar o hífen pondendo, em parte.
para compor algumas palavras que, com frequência, aparecem na Matemá- o Sem hífen antes de vogal diferente.
tica.
o Exceção: sem hífen antes de palavras começadas com a
leffa o'.
A seguir, apresentaremos uma lista de certos prefixos, conjuntamente
cooperador.
com alguns vocábulos que eles formam.
o Sem hífen antes de consoante diferente de r e s:
itti
66 Ortografl a na Matemática 5.2 Palavras compostas: o uso do hífen 6'7
(e) PSEUDO-.' elemento de composição grego que significafalso. s ub ane l, s ub c amada, s ub cla ss e, s ub co nj unt o, s ub c o rp o, s ub es -
o Sem hífen antes de vogal diferente: p aÇ o, s wb g rup o, s ub line ar, s ubmatriz, s ubmó dulo, s ubm últ i p l, r t,
subsequência.
p se udo al e at ó ri o, p se udo e sfe ra, p s e udo inv e r s a.
o Diante de palavras iniciadas com h, perde-se essa letra e
o Com hífen antes de mesma vogal.
forma-se a palavra composta, sem usaÍ hífen:
o Sem hífen antes de consoante diferente de r e s:
subarmônica.
p s eudodiJerenc ial, pseudométrica, p s e udonorma, p s ewdoprimo.
o Usa-se hífen diante de palavras iniciadas com r.
o Antes das consoantes r e s, dobram-se essas consoantes.
o Sem hífen antes de vogal:
(D SEMI-.' prefixo de origem latina que significametrtde, meio. subamortecido, subíndic e.
o Sem hífen antes de vogal diferente: (b) SUPER .' preflxo de origem latina que indica posição supe-
s emieixo, s emie sfe ra, s emie sp aç o rior, superioridade, excesso.
o Com hífen antes de mesma vogal: o Usa-se um hífen antes de mesma consoante.
s emi- infinito, s emi -ins c rit o r Sem hífen antes de consoante diferente: superlinear, super-
o Sem híf'en antes de consoante diferente de r e s: po sição, superquadrático.
3. PREFIXOS TERMINADOS EM CONSOANTE: n ário (p l. n - ári o s ), n - dimens io nal (p l.'n - dimens i onai s ), n-v ariada
-
,€t Í)tc
3\ - -t---
(6À'
'.4
(hoje, como se fossem capítulos) e vcl-sam sobre Teoria dos NÍrmeros e Geometria
Plana e Espacial.
Ê/.
EI De fbrn,a inédita, o livro trata a Maternática, pela prirnetra vez na História,
r8,ptmflfl.sÍãr
r.E\.
l*.\m0!G i
usando um modelo axiomático. Urn divisor para o pensamento lógico, rompendo
.+"- l\ l \-.---- com a tradicional maneira de raciocinar de babilônios e egípcios, cuja Matemá-
Ír,6ícdlr',ííerr,
r§t ,/1 I \*+. "
tica, apesar de conter vários avanços signiÍrcativos para época, apenas resolvia
,/ \ I \-+ai. r-
/ \ I \,-ao:.\-----
/_*\_.:.'\ \ problernas particulares, de cunho prático, sem qualquer generalização ou abstra-
0Ê'6íírB 0rrl)Eshiú.i nmidrsonúm
ção.
rr.:Illiaclloflg;otrí
arrrÍ qrirtdríl;trraE
._
rorruo"ur+
fl Não obstante sua aridez para os conceitos atuais de livros didáticos, Os Ele-
I | l+:lr'rur {
,'rmrtgulú.?lliat'tl I ll I
uonaÍÍ" ruentos é a obra matemática mais influente de todos os tempos, um marco para a
nol.elt-
literatura matemática e para o pensarnento humano.
Diz-se que houve época em que o número de edições de Os Elementos perdia
âpenas para o número de edições da Bíblia.
Pela semelhança de algumas palavras portuguesas e latinas, pode-se arriscar
cntender algumas passagens do texto. Tente.
ii i,,iilii:,lill I tr,
iiiiffi,,'
Ortografi a na Matemática
CAPITULO 6
7t
72 As notações e seu uso 6.1 Como se usam as notações matemáticas 73
6.1 Como se usam as notações matemáticas As notações não podem parecer enf-eites de carnaval. Veja um exem-
plo recheado de "adereços carnavalescos":
1. Como as definições, o uso de notações deve ser minimizado. Só de-
note um objeto caso seja realmente necessário. Antes de usar uma
notação, convém perguntar-se Por que está sendo usada? É a*-
fr, : o'l H*qr
pensável? Está sendo usada no local certo? A notação escolhida é (Inspirado em [10], p.2l)
eficiente?
Bem, é bom também ir com calma, pois às vezes, não podemos nos
2. Devem-se respeitar notações já consagradas e de uso amplo. Só te- livrar de algumas notações bem esquisitas !
nha coragem de mudar uma notação consagrada caso tenha muita
razão para isso. 7. Cuidado para não ser seduzido pelas notações: deixar de usá-las no
momento propício ou utilizá-las em demasia. É importante ter a
-') - Vários livros ÍÍazefir nas primeiras ou nas últimas páginas, até mesmo sensibilidade para sentir que certas ideias na Matemática são melhor
em selr índice remissivo, uma lista com as principais notações utili- expressas usando-se palavras;já outras, usando-se símbolos. A ob-
zadas ao longo do texto. A ideia é facilitar o entendimento de um servação, a prática e a experiência são os melhores professores para
eventual leitor que use o livro apenas para uma ráprda consulta e se aprender esse uso. Apesar do contexto e das finalidades do uso
possa desconhecer alguma notação utilizada. determinarem sua escolha, deve-se estar atento para essa diferença.
Recomenda-se adotar essa prática em dissertações de Iniciação Ci- Vejamos, em yez de escrever o enunciado de um teorema, usando
entífica, de final de curso, de especiaHzaçáo, de mestrado e em teses tanto símbolos, como:
de doutorado. "Vy € lR,y ) 0,-r e IR.;22: y",
4. Para serem destacadas no texto, as notações devem ser escritas com achamos que ele pode ser entendido mais facilmente, usando-se ape-
um tipo de letra diferente do usado para as palavras. nas palavras:
"Todo número real positivo possui uma raiz real."
5. Uma mesma letra, usada com fontes diferentes ou com pequenas
modificações, pode denotar objetos distintos. Por exemplo, cada um Por outro lado, em vez de escrever um resultado usando tantas pala-
dos símbolos abaixo pode representar um objeto diferente: vras, como
"A equação 14 +g4 + z4 - ua nã.o possui raízes inteiras não nulas". dos leitores. Eles terão o direito de ficar chateados ao ver algum
símbolo ser usado sem saber seu significado.
8. Ainda sobre o item anterior, muitas vezes, com o intuito de eco-
Examine a frase:
nomizar palavras, alguns exageram na utílizaçáo de símbolos. Por
exemplo, aconselhamos evitar uma frase do tipo:
"Se A : b2 - 4ac ) 0, então as raízes da equação "O volume d,e um cilindro é Tr2h.,,
são reais. "
Na frase anterior, faltou explicar o que reprcsentam as letras r e h.
Prefira:
A frase deve ser reescrita como:
"Seja L,: b2 - 4ac. Se A> 0, então as raízes daequaçãosão
reais."
"O volume de um cilindro de raio r e altura h é rr2h.,'
9. Ainda como exemplo de exagero no uso de símbolos, certo livro
do Ensino Médio representou o conjunto-solução de uma inequação Já uma frase do tipo
como
{r;a e JR}. "Seja tr um número entre 3 e 4.,,
Não seria mais simples (e prudente) representar esse conjunto apenas
por IR.?
carece de sentido. A que tipo de número a frase refere-se?
10. Agora, vejamos dois exemplos de notações simplesmente dispensá- Caso o número r seja entendido como um número real, afrase ainda
veis: ficaria imprecisa. Da forma escrita, não se poderia deduzir se o nú-
mero u poderia ser 3 ou 4. Nessas circunstâncias, para evitar ambi-
"Toda matriz Á com determinanLe não nulo é
guidades, se r não for um dos números 3 ou 4, é melhor escrever
invertível."
"Repetindo-se o mesmo processo r : 2n vezes, "Sejan € (3,4) "
encontra-se. . . "
É recomendável escrever: ( No exemplo acima, (3,4) representa o intervalo aberto de extremos
o'Tbda
matriz com determinante não nulo é invertível." 3e4).
"Repetindo-se o mestno processo 2n vezes, encontra-se..."
Caso r possa ser o número 3 ou o número 4, deve-se escrever
11. Sempre explique as notações naprimeira vezemque apaÍecerem no
texto. O conselho vale, principalmente, para notações desconhecidas "Sejar € [3,4] "
As notações e seu uso 6.1 Como se usam as notações matemáticas
e assim por diante. Veja um outro exemplo de mal uso de uma notação:
( No exemplo anterior, [3,4] representa o intervalo fechado de extre-
mos 3 e 4). /7 a a2\
*s.y: Í 1 IB 6z lU a matriz de vandermond., en-
Imprecisões semelhantes podem ser encontradas nas frases:
tão
\r " ", )
"Um dos números n ou n*L é sempre um número d,ety : (B a)(c b)(" _ a),,.
- -
PàT,,,
12. Outra recomendação que merece ser levada em conta: quando uma /t o, a2\
notação for escolhida para Íepresentar um objeto, não a reutilizepara "SrV:f 1 b 6z leo*otrizdeVanderm.ond,então
representar outro objeto. Isso pode geÍar uma grande confusão. \r " "')
Veja como complicar uma simples frase, fazendo-se mau uso das d,etV : (b _ a)(c _ b)(" _ a),,.
notações:
fi, x, x
símbolo do conjunto vazio.
letra xís minúscula, letra xis maiúscula, letra grega
-1
trrltr :I," -|){'""t#ll,
X,
chi minúscula, símbolo da operagão de multiplicação.
número um, letra ele, bana vertical. fica bem mais simples - e elegante - escrever
U,U letra u maiúscula, símbolo de união.
k, K,n letra k minúscula, letra K maiúscula, letra grega kapa. I
-Y - -r)(sen(ff\
erere
o,0, O
letra e,letra grega épsilon, símbolo de pertence.
letra grega ômicron, número zero,Ietrao maiúscula. I,;
( Baseado em [13]) t7. Os símbolos V e I são chamados, respectivamente, quantificador
universal e quantificador existencial e geralmente, são lidos como
t4. Em alguns casos, há mais de uma opção para escrever uma expres-
para todo e existe.
são. Escolha a mais conveniente para seus propósitos.
Ou ainda, tanto faz escrever (c) números inteiros pelas letras i, j,k,l,m,,n,p,Q,r,s.
l'u e N, 'a + O,1z e Z, z l0; z2 + w2 :20 22. Na Geometria, fala-se em triângulo ABC e em segmento EF.
Em geral, no caso de triângulos, as letras Á, B e C representam os
+ w2 : 20.
vértices do triângulo e são ordenadas no sentido anti-horário, pre-
1z e Z,z + O,ltr € N, w I 0; z2
servando-se, na medida do possível, a ordem em que aparecem no
18. Novamente, convém ter cautela com o uso da vírgula próxima a no- alfabeto.
tações matemáticas. Observe como pode ser mal interpretada uma Jáparaos segmentos horizontais, as letras são ordenadas da esquerda
frase do tipo: para direita, ou de cima para baixo, no caso de segmentos verticais.
"Dada uma matriz com determinante não nuJo A, A I
Na medida do possível, também preserva-se a ordem em que as letras
também tem determinante não nulo" aparecem no alfabeto.
Prefira: "Dada uma matriz A com determinante não nulo, sua in- Com certeza, você tem outras opções para ordenar as letras que bati-
versa A-1 também tem determinante não nulo". zam triângulos, segmentos ou outras figuras geométricas, entretanto,
ao estabelecer uma ordem, não utilize outra ordem ao batizar as de-
19. Às vezes, é preciso lembrar ao leitor de alguma notação estabelecida mais figuras. Preserve sua escolha.
anteriormente.
Evite:
12+r-2:0
"A raiz encontrada é )'tr." .'.(r-1)(r+2):o
"Os determinant.es das matri-zes são *0." .'.Í-1:0our*2:0
.'.r:1our--2.
"Considere um A retângulo."
4. É bom ficar alerta em relação ao símbolo "=+", o qual não representa
7. Evite também usar a notação !rpara representar a palavra existem.
Essa notação não está consagrada. o que existe é o
a palavra portanto, mas a palavra implica, quando conecta duas sen- símboro r.
tenças matemáticas, tais que a segunda possa ser deduzida da pri- 8. Pode parecer preciosismo, mas note a diferença entre os usos das
meira. reticências nas expressões a seguir:
Por exemplo,
rt*rz + ...*frn,
ur--2+12+fr-6:0"
frr*rzÍ...irn.
"Um número natural n é divisível por 20 + n é um número par."
vê alguma diferença? Na primeira expressão, as reticências estão no
Pelo que acabamos de observar, é semanticamente impróprio escre- meio da altura da linha, na outra está na base da linha. A primeira
é
ver uma frase do tipo mais aconselhável.
84 As notações e seu uso 6.3 O alfabeto grego 85
CAPITULO 7
87
88 DeÍiniçCres mntcrnrttlcur, CgTo rodigi-las? 7.1 Considerações gerais sobre as definições matemáticas 89
7.1 Considerações gerais sobre as defrnlções ma- 6. A fim de evitar dúvidas para os leitores, deixe claro se certas afirmações
que você está fazendo são definições ou se podem ser demonstradas. Há
temáticas uma diferença muito grande entre esses dois tipos de afirmação. Os teo-
remas são sentenças cuja validade é assegurada por uma demonstração, as
1. Só defina um objeto quando for realmente ncccssúrio. l)oílnlções supér-
definições não. Não se provam definições. Lamentavelmente, esse é um
fluas podem complicar um texto.
terrível equívoco presente em muitos textos, inclusive em livros didáticos!
2. Ao sentir necessidade de fazer uma definição, é cottvcttiente perguntar-se: Vamos exemplificar o que essa falta de cuidado pode ocasionar: em outro
Por que fazer essa definição?, Em que local do lcxltt tt tuul§ upntpriado da local, distante daquele onde fbi defrnida potência inteira positiva de um
definiçdo ser feita? e, finalmente, Como fazer q dtt.littií'iht? número real positivo, o autor de um livro didático de Matemática apenas
escreve:
3. Quanto à segunda pergunta do item anterior, é prel'crÍvcl lirrmular uma
def,nição no local onde será usada pela primeira vez,. Nfrtl é conveniente "Sendo a um número real- não nul-o e z um inteiro po-
1
definir um objeto a ser usado bem posteriormente, caso ctlntr6rio, corre-se sitivo, temos a-n':
o risco dos leitores já terem esquecido a definição quantlo forem usá-la.
an'
Como os leitores - em particular, os menos experientes - hão de distinguir
4. Tome cuidado para não dificultar o entendimento do seu trahalho, deixando se essa frase é uma definição ou uma afirmação que pode ser provada?
de estabelecer terminologias ou de definir objetos que aparecem no texto e Quando em uma frase desse tipo aparecem palavras como define-se, cha-
não sejam de conhecimento dos leitores. Não os decepcione. mamos, denomina-se, etc., essas indicam tratar-se de uma definição.
portanto, etc. ao se recligir uma E quando não for o caso? É melhor reescrever a frase, sinalizando explici-
5. Não se deve usar as palavras então, logo,
tamente que uma deflnição está sendo formulada!
definição. Essas palavras, bem como outras expressões indicadoras da con-
clusão de um raciocíniO, devem flcar reservadas para enunciar Sentenças Na verdade, no exemplo acima, já que no livro a potência positiva de um
condicionais, como os teoremas, cujas conclusões advêm de argumenta- número foi definida primeiramente, a frase em questão é uma definição.
ções lógico-dedutivas. Certamente, não haveria dúvidas quanto a isso, caso os leitores tivessem
Veja este exemplo extraído de um livro de Álgebra Linear: lido, por exemplo:
"Se a única solução for a trivial, então "DEFINIÇÃO: Sendo a um número real não nulo e n um inteiro positivo,
diremos que os vetores At,Az,...,An sáo 1
-l-."
linearmente independentes."
definimos o.-n
"an -
(nesse estilo, explicita-se que trata-se de uma definição)
Na frase anterior, observe atentamente o fato da sentença diremos que os
vetores At, Az, . . . , An são linearmente independentes não ser uma con- ou
clusão lógico-dedutiva advinda do fato da única solução set a trivial. Ela é "Define-se potência negativa de um número real positivo a,, como
apenas uma opção de escolha do escritor, que poderia ter optado em chamar ^_n. | ,,
u,:-.
os vetores At, Az, . . . , An por qualquer outro nome. Não houve dedução- an
(nesse estilo, usa-se o verbo definir na frase e o nome do objeto deÍini<Jo ó
lógicamatemática alguma para a definição ser feita. Nesse exemplo, o uso
do então é totalmente indevido, impróprio e inadequado! escrito no estilo negrito-itálico.)
90 Definições matemáticas. Como redigi-las?
7. Muitas vezes, as definições aparecem em destaque no texto, como fizemos DEFINIÇÃO: dados dois números inteiros rn e n,
rn + O, d.izemos que m,
no primeiro exemplo do item anterior. Outras vezes, isso nlo ocorre. Como divide n, quando existir um número inteiro r, tal que
já dissemos, em qualquer caso é preciso deixar claro para os leitores que n : rrn' Denotamos essefato por mln, que é rido como "m divide n,,. o.ç
uma definição está sendo formulada. números r e m são chamados fatores do número n.l
Quando não se uÍiliza a palavra definição, ou outras que explicitem uma Exemplo I: como 12 : J.4: (_B).(_4), os números 3,_8, 4 e _4
definição, pode-se convencionar no início do texto - na intrtdução do tra- dividem e são fatores de 72. Logo, escrevemos
2112, 4172, _2172 e _4112.
balho, por exemplo- que o nomes dos objetos a serem deÍinidos ficarão Semelhantemente, como _35 : (_7).b :
7.(_5), resulta que T,_7,5
sempre destacados em itálico ou negrito-itálico. Por exemplo: e-5 dividem -JS, e que esse número temT,_2,5 e _5 comofatores.
Assim, podemos escrever _2135, bl _ 3b, _51 _
"Dentre os triângulos que merecem importância especial, destacamos os BS e Tl _ 25, etc2.
isósceles, que possuem dois lados de mesmo comprimento." Exempro 2: o número 3 não divide o número B, já que não exisíe um nú-
Procedemos dessa forma no segundo exemplo do item anterior. Assim, as
mero inteiro r tal que B : 3.r. 3
informações flcam claras e não há como os leitores ficarem confusos se o Exemplo 3: o número r divide e éfator de quarquer número, pois se n Ç z,
que leem é uma definição ou um teorema. então n:1.n.4
Exemplo 4: qualquer número não nulo m Ç Z divide
o número zero, já
8. É recomendável motivar uma definição. Mesmo que isso não seja sem- :
que 0 0.m. Entretanto, o número 0 não pode dividir um número
pre possível, não convém dar uma lista enorme de definições sem o leitor nã,,
nulo n, pois caso isso ocorresse, existiria um número
inteiro m, tal que
entender o porquê. y1 : 0.m, o que é um
absurdo. por isso, se n f 0, chama_se impossível
Por exemplo, antes de deflnir triângulo isósceles, convém apresentar um uma divisão d,o Ítpo
n J'
õ.
desenho de um triângulo isósceles e explorar as características de um triân-
gulo desse tipo que aparecerão na definição. ão, destacamos o nome do objeto def,nido usando
.
estilo negrito-itálico
-
uma preferência particular do autor
para apresentar a notação usada para esse -. Ãp.ár"itumos também,
9. Deflnições devem sempre ser acompanhadas de exemplos. Essa prática objeto e incluir a definiçáo de um outro objet.
relacionado ao que estávamos def,nindo:
zcouzNrÁarcs.'fornecemos /a tores de um número.
faz com que os leitores se familiarizem mais fácil e rapidamente com os
dois exempros após a definição dada. É sempre
convc_
objetos recém-deflnidos. Procure apresentar bons exemplos, que possam niente o primeiro exemplo ser o mais simples.
No nosso caso, adicionamos um segundtr
ilustrar com eflciência e diversidade os objetos definidos. exemplo, usando um número negativo, para
o reitor nao p"nr* qu" u a"nrição só Íun_
ciona para números positivos. É importante dar
exemplos contemplando a variedade dc
Quando for o caso, apresenta-se logo - às vezes, dentro da própria defi- elementos da classe onde o objeto fài definido.
Note que o exempro expro_
L
nição - a notação que representará o objeto deflnido. Aconselhamos tam- rando ao máximo a definição dada. ".r""ouào,
3coiwrNrÁruo,s;
demos um exemplo de um caso para o qual
bém, quando for o caso, apresentaÍ outras terminologias utilizadas para a definição não varc.
Quando possível e conveniente, após dar alguns exemplos, é didaticamente
batizar o objeto recém-deflnido, como também apresentar outras notações recomondávcr
também apresentar exemplos que não satisiazem
a definição.
usadas para o representar. Deixe claro qual o nome e a notação a serem 4counNúRIoS: aqui demos um exemplo particularmente interessante
I c inrp«rrr.antc
adotadas em seu texto e seja flel a essa escolha até o final. ser exibido.
scouBNrÁRlos:
aproveitamos o Exempro 4 pe*a deÍinir um caso
exccpcionar, prr.u
Vamos exemplificar o que dissemos com um simples exemplo: o qual a deÍinição nã. se enquadra, mas que
I
tern muita imprlrtância n«l conlexto c p,rlcrirr
I
92 Definições matemáticas. Como redigi-las? 7.2 Exemplos de tipos de definições mateL 93
7.2 Exemplos de tipos de definições matemáti- Para ressaltar o que acabamos de observar, a frase
Anônimo
Return to Mathematical Circles, H.Eves,
Prindle, Weber and Schmidt, 1988.
97
98 A redação de teoremos e de demonstrações gg
8.L Como se enunciam teoremas (c) Ter a soma dos seus algarismos divisível por 3 é condição
suficiente
para que o número seja divisível por 3.
l. Hâ várias maneiras de enunciar um teorema, corno vcremos nos próximos
(d) ser divisível por 3 é condição
itens. Ao usar qualquer uma delas, deixe bem claro quuis são as hipóteses necessiíria para que o número tenha a
soma dos seus algarismos divisível por 3.
equaléatese.
Para substituir os estilos usados em (c) e (d), tem-se
2. Sem entrar em detalhes daLógica, quando duas sentenças matemáticas P e ainda as opções a
seguir, comumentemente mais utilizadas:
Q são tais que a sentença Q pode ser deduzida da sentença P, escrevemos
" P + Q", e reciprocamente. Uma sentença desse tipo é chamada sen- (a) uma condição suficiente para um número ser divisíver por 3 é que a
tençahnplicativa. Pode-se reescrever uma sentença implicativa " P ) Q", soma de seus algarismos seja divisível por B.
transformando-a em uma sentença condicional "Se P, então Q ". De ma- (b) uma condição necessiíria para a soma dos algarismos de um número
neira inversa, toda sentença condicional também pode ser transformada em
ser divisível por B é que esse número seja divisível
. por B.
uma sentença implicativa.
É pena que a maioria dos rivros do Ensino Médio estão
Ainda temos duas outras maneiras de escrever uma sentença implicativa, ignorando as para-
vras necessdrio e suficiente ao enunciar teoremas, relegando
bastante específicas da linguagem matemática: um estilo de
redação tão peculiar à linguagem da Lógica-M atemática.
(A sentença) P é condição suficiente para (a sentença) Q com certeza, a
razáo é que para usar e entender uma sentença escrita
nesse estilo, é preciso
e raciocinar um pouco mais!
(A sentença) Q é condição necessdria para (a sentença) P. 3. vejamos agora as diferentes opções de escrever um teorema
constituído por
Um teorema pode ser escrito em qualquer dos estilos anteriores. uma sentença bicondicional , p e . e,
Por exemplo, considere Alguns dos estilos a seguir podem não ser os mais comuns para
redigir o
simples resultado que escolhemos como exemplo, mas
P: A soma dos algarismos do número n é divisível por varem para ilustrá-
3
los.
e
Q: O número n é divisível por 3. (a) Dois números complexos são raízes da equação
As frases a seguir exprimem a mesma ideia, exempliflcando as diferentes ar2 +b, + c: 9r_o,b,c Ç C, a I 0 se, e somente se, um. rleles
maneiras de enunciar uma mesma sentença implicativa " -b+t/F-aac -b-\/b.2-4aõ
,,P + Q":
f*ffeooutrofor -2a
(b) A condição necessdria e suficiente para dois números c,mltlexr,t
(a) A soma dos algarismos do número n é divisível por 3 + n édivisível .st,-
rem raízes da equação ar2 * b, + . : 0, {1,b, t: ç Ç,
por 3. u, f {), é que
um deles -b+JF-4nrc
seja
_t _ 1tF _J,u.
(b) Se a soma dos algarismos do número n for divisível por 3, então n é e o outro se.la
2a,
- 2;_
divisível por 3.
100 A redação de teoremas e de demonstrações 8.2 Como se redige uma demonstração matemática t0l
(c) Para que dois números sejam raízes da equação LEMA: é um teorema auxiliar ou introdutório, utilizado na demonstração
ar2 +br * c : 0, a,b,c e C, a f 0, é necessário e suficiente de um outro teorema que lhe sucede.
ii) Um dos números complexos rr ou .Í2 é igual a -b+JP-4aõ car os enunciados dos teoremas e enumerá-los da seguinte forma: Teorema
2a 3.3, Teorema 3.4, Lema 4.2, Lema 4.3, Proposição 2.1, Proposição 2.2, etc.
e o outro é igual a
-b - JF- 4"õ outros acham mais fácil encontrar um resultado enumerando os teoremas,
2a lemas, corolários, proposições na ordem em que cada um deles aparece no
texto: Teorema 4.3, Proposição 4.4, I*ma 4.5, Lema 4.6, Corolárb 4.7,
(0 (Usando mais símbolos)
Proposição 4.8, Teorema 4.9, etc.
Já outros autores, por vezes, enunciam alguns resultados sem qualquer des-
Os números xlt e fr2 são raízes da equação
complexos
taque. Nesse último caso, há o risco da importância de algum teoremer
ar2 +br*c : 0, a,b, c e C, a I 0 e um deles for
-b + !/F= 4"c passar despercebidamente.
2a
eo outrofor -b-lP-4aõ
2a
8.2 Como se redige uma demonstração mate-
4. Como os teoremas aparecem amiúde em textos matemáticos, não convém
abusar dessa palavra. Dependendo do contexto e da opção de quem os
mática
enuncie, os teoremas podem ser chamados por outros nomes, que ora lista- Não seria demais dizer que náoháMatemática sem demonstrações; elas com-
mos: põem parte da estrutura lógica essencial do que é constituída a Matemática c da
PROPOSryÃO: geralmente usa-se essa palavra para denotar um teorema, maneira como ela funciona. As demonstrações são como rituais indispensáveis,
que não é principal e tem importância limitada no contexto. usados para provar resultados, garantindo que eles são válidos.
r02 A redação de teoremas e de demonstrações
Constantemente, é necessário redigir demonstrações ao se estudar Matemá- como se o escritor fosse guiar um amigo por uma
estrada da quar esse
tica, e todos concordam que elas são as que mais exigem de quem escreve. Por amigo conhece o ,.início,,, que são as hipóteses, e ..fim,,,
o que é atese. A
outro lado, é lendo uma demonstração que se percebe a qualidade da Matemática demonstração seria a "descrição do trajeto", ligando
esses dois rugares.
uÍllizada pam provar o resultado, a capacidade de quem a elaborou e a habilidade
de quem a escreveu.
5' Na redação de uma demonstração, é uma lástima desperdiçar
a oportuni-
dade de ressaltar onde aparecem as ideias principais
Vamos, a seguir, dar algumas sugestões para ajudáJo a redigir uma boa de- e aqueles pontos es-
senciais que fazem a demonstração funcionar. Ao
monstração: ler uma demonstração,
um leitor vai em busca dessas informações e não se
deve decepcioná-lo.
I. Demonstração ou prova?
6. No Iocal onde for usar uma hipótese, deixe claro para quar finaridade era
É uma preferência nossa usar a palavra demonstração para denominar um está sendo uÍirizada. Esse é um ponto essenciar, que
tornará a demonstração
processo lógico-dedutivo, que utllizaas hipóteses para deduzir a tese. Com clara, ressaltando a importância das hipóteses no processo
de dedução da
. essa mesma finalidade, alguns preferem usar a palavra prova, e outros se- tese.
quer fazem essa distinção.
É desapontador para quarquer leitor perceber que
as hipóteses tenham sido
No nosso ponto de vista, uma prova pode ser uma evidência de um fato, citadas apenas subriminarmente na redação de
uma demonstração.
mas não necessariamente um processo lógico-dedutivo. Daí nossa prefe-
rência em usar a palavra demonstração. 7' Na demonstração, não permita aparecerem objetos ou ideias surgidas
do
nada, sem a devida apresentação ou explicação.
Em contrap artida, usamos os verbos provar, deduzir e demonstrar como Lembremos: escrever
uma demonstração náo éfazer um show de mágicas
sinônimos. ou brincar de esconde-
esconde.
'Nosso objetivo serd mostrar qre ...', 'A ideia principar da demonstração
3. Um aspecto importante: em geral, diferentemente da poesia ou da prosa
é..., 'usaremos a técnica (tar) para provaF..., ,Nosso probrema
literiária, a redação de uma demonstração não depende dos sentimentos ín- , reduz-se a
provar...t, etc.
timos, das ideias subjetivas ou da prolixidade do escritor, mas de sua capa-
cidade de ser conciso, claro e exato naquilo que deseja expressar. 9. Quando a demonstração for indireta e, principarmente dirigida para urn
público iniciante, é aconserhável inteirar os leitores
4. Ao redigir uma demonstração de um resultado, tenha em mente que você, se era vai ser Íbita p.r
uma argumentação por absurdo ou se vai ser demonstrada
usando argumentações e um processo lógico-dedutivo, deve guiar os leito- a contrap.silivrr
do resultado a ser provado.
res, ensinando-os como podem deduzir esse resultado usando as hipóteses
disponíveis. Deixe-os sempre informados sobre cada passo a ser dado. É Com essa Íinalidade, pode-se usâr as expressões:
104 A redação de teoremas e de clemonstrações 8.2 Como se redige uma demonstração matemática 105
'suponha por absurdo (ot contradição) que ...', 'Proveflle§ qao T vale. conceitos que representam, além de muito relativos, podem transparecer
Caso contrdrio, teríamos...', '(Jsaremos o método do roduçdo a um ab' certa soberba se usados em lugares inadequados.
surdo. Para isso suponha ...', 'Provaremos ü contraposlttva do resul- Cuidado também com o uso das frases note que, veja que, obserue que,
tad,o...' etc., sem serem acompanhadas de comentários explicativos. usadas em
locais impróprios, todas essas expressões podem provocar,um sentimento
10. Se a demonstração for muito longa, é recomendável divitli-la em Pd§.ros ou
de frustração nos leitores, caso não consigam fazer tarefas tão "imediatas"
partes. Há aÍé quem escÍeva: Primeiro passo:..., segundo pas§o:... , etc.
como o'notar" o "veÍ facilmente" ou "observat" algum fato que o autor está
Caso a demonstração envolva alguns casos específicos, tâmbém é recomen- aflrmando ser simples ou óbvio.
dável tratar separadamente a demonstração de cada um «lesses c&so§.
Além do mais, deve-se ser honesto no uso de qualquer das expressões an-
Em qualquer das possibilidades anteriores, comunique o fato sos leitores e, teriores, pois seria injusto empregá-las para resultados que você tenha gas-
antes de cada passagem, diga-lhes o que vaifazer. tado dias para concluir e exige que sejam entendidos prontamente por quem
ler seu texto.
11. Alguns preferem dividir uma demonstração bastante longa em uma sequên-
cia de lemas ou teoremas auxiliares preliminares, culminando na conclusão 16. Certavez, vimos a frase "...vaFnos tentar provar que...". Frases desse tipo
do que se quer provar. Mais uma vez, são questões de preferência, que de- não transmitem modéstia, mas imprecisão. É mehor ser exato: ...vamos
vem ser usadas com o devido bom senso. provar que... ou..,não consegaimos provar que....
t2. Mesmo que o resultado a ser demonstrado seja de um caso geral, às vezes, t7. As demonstrações devem ser flnalizadas com frases expressando que se
algumas ideias podem ser melhor expostas e compreendidas usando-se ca-
chegou à dedução da tese, e que a demonsúação foi concluída. Essa atitude
sos particulares. Se casos particulares revelam satisfatoriamente a técnica
também evita que o leitor possa pensar que o texto seguinte ao flnal de uma
atTlizada, e não se perde a generalidade do resultado, é conveniente de-
demonstração ainda faça parte dela.
monstraÍ um caso particular a demonstrar o caso geral.
Por exemplo, em uma demonstração, caso se proponha provar que a raiz de
13. Para conectaÍ os passos de uma demonstração, pode-se usar frases como: um polinômio está no intervalo (-1,21, ao chegar a esse ponto, algumas
pessoas encerrariam a demonstração escrevendo :
'Desse ponto em di.ante, nosso obietivo serd mostrar qae...', 'Resta'nos
provar .,.','Finalmente provemos ...', 'Após algumas simpfficações, re' "Dessaforma, a raiz do polinômio está no intervalo (-1,21, tomo quería-
sulta ....' mos demonstrar".
14. Ao longo de uma demonstração, pode ocorrer que seja preciso efetuar al- Apesar de não ser muito comum, após o último ponto-parágrafo da tre-
gum ciálculo. Não comecefazer contas inadvertidamente; avise aos leitores monstração, outros apenas escreveriam a abreviação das três últimas pulu-
o que deseja fazer para não ficarem perdidos sem saber aonde você ou seus vras da frase anterior:
cálculos irão leváJos. "Dessaforma, araizdo polinômio estdno intervalo (-1,2]. C.e,D,".
15. Cautela com frases do tipo isso é trivial, é fiúcil ver que, segue trivial' Mesmo sendo menos comum ainda, os mais clássicos ou saudosiutss usa-
tnente, é óbvio que, etc. É prudente tratar essas frases com cuidado. Os riam a abreviação "Q.E.D." referente às primeiras letras dus ;:uluvrul du
IOfr A rcdacao clc tr:ot cnlls c tlc tlcrttoltslt'itçõcs
:!,- . !1]--Çgl rrrrd i ge u ur, cre *., sr r-ação rn.tcr, í t i cir
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ll'asc ircirrra escrita crn l-alirl: Qtttrl t'nr! tlt'ttrorr.:lttrrttlttttt \/ktrtítl órol dt'-
tttott.slt'titttlttttt/1.qtc setraclttzcontoí/ tlttt'Ltrtttlttitt ,\('t tl('ttt()tt.r/rrlr1o. Ilssa
erur utlllr tlacliçao rla ópoca enl clLlc o [,atirtr ct.a uslrtlo t'ottro líttgtlit cicrltí-
lica. A frasc aparcciu lras tlacluçÕcs lutirtiis tb O,: l',lt'tttt'l//í,,\ (lc Ilr-rclicles c
crtnto lradiçrto c0ntil)trotr scndo trsircllt 1-ror lttttto Icttt1lo. tll('sltto cltt [cxttls
cscritos cln oLrtrils língLIas.
Ii-remplo:
" I)c,s.str.litrtttu, tr ttri:. tltt ltrtlitrôrrritt c,vÍti rttt itrlct'rttlrt ( I fl Q.l'.'.1)."
('uriosantctrtc. cel tos livlos antigos bcur antigos tncstttol ;tirttla truziattl
as scguintes abrcviaç'ocs clc ll'ases liúinits tttt Íinal clc tlctttottsltltç'ircs:
Q.ti.l.. ()trtxl 1..'rtrt lnt,utit,tttlutn. rluc signiíica '0 qtt( tinlt(t tlc,tcr att(ott'
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t09
110 Como se fazem referências e citações bibliográflcas
"Ah, mas essa é uma ótima hipótese, Majestade! Explica tantas "lgualando as Equações (j.l) e (3.2), obtemos 0 : rf2
coisas..."
+ ktr,
k e z. substituindo esse valor na desiguardade (3.1g), resulta o que que-
Pierre-Simon de Laplace (1749 - 1827) ríamos demonstrar"
Budget of Paradoxes, Augustus DeMorgan. Note que a frase anterior ficaria bem menos informativa caso apenas
men-
cionássemos:
Po. de linguagem e efeito de clarezae organizaçáo do texto, deve-
""oromia "f gualando (3.1) e (3.2), obtemos 0 : rl2 * ktr,k e
se enumeraÍ teoremas, lemas, corolários, deflnições, expressões, Íiguras, equa-
Z.
ções, ou quaisquer outros objetos posteriormente referenciados. Os números usa- Substituindo esse vafor em (3.18), resul-ta o que
I
dos para enumerar esses objetos são chamado s referências e devem ser utilizados
queríamos demonst rar .,,
ao mencioná-los.
um detalhe importante:ao chamar uma express ão de equação, nãová mais
adiante chamando-a defórmula, problema,etc. convém uniformizar
a ma-
9.1 Como se fazem referências neira de se referir a um determinado objeto, quarquer que ele seja
.
1. Exemplo de uma frase em que aparecem referências: 4. Yeja uma frase mal escrita, em que a presença de uma referência pode
confundir o leitor
"Da Expressao (5.1 ), asada no Tborema 5.2, segue-se que r : 2. Substi- k:
..."quando E, (4.2) vale para ak:0.u
tuindo esse valor na Equação (4.6), obtemos A > 0 e, portanto, o triâ.ngulo
Deveria ter-se escrito:
T1 da Figura 4.1 tem área maior do que o triângulo T2 daquela mesma
"...quando k : s, a equação (4.2) vale parà a1,
figura!' - 0.,,
Na frase anterior, o número (5.1) refere-se à Equação 1 do Capítulo 5. Se 5. os números das referências podem apaÍecer do lado direito ou esquerdo da
aparecesse um número do tipo (7.6.2), esse se refereria à Equação 2, da página. Tudo depende do estilo de texto adotado.
Seção 6, do Capítulo 7 . E assim por diante.
6. Muita atenção com frases do tipo *Da equação acima...,,, .,Dafigura a_
2. Não é preciso enumerar expressões, figuras, etc., que não sejam referencia- baixo...". Há o perigo da denominada ,,equação acima,,flcar na página
das. anterior, ou a "figura abaix,o', ficar na páginaseguinte.
3. Nem toda expressão matemática é uma equação. Dessa forma, ao mencio- Quando for o caso, é preferível usar da última equação, da próximafigura,
nÍlr uma referência, muitas vezes, é conveniente ajudar os leitores, explici- etc.
'Peln Teorema 3.4...'r'...usando a Figura 3.8 do Corokúri,o 3.4, ..:,'A Ao referenciar esse teorema, acreditamos ser mais conveniente chamá-lo
teoria que foi desenvolvida no Capítulo 4..:,'A demonstração desse fato pelo nome. Talvez seja falta de respeito chamar, por exemplo, o Teorema
será dada na Seção 6.3.', etc. Fundamental da Aritmética apenas por um "desconhecido,, Teorema 3.21
OBSERVAÇÃO: Entretanto, escreve-se: O último teorema da Seção 2.4 e I L Por fim, terminado de escrever seu texto, cheque detalhadamente se as re-
o primeiro lema da seçõo seguinte... ferências estão realmente certas.
10. Mesmo que no seu texto você tenha enunciado e enumerado um teorema Pode-se escrever:
de nome consagrado, convém citar o nome pelo qual ele é conhecido:
"A demonstraçdo do teorema pode ser encontracla em
tS t, l7 t ou I LI1,,,
Exemplo:
2Apenas o
termo citação <>u citação textual reÍbrc-se a um trccho tlc urrr lexle rlrrc lirl
"Teorema 3.2 (Teorema Fundamental da Aritmética): Seja..." Íranscrit«r I iteralmente.
114 Como se fazem referências e citações bibliográflcas
Os números 5, 7 e 13 significam que as citações são respectivamente a "A demonstração do teorema pode ser encontrada em
[5, Tborema 3.4].,,
quinta, a sétima e a décima terceira da lista de citações da Bibliografla.
2- se em uma mesma ocasião forem mencionadas mais do que uma citação, é
Esse é o estilo numérico de citações bibliográficas.
recomendável, de alguma forma, ordenar as citações. pode-se fazer
essa or-
Ao consultarem a Bibliografia, os leitores encontrarão, por exemplo:
denação, dependendo do estilo adotado para escrever as citações,
de acordo
[5] ALVES, C.O., "O Teorema de Tales na Matemática e no Arnor",Fis- com a numeração das referências ou ao ano em que forani publicadas.
vista de História e Matemática Sentimental, n. 38, vol 7, Editora Fábio e
Por exemplo:
Levi Ce Ltda. (1989).
"Paramaiores detalhes, consulte [4],
E assim por diante.
[B], Ilt] e tl2l.,'
Ou
Em um outro estilo, emprega-se o sobrenome do autor ou dos autores:
"Para maiores detalhes, consulte
[pinto, p, ]gggl, [Carício, lggg],
"A demonstração do teorema pode ser encontrada em fAlves l],
Ida Silva, 2001] e IRodrigues, 2014J.,,
[Alves 3] ou em fMiyagaki & Sobreira]."
Essa última opção pode fornecer uma ideia da evorução do
estudo de um
Os números nas citações bibliográficas [Alves I ] e [Alves 3/ significam
tema no decorrer dos anos.
que o autor de sobrenome Alves possui pelo menos três trabalhos na lista
de citações. Esse é o estilo alfabético de citações bibliográflcas.
A fim de convencê-lo quanto ao que sugerimos, compare os exempros an-
teriores com os a seguir:
Já em outro estilo, usa-se o sobrenome do(s) autor(es) e o ano:
"Para maiores detalhes consul_te llr2), IB], t11l e
"A demonstração do teorema pode ser encontrada em fAlves ], 20041, i
ou
[Alves 3,2001] ou em [Miyagaki & Sobreira, 1998]."
Por fim, outros fazem a citação escrevendo apenas a primeira letra do so- "Para maiores detal_hes consul-te Ip j_nto, p . , 19g 9 ] ,
brenome do autor: IRodrigues, 20741, ICarÍcio, lggg] e IAugusto, 20Ol
"A demonstração do teorema pode ser encontrada em [A1], [A3] ou e em Não fica menos orgarlzado?
IM & S]." Aconselhamos não começar uma frase com uma citação. observe
como é
Em qualquer dos casos, ao se referir a algum fato, pode-se ser mais exato, desconfortável ler uma frase do tipo:
mencionando a seção e a página da obra citada na qual se pode encontrar
" [Guerra, V. ] é uma excelente referência para os
aquilo a que você está se referindo. Muitas vezes, essa prática poupa o iniciantes.,,
leitor de procurar uma simples passagem referenciada em um texto que
Sugerimos:
pode ser muito longo.
Exemplo:
"o artigo [Guerra, v] é uma excelente reÍbrência paftt o,t^ inicitutres,',
"A demonstração do teorema pode ser encontrada em fdo O, J. M. 8., 4. convém também não citar as referências como se pudesscnr
rcr uritutlcr
Seção 4.2, p.461." humanas.
ou Em vez de:
ll6 Como se fazem referências e citações bibliográficas
tn
"Essa resposta foi dada por [B] . " Nome do autor ou dos autores, título do livro, nome da editora, número
da
edição, local e ano da publicação.
Sugerimos: "Essa respostafoi dada por H. Borba, em [B]."
Exemplo:
Em vez de:
" ISafdanha, 2001] demonstrou a recÍproca deste teo- Isilval998] silva, A. J. da, "euando, em pleno sertão da paraíba, no pi<:o
do Jabre, Lampeão deu uma nova demonstração do Teorema de Fermat.
rema. "
E quem fui de contrariá-lo?!", Revista de Matemática semi-iárida, Editora
Sugerimos: "4. Saldanha, em [Saldanha, 2014], demonstrou a recíproca Amigos Rufifino & Catuogono Ltda., Bs Ed. (lgg4).
deste teorema."
OBSERVAÇÕES:
5. Nunca se deve fazer umareferência imprecisa como a que segue:
"Por um resultado bastante conhecido, concluímos (a) Alguns ainda incluem na citação a cidade onde a editora está situacla.
que a função atinge seu maior va1or no ponto *o:1." @) É dispensável colocar se o livro é da primeira, segunda ou terceira
Como os leitores hão de encontrar "esse resultado conhecido"? impressão.
taçáo bibliogrirfica
2. Se for um artigo:
Uma citação deve conter as informações necessárias para o leitor encontrá-la Nome do autor ou dos autores, título completo do artigo, nome ou
abre-
quando desejar obtê-la. A ordem e a maneira que essas informações aparecem viação do nome do periódico, quando for o caso, ou nome dos anais
ou
podem diferir de um estilo adotado para outro, ou de uma revista científica para das atas do encontro científico no qual o artigo foi publicado, número do
outra. Por isso, quando for o caso, deve-se consultar as norÍnas da editora respon- volume, número das páginas e ano da publicação.
sável pela publicação da revista ou, no caso de dissertações, seguir o que foi feito
Exemplo:
em dissertações anteriores. Convém que os órgãos responsáveis pelas publicações
(Departamentos, Coordenações de cursos de pós-graduação, etc.) convencionem [caio, 2013] caio, F. A., A Matemática Geométrica na extração de petró-
essas regras. Muitas vezes, adotam-se asnornas da ABNT- Associação Brasileira leo da Baía de Todos os santos no período de carnaval, Jornal de
Mat.
de Normas Técnicas (http : / /www. abnt .org.br (consultado em janeiro de Petrolífera, n.23, pp.67 -7 g, ZOl3!
2014).
3. Se for uma dissertação ou tese:
Em geral, independente do estilo adotado, para cada item da citação, a biblio-
Nome do autor, título, universidade onde a tese ou disserluçíkr ltli
graf,a deve informar: del'cn-
dida, ano da defesa.
Exemplo: o número do volume e o ano em que foi publicado. verifique com aton-
ção se escreveu corretamente as palavras, se as acentuou adequadamente,
[S] Souto, M.A.S., Novas descobertas antigas, novas metodologias e a
sobretudo se forem em outra língua.
r,nestna velha aprendizagem, Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-
Graduação em Matemática Aprendiz, UFSRT (2013).
3. Em particular, tome cuidado para não modificar a maneira que escolheu
4. Se for uma página eletrônica: para usar seu próprio nome em um artigo. Geralmente usa-se o último so-
brenome, seguido das primeiras letras dos nomes restantes. É importante
É importante mencionar o endereço eletrônico da página, a última data em
uniformizar a maneira de escrever seu nome para futuras consultas e cita-
que foi consultada e o responsável por sua manutenção, caso possa obter
ções. Feita uma primeira escolha, não a modifique.
todas essas informações.
Cuidado com citações de páginas eletrônicas: pode ser que hoje elas exis- 4. se for citar algum trabalho técnico, tese de doutorado, relatório, etc., che-
tam e simplesmente desapareçam amaúã. Mais ainda, aquilo que você que se esse trabalho não já foi publicado como artigo em alguma revista
leu anteriormente já pode estar modificado. Ninguém deve se sentir cul- científ,ca. caso isso tenha ocorrido, é importante citar o trabalho como ar-
pado por isso, são os novos tempos. Entretanto, as publicações em páginas tigo publicado. Muitas vezes, é mais fácil encontrar um trabalho em umâ
eletrônicas estão se tornando usuais, o quejustif,ca citá-las. revista científica do que encontrar um relatório técnico ou uma cópia de
Por exemplo: uma dissertação ou de uma tese.
[17] http: //www.pabf ozito-pe. comp.htmL, página consultada O endereço l^/hi\^r. ams . orglmathscinet (consultadaem janeiro de20l4)
em 06/10/201j. Organizada por T. E. Barros (a lenda viva). é uma opção onde essa consulta pode ser feita. outra opção é usar o Go-
ogle Acadêmico http : schol-ar. google. com.br (também consul-
Uma outra novidade: atualmente, muitas atas, resumos e trabalhos apre- tada em janeiro de 2014).
sentados em reuniões científicas aparecem apenas em CDROM's. Cite-os
sem constrangimento: 5. No endereço eletrônico
fNeto, 20L0] Neto, D.C.M., Quem tem medo da beleza de rueu cornpu- www. mathontheweb . orqlmathweb/mi- j ournals . htmf
tador? Atas do XXI Encontro da Associação Intergalática dos Amantes,
é também possível encontrar uma lista com o site de de revistas cientíÍicas
Apaixonados e Caídos de Amorpela Informática, Vol. 3,pp. 17-29 (2012),
de Matemática.
em CD-ROM.
Exemplo: Journal of Mathematical Analysis and Apprications, Elsevicr,
ALGUNS CUIDADOS AO ESCREVER A BIBLIOGRAFIA Inc. (nome da editora), A msterdam (nome da cidade onde situa-se a editora)
é o nome de um jornal científico matemático, que publica resultarjos na árcu
1. Verifique se todos os itens listados na Bibliografia aparecem, de fato, no de Análise, Equações diferenciais e suas aplicações.
texto e vice-versa. As revistas científicas são citadas usando-se abreviações. No endercço clc-
trônico
2. Observe com cuidado se as referências foram escritas corretamente. Che-
que o nome do trabalho referenciado, os nomes dos autores, da editora, wi^rw . ams . org/msnhtml,/ seria J, s . pdf
120 Como se fazem referências e citações bibliográflcas 9.3 Informações que devem constaÍ em uma citação bibliográfica t21
(consultada em janeiro de 2014) há uma lista de abreviações de nomes de Exemplo: o ISSN da Revista Matemática Universitária, editada pela Soci-
revistas científlcas de Matemática. edade Brasileira de Matemática, é ISSN 0102-8545.
Por exemplo,
rsBN 978-85-858 1 8- 1 2-8
I
rssN 0102-8545.
Vamos explicar o que significam:
.- iüt
Como se fazem referências e citações U'llggtulgut
t22
CAPITULO 1O
t23
t24 Explicação e uso de expressões latinas na Matemática
Romano, atualmente, muitas línguas, como a nossa, ainda preservam o costume Por exemplo:
de usar expressões latinas.
A seguir, explicaremos algumas das expressões latinas que julgamos mais "Portanto, caros jurados, diante do exposto, a posteriori, o acusado é irut-
utilizadas no meio científico. cente! "
1. Ad hoc:(lê-se: /adóA) ) hteralmente signiflca para isto. A expressão é "A posteriori, as raízes do polinômio são reais,'.
usada como adjetivo, significando (especialmente) destinado para esta fi-
nalidade, ( especialmente ) para isto.
cuIDADo: o termo a posteriori não indica simplesmente posterioridade
Exemplo: parecerista ad hoc é uma pessoa especialmente designada para temporal, tampouco deveria ser usado no sentido de depo i s .
dar um parecer sobre um determinado assunto. Da mesma forma tem-se o
consultor ad hoc, etc. Pareceristas e consultores ad hoc são muito solicita-
dos por agências de fomento. -r. usa-se a abreviação cf. dapalavra latina confer,com o significado de com-
pare, confira, c onfronte.
2. Muitas vezes, encontramos nos argumentos dedutivos o que se chamam
raciocínio a pri,ort e raciocínio a postertori. Vamos explicar o signiflcado
Por exemplo:
dessas expressões.
Uma expressão é exatamente o oposto da outra, e ambas são usadas como "Há uma outra demonstração desse resultado que também usa o Teorema
adjetivos para qualificar um conhecimento ou argumento. de Aproximação de Weiestrass (cf. [Burity, Z}O|),Teorema 4.3),,
A expressão a priori significa do que vem antes, da frente para trás, aceito
antes de ser provado pela experiência.
4. Algumas datas são escritas na forma ,,c. 230 a.C.,, otJ ,,Eudoxo (c.400_347
Um raciocínio a priort é aquele admitido, baseando-se em fatos suposta-
mente conhecidos, ainda não justiflcados ou provados.
a.c.)". Esse c., usado antes do ano, indica que a data não é exata,apenas se
refere a um período aproximado. Tal letra é a abreviação da palavra latina
Por exemplo:
circa, que quer dizer aproximadamente, por volta de.
"A priori, aquele rapal é um sujeito de bem, nada ouvi falar contra ele! " ,
"A prtori, podemos considerar essas duas retas paralelas". Não se esqueça de usar o ponto após a letÍa ,c,.
Romano, atualmente, muitas línguas, como a nossa, ainda preservam o costume Por exemplo:
de usar expressões latinas.
A seguir, explicaremos algumas das expressões latinas que julgamos mais "Portanto, carosjurados, diante do exposto, aposteriori,
o acusado é ino-
utilizadas no meio científico. cente! "
Uma expressão é exatamente o oposto da outra, e ambas são usadas como "Há uma outra demonstração desse resurtado que também
usa o Teorema
adjetivos para qualificar um conhecimento ou aÍgumento. de Aproximação de Weiestrass (cf.
[Burity, 2}O|),Teorema4.3),,
A expressão a priori signiflca do que vem antes, dafrente para trds, aceito
antes de ser provado pela experiência-
4. Algumas datas são escritas na forma "c. 230 a.c." ott ',Eudoxo (c.400-347
Um raciocínio a priori é aquele admitido, baseando-se em fatos suposta-
a.C.)".Esse c., usado antes do ano, indica que a data não é
mente conhecidos, ainda nãojustiflcados ou provados. exata, apenas se
refere a um período aproximado. Tar retra é a abreviação
da palavra latina
Por exemplo:
circa, que quer dizer aproximadamente, por volta de.
"A priori, aquele rapaz é um sujeito de bem, nada ouvi falar contra ele!",
"A priori, podemos considerar essas duas retas paralelas". Não se esqueça de usar o ponto após a letra ,c,.
Exemplo: "Qualquer cônica, e.9., a hipérbole, é uma curva plana". ideia, a palavra não é, ou pelo menos, por tradição linguística, não
deveria
OBSERVAÇÃO: quando aparece no meio de uma frase, a abreviação e.g. ser entendida como sendo uma palavra inglesa!
é usada entre vírgulas e com um ponto após cada letra. Exemplo: "rn [Jugurta,200s] e [Moreira, 2005] podem-se encontrar be-
las exposições sobre a aplicação da Matemdtica à Música.,,
6_ Errata significa faltas, erros. Para desgosto e irritação do autor ou dos
editores, a errata é um documento anexado a um texto, geralmente de uma 10. A expressão latina rpsrs liaeris (lê-se: /ípçis líteris/) pode ser útil em
diver_
página,Írazendo correções de erros só detectados após a publicação desse sas ocasiões, e significa pelas mesmas letras, nos mesmos termos,
literal-
texto. O singular de errata é erratam. mente.
Por exemplo:
7. Emprega-se etc. como abreviação da expressão latina et cetera (lê-se: /eti-
"Esta demonstração segue, ipsís litteris, os mesmos passos da
çétéra/), que significa e as demais coisas. Significa também e assim por demonstra-
diante. Deve-se usar a expressão após serem citados alguns exemplos de ção anterior"
uma lista, indicando a existência de mais elementos na lista além dos cita- A expressão ipsis verbis (lê-se: /ípçis vérbis/) e a palavra verbatim (lê_se:
dos. /verbátim/) podem ser usadas com o mesmo significado.
OBSERVAÇÃO: na maioria das construções das frases, usâ-se vírgula an- Exemplo:
tes da abreviaçáo etc., o Formulário Ortográfico assim recomenda, já outros
"Esta demonstração segue, ipsis verbis, os mesmos passos da demonstra-
manuais não aconselham.
ção anterior"
Caso a frase encerre-se com eÍc., usa-se apenas um único ponto. " verbatim, esta demonstração segue os mesmos passos da demonstraçã,
([9],p.322) anterion"
8. Também encontramos com frequência a abreviação Í.e., prontamente lida 11' A seguir, daremos uma lista de abreviações de termos latinos usados
em
como is/o é. Atençáo, apesar de serem lidas dessa forma em um texto em citações.
Português, na realidade, essas letras são a abreviação da expressão latina
(a) Et al.(lê-se /éti
áu/): abreviação da expresão latinaet atii, que signiÍica r
id est (lê-se em Latim: /íd ést/). Curiosamente, apenas por coincidência
outros. Essa abreviação deve ser empregada para indicar que, além
linguística é que essas palavras também signiflcam isro á. do autur
citado, o texto tem outros autores. Geralmente, emprega-se o termo quando
Exemplo: há mais do que três autores, no caso de dois ou três autores, costuma-se
escrever o nome de cada um deles.
"Vê-se, portanto, que a reta r é ortogonal a duas retas perpendiculares
contidas no plano P, i.e., r é perpendicular a esse plano". Exemplo: "No livro [Elon Inges Lima et ar, 200r ], os autores.fitz,ent ,*r(t
minuciosa aruilise e uma incisiva crítica a alguns livros ditlátir:o;
OBSERVAÇÃO: geralmente, no meio de uma frase, a abreviação i.e. é u,sudttlt
no Ensino Médio"-
usada entre vírgulas. Não esqueça dos pontos após cada letra.
As palavras et al, na referência no exemplo acima, indicam a cxisr0nciu
9. A palavra in é uma preposição latina, que significa em. Pode ser usada de, pelo menos, mais três autores da obra citada, além do quc up,rrrcc
nn
antes de uma citação bibliográflca com este significado. Utilizada com essa citação.
t28 Explicação e uso de expressões latinas na Matemática
(b) Ibid,em (lê-se /ibídem/): significa no mesmo lugar. Esse termo é usado "Mutatis mutandis, as demonstrações dos itens (ii,) e (i,ii.) seguem
os mes-
em referências bibliográficas, no sentido de na mesma obra, no mesmo ca- mos passos da demonstração do item (i,),,.
pítulo ounamesmapágina. A expressão ibidem também aparece abreviada
No exemplo, usa-se a expressão após ter-se demonstrado o item (i).
comoibid ouib.
OBSERVAÇÃO: na maioria das ocasiões, quando usada no meio da
Exemplo: frase,
a expressão é escrita entre vírgulas.
"Essa demonstração pode ser encontrada em [M. L. Castro, p.16]. lá a
demonstração do Teorema 7.1 estd na p. 23, ibidem." 13' A palavra §rc (lê-se: /çía) traduzida como assim, deste modo_ EIa deve
é:
ser usada entre parênteses após uma citação para indicar que por
"Essa demonstração pode ser encontrada em [M. L. Castro, p.l6]. Já a mais es-
tranha, inconveniente ou errada que possa parecer, até mesmo
demonstração do Teorema 7.1 está na p. 23, ibid." com erros
de Português, etc., a citação é daquela maneira que foi escrita.
Indica que
"Essa demonstração pode ser encontrada em [M. L. Castro, p.16]. Já a o eÍro é do autor da citação e não foi cometido pelo autor do texto, que
demonstração do Teorema 7.1 estd na p. 23, ib." apenas está reproduzindo-a literalmente.
A expressão pode ainda aparecer em uma lista de notas de rodapé, como A seguir, citaremos um lamentável exemplo verídico escrito em um
livro
por exemplo, a partir do Item 21 da lista abaixo: para o Ensino Médio:
20. Blá,btá,btá,.. "A drea da superflcie esferica de uma esfera de raio R é definida
por
21. Vide [Pinto, J. A]. 4trR2." (stc)
22. lbid, p. 24. (O uso nesse caso, refere-se à obra citada anteriormente, [Pinto, J. Como se não bastasse, no livro ainda foi escrito:
Al.)
"E o volume da esfera é, por definição, igual a
23.Ibid, p. 345. (Novamente, refere-se à obra já citada.) ... !n}z.,,{ri"1
Adicionamos o sic nas frases anteriores para avisar os leitores que não
te-
(c) I-oco ciÍato (lê-se: /lóla çitánil): signiflca no lugar citado, no mesmo mos nada a ver com o erro das citações, esses erros crassos foram
cometidas
lugar no mesmo livro. O mesmo que lbidem. Deve ser usado para remeter- pelos autores que os escreveram.
se a um trecho de algum textojá citado. A expressão geralmente aparece
abreviada como loc. cit.. 14. A palavra vide significavede, veja. seuuso é uma maneira de remeter
os
leitores a um texto ou a alguma passagem de qualquer outro texto
Exemplo: diferente
do que se está lendo.
"Essa demonstração pode ser encontrada em [M. L. Castro, p.16]. Já a "A demonstração de que entre dois números racionais há sempre
demonstração do Tborema 7.1 está na p. 23, loc. cit.." um nú-
mero irracional não é muito longa, vide, por exempro,
[M.
Montenegnt,
12. Se quiser usaÍ uma expressão com o mesmo sentido do Item 9, da Subse- Tborema 41."
çáo 4.1, uma opção é utilizar os termos mutatis mutandis (lê-se: /mutátis
Para esta seção, consultamos: [22), LZ3),
mutândis/), que significa mudando o que deve ser mudado, com a devida Í341, t32] e t9l.
alt e raç ão do s p o rme no re s, fe it as as mo dific aç õ e s ne c e s s árias.
Por exemplo:
l3t) Explicação e uso rle expressõrcs latinas na Matenráticn
Iil
À*
132 Explicação e uso de expressões latinas na Matemática
Miguel de Cervantes
Dom Quíxote de la Mancha
Capítulo X7, Segunda parte.
Mritas vezes nos perguntamos quar a origem de ceftas paravras usadas rra
Matemática e o porquê de justamente usá-las. A etimologia de algumas dcssus
r33
134 Dicionário etimológico-explicativo de palavras usadas na Matemática Dicionário etimoló cativo da Matemática
palavras é bastante interessante, principalmente quando se descobre que seus sig- 2. ÁLGEBRA.' essâ palavra vem do Árabe al-jabr e signiflca restauraç:ãrt,
niÍicados expressam com fldelidade a ideia matemática daquilo que representam. reintegração (daquilo que se quebrou). Ela chegou à Matemática por nreio
Acreditamos que em alguns casos, o conhecimento da raiz etimológica de de um tratado iárabe sobre equações chamado Al-jabr w'al mfrqabara, cujtr
uma palavra pode ser um interessante auxiliar no processo ensino-aprendizagem. tradução pode ser ciência da reintegração e equiparação. Esse rivro foi es-
Neste capítulo, selecionamos e explicamos a etimologia de algumas palavras crito pelo matemático persa Mohammed ibu-Musa al-Khwarizmi (c.7g0-
.iulgadas por nós como as mais relevantes e as mais usadas na Matemática. Por c.850), que introduziu o sistema numérico indo-arábico no ocidente. Ape-
razões históricas, você vai perceber o fato da maioria delas terem raízes latinas sar de conteúdo elementar em comparação ao já produzido por babilô-
ou gregas. Não poderia ser diferente, pois essas duas línguas sempre tiveram uma nios e hindus no que passaria a chamar-se Álgebra, o livro escrito por.
grande influência na linguagem científica. al-Khwarizmi teve um duradouro impacto na Matemática da época.
Nossa principal contribuição ao fazer esse pequeno dicionário foi ligar a raiz
No contexto do livro, referindo-se à resolução de uma equação algébrica,
etimológica da palavra ao seu uso na Matemática. Assim, diferentemente dos di- a ideia de reintegrar signif,ca adicionar termos iguais a ambos os lados dtr
cionários etimológicos tradicionais, procuramos explicar as razões matemáticas equação, e equiparação significa deixar os dois lados da equação iguais
parâ certos objetos terem o nome que têm. Logo, adicionamos o adjetivo "expli- ([37], p. a8; [19] p.167). Essa ideia faz-nos lembrar de alguns livros diilá-
cativo" ao título desse capítulo. ticos atuais do ensino fundamental, que usam uma balança para ensinar a
Em nossa pesquisa, encontramos várias explicações interessantes e outras até resolver equações algébricas.
mesmo diferentes das que demos para se compreender araiz etimológica de uma
palavra. Das que selecionamos, optamos pelas explicações que tinham base lógica o texto ficou famoso no ocidente e tornou-se conhecido apenas pelo seu
ou fundamento histórico.
primeiro nome Al-jabr, temo que passou a significar o assunto tratado no
Advertimos que nosso trabalho não é o de um dicionarista, até porque nem te-
livro. No Século XVI, a palavra álgebrajá estava sendo usada com o sig-
nificado que hoje a conhecemos.
ríamos competência para isso, mas apenas o de quem deseja repassar informações
que julgamos interessantes para os apreciadores da Matemática, das palavras e de Incrivelmente, essa palavra também ficou associada, durante anos, ao que
suas origens. atualmente entendemos por procedimenÍos cirúrgicos da ortopedia. como
referência nesse sentido, um dos significados que o Dicionário Aurélio re-
gistra para o verbete álgebra é Arte de consertar ossos fraturados ou des-
11..1 Dicionário etimológico-explicativo da Ma- locadost Em Dom Quixote de la Mancha de Cervantes, citado no começo
deste capítulo, e nas obras de antigos autores de língua poftuguesa, o tenro
temática algebrista é também usado com esse antigo signiflcado médico.
o nome Liber Algorismi, ott seja, Livro de al-Khwarizmi, donde a palavra sobrenome do matemático e filósofo francês, René du Peron Descartes2. A
algarismo tomou seu signiflcado atual. razáopara verter seu sobrenome para o Latim uma práticanaquela época
-
- é que em seu tempo, e por muito depois, os trabalhos matemáticos eram
4. ÂNcur-o RBTo: vide ORTO. escritos em Latim, um dos legados deixados pelo Império Romano para a
ciência3. Enflm, o Latim tinha se tornado a língua científlca internacional,
5. ARITMETICA: do Grego arithmetike, palavra que compõe a expressão
que favorecia a troca de ideias e a pesquisa científica entre cientistas de
téchne arithmetiké, que significa arte (ou a técnica) de contar ou ciência
línguas diferentes.
dos números. O vocábulo decorre de arithmós, que é número em Grego.
10. CATETO: palavra decorrente do Grego e significa reta perpendicular; reÍu
6. AVOS: emprega-se esse termo para ler frações, cujo denominador são nú-
vertical (a uma outra reta). Foi usada nesse sentido já por Euclides. De-
meros maiores do que dez e náo são potências de dez. Por exemplo i "trinta
34 coffem da mesma família a palavra catéter, usada na Medicina, e catoirJe ,
e quatro, vinte e cinco avos" (-). A palavra provém do termo oitavo, usada na Física.
usado como substantivo,signifiáído pequena parte de um todo, parte alí-
quota oufração em que a unidade principal foi dividida. A palavra oitavos, I l. CILINDRO: videVOLUME.
popularmente interpretada como o composto de oit(o)+avos, flcou com o
t2. CÍnCUfO: deriva do vocábulo latino circulus, que signiflca cinto, roda,
passil do tempo reduzida apenas a ayos.
anel. Lembremos que os coliseus e os locais onde os romanos realizavam
suas corridas de bigas tinham o formato circular ou oblongo, originalmente
7. BARICENTRO: centro de gravidade, do Grego bary,qtesignifrcapesado,
chamados circo. Por isso as palavras círculo e circo têm a mesm a raiz eti-
gravidade.
mológica. Com essa explicação, entende-se porque a palavra latina circulus
8. CÁtCUtO: vem do Latim calculus. Signif,ca pedra pequena, seixo pe- também quer dizer reunião ou assembleia ruidosa.
queno (lembre-se de cálculo renal). A palavra calculus deriva da junção
13. CONGRUENTE decorre da palavra latina congruezs, derivada de cong,ru-
do vocábulo kalyx, qle é (pedra de) cal, com o sufixo diminutivo u/as.
ere, qüe, entre outros significados, quer dizer vir junto, estar de ar:orukt,
É improvável a explicação para o uso dessa palavra, descrita pela bucólica combina4 concordari coincidir Esse último significado explica seu uso na
e bonitinha história de que os numerais foram inventados por pastores ao Matemática tal como conhecemos, por exemplo, nas expressóes triânguk»
contar suas ovelhas, associando uma pedrinha a cada uma delas, e vice- congruente s, s e gmentos congruentes e ângulos congruente s.
versa!
14. coRoLÁRIo.' essapalavra tem uma interessante história. Deriva do vocli-
Com um sistema numérico não posicional, em verdade, que pouco con-
bulo latino corollarium, que signif,c a pequena coroa oü grinalda de Í'olhas
tribuía a fazer contas, certamente os antigos romanos usavam pequenas
zRené Descurtes (1596-1650),
pedras para ajudá-los a efetuar operações elementares e ensinar as crian- filósofo e matemático francês, foi um clos prccurso-
res do Cálculo Infinitesimal e, juntamente com Pierre de Fermat, um dos invcntorcs tftr
ças a contar. (Será que também usavam pedras de cal patafazer contas na Geometria Analítica. Introdutor do racionalismo filosófico, foi o Íun«ladol dt Fikrtoliu
lousa?). Daí o vocábulo tomou o sentido de conta, cálculo, como hoje o Moderna, e sempre é lembrado por sua máxima: Cogito ergo sunt (Discurso tlu Ruzlfut,
conhecemos. 1637) que se traduz do Latim, c<>mo: Pen,^o, ktgo exislo!
3Algumas más línguas dizem que essa
foi a única c«lntribuiçlo dos rornurxrn ;lnrn rr
9. CARTESIANO.' decorre de Cartesius,latinização da palavra Descartes, Malemática, mas não entremos cm dctalhes.
140 Dicionário etimológico-explicativo de palavras usadas na Matemática I 1.1 Dicionrário etimológico-explicativo da Matemática 14t
o ângulo cr, exterior ao cone, igual a 0. Iâ a elipse é formada quando um cônicas. Apolônio usou essas palavras, com o sentido que acabamos cle
plano corta o cone com um ângulo amenor do que á, e a hipérbole, com explicar, ao escrever seu célebre tratado: As Cônicas. Os termos foram
um ângulo a maior do que d. emprestados dos pitagóricoss, que os usaram noutro contexto (t281).
Como ainda se pode constatar, temos os tratamentos algébricos modernos 24. EXPOENTE' origina-se das palavras latinas exo+ponere. O vocábulo exo
dados a eSSaS curvas, que usam o Conceito de excentricidade'e'ou do significafora e ponere significa colocar, por. Dessa forma, expoente é algo
discriminante A de uma equação algébrica. Nesses casos, a elipse ainda colocado fora do lugar, que fica em destaque. Lembremos que o expoente
está associada a algo menor, a parábola, a algo igual e a hipérbole, a algo
é colocado acima da linha, e portanto, fora da linha em que se escreve um
maior. Constate na tabela a seguir: texto.
Elipse Parábola Hipérbole 25. FILAÇÃO: vem do Latimfractionem, tendo raiz napalavrafrangere, tra-
Excentricidade e<l e:7 e>7 duzida como quebrar. Afração senaaparte quebrada (fracionada) de um
Discriminante a<1 A:0 a>1 todo.
Figura 1 1.1: Explicação geométrico-etimológiÇa para os nomes das cônicas. A explicação é a seguinte: o sufixo grego hipo transmite a ideia daquilo
que está em posiçdo inferior, debaixo de (lembremos hipotermia = tempe-
Essa ideia ainda se repete quando esses termos são usados para classif,car ratura abaixo do normal, hipoglicemia=glicose abaixo do nível aceitável);
equações diferenciais parciais de segunda ordem, são usados na Geometria a palavra tenusa tem a mesma raiz da palavra tensão e deriva de teinein
Diferencial para classificar certos pontos em uma superfície e na língua que, por sua vez, significa esticado, estendido. Portanto, a hipotenusa seria
portuguesa, para designar certas figuras de linguagem (parábola= narração
as seções cônicas (parábola, elipse e hipérbole) e estudou suas principais propriedades.
igual a outra,lembremos das parábolas bíblicas; hipérbole=naryação que 5
Pitagóricos: membros da Escola Pitagórica fundada por Pitágoras de Samos(Sé,ctrlo
exagera (aumenta) os fatos; elipse=omissão das palavras.) VI a.C.). Essa escola filosófica, que tiúa os moldes e o rigor de uma "seita rcligiosa".
As palavras elipse, parábola e hipérbole foram empregadas pelo matemá- pregava que os números eram o princípio de todas as coisas. Para seus cotnponcntcs,
a 'números' eram os números naturais e acreditavam que o universo, com suas lcis e l'cnô-
tico grego Áp olônio d.e Perga çc.260-c.190 a.C.) para designar as secções
menos, podia ser cxplicado pela relação entre esses números e pelo simholismo quc llrcs
aApolônio de Perga (c.260- c.190 a.C.), matemático grego que nessa sua obra definiu creditavam.
142 Dicioniário etimológico-explicativo de palavras usadas na Matemática 1 1.1 Dicionário etimológico-explicativo da Matemática 143
a linha estendida (abaixo do ângulo reÍo). O uso e o signilicado da palavra A expressão LOGARITMO NEPERIANO decorre do nome de seu inven-
na Matemática tornam-se mais convincentes, quando lembramos que, em tor.
diversas ocasiões importantes, os triângulos retângulos são usados com a -, -)
MATEMÁTICA: origina-se do Grego, mathema, que é ciência, conheci-
hipotenusa sendo a base desses triângulos. Por exemplo, ao se deduzir as
mento. A palavra matemática significa aquilo que é aprendido. Acredjta-se
relações métricas do triângulo retângulo.
que o termo foi cunhado pelos pitagóricos.
29. HIPOTESE'vide o vocábulo TESE. Em Latim, mathematicúu era um palavra no plural, fato que explica que
origem grega ísos, que significa igual, seme' hoje, em algumas línguas, a palavra matemática também seja escrita no
30. 1SO.' decorre da palavra de
lhante e compõe as seguintes palavras:
plural. Vejamos: no Inglês, mathematics; no EspanhoT, matemáticas, e no
Francês, mathématiques.
ISOMETRIA: iso+metria, qwe íem a mesma medida.
Um fato que achamos interessante: derivada da mesma raiz, descobrimos
ISOMORFISMO: iso+moffismo, que tem a mesma forma.
nos dicionários a palavra polimática, adjetivo de polimatia que significa
ISÓSCELES.' do Grego, isos+skélos. Literalmente significa que tem per- cwltura pessoal extensa e variada, erudiçõo. Já polímata é um indivíduo
nas iguais. A palavra skélos qler dizer pernas. Recordemos que uma perna que estuda ou conhece muitas ciências. Não é à toa que é raro o uso dessas
dobrada dá a ideia de um ângulo. Por essa razáo, segue o uso da palavra palavras hoje em dia.
isósceles para designar um triângulo com dois ângulos internos de mesma
medida. Só para comprovar ainda mais a influência da língua Grega na Ci- 34. MENOS: vide MINUTO.
ência, em Inglês, os lados de um triângulo retângulo podem ser chamados 35. MINUTO: os antigos navegadores do Mediterrâneo dividiam um arco cle
de legs, que significa pernas.
um círculo usando o sistema sexagimal, de uso comum naquele tempo. A
31. LEMA: palavra de origem grega decorrente de lambanein, que signiflca esses pequenos pedaços de arco (1/60 do original), os romanos chamararlr
tomar, agarrar e cuja tradução literal seria aquilo que se admite. Essa pars minutia prima (parte miúda primeira), que signiflca primeira parte
tradução explica o fato de admitirmos como válido um lema para demons- diminuída, miúda, expressão posteriormente resumida a minutia. Daí o
trarmos um teorema. porquê chamar-se minwto a1/60 de um ângulo que vale um graLr.
Para constataÍ o quefoi exposto acima, a palavra dilema=di+lema significa A palavra MENOS, usada no sentido de subtrair, diminuir, fazer mcnor,
dwas coisas que se admitem, daí a dúvida sobre qual escolher. vem do Latim, minus, e tem a mesma raiz dapalavra minuto. Tambérn tônr
a mesma raiz as palavras menor e miniatura.
32. LOGARITMO.' palavra cunhada em 1614 pelo inventor dos logaritmos,
Já SEGUNDO, medida que vale l/60 de tm minuto, é a seguntlu purta
John Napier6. Decorre do Latim Científlco logarithmus, formada a partir
diminuída de um aÍco que, em vista da explicação anterior, foi naturalntctrtc
da junção dos termos emprestados do Grego: lógos, qlue significa cólcwlo,
chamada em Latim de segunda pars minutia, donde vem a pzrlav rtr,segutttkt,
razão, e arithmós, que signiflca número. A palavra razão refere-se ao mé-
como a usamos em nossos dias.
todo original usado para construir o logaritmo.
6John Napier (1550-1617), matemático escocês que criou os logaritmos e com isso, Nossa unidade de medida de tempo, baseada em um relírgi«r circular rlc
ponteiros, também adotot-t essa terminologia para as sLrbclivisircu rl«ls pcr'ío
naquela época, reduziu em meses o tempo gasto com vários cálculos, principalmente os
da Astronomia. clos quc cl.tamarnos nr.inulo c selqutrdo.
144 Dicionário etimológico-explicativo de palavras usadas na Matemática icativo da Matemática t45
o peito (o seio), bolsa, baía. Sua origem é a mesma da palavra seio, sinuo- palavra consequência (= resultado que segue um evento).
sidade.
50. SÓLIDOS DE PLATÃO: usa-se essa expressão para designar os únicos
Atualmente, quem associa os signiflcados anteriores ao formato da senoide
cinco poliedros, muito admirados por possuírem propriedades represen-
fica com a sensação de que o temo foi muito bem escolhido. Entretanto,
tando a beleza simétrica, o equilíbrio artístico e a perfeição da forma: /e-
devemos recordar que, quando essa palavra foi usada pela primeirayez, o
traedro, hexaedro (cubo), octaedro, dodecaedro e icosaedro (mnemonica-
conceito de função e, mais sofisticadamente, o de gráflco de uma função
mente chamados THODI).
estavam muito longe de serem criados. Na verdade, originalmente, a pa-
lavra seno não tem nada a ver com o formato da senoide, o que torna essa Apesar desses sólidos levarem seu nome, Platão não descobriu e nem fez
história ainda mais interessante. qualquer estudo matemático sobre eles! Em suas ideias filosóficas, no seu
sistema cósmico, ele associou cada um desses sólidos, já conhecidos em
sua época, a um elemento da Natureza: o tetraedro ao fogo, o hexaedro ,i
terra, o octaedro ao ar e o icosaedro à água. O dodecaedro representava o
Jiva de o universo.
Figura lL.2: Jiva, o ancestral do atual seno. 51. SOMA: a origem dessa palavra muito nos chamou a atenção. Ela deriva
da palavra latina summu.§ que, originalmente, significava o que se acha no
O fato é que houve um eÍro de tradução que felizmente deu certo: os mate- lugar mais elevado. De mesma raiz etimológica decorre a palavra portu-
máticos hindus chamavam a meia corda correspondente a um ângulo a, de g\esa sumo (O Papa é chamado Sumo Pontífice dalgrqa). São de raízes
jiva, palavra sânscrita que def,nia o ancestral correspondente ao nosso atual próximas as palavras supremo, super e outros superlativos.
sena (vide Figura 11.2). Os matemáticos árabes, que aprenderam com a
Ató esse ponto, não se constata nada que ligue esses signiflcados à Mate-
tradição indiana, continuaram utilizando o mesmo termo. Mas, quando os
mática. A explicação do uso dapalavra soma na Matemática é a seguinte:
tratados árabes foram traduzidos para o Latim, a palavra jiva foi confun-
para efetuar uma adição, os antigos (gregos e romanos) listavam os núme-
dida com a palavra árrabe jaib, que signiflca dobra, bolso, baía e, por sua
ros em uma coluna e somavam de baixo para cima, em sentido contrário eul
vez, foi traduzida paÍa o Latim como sinus. Sem dúvida, um eÍro como
que hoje fazemos. O resultado da conta era colocado no topo da coluna, ou
poucos, com um flnal feliz! (t201 p. 139,126l)
seja, no summus da coluna, no seu lugar mais elevado. Com o passar do
48. SÉrun: decorre de serere, palavra latina que quer dizer juntat; agrupar. tempo, a palavra que designava esse local passou a signif,car o resultado da
Tem a mesma ruiz de sermão (=agrupamento de pessoas ou palavras) e de operação realizadal
inserir.
52. TANGENTE' vem da palavra latina tangere e significa que taca. O termo
49. SEQUÊNCIA.' vem do Latim sequi, que significa seguir. A palavra se- é propício quanto ao seu uso na Matemática, pois expressa a ideia do que
gundus, que significa o que segue, provém da mesma raiz, como também a ocon'e com a reta tangente a uma curva.
148 Dicionário etimológico-explicativo de palavras usadas na Matemática
55. TRIGONOMETRIA: vem do Grego trigono + metria. A palavra trigono Estrutura e redação de uma
signiflca que tern três ângulos e metria é medida. Acredita-se que o termo
foi criado, em 1595, pelo matemático alemáo Barthol,omiius Pitiscus (1561- dissertação matemática
1613).
Para este capítulo, consultamos 1221,127),132),123), [34], U5l' [16] e t8l. encontrar uma maneira que possais compreendê-\o".
149
t-5 t
150 Estrutura e redação de uma dissertação maternatica
1. CAPA 3. TNTRODUÇÃO
O título, seguido do nome do autor, deve ser adequadamente enquadrado Se os leitores sentiram-se entusiasmados com o título e com o resumo de
ao tamanho da capa, montada de modo que fique esteticamente agradável seu trabalho, vão querer conhecê-lo melhor. A introdução é o local onde
de ser vista e lida. Nessa atividade, leva-se em conta o tipo e o tamanho você deve dar mais informações e convencê-los da relevância do que escre-
das letras. Observe com cuidado o tamanho das letras usadas para escrever veu. É importante motivá-los para continuar a leitura aÍé o final. Eis um
o nome da universidade, o título da dissertação e o nome do autor. Esses dos motivos pelos quais torna-se importante escrever uma boa introdução.
tamanhos devem ficar adequados para, por exemplo, o nome do autor não Para guiá-lo nesse sentido, é bom se autoquestionar: Por que um leitor leria
ficar maior do que o título da dissertação. meu trabalho? O que motivaria alguém ler o que escrevi?
Recomenda-se que os cursos de graduação e pós-graduação uniformizem Na introdução, deve-se descrever o que vai ser apresentado ao longo do
essas capas, disponibilizando-as em suas páginas eletrônicas' texto, tecendo um relato geral, mas breve, do que os leitores irão encontrar.
Mesmo usando expressões técnicas, escolha um título chamativo, que re- Enuncie os resultados principais, as dificuldades enfrentadas e as técnicas
presente com fidelidade o assunto a ser apresentado. Lembre-se de que o usadas para resolvê-las. Mencione os pontos mais importantes de seu tra-
título é a primeira informação que os leitores terão de seu trabalho, po- balho, o que o diferencia dos demais, o que ele acrescenta de novo ao tema,
dendo ser decisivo pala atrairlhes a atenção e continuar a leitura, ou logo quais as técnicas principais utilizadas, etc. Nesse sentido, tome cautela para
desistir dela! Se possível, escolha um título curto, contendo o mínimo de não assustar os leitores, deixando a impressão de que a dissertação é difícil
símbolos. A sugestão também vale para os títulos dos capítuIos, das seções ou complicada.
e dos apêndices. Ao escrever a introdução, você com certeza há de falar sobre outros traba-
As primeiras letras das palavras dos títulos devem ser escritas com le- lhos. Cuidado para não se prolongar muito nos comentiírios sobre outros
tras maiúsculas, exceto artigos, preposições e conjunções que aparecem trabalhos e se esquecer de dar a devida atenção ao seu! Quanto a isso, tam-
no meio do título. bém proceda com a dose certa de entusiasmo e evite superlativos referentes
a si, pois exageros nesse sentido podem ser interpretados como ostentações
2. RESUMO
arrogantes.
O resumo deve ser curto, informativo, e deve conter os pontos importantes
Na introdução, atente para não citar fatos, conclusões ou fazer promessas
de seu trabalho, descrevendo-os sucintamente. Não escreva detalhes e nem
que não serão cumpridns posteriormente.
. se alongue. Resumo não combina com um texto longo. Contenha-se, os
156 Estrutura e redação de uma dissertação matemáúica
CAPITULO 13
Além disso, informe como o texto foi organizado e dividido, descrevendo Para o texto não ficar "quebrado", é também no apêndice que vários es-
brevemente, cada capítulo. critores optam por comentar ou provff detalhes relevantes apenas mencio-
Por ser necessário dar uma ideia de todo texto, a introdução deve ser a nados nos capítulos, que ficariam deslocados se fossem provados naquele
última paÍte a ser escrita, apesaÍ de ser a primeira parte da dissertação ge- momento.
ralmente lida. Mais secretamente, é também no apêndice, que muitos. preferem colocar
alguns cálculos enfadonhos, mas imprescindíveis, de resultados usados no
4. CAPÍTULOS texto.
A dissertação deve ser dividida em capítulos, de maneira que cada capítulo
7. BIBLIOGRAFIA
contemple e desenvolva um tema específlco, escolhido segundo sua opção
e bom senso. Essa divisão deve ser feita visando um melhor entendimento Na bibliografia, devem ser dadas informações sobre todas as citações bi-
e uma melhor apresentação de cada parte da obra, bem como dela como bliográflcas que apareceram no texto. Essas citações podem ser de livros,
um todo. Com essa mesma ideia, divide-se cada capítulo em seções que de artigos, de outras dissertações, de páginas eletrônicas, etc. o objetivo é
abordem subtemas daquele capítulo. que alguém interessado consiga encontrar os textos citados. No capítulo 9,
tratamos das citações bibliográflcas com mais detalhes.
Sobre a recomendação de dividir os capítulos em seções, leve em conside-
ração que, psicologicamente, um leitor há de sentir-se mais realizado em
completar a leitura de cada seção, ao ter de ler um capítulo muito longo,
que não foi dividido e paÍece não ter fim.
5. CONCLUSÃO
6. APÊNDICE
É no apôndice onde se disponibilizatodo material de apoio ao texto produ-
zido.
:
, fl
,
tevc urnn ctlucaçitcl esntcrada: làlava Latirn e Gre-uo perÍeitanrentc. alútn rlc l lt'
N{IT".ÀI{FSR ,,,ii:i braico, F-rarrcês, Alernão c lr',spanhoL
;ri',rB*Bff,,Sr:f,t$srmd,rr ;$$'wü44u1$l*,'r,
dsiJu $;1iyu"r,u,'d]f ,:
Sua reputaçao conto clel"latedora. seu conirccirnento sobre viilios ils\ur]l()\ ('
,. ,
i,,,r r,,,
T: (),i$.'{[' ffi I i ,;' a clareza dc suas ideias logo lhe dcranr lurniL. Agnesi corrheciu a Mu{cnlilit:r
modcrna rle sua época. 'finha estuclado os trabalhos clc New(on. I-cibniz. lrult'r.
rlos irrnãos Bernilulli, rlc Fermat e clc Descartes. o cluc lhe garantia respci(o r'llrt'
dava notoriedade.
Cionrpiklu. clc lbrnra didiirtica. toclo cssc conhecinrento em Lln'rir crllccilr rlt'
.{ v<rlurnes com rttais clc l(XX) páginas, chamada lns'ÍiÍtriorri ArtuliÍit'ltc utl tt.s.r,
dellu GittvctrtLi. ctt.io fuc-.sirttilc ilustra o linal dcste capítulo. Nesta tarelir. Agrrt'sr
loi alórn clo Marcluês clc l'Hospital, cujo tr-abalho collentarnos na piigirra lll.
ptris stur olrlrt aple:cnllrrlr sistr,'rttuticlrtncntc. ul.ittt clo Clilcttlo. ttiPicos tlc Alr'r'l,r:r.
Geornetria Anal ít i ca e Ecluações D i l'crenc iai s.
C) lrt,stitrt:,ionl conlinha grandc parte tla Matemírlica rccétr-criacll nurlrrt'l:r
época, err nível cle conhecimento c entertclirlcnto apcnas para os grartclcs nrlr
ternírticos europcus. Unr cornitê da Acadcrnia de Ciôncia íl'irnccsa errrcalreglrtLr
[]-§ h(tL,q M# ] }l'ü'f]ffiffiM["-Vü$(-
tlc lvrtliur lt tr§f i1. rlecllrr,rtt: "I-.ttc tntltttllt() (ttr(tt'l(ri:.tt- .tt'1t,,1'.\u(t (tt',<(tni:(tt.tt,'
*-" "ttfriffi[*d- fl]{J ü'Ít L'::fi'q[h;H:ffi"
rÍ Med h-h-ffi'
ffiffi[. cuidutlo,ytt, por suu clure:fl a precisão. I{ão ltú rrenhurrt ttuÍro livnt, (nt (luttl(lut't
u7.,*.tta [0NLI' *tà,U »S, EUgrSW$.pJ[,[ ;,,, lfuguu. qu( l)o.\.\u penniÍir uo leitrtr petl(lrur t[Ío proliuttlu ort rttltitltutt('nt('n()\
íwrn*í,::-*ffi#-ià .:r:-*'-**':l
-'"'1-' L'r»tr't,itos.fitntltuntttÍttis da Análise. Nris o L'ons'itlt'rutntt,s (()nt() o ttrtti.t t'rttttltlt'1,, ,
lrd!,
t*{*:!j::: ' ''-:--} o tnclltrtr entseu gêtteru".
trrn 1775. o trabalh«l era publicackr ern Frarrcês, 1'ror tlccisi-ul rlc trnlr ('()nu\\ir(,
tlir Acttlcnria Rcal de Ciências, da clual parlicipuvanr os rttillclrtuilicos rl'Al:rrrrlrt'rl
c Vlntlcnrrrlrttlc. Postcliornrc'rtlc Íili publicaclo cnr Ittglôs.
Ao Íirrirl tllr virlir, Agrtcsi lcz volrl tlc pohrczlr, tlivitlirr stur ltr'r'rrrrç'ir ('()nr (,',
nlris ttr'r't'ssilrrtlos. t'st'u unir'r, ittlt'r'r':st st'rilt rlltt ltttllts rlt'('ltlt't'isttto r't'ttirl:rr tl,'',
|tolrrt's t'rlollrlt':; tlt'srrt P;ttor;ttirr. 1r;rllrtllto (llrr'(r'\\iui;l (()rn \uir nr()rl('('nr | /()()
156 Estrutura e redação de uma dissertação matemática
CAPITULO 13
Cacaso, na poesia
"/ogos Florais.
Os Cem melhores poemas brasileiros do Século,
Organização de Italo Moriconi, Objetiva, 2001.
2. As equações estão devidamente numeradas? Há equações enumeradas e 16. Conclua com uma análise global. O trabalho final corresponde àquilo quc
não referenciadas? você tinha em mente? Senão, ficou a dever ou f,cou melhor?
4
As referências e citações bibliográflcas foram devidamente checadas se es- 17. De 0 a 10, atribua uma nota a seu texto.
tão corretas? A mesma pergunta vale para desenhos, diagramas, tabelas,
etc.
i1. O título do trabalho e os nomes dos capítulos indicam realmente aquilo que
foi tratado em cada uma dessas partes? Esses títulos despertam o interesse
do leitor?
13. Há palavras que podem ser cortadas, frases que podem ser suprimidas, sem
alterar a boa apresentação e o bom entendimento do texto?
I frs
166 Referências Referências 167
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A posteriori, 124 de livros, 116
t3sl LUZ GARCIA (2010). O Globo-Manual de Redação e Estilo. Editora Apnoi,l24 de páginas eletrônicas, 118
Globo. Adhoc,124 diferentes estilos de, 113-115
Agnesi o que são, 113
t36l NORMAN E. STEENROD, PAUL R. HALMOS, MENAHEM M. SCHIF- curva de, 156 Clareza, rigor e formalismo, 4
FER and JEAN A. DIEUDONNÉ (1973) . How to write Mathematics. Ame-
Maria Gaetana, 155 Comece a escrever já, 3
rican Mathematical Society. al-Khwarizmi, 135 Como chamar as funções, 39
Alfabeto grego, 84
l37l JOHN STILLWELL (2010). Mathemntics andits History. Springer-Verlag. Como queríamos demonstrar, 105
Analogamente,52
Concisão, l7
t38l FRANK J. SWETZ (1995). From Five Fingers to Infinity, A Journey th- Apótema,62
Condição necessária e suficiente, 98
rough the History of Mathemalics. Open Court. Apolônio, 108, 140
Condição versus propriedade, 37
Arquimedes,33,47, 108
Congruentes versus iguais, 40
169
INDICE REMISSNO 171
de quantidades, 53
. Geometria Díferencia,l d,e Curuas e Superfícies - M' P' do Carmo
. Matemó,tica Discreta - L. Lovâsz, J. Pelikán e K' Vesztergombi
de terminologia adequada, 6
. Átgebra Línear: Um segundo Curso 'H. P. Bueno
do +,82 . Introd.uçd,o às lru.nções d,e uma variá,uel complexa - c. s. Fernandez e N. C.
do ou,57 Bernardos Jr.
n.DsBM
(continuaçdn d,os títulos publirados)
. El.ementos d,e Topolngia Geral - E. L. Lima
. A Construçdn dos Números - J. Ferreira
. Introduçãa à Geometria Projetiua - A. Barros e P. Anclrade
. And.lise Vetorial Clássica - F. Acker
. Funções, Lirnites e Continuidade - P. Ribenboim
. Fund,amentos d.e Andlise Funcinnal - D. Pellegrino, E. Teixeira e G. Botelho
. Teoria dos Núrneros Transcendentes - D. Marquez
. Introd.uçãn à Geometria Hiperbólica - O modelo de Poincaré - P. Anüade