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Fatos e Números

Arranjos Familiares
no Brasil

Secretaria Nacional da Família


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Apresentação

Nas últimas décadas, importantes mudanças têm ocorrido no interior das famílias brasileiras,
principalmente quanto à sua composição, quantidade de filhos e as responsabilidades
familiares e laborais das mulheres. Tais mudanças apontam para uma diversidade maior dos
arranjos familiares, embora a constituição de unidades familiares permaneça, em termos
relativos, proporcionalmente estável.

Esta edição de Fatos e Números, estabelecendo um recorte a partir de bases de dados do


IBGE e do IPEA, traz alguns dos principais dados sobre a evolução histórica da composição
familiar no Brasil nos últimos 25 anos, a distribuição da renda por arranjos familiares, bem
como o crescimento da proporção de mulheres solteiras com filhos e o aumento das mulheres
chefes de família.

A composição familiar
predominante, composta A proporção de casais
por casal com filhos, sem filhos cresceu quase
reduziu-se de 57% a 42% duas vezes entre 1995 e
nas últimas duas décadas 2005

Mulheres sem
cônjuge e com filhos, Mulheres chefes de
que representam famílias compostas por
16,3% dos arranjos casais triplicaram sua
familiares, auferem o representação na
menor rendimento população
familiar per capita
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Mudanças na composição familiar

Nos últimos 20 anos, a principal alteração na composição familiar da população brasileira


consistiu em uma redução significativa da proporção de casais com filhos e em um
correspondente aumento dos casais sem filhos.

Uma maior participação da mulher no mercado de trabalho, a redução das taxas de


fecundidade e o envelhecimento da população refletiram-se no aumento do percentual de
casais sem filhos no período de 1995 a 2015, que passou de 12,9% para 19,9% do total de
famílias. E, embora os casais com filhos permaneçam como a forma predominante dentre os
tipos de composição familiar, sua participação caiu de 57,7% para 42,3% nas últimas duas
décadas (IBGE, 2016) (Gráfico 1).

Gráfico 1 - Distribuição percentual dos tipos de composições familiares – Brasil -


1995/2015

3,8 4,1 4,8 5,5 5,9 7,2 Unipessoal


4,1 4,3 4,9 Masculino
1,8 2,1 5,4 6,3
2,2 2,2 7,3
2,1
2,2
15,8 17,1 Unipessoal
18,1 17,4 16,4
16,3 Feminino

12,9
13,5
14,3 Homem com
16 18,5 filhos
19,9

Mulheres com
filhos

57,7 55,0 51,5 49,0 Casal sem filhos


46,3
42,3

Casal com filhos

1995 1999 2003 2007 2011 2015

Fonte: Elaborado a partir de dados do IPEA. Indicadores. Chefe de família. Distribuição percentual das famílias, por tipo de
arranjo familiar, segundo sexo do/a chefe de família, 1995 a 2015.
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Tal redução correspondeu a um crescimento das famílias monoparentais femininas, que já


representavam um percentual significativo há pouco mais de 20 anos (15,8% para 16,3%), e
das masculinas, que cresceram de 1,8% para 2,2% do total (Gráfico 1). Por sua vez, a
proporção de famílias unipessoais quase dobrou nesse período, passando de 7,9% para 14,5%
(Gráfico 2).

Apresentamos abaixo essas informações a partir de outra perspectiva, focalizando a redução


proporcional dos casais (com ou sem filhos) entre as composições familiares brasileiras, de
70,6% para 62,2% da população (Gráfico 2).

Gráfico 2 – Distribuição percentual dos casais e composições familiares que não


envolvem casais – Brasil – 1995/2015

70,6 17,6 7,9


1995

65,8 20,3 9,7


2003

65 19,6 10,9
2007

64,8 18,5 12,2


2011

62,2 18,5 14,5


2015

Casais Monoparentais Unipessoais

Fonte: Elaborado a partir de dados do IPEA. Indicadores. Chefe de família. Distribuição percentual das famílias, por tipo de
arranjo familiar, segundo sexo do/a chefe de família, 1995 a 2015.
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Composição familiar e renda

A distribuição, por arranjos familiares, do rendimento nominal mensal familiar per capita, de
2010, revela que as famílias monoparentais com filhos, com mulheres responsáveis pela
família, auferem em média o menor rendimento familiar per capita, seguidas, numa ordem
crescente de rendimentos, dos casais com filhos, famílias monoparentais masculinas com filhos
e casais sem filhos (Gráficos 3 e 4).

A medida da renda familiar per capita, no entanto, não reflete da forma mais precisa a situação
concreta das famílias, uma vez que na vida das famílias a renda e o consumo familiar não se
dividem igualmente entre os membros, mas em geral se compartilham de acordo com as
necessidades de cada um. Dessa forma, pode-se sugerir que as circunstâncias
socioeconômicas das famílias monoparentais com filhos são, na realidade, ainda piores que as
dos casais com filhos.

Gráfico 3 – Distribuição (%) do rendimento nominal mensal familiar per capita


(famílias únicas e conviventes), por composição familiar – Brasil - 2010

4,71 3,86 6,9


10,93 Mais de 5
Salários Mínimos
34,27 33,53
39,51
49,38
Mais de 1 até 5
Salários Mínimos

61,01 62,60
53,58 Sem Rendimento
39,71 até 1 Salário
Mínimo

Casal sem Casal com Mulher com Homem com


filhos filhos filhos filhos

Fonte: Elaborado a partir de dados do IBGE. Censo demográfico 2010. Famílias e Domicílios. Tabelas. Brasil. Tabela. Famílias
únicas e conviventes principais residentes em domicílios particulares, por classes de rendimento nominal mensal familiar per
capita, segundo a situação do domicílio e o tipo de composição familiar, 2010.
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Gráfico 4 – Participação (%) das composições familiares no rendimento nominal


mensal familiar per capita, por faixa de renda – Brasil – 2010

Sem Rendimento até 1 Salário Mínimo

100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
61,01 62,60
30% 53,58
39,71
20%
10%
0%
Casal sem filhos Casal com filhos Mulher com Homem com
filhos filhos

Mais de 1 até 5 Salários Mínimos

100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30% 49,38
34,27 33,53 39,51
20%
10%
0%
Casal sem filhos Casal com filhos Mulher com Homem com
filhos filhos
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Mais de 5 Salários Mínimos

100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10% 10,93 6,9
4,71 3,86
0%
Casal sem Casal com Mulher com Homem com
filhos filhos filhos filhos

Fonte: Elaborado a partir de dados do IBGE. Censo demográfico 2010. Famílias e Domicílios. Tabelas. Brasil. Tabela. Famílias
únicas e conviventes principais residentes em domicílios particulares, por classes de rendimento nominal mensal familiar per
capita, segundo a situação do domicílio e o tipo de composição familiar, 2010.

Mulheres chefes de família e famílias monoparentais

No contexto das alterações do mercado de trabalho, em especial com o aumento da


participação feminina, e das mudanças nas atitudes culturais a respeito da formação da
família, a participação dos casais com filhos nas famílias brasileiras reduziu-se
consideravelmente, entre 1995 e 2015, de 57,7% para 42,3%. No entanto, o percentual de
famílias monoparentais femininas permaneceu estável, tendo tido um pico de 18% em 2003
e se estabilizado em aproximadamente 16% a partir de 2010. (Gráfico 5).

Em que pese essa estabilidade estatística, a participação dos arranjos monoparentais entre
as famílias chefiadas por mulheres reduziu de 68,8% em 1995 a 40,4% em 2015. Isso se
deve à grande expansão (de 2,8% a 34,3%) do número de mulheres que passaram a ser
chefes de família em arranjos familiares compostos por casais, com ou sem filhos, nesses 20
anos (Gráfico 6).
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Gráfico 5 – Distribuição (%) de casais com filhos e mulheres com filhos – Brasil -
1995/2015

57,7
55,0
51,5
49,0
46,3
42,3

17,1 18,1 17,4 16,4 16,3


15,8

1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020


Casal com filhos Mulheres com filhos

Fonte: Elaborado a partir de dados do IPEA. Indicadores. Chefe de família. Distribuição percentual das famílias, por tipo de
arranjo familiar, segundo sexo do/a chefe de família, 1995 a 2015.

Gráfico 6 – Distribuição (%) das famílias chefiadas por mulheres, segundo tipo de
arranjo familiar da chefe de família – Brasil – 1995/2015

17,9 16,3 16,9 16,5 16,8 17,9 Unipessoal


feminino
10,5 9,4 9,3 8,5 7,7 7,4
Mulher sem
filhos

43,8 40,4 Mulher com


53,0 filhos
65,6 62,9
68,8
Casal sem
9,0 10,8 filhos
5,5
0,7
22,8 23,5 Casal com
2,1 2,3 2,8 16,5
8,0 filhos
6,4

1995 1999 2003 2007 2011 2015

Fonte: Elaborado a partir de dados do IPEA. Indicadores. Chefe de família. Distribuição percentual das famílias, por tipo de
arranjo familiar, segundo sexo do/a chefe de família, 1995 a 2015.
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No tocante a diferenças de arranjos familiares relacionadas à raça, o número de mulheres


negras chefes de famílias monoparentais é proporcionalmente muito superior ao número
de mulheres brancas na mesma condição. Em contrapartida, casais negros com filhos são
apenas ligeiramente mais prevalentes do que os casais brancos com filhos (Gráfico 7).

A comparação entre as diferenças mostra que as mulheres negras encontram-se quase 4


vezes mais expostas à desafiante condição de chefes de família monoparentais, e portanto
mais sujeitas à pobreza e a dificuldades de equilíbrio entre o trabalho e a vida familiar.

Gráfico 7 - Distribuição (%) das famílias, por tipo de arranjo familiar, segundo
cor/raça do/a chefe de família - 2015

41,2 43,2

14,9 17,6

Casal com Filhos Mulher com Filhos

Branca Negra

Fonte: Elaborado a partir de dados do IPEA. Indicadores. Chefe de família. Distribuição percentual das famílias, por tipo de
arranjo familiar, segundo sexo do/a chefe de família, 1995 a 2015.
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Referências

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Síntese de Indicadores


Sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira 2016. Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística, Coordenação de População e Indicadores Sociais. Rio de
Janeiro: IBGE, 2016. Disponível em:
https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv98965.pdf. Acesso em: 31 ago. 2021.

______. Família e Domicílio, Censo Demográfico 2010. Disponível em:


https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/populacao/9662-censo-demografico-
2010.html?edicao=14881&t=resultados. Acesso em: 08 out. 2021.

INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA – IPEA. Retrato das Desigualdades de


Gênero e Raça - Chefe de família. Brasília: IPEA, 2009. Disponível em:
https://www.ipea.gov.br/retrato/infograficos.html. Acesso em: 31 ago. 2021.

______. Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça. 4ª ed. Brasília: IPEA, 2011.
Disponível em: https://www.ipea.gov.br/retrato/pdf/revista.pdf. Acesso em: 06 set. 2021.

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