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Diálogos Intedisciplinares -

Gênero
Resp. Profas. Arlene Ricoldi e Regimeire Maciel
Centro de Engenharia, Modelagem e Ciências Sociais Aplicadas
Bacharelado em Ciências e Humanidade (BCH)

1 Disciplina: BSH-0002-17 – TPI (4-0-4)


2019.1

Aula 1 – Profa. Arlene Ricoldi


Divisão Sexual do Trabalho

� Relação social (complementar)entre os sexos (etnologia/Lévi-Strauss)

� Reelaboração do Feminismo francês:


� Atribuição social diferenciada de trabalhos segundo o gênero (e
também intersecções entre raça, classe), cujo expoente é D. Kergoat

Conceito amplamente utilizado por grupo de pesquisadoras francesas


da sociologia do trabalho que possuem diálogo constante com a
realidade brasileira (Hirata).
3 Divisão Sexual do Trabalho - Kergoat

� Dois princípios fundamentais:

� Separação: Há trabalhos “de homens” e “de mulheres”

� Hierarquia: os trabalhos “de homens” (produtivos) vale mais que os


trabalhos “de mulheres” (reprodutivos)
É visível essa separação na realidade?

� Princípios gerais – na prática, as modalidades concretas do trabalho


possuem enorme plasticidade

� Permanência da condição e da distância entre os sexos (tudo muda, mas


nada muda)
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Conciliação entre Trabalho e Família
SÓ MULHERES “CONCILIAM”!

� Principal atribuição de cuidar da família, especialmente quando há crianças,


pessoas dependentes – idosos e deficientes
� Carreira profissional: sujeita a interrupções, mais “permeável” a acontecimentos
na família que requeiram seus serviços de cuidados (doenças, invalidez);
� Círculo vicioso: Menor salário tb leva a ser a primeira a abandonar o emprego
nesses casos (proteção ao maior salário do domicílio, quando há outros além do
dela, especialmente masculinos)
� Incentivo / necessidade a empregos de menor jornada; flexíveis (mas tb precários)
= menor qualidade
Novas configurações DST
� Nomadismos sexuados (precarização):
� Tempo parcial e dispersão temporal (mulheres)

� Deslocamentos e trabalhos sazonais e temporários (homens)

� Bipolaridade do trabalho feminino: aumento importante de


mulheres profissionais escolarizadas x precarização trabalho
feminino (Delegação-> mulheres negras, migrantes)
� Externalização do trabalho doméstico
Novas configurações DST
� Consequências
� Maior envolvimento dos homens no trabalho doméstico, via
atenção parental (filhos) – apaziguamento da relação conjugal
burguesa com externalização do trabalho doméstico

� Aumento da tensão e conflito entre mulheres (classes e raça/etnia)


em razão da delegação do trabalho doméstico a mulheres pobres
Cadeias Globais de Cuidados
� Países do Norte: mulheres migrantes se ocupam dos trabalhos de
cuidado, muitas vezes deixando seus filhos a cargo de outras
mulheres nos países de origem

� No Brasil, é a migração interna (Norte->Sul) que ocupa esse papel


(migração internacional ainda em pequena escala, embora crescente)
Teoria do Care
� Cuidado / importar (não há grande diferença em relação ao termo em português)
� Trabalho remunerado ou não, em tendência de crescimento
� idoso, crianças, pessoas com deficiências físicas e dependências
� Estendido para a compreensão de diversos trabalhos ou funções que
envolvem atenção psicológica ou afetiva, bem como o desgaste e
stress decorrentes
� Qualquer “trabalho” requer essa atenção ?
Care
� Coloca em evidência o cuidado, e a posição dos cuidadores, em
relação a quem é cuidado (raça, classe, condição social)

� Nova classe operária não-industrial

� Consubstancialidade x Interseccionalidade (debate)


Interseccionalidade

� K. Crenshaw: Sobreposições de condições (raça e gênero,


posteriormente classe, etnicidade, sexualidade, deficiência...)

� P. Collins: projeto conjunto de conhecimento das mulheres negras,


desde seu princípio – coloca classe em evidência
Consubstancialidade
� Kergoat (Hirata): Ênfase inicial em gênero e classe, posteriormente incorporando
raça/etnia

� Supõe relação social (conflitiva); Não são todas as relações que guardam um conflito
estrutural significativo (perspectiva marxista) – relações de produção, construídas
historicamente

� Relações sociais fundamentais e não categorias:


� “As relações sociais, por sua vez, são abstratas e opõem grupos sociais em torno de uma disputa
[enjeu]” (KERGOAT, 2010)

� Diferenciam-se das relações intersubjetivas


13

Fonte: Mulher estuda mais, trabalha mais e ganha menos do


que o homem. Agência IBGE, 07 março 2018. Disponível
em
https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-
agencia-de-noticias/noticias/20234-mulher-estuda-mais-trab
alha-mais-e-ganha-menos-do-que-o-homem
. Acesso em 19 novembro 2018
14 Taxa de participação na força de trabalho, na semana de referência, das
pessoas de 14 anos ou mais de idade (%), Brasil, 2012-2018

90

85

80

75
73 72.9 72.4 72.4 72 72 71.8
70

65

60

55
51.4 51.3 52.5 52.5
50 51.1 50.8 50.4

45

40
3º trim. 2012 3º trim. 2013 3º trim. 2014 3º trim. 2015 3º trim. 2016 3º trim. 2017 3º trim. 2018

Homens Mulheres

Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, 2012-2018


15

Fonte: Mulher estuda mais, trabalha mais e ganha menos do


que o homem. Agência IBGE, 07 março 2018. Disponível
em
https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-
agencia-de-noticias/noticias/20234-mulher-estuda-mais-trab
alha-mais-e-ganha-menos-do-que-o-homem
. Acesso em 19 novembro 2018
16 Média de horas semanais trabalhadas no trabalho principal das pessoas
de 16 anos ou mais de idade ocupadas na semana de referência, por sexo,
Brasil - 2004/2014
60

55

50

45
44 43.6 43.4 43.3 43 42.9 42.5 42.2 41.9 41.6
40

35.6 36.2 36.1 35.8


35 35.5 35 35.1 35.3 35.5 35.5

30
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014

Mulheres Homens

Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, 2004-2014


17 Média de horas semanais gastas em afazeres domésticos das pessoas
de 16 anos ou mais de idade ocupadas na semana de referência, por
sexo, Brasil - 2004/2014
30

25

22.3 22 21.8 22.4 21.9 22.3


21 20.9 20.7 21.2
20

15

10 10 9.4 9.7 9.5 10.2 10 9.8 10


9.2 9.2

0
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014

Mulheres Homens

Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, 2004-2014


18 Jornada total (trabalho principal + afazeres domésticos) das pessoas
de 16 anos ou mais de idade ocupadas na semana de referência, por
sexo, Brasil - 2004/2014
60
58.1
57.2 57.1 57.1 56.7
56.4 56.4 55.9 56.1 56.3
55
53.1 52.4
52 52 51.6 51.9 52.3 51.9 51.3 51.3
50

45

40

35

30
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014

Mulheres Homens

Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, 2004-2014


Distribuição percentual de jovens de 16 a 29 anos de idade, por tipo de
19 atividade na semana de referência (%), Brasil

45
42.4
39.7
40

35

30 29.1

25
22 21.1 21.2
20

15 14.4

10.1
10

0
Só estuda Estuda e está ocupado Só está ocupado Não estuda e não está
ocupado

Branca Preta ou parda

Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, 2004-2014


20 Distribuição percentual de jovens de 16 a 29 anos de idade,
por tipo de atividade na semana de referência (%), Brasil,
2016
60

50 47.6 48.1

40 37.2 37.6

31
30
25.9
22.8 22.2
21.3 20 20.8
20
16.4
14.7 14.1
11
10 9.2

0
Só estuda Estuda e está ocupado Só está ocupado Não estuda e não está
ocupado

Homem branco Homem preto ou pardo Mulher branca Mulher preta ou parda

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