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Espiões Da Coroa 03 - O Presente
Espiões Da Coroa 03 - O Presente
O estrangeiro que vem para reivindicar Sara Winchester como sua noiva é desconcertante,
arrogante e bonito. Nathan, sabendo mais de guerra do que do amor, é completamente
seduzido pela forma desafiante, mas doce de sua esposa. Sara a bordo de seu navio está
determinado a conquistar seu coração, mas o amor deles será testado.
Prólogo
Inglaterra, 1802
os uns os outros.
George tinha eleito seu castelo para a cerimônia. Estava atuando como anfitrião
até a chegada do Rei da Inglaterra, um dever que tinha aceito com tanto
entusiasmo como uma tortura de três dias, mas a ordem tinha sido repartida pelo
protestado com veemência por sua eleição. Entretanto, seus protestos foram
inúteis, já que o Rei estava decidido a fazê-lo a sua maneira. O barão Lawrence
único inglês que ainda se relacionava bem com as famílias da noiva e do noivo.
O barão não podia alardear sobre isto durante muito mais tempo. Pensou que
sua estadia na terra, poderia ser medida pelos batimentos do próprio coração.
Os homens que lhe rodeavam estavam dispostos a matar. Uma palavra dita
com respaldo alto entre as duas famílias inimigas. Não olhou nem para a
aspecto de ter comido uma porção de pescado azedo. de vez em quando emitia
um agudo suspiro, um som que para o barão era igual ao relincho de um velho
cavalo, e logo deixava que o maldito silêncio envolvesse o grande salão outra vez.
Lawrence sacudiu a cabeça com desespero. Sabia que não obteria nenhuma
salão quando o Rei chegasse. Então seria melhor que Deus os ajudasse, pois
Realmente, era um dia lamentável. Lawrence teve que apostar seu próprio
do salão como mais uma medida dissuasiva. Nunca se tinha ouvido sobre uma
fossem à cerimônia armados como para uma batalha. Os Winchester estavam tão
carregados com armas que mal podiam se mover. Seu atrevimento era
vergonhoso, sua lealdade mais do que suspeita. Mesmo assim, Lawrence não
condenava completamente aos homens. Era verdade que inclusive para ele
respeito de que seu líder não estava bem. O Rei havia dito a Lawrence que
estava decidido que todos se dessem bem em seu reino. Ao barão não foi fácil
ofensiva não podia ser tolerada. Dois dos tios maiores dos Winchester estavam
se ao uníssono. Não tocaram suas armas, e para falar a verdade, a maioria dos
homens do St. James nem sequer estavam armados. Em lugar disso sorriram.
isso não lhes outorgava vantagem. Os homens do St. James eram muito mais
dizia-se que tinham tirado um olho de um homem porque era vesgo; que gostavam
que faziam a seus inimigos. As possibilidades eram muito espantosas para pensar
nelas.
pessoal do Rei, um homem de rosto áspero, chamado sir Roland Hugo subiu
Lawrence pensou que parecia um galo gordinho. Como era um bom amigo seu,
humano.
—Vejo que seu senso de humor, ajudou a superar esta atrocidade —lhe
trouxeram presentes, meu amigo. Estão armados para a batalha. Sim, estão-no
—lhe assegurou ao ver que seu amigo sacudia com incredulidade a cabeça—, e
tratei de que deixassem seu arsenal fora, mas não me escutaram. Hoje não estão
muito complacentes.
desarmarem em seguida. Eu teria que estar louco se permitir que nosso senhor
entre em uma arena tão ameaçadora. Isto é umas bodas, não um campo de
batalha.
ajudante do Rei lhes deu a ordem. A demanda foi respaldada por uns quarenta
soldados leais que tomaram suas posições rodeando aos convidados. Inclusive os
patifes do St. James entregaram suas poucas armas, mas só depois de que Hugo
Graças a Deus, o Rei George não tinha idéia de que medidas extremas foram
rápido disparo.
Dois dos advogados do Rei, carregados com documentos, seguiam seus passos.
Lawrence esperou até que seu líder sentasse e logo ajoelhou diante Dele. Repetiu
seu voto de lealdade em voz alta, com a esperança de que suas palavras
O Rei se inclinou para diante, com suas grandes mãos sobre os joelhos.
—Seu Rei patriota está agradecido contigo, barão Lawrence. Sou seu Rei
Lawrence estava preparado para essa pergunta. Fazia anos que o Rei tinha
decidido chamar-se assim, e gostava de escutar essa afirmação cada vez que era
possível.
cabeça calva ao Lawrence. O barão se ruborizou. O Rei lhe estava tratando como
Lawrence o fez imediatamente. Quando olhou de perto a seu líder teve que
deteriorado aspecto do Rei. George tinha sido uma figura atrativa em seus dias
de juventude. A idade não tinha sido amável com ele. Suas rugas eram mais
profundas e tinha bolsas de fadiga nas pálpebras. Usava uma peruca branca, com
os extremos para cima nos lados, mas a cor lhe obscurecia a cútis.
O Rei sorriu a seu vassalo com inocente expectativa. Lawrence também lhe
sentiu repentinamente mal por ele. Durante muitos anos, antes de que sua
enfermidade o acometesse, George tinha sido muito mais que um Rei ideal. Sua
atitude para seus súditos tinha sido a de um pai benevolente que cuida de seus
—Ajoelhem-se!
Todos se ajoelharam.
Obviamente não tinha reparado que seu amigo podia ser tão enérgico. E Lawrence
O Rei se sentiu satisfeito pela amostra de lealdade e isso era tudo o que
importava.
—Onde estão todas as damas? Não vejo nenhuma. por que, Hugo?
Hugo não queria lhe dizer a verdade ao Rei: que os homens não haviam trazido
damas.
—A viagem seria muito difícil para umas damas tão... frágeis —lhe explicou.
Quase sufocou com suas palavras. A mentira era atroz, já que qualquer que
conhecesse as mulheres Winchester sabia que eram tão frágeis como chacais.
Entretanto, a memória do Rei George não andava muito bem para dar-se conta,
O barão se deteve para observar aos Winchester. depois de tudo, o que lhe
marquês do St. James entrou no salão se abriu um largo atalho para que
passasse.
inspecionar a seus súditos. Se tivesse sido grosseiro, Lawrence teria pensado que
era um jovem e arrogante Genghis Khan. Entretanto, o marquês não era para
nada grosseiro. Tinha o cabelo castanho escuro e olhos verdes claros. Seu rosto
era magro, anguloso, e já tinha o nariz quebrado por uma briga que, é obvio,
tinha ganho. A pequena protuberância que tinha fazia que seu perfil áspero mais
formoso.
Nathan, como chamavam seus familiares próximos, era um dos nobres mais
jovens do reino. Tinha quatorze anos e um dia. Seu pai, o poderoso conde do
Wakersfield, estava fora do país cumprindo com uma importante atribuição para
seu governo, e portanto não podia estar junto a seu filho nesta cerimônia. Em
realidade, o conde não tinha idéia de que este casamento estava sendo levado a
cabo. O barão sabia que ficaria furioso quando se inteirasse. O conde era um
ser tão vingativo e perverso como Satanás. Era tão desconsiderado como toda a
reparou que Nathan escutava as posições de outros e logo fazia o que lhe parecia
melhor. Só tinha quatorze anos, sim, mas já era todo um homem. Lawrence o
respeitava. Também sentia um pouco de pena por ele, já que cada vez que tinham
estado juntos nunca o tinha visto sorrir. Pensava que isso era uma pena.
O clã St. James nunca o chamava por seu nome. referiam-se a ele como ao
«moço», já que para eles ainda tinha que provar seu valor. Havia provas que
moço. Acreditavam que era um líder natural, sabiam que por sua textura seria um
homem muito grande e esperavam que fosse, sobre tudo, tão rude como eles.
ele. O barão lhe observou atentamente. Sabia que os tios tinham indicado a
Nathan que não se ajoelhasse diante do Rei a menos que ele o ordenasse.
e recitou seu voto de lealdade com voz firme. Quando o Rei lhe perguntou se era
Rei, reparou que ele também estava satisfeito. Os familiares do Nathan não o
estavam. Seus olhares era tão avivados para acender uma fogueira. Os
olhar frio como o gelo pareceu congelar a insolência dos homens. O marquês não
voltou a olhar ao Rei até que a maioria dos Winchester baixou o olhar ao chão.
pernas separadas, as mãos cruzadas nas costas e com olhos fixo para frente.
tinha feito o correto. Lawrence se sentia como um pai orgulhoso, uma reação
Quando chegou ao primeiro piso ouviu que ela chorava. O som foi interrompido
pelo grito zangado de um homem. O barão bateu na porta duas vezes antes de
que o conde do Winchester, o pai da noiva, abrisse-a. O conde tinha o rosto tão
—Entra, Lawrence. me ajude para que ela desça pela escada, homem. Está
—Nunca ouvi isso —murmurou o conde—. A verdade é que é a primeira vez que
estou a sós com a Sara. Não estou seguro de que saiba exatamente quem sou —
adicionou—. O disse, é obvio, mas não está de humor para escutar nada. Não
lembrança tem outras duas filhas maiores que Sara. Não compreendo como pode
ser tão...
Lawrence pensou que essa confissão era espantosa. Sacudiu a cabeça e seguiu
ao conde para entrar no quarto. ao longe pôde ver a noiva. Estava sentada em
Deixou de chorar logo que o viu. Lawrence pensou que era a noiva mais
Tinha posto um vestido branco comprido com borde de encaixe nos punhos e o
Ela a repetiu.
—Já é hora de que deixarmos, Sara —ordenou seu pai, com um tom tão
—Não.
—Quando chegarmos em casa vais se arrepender disto, mocinha. Por Deus que
Ela olhou fixamente a seu pai com uma expressão de descuido no rosto. Logo
—Harold, gritando com sua filha não conseguirá nada —assinalou o barão.
—Então lhe darei uma boa bofetada —murmurou o conde. adiantou-se para
sua filha com a mão levantada para lhe dar o golpe.
—Ela é minha filha —gritou o conde—. Farei o que seja necessário para obter
sua cooperação.
Lawrence se voltou para a noiva. Sara não parecia nada preocupada com a
pegou uma velha manta que parecia três vezes maior que ela.
A manta lhe pendurava de um ombro e lhe caía até o chão como uma
—Deixa que a leve até que cheguemos ao salão —lhe ordenou o barão.
Finalmente, o conde se rendeu. Olhou a sua filha, tomou sua posição frente a
Lawrence pensou que gostaria que Sara fosse sua filha. Quando o olhou e
Despertar da Paixão Julie Garwood
disposição sofreu uma mudança radical quando chegaram à entrada do salão e seu
Nathan se voltou para ouvir o ruído que provinha da entrada. Abriu grandes
seus olhos pois não podia acreditar o que estava vendo. Não tinha demonstrado
interesse para formular perguntas sobre a noiva, pois estava seguro de que seu
pai trocaria os documentos assim que retornasse a Inglaterra, e por essa razão
ela tinha muita mais determinação. obstinado-se a uma das pernas de seu pai e
Nathan sorriu. Seus familiares não foram tão discretos, suas risadas
consternados. O conde, que era seu líder, tinha afastado a sua filha de seu
joelho e estava lutando pelo que parecia uma velha manta de cavalo. Mas
noiva em seus braços, tirou a manta do pai e se dirigiu para Nathan. Sem
quando Sara viu que seu pai se dirigia para ela. abraçou-se rapidamente ao
pescoço do Nathan.
seu pai não a tirasse dali. Quando teve a certeza de que estava segura se voltou
um momento.
O noivo permaneceu tão erguido como uma lança. Começou a lhe transpirar a
frente. Sentia seu olhar sobre o rosto, mas não se atreveu a olhá-la. Podia
Decidiu que teria que superar qualquer desconforto que lhe ocasionasse. depois
Nathan continuou olhando diretamente ao Rei até que Sara lhe tocou uma
O não mostrou nenhuma reação ante essa afirmação. Sara se cansou de lhe
olhar. Seus olhos se entristeceram. Ele ficou até mais tenso quando ela se apoiou
—Não — respondeu.
Sara, esgotada pela viajem longa e sua enérgica manha de criança, tomou um
profundamente.
O noivo não soube sua idade até que o advogado começou a ler as condições
da união.
considerado legal nas Cortes exceto pelos cargos de entrada, mas essa
marquês do St. James, estava preparado para utilizar qualquer método que
lado, sua vítima estaria profundamente adormecida. Se não, uma simples mordaça
De um modo ou de outro, legal ou não, ele se reuniria com sua noiva. Nathan,
como o chamavam seus amigos mais próximos, não teria que atuar como um
cavalheiro, o qual era uma bênção considerando que essas tenras qualidades eram
Só faltavam seis semanas para que houvesse uma verdadeira violação do contrato
matrimonial.
Nathan não via a noiva fazia quatorze anos, quando leram os contratos de
casamento, mas a imagem que tinha em sua mente não era muito fantástica.
Não tinha muitas ilusões sobre a moça, já que havia visto suficientes mulheres
Winchester para saber que não eram nada extraordinário. Não eram muito
gigantescos.
Embora ter uma esposa a seu lado parecia tão espantoso como nadar a meia-
cumprir com as condições do contrato sem ter que estar com a mulher dia e
Despertar da Paixão Julie Garwood
noite.
Durante quase toda sua vida Nathan tinha estado sozinho, negando-se a
Entretanto, os lucros eram muito grandes como para que Nathan os ignorasse. O
bota de cano longo que oferecia o contrato depois de um ano de convivência com
lady Sara compensava qualquer repulsão que pudesse sentir ou inconveniente que
fortaleceriam a nova sociedade que ele e Colin tinham formado no verão anterior.
Tinham entrado na pirataria por acidente e o tinham feito bastante bem, mas já
não valia a pena correr os riscos que implicava. Nathan, atuando como o infame
pirata Pagam, converteu-se em uma lenda. Sua lista de inimigos podia cobrir um
grande salão de festas. A recompensa por sua cabeça tinha aumentado tanto que
Manter em segredo a outra identidade de Nathan era cada vez mais difícil. Só
era uma questão de tempo que o apanhassem, se continua-se com suas incursões
A Emerald Shipping Company foi fundada uma semana depois de ter tomado
diferentes. Colin nunca ia a nenhum lado sem um grupo de amigos. Nathan sempre
estava sozinho. Só quando os dois homens se associaram em um jogo mortal de
tempo, mais de um ano, para que Nathan começasse a confiar no Colin. Haviam
arriscado suas vidas um pelo outro e por seu amado país só para que seus
não se surpreendeu com nada. Ele sempre esperava o pior das pessoas e nunca se
decepcionava. Nathan era um homem cínico por natureza e um lutador por hábito.
Era um homem que desfrutava de uma boa briga e deixava que Colin limpasse a
desordem.
Caine, o irmão maior do Colin, era o conde do Cainewood. Fazia um ano que
casou com Jade, a irmã pequena do Nathan, e sem saber tinha reforçado a
cada ocasião aproveitava para combinar o prazer com a tarefa de aumentar sua
essa era a razão pela qual o convidavam. Era um fato que a sociedade não
considerava Nathan como um homem muito agradável. E Ele não se importava com
salão formal.
Ao parecer, os dois homens eram muito diferentes. Colin era, como gostava
de distinguir de Nathan cada vez que queria lhe incomodar, o lindo da sociedade.
patrício. Tinha o desagradável hábito de levar seu cabelo castanho escuro tão
largo como o de seus amigos, um ressaibo de seus dias de pirata, embora esse
pecado menor não diminuía a perfeição de seu rosto sem cicatrizes. Colin era
quase tão alto como Nathan, mas de estatura muito mais magra, e tão arrogante
incrivelmente boa moço. Colin tinha uma visível imperfeição devido a um acidente,
Quanto a seu aspecto, Nathan não tinha tanta sorte. Parecia mais um
prender o cabelo castanho avermelhado com uma tira de couro na nuca como o
fazia Colin, mas sim o deixava cair naturalmente sobre seus ombros. Nathan era
graxa em toda sua textura. Unia olhos verdes, algo que sem dúvida chamava a
atenção, se as damas não estavam muito apuradas para afastar-se de seu gesto
áspero.
muito parecidos. Ambos ocultavam muito bem suas emoções. Nathan utilizava o
Nenhum dos dois acreditava nas histórias de amor ou na tolice de viver felizes
Colin sem fazer nada sentado em uma poltrona de respaldo alto com os pés
—Jimbo tem dois monturas listas, Colin — disse Nathan, se referindo a seu
—Você sabe para que são as monturas, Nathan. Você e eu vamos até os
jardins para ver lady Sara. Esta tarde haverá muita gente. Ninguém nos verá se
—Para se preparar.
Nathan se voltou.
a janela de seu quarto. A árvore de fora sustentará meu peso, já o provei para
saber se é seguro. Sua janela não tem fechadura, e o navio está preparado para
zarpar.
—É obvio.
Esta pergunta provocou a reação que Colin queria. Nathan parecia surpreso,
—Não.
—Bom, eu sim —admitiu finalmente Colin—. E como não vou com vocês na lua
incomodar, Colin. Ela é uma Winchester, pelo amor de Deus, e a única razão pela
—Não sei como vai suportar —lhe disse já sem sorrir e com uma expressão de
preocupação—. Deus meu! Nathan, vai ter que dormir com ela para ter um
—Nó tem que acontecer. A companhia valerá adiante com ou sem os recursos
do contrato. Além disso, agora que o Rei George baixou oficialmente, o príncipe
intensa campanha para que troque de idéia. Poderia dar as costas a isto.
—Não —seu tom foi enfático—. Minha assinatura está nesse contrato. Um St.
—Não pode falar sério —respondeu Colin—. Os homens do St. James têm
—Sim. Apesar de tudo, Colin, eu não vou dar as costas a este assunto, como
você não aceitaria o dinheiro que ofereceu seu irmão. É uma questão de honra.
Winchester e assim saberá contra quantos terá que brigar esta noite.
—Conheço bem seus talentos especiais, querido amigo. Só espero que esta
—por que?
—Detestaria perder toda a diversão.
—Não posso —respondeu Colin—. Um favor merece outro, recorda? Tive que
prometer à duquesa que iria ao recital de sua filha, que o céu me proteja, se ela
encontrou uma maneira de que lady Sara vá a sua festa esta noite.
Colin era rápido para tirar vantagem de sua vitória. Saiu em seguida antes de
perguntar a Nathan:
—Fiz —replicou Colin com tom alegre—. Minha irmã Rebecca me prometeu que
estaria perto da Sara toda a noite. Mas também tomei minhas precauções.
Esperou um comprido minuto para que Nathan perguntasse como tinha feito
—Se Rebeca não puder cumprir com a missão, pedi a minhas outras três irmãs
que estivessem preparadas para fazê-lo. Sabe, velho, poderia mostrar um pouco
mais de entusiasmo.
—Um mal entendido? Enviei a nota uma quinta-feira, e era muito específico,
Colin.
—Sei —lhe disse Colin—. Lhes disse que iria buscar sua noiva na segunda-
feira.
—Você pensou que teria que Ter dado mais tempo para que recolhesse seus
pertences. Opinou.
Nenhum dos dois voltou a falar até que chegaram aos jardins e deixaram de
—De acordo —apaziguou Colin. voltou para olhar seu amigo. Nathan estava
houvesse…
—Está sugerindo que envie outra carta? —perguntou Nathan. Levantou uma
Em defesa de meu cavalheiro —o fiz, não? devo dizer que nunca pensei que
— por que? Meus homens a seguiram. Eu sabia onde estava e decidi deixá-la
só um pouco mais.
—Ela é só uma mulher, Colin, mas sim, suponho que foi uma suspensão
temporária.
—Houve mais que isso, não? Sabia que ela estaria em perigo logo que a
reclamasse. Você não vai admitir , Nathan, mas a sua maneira a estava
perguntar?
—Que Deus ajude aos dois. No próximo ano será um inferno. Todo mundo
—Eu a protegerei.
—Não duvido.
—Ela comprou uma passagem em um de nossos navios para fugir de mim. Isso
—Em realidade, não —respondeu Colin—. Ela não podia saber que é o dono do
—De outra maneira não teríamos clientes. Sabe bem que os homens do St.
James não são bem vistos. Ainda são um pouco toscos com as algemas —a careta
que fez indicou a seu amigo que esse rasgo lhe parecia atrativo.
—Ainda me parece estranho —assinalou Colin. Fez que seus homens seguissem
Colin encolheu os ombros. Voltou a olhar para os convidados que estavam nos
jardins.
—Suponho que pensei que tinha decidido que o contrato não valia a pena o
Despertar da Paixão Julie Garwood
pensamento ao ver que sua irmã se dirigia para eles. Outra mulher caminhava
junto a ela—. Ali está Becca. Se a Ela movesse um pouco mais para a
momento. Sua mente estava completamente concentrada na visão que tinha diante
dele.
Era encantadora. Nathan teve que sacudir a cabeça. Não, pensou, ela não
podia ser sua noiva. A dama gentil que estava sorrindo timidamente a Rebecca
era muito formosa, muito feminina e muito magra para pertencer ao clã
Winchester.
E entretanto, havia algo parecido com aquela menina de quatro anos que tinha
sustentado em seus braços, algo indefinível que indicava que ela era lady Sara.
Já não tinha aquele arbusto de cachos cor mel. Tinha o cabelo comprido até
os ombros, ainda encaracolado, mas cor castanha escura. Sua cútis parecia terso
cheia de sardas.
Tinha uma altura normal, tendo em conta que olhava aos olhos à irmã menor
do Colin. Entretanto, sua figura não tinha nada de especial. Era arredondada nos
lugares indicados.
rodeando a sua presa. Sua esposa parece ser seu branco, Nathan adicionou—.
mulher casada. Mas não posso culpá-los. meu Deus, Nathan, é magnífica.
Nathan estava ocupado observando os homens ansiosos que foram atrás de sua
—Ali vem seu encantador sogro —anunciou Colin—. Deus, não tinha notado
quão encurvadas tem as pernas. Olhe como a segue —continuou—. Não está
Sua voz não demonstrava nenhuma emoção. Colin se voltou para lhe olhar.
—E bem?
—E bem o que?
—Sobre o que?
—A verdade, Colin?
Capítulo 2
O tempo se esgotava
fugido outra vez. Ela supunha que começariam a chamá-la covarde, e embora
essa calúnia lhe doesse, estava decidida a continuar com seus planos. Sara
simplesmente não tinha outra opção. Já tinha enviado duas cartas ao marquês do
St. James pedindo sua ajuda, mas o homem com quem estava legalmente casada
Despertar da Paixão Julie Garwood
com ele. Simplesmente, já não tinha mais tempo. O futuro da tia Nora estava em
Nunca nada saía como Sara imaginava. A primavera anterior, quando sua mãe
lhe pediu que ir até a ilha da Nora para ver como ela estava, Sara foi
imediatamente. Sua mãe não recebeu nenhuma carta de sua irmã durante mais de
verdade, Sara estava tão preocupada com a saúde de sua mãe como por sua tia.
Algo andava mau. Sua tia não tinha o costume de esquecer-se de escrever. Não,
o pacote de cartas mensais era tão seguro e inevitável como a chuva dos pic nic
anuais do VVinchester.
Sara e sua mãe concordavam que nenhuma das duas revelaria a verdadeira
razão que havia atrás de sua repentina partida. Diriam que Sara ia visitar sua
irmã maior Lillian, que vivia nas colônias da América, com seu marido e seu filho.
Sara pensou em dizer a verdade a seu pai, mas logo descartou essa idéia.
Embora ele era o mais razoável dos irmãos, mesmo assim era um Winchester.
Nora não lhe agradava mais que a seus irmãos, embora por respeito a sua esposa
casou com alguém de mais sob fila. O casamento se levou a cabo fazia quatorze
expressão «olho por olho». A revanche era tão sagrada para eles como os
mandamentos para os bispos, mesmo que a falta fosse tão leve como um mês de
Sara teria que havê-lo compreendido. De outro modo nunca teria permitido
que Nora a tivesse ido visitar. Realmente acreditava que o tempo tinha suavizado
as atitudes de seus tios. A triste verdade era justamente o contrário. Não foi
um feliz encontro entre as irmãs. A mãe da Sara nem sequer pôde falar com a
momento de pôr em açaõ seu plano, e tinha os nervos destroçados. Seu medo se
converteu em um pouco quase tangível, que apurava sua determinação. Ela estava
A horrenda simulação que Sara tinha tido que suportar durante duas semanas
se converteu em um pesadelo. Cada vez que ouvia o repicar dos sinos da porta
estava segura de que eram as autoridades que deviam informar que tinham
tolerar a preocupação nem um minuto mais, seu fiel servente Nicholas descobriu
onde tinham escondido seus tios à tia Nora. A amável mulher tinha sido presa no
fizessem todos os acertos com a Corte para a tutela. Logo a enviariam ao asilo
sua mala. Pensou que era irritação e não medo o que o fazia tremer assim. Cada
vez que pensava no terror que devia estar suportando sua tia se enfurecia até
mais.
Já era quase a meia-noite quando seus pais e sua irmã Belinda retornaram de
sua saída, Quando Sara ouviu os passos no corredor ficou de barriga para baixo,
chiado da porta que se abria e soube que seu pai estava controlando que sua filha
estivesse onde se supunha que devia estar. A Sara pareceu que tinha passado
Sara esperou outros vinte minutos para que a casa se aquietasse. Logo se
inadvertida em sua viagem. Como não tinha nada negro ficou seu vestido de
passeio azul escuro. O decote era um pouco pronunciado, mas não tinha tempo
para preocupar-se com esse problema. Além disso, sua capa ocultaria esse
defeito. Estava muito nervosa para trançar o cabelo, assim que o prendeu na
depois de colocar a carta que lhe tinha escrito a sua mãe sobre o
penteadeira, envolveu sua sombrinha, suas luvas brancas e sua bolsa na capa.
debaixo dela. Sara rezou uma rápida prece enquanto se aproximava mais a
beirada. ficou ali sentada comprido momento até que se animou a saltar.
Nathan não podia acreditar o que estava vendo. ia subir pela gigantesca
sombras. A lua lhe brindou suficiente luz para ver a Sara quando se aproximou do
Sara se sustentou de um ramo grosa, rezou outra prece para evitar gritar.
Logo esperou até deixar de balançar-se para trás e adiante com tanta violência e
se deslizou lentamente para o tronco.
—OH, Deus, OH, Deus, OH, Deus —repetiu a enquanto descia pelo tronco. O
vestido lhe enganchou em outro ramo, e quando por fim chegou ao chão já lhe
chão, recolheu seus pertences, e perdeu uns minutos preciosos colocando-os luvas
frente da casa.
Entretanto, quando se voltou não viu mais que árvores e sombras. Pensou que sua
coração.
servente teria que estar esperando-a nas sombras, perto da escada de entrada.
Nicholas tinha prometido escoltá-la até a casa da cidade de seu tio Henry
Passaram outros dez minutos antes de que Sara aceitasse o fato de que
Nicholas não retornaria a procurá-la. Não se atrevia a esperar mais. Era muito
arriscado que averiguassem que tinha saído. Desde que seu pai tinha retornado a
Londres fazia duas semanas, tinha adquirido o hábito de ver se ela estava
A casa de tio Henry ficava a três ruas. Não demoraria muito em caminhar
até ali. Além disso, era meia noite e certamente as ruas estariam desertas. Os
assaltá-la, usaria sua sombrinha como arma para defender-se. Estava decidida a
chegar até onde fosse necessário para evitar que sua tia Nora tivesse que passar
ao ver que estava segura. Ao parecer, essa noite não havia ninguém mais nas
noiva e colocá-la sobre seu ombro para dirigir-se ao mole. Em um rincão de sua
fugir dele outra vez. Descartou-o como algo parvo, já que ela não podia conhecer
Ela tinha iniciativa. Isto lhe pareceu surpreendente já que era uma
Ouviu-a gritar de medo quando pulou do bordo da janela. Logo ficou apanhada
nos ramos e rezou em voz baixa enquanto baixava, o qual lhe fez sorrir. Quando
estava naquela indecorosa posição viu as largas e bem formadas pernas, e teve
Era evidente que Sara ainda não tinha advertido a presença do Nathan. Ele
não podia acreditar sua inocência. Se tivesse incomodado em olhar atrás, lhe
teria visto.
Ela não se incomodou em olhar para trás. Sua noiva girou na primeira esquina,
passou rapidamente por um beco escuro, e logo voltou a diminuir seu passo.
Não tinha passado inadvertida. Dois homens corpulentos, com suas armas
esperou até que se voltaram para lhe olhar antes de lhes golpear as cabeças.
Pensou que a forma em que sua noiva caminhava pela rua devia ser proscrita. O
balanço de seus quadris era muito tentador. Então viu outro movimento entre as
sombras. Correu para salvar a Sara uma vez mais. Ela girou na segunda esquina
atacante.
Teve que voltar a intervir para salvá-la antes de que ela chegasse a seu
destino. Nathan supôs que ia visitar seu tio Henry Winchester quando ela se
comprido momento.
Sara e não encontrava uma só razão lógica pela qual ela quereria ver ao
pusilânime bastardo.
Ela não estava ali de visita. Nathan chegou a essa conclusão quando se dirigiu
para um flanco da casa. Seguiu-a, e logo ficou apoiado contra a porta lateral
afrouxou sua postura enquanto a observava lutar para abrir-se caminho entre os
Sara demorou dez minutos em abrir a janela. Entretanto, esse simples consigo
foi uma curta vitória. Estava a ponto de subir ao bordo da janela quando rasgou
lamentava o dano.
Nathan pensou que se ela tivesse tido agulha e fio à mão se teria sentado
Finalmente, retornou a seu objetivo. Ela pensou que era muito ardilosa quando
utilizou a sombrinha para abrir a janela. Ajustou as tiras de sua bolsa a sua
boneca antes de saltar para chegar até o bordo da janela. Teve que fazê-lo três
vezes antes de obtê-lo. Entrar por uma janela era mais difícil que sair. Quando
por fim conseguiu entrar não o fez com muita graça. Nathan ouviu um golpe forte
e pensou que sua noiva tinha cansado sobre sua cabeça ou seu traseiro. Esperou
logo. Ouviu um ruído que parecia vidro quebrado, seguido por uma interjeição
Ela era muito ruidosa. Nathan se dirigiu ao salão de entrada e viu que Sara
Então Nathan viu um homem alto e magro como um vime e pensou que era um
dos serventes. O homem tinha um aspecto ridículo. Tinha uma camisa de dormir
branca larga até os joelhos, um candelabro esculpido em uma mão e uma grande
começou a subir atrás da Sara. Nathan lhe tocou a parte traseira do pescoço,
estendeu a mão para tomar o candelabro de maneira que não fizesse ruído quando
caísse ao chão, e logo arrastou ao servente até uma quarto escura que se
Sara nunca seria uma boa benjamima. Escutou os ruídos das portas que se
fechavam e soube que sua noiva era quem as golpeava. ia despertar a um morto
escada para voltar a salvar à tola mulher, mas se deteve quando ela apareceu no
patamar. Não estava sozinha. Nathan retrocedeu por volta da quarto e esperou.
encurvados a outra mulher e a estava ajudando a descer pela escada. Não podia
ver o rosto da outra mulher, mas por seu andar lento e vacilante podia afirmar
—Por favor, não grite, Nora —sussurrou Sara. Tudo vai sair bem agora. Eu
—Eu sabia que viria por mim, Sara. Nunca o duvidei. Sabia que encontraria
—É obvio que sabia que viria por ti —sussurrou Sara—. Te quero, tia Nora.
Não permitirei que te aconteça nada. Já está —adicionou com um tom mais alegre
tranqüilo, pois sabia que sua tia estava a ponto de perder o controle. Em
chorar.
Despertar da Paixão Julie Garwood
—Retornou a Inglaterra porque eu lhe pedi isso —recordou Sara—. Pensei que
teria um feliz encontro com sua irmã, mas me equivoquei. Esta atrocidade é
minha culpa, Nora. Além disso, deve saber que sempre vai contar comigo.
—A que te refere com que ainda não te pode ir de Londres? Tudo está
arrumado, Nora. Comprei a passagem com minhas últimas reservas. Por favor,
não me diga que não com sua cabeça. Não é o momento de se pôr difícil. Temos
imediatamente para um lado—. Não irei da Inglaterra sem ele. Meu Johnny, Deus
guarde sua alma, ordenou-me que não me tirasse isso quando nos casamos faz
quatorze anos. Não posso ir a casa sem meu anel, Sara. É muito valioso para
mim.
—Sim, devemos encontrá-lo —respondeu Sara ao ver que sua tia começava a
corrimão da escada para aliviar a dor de seu peito, e logo respondeu:— Henry
podemos determinar onde está bebendo seu tio esta noite poderemos recuperá-
la.
Sara assentiu com a cabeça. Começou a lhe doer o estômago ao pensar no que
—Eu sei onde está. Nicholas o esteve seguindo. Pode caminhar até a esquina?
Não me atrevi a ordenar que a carruagem esperasse na porta por temor a que o
corrimão. Seu andar era rígido enquanto se dirigia lentamente para a porta—.
Céu santo, se sua mãe pudesse vê-la agora, morreria de vergonha. Vou dar um
Sara sorriu.
—Não vamos contar a minha mãe?, —emitiu um som entrecortado ao ver que
tom mais enérgico—, não devemos nos demorar aqui, menina —tirou do corrimão e
comigo.
—Acredito que deveria deixar a porta bem aberta para que alguém entrasse
nas posses do tio Henry. Embora não é muito provável adicionou—. Ao parecer
esta noite não há vilãos nas ruas. Quando vinha caminhando para aqui não vi
nenhum.
horrorizada.
guarda alta, é obvio, assim pode deixar de franzir o cenho. Tampouco tive que
usar minha sombrinha para me defender de alguém com más intenções. OH, céu
— deixe ordenou sua tia ao ver que Sara voltava a subir pela escada de
Sara riu.
—Para falar a verdade, acredito que corri a maior parte do caminho. Estava
muito assustada, Nora, mas fiz o trajeto sem contratempos. Sabe, acredito que
estava ajudando a sua tia para que subisse ao veículo quando apareceu um
Nathan pensou que a anciã o tinha visto, pois olhou sobre seu ombro quando
ele se adiantou, mas decidiu que sua vista devia estar nublada pela idade, já que
Sara não tinha percebido sua presença, pois mantinha uma acalorada discussão
com o condutor sobre o preço da viagem, até que finalmente consentiu em pagar
Certamente, Sara estava facilitando seu rapto. Nathan a tinha escutado dizer
a sua tia que iriam para Londres de navio. portanto supôs que seu destino seria
fácil. Então a carruagem girou em uma das ruas laterais próxima à ribeira e se
saltou da carruagem E se colocou na luz pois queria que os homens que estavam
o chão.
Retornou um minuto depois, murmurando que teria que receber mais dinheiro por
homem com rosto anti-social e um grande abdômen. Levava roupa enrugada, suja
—Meu amo, Henry Winchester, está muito bêbado para sair —anunciou—.
Vamos a esta parte da cidade quando queremos que ninguém saiba adicionou—.
Vim em seu lugar, senhora. Seu chofer disse que uma mulher necessitava algo, e
oferecimento.
O aroma fedido do homem entrou pelo guichê. Sara quase desmaia. colocou o
—Conhece este homem? —É obvio que sim —respondeu sua tia—. Seu nome é
—Golpeou-lhe?
ao homem por ter atrevido a olhar lascivamente a sua noiva. deteve-se ao ver
que um punho com luva branca voava através do guichê e golpeava ruidosamente o
Despertar da Paixão Julie Garwood
cambaleou-se para trás e caiu de joelhos. Enquanto dizia uma maldição atrás de
golpeou o vilão na parte média de seu corpo. O servente deu quase um salto
avaliação pelo espetáculo que estavam observando. Sara ignorou seu público
enquanto descia da carruagem. voltou-se para entregar a bolsa a sua tia, tirou-
—Se alguma vez voltar a maltratar a uma dama, Clifford Duggan, juro Por
recuperar o fôlego para equilibrar-se sobre ela—. Como sabe meu nome?
pecados.
—Como saiu...?
Sara interrompeu a pergunta lhe dando um chute. Ele voltou a olhar com uma
expressão insolente.
realidade, o servente estava mais humilhado que ferido pelo ataque da Sara. As
risadas eram mais hilariantes que a bofetada—. A única razão pela que não
respondo é porque meu amo irá querer te dar uma boa surra antes de entregá-la
a mim.
—. Meu marido vai se inteirar desta atrocidade, e ele sim se desforrará. Todo
mundo teme ao marquês do St. James, inclusive os porcos ignorantes como você,
Clifford. Quando eu contar o que fez, Ele lhe fará o mesmo. O marquês faz o
que peço –se deteve para estalar os dedos—. OH, vejo que consegui monopolizar
toda sua atenção com essa promessa –adicionou assentindo com a cabeça ao ver
que Clifford tinha trocado sua expressão. O homem parecia aterrorizado. Já não
tentava ficar de pé mas sim se arrastava para trás sobre seu traseiro.
Sara estava confiante em si mesma. Não tinha dado conta de que Clifford
tinha visto o gigante que estava a três metros atrás dela. Pensou que tinha
Meu marido mata aos covardes como se fossem mosquitos. E se tiver alguma
—Não, Nora. Não está vestida para esta ocasião. Não demorarei.
Nora continuou aparecida pelo guichê, embora seu olhar estava dirigido para
sua noiva.
afastados. Seu tamanho era intimidador. Não demorou para se dar conta de que
estava protegendo Sara. Nora pensou em avisar sua sobrinha, mas logo descartou
Nathan mantinha sua atenção em Sara. Certamente, sua noiva estava cheia de
atuando como uma Winchester. Atuava com valentia para defender à anciã. E
estava furiosa.
Nathan pensou que não se surpreenderia se Ela tivesse uma pistola e atirasse
Sara passou pelo servente, deteve-se para o olhar bem, e logo entrou
rapidamente no botequim.
—Bom homem? —chamou Nora—. Acredito que seria melhor entrar. Minha
Nathan voltou para olhar com o cenho franzido à mulher que se atrevia a lhe
Sara localizou seu tio, que estava curvado sobre sua cerveja em uma mesa
homens para chegar até ele. Pensou que utilizaria a vergonha e a razão para
recuperar o anel da tia Nora. Entretanto, quando viu o anel de prata em seu
dedo sua mente ficou vazia de todo argumento razoável. Havia uma taça cheia de
cerveja negra sobre a mesa. E antes de poder conter-se, Sara pegou a taça e a
esvaziou na cabeça calva de seu tio.
Ele estava muito bêbado para reagir rapidamente. Gritou, arrotou e logo
tratou de ficar em pé. Sara tinha tirado o anel do seu dedo antes que pudesse
detê-la.
esperava.
—Meu Deus... Sara? O que está fazendo aqui? Acontece algo mau? —o tio
Henry balbuciou as perguntas com jactância. O esforço custou a pouca força que
deu conta de que a taça estava vazia—. Onde está minha cerveja? —gritou-lhe
ao taberneiro.
Sara estava completamente desgostada com seu tio. Embora acreditava que
logo não ia recordar nenhuma palavra de seu sermão, estava decidida a dizer o
desprezível, tio Henry Se meu pai tivesse sabido o que você e seus outros irmãos
estavam fazendo à tia Nora, estou segura de que teria chamado às autoridades e
imprestável?
continuou:
—Seu pai estava informado do plano desde o princípio. Nora é muito velha
para cuidar de si mesmo. Nós sabemos o que é o melhor para ela. Não trate de
fazer uma cena comigo, menina, pois não te direi aonde Ela está.
—Vocês não sabem o que é melhor para ela —gritou Sara—. O que você quer é
sua herança, e essa é a verdadeira razão. Todo mundo em Londres conhece suas
Despertar da Paixão Julie Garwood
dívidas de jogo, tio. Encontrou uma forma fácil de pagar, não é? Levariam Nora
mente.
—vamos afastar à bruxa, e não pode fazer nada a respeito. Agora vai para a
—Beba seu refresco, senhor, e não se meta nisto —só voltou a olhar a seu tio
depois de que o estranho baixou seu olhar para sua taça—. Está mentindo sobre
meu pai. Ele nunca participaria de uma crueldade assim. E quanto a me golpear,
faça e terá que sofrer a ira de meu marido. O contarei —ameaçou assentindo
com a cabeça.
Sara esperava que sua ameaça vazia sobre os métodos de represália de seu
marido tivessem o mesmo êxito que tinha tido com o servente Clifford.
—Está tão louca como Nora se crê que um St. Jarnes sairia em sua defesa.
Olhe, Sara, poderia te golpear e ninguém se importaria, muito menos seu marido.
deixar em paz a Nora antes de retirar-se do fedido botequim. Temia que ele ou
algum de seus irmãos enviasse a alguém a seguir a sua tia e a trazer de volta a
Estava tão exasperada com seu tio que não percebeu que alguns dos homens
percebeu.
Um dos homens que parecia o líder do grupo lambeu os lábios antecipando-se
—Sabe, tio Henry, estava tratando de pensar em algo para que prometesse
que deixaria em paz Nora, mas agora compreendo que é uma tolice. Só um
homem de honra cumpriria com sua promessa. Você é um porco para cumprir com
sua palavra.
Seu tio estendeu a mão para esbofeteá-la. Sara esquivou facilmente. Deixou
de retroceder quando se chocou contra algo bastante sólido, voltou-se e viu que
Todos estavam tão deslumbrados pela bela dama que não perceberam a
respirar. Quando viu o enorme homem apoiado na porta, tremor tomou conta dos
joelhos e teve que sustentar-se na mesa para não cair. O coração acelerava
O que era ele? Não, que não, corrigiu-se, a não ser quem. Ele era um
Todo o lugar começou a dar voltas. Sara teria que voltar a confiar em seu
tão aterrador. Então percebeu que alguém a estava tocando no braço. Sem
O gigante parecia Limpo. Isso já era o bastante. Seu cabelo também parecia
limpo. Era de cor bronze escuro, tão bronzeado como seu rosto e seus braços.
Deus santo, pensou, seus braços e seus ombros eram tão... musculosos. Também
suas coxas. A calça ajustada marcava a arma que levava. Mas era uma calça
raciocinou com lógica, Ele não podia ser um vilão. Essa conclusão a fez sentir-se
melhor. Já podia respirar. Muito bem, pensou, ele não é um vilão; é só um chefe
guerreiro viking pelo comprido de seu cabelo. Sim, era simplesmente um bárbaro
olhou para trás para assegurar-se de que não estava chamando a outra pessoa.
—Vêem aqui.
Então se abriu o inferno. O som do látego no ar, o grito de dor do homen que
tratou de tocá-la quando ela passou junto a ele, retumbaram nos ouvidos de
Sara. Não olhou em torno. Seu olhar estava dirigido para o homem que estava
destruindo metodicamente o botequim.
O fazia parecer tão fácil. Um simples movimento, que não parecia lhe custar
Sara também percebeu que, quanto mais se aproximava dele, Nathan franzia
mais o cenho.
Obviamente, o guerreiro não estava de bom humor. Decidiu que lhe agradaria
até que pudesse recuperar sua compostura. Logo correria para fora, subiria à
Era um bom plano, pensou. Mas o problema era tirar primeiro ao vikíng da
porta.
Percebeu que se deteve a lhe olhar quando lhe voltou a indicar que se
aproximasse. Sentiu que uma mão tomava o ombro, olhou-a e ouviu o estalo do
látego.
Sara sentiu que voava. Correu para ele, antes de que lhe falhasse o coração.
deteve-se diante dele, inclinou a cabeça para trás, e olhou esses penetrantes
olhos verdes até que ele por fim a olhou. Sara estendeu impulsivamente a mão e
lhe tocou o braço para assegurar-se de que não era um produto de sua
imaginação.
O era verdadeiro. Sua pele parecia de aço, mas um aço morno. O olhar
Era estranho, mas quanto mais O olhava mais segura sentia. Sorriu aliviada.
botequim para ver se tinha ficado algo. Havia corpos sobre todo o chão de
Despertar da Paixão Julie Garwood
madeira. Isso não era suficiente, pensou. Sentiu a necessidade de marcar ao tio
entrecortados do homem.
Henry estava em uma posição fetal. Quando negou com a cabeça, esfregou o
A Henry tinha subido a bílis à garganta e quase não podia falar. Nathan o
devastação que lhe rodeava. Nessa noite escura não venderia mais cerveja, já
que quase nenhum de seus clientes estava em condições de beber. Cobriam o chão
como cascas de nozes. Era uma cena que não esqueceria. Queria recordar cada
detalhe para poder contar a seus amigos o que tinha acontecido. Também sabia
da Nora. Quando viu sua sobrinha sobre o ombro do estranho coloco a mão no
peito.
—desmaiou.
Nora sentiu-se tão aliviada com a notícia que não percebeu que o homem
estava feliz pela condição de sua sobrinha. correu-se para deixar um espaço para
a Sara. Entretanto, Nathan colocou a sua noiva no assento oposto. Nora olhou
para Sara para ver se ainda respirava, e logo voltou para olhar a seu salvador.
Nora não esperava que subisse ao veículo com elas. Quando ele o fez ela se
aproximou do assento.
assento de frente. Logo colocou Sara sobre seu colo. Nora reparou que era muito
gentil quando tocava sua sobrinha. Deteve a mão na bochecha da Sara quando
—Jovem, meu nome é Nora Bettleman. A dama que acaba de salvar é minha
—Não —respondeu com tom duro—. Seu nome é lady St. James.
depois de fazer essa enfática afirmação desviou seu olhar para o guichê.
esclarecer a confusão.
—Dependo dessa menina que tem nos braços, senhor. Não suporto pensar que
Despertar da Paixão Julie Garwood
Nora sorriu.
—Não, mas eu ainda considero que é —admitiu Nora—. Sara é uma alma tão
Nora estava tão contente que finalmente conversasse com ela que voltou a
sorrir.
—Não —respondeu—. Sou tia da Sara por parte de sua mãe. Eu era Turner
—Acredito que nunca antes desmaiou. Bom, mas as duas últimas semanas
foram de muita tensão para ela. Tem olheiras, obviamente não dormiu bem.
ter visto algo muito aterrador para que desmaiasse. O que supõe que...?
Nora deixou de especular quando viu a careta que fazia Nathan. O homem era
—Ela me viu .
——Desmaiou, querida.
—Não desmaiarei —respondeu e para poder cumprir sua promessa decidiu que
Tratou de sair de seu colo sem que ele notasse, mas assim que começou a
Sara sabia que era descortês falar sobre um homem como se não estivesse
ali. voltou lentamente para olhar seu rosto, embora lhe olhou deliberadamente o
queixo.
—Não tenho mais moedas —disse Sara—. gastei tudo o que tinha para
Despertar da Paixão Julie Garwood
—Não.
Sua resposta abrupta a irritou. Olhou ofendida por ser tão descortês.
incrível para um homem tão grande. Estava fora da carruagem ajudando a descer
da carruagem.
de repente voltou a tirar da cintura. Sara só teve tempo de tomar suas luvas
imediatamente.
—Senhor, sou uma mulher casada. Tire seu braço. Não é decente.
Obviamente, sofria algum defeito auditivo, já que nem sequer a olhou quando
deu essa ordem. Estava a ponto de tentá-lo outra vez quando ele emitiu um
assobio penetrante. Até esse momento a zona iluminada pela luz da lua tinha
antes tivessem visto uma mulher bonita. olhou para sua noiva para ver como
reagia aos olhares de adoração. Ela não estava prestando atenção aos homens.
dirigiu à anciã.
para você. Estou segura de que não se incomodará. Nicholas guardou as malas no
Tratou de dar um passo para frente, mas encontrou-se apanhada outra vez
pelo gigante.
alto, de pele escura, aproximou-se e parou em frente a Sara. Ela abriu os olhos
de seria atraente se não fosse pelo estranho pendente de ouro que levava na
orelha.
tempo.
Nora emitiu um som entrecortado. Sara pensou que era porque iriam se
Despertar da Paixão Julie Garwood
separar. Entretanto, antes de que pudesse discutir com seu protetor, Nora
—Não sou uma anciã, senhor, e esquecerei esse insulto. Tenho cinqüenta e um
Nathan levantou um pouco uma sobrancelha, mas conteve seu sorriso. Uma
brisa derrubaria à anciã por tão frágil parecia, entretanto, tinha o tom de voz
de um comandante.
Ela se voltou para sua tia antes de que ele pudesse reagir ante essa
afirmação.
—Estou segura de que ele não quis ferir seus sentimentos, Nora. Só é rude.
—Está bem —respondeu Matthew—. Parece doente. Não pesa mais que uma
pluma.
Nora estava a ponto de protestar outra vez, mas a seguinte pergunta a fez
trocar de idéia.
Nora sorriu para o homem que a estava sustentando. reparou que tinha quase
sua mesma idade e que parecia um homem decente. Fazia anos que não se
ruborizava, mas sentiu que nesse momento estava fazendo pelo calor que sentia
nas bochechas.
—Obrigado, senhor —balbuciou enquanto se deitava o coque na cabeça—. É um
e atuando como uma jovem namoradeira em sua primeira festa! Observou-os até
Ele fez o que pediu. Sara estava tão surpreendida que quase perdeu
Ele levou um tempo para responder. Sara voltou e colocou-se frente a ele. As
Ele não parecia impressionado com seu intento de manter uma amável
—Mas não quero estar a salvo com você —gritou. Assim que as palavras
saíram de sua boca compreendeu quão tola tinha sido essa afirmação e tratou de
—Quero estar a salvo sem você. Não estará planejando viajar com Nora e
—por que?
dar os detalhes. Sara voltou a ruborizar. Nathan não sabia se era por medo ou
irritação.
Sua noiva ainda tinha sardas no nariz. sentiu-se satisfeito por isso. Fez-lhe
recordar o pequeno demônio que tinha tido nos braços. Entretanto, já não era
—Lamento-o, senhor, mas não pode viajar com Nora e comigo —anunciou—.
Terá que procurar outro navio. Não seria seguro para você estar no mesmo navio
comigo
James? OH é obvio que sim. Todo mundo sabe do marquês. Ele é meu marido.
viking, e dará um ataque se averiguar que viajo com um... protetor. Não, temo
—por que?
indignação se evaporou, já que compreendeu que nunca lhe faria entrar em razão.
O homem estava louco. Seria melhor que se afastasse o maximo possível deste
acalmar.
acordo. Agora, por favor, me diga o que acredita que lhe devo e tentarei pagar.
aproximou-se para poder sustentá-la, antes que desmaiasse depois que lhe
respondesse.
—E? —perguntou, intrigada por saber por que repentinamente tinha decidido
Capítulo 3
Ela não desmaiou, gritou. Nathan não tratou de tranqüilizá-la. Quando já não
Shipping Company. Deixou à histérica mulher nas mãos de sua tia. Como
ocasiões, não começou a rir até que esteve outra vez fosse.
Nathan desfrutou da reação da Sara ante seu anúncio. Lady Sara não era
nada sutil. Estava seguro de que nunca teria que preocupar-se em saber o que
Despertar da Paixão Julie Garwood
—depois de que foi, ela seguiu gritando e dizendo que tudo era uma
brincadeira cruel. Nem sequer sua tia pôde acalmá-la. sua noiva pediu que alguém
—Sim, fez-se —confirmou Matthew com uma risada—. Félix levou a sério.
pequeno beliscão, isso é tudo. Pensou que estava sendo serviçal. Você sabe que o
moço gosta de agradar. Quando sua noiva viu que se dirigia para ela se converteu
em um gato montês. Arrumado a que Félix não estará tão ansioso por obedecer
Nathan reparou em tão abrupta tinha sido sua resposta ao ver que os dois
homens sorriam.
—Ela fica em meu camarote —adicionou com um tom muito mais suave.
—Bom, moço, isso poderia ser um problema —anunciou—. Ela não sabe que é
seu camarote.
Nathan não estava preocupado com esse anúncio. Franziu- o semblante para
Matthew porque o marinheiro tinha o chamado «moço». Nathan sabia que sua
censura sem palavras não teria nenhum efeito. Matthew e Jimbo chamavam assim
quando estavam a sós com ele. Não acreditavam que estivesse o suficientemente
eram seus guardiães. Só Deus sabia a quantidade de vezes que o haviam dito. No
passado tinham arriscado inumeráveis vezes suas vidas para cuidar de suas
—A tia não está muito bem —comentou Matthew—. tem um par de costelas
—parece que Henry estava por trás de tudo —explicou Nathan—. Mas
—Navegaremos para essa direção —respondeu Nathan—. Não sei o que fazer
Despertar da Paixão Julie Garwood
atrás:
tantas náuseas que teve que deter-se. Jimbo se encarregou dos quarenta e
Era um ritual sentir-se mal durante os primeiros dias. Nathan tinha aprendido
Por suas experiências passadas, Nathan sabia que teriam que passar uma ou
duas horas para recuperar-se completamente. Decidiu ir ver se sua noiva es tava
evitaria a inevitável confrontação. Teria que estar exausta. Fazia vinte e quatro
horas que sua noiva estava acordada, e o manha de criança que teve quando se
inteirou de que ele era seu marido certamente a tinha esgotado. Mas se não
estava dormindo, Nathan estava decidido a terminar com o assunto. quanto antes
juntos.
Provavelmente, ficaria outra vez histérica com ele, pensou Nathan. preparou-
Sara não estava dormida. Assim que Nathan entrou no camarote ela saltou da
cama e ficou ali parada observando com os punhos apertados junto ao corpo.
Era evidente que ainda não tinha superado sua irritação ou seu medo. O ar
dirigiu para o centro do quarto. Sentiu que lhe estava observando enquanto se
estirava para abrir uma comporta quadrada construída no teto. Abriu a janela
profundamente, e logo retornou à porta e se apoiou contra ela. Lhe ocorreu que
Sara olhou fixamente para Nathan durante um bom momento. Sentiu que
estava tremendo, e sabia que era só questão de tempo que sua fúria saísse para
fora. Mas estava decidida a não lhe demonstrar sua irritação, não importava a
que custo. Mostrar qualquer emoção ante o bárbaro certamente seria um mau
começo.
Ela pensou que parecia muito aborrecido para ficar dormido. Isso era muito
mau. Seu olhar intenso lhe estava fazendo enroscar os dedos dos pés. Sara se
tinha que ganhar esta luta de olhar fixamente, essa seria ela.
Nathan pensou que sua noiva parecia desesperada em ocultar o medo que
tinha. Ela não estava fazendo um bom trabalho, já que tinha os olhos nebulosos E
estava tremendo.
Sara era uma mulher formosa. Os raios do sol davam a seu cabelo uma
tonalidade mais dourada que castanha. depois de tudo, tinha algo da família
Winchester, pensou.
Ainda tinha posto esse vestido azul escuro tão pouco atrativo. Em sua opinião,
o decote era muito baixo. Pensou em mencionar-lhe mais tarde, depois de que já
não o temesse tanto, mas o repentino semblante de Sara, O fez mudar de idéia.
Permaneceu de pé nas sombras da porta' mas ela ainda podia ver a extensa
cicatriz que lhe cobria o braço direito. A marca branca sobre a pele bronzeada
era muito notável. Observou-a bastante enquanto se perguntava como teria feito
Ainda tinha posto essa calça indecentemente ajustado. Tinha a camisa branca
Pensou em esperar para lhe dizer que não se vestia de maneira tão indecorosa
para viajar em um navio tão elegante, mas ao ver a forma em que Franzia o
—em princípio, Sara estava muito surpreendida para reagir, e demorou para
Nathan ocultou seu sorriso. Ao que parecia, Sara não tinha intenções de
começo.
—te ocultar? —perguntou Nathan—. Sara, isso não oculta nada. No futuro não
usará vestidos tão reveladores. O único que verá seu corpo serei eu. Entendeu?
OH, sim, ela o compreendeu bem. O homem era um grosseiro, pensou Sara.
Sara negou com a cabeça. Não ia permitir que a colocasse em uma posição tão
cabelo é muito comprido, e está vestido como um... vilão. As pessoas que viajam
em um navio tão elegante devem manter sua aparência impecável. Parece que
Sentiu que seus olhos enchiam de lágrimas. Tinha muito que se explicar antes
que ela pensasse em lhe perdoar, e o melhor seria que o fizesse antes de que ela
pensasse que seus pecados eram muito mortais para lhe perdoar.
Sei que deve querer que te leve para casa, Sara. Decidi te economizar a
humilhação de suplicar, explicando que não importa o que faça, ficará comigo.
estrangulando.
Despertar da Paixão Julie Garwood
—Para nada —respondeu. Era uma mentira, é obvio, já que se preocupava vê-
armas contra um homem e ficam a chorar cada vez que querem algo.
Sara respirou profundamente. Não se atrevia a dizer outra palavra até voltar
Deus, era um homem horrível. Também intimidatorio. Parecia não ter nem um
grama de compaixão.
Continuou lhe olhando fixamente até reunir o valor necessário para lhe
formular as dolorosas perguntas que tinha guardadas fazia tanto tempo. Duvidava
de que diria a verdade, mas mesmo assim queria saber o que tinha a dizer.
Nathan pensou que ia começar a chorar. Sara tinha medo outra vez. Esperava
que não se voltasse desmaiar. O tinha pouca paciência com o sexo débil,
Em realidade, sentia um pouco de lástima por ela. Ela não podia desejar estar
casada com ele. depois de tudo, ele era um St. James e ela tinha sido criada
como uma Winchester. Tinha sido educada para o odiar. A pobre Sara era uma
vítima do plano, um objeto que o Rei tinha utilizado para tratar de arrumar as
Mas ele não podia anular o passado. Sua assinatura estava naquele contrato e
Falou com um tom tão suave que não sabia se a tinha ouvido bem.
—O que disse?
—por que esperaste tanto? —perguntou Sara com voz mais forte.
—Esperar tanto para que?
—Para vir até mim —explicou. Tremeu-lhe a voz. Juntou as mãos e adicionou
Estava tão surpreso pela pergunta que demorou para responder. Sara não
suportaria que Nathan pensasse que não merecia que lhe respondesse, e lhe
Nathan abriu arregalou os olhos grandes. Sua noiva tinha gritado. Olhou-a
—Não? —gritou—. Era tão insignificante para você que não podia se incomodar
em ir me buscar?
Nathan estava surpreso por suas perguntas. Sabia que não devia deixar que
lhe levantasse a voz, mas seus comentários eram tão surpreendentes que não
—na realidade quer que Eu creia que está zangada porque não fui te buscar
antes? —perguntou.
Sara tomou o objeto que tinha mais próximo à mão e o jogou. Felizmente, o
—Pareço —estava muito exasperada para dizer outra palavra. Quando Nathan
—Sim.
—Emprestaria a mim?
familiares tinham razão. Possivelmente ele menosprezava-a tanto como seus pais
Ela abandonou a batalha e voltou a sentar na cama. Cruzou as mãos sobre sua
—Por favor, saia do meu camarote. Se quer explicar sua conduta pode fazê-lo
Nathan não podia acreditar no que estava escutando. Ela se atrevia a lhe dar
ordens.
O disse com um tom duro, zangado. Tinha sido deliberado, já que queria que
culpado por ter tido que recorrer a essas técnica intimidatória, o assunto era
muito importante para suavizar seu tom. Nathan prometeu a si mesmo que,
—Bom, supus que meu dever seria te dizer sempre o que queria.
Sara continuou retorcendo-as mãos, como se o que tivesse entre os dedos era
este matrimônio' ,
Ao ver sua expressão séria compreendeu que não lhe agradava escutar essa
—Eu não prometi te apreciar —replicou com um grito—. Pelo amor de Deus,
Ela não ia permitir que a vencesse com essa mentira. ficou de pé para voltar
a lhe olhar.
supõe que deve ser um bom marido, um pai amável, e o mais importante, viking,
Nathan não sabia o que dizer. Sentiu desejos de voltar a rir. A mudança de
—claro que sim —respondeu. Cruzou os braços sobre o peito—. Prometeu que
Despertar da Paixão Julie Garwood
—Eu não prometi nada —respondeu—. Só tinha quatro anos, Nathan. Eu não
—Então não crê que deve cumprir com o que assinou seu pai? As promessas
—E?
paciência.
—OH, está bem —replicou Sara— Também tenho que te obedecer. está
contente?
—Tratarei de obedecer suas ordens, Nathan, quando crê que são razoáveis.
diga.
Não parecia irritada porque tivesse levantado a voz. Respondeue com voz
suave:
você é um marquês.
derrotada.
—Odeia-me, não é?
—Não.
Não acreditou.
—Sim, odeia —replicou—. Não me engana. Sou uma Winchester e você odeia a
todos os Winchester.
—Não tem que gritar. depois de tudo, só estou tratando de manter uma
temperamento —não lhe deu tempo para que a voltasse a gritar—. Estou muito
—Sara?
—Sim?
—Não.
—Nathan?
—O que?
Despertar da Paixão Julie Garwood
Quando ficou sozinha começou a chorar. Que mulher inocente que tinha sido.
Todos esses anos sonhando com seu magnífico cavalheiro de dourada armadura...
Seus sonhos a enganaram. Seu cavalheiro era mais sem brilho que dourado.
Tinha demonstrado ser tão pormenorizado, tão compassivo, tão amável como um
cabrito.
Sara continuou sentindo lástima por ela mesma até que o cansaço a venceu.
adormecida. Não tinha tirado a roupa e estava sobre a manta multicolor. Estava
agradava vê-la sobre sua cama. Observou que ainda tinha posta o anel de bodas
da Nora. Era estranho, mas não agradava ver isso. Tirou o anel do seu dedo
diminutos broches das costas, afrouxou-lhe o vestido. Logo ocupou dos sapatos e
faca para cortá-lo. Continuou com a tarefa até deixar a sua noiva só com a
para cima, enquanto Nathan colocava o resto de seus objetos na cadeira mais
próxima.
Nathan não sabia quanto tempo ficou ali observando-a. Parecia tão inocente,
tão confiável, tão vulnerável quando dormia. Tinha as pestanas negras, espessas,
que se destacavam sobre sua tez branca. Seu corpo era magnífico. Seus seios
parcialmente tampados pela fina camisa o excitava. Quando reparou que estava
O que ia fazer com ela? Como poderia manter-se afastado de uma mulher tão
Nathan deixou de lado essas perguntas quando sentiu um enjôo. Esperou até
que seu estômago parar de sacudir-se com tanta violência, logo tomou um lençol e
cobriu a Sara. Tocou-lhe o rosto com a mão, e não pôde evitar sorrir quando ela
carinhoso.
Ela girou e tocou a pele com a boca. Nathan afastou abruptamente a mão.
Saiu do quarto e foi ver a tia de Sara. Ao parecer, Nora dormia pacificamente.
Estava pálida e sua respiração era dificultosa, mas não parecia ter muita dor.
Timha uma expressão serena. Nathan recordou o anel que tinha no bolso.
—Obrigado, querido moço. Agora que tenho outra vez o anel de meu Johnny
descansarei melhor.
Nathan rapidamente.
——Sim.
—Está bem? —perguntou Nora. Desejava que se voltasse para ver sua
expressão.
—Não tem que com que se preocupar disse. Sua voz era suave, tranqüilizadora
moço. Estou preocupada com você e Sara. Sabe no que se metesse? Não sabe do
que são capazes esses homens. Nem eu sei até onde podem ir por sua cobiça.
mim.
—Nora, não sabe do que eu sou capaz —replicou Nathan—. Quando digo que
cabeça.
—Sara.
—Ela estará bem. Já não é uma Winchester. É uma St. James. Insulta
posses.
dessa maneira.
tema—. Estes últimos anos não foram fáceis para ela. foi considerada uma
estranha pelo contrato matrimonial. diria que era uma leprosa em sua própria
família. A Sara nunca permitiram ir a nenhuma das festas que as jovens tanto
—Sara é leal a seus pais e a sua irmã, embora não compreendo por que. Será
melhor que ter cuidado com a irmã da Sara, ela é tão ardilosa como seu tio
ouvia-se um fôlego outra vez em sua voz, e era óbvio que estava se cansando.
compreenderá o que estou dizendo. Sua cabeça está nas nuvens a maior parte do
tempo. Só vê a bondade da gente. Não quer acreditar que seu pai é como seus
irmãos. A culpa é de sua mãe, mentiu para sua filha durante todos estes anos,
tragá-la no quarto.
infundadas. Não permitirei que ninguém a machuque. Ela é minha esposa e sempre
que a cuidará. Só espero que também tenha em conta os seus puros sentimentos,
O sorriso da Nora foi muito expressiva. deteve-se para acomodar uma mecha
em voz alta, e o que escutei foram os comentários da Sara. Só uma palavra aqui
—Fazer o que?
—Querê-la e apreciá-la.
—Escutou essa parte, não é? —não pôde conter seu sorriso ao recordar a
com ela sobre sua forma pouco feminina de gritar. Nunca antes a escutei
levantar a voz, embora não posso culpá-la. Tomou seu tempo para ir procurar a.
Estava inquieta por você... esquecimento. Deve me acreditar quando te digo que
Sara despertou e ouviu que alguém ofegava. O tortuoso som provocou náuseas.
Obviamente alguma das criadas do Nathan tinha estado cumprindo com seu
trabalho. Sara viu que seu baú tinha sido colocado junto à parede e reparou que
homem tinha entrado em seu camarote enquanto estava adormecida. Esperava que
a criada a houvesse coberto com uma manta antes de que se produziu a visita.
ela olhou para fora. Não se incomodou em olhar, só estendeu a mão e voltou a
fechar a porta.
Sara não estava ofendida por sua rudeza, e já não estava preocupada com sua
tia. Ao ver a cor da tez do Nathan o compreendeu tudo. Seu feroz marido viking
enjôos?
Sara teria rido com força se não tivesse estado tão esgotada. Retornou à
cama e dormiu uma larga sesta, despertou para jantar com Nora e voltou a
deitar.
estava enredado em algo sólido. Quando Sara abriu os olhos descobriu a causa. A
Quase parou o coração. Abriu a boca para gritar. Ele cobriu a metade do
—Sara, você é a que está em minha cama. Se alguém deve ir, será você.
A Sara pareceu que Ele estava sonolento e que o dizia era sério. Em
realidade, sentiu-se agradada por sua dura atitude, já que parecia tão esgotado
—Não, não o fará —respondeu—. Não vai sair deste camarote. Se quiser,
—Não necessito de sua permissão —grunhiu Nathan. Estendeu suas mãos para
—Meu Deus, não posso acreditar que isto me esteja acontecendo —gritou
—O que te faz pensar que não o sou? —não pôde evitar lhe perguntar.
—Está nu.
Ela queria lhe golpear. Girou a cabeça, mas podia escutar a brincadeira de
sua voz.
Decidiu que devia terminar com esta vergonhosa conversa. dirigiu-se para os
pés da cama, já que um lado estava bloqueado pela parede e o outro pelo
Nathan.
Dentro do camarote estava muito escuro para poder encontrar sua bata.
Nathan tinha atirado uma das mantas, assim Sara pegou e se envolveu nela.
Não sabia quanto tempo tinha estado ali olhando as suas costas. Sua
trataram tão mal. Se esta for sua idéia de me apreciar, está falhando, Nathan.
Despertar da Paixão Julie Garwood
Ele escutou cada palavra de sua crítica severa. Conteve seu sorriso quando
disse:
marido.
—Não.
Não sabia por que, mas se sentiu imensamente feliz com essa negativa. Sua
protegê-la. Ainda era um ogro, mas faria tudo o que pudesse para protegê-la.
seu tibieza e sua nudez. Colocou uma de suas pesadas pernas sobre as suas e
ocuparam do resto.
Ela não protestou. Não podia. Tinha-lhe abafado a boca com a mão.
aproximou-se mais a ele, colocou a cabeça sob seu queixo e fechou os olhos.
Quando Nathan lhe tirou a mão da boca, sussurrou:
Sua única resposta foi um grunhido. Sara sorriu. sentia-se muito melhor.
Bocejou, aproximou-se mais a seu marido e deixou que lhe tirasse todos os
tremores.
Capítulo 4
Quando despertou à manhã seguinte, Sara se sentia muito melhor. Finalmente
tinha podido descansar, e estava pronta para lutar contra o mundo. Já se sentia
quando lhe explicasse o que queria dele, Nathan estaria de acordo. provavelmente
ela, e se renderia.
Havia muitas coisas que discutir, mas decidiu que primeiro resolveria as mais
angustiosas.
arrogante que ficasse quando lhe explicasse seu plano, estava decidida a manter-
possível.
Temia o que lhe esperava. Não era fácil falar com o Nathan. Ele atuava como
Isto lhe suscitou um mau pensamento. E se realmente não queria estar casado
com ela?
Esse pensamento de reforçar sua confiança não durou muito. Estava tão
acostumada a pensar no Nathan como em seu marido que nunca pensou em estar
casada com outro. Cresceu com a idéia, e devido a sua natureza serena e bem
E Nathan? Ele não parecia a classe de homem que aceitava as coisas sem
resistência.
Sara pensou que seguiria preocupada com esta situação até que falasse com
ele.
Nathan. Demorou quase uma hora em desembalar suas posses. O primeiro que
Despertar da Paixão Julie Garwood
escolheu foi um vestido de passeio verde escuro, mas não podia lhe tirar as rugas
à saia, assim que ficou um vestido cor rosa claro. O decote não era tão
pronunciado como o que Nathan tinha criticado com tanta rudeza, assim pensou
Em realidade, seu camarote era agradável. Era muito maior do que o deNora.
Seu quarto era três vezes maior, o teto era muito mais alto, o qual dava uma
metal. Sara supôs que era o lar, embora admitiu que não gostava de muito o
Atrás havia ganchos na parede para pendurar a roupa e um lavabo com uma jarra
seu baú. No centro da habitação havia uma mesa com duas cadeiras, e contra a
dois meses, tendo em conta o clima. Se o mar permanecia calmo, a viagem até a
Sara tirou a roupa do Nathan dos ganchos, dobrou-a e a colocou em seu baú.
o prendeu atrás com um coque rosa. Tomou a sombrinha rosa do baú e foi ver
Nora. Esperava que sua tia tivesse descansado o suficiente para caminhar pela
coberta. Sara queria repassar seu discurso com sua tia antes de enfrentar
Nathan.
despertá-la.
Quando saiu do camarote de sua tia reparou que o corredor estreito e escuro
se alargava para uma grande habitação retangular. A luz do sol se filtrava e
mas no teto havia uma grande quantidade de ganchos negros de ferro. perguntou-
a viu. Sara reconheceu ao homem indolente, mas decidiu fingir que não lhe
conhecia. depois de tudo, tinha atuado de maneira muito pouco feminina e era
—bom dia, senhor —disse com cortesia Meu nome é lady Sara Winchester.1
Estava muito surpreendida por seu atrevimento para lhe corrigir por havê-la
contradito.
—Sim. Agora sou lady St. James, e obrigado por me recordar isso.
que tinha na orelha. Também o fato de que parecia bastante cauteloso com ela.
Esperou que dissesse seu nome. Permaneceu ali olhando-a fixamente durante
recorda?
Ela o recordava. Olhou chateada por haver feito recordar seu mau
—Sim, agora que o menciona o recordo, senhor, e devo me desculpar por isso.
Minha única desculpa é que nesse momento estava um pouco assustada. Qual é
Despertar da Paixão Julie Garwood
seu nome?
—Jimbo.
Embora pensou que o nome era estranho não o comentou. Estendeu as mãos e
lhe estreitou a mão direita. A sensação de sua pele suave em suas dureza lhe
surpreendeu. A sombrinha caiu ao chão, mas Jimbo estava muito surpreso para
Jimbo não tinha palavras. A mulher que tinha conhecido fazia duas noites era
muito diferente à dama que lhe estava falando com tanta suavidade e humildade.
Também era muito bela. Tinha os olhos castanhos mais bonitos que jamais tinha
visto.
—OH, sim, senhor Jimbo. É obvio que me importa. Eu fui muito rude.
—Está bem, perdôo-a. Não fez nenhum dano —adicionou. sentia-se tão torpe
como um colegial.
Jimbo moveu a cabeça para trás e riu forte. Quando recuperou a compostura
lhe disse:
Como o marinheiro parecia estar de bom humor, decidiu lhe fazer algumas
pergunta.
—Senhor? Viu às criadas esta manhã? Minha cama ainda está desarrumada e
—Então, quem? —não terminou a frase. Se não tinha criadas, quem lhe tinha
—Tenho outra pergunta que lhe fazer, senhor, se tiver a paciência suficiente
para escutar.
—O que?
mão a área que a rodeava—. Acreditei que era um corredor, mas agora com a luz
do sol vejo que é maior. Seria um magnífico salão —adicionou—. Quando subi a
—Este é o quarto dos oficiais —lhe indicou Jimbo—. 0 assim o chamam nas
verdadeiras fragatas.
O corredor tinha desaparecido por completo, e uma vez que o biombo foi
munições.
Jimbo sorriu.
—Temos oito canhões em total —lhe explicou Jimbo—. É um número menor que
a maioria dos navios, mas nós sempre estamos sobre o objetivo assim não nos
necessitar mais. Este navio é uma versão em menor escala de uma fragata que
—Mas senhor Jimbo, agora não estamos em guerra. por que o capitão tem
obvio. Seu capitão é muito ardiloso ao estar preparado para os vilãos que vagam
Ela pensou que era a pergunta mais estranha que tinha escutado. O brilho nos
está deixando levar por uma natureza romântica se acreditar nessas tolas
—Lady Sara, não tem que me chamar senhor —se queixou—. Jimbo esta bem.
—Então deve deixar de me chamar lady Sara —replicou Sara—. Agora somos
—Sim?
—Ontem à noite... ou foi anteontem à noite? Bom, observei que parecia ser
—Sim.
—Está na popa.
—Sim, poderia estar louco —começou a lhe dizer, logo se deteve para
recolher sua sombrinha e passou junto ao muito gigante—. Mas é muito desleal ao
expressar em voz alta esse pensamento. Agora sou a esposa do Nathan, e não
vou escutar esses comentários. Por favor, não volte a mostrar essa falta de
respeito.
Matthew desceu pela escada e ouviu que seu amigo murmurava algo sobre o
ouvir dizer...
Despertar da Paixão Julie Garwood
—Não vai acreditar nisto, mas acabo de prometer que nunca direi a ninguém
—Sara não é como nossa Jade —comentou Jimbo. estava-se referindo à irmã
—Não, ela nunca chorou —respondeu Matthew com orgulho—. Mas esta... Não
sabia que uma mulher se podia comportar da forma em que ela o fez aquela
primeira noite.
adicionou.
—As duas são tão diferentes como o fogo e a neve, mas têm uma coisa em
comum.
—E o que é?
acontecerá agora.
Era estranho, mas ambos estavam ansiosos por retornar à coberta para ver o
Sara tinha encontrado Nathan. Ele estava no leme. ia chama-lo quando lhe
deu as costas e tirou a camisa. Sara viu as cicatrizes em suas costas. Sua
reação foi instintiva. Gritou enfurecida.
ameaça. Não demorou muito em perceber que não havia nenhum inimigo tratando
disse:
—Não volte a gritar assim — ordenou com um tom de voz muito mais suave—.
marido. Estava tão surpreendida pelo que tinha visto que nem sequer se deu
conta de que a tinha atirado. deteve-se um passo do Nathan, que viu as lágrimas
em seus olhos.
Aqueles que tinham visto suas costas tinham fingido não as ter percebido.
—Obrigado por dizer me -replicou isso Nathan—. Nunca o tivesse sabido se...
Ela começou a chorar. Obviamente seu sarcasmo era muito para ela.
para baixo.
Nathan indicou a Jimbo que se fizesse cargo do leme, e logo colocou as mãos
—Não.
—Então alguém lhe fez isso deliberadamente? —não lhe deu tempo para
responder—. Que monstro te provocou essa dor? Meu Deus, como deve ter
sofrido.
—O que?
Nathan parecia surpreso. Sara pensou que sua suspeita tinha sido correta.
Jimbo começou a tossir. Nathan lhe olhou fixa mente para que se calasse.
—Está absolutamente seguro, Nathan? Ninguém sabe que aspecto tem o vilão.
Possivelmente foi Pagam e você não soube porque não te disse seu verdadeiro
nome.
—por que?
Ele sentiu o toque de seus dedos em seu ombro direito. Não se moveu. A
delicada carícia nas costas era incrivelmente suave e também provocadora. Não
—Ontem à noite não te teria golpeado nas costas se tivesse sabido destas
feridas —sussurrou Sara—. Mas não podia ver na escuridão, e não... sabia.
—Pelo amor de Deus, mulher, agora não dói. Aconteceu faz muitos anos.
Seu tom abrupto a surpreendeu. Deixou cair a mão a um lado de seu corpo.
aproximou-se para colocar-se a seu lado. Tocou-lhe o braço com o dela. Olhou-
lhe à cara esperando que ele também a olhasse. Pensou que sua expressão podia
ser esculpida em uma pedra. Tinha o aspecto que ela tinha imaginado de um
guerreiro. Tinha o peito coberto com pêlo escuro que terminavam em uma «V» à
altura da cintura. Não se atreveu a olhar mais abaixo, pois teria sido um
descaramento, e quando voltou a olhar para cima viu que a estava observando.
—Nathan?
—O que?
Tinha que parecer sempre tão resignado quando lhe falava? Sara se esforçou
mas não diminua. É um insulto, minha noiva, e os capitães não se agradam ouvir
—Capitães?
—Não.
Parecia desgostada. Nathan lhe explicou rapidamente como ele e seu amigo
Colin tinham começado com a companhia naval, por que tinham decidido que ele
—Não.
Ele ignorou sua petição. tocou ligeiramente com o cotovelo. Obter algo dele
—Poderia te ajudar com os livros. Sou realmente boa com os números. Não?
—adicionou ao ver que Nathan negava com a cabeça—. Mas quero ajudar.
O deixou o leme e se deu a volta para olhá-la. Ela estava preciosa, pensou
Seu olhar se deteve em sua boca. Seus lábios eram tão rosados como toda ela.
deixou-se levar pelo que sentia. Puxou a pelos ombros antes de que ela
pudesse afastar-se. Sustentou-a contra seu peito, logo enredou uma mão nos
cachos de sua nuca. Seu cabelo era sedoso. Puxou os cachos e lhe inclinou a
cabeça para trás. disse-se a si mesmo que só a beijaria pela tranqüilidade de sua
mente, já que sabia muito bem que uma vez que lhe explicasse a tarefa especial
—Cada um tem que cumprir com uma tarefa especial — disse. Aproximou sua
boca a dela Meu dever é que fique grávida, Sara, e o teu é me dar um filho.
Ao princípio, Sara estava muito aturdida para reagir. Sua boca era ardente,
masculina.
Nathan queria que respondesse. Sara não lhe decepcionou. Quando lhe
pendurou dele.
Não se deu conta de que o estava beijando, de que os sons que ouvia eram
dela.
Quando Nathan obteve toda seu cooperação suavizou o beijo. Ela era muito
suave. Sentia o calor dentro dela, queria aproximar-se mais e mais. Puxou-a
pelas nádegas e a levantou lentamente até que sua pélvis tocou a dele.
Beijou-a uma e outra vez. Desejava estar dentro dela. Nathan sabia que
estava a ponto de perder toda sua disciplina. Seus desejos clamavam por ser
que sua tripulação estava desfrutando do espetáculo que lhes estava brindando.
Despertar da Paixão Julie Garwood
Ela não se afastou dele. Puxou-o pêlos cabelo para que voltasse a aprofundar
o beijo. cedeu ante sua silenciosa petição com um grunhido. O beijo que estavam
compartilhando era abertamente carnal, mas quando Sara lhe tocou a língua com
Quando se separaram ambos estavam sem fôlego. Ao parecer, Sara não podia
manter o equilíbrio. caiu sobre o bordo de madeira que estava junto ao leme.
—OH, Deus.
Quando seu capitão deixou de tocar a sua noiva, os homens retornaram a suas
tarefas. Nathan observou várias costas antes de voltar a olhar a Sara. Não pôde
Sacudiu a cabeça ante sua perda de disciplina. Decidiu que já tinha perdido
suficiente tempo com sua noiva e retornou ao leme. Franziu o semblante ao ver
que lhe tremiam as mãos. Era óbvio que o beijo tinha afetado um pouco mais do
A Sara custou muito recuperar-se. Estava tremendo dos pés a cabeça. Não
—Eu não sou uma égua mãe —sussurrou—. E não estou segura de que me tenha
—Mentirosa.
Era um insulto, sim, mas a forma em que disse a palavra lhe enfraqueceu o
Isso não tinha sentido. Estava tão se desesperada por uma palavra de
—Não pode voltar a me beijar —anunciou, desejando que seu tom tivesse sido
—Não?
—Não, não pode. decidi que primeiro terá que me cortejar, Nathan, e logo
teremos uma cerimônia adequada ante um verdadeiro pastor antes de que volte a
me beijar.
Não lhe olhou enquanto pronunciou o enfático anúncio, mas quando terminou
Infelizmente, sua expressão não lhe indicou nada. Ela franziu o semblante.
Finalmente, Nathan mostrou sua reação. Oxalá não o tivesse feito. Seu cenho
Mas seus olhos... a cor era tão intensa, tão encantador. Quando a olhava aos
olhos ela se esquecia de respirar. de repente pensou que seu viking era realmente
boa moço.
por que não se deu conta antes?, perguntou-se. Deus santo, estava
—Não.
—Bem —replicou Nathan—. Como te disse antes, Sara, não vou dissolver este
contrato.
—Sabia?
—Sim.
—Como?
Começou a negar outra vez com a cabeça, mas Nathan a deteve tomando-a
Não a deixou, mas começou a lhe esfregar a nuca. Sua carícia era muito
—Não.
Nathan não sabia por que a tinha pressionado para que lhe desse uma
explicação. Entretanto, sentiu curiosidade porque ela estava atuando com tanto
—Nathan, sou tudo o que um homem pode querer de uma esposa. _Tratou de
parecer tão arrogante e segura de si mesmo como quando lhe falava.— A sério –
adicionou assentindo com veemência com a cabeça. — É assim? Posso ver a risada
—Sim, assim é.
ruborizou-se um pouco. Como podia alguém ser tão arrogante e tímida ao
mesmo tempo?, perguntou-se Nathan. Ela era uma contradição para ele.
—Poderia me dizer por que crer que é tudo o que eu poderia querer?
—Claro — respondeu—. Para começar, sou bastante bela. Não sou insossa —
adicionou imediatamente—. Devo admitir que não sou uma beleza deslumbrante,
Olhou-lhe com o semblante bem franzido pois estava seguro de que a estava
atormentando deliberadamente.
—É obvio que não. Deve ter um pouco de crueldade para escarnecer de meu
aspecto. Não sou muito feia, Nathan. Embora tenha o cabelo e os olhos
—Sara, não notou como detêm os homens para te observar quando passa?
—Se quer dizer que sou tão pouco atrativa, bem, senhor... —sussurrou.
Ele sacudiu a cabeça. Não estava casado com uma mulher vaidosa. Isto lhe
agradava grandemente.
—Tem razão —lhe respondeu—. Vi mulheres mais belas, mas como você disse
—Se acha que me faz sentir completamente inferior com essa arrogante
homem poderia esperar. sorriu? Digo-o a sério. Fui educada para ser uma boa
esposa, como você foi educado para ser um bom fornecedor. Assim são as coisas
curiosidade.
serventes que haja ——começou a lhe explicar—. Posso costurar sem me cravar
um dedo, organizar uma festa para duzentas pessoas —exagerou—, e cumprir com
Estava segura de que lhe tinha impressionado com sua lista. Até ela estava
impressionada. A maior parte das coisas eram inventadas, é obvio, já que não
tinha a menor idéia se podia dirigir ou não uma propriedade, mas Nathan não
podia conhecer suas carências, verdade? Além disso, o fato de que nunca tivesse
atendido convidados não significava que não pudesse organizar uma festa para
—Poderia contratar a alguém para que dirigisse minha casa —replicou Nathan
Quase riu com força, já que a expressão de decepção em seu rosto era
cômica.
—Sim, mas eu também posso manter uma conversa inteligente sobre qualquer
deteve-se ao ver que Nathan fazia uma careta. Sua conduta era a que alguém
podia esperar de alguém com seu sobrenome. Nathan estava resultando ser tão
desprezível como os outros homens do St. James. Era tão cabeça de dura como
os outros.
—Não poderia contratar a ninguém com tão boa educação —sussurrou Sara.
—E isso é tudo? —perguntou-lhe—. Não está educada para fazer nada mais?
Seu orgulho estava destroçado. Nada do que dizia impressionava a este
homem?
ruborizou-se mais.
—É obvio que não. supõe-se que, você deve me ensinar como... —deteve-se e
pisou com força—. Como se atreve a pensar que me tenham educado para...
para...
Não podia continuar. Seu olhar o confundia. Não sabia se ia começar a chorar
—Suponho que uma rapariga pode ocupar-se dessas tarefas —disse para
pertubala.
desinibidas. Sabia que devia terminar com o jogo. Ela estava se enfurecendo,
—Não importa quão bela seja, não importa quanto talento possa ter, não
—Quanto a dormir comigo, Nathan, pode te esquecer disso. Primeiro terá que
—E bem? —perguntou-lhe.
Como pôde pensar que era atrativo? Oxalá tivesse tido a força suficiente para
Pensou que não era o momento para mencionar que já o estava fazendo.
—Nós, não —disse com um tom suave—. Você é a que acredita que este
decidi que não é decente que te deite comigo. —sentia-se muito incômoda para
—Já o fiz.
que me corteje, Nathan, e não me vai tocar até que façamos nossas promessas
Sara se afastou do Nathan e ao voltar-se viu uns dez homens que lhe estavam
—Sim, claro que entendeu cada palavra —disse outro—. Não deixará que o
—Você está fazendo um bom trabalho, minha noiva. Volta para camarote —lhe
Quase lhe falha o coração quando compreendeu o que lhe havia dito. Estava
muito furiosa para seguir tratando de raciocinar com ele. afastou-se lentamente
Não começou a correr até que chegou ao quarto dos oficiais. levantou-se a
saia e correu como um raio. Não se deteve na porta de seu camarote mas sim
Apesar de seu tamanho e sua idade, Matthew podia ser muito rápido quando a
—Lady Sara, espero que não incomode a doce Nora visitando-a agora —lhe
Ela não ouviu que ele se aproximava. Emitiu um forte som entrecortado e se
voltou.
—Matthew.
—Eu estou cuidando de sua tia —lhe explicou Matthew—. Hoje não está para
sua tia para que a ajudasse a tratar com o Nathan. Entretanto, seus problemas
pareciam mesquinhos.
—Nora não está realmente doente, verdade, —perguntou Sara com temor na
—Está bem, está bem, não comece a chorar —lhe pediu Matthew. Os olhos de
lady Sara estavam empanados. Não sabia o que faria se ela se decompunha. O
pensar em ter que consolar à esposa do capitão punha nervoso—. Não está tão
precisa descansar. Tampouco quero que ela se preocupe com nada —adicionou.
Imediatamente, Sara concluiu que ele tinha adivinhado qual era sua missão.
Quando despertar, poderia lhe dizer que virei a visitá-la logo que me peça
isso?
Matthew assentiu com a cabeça. Sara tomou a mão. A amostra de carinho lhe
comoveu.
—Obrigado por ajudar a Nora. Ela é uma mulher muito boa. sofreu muito,
—Seja você não machucou a sua tia —disse Matthew—. Você não lhe chutou
as costelas. Disseram-me que seu pai e seus irmãos foram os que estiveram
—que esteve atrás desta traição foi meu tio Henry —replicou Sara—. Mesmo
Não continuou com sua explicação. Voltou-lhe a apertar a mão e logo lhe fez
sorrir quando fez uma reverência formal e lhe disse que estava muito agradada
camarote. Resmungou por esta tolice e pelo fato de que tinha estado realmente
nervoso quando ela quase ficou a chorar. Mesmo assim, estava sorrindo quando se
afastou.
Sara continuou pensando na Nora até que abriu a porta de seu camarote. logo
pensamento.
Não se atreveu a perder um minuto mais. Fechou a porta com chave, e logo
Correu para a mesa, pensando em colocá-la contra o baú para reforçar sua
fortaleza.
Embora se esforçou não pôde movê-la. Finalmente soube qual era a causa.
Tinha as patas cravadas ao chão. «por que alguém quereria fazer uma coisa
assim?», sussurrou.
chão. Por sorte as cadeiras não estavam fixas. Entretanto, eram pesadas. Sara
arrastou uma até o baú e lutou até que a pôde levantar e a colocou sobre ele.
cintura. Sabia que bloquear a entrada era só uma medida provisória, mas mesmo
assim se sentiu muito inteligente. Entretanto, não demorou para descartar esse
pequeno orgulho, ao advertir que se estava comportando como uma menina. Sim,
sua conduta era infantil, mas também o era a do Nathan. Se ele não ia ser
Possivelmente para o anoitecer seu viking compreenderia que sua petição era
sorrindo.
Não esperou que lhe perguntasse como tinha entrado, simplesmente lhe
—Sempre entro por acima —explicou com voz suave—. É mais rápido
Teria que ter assentido com a cabeça, mas não estava segura. apoiou-se no
Sua noiva parecia ter perdido a voz. Nathan decidiu dar um pouco mais de
tempo para que se acalmasse antes de pressioná-la. Estava muito pálida e existia
_Suponho que estava tratando de trancar o quarto —disse com um tom suave
e tranqüilizador.
—Não resultará.
—,—Não'
porta. Além disso, não acredito que nenhum dos dois queira sentar-se... ali
acima.
Seus comentários eram ridículos, é obvio. Ambos sabiam por que a porta
estava bloqueada. Entretanto, ela fingiu interessar-se no tema para salvar seu
orgulho.
porta. Acabo de me dar conta. Muito obrigado por me fazer notar não se deteve
enrolar-se com seus movimentos de pantera. Ela desejava fugir dele, entretanto,
no profundo de seu ser queria que a alcançasse. Tinha gostado da forma que a
Pelo olhar de Nathan sabia que quereria muito mais dela. Suas táticas
Lhe sorriu.
Sara acreditou que Ele tinha pensado melhor, mas antes de que pudesse
alegrar-se com essa possibilidade ele a puxou pelos ombros e a levou para si.
Levantou-lhe o queixo e a obrigou a olha-lo. Sua voz era muito amável quando
disse:
—Sara, sei que isto é difícil para você. Se houvesse mais tempo poderíamos
esperar até que me conhecesse um pouco melhor. Não vou mentir dizendo que
vou te cortejar porque a verdade é que não tenho a paciência nem a experiência
para fazê-lo. Mas mesmo assim não quero que tenha medo de mim —se deteve e
—Então...
Sara abriu grandes os olhos ante este anúncio. Nathan pensou que estava
Despertar da Paixão Julie Garwood
reagindo ante a menção de um bebê. Era tão inocente, e Nathan sabia que não
—Não se atreva a mentir —apertou um pouco seus ombros para enfatizar suas
comigo.
—Não estou mentindo —respondeu furiosa. Nunca fugi de ti, viking. Nunca.
—Sara, enviei- uma carta a seus pais informando sobre minha intenção de ir
—Eu sabia —replicou Sara— Nathan, meus pais não devem ter recebido a
carta— Nenhum dos dois me disse uma palavra. Era um momento caótico. Minha
mãe estava muito preocupada com sua irmã, minha tia Nora. Nora sempre nos
escrevia pelo menos uma carta por mês, mas mamãe não tinha recebido nenhuma
fazia muito tempo. Estava adoecendo pela preocupação por Nora. Quando sugeri
—Poucos dias antes de que eu viajasse —admitiu Sara—. Mas não teria dado
Agora que o penso, estou segura de que fui Eu que sugeriu ir à ilha da Nora.
—Como sabia meu verdadeiro destino? Minha família disse a todo mundo que
encolheu os ombros.
—Porque Nora os tinha desonrado — explicou Sara—. Faz quatorze anos que
casou com seu noivo e se foi da Inglaterra. Estava segura de que todos
—Assim não soube que Nora não tinha escrito a sua mãe até dois dias antes
de partir?
—Mamãe não queria me preocupar —respondeu Sara—. Não vou permitir que
pense que minha mãe teve algo que ver com o ardil. Meu pai ou minha irmã
poderiam ter tratado de interceptar sua carta, Nathan, para fazer esperar um
pouco mais, mas minha mãe nunca teria estado de acordo com um engano assim.
A Nathan pareceu muito honrável a defesa para com sua mãe. Ilógica, mas ao
mesmo tempo honrável. Por essa razão não a obrigou aceitar a verdade.
Entretanto, sua crença de que seu pai era inocente lhe enfurecia.
Então reparou que não tinha tratado de fugir dele. Estava tão satisfeito que
forma de convencer que sua mãe era completamente inocente de qualquer engano.
Seu sorriso foi cativante. Nathan não sabia o que fazer com sua repentina
mudança. Ela se apoiou sobre seu peito, o puxou pela cintura e lhe abraçou. Ele
resmungou. Estava mais confundido que nunca por seu estranho comportamento.
muito.
Despertar da Paixão Julie Garwood
gesto que considerava muito feminino, e adicionou—: É obvio que sabia que não o
tinha feito. Estava segura de que tinha havido algum pequeno mal-entendido
porque eu...
—Nathan, quando não pude encontrar Nora enviei várias notas a sua
—É obvio que sim — discutiu—. Tem uma casa na cidade. Vi uma vez quando
—Então teria que ter enviado a mensagem a sua casa de campo. Está bem,
—Quando?
—Teve muitos acidentes, não é, Nathan? Não foram acidentes, mas ele não o
Governo e ao final da investigação capturou aos delinqüentes, mas ainda não tinha
Nathan.
—Não sabia a quem recorrer —admitiu Sara—. Acredito que foi seu tio
—Que ardil?
—Acredito que foi seu pai que esteve por trás desse plano.
—Porque Atila, o Huno, morreu faz anos —lhe testou—. E seu pai é o único
—Não vou escutar uma calúnia assim contra pai. Além disso, eu estou segura
responder:
—Não —sussurrou—. Esse foi um trabalho de meu tio Henry. Ele é o que viu a
outra noite no botequim. E agora já sabe a verdade sobre mim terminou com um
doloroso lamento.
Nathan lhe levantou o queixo com um dedo. Esfregou-lhe a pele suave com o
polegar.
—Que verdade?
—Sim, assim é.
—Porque poderiam terminar sendo como meu tio Henry. Pior, poderiam
comportar-se como você. Até você tem que admitir que os homens do St. James
Ele não admitiria uma coisa assim, e lhe deu a conhecer sua posição
imediatamente.
—A que se refere?
— Seu tio Dunnford foi sincero quando disparou a seu próprio irmão, verdade?
da cidade, no meio da amanhã, e com muitas testemunhas que passavam por ali.
cabeça.
Sara se surpreendeu ao ver que ele fazia uma careta. Outra vez lhe parecia
verá...
fôlego. A forma como a estava olhando a fez sentir muito estranha por dentro—.
Ainda lhe estava sorrindo. Tinha um malicioso brilho nos olhos. Ele não se
pensar em uma forma de levar a conversa para o tema mais importante que tinha
dava conta do que estava fazendo já que tinha um olhar distante. Pensou que
Queria que esfregasse a base das costas, e como parecia tão preocupado
Ele não discutiu sua petição. Simplesmente fez o que disse. Não foi muito
gentil até que pediu que o fizesse mais brandamente. Logo baixou ambas as
mãos até a base das costas. Quando começou a esfregar ali, ela se apoiou nele e
—Sim, melhor.
Ele não deixou de lhe esfregar as costas e ela não quis que o fizesse.
Seu tio e sua tia estavam ali. Foi uma terrível experiência que jamais
esquecerei.
Nathan sorriu.
para ele pressionando as costas. Ela não resistiu—. Meu tio é um homem
—Sua esposa também —demarcou Sara com um sorriso—. Não podia distingui-
los.
—Ela também.
Voltou-a a beliscar.
—As mulheres do St. James não são tão gordas como as mulheres Winchester
—replicou Nathan.
—Nathan?
—Sim?
—Não?
—Não, acredito que não o farei. Se tivermos que fazer isto, deixarei que
mordeu-se o lábio inferior enquanto esperava sua reação. Nathan pensou que
—E como sabe?
—Mamãe me disse que sempre dói —Sara ficou com as bochechas cor
escarlate.
—Não dói sempre —replicou Nathan—. A primeira vez pode ser um pouco...
incômodo.
Parecia surpreso por suas perguntas. Sara decidiu tirar vantagem da situação.
—Só quero te pedir um pequeno favor. Poderia esperar até esta noite para
fazer essa coisa? Já que está decidido, poderia me dar algumas horas mais para
Aceitar seu destino? Ela falava como se tivesse que ir a uma execução. a
—Está bem. Esperaremos até esta noite, mas é o único favor que te
concederei, Sara.
Ela ficou nas pontas dos pés e o beijou. Só roçou os lábios, mas quando se
—Um beijo.
dela. Não foi muito gentil, mas não se importou. entregou-se a ele e deixou que
Despertar da Paixão Julie Garwood
o fizesse a sua maneira. depois de tudo, pensou, ela tinha obtido sua vitória e
Nathan lhe apertou as costas e a levantou contra sua pélvis. Seus quadris
advertir que ela estava colaborando com ele. Estava-lhe respondendo. Atirava-
recuperou do beijo. sentia-se arrogantemente feliz por esse fato tão evidente.
—No futuro, Nathan —começou a dizer, fazendo uma careta, apesar de sua
voz tremente—, apreciaria que não entrasse em nosso quarto pela chaminé.
Prometo que não voltarei a trancar a porta —adicionou. Ele se voltou e a olhou
com incredulidade.
— Entrar por onde? —perguntou, pensando que certamente não a tinha ouvido
bem.
que a porta do teto não era uma chaminé. Mais tarde explicaria isso a ignorante
mulher.
—Fez?
—Sara?
—Sim?
Capítulo 5
Sara não voltou a ver o Nathan durante o resto do dia. Esteve ocupada
arrumando o camarote e seus pertences. Como não tinha uma donzela, fez a
cama, limpou os móveis e até pediu uma vassoura para varrer o chão. Recordou
que tinha deixado a sombrinha na coberta, mas quando a foi procurar não a
nenhum plano para ganhar outra suspensão. Sara estava um pouco envergonhada
de sua covardia. Sabia que alguma vez teria que deitar-se com ele, sabia que
continuaria temendo até que o fizesse, mas tudo isso não aliviava seu temor.
compostura ao reparar que certamente Nathan não chamaria. Não, ele entraria
diretamente. depois de tudo, o camarote lhe pertencia, e Sara pensou que tinha
Matthew estava esperando fora. Saudou-o com uma reverência e lhe convidou
camarote, direi ao Frost que traga a Cuba. O capitão pensou que quereria
banhar-se, por isso ordenou que trouxéssemos água doce. É uma atenção que não
receberá muito freqüentemente —adicionou—. Será melhor que a desfrute.
—Lhe Direi que pensa assim —respondeu Matthew, que não tinha nada melhor
Não estava acostumado a que ninguém lhe tratasse como um igual, exceto
Nathan. Tampouco uma dama tinha feito uma reverência. E também seu sorriso
estupor e sussurrou:
Sara assentiu com a cabeça, e logo esperou que Matthew abrisse a porta.
não compreendeu o que Sara queria até que ela o indicou. depois que lhe abriu a
—Não me dei conta —admitiu Sara. Sorriu a sua tia e se aproximou da cama
para dar um beijo. Nora estava apoiada sobre uma montanha de travesseiros.
—O que sim notei é como se preocupa com você, tia —comentou. Aproximou
coração. parece-se muito a meu defunto marido, embora os dois não se pareçam
em nada no aspecto.
—Bem, obrigado.
—Não me parece que esteja bem. Sara, está sentada no bordo dessa cadeira
e parece que vai saltar ante a primeira provocação. Preocupa-se com Nathan?
—É obvio que também estava preocupada com você —confessou—. Mas agora
—Eu não.
Nora sorriu.
—Já te beijou?
—Sim, beijou-me.
—Bem.
—Sara, sei que Nathan não é exatamente como você acreditava que era, mas
Sim'?
—Até em seus sonhos mais fantasiosos não poderia haver imaginado casada
—É obvio que sabe —replicou Nora—. Desmaiou quando o viu pela primeira vez,
não é verdade?
disse repentinamente.
Nora não parecia surpreendida pela notícia. Sara se sentiu aliviada por não
—Essa deveria ser sua inclinação natural —lhe explicou Nora—. Está
preocupada, Sara?
—um pouco —respondeu Sara—. Sei qual é meu dever, mas não o conheço
—É algo muito estranho, tia. Nathan parece um homem feroz quando me olha
com o semblante franzido, mas em meu coração sei que não me machucaria. Até
—Bem.
—Mas não vai esperar até que me acostume à idéia —explicou Sara.
Nora sorriu.
—É lógico que não queira esperar, Sara. Você é sua esposa, e vi a forma que
—E se o decepcionar?
—Acredito que não o fará. Ele fará com que não o faça —a tranqüilizou.
—Temos que ter um filho para que Nathan obtenha a segunda metade do
tesouro disposto pelo rei, e como teve que esperar para ir me buscar... Sabia
Despertar da Paixão Julie Garwood
que acreditava que tinha fugido dele? —Sara explicou o que Nathan tinha
contado, e quando terminou Nora franziu o semblante—. Não gostou de saber que
—É obvio. Tenho o semblante franzido porque Ele acreditou que meus pais lhe
voltaram a enganar.
mas não as seis. Não, tudo foi uma mentira, Sara, para te tirar da Inglaterra.
—Mamãe não poderia ter estado de acordo com uma mentira assim.
É obvio que sim —resmungou Nora—. Minha pobre irmã teme a seu marido.
Sempre o fez e sempre o fará. Ambas sabemos, Sara, e não tem sentido fingir.
Baixa das nuvens, menina. Se Winston disse que para te mentir ela o fez. Agora
já basta de lamentar por seus pais —se apurou ao ver que Sara a ia interromper
—Qual?
—Nunca pensei em estar com ninguém mais —respondeu Sara com vacilação—.
Realmente não sei como me sinto, Nora. Embora rechaço a idéia de que outra
mulher esteve com ele. Sabe que não me dava conta disso, até que ele mencionou
a palavra «rapariga»? Reagi com veemência ante essa proposição. É tudo muito
confuso.
—Não estou falando de amor —replicou Sara—. É só que durante todos estes
Belinda, mas não puderam fazê-lo, verdade? Você não odeia a Nathan.
—Durante todos estes anos você lhe protegeu em seu coração, Sara, como
protegeu a sua mãe cada vez que teve a oportunidade. Escutou suas mentiras
—Eles acreditam que o odeio —confessou Sara—. Fingi estar de acordo com
tudo o que me diziam meus familiares sobre ele para que me deixassem em paz.
O tio Henry era o pior. Agora sabe a verdade. Quando enfrentei a ele no
botequim, quando vi seu anel no dedo Dele, bom, perdi minha paciência. Disse-lhe
que Nathan se vingaria e que Nathan e eu nos levávamos muito bem desde fazia
muito tempo.
—Possivelmente tudo foi não uma mentira — disse Nora—. Realmente acredito
que Nathan se vingará por mim no futuro, Sara. E sabe por que?
—Não, querida, acredito que ainda não se deu conta disso. Ocupara-se de
mim porque sabe o quanto você me quer bem. Nathan é a classe de homem que se
—Mas Nora...
Sara desejou boa noite a sua tia e retornou a seu camarote. O banho já
estava preparado. tomou seu tempo para ensaboar-se até que a água se esfriou
e logo colocou sua camisola branca e a bata fazendo jogo. Quando Nathan entrou
Despertar da Paixão Julie Garwood
Dois homens mais jovens entraram atrás dele. Os marinheiros a saudaram com
Não disse uma palavra. Não tinha que fazê-lo. Seu olhar o dizia tudo. O
homem estava decidido, muito bem. Não haveria mais favores, não mais
Sara reparou que Nathan também se banhou. Ainda tinha o cabelo molhado,
penteado para trás. Não tinha posta a camisa. Sara o olhou fixamente enquanto
Ele sorriu ante seu recato. Embora não lhe dissuadiu. tirou-se o resto da
—Sara?
—Sim, Nathan?
—tire a roupa.
Nathan pensou que seu tom tinha sido suave, tenro. Estava tratando de
afastar um pouco de seu temor. Não tinha dúvidas de que ela estava preocupada
já que se estava escovando o cabelo com tanto vigor que provocaria uma forte
decidida. O esforço não deu resultado. Até ela podia ouvir o tremor em seu
decidida a fingir que não se incomodava com sua nudez. Recordou que era sua
O problema era que sim era uma inocente. Nunca tinha visto um homem nu.
Estava nervosa. Agora sou uma mulher, não uma menina, disse-se a si mesmo.
pela chaminé. Nathan estava fechando a porta do teto. — Estava de costas, mas
percebeu que seu traseiro estava quase tão bronzeado como o resto de seu
Mas nesse momento não estava rindo precisamente. Observou como Nathan
acendia uma vela. O suave resplendor fazia brilhar sua pele. sentiu-se
Se esse era seu objetivo, não estava funcionando, pensou Sara. O homem
Sara suspirou ao advertir que estava comportando como uma menina. Quão
único a salvava era o fato de que ele não saberia quanto aterrorizada estava.
Girou o rosto para que não pudesse ver que estava ruborizada e logo disse:
indiferença.
Nathan pensou que tinha divulgado como se ela fosse um prego. Sabia que
teria que encontrar uma forma de enfrentar seu medo antes de deitar-se com
ela.
A Pergunta era como. Suspirou e voltou para Tomá-la em seus braços. Ela
correu para a cama. Nathan a puxou pelos ombros e a girou lentamente para que
o olhasse.
Sua noiva não tinha dificuldades para manter o olhar. Não, não teve que lhe
levantar o queixo para que atendesse. Nathan sorriu. Duvidava de que tivesse
baixado o olhar embora lhe houvesse dito que tinha uma serpente nos pés.
Deslizou suas mãos para os lados de seu pescoço. Podia lhe sentir o pulso com
os polegares.
—Mas acredito que a outra coisa não vou gostar —adicionou pensando em lhe
Ele não parecia ofendido por sua honestidade. Nathan se inclinou e a beijou
na frente, logo no nariz. Logo lhe roçou a boca com os lábios.
Não tinha uma resposta para esse comentário, assim permaneceu em silêncio.
deu por vencido. Suspirou contra sua boca e lentamente lhe apertou mais o
pescoço. Quando a pele começou a lhe doer abriu a boca para lhe ordenar que a
soltasse. Entretanto, essa ordem ficou confusa em sua mente quando Nathan
afrouxou suas mãos logo que ela abriu a boca. Acariciou-lhe o pescoço com os
polegares. Estava tratando de afligi-la para que não resistisse e pensando que o
tinha obtido quando ela repentinamente se aproximou mais a ele e lhe colocou os
Seu suspiro de prazer se mesclou com o gemido do Nathan. Ele não abandonou
seu ataque. O beijo foi intenso, prolongado, apaixonado, interminável. Como ela
desconhecia estes novos sentimentos, Nathan não demorou para lhe fazer
esquecer seu acanhamento, sua resistência. Tratou de conter seu desejo, mas
quando lhe acariciou o cabelo molhado e sentiu essa carícia suave e sensual, a
quando lhe tirou os braços do pescoço. Continuava beijando-a, mas não era
suficiente. Ela queria estar perto de seu calor. Ele não estava cooperando.
Não entendia o que queria dela, e não podia ordenar seus pensamentos já que
estava muito ocupada lhe beijando e muito afligida pelos novos e maravilhosos
—Agora pode voltar a pôr os braços no meu pescoço —lhe sussurrou quando
terminou de beijá-la. Seu sorriso estava cheia de ternura. Ela era transparente.
Sua expressão de confusão não lhe ocultava nada. Podia ver a paixão e a
confusão. Nathan nunca tinha conhecido uma mulher que respondesse com tanta
naturalidade.
conquistar o mundo.
sorriu outra vez ao ver como Sara inclinava o rosto para esse lado para que a
acariciasse mais.
—Estou tratando de não ter medo. Estou mais tranqüila porque sei que lhe
Nathan se perguntou por que tinha esse brilho repentino no olhar. Ao parecer
que já lhe tinha tirado a camisola e a bata. Pensou que logo o averiguaria.
—Sara, não sou um homem muito paciente quando desejo tanto algo como
desejo a ti.
Puxou-a pela cintura e a levantou contra ele. Pele contra pele. Sara reagiu
abrindo mais os olhos, mas antes de que pudesse decidir se gostava ou não, ele a
O homem certamente sabia como beijar. Não lhe obrigou a lhe abrir a boca...
língua. Ele reagiu com um gemido. Sara pensou que esse som significava que lhe
agradava sua amostra de arrojo e se voltou mais desenfreada.
O beijo foi veemente. Ele desejava reavivar a paixão entre eles. Quando ela
começou a emitir esses pequenos gemidos com a garganta, Nathan soube que
tinha obtido seu objetivo. Ela já estava ardente outra vez. E os sons o faziam
levantou e a apertou contra seu pênis, e logo afogou o gemido que esta intimidade
Sara não podia pensar. As sensações que provocava seu beijo eram tão
estranhas, tão maravilhosas. Sabia que lhe tinha tirado a roupa, e lhe tinha
deixar-lhe vestida. Tinha sido um engano por sua parte, mas nesse momento
tinha tido muito bom sentido. Queria que ele se detivesse, que lhe desse tempo
Não tinha idéia de como tinham chegado à cama, mas repentinamente Nathan
costas sobre os lençóis. Não lhe deu tempo para que cobrisse sua nudez, já que a
Nathan tratou de lhe separar as pernas com o joelho. Ela não permitiria essa
intimidade assim começou a lutar. Também lhe golpeou os ombros. Ele se deteve
lhe mordiscar o pescoço. A Sara gostou. Seu fôlego era morno, doce, excitante.
Despertar da Paixão Julie Garwood
Reagiu com um tremor. Nathan lhe sussurrou o muito que lhe agradava, o muito
que a desejava, e inclusive quão formosa acreditava que era. Quando terminou
com suas palavras de elogio estava seguro de que já a tinha convencido para que
Estava equivocado. logo que tentou lhe separar as coxas, ela se voltou a pôr
A sensação de sua pele suave avivou o desejo de estar dentro dela. Mas ela
ainda não estava preparada. Tinha a testa suada pelo esforço para conter-se.
Cada vez que tratava de lhe acariciar os seios ela ficava tensa. Sua frustração
dela.
Quando seu coração se aquietasse, quando não lhe custasse tanto respirar,
Convencer a uma virgem era um trabalho duro, e como ele não tinha
velho, poderia recordar esta noite de doce tortura e rir um pouco. Embora no
momento não tinha vontades de rir. Desejava sacudir a sua noiva para lhe exigir
—Nathan?
—Às vezes.
—Não.
Não acreditou.
—Não franza o semblante —lhe sussurrou. Estendeu a mão para lhe tocar o
peito.
Não desejá-la? Queria tomar a mão e lhe mostrar o muito que a desejava.
explicação, não lhe disse que temia machucá-la se a voltava a tocar. Isso só
Nathan não podia acreditar o que estava escutando. Abriu os olhos para olhá-
la. Ela realmente não podia acreditar... entretanto, a ternura de sua voz
seu abdômen.
Ela sorriu.
Lhe tinha formulado a mesma pergunta fazia quinze minutos, quando tinha
estado tratando de que não tivesse medo. Se não tivesse estado tão doído, teria
Esperou que se voltasse a pôr rígida. Precisava ter paciência para isto. Seus
E logo sentiu que tomava a mão. Abriu os olhos quando lhe colocou a mão
olharam-se fixamente. Ele esperou para ver que fazia ela depois. Ela esperou
interior. E também a fazia mais temerária. Esfregou-lhe os dedos dos pés contra
—Eu não gosto de me sentir apanhada — disse entre beijos— Mas agora não
me sinto apanhada, Nathan. Não te se por vencido comigo ainda, marido. Esta é
—Não vou dar por vencido —sussurrou. Seu tom era um pouco jocoso quando
adicionou: Sério.
Ela suspirou contra sua boca e o beijou da maneira que queria fazê-lo.
impetuosamente
Nathan manteve seu gentil ataque até que ela ficou de costas e tratou de lhe
fazer rodar com ela. Nathan não resistiu mais e se inclinou e a beijou entre os
seios. Sua boca roçou primeiro um mamilo e logo o outro até que ambos se
endureceram. Sua língua a enlouquecia. Quando já não pôde suportar mais essa
Quando por fim tomou o mamilo com a boca, Sara sentiu como se a tivesse
—Nathan, por favor —gemeu. Não tinha idéia do que era que estava pedindo,
Nathan girou para o outro seio, enquanto deslizava uma mão entre suas coxas.
Nathan se apoiou sobre um cotovelo para ver sua expressão. Ela tratou de
estou te tocando?
O já sabia a resposta. Podia sentir que estava aberta para ele. Ardente.
Acariciou-a entre as pernas até que ela se umedeceu. Penetrou-a com um dedo.
Até esse momento Sara tinha os punhos fechados. Então os abriu. Golpeou-
Despertar da Paixão Julie Garwood
—Nathan —sussurrou—. Não faça isso. Dói. OH, Deus, não pare.
logo que podia compreender o que dizia. O desejo de tê-la o fez tremer.
Fez calar seu débil protesto com um beijo e se colocou sobre ela. Quando ele
se moveu ela não tratou de fechar suas pernas mas sim se moveu para abraçar o
Ele enredou seus cabelos entre suas mãos para mantê-la quieta e beijá-la. A
forma em que esfregava sua pélvis contra a sua a enlouquecia. Não estava sendo
muito gentil, não lhe deixava. Suas unhas cravavam. gostava. Também gemia.
pensando em terminar o antes possível com a dor que sabia que sentiria.
dentro dela. Seu calor o envolvia—. meu Deus, isto sim que é bom.
—Não, não é bom —exclamou Sara. Tratou de trocar de posição para aliviar a
—Em seguida será melhor —disse. A Nathan custava respirar. Tinha a cabeça
—Não me empurre assim, Sara —ordenou com voz tensa—. Não vou me deter
agradada.
Ela reagiu mais ante a ternura de sua voz do que ante a promessa que lhe
—Está bem —respondeu. Era uma mentira, é obvio, mas ela era muito
Sara lhe acariciou o cabelo, a nuca. Nathan já não podia controlar sua
excitação.
—Nathan, me beije.
—Quase.
vez lhe cravou as unhas nas coxas. Tratou de lhe manter quieto contra ela. Ele
ignorou seus protestos, pois desejava que ardesse de paixão como ele o estava
fazendo. Deslizou a mão sob seus corpos fundidos e seu polegar atiçou
Despertar da Paixão Julie Garwood
Então ela também começou a mover-se. Levantou o quadril contra Ele. Seus
Logo também lhe pedia mais. lhe respondeu saindo lentamente dela e
quando acabou.
Apoiou a cabeça sobre o ombro de Sara quando cedeu ante o orgasmo que
experimentou.
continuavam sendo enérgicos e quando sentiu que ela ficou tensa contra ele,
A Nathan tremeram os ouvidos pelo ruído. deixou-se cair sobre ela para que
deixasse de tremer.
agradada para preocupar-se com isso. E muito satisfeita. por que ninguém lhe
—Já não pode me chamar de minha noiva —sussurrou contra seu pescoço.
Tocou-lhe a pele com a ponta da língua. Tinha um gosto salgado, masculino,
maravilhoso.
ao lado.
Entretanto, ela não queria que a deixasse ainda. Queria que a abraçasse, que
Não obteve nada disso. Nathan tinha os olhos fechados. Parecia tranqüilo e
sonolento.
Ela não tinha idéia da guerra que estava ocorrendo Nathan consigo mesmo.
—Nathan?
—O que?
—Durma.
—Não.
Ela se sentou na cama, vacilando pela dor que sentia entre as coxas. Ele tinha
razão. Ela era delicada. Entretanto, não parecia importar. Ainda queria que a
beijasse.
—Durma —ordenou pela segunda vez. Jogou as mantas sobre os dois e voltou
Nathan riu.
Esperou que lhe pedisse que explicasse a que se referia, mas cedeu ao ver
—Nathan?
—E agora o que é?
—depois de se deitar com essas outras mulheres, bom, depois... o que fazia?
—Vai me deixar?
que um homem termina... isso, deveria lhe dizer a sua mulher quão admirável é.
—Sara?
—Sim?
—Não grite.
voltou-se para olhá-la. Parecia que ia chorar. Nathan não tinha a paciência
necessária para enfrentar suas lágrimas. Ela era vulnerável... e formosa. Tinha a
Nathan apoiou o queixo sobre a cabeça da Sara. Cada vez que recordava como
tinham feito o amor, ele bloqueava os pensamentos. Não estava preparado para
deixar que suas emoções tomassem a dianteira. Era muito disciplinado para
Já ia dormir quando ela voltou a sussurrar seu nome. Apertou-a para lhe
Não ia deixa-lo tranqüilo até que dissesse o que tinha na mente. Nathan a
—Mimar-se.
Sua única resposta foram seus roncos. Sara não incomodou que ficasse
Não podia esperar até o dia seguinte. Encontraria cem maneiras de que
Nathan compreendesse sua boa sorte. Ela já sabia que ia ser uma boa
companheira para ele. Entretanto, ele ainda não sabia, mas eventualmente, com
Ela era sua esposa, seu amor. Seu matrimônio era verdadeiro em todos os
sentidos. Havia um vínculo entre eles. O matrimônio era uma instituição sagrada,
Capítulo 6
da chaminé e o quarto estava cheia de sol e ar fresco. Era um dia mais quente
que o anterior. depois de banhar-se, vestiu um vestido leve cor azul, com borde
de linho branco e saiu a procurar seu marido. Queria perguntar onde estavam os
lençóis limpos para poder trocar os do dia anterior. Também queria que a
voltasse a beija-la.
Sara tinha chegado até o degrau de cima da escada para subir à coberta
Correu para ver o que era toda aquela comoção e quase tropeçou no homem
Tinha enredada entre os pés a sombrinha que ela não pôde encontrar no dia
—Sim, foi minha sombrinha —disse—. Sua queda foi por minha culpa. ficará
—Não precisa culpar-se, lady Sara. Os homens sabem que foi um acidente.
—Não se preocupe —demarcou—. Não foi tão grave. Sua nuca deteve a
queda.
—lvan poderá cozinhar nossa comida esta noite? —perguntou o homem que
franzido.
Sara também o olhou com o semblante franzido. Era evidente que a culpava
Sara. Não deu tempo para que respondesse já que se ajoelhou junto ao homem e
—Não, não o matou —respondeu Jimbo. Vê que ainda respira, Sara. Quando
—Sou responsável por seu acidente —disse. Seu olhar estava dirigido ao Ivan,
mas podia ver que os homens que a rodeavam seguiam assentindo com a cabeça.
—Eu deveria me ocupar do Ivan –anunciou. Quando abrir os olhos devo dizer
Um homem um pouco mais robusto, com olhos cor castanha escura, assentiu
com a cabeça.
era seu primeiro encontro desde sua noite de intimidade, ou a por que ela tinha
—por que o chamam Ivan, o Terrível? —perguntou Sara—. Porque tem mau
caráter?
Sara não podia acreditar que se foi sem lhe dizer uma palavra. sentiu-se
Prometeu em silêncio que procuraria Nathan e lhe daria outra lição de bons
maneiras.
—Desculpe-me, senhor, por lhe provocar este prejuízo. O que lhe fez
tropeçar foi minha sombrinha, embora se você tivesse cuidado por onde ia, estou
Ivan estava esfregando a nuca enquanto olhava fixamente à bela mulher que
Sara manteve contida sua tempestuosa resposta. Isso e o fato de que era a
mulher do capitão.
—Não foi mais que um golpe —sussurrou—. Não o fez de propósito, não é
verdade?
Tinha um leve acento escocês. Sara pensou que soava bastante musical.
—Não, é obvio que não o fiz de propósito, senhor. Tem força para ficar de
pé? O Ajudarei.
Por sua expressão cautelosa era evidente que não queria sua ajuda. Jimbo
Despertar da Paixão Julie Garwood
ajudou ao cozinheiro para que ficasse de pé, mas logo que o soltou, Ivan começou
a balançar-se. Sara ainda estava ajoelhada a seu lado. Estendeu a mão para
tomar sua sombrinha de entre seus pés, enquanto outro marinheiro estendia as
mãos para estabilizar a seu amigo. de repente, o pobre Ivan se viu apanhado em
—Afastem-se de mim, todos vocês —grunhiu. Sua voz não soou para nada
musical—. Esta noite não terão minha sopa. Dói-me a cabeça, e agora também
—Não, não o fará —disse Jimbo. Seu tom de voz rude não deu lugar a
Esperou até que Jimbo se fosse porque não queria ter uma desavença com ele
diante dos outros homens. Logo sorriu aos homens que a estavam observando.
—vou preparar uma sopa deliciosa. Ivan? sentiria melhor se tomasse o resto
do dia para descansar? É ao menos o que posso fazer para compensar este
acidente.
Como todos a estavam olhando, Sara decidiu mentir. Que dificuldade podia
jantares.
—por que uma dama tão elegante como você faria um trabalho tão vulgar? —
perguntou-lhe
Chester.
—Se tiver força para me guiar até a cozinha, Ivan, porei-me a trabalhar
imediatamente. Uma boa sopa precisa ferver durante muitas horas —adicionou,
Ivan permitiu que lhe tirasse do braço. Continuou esfregando-a nuca com a
santuário.
No centro da cozinha havia um forno gigante. Era o maior que Sara tinha
visto. Quando fez esse comentário ao Ivan, ele negou com a cabeça.
cozinho minha carne. Deste lado pode ver as vasilhas gigantes. Há quatro em
total e as uso todas para preparar minha sopa de carne. Ali está a carne... uma
parte está em mal estado. Já separei a podre da boa. A maior parte está
mar.
Ivan mostrou a carne em mal estado que tinha separado, pensando em lhe
explicar que logo que se sentisse um pouco melhor atiraria o lixo pela amurada,
mas esqueceu toda explicação quando começou a sentir pontos na cabeça outra
vez.
Despertar da Paixão Julie Garwood
—Não há muito que fazer —lhe disse enquanto ficava de pé—. Piquei essas
verduras e adicionei especiarias. É obvio, você já sabe todo isso. Quer que fique
—Não —respondeu Sara—. Estarei bem, Ivan. vá ver o Matthew para que
olhe esse golpe. Possivelmente ele tenha algum remédio especial para aliviar a
dor.
—Isso farei, moça —respondeu Ivan—. Me dará uma boa taça para aliviar
logo que se foi o cozinheiro, Sara ficou a trabalhar. Prepararia a melhor sopa
que os homens jamais tivessem comido. Adicionou o resto da carne que encontrou,
especiarias. Uma das garrafas estava enche com folhas marrons moídas. O aroma
Sara passou o resto da manhã e parte da tarde na galera. Pensou que era um
pouco estranho que ninguém tivesse vindo vê-la. Esse pensamento a conduziu a
Nathan, é obvio.
com uma toalha que se atou na cintura e jogou o cabelo úmido para trás.
—te buscando.
Fazia calor na galera, e estava segura de que essa era a razão pela qual se
sentiu aturdida. Não podia ser uma reação pela forma que ele a estava olhando.
—Não —respondeu—. Não sabia como preparar. Agora sei. Não é difícil.
—Sara...
—Os homens me culpavam pela queda do Ivan. Tinha que fazer algo para
—Seu pessoal?
—Como não tem casa nem serventes, bom, mas tem um navio e sua tripulação
também tem que ser meu pessoal. Quando provarem minha sopa lhes agradarei
outra vez.
bêbado para a bebida, pensou. Era culpa dela por ser tão doce e bonita.
Tinha o rosto ruborizado pelo calor da galera. Algumas fios de seu cabelo
para trás. Parecia mais surpreso por sua ação espontânea que ela.
—Eu não.
Olhou-lhe ofendida por discordar Dela. Ele avançou outro passo para ela. Pôs
—Sara?
—Sim?
—Não?
—Não.
A Nathan pareceu que lhe faltava o fôlego. Decidiu que necessitava um pouco
exatamente o que queria dele, mas queria ver o que faria ela depois.
antes de que pudesse formular alguma outra pergunta ofensiva, tomou o rosto
Ele não ofereceu resistência. Mas tampouco cumpriu com seu dever. Sara lhe
—Seria muito melhor se você cooperasse, Nathan. supõe-se que você também
deve me beijar.
Sua voz era baixa, sensual, tão suave como seu corpo morno. Nathan baixou a
cabeça e esfregou sua boca contra a dela. Ela suspirou quando ele abriu a boca e
aprofundou o beijo.
Sara estava derretendo em seus braços. Outra vez Nathan estava quase
perdido por sua fácil resposta quando a tocava. Sua língua se entrelaçou com a
Quando por fim se separou dela, Sara se jogou contra ele, Nathan não pôde
que era uma pergunta lógica já que quando deitou com ela era virgem, mas de
—Eu gosto.
—Agora o fará.
—Acha que pode ganhar a lealdade dos homens com um prato de água suja?
Despertar da Paixão Julie Garwood
Sara pensou que se caminhava um pouco mais devagar poderia lhe chutar a
Ele não discutiu com ela. Continuou arrastando a de retorno a seu camarote.
—vire-se, Sara.
Olhou-lhe com o semblante bem franzido por ser tão ditador, e logo fez o
que lhe ordenou. Desabotoou-lhe o vestido muito mais rápido que a última vez.
Ele não parou de despi-la até que o vestido caiu ao chão. Ainda não se tinha
dado conta de que ele não queria obrigá-la a dormir. Tirou-lhe até a camisa,
mas quando tratou de lhe tirar essa gosta muito lhe afastou as mãos.
Nathan a olhou fixamente. Seu corpo lhe parecia simplesmente perfeito. Seus
seios abundantes, sua cintura magra, suas pernas largas, bem formadas,
deliciosas.
Seu olhar ardente e apaixonado a fez sentir incômoda. Sara puxou as dobras
Sorriu-lhe carinhosamente.
—Não.
—Não quererá...?
—Não.
—Não?
—É de dia.
—Maldição, Sara, não tem medo, não é verdade? Honestamente, acredito que
mentiria.
—Ontem à noite não tive medo —anunciou. Cruzou os braços sobre seu peito e
—Disse que já não doía —recordou enquanto avançava outro passo para ela.
—Agora não estou doce e carinhosa, mas ambos sabemos que o estarei se
A Sara estava formando um nó no estômago. Tudo que Ele tinha que fazer
Ele não riu. Ela parecia tão preocupada e Nathan não queria que acreditasse
—Sim —respondeu enquanto estendia as mãos para abraçá-la vou querer mover
outra vez.
A mulher realmente tinha que compreender quem era o marido e quem era a
esposa, pensou Nathan. Decidiu que mais tarde explicaria tudo sobre seu dever
de lhe obedecer. Tudo o que queria fazer era beijá-la. puxou-a pelos ombros,
ardente, úmido, prolongado, que indicou que ele obteria o que queria.
Logo se voltou para acender as velas. Sara lhe deteve com a mão.
—Não —sussurrou.
Foi mais atrevida. Apoiou-lhe a bochecha sobre o peito e logo lhe baixou
lentamente a calça.
Teve que esforçar-se para concentrar-se no que estava dizendo. Seus dedos
se deslizavam lentamente para seu pênis. Ele fechou os olhos em uma doce
agonia.
Nathan tinha o corpo rígido. Sara sorriu. Não tinha idéia de que lhe tocando
Ele já não podia suportar mais essa tortura. Tomou a mão e a colocou onde
Ela quis lhe golpear. Ele não a deixaria. Seu grunhido foi profundo, gutural.
—Não —ordenou—. Só me acaricie, me aperte, mas não... OH, Meu deus,
pare, Sara.
Ele a voltou beija-la. Sara tomou o pescoço com as mãos e o aproximou mais
a ela. Quando ele se moveu para seu pescoço e começou a dar beijos úmidos sob
controlá-lo.
beijou o pescoço.
—Então não te tocarei ali se prometer não mover quando fizermos amor.
Nathan riu.
—O que?
E cumpriu com sua palavra. Quando estavam na cama e se colocou entre suas
coxas ela começou a suplicar que terminasse com essa doce tortura.
O fogo de sua paixão estava completamente fora de controle. Nathan lhe fez
mal quando finalmente a penetrou. Ela estava tão ardente e tensa, que para ele
foi uma feliz agonia acalmar-se um pouco. Tratou de ser um amante gentil,
sabendo quanto delicada era ela, e não se moveu até que Sara começou a
Ela acabou antes, mas seus tremores provocaram o orgasmo de Nathan. Ele
não disse uma palavra durante toda a relação. Ela não deixou de falar e
Quando por fim caiu sobre ela, quando por fim recuperou sua capacidade de
olha-la nos olhos sorriu. Ela parecia completamente confundida outra vez.
sino de advertência que repicou na mente de Nathan. Era perigoso sentir-se tão
atraído por sua esposa, tolo... irresponsável. Isso o fazia vulnerável. Se algo
Sara estava muito aturdida por seu comportamento e demorou para reagir.
Tão pouco significou fazer amor com ela que não pôde esperar para deixá-la?
rápido. Tratavam melhor uma prostituta do que ele a tinha tratado, pensou. Pelo
que era a cabeça de seu marido. Logo abraçou com força o travesseiro. A capa
Sara estava ansiosa por saber o que pensavam os homens de sua sopa. O
especiarias. Devia ter um sabor gostoso, pensou, já que tinha estado fervendo
Era só uma questão de tempo para que os homens viessem a dar os parabéns.
Muito em breve eles lhe seriam completamente leais. Ter preparado a sopa
tinha sido um grande passo para obtê-lo. Para o anoitecer todos pensariam que
Capitúlo 7
Essa tarde, o guarda trocou às seis. Uns minutos depois o primeiro grupo
formou uma fila para recolher sua sopa. Os homens tinham tido um árduo dia de
metade dos canhões. A maioria deles comeu dois pratos cheios da muito
porque nenhum tinha vindo comentar o magnífico trabalho que tinha realizado.
Quando alguém bateu com força a porta, correu a abri-la. Jimbo estava na
—Boa tarde, Jimbo —começou dizendo—. Acontece algo mau? Parece muito
desventurado.
Sua preocupação não tinha sentido para ela. Sara negou com a cabeça.
—Os homens.
—Os homens?
Nathan indicou a Jimbo que lhe deixasse passo, e logo entrou no camarote.
Ele voltou a assentir com a cabeça. Logo deu um chute na porta para fechá-
la.
—Foi deliberado?
Como não tinha idéia do que queria lhe dizer com essa pergunta, não
respondeu. Viu a confusão em seus olhos. Nathan fechou os dele e contou até
dez.
—É obvio que não tratei que matá-los. Como pôde pensar uma coisa tão ruim?
Agora os homens formam parte de meu pessoal, e não trataria de lhes fazer
dano. Se não gostaram da sopa, lamento. Não tinha idéia de que fossem tão
delicados.
estão pendurando pela amurada de meu navio. Estão vomitando a sopa que lhes
preparou. Outros dez estão agonizando em seus beliches. Ainda não estão
—Não compreendo —exclamou—. Está sugerindo que sopa não estava boa? Os
homens estão chateados por minha culpa ? OH, Deus, devo ir anima-los.
e não foi Sara que finalmente o brindou com suficiente informação. Sua
explicação incoerente não tinha pés nem cabeça. Ivan recordou a carne podre que
tinha deixado na galera. Também recordou que não havia dito a Sara que estava
podre.
Nathan trancou Sara no camarote para que não provocasse mais danos. Ela
estava furiosa com ele porque não a tinha deixado ir desculpar se com os homens.
Essa noite, ele não veio à cama, já que teve que tomar guarda junto com os
outros homens que não estavam chateados. Sara não compreendeu esse dever e
acreditou que ainda estava tão zangado que não queria dormir junto com ela.
Não sabia se poderia voltar a enfrentar seu pessoal. Como poderia convence-
tão perversa de sua senhora? Manchavam sua reputação acreditando que podia
machucá-los. Sara decidiu que quando voltasse a ganhar a confiança dos homens,
falaria seriamente com eles sobre suas tendência de tirar conclusões apressadas.
manhã seguinte. Olhou-a, mas não disse uma palavra. ficou dormido sobre as
roncos de Nathan. Às doze e meia saiu da habitação. Subiu à coberta, abriu sua
Foi uma experiência humilhante. De cada homem que se aproximava lhe dava
as costas. A maioria ainda tinha uma cor cinzenta no rosto. Todos eles tinham o
Não sabia onde queria ir, só queria afastar-se o máximo possível desses
O nível mais alto estava cheio de sogas e mastros. Logo que havia lugar para
caminhar. Sara encontrou um lugar perto da vela maior, sentou-se, e abriu sua
Não sabia quanto tempo esteve ali sentada tratando de pensar em um plano
para voltar a agradar aos homens. Em pouco tempo, ficaram vermelhos os braços
e o rosto pelo sol. Não era de bom tom que uma dama estivesse bronzeada. Sara
Seria agradável ir visitar alguém que se preocupava com ela. Nora não a
tinham ficado apanhadas nas sogas. Demorou mais de cinco minutos em desatar
O vento era intenso outra vez e dificultava mais a tarefa. O som das velas
golpeando contra os mastros era tão forte que sufocava seus frustrados
Sara decidiu que era melhor que saísse do caos que se produziu a seu redor.
Esperou até que vários homens passassem junto a ela, e logo baixou para ir ao
camarote de Nora. Matthew estava saindo da habitação quando ela passou junto
a ele.
—bom dia, Matthew —saudou. deteve-se para fazer uma reverência e logo
adicionou—: Só entrarei por uns minutos. Quero ver como está minha tia hoje.
Então o estrondo sacudiu o navio. Sara se tirou da porta para não cair de
joelhos.
Sara fechou a porta do camarote de Nora justo quando Nathan saía do dele.
Sua tia estava apoiada sobre travesseiros outra vez. Sara pensou que estava
—Ouvi da sopa, menina. Sei que não o está fazendo muito bem.
—Eu não comi sopa —respondeu Sara—. Mas me sinto muito mal pelos homens.
Saí em sua defesa e lhe disse que não tens nenhum pensamento malicioso em sua
pensamentos malignos sobre sua senhora. São tão adversos como seu capitão,
Nora.
—Está um pouco aborrecido pela sopa, é obvio, mas não acredito que pense
pormenorizado porque não comeu. De qualquer maneira, decidi que não me importa
o que pensa sobre mim. Eu estou mais desgostada com ele do que ele comigo.
Sim, estou-o —adicionou quando Nora começou a sorrir—. Não me está tratando
muito bem.
Não deu tempo a sua tia para que respondesse a essa dramática afirmação.
—OH, não teria que haver dito isso. Nathan é meu marido, e devo ser sempre
muito gentil.
Quando Sara começou a ruborizar-se, Nora —supôs que o problema tinha que
—Então?
—Mas depois ele não... quer dizer, a segunda vez... bom, depois... foi. Não
disse nenhuma palavra de amor, Nora. Em realidade, não disse nada. A uma
Nora sentia muito aliviada porque Nathan foi gentil com Sara para pensar em
—Não.
—me parece que Nathan não sabe o que é o que quer. Possivelmente não saiba
tivesse gostado de um pouco de consideração. OH, que o céu me ajude, essa não
é a verdade. Sim necessito de seu elogio. Não sei por que, mas o necessito.
Nora? Vê como o navio está inclinado para um lado? Pergunto-me por que Nathan
não o endireita.
Nora sorriu.
—É obvio.
flutuação. Sara viu que Nora estava muito assustada, pois segurou sua mão. Deu-
—Nathan é o capitão deste navio, Nora, e não deixará que nos caiamos ao
—Vê que me refiro, Nora? Quando Nathan pronuncia meu nome, grita-o.
Despertar da Paixão Julie Garwood
Pergunto-me o que quererá agora. Tem tão má disposição. Não sei como o tolero.
—vá ver o que quer —'sugeriu-lhe Nora—. Não deixe que te assuste com seus
adicionou repetindo a sugestão que lhe tinha feito sua tia no dia anterior—. O
tentarei.
Deu- um beijo a Nora e saiu correndo ao corredor. Quase chocou com Jimbo.
Começou a guiá-la para a escada que conduzia para o nível inferior. Ela atirou
para trás.
verdade?
—Já sei onde está —murmurou Jimbo—. Mas necessita uns minutos para
Sara deu um salto quando ouviu a voz do Nathan atrás dela. voltou-se e
junto a ela, e por essa razão as irritações pessoais deviam ser deixadas de lado.
Entretanto, o cenho de seu marido a fez mudar de idéia. Já não importava que
—Pelo amor de Deus, Nathan, tem que aparecer assim? Me deu um bom
susto.
—E já que falamos de seus maus hábitos, devo assinalar que estou cansada de
que me grite todo o tempo. Se tiver algo que dizer, tenha a amabilidade de me
outro lado. Sara pensou que ambos os homens estavam tratando de protegê-la.
—Parece que quer matá-la —replicou Jimbo lentamente. Fez uma careta pois a
iniciativa da Sara lhe pareceu muito meritória. Obstinada, pensou, mas meritória.
Nathan ainda não havia dito uma palavra. Seu olhar lhe queimava a pele. Em
Olhe sob a superfície, tinha-lhe sugerido sua tia. Sara não podia realizar
essa proeza. Inclusive não lhe podia sustentar o olhar a Nathan durante mais de
—Muito bem —disse quando já não pôde lhe sustentar mais o olhar—. Alguém
mais tomou minha sopa? É por isso que está neste estado, marido?
Nathan ficou com os músculos tensos do queixo. Sara pensou que depois de
tudo não teria que lhe haver formulado essa pergunta. Só lhe recordou a
confusão que ela tinha provocado no dia anterior. Então percebeu que ele tinha
sua sombrinha.
travessura de seu inocente mulher. Ainda não confiava em si mesmo para falar
com ela. puxou-a pela mão e entrou no camarote. Fechou a porta e se apoiou
contra ela.
parecer indiferente.
—Nathan, não pude evitar notar que outra vez está aborrecido comigo por
—Pare de gritar comigo —protestou Sara—. Não posso pensar quando grita.
—me responda.
—Possivelmente desatei algumas das sogas mais grosas, Nathan, mas tinha
uma boa razão. Essa é uma sombrinha muito cara —adicionou assinalando-a com a
mão—. Fiquei apanhada e estava tratando de... Nathan, o que foi exatamente o
—E é por isso que está tão aborrecido? Marido, tem pelo menos outras seis
—O que vai fazer com elas? ela, correu para seu baú.
tubarões.
—Não pode jogar minhas sombrinhas ao oceano. Fazem jogo com meus
Já não gritava. Ela teria que ter estado feliz por essa bênção menor, mas
—me explique por que quer destruir minhas sombrinhas —perguntou—. Então
Olhou-lhe como se pensasse que ele tinha perdido a razão. Nathan negou com
a cabeça.
—E por isso preparou a maldita sopa que adoeceu o resto de minha tripulação
—replicou Nathan.
Despertar da Paixão Julie Garwood
Sara tinha que admitir que tinha razão, mas pensou que era terrível de sua
que não nos estamos deslizando pela água? Tivemos que jogar a âncora para
realizar os acertos. Somos presa fácil para qualquer coisa que acontecer. É por
—Nathan, não quis provocar estes contratempos. Está agindo como se tivesse
—Fez?
Não somente continuou chorando, mas se jogou em seus braços. Ele era o que
a tinha feito chorar, pensou, e ela tinha que estar um pouco desgostada com ele.
Nathan não sabia o que fazer com ela. As sombrinhas estavam atiradas ao
redor de seus pés, e ela estava abraçada a ele, lhe molhando toda a camisa com
Beijou-a.
que demorariam quase uma semana em terminar os reparos, mas ele suavizou a
Então pensou que tinha perdido a cabeça. Sua esposa só tinha provocado caos
no momento em que subiu a bordo de seu navio. Beijou-lhe a cabeça e começou a
—Nathan?
—Sim?
—sim, sabem.
Ele fechou os olhos. Tinha-lhe censurado com sua voz. Supôs que ela pensava
—OH, eles a respeitam —lhe anunciou. Sua voz já tinha um tom de irritação.
—OH, sim. Estão fazendo apostas, Sara. Alguns acreditam que primeiro
acreditam que é má sorte ter uma mulher a bordo, mas não compartilho essa
tolice.
uma mulher a bordo. Minha irmã Jade estava acostumado a ser a senhora deste
navio.
Não pôde obter que lhe desse mais detalhes. Um pensamento repentino trocou
sua direção.
—por que?
—Por favor. Será uma tarde muito longa, Nathan. Estará muito ocupado e
retornará tarde a casa. Ontem à noite não retornou à cama. Tratei de esperar
desperta, mas estava muito cansada. Ele sorriu porque ela tinha chamado casa a
—Esta noite me esperará acordada —ordenou—. Não importa até que hora.
informando isso.
Nathan lhe apertou os ombros. Era mais que uma carícia. afastou as mãos e
abraçou a cintura.
—Nathan?
Sua voz era tremente. Ele deixou cair as mãos ao lado do corpo. Pensou que
poderia ter medo de que a machucasse. Estava a ponto de lhe explicar que não
importava quanto lhe provocasse, nunca lhe levantaria uma mão. Mas de repente,
Sara ficou nas pontas dos pés e lhe beijou. Ele estava tão surpreso pela
—por que?
—Não —replicou ela—. Não zombe de mim, Nathan. Não faça com que o que
aconteceu entre nós pareça tão frio e calculado. Foi muito formoso.
Estava comovido por suas ferventes palavras, e sabia que dizia de todo
—Eu também estou em falta —admitiu Sara—. Eu também tinha que ter dito
—por que?
—Eu não.
Não quero que meu pessoal te veja as jogar pela murada. Seria muito humilhante.
Ele acessou a contra gosto, porque estava seguro de que não poderia fazer
—As Destruirá?
—Farei.
saiu do camarote estava convencido de que sua esposa não poderia provocar mais
danos.
noites sem que acontecesse nenhum outro acidente. Os homens ainda eram
cautelosos com Sara, mas já não olhavam tão freqüentemente com o semblante
franzido. Alguns até assobiavam de vez em quando enquanto cumpriam com suas
Estavam a uma semana da ilha da Nora. O clima tinha sido bom, embora o calor
Nathan teria que ter advertido que não podia durar. na sexta-feira de noite
Jimbo com Matthew para dar ordens para os exercícios e disparos dos canhões
alçapão que conduzia ao camarote de Nathan. Por essa razão, Jimbo baixou a voz
quando comentou:
—Os homens já estão esquecendo isso de que sua esposa tem uma maldição,
moço —se deteve para olhar atrás dele, como se isso lhe assegurasse que Sara
não podia ouvi-los, e logo adicionou—: Chester ainda diz a todos que não há dois
sem três. Será melhor que sigamos vigiando a Sara até que...
Matthew.
—Não estava sugerindo que alguém faria —replicou Jimbo—. Só estou dizendo
que eles ainda poderiam ferir seus sentimentos. Ela é um pouco tenra de coração.
—Sabia que nos considera parte de seu pessoal? —assinalou Matthew. Fez
uma careta e logo se deteve—. Obviamente, lady Sara o tem na palma de sua
mão se estiver tão preocupado por seus sentimentos —ia continuar com o mesmo
perguntou.
Nathan viu a coluna de fumaça cinza saindo pelos borde do alçapão antes de
que o fizessem os outros dois homens. Deveria ter gritado fogo para alertar aos
outros do perigo. Não o fez. Em lugar disso gritou o nome da Sara. A angústia
Matthew tratava de deter Nathan para que não descesse pelo alçapão.
Nathan quase não podia ver dentro do camarote, já que a fumaça era tão
espessa que lhe entorpecia a visão. Foi medindo o caminho até a cama para
procurar a Sara.
Ela não estava ali. Quando terminou de revisar o camarote lhe ardiam os
pulmões. Retrocedeu até o alçapão e usou os cubos com água de mar que Jimbo
O perigo tinha terminado. A perda que quase tinham sofrido fez tremer aos
homens. Nathan não podia controlar os batimentos do seu coração. O medo pela
segurança de sua esposa lhe tinha afligido. Entretanto, ela nem sequer estava no
camarote. Não tinha sido alcançada pelas chamas. Não estava morta.
Ainda.
Vários dos tablones que se encontravam sob a cozinha tinham cansado através
do chão ao nível inferior. Havia um buraco brilhante nas pranchas do chão. Duas
Nathan. Sua atenção estava fixa nos restos das sombrinhas da Sara. As varinhas
—Já, moço —disse Jimbo, seguro de que o moço estava preocupado—. Sara
está bem, e isso é o que importa. Suas palavras soam tão escuras como o fuligem
—Acredito que vai demorar uns minutos mais em poder pensar —disse
Matthew—. O moço sempre foi muito exaltado, Jimbo. E Sara sim provocou o
os deteve.
—tragam-na Agora.
Quando encontrou a Sara no camarote da Nora não lhe fez nenhuma advertência
sobre o problema mas sim lhe disse que a seu marido gostaria de falar com ela.
abriu mais os olhos. Emitiu um som entrecortado quando viu o buraco no rincão.
—Meu deus, o que aconteceu aqui?
—Fogo.
Nathan?
Dela. Suas mãos estavam tão perto que podia Tomá-la pelo pescoço.
Não a olhava. Isso ajudava. Seu olhar estava dirigido aos danos do camarote.
mordeu o lábio inferior e quando começou a tremer Nathan pensou que tinha
Estava equivocado.
faísca...?
entretanto, ali estava ela lhe arreganhando para que deixasse de franzir o
semblante.
lhe parecia que estava furioso. esforçou-se para permanecer onde estava,
—me olhe.
olhou Nathan viu as lágrimas em seus olhos., Isto afastou o resto da fúria.
suspirou profundamente.
Despertar da Paixão Julie Garwood
fixamente.
você.
Jimbo assentiu com a cabeça, e logo disse a Sara que as partes de metal que
Nathan. Eram para arrumar a velha cozinha dos escritórios da Emerald Shipping
continuou Jimbo, embora estava seguro de que a próxima vez o capitão não o
esqueceria.
Matthew concluiu a explicação dizendo a Sara que o alçapão era nada mais
estava tão vermelho como o fogo. Logo lhes agradeceu sua paciência. sentiu-se
Matthew se sentiu como um pai tratando de consolar a sua filha. Abraçou a Sara
—Está bem, Sara, não é tão grave —disse Jimbo tratando de tranqüilizá-la—.
—Eu poderia ter acreditado que era uma chaminé se... —Matthew não pôde
Jimbo ajudou.
—Qualquer que não navegasse muito poderia ter pensado que era uma
vendo. Jimbo e Matthew, os dois piratas mais sangrentos com os que tinha tido a
possivelmente queira trazer alguns homens para que limpar tudo isto.
Não teve que terminar essa ameaça. Matthew já estava quase fora quando
—Se alguém tiver que consolar a minha esposa, esse sou Eu.
Tomou a Sara entre seus braços e lhe apertou o rosto contra seu peito.
Jimbo não sorriu até que saiu da habitação. depois de fechar a porta riu com
vontades.
irritar.
Ela secou as lágrimas com sua camisa e logo se separou um pouco dele.
—Notei-o —lhe assinalou. Levou-a até a cama, deixou-a ali, e logo se sentiu
passeou-se pela habitação, com as mãos nas costas, enquanto lhe falou. Foi
tranqüilo, cabal, lógico. Quando terminou estava gritando. Entretanto, ela não se
quais ele se mostrou como era, percebeu que o amava muito. Estava tratando de
ser tão amável com ela. Não sabia, mas ali estava culpando-se e culpando a
vida em um navio.
Ela queria jogar-se em seus braços e dizer que, embora sempre lhe tinha
amado, o sentimento era muito mais... vívido, muito mais verdadeiro. Sentia uma
paz, uma satisfação. Era como se durante todos esses anos tivesse estado de
Nathan desviou sua atenção lhe pedindo que lhe respondesse. Teve que lhe
repetir a pergunta, é obvio, já que ela estava sonhando acordada e não tinha
idéia do que lhe tinha perguntado. Só parecia um pouco irritado por sua falta de
O homem era puro ruído. OH, seu cenho ainda podia amedrontá-la, mas
depois de tudo, Nora tinha razão. Realmente havia um homem bom e amável
atrás da máscara.
prometeu imediatamente que não tocaria nada mais do navio até que chegassem
ao porto.
Nathan estava satisfeito. Depois que se foi do camarote, Sara passou várias
estava decidida a esperar acordada a seu marido. Queria dormir em seus braços.
Sara tirou seus papéis do baú, sentou-se, e fez um desenho de seu marido. O
papel parecia não ser suficiente para seu tamanho. Sorriu ao adverti-lo. O era
um homem. Seu homem. O parecido era notável, pensou, embora se negou a lhe
desenhar o cenho no rosto. Também capturou sua postura viking, com as pernas
musculosas separadas e as mãos nos quadris. O cabelo lhe caía atrás do pescoço,
e desejava ter tido suas cores para poder mostrar a magnificência de seu cabelo
chegasse à casa de Nora poderia comprar novos materiais e assim poderia fazer
Não sabia quanto tempo tinha estado ali observando-a. Era agradável tê-la
perto. Não podia compreender por que sentia essa satisfação, já que, embora
fosse uma reação perigosa, não permitiria que nenhuma mulher significasse mais
Nathan se despiu, lavou-se e logo foi até a mesa. Viu as folhas com os
lentamente o trabalho que ela tinha realizado. Havia dez ou doze desenhos
feitos. Ela tinha capturado sua força, seu tamanho. Mas tinha deixado voar sua
Sara era uma romântica incurável. A tia Nora lhe havia dito que Sara estava
nas nuvens a maior parte do tempo. Agora sabia que o comentário não era um
exagero.
Sim, sua esposa era uma sonhadora. E entretanto, permaneceu ali olhando um
do-sol. Era como se ela se escapuliu atrás dele para lhe encontrar de improviso.
Suas mãos estavam obstinadas ao leme. Estava descalço e sem camisa. Só se via
um pequena parte de seu perfil, o suficiente para ver que estava sorrindo.
seu trabalho? Nathan decidiu que o assunto não era o suficientemente importante
para continuar pensando nele. Ele tinha cicatrizes, e seria melhor que ela as
aceitasse. Sacudiu a cabeça ante essa ridícula reação, logo levantou em seus
Nathan deixou o alçapão aberto para que saísse a fumaça que ficava no
—Nathan?
—O que?
Respondeu-lhe com um tom duro para que soubesse que não queria falar com
ela.
Sua mensagem não lhe chegou. aproximou-se mais a ele e lhe pôs uma mão no
peito. Seus dedos acariciaram o grosso pêlo até que lhe colocou uma mão em cima
da dela.
—por que acha que tenho tantas dificuldades para me adaptar à vida do
—supõe-se que não deve conduzir meu navio —respondeu———. Eu devo fazê-
lo.
—Durma.
—Farei muito melhor quando estivermos em terra, Nathan. Posso dirigir uma
propriedade grande, e…
—Pelo amor de Deus, Sara, não tem que enumerar a lista de lucros outra vez.
Endureceu-se junto a ele, mas logo relaxou. Finalmente, tinha decidido obedecer,
—Nathan?
Teria que havê-lo sabido. Não se deitaria até que estivesse preparada.
—O que foi?
Ela era irritante. Nathan suspirou cansado. Sabia que não dormiria até que o
desse. Sua esposa podia ser bastante ingênua e sincera. Era muito fastidiosa,
pudesse possuir. Era tão obstinada como uma mula, tão mandona como uma sogra,
Beijou-a rapidamente para que deixasse de lhe incomodar. Gostou. Tinha que
beijá-la outra vez. Usou sua língua. Ela também. O beijo foi muito mais
profundo, intenso.
Ela se apertou contra ele. Não podia resistir tanta provocação. Ela era suave
e feminina. Tinha que fazer amor com ela. Ainda resistia um pouco. Quando
ordenou que tirasse a camisola e acendesse a vela, Sara pediu que ficassem às
escuras. Nathan respondeu que não, que queria observá-la, e ela se ruborizou
Despertar da Paixão Julie Garwood
Em seguida, Sara começou a atuar com bastante descaramento. Queria lhe tocar
por toda parte com suas mãos e boca. Ele deixou que o fizesse, é obvio, até que
Era a mulher mais incrível. Suas reações eram sempre tão honestas, tão
verdadeiras. Isso lhe preocupava. Essa doce tentadora não se guardava nada, e
quando finalmente se colocou entre suas coxas sedosas, estava molhada, ardente
e suplicante.
Ele queria fazê-lo lenta e brandamente, que cada penetração durasse para
sempre, mas lhe fez esquecer suas boas intenções lhe apertando com força
Ele tratou de afastar-se dela. Sara não deixou. Tinha-lhe abraçado com
força pela cintura. A restrição era pequena, mas decidiu permanecer ali uns
minutos mais, até que ela se acalmasse um pouco. Os batimentos de seu coração
Sentiu umidade em seu ombro. Sabia que havia tornado a chorar. Isso lhe
sempre gritava o nome de Nathan. desculpou-se lhe dizendo que eram lágrimas
segundo, seu corpo morno ficou frio como o aço. E a soltou, de repente, Sara lhe
vitória nessa nova força. Logo se concentrou em encontrar algo mais que a
agradasse.
Pelo menos não se foi do camarote depois de ter feito amor, pensou Sara.
Supôs que devia estar agradecida por isso. Mas para falar a verdade, não estava
muito agradecida.
Quando por fim se cobriu, ela e Nathan estavam de costas um para o outro.
sentia-se sozinha, vulnerável. E tudo era culpa do Nathan, pensou. Ele que a
fazia sentir-se tão miserável. Decidiu que seu dever não era só lhe amar,
também deveria lhe odiar. Era tão insensível. Também obstinado. Sabia o muito
Ele a amava, não? Sara pensou nessa preocupação durante um longo momento.
cabeça no que ela considerou um gesto de carinho, e já não lhe importou que
Sara fechou os olhos e tratou de dormir. Nathan a amava, pensou. Sua mente
Seu marido o compreenderia com o tempo. Era tão cabeça dura que demorava
Quando lhe respondeu, Nathan tinha a voz rouca pelo sonho, mas tenra.
—Sei, sei.
Estava roncando outra vez antes de que pudesse lhe perguntar se estava
Despertar da Paixão Julie Garwood
Sara ainda não podia dormir. Passou outra hora tratando de pensar em algo
para que Nathan advertisse sua boa sorte ao tê-la como esposa.
O caminho para o coração do Nathan não era seu estômago, decidiu. Ele não
comeria nada que lhe preparasse. O homem era desconfiado por natureza, e sua
pessoal. Se podia provar seu valor ante a tripulação, ele não começaria a ver
quão maravilhosa realmente era? Não seria difícil convencer aos homens do boa e
sincera que era sua senhora. Entretanto eram supersticiosos, embora depois de
pescoços para afastar o dano de lady Sara. Ela passou os sete dias tratando de
ganhar sua confiança. Quando averiguou que levavam esses colares estava tão
Também deixou de correr a seu camarote cada vez que a olhavam fixamente.
Fingia que não notava. Não permitiria que nenhum advertisse o muito que a
lágrimas.
informados sobre seus sentimentos feridos. Nathan fazia o possível para ignorar
O problema era que qualquer pequeno acidente, sem importar o que o tinha
estava maldita. Quando Chester percebeu que tinha uma verruga na mão culpou a
Sara. Ele recordou que sua mão tinha roçado contra a dela quando se cruzaram
na coberta.
Como podia raciocinar contra essas idiotices? Sara formulava essa pergunta ao
Nathan pelo menos duas vezes por dia. Entretanto, suas respostas não tinham
sentido. Grunhia com irritação ou encolhia os ombros com indiferença. Era tão
solidário como um cabrito, e cada vez que terminava de dar sua evasiva opinião a
À segunda-feira seguinte, Sara pensou que sua vida já não podia ser pior.
Mas não tinha tido em conta os piratas. Atacaram o navio na terça-feira pela
manhã.
e rir como dois meninos. O casal tinha estreitado muito sua relação durante as
últimas semanas. Sara pensava que Matthew estava tão apaixonado como Nora
Quando Sara começou seu passeio, Jimbo se colocou a seu lado. Nunca lhe
permitiam estar sozinha. Ela acreditava que era porque seu pessoal se tornou
muito belicoso com ela. Entretanto, quando fez esse comentário a Jimbo, este o
—Isso poderia ser uma pequena parte —disse, mas a verdade é que o capitão
não quer que se rompa nada mais, Sara. É por isso que tem um guarda seguindo-
a dia e noite.
Jimbo custou ocultar uma careta. Sara tinha tendência ao drama. Não queria
—Bom, bom, não é tão terrível —lhe assinalou—. Não tem que sentir-se tão
desventurada.
irritação.
agora estou condenada por meu pessoal como uma bruxa e condenada por meu
que do incêndio não aconteceu nada fora do normal, e isso foi faz mais de sete
—Nada fora do normal? —repetiu Jimbo—. Não pode estar falando a sério,
deliberadamente.
—Aos que deixou parvos faz dois dias quando caíram sobre a graxa dos
—Não pode carregar toda a culpa sobre meus ombros por isso.
—Não? —perguntou-lhe. Estava ansioso por escutar o que tinha para explicar
—Sim —admitiu ela—. Mas tinha ido procurar um trapo para limpá-la quando
esses homens passaram junto a mim correndo. Se não tivessem estado tão
supersticiosos homens.
Sara não compreendeu a que se devia tanta comoção. Nathan gritou seu nome
—Nathan, eu não o fiz —exclamou quando viu que se dirigia para ela—. Seja o
Chegaram ao camarote. Nathan a fez entrar, mas deixou a porta aberta. Era
—Piratas —explicou.
assustada. Não quero que meu pessoal pense que também atraí aos piratas.
Nathan sabia que estavam a ponto de enfrentar uma boa batalha, mas não ia
porque sabia que teria que ter usado um navio mais rápido para sua viagem. Não
poderiam evitar que lhes aproximassem. O Seahawk era muito volumoso e pesado
—Matthew levou a Nora abaixo. Fique aqui até que ele venha te buscar.
depois de lhe dar essa ordem, voltou-se e saiu do camarote. Sara correu
atrás dele. Teve que deter-se quando o puxou pela cintura. O fazia ou a
arrastava pela escada com ele. Nathan se voltou, afastando as mãos de sua
cintura
despedida —grunhiu.
Ela ia dizer lhe que não, que essa não era a razão pela que lhe deteve, mas
—Está tratando de que me ver louco, não, Sara, É todo um plano para que
—prometa-me isso Nathan. Não vou soltar a camisa até que o faça. Amo-te e
—Sim, obrigado.
batalha. Correu até as gavetas do escritório para procurar quantas armas fosse
ranhura do meio. Sara escondeu a faca na manga de seu vestido e pôs as pistolas
em uma bolsa azul. ajustou-se as tiras da bolsa na boneca justo quando Matthew
perto. É por isso que não estamos disparando com nossos canhões, Sara. Agora
venha comigo. Tenho a Nora segura sob o nível da água. Você pode esperar ali
com ela.
Sara não discutiu, pois sabia que Nathan tinha dado a ordem, mas se sentia
madeira estava podre e que a repararia tão logo tivesse tempo para a tarefa.
Quando chegaram abaixo, a suave luz de uma vela os conduziu até onde Nora
esperava pacientemente.
A tia da Sara estava sobre uma caixa de madeira. Tinha seu xale grande
tome cuidado.
Matthew.
Agora será melhor que nos defendamos. Será a primeira vez para a tripulação.
Sara não sabia do que estava falando. Entretanto, era evidente que Nora sim
—O que supõe que quis dizer Matthew com esse comentário, tia? —perguntou-
lhe Sara.
Decidiu que sua sobrinha era muito inocente para compreender. Sara ainda
considerava tudo bom ou mau. Em sua mente idealista não havia sombras de
cinza. Com o tempo compreenderia que a vida não era tão simples Então poderia
aceitar o fato de que Nathan tivesse levado uma vida bastante colorida. Nora
esperava estar ali quando dissessem a Sara que estava casada com Pagam. Sorriu
—Acredito que a tripulação lutaria mas vigorosamente se não tivesse que nos
—Acredito que sim —respondeu Sara—. acha que esses barris estão cheios de
pólvora?
produzir um incêndio aqui... bom, não tenho que te dizer o que poderia passar.
Não permita que me esqueça de apagar a chama quando Matthew nos buscar.
—Será melhor que Nathan termine rapidamente com isto. Meus nervos já não
dão para mais. Nora, você e Matthew lhes têm feito muito amigos, verdade?
—Que momento escolheste para me perguntar isso —lhe disse Nora com uma
leve sorriso.
—Só queria que nos distraíssemos desta preocupação —lhe respondeu Sara.
—Sim, é uma boa idéia. E tem razão, Matthew e eu somos muito amigos. É
—Sim, querida. Sei, mas não é o mesmo. Compreenderá o que estou dizendo
Temo que esse dia nunca chegará —replicou Sara—. Matthew também confia
em ti?
—OH, sim.
falar delas...
Despertar da Paixão Julie Garwood
—É obvio que pode —a interrompeu Sara—. depois de tudo, sou sua sobrinha,
e algo que me diga não sairá de mim. Confia em mim, verdade, Nora?
Sara continuou insistindo durante outros dez minutos ou mais, até que
Wakersfield?
—diz-se que morreu quando Nathan era um menino, Nora. Eu era um bebê.
—Sim, foi condecorado. Foi todo uma farsa. Mathew me contou que o conde
traiu seu país enquanto estava em serviço. Sim, isso é verdade, Sara —sua
sobrinha fez uma careta—. É uma história horrível, menina. O pai do Nathan
estava confabulado com outros dois infiéis, e os três pensaram que podiam
Matthew quase levam a cabo seu plano de traição. Entretanto, o pai do Nathan
—Não, para nada —replicou Nora—. Ninguém sabe toda a verdade. Ainda se
—estava louco.
—Mesmo assim, agora vivemos como marido e mulher. Não acredito que o
príncipe regente se atreva A...
Nathan, assim que meus pais nunca poderão averiguá-lo. Nem sequer direi ao
Nathan que sei. Está bem? Primeiro terá que confiar em mim.
Nora se tranqüilizou.
—Não, não foi um látego —replicou Nora—. Suas costas foi marcada pelo
fogo, não por um látego. Só tem que olhar para se dar conta, menina.
—Acredito que sim, mas não estou do todo segura. Sei que houve uma mulher
envolvida. Seu nome era Ariah. Nathan a conheceu quando estava visitando um
—Não me deu detalhes —admitiu Nora—. Sei que esta Ariah tem uma moral
que se preocupe.
Ariah terminou com ele, provavelmente a odiava. Matthhew me contou que ela
usou o Nathan para manipular a seu outro amante. Sim, é verdade —adicionou ao
Despertar da Paixão Julie Garwood
Ariah era uma professora em seu jogo. Por essa razão acredito que Nathan foi
torturado por ordem dela. Graças ao céu ele pôde escapar. Foi durante uma
Nathan.
Devia ser muito jovem quando essa mulher o traiu. Acredito que ele a amava,
Nora.
Sara suspirou.
cama, bom, realmente não me estava sendo infiel porque ainda não tínhamos
começado nossa vida matrimonial juntos. Sabe, agora tudo começa a ter sentido
para mim.
—Não te confiei isto antes, mas notei que Nathan se preocupa em proteger
seus sentimentos. Agora acredito que entendo por que. Não confia nas mulheres.
Não posso culpa-lo. Se te queimar os dedos, não poria as mãos perto do fogo
—Como explica sua atitude? Nathan não gosta quando digo que o amo. fica
tenso e frio comigo. E nunca me diz que eu sou importante. Poderia odiar a todas
Nora sorriu.
—Exceto a ti?
—Acredito que ele me quer, Nora. Só tem dificuldade para reconhecê-lo.
O ruído era muito intenso como para que pudessem continuar a conversa.
navio.
—Se pudesse ver o que está acontecendo, não estaria tão preocupada —
sussurrou Nora.
para que fosse Matthew que vinha às buscar. Entretanto, quando ninguém as
Sara indicou a Nora que se escondesse atrás de um barril grande que havia em
surpreender os vilãos.
Estava muito assustada. Entretanto, isso não a deteve. O primeiro que pensou
foi em Nathan. Se o inimigo realmente estava a bordo, seu marido estaria vivo
Despertar da Paixão Julie Garwood
bloquear esse horrível pensamento. Não seria de nenhuma ajuda para seu marido
muita, mas sim a suficiente como para que Sara pudesse ver dois homens com
lenços de cores nas cabeças que estavam descendo pela escada. O primeiro
pirata não pisou no degrau frouxo. O segundo sim. Blasfemou quando caiu pela
braços para lhe ajudar quando se deteve o sentir uma rápida brisa no rosto.
O inimigo se estava voltando outra vez quando Sara lhe golpeou o crânio com a
Ele não gritou. Ela sim. Logo percebeu que ainda respirava e se acalmou
Sara levantou o vestido e passou sobre o homem cansado. Subiu pela escada
para enfrentar-se com sua segunda vítima. O perverso homem a olhava surpreso.
Se não a tivesse estado olhando fixamente, poderia lhe haver golpeado também.
Entretanto, não tinha coração para essa traição, já que o vilão já estava
apanhado e a sua mercê, assim termino rompendo uma parte de tecido de sua
anágua e colocando-lhe na boca para que não pudesse gritar pedindo ajuda. Nora
Ao parecer, sua tia estava tomando a situação bastante bem, e Sara pensou
—Olhe, querida, encontrei algumas sogas. Quer que ate ao outro cavalheiro?
Também lhe ponha um trapo na boca. Toma, usa minha anágua. Agora já está
rasgada.
Sara tratou de lhe colocar a sua tia uma das pistolas na mão, mas ela
rechaçou a arma.
—Sem dúvida puseste uma pesada carga sobre meus ombros —sussurrou Sara
—Vete já —lhe ordenou Nora—. Tem o elemento surpresa de seu lado, Sara.
Sara tivesse abraçado a sua tia para despedir-se, mas não o fez pois temia
Rezou durante todo o caminho para o nível do camarote. O quarto dos oficiais
estava deserto. Sara ia olhar dentro de seu camarote quando ouviu ruídos de
homens que desciam pela escada. escondeu-se no rincão triangular que ficava
Jimbo foi o primeiro que baixou tropeçando pela escada. Sara olhou bem a
seu amigo através das juntas do biombo. Jimbo tinha um corte na frente. Caía-
lhe sangue por um lado do rosto. Não podia secar-lhe porque tinha as mãos
Quando viu a ferida, Sara se esqueceu que estava assustada. Estava furiosa.
Sara viu que Jimbo olhava para os degraus. Ouviu mais pegadas, e logo
apareceu Nathan. Ao igual a Jimbo, Nathan tinha as mãos atadas nas costas.
Sara estava tão agradecida de que estivesse vivo que começou a tremer. A
vexado.
Observou que Nathan assentiu com a cabeça em direção ao Jimbo. Foi tão
rápido que não o teria visto se não lhe tivesse estado observando tão
Ela pensou que Nathan sabia que estava escondida ali. Olhou para baixo, viu
rapidamente.
Voltaram a empurrar ao Nathan para diante. Tropeçou, girou para não cair, e
—Aqui vem Banger com a bebida —gritou outro homem—. Podemos brindar
enquanto esperamos a matança. Perry, deixará que seu capitão mora o primeiro
ou o último?
Enquanto o homem formulava essa pergunta, Sara colocou a Nathan uma das
pistolas nas mãos. Ao ver que não tomava imediatamente, deu-lhe um ligeiro
golpe.
Ele não mostrou nenhuma reação. Sara esperou outro minuto, e quando ele não
Parecia que tinha passado uma eternidade, embora ela sabia que em realidade
—Onde diabos está o capitão? —gritou outra voz—. Quero meu gole.
Assim estavam esperando o seu líder para começar com seus festejos
O que Nathan estava esperando? Tinha as mãos livres, mas atuava como se
não as tivesse. Sustentava a faca pela folha, provavelmente para estar
quieta.
preocupando outra vez. por que seu marido não aproveitava a vantagem agora,
Estava esperando que os piratas lhe superassem dez a cinco para atuar; Então
Sara decidiu lhe dar uma pequena mensagem. Tirou uma mão por um lado do
Ele não reagiu. Voltou-lhe a beliscar. Escondeu a mão quando ouviu que outro
homem vinha descendo pela escada. Obviamente, era o líder dos piratas, já que
um de seus homens lhe disse que já era o momento de que todos bebessem algo
Outro dos vilãos correu e abriu a porta do camarote. Entrou e saiu apurado
um ou dois segundos depois. O infiel tinha um de seus vestidos nas mãos. Era seu
O líder estava de costas a Sara assim não podia lhe ver o rosto. sentia-se um
pouco agradecida por isso, já que seu tamanho era o suficientemente lhe
alternar-se.
Despertar da Paixão Julie Garwood
Sara se tampou a boca com a mão para não dar uma arcada.
—Ah, capitão —exclamou outro homem—, ela estará morta antes de que
Todos riram ante esse comentário. Sara tinha vontades de chorar. Já tinha
escutado tudo o que desejava escutar sobre seus sujos planos. Beliscou outra vez
converteu-se em algo impreciso quando correu por volta dos dois homens que
Nathan golpeou com seus ombros aos dois homens que bloqueavam a porta. A
Jimbo usou sua cabeça para golpear o líder dos piratas. Ainda tinha as mãos
rapidamente. Tomou Jimbo pelo pescoço e o jogou no chão. O capitão deu uma
patada para lhe afastar de seu caminho. Entretanto, não foi uma patada terrível
já que o líder realmente não estava observando o que fazia. Sua atenção estava
Sara estava muito violenta para estar atemorizada. Saiu de atrás do biombo
Quando o líder sentiu o frio aço ficou rígido como um cadáver. Sara estava
agradada por sua reação. E percebeu que Nathan também o estava. Sorriu-lhe.
Sara também sorriu. As coisas não estavam tão mal, pensou. Mesmo assim, não
sabia se poderia matar o homem. Era um exame que não queria rechaçar. depois
orelhas ou no pescoço?
Entretanto, ainda não era suficiente, já que continuava apontando com sua
pistola a Nathan.
—Sim, desta vez, estúpido —respondeu. Tratou de que seu tom parecesse o
—O pescoço —respondeu Sara—. Não recorda como terá que limpar depois do
último? As manchas duraram uma semana. Embora este infiel parece ter um
O líder baixou a mão e a pistola caiu no chão. Sara pensou que a vitória era
segura, entretanto, antes de que Nathan pudesse chegar até o homem, este se
disparou a pistola. Um uivo de dor seguiu a esse som e seu inimigo tocou o rosto.
vilão no rosto.
Sara despertou dez minutos mais tarde. Estava na cama, com Matthew e
Jimbo junto a ela. Matthew lhe sustentava um pano frio em um lado do rosto.
Seu marido não estava ali. Quando Sara se deu conta disso, afastou o
—Onde está Nathan? —perguntou—. Quero que esteja aqui comigo. antes de
que Jimbo pudesse responder, sentou-se na cama. Sara tomou o pano que
—Matthew, acha que está bem? O corte não me parece muito profundo, mas
possivelmente...
Sara assentiu com a cabeça. Logo voltou a tocar o tema que a preocupava.
—Um marido deveria consolar a sua esposa quando foi golpeada. Qualquer um
me ou eu me encarregarei dele.
Além disso, agora não quer estar em sua companhia. O moço está furioso.
estava adormecida assim não pôde ver a cara de seu marido. Era uma cara que
—Estava salvando a seu marido —disse Jimbo—. Não irá ao inferno, Sara.
—pobre homem?
passado se...
—O maldito ainda tem o nariz —esclareceu Matthew. Olhou a seu amigo com o
assentir com a cabeça—. Bom, agora já não podem pensar que estou maldita, não
é?
antes de que pudessem lhe responder essa pergunta, ela lhes formulou outra.
—Represália —anunciou Jimbo—. Será olho por olho, Sara. Eles vieram nos
matar..
Não terminou sua explicação. Lady Sara saiu correndo do camarote. Jimbo e
Matthew a seguiram.
Sara correu junto a seu marido. Tocou-lhe o braço para que a atendesse. Ele
não a olhou mas sim seguiu olhando ao líder dos piratas que se encontrava a uns
passos.
sustentando um trapo contra seu nariz. Ela queria lhe dizer que lamentava o
machucado. Também queria lhe recordar que tudo era culpa dele, já que se não a
—Vai para baixo —ordenou com um tom suave, mas que indicava que não se
atrevesse a discutir.
—Não até que me diga o que vai fazer com eles —respondeu.
Nathan poderia ter suavizado a verdade, mas logo que viu o inchaço em seu
Ela não iria a nenhuma parte. cruzou-se os braços e endureceu sua postura.
—Não os matará.
Sara gritou essa ordem e chamou a atenção de seu marido. E sua ira. Parecia
Para ele tinha sentido, e pensou que tinha sido perfeitamente razoável ao lhe
—Assim é.
Realmente não poderia ter dito isso. Ele se voltou a enfurecer. Entretanto,
o que me pertence.
—Sim, minha senhora —gritou Chester—. vamos matar até o último destes
—Chester, se usar outra blasfêmia em mim presença, lavarei tua boca com
vinagre.
Olhou fixamente ao marinheiro até que este assentiu com a cabeça, e logo se
—Não.
matarem, não serão melhores que eles. Serão vilãos como eles, Nathan, e como
—Mas nem senhora e nem nós, somos vilãos —esclareceu Ivan o Terrível.
—Não somos vilãos —replicou Sara—. Cumprimos com a lei, somos cidadãos
ombros.
—Bom, Sara...
—Não use esse tom condescendente comigo. Não vai me tranqüilizar para que
permita um assassinato.
Despertar da Paixão Julie Garwood
Nathan não estava de humor para tranqüilizar nem para discutir, mas sabia
que tinha que enviá-la para baixo antes de que desse rédea solta a sua fúria.
Pensou em ordenar a Jimbo que a levasse, mas logo mudou de idéia e executou
—Bem —lhe respondeu e se voltou para sua tripulação—. Todos os que estejam
a favor..
—Tenho algo que lhe dizer a meu pessoal antes de que votem.
—Maldição.
Aproveitou a vantagem.
—Jimbo há dito que eu salvei o dia. Agora eu gostaria de escutar que você
também o admite.
—Ainda não —lhe respondeu. voltou-se e lhe sorriu à tripulação. Não pôde
dissuadiriam—. Todos vocês sabem que eu fui quem desatou Nathan —gritou.
Compreendeu que essa afirmação era um pouco petulante e também fazia parecer
um pouco incapaz a seu marido—. Embora, é obvio, ele se teria desatado sozinho
—E disparei no seu líder, embora deva admitir que não queria ferir o homem.
Agora terá uma cicatriz durante o resto de seus dias, e isso seria suficiente
—Foi um golpe suave —gritou um dos homens—. O disparo saiu limpo por seu
nariz.
—Sim, pelo menos poderia ter lhe deixado cego —gritou outro.
—Já não pensará mais em nada. Nenhum deles. Serão isca de peixe se a
Nathan não podia lhe ver o rosto, mas sabia que tinha medo. Sem pensar em
por que o estava fazendo a puxou pelos ombros. Ela apoiou o queixo em sua
boneca.
O marinheiro não tinha uma resposta preparada para essa pergunta, assim que
se encolheu os ombros.
Por outro lado, se votarem em jogar o vilão na água e que retorne nadando a seu
Observou a seu auditório até que cada homem assentiu com a cabeça.
—Isso é tudo? —perguntou Nathan com incredulidade é tudo o tem que dizer
—Sim, Nathan. Agora podem votar. Embora acredite que você não deveria
votar.
querida esposa.
Olhou-lhe desgostada.
—Eu.
Acessou para que se retirasse. Sara sorriu quando levantou a saia e se dirigiu
para a escada.
—Sara, fique no camarote até que isto tenha terminado —lhe ordenou
Matthew.
Sentiu o olhar de todos os homens. Sabia que estavam esperando que se fosse
para continuar, com suas vergonhosas intenções. Inclusive percebeu que Jimbo
tinha fechado a escotilha de seu camarote, provavelmente para que não ouvisse o
horrível som.
Não se sentiu culpado pelo que estava a ponto de fazer. Seus motivos eram
tão puros como a neve. Não podia deixar que seu pessoal assassinasse aos
piratas, não importava quão covardes tivessem sido; e uma vez que esquecessem
Nathan franziu o semblante ante essa petição. Sabia que ela estava pensando
em algo, mas não podia imaginar o que faria para convencer aos homens.
horrorizados. Nathan lhe estava fazendo uma careta. —Não queria recorrer a
estas táticas, mas não dão outra alternativa. Será melhor que a votação não me
decepcione.
—Prepararei sopa.
Despertar da Paixão Julie Garwood
Capítulo 10
piratas foram jogados pela murada para que retornassem nadando a seu navio.
fazer um grande buraco no navio dos piratas. Quando Sara perguntou o que tinha
O Seahawk também tinha sido prejudicado. A maioria dos acertos que terei
que fazer estavam sobre a linha de flutuação. As mesmas velas que Sara quase
tinha destruído com sua sombrinha tinham sido partidas pela metade por um dos
recordou a quão cativos estavam abaixo. Nathan esperou até que Sara se foi da
coberta, e logo lhes deu um murro no abdômen de cada homem. Os gemidos lhe
sido esses ruídos horríveis, ele simplesmente se encolheu os ombros e ajudou aos
—Não acha que fui completamente valente —lhe confessou Sara. Estavam no
—Isso não importa —replicou Nora—. ajudaste a seu marido. Significa muito
—Sabe que Nathan não me disse uma palavra de elogio? Não me tinha dado
—Eu diria que não teve tempo de lhe agradecer isso Sara, e duvido que o faça
—Obstinado?
Nora sorriu.
Sara decidiu que era um pouco de ambas as coisas. Já tudo tinha terminado,
disse Nora.
Ela não tinha ouvido nenhum comentário, mas fingiu havê-lo feito para que sua
tia continuasse.
—Jade foi a senhora deste navio durante muito tempo, e os homens eram
—Sei que seus comentários devem ter ferido seus sentimentos, menina.
—OH, que você chora todo o tempo —lhe respondeu Nora—. Jade nunca
chorava. Mantinha suas emoções sob chave, é o que gosta de dizer Matthew.
façanhas que obtiveram ela e seus homens. Mas já sabe tudo isso —Nora
continuou fazendo um movimento com a mão—. Não menciono este tema para que
Despertar da Paixão Julie Garwood
pense que os homens ainda acreditam que é inferior, Sara. Não, justamente o
contrário. ganhaste seus corações e sua lealdade. Apostaria a que no futuro não
—Está pálida, Sara. É uma bela manhã, verdade? irei procurar Matthew e se
não estar muito ocupado ficarei uns minutos com ele. Logo eu também irei
descansar um pouco.
fechou a porta o viu e recordou como o infiel o havia meio doido com suas mãos.
Sara decidiu que precisava ocupar sua mente em algo para afastar seu medo.
tanto.
Voltou a sentir terror. Como poderia viver sem Nathan? E se não tivesse
Nathan formulou essa pergunta. Entrou no quarto sem fazer nenhum ruído,
Percebeu que estava chorando. Não queria que Nathan se desse conta. Baixou
apoiou as mãos nos quadris. Sara ainda tinha a cabeça baixa e só podia lhe
não o olhava. Nathan tratou de lhe levantar o queixo. Lhe afastou a mão.
era o que tinha dentro de sua mente agora?, perguntou-se. Sara sempre tinha
sido tão transparente para ele. Nunca teve que preocupar-se com o que estava
sabia imediatamente. E logo que lhe dizia o que tinha na mente lhe pedia que o
solucionasse.
—O que há disse?
Não o repetiria. Tratou de afastar-se dele, mas Nathan não o permitiu. Ele
tinha mais força, mais determinação. Sustentou-a com um braço e lhe levantou o
em sanguinária.
incredulidade de Nathan.
—É verdade, Nathan. Não me dava conta até hoje, mas agora sei a verdade
sobre mim mesma. Não me pareço em nada a jade. Os homens têm razão. Não
Estava tão surpreso por suas ferventes palavras que não percebeu que a tinha
solto até que ela se voltou e correu até a cama. sentou-se no bordo e se olhou a
saia.
sorrir. Sara estava colocando o cabelo sobre o lado direito do rosto. Era óbvio
—Não só sou uma covarde, Nathan. Sou feia. Jade tem olhos verdes,
verdade? Os homens dizem que tem o cabelo vermelho como o fogo. Jimbo disse
que é heroína.
Sara, não aumentá-la. Disse-lhe com um tom mais suave—: Não é uma covarde.
Olhou-lhe para que pudesse ver seu cenho.
—Então por que me tremem as mãos e sinto que me vou desmaiar? Estou tão
—O que poderia me haver passado? —estava pasmo por sua admissão—. Sara,
—Não o fizeram.
Começou a chorar outra vez. Ele suspirou. Isto ia levar seu tempo, decidiu
Nathan. Sara necessitava algo mais que uma rápida negativa. Necessitava que a
tocasse. E ele também precisava tocá-la. Nathan tirou toda sua roupa menos a
calça. desabotoou e estava a ponto de tirar mas logo decidiu que ainda não queria
que Sara soubesse qual era sua intenção. Só lhe chamaria a atenção e primeiro
outra dobrada. Colocou-a frente a ele, e logo entre suas pernas. Apoiou as
costas contra seu peito e a cabeça sobre seu ombro. Nathan a tinha puxado pela
cintura. Moveu as costas até que se sentiu cômoda. O movimento lhe fez chiar os
dentes de Nathan. Sua esposa ainda não tinha idéia de quão provocadora podia
—Não tem que ocultar seu rosto de mim —lhe sussurrou. Apartou-lhe
disparasse, não poderia me haver defendido. Não tenho força, sou diminuta.
momento. Também foi um golpe miserável. Sim, a gente tem que ter se ..
—Quem é Duggan?
—O homem que estava com o tio Henry no botequim a noite em que nos
Nathan recordou. Sorriu quando pensou na luva branca que saiu pelo guichê.
— Tinha o elemento surpresa de sua parte, mas não lhe deu o murro correto.
—Não coloque o polegar debaixo dos outros dedos. Se o fizer lhe romperá
isso. Ponha aqui, fora, debaixo dos nódulos. Agora aperta forte —lhe ordenou
que—. Deixa que a força do golpe venha daqui —adicionou enquanto lhe esfregava
Não se tinha dado conta de que se sentia tão insegura com Nathan até esse
momento.
—Haverá ocasiões nas que eu não estarei contigo —tratou de ser paciente com
—É?
Ela tratou de voltar-se para o olhar. Nathan lhe voltou a apoiar a cabeça
Nathan olhou para o céu exasperado. —É ridículo que se sinta incômoda. Sou
seu marido e deveríamos poder discutir sobre qualquer tema.
Maldição, Sara. Se defenderá porque eu lhe ordeno isso. Não quero que lhe
aconteça nada.
Se não tivesse estado tão irritado, ela haveria sentido agradada com essa
afirmação. Entretanto, Nathan não tinha expresso com felicidade que não queria
que nada lhe acontecesse. Era um homem muito complexo. Pedia-lhe que fizesse
—Já lhe expliquei —exclamou isso Sara—. Ainda me tremem as mãos, e cada
vez que penso no que poderia ter acontecido me aterrorizo. Nem sequer posso
—Esse vestido —lhe disse—. Um desses vilãos o tinha nas mãos. Quero que o
Ela tratou de concentrar-se no que lhe estava dizendo, mas ele se o fazia
era excitante.
—E o que faz?
Ele apoiou a mão em sua coxa. Quando começou a acariciá-la entre as pernas,
seu interior. Sabia quanta pressão podia exercer e onde tocar para excitá-la.
Sustentou-a com força contra ele e continuou com sua doce tortura. Seus
Ela não podia lhe responder. Ele era mais exigente com suas demandas e ela
não podia deter-se. Aconteceu antes de que ela se desse conta de que estava
—Não sabia que podia... quer dizer, sem que você estivesse dentro de mim,
não acreditei que fosse possível... —não podia continuar.
Ele a girou até que a colocou de joelhos frente a ele. Deus santo, ele era
muito excitante. Ficou o fôlego na garganta, e percebeu que lhe desejava outra
reclinou-se para frente até que apoiou os seios contra o peito. Ele já estava
tirando a calça. Era estranho, mas em uns segundos ambos jogaram suas roupas a
um lado. Uma vez mais, Sara estava ajoelhada entre as pernas de seu marido.
Seguiu-lhe olhando enquanto o tocava. Seu gemido lhe indicou que lhe agradava
essa ousadia.
reparações. Enquanto se vestia, Sara suspirou muito. Recolheu seus lápis e seus
Nathan estava no mastro da coberta, ajudando a reforçar uma das velas mais
pequenas que se soltou com um dos disparos dos canhões. Terminou essa tarefa e
deteve-se quando viu sua esposa. Ela estava sentada no bordo de madeira,
justo debaixo dele. Tinha pelo menos quinze homens sentados a seus pés.
Pareciam estar extremamente interessados nos que ela lhes estava dizendo.
—Quer dizer que só tinha quatro anos quando se casou com o capitão?
—Já nos explicou isso tudo, Chester — murmurou Kently—. Foi por ordem do
que ela acreditava nessa tolice, verdade? É obvio que sim, pensou. Era uma
juntos a uma cruzada. Os dois homens eram bons amigos. Isto aconteceu na
Idade Média, e todo mundo estava fora tratando de salvar ao mundo dos infiéis.
As posses dos dois barões estavam uma junto à outra, e a história conta que
cresceram juntos na corte do rei John. Entretanto, não sei se isso é verdade ou
recompensa lhe deram uma cruz gigante de ouro. Sim —adicionou ao ver que os
incrustadas. Algumas eram diamantes, outras rubis, e se diz que era magnífica.
tinham dado a cruz e que o barão do St. James a tinha roubado. O barão do St.
nunca houve uma cruz, e que só foi uma desculpa para ganhar a terra do outro.
—Porque se diz que quando o barão do St. James estava morrendo sussurrou:
—Um homem não mente quando está a ponto de conhecer seu criador —
Sara apoiou a mão no peito e baixou a cabeça. Alguns dos homens começaram
—OH, sim —respondeu Sara—. Algum dia Nathan vai encontrar essa cruz para
mim.
Nathan pensou que sua esposa era uma sonhadora incurável. Entretanto,
—Ao parecer, o capitão terá que ir ao céu para buscá-la —comentou Chester.
—OH, não —replicou Sara—. O que o barão estava fazendo era dando uma
aproximando uma tormenta e o vento era muito intenso para ignorá-lo. Sara
retornou a seu camarote para deixar seus lápis. Passou o resto do dia com sua
tia Nora, mas ao entardecer Nora bocejava como uma menina, e Sara se foi para
que pudesse descansar. Era óbvio que os acontecimentos desse comprido dia a
tinham esgotado.
quando se preparou para deitar-se. A dor era uma clara indicação de que estava
Uma hora mais tarde, as cãibras eram muito intensas, piores que os
encontrá-la nessas condições. Também tinha muito frio, provocado pela dor,
ficou seu pijama branco de algodão, deitou na cama e se tampou com três
mantas.
Sara lhe deixava uma vela acesa, mas a habitação estava completamente às
escuras,
Ouviu seu gemido. Acendeu duas velas imediatamente e correu até a cama.
Ainda não podia vê-la. Estava inundada sob uma montanha de mantas.
—Sara?
O tom de sua voz refletia seu alarme. Ao ver que não lhe respondeu
O medo lhe produziu um suor frio. Tinha o rosto tão branco como os lençóis.
—Vai, Nathan —lhe pediu. Sua voz estava apagada pelas mantas, mas lhe
entendeu—. Não me sinto bem.
OH Deus, não lhe podia explicar sua condição. Era muito humilhante. Voltou a
balançar-se para diante e para trás para aliviar a dor de suas costas.
—Não quero falar sobre isto. Não me sinto bem. Por favor, vai.
Ele não faria nada disso. Apoiou-lhe uma mão na frente. Estava fria e úmida.
—Não é febre —lhe anunciou—. Por Deus, Sara, não te machuquei esta tarde,
—Não me machucou.
—Está segura?
—Não o farei —lhe respondeu. Teve outro pensamento nefasto—. Não tem
feito nenhuma outra coisa quando esteve na galera, verdade? Não preparaste
—Está doente porque não está grávida? Sara, essa é a enfermidade mais
ilógica da que jamais ouvi falar. Se sentiria melhor se ordenar que lhe preparem
um banho?
Sentiu desejos de lhe gritar, embora sabia que o esforço lhe provocaria mais
dor.
—Uma o que?
—Está indisposta...
—Não estou grávida —exclamou ao mesmo tempo que ele—. Por favor, vai. Se
Deus for misericordioso, morrerei em uns minutos... se não ser pela dor, será
sentiu-se tão aliviado de que não estivesse sofrendo alguma doença grave que
Logo estendeu a mão para lhe dar uma palmada no ombro. Entretanto, ela
—Posso fazer algo para aliviar sua dor? —perguntou-lhe—. Quer algo?
—Quero a minha mãe —sussurrou Sara—. Mas não posso tê-la, não é? OH,
vai, Nathan. Não há nada que possa fazer. Voltou-se a tampar até a cabeça e
exclamou outro doloroso lamento. Nathan decidiu fazer o que lhe tinha pedido,
pensou Sara quando ouviu que fechava a porta. Então ficou a chorar. Como se
atrevia a deixá-la nessa agonia? Mentiu quando lhe disse que queria a sua mãe.
Queria que Nathan a abraçasse, e o obstinado teria que lhe haver lido a mente e
ruborizou-se.
Nathan se aproximou para um lado da cama e ficou ali com as mãos nas
—Sara está doente —lhe explicou antes de que Nora pudesse dizer uma
palavra. Ante esse anúncio o desconforto da Nora por ter sido encontrada em
—Devo ir até ela —sussurrou. Lutou para sentar-se—. Sabe que enfermidade
é?
para trás.
Dói-lhe muito?
ajudar.
Nora pensou que parecia um comandante militar, pelo tom enérgico de sua
voz.
—um pouco de conhaque às vezes ajuda —lhe sugeriu Nora—. Uma palavra
amável tampouco faria nenhum dano, Nathan. Lembrança que ficava muito
Despertar da Paixão Julie Garwood
—Há algo mais que possa fazer por ela? —reiterou Nathan—. Está sofrendo,
Nora fez um esforço muito grande para conter um sorriso. Nathan parecia
—Ela necessita de seu marido, querido. Nathan, ela quer alguém que a
Nora teve que levantar a voz para lhe dar essa última sugestão, já que
—Não, meu amor, ele não dirá uma palavra —respondeu Matthew.
—Odeio enganar Sara, mas ela vê tudo branco ou preto. Acredito que não
compreenderia.
certamente terá notado que minha Sara não é uma mulher comum. Ela é o que
Nathan necessita. Ela acredita que seu marido a ama e não demorará muito em
lhe convencer de que assim é. Espera e o verá.
Sara não tinha idéia de que ela era o tema de discussão. Estava na dor.
Não ouviu que Nathan tinha retornado ao camarote. Lhe tocou o ombro.
—Não o quero.
—Bebe-o.
—Vomitarei.
Ela tratou de lhe afastar. Ele ignorou suas resistências e suas demandas.
Voltou a girar e ficou olhando para a parede. Já não podia tolerar mais a dor.
Então Nathan a puxou pela cintura, aproximou-a um pouco mais para ele, e
começou a lhe esfregar a parte inferior das costas. Essas massagens suaves
e se aproximou mais a seu marido para lhe roubar um pouco mais de calor.
Ela logo que percebeu que o navio se balançava e se inclinava. Nathan sim o
percebeu. Seu estômago era um tortura, e desejava não ter comido nada. ficaria
Continuou lhe esfregando as costas durante quinze minutos sem lhe dizer uma
palavra. Tratou de concentrar-se na mulher que estava deitada contra ele, mas
verdade?
Para ele era quente como uma fogueira. Tinha o rosto transpirado.
Despertar da Paixão Julie Garwood
sussurrou:
—Então é estéril.
—É tudo o que pode dizer? Se for estéril e não podermos ter filhos.
Nathan levantou o olhar para o céu. Deus, parecia que ia chorar outra vez.
—Não pode saber se é estéril ou não —lhe disse—. É muito em breve para
—Sara, o que quer que te diga? —perguntou-lhe. Sua frustração era quase
visível. Lhe voltou a dar a volta o estômago. As respirações profundas não lhe
terra, então reconstruiremos a terra que me deixou meu pai. Agora esquece as
—Ainda não me respondeu. Vai Querer seguir casado com uma mulher estéril?
—Vai ou não?
Ele grunhiu. Ela tomou esse grunhido como uma afirmação. aproximou-se e lhe
beijou as costas. Ele tinha deixado as velas acesas, e quando olhou o rosto viu
saltando como uma bola na água. A taça de conhaque caiu ao chão. Nathan
—Não estaria casado com ninguém se não fosse pelos malditos contratos.
Sara estava furiosa outra vez. Como se atrevia a usar esse tom de voz com
ela? Ela estava tão chateada como ele, possivelmente mais. Esqueceu a forma
gentil em que a tinha tratado e decidiu dar uma lição ao homem que não
esqueceria.
incomoda. Suponho que não devia jantar esse pescado. Entretanto, estava
provaste pescado adoçado dessa maneira? Não? —perguntou-lhe ao ver que não
lhe respondia.
Ele parecia muito apurado por voltar a ficar a calça. Sara seguiu sorrindo.
adoro as ostras, e a ti? A forma em que se deslizam pela garganta. Nathan, não
A porta se fechou antes de que ela finalizasse sua pergunta. Sara sorriu.
que seu marido se desse conta da sorte que tinha de que fosse sua esposa.
Nathan passou quase toda a noite pendurando do flanco do navio. Foi até a
se como uma vela molhada. desabou-se literalmente na cama. Sara saltou, rodou
Despertar da Paixão Julie Garwood
Começou a roncar, assim que ela não pôde começar a falar outra vez. Sara se
inclinou e beijou a bochecha. Sob a tênue luz da vela pôde ver quão pálido
escura no maxilar. Sara estendeu a mão para lhe tocar a bochecha com a ponta
Satisfeita com sua confissão, especialmente porque sabia que ele não tinha
ouvido uma palavra do que havia dito, afastou-se dele. Suspirou profundamente.
«Acredito que deve pensar em outra linha de trabalho, marido. Parece que o mar
Ele abriu lentamente os olhos e logo se voltou para olhá-la. Ela fingiu estar
Ele queria estrangulá-la. Sua esposa tinha averiguado sua enfermidade e tinha
ofendido tanto que disse que se não tivesse sido pelos contratos não estaria
Sara não era tão inocente. Fazia exatamente o que ele teria feito se tivesse tido
uma arma ao seu dispor e não tivesse tido suficiente força física para desforrar-
se.
Quando ele estava zangado gostava de usar seus punhos. Ela usou a cabeça e
isso o agradava. Mas já era o momento de que ela compreendesse quem estava a
cargo do matrimônio. supunha-se que ela não devia usar sua astúcia com ele.
Não podia, é obvio, devido a sua condição delicada, e quase a sacudiu para
um pouco exaltado.
Faltavam dois dias para chegar à casa da Nora, e Nathan começou a pensar
equivocou-se.
Era o entardecer do dia vinte e um do mês. Acima havia mais estrela que céu,
balançar-se nem sacudir-se de um lado a outro. Um homem podia pôr uma taça
sobre o corrimão sem temor a perdê-la, já que o mar estava muito calma e não
favor de acrescentar mais circuitos a sua frota, enquanto que Nathan queria
Nathan estava de costas para sua esposa, e como ela estava descalça não a ouviu
aproximar-se.
essa expressão desapareceu quando viu a pistola na mão de sua esposa. A arma
—por que está rebolando pela coberta com roupa de cama? —perguntou-lhe.
voltou-se para Jimbo. Sua cortesia parecia estranha com a pistola na mão.
—Por favor desculpa meu aspecto pouco feminino, Jimbo, mas tive um
Jimbo assentiu com a cabeça enquanto olhava a pistola que ela movia para
trás e adiante entre ele e Nathan. Ela não parecia dar-se conta de que tinha a
pistola.
tempo.
—Lady Sara —lhe disse Jimbo ao ver que Nathan parecia ter ficado sem
Nathan estendeu a mão para lhe tirar a pistola. Sara retrocedeu e a ocultou
em suas costas.
explicação, logo olhou sobre seu ombro para assegurar-se de que ninguém mais os
estava escutando.
ombros.
Sara tinha vontades de lhe chutar.
—Matthew estava com ela —assentiu com veemência depois de lhes contar a
novidade.
Parecia muito complacente, mas estava fazendo uma careta. O homem não
estava surpreso pela notícia que ela acabava de lhe dar. Sara teria que ter
sabido que reagiria dessa maneira. Nada parecia lhe desgostar... exceto ela.
—Ela quer que peça Matthew que se vá —interveio Jimbo—. Não é assim,
Sara?
—Não entendo —replicou Jimbo—. O que têm que ver as vacas com sua tia?
—Sara, se não quer que Matthew deixe em paz a Nora, o que quer que faça?
—perguntou-lhe Nathan.
—Tem que casá-los —respondeu Sara—. Vêem comigo, marido. Temos que
—Deixa de sorrir, marido. Falo muito a sério. Você é o capitão deste navio,
—Não.
—Sou responsável por minha tia —disse Sara—. Matthew manchou sua honra e
deve casar-se com ela. Sabe, Nathan?, Isto realmente resolverá outra
preocupação. Meu tio Henry já não perseguirá a Nora por sua herança uma vez
escada.
—Então lhe dispararei. Eu não gostaria, Jimbo, mas terei que lhe disparar.
—Essa é uma razão estúpida —replicou Sara. ficou as mãos nos quadris e lhe
olhou com o semblante franzido. abriu a bata e Nathan viu seus seios apertados
contra a camisola.
Não respondeu essa pergunta mas sim voltou sobre o tema de seu nome.
—me diga por que você não gosta que lhe chamem Nathanial?
—Não grite.
Ela sorriu.
—Agora é sua vez de me responder, Sara. Quando termina esta maldita coisa
das mulheres?
Fez um comentário agudo sobre sua habilidade para pensar, Sara tirou a
fazia sentir estranha pela forma como a olhava. Sara suspirou e se aproximou
dele.
Nathan fez que lhe beijasse primeiro. Ela se sentia complacente. Abraçou-lhe
E como lhe beijou. Sua boca estava ardente, sua língua impetuosa e não
voltou a baixar lentamente a cabeça. Abriu a boca e fundiu sua língua com a
dela. Seus seios estavam apertados contra o peito nu do Nathan e lhe tinha
Gemeu quando lhe sugou a língua, assim que o voltou a fazer. O som que
emitiu foi tão excitante para ela como seu beijo, e parecia que já não podia
O tratou de se afastar para tirá-la roupa, mas se deteve quando lhe beijou o
Não pôde expressar seu pensamento pois o fazia esquecer tudo, só o fazia
sentir. Beijou-lhe cada centímetro do peito. Tocou os bicos do peito com a ponta
da língua. Quando ordenou que deixasse de lhe atormentar, ela duplicou seus
Teve que deter-se quando lhe atirou do cabelo e lhe apoiou o rosto contra o
—Faz-me sentir tão viva, tão forte. Quero mostrar o quanto que te amo,
Nathan. Deixara-me?
Ele compreendeu sua intenção quando ela começou a lhe desabotoar a calça.
labareda de sensualidade. Era como o sol, lhe abraçando com sua suave boca, sua
Nathan já não suportava a doce agonia. Não foi muito gentil quando a
profundo, embriagador.
—Meu Deus, Sara, espero que esteja preparada para mim —sussurrou—. Já
não posso esperar mais. Tenho que estar dentro de você. Agora. Logo poderei
declaração de amor que queria escutar. Afundou suas unhas nos omoplatas do
mordeu o pescoço. Ele a penetrou mas estava tremendo tanto quanto ela.
a última coisa que recordou era que ele daria o exemplo desta vez.
Mas então ela levantou os joelhos e Ele introduziu mais nela. arqueou-se
contra ele. Nathan não podia suportar uma provocação tão grande. sentiu-se
A cama chiava com cada movimento. Nathan queria que durasse para sempre.
A febre da paixão ardia entre eles. de repente, Sara se agarrou a ele com mais
força. Gritou seu nome. A entrega foi mútua. Seu gemido gutural afogou os
Ele desabou sobre ela, muito fraco para mover-se, mas muito satisfeito para
respiração era profunda, tremente. a dela também. Isso o fez sorrir por dentro.
logo que ela se afrouxou, ele ficou de flanco. Levou-a consigo porque ao
Era um alegre interlúdio, mas ele sabia que logo começaria a abrir a boca
Ele não queria decepcioná-la, mas não mentiria. E em um canto de sua mente
alguém não tinha a menor idéia. Somente pensar no problema o assustava. Não
Entretanto, esta vez não o deixaria, e jurou que se tinha que fazê-lo, o seguiria
se fosse do camarote.
Como podia seu marido ser tão gentil, tão maravilhosamente considerado
quando fazia amor, e logo converter-se em uma estátua de gelo? O que lhe
—Nathan?
Pensou que tinha sido muito lógico ao fazer essa exposição dos fatos. Em sua
—É o homem mais obstinado que jamais conheci. Escuta bem, Nathan. Tenho
—Como poderia não escutar, Sara? Está gritando outra vez como uma arpía.
Nisso tinha razão, pensou Sara. ficou de costas, cobriu-se e olhou o teto.
—Frustraste-me —sussurrou.
tomou entre seus braços—. tenho satisfeito cada vez que te hei meio doido.
Isso não era o que lhe tinha querido dizer, mas estava tão arrogantemente
—Sim.
Ele grunhiu. Sara pensou que esse som significava que realmente não lhe tinha
Decidiu que não lhe importava se sabia ou não. A ação era tão notável que não
—Está bem, Sara —lhe anunciou—. Eu gostaria de dormir um pouco esta noite.
Ela não podia deixar de sorrir. Isso estava bastante bem, pensou, já que ele
não podia lhe ver a expressão. Apertou-lhe o rosto contra o pescoço. Apartou-
Estava decidida que lhe dissesse que a amava. Acreditava que uma vez que o
dissesse, perceberia que ela tinha razão. Entretanto, ele ainda não estava
Nathan tinha medo. Não estava segura se tinha medo de amar alguém ou de
tema de conversa. —Meu Deus, Me deixa louco. Disse que tinha algo importante
a me dizer.
—Assim é.
—E?
parte do tempo.
bocejar.
Dormiu antes de que ele pudesse lhe dar um sermão sobre os méritos da
que podia acontecer ao dia seguinte, com lady Sara tratando de dirigir as coisas.
acostumado.
Acreditava que teria que proteger a sua esposa do mundo. Agora sabia a
Era uma revelação absurda, mas o marquês dormiu com um sorriso em seus
lábios.
Capítulo 11
O dia que ancoram nas profundas águas caribenhas que rodeavam a casa de
Nora, Sara descobriu que seu marido tinha mais de dois títulos. Não era só o
Despertar da Paixão Julie Garwood
seu camarote estava aberta e os dois marinheiros estavam falando em voz alta.
Sara começou a prestar atenção sobre o que estavam falando só quando suas
até que Matthew entrou na conversação e falou sobre o bota de cano longo que
temor era por Nathan, e cada vez que pensava nos riscos que tinha deslocado
imaginar essa possibilidade só uma vez. Quando se deu conta de que ia vomitar o
Sara teria estado completamente desesperada se não tivesse sido pelo último
comentário que escutou do Chester. O marinheiro admitiu que estava muito feliz
de que seus dias de piratarias tivessem ficado atrás. A maioria dos homens,
sentiu-se tão aliviada que começou a chorar. depois de tudo, não teria que
métodos. Rezou porque o tivesse feito. Não podia tolerar pensar em lhe perder.
Amava-o fazia tanto tempo, e era muito devastador pensar em uma vida sem que
parecer não podia liberar-se de seu medo. E se um de seus homens traía a seu
marido? A recompensa pela cabeça de Pagam era enorme. Não, não, não pense
nisso, disse-se. Os homens eram muito leais. Sim, já o tinha notado. por que
Não importava o que acontecesse, ela permaneceria junto a seu marido e lhe
Matthew lhe teria crédulo seu escuro passado a Nora? E se assim era,
haveria-lhe dito que Nathan era Pagam? Sara decidiu que nunca se inteiraria.
Não diria a ninguém o que sabia, nem sequer a sua querida tia. levaria o segredo
à tumba.
sentada no bordo da cama, com o olhar perdido. Dentro fazia muito calor, mas
Sara estava tremendo. Pensou que não se sentia bem. Estava pálida, entretanto,
o sintoma mais notável era que apenas lhe disse uma palavra.
os levou até o mole. Tinha as mãos cruzadas sobre a saia, o olhar para baixo e
Nora sentou junto à Sara e manteve uma conversa fluída. secou-se a frente
há um lago, e só tem que procurar um pouco de tempo para levar a Sara a nadar
ali.
Sara não respondeu. Nora deu um golpe com o cotovelo para que a escutasse.
Sara continuou olhando fixamente para Nathan. Ele levantou uma sobrancelha
—Estava sugerindo que agora seria uma excelente oportunidade para aprender
a nadar.
—Eu te ensinarei.
Sara sorriu.
necessidade.
a Inglaterra.
—O que quer dizer com que não necessita? —perguntou-lhe Nathan—. É obvio
que o necessita.
—por que?
Ela estava tão autenticamente perplexa que ele perdeu um pouco de sua
irritação.
—Sara, se souber nadar não terá que preocupar-se em se afogar.
—Maldição, se preocupasse.
—Tem razão —lhe respondeu com um tom razoável—. Não permitiria que se
afogasse.
Sara assentiu com a cabeça. voltou-se para a Nora. —Vê, Nora? Realmente
—Entretanto —lhe anunciou com um tom mais alto—, o que acontecerá quando
Olhou-o exasperada.
—Não trate de me incluir nesta discussão —respondeu sua tia—. Não tomarei
partido.
O paraíso tropical vibrava com cada cor do arco íris. Sara permaneceu no
As casas de madeira pintadas com tons rosa e verde bolo, e tetos cor cobre,
contrastavam contra as montanhas que olhavam para o porto. Sara queria Ter
seus lápis e papéis a mão para capturar esse quadro criado POR DEUS. suspirou
profundamente.
respiração.
aconteceu algo?
—O que é magnífico?
—O quadro que Deus nos deu –sussurrou. Olhe as montanhas. Vê como o sol
Ele não desviou o olhar. Olhou fixamente a sua esposa durante o que lhe
pareceu uma eternidade. Um suave calor lhe penetrou o coração, a alma. Não
Sara estava surpreendida pelo esforço emocional de sua voz. voltou-se e lhe
sorriu.
—Sério?
pudesse pestanejar, Nathan tinha trocado de humor. ficou enérgico quando lhe
disse que deixasse de perder tempo e não o atrasasse.
sua tia pelas tábuas de madeira que conduziam à rua enquanto considerava a
meu marido —lhe explicou—. Nora, ele realmente quer que me converta em auto-
Acreditava que tinha de ser adicionou encolhendo-se os ombros—. Pensei que ele
tinha que cuidar de mim, mas possivelmente estava equivocada. Acredito que
—Acredito que estaria muito orgulhoso de seus esforços —lhe respondeu Nora
—. Realmente quer estar a mercê de um homem? Pense em sua mãe, Sara. Ela
Sua tia tinha dado algo no que pensar. Sara não tinha considerado que
—Resolverá tudo em sua mente. Não franza o semblante. Ficará com dor de
homem assobiou, Nathan se enfureceu. Quando passou junto ao homem lhe deu
um murro no rosto.
O golpe atirou o homem à água. Sara olhou sobre seu ombro quando ouviu
ruído. Foi uma ação distraída, já que ela também estava tratando de concentrar-
se no que estava dizendo Nora. Viu Nathan e sorriu. Também lhe sorriu antes de
voltar-se.
Despertar da Paixão Julie Garwood
—Moço, está-te pondo um pouco protetor, não acha? —comentou Jimbo. Fez
visto como a olhavam esses malditos não estaria caminhado dessa maneira.
—Sabe muito bem do que estou falando. A forma em que move os quadris...
—Não continuou com a explicação mas sim voltou a pensar na última observação
pondo furioso.
—Pelo aspecto deste lugar vejo que não poderemos conseguir os materiais para
arrumar o mastro.
Sara com a Nora e Matthew para que se instalasse na casa da Nora, Nathan foi
Nathan não demorou para coincidir com que teriam que viajar até um porto
Nathan sabia que a sua esposa não gostaria ouvir falar de sua partida.
Enquanto subia pela colina decidiu que o diria imediatamente para terminar de
encontrar uma pequena cabana, mas a residência da Nora era três vezes maior.
Era uma estrutura grande, de dois pisos. O exterior era rosa pálido. A galeria
Sara estava sentada em uma cadeira de balanço perto da porta. Nathan subiu
—Está bem.
outra vez em alguma de suas correrias? Nora tinha mencionado que sua casa da
ilha estava perto da guarida dos piratas, localizada-se um pouco além da costa.
Nathan se encontraria com seus antigos sócios e correria uma última aventura?
—Temos que navegar até um porto maior, Sara, para conseguir os materiais
Entretanto, não deixaria que Nathan soubesse o que ela suspeitava. Quando
estivesse preparado para lhe dizer que ele era Pagam, o diria. Até esse momento
Nathan estava surpreso por sua aceitação. Estava acostumado a discutir com
apoiou-se contra o corrimão e esperou que ela dissesse algo mais. Sara ficou
de pé e entrou na casa.
Ela seguiu caminhando. Já tinha chegado ao primeiro piso quando ele a puxou
Despertar da Paixão Julie Garwood
pelos os ombros.
coisas, talvez seria melhor que alguns de seus homens trouxessem meu baú.
—Compreendo.
seguir.
O quarto que lhes tinham dado dava para o mar. As janelas estavam abertas,
Entre as duas janelas havia uma cama grande, com uma encantadora colcha
grande cadeira de veludo verde. A cor das cortinas fazia jogo com o da cadeira.
—Não aconteceu nada —lhe respondeu com voz tremente. Não se voltou.
Maldição, pensou, algo andava mau, e não se iria do quarto até averiguar o
que era.
—Compreendo.
—Isso não é o mesmo —não estava irritado porque quase lhe tinha gritado. Em
frieza e indiferença.
Sara não podia compreender por que lhe estava sorrindo. Parecia aliviado. Era
—Já que você gosta tanto usar blasfêmias, devo supor que obtém uma imensa
satisfação quando usa essas palavras ignorantes —se deteve e lhe sorriu—. decidi
que eu também usarei palavras pecaminosas para provar esta teoria. Também vou
averiguar se você gosta de escutar que sua esposa fale de maneira tão vulgar.
—As únicas palavras que conhece são maldição e demônios, Sara, porque essas
são as únicas blasfêmias que usei em sua presença. fui considerado —adicionou
—Escutei-te dizer outras palavras quando não sabia que eu estava na coberta.
Ele começou a rir outra vez. Parecia muito divertido que sua delicada esposa
usasse palavras obscenas. Era uma dama tão feminina, tão suave e delicada que
—desce você —lhe ordenou Sara—. Só faltam dois vestidos para terminar.
Não permitiria que soubesse que não gostava que falasse como uma vulgar
rameira. O que Sara dizia em privado era uma coisa, mas sabia muito bem que
voltou para seu convidado e adicionou—: Meu sobrinho é o marquês do St. James.
vigário. Ela pensou que reagiria como Matthew. O pobre parecia que tinha um
prurido.
Sara entrou na sala quando Nathan estava sentando em uma das duas
um simplório.
—Faz muito que conhece Oscar? —perguntou Nathan antes de ver a Sara na
porta.
—Não, acabamos de nos conhecer, mas insisti em que sua tia me chame pelo
primeiro nome.
do Governo era um homem magro, com óculos redondos. Levava uma gravata
engomada branca, calça e jaqueta negra, e suas maneiras eram austeros. Parecia
um pouco condescendente com a Sara, já que tinha a cabeça inclinada para trás e
a olhava por cima dos óculos. De vez em quando olhava a Nathan. Tinha uma
Nathan a interrompeu.
Sara.
—Teria que ter enviado uma nota pedindo uma audiência —disse Pickering—,
mas estava dando meu passeio diário e não pude evitar ver toda a comoção que
havia por aqui. Minha curiosidade foi mais forte. Há vários homens com aspecto
que os afastem. Não deve mesclar-se com os inferiores. Não está certo.
Não era tão educado como pretendia lhes fazer acreditar, já que não se pôs
cara.
Sara se colocou junto a Matthew. Era uma prova de lealdade de sua parte, e
a piscada de Matthew lhe indicou que sabia qual era seu jogo. respondeu com um
Despertar da Paixão Julie Garwood
sorriso.
inocentemente.
—OH, sim, acredito que agora o recordo. Disse que fazia um maldito calor.
Isto aumentou as reações. Matthew a olhou como se tivesse visto que tinha
dois narizes.
Seu querido marido a estava olhando fixamente. Isso não era suficiente.
Procurava uma derrota total e com ela a promessa de que nunca voltaria a usar
palavras obscenas.
Esperava que Nora fosse pormenorizada quando lhe explicasse seu vergonhoso
Nathan saltou da cadeira. Como se tivesse ouvido uma sugestão obscena e que
Matthew teve que sentar-se. Nora começou tossir para ocultar sua risada.
Pickering se levantou de seu assento e cruzou apressado a habitação. Levava um
—Deve ir-se tão logo, senhor Pickering? —perguntou Sara. Tinha o rosto
oculto atrás de leque, assim que ele não podia ver que estava sorrindo.
Nunca pronunciou a última palavra, já que Nathan lhe tampou a boca com a
—me perdoe. Espero não a haver aborrecido muito, Nora, mas Nathan gosta
de usar palavras arrudas, e pensei que devia lhe provar. De qualquer maneira,
seguirei e me desculparei.
elas. Sara se aproximou um pouco mais a Nora. Sentiu que em qualquer momento
disse:
—O que era esse livro que levava Pickering? Emprestou uma de suas novelas,
tia? Acredito que não lhe devolverá isso. Não parece muito confiável.
—O que levava não era uma novela —respondeu Nora, com um sorriso gentil—.
Era a Bíblia. OH, céu santo, teria que haver lhe explicado isso antes.
Despertar da Paixão Julie Garwood
condescendente anda com uma Bíblia? Se isso não for hipocrisia, não sei o que
é.
levantou do sofá.
—Nora, desculpo-me pela boca de minha esposa. Agora, me diga onde fica a
catarata —olhou a Sara—. vai receber sua primeira lição de natação, Sara, e se
usar uma só palavra mais obscena, juro-te que deixarei que se afogue.
Nora os conduziu até a parte traseira da casa e lhes indicou o que deviam
fazer para chegar à catarata. Quando sugeriu que pediria à cozinheira que lhes
Tomou duas maçãs, deu- uma a Sara, e a teve entusiasmado para fosse.
—O que machuca.
—Assim será.
Ela desistiu. Sua mente já estava decidida, pensou Sara, e era inútil tratar
Ansiosa por ver parte do paraíso, como Nora tinha comentado, passou a seu
A folhagem era densa e o aroma doce das flores silvestres enchia o ar. Sara
folhas era a cor mais vívida que jamais tinha visto, exceto pelos formosos olhos
—Não.
—por que não? perguntou, com a esperança de que não houvesse nenhum
Despertar da Paixão Julie Garwood
ele.
Ele assentiu com ela em silêncio. A catarata caía sobre as rochas e logo na
Nathan voltou a tomar a mão de Sara e a levou até o bordo que havia atrás
da catarata. A zona era como uma caverna oculta, e quando chegaram ao centro,
Não lhe deu tempo para que discutisse essa ordem e se apoiou contra as
Sara tomou sua maçã e a do Nathan e as colocou na rocha que estava atrás
voltou-se para discutir com seu marido, e viu que tinha tirado toda a roupa.
Sara dobrou a roupa de seu marido e a pôs contra a parede de rochas. Logo
tirou o vestido, os sapatos, as meias e a anágua. deixou-se posta a camisa.
Logo sentou perto do bordo e deixou que a água caísse sobre os pés. Estava a
A água lhe chegava na metade do peito. Era tão clara que Sara podia ver até
Era um homem tão atraente, pensou. Foi muito gentil com ela e tomou entre seus
braços.
a cabeça.
Ela fez o que lhe pediu. A água chegava até sua boca, mas se inclinasse a
que tinha posta aderia aos seios, e tudo o que Nathan queria era lhe fazer amor
Sara se perguntou por que Nathan tinha o semblante tão franzido, e pensou
que atuava com tanta energia para que não discutisse com ele.
Ela fez o que lhe ordenou imediatamente. deslizou-se sob a água quando
Em muito pouco tempo, Sara estava flutuando sem sua ajuda. Ele estava mais
Despertar da Paixão Julie Garwood
—Já é suficiente lição por um dia — disse Sara. sustentou-se de seu braço
contra seu peito. Nathan tomou seu tempo para lhe baixar os suspensórios. Sara
não percebeu as intenções de seu marido até que teve a camisa na cintura.
Abriu a boca para protestar. O a fez calar com um beijo prolongado. O som
quando sua língua se moveu dentro de sua boca. O derrotou completamente sua
contra Suas coxas. Beijá-la já não era suficiente. inclinou-se para trás e a olhou
nos olhos.
—Desejo-te.
—Aqui?
Enquanto lhe dizia qual era sua intenção colocava as pernas ao redor de sua
Sara pensou no facilmente que podia obter que lhe desejasse. Estava
tremendo quando perguntou se estava pronta para ele. Ela não podia nem pensar.
Nathan lhe deu um beijo prolongado, e quando lhe tocou a língua, ele a
Sara não tinha forças para caminhar até o bordo. Nathan a levou até ali e a
colocou em uma rocha próxima à catarata. O sol castigava seu corpo, mas a Sara
olhos.
Nathan? —sussurrou-lhe.
faziam tremer. Não pensou que pudesse o desejar tão rapidamente, mas quando
Não podia evitar arquear-se contra ele. Estava-a enlouquecendo com suas
suaves e tenras carícias. Molhou cada seio com sua boca e sua língua, e quando
com os dedos. Tocou-lhe o umbigo. Baixou mais a mão e quando seus dedos a
Ela se sentia muito incômoda para responder. Tratou de lhe afastar a mão.
Ele não a deixou. E logo se inclinou e começou a lhe fazer o amor com a boca.
Sua língua a fez perder o controle. retorceu-se debaixo dele. Não desejava que
Seus movimentos fizeram enrijecer outra vez o pênis. Quando sentiu que lhe
apertava com força se colocou entre suas pernas e a penetrou. Então Sara
Despertar da Paixão Julie Garwood
gozou. O momento foi tão excitante, tão apaixonado, que pensou que tinha
Sara estava muito fraca para mover-se. Nathan pensou que seu peso a estava
—Compreendo.
Parecia desamparada.
—Deixaria ir contigo? Mas isso significa que não vai A... pensei... Esquece-o.
sentou-se e se apoiou contra ele—. Agora não preciso ir contigo. Basta saber que
me deixaria ir.
—Deixa de falar com rodeios —ordenou Nathan—. E agora que o penso, quero
que me explique o que pensava hoje pela manhã. Estava aborrecida por algo. me
Era uma mentira, é obvio, mas seu arrogante marido não sabia. Em realidade,
Sara.
—antes do que?
estranha.
—Sentia pena porque logo terei que deixar Nora. vou sentir saudades,
Nathan.
ou não. Então sorriu e disse que estava pronto para retornar à água.
Comeram suas maçãs enquanto desciam pela montanha. A delicada pele da Sara
estava começando a avermelhar-se. Seu rosto estava tão vermelho como o pôr-
do-sol.
imediatamente.
Sara, está vermelha como uma beterraba. OH, menina, esta noite vai sofrer. No
Nora.
Despertar da Paixão Julie Garwood
—Não —respondeu Nathan quando sua esposa o olhou. Sorriu-lhe e logo disse
roupa e me escovar o cabelo, tia. Realmente não teriam que nos haver esperado
e a beijou. Foi um beijo tão prolongado que sentiu que ia desmaiar. Nathan não
queria fazer amor.. ou fazê-la calar. Como parecia muito esgotado para voltar a
fazer amor e ela não estava discutindo com ele, só podia chegar a uma conclusão.
—Pensei que o que tínhamos feito toda a tarde se chamava fazer amor,
esposa, mas se você prefere chamá-lo flutuar, está bem para mim.
Tinha o rosto tão queimado pelo sol que ninguém podia saber se estava
brincadeira. Deus santo, Nathan também tinha senso de humor. Era muito para
ela.
Logo lhe piscou os olhos o olho lentamente. Então soube que morreria e iria ao
Não se sentiu decepcionada quando lhe grunhiu e não gritou seu amor por ela.
Decidiu que era muito cedo para que lhe dissesse o que tinha em seu coração. Os
sentimentos eram muito novos, e Nathan era muito obstinado. Poderia demorar
outros seis meses em pronunciar as palavras que ela queria escutar. Ela podia
Além disso, em seu coração, já sabia que a amava, e o fato de que não estivesse
preparado para sabê-lo não lhe incomodava em nada.
Sara não desceu para jantar. Quando Nathan a ajudou a tirar a roupa se
sentiu torcida, e pensar em ficar algo sobre a pele ardente lhe provocava
vontades de gritar.
Nora lhe deu uma garrafa de massa verde. Sara disse algumas palavras
violentas enquanto Nathan lhe aplicava a loção pegajosa nas costas e os ombros.
para baixo, e quando já não pôde suportar os tremores dormiu sobre Nathan.
Ao dia seguinte, Nathan não fez nenhum comentário rude quando deu um beijo
em Sara para despedir-se. Fingiu que não lhe importava a máscara de massa
Sara passou os dois dias seguintes com sua tia. O reverendo Pickering as
visitou pela segunda vez. Sara lhe explicou a razão pela qual tinha utilizado essa
linguagem tão soez em sua presença. Pickering sorriu. Parecia aliviado pela
confissão da Sara, e seu modo de tratar Nora foi muito mais quente.
Durante sua visita, o reverendo mencionou que havia um navio que partia para
tia e escreveu uma carta a sua mãe. Contou-lhe tudo sobre sua aventura, quão
feliz era e se gabou de que Nathan tinha resultado ser um marido amável,
ao capitão do navio.
Quando Nathan retornou à manhã seguinte, Sara estava tão feliz de o ver
Sara não podia acreditar que fosse possível ser tão feliz. Estar casada com o
Nathan era como viver no paraíso. Nada poderia destruir seu amor. Nada.
Desejava que todos pudessem ser tão felizes, e uma noite o comentou a Nora
Nora—.
A gente não tem que ser jovem para sentir amor, querida. Matthew, quer um
brandy?
—Você fica quieta. Nora ficou de pé e se dirigiu para a porta. —Sua pele
—Ela é muito para mim, Sara, mas não deixarei que isso se interponha em
meu caminho. logo que ponha em ordem minhas coisas, voltarei para terminar
Sara aplaudiu.
celebração.
—Será melhor que o mencione agora ou nunca retornará aqui. Uma noite de
paixão é uma coisa, senhor, mas um plano para viver o resto de seus dias em
licencioso como você acredita que é. Nora era muito feliz com seu Johnny.
Devem-lhe gostar dos homens licenciosos. Nora me confessou que você era um
homem tenro, Matthew Sei que a ama. Ela também deve lhe amar, se o deixou
deitar-se com ela. Como disse a Nathan não faz muito, isto resolveria muitos
problemas. O tio Henry não enviaria ninguém a procurar Nora se soubesse que ela
tem alguém forte que a proteja. Você cuidaria de seus interesses. E me sentiria
—Está bem. Perguntarei a Nora. Mas tem que me prometer que o aceitará se
lhe dar um pudico beijo na bochecha. aproximou-se de Nathan e lhe fez uma
descarada careta.
—Temos que subir agora, marido. Matthew quer estar a sós com Nora.
Teve que o arrastar dentro da casa e logo pela escada. Ele queria que lhe
Sara desejou boa noite a sua tia, e logo subiu pela escada. passeou-se pela
pergunta e se Nora tinha dado sua resposta. Quando Nathan se cansou de ver
como gastava o tapete, jogou-a sobre a cama e lhe fez amor apaixonadamente.
Despertar da Paixão Julie Garwood
dormiram abraçados.
Matthew. Sara o adivinhou logo que viu o radiante sorriso de sua tia.
Matthew explicou que teria que retornar a Inglaterra para arrumar seus
assuntos e vender sua cabana. Não levaria Nora com ele, pois sua vida correria
quis casar-se antes de partir, e como Nathan tinha decidido fazê-lo uma semana
depois, o casamento se fixou para na sábado seguinte. Foi uma cerimônia simples.
Sara chorou durante toda a celebração, e Nathan passou todo o tempo lhe
secando as lágrimas.
Nathan pensou que era a mulher mais lhe exasperem. Observou como sua
pequena esposa murmurava e ria com sua tia, e percebeu a alegria que brindava a
outros.
Ouviu que dizia a Matthew que seu desejo mais fervente era que seu
matrimônio fosse tão perfeito como o dela. Então riu. Realmente, Sara era uma
romântica incurável.
Era... perfeita.
Capítulo 12
ensinar a Sara como preparar uma boa sopa. A mulher parecia não poder
aprender a cozinhar, mas Ivan não se atrevia a dizer a verdade. O resto dos
jogavam a sopa no mar. Seus estômagos vazios não eram tão importantes como os
sentimentos de Sara.
Logo Sara quis aprender a fazer bolachas. Os que havia nas latas de madeira
que preparasse um turno. Ela trabalhou durante toda a manhã com as bolachas.
Os homens fingiram apreciá-los, mas estavam tão duros como pedras e estavam
logo molhou suas bolachas em uma taça cheia de bebida. A manhã seguinte, até
ele teve que admitir a derrota. As bolachas ainda não se podiam comer.
Matthew sugeriu que usassem os restos como balas para os canhões. Nathan
noite se vingou comendo a comida mais asquerosa que podia comer um homem.
molhados em geléia de morango a ajudaram com o truque. Nathan logo que chegou
Sara parecia ter um estômago de ferro e uma discriminação pouco comum para
Era meia manhã quando cruzaram pelo mole cheio de gente. O sol brilhava com
tanta intensidade que fazia entrecerrar os olhos. Também fazia calor. A porta
disse:
—por que pensa que mencionaria sua claudicação? Que classe de mulher acha
que sou? Nathan, eu sei o que é apropriado e o que não o é. É uma vergonha que
acostumando a que lhe dissesse quanto lhe amava. Deixou esse pensamento de
lado e continuou.
—É insultante.
Ele a beijou para ter um momento de paz, mas antes de que pudesse deter a
puxou em seus braços e se deixou levar. Ela abriu a boca antes de que ele a
obrigasse. Introduziu-lhe a língua para lhe esfregar a dela. Não se importou que
dele. Ele sorriu ante essa reação. Então Sara percebeu um grupo de estranhos
Despertar da Paixão Julie Garwood
deu as costas antes de que ele pudesse pensar em uma resposta apropriada.
—Vêm conosco?
de Jimbo.
rua. Ele os seguiu com o semblante franzido pela forma em que sua esposa se
encarregou do assunto.
—E a propósito —ouviu que dizia Sara—, façam o que façam, não mencionem a
Colin sua claudicação. Ele é muito sensível sobre esse tema, o asseguro.
—Não, não o conheço —respondeu Sara—. Mas Nathan me avisou. Meu marido
agradecida.
Ela se sentiu muito irritada por essa atitude. Ela não era a que tinha mau
caráter no casal. Como era tão doce decidiu não enfrentar Nathan. Esperaria até
demorou para perceber que seu caráter também era encantador. Tinha um
castanha. Era atraente embora certamente não tanto como Nathan. Colin não
tinha sua altura nem sua musculatura. Sara tinha que olhar para cima, mas não
lhe doía o pescoço como acontecia sempre quando Nathan estava a seu lado e
Pensou que era rude de sua parte estar olhando fixamente ao homem e
—Por fim posso conhecer a noiva —disse Colin—. É mais formosa de perto,
—Pelo amor de Deus, Colin, não tem que fazer uma demonstração. Não a
impressionará.
Dolplin atuar assim —deu uma cotovelada nas costelas de Matthew—. E você?
Colin não soltou a mão de Sara. Não importou. —Obviamente, a Nathan sim.
—Solte-a, Colin.
—Não até que faça uma apresentação apropriada —replicou Colin. Piscou os
encantadora, pensou Colin. Nathan tinha se dado conta de sua imensa fortuna?
Colin se voltou para seu amigo para formular essa pergunta, e logo decidiu
—E bem?
braços, e disse:
—Pergunto-me por que não quer que segure a mão a de sua esposa —disse
lentamente.
Não soltou a mão de Sara e continuou olhando fixamente a seu amigo. Nathan
—Você o agrada?
Ela assentiu com a cabeça antes de que Nathan ordenasse ao Colin que
—OH, sim, agrado-lhe muito —respondeu. Tratou de afastar a mão, mas Colin
Nathan?
provoco Nathan.
Colin inclinou a cabeça para trás e riu. Sara não pensou que seu comentário
lhe amargurou.
—esqueça ordenou Nathan. Sabia que Colin estava referindo a seu comentário
distância...
presença. Estava cumprindo uma missão, para determinar se certa posse poderia
—me permita tirar estes papéis da cadeira, lady Sara, e poderá sentar-se e
—Não é uma história feliz, Dolphin —intercedeu Jimbo. Como não havia outras
cadeiras disponíveis se apoiou contra a parede. Seu olhar estava dirigido a Sara
—Que inimigo nos atacou? —perguntou Sara—. OH, deve-te referir a esses
horríveis piratas.
Despertar da Paixão Julie Garwood
—Não.
franziu o semblante para lhe fazer notar que sua arruda negativa não tinha
sido apreciada.
divulgassem seus pecados veniais como trapos ao sol—. Matthew está brincando.
Verdade, Nathan?
Colin trocou de tema ao ver o alivio que sentiu Sara. Decidiu esperar até que
ele e Nathan estivessem sozinhos para averiguar a história que havia atrás das
sombrinhas.
—Sara!
—Por favor não me levante a voz frente a seu sócio — ordenou.
—Um caráter rude —respondeu—. Não posso imaginar por que você e Nathan
—Não me atrevo a assentir, porque seria desleal com meu marido —lhe
Colin estava percebendo muito mais que isso. Ao parecer, Nathan não podia
deixar de olhar a sua esposa. Tinha um brilho quente nos olhos que Colin nunca
tinha visto.
—Não tem que me chamar de senhor —disse Colin a Sara—. Por favor, me
Sara? Não é muito formal? depois de tudo, agora forma parte da empresa.
Nathan pensou que a pergunta era ridícula. Não o agradava a forma com que
Colin estava adulando a sua esposa. Confiava plenamente em seu amigo, e se não
tivesse sido por isso não teria permitido que se ocupasse tanto de sua esposa,
pelo menos não até o ponto de sentir-se ciumento. Mesmo assim estava se
irritando.
—Não, suponho que não posso. É uma lástima que não tenha posto outros
apodos.
Despertar da Paixão Julie Garwood
—Demônios, Colin, não vai terminar com este jogo? —interrompeu-lhe Nathan.
Sara ergueu os ombros. Estava olhando com cenho a seu marido. Nathan
pensou que era porque havia dito uma blasfêmia acidentalmente. Quase se
—Não, Colin, ele nunca me diz palavras carinhosas —explicou Sara. Parecia
—E se o tenho feito, você não pode. Sócios ou não, Colin, não vai chamar a
Assim que esse era seu jogo, pensou Nathan. Está tratando de averiguar
quanto me importa Sara. Sacudiu a cabeça diante de seu amigo, e logo o olhou de
chamando a atenção de seu marido—. Tem minha permissão para usá-lo você
também.
—Maldição, Sara.
—Disse...?
Até ele percebeu a nota de humor e riu com outros. Logo, Matthew lhes
recordou que havia negócios que atender e que seria melhor continuar com eles.
Colin anunciou que tinham cinco contratos mais para transportar materiais à a
Índia.
—Sei qual é meu dever —replicou Sara—. Não tem que me explicar isso frente
a meu pessoal.
—Não entendi isso. Qual é o dever que tem que cumprir para que todos
sejamos ricos?
Pela forma em que se ruborizou lady Sara, Colin concluiu que era um assunto
pessoal. Recordou que Nathan havia dito que o tesouro do rei não seria entregue
até que Sara lhe desse um herdeiro a seu marido. Entretanto, pelo óbvia
por ir, Colin Tenho assuntos pessoais que arrumar antes de que termine a
semana.
—OH, céu santo, Matthew, não falou a Colin sobre a Nora —intercedeu Sara.
—Quem é Nora?
Sara se sentiu feliz de explicar. Não percebeu os detalhes que tinha dado até
—Não posso dizer nada mais sobre a rapidez do casamento, Colin, porque ao
Desde sua posição depois do escritório Colin podia ver a rua. Sara tinha
Despertar da Paixão Julie Garwood
sua tia quando uma carruagem negra se deteve na rua de em frente. Cinco
atendendo a Sara.
Sara não prestou atenção aos homens. Estava decidida a convencer Colin de
que sua tia era uma mulher decente e de que nunca teria se comprometido tão
apaixonadamente com Matthew se não o tivesse amado com todo seu coração.
Também queria que prometesse que não diria uma palavra do que lhe havia dito
de sua tia.
logo que o prometeu quis voltar-se para ver o que estava fazendo seu marido.
—Colin, não quero ferir seus sentimentos, mas acredito que é um pouco
paredes e pôr cortinas. Gostaria fiscalizar esta tarefa. Rosa seria uma cor
—Não —lhe respondeu com um tom tão animado que ela não se sentiu
centro do escritório e tirou uma pistola—. Rosa é cor de mulher. Nós somos
Fez uma careta para indicar que estava brincando. Além disso, embora não
lhe conhecia bem, estava segura de que não lhe dispararia porque não lhe tinha
Quanto a isso, onde estava seu marido? Sara ficou de pé e se dirigiu para a
porta. Viu Nathan no meio de Jimbo e Matthew na calçada de enfrente. O trio
estava bloqueando a porta de uma carruagem negra. Sara não podia ver o escudo.
Ela estava a ponto de fazê-lo quando Jimbo trocou de posição e viu a crista.
Colin não respondeu, já que Sara já tinha saído. Guardou a pistola em seu
bolso e a seguiu.
que seu pai e Nathan se estivessem entendendo. E quem eram esses homens?
tinha todo seu cabelo, embora cor cinza, e seu abdômen era muito firme. Media
quase um metro oitenta. Tinha os mesmos olhos castanhos que Sara, embora esse
era o único parecido que tinham. Seu nariz era aquilino. Quando franzia o
momento, seus Olhos desapareciam depois de umas pequenas rugas. Quando tinha
Sara não tinha medo de seu pai, mas lhe preocupava com a simples razão de
que era um homem imprevisível. Ela nunca sabia o que ia fazer. Sara ocultou sua
preocupação e correu a abraçar a seu pai. Nathan percebeu como o conde ficou
—tive meus homens vigiando a água desde dia em que se foi, Sara. Agora
marido.
—Casa? Mas pai, estou casada com Nathan. Devo ir para casa com ele.
A Sara não gostava de vê-la. Belinda estava sorrindo. Esse não era um bom
sinal. As únicas vezes que Belinda parecia feliz era quando havia problemas.
Belinda tinha aumentado grandemente de peso desde que Sara a viu da última
vez. As costuras do vestido dourado estavam para fora. Sua irmã era de ossos
grandes e propenso à gordura, e os quilos que tinha ganho lhe tinham acumulado
na barriga. Parecia grávida. Quando era uma menina, Belinda era—, irmã bonita.
Por outra parte, Sara tinha sido uma menina singela, de pernas magras. Era
Durante um ano cuspiu cada vez que falava. Ninguém exceto sua babá e sua avó
reparavam nela.
Era um pecado não querer a sua irmã, e só por essa razão Sara queria a
Belinda. Ela compreendia o cruel gênio de sua irmã. Tinha nascido de todas as
decepções que tinha sofrido, e Sara sempre tinha tratado (ser-lhe paciente e
pormenorizada com ela. Quando Belinda não estava zangada por algo, podia ser
realmente agradável.
saudou. A forma em que apertou o braço de Nathan não coincidia com o tom
Sua irmã olhou com rudeza para Nathan enquanto devolvia a saudação.
—Sua mãe está em casa, onde pertence. Sobe à carruagem, filha. Não quero
problemas, mas estou preparado para eles —adicionou—. Vem conosco. Ninguém
—OH, papai —interrompeu Belinda—, sabe que isso não é verdade. Todo
mundo sabe. Bom, tendo em conta todas as notas que recebemos desde que Sara
se foi.
Sara se moveu tão rapidamente que Nathan não teve tempo de detê-la.
—Não tolerarei insolências. Poucos que sabem sobre sua vergonhosa conduta,
filha —continuou, dirigindo seu cenho e sua atenção para Sara—, manterão suas
eu o solucionarei.
Sara estava mais preocupada que nunca. Quando seu pai atuava com tanta
contrato.
A Sara doía mais o estômago. Teria que desafiar a seu pai. Era a primeira
vez. enfrentou ele freqüentemente, mas sempre tinha sido para defender a sua
—Lamento te decepcionar, pai, mas não vou contigo. Meu lugar é junto a meu
marido.
mais rápido. Tomou a mão do conde e a apertou. Forte. Queria lhe romper o osso
em dois.
Sara o deteve. Quando ela se apoiou contra ele, Nathan soltou imediatamente
a seu pai e lhe apoiou o braço no ombro. Sentiu que estava tremendo e se
Sara não podia acreditar o que estava acontecendo. Tratou de ficar diante do
Nathan para o proteger. Ele não permitiu que se movesse. Apertou-a e continuou
olhando fixamente a seu pai. Sorriu. Sara não compreendia essa reação.
para ele e sussurrou—: Não tem pistola. Eles sim. Por favor, tenha em conta a
diferença, marido.
Nathan deixou de sorrir e a olhou. Ele sabia o que ela não sabia, que a
diferença estava em seu favor. Pelo menos oito membros de sua tripulação tinham
Também estava o fato de que seu pai estava alarmado. O seu olhar indicava a
Nathan que não tinha a intenção nem o valor para uma confrontação direta.
—Isto está completamente fora de controle — disse Sara a seu pai. Estava
tão desgostosa que lhe tremia a voz—. Ordena a seus homens que guardem suas
—Não lhe vai machucar —gritou Colin farei um buraco na frente se o tentar.
Sua postura era relaxada e tinha um sorriso nos lábios, mas a frieza de seu
olhar indicava claramente que cumpriria com sua ameaça sem remorso.
posições. Quando guardaram suas armas, tentou outra forma de obter a vitória.
—Belinda, fale com sua irmã sobre sua mãe. Como Sara se nega a vir a casa,
Belinda tinha retornado junto a seu pai. Deu-lhe um tapa no braço para que
começasse.
—Sara, realmente deve vir conosco —lhe disse Belinda. Olhou sobre o ombro a
seu pai, recebeu sua aprovação e continuou—. Mamãe está gravemente doente. É
—Ela anseia te ver outra vez —demarcou seu pai—. Embora pela forma em que
—Mamãe não está doente. Isto é um ardil para que deixe Nathan, verdade?
—Nunca utilizaria a sua mãe dessa maneira —respondeu seu pai com
indignação.
Voltou a dar um tapa em Belinda. Nathan o percebeu e soube que a cena que
estava presenciando tinha sido ensaiada. Esperava que sua esposa também fosse
—Mamãe adoeceu depois de que foi, Sara. Ela não sabia se tinha afogado, ou
Não estava segura de que seu pai soubesse que lhe tinha deixado uma nota
explicando a sua mãe que ia ajudar a Nora para que retornasse a seu lar. Sua
mãe poderia haver ocultado a nota de seu pai—. Enviei a mamãe uma extensa
carta quando Nathan e eu chegamos a nosso destino. Mamãe já deve ter recebido
a carta.
Sara estava a ponto de discutir que tinha enviado só uma carta, mas não teve
filha, o assunto não está resolvido, e por essa razão devemos seguir usando a
discrição.
—Levaria me a ver minha mãe? Estarei preocupada até que fale com ela.
—Por favor, diga a mamãe que iremos visita-la tão logo Nathan termine com
Sara do Nathan para pôr seu plano em ação. Não gostava dos conflitos diretos.
Era muito mais satisfatório ter a surpresa de sua parte, e também menos
perigoso. Entretanto, quando o marquês lhe disse que se fosse, explodiu sua
fúria.
é uma questão de tempo para que diga se violou o contrato. Espera e verá.
—De que demônios fala? —perguntou Nathan—. Está louco se pensar que violei
alguma condição. Este matrimônio não será invalidado. Já me deitei com minha
O rosto do conde ficou vermelho. Sara nunca o tinha visto tão furioso.
—Esta é uma conversa privada —anunciou o pai da Sara. Fez um gesto a seus
—diga a seus homens que se retirem —ordenou—, a menos que queira que
voltou-se para Nathan—. Sara nos escreveu, nunca saberíamos se ela não o
tivesse feito.
—OH, Sara, não atue tão inocentemente. Já não é necessário —voltou a olhar
para Nathan e sorriu—. Ela nos falou sobre seu pai. Agora sabemos tudo sobre o
—É obvio que Sara só nos deu os ossos cortados, mas uma vez que tivemos a
o resto foi indagar. Quando papai tenha terminado, todo mundo em Londres
a Nathan—. meu Deus, seu pai quase derrubou nosso Governo. Maquiavel era um
santo comparado com seu pai. Agora esses pecados pesam sobre seus ombros —
destruído.
Seu pai ignorou sua súplica. Seu olhar estava dirigido a Nathan.
Nathan estava tão surpreso pelos comentários do conde que uma fúria que
jamais havia sentido começou a lhe queimar por dentro. Como tinha averiguado o
maldito tudo isso sobre seu pai? E quando se fizesse público, como reagiria sua
irmã Jade?
Era como se o conde lhe tivesse lido a mente.
—Pense em sua irmã. Lady Jade está casada com o conde do Cainewood,
verdade? Ela e seu marido são muito apreciados. Isso logo mudaria —adicionou
sociedade, o prometo.
Sara estava aterrorizada por Nathan. Como se tinha informado seu pai desse
assunto sobre o conde do Wakersfield? Quando Nora lhe confiou esse segredo,
Então compreendeu o que seu pai e sua irmã estavam tratando de fazer.
Sacudiu a cabeça imediatamente. Não, isso não tinha sentido, pensou. Como
—. Mas eu...
Belinda a interrompeu.
Você nos disse isso. Já não tem que seguir mentindo. logo que papai se
inteirou da novidade fez o que pediu. Pelo amor de Deus, teria que estar feliz.
Então poderá casar com um cavalheiro que a mereça. Não é isso o que disse,
papai?
contigo.
—É por isso que está mentindo, Belinda? Não quer se casar com o duque, e
Despertar da Paixão Julie Garwood
—Não estou mentindo —replicou Belinda—. Você nos deu a informação que
necessitávamos. Papai diz que pedirá que toda a terra que o marquês herdou de
seu pai seja confiscada. Quando papai tenha terminado —acrescentou com tom
Sara negou com a cabeça. As lágrimas lhe corriam por suas bochechas. Estava
tão humilhada de que sua família atuasse dessa maneira tão cruel, tão sádica.
Nathan não havia dito uma palavra. Quando afastou o braço dos ombros de
Sara, o conde pensou que sua jogada tinha dado resultado. Se regozijava com a
vitória. Tinha escutado que o marquês do St. James era um homem cínico e
Sara precisava escutar que seu marido lhe dissesse que lhe acreditava.
—Nathan? acha que escrevi a minha mãe e falei sobre os pecados de seu pai?
—por que não? Todas as evidências não dizem o contrário. Esse segredo
—Não a conheço bem para julgar se posso confiar ou não em você —lhe
respondeu. Estava sendo brutalmente honesto com ela—. Mas você é uma
Winchester —adicionou com um significativo olhar a seu pai.
Colin olhou para Nathan. Sabia que seu amigo estava muito angustiado,
embora duvidava de que alguém tivesse percebido essa dor. Nathan tinha uma
suas reações. Ironicamente, tinha sido uma mulher que lhe tinha ensinado como
proteger seu coração. Agora outra mulher parecia estar provando que o cinismo
—por que não volta a perguntar para Nathan? —sugeriu-lhe com tom suave.
—Ele deveria ter suficiente fé em mim para saber que nunca o trairia.
—fui tão idiota sobre tantas coisas, pai —lhe disse—. Procurei desculpas para
sua pecaminosa conduta, mas depois de tudo Nora tinha razão. Não é melhor que
seus irmãos. Repugna-me. Deixa que seu irmão Henry se ocupe do castigo quando
está aborrecido. Dessa maneira suas mãos ficam limpas, não é? OH, Deus, não
filha.
—Quanto a você, espero que se ajoelhe e peça perdão a Deus por todas as
mentiras que disse hoje. Pode dizer a mamãe que lamento que não se sinta bem.
irei vê-la quando estiver segura de que nenhum de vocês estão em casa.
depois de dizer tudo isso, Sara deu as costas a sua família e cruzou a rua.
discussão durou vários minutos mais até que finalmente Nathan deu um passo
adiante.
Então o pai da Sara tentou ir ao escritório. Gritou tão forte o nome de sua
filha que lhe incharam as veias do pescoço. Nathan bloqueou o caminho. Essa
—Ela pode ter dito —disse Matthew— mas só da forma em que falou sobre a
—Digo que ela não disse nada —replicou Jimbo. cruzou-se de braços e olhou
fixamente para Colin quando fez essa afirmação—. Você não ajudou, DolphÍn —
adicionou—. Poderia ter feito trocar de idéia ao moço se tivesse defendido Sara
conosco.
—A última vez que saí em defesa de uma mulher, quase mataram Nathan —
replicou Colin.
Nathan não estava escutando a seus amigos. Seu olhar estava dirigido para a
a cruzar a rua—. vá desculpar se com Sara. Viu seu olhar, Matthew? Partiu-me
—Nathan não se desculpará —disse Colin—. Não sabe como fazê-lo. Mas
possivelmente está o suficientemente tranqüilo para escutá-la.
Sara não tinha idéia de que Jimbo e Matthew a tinham defendido. Acreditava
que todos a tinham condenado. Estava tão desgostosa que não podia deixar de
Nathan quando ela admitiu que sabia a verdade a respeito de seu pai.
Sara nunca havia sentido tão sozinha. Não sabia onde ir, a quem recorrer, o
que fazer. Não podia pensar. Sua fantasia de viver no paraíso com o homem que
Nathan nunca a tinha amado. Era como haviam dito seus familiares. Só
procurava a dote do rei. Acreditou que todas eram mentiras para que seu
A dor era muito intensa, muita dor para pensar. Sara recordou a vil ameaça
que seu pai tinha feito contra a irmã do Nathan. Embora não conhecia a mulher
sabia que seu dever era acautelá-la para que pudesse preparar-se.
Este plano lhe deu uma razão para mover-se. Ninguém se deu conta quando
saiu. Estavam ocupados gritando uns aos outros. Ela caminhou até a esquina, mas
quando já não a viam começou a correr. Seguiu correndo até que ficou sem
fôlego.
Deus teve piedade dela, já que quando não podia dar um passo mais viu uma
Sara não tinha moedas. Tampouco sabia a direção a que tinha que ir.
Entretanto, não podia preocupar-se com a falta de dinheiro. Decidiu que o chofer
sentou em um rincão. Seu temor era que Nathan tivesse enviado algum de seus
Despertar da Paixão Julie Garwood
Nathan não tinha idéia de que Sara não estava esperando dentro do
escritório. Tratou de tranqüilizar-se antes de voltar a falar com ela. Não queria
desgostá-la mais. Não podia imaginar o que foi sua vida com uma família tão vil.
Não demorou para dar-se conta de que sua esposa não estava ali. Olhou na zona
Sentiu pânico. Sabia que não foi com seu pai, assim que isso significava
aterrorizou Nathan. Seu rugido retumbou nas ruas. Tinha que encontrá-la.
Necessitava dela.
Capítulo 13
Despertar da Paixão Julie Garwood
seu chapéu.
Sara subiu correndo pela escada e golpeou a porta. Queria entrar na casa
antes de que a vissem seus familiares. Também tinha medo de perder o valor
Um homem alto, com aspecto arrogante e rugas nos olhos, abriu a porta.
Parecia bastante rústico, mas o brilho de seus olhos escuros indicava que era
amável.
arrogante.
—Devo ver lady Jade imediatamente, senhor —respondeu Sara. Olhou sobre
seu ombro para assegurar-se de que não a estavam observando—. Por favor, me
deixe entrar.
rapidamente junto a ele, logo lhe pediu com um sussurro que fechasse a porta
—Espero que sua senhora esteja aqui —lhe disse—. Não sei o que vou fazer se
lágrimas.
—Graças a DEUS.
O mordomo sorriu.
—Sim, madame, freqüentemente agradeço a Deus que a envia a mim. Agora,
mão.
Até esse momento, ela não se deu conta de que a estava sustentando, e a
soltou imediatamente.
com o primeiro?
Pergunta-a foi muito para ela, e para consternação do mordomo, Sara ficou a
chorar.
—Estava acostumado a ser lady Sara Winchester, mas isso mudou, e agora
sou lady Sara St. James. Agora isso também vai mudar —exclamou—. Amanhã
não sei qual será meu nome. Suponho que Rameira. Todos acreditarão que vivi em
pecado, mas não o fiz, senhor, não o fiz. Não foi pecaminoso.
deteve-se para secar as lágrimas com um lenço que lhe entregou o mordomo.
Sara percebeu que se estava comportando como uma tola. O mordomo estava
estava sua biblioteca, quando ouviu que Sterns lhe perguntava o nome completo a
disse:
—Não devia vir. Agora compreendo. Enviarei-lhe uma nota a sua senhora.
—lhe dê a volta.
Sterns não teve que obrigar a Sara. Ela se moveu sem que tivesse que tocá-
la.
equilíbrio.
explicação a respeito de que se converteu em uma St. James adicionou quando viu
—Mas senhor, esta não é uma visita social —lhe explicou Sara—. Quando
—É uma vergonha que pense que seríamos tão pouco hospitalares —replicou o
conde. piscou um olho e a levou a seu lado—. Agora somos da família. me chame
—Vamos, vamos, não comece a chorar outra vez. Não pode ser tão terrível.
Então vieste a nos contar algo sobre Nathan? Pergunto-me o que tem feito.
—Ele não tem feito nada —lhe respondeu entre soluços—. Além disso, nunca
—E você?
—Não vim aqui para falar do Nathan —lhe explicou— logo nosso matrimônio
terminará.
Foi um considerável esforço para o Caine conter seu sorriso. Assim depois de
—Assim é, marido.
Sara pensou que a irmã do Nathan era a mulher mais formosa que jamais
tinha visto. Tinha um cabelo castanho avermelhado maravilhoso. Seus olhos eram
tão verdes como os do Nathan e sua cútis era de porcelana. Ao comparar-se com
esforçou-se por deixar de lado seu aspecto físico e começou a rezar para que
—Já sabemos que está casada com Nathan —comentou Caine—. Não pode
indicava que não estava irritada pelo comentário de seu marido—. Caine adora a
Estou muito agradada de te conhecer, Sara. Onde está Nathan? Virá logo?
Sara negou com a cabeça. Teve que sentar-se e se desabou na cadeira mais
próxima.
—Não quero voltar a lhe ver —sussurrou—. Exceto para lhe dizer que não
quero voltar a lhe ver. OH, não sei por onde começar.
matrimoniais», como uma tentativa de qual podia ser o problema. Jade assentiu
a ela.
—Não importa o que ele tenha feito, Sara, estou segura de que os dois
jade.
—Não, querida, brigávamos antes de nos casar, não depois —replicou Caine.
Jade estava a ponto de discutir sobre esse ridículo comentário quando Sara
disse:
—Não vim para discutir meu matrimônio. Não... por que não sou o que
esperava?
Jade sorriu.
—Que escândalo?
Sara. Cruzou as mãos sobre sua saia—. Conhecem as condições do contrato entre
o Nathan e eu?
—O rei George, graças a sua mente doente, estava decidido a terminar com a
Nathan e eu e logo adoçou a amargura dessa ação destinando uma grande fortuna
em ouro e uma parcela de terra que está situada entre as propriedades das duas
cobiçada que o ouro, já que é fértil e a água que baixa da montanha diretamente
com o contrato, o tesouro pertence ao Nathan logo que eu seja sua esposa.
—Tinha quatro anos. Meu pai o assinou em meu nome, é obvio. Nathan tinha
quatorze anos.
—Mas isso é... desatinado —demarcou Caine—. Não pode ser legal.
—O rei decretou que era legal e válido. O bispo estava com ele e benzeu o
matrimônio.
Sara não podia olhar a Caine nem a jade. Já tinha terminado com a parte
a saia.
—Se não cumprir com o contrato, Nathan obtém tudo. E se ele não o cumpre,
então eu... melhor dizendo minha família receberia tudo. Foi um jogo muito
motivos do rei foram honestos. Parecia obcecado porque todo mundo se levasse
bem. Trato de recordar que tinha suas melhores intenções para nós.
Caine não estava de acordo com essa solução, mas guardou sua opinião.
Interrompi-te. Por favor, continua com sua explicação, Sara. Vejo que isto a
incomoda muito.
continuava.
—Caine —interveio Jade—, é óbvio que não foi a casa com seu pai. Está aqui
conosco, pelo amor de Deus. Sara, não compreendo por que seu pai queria que
tudo, e não acredito que os Winchester permitissem isso. Além disso, suponho
que você e Nathan estiveram vivendo juntos como marido e mulher. É muito
—Querida, deixa que Sara nos explique —sugeriu Caine—. Logo formularemos
nossas perguntas.
continuou Sara.
Nem Caine nem jade disseram nada durante um minuto. Caine abraçou a sua
—Lamento ter que contar isto sobre seu pai —sussurrou Sara. Sua angústia
era evidente—. Mas deve tratar de não lhe condenar. Não pode conhecer as
Não sabia que mais dizer. Jade estava pálida, e parecia que ia desmaiar.
—Nathan e eu sabíamos de nosso pai fazia tempo —voltou para seu marido—.
Está equivocado, Caine. O segredo alguma vez deveu saber—se voltou para a
tristeza de sua voz indicava sua dor—. Quase menti a Nathan porque me olhava
—Sim, sabia, Jade. Entretanto, não posso dizer como o averigüei. Seria
desleal.
—Desleal? —Jade teria saltado de seu assento se seu marido não a tivesse
Sara nem sequer tratou de defender-se. Se seu próprio marido não tinha
—Senti que era meu dever vir lhes advertir. Me desculparia por minha família,
mas decidi renunciar a ela, e de qualquer maneira isso não aliviaria sua tortura.
—Aonde vai agora? —gritou Caine. Tratou de ficar de pé, mas sua esposa o
—Devo me assegurar de que minha mãe está bem —lhes explicou Sara—. E
logo irei a casa —depois de dizer isso, Sara abriu a porta e se foi.
—Muito para ter renunciado a sua família —sussurrou jade—, deixa que se vá,
Caine. Não quero voltar a vê-la. OH, Deus, temos que encontrar Nathan. Deve
—Ainda não me importa o que pensam outros, exceto você, marido. Estava
falando sobre a traição da Sara. Ela traiu a meu irmão, e é por isso que acredito
negou.
—Nathan já a julgou. Sara nos disse que ele acreditava que o tinha traído.
—Não —replicou Caine—. Ela disse que lhe perguntou se sabia de seu pai.
Jade, não pode saber o que pensa até que o pergunte. Seu irmão é um dos
homens mais cínicos que conheci, mas esperava algo melhor de ti.
defendeu.
—Disse-nos que se ia a sua casa. Uma mulher que afirma que renunciou a sua
—até agora tirei uma só conclusão. Sara ama Nathan. Tudo o que terá que
fazer é olhá-la. teria se incomodado em vir a nos avisar se não lhe importasse
sabia que queria que a detivesse — voltou para Jade— Espero que não se importe
que tenha dado algumas moedas a sua cunhada. Lady Sara não tinha dinheiro e
Sterns pudessem abrir a porta se abriu de par em par e Nathan entrou no salão
caminho do Nathan.
aqui? Deve vê a sua afilhada? Olivia está dormindo, mas estou seguro de que com
—Não tenho tempo para ser sociável —lhe respondeu Nathan—. Olivia está
bem, não é?
pela escada.
—irei ver a menina —anunciou Sterns—. Quererá que a embale para voltar a
dormir.
extremamente bem, e Caine não estava seguro de quem estava mais obstinado a
quem.
Caine se voltou para dar uma boa reprimenda a Nathan por ter perturbado o
sono de sua filha, mas quando viu a expressão do rosto de seu cunhado mudou de
idéia. Era uma expressão que jamais tinha visto no rosto do irmão de Jade.
—sente-se ordenou.
logo disse:
logo que ela assentiu com a cabeça, ele se voltou para ir-se.
—Sempre foste um homem de poucas palavras —disse Caine—. por que tanta
pressa?
Está perdida.
—Pelo amor de Deus, Nathan, tem que grunhir cada vez que abre a boca?
Entra.
O soluço da pequena Olivia foi seguido pelo golpe forte de uma porta.
vozes.
Caine levou a seu cunhado até a sala e fechou as portas antes de lhe
responder.
—Sara veio a nos acautelar. Não foi tão brusca como você —adicionou
secamente.
Jade se aproximou e tomou a mão de Nathan para que não pudesse ir outra
vez. Começou a responder a sua pergunta, mas se deteve quando Caine indicou
—Diremos onde foi Sara depois que se sente e fale conosco —explicou Caine—.
—Não tenho tempo para isto. Tenho que encontrar Sara. Terei que te romper
—Sara está a salvo —respondeu Caine. Tirou dos ombros a jade e a conduziu
ao sofá.
perguntas, Nathan, e não te direi aonde foi Sara até que obtenha algumas
respostas.
Nathan sabia que era inútil discutir. Tampouco teria sentido golpear a seu
Essa era uma das muitas razões pelas quais Nathan admirava o marido de sua
irmã.
—por que demônios não pode parecer um pouco mais a Colin, —perguntou-lhe.
sentou-se e olhou fixamente Caine—. Jade, casou com o irmão equivocado. Colin
é muito mais agradável.
—por que o contou ou por que acredito que o fez? —perguntou-lhe Nathan.
respostas evasivas, Nathan. Vejo que este tema o incomoda. Mas não vou
Percebeu a tolice desse comentário quase ao mesmo tempo que sua irmã.
—Eu sou uma mulher —demarcou Jade—. O que tem que ver com o que
estamos discutindo?
—Sim, é obvio que você é uma mulher respondeu Nathan—. Mas você é
Ela não sabia se a tinha insultado ou elogiado. Olhou a seu marido para julgar
sua reação.
Nathan, não aprendeste nada sobre as mulheres durante o tempo que esteve
com a Sara?
Despertar da Paixão Julie Garwood
com ela, mas só porque não quer admitir que o contou. Não deve me mentir.
Provavelmente...
evitá-lo.
—Seus conceitos sobre as mulheres são espantosos —lhe disse Jade—. Não
tinha idéia de que estivesse tão confundido —advertiu que tinha levantado a voz e
tratou de acalmar-se para lhe perguntar—: Tem tão pouca fé nela porque é uma
Winchester?
Caine bufou.
—Isso não é como se a panela lhe chamasse negra à bule? Se Nathan não
tiver fé em sua esposa por sua família, ela certamente não teria fé nele.
Nathan se sentia cada vez mais incômodo. Sua família estava obrigando a
—É obvio que Sara tem fé em mim. Como disse antes, não a condeno.
—Se voltar a dizer que provavelmente não pôde evitá-lo, acredito que o
—É obvio que o farei —replicou Caine. Voltou a olhar a Nathan—. Sara disse
que ia a sua casa. Entretanto, era uma contradição. DISSE que queria ver sua
—Também nos disse que renunciou a sua família. Pareceu-me que você também
—Se tiver que romper a casa Winchester do teto ao porão o farei —gritou.
esperando.
—Deixarei que brigue a batalha principal você sozinho, irmão, mas vou contigo
a dos Winchester.
principal e saía.
esse sentimento.
Despertar da Paixão Julie Garwood
—Nathan, espero que Sara te faça sofrer. Se existir justiça no mundo, ela
Nathan não rompeu o teto da residência dos Winchester, mas sim rompeu um
parte. O conde e sua filha Belinda não estavam na casa, certamente estavam
procurando Sara, e pelo menos não tinha que enfrentar-se com sua interferência.
Isso não lhe tivesse detido, mas lhe teria demorado um pouco.
chaminé da sala e simplesmente esperou até que o marquês terminou com sua
tarefa.
Lady Vitória Winchester poderia haver economizado muito tempo a Nathan lhe
dizendo que Sara a tinha visitado e já se foi, mas o marquês do St. James
Nathan tinha esquecido de que a mulher estava na sala. dirigiu-se para ela,
deteve outra vez—. Madame, não vou machuca-la. Estou preocupado com Sara e
—por que quer encontrá-la? Ela me disse que você não se importava, senhor.
Nathan.
vida, enquanto que a mãe da Sara parecia uma mulher atemorizada, derrotada.
—É verdade que quer que Sara retorne só para obter a dote do rei? Minha
Sara está decidida a encontrar uma forma para que possa obter a terra e o
—Você destruiu sua inocência, meu lorde. Ela teve tanta fé em você durante
—Sara sempre falou muito bem de você, madame —disse Nathan—. Ela não
seu irmão Henry em nossas discussões pessoais. Sara ficava de minha parte para
equilibrar as coisas.
Nathan sacudiu a cabeça. Decidiu que à mãe da Sara ficava muito pouco
espírito quando ela ergueu os ombros e lhe olhou com o semblante franzido.
—Sara merece paz e felicidade. Não terminará como eu. Tampouco voltará
a casa —adicionou— Supus que retornaria com você. Disse que havia vários
Caine se adiantou.
—Não tenho casa de campo, recorda? Alguns dos sócios de meu pai a
incendiaram.
—Demônios, Nathan, aonde pode ter ido? Onde está seu lar?
lhe sorriu. Já sabia de quem tinha herdado sua esposa a tendência a chorar ante
a menor provocação.
—Sara o ama desde que era uma menina. Só o admitia comigo. O resto da
família a teria ridicularizado. Sempre foi muito fantasiosa. Você era seu
Caine estava surpreso pela ternura da voz do Nathan. Quando lhe fez uma
—O homem que averiguou de seu pai — explicou a mãe da Sara—. Seu nome é
Luther Grant. Trabalha como guarda, e meu marido lhe pagou muito bem para que
ajudará?
—Porque esteve mau. Esta vez Winston foi muito longe. Meu marido está
apanhado em sua cobiça e não considera o que seus planos podem provocar a
outros. Não posso permitir que Sara volte a ser sua cabeça de turco. Por favor,
não digam a ninguém que eu o contei. Seria muito difícil para mim.
prometer.
—Está aterrorizada por seu marido —sussurrou Caine—. Me adoece ver tanta
Sara, e quando se voltou para Caine, não pôde ocultar seu temor.
—E agora onde a buscarei, Caine? Aonde terá ido? meu deus, se lhe
acontecer algo não sei o que faria. Acostumei-me a tê-la a meu lado.
mole. Colin deve ter novidades. Possivelmente algum dos homens a viu.
Nathan se aferrou a essa corda de esperança. Não disse outra palavra até
que ele e Caine chegaram a seu destino. O temor estava destroçando os nervos.
Colin ficou de pé tão rapidamente que as dores lhe estenderam pela perna
doente.
respirava profundamente para aliviar a dor. Nem Caine nem Nathan lhe fizeram
nenhum comentário sobre sua dor, pois sabiam que isto só irritaria o orgulhoso
Colin.
Nathan esperou até que Colin relaxasse um pouco a tensão de sua expressão,
para o Seabawk.
que literalmente começou a sentir um suor frio. Tomou o lenço que Colin tinha
—Acredito que isso significa que ela não tem rancor —demarcou Caine.
apoiou-se no bordo do escritório e lhe fez uma careta a seu irmão—. É uma
—Praticava o que?
—Ficar de joelhos.
Capítulo 14
Nathan já não podia tolerar mais todo esse bate-papo. Tinha que ir procurar
Sara. Precisava ver por si mesmo que ela estava bem. Era a única maneira em
que poderia tranqüilizar seu coração acelerado. Tinha que saber que estava a
salvo.
Sem dizer uma palavra de despedida, deixou Colin e Caine e remou até o
Uma parte da tripulação estava de guarda nas três cobertas, enquanto que o
resto ocupava suas posições no quarto de oficiais. Alguns dos homens tinham
pendurado suas redes entre os ganchos do teto e dormiam com suas facas sobre
As redes só se usavam quando havia mau tempo ou quando fazia muito frio
para dormir em coberta. Esse dia era quente e Nathan sabia que os homens
estavam ali somente com propósitos de amparo. Estavam vigiando a sua senhora.
A porta do camarote não estava fechada com chave. Quando Nathan entrou
Tinha o travesseiro apertado contra o peito. Tinha deixado duas velas acesas
Despertar da Paixão Julie Garwood
seu rosto.
Tinha que voltar a falar com ela sobre os perigos do fogo, pensou. A mulher
Nathan fechou brandamente a porta, e logo e apoiou contra ela. Estava tão
ansioso por vê-la que permaneceu ali durante muito tempo observando como
dormia até que finalmente o pânico se dissipou e não lhe custava tanto respirar.
Não podia pensar em viver sem ela a seu lado. Que Deus o ajudasse, lhe
importava muito.
Esse reconhecimento não era tão doloroso como imaginou. Não sentiu que lhe
depois de tudo, Caine tinha razão. Tinha sido um tolo. Como tinha podido ser
tão cego, tão indiferente? Sara nunca tinha tratado de lhe manipular. Sara era
sua companheira, não sua inimiga. Não podia tolerar pensar em passar o resto de
Seu amor lhe brindou uma força renovada. Juntos podiam enfrentar qualquer
desafio, fosse da parte dos St. James ou dos Winchester. Sempre que tivesse
Pensou na forma em que podia agradar a sua esposa. Não lhe voltaria a
levantar a voz. Começaria a dizer esses ridículos nomes carinhosos que tinha
ouvido que outros homens diziam a suas esposas. Provavelmente, Sara gostaria
disso.
Ela tinha convertido o camarote em seu lar. Seus pertences estavam por
todos lados. Seu pente e sua escova de marfim, junto com uma multidão de
forquilhas para o cabelo multicoloridas cobriam seu escritório. Tinha lavado
Quando tirou a camisa teve que esquivar a roupa úmida. Não podia pensar em
outra coisa que não fosse encontrar as palavras adequadas para lhe dizer que o
lamentava. Seria difícil. Nunca tinha se desculpado com ninguém, mas estava
provisória com roupa. soltou-se uma das camisas de seda da Sara. Nathan pegou
antes que caísse no chão, e então percebeu o que sua esposa tinha usado como
corda.
Realmente não tinha querido gritar. Entretanto, seu grito não a despertou.
situação. Não podia sorrir, mas já não tinha um gesto sério no rosto. Amanhã,
pensou, depois de falar com ela sobre os perigos do fogo, mencionaria seu apego
a seu látego e lhe pediria que não o utilizasse para essas tarefas caseiras. Tirou
o resto da roupa e se deitou junto à Sara. Ela estava esgotada pela dor de
Suas intenções eram honráveis. Entretanto, logo sua frustração foi dolorosa.
Nathan considerou que merecia uma penitência pela agonia que lhe tinha
Nathan não dormiu até que saiu o sol. despertou sobressaltado várias horas
Despertar da Paixão Julie Garwood
Ela não estava ali. Tampouco estava sua roupa. Nathan ficou a calça e subiu a
procurar a à coberta.
—Colin veio hoje cedo com uns papéis para que os assinasse. Sara e Jimbo
—Sara não nos permitiu que o incomodássemos —lhe explicou Matthew—. Disse
—Quando Jimbo viu que Sara descia da carruagem começou a exortá-la sobre
—E?
—Logo o fez Colin —continuou Matthew, Logo Chester... ou foi Ivan? Não o
recordo. Nathan, todos os homens estavam alinhados esperando seu turno para
—Os homens lhe são leais —lhe comentou. voltou-se para a escada. Tinha a
Nathan recordou à mãe da Sara. Ela era uma mulher derrotada, e Nathan
sabia que seu marido Winston tinha sido o responsável por lhe romper o coração.
—Duvido que creia algo do que lhe diga. Não posso culpá-la.
—Ela te ama há anos, Nathan. Não acredito que possa deixar de fazê-lo tão
repentinamente, não importa o que lhe tenha feito. Só tem que lhe fazer saber
que confia nela. Se pisar em uma flor, a matas. O coração de nossa Sara é como
uma flor, moço. Feriu-a. O melhor será que encontre uma forma de lhe
—Não precisa gritar, moço. Ouço bem —Matthew teve que esforçar-se para
de escola— importante.
Despertar da Paixão Julie Garwood
Matthew soprou.
—Não, ela não reconheceu isso. Pensa que você quer a terra e o tesouro.
isso a princípio era tudo o que a Nathan importava, mas não demorou para
dar-se conta de que Sara era muito mais importante para ele.
resto do dia, terminou de vestir-se e se foi a Londres. Sabia que Sara estaria
segura com o Jimbo e Colin, assim foi diretamente à casa de sua irmã. Não
queria ver a Sara até que soubesse exatamente o que lhe diria.
—Como o averiguaste tão logo? —perguntou a seu irmão quando passou junto a
ela.
—Tenho que falar com o Caine —lhe indicou Nathan. Olhou na sala, viu-a
vazia, e logo se voltou para sua irmã—. Onde está ele? Não saiu, verdade?
assim —adicionou—. Está preocupado pela Sara? Ela está bem. Acabo de a levar
à habitação de hóspedes.
—Colin a trouxe —lhe explicou jade—. Nathan, por favor baixa a voz. Olivia
está dormindo uma sesta, e acredito que se desta vez a acordar, Sterns te
—Lamento-o.
Nathan?
—Não. Quero saber se desculpou com ela por ter acreditado que era culpada
de traição, irmão. Sei que ela não poderia ter feito. Ela te ama, Nathan.
Nathan não chamou. Entrou e fechou a porta com a parte traseira de sua
Caine levou um tempo para dobrar o jornal. Estava tratando de dar uns
trás e observou como caminhava seu cunhado até que lhe acabou a paciência.
—Sim.
—Diga-o, Nathan.
—É... difícil.
Sua postura era rígida. Caine pensou que estava preparado para brigar.
Despertar da Paixão Julie Garwood
Caine não estaria mais surpreso se Nathan tivesse vomitado seu jantar nesse
momento. Seu cunhado tinha o rosto cor cinza e tinha o aspecto de sofrer uma
intensa dor.
—Está bem, Nathan —lhe disse Caine—. O ajudarei como posso. me diga o
que quer.
por que?
—Não.
—Aprendi a não depender de outros, mas agora parecer não posso pensar
corretamente.
—Olhe —lhe disse Caine—, quando me casei com sua irmã, você se converteu
Nathan se aproximou da janela e olhou para fora. Tinha as mãos nas costas.
—Como?
—A amas, Nathan?
—Importa-me —lhe respondeu—. Me dei conta de que não é minha inimiga. Ela
é minha sócia. Quer o melhor para mim, como eu quero o melhor para ela.
—Quer passar o resto de sua vida com Sara? Ela é uma moléstia que tem que
—Não posso imaginar vivendo sem ela —lhe respondeu Nathan com voz baixa,
fervente.
—Ela te quer?
tinha razão. Durante todo este tempo Sara me deu seu amor sem reservas. É
eloqüente.
—Ela acredita que é uma mala extra que devo levar para obter a terra e as
—Sara é tão delicada —lhe anunciou Nathan—. Ela merece alguém melhor que
Despertar da Paixão Julie Garwood
eu, mas não deixarei que nenhum outro a toque. Tenho que arrumar isto. pisei em
seu...
Como Nathan não lhe estava olhando, Caine se sentiu seguro para sorrir.
Caine pensou que não tinha sentido lhe recordar que lhe tinha sugerido o
—É uma muito boa idéia —lhe disse em troca—. Agora, me diga qual é seu
—O vou demonstrar —lhe interrompeu Nathan—. por que não o pensei antes?
—É tão simples, que até um imbecil poderia dar-se conta. Necessitarei sua
Esse anúncio era uma novidade para o Caine e estava a ponto de lhe perguntar
ao Nathan como tinha chegado a essa conclusão, mas seu cunhado lhe respondeu
Caine começou a fazer uma careta, mas lhe franziu o semblante quando
Nathan adicionou:
—Ainda não posso imaginá-lo. Deve ter algo que só ela pode... apreciar.
Caine não teve oportunidade de responder a esse comentário incisivo.
merece.
—Terá que admitir sua parte neste plano antes da festa do Farrimount. Se
—Teremos sua confissão assinada antes disso —lhe prometeu Caine—. Mas por
—Sabe que sempre me agradou essa festa. É a única a que concorrem seu
Caine ainda não compreendia o que Nathan estava planejando. Sabia que não
—Todo mundo teme ir à festa porque não quer ser a próxima vítima de seu tio
vestido com seu traje formal. Agora que o penso, você também, Nathan.
Despertar da Paixão Julie Garwood
Seu cunhado logo que escutou o que lhe estava dizendo Caine. Sua mente
estava concentrada em seu plano. Passaram um ou dois minutos antes de que lhe
comentasse:
—Acha que é ali onde pensa provocar o escândalo sobre seu pai? Sim —
—Pode arrumar um encontro com sir Richards? Quero lhe pôr a par dos fatos
o antes possível.
falei com ele esta manhã. Neste momento deve estar visitando maldito.
—Ele não tem nenhuma razão para pensar que sabemos o que aconteceu. Deixa
Nathan assentiu com a cabeça. Logo procedeu a lhe explicar o que queria
Sara. Alguém tem que vigia-la de perto até que isto resolva. Não quero que os
Não deixará que saia daqui. Jade e eu também a vigiaremos. Acha que
justo que meu sócio esteja de acordo com meu plano antes de que eu proceda.
—Embora pareça completamente ignorante, por que Colin tem que dar sua
—Agora não estou falando do Grant —lhe explicou Nathan—. Estou falando da
—Estou-o tentando.
—Sim?
Caine.
—Quer que diga a Sara as mesmas palavras carinhosas que digo a minha
esposa?
—por que?
—Assim saberei quais são —gritou Nathan—. Maldição, está fazendo isto
Caine não se atreveu rir. Entretanto, sorriu. A imagem do Nathan lendo notas
—Sim, deixarei sobre o escritório —lhe respondeu quando Nathan lhe olhou
fixamente.
Nathan ia se retirar.
—As palavras de amor não são necessárias, Nathan, se lhe disser o que há em
seu coração.
Jade passava pela porta da biblioteca quando ouviu a risada de seu marido.
deteve-se para escutar, mas a única parte da conversa que pôde escutar não
Nathan anunciou que contra vento e maré arrumaria sua flor. Só necessitava
Capítulo 15
perto da janela e tratou de ler um dos livros que jade lhe tinha levado.
jardim de flores que havia atrás da casa. Sara só podia pensar no Nathan e em
por que não podia querê-la? formulava-se essa dolorosa pergunta cada dez
tinha decidido violar o contrato para que sua família não pudesse ficar com a
dote do rei; mas uma vez que se produzira o escândalo sobre o pai do Nathan, o
príncipe regente não teria que reter a dote e tampouco entregar-lhe a Nathan?
Sara não podia permitir isso. Seu pai tinha utilizado o engano e a fraude para
obter vantagem sobre o Nathan. Sara estava decidida a encontrar uma forma de
igualar a diferença. Não queria viver com um homem que não a amava, assim
todos os direitos da dote para o Nathan, ele deixaria que Matthew a levasse com
A injustiça do que tinha feito seu pai a envergonhava. Então decidiu que sua
única esperança era obter o apoio do príncipe regente. Sentiu um frio nas costas
George, o futuro rei da Inglaterra, uma vez que seu pai morrera ou fosse
e que estranha vez punha os interesses de seu país sobre os dele. Para a Sara
seu pior defeito era sua característica de trocar de opinião sobre qualquer
assunto. Sara sabia que não era a única a que não lhe agradava o príncipe. Não
era popular entre o povo, e fazia uns meses ela tinha escutado que alguns
Mas mesmo assim, ela não tinha a quem recorrer, assim que escreveu uma
nota ao príncipe lhe pedindo uma audiência para a tarde do dia seguinte. Fechou
o sobre e estava a ponto de sair ao corredor para lhe pedir ao Sterns que
A ia procurar para que fosse para jantar. Sara foi muito amável quando
rechaçou o convite, e insistiu em que não tinha fome. Caine também foi muito
amável quando insistiu em que tinha que comer algo. O homem não aceitaria um
Jimbo estava esperando no salão de entrada. Sara lhe entregou o sobre e lhe
pediu que o enviasse. Caine tomou a carta antes que o marinheiro pudesse
assentir.
Despertar da Paixão Julie Garwood
logo que Jimbo e Sara se afastaram, Caine abriu o sobre, leu a carta, e a
Jimbo se sentou junto à Sara na larga mesa. Jade estava sentada frente a
ela. Caine ocupou seu lugar na cabeceira da mesa, e logo chamou os serventes
para começar.
—Acredito que provavelmente foi muito descortês de minha parte, mas vi que
—Não conheço ninguém mais que viva no Carlton House —demarcou Jimbo.
—OH, não conheço príncipe —replicou Sara. Nem sequer eu gosto... —deteve-
nota, pedi-lhe uma audiência. Espero que o príncipe me receba amanhã pela
tarde.
—Temo que minha esposa tem razão, Sara —lhe disse Caine—. Quando o
príncipe fez saber que queria divorciar de sua esposa Caroline, seu pai foi um dos
ajudar a um leal?
decepcionasse.
desleal, mas sou completamente honesto contigo. Não quero te dar esperanças
para que logo fiquem destruídas. Deixa que Nathan lute nesta batalha, Sara.
—Sabe que não quis aprender a nadar? Acreditei que não tinha que saber,
me ocupei de outros e não de mim. Agora você sugere que Nathan brigue por
mim. Está mau, Caine, equivoquei-me. Não quero depender de ninguém. Deveria
ter a suficiente força para cuidar mim sozinha. Quero ser forte, maldição.
intento por manter a Sara um pouco mais na mesa. Queria levar a conversa para
o Nathan. Jade estava decidida a interceder. Ver a Sara tão só e desolada lhe
—Ouvi-a —lhe confessou—, mas ainda não a conheço. Sterns me prometeu que
Jade seguiu expondo as qualidades de sua filha de três meses. Sara percebeu
que, depois de cada alarde de Jade, Caine assentia imediatamente com a cabeça.
Jade lhe deu um chute no marido, enquanto seguia sorrindo para Sara.
Sara não queria falar do Nathan, mas sentiu que seria descortês não mostrar
um pouco de interesse.
Jade abriu a boca para responder, mas se deteve. Parecia como se tivesse
—Explica você —lhe respondeu Caine, enquanto tomava outra bolacha doce.
Jade lhe deu outra patada por debaixo da mesa. Caine olhou fixamente a sua
esposa.
—O moço tem valor —demarcou Jimbo. Fez uma careta pois estava muito
Sara não assentiu nem discordou. Caine decidiu que estavam utilizando o
caminho equivocado. Tomou a mão a Jade e quando a olhou lhe piscou um olho.
isso não é um pecado —se voltou para olhar a Jade—. Seu irmão recorda uma
estátua belamente esculpida. Por fora é tão atrativo, tão perfeito, mas por
—Sara não pode lhe considerar formoso —Caine lhe apertou a mão a sua
esposa antes de adicionar—: Nathan é feio, e todo mundo sabe. Tem as costas
Sara emitiu um pequeno som entrecortado, mas Caine conteve seu sorriso. Ao
—Foi uma mulher que marcou as costas de Nathan —exclamou Sara—. E foi
que seu próprio cunhado fale assim dele. Agora me desculpem, eu gostaria de ir a
meu dormitório.
Jimbo franziu o semblante para Caine por ter aborrecido Sara, e logo a
—Caine, desgostaste-a de tal maneira que tem que se desculpar —lhe disse
carta das mãos. Não pensará que ia mandar essa coisa, verdade?
—A carta está em meu bolso —lhe respondeu Caine—. A tirei porque queria
lê-la.
—O que Sara nos disse que tinha escrito —respondeu Caine—. Pede uma
—A que se referiu Sara quando disse que tinha sido uma mulher que lhe tinha
Despertar da Paixão Julie Garwood
marcado as costas de Nathan? Quem lhe deu essa má informação? Foi o fogo que
—Foi —admitiu Jimbo—. Aconteceu faz tantos anos que duvido de que Nathan
tenha algum rancor. Acredito que saiu fortalecido disso, e não fomos da ilha sem
—Tenho que arrumar alguns detalhes. Retornarei tarde a casa, Jade. Sir
perguntou-lhe. Não pôde ocultar seu temor—. Caine, não terá começado a
trabalhar para nosso Governo sem falar primeiro comigo, verdade? Prometeu...
isso é tudo. Estou retirado e não tenho desejos de retornar aos dias de capa e
adaga.
—Espera um minuto —lhe pediu Jade—. Ainda não me explicaste por que tem
feito que Sara se zangasse deliberadamente. Caine, já sabemos que ela o ama.
Pela primeira vez nesse dia, Sara pôde deixar de pensar no Nathan. A
pequena Olivia monopolizou toda sua atenção. Era uma menina formosa. Em um
ópera.
Olivia tinha os olhos verdes iguais aos de sua mãe. O pouco cabelo que tinha
parecia que ia ser encaracolado como o de seu pai. Sterns permaneceu junto à
—Acredito que meu amor herdou a inclinação a gritar como seu tio Nathan.
Pode fazê-lo tão forte como ele —confessou Sterns com um sorriso———. Olivia
sempre quer uma gratificação imediata —lhe explicou quando a menina começou a
zangar-se mais.
Sara não queria retornar a sua habitação. Ali estaria sozinha e sabia que seus
seu marido e sabia que ele tinha dormido junto a ela porque seu lado da cama
ainda estava morno, e chegou à amarga conclusão de que ainda estava muito
zangado com ela porque não se incomodou em despertá-la. Ainda acreditava que
Tinha olheiras e o cabelo tão murcho e esmagado como seu espírito. Sara
queria estar o melhor possível quando fosse a ver o príncipe regente. Demorou
para decidir o que vestido usar, só para afastar sua mente do verdadeiro assunto
pescoço alto.
outro de sua habitação tratando de pensar qual seria seu próximo passo. Era
urgente. Pensou que Caine tinha tido razão quando lhe disse que o príncipe não
logo se deteve—. Eu não deveria sair —lhe explicou—. O príncipe regente poderá
—Tem que vir comigo —lhe ordenou Caine—. Não tenho tempo de lhe explicar
isso Sara. Nathan quer que se encontre com ele nos escritórios do Departamento
—por que?
—Quem mais vai estar ali? por que temos que nos encontrar no Departamento
de Guerra?
—Tudo vai sair bem —disse Jade a Sara. Estava-lhe aplaudindo brandamente
Caine beijou a sua esposa e a sua filha, e logo tirou gentilmente a Sara pela
porta principal.
—Farei que lhe engomem seus vestidos e os coloquem no armário enquanto faz
Sara não lhe respondeu. voltou-se e desceu os três degraus. Caine lhe abriu a
porta da carruagem. Sara se sentou frente a seu cunhado. Ele tratou de
conversar com ela, mas desistiu rapidamente quando lhe sussurrou alguns,
cinza, e feio. Um aroma de umidade cobria a escada. Caine levou a Sara até o
primeiro piso.
—Estou segura de que sim —lhe respondeu só por ser amável—. Mas quem é
Tinha cabelo cinza fino, um nariz proeminente e um aspecto rude. logo que
levantou a vista do papel que tinha em sua mão e viu Sara e Caine se adiantou.
tomou a mão.
—Você deve ser toda uma dama para ter capturado a nosso Nathan.
—Não lhe capturou, sir Richards —demarcou Caine com um sorriso—. Ele
capturou a ela.
capturou aos dois. Nathan nunca teve uma oportunidade no assunto, mas eu
—perguntou-lhe ao diretor.
Despertar da Paixão Julie Garwood
Sara não sabia do que estava falando o diretor, mas não quis parecer
completamente ignorante.
Nathan. Não pôde recordar o que estava dizendo, e quando começou a lhe doer o
pilha. Logo se dirigiu para um banco alargado que havia junto a uma janela e ficou
dentro.
Sara escutou o anúncio, mas mesmo assim não podia deixar de olhar Nathan.
Ele parecia surpreso de que o príncipe estivesse subindo pela escada. Tampouco
Chamou-a com um dedo. Ela não podia acreditar na sua arrogância. Sir
tinham incluído na conversação. Logo Nathan a voltou a chamar com o dedo. Teria
que ser um dia ardente no paraíso antes de que lhe obedecesse, pensou, mesmo
Não lhe sorria. Tampouco a olhava com o semblante franzido. Nathan estava
tão sério... tão concentrado. deteve-se quando estava frente a seu marido.
Que Deus a ajudasse, pensou, não podia chorar. Não o fazia fácil sua
tortura. Parecia tão satisfeito. por que?, perguntou-se Sara. Tudo o que ele
tinha que fazer era lhe fazer uma indicação com o dedo e ela ia correndo.
brincando. Logo recordou que Nathan estranha vez brincava sobre algo.
Pelo menos tinha suficiente confiança nele para perder um pouco, pensou.
chorar.
—Ama-me, maldição.
te disse essas mesmas palavras quando partimos para a ilha da Nora. O amor se
Não continuou com sua explicação ao ver que ele sacudia a cabeça.
—Você não é frágil. E seu amor não pode ser destruído —acariciou
—Não importa —lhe sussurrou ela—. Sei que não me ama. Aceito, Nathan. Por
Despertar da Paixão Julie Garwood
favor, não se preocupe. Não o culpo. Nunca lhe deram uma oportunidade.
Ele não podia suportar ver sua angústia. Como desejava que estivessem
sozinhos para Tomá-la em seus braços e lhe mostrar o muito que a amava. Mas
Discutiremos isto mais tarde —lhe anunciou—. por agora tenho uma só ordem
esta audiência.
Caine estava preocupado que Sara pudesse fazer algum outro comentário
ela.
—Sara, não enviei sua carta ao príncipe. Ainda está em meu bolso.
Sir Richards estava falando com o príncipe sobre a reunião, e como nenhum
dos dois estava prestando atenção, não lhe pareceu descortês sussurrar:
—Sir Richards também foi — esclareceu—. Será melhor que se sente, Sara.
Caine e esperou para ver que fazia ela. No outro extremo da habitação havia
Sara olhou a poltrona, logo se voltou e caminhou para Nathan. Ele se sentiu
para lhe dizer o muito que a amava. deteve-se bem a tempo. Tinha que ser
correto, disse-se a si mesmo. Em uns momentos mais lhe mostraria o quanto que
a amava.
Sara se afastou para não tocar seu marido. Acreditava que não era
Nathan pensava de outra maneira. Não foi muito gentil quando a voltou a
aproximar dele.
Sir Richards fez uma indicação ao guarda que estava na entrada. O homem
logo que Sara viu seu pai se aproximou instintivamente de seu marido. Nathan
Estava a ponto de pedir que esvaziassem o escritório pois o assunto que foram
de Operações de Guerra?
cabeça.
—Vimo-nos uma ou duas vezes. Posso perguntar por que está ele aqui? Não
vejo que o assunto tenha nenhuma relação com seu Departamento. É uma questão
—Pelo contrário —replicou sir Richards. Sua voz foi tão prazenteira e suave
informar?
para olhar a Sara quando fez esta afirmação. ficou olhando-a deliberadamente
meu lorde. Certamente, depois de ter lido os fatos, compreenderá que minha
filha não pode compartilhar sua vida com o filho de um traidor. Seria separada
Winchester quando assinou o contrato unindo seu filho a minha filha. portanto,
peço que Sara seja liberada desse compromisso e que lhe seja entregue o dote
—Temo que realmente vou ter que insistir que nos diga quem lhe deu a
—Minha filha. Ela nos escreveu. Ela nos deu a informação —respondeu
Winston.
Sara não disse uma palavra. Nathan a apertou brandamente. Foi um intento
Seu pai estava dando uma desculpa atrás de outra sobre por que sua filha
tinha compartilhado essa informação sobre o pai de Nathan. Sara não queria
O príncipe lhe chamou a atenção quando fez um gesto a um dos homens que
estava atrás dele. Imediatamente o guarda foi até a entrada lateral e abriu a
porta. Um homem baixo, magro e com um gorro negro nas mãos entrou no
escritório.
Sara não reconheceu o homem. Entretanto, era óbvio que seu pai sim. Ele não
pai de Sara.
Tínhamos tanta confiança nele que lhe encarregou da abóbada. Seu único dever
—O jogo terminou —Interveio Caine—. Grant nos disse que você o pagou para
Despertar da Paixão Julie Garwood
é que...
—OH, sim nos importa —interrompeu sir Richards—. Você cometeu um ato de
traição.
Por sua expressão, Sara não sabia se estava tratando de assustar a seu pai
realmente.
lado. Inclusive saí em sua defesa quando quis livrar-se de sua esposa. Esta é a
O rosto do príncipe ficou vermelho. Era óbvio que não o agradava que lhe
—Como se atreve a falar com seu príncipe regente com tanta insolência?
proteger a minha filha. O marquês do St. James não é bom para ela.
O príncipe respirou profundamente. Ainda estava ruborizado, mas sua voz foi
Guerra porque me aborrece imensamente, mas uma vez que li os fatos pedi a sir
revelar todos os segredos, Nathan seria coroado por seus atos heróicos. Quanto
estive quase toda a tarde lendo os documentos, Winston, e agora que conheço
todos os fatos, sinto-me honrado de estar na mesma habitação com estes leais e
distinguidos homens.
Ninguém disse uma palavra durante um minuto. Nathan sentia que Sara estava
tremendo. Percebeu que ela estava observando a seu pai, e quis lhe sussurrar que
acatar sua sabedoria neste assunto. Estou a dizer que estes homens têm minha
gratidão. Agora tenho que lhe pedir algo —olhou ao diretor—. Se Winston nos
assegurar que não dirá uma palavra sobre o pai de Nathan, sugiro que não o
prendamos.
—Sei que certos membros de sua casa conhecem a informação sobre o pai do
Nathan. Seu dever será mantê-los em silêncio. Você será responsável por
Despertar da Paixão Julie Garwood
Winston assentiu com a cabeça. Estava tão furioso que tão cedo não podia
sabia que no futuro não lhe incluiriam em nenhuma das funções mais importantes.
Sara sentiu a fúria de seu pai. Lhe fechou a garganta e pensou que ia
desmaiar.
Caine também se levantou de sua cadeira e tirou Luther Grant pela porta lateral.
do diretor.
Sara nunca tinha visto tanta fúria no rosto de seu pai. Estava aterrorizada.
porta.
informado. Também sei que você nunca disse uma palavra contra mim. Embora
tenha sido julgado incorretamente como um governante que troca de idéia a seu
desejo, agora posso lhe dizer que não é assim. Não trocarei de idéia neste
—Como compreenderá, meu lorde, menti a Winston quando disse que tínhamos
O príncipe sorriu.
Nathan entrou pela porta lateral com um copo de água na mão e Caine a seu
na cadeira. Não foi fácil. Não estava seguro de como se comportaria o príncipe
—Rogarei para que não troque de idéia e acredito que cumprirá sua promessa.
breve resumo sobre algumas das façanhas mais pequenas. Deixe de franzir o
outro com esse copo de água na mão. Já atiraste a maior parte da água sobre o
Despertar da Paixão Julie Garwood
tapete.
Nathan suspirou.
—Por certo, o que está a ponto de fazer por sua esposa indica que é
apaixonaria?
foi encher outra vez o copo, enquanto sir Richards conversava com Caine
Nathan tratou de ser paciente, mas quando transcorreram outros dez minutos
—Quem teria pensado que alguém lhe apanharia? Sara está tão apaixonada
por ele como ele por ela. Nathan está decidido a começar de novo —adicionou
—Ah, o amor em flor —disse sir Richards—. Sara estará agradecida com sua
consideração. Deus sabe que ela merece ser feliz. Hoje foi muito difícil para ela.
A expressão de seu rosto quando o príncipe mencionou sua mãe quase me rompe o
coração, Caine, e como sabe não me emociono com facilidade. Lady Sara parecia
tão atemorizada Senti desejos de me aproximar dela, acariciá-la e lhe dizer que
tudo se esqueceria. Geralmente não sou tão expressivo, mas tive que me conter
disse Richards—. Sim, foi isso —adicionou assentindo com a cabeça—. Sara
—Nathan, ela poderia ter problemas —lhe esclareceu Caine com voz
preocupada—. Sir Richards, nos diga exatamente o que disse o príncipe sobre a
mãe da Sara.
—Winston quis saber quem nos tinha informado sobre Grant. O príncipe lhe
sussurrou sir Richards enquanto seguia aos dois homens—. Pensam que é aonde foi
Nathan chegou ao andar de baixo com o Caine lhe pisando os calcanhar quando
—Nathan, não acha que Winston é capaz de machucar a sua esposa ou a sua
filha, não é?
—Não —gritou—. Winston não as tocará. Deixará que seu irmão faça o
castigo. Assim é como opera o maldito desgraçado. Maldição, Caine, Sara levou
esperaria a carruagem do diretor. Correu para a rua e tomou as rédeas dos dois
cavalos.
Apoiou-lhe o ombro ao cavalo que tinha mais perto. Caine adicionou sua força
e o veículo se deteve.
passageiro, um homem loiro com óculos, colocou a cabeça pelo guichê para ver o
que era toda essa comoção justo quando Nathan abria a porta. antes de que o
ficar de pé. O diretor estava sendo muito solícito até que percebeu que lhe
estavam deixando para atrás. Soltou o homem e saltou à carruagem antes de que
Ninguém disse uma palavra no caminho para a casa dos Winchester. Nathan
estava tremendo atemorizado. Pela primeira vez em sua vida, rebelou-se contra o
antes de que pudesse provar a Ela que ele valia a pena, que podia amá-la tanto
sentiu-se tão inexperiente como um ateu, não podia recordar nenhuma oração de
necessitava.
O trajeto até a residência de sua mãe não foi tão traumático para Sara. Ela
não tinha medo porque sabia que tinha tempo suficiente para chegar primeiro até
sua mãe. Seu pai teria que ir à casa de seu irmão. Isso levaria pelo menos vinte
minutos. Logo demoraria pelo menos quinze minutos mais em lhe contar as
injustiças que tinham cometido com ele. Caso que Henry estivesse sob os efeitos
Não podia enfurecer-se, pois não estava segura de ter o direito a sentir-se
costas quando teve as dores da menstruação. Suas carícias tinham sido tão
gentis...
Também era um amante gentil. Não porque lhe houvesse dito palavras
carinhosas quando a acariciava. Mas lhe mostrou sua amabilidade, sua paciência e
Passou tantas horas lhe ensinando pequenas coisas que considerava necessárias
para que fosse auto-suficiente. Pensou que era porque não queria ocupar-se de
cuidar dela. E embora considerava seu dever proteger a aqueles que amava, como
Deus, Nora tinha razão. Sem dar-se conta, Sara tinha seguido o caminho de
Ela negou com a cabeça. Não, nunca permitiria que nenhum homem a
aterrorizasse. Nathan a tinha feito dar-se conta de sua própria força. Podia
sobreviver sozinha.
não?
Sara estava tão concentrada em seus pensamentos que não percebeu que a
O mordomo, um homem contratado por seu pai, disse que sua mãe e sua irmã
tinham saído.
Sara não acreditou. Passou junto ao servente e subiu pela escada até os
compreendeu que tinha que encontrar sua mãe antes que os Winchester. Revisou
os convites que havia sobre o escritório de sua mãe, mas nenhum lhe deu uma
pensou que era sua mãe que tinha retornado a casa e começou a descer. deteve-
—Papai foi diretamente a você com sua fúria, não é? —gritou com evidente
desprezo na voz—. Sabia que o faria. É o único que é prestativo. Acredita que é
muito ardiloso ao deixar que seu irmão bêbado se encarregue do castigo quando
assunto, Sara. Sai de meu caminho. vou falar com sua mãe.
—Não o deixarei falar com ela—lhe gritou—. Nem agora nem amanhã nem
nunca. Se tiver que obrigar a mamãe o farei, mas ela vai sair de Londres. Fará
bem visitar sua irmã. Inclusive até poderia dar-se conta de que não quer
retornar aqui. Isso espero. Mamãe merece um pouco de alegria em sua vida. Vou
Henry deu um chute na porta para fechá-la Não queria amedrontar Sara, já
que recordou a ameaça que fez seu marido quando entrou no botequim para
—Vai embora com o canalha com que está casada —gritou—. Vitória —
—Mamãe não está aqui. Agora vai embora. Põe-me doente te ver.
descarada precisava aprender uma lição, pensou. Só um bom golpe para tirar a
insolência.
golpe...
Despertar da Paixão Julie Garwood
Capítulo 16
Quase a mata.
se deteve para abrir a porta. Passou através dela. A estrutura caiu sobre a
Nathan não estava preparado para ver o que viu. Estava tão surpreso que se
Caine grunhiu, pois sentiu como se tivesse se chocado contra um bloco de aço. Ele
Os homens não entendiam muito bem o que estavam vendo. Henry Winchester
Ela estava bem. O maldito não a havia tocado. Sim, ela estava bem.
Não funcionou. Tremiam-lhe as mãos. Decidiu que tinha que escutar que lhe
dissesse que estava bem antes de poder respirar normalmente outra vez.
—Sara? —sussurrou seu nome com voz tão rouca que duvidava que pudesse lhe
A angústia da voz de seu marido quase foi sua ruína. encheram os olhos de
rosto oprimiu seu coração. Parecia tão... assustado... tão vulnerável... tão
amoroso.
Você me ama, queria gritar. É obvio que não o fez porque havia outras
pessoas na habitação. Mas ele a amava. Ela não podia falar, não podia deixar de
Despertar da Paixão Julie Garwood
sorrir. encaminhou-se para seu marido, e logo recordou aos outros. voltou-se
Caine fez uma careta. Sir Richards estava na metade de uma reverência
quando se deteve.
bem?
para um lado e olhou a Henry com o semblante franzido—. Pelo amor de Deus,
homem, deixe de soluçar. Não é digno. A porta lhe caiu em cima quando Nathan
Caine já tinha tirado suas conclusões. Sara estava esfregando a mão direita
Sara. Parecia incrivelmente alegre, e estava sorrindo para Nathan quando fez
raciocinar. Não podia compreender por que sua esposa parecia tão feliz consigo
mesma. Não percebeu o perigo que tinha deslocado? Tinha os nervos destroçados.
Logo ela caminhou lentamente para ele, e tudo o que pôde pensar foi abraçá-
la. Não a soltaria nem sequer depois de exortá-la por seu costume, de, ir-se
sozinha.
O sorriso do Caine foi contagiosa. O diretor também sorriu, embora ainda não
Nathan não se assustaria. Estaria orgulhoso dela. Sara não podia esperar
—O tio Henry tropeçou com o guarda-chuva —lhe respondeu sem poder deixar
de sorrir.
Nathan finalmente saiu de seu estupor e olhou a seu redor. Quando a abraçou
ela já estava junto a ele e olhou as marcas vermelhas que tinha na mão direita.
Aquele grunhido que lhe parecia adorável estava subindo pela garganta de
Nathan. Também podia ver que se estava enfurecendo. Entretanto, não estava
atemorizada porque sabia que nunca descarregaria sua fúria contra ela.
Não queria que se desgostasse por seu comportamento. Sara puxou pela
indicavam que suas palavras não lhe tinham tranqüilizado. Entretanto, sua voz foi
—Tentou-o?
Sentiu como se tivesse estado obstinada a uma estátua, pois agora sua
postura era muito rígida. Ela suspirou, abraçou-lhe com mais força e respondeu:
—Sim, mas não teria deixado que me golpeasse. Recordei suas instruções e
não pensei em nada, como me havia dito que aconteceria em uma situação como
Despertar da Paixão Julie Garwood
lado. O tio Henry não está acostumado que as mulheres defendam a si mesmos.
Sara não queria que Nathan fosse à forca. Sir Richards não queria saber nada
com a papelada.
Nathan ainda estava rígido de fúria quando terminaram de lhe dar seus
argumentos. Não podia se soltar dos braços de Sara para acabar com
—Não, Nathan.
Nathan suspirou profundamente. Ela sabia que tinha ganho. Sentiu desejos de
estar a sós com ele para poder obter outra vitória. Fosse como fosse o faria
—Nathan, não podemos ir até que saiba que mamãe está segura —lhe
sussurrou—. Mas agora quero ir para casa contigo. Como vai solucionar este
problema? —não lhe deu tempo para que respondesse—. Quero dizer, como vamos
Seu marido não era dos que se rendiam com facilidade. Ainda queria matar
seu tio. Considerava que seu plano era perfeitamente lógico. Não só eliminaria a
preocupação de Sara por sua mãe mas também lhe brindaria a tremenda
chuva e pensando no dano que um homem poderia ter provocado com uma arma
Levantou Henry puxado pela nuca—. Toda a bagagem que precisará serão algumas
—Esperarei aqui até que sua mãe retorne, Sara. Explicarei que seu tio teve
um repentino desejo de realizar uma longa viajem. Também vou esperar a seu
pai. Quero trocar umas palavras com ele. por que você e Nathan não vão agora?
Levem minha carruagem e digam a meu condutor que retorne mais tarde.
—Não.
—Esta noite não quero sair —disse—. Tenho algo mais importante que discutir
contigo.
Não permitiu que se sentasse a seu lado, mas sim se sentou frente a ela.
Quando estirou suas longas pernas ela ficou apanhada entre elas.
guichê.
—Nathan?
Sim?
—Agora... desafogara-se?
—Não.
frustração como o tinha feito ela. A lembrança da forma como seu marido a
—Alguns o fazem. Não teria que ter golpeado Henry na sua frente —disse
sem olhá-la.
—Quer dizer que se eu não estivesse ali não o teria golpeado, ou que se
arrepende...?
—Sim, o teria golpeado. Não poderia ter golpeado o maldito diante de ti.
—por que?
futuro me conterei...
me beijasse.
—Não.
—Não compreendo.
—Golpeei-lhe... ali.
Ela decidiu que não responderia até que a olhasse. Passou um momento
Estava lutando para não abraçá-la. Pensou que estava ganhando a batalha,
teriam se espantado.
língua na boca para provar, para acariciar, para atormentar. Não podia obter o
que lhe voltasse a abotoar o vestido. Demorou muito porque lhe tremiam as mãos.
Nathan a levou pela mão para dentro da casa. jade sorriu ao casal quando viu
enquanto ia para a cama. Parou quando escutou que a porta batia, voltou-se e viu
que estava sozinha. Nathan a tinha deixado. Estava tão surpreendida que
demorou vários minutos para reagir. Logo gritou, abriu a porta e saiu correndo
pelo corredor.
sugeriu que te emprestasse um vestido, já que seu baú ainda está a bordo do
Seabawk.
Jade sorriu.
dar suas instruções foi embora. Encontrará conosco mais tarde. Deve ter
negócios que atender... Pelo menos acredito que isso foi o que adicionou quando
—E você o ama.
—Sim, o amo. Acredito que ele também deveria me amar. Possivelmente ainda
não se deu conta, ou está um pouco preocupado. OH, já não sei. Sim, é obvio que
—Não estou discutindo contigo, Sara. Acredito que Nathan também te ama —
tão... esquivo. Sempre foi um homem de poucas palavras, mas agora nem sequer
—Quero que me diga que me ama —sussurrou. Jade sentiu compaixão. Pegou
—Sabe que sou tudo o que Nathan poderia querer de uma esposa? Ninguém
poderia lhe amar tanto como eu. Por favor, não me considere inferior. Realmente
—Nathan só gosta que use vestidos de pescoço alto —lhe esclareceu Sara.
—É notável, verdade?
Despertar da Paixão Julie Garwood
Jade não deixou que Sara visse sua expressão. O tom zangado de sua
—Possivelmente esse seja o problema, jade —lhe comentou Sara—. fui muito
sempre sua resposta? —não deu tempo a Jade para que respondesse—. Grunhe.
Jade riu.
Cinco minutos mais tarde, Sara tinha um vestido cor marfim em seus braços.
—Só pus este vestido uma vez e dentro de casa, para que ninguém o visse.
A Sara adorou o vestido. Deu obrigado várias vezes a Jade, e logo se foi a
sua habitação.
—Não sei.
Jade percebeu pela expressão abatida de Sara que essa não era a resposta
—Agora que o penso, sim me viu chorar. Não tão freqüentemente como Caine,
é obvio.
—OH, obrigado por compartilhar esse segredo comigo. Não sabe a felicidade
que fez.
O sorriso da Sara era radiante. Jade estava agradada, embora tinha que
admitir que ainda não sabia o que era exatamente que emocionava tanto a Sara.
Jade tinha um posto vestido de seda negro, com mangas bordadas. O decote
chegava até o bordo do busto. Caine a olhou com o semblante franzido antes de
lhe dizer que estava formosa. Ele levava seu traje formal, e lhe disse que era o
demônio mais atraente do mundo. Logo Jimbo começou a perguntar porque alguém
—Não a percam de vista até que Nathan se faça cargo —lhes ordenou Jimbo
Jimbo a assobiou.
solto e os cachos se balançavam sobre seus ombros com cada passo que dava.
seios. Era o vestido mais provocador que Caine tinha visto. Ele também o
recordava.
—Pensei que tinha rasgado essa coisa quando ajudei a te despir —sussurrou.
—Nathan o fará.
—Bem.
—Jade, querida, acredito que esta não é uma boa idéia. Todos os homens da
—Sim.
—Não tem que ser tão formal conosco —lhe disse Caine.
Sara sorriu.
—Não o estava sendo. Só estava assegurando de que não cairei quando fizer
uma reverência.
gigantesca, com jardins muito bem arrumados. Aos lados do caminho havia
bem?
Entretanto, Sara não se sentia bem. Sua mente estava cheia de temores.
compreendo por que esta é a única festa que assiste a família St. James.
—Estou preocupada com Nathan. Jimbo, quero que você também entre. Caine
—O moço estará bem —lhe deu uma palmada na mão—. Deixa de preocupar-
se.
Ninguém disse nada mais até que a carruagem parou frente à mansão. Jimbo
principal e te verei.
A festa era no último dos quatro pisos da residência. A escada estava cheia
de velas e flores.
Na entrada havia um mordomo. Para chegar até a pista de baile teria que
descer três degraus. Caine entregou o convite ao servente, e esperou até que
tocasse o sino. Era um sinal para os outros convidados. Muito poucos prestaram
alta.
Logo tocava o turno a Sara. Entregou-lhe ao homem o convite que lhe tinha
Foi como se tivesse gritado fogo. O anúncio teve o mesmo efeito. produziu-se
Ela manteve alta sua cabeça e olhou fixamente aos convidados. Logo Caine
tomou a mão. jade se colocou do outro lado da Sara e tomou a outra mão.
lado direito do salão e os St. James estão todos no esquerdo? poderia dizer que
Jade foi a que fez essas observações. Sara sorriu. Sua cunhada parecia tão
perplexa.
—Nathan ainda não está aqui, verdade? —perguntou Jade—. Sara, continua
sorrindo. Todo mundo a está olhando com a boca aberta. Imagino que é pelo
A seguinte hora foi uma prova. O pai de Sara estava na festa. Fez todo um
espetáculo olhando fixamente a sua filha. Quando ela olhou para o lado dos
Todo mundo percebeu o desprezo. Caine estava furioso por Sara até que lhe
Dunnford St. James tampouco passou por cima o desprezo. O líder do clã St.
James bufou e logo se aproximou para falar com o sobrinho de sua esposa.
Dunnford era um homem corpulento com mais músculos que graxa. Tinha o
cabelo cinza, fino e curto como um escudeiro. Tinha uma barba entupida, ombros
largos e parecia doente mas tranqüilo com seu traje negro formal e sua gravata
rígida.
Nathan?
—Perdão?
—Ela acaba de converter-se em uma St. James. Terá que prová-lo antes de
diferente, pensou.
—Bom, acredito que isso depende de que irmão escolhesse. Tom sempre é uma
boa eleição.
Dunnford grunhiu.
—Era uma brincadeira aludindo uma vez em que disparou a seu irmão —
explicou.
rancor. Foi uma lástima. Uma boa inimizade entre a família. Antes de que
Despertar da Paixão Julie Garwood
—Não vai me saudar? —perguntou-lhe jade a seu tio—. Está ignorando. Ainda
—Então não te falarei até que me dê um sobrinho —se voltou para o Caine—.
Sara se ruborizou. Percebeu que Jade tratava de não sorrir. Dunnford olhou
fixamente à irmã de Nathan. Logo se voltou para Sara outra vez e lhe colocou
Dunnford.
Sara estava tão surpreendida que não pôde mover-se. Simplesmente lhe olhou
fixamente as mãos.
mundo. A saia poderia ser enganosa —adicionou assentindo com a cabeça—. Sim,
Logo lhe olhou o peito. Sara o cobriu imediatamente com as mãos. Não
—Vejo que tem o suficiente como alimentar a um bebê. Ainda não está
grávida?
tem maneiras?
Dunnford pensou que não. Quando o disse, Sara adiantou outro passo. Caine
estava surpreso por sua intrepidez. Também foi surpreendente o fato de que
Dunnford retrocedesse.
—Eu gostaria de beber um pouco de ponche, tio Dunnford —lhe disse Sara—.
—Antes lhe cuspiriam —anunciou Dunnford—. está vindo para nosso lado da
família, verdade?
Sara observou a seu tio enquanto se abria passo entre os convidados. Havia
uma fila esperando que o servente lhes servisse uma porção do ponche rosa.
—Se fosse você, não beberia ponche —disse Caine depois que Dunnford tomou
mesa, inundou uma taça no líquido e se voltou para cruzar outra vez o salão,
Caine observou que já não havia nenhuma fila frente ao recipiente de ponche.
—diga ao Nathan que quero falar com Ele —voltou a dizer Durinford. Logo se
Sara observou que os outros convidados lhe abriam passo. Pensou que era
Despertar da Paixão Julie Garwood
Nathan desceu pela escada e se dirigiu para sua esposa. Já estava tirando a
jaqueta.
com você.
Jade assentiu com a cabeça. Queria que Caine pensasse só em proteger a seu
irmão. Logo viu que Colin descia pela escada. Pelo vulto que tinha sob a jaqueta
Nathan tirou a jaqueta, mas quando foi até Sara não pôde recordar o que ia
fazer.
—Sara?
—Sim?
Ele parecia contente de estar ali olhando-a fixamente. O amor de Sara se via
em seu olhar. Seu sorriso era tenro. Ele era indigno dela, e mesmo assim lhe
Sentiu um suor frio. Tratou de tomar o lenço que Colin lhe tinha colocado no
bolso, mas logo percebeu que tinha a jaqueta na mão. Não sabia por que. voltou a
pôr. Não podia deixar de olhar a sua bela esposa e lhe enredou o braço na
entrada. Quando viu seu marido, seu coração começou a pulsar freneticamente.
Nunca o tinha visto antes vestido com um traje formal. Tinha o cabelo penteado
para trás e levava a jaqueta e a calça negra como um poderoso rei. A arrogância
Nathan pôde encontrar facilmente a sua esposa entre os convidados. logo que
anunciaram seu nome, todos os convidados se foram para os lados do salão. Sara
ficou sozinha no centro da pista. Pareceu-lhe magnífica. Estava tão delicada, tão
Nathan ainda não podia lhe falar. Tinha que fazê-lo bem, disse-se a si
Não, não, para ela tinha que estar perfeito, não só bem. Levaria a biblioteca,
—Eu te amo, Sara —disse com um tom como se tivesse provado sua sopa.
Ela o fez voltar a dizer. Tinha os olhos cheios de lágrimas, e ele sabia que o
—supunha-se que não devia dizer isso... ainda não, de qualquer maneira, amo-
te —sussurrou.
tanto como você em ir me buscar... mas agora sei. Ama-me a muito tempo , não
é verdade?
—por que não me disse que sabia? —perguntou-lhe—. Maldita seja, Sara,
—Passou pelo inferno? Você é que se negou a confiar em mim. Você é o que
nunca diz o que tem em seu coração. Eu lhe disse isso sempre, Nathan.
Despertar da Paixão Julie Garwood
—Não, Sara, sempre não. Me dizia uma vez por dia. Alguns dias esperava até
Pela expressão de seu rosto percebeu que se sentia agradada com sua
confissão.
até que quase lhe tocar o rosto—. Se quiser, porei-me de joelhos, Sara. Eu não
gostaria de —adicionou com honestidade—. Mas o faria. Por favor, Case comigo.
Nunca tinha visto seu marido tão atordoado. Obviamente, para ele era uma
Seu público estava subjugado. O casal que se olhava tão amorosamente nos
Nathan tinha esquecido dos outros convidados. Estava tentando terminar com
rompendo o contrato.
Sara começou a chorar. Ele não pôde evitar abraçá-la. inclinou-se e beijou
Entretanto, a esperança de que a noite fosse perfeita para sua esposa não
—Acredito que você me ama, Nathan —disse quando voltou a atender—. Não
amo. É a única maneira que tenho para que creia. Ama-me há tanto tempo e eu
—Não, não tem que fazer isto. Nathan, demonstrará que confia em mim e que
me ama sem renunciar a dote. esperou muitos anos essa herança e vai conserva-
la.
—Não.
—Sim.
Pela expressão de seu rosto via que estava decidido a realizar esse nobre
sacrifício por ela. Ela também estava decidida a não deixar faze-lo.
resposta.
Céu santo, como a amava, pensou. E como ela amava ele também. Parecia que
—Se não assinar o papel, Sara, então sua família poderá ficar com a dote do
—Olhe, Sara...
Ele não se deu conta de que estavam gritando. Ela sim. voltou-se e olhou para
procurava.
Ela se voltou e sorriu a seu marido. Nathan estava tirando a jaqueta. Logo
Começou a rir.
Nathan já não parecia chateado. Tinha um brilho nos olhos. Era um homem
muito arrebatado. E ela a mulher ideal para lhe dirigir. Olhou-lhe o peito e lhe
cobriu os ombros com sua jaqueta, e lhe ordenou que passasse os braços pelas
mangas.
—Se voltar a pôr esse vestido, o arrancarei —sussurrou isso—. Ali vêm.
—Eu te amo, Nathan. Lembre de não pôr o polegar debaixo dos dedos. Não
Nathan levantou uma sobrancelha ante essa sugestão. Ela se vingou lhe
entretenimento. Sua pequena reunião daria que falar durante bastante tempo.
Sara recordou que tinha visto o casal no degrau de cima. Ambos tinham uma
Entretanto, Sara gostou mais do que aconteceu depois da briga. logo que
terminou a luta, Nathan a levou. Não queria perder tempo em levá-la até o
Estava ansioso por tocá-la. Ela estava ansiosa por lhe deixar que o fizesse.
Fizeram amor com paixão, ardor e muito amor. Sara estava sobre seu marido no
centro da cama. Tinha o queixo apoiado sobre suas mãos entrelaçadas, estava-
que estavam sozinhos, Nathan podia lhe dizer o muito que a amava sem
papel e a entregou.
—Invejava um pouco a jade —comentou—. Não pensei que poderia ser como
—Não quero que se pareça com ninguém. Seu amor me deu tanta força, Sara.
lhe Sara.
Despertar da Paixão Julie Garwood
—Conta-me o agora.
—Só se desgostaria, querida. Levei uma vida bastante escura. Fiz algumas
coisas que você consideraria... inquietantes. Acredito que será melhor que conte
sentimentos?
sei que duvidaste em me contar seu passado porque podia me preocupar e não
A faísca que acendeu no olhar a desconcertou. Ela tramava algo, mas não
olhos.
riu. Ele ainda estava um pouco assustado. Sara sabia que confiava nela, que a
amava, mas tudo era tão novo para Nathan que demoraria para baixar todas suas
defesas.
esposa.
Fim