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Jogo Santo Expedito COMPLETO
Jogo Santo Expedito COMPLETO
Manual de Instruções
Santo Expedito
Apresentação
Transferência de Potencial Construtivo,
o Direito de Preempção, o Consórcio
Imobiliário e outros.
• Instrumentos de regularização
fundiária
São instrumentos que reconhecem a
existência de ocupações irregulares pelas
cidades e enfrentam a questão: Usuca-
pião Coletivo, Concessão de Uso Especial
para Fins de Moradia, Zonas Especiais de
Interesse Social (ZEIS).
Como jogar
• Cada situação pode ser jogada por 6 a • O final do jogo pode ser determinado
10 participantes, estipulados conforme pelo mediador ou ainda quando o grupo
cada situação proposta. Quando são chegou a uma proposta conciliadora
poucos participantes é importante entre os interesses de todos os perso-
escolher uma situação com poucos jo- nagens, usando a questão-orientadora
gadores ou selecionar os personagens como um objetivo a ser cumprido. O
previamente para que estejam presentes mediador também pode e deve colabo-
apenas os essenciais a cada situação. rar para articular a proposta, orientando
os minutos finais do jogo com esse
• Os personagens de cada história vão objetivo.
ajudar a buscar soluções para algumas
situações conflituosas.
Cidades quase-imaginárias
Município de Santo Expedito
Localização Economia
A cidade, fundada em 1.760, situa-se A indústria ainda é muito forte no mu-
na Região Metropolitana do Estado de nicípio, embora as atividades de comércio
Belterra. e serviços estejam crescendo considera-
Está localizada na Bacia do Rio Gra- velmente. Os principais setores industriais
vataí, principal rio que corta o Estado de são o químico, o farmacêutico e as indús-
Belterra. trias de reciclagem. Nos últimos quatro
anos verificou-se um declínio considerável
Meio ambiente no número de indústrias que deixaram a
O Rio Gravataí, quando atravessa a cidade rumo a municípios com ofertas de
cidade de Santo Expedito, já se encontra isenção fiscal. Com a saída das indústrias
muito poluído. Várias favelas instalaram-se muitos galpões ficam sem uso.
nas margens dos seus afluentes. O índice de desemprego na cidade é
O município está situado em uma planí- de aproximadamente 15%.
cie, com áreas sujeitas a enchentes. A peri-
feria da cidade esta localizada em colinas e Transporte
nas altas declividades, ocupando os morros A cidade fica entre as duas principais
e áreas de preservação permanente. rodovias que cruzam o Estado, por onde
é escoada parte significativa da produção
População agrícola e industrial do país.
780 mil habitantes A cidade é muito extensa e possui várias
Grande parcela da população chegou na linhas de ônibus que atendem os bairros,
cidade há menos de 10 anos. Na década de mas não há integração entre as linhas lo-
60 o crescimento anual da cidade estava cais e o atendimento é deficiente.
em torno de 20%, na década de 70 este Nos últimos dois anos, em função do
crescimento caiu para 5% ao ano, ou seja, aumento do desemprego, cresceu muito
ainda bastante elevado. Hoje o crescimen- o número de lotações, a grande maioria
to é inferior a 1%, porém nos distritos clandestinas.
periféricos este chega a 6%. Um dos graves problemas da cidade
são os constantes congestionamentos, em atender a demanda. Há na cidade vários
função do grande número de veículos, que movimentos populares e associações de
pioram nos períodos de chuvas, quando moradores que estão se articulando para
ocorrem as enchentes. discutir novos processos para a gestão
urbana, em especial para os problemas
Habitação habitacionais.
A cidade foi ocupada por inúmeras fa-
velas próximas ao Centro, geralmente em
áreas de risco ou áreas cuja ocupação não
é permitida, como por exemplo várzeas, Situações
terrenos próximos aos fios de alta tensão e
encostas de morros sujeitos a desli-zamen- 1. O discreto charme...
to. Vários loteamentos clandestinos foram Um shopping quer se instalar no bairro
ocupados por moradias auto-construídas, do Félix, área nobre da cidade de Santo
principalmente nas áreas periféricas. As Expedito. O shopping será de alto padrão
ocupações começam a avançar sobre a e destinado principalmente para as classes
Serra do Beija-Flor e a Área de Proteção mais abastadas da cidade. A comunidade lo-
Ambiental. cal é muito articulada, pois possui represen-
O Centro está deixando de ser uma área tantes nos diversos setores da administração
de uso residencial e passando a ser uma da cidade e também no Ministério Público.
área basicamente comercial, perdendo A comunidade exige, por exemplo, que o
população. empreendedor faça alterações no projeto
Há também muitas áreas grandes que para minimizar os impactos que afetarão a
estão vazias há anos e que não são ocupa- qualidade de vida do bairro, principalmente
das por nenhum tipo de atividade. no que diz respeito ao trânsito, poluição
visual e preservação das poucas áreas verdes
Participação existentes no bairro.
A Prefeitura Municipal está buscando
soluções para atender a demandas dos Questão orientadora
movimentos sociais locais, tais como: esgo- Os participantes deverão discutir os ins-
tamento sanitário, melhoria da rede viária, trumentos que possibilitem à comunidade
habitação e implantação de equipamentos propor mudanças no projeto, bem como
sociais (escolas, creches, postos de saúde), relacionar as possíveis alternativas para os
mas não tem recursos disponíveis para problemas apresentados.
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2. Informação é a solução... centrais.
O município de Santo Expedito, por O município tem um déficit habitacional
meio da Secretaria de Planejamento, está de 35 mil moradias, além de poucas áreas
construindo uma base de dados com um verdes dentro da área urbanizada e de 30%
histórico resumido do terreno, que deve ser do município estar em área de preservação
consultada a cada abertura de empreendi- de mananciais. Os novos lotea-mentos,
mento. Numa dessas consultas o Sr. Clóbis grande parte deles irregulares, estão sendo
Miller, dono da construtora Engenharia feitos nas regiões periféricas da cidade,
Cidade Nova, verificou junto à Prefeitura onde não há infra-estrutura de serviços
que um terreno de sua propriedade está e equipamentos sociais. Nos bairros mais
contaminado e o Conjunto Habitacional habitados há disputas de passageiros entre
Jéferson de Souza, construído no terreno, as empresas de ônibus e os perueiros. O
deverá passar pela análise do potencial de Secretário de Planejamento organizou uma
contaminação dos poluentes existentes na reunião para discutir o Plano Diretor da
área. A notícia chegou à imprensa, que cidade na Câmara Municipal, envolvendo
vem divulgando a todo momento as con- os representantes dos diversos setores da
dições de saúde da população residente. sociedade. Pretende também negociar
em torno das possíveis soluções para os
Questão orientadora problemas da cidade – principalmente os
Os participantes deverão debater quais relacionados ao déficit habitacional ao
os instrumentos que poderão ser utilizados futuro da economia local.
para que se tenha o conhecimento apro-
fundado da situação real do problema, e Questão orientadora
discutir quais as outras alternativas que Em um processo de negociação, o grupo
possam ser propostas para que situações deverá encontrar soluções possíveis para os
como esta possam ser evitadas. problemas de déficit habitacional e propor
uma plataforma de alternativas para os
3. Por uma cidade mais rumos da economia da cidade.
justa...
As indústrias estão migrando para cida- 4. Revivendo o centro
des vizinhas para terem mais isenção fiscal, Um setor da parte central de Santo
pagando menos impostos. Em função disso Expedito está em franco processo de de-
abrem-se grandes glebas desocupadas em gradação por conta da fuga das indústrias
áreas com boa infra-estrutura, nos bairros e da diminuição da atividade econômica
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na cidade. Os galpões industriais do início de um loteamento, construído na década
do século XX, a antiga Estação Central de 70, onde os terrenos valem atualmente
Ferroviária e também prédios históricos cerca de 700 reais/m2. Na fase final da
encontram-se hoje abandonados. Na área implantação do loteamento, 35% dos
comercial ocorreram recentes brigas entre terreos área não foram ocupados, perma-
os camelôs e os comerciantes pela disputa necendo assim até recentemente.
de espaço de trabalho. Os comerciantes O Movimento dos Sem Casa, apoiou
alegam que pagam impostos e sofrem a uma ocupação realizada por 78 famílias
concorrência desleal dos camelôs. Estes em uma área que estava desocupada
dizem que precisam trabalhar. Durante desde 1976. Os proprietários do terreno
um debate na Universidade de Santo pediram reintegração de posse e querem
Expedito surgiu a idéia de ‘arrumar’ essa que as famílias sejam transferidas para
parte da cidade, implantando centros cul- outro local. A Prefeitura sugeriu uma
turais e outras iniciativas que provoquem área pública, na Vila Escondida, que está
a sua revitalização. A Prefeitura aprovou distante do Centro cerca de 23km, cujo
a idéia e agora está buscando um projeto valor do metro quadrado é de apenas
que contemple a revitalização dos vários 10 reais. Nesse local quase não há infra-
edifícios. estrutura de serviços e todo o transporte
é feito por poucos perueiros que moram
Questão orientadora no próprio bairro. O Movimento, em con-
Buscar instrumentos que possam contri- junto com as famílias, quer discutir outras
buir para revitalizar essa parte da cidade e alternativas, pois considera essa proposta
propor algumas alternativas para os edifí- absolutamente inviável.
cios e para a antiga Estação Central.
Questão orientadora
Personagens que participam Discutir com o grupo quais os ins-
• Aziz Chedid, Sérgio Raimundo, Baltazar trumentos legais que podem oferecer
Skillak, Rosemeire Menezes, Diandra alternativas para o problema, levando em
Sepetiba e Leonardo Klinky. consideração as necessidades dessas famí-
lias de estarem próximas dos seus locais de
5. Esse terreno é nosso... trabalho, e a exigência dos proprietários
O Bairro da Vila Amália é próximo ao de não perderem os seus terrenos sem
centro da cidade e possui algumas grandes qualquer indenização.
áreas vazias. Parte do bairro surgiu a partir
Personagens que participam
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• Dr. Alphonsus Bragantim, Sérgio Rai- Aproveitando a reunião para propostas
mundo, Baltazar Skillak, Mateus da Silva, para o Plano Diretor, o Secretário de Pla-
Diandra Sepetiba, Rosemeire Menezes e nejamento pretende discutir uma proposta
Leonardo Klinky. para a área considerando a possibilidade
de recuperação da valorização obtida com
6. Avenida Expedita a obra da avenida.
O Prefeito está terminando a obra de
uma grande avenida, a Av. Expedita, inicia- 7. Urbanizador social
da na gestão anterior, quando foi prevista Uma grande proprietária de terras va-
a construção de um Novo Centro de Ne- zias localizadas atrás da Serra do Beija Flor
gócios e Exportação. Os terrenos próximos está propondo ao município a aprovação
à obra eram ocupados por favelas que de um condomínio fechado com lotes
foram removidas. A população removida grandes para famílias de alta renda. Pelo
recebeu sua indenização e foi morar na zoneamento de Santo Expedito, esta é uma
Serra do Beija-Flor. O mercado imobiliário área de ocupação rarefeita, onde não se
está de olho nos terrenos e na possibilida- poderia ter uma ocupação tão intensiva
de de valorização dos imóveis a partir dos quanto a proposta pelo empreendedor.
investimentos públicos para construção do Ao mesmo tempo, a Prefeitura está procu-
Centro de Negócios. rando formas de lidar com o problema dos
O poder público vê na construção do loteamentos clandestinos naquela região
Centro a possibilidade de geração de em- da cidade e sabe que para isso precisa ter
pregos, mas sabe que não tem dinheiro oferta de lotes baratos e produzidos legal-
para toda a obra. Ainda mais considerando mente naquela região. A infra-estrutura do
a piora nas condições habitacionais após Bairro Serra da Beija-Flor também precisa
a grande ocupação da área de proteção ser melhorada, e a pavimentação de uma
ambiental. via estruturadora seria importante para
que a prefeitura conseguisse convencer
Questão orientadora os pequenos loteadores que atuam no
Considerando que o Plano Diretor deli- local a produzir loteamentos regulares,
mitou essa área como Operação Urbana, no entanto, a prefeitura não tem recursos
como pode ser recuperada a valorização orçamentários para essa obra.
obtida com a obra de forma redistributiva,
que interesse à toda a sociedade. Questão orientadora:
Questão orientadora 2
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Os participantes devem debater a situ- contendo uma proposta que atenda as
ação da Serra do Beija-Flor considerando reivindicações dos movimentos.
a proposta do empreendedor e as necessi-
dades da região, relacionando os possíveis 9. Casa para os sem casa...
instrumentos que poderiam ser utilizados A cidade teve uma ocupação de terras
para uma solução urbanística que atenda feita pelo Movimento dos Sem Casa na
as exigências do Estatuto da Cidade. periferia. Agora a Prefeitura se recusa a
legalizar a ocupação, pois não tem dinheiro
8. Como conter a expansão para levar infra-estrutura (água, esgoto e
da periferia? outros equipamentos sociais) e nem pode
Novos “bairros” estão sendo construí- fazê-lo, pois oficialmente a área ocupa-
dos na região fora dos limites urbanos da da é uma área de manancial e deve ser
cidade. Esses “bairros” não têm infra-es- preservada. Os ‘sem casa’ ocuparam essa
trutura de serviços e transporte adequado área, mas na verdade queriam estar mais
para o Centro da cidade, onde a maioria perto do trabalho, assentados no centro da
dos moradores trabalha e desenvolve cidade, onde existem muitas áreas vazias.
suas atividades. Por conta disso, diversas O prefeito recém-eleito está estudando
associações de moradores e movimentos formas de melhorar a arrecadação de im-
por moradia estão reivindicando junto à postos da cidade, para poder melhorar a
Prefeitura Municipal alternativas para a infra-estrutura dos bairros mais afastados,
questão de infra-estrutura nos bairros, e também procurando alternativas para
ou outros espaços para a construção de solucionar o problema da existência de
moradias. No centro da cidade há grandes várias favelas na beira de rios.
áreas desocupadas. A Secretaria Muni-
cipal de Planejamento e os movimentos Questão orientadora
populares estão promovendo um seminá- Os participantes deverão debater
rio sobre gestão urbana e convidaram os quais os instrumentos que poderão ser
diversos setores da sociedade. A imprensa utilizados para ampliar a arrecadação do
também foi convidada e está cobrindo o município e para construir alternativas de
evento. regularização dos bairros já instalados nas
áreas de proteção dos mananciais.
Questão orientadora
Ao final do Seminário os participantes
do debate deverão redigir um documento
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Saiba mais sobre os
Instrumentos do Estatuto
da Cidade
• Garantir o atendimento às necessidades
Plano Diretor
dos cidadãos quanto à qualidade de vida
e justiça social;
O Plano Diretor é uma lei municipal,
• Garantir que a propriedade urbana sirva
aprovada na Câmara, que corresponde ao
aos objetivos anteriores e
conjunto de regras básicas de uso e ocupa-
• Fazer cumprir as determinações do
ção do solo, que orientam e regulam a ação
Estatuto da Cidade.
dos agentes sociais e econômicos sobre o
território de todo o município.
É o instrumento básico da política de
desenvolvimento e expansão urbana, e deve
Instrumentos
ser elaborado e implementado com ampla de indução do
participação popular. desenvolvimento
O Plano Diretor é parte integrante do urbano
processo de planejamento municipal: o
plano plurianual, as diretrizes orçamentárias Parcelamento, Edificação ou
e o orçamento anual devem incorporar as Utilização Compulsórios.
diretrizes e as prioridades nele contidas. A IPTU Progressivo no Tempo
vinculação entre os instrumentos de planeja- Desapropriação com
mento e as ações de governo é o elemento Pagamento em Títulos
que garantirá a efetividade do Plano Diretor,
desde que o processo seja acompanhado e É um conjunto de instrumentos que
fiscalizado pela população, poder legislativo serve para penalizar o proprietário urbano
e sociedade civil. que retém terrenos para fins de especula-
ção imobiliária. A aplicação das sanções
Suas funções são: previstas no instrumento serve para fazer
• Propiciar o crescimento e desenvol- com que terrenos vazios ou sub-utilizados
vimento econômico local em bases que se encontram em áreas dotadas de
sustentáveis; infra-estrutura (servidas de água, rede
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de esgoto, sistema de transporte) e equi- comerciais) em valor equivalente ao preço
pamentos (escolas, hospitais, parques, da terra antes das obras de loteamento e
centros culturais, etc) sejam devidamente urbanização terem sido realizadas.
ocupados, enfraquecendo a especulação Por exemplo, um proprietário possui um
imobiliária. terreno de 10 mil m2, bem localizado, no
O instrumento da Edificação Compulsória valor de 250 mil reais, mas não tem recur-
estabelece um prazo para o loteamento ou sos para realizar um empreendimento no
construção das áreas vazias ou sub-utilizadas. local. Pelo Consórcio Imobiliário, o poder
O proprietário que não cumprir esse prazo público assume o terreno, constrói 10
será penalizado pela aplicação progressiva do prédios de habitação de interesse social, e
Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), devolve ao proprietário 10 apartamentos
que deverá ser aplicado por um período de no valor de 25 mil reais cada.
cinco anos. Se, no caso de esgotamento do
prazo, a área ainda não tiver sido ocupada Direito de Superfície
com os usos e densidades previstas, o imóvel É um instrumento que separa a proprie-
poderá ser desapropriado, e o proprietário dade do lote do direito de usá-lo. Estabele-
será ressarcido com pagamento em títulos ce que o direito de construir na superfície,
da dívida pública. espaço aéreo ou subsolo de um lote pode
Atenção! É importante que fique cla- ser concedido, comprado ou vendido
ro que a função do IPTU Progressivo no independentemente da propriedade do
Tempo não é arrecadar, ou aumentar as lote. As negociações com o direito de su-
receitas públicas, e sim induzir determina- perfície podem ser feitas por um tempo
do uso ou ocupação de uma área. determinado ou indeterminado, e podem
ser onerosas ou gratuitas.
Consórcio Imobiliário O Direito de Superfície permite, por
É um mecanismo que viabiliza uma par- exemplo, que o poder público cobre das
ceria entre o poder público e o proprietário empresas concessionárias de serviços pú-
de um terreno. O proprietário transfere blicos um valor pelo uso do seu subsolo,
ao poder público Municipal um imóvel, e ou espaço aéreo.
este se responsabiliza pela construção de
um empreendimento imobiliário no local. Transferência do
Após a realização do empreendimento, Direito de Construir
o proprietário recebe, como pagamento, A Transferência do Direito de Construir
unidades (casas, apartamentos ou espaços permite que o proprietário transfira o direito
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de construir de um determinado lote para geridos por um Conselho com participação
terceiros e/ou para outra área. Pode ser e controle social, e que tenham destinação
utilizada com o objetivo de preservar imó- e prioridades definidas e pactuadas no
veis com valores históricos, paisagísticos ou Plano Diretor municipal.
áreas frágeis do ponto de vista ambiental. É
uma forma de compensação ao proprietário Operações Urbanas
que tem restringido o uso de determinada Consorciadas
propriedade. É um instrumento que se propõe a
No caso de áreas frágeis, a transferência viabilizar uma transformação estrutural de
do direito de construir pode ser exercida um setor da cidade, através de um pro-
em contrapartida ao compromisso do jeto urbano implantado em parceria com
proprietário de preservar a área. proprietários, poder público e investidores
privados. A Operação Urbana define um
Outorga Onerosa do Direito perímetro dentro do qual valem regras
de Construir ou Solo Criado específicas de utilização do solo (diferentes
É um instrumento que permite ao poder das regras gerais da zona onde o projeto
público recuperar parte dos investimentos está inserido), gerando potenciais adicionais
que são feitos na infra-estrutura da cidade de aproveitamento dos terrenos que são
e que resultam em valorização dos terrenos vendidos aos parceiros. Os recursos desta
privados. A Prefeitura estabelece no Plano venda custeiam os investimentos previstos
Diretor o coeficiente básico de utilização no projeto da própria operação.
dos lotes (por exemplo uma vez a área do
terreno) e os que quiserem edificar além Direito de Preempção
desse limite deverão pagar ao poder públi- O Direito de Preempção é um instrumen-
co por esse direito. A Prefeitura estabelece to que garante à prefeitura a prioridade
também um valor para a venda desse po- para a compra de determinado terreno,
tencial construtivo e onde estes recursos no momento em que este for oferecido à
serão aplicados. venda no mercado. O poder público define
Os recursos obtidos podem por exem- no Plano Diretor as áreas onde quer exercer
plo financiar projetos de regularização o Direito de Preempção, que são áreas que
fundiária, habitação de interesse social, a prefeitura deseja, a médio prazo, trans-
equipamentos comunitários e áreas verdes formar mediante aquisição dos imóveis e
ou preservação do patrimônio. O ideal é investimentos específicos na transformação
que esses recursos estejam em um fundo, ou preservação urbanística.
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Instrumentos de No caso da área ocupada ser uma área
regularização fundiária que coloca em risco a vida e a saúde dos
ocupantes – como, por exemplo, áreas
Usucapião Especial de Imóvel alagáveis, encostas com risco de desmo-
Urbano ronamento, mangues – pode ocorrer a
É um instrumento que facilita a regulari- concessão de outra área, para onde serão
zação da posse de um determinado terreno removidos os ocupantes da área de risco.
urbano privado, onde a população já vive
há mais de cinco anos. Pode ser assegurado Zonas Especiais de Interesse
àqueles que não tiverem outra propriedade Social (ZEIS)
urbana e comprovarem posse de uma área As ZEIS são áreas delimitadas da cidade,
de até 250m2, sem que essa posse tenha dentro das quais é garantido o uso para
sido reclamada pelo proprietário. habitação de interesse social. É uma ma-
Para terrenos maiores, a Usucapião neira de assegurar terras bem localizadas
pode ser assegurado de forma coletiva, e providas de infra-estrutura para o uso
ou seja, várias famílias recebem a regu- dos mais pobres.
larização de uma única área, como um Existem três tipos de ZEIS: ZEIS de favelas,
condomínio. que definem parâmetros urbanísticos espe-
cíficos para assegurar a posse e permitir a
Concessão de Uso Especial regularização delas; ZEIS de cortiços, que
para Fins de Moradia permitem que a população permaneça mo-
É um instrumento que permite a re- rando e a requalificação dos cortiços; e ZEIS
gularização de ocupações irregulares em de vazios urbanos, que marcam terrenos não
terras públicas municipais, estaduais ou edificados ou subutilizados onde só poderá
federais. Aquele que possuir uma área de ser edificada a habitação de interesse so-
até 250m2, para fins de moradia, que não cial. Assim, cria-se uma reserva de mercado
tenha outra propriedade rural ou urbana, para a Habitação de Interesse Social.
tem o direito de receber do poder público
a concessão de uso do imóvel. Assim como
a Usucapião, a Concessão de Uso Especial
para fins de Moradia pode ser assegurada
de forma coletiva, ou seja, várias famílias
recebem a regularização de uma única
área, como um condomínio.
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Instrumentos de Conselho de Desenvolvimento
democratização da Urbano
gestão urbana Conselhos de Desenvolvimento Urbano
são órgãos colegiados, com representação
Debates, Audiências e do poder público e da sociedade civil, que
Consultas Públicas. permitem a participação direta da popu-
São apresentações que o poder público lação na construção da política urbana.
deve fazer em alguns momentos, quando Acompanham e fiscalizam a implementa-
estão em jogo projetos ou planos de gran- ção do planejamento territorial.
de importância para o conjunto ou para Para instaurar um Conselho de Habita-
partes da cidade. ção e Desenvolvimento Urbano, deve-se
Nas audiências públicas, que podem definir atribuições, garantir uma compo-
ser convocadas pela Câmara Municipal ou sição que abranja os diferentes setores
pelo Poder Executivo, o poder público deve envolvidos e assegurar recursos para fazer
estar realmente disposto a discutir seus valer as deliberações do Conselho.
projetos, e estar preparado para negociar
e rever posições. Estudo de Impacto de
Vizinhança (EIV)
Conferências sobre Assuntos Estudos de Impacto de Vizinhança ser-
de Interesses Urbanos vem para medir o efeito de futuros grandes
Conferências são grandes encontros, empreendimentos sobre a região onde
realizados periodicamente, com ampla esses empreendimentos serão construídos.
divulgação e participação popular. É onde Estes impactos podem ser urbanísticos (no
se define políticas e plataformas de desen- trânsito, na área desmatada, no adensa-
volvimento urbano para o período seguinte. mento, etc.) ou socioeconômicos (na es-
São momentos decisivos, nos quais se as- trutura de emprego e renda, nos negócios
sume compromissos e são “costurados” os que podem ser atraídos ou expulsos).
consensos e pactos entre o poder público e O Estudo de Impacto de Vizinhança deve
os diversos setores da sociedade. dar voz à população dos bairros e comuni-
A finalização de um processo de dis- dades afetados pelos empreendimentos e,
cussão pública sobre um Plano Diretor é se necessário, exigir compensações e con-
um exemplo de tema de planejamento trapartidas dos empreendedores, em todos
territorial que merece ser submetido a uma os pontos onde incidirão os impactos.
Conferência desse tipo.
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Gestão Participativa do Instrumentos de gestão
Orçamento social da valorização da
A Gestão Participativa do Orçamento terra
ou Orçamento Participativo significa a
participação da população nas decisões IPTU
de como será gasto o dinheiro público no É um imposto cobrado sobre o valor da
ano seguinte. terra, ou seja, sobre a propriedade, com
O Orçamento Participativo baseia-se objetivo de arrecadação municipal. Qual-
em assembléias realizadas nas diferentes quer alteração de valor de cobrança de
regiões da cidade, nas quais são escolhidas IPTU passa pela revisão da Planta Genérica
as prioridades de investimento da cidade de Valores ou pela revisão das alíquotas
e são eleitos os delegados, que represen- cobradas e deve ser aprovada pela Câmara
tam um número determinado de cidadãos de Vereadores.
(por exemplo, um delegado para cada dez É possível isentar alguns proprietários
cidadãos). Estes delegados votarão nas as- dessa cobrança, por exemplo, a população
sembléias que decidem onde será alocado de baixa renda. E também é possível cobrar
o dinheiro no projeto de lei do orçamento alíquotas diferenciadas, de acordo com o
público do ano seguinte. valor do imóvel, respeitando a capacidade
econômica do contribuinte.
Iniciativa Popular de Projetos
de Lei Imposto de Transmissão de
A população também pode propor pla- Bens Intervivos (ITBI)
nos, projetos ou alterações na legislação, É um imposto que é cobrado no mo-
por meio da iniciativa popular de projetos mento da transferência do título de pro-
de lei, isso não é privilégio da Prefeitura priedade de um imóvel.
ou do Legislativo. Um projeto de iniciativa Não é um instrumento de indução ou
popular deve reunir um grande número de de recuperação da valorização da terra,
assinaturas de cidadãos (número que deve mas seu monitoramento pode servir para
ser definido em lei no próprio município), controle dessa valorização.
e deve tramitar e ser votado normalmente Muitas vezes o ganho do proprietário
na Câmara. decorrente da valorização de um imóvel
dá-se efetivamente no momento da venda,
por isso o ITBI pode ser um bom instru-
mento para arrecadação e para medir a
valorização dos imóveis.
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Contribuição de Melhoria
É uma contribuição sobre a valorização
da terra promovida por obras públicas de
infra-estrutura e serviços públicos, visando
com essa recuperação financiar as obras
em áreas já ocupadas. É muito utilizada
para financiar a pavimentação ou ilumi-
nação pública.
O total máximo que o poder público
está autorizado a cobrar dos proprietários
é o custo do investimento.
Para cobrar a Contribuição, não é ne-
cessário que a obra esteja concluída, ela
pode ser cobrada durante a obra.
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Esta publicação é parte integrante do Kit das Cidades – 2ª edição.
A primeira edição foi resultado do “Programa de Capacitação de Agentes Locais para Atuação em
Processos de Regulação Urbanística”, projeto de pesquisa realizado pelo Instituto Pólis e PUC Campi-
nas, através do Programa de Políticas Públicas da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado
de São Paulo). Essa 2ª edição contou com o apoio do Lincoln Institute of Land Policy e contém novos
materiais.
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Mateus da Silva
Meu nome é Mateus da Siva, tenho 32 anos e sou pre-
sidente da entidade do Movimento Sem Casa. Ajudei a
realizar várias ocupações no município de Santo Expedito,
fui sindicalista e atualmente estudo Direito, apesar das
minhas dificuldades financeiras. Sei que tenho persona-
lidade polêmica, mas também sei que sou reconhecido
como uma forte liderança comunitária. Na última eleição,
fui candidato a vereador, mas fiquei na condição de
suplente.
INFORMAÇÕES CONFIDENCIAIS
INFORMAÇÕES CONFIDENCIAIS
INFORMAÇÕES CONFIDENCIAIS
INFORMAÇÕES CONFIDENCIAIS
INFORMAÇÕES CONFIDENCIAIS
INFORMAÇÕES CONFIDENCIAIS
INFORMAÇÕES CONFIDENCIAIS
INFORMAÇÕES CONFIDENCIAIS
INFORMAÇÕES CONFIDENCIAIS
INFORMAÇÕES CONFIDENCIAIS
INFORMAÇÕES CONFIDENCIAIS
Contribuição de
Melhoria
Outorga Onerosa de Alteração
de Uso
A Outorga Onerosa de Alteração de Uso é o
instrumento que permite que o proprietário
pague ao município pela alteração de uso do
solo, desde que essa seja permitida pelo poder
público através da demarcação de áreas no
Plano Diretor onde essa mudança de uso pode
ocorrer.
O instrumento é uma alternativa de recupera-
ção pelo poder público da valorização da terra
obtida na mudança de usos menos valorizados
para mais valorizados de forma privada. Um
exemplo disso é a mudança de solo rural para
urbano em novas frentes de urbanização, muito
freqüente nos municípios acostumados a pro-
mover a expansão urbana através do redesenho
de seu perímetro.
Outorga Onerosa de
Alteração de Uso