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Elaboração do Plano Municipal de Redução de Riscos de Cubatão

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1. APRESENTAÇÃO
O presente relatório apresenta o Plano Municipal de Redução de Riscos
(PMRR) do Município de Cubatão, objeto de contrato firmado entre a Prefeitura
Municipal de Cubatão (SP) e a Fundação de Apoio à Pesquisa, Ensino e Extensão –
FUNEP, baseado em convênio firmado entre a Prefeitura Municipal e a Caixa
Econômica Federal/ Ministério das Cidades, por meio do Programa de
Urbanização, Regularização e Integração de Assentamentos Precários / Ação de
Apoio à Prevenção e Erradicação de Riscos em Assentamentos Precários.
A Ação de Apoio à Prevenção e Erradicação de Riscos em
Assentamentos Precários tem por objetivo o apoio aos Estados, municípios e ao
DF na prevenção e erradicação de riscos sócio-ambientais que atingem famílias de
baixa renda, moradoras de assentamentos precários em localidades urbanas, por
meio da transferência de recursos do Orçamento Geral da União para o treinamento
e a capacitação de equipes municipais, o planejamento das ações de redução de
risco e a articulação das ações dos três níveis de governo.
O Plano Municipal de Redução de Risco (PMRR) expressa os resultados
de levantamentos, estudos e análises realizados sobre (a) as condições atuais de
risco geológico-geotécnico a que estão submetidas as áreas de assentamentos
precários ou irregulares do município de Cubatão; (b) as intervenções estruturais
necessárias para eliminar, reduzir e/ou controlar estas situações de risco; (c) as
estimativas de custos para cada situação de risco identificada, (d) a legislação
ambiental e urbanística incidente sobre as áreas estudadas, (e) as ações, projetos e
programas compatíveis com as intervenções para redução de riscos e as
alternativas de fontes de recursos a serem captados para este fim. Apresenta ainda
(f) uma sugestão de escala de prioridades de intervenção para as situações de risco
estudadas, e (g) uma proposta estratégica para o gerenciamento, redução e
erradicação dos riscos geológico-geotécnicos identificados nos assentamentos
precários do município.
Entende-se aqui por risco (R) a probabilidade (P) de ocorrer um acidente
associado a um determinado perigo ou ameaça (A), que possa resultar em
conseqüências (C) danosas às pessoas ou bens, em função da vulnerabilidade (V)

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do meio exposto ao perigo e que pode ter seus efeitos reduzidos pelo grau de
gerenciamento (g) administrado por agentes públicos ou pela comunidade. Ou seja:

R = P (ƒ A) * C (ƒ V) * g –1

Nas áreas de assentamento urbano precário, em função de sua alta


vulnerabilidade, geralmente determinada, entre outros fatores, pela forma ou
localização inadequada da ocupação, pela ausência de infra-estrutura urbana
(drenagem, pavimentação, saneamento) e de serviços básicos (coleta de lixo, redes
elétrica e hidráulica, etc.) e pela degradação do ambiente associada, é freqüente o
registro de riscos geológico-geotécnicos.
Este trabalho enfoca todas as situações de risco associadas a processos
atuantes de instabilização de taludes (escorregamentos e processos correlatos) em
encostas e margens de córregos, que possam afetar a segurança de moradias
implantadas nos assentamentos precários do município.
Por assentamentos precários ou irregulares com potencialidade de
apresentarem situações de riscos associados a escorregamentos em encostas e
solapamentos de margens de córregos no município de Cubatão, a serem
estudados e analisados, aqui serão consideradas as seguintes áreas indicadas pela
Prefeitura:

1. Pinhal do Miranda
2. Grotão
3. Morro do Gonzaga / Cota 100
4. Cota 95
5. Cota 200
6. Cota 400
7. Cota 500
8. Água Fria
9. Pilões
10. Mantiqueira

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2. REFERENCIAL TEÓRICO-CONCEITUAL

2.1. Base Teórica Referente a Mapeamento de Risco


Acidente geológico ou geotécnico é definido como a ocorrência de um evento
adverso (evento perigoso) de natureza geológica (processo envolvendo o solo, a
rocha e/ou a água) ou de natureza geotécnica (comportamento do solo ou da rocha
ante uma intervenção antrópica), que tenha provocado conseqüências danosas ao
homem ou a suas propriedades.
A partir deste conceito, entende-se que risco geológico ou geotécnico
corresponde a uma condição potencial de ocorrência de um acidente, ou seja, uma
situação na qual a possibilidade de ocorrência de um processo geológico ou de um
comportamento geotécnico indica a possibilidade de registro de conseqüência social
e/ou econômica caso o evento perigoso ocorra. Desse modo, conceitualmente, só
há risco quando há alguma possibilidade de perda ou dano.
A equação mais simples e didática utilizada para representar risco é:
R=PxC
sendo: R = risco;
P = probabilidade (ou possibilidade) de ocorrência de um determinado evento
adverso (evento perigoso);
C = conseqüências sociais e/ou econômicas potencias.

A grande maioria das equações de risco propostas por diferentes autores é


representada pelo produto entre dois ou mais termos. Tal fato se deve ao conceito
matemático denominado “convolução”, que indica concomitância e mútuo
condicionamento desses termos (CARDONA, 2001 apud NOGUEIRA, 2002). Assim,
sendo nulo um dos termos da equação (probabilidade ou conseqüências), o risco
também é nulo.
Um evento adverso potencial identificado (perigo) sempre deve estar
associado a um processo geológico ou geotécnico atuante no assentamento
precário estudado.

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Estes processos no ambiente urbano podem ser resultados de causas
naturais ou antrópicas, mas a geração dos riscos associados a eles é sempre um
processo social ou ambiental urbano (NOGUEIRA, 2002).
Os escorregamentos e solapamentos urbanos podem movimentar, além de
rochas, solo e vegetação, depósitos artificiais (lixo, aterros, entulhos) ou materiais
mistos, caracterizando processos geológicos, geomórficos ou geotécnicos.
Nas áreas de assentamento urbano precário, em função de sua alta
vulnerabilidade determinada, na maioria das vezes, pela forma ou localização
inadequada da ocupação, pela ausência de infra-estrutura urbana (drenagem,
pavimentação, saneamento) e de serviços básicos (coleta de lixo, redes elétrica e
hidráulica, etc.) e pela degradação do ambiente associada, diversos tipos de riscos
ambientais podem ser registrados. Esta situação conduz a acidentes de qualquer
porte, resultando muitas vezes em perdas de vidas e ferimentos e, quase sempre,
em danos materiais que constituem grave impacto na capacidade de
desenvolvimento da população pobre que reside nessas áreas.
Castro et al (2005) consideram que risco pode ser tomado como uma
categoria de análise associada, a priori, às noções de incerteza, exposição ao
perigo, perda e prejuízos materiais, econômicos e humanos em função de
processos de ordem "natural" (tais como os processos exógenos e endógenos da
Terra) e/ou daqueles associados ao trabalho e às relações humanas. O risco (lato
sensu) refere-se, portanto, à probabilidade de ocorrência de processos no tempo e
no espaço, não constantes e não-determinados, e à maneira como estes processos
afetam (direta ou indiretamente) a vida humana.
No que se refere aos riscos de natureza geológica, é comum que as
atividades que resultam na identificação e análise ou avaliação dos riscos sejam
realizadas por meio de investigações geológico-geotécnicas de campo. Tais
investigações requerem que sejam consideradas tanto a probabilidade (ou
possibilidade) de ocorrência do evento adverso (no caso do presente estudo, os
processos de instabilização associados a escorregamentos em encostas, a
solapamentos de margens de córregos e a ação direta das águas pluviais ou
fluviais), quanto as conseqüências sociais e/ou econômicas associadas.
Quanto às conseqüências, Carvalho (2000) afirma que sua avaliação “...
envolve sempre um julgamento a respeito dos elementos em risco e de sua

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vulnerabilidade. É comum que nas análises de risco em favelas apenas as
moradias sejam consideradas como elementos em risco (grifo nosso)”.
Certamente essa simplificação na consideração das conseqüências se deve à
dificuldade encontrada pelos profissionais que abordam os aspectos físicos dos
riscos geológicos em melhor caracterizar os elementos e fatores inerentes a essa
componente da análise de riscos.
Nogueira (2002) descreve que a conseqüência decorrente de um acidente é
função da vulnerabilidade, esta dependente da suscetibilidade de pessoas e/ou bens
serem afetados, bem como da “resiliência” dos elementos expostos. O termo
“resiliência” empregado se apóia em um conceito da Física que, aplicado à área de
risco, se traduz na capacidade de resposta de uma determinada população
supostamente afetada por um acidente, ou seja, na habilidade das pessoas em
reagir ao sinistro e em recuperar a condição normal, anterior ao acidente.
Já em termos da probabilidade (ou possibilidade) de ocorrência do
processo perigoso, verifica-se o desenvolvimento de pesquisas visando uma
determinação quantitativa em muitos centros europeus, norte-americanos e
brasileiros de atuação na prevenção de acidentes geológicos.
Entretanto, é importante lembrar que Nardocci (1999) afirma que “mesmo que
o cálculo da probabilidade de ocorrência de um evento seja preciso, exato, será
apenas uma probabilidade. Medir com precisão a probabilidade de ocorrência de um
evento não trará a certeza de ocorrência ou não desse evento, tampouco permitirá
conhecer-se o momento em que ocorrerá”.
O IUGS Working Group - Committee on Risk Assessment (1997) reconhece
dois grandes tipos de abordagens para a realização da análise de risco de
escorregamentos: a) análise qualitativa e b) análise quantitativa. Considera ainda
que os riscos resultantes das análises qualitativas podem ser expressos por
diferentes níveis ou graus, escalonados. Nas análises de risco qualitativas mais
sofisticadas, pode existir o incremento de um componente quantitativo dos
parâmetros técnicos analisados (indicadores), mesmo que estes números resultem
da experiência e do julgamento de especialistas.
Morgenstern (1997) afirma que análises qualitativas, conduzidas por métodos
de hierarquização de riscos relativos variam em detalhamento e complexidade e,

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muitas vezes, satisfazem as necessidades práticas de gestores, fornecendo
elementos para a mitigação dos riscos identificados.
Carvalho (2000), considerando a prática atual, descreve que “... a maneira
mais simples de se tratar a probabilidade em análises de risco consiste em se
atribuir, à possibilidade de ocorrência do processo de instabilização, níveis definidos
de forma literal (possibilidade de ocorrência baixa, média ou alta, por exemplo). Esta
é a base para as análises de risco de caráter qualitativo, em que um profissional
experiente avalia o quadro de condicionantes e indícios da ocorrência do processo
de instabilização, compara as situações encontradas com modelos de
comportamento e, baseado em sua experiência, hierarquiza as situações de risco
em função da possibilidade de ocorrência do processo num determinado período de
tempo (geralmente um ano)”.
Cerri (1993) discorre sobre as características dos mapeamentos de risco de
escorregamentos em encostas ocupadas. Resumidamente, o autor citado descreve
que os trabalhos de mapeamento de risco de escorregamentos em encostas
ocupadas podem ser realizados em dois níveis de detalhe distintos: o zoneamento
de risco e o cadastramento de risco.
No zoneamento de risco são delimitadas áreas – ou setores – nos quais se
encontram instaladas várias moradias. Para cada área ou setor identificado é
atribuído um mesmo grau de risco, muito alto, por exemplo. Esse grau de risco é
atribuído para todo o setor, embora possa haver algumas moradias em meio a essa
área que não apresentem risco tão elevado e, eventualmente, ocorrem moradias até
mesmo sem risco.
Já no cadastramento de risco de escorregamentos em encostas ocupadas, os
trabalhos de mapeamento são executados em grau de detalhe bem maior que nos
casos de zoneamentos, sendo que os riscos são identificados e analisados moradia
por moradia.
É bastante comum que, visando otimizar os trabalhos de identificação e
análise de risco, inicialmente sejam realizados zoneamentos de risco para, em
seguida realizar os cadastramentos nas áreas em qual tal nível de informação seja
necessário para as ações de gestão dos riscos identificados. Desse modo, pode-se
afirmar que os resultados do zoneamento de risco podem indicar as áreas

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prioritárias para a realização do cadastramento, qualificando, deste modo, os
trabalhos de campo a serem executados.
Em Geologia de Engenharia, a avaliação da probabilidade (ou possibilidade)
de um determinado fenômeno físico ocorrer em um local e período de tempo
definidos, leva em conta as características específicas do processo perigoso em
questão, especialmente a sua tipologia, mecanismo, material envolvido, magnitude,
velocidade, tempo de duração, trajetória, severidade, etc.
Essa caracterização se faz, inicialmente, por meio de investigações
geológico-geotécnicas de campo, que ainda contemplam a identificação dos
condicionantes naturais e induzidos dos processos perigosos, o reconhecimento de
indícios de desenvolvimento dos processos perigosos, bem como de feições e
evidências de instabilidades.
Mesmo reconhecendo-se as eventuais limitações, imprecisões e incertezas
inerentes à análise qualitativa de riscos, os resultados dessa atividade podem ser
decisivos para a eficácia de uma política de intervenções voltada à consolidação da
ocupação. Para tanto, é imprescindível a adoção de métodos, critérios e
procedimentos adequados, bem como a construção de detalhados modelos de
comportamento dos processos perigosos. Tais condicionantes, aliados à experiência
da equipe executiva envolvida nas atividades de identificação e análise de riscos,
podem subsidiar a elaboração de adequados programas de gerenciamento de
riscos, que acabam por reduzir substancialmente a ocorrência de acidentes
geológicos, bem como tornam mínima a dimensão de suas conseqüências.
A construção de modelos de comportamento dos processos perigosos, ou
seja, o entendimento dos processos geológicos no nível e profundidade compatíveis
com o estudo que está sendo realizado assume papel determinante para o sucesso
dos resultados a serem obtidos nos mapeamentos de risco e, não menos
importante, na escolha da(s) alternativa(s) de intervenção mais adequada(s) a cada
situação em particular.
Santos (2002) propõe um roteiro de trabalho (Quadro 1) que visa organizar as
atividades do profissional frente a um determinado problema.
A partir das considerações anteriores, fica patente a necessidade de um
perfeito entendimento dos processos perigosos – no presente texto, também
denominados de “modelos de comportamento” ou “modelos teóricos” – para

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assegurar a eficácia e a eficiência das atividades de identificação e análise de risco,
bem como a indicação das alternativas de intervenção destinadas a reduzir os riscos
identificados (perfeita aderência solução-fenômeno).

Fases do
Objetivo Principais cuidados
trabalho
Identificação preliminar dos Recolhimento de todos os registros
problemas potenciais ou ocorridos. bibliográficos e técnicos e de testemunhos
Circunscrição Enquadramento geológico- de pessoal local.
do problema geomorfológico do local. Caracterização das feições e dos
Delimitação e caracterização da processos geológico-geomorfológicos
área de trabalho. naturais locais e regionais presentes.
Caracterização dos parâmetros
Pesquisa de situações semelhantes,
geológicos e geotécnicos
Análise e especialmente na região.
necessários ao entendimento dos
diagnóstico Identificação dos processos geológicos e
fenômenos envolvidos.
dos geotécnicos originalmente presentes.
Diagnóstico final e descrição
fenômenos Adoção de hipóteses fenomenológicas
qualitativa e quantitativa dos
presentes progressivas e esforço investigativo e
fenômenos implicados nas inter-
observativo para sua aferição.
relações solicitações / meio físico.
Zelo especial pela perfeita aderência
Formulação de Apoiar a engenharia na formulação solução / fenômeno.
soluções das soluções adequadas Busca do barateamento da solução
encontrada.
Quadro 1: Roteiro e seqüência de atividades na Geologia de Engenharia (SANTOS, 2002).

2.2. Aspectos da Geologia e da Geomorfologia das Áreas Estudadas


A Serra do Mar é um conjunto de escarpas festonadas com aproximadamente
1.000 km de extensão, estendendo-se desde o Estado do Rio de Janeiro até o Norte
de Santa Catarina. No Estado de São Paulo impõe-se como uma típica borda de
planalto, frequentemente nivelada pelo topo em altitudes de 800 a 1.200m
(ALMEIDA & CARNEIRO, 1998).
A área de estudo está inserida no Complexo Cristalino do Pré-Cambriano
Superior (ALMEIDA, 1984) e apresenta-se cortada por um grande lineamento (Zona
de Falha de Cubatão), que divide a região em dois blocos: Bloco Norte e Bloco Sul
(Figura 1), nitidamente distintos na litologia e na estrutura (SADOWSKI, 1974).
Segundo Sadowski (1974) o Bloco Juquitiba é constituído essencialmente por
migmatitos estromatíticos (com sinais de retrometamorfismo e paleossoma xistoso)
e, secundariamente, migmatitos oftalmíticos. Ocorrem ainda ectinitos (metapelitos e
calciossilicatadas), granitóides, metabasitos, rochas básicas e sedimentos terciários.

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Figura 1: Compartimentação tectônica da área mostrando os blocos Norte (Bloco


Juquitiba) e Sul (Bloco Litorâneo) – modificado no Google Earth

Os ectinitos afloram em zonas estreitas e longas, geralmente em vales de


rios, correspondendo a três faixas distintas em núcleos de sinclinais. Localmente
ocorrem intrusões ígneas básicas e ácidas, como é o caso de diques de diabásio
presentes no alto da serra de Cubatão, no Caminho do Mar e na encosta do túnel
TA-13 da rodovia dos Imigrantes (SADOWISKI, 1974).
O Bloco Litorâneo é quase que exclusivamente compostos por migmatitos
oftalmíticos de paleossoma gnáissico e, secundariamente, ocorrem migmatitos
estromatíticos. Podem ocorrer cataclasitos e suítes graníticas cuja maioria
concentra-se nos espigões vizinhos ao falhamento Cubatão (SADOWSKI, 1974).
Segundo Rodrigues (1992), no interior dos migmatitos podem ocorrer lentes
quartzosas decimétricas a métricas, com achatamento paralelo à xistosidade e
quando alterado, o migmatito exibe cor avermelhada.

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Os gnaisses apresentam granulação média a grossa com gnaissificação bem


marcada, textura orientada, granoblástica e granolepidoblástica de coloração cinza
(RODRIGUES, 1992).
Os xistos possuem granulação média a grossa, com textura
granolepidoblástica, cor cinza quando sãos e roxos quando alterados. O contato
entre xistos e gnaisses na Serra de Cubatão é gradacional (RODRIGUES, 1992).
Entremeados as estas rochas podem ocorrer camadas ou lentes de quartzitos
de espessuras centimétricas a decamétricas (SADOWSKI, 1974).
De acordo com Rodrigues (1992) há duas variedades de quartzitos:
 Quartzitos calcossilicáticos com foliação pouco desenvolvida, granulação fina
a média, de cor que varia de branco a cinza, com contatos bruscos, e
 Quartzito feldspáticos de granulação muito fina, não laminada, coloração
branca a cinza esbranquiçada, associado às rochas xistosas, sob a forma de
lentes ou ''boudins''.
Além das rochas metamórficas e magmáticas, pode-se encontrar na área
sedimentos cenozóicos tais como: sedimentos marinhos, depósitos coluviais,
depósitos de tálus e depósitos aluviais (RIBEIRO, 2003).
Os sedimentos marinhos (quaternários) são representados por sucessões de
areias claras e argilas escuras orgânicas, com espessuras variáveis, mas de modo
geral crescente em direção ao mar (MACHADO FILHO, 2000).
Coluviões são depósitos de encostas em que os detritos são transportados
por fluxos de massas densas, formados por cascalhos com fragmentos
arredondados ou angulosos em matriz areno-silto-argilosa e lamitos (RIBEIRO,
2003).
Os depósitos de tálus são formações geológicas acumulativas recentes e
instáveis, compostos por fragmentos rochosos angulosos e semi-arredondados de
dimensões até métricas, imersos numa matriz fina areno-silto-argilosa (MACHADO
FILHO, 2000). São produtos de movimentações de massa pretéritas, em geral
depositados sob condições mínimas de estabilidade, sem qualquer estruturação ou
cimentação, e de extrema heterogeneidade, tanto de texturas quanto de resistência
e permeabilidade (MAGALHÃES et al., 1995).

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Os depósitos aluvionares da região são depósitos detríticos resultante da


sedimentação através dos rios (RIBEIRO, 2003), compõem-se de sedimentos
grosseiros, formados por seixos e matacões que representam bem a litologia da
região. Seus diâmetros variam de centímetros até 2m, entremeados por areias
grosseiras (MACHADO FILHO, 2000).
O perfil de alteração no trecho escarpado é basicamente representado pela
seqüência solo coluvial/solo saprolítico/saprolito/rocha sã, havendo localmente
diversas ocorrências de tálus. As espessuras de alteração atingem dezenas de
metros nas cotas superiores junto à borda do Planalto Paulistano (cerca de 750m de
altitude), diminuindo gradativamente à medida que se desce a escarpa. Abaixo da
cota 300m, sua espessura se reduz a poucos metros, sendo comum o afloramento
de rocha sã nos talvegues e à meia encosta (MACHADO FILHO, 2000).
A área tem sido palco, ao longo dos anos, de movimentos de massas que
atuam como agentes naturais, modeladores das encostas, manifestando-se tanto
como movimentos lentos de rastejo, como através de escorregamentos nas
estações chuvosas, deixando extensas cicatrizes na paisagem.
De acordo com Machado Filho (2000) o alto índice pluviométrico, em torno de
3.500mm/ano, aliado ao relevo escarpado, favorecem a ocorrência de
escorregamentos, os quais afetam o solo coluvial, sendo a superfície de ruptura o
contato com o substrato de material saprolítico. Os escorregamentos são sempre
agravados nos locais onde se manifesta a ação antrópica, quer nas obras viárias,
quer nos desmatamentos e ocupações desordenadas, como por exemplo nos
Bairros-Cota, objeto do presente estudo.

2.3. Modelo dos Processos Destrutivos Investigados


Os processos destrutivos abordados no presente trabalho são os
escorregamentos, que ocorrem em encostas ou em taludes (naturais ou artificiais) e
os solapamentos, que ocorrem em margens de córregos. Apresenta-se a seguir,
como referencia de modelo dos processos aqui estudados, texto extraído de Cerri
(2006):

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a) escorregamentos
Os escorregamentos são processos que podem ocorrer tanto em áreas de
grandes dimensões (encostas), quanto em áreas restritas (taludes naturais ou
artificiais).
Há vários tipos de processos que recebem a denominação de
escorregamentos, dentre eles destacando-se: escorregamento de solo;
escorregamento de rocha, queda de blocos e rolamento de matacões.
Cada tipo de processo apresenta características particulares em termos dos
tipos dos materiais mobilizados (solo e/ou rocha), suas velocidades relativas, tipo de
movimento predominante (translacional, rotacional), geometria das rupturas (planar,
circular), condicionantes naturais e antrópicos, agentes deflagradores, etc.
Os escorregamentos podem ser dos tipos planares, circulares ou em cunha
(Figura 2).
Um dos processos que mais ocorre no Brasil é o escorregamento planar de
solo (Foto 1). Escorregamentos circulares de solo são típicos de áreas de solos
homogêneos espessos, como os aterros (Foto 2).

Figura 2: Escorregamentos planares, circulares e em cunha.

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Foto 1 – Escorregamento planar de solo. Foto 2 – Escorregamento circular de solo em


aterro.

Durante os períodos de chuvas prolongadas (em geral superiores a 3 dias), é


comum o registro de escorregamentos planares de solo em encostas de áreas
urbanas, principalmente em locais de “aterros lançados” (Fotos 3 e 4) e em cortes de
pequena altura muito inclinados (Fotos 5 e 6). “Aterros lançados” e cortes são
executados em áreas inclinadas, para produzir patamares sobre os quais são
construídas as moradias. A denominação “aterro lançado” é adotada porque os
materiais utilizados em sua execução não são compactados, sendo lançados pela
encosta muitas vezes sem limpeza da superfície dos terrenos, ou seja, sem critérios
técnicos adequados. É muito comum que estes “aterros” apresentem composição
heterogênea, sendo constituídos, além do solo, por lixo e entulho de construção.
Também podem ser executados sobre antigos bota-foras.
Deste modo, acabam por apresentar alta porosidade e elevada
permeabilidade, fatores que acentuam seu potencial de instabilidade.

Foto 3 – Escorregamento planar de solo em


“aterro lançado”.

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Foto 4 – Idem à anterior. Notar que o “aterro


lançado” apresenta composição heterogênea.

Foto 5 – Cicatriz de escorregamento planar de Foto 6 – Idem à Foto 5.


solo em talude de corte inclinado, de pequena
altura.

Os materiais mobilizados em escorregamentos planares de solo em geral


apresentam-se fluidos, com o fluxo de lama deslocando-se com grande velocidade,
por dezenas de metros nos trechos de maior declividade.
Outro tipo de escorregamento que é muito comum em áreas de elevada
declividade é o escorregamento de lixo (Foto 7) e de entulho, especialmente em
períodos de chuvas prolongadas.

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Foto 7 – Ilustração de áreas de


alta declividade nas quais são
lançados lixo e entulho. Quando
do registro de chuvas
prolongadas, estes locais são os
primeiros a registrar a ocorrência
de escorregamentos.

Nas rochas, frescas ou alteradas, os principais condicionantes dos


escorregamentos são as estruturas (fraturas, xistosidades, falhas). Assim, em
maciços rochosos que apresentam um único padrão estrutural ocorrem
escorregamentos planares, enquanto a presença de dois sistemas de estruturas
possibilita a ocorrência de escorregamentos em cunha (Foto 8). Ao contrário dos
escorregamentos de solo, em geral a ocorrência de escorregamentos de rocha está
associada a chuvas intensas de curta duração. A presença de argilas expansivas
também pode contribuir para o registro de escorregamento de rocha.

Foto 8 – Escorregamento em cunha, registrado


em maciço de rocha alterada. Notar que a
massa mobilizada foi delimitada pela
intersecção de dois planos de estruturas.

Também mobilizando a rocha, há os processos denominados rolamento de


blocos e de matacões (blocos rochosos de grandes dimensões), bem como as
quedas de blocos.

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Enquanto os rolamentos chegam a atingir grandes distâncias (Fotos 9 e 10),
as quedas de blocos colocam em risco as edificações instaladas muito próximas às
áreas de exposição da rocha (Foto 11). Em geral, os rolamentos são devidos à
erosão do solo junto às bases dos blocos ou matacões, o que provoca seus
descalçamentos. Já as quedas de bloco de rocha são frequentemente associadas a
chuvas intensas de curta duração.

Foto 9 – Ilustração de rolamento de matacões. Foto 10 – Ilustração de conseqüências


Notar a marca deixada pela passagem de decorrentes de rolamento de matacões. Notar que
matacões. o matacão rolado tem dimensão maior do que a
própria edificação atingida.

Foto 11 – Situação de risco associada à possibilidade de queda


de blocos. Notar que a moradia foi construída muito próxima ao
local de exposição de rocha.

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Durante os trabalhos de campo, executados no âmbito de mapeamentos de


risco, deve-se verificar a existência de feições indicativas da possibilidade de
ocorrência de escorregamentos, ou seja, de evidências de instabilidade. A presença
destas feições em grande número e de dimensão expressiva indica situação de
RISCO MUITO ALTO. As principais feições indicativas de instabilidade observáveis
em campo são árvores/cercas ou postes inclinados (Fotos 12 e 13), lançamento de
água e/ou esgoto na superfície dos terrenos (Foto 14), trincas no solo e/ou em
aterros (Fotos 15 e 16), degraus de abatimento (Fotos 17 a 19), trincas nos pisos e
paredes de moradias (Fotos 20 a 23), muros encurvados (Fotos 24 a 26).

Foto 12 – Árvore inclinada, indicando instabilidade Foto 13 – Várias árvores inclinadas ao longo de
do terreno. encosta.

Foto 14 – Lançamento de água e de esgoto na superfície do


terreno.

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Fotos 15 e 16 – Feição de instabilidade do tipo trincas no solo e em aterro.

Foto 17 – Degraus de abatimento em encosta. Foto 18 – Degrau de abatimento em via de


Destaca-se que os degraus de abatimento se formam circulação.
a partir da evolução de trincas no solo e em aterros.

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Foto 19 – Degrau de abatimento em piso de Foto 20 – Presença de trincas no piso de


moradia. moradia.

Foto 21 – Moradia com paredes trincadas em razão de instabilidade do terreno.

Foto 22 – Trinca em parede de moradia, em Foto 23 – Trinca em parede de moradia, em


razão de instabilidade do terreno. razão de instabilidade do terreno.

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Foto 24 - Muro encurvado, indicativo da iminência


de ruptura.

Foto 25 – Idem à Foto 24. Foto 26 – Idem à Foto 24.

b) solapamentos
Os solapamentos são processos que podem afetar áreas adjacentes aos
cursos d’água (rios e córregos). Estão associados à erosão das margens ou do
talude de um canal fluvial, comumente acarretando a instabilização da margem do
curso d’água. Com a evolução do processo erosivo pode ocorrer o
desbarrancamento, ou seja, a queda de uma porção do talude do canal da
drenagem (Figura 3).

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Figura 3: Situações de risco associadas às margens de córregos, em razão da possibilidade de


ocorrência de solapamentos e/ou da própria ação direta das águas, quando do registro de
chuvas intensas.

Em geral, quando as drenagens cortam áreas urbanas, são realizadas


alterações no traçado natural dos rios, tais como retificações, canalizações,
estrangulamentos, aterramento de margens e de várzeas, lançamento de lixo e de
detritos, bem como a impermeabilização da bacia de drenagem. Essas alterações
influenciam e modificam a dinâmica fluvial e aceleram os processos de erosão e de
solapamento.
Quando a ocupação se instala nas faixas laterais às margens de córregos
(Foto 27) e, em muitos casos, até no próprio leito dos cursos d’água (Foto 28),
surgem áreas de risco, ou seja, quando acontecem chuvas mais intensas, as
moradias são ameaçadas pela possibilidade de ocorrência de solapamentos das
margens das drenagens ou pela própria ação direta da água sobre as edificações.
As Fotos 29 e 30 ilustram situações em que houve danos às moradias em
razão de solapamentos e ação direta das águas.
As Fotos 31 e 32 ilustram situações de risco associadas à dinâmica própria
das áreas de fundo de vale, ou seja, associadas a locais passíveis de serem
afetados pela ação de solapamento das margens de drenagens e/ou da ação direta
das águas.

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Foto 27 – Vista aérea de local no qual as Foto 28 – Vista de local no qual as moradias
moradias foram instaladas próximas à margem de foram construídas sobre o próprio leito da
córrego, caracterizando área de risco associada a drenagem, caracterizando área de risco associada
solapamentos. a ação direta das águas.

Foto 29 – Danos em moradias em razão da


ocorrência de solapamentos e da ação direta das
águas.

Foto 30 – Idem à Foto 29.

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Foto 31 – Situação de risco associada à Foto 32 – Idem à Foto 31.


possibilidade de ocorrência de solapamentos de
margem de córrego e pela ação direta das águas.

Durante os trabalhos de campo, executados no âmbito de mapeamentos de


risco, deve-se verificar a existência de feições indicativas da possibilidade de
ocorrência de solapamentos e cheias. As principais feições indicativas de situação
de RISCO MUITO ALTO estão associadas às características e condições das
margens das drenagens, tais como, presença de cicatrizes da ocorrência de antigos
solapamentos, registro de trincas e degraus de abatimento na superfície dos
terrenos e nas edificações, proximidade da moradia em relação à margem da
drenagem, dentre outras.

3. MÉTODOS E PROCEDIMENTOS EMPREGADOS

3.1. Referentes ao Mapeamento de Riscos e Indicação de Intervenções


Estruturais para Redução ou Erradicação de Riscos
O Programa de Controle e Erradicação de Riscos do Ministério das Cidades
propõe:
“a adoção de um método de análise de risco de caráter qualitativo, em que a
experiência dos técnicos encarregados da análise é utilizada para estimativa da
probabilidade de ocorrência dos eventos destrutivos e das suas conseqüências
potenciais. Nas análises qualitativas de risco, a probabilidade de ocorrência dos

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eventos destrutivos é avaliada de forma subjetiva e expressa em termos literais (por
exemplo: muito alta, alta, média ou baixa). Uma vez que a probabilidade de
ocorrência do processo destrutivo depende do período de tempo considerado,
considera-se nas análises o período de um ano, que engloba ao menos uma
estação chuvosa. Assim, ao estimar a probabilidade de ocorrência dos eventos
destrutivos, os técnicos encarregados da análise avaliam a probabilidade de
ocorrência do evento destrutivo por ocasião de um episódio de chuvas intensas e
prolongadas.
O procedimento proposto compreende: (a) a avaliação qualitativa da
probabilidade de ocorrência do processo destrutivo no decorrer de um episódio de
chuvas intensas e prolongadas, realizada a partir dos indicadores de instabilidade,
de evidências de ocorrências pretéritas de eventos destrutivos e de entrevistas com
moradores; e, (b) a definição do grau de probabilidade do setor, expressão
qualitativa da probabilidade de ocorrência do processo destrutivo.”
Para os riscos associados a escorregamentos e solapamentos, o documento
propõe os critérios do Quadro 2, apresentado a seguir, para a definição do grau de
probabilidade.
Os trabalhos de campo constituem-se basicamente em investigações
geológico-geotécnicas de superfície, buscando identificar condicionantes dos
processos de instabilização, evidências de instabilidade e indícios do
desenvolvimento de processos destrutivos. Os procedimentos seguintes são
recomendados por Cerri et al (2004):
• Obter a localização das áreas de risco, por meio de utilização de GPS (Global
Positioning System), com no mínimo um ponto de leitura por área mapeada;
• Delimitar setores de risco, com base em julgamento dos profissionais
responsáveis, atribuindo, para cada setor, um grau de probabilidade de
ocorrência de processo de instabilização (escorregamento de encostas ou
solapamento de margens de córregos), considerando o período de um ano, com
base nos critérios descritos no Quadro 1;
• Um setor de risco indica um espaço definido dentro do assentamento sujeito a
um determinado processo destrutivo potencial, cujas evidências ou indicadores
predisponentes foram identificados em campo.

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GRAU DE
DESCRIÇÃO
PROBABILIDADE
Os condicionantes geológico-geotécnicos predisponentes (declividade, tipo de
terreno, etc.) e o nível de intervenção no setor são de baixa potencialidade
para o desenvolvimento de processos de escorregamentos e solapamentos.
R1
Não há indícios de desenvolvimento de processos de instabilização de
Baixo
encostas e de margens de drenagens.É a condição menos crítica.
Mantidas as condições existentes, não se espera a ocorrência de eventos
destrutivos no período de um ciclo chuvoso.
Os condicionantes geológico-geotécnicos predisponentes (declividade, tipo de
terreno, etc.) e o nível de intervenção no setor são de baixa potencialidade
para o desenvolvimento de processos de escorregamentos e solapamentos.
R2
Observa-se a presença de alguma(s) evidência(s) de instabilidade (encostas e
Médio
margens de drenagens) porém incipiente(s). Mantidas as condições existentes,
é reduzida a possibilidade de ocorrência de eventos destrutivos durante
episódios de chuvas intensas e prolongadas, no período de um ciclo chuvoso.
Os condicionantes geológico-geotécnicos predisponentes (declividade, tipo de
terreno, etc.) e o nível de intervenção no setor são de alta potencialidade para
o desenvolvimento de processos de escorregamentos e solapamentos.Observa-
R3
se a presença de significativa(s) evidência(s) de instabilidade (trincas no solo,
Alto
degraus de abatimento em taludes, etc.) Mantidas as condições existentes, é
perfeitamente possível a ocorrência de eventos destrutivos durante episódios
de chuvas intensas e prolongadas, no período de um ciclo chuvoso.
Os condicionantes geológico-geotécnicos predisponentes (declividade, tipo de
terreno, etc.) e o nível de intervenção no setor são de alta potencialidade para
o desenvolvimento de processos de escorregamentos e solapamentos.As
evidências de instabilidade (trincas no solo, degraus de abatimento em taludes,
trincas em moradias ou em muros de contenção, árvores ou postes inclinados,
R4
cicatrizes de escorregamento, feições erosivas, proximidade da moradia em
Muito Alto
relação ao córrego, etc.) são expressivas e estão presentes em grande
número e/ou magnitude.
É a condição mais crítica.Mantidas as condições existentes, é muito provável a
ocorrência de eventos destrutivos durante episódios de chuvas intensas e
prolongadas, no período de um ciclo chuvoso.
Quadro 2. Critérios para definição do grau de probabilidade de ocorrência de processos de
instabilização do tipo escorregamentos em encostas ocupadas e solapamento de margens de
córregos.

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___________________________________________________________________________________
• Representar cada setor de risco identificado em cópias de fotografias aéreas
oblíquas de baixa altitude, imagens de satélite ou fotografias de solo, cuja escala
permita a identificação das moradias existentes no setor;
• Estimar as conseqüências potenciais do processo de instabilização, por meio da
avaliação das possíveis formas de desenvolvimento do processo destrutivo
atuante (por ex., volumes mobilizados, trajetórias dos detritos, áreas de alcance,
etc.), definir e registrar o número de moradias ameaçadas (total ou parcialmente),
em cada setor de risco.
• Os resultados das investigações geológico-geotécnicas e das interpretações
devem ser registrados em fichas de campo apresentadas abaixo (Quadros 3 e 4).
Os quadros 5 e 6 servem como referência para a análise de campo.

Ainda em campo, também deverão ser indicadas a(s) alternativa(s) de


intervenção adequada(s) para cada setor de risco. Nos casos de ser possível a
adoção de mais de uma alternativa de intervenção, essa possibilidade deve ser
explicitada nas fichas de campo.
Também devem estar registrados na ficha de campo os quantitativos (como
extensões, áreas e/ou volumes) para posterior estimativa de custos da intervenção
sugerida. A tipologia das intervenções a ser adotada é apresentada no Quadro 7.
A seleção da tipologia de intervenção adequada deve necessariamente
buscar uma perfeita sintonia com as características do processo geológico-
geotécnico identificado no local. Isto implica na necessidade de se buscar a
aderência entre o tipo de processo geológico-geotécnico e a intervenção escolhida,
bem como a combinação das intervenções gerais propostas para o assentamento
com as sugestões de obras localizadas.
Deve também se buscar a indicação das obras mais simples, de menor custo
para a redução dos riscos e mais compatíveis com a capacidade gerencial-financeira
do município.

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___________________________________________________________________________________
FICHA GERAL DE CAMPO

Local:_______________________________________ Área: ___


Equipe: _________________________
Localização da Área:______________________________
Fotos de Helicóptero:_______

Caracterização da Ocupação (padrão, tipologia das edificações, infra-estrutura):

Caracterização Geológica e Geomorfológica:

Setor nº Grau de probabilidade Nº de moradias ameaçadas Alternativa de intervenção

Quadro 3: Ficha geral de campo para uma área

FICHA DE SETOR

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___________________________________________________________________________________

Encosta
Margem de Córrego

Local: __________________________ Área nº:_______ Setor: _____________


Referência ______________________________________________________________
Georreferência ___________________________________________________________
Fotos de helicóptero: ______________________________________________________
Equipe: ________________________________________________ Data: __ / __ / ____

Diagnóstico do setor (condicionantes e indicadores do processo de instabilização):

Descrição do Processo de Instabilização: (escorregamento de solo / rocha / aterro; naturais / induzidos;


materiais mobilizados; solapamento; ação direta da água, etc):

Observações (incluindo descrição de fotos obtidas no local):

Grau de Probabilidade:

Indicação de intervenção:

Quantitativos para a intervenção sugerida:

Estimativa de n° de edificações no setor:

Quadro 4: Ficha de campo para um setor de risco

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CARACTERIZAÇÃO DO LOCAL EVIDÊNCIAS DE MOVIMENTAÇÃO
Talude natural/ corte Trincas moradia/aterro
Altura do talude Inclinação de árvores/postes/muros
Aterro compactado/lançado Degraus de abatimento
Distância da moradia Cicatrizes de escorregamentos
Declividade Feições erosivas
Estruturas em solo/rocha desfavoráveis Muros/paredes “embarrigados”
Presença de blocos de rocha/matacões/ ÁGUA
paredões rochosos Concentração de água de chuva em superfície
Presença de lixo/entulho Lançamento de água servida em superfície
Aterro em anfiteatro Presença de fossas/rede de esgoto/rede de
Ocupação de cabeceira de drenagem água
Surgências d’água
Vazamentos
VEGETAÇÃO NO TALUDE OU MARGENS DE CÓRREGO
PROXIMIDADES Tipo de canal (natural/sinuoso/retificado)
Presença de árvores Distância da margem
Vegetação rasteira Altura do talude marginal
Área desmatada Altura de cheias
Área de cultivo Trincas na superfície do terreno

Quadro 5: Check list para o diagnóstico do setor e descrição do processo de instabilização

CATEGORIA DE OCUPAÇÃO CARACTERÍSTICAS


Área consolidada Áreas densamente ocupadas, com infra-estrutura
básica.
Áreas em processo de ocupação, adjacentes a
Área parcialmente consolidada áreas de ocupação consolidada. Densidade da
ocupação variando de 30% a 90%. Razoável
infra-estrutura básica.
Áreas de expansão, periféricas e distantes de
Área parcelada núcleo urbanizado. Baixa densidade de
ocupação (até 30%). Desprovidas de infra-
estrutura básica
Nesses casos, caracterizar a área quanto a
Área mista densidade de ocupação e quanto a implantação
de infra-estrutura básica

Quadro 6: Referências para a caracterização da ocupação

TIPO DE
DESCRIÇÃO
INTERVENÇÃO
SERVIÇOS DE Serviços de limpeza de entulho, lixo, etc. Remoção de bananeiras.

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Recuperação e/ou limpeza de sistemas de drenagem, esgotos e
LIMPEZA E acessos. Também incluem obras de limpeza de canais de drenagem.
RECUPERAÇÃO Correspondem a serviços manuais e/ou utilizando maquinário de
pequeno porte.
Implantação de sistema de drenagem superficial (canaletas, rápidos,
caixas de transição, escadas d´água, etc.). Implantação de proteção
superficial vegetal (gramíneas) ou biomanta em taludes com solo
OBRAS DE DRENAGEM exposto. Implantação de proteção superficial por meio de
E PROTEÇÃO “argamassa chapada”. Eventual execução de acessos para
SUPERFICIAL pedestres, como por ex. calçadas, escadarias, lajes de concreto,
integrados ao sistema de drenagem. Proteção vegetal de margens
de canais de drenagem. Predomínio de serviços manuais e/ou com
maquinário de pequeno porte.
Alteração da geometria do terreno por meio da execução de cortes
RETALUDAMENTO e/ou aterros localizados, visando a obtenção de taludes com ângulos
de inclinação menores. Predomínio de serviços manuais e/ou com
maquinário de pequeno porte.
DESMONTE DE Desmonte de blocos rochosos e matacões, por meio de serviços
BLOCOS E MATACÕES manuais, eventualmente com o uso de explosivo.
Execução de sistema de drenagem de subsuperfície (trincheiras
OBRAS DE DRENAGEM
drenantes, DHP, poços de rebaixamento, etc.). Correspondem a
DE SUBSUPERFÍCIE
serviços parcial ou totalmente mecanizados.
OBRAS DE TERRAPLE- Execução de serviços de terraplenagem. Execução combinada de
NAGEM DE MÉDIO A obras de drenagem superficial e proteção vegetal (obras
GRANDE PORTE complementares aos serviços de terraplenagem). Obras de desvio e
canalização de córregos. Predomínio de serviços mecanizados.
Implantação de estruturas de contenção (localizadas ou não), como
ESTRUTURAS DE CON- muros a flexão (em concreto ou alvenaria estrutural), muros de
TENÇÃO DE PEQUENO gravidade, como gabiões, “bolsacreto”, muro de solo cimento
PORTE (hmax ≤ 3 m) ensacado (“rip-rap”), muros sobre estacas escavadas.
Correspondem a serviços manuais ou parcialmente mecanizados.
Implantação de estruturas de contenção (localizadas ou não),
ESTRUTURAS DE CON-
envolvendo muros em concreto a flexão, muros de gravidade
TENÇÃO DE MÉDIO A
(gabiões), chumbadores, solo grampeado, microestacas e cortinas
GRANDE PORTES
atirantadas. Poderão envolver serviços complementares de
(hmax > 3 m)
terraplenagem. Predomínio de serviços mecanizados.
Obras lineares de proteção de margens de canais, por meio de
OBRAS LINEARES
obras de gravidade (gabiões, muros de concreto massa, etc.) ou pré-
DE PROTEÇÃO DE
moldados em concreto armado. Correspondem a serviços parcial ou
MARGENS DE CANAIS
totalmente mecanizados.
REMOÇÃO DE As remoções podem ser definitivas ou preventivas e temporárias,
MORADIAS por exemplo, para implantação de uma obra.

Quadro 7: Tipologia de intervenções voltadas à redução de riscos associados a escorregamentos em


encostas ocupadas e a solapamentos de margens de córregos.

Utilizando as referências acima apresentadas, o diagnóstico de riscos foi


executado conforme se relata a seguir:

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• No dia 07 de julho de 2006, junto com técnicos da Prefeitura Municipal, que
indicaram sua localização e limites, foram vistoriadas todas as áreas
selecionadas para o mapeamento de risco. Em pontos extremos de cada área
foram realizadas leituras de coordenadas com GPS (Global Positioning System),
cujos resultados são apresentados no Quadro 8.

Leitura de Coordenadas em 07/07/2006


DATUM HORIZONTAL: SAD 69

N° da Denominação Coordenadas GPS


Área
1 Pinhal do Miranda 23°52´57.3´´S/46°27´30.8´´W
23°52´58.0´´S/46°27´20.8´´W
2 Grotão 23°52´57.3´´S/46°27´30.8´´W
23°53´03.0´´S/46°27´38.0´´´W
3 Morro do Gonzaga 23°53´03.0´´S/46°27´38.0´´´W
/ Cota 100 23°53´12.2´´S/46°27´42.9´´´W
4 Cota 95 23°53´03.0´´´S/46°27´39.5´´W
23°52´47.9´´S/46°27´27.4´´W
5 Cota 200 23°53´34.6´´S/46°28´19.1´´W
23°53´34.9´´S/46°28´38.3´´W
6 Cota 400 23°53´24.7´´S/46°29´18.3´´W
23°53´21.6´´S/46°29´06.3´´W
23°53´20.0´´S/46°29´05.5´´W
23°53´23.5´´S/46°29´10.5´´W
7 Cota 500 23°52´58.4´´S/46°28´37.4´´W
23°53´03.3´´S/ 46°28´36.8´´W
8 Água Fria 23°53´03.4´´S/46°27´11.1´´W
23°53´39.3´´S/46°27´40.0´´W
9 Pilões 23°53´28.9´´S/46°27´17.1´´W
23°53´17.7´´S/46°26´57.1´´W
10 Mantiqueira 23°51´25.7´´S/46°21´55.5´´W
23°51´11.7´´S/46°22´09.0´´W

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Quadro 8: Número, denominação e coordenadas das áreas mapeadas.

• Também participou desta atividade de reconhecimento preliminar das áreas, o


responsável pelo planejamento e realização do vôo para obtenção de fotos
oblíquas de baixa altitude. Foram tiradas fotografias que pudessem servir de
referência na área durante o vôo (indicando pontos notáveis e vistas gerais) e
elaborado um “croquis de baixa qualidade”, que indicasse aproximadamente a
posição das encostas, moradias, e pontos notáveis de cada área, se houver
(reservatórios, pontes, áreas de empréstimo, canais fluviais, etc.).
• No dia 21 de julho de 2006 foi realizado um sobrevôo de helicóptero sobre as
áreas indicadas acima para execução de fotografias aéreas de baixa altitude (a
alturas em média entre 100 a 150 metros do solo).
• Cópias das fotos obtidas neste vôo foram impressas para os trabalhos de campo.
• Todas as atividades de campo foram acompanhadas por, ao menos, um técnico
da Prefeitura que pudesse indicar pontos de ocorrência pretérita de acidentes ou
de monitoramento realizado pela Defesa Civil e facilitar contatos com os
moradores.
• Em cada uma das áreas, foram vistoriadas todas porções do assentamento que
ocupam taludes de encosta ou o seu sopé, com maior detalhamento de
investigação e análise nos trechos com histórico de ocorrência de instabilidades
nos taludes ou acidentes ou onde a Defesa Civil indicasse como área
monitorada.
• Em cada uma das situações onde se identificava potencialidade para a
ocorrência de um acidente que pudesse afetar uma ou mais moradias, foi

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Elaboração do Plano Municipal de Redução de Riscos de Cubatão

___________________________________________________________________________________
realizada detalhada investigação no terreno circundante e nas porções internas e
externas das edificações, além de coleta de informações junto aos técnicos da
Prefeitura que acompanhavam o trabalho de campo e aos moradores do local,
procurando responder (1) que processos naturais ou da ação humana são
responsáveis por este perigo? (2) em que condições a sua evolução poderá
produzir um acidente? (3) qual a probabilidade deste fenômeno físico acontecer?
(NOGUEIRA, 2006). (4) quais as moradias que podem ser afetadas se isso
ocorrer? Imediatamente após responder estas questões, buscavam-se
alternativas de ações preventivas e intervenções estruturais que pudessem
interromper o processo destrutivo detectado ou minimizar suas conseqüências.
• Tendo formulado uma proposta de intervenção, ainda em campo, colhiam-se
algumas indicações quantitativas que permitissem a posterior estimativa de
custos para a sua execução (medidas em comprimento, altura, área, volume,
etc.)
• Estas informações foram lançadas nas fichas gerais e de campo (quadros 3 e 4).
• Alguns setores de risco identificados não puderam ser delimitados nas fotos
obliquas de baixa altitude, em função do ângulo em que a fotografia foi tirada ou
das edificações estarem recobertas por vegetação. Nestes casos, o relatório
apresenta a setorização lançada em mapas de localização, elaborados a partir
de plantas cadastrais da Prefeitura Municipal de Cubatão.
• A delimitação dos setores pode apresentar alguma incorreção em função das
dificuldades acima apontadas. Assim, recomenda-se que, no planejamento das
intervenções e no monitoramento das áreas, os limites dos setores sejam
revistos e precisados com apoio de informações disponíveis nos resultados do
presente estudo e no profundo conhecimento de campo dos agentes da Defesa
Civil Municipal.
• Condicionantes ou evidências de risco foram registrados por fotografias de
detalhe (fotos de campo).

3.2. Referentes à Estimativa de Custos das Intervenções Estruturais para


Redução de Riscos

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Conforme relatado, para cada setor de risco identificado foram sugeridas
intervenções estruturais para redução de riscos e indicados quantitativos para estas
intervenções. Com base nessas informações, foi elaborada uma estimativa de
custos das intervenções estruturais recomendadas para todos os setores mapeados,
exceto para as ações referentes à remoção de moradias. Trata-se de uma estimativa
específica para as intervenções estruturais voltadas à estabilidade de taludes e ao
controle de processos de solapamento.
Para composição dos custos das intervenções foram adotadas como
referências a tipologia de obras apresentada no Quadro 7 e a Tabela de Custos
Sintética – PINI – São Paulo, de julho de 2006. A planilha apresentada no Anexo 1
engloba os principais itens que compõem as estimativas de custos para as
intervenções propostas.
Na totalização dos orçamentos individualizados foram incluídos 30%
referentes à taxa de Benefício e Despesas Indiretas – BDI, serviços complementares
e projeto básico ou executivo.
É necessário ressalvar que estes valores referem-se a uma estimativa geral
de custos, com o intuito de nortear ações futuras nos setores de risco identificados.
Apenas após a execução de projetos básicos ou executivos será possível
estabelecer o valor exato das obras ou serviços necessários à redução dos riscos
identificados.

3.3. Referentes aos Estudos Sobre a Legislação Incidente


Para o levantamento e a análise da legislação urbanística e ambiental
incidente sobre as áreas estudadas foram adotados os seguintes procedimentos:
a. entrevistas, realizadas nos dias 13, 20 e 27 de julho de 2006, respectivamente
com os seguintes técnicos locais:
• Arquiteto Augusto Muniz Campos, da Secretaria de Planejamento de Cubatão;
• Assistente Social Ângela Maria Menezes Ferreira Bertolasio, Chefe do Serviço de
Intervenção Social em Programas Habitacionais da Secretaria Municipal de
Assistência Social de Cubatão;
• Engenheiro Makoto Sato, da empresa Planejamento e Consultoria Ltda.
(Projeplan).

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b. levantamento e análise do marco legal das três esferas de governo relativo a
habitação de interesse social, planejamento urbano e meio ambiente incidente sobre
o Município de Cubatão, em especial sobre as áreas selecionadas. Para esta
finalidade, foram utilizados os seguintes documentos:
• Decreto Estadual Nº 10.251, de 30 de agosto de 1977, que criou o Parque
Estadual da Serra do Mar;
• Lei Orgânica do Município de Cubatão;
• Lei Complementar Nº 2.512, de 10 de setembro de 1998, que instituiu o Plano
Diretor de Desenvolvimento Integrado do Município de Cubatão;
• Lei Complementar Nº 2.513, de 10 de setembro de 1998, que instituiu Normas
sobre o Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo do Município de Cubatão;
• Projeto de Lei Complementar (sem número) que estabelece as Zonas Especiais
de Interesse Social (ZEIS) no Município de Cubatão e altera a Lei Complementar
Nº 2.513, de 10 de setembro de 1998;
• Relatório Final do Programa Regional de Identificação e Monitoramento de Áreas
Críticas de Inundações, Erosões e Deslizamentos (PRIMAC) – Região
Metropolitana da Baixada Santista (RMBS).

3.4. Referentes à Indicação de Programas e Projetos Compatíveis e de


Alternativas para Captação de Recursos para a Execução das Intervenções
Propostas para a Redução ou Erradicação dos Riscos Identificados
Para a identificação de fontes de recursos potenciais e de projetos
compatíveis para implantação das intervenções prioritárias para redução de risco
foram empregados os seguintes procedimentos:
a. coleta de informações, junto aos órgãos e secretarias municipais, para
identificação de projetos, programas e ações executados ou a serem executados
com recursos dos orçamentos municipal, estadual ou federal que atendem as áreas
selecionadas e cujas ações são compatíveis com as alternativas de intervenção
indicadas e com as políticas públicas municipais;
b. consultas à Secretaria Nacional de Habitação do Ministério das Cidades e ao sítio
da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU, 2006) para a
definição dos programas habitacionais potencialmente aplicáveis aos assentamentos
subnormais de Cubatão.

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Elaboração do Plano Municipal de Redução de Riscos de Cubatão

___________________________________________________________________________________

4. RESULTADOS DO MAPEAMENTO DE RISCO


Nas 10 áreas nas quais foi realizado o mapeamento de risco foram
delimitados 140 setores de risco (Figura 4), com os seguintes resultados principais:
• 138 setores estão localizados em encostas, sendo que 08 destes setores
também englobam margem de córregos; somente 02 setores do total de 140
setores delimitados localizam-se somente em margem de córregos.
• Dos 140 setores delimitados, foram observados 10 setores (7,1% do total)
com grau de probabilidade MUITO ALTO, 62 setores (44,3%) com grau de
probabilidade ALTO e 68 setores (48,6%) com grau de probabilidade MÉDIO
(Figura 5). Não foram delimitados setores com grau de probabilidade BAIXO.
• Em termos dos processos perigosos identificados, 73,8% das situações de
risco identificadas estão associadas a escorregamentos de solo (incluindo
aqueles em taludes de corte), 9,7% a escorregamento / ruptura de aterros,
3,9% a rolamento de blocos rochosos, 3,4% a solapamentos de margem de
córregos, 3,4% a ação direta das águas, 2,8% a queda de blocos rochosos,
0,6% a escorregamentos de depósitos de encosta, 0,6% desplacamento de
blocos rochosos, 0,6% a rastejo, 0,6% a rompimento de muro de arrimo e
0,6% a erosão (Figura 6).
• Nos 140 setores de risco delimitados, foram identificadas 1.112 moradias que
se encontram ameaçadas (Figura 7), das quais 442, ou seja, 39,7 % do total
de moradias ameaçadas, foram indicadas para remoção (figuras 8 e 9).
• Dentre as 1.112 moradias ameaçadas, 528 (47,5%) encontram-se em
situação de MÉDIA probabilidade de ocorrência de processos destrutivos,
enquanto 485 (43,6%) e 99 (8,9%) encontram-se em situação de ALTA e
MUITO ALTA probabilidade, respectivamente.
• Dentre as 442 moradias indicadas para remoção, 104 (23,5%) encontram-se
em situação de MÉDIA probabilidade de ocorrência de processos destrutivos,
enquanto 255 (57,7%) e 83 (18,8%) encontram-se em situação de ALTA e
MUITO ALTA probabilidade, respectivamente.

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Elaboração do Plano Municipal de Redução de Riscos de Cubatão

___________________________________________________________________________________

N° e %de
N° e % de Setores deRisco
Setores por Mapeada
por Área Área

Área
03 (2%) 14 (10%)
03 (2%) 2 (1,8%) 1
2
0 (0%)
36 (25,7%) 3
08 (5,7%) 4
5
6
10 (7,1%) 7
37 (26,4%)
8
27 (19,3%)
9
10

Figura 4: Número de setores de risco identificados, por área mapeada

N° e % de Grau de Probabilidade
N° e % de Grau de Probabilidade nos Setores de Risco Identificados
0 (0%)

10 (7,1%)
Grau de
Probabilidade

Baixo (R1)
68 (48,6%)
Médio (R2)
62 (44,3%)
Alto (R3)
Muito Alto (R4)

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Figura 5: Número de casos e correspondente percentual dos diferentes graus de probabilidade
de ocorrência de processos perigosos

N° e % de Processos Perigosos nos Setores de Risco Identificados


0,6%
2,8% 0,6%
3,9%
0,6% 0,6%
0,6%
3,4% Processos
3,4%
Escorregamento de solo 130 (73,8%)
Escorregamento / Ruptura de aterro 17 (9,7%)
9,1%
Ação direta das águas 6 (3,4%)
Solapamento 6 (3,4%)
Erosão 1 (0,6%)
Rolamento 7 (3,9%)
Queda 5 (2,8%)
Escorregamento de depósito 1 (0,6%)
Rastejo 1 (0,6%)
73,8% Desplacamento de blocos 1 (0,6%)
Rompimento de muro 1 (0,6%)

Figura 6: Número e porcentagem de ocorrência dos diferentes processos perigosos


associados às situações de risco identificadas

N°N°
e%e de
%Moradias
de Moradias Ameaçadas
Ameaçadas por
por Área Mapeada
Área
86 (7,7%) Área

12 (1,2%) 62 (5,6%) 17 (1,5%) 1


2
0 (0%) 305
3
(27,4%)
70 (6,3%) 4
5
6
64 (5,7%) 7
366 130 8
(32,9%) (14,5%) 9
10

Figura 7: Número e porcentagem de moradias ameaçadas, por área mapeada

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Elaboração do Plano Municipal de Redução de Riscos de Cubatão

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N° N°
e% e%
dedeMoradias
Moradias ameaçadas
indicadas para a Remoção
indicadas e não
indicadas para remoção

Moradias
442 ameaçadas,
670 não indicadas
(39,7% )
(60,3% ) para remoção
Moradias
ameaçadas,
indicadas para
remoção

Figura 8: Número e percentual de moradias ameaçadas não indicadas para remoção e de


moradias ameaçadas indicadas para remoção

N° eN°
%ede
% Moradias
de Remoção em relação
ameaçadas, ao totalpara
indicadas de Moradias
remoção, Ameaçadas
por área mapeada
por Área
Área
66 (14,9%) 41 (9,3%) 0 (0%)
129 (29,2%) 1
2
12 (2,9%) 3
4
5
6
0 (0%) 7
20 (4,5%) 8
9
65 (14,5) 64 (14,5%) 10
45 (10,2%)

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Elaboração do Plano Municipal de Redução de Riscos de Cubatão

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Figura 9: Número e porcentagem de moradias ameaçadas indicadas para remoção, por área
mapeada

Os casos mais críticos observados em campo receberam, por parte da equipe


técnica, atenção imediata com orientação aos próprios moradores ou responsáveis e
indicação de medidas para a Prefeitura, conforme pode ser observado nas fichas de
campo. Orientações técnicas para a execução de obras de engenharia também
foram prestadas durante os trabalhos de campo.
Quanto às intervenções indicadas para a prevenção de acidentes e controle
do risco é importante destacar que foi procurada a aderência entre a função da
intervenção e as características dos processos perigosos observados. Assim, para
cada setor foi proposta uma tipologia de intervenção específica.
No Anexo 2 é apresentado um quadro-síntese reunindo os principais
resultados do mapeamento de risco em cada área mapeada e em cada setor
identificado.

5. ESTIMATIVA DE CUSTOS DE INTERVENÇÕES ESTRUTURAIS


Estima-se que a execução do conjunto das intervenções estruturais
propostas, excetuando-se os valores relativos às remoções sugeridas, envolve
recursos da ordem de R$ 1.769.153,00 (hum milhão, setecentos e sessenta e nove
mil, cento e cinqüenta e três reais).
Como também é sugerida a remoção de 442 moradias, ao valor citado
anteriormente pode-se adicionar a quantia de aproximadamente R$ 8.840.000,00
(oito milhões, oitocentos e quarenta mil reais), correspondentes a alternativas
habitacionais de interesse social para as famílias destas moradias indicadas para
remoção.
Como atualmente as áreas estudadas são objeto de estudos e projetos
associados a ações de grande alcance, por parte dos governos federal, estadual e
municipal, cabe aqui mais uma vez posicionar estes valores apenas como
referenciais.

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Elaboração do Plano Municipal de Redução de Riscos de Cubatão

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A Figura 10 apresenta os valores dos recursos financeiros referentes à
implantação das intervenções estruturais sugeridas, por área mapeada, à exceção
do montante correspondente à remoção.
No Anexo 3 estão discriminadas as intervenções, seus quantitativos e
correspondentes estimativas de custos para cada setor de risco identificado nas
áreas objeto do mapeamento realizado.

Total (eTotal
%) de(eRecursos
%) de Rec. Financeiros
Financeiros para
para intervenções,
intervenções por Área (exceto remoção)
por área (exceto remoção)
0% 2,5%
0% 1 R$ 8.340,00
0% 0,5% 20,9% 2 R$ 370.450,00
2%
3 R$ 37.830,00
4 R$ 238.780,00
2,1%
5 R$ 1.034.420,00
6 R$ 35.240,00
13,5% 7 R$ 0,00
58,5%
8 R$ 0,00
9 R$ 0,00
10 R$ 44.093,00

Figura 10: Recursos financeiros estimados para intervenções, por área mapeada, exceto para a
remoção de moradias

6. LEVANTAMENTO E ANÁLISE DA LEGISLAÇÃO URBANÍSTICA E AMBIENTAL


INCIDENTE SOBRE AS ÁREAS ESTUDADAS
Dentre os dez assentamentos precários indicados pela Prefeitura de Cubatão
para serem estudadas na elaboração do Plano Municipal de Redução de Riscos,
cinco encontram-se inteira ou parcialmente na área de abrangência do Parque
Estadual da Serra do Mar (PESM), criado pelo Decreto Estadual Nº 10.251, de 30 de
agosto de 1977: Cota 500, Cota 400, Pilões, Mantiqueira e Água Fria 1. As demais
áreas, inicialmente inseridas no perímetro do PESM, foram desafetadas pela Lei
Estadual Nº 8.976, de 28 de novembro de 1994, que autorizou a Fazenda do Estado
a doar estes imóveis ao Município de Cubatão. A Lei Municipal Nº2.890, de 24 de
dezembro de 2003, autorizou o Poder Executivo de Cubatão a receber em doação

1
A área da Água Fria foi declarada Reserva Florestal da Serra do Mar pelo Decreto Nº 12.753, de
1942, e Floresta Protetora, pelo Decreto Nº 43.273, de 1958. O artigo 2º do Código Florestal, que
disciplina as Áreas de Proteção Permanentes (APP) em matas ciliares, também estabelece proteção
sobre o referido assentamento.

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Elaboração do Plano Municipal de Redução de Riscos de Cubatão

___________________________________________________________________________________
as áreas da Cota 200, Pilões e Cota 400. A aceitação desta última área estava
condicionada à apresentação, pela Fazenda do Estado, de laudo conclusivo sobre
riscos geológicos no assentamento elaborado pelo Instituto de Pesquisas
Tecnológicas dom Estado de São Paulo -IPT e deveria ocorrer no caso deste
assentamento não “apresentar situação de alto risco”. Na prática, esta lei não
produziu efeitos pois, até o presente, não houve formalização da doação.
O Conselho de Proteção ao Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e
Turístico do Estado de São Paulo (CONDEPHAAT) tombou a Serra do Mar e de
Paranapiacaba, por meio da Resolução Nº 40, de 6 de junho de 1985, editada pela
Secretaria Estadual de Cultura. A área protegida pela Resolução compreende
“Parques, Reservas e Áreas e Proteção Ambiental, além dos esporões, morros
isolados, ilhas e trechos de planícies litorâneas”, tendo sido inserida a faixa entre
as cotas 40 e 100m, ao longo da área do PESM, aumentando desta forma a
abrangência da área protegida e incluindo as áreas correspondentes aos
assentamentos Água Fria e Mantiqueira. O artigo 9.° da Resolução assim
estabelece:
Tendo em vista conciliar esforços integrados para a preservação da área
tombada, sem ruptura total com formas adequadas de uso do solo em
atividades preexistentes e previstas no seu plano de rnanejo, fica estabelecido
o seguinte conjunto de diretrizes consideradas indispensáveis para garantir um
caráter flexível, para a preservação múltipla do bem tombado:
[...]
3 - Por este instrumento fica proibida a retirada não autorizada previamente de
terra ou rocha, assim como a predação da fauna e flora e a introdução de
espécies exóticas, a fim de não modificar o "status" natural do conjunto de
seres vivos que se inter-relacionam.
[...]
13 - Ficam consideradas especiais as seguintes áreas:
a) - A abrangida pelos bairros-cota ao longo da Via Anchieta, no Município de
Cubatão, como áreas especiais de interesse social.

Quanto aos limites do PESM, é relevante destacar que o assentamento


Mantiqueira, situado na divisa com o Município de Santos, possui parte de sua área
fora do Parque Estadual e o assentamento Água Fria possui sua parte inundável
dentro destes limites.

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Elaboração do Plano Municipal de Redução de Riscos de Cubatão

___________________________________________________________________________________
Quanto à situação fundiária, segundo informações obtidas na Secretaria de
Planejamento, os assentamentos Cota 500, Cota 400, Cota 200, Cota 100, Cota 95,
Pilões, Água Fria e Grotão ainda são áreas de domínio estadual. Os assentamentos
Mantiqueira e Pinhal do Miranda pertencem a proprietários particulares.
Dentre os assentamentos selecionados, aqueles localizados na área do
PESM deverão ser objetos de extinção, mediante remoção da população para outras
áreas em que deverão ser implementados projetos habitacionais de interesse social
específicos. No entanto, até o momento, nem a Municipalidade, nem o Governo
Estadual iniciou a elaboração de qualquer projeto de cunho habitacional e
urbanístico, que atenda os assentamentos a serem removidos.
No âmbito das iniciativas que visam equacionar a questão habitacional de
interesse social, destaca-se que a Prefeitura do Município de Cubatão apresentou
ao Legislativo, em 2006, um projeto de lei complementar que estabelece as Zonas
Especiais de Interesse Social (ZEIS) e altera a Lei Complementar Nº 2.513, de 10 de
setembro de 1998, que instituiu Normas sobre o Parcelamento, Uso e Ocupação do
Solo do Município de Cubatão. Contudo, este projeto foi retirado da Câmara
Municipal para novos estudos. A referida propositura prevê que os assentamentos
Cota 95, 100, 200, Pinhal do Miranda e Grotão, áreas desafetadas do PESM, sejam
delimitadas como ZEIS.
Conforme disposto no artigo 2° do projeto de lei complementar, a
transformação destas áreas em ZEIS garante sua destinação prioritária à
“recuperação urbanística, regularização fundiária, produção e manutenção de
habitações de interesse social”. A transformação destas áreas em ZEIS garante,
ainda, maior agilidade na implementação dos dispositivos e instrumentos de política
urbana previstos no Estatuto da Cidade, conforme o artigo 4° da propositura, e
possibilita, também, a elaboração de projetos de regularização fundiária, com
potencial de obtenção de recursos estaduais, como o Programa Pró-Lar2, e federais
como os programas Apoio à Melhoria das Condições de Habitabilidade de
Assentamentos Precários, Papel Passado e o próprio programa Urbanização,
Regularização e Integração de Assentamentos Precários.

2
O Pró-Lar possui uma modalidade de apoio aos municípios para regularização fundiária de
assentamentos precários, tornando mais ágil a análise de projetos de reurbanização destes
assentamentos.

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Elaboração do Plano Municipal de Redução de Riscos de Cubatão

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No tocante ao controle da ocupação destas e de outras áreas, foi criado o
Grupo de Trabalho Permanente de Combate às Invasões (GTPCI), pela Portaria N°
1.140, de 12 de agosto de 2005, coordenado pelo Coronel Eduardo Silveira Bello, da
Secretaria Municipal de Meio Ambiente, e tendo como relator o engenheiro Wilson
Diniz, Secretário Municipal de Finanças. Além destas duas pastas, integram o
GTPCI as seguintes unidades municipais: Gabinete do Prefeito, Secretaria de Ação
Governamental, Secretaria de Planejamento, Secretaria de Serviços e Obras
Públicas, Secretaria de Negócios Jurídicos, Secretaria de Indústria e Comércio,
Secretaria de Administração, Secretaria de Ação Social; além das Administrações
Regionais Cotas, Vila Natal e Jardim Casqueiro e o Conselho Municipal de Defesa
Civil. O GTPCI conta, também, com um Grupo de Apoio, constituído por órgãos e
entidades de outras esferas de poder, integrado por: Câmara Municipal de
Cubatão, Poder Judiciário estadual, Ministério Público do Meio Ambiente de
Cubatão, Polícias Civil, Militar e Ambiental, Instituto Florestal e Defesa Civil do
Estado de São Paulo.
Este grupo de trabalho vem realizando esforços no sentido de impedir a
ampliação das ocupações nos assentamentos3. Contudo, em função do pouco
tempo decorrido desde sua criação, ainda não é possível avaliar a eficácia desta
estratégia.
No que concerne à regulamentação do PESM, foi estabelecido o Núcleo
Itutinga-Pilões4, também conhecido como Núcleo Cubatão, administrado pelo

3
O histórico de controle da ocupação dos assentamentos na Serra do Mar, em Cubatão remonta, no
mínimo, ao final da década de 1980, quando o assentamento Grotão chegou a ser totalmente
erradicado, voltando a ser ocupado no início da década seguinte. Conforme dados do IBGE, entre
1996 e 2000, nas áreas selecionadas pelo PMRR, excetuando-se os assentamentos Mantiqueira e
Pilões, o número de habitantes cresceu cerca de 37%, o que certamente decorre, dentre outras
razões, à crise econômica das últimas décadas, que reduziu fortemente o nível de emprego e renda
em Cubatão.
4
Além do Núcleo Itutinga-Pilões, o PESM possui, mais sete núcleos administrativos: Pedro de Toledo,
Curucutu, São Sebastião, Caraguatatuba, Picinguaba, Cunha e Santa Virgínia.
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Elaboração do Plano Municipal de Redução de Riscos de Cubatão

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Instituto Florestal, que possui um escritório na Cota 200. Este Núcleo é responsável
pela proteção de 116.000 hectares que abrangem 15 municípios envolvendo parte
das Regiões Metropolitanas de São Paulo e da Baixada Santista 5. Dentro de seus
limites alguns programas e projetos em áreas específicas como eco turismo e meio
ambiente estão em andamento. O Núcleo Itutinga-Pilões é uma das unidades que
integram o Projeto de Preservação da Mata Atlântica (PPMA) inserido no Programa
de Cooperação Financeira Brasil-Alemanha e executado através de uma parceria
entre a Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo e o Banco KFW.
Este Plano abrange uma área superior a 17.000 km² e consiste na
transferência de recursos para fiscalização, implantação e consolidação das
Unidades de Conservação e em programas de apoio à educação ambiental e ao eco
turismo. Neste Núcleo, os investimentos objetivaram fortalecer a infra-estrutura
operacional e as equipes de fiscalização, que foram reaparelhadas com veículos,
equipamentos de informática, barcos, uniformes e cursos de capacitação. A
elaboração do Plano de Gestão Ambiental para a unidade, discutido com todos os
segmentos da comunidade regional, é um dos principais objetivos do PPMA visando
estabelecer uma estratégia que resulte em preservação ambiental e
desenvolvimento.
A Prefeitura Municipal de Cubatão criou, na área do Núcleo, o Parque
Ecológico Itutinga-Pilões, parte integrante do projeto turístico “Muito Prazer,
Cubatão”, desenvolvido pela Secretaria de Cultura e Turismo.
No âmbito das intervenções físicas, sobre os assentamentos selecionados,
destaca-se a elaboração de projeto de rede de abastecimento de água 6, pela
empresa Planejamento e Consultoria Ltda. (Projeplan), contratada pela Sabesp,
referente aos assentamentos Cota 100 e Cota 200. O projeto executivo deverá estar
concluído até dezembro de 2006, quando será iniciado o processo licitatório para as

5
O Núcleo Itutinga-Pilões também possui grande importância do ponto de vista da história do Brasil,
pois em seus limites encontra-se a trilha do Padre Anchieta, do século XVI e a Calçada do Lorena,
construída durante o século XVIII, considerada a primeira ligação com calçamento entre São Paulo e
o litoral. Dentro do perímetro deste Núcleo, encontram-se, ainda, o Pólo Eco Turístico Caminho do
Mar e a Usina Hidroelétrica Henry Borden.

6
É importante ressaltar que, desde a década de 1980, laudos elaborados pelo Instituto Adolfo Lutz
vêm apontando contaminação da água consumida em alguns pontos dos bairros Cota, por coliformes
fecais. Atualmente existe um sistema de abastecimento de caráter emergencial denominado Água
Limpa. Estima-se que a nova rede a ser implantada deverá atender cerca de 15 mil habitantes.

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Elaboração do Plano Municipal de Redução de Riscos de Cubatão

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obras planejadas. O número de famílias beneficiadas pelo projeto ainda está em
fase de levantamento, mas a intervenção está limitada às áreas desafetadas.
No que respeita à ação social, os projetos em andamento, relativos às áreas
selecionadas, estão relacionados no Anexo 4, em quadro que contém a síntese dos
programas desenvolvidos pela Prefeitura Municipal de Cubatão, diretamente ou em
parceria com entidades do terceiro setor, segundo informações fornecidas pela
Secretaria Municipal de Assistência Social (SEMAS), baseadas no Plano Municipal
de Assistência Social de 2006 (Versão Preliminar). Segundo informações da
SEMAS, os moradores dos assentamentos Cota 500 e Cota 400 utilizam os serviços
oferecidos na Cota 200, e os moradores da Cota 95, Cota 100 e Grotão, dirigem-se
ao Pinhal do Miranda, pois estes assentamentos não são alvo de projetos ou
programas específicos.
Com referência ao marco legal que orienta as intervenções em fase de
planejamento e aquelas a serem planejadas, no Anexo 5 verifica-se uma série de
possibilidades de atuação em assentamentos precários, abertas, sobretudo após a
sanção do Estatuto da Cidade (Lei Federal N° 10.257, de 10 de julho de 2001) e da
Medida Provisória N° 2.220, de 4 de setembro de 2001. Contudo, um importante
balizador das intervenções é a situação do assentamento em relação ao PESM,
conforme mencionado anteriormente. Desta forma, o potencial da aplicação dos
instrumentos do Estatuto da Cidade e da MP 2.220 de 2001 está condicionado ao
fato do assentamento estar ou não inserido no perímetro do PESM.
Para os núcleos situados em áreas desafetadas ou fora do Parque Estadual
da Serra do Mar é possível a aplicação de uma série de instrumentos de política
urbana que o Estatuto da Cidade criou, com base nos conceitos de função social da
cidade e da propriedade imobiliária urbana, estabelecidos nos artigos 182 e 183 da
Constituição Federal. O Estatuto tem como princípio a importância da participação
ativa da sociedade no processo de planejamento das cidades e prevê a criação, em
nível municipal, de instâncias de gestão democrática como fóruns ou conselhos de
política urbana, audiências e consultas públicas, debates e conferências.
O Plano Diretor, segundo o artigo 4° do Estatuto da Cidade, é um dos
instrumentos básicos da política de desenvolvimento e expansão urbana do
município, que deve definir diretrizes de planejamento territorial e condições para
que seja cumprida a função social da propriedade. No Plano Diretor, conforme

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Elaboração do Plano Municipal de Redução de Riscos de Cubatão

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artigos 39 a 42 do Estatuto da Cidade, devem ser regulamentados os instrumentos
previstos nos artigos 5° a 38.
Os Incisos II e V do artigo 41 do Estatuto da Cidade tornam obrigatória a
elaboração do Plano Diretor, nos termos previstos por esta lei em cidades
integrantes de regiões metropolitanas e aglomerações urbanas e inseridas na área
de influência de empreendimentos ou atividades com significativo impacto ambiental
de âmbito regional ou nacional. Desta forma, Cubatão deve contar com um Plano
Diretor que obedeça ao estabelecido pelo Estatuto da Cidade.
Neste aspecto, segundo informações obtidas junto à Secretaria Municipal de
Planejamento, o Plano Diretor de Cubatão deverá ser revisto, adotando-se a
metodologia preconizada pelo Estatuto da Cidade. Para isto, está sendo contratada
uma equipe técnica que deverá prestar assessoria à Municipalidade.
O Plano Diretor atualmente em vigor, previsto no artigo 139 da Lei Orgânica
deste Município, foi criado pela Lei Nº 2.512, de 10 de setembro de 1998, anterior ao
Estatuto da Cidade. Portanto, este Plano não detalha uma série de instrumentos
com os quais este Município poderia implementar uma política habitacional de
interesse social mais efetiva e não foi elaborado com a metodologia participativa
preconizada pela norma federal.
Ainda que o Plano Diretor em vigência mencione, em vários artigos, direitos,
diretrizes, programas e metas atinentes à questão da habitação de interesse social,
por seu caráter quase que inteiramente não auto-aplicável, acaba limitando-se a um
documento de intenções. No Capítulo II – “Dos Objetivos”, o Plano Diretor prevê
uma série de metas que não foram alcançadas plenamente, como, por exemplo, o
disposto no inciso IV do artigo 4° sobre o “aproveitamento social do solo urbano, que
deverá ser adequado às necessidades fundamentais de habitação, trabalho,
educação, saúde e lazer da população”. No Capítulo II – “Das Diretrizes”, igualmente
podem ser citados o inciso I, V e VI, do artigo 10, que estabelecem,
respectivamente, como diretrizes estratégicas: a elaboração de “políticas de uso do
solo urbano, que estimulem a ocupação dos vazios urbanos”; “a promoção de
estudos para a introdução de tributação progressiva, como instrumento de política
urbana” e a “implantação de operações urbanas interligadas a fim de compatibilizar
o crescimento econômico da cidade com o investimento em áreas de interesse
social”.

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Elaboração do Plano Municipal de Redução de Riscos de Cubatão

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O artigo 11 do Capítulo II estabelece como diretrizes sociais: “I – a realização
de estudos e pesquisas visando a implantação de: a) projetos de relocação e
reurbanização de assentamentos residenciais em áreas de risco e insalubres [...]”.
Sabe-se que no tocante a este ponto, o Município tem feito, nos últimos anos, um
grande esforço em produzir uma série de projetos para o reassentamento de
núcleos de habitações subnormais. Contudo, nenhum destes projetos destina-se às
áreas selecionadas pelo PMRR.
O artigo 15 do Capítulo IV – Das Disposições Gerais, já previa a implantação
de instrumentos atualmente regulamentados pelo Estatuto da Cidade, como o
parcelamento ou edificação compulsória de áreas não edificadas, subutilizadas ou
não utilizadas; o imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana, progressivo
no tempo e a desapropriação destas áreas com pagamento mediante títulos da
dívida pública. No entanto, o mesmo artigo estabelece que lei municipal específica
deva regulamentar estes instrumentos, o que não ocorreu.
Por sua vez, a Lei N° 2.513, de 10 de setembro de 1998, que instituiu normas
para Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo, define o uso e ocupação dos
assentamentos objeto deste PMRR, estabelecendo o zoneamento do Município de
Cubatão.
O inciso II do Artigo 8º desta lei complementar estabelece como uma das
diretrizes gerais o controle das “densidades a serem atingidas na utilização do solo
urbano, com a finalidade de otimizar a utilização de serviços básicos e permitir o
adequado assentamento populacional”. Certamente este objetivo não foi atingido no
tocante às áreas objeto deste PMRR.
O inciso IV do artigo 11 veda o parcelamento do solo “em terrenos onde as
condições geológicas não aconselham a edificação” e o inciso V do mesmo artigo
proíbe o parcelamento “em áreas de preservação ecológica“, dentre outras. Assim,
não apenas a norma estadual que criou o Parque Estadual da Serra do Mar, mas
também a municipal, como não poderia deixar de ser, vedam o parcelamento nas
áreas que não foram desafetadas do Parque.
O artigo 13 dispõe que:
Os parcelamentos de solo executados em função de programas de regularização de
núcleos habitacionais, realizados pela Secretaria Municipal de Planejamento, terão

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padrão urbanístico em regime especial, a partir do cadastro dos respectivos
projetos, com vistas à máxima aproximação ao traçado existente.
Mas o parágrafo único deste artigo excetua desta determinação “as áreas
cuja vocação natural não seja compatível com a existência de núcleos habitacionais,
hipótese em que a área não poderá ser regularizada”. Portanto, pode-se considerar
que as áreas não desafetadas do Parque Estadual da Serra do Mar não são
passíveis de regularização fundiária. Contudo, programas desta natureza ainda não
foram implementados nos assentamentos selecionados pelo PMRR e que não se
encontram dentro dos limites do Parque.
O inciso II do artigo 15 define como “loteamentos de interesse social [...]
aqueles realizados com a intervenção do Poder Público, em que os valores dos
padrões urbanísticos são especialmente estabelecidos, com o objetivo de estimular
a construção de habitações de interesse social”. O parágrafo primeiro deste mesmo
artigo estabelece que as normas de edificação nestes loteamentos obedecerão
“legislação específica”, não sendo necessário o atendimento do Código de
Edificação do Município. O parágrafo segundo estabelece que:
O critério de localização dos loteamentos de interesse social, nas zonas de uso ZR2,
ZR3 e ZCC , e nas áreas especiais de interesse público, fica a cargo do Poder
Público Municipal e sua realização poderá ser feita pela iniciativa privada.
Desta forma, o projeto de lei complementar que cria as ZEIS deverá
estabelecer estas normas, possibilitando a participação da iniciativa privada, o que
não é muito comum em projetos do gênero.
O parágrafo primeiro do artigo 25 torna obrigatória a reserva de uma faixa
non aedificandi de 15m (quinze) de cada lado das faixas de domínio público das
rodovias, salvo maiores exigências da legislação especifica. Neste aspecto,
observando-se a ocupação das áreas selecionadas neste PMRR, que se situam ao
longo da Via Anchieta e em muitos pontos é lindeira à faixa pavimentada, verifica-se
que o estabelecimento desta restrição exigirá a obtenção de áreas para remoção,
pois grande número de ocupações encontra-se dentro dos limites desta faixa.
O parágrafo único do artigo 40, que trata das áreas de interesse público (IP),
define como tal as áreas destinadas à “reurbanização de interesse social“, dentre
outras. O parágrafo único do artigo 40 delimita como IP5 as “áreas com indicação de
uso predominantemente residencial de Baixa Densidade e outros usos compatíveis

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com a ZR1 [Zona Residencial 1,...], incluindo o Pinhal do Miranda, Cota 95, Cota
100”7, e como IP6 as “áreas com indicação de uso predominantemente residencial
de Baixa Densidade e outros usos compatíveis com a ZR1, [...], compreendendo a
Cota 200 e Cota 400” [grifo nosso8]. O artigo 42 estabelece que estas áreas “terão
regime urbanístico próprio, compatibilizado com o das áreas vizinhas”. Assim, os
projetos de regularização fundiária e urbanização deverão atender a esta diretriz.
Contudo, observa-se que a maioria dos assentamentos selecionados é isolada da
malha urbana, pois a lógica destas ocupações foi a urbanização ao longo das
rodovias.
O inciso I do artigo 48, que dispõe sobre as “áreas de interesse ambiental”,
define a área do Município dentro dos limites do Parque Estadual da Serra do Mar
como Zona de Reserva Ecológica (ZRE), nela inserindo os assentamentos Cota 500,
Pilões e parte do Água Fria. O parágrafo 1° do artigo 50, que trata dos usos
admitidos na ZRE, “com vistas à preservação permanente e à recuperação
ambiental”, veda nestas áreas usos que não sejam “restritos às instituições
relacionadas às atividades ecológicas, de pesquisa científica e educacional que
visem a sua preservação e recuperação”. Portanto, a norma municipal reproduz as
restrições da norma estadual, vedando a regularização fundiária e urbanização dos
assentamentos situados dentro dos limites do Parque Estadual da Serra do Mar.
O inciso IV do artigo 57 estabelece que o Município ordenará o uso e a
ocupação do solo com o objetivo básico de promover o desenvolvimento urbano,
mediante a “utilização de instrumentos relativos a operações urbanas, que
impliquem em mudança do regime urbanístico de determinadas áreas, com a
finalidade de interesse social”. Neste aspecto, verifica-se que este dispositivo ainda
não foi utilizado com vistas à promoção de projetos destinados ao reassentamento
ou reurbanização das áreas selecionadas.
O artigo 48 desta Lei Complementar, que dispõe acerca das Áreas de
Interesse Ambiental, delimitou a parte do assentamento Mantiqueira situada no
Parque Estadual da Serra do Mar como Zona de Reserva Ecológica (ZRE). O artigo
50 delimitou a parcela deste assentamento que se localiza fora do perímetro do
7
O assentamento Grotão, embora não mencionado neste dispositivo, está incluído no perímetro da
IP5.
8
Embora o assentamento Cota 400 não tenha sido excluído da área do PESM, a norma municipal o
define como área de Interesse Público. O correto, no sentido de atender o Decreto Estadual Nº
10.251, de 30 de agosto de 1977, seria considerá-lo Zona de Reserva Ecologia (ver a seguir).
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Parque Estadual da Serra do Mar como Zona de Preservação Ecológica - Interesse
Ambiental – ZPE 5 – Piaçaguera/Rio Mogi. Nas ZREs, que compreendem o Parque
Estadual da Serra do Mar, a partir da cota 50, mais os morros isolados inseridos na
área urbana (Morro do Governo ou Jesuíta, Morro Boa Vista, Morro Areais, Morro do
Casqueirinho, Morro do Cotia-Pará e outros morros menores), o uso do solo é
disciplinado pela regulamentação do Parque Estadual, que veda o uso residencial de
interesse social, em seus limites. Nas ZPEs são admitidos “usos restritos às
instituições relacionadas à atividades ecológicas, de pesquisa científica, e
educacional que vi sem a sua preservação e recuperação”. Assim, em ambos os
casos a norma municipal impede a regularização fundiária e reurbanização deste
assentamento, restando como única alternativa a remoção da população para outra
área. Como se trata de assentamento localizado na divisa com o município de
Santos, é importante identificar as ocupações que se situam neste município e
envidar esforços no sentido de promover uma solução conjunta para o processo de
realocação.
O artigo 80 prevê e disciplina a construção de Conjuntos Residenciais,
inclusive de interesse social, apresentando para isto padrões urbanísticos
condizentes com o objetivo, mas não prevendo a hipótese de consolidação de
unidades habitacionais existentes e/ou regularização fundiária. Portanto, é
importante que a lei complementar que cria as ZEIS discipline a possibilidade de
consolidação de unidades habitacionais nos assentamentos passíveis de
regularização fundiária.
O artigo 130 mantém “as disposições da Lei nº 2.091, de 21 de Setembro de
1992, que institui o Programa de Lotes Urbanizados e Moradias Populares, por
intermédio da iniciativa privada”. Como já apontado anteriormente, o envolvimento
da iniciativa privada em projetos de Habitação de Interesse Social não é comum,
sendo o mais comum que o Poder Público, em qualquer uma de suas esferas, seja o
responsável por projetos desta natureza, especialmente quando se trata de áreas
em condições como as das que foram selecionadas por este PMRR. Contudo, nos
últimos anos, sobretudo após a sanção do Estatuto da Cidade e da criação do
Ministério das Cidades, vem sendo estruturado um Sistema Nacional de Habitação
de Interesse Social (SNHIS), que pressupõe a participação dos estados e
municípios. Este SNHIS consiste em um tripé formado por instrumentos de

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financiamento (fundo de Habitação de Interesse Social), de controle urbanístico e
licenciamento (legislação de Habitação de Interesse Social) e de controle e
fiscalização popular (conselhos) em todos os níveis. Desta forma, o Ministério das
Cidades, por meio das Conferências Nacionais das Cidades, promoveu a
implantação deste sistema no nível nacional, com a Criação do Conselho Nacional
das Cidades, do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social (FNHIS) e vem
fomentando a implantação de sistemas equivalentes em estados e municípios.
Assim, a destinação de recursos federais aos municípios para projetos de Habitação
de Interesse Social, sobretudo dos novos programas coordenados pelo Ministério,
como Crédito Solidário (recursos do Fundo de Desenvolvimento Social), Resolução
N° 460 do Conselho Curador do FGTS e recursos do FNHIS, vem sendo
condicionada à constituição de sistemas municipais de Habitação de Interesse
Social.
Portanto, a adesão de Cubatão ao SNHIS é fundamental para que o FNHIS
possa efetivamente ser operacionalizado no município. Para aderir ao SNHIS, a Lei
Federal N° 11.124, de 24 de junho de 2005, determina o cumprimento dos seguintes
requisitos: assinar termo de adesão, constituir Fundo de Habitação de Interesse
Social, criar Conselho Gestor do Fundo, elaborar Plano Local de Habitação de
Interesse Social e elaborar relatórios de gestão. Assim, além da aprovação da lei
complementar que cria as ZEIS em Cubatão, é importante que este município
regulamente um fundo municipal de Habitação de Interesse Social, um conselho
municipal voltado à definição e fiscalização de programas e projetos para o setor e
aprove um plano de Habitação de Interesse Social.
No tocante à parte do tripé que forma o Sistema Municipal de Habitação de
Interesse Social e que diz respeito à legislação, além das ZEIS, é importante a
regulamentação dos instrumentos de política urbana previstos no Estatuto da
Cidade, e que o atual Plano Diretor não contém. Dentre estes, estão aqueles
previstos nos artigos 5° a 8° desta lei federal, com o objetivo de permitir a criação de
um estoque de terras para o desenvolvimento da política municipal de Habitação de
Interesse Social, fundamental para os projetos que implicam em relocação. Portanto,
é importante que no processo de revisão do Plano Diretor seja definido o
aproveitamento mínimo para cada área e delimitação daquelas cujo aproveitamento
esteja aquém do determinado. Os proprietários destas áreas deverão adequar seu

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uso aos parâmetros de aproveitamento, parcelando o terreno ou edificando. Os
prazos e as demais condições para a aplicação do parcelamento, da edificação ou
da utilização compulsória serão determinados em lei municipal específica. Não
sendo cumpridas as condições estabelecidas para o aproveitamento da área, o
Município passará a aumentar, durante 5 anos consecutivos, a alíquota do Imposto
Predial e Territorial Urbano (IPTU), até o limite máximo de 15%, mantendo a
cobrança progressiva pela alíquota máxima, até que o proprietário proceda ao
aproveitamento do terreno. Decorridos 5 anos de cobrança do IPTU progressivo,
sem que o proprietário cumpra a obrigação de adequar o seu aproveitamento, o
Município pode desapropriar o imóvel, com pagamento em títulos da dívida pública.
O Estatuto da Cidade prevê que o não cumprimento desta obrigação será
considerado ato de improbidade administrativa do Prefeito.
Outro instrumento previsto, conforme artigos 9° ao 14 do Estatuto da Cidade,
é a usucapião especial de imóvel urbano, pela qual o cidadão que ocupar área ou
edificação urbana de até 250 m2 para sua moradia ou de sua família, por 5 anos
consecutivos, sem que o proprietário apresente oposição, terá garantido o direito à
posse, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. Neste caso,
os beneficiários deverão se organizar e a Prefeitura poderá proceder à urbanização
dessas áreas.
A Prefeitura pode obter, ainda, o direito de preferência na compra de imóvel
urbano, denominado Direito de Preempção e regulamentado pelos artigos 25 a 27
do estatuto da Cidade. Este dispositivo poderá ser usado para regularização
fundiária, execução de projetos habitacionais de interesse social, constituição de
reserva fundiária, ordenamento da expansão urbana, implantação de equipamentos
comunitários ou criação de espaços de lazer e áreas verdes nos assentamentos.
Conforme estabelecido nos artigos 28 a 31 do Estatuto da Cidade, o
Município deve delimitar no Plano Diretor as áreas onde poderá haver maior
adensamento populacional com o aumento da área construída e conceder o direito
de construir acima do coeficiente de aproveitamento básico fixado. O excedente de
área a ser construída será cobrado nas condições estabelecidas em lei municipal
específica e os recursos obtidos com a aplicação deste instrumento poderão ser
revertidos em beneficio da população de baixa renda.

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O Estatuto da Cidade estabelece, também, nos artigos 32 a 34, critérios para
implementação das Operações Urbanas Consorciadas, que são um conjunto de
intervenções coordenadas pelo Poder Público municipal, com a participação de
proprietários, moradores, usuários permanentes e investidores privados, com o
objetivo de promover transformações significativas em determinada área, como
modificação de características de parcelamento, das normas de uso e ocupação do
solo, das leis edilícias, ou regularização de edificações.
Em seu artigo 35, o Estatuto da Cidade disciplina a Transferência do Direito
de Construir, que pode permitir ao proprietário de imóvel urbano transferir este
direito para outro terreno, ou a venda do potencial construtivo ao qual teve direito
garantido no Plano Diretor, quando o imóvel for necessário para programas de
regularização fundiária e urbanização de assentamentos de baixa renda.
Por sua vez, a Medida Provisória (MP) N° 2.220, de 2001, que trata da
Concessão de Uso Especial, oferece mais um instrumento ao Município, para a
regularização e urbanização de assentamentos subnormais em áreas públicas. Esta
MP estabelece critérios para que aqueles que, até 30 de junho de 2001, possuíssem
“como seu, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, até duzentos e
cinqüenta metros quadrados de imóvel público situado em área urbana, utilizando-o
para sua moradia ou de sua família”, tenham o direito à concessão de uso especial
para fins de moradia em relação ao bem objeto da posse, desde que não seja
proprietário ou concessionário, a qualquer título, de outro imóvel urbano ou rural.
No âmbito da legislação municipal de Cubatão, destaca-se que o projeto de
lei complementar que cria as ZEIS, atende o previsto no artigo 4° do Estatuto da
Cidade, no conjunto dos institutos jurídicos e políticos. Nos municípios onde as ZEIS
estão regulamentadas de forma mais efetiva, estas vêm se constituindo em valioso
instrumento de implementação da política habitacional. No caso de Cubatão,
conforme destacado anteriormente, o projeto de lei complementar que dispõe sobre
a criação das ZEIS encontra-se em fase de análise no âmbito do Executivo.
Para a implementação da política habitacional, deve ser considerada,
também, a Lei Federal N° 6.766, de 19 de dezembro de 1979, com as alterações
impostas pela Lei Federal N° 9.785, de 29 de janeiro de 1999. As alterações nesta
matéria, que dispõe sobre os critérios para parcelamento do solo e sobre o registro
público dos parcelamentos vieram no sentido de reconhecer a necessidade de

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intervenção em assentamentos subnormais. Contudo, as alterações de 1999 ainda
não removeram totalmente os entraves da Lei N° 6.766, fato que motivou a
elaboração de projeto de lei que atualmente encontra-se em discussão no
Congresso Nacional. De qualquer maneira, o parágrafo 5° do artigo 2° da referida lei
estabelece as exigências mínimas para implantação de infra-estrutura em
parcelamentos situados em zonas habitacionais declaradas por lei como de
interesse social (ZHIS). Portanto, a terminologia utilizada neste instrumento é distinta
do Estatuto da Cidade, que denomina estas zonas como ZEIS. O parágrafo 5°, do
artigo 40 e o artigo 41 desta lei apresentam critérios para regularização fundiária,
conferindo maior importância às disposições estabelecidas no Plano Diretor. Por sua
vez, o artigo 53 da lei de parcelamentos considera
de interesse público os parcelamentos vinculados a planos ou programas
habitacionais de iniciativa das Prefeituras Municipais e do Distrito Federal, ou
entidades autorizadas por lei, em especial as regularizações de parcelamentos
e de assentamentos.
Em seu parágrafo único, neste mesmo dispositivo fica dispensada, para estes
planos e programas, a apresentação de documentação

que não seja a mínima necessária e indispensável aos registros no cartório


competente, inclusive sob a forma de certidões, vedadas as exigências e as
sanções pertinentes aos particulares, especialmente aquelas que visem
garantir a realização de obras e serviços, ou que visem prevenir questões de
domínio de glebas que se presumirão asseguradas pelo Poder Público
respectivo.
Portanto, a Lei N° 6.766 apresentou alguns avanços que concorrem para a
implementação da política habitacional de interesse social dos municípios. Da
mesma forma, a Lei Federal N° 10.931, de 2 de agosto de 2004, que trata de
incorporações imobiliárias, em seu artigo 59 altera os parágrafos 11 e 15, do artigo
213, da Lei Federal N° 6.015, de 31 de dezembro de 1973, que trata dos Registros
Públicos, respectivamente, dispensando de retificação, em casos em que não haja
alteração das medidas perimetrais, os lotes que já estiverem cadastrados
individualmente ou com lançamento fiscal há mais de vinte anos, referentes a
projetos de regularização fundiária de interesse social realizados em ZEIS, pelo
Poder Público municipal, nos termos do Estatuto da Cidade, e exime de custas e
emolumentos notariais os registros referentes a estes projetos.

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Elaboração do Plano Municipal de Redução de Riscos de Cubatão

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No âmbito da legislação estadual, como já salientado anteriormente, o maior
entrave à regularização fundiária de parte dos assentamentos subnormais
selecionados por este PMRR, constitui-se na delimitação do Parque Estadual da
Serra do Mar. Contudo, a Resolução N° 369, de 28 de março de 2006, do Conselho
Nacional do Meio Ambiente (CONAMA, 2006), define os casos excepcionais em que
o órgão ambiental pode autorizar a intervenção ou supressão de vegetação em Área
de Preservação Permanente (APP) para a implantação de obras, planos, atividades
ou projetos de utilidade pública ou interesse social, dentre outras intervenções.
O artigo 2° da Resolução define como interesse social a “regularização
fundiária sustentável de área urbana” e em seu artigo 9°, a Resolução estabelece
que a intervenção ou supressão de vegetação em APP para regularização fundiária
sustentável de área urbana poderá ser autorizada pelo órgão ambiental competente,
observado o disposto nas disposições gerais desta Resolução, além dos seguintes
requisitos e condições:
I - ocupações de baixa renda predominantemente residenciais;
II - ocupações localizadas em área urbana declarada como Zona Especial de
Interesse Social (ZEIS) no Plano Diretor ou outra legislação municipal;
III - ocupação inserida em área urbana que atenda aos seguintes critérios:
a) possuir no mínimo três dos seguintes itens de infra-estrutura urbana
implantada: malha viária, captação de águas pluviais, esgotamento sanitário,
coleta de resíduos sólidos, rede de abastecimento de água, rede de
distribuição de energia;
b) apresentar densidade demográfica superior a cinqüenta habitantes por
hectare
IV - localização exclusivamente nas seguintes faixas de APP:
a) nas margens de cursos de água, e entorno de lagos, lagoas e reservatórios
artificiais, conforme incisos I e III, alínea "a", do art. 3 o da Resolução
CONAMA n o 303, de 2002, e no inciso I do art. 3 o da Resolução CONAMA n
o 302, de 2002, devendo ser respeitada faixas mínimas de 15 metros para
cursos de água de até 50 metros de largura e faixas mínimas de 50 metros
para os demais;
b) em topo de morro e montanhas conforme inciso V, do art. 3 o , da Resolução
CONAMA n o 303, de 2002, desde que respeitadas as áreas de recarga de
aqüíferos, devidamente identificadas como tal por ato do poder público;
c) em restingas, conforme alínea "a" do IX, do art. 3 o da Resolução CONAMA
n o 303, de 2002, respeitada uma faixa de 150 metros a partir da linha de
preamar máxima;

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V - ocupações consolidadas, até 10 de julho de 2001, conforme definido na Lei
n o 10.257, de 10 de julho de 2001 e Medida Provisória n o 2.220, de 4 de
setembro de 2001;

Desta forma, observa-se que atualmente as alternativas de implementação de


uma política municipal de Habitação de Interesse Social estão amparadas por um
arcabouço jurídico capaz de oferecer múltiplas oportunidades de enfrentamento dos
desafios que o processo de segregação espacial da Região Metropolitana da
Baixada Santista impõem.
Conforme citado, o Anexo 5 apresenta uma síntese do marco legal orientador
das intervenções em assentamentos subnormais em Cubatão e o Anexo 6 contém
os principais aspectos desta síntese.

7. IDENTIFICAÇÃO DE FONTES DE RECURSOS POTENCIAIS E DE PROJETOS


COMPATÍVEIS PARA IMPLANTAÇÃO DAS INTERVENÇÕES PRIORITÁRIAS
PARA REDUÇÃO DE RISCO
Visando complementar este quadro de instrumentos atualmente disponíveis
para a política habitacional municipal, é fundamental apresentar algumas
alternativas de financiamento de programas e projetos, de natureza diversa,
existentes nas esferas federal e estadual, que poderão ser utilizados para as áreas
mapeadas e que ainda não possuem alternativa de intervenção definida.
No âmbito federal, destacam-se os seguintes programas:
I. Habitação de Interesse Social e Urbanização, Regularização e Integração de
Assentamentos Precários, com recursos do Fundo Nacional de Habitação de
Interesse Social (FNHIS), Orçamento Geral da União (OGU).
Este programa, já em estudos para a Vila Esperança, neste município, tem
como objetivo a produção de moradias, a melhoria habitacional, a produção de lotes
urbanizados, a urbanização de áreas e a requalificação urbana. Destina-se a
famílias com renda familiar mensal até três salários mínimos. O contrato de repasse
das propostas selecionadas é celebrado por intermédio da Caixa Econômica
Federal, após encaminhamento e análise das propostas dos municípios. Para a
obtenção de recursos deste e outros programas geridos pelo Ministério das Cidades,
preconiza-se a adesão do município ao SNHIS.

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II. Programa de Subsídio à Habitação de Interesse Social (PSH), com recursos do
OGU.
Tem como objetivo a produção ou aquisição de unidade habitacional,
subsidiando a produção ou aquisição de unidade habitacional e subsidiando a
administração e manutenção do financiamento. Destina-se a famílias com renda
familiar mensal até R$900,00. A Secretaria Nacional de Habitação (SNH) do
Ministério das Cidades e a Secretaria do Tesouro Nacional (STN) ofertam, sob forma
de leilão, os créditos habitacionais. As instituições financeiras habilitadas no leilão
recebem os recursos da União para complementação dos financiamentos
concedidos a pessoas físicas para aquisição de unidades habitacionais. Os
municípios participam do PSH apresentando suas propostas às instituições
financeiras habilitadas, aportando recursos, bens ou serviços e selecionando as
famílias beneficiárias.
III. Resolução N° 460 do Conselho Curador do FGTS.
É um modelo de concessão de subsidio dirigido aos financiamentos a
pessoas físicas com renda familiar mensal de até 5 salários mínimos. As melhores
condições de subsídio ocorrem nas operações realizadas de forma coletiva, em
parceria, considerando-se, também, a diversidade dos custos de produção e
aquisição de imóveis, o porte e localização dos municípios. Para municípios situados
na Região Metropolitana de São Paulo, o subsídio pode alcançar até cerca de R$
12.000,00 (doze mil reais).
IV. Programa Carta de Crédito Individual e Associativo, com recursos do FGTS.
Tem como objetivo aquisição, construção, conclusão, ampliação, reforma e
melhoria de unidade habitacional, e aquisição de cesta básica de material de
construção, para imóveis novos e usados, e produção de lotes urbanizados. Destina-
se a famílias com renda mensal de até R$ 2 mil (todas as modalidades) e até R$ 4,5
mil (excluindo material de construção e imóvel usado). O financiamento a pessoas
físicas é concedido individualmente ou organizadas por associações, condomínios,
cooperativas, sindicatos, entidades privadas ou COHABs. Os municípios podem
participar do Programa Carta de Crédito, organizando a demanda, complementando
os recursos e oferecendo assistência técnica e jurídica.
V. Programa Pró-Moradia, com recursos do FGTS.

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Tem como objetivo financiar ao setor público para a produção de moradias,
lotes urbanizados e urbanização de assentamentos precários, e ainda no
desenvolvimento institucional dos governos locais. Destina-se a famílias de baixa
renda, em média com três salários-mínimos. Os municípios encaminham ao agente
financeiro carta-consulta e documentos que permitam verificar o atendimento de
formalização de pedidos de contratação de operações de crédito estabelecidos pela
STN do Ministério da Fazenda. Após a análise de capacidade de pagamento do
proponente, indicando o seu limite de crédito, o Agente Financeiro encaminha a
proposta à Secretaria Nacional de Habitação do Ministério das Cidades que realizará
o processo de enquadramento, hierarquização e seleção.
VI. Programa de Arrendamento Residencial (PAR), com recursos do Fundo de
Arrendamento Residencial (FAR).
Tem como objetivo a construção, recuperação ou reforma de
empreendimentos destinados ao arrendamento, com exercício da opção de compra
ao final do prazo contratado. Destina-se a famílias com renda mensal de até seis
salários mínimos, inclusive nos municípios integrantes das regiões metropolitanas.
A CEF é responsável pela alocação dos recursos e contratação das empresas de
Construção Civil que produzem ou recuperam os empreendimentos nas áreas
contempladas pelo Programa. Os municípios atuam na promoção de ações
facilitadoras à implantação dos projetos.
VII. Programa Crédito Solidário, com recursos do Fundo de Desenvolvimento Social
(FDS).
Tem como objetivo financiar a aquisição de terreno e construção, e de
material de construção para construção em terreno próprio, ou conclusão, ampliação
e reforma de unidades habitacionais. Destina-se a famílias, organizadas em
associações ou cooperativas, com renda bruta mensal de até cinco salários
mínimos, residentes em áreas urbanas ou rurais. Este Programa é operado com
recursos do FDS, sendo a contrapartida mínima do mutuário de 5% do valor do
investimento habitacional, que poderá ser integralizada com recursos próprios, com
itens do investimento não financiados com recursos do FDS. Podem ser adicionados
ao Programa recursos financeiros e também bens e serviços que agreguem valor ao
investimento proveniente de estados e municípios.

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VIII.Programa Habitar Brasil-BID (HBB), utilizado em Cubatão no projeto para a Vila
dos Pescadores.
Possui recursos do OGU, provenientes de acordo de empréstimo com o Banco
Interamericano de Desenvolvimento (BID). Tem como objetivo executar ações
integradas de habitação, saneamento e infra-estrutura urbana e fornecer apoio
técnico e financeiro para aperfeiçoar, modernizar e capacitar as prefeituras
municipais, visando melhorar a atuação local na solução dos problemas urbanos e
habitacionais das cidades. Destina-se a famílias com renda mensal de até três
salários mínimos que vivem em assentamentos precários. Este programa tem
universo de atendimento já definido em 119 contratos de repasse para execução de
intervenções de urbanização de assentamentos precários e 214 contratos para
desenvolvimento institucional de municípios.
No âmbito estadual, destacam-se os seguintes programas no âmbito do Pró-
Lar, operados pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU):
I. Atuação em Favelas e Áreas de Risco.
Com objetivo de recuperação de assentamentos irregulares ou áreas de
urbanização informal, impondo ao poder público o planejamento e execução de
ações multissetoriais. Este Programa oferece um leque de ações voltadas à
promoção dos assentamentos irregulares, visando atenuar o padrão informal de
crescimento das cidades, por meio de investimento na melhoria da infra-estrutura
urbana das áreas selecionadas e de suas edificações, do atendimento de soluções
habitacionais adequadas às populações que precisam ser deslocadas de área de
risco ou devido a necessidade de reassentamento total ou parcial, do fomento a
ações sociais complementares, visando à melhoria da qualidade de vida das
populações participantes. Este Programa atua em parceria com governos
municipais, atribuindo-lhes papel central no planejamento e execução de projetos.
Este Programa prevê a remoção total das famílias para novas unidades dotadas de
infra-estrutura, com contrapartida do Município, que pode ser a doação do terreno ou
a implantação da infra-estrutura. As unidades poderão ser construídas em regime de
autoconstrução ou diretamente pela CDHU. O valor unitário de financiamento é de
cerca de R$ 9.400,00, com prazo de 25 anos.
II. Pró-Lar Melhorias Urbanas.

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Que visa a recuperação de assentamentos irregulares, ou áreas de
urbanização informal, através do planejamento e execução de projetos que
consistem na cobertura dos serviços públicos e sociais básicos à população
residente, visando a sua fixação, e a melhoria de conjuntos habitacionais de
interesse social já ocupados. Este Programa pode ser utilizado para a melhoria de
conjuntos habitacionais já implantados e ocupados, da CDHU ou de outros agentes
promotores que necessitem de melhorias urbanas e/ou de implantação, ou reforma,
de equipamentos coletivos. Como solução de atendimento habitacional está prevista
a implantação de infra-estrutura básica, realização de obras de estruturação ou
recuperação urbana, implantação de equipamentos e serviços públicos, melhoria
nas habitações, ações de inclusão social e regularização fundiária do assentamento
e repasse da posse ou propriedade da terra às famílias beneficiadas. Para habilitar-
se a este programa, a área deve ser pública e passível de regularização. Destina-se
a famílias moradoras de favelas em áreas públicas. O Município deve prestar uma
série de contrapartidas, para a implementação do programa.
III. Programa Núcleo Habitacional por Empreitada Integral (EI).
Que tem como objetivo a implantação de conjuntos habitacionais, destinados à
demanda de interesse social em geral, cujas unidades habitacionais são distribuídas
por meio de sorteio público. As obras são contratadas e financiadas pela CDHU, por
concorrência pública, em conformidade com a Lei de Licitações. Neste programa, a
empresa construtora contratada é responsável pela aquisição do terreno, pelo
parcelamento e urbanização do solo, inclusive pela implantação de toda a rede de
serviços e pela edificação das moradias (geralmente edifícios de apartamentos),
devendo entregar o imóvel regularizado e averbado no registro de imóveis. Destina-
se a famílias com renda entre 1 a 10 salários mínimos, que residem e/ou trabalham
no município onde se localiza o empreendimento há pelo menos três anos e que não
sejam proprietárias de imóvel residencial. O processo de escolha das famílias para o
financiamento das unidades habitacionais prevê que 7% das moradias sejam
destinadas a famílias que possuem portadores de deficiência, 5% ao Programa de
Atendimento ao Idoso, conforme edital específico e 4% à Polícia Civil, Militar e
Científica do Estado de São Paulo.
IV. Programa Núcleo Habitacional por Empreitada Global (EG).

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Tem como objetivo principal a implantação de conjuntos habitacionais,
destinados à demanda de interesse social em geral, cujas unidades habitacionais
são distribuídas por meio de sorteio público. Este Programa é desenvolvido em todo
território paulista, em terrenos doados pelas prefeituras municipais, ou em terrenos
adquiridos pela CDHU, geralmente na Região Metropolitana de São Paulo. O
financiamento das edificações é de responsabilidade do Estado. A contratação dos
empreendimentos é feita em conformidade com a Lei de Licitações e a execução
das obras de edificação é realizada por empreitadas. As redes e serviços de infra-
estrutura ficam a cargo de parcerias entre Governo do Estado e as Prefeituras dos
Municípios, Os critérios de seleção da demanda são idênticos ao Programa EI.
V. Programa Paulista de Mutirão (PPM).
Que visa incentivar a produção de moradias de interesse social em parceria
com as Associações Comunitárias. Este programa caracteriza o trabalho em regime
de mutirão como de participação voluntária e não remunerada das famílias
interessadas em adquirir uma unidade habitacional, e que estejam dispostas a
contribuir com sua mão-de-obra na construção das mesmas. Este Programa
consiste em repasse de recursos direto às Associações Comunitárias contratadas,
para construírem as unidades habitacionais com o apoio técnico, administrativo e
social de uma Assessoria Técnica.
Destaca-se, também, o anúncio recentemente feito pelo BID, da criação do
Fundo para a Prevenção de Desastres Naturais que oferecerá recursos para apoiar
atividades como a identificação de riscos, preparação de projetos de prevenção,
elaboração de investimentos de prevenção em áreas de alto risco e melhoria de
sistemas de alarme antecipado, comunicações e informação pública. Este fundo
também poderá financiar pesquisas sobre desastres naturais para reunir informação
e experiências úteis para aperfeiçoar a gestão de riscos, assim como o
planejamento de projetos de reconstrução, ordenamento territorial e gestão
ambiental para reduzir a vulnerabilidade. Segundo o anúncio do BID, este novo
instrumento de financiamento poderá ser destinado, além disso, a financiar projetos
para fortalecer os mercados regionais de seguros e criar redes de analistas em
avaliação de riscos, prevenção de desastres, emergências e reconstrução.

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8. PROPOSTA DE CRITÉRIOS PARA PRIORIZAÇÃO DAS INTERVENÇÕES
ESTRUTURAIS
Para o estabelecimento de uma ordem de prioridade entre as áreas e setores
a serem atendidas por intervenções estruturais de redução de risco, são propostos
os critérios descritos a seguir.

1. O grau de risco (probabilidade de ocorrência de processos destrutivos);


Prioridade para os setores com maior probabilidade de ocorrência de
acidentes: (R4) > (R3) > (R2);
2. O porte do setor (prioridade para os casos que resultem em maior número de
moradias beneficiadas diretamente com a intervenção proposta), sendo:
Setor de grande porte (>10 moradias em risco);
Setor de médio porte (entre 10 e 5 moradias);
Setor de pequeno porte (menos que 5 moradias em risco).
3. A relação custo/moradia da intervenção estrutural;
Com prioridade para as situações que apresentam menor relação
custo/moradia.
4. Proposta de remoção das moradias
Adquire prioridade no sentido de impedir a consolidação da ocupação.

O Anexo 7 apresenta elementos para a aplicação destes critérios.


Combinando estes critérios, no Quadro 9 é apresentada uma proposta de ordem de
prioridades para as intervenções. Recomenda-se que esta escala de prioridades
sirva de referência para as intervenções estruturais destinadas à redução de riscos
nas áreas estudadas de Cubatão, sempre que possível.

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Moradias
Grau de N˚ da Grau de direta-
Nome da Área Setor Comentários
prioridade Área risco mente
atendidas
2 R4 2
20 R4 1
2 Grotão 21 R4 13 Dez setores (99 moradias) com
27 R4 2 situações de risco muito alto
29 R4 5 (R4). Sugere-se a remoção de
Morro do 83 moradias desse conjunto,
1 3 Gonzaga/Cota 4 R4 4 além de serviços de limpeza de
100 taludes e plantio de barreira
4 Cota 95 18 R4 1 vegetal e intervenções com
2 R4 5 custo total estimado de cerca
6 Cota 400 de R$3.500,00
6 R4 16
Cerca de
9 Pilões 2 R4
50
3 R3 6 Quatro setores (39 moradias)
2 Grotão 30 R3 14 com situações de risco alto
2 31 R3 17 (R3). Custo estimado total das
intervenções: R$17.180,00
4 Cota 95 4 R3 2 (cerca de R$440,00/ moradia)
1 R3 15
12 R3 6
13 R3 9
2 Grotão
14 R3 2
Doze setores (116 moradias)
19 R3 11
com situações de risco alto
25 R3 3
(R3). Custo estimado total das
3 4 Cota 95 3 R3 5
intervenções: R$238.050,00
2 R3 4 (cerca de R$2.106,00/ moradia)
4 R3 15 + remoção de três moradias.
7 R3 7
5 Cota 200
30 R3 14
Cerca de
31 R3
25

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4 R3 2
5 R3 7
10 R3 23
2 Grotão 18 R3 12
26 R3 51
32 R3 4
33 R3 2
1 R3 8
Morro do 3 R3 1
3 Gonzaga/Cota 5 R3 3
100 6 R3 2
7 R3 5
7 R3 5 Trinta setores (237 moradias)
com situações de risco alto
9 R3 29
4 Cota 95 (R3). Remoção de 235
12 R3 9
4 moradias e remoção parcial de
24 R3 6
duas.
5 R3 8
16 R3 6
5 Cota 200 17 R3 8
23 R3 2
36 R3 5
3 R3 1
6 Cota 400
8 R3 1
2 R3 8
8 Água Fria
3 R3 2
9 Pilões 1 R3 16
4 R3 3
8 R3 3
10 Mantiqueira
11 R3 1
13 R3 4
7 R3 2
2 Grotão
22 R3 12 Oito setores (65 moradias) com
1 R3 8 situações de risco alto (R3).
4 Cota 95
6 R3 8 Custo estimado total das
5
11 R3 15 intervenções: R$203.732,00
5 Cota 200 15 R3 8 (cerca de R$3.134,00/ moradia)
20 R3 2 .
10 Mantiqueira 2 R3 10
8 R3 1
9 R3 1
2 Grotão Oito setores (26 moradias) com
17 R3 6
situações de risco alto (R3).
23 R3 2
6 Custo estimado total das
4 Cota 95 8 R3 1
intervenções: R$148.340,00
1 R3 8 (cerca de R$5.705,00/ moradia)
5 Cota 200
25 R3 2
6 Cota 400 1 R3 5
Pinhal do 1 R2 16
1
Miranda 2 R2 1
2 Grotão 15 R2 9
Morro do 8 R2 8
3 Gonzaga/Cota Onze setores (110 moradias)
9 R2 31
100 com situações de risco médio
7 19 R2 4 (R2). Custo estimado total das
4 Cota 95
25 R2 2 intervenções: R$54.140,00
12 R2 6 (cerca de R$492,00/ moradia)
5 Cota 200
22 R2 1
Cerca de
8 Água Fria 3 R2
20
10 Mantiqueira 9 R2 12

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28 R2 12
2 Grotão
35 R2 1
Morro do
3 Gonzaga/Cota 2 R2 1
100
2 R2 4
4 Cota 95
20 R2 1
18 R2 5
5 Cota 200 35 R2 1
Dezoito setores (96 moradias)
37 R2 3
8 com situações de risco médio
4 R2 10
(R2). Remoção de 96 moradias
6 Cota 400 5 R2 22
e intervenções complementares
7 R2 10 de R$9.735,00.
8 Água Fria 1 R2 2
1 R2 1
3 R2 1
5 R2 8
10 Mantiqueira
6 R2 3
10 R2 7
12 R2 4
Cerca de
6 R2
22
11 R2 2
2 Grotão 16 R2 19
24 R2 2
34 R2 2 Vinte e seis setores (243
moradias) com situações de
36 R2 5
risco médio (R2). Custo
10 R2 2
estimado total das
11 R2 5
intervenções: R$428.134,00
13 R2 3 (cerca de R$1.762,00/ moradia)
4 Cota 95 15 R2 4
17 R2 2
21 R2 2
26 R2 13
9 3 R2 2
8 R2 4
9 R2 10
Cerca de
14 R2
81
19 R2 4
21 R2 9
5 Cota 200
24 R2 1
27 R2 14
29 R2 2
Cerca de
32 R2
22
33 R2 6
34 R2 2
10 Mantiqueira 7 R2 3

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Morro do
3 10 R2 1
Gonzaga/Cota 100
5 R2 2
14 R2 1
16 R2 2
4 Cota 95
22 R2 4 Treze setores (81 moradias)
23 R2 3 com situações de risco médio
10 27 R2 2 (R2). Custo estimado total das
6 R2 1 intervenções: R$508.385,00
10 R2 8 (cerca de R$6.276,00/ moradia)
Cerca de
5 Cota 200 13 R2
34
26 R2 4
28 R2 17
10 Mantiqueira 14 R2 2

Quadro 9: Proposta de ordem de prioridade para implantação das intervenções sugeridas

*.Obs1: todos os setores onde foram identificadas situações de risco devem ser monitorados periodicamente,
especialmente nos períodos chuvosos.
** Obs 2: As intervenções propostas para os setores das prioridades 9 e 10 têm o custo estimado em valores que
consomem pouco mais de 90% do custo total estimado para o conjunto das intervenções estruturais.

9. O PLANO MUNICIPAL DE REDUÇÃO DE RISCOS DE CUBATÃO


Para a elaboração de um plano estratégico de redução de riscos é
indispensável a análise do ambiente urbano, mas também a compreensão de como
se dá a gestão do ambiente urbano e, mais particularmente, das políticas públicas
voltadas para as áreas de assentamento precário, a porção informal, vulnerável e,
freqüentemente, degradada da cidade.
A gestão dos riscos urbanos compreende o conjunto de medidas de
organização e operação institucional para o tratamento das situações de risco
existentes, mas sua eficiência é diferenciadamente maior quando estas ações fazem
parte da gestão do ambiente urbano e compreendem, além do gerenciamento dos
riscos, políticas públicas de desenvolvimento urbano, de provisão habitacional, de
proteção e recuperação ambiental e de inclusão social e mecanismos de regulação
e aplicação dessas políticas.
Com esta perspectiva presente, é indispensável estabelecer também
estratégias específicas para o gerenciamento dos riscos identificados. Adotam-se
aqui as quatro estratégias de ação a seguir descritas, adaptadas da metodologia
proposta pela agência das Nações Unidas voltada para a redução de desastres
(UNITED NATIONS DISASTERS RELIEF OFFICE – UNDRO, 1991):

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• Identificação e análise dos riscos (conhecimento dos problemas);
• Planejamento e implementação de intervenções estruturais para a redução ou
erradicação dos riscos;
• Monitoramento permanente das áreas de risco, atendimento de emergências
e implantação de planos preventivos de defesa civil;
• Informação pública, capacitação e mobilização social para ações preventivas
e de autodefesa.

As duas primeiras estratégias estão sistematizadas por este relatório. Sugere-


se que o mapeamento de riscos aqui apresentado seja utilizado para ações
preventivas e o monitoramento de campo durante todo o ano, especialmente durante
os períodos críticos de pluviosidade.
A Comissão Municipal de Defesa Civil de Cubatão implanta Planos
Preventivos de Defesa Civil anualmente, durante os períodos chuvosos, há quase
duas décadas, sob a coordenação da CEDEC – Coordenadoria de Defesa Civil
Estadual e o suporte técnico do Instituto de Pesquisas Tecnológicas – IPT e do
Instituto Geológico - IG. A continuidade e o aprimoramento desta operação são
indispensáveis para a garantia da segurança dos moradores das áreas mais críticas
até que se execute a intervenção estrutural planejada.
Um plano preventivo de defesa civil envolve ações que antecedem a
ocorrência de acidentes, por meio do estabelecimento de indicadores de situações
críticas e da observação, em campo, de evidências de instabilidade, no sentido de
evitar suas conseqüências.
Os resultados do mapeamento e as intenções do PMRR devem ter ampla
divulgação pública, tanto no sentido de informar e comprometer a sociedade civil
com as propostas de redução de riscos, quanto para capacitar os moradores das
áreas de risco a desenvolver parceria com a Prefeitura de Cubatão em ações
preventivas e de autodefesa.
Estas ações podem se consolidar mais efetivamente se forem constituídos os
núcleos de defesa civil entre os moradores das áreas de risco.

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9.1. Considerações Gerais
Foram identificados, em 10 áreas estudadas no município de Cubatão, 140
setores de risco associados a escorregamentos de encostas e a solapamento de
margens de córregos, nos quais 1.112 moradias estão diretamente sujeitas a
processos adversos. Foi sugerida a remoção de 442 moradias.
Estima-se que sejam necessários recursos da ordem de R$ 1.769.153,00
para a execução de todas as obras estruturais de redução de risco aqui sugeridas. A
remoção das 442 moradias, se relacionadas a alternativas habitacionais de interesse
social para as famílias moradoras, adicionaria a este valor uma quantia de
aproximadamente R$ 8.840.000,00.
As intervenções estruturais sugeridas e apresentadas neste PMRR estão
subordinadas, quase que exclusivamente, à avaliação das condições de risco (ao
processo perigoso identificado, ao seu estágio de desenvolvimento e à tipologia de
obra adequada à eliminação ou redução da possibilidade de ocorrência do processo
perigoso, ou processo destrutivo). À municipalidade de Cubatão caberá optar por
solução diversa daquela indicada se, porventura, às alternativas de intervenção para
redução de risco se sobrepuserem projetos de interesse coletivo, de proteção
ambiental ou de desenvolvimento urbano que requisitem a remoção de
assentamentos ou de moradias.
Em todas as áreas estudadas, está presente a inserção dos assentamentos
no Parque Estadual da Serra do Mar, em áreas de extrema importância ambiental
para os municípios da Baixada Santista. Sugere-se que os resultados deste estudo
sejam agregados aos demais parâmetros de referência que deverão nortear as
ações futuras de gestão destes locais.

Os resultados deste diagnóstico explicitam a estreita relação entre a


subnormalidade e a precariedade da maioria dos assentamentos estudados com os
riscos geológico-geotécnicos a que estão submetidos seus moradores.

9.2. Propostas de Ações Não Estruturais


• Fortalecer e aprimorar as ações de controle da ocupação urbana e do
adensamento, especialmente nas áreas sujeitas a riscos;

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___________________________________________________________________________________
• Atualizar permanentemente o conhecimento dos riscos no município,
sistematizando e registrando informações coletadas durante vistorias periódicas
de fiscalização e monitoramento dos assentamentos precários;
• Aprimorar a operação anual do Plano Preventivo de Defesa Civil - PPDC que
implique: a) na avaliação prévia de todas as áreas sujeitas a risco e na adoção
de ações emergenciais e preventivas que antecedam o período chuvoso; b) na
realização de reuniões com moradores para informar sobre os riscos existentes e
orientar sobre as medidas preventivas ou emergenciais a serem adotadas; c) na
organização de estrutura institucional de apoio à COMDEC para o
monitoramento das áreas de risco durante os períodos chuvosos, para a ação
preventiva em situações críticas identificadas e para o atendimento de
emergências, quando necessário;
• Constituir, junto aos moradores das áreas de risco e voluntários, núcleos de
defesa civil (NUDECs) e capacitá-los para o compartilhamento com a gestão
municipal das atividades de prevenção, autodefesa e atendimento emergencial.

9.3. Propostas de Ações Estratégicas para a Redução⁄ Erradicação dos Riscos


Identificados
• Incluir e associar as intervenções indicadas para a erradicação das situações de
risco às intervenções estruturantes fundiárias, socioeconômicas e urbanísticas da
política municipal de Habitação e Desenvolvimento Urbano para as áreas de
Interesse Social do município;
• Apresentar projetos para captação de recurso ou inclusão nos programas
municipais que resultem em obras de drenagem e saneamento aplicadas em
todas as áreas mapeadas onde tais intervenções são recomendadas;
• Implantar sistemas de armazenamento e distribuição de água adequados, no
sentido de eliminar o vazamento generalizado nos sistemas alternativos atuais,
em todas as áreas estudadas a serem consolidadas.
• Incluir no próximo Plano Orçamentário Anual do Município recursos e dotações
específicos para a execução de intervenções estruturais nas áreas de risco,
tendo como referência a ordem de prioridades apresentada no PMRR;

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___________________________________________________________________________________
• Constituir uma Comissão Intersecretarial responsável pela implementação das
ações sugeridas por este PMRR, sob a coordenação da Secretaria Municipal de
Planejamento e composta pela Comissão Municipal de Defesa Civil, pelas
Secretarias de Assistência Social, do Meio Ambiente e de Obras. Caberia a esta
Comissão (1) manter atualizadas as informações sobre a situação dos setores de
risco; (2) fiscalizar e coibir a ampliação da ocupação e a geração de novas
situações de risco; (3) planejar a execução das intervenções necessárias e
formas de captação de recursos para tal fim; (4) estabelecer formas de
associação entre as intervenções propostas por este estudo e ações futuras de
urbanização, saneamento, drenagem, remoção e provisão de moradias no
município; (5) manter diálogo permanente com os moradores das edificações em
risco, informando-os sobre o andamento das ações previstas.
• Que o Governo Federal, por meio do Ministério das Cidades, da Caixa
Econômica Federal e da Secretaria Nacional de Defesa Civil / Ministério da
Integração Nacional, e o Governo Estadual, por meio da Coordenadoria Estadual
de Defesa Civil, da CDHU e de outros órgãos, estabeleçam meios de cooperação
com a Prefeitura de Cubatão para a captação de recursos e no estabelecimento
de parcerias para as intervenções estruturais nas áreas de risco, especialmente
quando associadas a programas de habitação e melhorias urbanas para
assentamentos subnormais.
• Que as intervenções estruturais e as ações não estruturais sugeridas por este
PMRR tenham como meta a erradicação de todas as situações de risco alto e
muito alto nos assentamentos estudados até 2012.

10. REFERÊNCIAS
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Bras. Geoc., v. 28, n. 2, p.135-150, 1998.
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314-315, 1984.
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março de 2006. 29 de março de 2006.
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intervenção: exemplo de um programa municipal de controle de riscos
geotécnicos em favelas. In: WORKSHOP SOBRE SEGUROS NA ENGENHARIA,
1. 2000. São Paulo: ABGE, 2000, p. 49-56.

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Elaboração do Plano Municipal de Redução de Riscos de Cubatão

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• CERRI, L.E.S. Riscos geológicos associados a escorregamentos: uma
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Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista –
Unesp, Rio Claro, 1993.
• CERRI, L.E.S. Mapeamento de Riscos nos Municípios. In: Prevenção de Riscos
de Deslizamentos em Encostas: Guia para Elaboração de Políticas
Municipais. Brasília: Ministério das Cidades; Cities Alliance, 2006
• CERRI, L. E. S.; ZAINE, J. E.; SILVA, V. C. R.; NÉRI, A. C.; BARBOSA, T. T. A.;
PAULA, J. P. L.; SCARANCE, M. R. A. P; SILVA, D. M. B. Mapeamento de risco
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• IUGS WORKING GROUP – Committee on Risk Assessment. Quantitative risk
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FUNDAÇÃO DE APOIO À PESQUISA, ENSINO E EXTENSÃO - FUNEP 72


Elaboração do Plano Municipal de Redução de Riscos de Cubatão

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Rio Claro, 19 de abril de 2007.

Leandro Eugenio da Silva Cerri


Geólogo - Professor Adjunto
Depto Geologia Aplicada – IGCE / Unesp-Rio Claro (SP)
CREA N° 0601471874

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