Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
E Book+Escolhas+Amorosas
E Book+Escolhas+Amorosas
E Book+Escolhas+Amorosas
D E S T I N O O U
C O M P U L S Ã O À R E P E T I Ç Ã O ?
Mônica Lacerda
Psicanalista
Mônica Lacerda
Escolhas
Amorosas
Você já se perguntou como fazemos nossas escolhas
amorosas? São escolhas conscientes? Dedo podre
existe? E por que escolhermos uma pessoa em
detrimento de outra?
@epodefreud
Como escolhemos
Este e-book tem como objetivo, mostrar a visão da
Psicanálise de como fazemos nossas escolhas amorosas, as
razões e sob qual tipo de influência estamos submetidos em
nosso psiquismo, quando nos atraímos ou nos apaixonamos
por alguém.
Te dará a oportunidade de
ressignificar todas as suas
histórias e vivências amorosas,
sob a ótica da Psicanálise.
O Complexo de Édipo.................................................................09
O Mito do Édipo...........................................................................11
Química Sexual............................................................................18
O Desamparo Humano.................................................................19
Transferência...............................................................................22
O Falo.........................................................................................24
Édipo Hoje?....................................................................................46
Subjetividade Moderna..................................................................48
Psicopatologias..............................................................................51
Enlace Neurótico............................................................................58
Mito de Aristófanes........................................................................60
07
Sigmund Freud - 1.856 – 1.939
09
A função parental e seu ambiente, é a ponte da
criança para o mundo.
10
O Mito do Édipo
Tragédia da Mitologia Grega, escrita Os anos se passam e Édipo se torna um
por volta de 427 a.C. pelo dramaturgo belo rapaz, príncipe de Corinto e único
Sófocles / 496-406 a.C. herdeiro do Reino. Certo dia, um velho
Aquele que é pendurado pelos pés. sábio que morava nas redondezas diz
Este é o significado do nome Édipo. para ele que seu futuro estava escrito
Na Mitologia Grega, o Édipo Rei não desde seu nascimento: mataria seu pai e
foge do seu destino. Nasceu filho se casaria com sua mãe.
legítimo do Rei e da Rainha de Tebas.
Édipo, inconformado com seu destino,
Um menino forte e saudável, que seria foge do Castelo e vai perambular pelas
naturalmente o futuro regente. No estradas. No caminho, passava a
entanto, seu pai, consulta um Oráculo comitiva do Rei de Tebas e os soldados
que diz que seu primogênito o matará, foram rudes com ele, empurrando-o da
e se casará com sua esposa. estrada para que saísse do caminho.
Por não duvidar do Oráculo, o Rei Édipo que já estava fora de si pelo que
entrega o recém-nascido para que um acabara de ouvir do velho sábio, começa
de seus soldados o mate, quebrando uma luta com os soldados do Rei de
assim, a maldição. Tebas e com sua força, derrota a todos,
terminando por lutar com o Rei e vencer
O soldado pendura o bebê pelos pés a luta com uma espada no peito de seu
no galho de uma grande árvore e o verdadeiro pai. Sem imaginar que o seu
deixa abandonado para morrer. Mas destino acabara de ser parcialmente
um viajante que por ali passava se cumprido, continua perambulando pelas
depara com o bebê naquela situação, estradas por longos meses.
o tira da árvore e o leva para Corinto,
o reino vizinho, onde foi criado como
filho pelo Rei Pólibo.
pág
O Mito do Édipo
Em um certo dia, ouviu que Tebas, A Rainha não aguenta conviver com este
agora sem um Rei, daria a mão da fato e tira a própria vida. Édipo, por ter
Rainha para o guerreiro que derrotasse prometido que vingaria a morte do Rei,
a Serpente. Édipo aceita o desafio, que fura os próprios olhos e termina sua vida
poderia custar sua vida, já que todos vagando pelo Reino, como um miserável.
que tentaram até então não voltaram. Esta é a história do Mito do Édipo Rei,
Ao chegar na frente da Serpente ela que Freud usou para ilustrar um dos seus
lançou o desafio, com sua máxima: principais conceitos na Psicanálise. Foi
decifra-me ou te devoro: Édipo decifra na Tragédia Grega, escrita cerca de
o segredo da Serpente e recebe sua 1.500 anos de Freud, que ele encontrou
recompensa: casa-se com a Rainha um paralelo ao que depois de séculos,
Jocasta e se torna o Rei de Tebas. ainda assombrava o homem: o incesto e
Tiveram quatro filhos e uma vida o parricídio.
próspera e feliz.
Até que um dia, a pedido da Rainha, Mas porque uma experiência infantil,
Édipo desafia os guerreiros do Reino a vivida muitas vezes somente na
encontrarem aquele homem que fantasia torna-se uma das bases
assassinou o antigo Rei de Tebas, para fundamentais da teoria psicanalítica?
que tal crueldade fosse devidamente
punida.
12
O inconsciente é atemporal, quando falamos
de infância não estamos necessariamente
falando de passado. O que aconteceu pode
ser real ou imaginado, fantasiado. Para
nosso psiquismo, é indiferente.
13
Mas do que se trata, de fato?
Quando não conseguimos fazer essa divisão, de forma inconsciente, por um amor de
transferência, colocamos o parceiro no lugar de pai ou mãe, muitas vezes
dessexualizando o par, ou seja, perdendo o interesse sexual pelo parceiro ou
parceira.
14
Freud ficou popularmente
conhecido como aquele que só
fala sobre sexo, mas para que
possamos entender Freud,
consequentemente a psicanálise
e o psiquismo humano,
precisamos entender que sexo
nesse caso, é tudo aquilo que nos
dá prazer, tudo que nos move,
uma pulsão de vida: não se trata
do ato, ou da genitalidade,
podendo ser a genitalidade
também, mas não apenas.
Quando a criança, na sua primeira infância, por volta dos quatro anos de idade,
entra na fase edipiana, ela entra em uma disputa com um dos genitores para ter
maior atenção do outro. Entra em uma dinâmica de competição, de castração, da
inserção das leis e das normas.
É fundamental que a criança passe pela castração simbólica dada pelos pais, que
neste caso é: a mamãe não pertence somente a mim, ela tem outros interesses no
mundo, é a entrada de um terceiro, que pode ser o pai, mas pode ser também
qualquer outro interesse da mãe, tirando a criança da posição de sua majestade o
bebê.
15
Como assim? É a nossa posição de gozo.
Não estamos falando de um gozo do ato
sexual, mas da sua posição de prazer
perante o outro e perante a vida.
pág
16
Nosso psiquismo tem três grandes
instâncias: inconsciente, pré consciente e
consciente. Nossas escolhas mais
racionais, vindas do consciente e pré
consciente, vão listar uma lista de
qualidades desejáveis para nosso futuro
parceiro ou parceira.
18
O DESAMPARO HUMANO FUNDA OS LAÇOS SOCIAIS
O Desamparo
Humano
19
Você já parou para pensar em como o
ser humano nasce imaturo para
enfrentar o mundo externo, colocando-
se em absoluta dependência do outro?
20
Ou seja, nosso desamparo não está
somente no plano físico dos cuidados
com o bebê, está no que se refere à
nossa constituição como Sujeitos.
Somos formados a partir do olhar do
Outro.
21
TRANSFERÊNCIA
Uma releitura de um amor que já tivemos com outros personagens na nossa vida. A
cada releitura teremos algumas novas insistências e resistências a este novo
contorno de relação. O que coloca em questão as nossas neuroses, aqueles
momentos que abrimos mão de nosso desejo, para atender a uma demanda do
outro.
Pergunto sempre para meus pacientes: onde está o seu desejo perante o outro? Em
qual posição você goza? E não estou falando do ato sexual, estou falando de uma
posição perante a vida, perante as relações. Seu desejo está em se posicionar
como SER o Falo perdido ou como TER o Falo do outro para si? O que veremos
mais adiante.
22
TRANSFERÊNCIA
Freud introduz a ideia de que há algo que se perda na infância, e que ao longo de
toda a vida, o Sujeito buscará o reencontro com este algo.
É por meio do amor romântico que nós buscamos recuperar este estado mítico de
absoluta felicidade ou infelicidade que supostamente vivemos.
23
O Falo
Para a psicanálise, Falo significa a representação da completude, do não
sentimento de falta: qualquer coisa que tenha para uma pessoa a significação de
poder, de força e masculinidade.
Identifica-se com aquele que detém a lei, aquele que a mãe nomeia como detentor:
o pai, ou figura paterna, aquele que tem o falo.
Falocentrismo é a convicção baseada na ideia de superioridade masculina.
24
O Falo
Neste sistema, o masculino e o feminino
encontram-se numa posição estruturalmente
assimétrica: os homens, como os referentes
empíricos do masculino, possuem o falo, ou
seja, a virilidade.
25
SER O FALO / TER O FALO
26
Tudo é sobre sexo, menos o
sexo. Sexo é sobre poder e
fantasia.
27
Sexualidade como Expressão Cultural
Se, por um outro lado, sexo é expressão biológica que define um conjunto de
características anatômicas e funcionais, a sexualidade, entendida de forma
bem mais ampla, é expressão cultural.
O estudo da sexualidade
reúne contribuições de
diversas áreas: Educação,
Psicologia, Antropologia,
História, Sociologia,
Biologia, Medicina e
outras.
28
AMOR CORTÊS E AMOR
ROMÂNTICO
Nascido no início do século XI, o Já o amor romântico é
amor cortês é um amor irrealizável. associado à intensa busca pelo
Amar, no amor cortês significa outro, significando também uma
renunciar não ao amor, mas à constante busca em que a
pessoa amada. autoidentidade espera a sua
O paradoxo é que, na busca de valorização a partir da
alcançar o amor perfeito, não ama.
descoberta do parceiro, é como
se sua existência só fosse
De uma maneira generalizada, a
ideia do amor romântico transmite a validada ou percebida a partir do
crença de que o verdadeiro amor momento que esse vazio de busca
envolve a adoração do seu amado, for preenchido.
envolvendo-o em uma combinação
de crenças, atitudes, expectativas e Ao menor sinal de
ideais. descontentamentos, há uma
grande probabilidade de
Na realidade da Europa pré-
rompimento dos laços amorosos e
moderna, o amor não era um fator
relevante, e se conquistado, seria a busca por outro parceiro “ideal”
durante a vida conjugal, pois a maior que vai suprir todos os desejos.
parte dos casamentos não era feita
à base da atração sexual mútua, e Por isso, o amor é o motor
sim da situação financeira e dos ideológico do individualismo.
acordos familiares, onde a mulher Motor de mudança subjetiva.
era só um objeto de troca.
Se ele ou ela me amar, terei o
prazer de ser amado por meu
ideal. Assim, eu me aproximo do
meu ideal de eu.
29
O objeto perdido de cada sujeito pode ser reencontrado,
de algum modo, nos substitutos para ele nas construções
que o sujeito fará para si ao longo de sua vida. Mas a
cada reencontro, uma ausência se presentifica.
Psicanálise Amor
Não é por Ao falarmos de amor,
coincidência que a remetemo-nos à
psicanálise surge esperança humana de
junto com o encontrar a
Romantismo. É a completude, na
partir dessa ideia restauração da perda
romântica, da busca original, colocada por
de uma unidade entre Freud como a
os amantes, que experiência de uma
Freud vê nascer a satisfação inicial que
psicanálise. foi perdida.
Esse amor romântico possui o conceito de que duas pessoas se transformam numa única,
havendo complementação total entre elas, sem nada lhes faltar. E abarca ainda outras
expectativas, que na prática não são realistas: a de que quem ama não sente desejo
sexual por mais ninguém, de que o amado é a única fonte de interesse do outro e que
não é possível amar duas pessoas ao mesmo tempo. Logo, a posse é o fio que costura
tais relações, porque, é pelo sentimento de que o outro é uma coisa que me pertence,
que ela só pode ser minha e eu dela. O resultado dessas crenças na vida a dois é que,
com frequência, um acaba imaginando o outro como ele não é e espera coisas que
o outro não pode dar.
30
Temos 2 grandes formas de escolher
um outro perante nosso desejo:
Escolha Narcísica
Escolha Narcísica
A busca de si mesmo como Objeto amoroso:
O tipo de Escolha Narcísica seria mais característico nas mulheres, que:
32
A seguir, alguns exemplos da
dinâmica do nosso psiquismo:
33
O Pai Fantasiado
O pai fantasiado terá grande Prefere preservar seu pai interior a
importância na vida psíquica da se lançar em uma relação afetiva,
mulher, que é habitada por este pai de pois se sente frágil, exposta ao risco
sua fantasia. de ser abandonada.
34
Amores Impossíveis ou
Improváveis
35
E tal como a literatura romântica, a Psicanálise fala de amores interditados. O
Édipo é uma história de amor impossível, que precisou ser interditada.
Freud afirma que para intensificar a libido, se requer um obstáculo. Talvez por isso
as histórias de amores impossíveis nos fisgam de forma tão intensa.
“Não quero rosas, desde que haja rosas. Quero-as só quando não as possa
haver”. Fernando Pessoa
A distância física, ou o interdito, faz com que a relação se realize de forma mais
plena, pois se distancia do real, ficando a cargo dos moldes da minha imaginação
e a do outro, das nossas fantasias que nem sempre precisam se encontrar.
Assim é mais fácil fazer certos acordos com os nossos desejos. O desejo do
encontro, mas que quando se presentifica, perde o aroma das rosas.
Não existe uma relação direta de acontecimentos e vivências específicas na
infância para determinar a forma que nos relacionamos com o outro e com o
mundo. Ou seja, não existe uma previsão do presente para o futuro, mas existe, em
um processo de análise, um retorno à nossa própria história. E esse retorno, não é
exatamente de uma história real, mas um retorno à história percebida por nós,
experimentada dentro de nossos afetos.
36
Relacionar-se com uma pessoa comprometida
cria a oportunidade para satisfazer impulsos
competitivos e hostis em relação a esses outros
(homens ou mulheres, os parceiros oficiais) e a
ativação do ciúme parece ser uma necessidade
de estimulação para os amantes desse tipo.
Somente quando estão enciumados, a paixão
atinge o seu ápice.
37
Condição ou Tendência de "salvar" a pessoa amada
O Sujeito se convence de que o outro precisa dele, que sem ele perderia todo o
amparo, empresta traços de sua própria constituição. O Sujeito “salva” o outro, ao
não abandona lo.
Note que não se trata do outro. Não estamos falando aqui de pessoas boas ou ruins.
Estamos falando de diferentes neuroses, ou posições que nos colocamos perante a
vida e perante o nosso objeto de desejo, a nossa fantasia.
Claro que nem todas as relações são iguais e não podemos ser simplistas de achar
que toda relação com diferença significativa de idade fixa a mesma posição de
gozo de quem escolhe e de quem é escolhido. Mas notamos que jovens que se
atraem por pessoas bem mais velhas tendem a buscar uma revivencia de sua
primeira experiência de amor.
Esse espelho do genitor, traz a forma familiar da relação, seja esta boa ou ruim.
Buscamos um pai protetor como revivência de uma experiência de prazer, ou um pai
punitivo e autoritário, como forma de uma compulsão à repetição, com finalidade
de elaboração do trauma ou tentativa de fazer uma reparação inconsciente.
39
O que não podemos ignorar é a potência
dessa instância, que chamamos
inconsciente.
40
Amor Platônico / Onanismo
Quanto mais platônico, mais amor? É da estrutura do apaixonamento, ser platônico,
ou seja, não ter um objeto real nem próximo. Porque desta forma, você supõe todo o
saber, o poder, perfeição que quiser. É o sujeito suposto e perfeito.
Ver o que o Outro contém, o que este Outro transborda, pode gerar uma
(des)idealização. Nos elos, revelamos nossa insegurança e angústia, de forma
narcísica fazemos com que o outro nos sustente.
A amor platônico está só no imaginário, não tem o atrito do real. E sendo assim,
serve ao seu sintoma, à sua fantasia. Desta forma, este outro sempre vai satisfazer
suas fantasias.
41
O apaixonamento é como eu amo a mim mesmo,
em uma cópula perfeita com o outro.
No entanto, o Eu existe tal como ele se apresenta e o Outro existe tal como ele
se apresenta. Por isso, o amor platônico, não se sustenta.
42
Quando ama não deseja, quando deseja, não
ama
texto
Seus Objetos de desejo são depreciados e desprezados.
aqui
Freud defende que, para uma vida sexual afetiva e sexual plena, é necessária
a junção de duas correntes: a terna e a sensual. A corrente terna vem dos
primeiros anos da infância e tem base nos instintos de conservação. No
entanto, essa corrente terna desde o início recebeu contribuições dos instintos
sexuais. pág
43
Tais fixações da infância são desviadas de suas metas sexuais, mas já na época da
puberdade sobrevém a corrente sensual, que já não ignora suas metas. Esta corrente
sexual segue os caminhos da corrente anterior, da ternura, e investe os Objetos de
Escolha Infantil Primária com montantes de libido bem mais intensos.
Para que esta corrente não vá ao encontro do incesto, com esforço migra desses
Objetos impróprios na realidade, para outros, desconhecidos, com os quais seja
possível uma vida sexual real. E esses novos Objetos ainda serão escolhidos segundo
o modelo daqueles infantis.
A impotência a qual Freud se refere não é peniana, e sim psíquica. De modo geral,
há ereção no órgão, o que não há, é “ereção” nas fantasias eróticas.
Assim produz-se uma limitação nas possíveis escolhas amorosas, já que a corrente
sensual busca apenas objetos que não lembrem as pessoas incestuosas proibidas, ou
seja, os pais.
A vida amorosa desse Sujeito fica cindida em duas direções, que a arte personifica
em amor celestial e amor terreno. Ou seja, quando amam, não desejam, e quando
desejam, não podem amar. A harmonia de uma relação amorosa deveria sustentar-
se entre o equilíbrio das correntes eróticas e afetivas.
Tendo a mãe como primeiro modelo de amor, o Sujeito na puberdade, apto para
amar e transar, não consegue se organizar afetivamente a não ser pelo mesmo
modelo primário reproduzido com a mãe. Para que o desejo sexual se mantenha vivo,
é necessário depreciar e inferiorizar outra mulher.
Expressões que compõem o jogo erótico como “sua vagabunda”, “vadia”, “cachorra”,
ou tapas na cara, puxões de cabelo, dentre outros, fazem parte do repertório
daquele que Freud designa como impotente psíquico devido ao fato de precisar se
desvincular de toda e qualquer possibilidade de amar para se manter viril.
44
Freud aponta como grande causa desta conduta, a civilização, já que o homem
civilizado precisa reter seus impulsos, ser castrado e passar pelo Édipo. A conduta
social da valorização da pureza da mulher, da pureza da mãe principalmente, traz
consequências psíquicas para a vida adulta.
A cultura a qual somos inseridos, faz com que a mulher adquira o íntimo nexo entre
sexualidade e proibição. Vem daí o esforço de muitas mulheres em manter secretas
suas relações amorosas, mesmo quando lícitas, e a capacidade de algumas mulheres
sentirem intenso prazer em relações proibidas.
Sem dúvida migramos o poder das instituições, estamos em uma sociedade mais
fluida, mais livre e mais horizontal. Então cabe a pergunta, o Édipo continua assim,
tão atual?
45
Édipo Hoje?
46
47
Subjetividade Moderna
48
A Psicanálise quebra a lógica de
Rene Descartes, do
Um furo no nosso narcisismo, ao percebemos que não somos senhores da nossa própria
casa, nosso corpo, nossa mente, nossos desejos.
Muitas vezes queremos apenas cumprir o ideal de eu que circula no nosso universo
familiar, ou no nosso meio, nas pessoas que convivemos, que admiramos etc. Mas, e
quando o desejo se opõe a tudo isso?
O que a Psicanálise nos aponta é justamente esta falta de domínio do nosso desejo.
Dentro dessa lógica, a gente nem rejeita, nem escolhe o outro.
Ou seja, o desejo não é egóico. Mas bem que gostaríamos que assim o fosse. Quem
sabe a vida ficaria mais certeira, mais redonda, talvez mais fácil. Ou não.
49
E para complicar ainda mais, não tentamos apenas controlar o nosso
desejo, mas o desejo do outro. E assim, fantasiar que podemos
manipular o outro para que nos deseje. Mas a fantasia inconsciente
está em uma outra camada. Não controlamos a nossa estrutura
desejante, quem dirá então, a do outro.
50
Psicopatologias
Na psicanálise não lidamos com
normatizações. Cada sujeito vai carregar
uma posição estrutural, que é o modo de
se inscrever no amor do outro, ou seja, em
qual medida este sujeito precisa se
acomodar em uma série de compromissos
que se estabelece nas relações
interpessoais.
NEUROSES:
HISTERIA, OBSSESSIVA E FOBIA
51
Modos de estar
fixado na fantasia
O que é neurose? É tudo aquilo que te impede de se conectar com o seu desejo. É o
recalque. A repetição. É a ambivalência entre o ID, o desejo e o Super Ego, a
castração.
É o que recalcamos. E o que recalca, sai de alguma forma. Seja no corpo, seja em
uma ideia, seja em um objeto.
Freud começou sua metapsicologia pelo estudo das histéricas. Uma palavra que
ficou pejorativa no que tange ao feminino, mas vamos à etiologia da palavra:
O termo tem origem do grego hystera, útero. Hoje sabemos que a neurose de histeria
não é de exclusividade das mulheres. É uma forma da representação do desejo, que
pode sim ser representada pelo gênero feminino e masculino.
52
Neurose de Histeria
A marca patente na histeria é a eterna insatisfação, pois na neurose de histeria,
visamos um ideal, e por isso o sujeito está sempre se queixando, tecendo
justificativas para continuar naquele lugar de manter o outro idealizado.
Mas como se identificar com algo que não existe, com algo que não se tem, com a
falta, com o vazio? Eis então que na histeria, o sujeito fica na obstinação de querer
reparar a própria falta e a do outro, se engaja no objetivo de tornar o outro
perfeito e ela também, e aí ela encontra seu limite. As pessoas com neurose de
histeria, tem uma demanda fálica, um desejo de reconhecimento, por isso ela
sempre está numa relação amorosa sem estar, como se ela deixasse uma "saída".
Quanto mais difícil o parceiro mais ela se assegura de que aquele parceiro é o
ideal.
53
O Novo Homem
O papel do masculino, do fálico e convicto, vai sendo
substituída pelo homem que tem a capacidade de
questionar seus próprios desejos e de se colocar em
divisão, a partir do que o outro espera dele, do
incremento da expectativa amorosa, que deve sim, se
conciliar com o desejo.
54
Neurose Obsessiva
Freud dizia que a neurose obsessiva é um subgrupo, sendo a neurose de histeria mais
ampla.
A neurose obsessiva já foi muito ligada ao masculino, mas hoje vemos que é muito
frequente também nas mulheres. Sintomas hipocondríacos, angústia de natureza
somática, uma angústia permanente.
Tentar tamponar a existência da falta, para não se deparar com a sua própria falta e
a sua própria castração. Retomando o Complexo de Édipo, é a lógica de ser o falo
imaginado da mãe, de se proteger de uma castração.
Fantasia no obsessivo: de que precisa ser completo, autônomo, tendo tudo sob
controle. A fórmula do obsessivo é eu amo desde que permaneça na posição do
meu controle, para que assim, eu me proteja do desejo do outro, pois não suporto o
desejo do outro, já que quando o outro se apresenta desejante, significa que este
outro se apresenta em falta, e o obsessivo se desestrutura, precisa tamponar este
furo do outro, e consequentemente, seu próprio furo.
55
“Não consigo viver com você, mas ao mesmo
tempo, não consigo me separar de você.”
56
Relações ambivalentes, um amor excessivamente idealizado, que nunca pode se
realizar, o que provoca o desamparo do obsessivo de articular a dimensão do desejo
com a dimensão da demanda. Então este amor super estimado pode se transformar
em ódio, na transformação do seu contrário.
Pode ser muito frio, para seguir regras. O obsessivo faz um isolamento de afetos.
Relações que se encerram sem luto, ou sem elaborações, são justificadas por esta
lógica de anulação, de isolamento. Não tem uma transição de afetos, que a gente vê
em outras formas de funcionamento subjetivo.
57
O ENLACE NEURÓTICO
Marta Siqueira
Mudaram as subjetivações e
consequentemente as neuroses, os enlaces
neuróticos, as relações amorosas
contemporâneas.
60
Talvez venha do mito de Aristófanes, a cultura deste amor fusionado, das
relações adesivadas, onde um precisasse estar sempre ao lado do outro,
sempre prontamente disponível. Como se os interesses individuais
ficassem menores, formando um terceiro sujeito, o casal e qualquer falha
ou falta do outro nesta dinâmica fusionada, gera sentimento de rejeição,
de abandono, de mais falta.
61
O amor é o campo do escancaramento do registro do inconsciente.
62
Nos apaixonamos por nós mesmos
63
Relacionamentos Tóxicos e/ou abusivos.
Então já que não sou bonita, vou ser a engraçada da turma. Vou ser a
meiga, que acolhe todo mundo, a boazinha. Vou ser mais fechado, pra
me proteger, vou falar demais, preciso ser o centro das atenções, ou vou
ficar isolada no meu canto. Vou ser a melhor aluna da sala, pra ganhar o
amor dos meus pais.
65
Amores Líquidos
66
ROMANCES
67
Procuramos relacionamentos românticos, pois
acreditamos que esta dinâmica a dois, vai nos
resgatar de uma falta.
68
Amar é um aprendizado. A ideia de amor romântico
ser algo transcendental, fruto do destino e que basta
existir para que aconteça, tira de nós a
responsabilidade da escolha.
A noção mística do amor, de algo maior que nós, que não temos controle,
atribuída aos deuses, astros e destino, na Psicanálise reconhecemos como a
força e a potência das escolhas inconscientes, fruto de nossa vivência por
completo, de nossos traumas, nossos medos, nossa forma que aprendemos a
amar e a buscar o amor. A forma que nos posicionamos no mundo.
Amar alguém é acima de tudo, uma decisão. É algo que migra do inconsciente
para a consciência. O desejo de amar, não é amor. O amor se expressa
amando, é um ato de vontade.
Sexo prazeroso pode acontecer entre duas pessoas que nem sequer se
conhecem. A química sexual passa pelo psíquico, antes do biológico. É nesta
autorização psíquica que o desejo se dá. Química sexual pode até conduzir a
uma relação amorosa, mas não tem ligação direta ou condicional a esta.
69
Infelizmente, com bastante
frequência, vemos também homens e
mulheres que tem prazeres mais
intensos com parceiros que os ferem
de muitas maneiras.
70
Uma relação duradoura, está relacionada ao trabalho, como escreveu o poeta
Rainer Maria Rilke:
71
AVISO LEGAL
Direitos Autorais
O E-book “ESCOLHAS AMOROSAS”
Conforme a Lei 9.610/98, é proibida a reprodução
total e parcial ou divulgação comercial sem a
autorização prévia e expressa do autor (artigo 29).
Os exemplos usados estão sujeitos aos direitos
intelectuais do autor.
@epodefreud
72
Obrigada
Mônica Lacerda