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Um Belo Teorema Matemático

Demonstrado Por Mim - I


Gentil, O iconoclasta gentil.iconoclasta@gmail.com
Universidade Federal de Roraima, Boa Vista, RR, Brazil 24.02.2024

Sumário

1 Introdução 2

2 O teorema 3

2.1 O contexto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

3 Resultados preliminares 4

3.1 Lema I . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

3.2 Lema II . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

3.3 Lema III . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

4 Prova do teorema 12

5 Corolário 15

6 Engenharia matemática 19

6.1 Fluxograma do Belo Teorema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

Lembre-se que a matemática é uma livre criação da mente humana e, como disse
Cantor − o inventor da moderna teoria da infinitude, descrita por Wallace −,
a essência da matemática reside na liberdade, na liberdade de criar. A história,
A Métrica
porém, Quântica
julga essas criações por sua beleza duradoura eGentil,
pela oextensão
iconoclasta
com que
elas iluminam outras ideias matemáticas ou o universo fı́sico, em suma, por sua
“fertilidade”. (Gregory Chaitin/Matemático e cientista da computação)

Pouco a pouco, procuro liberar suavemente o espírito dos alunos


de seu apego a imagens privilegiadas. Eu os encaminho para as vias
da abstração, esforçando-me para despertar o gosto pela abstração.
Enfim, acho que o primeiro princípio da educação científica é, no reino
intelectual, esse ascetismo que é o pensamento abstrato. Só ele pode
levar-nos a dominar o conhecimento experimental. (Gaston Bachelard/A formação do espírito científico)

©by Gentil, o iconoclasta


Um Belo Teorema - I Gentil, o iconoclasta

Resumo

Neste ‘artigo’ estaremos demonstrando um belo teorema matemático de nossa


autoria, ademais, forneceremos todo o ‘espectro matemático’ necessário −
incluindo algumas fórmulas e outros resultados.
O que denominamos ‘belo’ é o que envolve algum grau de engenhosidade, o
que se poderia denominar de uma obra de ‘engenharia matemática’.

A Métrica Quântica Gentil, o iconoclasta

1 Introdução

[. . . ] Da matemática que é eterna, porque suas melhores


manifestações podem, como as melhores manifestações da
literatura, continuar causando uma intensa satisfação emocional
a milhares de pessoas, milhares de anos depois.

Em Maio próximo completo 64 anos de idade, no próximo ano pretendo


me aposentar, por essa razão decidi ‘arrumar a casa’ antes de partir; escrevi
sete artigos consecutivos e agora decidi registrar alguns teoremas matemáticos
por mim demonstrados. Os artigos referidos estão disponíveis na Pasta ‘Artigos
Matemáticos Novos’, no meu Drive, e também foram publicados no site Acade-
mia.Edu. Na Pasta abri uma outra pasta, ‘Belos Teoremas’, na qual deverão
constar os teoremas que se iniciam agora, com este.

A Métrica Quântica
Gentil, O iconoclasta gentil.iconoclasta@gmail.com
Universidade Federal de Roraima, Boa Vista, RR, Brazil

Sumário

A matemática é um campo demasiadamente árduo e inóspito


para agradar àqueles a quem não oferece grandes recompensas.
Recompensas que são da mesma índole que as do artista. Acres-
centa ainda que é no ato de criar que o matemático encontra
sua culminância e que “nenhuma quantidade de trabalho ou (Norbert Wiener)
correção técnica pode substituir este momento de criação na • Matemático
vida de um matemático, poeta ou músico”.

2
2
Um Belo Teorema - I Gentil, o iconoclasta

2 O teorema

Teorema 1 (Gentil, o iconolasta/Brasília-DF/18.07.1999). Sejam j e n inteiros


positivos arbitrariamente fixados. Vale a seguinte equivalência
   
n n n−1
∈ Z ⇐⇒ e têm paridades distintas.
2j−1 2j−1 2j−1

A seguir listamos, a título de exemplo, alguns casos particulares da equiva-


lência constante no teorema:
Um Belo Teorema - I Gentil, o iconoclasta

n 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 3 3 3 3 3 4 4 4 4 4 5 5 5 5 5

j 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5

n
j−1 1 0, 5 0, 25 0, 125 0, 0625 2 1 0, 5 0, 25 0, 125 3 1, 5 0, 5 0, 375 0, 1875 4 2 1 0, 5 0, 25 5 2, 5 1, 25 0, 625 0, 3125
2
 
n−1
0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 2 1 0 0 0 3 3 0 0 0 4 6 1 0 0
2j−1

 
n
1 0 0 0 0 2 1 0 0 0 3 3 0 0 0 4 6 1 0 0 5 10 5 0 0
2j−1

2.1 O contexto Auxiliar


Gentil,
quando O iconoclasta
O teorema 1 surgiuUniversidade tentávamos demonstrar gentil.iconoclasta@gmail.com
que as duas25.12.2023
matrizes
Federal de Roraima, Boa Vista, RR, Brazil
a seguir são iguais − são duas fórmulas que geram matrizes binárias, como
exemplificado ao lado, servem para encontrar combinações e expansões binárias.
Sumário

{ a1 , a2 , a3 , a4 }

1 1 1 1 { a1 , a2 , a3 , a4 } 1 1 1 1

−1 1 1 1 { −, a2 , a3 , a4 } 0 1 1 1

1 −1 1 1 { a1 , −, a3 , a4 } 1 0 1 1

−1 −1 1 1 { −, −, a3 , a4 } 0 0 1 1

1 1 −1 1 { a1 , a2 , −, a4 } 1 1 0 1

( )
i−1
j−1 −1 1 −1 1 { −, a2 , −, a4 } 0 1 0 1
aij = (−1) 2

1 −1 −1 1 { a1 , −, −, a4 } 1 0 0 1

−1 −1 −1 1 { −, −, −, a4 } 0 0 0 1

ji − 1k 1 1 1 −1 { a1 , a2 , a3 , − } 1 1 1 0

1 1 0 1 1 0
aij = (−1) 2
j−1 −1 −1 { −, a2 , a3 , − }

1 −1 1 −1 { a1 , −, a3 , − } 1 0 1 0

−1 −1 1 −1 { −, −, a3 , − } 0 0 1 0

1 1 −1 −1 { a1 , a2 , −, − } 1 1 0 0

−1 1 −1 −1 { −, a2 , −, − } 0 1 0 0

1 −1 −1 −1 { a1 , −, −, − } 1 0 0 0

−1 −1 −1 −1 { −, −, −, − } 0 0 0 0
2

©by Gentil, o iconoclasta


Um Belo Teorema - I Gentil, o iconoclasta

Nota: Antes de atinar com a demonstração do teorema 1, que será apresentada


aqui, eu havia ‘ensaiado’ duas outras provas; na ocasião me encontrava em
Brasília-DF, pedi a um professor da UNB que conferisse a minha prova. Dias
depois pergunto do professor se ele havia conferido, me respondeu que havia
perdido o rascunho − que eu havia entregue a ele −, então propus ao professor
demonstrar a ‘proposição’, ele topou o desafio. Alguns dias depois me chama
em sua sala e me mostra sua mesa com vários papéis rascunhados, disse que
havia feito algum progresso, mas uma etapa não havia superado, resumindo não
conseguiu provar. Daí eu acreditar que a demonstração do teorema não seja tão
trivial assim, já que um matemático não teve êxito ao tentá-la.

Propriedades da função piso

A seguir listamos alguma propriedades úteis da função piso.

(i) ⌊ x ⌋ ≤ x < ⌊ x ⌋ + 1;

(ii) x ≤ y ⇒ ⌊ x ⌋ ≤ ⌊ y ⌋;

(iii) ⌊ x + m ⌋ = ⌊ x ⌋ + m, para todo m ∈ Z;

(iv) ⌊ x ⌋ + ⌊ y ⌋ ≤ ⌊ x + y ⌋ ≤ ⌊ x ⌋ + ⌊ y ⌋ + 1;
j ⌊x⌋ k j x k
(v) = , para todo m ∈ Z;
m m
jxk
(vi) 0 ≤ ⌊ x ⌋ − 2 ≤ 1.
2
Prova: Ver livro ao lado. ■

Nota: Alguns resultados já difundidos na literatura não provaremos.

3 Resultados preliminares

Teorema 2 (Algoritmo da divisão). Para quaisquer a, b ∈ N, b =


̸ 0, existe um
único par de números q e r, de maneira que a = b · q + r, com 0 ≤ r < b.

Facilmente podemos mostrar que o quociente é a parte inteira de uma


divisão.

Corolário 1.
j aSejam
k a, b ∈ N, com b > 0 e q o quociente da divisão de a por b.
Então, q = .
b

Prova: De fato, sendo a = b · q + r, com 0 ≤ r < b, dividindo por b > 0, temos

a r r
= q + , com 0 ≤ < 1. (1)
b b b
4
Um Belo Teorema - I Gentil, o iconoclasta

Sendo assim, temos:


jak j rk jrk
= q + =q +
b b b
jrk
Pela dupla desigualdade em (1) podemos concluir que = 0, donde segue o
b
resultado desejado. ■

Proposição 1. Se 0 < a < b, então o quociente da divisão de a por b é q = 0.

Prova: Dividindo a por b, pelo algoritmo da divisão existem naturais q e r,


tais que
a = b · q + r, com 0 ≤ r < b. (2)

Suponhamos q ̸= 0, logo q ≥ 1. Então, q ≥ 1 ⇒ b q ≥ b. Por outro lado,


r ≥ 0 ⇒ b q + r ≥ b q. Sendo assim, temos

a = b · q + r ≥ b q ≥ b ⇒ a ≥ b.

o que contradiz a hipótese. ■

Nota: Observe ainda que, como q = 0, por (2), a = b · 0 + r, logo, r = a > 0.

Para a prova do teorema principal, teorema 1, destacaremos três lemas.

3.1 Lema I

Lema 1 (Gentil, o iconoclasta/Cefet-Paraná/1994). Sendo N um natural arbi-


trariamente fixado, é válida a seguinte identidade
j n k n+1
jn + 1k 

 N , se ̸∈ Z ;
N
=
N 
 j k n+1
 n + 1, se ∈ Z.
N N

Prova: De fato, ao dividirmos n + 1 por N o Algoritmo da Divisão nos assegura


a existência de inteiros r1 e q1 com as seguintes propriedades

n + 1 = N · q1 + r1 e 0 ≤ r1 < N (3)

Analogamente, ao dividirmos n por N , resulta

n = N · q2 + r2 e 0 ≤ r2 < N (4)

5
Um Belo Teorema - I Gentil, o iconoclasta

Subtraindo esta última igualdade da primeira, obtemos

(q1 − q2 ) N + r1 − r2 = 1 (5)

Observe que jn + 1k j n k
q1 = e q2 =
N N
Então, sendo

n n+1 j n k jn + 1k
< ⇒ ≤ ⇒ q2 ≤ q1 .
N N N N

Tomando como hipótese (n + 1)/N ̸∈ Z, devemos mostrar que q2 = q1 . Suponha


por um momento q1 ̸= q2 . Então, q1 ≥ q2 + 1, logo

q1 − q2 ≥ 1 ⇒ (q1 − q2 ) N ≥ N

combinando esta desigualdade com (5) chegamos a r2 ≥ N + r1 − 1. Como


(n + 1)/N ̸∈ Z segue de (3) que r1 ̸= 0, portanto esta última desigualdade
contradiz (4), sendo assim somos forçados a admitir q1 = q2 .

Agora tomamos como hipótese (n + 1)/N ∈ Z, então, segue de (3) que


r1 = 0, substituindo esse resultado em (5) segue que r2 = (q1 − q2 ) N − 1. Desta
igualdade concluímos que não podemos ter q1 = q2 . Por conseguinte q1 > q2 .
Isto é, existe um inteiro positivo k tal que q1 = q2 + k. Portanto

r2 = (q1 − q2 ) N − 1 = k N − 1

Substituindo este resultado na desigualdade 0 ≤ r2 < N , obtemos

0 ≤ kN − 1 < N ⇐⇒ 1 ≤ kN < N + 1

O único valor de k que satisfaz esta dupla desigualdade é k = 1. Portanto,


q1 = q2 + 1. ■

Teorema 3 (Sistemas de numeração). Dados inteiros a e b com a ≥ 0 e b > 1,


existem inteiros c0 , c1 , . . . , cn , . . ., univocamente determinados pelas seguintes
condições:
(i) Existe um número natural m tal que cn = 0 para todo n ≥ m;
(ii) Para todo n, temos que 0 ≤ cn < b;
(iii) a = c0 + c1 · b + · · · + cn · bn + · · ·

Prova: Livro ao lado. ■

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3.2 Lema II

Lema 2 (Gentil, o iconoclasta/1999). Dado um inteiro positivo n, a fórmula a


seguir nos fornece a sua expansão binária.

   
n n
anj = −2
2j 2 j+1

Nesta fórmula fazemos j = 0, 1, 2, . . . , ⌊ logn2 ⌋.

Antes da prova vejamos um exemplo. Obter o desenvolvimento binário de n = 20.

Solução: Temos, ⌊ log20


2 ⌋ = 4. Para j = 0, 1, 2, 3, 4; obtemos

j 20 k j 20 k
j=0 ⇒ a20,0 = −2 = 20 − 2 · 10 = 0
2 0
20+1
j 20 k j 20 k
j=1 ⇒ a20,1 = − 2 1+1 = 10 − 2 · 5 = 0
21
2
j 20 k j 20 k
j=2 ⇒ a20,2 = − 2 2+1 = 5 − 2 · 2 = 1
22
2
Prosseguindo, obtemos 20 = (0 0 1 0 1)2 . De outro modo,

20 = 0 · 20 + 0 · 21 + 1 · 22 + 0 · 23 + 1 · 24 .

Se fizermos j = 4, 3, 2, 1, 0; obteremos 20 = (1 0 1 0 0)2 , que é a forma encontrada


nos livros de eletrônica digital.

Dedução da fórmula

Prova: Provaremos agora o conteúdo do lema 2. Dividindo a por 2 o Algoritmo


da Divisão nos assegura a existência de dois inteiros positivos q0 e r0 tais que

a 2 ⇒ a = 2 q0 + r0 , com 0 ≤ r0 < 2.
r0 q0

jak
Segundo o corolário 1, p. 4, temos q0 = . Portanto
2
jak
r0 = a − 2 q0 = a − 2
2

Dividindo agora q0 por 2, obtemos q1 e r1 tais que

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Um Belo Teorema - I Gentil, o iconoclasta

a 2 ⇒ q0 = 2 q1 + r1 , com 0 ≤ r1 < 2.
r0 q0 2
r1 q1

Onde
jq k jak j a k
2
q1 = 0
= =
2 2 22
Portanto jak j a k
r1 = q0 − 2 q1 = −2
2 22

Dividindo q1 por 2, obtemos q2 e r2 tais que

a 2
r0 q0 2
r1 q1 2 ⇒ q1 = 2 q2 + r2 , com 0 ≤ r2 < 2.
r2 q2

Onde  
jq k j a k j a k
22
q2 = 1
= =
2 2 23
Portanto j a k j a k
r2 = q1 − 2 q2 = −2 3
22
2
Esse processo pode ser repetido; porém, como cada quociente obtido é não
negativo e necessariamente menor que o anterior (q0 > q1 > q2 > · · · ) vai chegar
um momento em que o quociente é menor 2; logo, pela proposição 1, p. 5, na
divisão seguinte obteremos um quociente nulo.

Chamemos este passo (em que o quociente é nulo) de n-ésimo. Então

a = 2 q0 + r0 , 0 ≤ r0 < 2
q0 = 2 q1 + r1 , 0 ≤ r1 < 2
q1 = 2 q2 + r2 , 0 ≤ r2 < 2
(6)
..................... ...............
qn−2 = 2 qn−1 + rn−1 , 0 ≤ rn−1 < 2
qn−1 = 2 · 0 + rn , 0 < rn < 2.

Agora vamos substituir o valor de q0 na primeira expressão, para obter

a = 2 (2 q1 + r1 ) + r0 = 22 q1 + 2 r1 + r0

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Um Belo Teorema - I Gentil, o iconoclasta

Agora vamos substituir o valor de q1 na primeira expressão, para obter

a = 22 (2 q2 + r2 ) + 2 r1 + r0 = 23 q2 + 22 r2 + 2 r1 + r0

Procedendo desta forma, obtemos

a = 22 q1 + 2 r1 + r0

a = 23 q2 + 22 r2 + 2 r1 + r0
.....................................................
a = 2n−1 qn−2 + 2n−2 rn−2 + · · · + 22 r2 + 2 r1 + r0

Substituindo nesta equação a penúltima das equações de (6), obtemos:

a = 2n qn−1 + 2n−1 rn−1 + 2n−2 rn−2 + · · · + 22 r2 + 2 r1 + r0

Substituindo nesta equação a última das equações de (6), obtemos:

a = 2n rn + 2n−1 rn−1 + 2n−2 rn−2 + · · · + 22 r2 + 2 r1 + r0

Ou ainda

a = r0 + r1 · 2 + r2 · 22 + · · · + rn−1 · 2n−1 + rn · 2n

que é a forma da representação de um inteiro a na base 2.

Nota: Esse é um caso particular do teorema 3, p. 6, quando b = 2.

Observe que a = (r0 r1 r2 · · · rn−1 rn )2 , onde


j a k j a k
r0 = −2 1
20
2
j a k j a k
r1 = −2 2
21 2
j a k j a k
r2 = −2 3
22 2
........................
j a k j a k
rn = − 2 n+1
2n
2

Para provar esta última fórmula vamos antes mostrar que


j a k
qj = (7)
2j+1

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Um Belo Teorema - I Gentil, o iconoclasta

Prova: Por indução sobre j. Temos


j a k
j=1 ⇒ q1 = (ok)
21+1
j a k
j=k ⇒ qk = (hipótese de indução)
2k+1

Mostremos que a proposição permanece válida para j = k + 1:

jq k j⌊ a
⌋k
2k+1
qk+1 = k
=
2 2

Utilizando (v), p. 4, obtemos

j a k j a k
2k+1
qk+1 = =
2 2(k+1)+1

Agora vamos provar a fórmula
j a k j a k
rn = − 2
2n 2n+1

O resto na etapa n é obtido dividindo-se o quociente na etapa anterior por 2,


assim:

qn−1 2 ⇒ qn−1 = 2 qn + rn , com 0 ≤ rn < 2.


rn qn

Sendo assim, temos


rn = qn − 1 − 2 qn

Agora, utilizando a equação (7), p. 9, obtemos


j a k j a k
rn = −2
2(n−1)+1 2n+1

que é o resultado desejado. ■

Agora vamos destacar o terceiro lema necessário à prova do teorema principal,


objeto deste artigo. Antes, sejam n, r ∈ N e p um número primo. Escrevendo n
e r na base p, temos:

n = n0 + n1 · p + n2 · p2 + · · · + nk · pk

r = r0 + r1 · p + r2 · p2 + · · · + rk · pk

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onde k é um inteiro não negativo e ni , ri ∈ { 0, 1, . . . , p − 1 }. Podemos tomar


k = max{ ⌊ lognp ⌋, ⌊ logrp ⌋ }. Em particular, vai nos interessar o caso em que
p = 2; escrevendo n e r na base binária, temos

n = (n0 n1 n2 . . . nk )2

r = (r0 r1 r2 . . . rk )2

3.3 Lema III

Lema 3 (Édouard Lucas). Considerando os desenvolvimentos p-nários de n e


r, é válida a seguinte identidade:
      
n n0 n1 nk
≡ ··· (mod p) (8)
r r0 r1 rk

Este resultado é devido ao matemático francês Édouard Lucas (1842-1891),


encontra-se como exercício na página 115 do livro ao lado, do Abramo Hefez.

Nota: Tivemos sorte em perceber que esse resultado do Lucas tinha a ver com o Belo Teorem
teorema que já havíamos tentado demonstrar por duas vezes, mas antes tivemos Gentil, O iconoclasta
que provar o seguinte critério: Universidade Federal de Roraima, Boa Vista, RR, Br

Corolário 2. Nas condições do lema 3, temos Sumário

 
n
é ímpar ⇐⇒ ni ≥ ri , ∀ i = 0, 1, . . . , k.
r

Prova:  
nj
(⇒) Suponha que nj < rj para algum j ∈ { 0, 1, . . . , k }; então = 0,
rj
substituindo este resultado no lado direito de (8) resulta
   
n n
≡0 (mod 2) ⇒ é par.
r r

(⇐) Sendo ni ≥ ri para todo i = 0, 1, . . . , k e 0, 1 },temos


i ∈{ 
ni, r  que
0 1 1 Hefez, Abramo

no lado direito de (8) só aparecem fatores da forma , ou , isto é,


Curso de álgebra, volume 1 / Abramo Hefez. 1 ed. Rio de
Janeiro : IMPA, 2014.
213 p. (Coleção matemática universitária)

0 0 1 Inclui bibliografia.
e-ISBN 978-85-244-0386-6

todos os fatores são iguais a 1. Portanto


1. Álgebra. 2. Teoria dos Números. I. Título. II. Série.

CDD-512

Nota: O resultado do Lucas


  encontra-se na edição de 1993,
n foi retirado da edição de 2014.
≡1 (mod 2)
r

donde resulta a tese. ■ ©by Gentil, o iconoclasta

11
Um Belo Teorema - I Gentil, o iconoclasta

Exemplos:
 
20
(a) Determine a paridade de .
15

Solução: Desenvolvendo 20 e 15 na base 2, temos

20 = (0 0 1 0 1)2

15 = (1 1 1 1 0)2
 
20
Como n0 < r0 , temos que é par.
15

 
60
(b) Determine a paridade de .
20

Solução: Desenvolvendo 60 e 20 na base 2, temos

60 = (0 0 1 1 1 1)2

20 = (0 0 1 0 1 0)2
 
60
Como i ≥ ri , temos que
UmnBelo Teorema - I é ímpar. Gentil, o iconoclasta
20

2 O teorema
4 Prova do teorema

Teorema 1 (Gentil, o iconolasta/18.07.1999). Sejam j e n inteiros positivos


arbitrariamente fixados. Vale a seguinte equivalência

n−1
   
n n
j−1 ∈ Z ⇐⇒ j−1 e j−1 têm paridades distintas.
2 2 2

Prova:
(⇒) Inicialmente observamos que 2 tem, em seu desenvolvimento binário, um
j−1

bit 1 na posição j − 1 e 0 nas demais posições, veja

2 = 0 · 20 + 0 · 21 + · · · + 0 · 2 + 1·2
j−1 j−2 j−1

Vamos focar nossa atenção na posição j − 1.

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Um Belo Teorema - I Gentil, o iconoclasta

n 1 n n
Por hipótese ∈ Z, então · = j pode ou não ser inteiro.
2 j−1
2 2j−1 2
Consideremos dois casos:
n n
1o ) ∈ Z e j ∈ Z. Neste caso, pelo lema 1, p. 5, temos
2j−1 2
j n k jn−1k j n k jn−1k
= + 1, = +Um1.Belo Teorema - I
2j−1 2j−1 2j 2j

Com estas informações vamos compor o seguinte bit (quem disse que os bits são
indecomponíveis?):
j n k j n k 
n  
n 
an(j−1) = −2 j anj = −2
2 j−1
2 2j 2 j+1

jn−1k j 
n−1k
= +1−2 +1
2j−1 2j

jn−1k jn−1k
= −2 −1
2 j−1
2j

Desta igualdade concluímos que (p. 4)


jn−1k jn−1k
−2 = a(n−1)(j−1) = 1 ⇒ an(j−1) = 0.
2j−1
2j

Conclusão: Todos os dígitos do desenvolvimento binário de n − 1  são


n−1
maiores ou iguais aos do desenvolvimento de 2 , o que implica que é
j−1

2j−1
ímpar.

Por outro lado, o dígito de posição j − 1 do desenvolvimento binário de


n é menorque o dígito de posição correspondente no desenvolvimento de 2 ,
j−1

n
portanto é par.
2j−1

n n
2o ) ∈ Z e j ̸∈ Z. Neste caso, temos
2j−1 2
j n k jn−1k j n k jn−1k
= + 1, =
2j−1 2j−1 2j 2j

Com estas informações vamos compor o seguinte bit:


j n k j n k
an(j−1) = −2
2j−1
2j

jn−1k jn−1k
= +1−2
2j−1 2j

13
Um Belo Teorema - I Gentil, o iconoclasta

Desta igualdade inferimos que


jn−1k jn−1k
−2 = a(n−1)(j−1) = 0 ⇒ an(j−1) = 1.
2j−1 2j

Conclusão: O dígito de posição j − 1 do desenvolvimento binário de n − 1 é


menor que o dígito
 de posição correspondente do desenvolvimento de 2 ,o
j−1


n−1
que implica que é par.
2j−1
Por outro lado, todos os dígitos do desenvolvimento bináriode n são maiores
n
ou iguais aos do desenvolvimento de 2 , o que implica que é ímpar.
j−1

2j−1
   
n n−1 n
(⇐ ) Se e têm paridades distintas, então j−1 ∈ Z.
2j−1
2j−1
2
   
n n−1
Suponha, sem perda de generalidade, que é ímpar e é par.
2j−1 2j−1
Podemos escrever
  
 n


 H1 : é ímpar.

 2j−1
n
⇒ T: ∈ Z.

   2 j−1


 n−1
 H2 :
 é par.
2j−1

Nota: Utilizaremos a seguinte técnica de demonstração:


 
H1 ∧ H2 ⇒ T ⇐⇒ H1 ∧ ¬T ⇒ ¬H2
Um Belo Teorema - I
 
n n
Suponhamos ímpar e j−1 ̸∈ Z. Então, o dígito de posição j − 1
2j−1 2
no desenvolvimento binário de n deve ser 1, isto é
j n k j n k
an(j−1) = − 2 j =1

n  
n 

2j−1
2 anj = −2
2j 2 j+1
1 n n
Temos que · j−1 = j ̸∈ Z, logo
2 2 2
j n k jn−1k j n k jn−1k
= e =
2j−1 2j−1 2j 2j

Portanto
jn−1k jn−1k j n k jn−1k
−2 = − 2 =1
2j−1 2j 2j−1 2j

Conclusão: a(n−1)(j−1) = 1, o que nega H2 . ■

14
Um Belo Teorema - I Gentil, o iconoclasta

Auxiliar
5 Corolário
Gentil, O iconoclasta gentil.iconoclasta@gmail.com

As sequências (an ) e (bn ) dadas abaixo


Universidade Federal de Roraima, Boa Vista, RR, Brazil 25.12.2023

Sumário
m=1 m=4
↓ ↓ ...
1 1 1 1 Coluna 2
−1 1 1 1
a11 =1 q1 =1
1 −1 1 1 •
−1 −1 1 1 1 1

1 1 −1 1 −1 −1
q2 =−1
1 1
−1 1 −1 1
( ) −1 −1
n−1
m−1
an = (−1) 2 1 −1 −1 1
........
−1 −1 −1 1

1 1 1 −1 Coluna 3
jn − 1k
−1 1 1 −1

bn = (−1) 2
m−1 a11 =1 q1 =1
1 −1 1 −1 •
Belo Teorema
−1 −1 1 Belo Teorema
−1 1 1 1 1

1 1 −1 −1 −1 −1 −1 −1
Gentil, O iconoclasta Gentil, O gentil.iconoclasta@gmail.com
iconoclasta q2 =−1
gentil.iconoclasta@gmail.com
1 1 1 1
Universidade Federal de Roraima, Boa Vista, Universidade
RR, Brazil
−1 Federal
1 −1 −109.02.2024
de Roraima, Boa Vista, RR, Brazil 09.02.2024
−1 −1 −1 −1
1 −1 −1 −1
..................
−1 −1 −1 −1
Sumário Sumário

onde m é um inteiro positivo arbitrariamente fixado, são progressões geométricas


de ordem 2 m−1 . Provaremos que estas sequências são iguais.
Corolário 3 (Gentil, o iconoclasta/1999). As sequências (an ) e (bn ) dadas por

©by Gentil, o iconoclasta


jn − 1k
( )
n−1

bn = (−1) 2
m−1
an = (−1)
m−1
2

são iguais − Geram as mesmas sequências, onde m é um inteiro positivo arbi-


trariamente fixado.

Prova: Pela definição de igualdade de funções, devemos mostrar apenas que


an = bn , para todo n ∈ N.

15

©by Gentil, o iconoclasta


Um Belo Teorema - I Gentil, o iconoclasta

Faremos isto por indução sobre n. Para n = 1 temos

an = 1 = bn

Admitamos a validade da proposição para n = p:


 
( 2m−1 )
p−1 p−1
m−1
(−1) = (−1) 2

E provemos que vale para n = p + 1:


 (p+1)−1 
( )
(p+1)−1
m−1 m−1
(−1) 2
= (−1) 2

Vamos separar a demonstração em dois casos:

(p + 1) − 1 (p − 1) + 1
1o ) = ∈ Z . Sendo assim, temos
2m−1 2m−1
 (p+1)−1   
p−1
+1
m−1 m−1
(−1) 2
= (−1) 2

( 2m−1 ) + 1
p−1

= (−1)

é suficiente mostrar que


   
p−1 (p + 1) − 1
+1 e
2m−1 2m−1

têm a mesma paridade, ou, de modo equivalente, que


   
p−1 p
e
2m−1 2m−1

têm paridades distintas. Isto foi feito no teorema 1, p. 3.

(p + 1) − 1 (p − 1) + 1
2o ) = ̸∈ Z . Sendo assim, temos
2m−1 2m−1
   
(p+1)−1
( m−1 )
p−1 p−1
m−1 m−1
(−1) 2
= (−1) 2
= (−1) 2

é suficiente mostrar que


   
p−1 (p + 1) − 1
e
2m−1 2m−1

têm a mesma paridade. Isto foi feito no teorema 1, p. 3. ■

16
Um Belo Teorema - I Gentil, o iconoclasta

Notação: Faremos uso da seguinte notação:

µn2j é o bit de posição j no desenvolvimento binário de n.

Corolário 4. Sejam n, m ∈ N; é válida a seguinte identidade


  j n k
n
≡ ≡ µn2m (mod 2)
2m 2m

  j
n n k
Isto é, , e µn2m são simultaneamente par ou ímpar.
2m 2m
Observe que este corolário nos
 fornece
 um critério bastante simples para
n
decidirmos sobre a paridade de , bem como obter o m-ésimo bit no
2m
desenvolvimento binário de n.

Exemplos:
50
(a) n = 50, m = 3. Temos 3 = 6, 25. Como a parte inteira de 50/8 é par,
  Belo 2Teorema
50
concluímos que é par. E ainda, µ50
23
= 0.
8
Gentil, O iconoclasta gentil.iconoclasta@gmail.com
Universidade Federal de Roraima, Boa100
Vista, RR, Brazil 09.02.2024
(b) n = 100, m = 2. Temos 2 = 25. Como a parte inteira de 100/4 é ímpar,
  2
100
concluímos que é ímpar. E ainda, µ100
22
= 1.
Sumário 4
A Métrica
Confirmando na calculadora, Quântica
temos:

Gentil, O iconoclasta gentil.iconoclasta@gmail.com


Universidade Federal de Roraima,
 Boa Vista, RR, Brazil
50
= 536878650
8
Sumário
50 = 0 · 20 + 1 · 21 + 0 · 22 + 0 · 23 + 1 · 24 + 1 · 25
 
100
= 3921225
4

100 = 0 · 20 + 0 · 21 + 1 · 22 + 0 · 23 + 0 · 24 + 1 · 25 + 1 · 26

Sim, de fato ele [Leibniz] percebeu no bit 0 e no bit 1 o poder


combinatório para criar o universo inteiro, que é exatamente o
que acontece nos modernos computadores digitais eletrônicos
e no restante de nossa tecnologia de informação digital: CDS,
DVDS, câmeras digitais, PCS . . . Tudo isso é 0′ s e 1′ s, e esta é a nossa
imagem do mundo! Você combina apenas 0′ s e 1′ s e você consegue tudo.
A despeito da crítica de Laplace, a visão de Leibniz, pela qual o mundo é
criado a partir dos 0′ s e 1′ s, recusa-se a sair de cena. De fato, ela começou
a inspirar alguns físicos contemporâneos, que provavelmente nunca ouviram
falar de Leibniz. (Gregory Chaitin/Matemático e cientista da computação)

17
Um Belo Teorema - I Gentil, o iconoclasta

Posteriormente concebemos uma prova mais direta do corolário 5, p. 15.


Utilizaremos o corolário 2, p. 11, repetido aqui
Um Belo Teorema - I Gentil, o iconoclasta
Um Belo Teorema - I Gentil, o iconoclasta

Corolário 2. Nas condições do lema 3, temos


 

n  
n 
n anj = −2
é ímpar ⇐⇒ ni ≥ ri , ∀ i = 0, 1, . . . , k. 2j j+1
r
2

e a fórmula binária. Pois bem, pelo corolário 2 podemos escrever

( 2m−1 )
n−1 n−1
µ
(−1) = (−1) 2m−1

Lembramos que µn−1


2m−1 é o bit de posição m − 1 no desenvolvimento binário de
n − 1. Então, temos
Auxiliar
   
( )
n−1 n−1 n−1
−2 m
m−1 m−1 2
(−1)
Gentil, = (−1)
2
O iconoclasta
2
gentil.iconoclasta@gmail.com
Universidade Federal de Roraima, Boa Vista, RR, Brazil 25.12.2023
     
n−1 n−1 n−1
m−1 −2 m m−1
= (−1) 2
× (−1) 2
= (−1) 2

Sumário

{ a1 , a2 , a3 , a4 }

1 1 1 1 { a1 , a2 , a3 , a4 } 1 1 1 1

−1 1 1 1 { −, a2 , a3 , a4 } 0 1 1 1

1 −1 1 1 { a1 , −, a3 , a4 } 1 0 1 1

−1 −1 1 1 { −, −, a3 , a4 } 0 0 1 1

1 1 −1 1 { a1 , a2 , −, a4 } 1 1 0 1

−1 1 −1 1 { −, a2 , −, a4 } 0 1 0 1
2
1 −1 −1 1 { a1 , −, −, a4 } 1 0 0 1

−1 −1 −1 1 { −, −, −, a4 } 0 0 0 1

1 1 1 −1 { a1 , a2 , a3 , − } 1 1 1 0
14
−1 1 1 −1 { −, a2 , a3 , − } 0 1 1 0

1 −1 1 −1 { a1 , −, a3 , − } 1 0 1 0

−1 −1 1 −1 { −, −, a3 , − } 0 0 1 0

1 1 −1 −1 { a1 , a2 , −, − } 1 1 0 0

−1 1 −1 −1 { −, a2 , −, − } 0 1 0 0

1 −1 −1 −1 { a1 , −, −, − } 1 0 0 0

−1 −1 −1 −1 { −, −, −, − } 0 0 0 0

18

©by Gentil, o iconoclasta


Um Belo Teorema - I Gentil, o iconoclasta

Estas matrizes são úteis para o cálculo de combinações. A matriz anterior, es-
querda, mostra todas as combinações dos elementos do conjunto { a1 , a2 , a3 , a4 },
onde convencionamos que onde consta 1 o elemento entra na combinação, onde
consta −1 não entra. Na matriz da direita trocamos −1 por 0, uma fórmula
para esta matriz é dada por
 ji − 1k

 1, se é par;


A Métrica Quântica 2 j−1 Gentil, o iconoclasta
aij =

 ji − 1k

 0, se é ímpar.
2 j−1

6 Engenharia matemática

O matemático, como o pintor ou o poeta, é um


desenhista. Se os seus desenhos são mais duradouros
que os deles, é porque são feitos com ideias.

Tenho enfatizado junto a meus alunos menos o aspecto utilitário da mate-


mática, mas, sobretudo, sua vertente como arte e engenharia − tal como de fato
ela é em sua essência. A verdadeira matemática conjuga arte com engenharia.

Me formei em engenharia elétrica (op. eletrônica) no ano de 1986 e fui


trabalhar em minha cidade natal (Boa Vista-RR) no setor de Telecomunicações,
era detentor de um cargo de chefia e minha ocupação ordinária se resumia em
carimbar pápeis e ‘monitorar’ os ‘indicadores de desempenho operacional’, onde
utilizava tabelas e gráficos. Embora fosse relativamente bem remunerado não
estava (nem um pouco) satisfeito, pois sentia que minhas atividades não se
enquadravam na concepção que se tem do que seja engenharia. Por outro lado,
desde os tempos de estudante alimentei o sonho de deixar minha contribuição à
ciência. A questão era: em que área do conhecimento?

A resposta mais óbvia seria: engenharia! O problema é que eu não desejava


deixar uma contribuição efêmera mas, se possível, uma que ‘transcendesse os
séculos’; daí minha opção pela matemática.

Não raras vezes, na vida somos movidos por uma espécie de ‘fé ingênua’,
m  

era o meu caso, como alguém com apenas um diploma de engenheiro ousaria
X n
1m + 2m + 3m + · · · + nm = a(m−j)
j =0
j +1

dar uma contribuição relevante à matemática? − ao lado mais uma. →


j
X  
k j
a(m−j) = (−1) (1 − k + j)m
k=0
k

(Gostei da sua fórmula)


Juntando a ‘fé ingênua’ com minha insatisfação com a “engenharia” que eu (Gugu/Impa)

praticava, decidi me demitir para dá aulas de matemática na UFRR, que estava


sendo criada naquela ocasião.

19
Um Belo Teorema - I Gentil, o iconoclasta

“A propósito, quando eu estudava para prestar concurso na universidade


me ocorreu que naquele preciso momento (1989) milhares de indivíduos, por Gentil, O iconoclasta
A Métrica Quântica
gentil.iconoclasta@gmail.com
Universidade Federal de Roraima, Boa Vista, RR, Brazil 20.12.2023

este Brasil afora, estavam estudando para melhorar suas condições salariais e eu, Sumário

aqui, me esforçando para piorar a minha. Com efeito, de saída perderia a metade
1 Introdução 2

2 Espaços Métricos 3

2.1 A métrica quântica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

do meu salário, afora outras vantagens − foi o que terminou acontecendo.”


2.1.1 A régua quântica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

2.2 Distância entre ponto e conjunto . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

3 Produto de espaços métricos 7

3.1 O quadrado quântico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

3.2 Bolas abertas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

Pois bem, atuando no magistério, e não descuidando do meu objetivo 4 Sequências

4.1 Convergência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
14

15

principal, comecei a ensaiar algumas criações na matemática; em retrospecto


5 Topologia quântica-I 21

5.1 Um objeto em vários lugares ao mesmo tempo . . . . . . . . . . . 21

6 Funções contínuas 25

creio que fui bem sucedido. O interessante disto tudo é que somente muitos anos
7 Conjuntos conexos por caminhos 29

8 Topologia quântica-II 33

8.1 Deslocando-se entre os pontos A e B sem passar pelo meio . . . 40

depois atinei com um fato deveras paradoxal: eu havia abandonado a “engenharia” 9 Universo quântico e fenômenos não-locais

9.1 Visão quântica × visão euclidiana . . . . . . . . . . . . . . . . . .


44

45

e, sem dá-me conta, encontrava-me praticando uma verdadeira engenharia!


10 Universo quântico e filosofia 46

©by Gentil, o iconoclasta

Obras de ‘Engenharia matemática’, é como denomino algumas das minhas


obras na matemática − espalhadas em alguns livros e vários artigos.

6.1 Fluxograma do Belo Teorema 1m + 2m + 3m + · · · + nm =


m 
X

j =0
n
j +1

a(m−j)

Xj  
j
a(m−j) = (−1)k (1 − k + j)m
k

A seguir o fluxograma da demonstração do teorema 1:


k=0

Um Belo Teorema -I Gentil, o iconoclasta

Um Belo Teorema - I Gentil, o iconoclasta

Fluxograma do Belo Teorema - I


Teorema 1 (Gentil, o iconolasta/Brasília-DF/18.07.1999). Sejam j e n inteiros
positivos arbitrariamente fixados. Vale a seguinte equivalência
   
n n n−1
∈ Z ⇐⇒ e têm paridades distintas.
2j−1 2j−1 2j−1

Um Belo Teorema - I Gentil, o iconoclasta

Corolário 2. Nas condições do lema 3, temos


 
n
é ímpar ⇐⇒ ni ≥ ri , ∀ i = 0, 1, . . . , k.
r

Um Belo Teorema - I Gentil, o iconoclasta


Um Belo Teorema - I Gentil, o iconoclasta

Lema 2 (Gentil, o iconoclasta/1999). Dado um inteiro positivo n, a fórmula a


seguir nos fornece a sua expansão binária.
Lema 3 (Édouard Lucas). Considerando os desenvolvimentos p-nários de n e
r, é válida a seguinte identidade:
          
n n n n0 n1 nk
anj = −2 ≡ ··· (mod p) (8)
2j 2 j+1 r r0 r1 rk

Um Belo Teorema - I Gentil, o iconoclasta


Um Belo Teorema - I Gentil, o iconoclasta

Lema 1 (Gentil, o iconoclasta/Cefet-Paraná/1994). Sendo N um natural arbi- Teorema 3 (Sistemas de numeração). Dados inteiros a e b com a ≥ 0 e b > 1,
trariamente fixado, é válida a seguinte identidade existem inteiros c0 , c1 , . . . , cn , . . ., univocamente determinados pelas seguintes
j n k condições:
n+1
jn + 1k 

 N , se ̸∈ Z ; (i) Existe um número natural m tal que cn = 0 para todo n ≥ m;
N
= (ii) Para todo n, temos que 0 ≤ cn < b;
N j n k

 n+1
+ 1, se ∈ Z. (iii) a = c0 + c1 · b + · · · + cn · bn + · · ·
N N

Um Belo Teorema - I Gentil, o iconoclasta


Teorema 2 (Algoritmo da divisão). Para quaisquer a, b ∈ N, b ̸= 0, existe um


único par de números q e r, de maneira que a = b · q + r, com 0 ≤ r < b.

14
8

20
7

12
6
2
A Métrica Quântica Gentil, o iconoclasta
Um Belo Teorema - I Gentil, o iconoclasta

O Homem Medíocre
O homem medíocre que renunciasse a sua solenidade
ficaria desorbitado, não podendo viver.
São modestos por princípio. Pretendem que to-
dos o sejam, o que não lhes exige muito; neles sobra
a modéstia, pois estão desprovidos de méritos ver-
dadeiros. Consideram tão nocivo quem afirma as
próprias superioridades em voz alta quanto quem ri
de seus convencionalismos suntuosos. Denominam de
modéstia a proibição de reclamar os direitos naturais
da genialidade, da santidade ou do heróısmo. As
únicas vítimas dessa falsa virtude são os homens excelentes, obrigados a
não pestanejar enquanto os invejosos empanam sua glória. Para os tolos,
nada mais fácil que ser modestos. Eles o são por necessidade irrevogável.
Os mais inflados fingem que o são por cálculo, considerando que essa
atitude é o complemento necessário da solenidade e leva a suspeitar a
existência de méritos pudendos.
Heine disse: “Os charlatães da modéstia são os piores de todos.” E
Goethe sentenciou: “Só os velhacos são modestos”. Isso não impede
que essa reputação seja um tesouro nas mediocracias. Presume-se que o
A Métrica Quântica
modesto nunca pretenderá ser original, nem alçará sua palavra, nem terá
opiniões
Gentil,perigosas, nem desaprovará os governos,
O iconoclasta nem blasfemará dos
gentil.iconoclasta@gmail.com
dogmas sociais.
Universidade O de
Federal homem
Roraima,que
Boa aceita essa
Vista, RR, máscara hipócrita renuncia a
Brazil

viver mais do que permitem seus cúmplices. [. . . ]


O orgulho, subsolo indispensável da genialidade, imprime aos homens
Sumário
certo gesto bonito que as sombras censuram. Para isso, o babélico idioma
dos vulgares emaranhou a significação do vocábulo, acabando por se
ignorar se significa um vício ou uma virtude. Tudo é relativo. Se há
méritos, o orgulho é um direito; se não há trata-se de vaidade.

A matemática é um campo demasiadamente árduo e inóspito


para agradar àqueles a quem não oferece grandes recompensas.
Recompensas que são da mesma índole que as do artista. Acres-
centa ainda que é no ato de criar que o matemático encontra
sua culminância e que “nenhuma quantidade de trabalho ou (Norbert Wiener)
correção técnica pode substituir este momento de criação na • Matemático
vida de um matemático, poeta ou músico”.

Perguntamos: E quem está interessado nas recompensas que “são da mesma


índole que as do artista”?

21
2

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