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Direcção Geral da Administração Pública

Despacho da Directora Geral

da Administração Pública no

uso da competência delegada

1. Visto.

2. À consideração de S. Excia, o
Secretario de Estado da
Administração Pública

28.10.2013

Parecer___/2013

Assunto: Remunerações acessórias

Factos:

A Sr.ª Elisa Helena Oliveira Monteiro Nascimento, quadro do Ministério das finanças, em
comissão de serviço no Gabinete do Sr. Secretario de Estado da Administração Pública,
reivindica uma remuneração Acessória correspondente a 48% do salario base, nos termos do
art.1º do Decreto-Legislativo nº4/95 de 20 de Junho.

Quid Júris?

Analisando a reivindicação da Sr.ª Elisa Helena Oliveira Monteiro Nascimento, adiante


designado requerente, compete-nos informar o seguinte:

De facto o art.1º do Decreto-Legislativo nº4/95 de 20 de Julho estabelece que “ Os


funcionários Públicos, titulares do direito à percepção de remuneração acessórias, que sejam
nomeados para cargos em comissão de serviço, não perdem direito a essas remunerações, nos
termos estabelecidos nos artigos 58º e 59º do Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de Julho.”

Entretanto, relembramos que o Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de Julho foi revogado


expressamente pelo Decreto-Lei nº9/2013 de 26 de Fevereiro, Cf. Art.86º, sendo o Decreto-
Legislativo nº4/95 de 20 de Julho uma interpretação autentica do Decreto-Lei nº 86/92, de 16
de Julho, fica revogado também ainda que tacitamente.
A revogação é o fenómeno pelo qual uma lei perde a sua vigência, podendo ser expressa ou
tácita.

A revogação é expressa quanto a lei nova diz claramente qual a parte da lei antiga que perde
seus efeitos jurídicos, ela diz-se tácita, quando a lei nova não diz expressamente o que veio
revogar, mas se mostra incompatível com a norma existente ou a lei nova regulamenta a
totalidade do assunto abordado em uma anterior.

O Decreto-Lei nº9/2013 de 26 de Fevereiro não salvaguardou esta questão. No que tange as


remunerações acessórias ou suplementos remuneratórios o art.52º do diploma em referência
esclarece-nos o que são considerados suplementos remuneratórios.

Por sua vez, o art.73º do mesmo diploma, veio dizer que são extintas as remunerações
acessórias não previstas ou enquadráveis neste diploma. Ou seja, todas as remunerações
acessórias que não estão elencadas no art.52º foram extintas.

Ora, a remuneração acessória que reivindica a requerente prende-se com uma remuneração
correspondente a 48% do salario base equivalente a 12.000$00, todavia, analisando o mapa de
abonos em anexo no processo, não vislumbramos o real motivo da atribuição dessa
remuneração.

Neste sentido, não conseguimos enquadrar a remuneração solicitada pela requerente no


art.52º do Decreto-Lei nº9/2013 de 26 de Fevereiro, pelo que, todas as remunerações
acessórias que não estão enquadradas no normativo em referência foram extintas conforme o
art.73º do mesmo diploma.

Por outro lado, informamos que o quantitativo da remuneração reivindicado, fere o


estabelecido no nº2 do art.65º da Lei nº42/VII/2009 de 27 de Julho e nº3 do art.52º do
Decreto-Lei nº9/2013 de 26 de Fevereiro, na medida que esta indexado ao salario base.

Outrossim, sabe-se que as remunerações acessórias estão pensadas para uma determinada
carreira ou cargo com intuito de compensar ou proteger os funcionários dos gastos inerentes
as funções no mesmo (subsídios de riscos, falhas, dedicação exclusiva etc.), e os funcionários
só têm direito a eles quando estão em exercício efectivo de funções naquela carreira ou cargo.

Ou seja, a filosofia subjacente a atribuição das remunerações acessórias numa determinada


carreira estão atreladas ao exercício efectivo funções na mesma.

Nesta sequência, defendemos que a remuneração acessória que a requerente teria direito, no
quadro de origem, não são válidas para o cargo que actualmente exerce, uma vez que, pela
lógica, as remunerações acessórias são devidas àqueles que se encontrem em exercício
efectivo de funções na carreira ou cargo pelo qual foi pensado.

Conclusão:

Somos de parecer que a solicitação da requerente no actual quadro legal, não tem
acolhimento por seguintes razões:
1. Por força da revogação do Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de Julho, pelo Decreto-Lei
nº9/2013 de 26 de Fevereiro, o Decreto-Legislativo nº4/95 de 20 de Julho é
tacitamente revogado pelo mesmo.

2. O pedido da requerente tem como base legal uma norma que se encontra revogada
(Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de Julho e Decreto-Legislativo nº4/95 de 20 de Julho),
tratando-se, de uma norma revogada perde a sua vigência e não produz quaisquer
efeitos jurídicos.

3. Por se não conseguir enquadrar a remuneração solicitada pela requerente no art.52º


do Decreto-Lei nº9/2013 de 26 de Fevereiro.

4. Não nos parece razoável, nem tão pouco legal, que quando, a requente estiver em
comissão de serviço como Directora de Gabinete, que a remuneração que reivindica
seja suportada pela Secretaria de Estado da Administração Pública.

Eis o nosso entendimento! À consideração superior.

Praia, 23 de Outubro de 2013

Técnico Nível I

Daniel Veiga

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