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UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO

URUGUAI E DAS MISSÕES – URISAN/ INSTITUTO


MISSIONEIRO DE TEOLOGIA – IMT

Disciplina: História do Cristianismo e da Teologia II (Idade Média)

Docente: Marcelo Faria Corrêa Andreatta.

Renascimento e Humanismo Cristão

Discente: Luciano Batista da Conceição

Santo Ângelo – 2010


O humanismo marxista

É baseado nos manuscritos da juventude de Marx, onde ele


crítica o idealismo Hegeliano que coloca o ser humano como
um ser espiritual, uma autoconsciência. Para Marx o ser
humano é antes de tudo um ser natural, assim como já havia
dito Feuerbach, mas, diferentemente deste, Marx considera
que o ser humano, diferente de todos os outros seres naturais,
possui uma característica que lhe é particular, a consciência,
que se manifesta como saber. Como nos diz Salvatore Puledda
a respeito disso em seu livro "Interpretaciones del
Humanismo", "Através de sua atividade consciente o ser
humano se objetiva no mundo natural, aproximando-o sempre
mais de si, fazendo-o cada vez mais parecido com ele: o que
antes era simples natureza,agora se transforma em um
produto humano. Por tanto, se o homem é um ser natural, a
natureza é, por sua vez, natureza humanizada, ou seja,
transformada conscientemente pelo homem."
Os humanistas seculares

Como o nome indica, são mais


racionalistas e empiristas e
menos espirituais; são
geralmente associados a
cientistas e acadêmicos,
embora a filosofia não se limite
a esses grupos. Têm
preocupação com a ética e
afirmam a dignidade do ser
humano, recusando
explicações transcendentais e
preferindo o racionalismo. São
ateus ou agnósticos. Cerca de
54% dos Universalistas
Unitários baseiam suas crenças
no humanismo.
Os humanistas religiosos

Acham que o
humanismo secular é
friamente lógico demais
e são mais espirituais,
alguns chegando a ser
deístas. São
ocasionalmente
associados a artistas e
cristãos liberais.
O humanismo renascentista

Propõe o
antropocentrismo. O
antropocentrismo era
a idéia de o homem
ser o centro do
pensamento filosófico,
ao contrário do
teocentrismo, a idéia
de "Deus no centro do
pensamento filosófico.
o antropocentrismo
surgiu a partir do
renascimento cultural.
O humanismo positivista comtiano

Afirma o ser humano e rejeita a


teologia e a metafísica. A forma
mais profunda e coerente do
humanismo comtiano é sua
vertente religiosa, ou seja, a
Religião da Humanidade, que
propõe a substituição moral,
filosófica, política e
epistemológica das entidades
supranaturais (os "deuses" ou as
"entidades" abstratas da
metafísica) pela concepção de
"Humanidade". Além disso,
afirma a historicidade do ser
humano e a necessidade de uma
percepção totalizante do
homem, ou seja, que o perceba
como afetivo, racional e prático
ao mesmo tempo.
O humanismo logosófico

Diferentemente, pois, do
conceito generalizado,
parte do próprio ser
sensível e pensante, que
busca consumar dentro de
si o processo evolutivo que
toda a humanidade deve
seguir. Sua realização
nesse sentido haverá,
depois, de fazer dele um
exemplo real daquilo que
cada integrante da grande
família humana pode
alcançar.
Renascimento e Humanismo Cristão

No seio da cultura ocidental, o Humanismo


(segunda metade do século XIV e primeira
metade do século XV) e a Renascença (segunda
metade do século XV e o século XVI) constituem
dois momentos de um mesmo processo que se
notabilizou por buscar, sublinhar e favorecer tudo
o que aperfeiçoasse o homem intelectualmente e
praticamente. Nele, o indivíduo é visto como
“valor absoluto”, a natureza como seu “reino”, a
história como sua “criação” e a arte como
expressão de sua “superioridade” sobre os demais
seres da criação.
Renascimento e Humanismo Cristão

Assim, o Humanismo caracteriza-se por uma nova visão


do homem em relação a Deus e,  em relação a si
mesmo. Essa nova visão decorre diante da nova
realidade social e econômica vivida na época. A
pirâmide social da era Medieval, já não existe mais (essa
pirâmide era formada pelos Nobres/Clero/ e Povo),
graças ao surgimento de uma nova classe social: a
Burguesia, cujo nome se origina da palavra burgos que
quer dizer cidade. O surgimento das cidades deve-se ao
incremento do comércio que era a base de sustentação
dessa nova classe social. As cidades por sua vez,
oferecem uma nova opção de vida para os camponeses
que abandonam o campo. Esse fato iniciou o
afrouxamento do regime feudal de servidão.
Renascimento e Humanismo Cristão

Nessa época também tem início as grandes


navegações, que levam as pessoas a valorizar
crescentemente as conquista humanas. Esses fatores
combinados levam a um processo que atinge seu
ponto máximo no Renascimento. Como conseqüência
dessa nova realidade social, o Teocentrismo pregado
e defendido durante tantos anos pelas classes
anteriores, passa a dar lugar para o
Antropocentrismo, nova visão onde o homem se
coloca como sendo o centro do Universo. Na cultura,
esse processo de mudanças também tem efeitos
culturais, pois, o homem passa a se encarar como ser
humano, e não mais como a imagem de Deus.
Renascimento e Humanismo Cristão

Todas as Artes passam a expressar novas partículas que


apareceram com essa nova visão, as pinturas os poemas e
as músicas da época, por exemplo, tornam-se mais
humanas, passam a retratar mais o ser humano em sua
formação. Essa nova concepção, não significa que a religião
estava acabando, mas, apenas que agora os artistas
passavam a embutir em suas obras também o lado humano
derivado desse novo regime social. As obras dessa época
vão refletir em sua formação esse momento de transição de
uma mentalidade para outra, ou seja, a passagem de uma
visão Teocêntrica para a visão antropocêntrica do mundo.
Portanto o Humanismo é considerado como um período de
transição.
Renascimento e Humanismo Cristão

Ao considerar o homem como “valor absoluto”,


inicia-se um novo tipo de relacionamento com o
sobrenatural, diante do qual vai desaparecendo o
complexo humano de inferioridade. Enquanto um
ser que contempla e age, o homem é semelhante a
Deus. A razão torna-se a instância privilegiada de
busca de sentido para as coisas em geral. A fé vai
perdendo sua exclusividade e a filosofia declara
sua autonomia diante da teologia. Pela primeira
vez, desde os primórdios do cristianismo, autores
trataram de questões exclusivamente filosófico-
científicas, sem apelo ao elemento religioso.
Renascimento e Humanismo Cristão

Pode-se dizer que, nesta época, iniciou-se


a gestação de um perfeito e definitivo
“reino do homem”. Foram colocadas as
premissas das antropologias modernas e
contemporâneas: o homem descobriu o
seu lugar no universo e na sociedade, quis
trilhar o seu próprio caminho, acreditava
numa sociedade adulta e na capacidade de
conduzir a sua própria história ao controlar
as forças naturais: o “homo staticus”
tornou-se “homo dynamicus”.
Renascimento e Humanismo Cristão

No esforço de abrir os caminhos para uma nova


compreensão do mundo e do homem, os humanistas
e os homens da Renascença fizeram uma releitura do
passado. Olharam para o passado, tendo-o como
inspiração, dessacralizando-o com o objetivo de tirar
lições para o presente e o futuro. Retomaram autores
clássicos, retirando deles o que consideravam
positivo. Platão e Sócrates tornaram-se os autores
preferidos, pois neles havia uma visão dialética da
verdade, diferente daquela estática que se formou no
seio da escolástica, seguindo a esteira aristotélica.
Renascimento e Humanismo Cristão

Em suma, o Humanismo Renascentista


caracterizou-se pelo grande otimismo em relação,
ao seu futuro como dominador definitivo da
natureza, à sua capacidade de conhecer
racionalmente a verdade e à sua autonomia em
construir a própria história. Isto, sem ter de prestar
contas a uma autoridade detentora de uma
verdade definitiva. Assim, rompeu-se a visão de
um mundo visto somente como lugar de
passagem. O mundo está à disposição do homem,
que é perfeitamente capaz de dominá-lo e dele
tirar todos os benefícios.
Renascimento e Humanismo Cristão

Conforme os escritos do Concílio Vaticano II, o


homem não é uma ilha, nem um ser auto-
suficiente que se auto-gerou e não é resultado de
sua própria vontade. Os documentos do referido
Concílio é bastante explicito quando afirma e
ensina: que o homem “nunca está apenas restrito
à ordem temporal, mas, vivendo na história,
conserva integralmente sua vocação eterna” (GS
76c/460); que “nenhuma atividade humana, nem
mesmo nas coisas temporais, pode ser subtraída
ao domínio de Deus” (LG 36d/94).
Renascimento e Humanismo Cristão

Que “a edificação da cidade terrena tenha sempre seu


fundamento no Senhor e a Ele tenda, a fim de que não
trabalhem em vão os que porventura a edificam” (LG
46b/125; AG 41e/1010); que as coisas criadas
dependem de Deus, que o homem não deve usá-las
sem referência ao Criador (GS 36c/311); que a obra da
redenção incluiu também a instauração da ordem
temporal com a ordem espiritual “entrosadas num único
plano divino” (AA 5/1350); sobre a interpenetração da
história humana com a história da salva-ção que tem
seu Senhor no mesmo Deus Criador e Salvador (GS
41b/326); e sobre a interpenetração da cidade terrestre
com a cidade celeste, coisa que “só pode ser percebida
pela fé” (GS 40c/323).
Renascimento e Humanismo Cristão

Que a Igreja tem a missão e dever de “penetrar do espírito


evangélico as realidades temporais e aperfeiçoá-las” (AA 5/1350),
de “iluminar e ordenar de tal modo todas as coisas temporais, que
elas continuamente se façam e cresçam segundo Deus, para o
louvor do Criador e do Redentor” LG 31b/77), de “sanar as
instituições e condições do mundo” e “impregnar de valor moral a
cultura e as obras humanas” (LG 36c/93), e isso de tal maneira que
“o mundo seja imbuído do espírito de Cristo e na justiça e paz atinja
mais eficazmente seu fim” LG 36b/92); é preciso “gravar a lei de
Deus na vida da cidade terrestre” (GS 43b/334); “impregnar o
mundo do espírito cristão” (GS 43d/336); em resumo, é urgente
“dar, pelo espírito cristão, nova forma à mentalidade e aos
costumes, às leis e às estruturas da comunidade” (AA 13a/1380). É
este o apostolado da “animação cristã da ordem temporal” (AA
19a/1041), apostolado este que é, como diz repetidamente o
Concílio, trabalho especifico dos leigos.
Renascimento e Humanismo Cristão

Percebe-se em todos estes numerosos e incisivos


textos uma viva e profunda inquietação do Concílio
diante dos rumos secularizantes que as coisas vão
tomando. A preocupação da Igreja é no “que fazer
para que a grande massa dos homens participe dos
benefícios da cultura, quando simultaneamente a das
elites não cessa de se elevar e de complicar sempre
mais?” (GS 56e/380); e “como, enfim, reconhecer
legítima a autonomia que a cultura reclama para si,
sem cair em um humanismo meramente terrestre e
mesmo adversário da própria religião?” (GS 56f/381).
Renascimento e Humanismo Cristão

“No meio destas antinomias é necessário que a


cultura humana se desenvolva de tal modo que
aperfeiçoe de maneira equilibrada a pessoa humana
integral e ajude os homens a desempenhar as
funções a que são chamados, sobretudo os cristãos,
unidos fraternalmente na única família humana.”
(GS 56g/382). Desta maneira testemunhamos o
nascimento de um novo humanismo, no qual o
homem se define, em primeiro lugar, por sua
responsabilidade perante os seus irmãos e a
história.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich. Filosofia da História/ trad. Maria Rodrigues e


Hans Harden. 2ª ed.- Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1999. 373p.

KLOPPENBURG, Boaventura. O Cristão Secularizado: O Humanismo do


Vaticano II. 2ª ed. – Petrópolis/RJ:Editora Vozes, 1971.

GERMANO, Tüchke; BOUMAN, C. A. Nova História da Igreja: Reforma e Contra-


Reforma/ Trad. Waldomiro Pires Martins. 2ª ed. Petrópolis/RJ. Editora Vozes, 1983.

Concílio Vaticano II, Gaudium et Spes, 15 de dezembro de 1965.


Outros Documentos referenciados: Ad Gentes, Apostolicam Actuositatem,
Lumen Gentium, 15 de dezembro de 1965.

HUMANISMO. Wikipédia: A Enciclopédia Livre. Disponível em:


http://pt.wikipedia.org/wiki/Humanismo. Acesso em 07 de junho de 2010.

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