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Jessika Freitas de Sousa

Mayra dos Santos Azevedo


João Carlos Belo
William Cardoso Laureano
Camilo Denardin Júnior
Introdução

 No Brasil, a importância da leishmaniose visceral reside não


somente na sua alta incidência e ampla distribuição, mas também
na possibilidade de assumir formas graves e letais quando
associada ao quadro de má nutrição e infecções concomitantes.

 Quando não tratada, pode evoluir para óbito em mais de 90% dos
casos.
Características gerais de sua
distribuição no Brasil e no mundo
 É endêmica em 76 países, dos casos registrados na América
Latina, 90% ocorrem no Brasil.

 A doença apresenta mudanças importantes no padrão de


transmissão, inicialmente predominando em ambientes
silvestres e rurais e mais recentemente em centros urbanos.

 Em média, cerca de 3.500 casos são registrados anualmente


e o coeficiente de incidência é de 2,0 casos/100.000
habitantes. Nos últimos anos, a letalidade vem aumentando
gradativamente, passando de 3,1% em 2000 para 7,1% em
2012.
Etiologia e sinonímia
 A Leishmaniose Visceral (LV) é causada por um protozoário da
espécie Leishmania chagasi.

 O ciclo evolutivo apresenta duas formas: amastigota, que é


obrigatoriamente parasita intracelular em mamíferos e
promastigota, presente no tubo digestivo do inseto transmissor
(Lutzomya longipalpis).

 A ocorrência da doença em uma determinada área depende


basicamente da presença do vetor susceptível e de um
hospedeiro/reservatório igualmente susceptível. A possibilidade
de que o homem, principalmente crianças desnutridas, venha em
alguns casos a ser fonte de infecção pode conduzir a um aumento
na complexidade da transmissão da LV.

 É conhecida como calazar, esplenomegalia tropical e febre dundun.


História natural da doença

 Raposas (Lycalopex vetulus e Cerdocyon thous) e marsupiais


(Didelphis albiventris), têm sido incriminados como reservatórios
silvestres. No ambiente urbano, o cão é a principal fonte de infecção
para o vetor, podendo desenvolver os sintomas da doença, que são:
emagrecimento, queda de pêlos, crescimento e deformação das
unhas, paralisia de membros posteriores, desnutrição, entre
outros.
Quadro clínico
Forma clássica

 Período inicial
-Febre, emagrecimento, palidez, hepatoesplenomegalia,
comprometimento do estado geral
-Pancitopenia, inversão da relação albumina/globulina
-Alterações das funções hepática e renal podem estar presentes
-Sorologia e punção medula óssea positivas para leishmania

 Período final
-Febre contínua, comprometimento mais intenso do estado geral
-Desnutrição, edema generalizado
-Hemorragias, icterícia e ascite
-Determinantes do óbito: complicações bacterianas e sangramentos.
Diagnóstico
 O diagnóstico é rotineiramente realizado com base em parâmetros
clínicos e epidemiológicos.

 Um diagnóstico definitivo requer a demonstração do parasita através


de métodos parasitológicos.

 O diagnóstico clínico é complexo, pois a doença no homem pode


apresentar sinais e sintomas que são comuns a outras patologias
presentes nas áreas onde incide a LV, como, por exemplo, Doença
de Chagas, Malária, Esquistossomose, Febre Tifóide e Tuberculose.
Diagnóstico (cont.)
 A demonstração do parasito pode ser feita em material de biópsia
ou punção aspirativa do baço, fígado, medula óssea ou linfonodos.

 A especificidade destes métodos é de 100%, mas a sensibilidade é


muito variável, pois a distribuição dos parasitas não é homogênea
no mesmo tecido. A sensibilidade mais alta (98%) é alcançada
quando se utiliza aspirado do baço.

 A pesquisa de parasitas no sangue periférico pode ser utilizada


sobretudo em pacientes infectados com HIV.
Diagnóstico (cont.)
 A LV é caracterizada por uma marcada estimulação
policlonal de linfócitos B, que resulta em
hipergamaglobulinemia e grande produção de anticorpos, o
que facilita o diagnóstico através de testes sorológicos,
evitando os métodos parasitológicos, que são invasivos.

 No Brasil, os testes mais utilizados no diagnóstico de LV


humana e canina são a RIFI e ELISA, sendo considerados,
sobretudo este último, testes de escolha para inquéritos
populacionais.

 No diagnóstico sorológico da LV é necessário considerar o


diagnóstico diferencial com outras doenças.
Tratamento
 Antimoniais pentavalentes: antimoniato de N-metil
glucamina-Glucantime® e estibogluconato de sódio-
Pentostan®, que são os medicamentos de primeira
escolha para o tratamento.
 Estas drogas são tóxicas, nem sempre efetivas, e na LV
são usadas em esquemas prolongados.
 O principal efeito colateral do glucantime é sua ação
sobre o aparelho cardiovascular, sendo
desaconselhável sua utilização durante os dois
primeiros trimestres de gravidez.
Tratamento
 No Brasil, são utilizadas a anfotericina B e suas
formulações lipossomais (anfotericina B - lipossomal e
anfotericina B - dispersão coloidal), as pentamidinas
(sulafto e mesilato) e os imunomoduladores (
interferon gama e GM-CSF) - em estudo.
Estratégias de controle
 Qual a dificuldade de quebrar os elos epidemiológicos
da cadeia de transmissão da doença?

- falta de padronização dos métodos de diagnóstico da


infecção humana e canina;
- discordância entre os estudos que avaliam o impacto da
eliminação de cães soropositivos na prevalência da infecção
humana;
- demonstração de que outros reservatórios podem ser fonte
de infecção da L. chagasi, como os canídeos silvestres e os
marsupiais;
- escassez de estudos sobre o impacto das ações de controle
dirigidas contra os vetores.
Estratégias de controle
 A prevenção da doença nos cães através da
imunoprofilaxia aparece como uma das poucas
alternativas para o controle.

 Algumas questões cruciais para a implementação das


medidas de controle continuam sem resposta.
-Qual a real extensão do problema?
-Quais são os fatores de riscos para as populações?
-Como avaliar o impacto das intervenções de controle e
como antecipar as epidemias?
Introdução
 Doença infecciosa, não contagiosa;
 Ocorre em toda a América Latina, exceto Chile e Uruguai;
 No Brasil, entre 2001 e 2005 foram registrados 196.239 casos de
LTA, 39% na região Norte;
 A forma cutânea representa 92% de todos os casos;
 Sinônimos: Ferida Brava, Úlcera de Bauru;
 É uma infecção zoonótica – afetando outros animais, além do
homem, que representa hospedeiro acidental e parece não ter um
papel importante na manutenção dos parasitas na natureza.
Transmissão
 Flebotomíneos dos gêneros Psychodopygus e Lutzomya*, dentre
outros;

 Protozoário: Leishmania brasiliensis*, amazonensis, guyanensi;

 O ciclo evolutivo apresenta duas formas: amastigota, que é


obrigatoriamente parasita intracelular em mamíferos e
promastigota, presente no tubo digestivo do inseto transmissor

 Reservatórios do parasita: animais silvestres, roedores, equinos,


cães;

 Período de incubação de 2 semanas a 2 anos;


Apresentação
 Formas Cutâneas - Única ou Múltiplas

- Lesão única (geralmente), ulcerada, com bordas elevadas em


moldura, fundo granuloso, com ou sem exsudação, indolores.

- Outras formas: Úlcero-crostosa, impetigóide, verrucosa,


ectimatóide, ulcero-vegetante, tuberosa , liquenóide.
Apresentação
• Formas Cutâneas – Disseminada
- Múltiplas lesões acneiformes, em pelo menos duas regiões
corporais que evoluem para pápulas, nódulos e ulcerações, que
coexistem, podem vir com sintomas gerais como febre, calafrios e
mialgia durante a disseminação podem estar presentes.
Apresentação
 Forma Tegumentar Difusa
- Lesões cutâneas, de aspecto queloidiano por toda a pele, repletas de
parasitas.
Apresentação

 Forma Mucosa

- Secundária às lesões cutâneas, surgindo geralmente, um a dois anos


após o início da infecção ou resolução da lesão cutânea;

- Obstrução nasal, Epistaxe, Rinorréia, Odinofagia, Rouquidão, Tosse e


Crostas.

- Alguns casos graves podem evoluir para óbito pela obstrução das vias
aéreas superiores.
Suspeita Clínico-Epidemiológica
 Nas formas cutâneas: Lesões características que não cedem com
medicação não específica;

 Nas lesões de mucosa: ulcerações pregressas na pele de longa


duração, cicatrizes, uso de medicações específicas;

 Procedência de áreas endêmicas;

 Existência de outros casos na região;

 Referência de cães ou equinos com lesões cutâneas.


Diagnóstico Laboratorial
 Exame Parasitológico Direto

 Histopatologia
- Biópsia por punch ou incisional;

 Cultura e inoculação
- Permite a confirmação etiológica e definição da espécie;
- É feita em meio de Novy-McNeal-Nicolle (NNN);
- Após o 5º dia se observa formas promastigotas
Diagnóstico Laboratorial
 Diagnóstico Imunológico
- Reação de Montenegro
- A reação é positiva com pápula > 5,0 mm de diâmetro;
-Sensibilidade e especificidade estão próximas de 100%;
-A reação pode ser negativa até um ou dois meses após o início da
doença (e em imunodeprimidos) e continua positiva após a cura.

- IF
Apresenta baixa especificidade. É útil p/ seguimento sorológico pós
tratamento. ELISA tem boa especificidade.
Tratamento
 Antimoniato de N-metil-glucamina - Glucantime®
-Formas cutâneas: 10-20 mg/Sb5+/Kg/dia
(Recomenda-se 15 mg/Sb5+/Kg/dia) por 20 dias
-Forma Tegumentar Difusa: 20 mg/Sb5+/Kg/dia por 20 dias
-Forma Mucosa : 20 mg/Sb5+/Kg/dia por 30 dias
-Antes de tratar solicitar e avaliar: ECG, AST e ALT, Uréia e
creatinina, Amilase e lipase (toxicidade)

 Anfotericina B
-Droga de escolha para gestantes, nefropatas e formas resistentes
à terapia antimonial;
-Infusão EV, diluída em Soro Glicosado a 5%, associada a
25-50 mg de hidrocortisona solúvel administrada gota a gota.
 Obrigada!

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