Você está na página 1de 13

MÉTODOS E TÉCNICAS DE PESQUISA

Docente: Daniela Moscon


ACADEMICA EM PSICOLOGIA Discentes: Barbara Vieira, Maria de Fátima,
Kesia Souza, Raquel Lisandra, Sueli Lima,
A P E R C E P Ç Ã O D O S U N I V E R S I T Á R I O S D A U N I V E R S I D A D E S A LV A D O R , F R E N T E
Veluma Oliveira
AO PROFISSIONAL DE LIMPEZA URBANA
INTRODUÇÃO

Esse estudo tem o objetivo de identificar a percepção dos universitários da


Universidade Salvador-Unifacs, frente ao profissional de Limpeza Urbana. O
propósito da escolha dos garis como objeto de estudo se deve a investigação e
compreensão sobre a representação social da profissão perante a sociedade, a alguns
estereótipos como invisibilidade, preconceito de etnia e de gênero.
A escolha do público universitário respondente da pesquisa se deu porque há nesse
público a representação de uma classe da sociedade que almeja evoluir
intelectualmente e há também a expectativa de uma população em busca de criar
condições em suas vidas para lidar e transformar a sociedade, desenvolver-se
humanamente e além disso, é uma população formadora de opinião e sobretudo, são
pessoas que estão em formação profissional.
CONCEITOS E PRINCIPAIS AUTORES
Segundo Costa (2002), sobre a invisibilidade pública, ele afirma “que o
desaparecimento de um homem em meio a outro homens, é expressão pontiaguda de
dois fenômenos psicossociais que assumem caráter crônico nas sociedades
capitalistas: humilhação e reificação”.
Ele ainda afirma que a invisibilidade pública é resultado histórico de longa duração.
Rebaixa a percepção de outrem, especialmente a percepção de alguém vinculado a
forma baixa do assalariado, o trabalho desqualificado, alienado e alienante.
Vinculado a esse fenômeno, estão os estereótipos, os preconceitos de gênero, de
etnia e a representação social dessa categoria do trabalhador gari.
Para Moscovici (1982), Representações Sociais são o conjunto de explicações,
crenças e ideias que nos permitem evocar um dado acontecimento, pessoa ou objeto.
Estas representações são resultantes da interação social, pelo que são comuns a um
determinado grupo de indivíduos.
O termo preconceito deriva do latim praejudicium: prae significa anterior, e
judicium, julgamento. Nesse sentido, o preconceito corresponde a um modo
efetivo e sistemático do funcionamento mental humano que engloba um
préjulgamento rígido e, ao mesmo tempo, errôneo referente a determinados
grupos (Jones, 1973). Conforme estabelece Allport, o preconceito pode ser
compreendido como uma hostilidade fundamentada em uma generalização
errada e rígida, que pode ser apenas sentida ou expressamente aberta e
direcionada a um indivíduo identificado como membro de determinado grupo ou
mesmo ao grupo como um todo. No entanto, são estabelecidas diferenças entre
os erros dos pré-julgamentos e os do preconceito.
MÉTODO

Essa pesquisa se propõe a investigar, compreender e


interpretar a percepção dos estudantes universitários
da Unifacs, acerca da profissão gari, através de
aplicação de questionário semiestruturado, nos
métodos qualitativo e quantitativo, sendo essa uma
pesquisa descritiva e exploratória.
RESULTADOS
Questões Discordo Concordo

PRECONCEITO

1. Quando percebo um profissional Gari próximo a mim, sinto-me incomodado. 76 2


2,6
2. Evito cumprimentar o profissional Gari ao passar por ele. 71 9 11,3
3. Para ser um profissional Gari, não precisa estudar. 63 7 10,0
4. O profissional gari é uma categoria sem perspectiva de futuro profissional 54 12 18,2
5. Sinto-me incomodado quando preciso sair do meu lugar para o gari varrer. 75 3 3,8
GÊNERO

6. O percentual de trabalhador deveria ser maior no sexo masculino em Salvador. 60 6


9,1

7. O homem gari, do sexo masculino executa seu trabalho de varrição com melhor desempenho. 61 4
6,2
8. A mulher gari tende a permanecer na profissão por mais tempo. 39 4 9,3
9. Ser gari é profissão para mulher. 64 8 11,1

10. Tanto o homem gari quanto a mulher são imperceptíveis perante a sociedade. 35 36
50,7
REPRESENTAÇÃO SOCIAL
11. Considero o profissional da limpeza urbana um simples varredor. 72 12 14,3
12. O profissional gari é um trabalhador como qualquer outro. 11 37 77,1
13. O profissional da limpeza urbana é muito importante para a sociedade. 6 78 92,9
14. O gari deveria ter uma melhor remuneração. 2 73 97,3
15. Ser gari é uma profissão para pessoas sem qualificação. 67 8 10,7
PRECONCEITO
20.0

18.2
18.0

16.0

14.0

12.0
11.3

10.0
10.0

8.0

6.0

3.8
4.0
2.6

2.0

0.0
1. Quando percebo um 2. Evito cumprimentar o 3. Para ser um profissional Gari, 4. O profissional gari é uma 5. Sinto-me incomodado quando
profissional Gari próximo a mim, profissional Gari ao passar por não precisa estudar. categoria sem perspectiva de preciso sair do meu lugar para o
sinto-me incomodado. ele. CONCORDO futuro profissional gari varrer.
GÊNERO
60.0

50.7
50.0

40.0

30.0

20.0

11.1
10.0 9.1 9.3
6.2

0.0
6. O percentual de trabalhador deveria ser 7. O homem gari, do sexo masculino 8. A mulher gari tende a permanecer na 9. Ser gari é profissão para mulher. 10. Tanto o homem gari quanto a mulher
maior no sexo masculino em Salvador. executa seu trabalho de varrição com profissão por mais tempo. são imperceptíveis perante a sociedade.
melhor desempenho.

CONCORDO
REPRESENTAÇÃO SOCIAL
CONCORDO

120.0

100.0 97.3
92.9

80.0 77.1

60.0

40.0

20.0
14.3
10.7

0.0
11. Considero o profissional da limpeza 12. O profissional gari é um trabalhador 13. O profissional da limpeza urbana é 14. O gari deveria ter uma melhor 15. Ser gari é uma profissão para
urbana um simples varredor. como qualquer outro. muito importante para a sociedade. remuneração. pessoas sem qualificação.
ANÁLISE DAS TRÊS DIMENSÕES ABORDADAS NA
PESQUISA
Análise das três dimensões pesquisadas
A partir da observação dos dados coletados percebe-se que nas afirmativas pertencentes a dimensão de
Preconceito, a população de universitários não demonstrou preconceitos referentes ao profissional Gari,
sendo o índice em que houve maior índice de respondentes que demonstrou preconceito foi no quesito 4, em
que 18,2% concordaram que o profissional gari é um profissão sem perspectiva profissional.
Na dimensão Gênero, os respondentes demonstraram não possuir preconceitos quanto a realização do
trabalho de gari, podendo ser executado por homens ou mulheres, entretanto no quesito de invisibilidade
entre ambos os sexos, não ficou claro para nós a representação desse fenômeno, ficando ambos os mesmos
score no quesito (Concordo 36 e Discordo 35).
Na Representação Social, nossos respondentes perceberam o gari como um profissional de relevância na
sociedade, digno de uma melhor remuneração, como foi comprovado no percentual de 97,3% de
respondentes que concordam com a afirmativa. E no quesito de importância na sociedade, o profissional gari
foi reconhecido como um profissional de grande valor. E sendo reconhecida como uma profissão comparada
às outras profissões existentes.
CONCLUSÃO

O desenvolvimento do presente estudo possibilitou uma análise da percepção dos universitários


frente ao profissional gari, e, ao mesmo, a quebra de paradigmas, pois em nossa hipótese inicial,
tínhamos a ideia que a profissão de limpeza urbana trazia alguns estereótipos criados na
sociedade ao longo dos tempos e assim permanecia. Esse projeto pode nos revelar sentimentos
positivos encontrados nos futuros profissionais da saúde (psicólogos em formação) em relação a
categoria profissional gari. Os dados coletados nos mostrou que os jovens universitários estão com
a mente mais aberta, sem o rigor dos preconceitos em relação a etnia, gênero e representações
sociais construídos ao longo da história social.
Dada à importância do assunto, torna-se necessário o desenvolvimento de formas de consolidar a
formação cidadã e profissional da população universitária ,no intuito de promover o respeito, a
dignidade, levando em consideração as questões relacionais, a através de palestras, debates,
rodas de conversa.
De um modo geral, os respondentes foram, em sua grande maioria, jovens,
universitários entre a faixa etária de 18 a 35 anos, de ambos sexos, ainda em
busca de uma posição social e profissional no mercado de trabalho. A aplicação dos
questionários semiestruturados foi tranquila, com a duração de 20 minutos
aproximadamente, apenas na questão da análise de imagens, em que os
respondentes iriam utilizar critérios pessoais para marcar quem ele acreditava ser o
gari, houve um tempo de maior reflexão, entretanto, as respostas foram satisfatórias
para nós, porque muitos deles responderam que não há critérios na aparência para
definir quem é ou não o profissional da limpeza, atendendo a categoria preconceito.

O questionário com 15 perguntas fechadas agrupadas pelas categorias


preconceito, gênero (envolvendo etnia, invisibilidade) e representação social
conseguiu captar o perfil do profissional gari e a sua atividade. Ao realizar a
pesquisa o grupo percebeu que a mesma contribuiu para a tomada de consciência
nas questões relacionais entre os estudantes e os profissionais de limpeza urbana e
dessa forma, acreditamos numa efetivação para atitudes mas assertivas dos
universitários.
REFERÊNCIAS

Você também pode gostar