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DIREITO PENAL III

AULA 7: CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO II


DIREITO PENAL III
Crimes contra o patrimônio II

ROUBO EXTORSÃO MEDIANTE


SEQUESTRO

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EXTORSÃO CRIMES CONTRA
O PATRIMÔNIO II

AULA 7: CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO II


DIREITO PENAL III
Crimes contra o patrimônio II

Roubo

1) Bem jurídico: trata-se de crime complexo e tutela o patrimônio (a propriedade e a posse), a


liberdade individual e a integridade física.

2) Sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum), com exceção do proprietário.

3) Sujeito passivo: o proprietário ou o possuidor da coisa subtraída e a vítima somente da violência.

4) Tipo objetivo: a ação é a mesma do furto, mas a execução deve se dar por meio diferente
(mediante violência à pessoa, grave ameaça ou qualquer outro meio que reduza a capacidade de
resistência da vítima). No caso de empurrão para praticar a subtração (trombadinha), os Tribunais
vêm decidindo com maior severidade, reconhecendo o roubo.

5) Tipo subjetivo: dolo, ou a vontade de subtrair, com o emprego de violência ou grave ameaça, coisa
alheia móvel, para si ou para outrem.

AULA VII: CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO II


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6) Espécies de roubo
a) roubo próprio: violência ou grave ameaça utilizada como meio para alcançar a subtração (art. 157, caput).
b) roubo impróprio: a violência ou grave ameaça após ter o bem em suas mãos, tendo por finalidade
assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa definitivamente (art. 157, § 1º).

7) Consumação e tentativa
a) roubo próprio: com a retirada da coisa da esfera de disponibilidade da vítima, ficando em poder tranquilo
do agente. Haverá tentativa quando o agente, depois de ter praticado a violência ou grave ameaça, não
conseguir, por circunstâncias alheias à sua vontade, obter a posse tranquila da coisa, ainda que por pouco
tempo. A perda da coisa implica a consumação do crime, porque a objetividade jurídica é a inviolabilidade
patrimonial, e não a vantagem pretendida pelo agente.
b) roubo impróprio: consuma-se com o uso da violência. Sobre a tentativa, há duas posições:
I. pode haver tentativa quando o agente, apesar de ter conseguido a subtração, é detido por terceiros no
instante em que pretendia usar violência ou grave ameaça;
II. não é cabível, pois ou agente utiliza a violência ou grave ameaça após a subtração, estando o crime
consumado, ou então ele não a usa e o crime não será roubo impróprio, mas furto consumado, ou
tentado (posição majoritária).

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8) Roubo majorado:
a) se a violência ou grave ameaça se dá com emprego de arma:
• o poder intimidatório da arma sobre a vítima acarreta uma maior periculosidade do agente e uma
ameaça maior à incolumidade;
• arma é instrumento que se destina a vulnerar a integridade física, tanto no sentido próprio (arma
de fogo), como impróprio (faca, canivete, machado, barra de ferro).
• Exige-se o efetivo emprego da arma e basta que um dos partícipes use a arma, e os outros tenham
conhecimento disso.
• No caso de roubo com uso de arma de brinquedo ou com emprego de arma descarregada ou
defeituosa, responderá o agente pela forma simples do art. 157, CP.
• Ressalte-se que o STJ havia sumulado o tema, estabelecendo que, no crime de roubo, a
intimidação feita com arma de brinquedo autorizava o aumento da pena. Essa súmula, no entanto,
foi cancelada pela Terceira Seção do STJ em 24/10/2001.

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b) o concurso de duas ou mais pessoas:


• Há divergências no que se refere à presença de todos os agentes na execução do crime.
• Para uns basta que o executor esteja presente, desde que haja um mandante por trás.
• Para outros, todos precisam estar presentes na execução do crime para haver esta causa de
aumento.
• Caracteriza-se o crime majorado ainda que um dos componentes seja inimputável.

c) caso a vítima esteja em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância: a lei
penal tutela, especialmente, o serviço de transporte de valores (dinheiro, títulos, joias etc.), e o agente
deve ter conhecimento dessa circunstância.

d) subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o
exterior.

e) caso o agente mantenha a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade.

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9) Roubo qualificado pelo resultado: no caso de lesão grave ou morte, o § 3o prevê um crime
qualificado pelo resultado.

a) Latrocínio (ou roubo seguido de morte)


• pena vai de 20 a 30 anos, e é a pena mais alta prevista no CP.
• latrocínio é crime hediondo (art. 1º da Lei 8072/90).
• a violência pode ser produzida no titular do direito de propriedade ou em um terceiro.
• se a motivação da morte for outra (vingança, por ex.), haverá homicídio em concurso material
com roubo.
• a competência para o processo e julgamento de latrocínio é do juiz singular e não do Tribunal
do Júri, conforme a Súmula 603 do STF.

b) Consumação e tentativa de latrocínio


• como há duas condutas, a de subtrair e a de matar, houve divergência quanto à consumação e
à tentativa.

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O STF, em sua Súmula 610, decidiu que: “Há crime de latrocínio quando o homicídio se consuma, ainda
que não realize o agente a subtração de bens da vitima”.

Essa decisão gera quatro possibilidades:


I. homicídio e subtração consumados: latrocínio consumado;
II. homicídio tentado e subtração tentada: latrocínio tentado;
III. homicídio tentado e subtração consumada: tentativa de latrocínio;
IV. homicídio consumado e subtração tentada: latrocínio consumado.

Extorsão

1) Bem jurídico: o patrimônio da vítima, bem como sua integridade física e a sua liberdade.

2) Sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum).

3) Sujeito passivo: qualquer pessoa.

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4) Tipo objetivo: constranger, isto é, forçar ou compelir a vítima. O constrangimento deve ser feito
com violência ou grave ameaça. Para a caracterização, a vítima deve: fazer; tolerar que se faça;
deixar de fazer.

5) Tipo subjetivo: o dolo, já que inexiste a forma culposa. Exige-se, ainda, o elemento subjetivo do
tipo específico (“com o intuito de”) ou o dolo específico.

6) Consumação e tentativa: há três estágios para o cometimento da extorsão:


1º) o agente constrange a vítima, valendo-se da violência ou grave ameaça;
2º) a vítima age, por conta disso, fazendo, tolerando que se faça ou deixando de fazer alguma coisa;
3º) o agente obtém a vantagem econômica almejada.
• Para a consumação, deve-se atingir o segundo estágio, independentemente da obtenção da
vantagem indevida (Súmula 96 do STJ).
• É admitida a tentativa, no caso de resguardo do bem pelo sujeito passivo.

7) Causas de aumento de pena: concurso de duas ou mais pessoas ou com emprego de arma.

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8) Extorsão qualificada: se da violência empregada na extorsão resulta lesão corporal grave,


gravíssima ou morte, o crime se torna qualificado. Tratando-se de extorsão qualificada pela morte,
o crime é hediondo (art. 1º, III, da Lei nº 8.072/90).

9) Lei nº 11.923/2009: inserida no pacote antiviolência, incluiu o § 3º ao art. 158, qualificando o


crime de extorsão se “o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa
condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica”.
• É o caso do sequestro relâmpago.
• A consumação, nesse caso, ocorre com a realização de algum ato pela vítima.
A restrição da liberdade da vítima é condição necessária para a empreitada criminosa e, ao ter
que se submeter à privação de liberdade, a vítima já age realizando a conduta desejada pelo
agente criminoso, consumando o delito.
• Além disso, se do fato (violência ou grave ameaça) resultar lesão grave ou gravíssima, a pena é
de 16 (dezesseis) a 24 (vinte e quatro) anos, e, se resultar morte, a pena é de reclusão de 24
(vinte e quatro) a 30 (trinta) anos de prisão.

10) Ação penal: pública incondicionada.

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Extorsão mediante sequestro

1) Bem jurídico: o patrimônio e a liberdade do indivíduo.

2) Sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum).

3) Sujeito passivo: qualquer pessoa.

4) Tipo objetivo: Sequestrar a vítima, por tempo relativamente significativo, para obter vantagem,
que deve ser econômica (interpretação restritiva) e indevida. Abrange o cárcere privado também.
A vantagem pode ser condição.

5) Tipo subjetivo: dolo com o fim de obter para si ou para outrem qualquer vantagem.

6) Consumação: consuma-se com o sequestro ou cárcere privado por tempo juridicamente


relevante. É possível a tentativa.

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7) Qualificadoras:
a) se a privação da liberdade da vítima tiver prazo superior a 24 horas;
b) se a vítima não for maior de 14 anos;
c) se o crime for cometido por associação criminosa (formada por mais de três pessoas).

8) Tipo qualificado pelo resultado lesão grave e morte: exige o dolo ou a culpa e, no caso de morte, a
pena é de 24 a 30 anos.

9) Delação premiada:
a) se o coautor ou partícipe denunciar o crime à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado,
terá sua pena reduzida de 1/3 a 2/3 (causa de diminuição de pena obrigatória).
b) autoridade pode ser a policial, judiciária ou administrativa.
c) a delação deve facilitar a libertação do sequestrado e ser voluntária, mas não necessariamente
espontânea.

10) Ação penal: pública incondicionada.

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CONTEÚDO
Assuntos DA
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AULA:

Dano

Apropriação indébita

Estelionato

Receptação

Escusas Absolutórias

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