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2o CONGRESSO BRASILEIRO DE P&D

EM PETRÓLEO & GÁS

QUALIDADE DE COMBUSTÍVEIS AUTOMOTIVOS

O PETRÓLEO E SEUS DERIVADOS

Maria Letícia Murta Valle


Escola de Química/UFRJ
murta@eq.ufrj.br
2003
TEMAS ABORDADOS

1. O PETRÓLEO: origem, composição e impurezas

2. REFINO: produtos e processos

3. GASOLINA e DIESEL: composição


O QUE É O PETRÓLEO ?

 Mistura de hidrocarbonetos parafínicos,


naftênicos e aromáticos em proporções variáveis
contendo como impurezas compostos de S, N e O
e metais.

 Estão associados ao petróleo gás natural,


sedimentos (areia) e água salgada. A separação da
água e dos sedimentos é iniciada no campo de
produção pois não estão incorporadas ao óleo
(impurezas oleofóbicas) e finalizada nas refinarias
(dessalinização).
COMPOSIÇÃO ELEMENTAR MÉDIA

Elemento % em peso
Carbono 83 a 87
Hidrogênio 11 a 14
Enxofre 0,06 a 8
Nitrogênio 011 a 1,7
Oxigênio 0,50
Metais ( Fe, Ni, V etc.) 0,30
ORIGEM DO PETRÓLEO

 Resultado de uma lenta degradação bacteriológica de


substâncias orgânicas que se depositaram no fundo dos lagos
PROSPECÇÃO - EXEMPLO
ORIGEM DO PETRÓLEO
ORIGEM DO PETRÓLEO

 Presença de porfirinas indicam origem orgânica

• Rocha reservatório – o petróleo é o negro


A HISTÓRIA DO PETRÓLEO

 Existem referências de utilização do petróleo na Bíblia

 Alguns povos utilizavam o petróleo há cerca de 600 anos para o


cozimento de alimentos, iluminação e aquecimento.

 Apenas no século XIX Edwin Laurence Drake fez jorrar petróleo em


escala comercial iniciando uma corrida ao chamado ouro negro fazendo
com que a produção mundial no ano seguinte atingisse a marca de
70.000 toneladas.

 Em 1887, com o advento dos motores a explosão, as frações de


petróleo passaram a ter grandes aplicações, surgindo assim a gasolina,
o diesel e o querosene de aviação etc.
PROPRIEDADES DO PETRÓLEO

 As propriedades físicas do petróleo variam bastante, podem ser muito fluídos e


claros, com grandes proporções de destilados leves, e óleos muito viscosos e
escuros com grandes proporções de destilados pesados. Esta é a forma mais
simples de se classificar os óleos crus: leves e pesados.

 Pelo fato dos óleos serem constituídos, basicamente, de hidrocarbonetos a sua


densidade específica varia inversamente com a relação atômica C/H. A densidade
específica do óleo cru pode variar de 0,70 a 1,00.

 Em geral, ele é inflamável na temperatura ambiente.

 Seu odor pode apresentar características agradáveis, típicas de compostos


aromáticos, até o aroma fortemente desagradável produzido pelos compostos de
enxofre.

 A composição elementar varia muito pouco porque o óleo cru é composto por
séries homólogas de hidrocarbonetos.
FRAÇÕES BÁSICAS DO REFINO
Corte Fração Uso
Corte Fração  combustível
combustível
Uso
de de refinaria
refinaria
C1 e C2 gás combustível  matéria
matériaprima
prima petroquímica
petroquímica (etileno)
(etileno )
C1 e C2 gás combustível
 combustível domésticoe eindustrial,
combustível doméstico industrial
· matéria
prima
matéria prima para petroquímica
para petroquímica , obtenção de gasolina de
C3 e C4 gás liqüefeito
C3 e C4 gás liqüefeito  obtenção
aviação depropelente
veículo gasolina de aviação
para aerosóis
 veículo propelente para aviação
aerosóis
20 a 220 ºC  gasolina
gasolinaautomotiva
automotiva de de
aviação,· matéria prima
20 a 220 ºC nafta paramatéria prima para petroquímica
petroquímica, produção de solventes
nafta
 produção de solventes industriais
industriais
 querosene
querosene dede jato
jato (QAV)
(QAV), querosene de iluminação
150 a 300 ºC querosene
querosene  querosene
(QI), de iluminação
parafinas para a produção (QI)
de detergentes
150 a 300 ºC  parafinas para a produção de detergentes
 combustíveis
combustíveis
para para motores
motores a diesela (óleo
dieseldiesel),
(óleo
100 a 400 ºC gasóleo gasóleo
atmosférico diesel)
combustível doméstico e industrial,matéria prima
100 a 400 ºC
 combustível
para petroquímicadoméstico
(gasóleo petroquímico)
e industrial
atmosférico
matéria prima para petroquímica (gasóleo
petroquímico)
carga para
carga craqueamento
para craqueamento(gasolina
(gasolinae eGLP)
GLP),
400 a 570 ºC gasóleo de vácuo  produção
·produção de delubrificantes
lubrificantes(sub-produto
(sub-produto- -
(*)
400 a 570 (*)
ºC gasóleo de vácuo parafinas),
parafinas) matéria prima para petroquímica
 matéria prima para petroquímica
acima de  óleo combustível, asfalto (pavimentação e
resíduo de vácuo isolamento), lubrificantes de alta viscosidade,
570 de
acima ºC570 ºC resíduo de vácuo coque de petróleo

(*) A destilação é realizada à pressão atmosférica até  400 ºC após o que é feito vácuo no sistema a (fundo) a 400 ºC.
Temperatura de ebulição ºC Nº de átomos de carbono

P
R 600
50
F
I 500 35
R
N 400 25
A
C 20

Ç 300

I 14

Õ 200
P 10

E
A 100 7
6
S
I 0 4

S -100 2

1
DERIVADOS DO PETRÓLEO

Classificação Derivados
Classificação Derivados
Energéticos gás combustível, gás liquefeito,
Energéticos gás combustível,
gasolina de aviação egás liquefeito,
automotiva
gasolina de
querosene de aviação
aviação eeiluminação
automotiva
querosene
óleo de aviação
diesel e óleo e iluminação
combustível
coque verde etc.
óleo diesel e óleo combustível
coque verde etc.

Não energéticos
Não energéticos gásresidual
gás residual, solventes, naftas, gasóleo
solventes, naftas, gasóleo petroquímico
petroquímico, óleos lubrificantes e
óleos lubrificantes e isolantes
isolantes,
graxas graxas e parafinas, resíduo
e parafinas
aromático
resíduo e asfaltico,
aromático asfalto etc
e asfaltico
asfalto etc
CONSTITUINTES DO PETRÓLEO

PODEM SER DIVIDIDOS EM DUAS CLASSES

 hidrocarbonetos propriamente ditos

 não hidrocarbonetos: derivados orgânicos sulfurados,


oxigenados, nitrogenados e orgânicos metálicos

OUTRAS IMPUREZAS
 Água: encontrada parcialmente em solução ou emulsão estáveis

Sedimentos: minerais sólidos insolúveis na água e no óleo

Sais inorgânicos: estão sob a forma de cloreto de sódio e magnésio, carbonato de magnésio.

Ácidos orgânicos: ácidos naftênicos, ácidos lineares e ácidos cíclicos derivados do


ciclopentano e cicloexano.
HIDROCARBONETOS

Os hidrocarbonetos presentes no óleo cru


podem ser agrupados e classificados como:

alcanos
ciclanos
aromáticos
ALCANOS: parafinas

 Fórmula geral CnH2n+2


 Parafinas normais - 15 a 20% em peso de óleo
 Isoparafinas - cerca de 1% em peso
normais (n) H 3C C H2 R

H 3C CH R
iso
CH3

ramificado H 3C CH 2 C H R
CH 3

R é em geral o radical C H3
CICLANOS: naftênicos

 Fórmula geral CnH2n contendo um ou mais anéis saturados,


são conhecidos como naftênicos por se concentrarem na
fração do óleo denominada nafta.
 Hidrocarbonetos naftênicos - 20 a 40% em peso do óleo

R
Hidrocarbonetos R

com 1 anel
alquilciclopentanos alquilcicloexanos

R é em geral um CH3
CICLANOS: naftênicos

Anéis isolados Anéis condensados


H
C
H
decalina
Hidrocarbonetos diciclometano
com 2 anéis
C H3 R

CH 3

Anéis conjugados

colestano
CH
CH 3

diciloexano
CH

R
CH
3

CH 3
AROMÁTICOS

1 ou mais Naftênicos anéis


anéis CH3
aromáticos
aromáticos
aromáticos tolueno e
Monoaromáticos
naftênicos
tetraidronaftaleno
CH3

metilnaftaleno
Concentram-
usualmente, se nas frações
Poliaromáticos
entre 20 a mais pesadas
54% H 3C tetraidrofenantreno podendo
H3 C chegar a 10 %

dimetilfenantreno
NÃO HIDROCARBONETOS

Tipos de compostos Teor %

Tipos de compostos Teor %


Sulfurados 0,1 a 5 como enxofre
Sulfurados
Nitrogenados 0,1
0,05aa 5
15 como enxofre
em volume
Oxigenados (não ácidos como resinas, cresóis etc.) 0 a 2 como oxigênio
Nitrogenados 0,05 a 15 em volume
Oxigenados (ácidos naftênicos) 0,3 a 0,4 em volume
Oxigenados
Organometálicos (ferro, (não
níquel,ácidos como arsênio
cobre, vanádio, resinas,
etc)cresóis 0atéa 400
2 como oxigênio
ppm como metal
etc.)
Oxigenados (ácidos naftênicos) 0,3 a 0,4 em volume
Organometálicos (ferro, níquel, cobre, até 400 ppm como
vanádio, arsênio etc) metal
CONTAMINANTES: sulfurados
Compostos sulfurados: Tiofenos

 orgânicos e inorgânicos ( H2S )


 estão presentes em todos os óleos
 se S  1%  petróleo leve
 maior % de S maior é a densidade

Orgânicos
CONTAMINANTES: nitrogenados
em geral 2% em peso de N2
altos os teores acima de 0,25% em peso.
maior concentração nas frações pesadas (gasóleo e resíduo de vácuo).

Carbazol C12H9N
Pirrol C4H5N
Não basicos N
H
N
H
Benzo () carbazol C16H11N
Indol C 8 H7 N
N N
N H H
H
CONTAMINANTES: nitrogenados

Indolina C 8 H9 N
Piridina C 5 H 5N

N
N
H
Básicos H

Quinolina C 9H7N Benzo () quinolina C13H9N

N
H
N
H
CONTAMINANTES: oxigenados
Podem ocorrer como:

ácidos carboxílicos ácido naftênico cetona éster


fenóis
cresóis
ésteres
amidas
cetonas
benzofuranos
ácido carboxílico fenol cresol
CONTAMINANTES: metais
Elemento Faixa de variação no
petróleo - ppm
Podem estar sob a forma de: Cu 0,2 - 12,0
Ca 1,0 - 2,5
Mg 1,0 - 2,5
 sais inorgânicos: dissolvidos na água Ba
Sr
0,001 - 0,1
0,001 - 0,1
emulsionada ao petróleo Zn 0,5 - 1,0
Hg 0,03 - 0,1
Ce 0,001 - 0,6
 compostos organometálicos: B 0,001 - 0,1
Al 0,5 - 1,0
concentram-se nas frações mais Ga 0,001 - 0,1
pesadas Ti 0,001 - 0,4
Zr 0,001 - 0,4
Si 0,1 - 5,0
 compostos metálicos: envenenam os Sn 0,1 - 0,3
catalisadores, destacando-se o Ni e Pb 0,001 - 0,2
V 5,0 - 1500
oV Fe 0,04 - 120
Co 0,001 - 12
Ni 3,0 - 120
CONTAMINANTES:
resinas e asfaltenos
Compostos policíclicos aromáticos ou naftênico aromáticos contendo S, N,
O e metais.

Resinas: peso molecular 500 a 1000 Asfaltenos: peso molecular  1000


REFINO DO PETRÓLEO: refinaria
Samuel Kier, um farmacêutico, foi o primeiro a utilizar uma destilação para
produzir óleo iluminante, dando origem ao processo mais antigo de separação
do petróleo em diferentes frações: a destilação atmosférica ou destilação
direta
REFINO DO PETRÓLEO: processos

 Destilação fracionada: o óleo cru é aquecido, vaporizado e o vapor é


condensado e coletado separando o petróleo em sua frações

 Processamento químico: frações são convertidas em outras, por


exemplo, cadeias longas são transformadas em cadeias menores

 Tratamento das frações: para remover impurezas

 Mistura de frações: frações processadas ou não são combinadas para


fazerem os produtos desejados
REFINARIA: esquema
PROCESSAMENTO QUÍMICO: craqueamento

Transforma moléculas grandes em pequenas


Pode ser térmico ou catalítico

Catalítico:
FCC e hidrocraqueamento

Catalisador:
zeólita e sílica alumina (exemplos)
PROCESSAMENTO QUÍMICO:
Craqueamento térmico
vapor
vapor a alta temperatura 816 ºC; etano,
butano e nafta são transformados em
benzeno

viscorredução
o resíduo da destilação é aquecido a 482 ºC
resfriado com gasóleo e flasheado reduzindo
a viscosidade

coqueamento
o resíduo da destilação é aquecido acima de
482 ºC até o craqueamento em óleo pesado,
gasolina , nafta e um resíduo de carbono
(coque)
PROCESSAMENTO QUÍMICO: reforma

Transforma nafta de baixo


peso molecular em aromáticos

Catalisador:
platina e platina-rênio

Sub produto: hidrogênio


PROCESSAMENTO QUÍMICO: alquilação

 Matérias primas:
compostos de baixo peso
molecular, tais como,
propeno e butenos

Catalisador:
ácidos fluorídrico e sulfúrico

Produtos:
hidrocarbonetos de alta
octanagem
ESQUEMA DE UMA REFINARIA MODERNA
COMPOSIÇÃO DOS COMBUSTÍVEIS:

gasolina
A composição da gasolina é função dos tipos de processos utilizados nas
refinarias para a sua produção

PROCESSOS DE OBTENÇÃO
GASOLINAS PRODUZIDAS NO DAS NAFTAS
BRASIL

Comum
Gasolina Natural
Premium- octanagem superior Destilação Direta
Gasolina de aviação - para aviões de Craqueamento Catalítico
pequeno porte Craqueamento Térmico
Reformação Catalítica
GASOLINAS COMERCIALIZADAS NOS
POSTOS Hidrocraqueamento Catalítico
Isomerização
76% de gasolina + 24% de álcool anidro Alcooilação
combustível
Polimerização
MOTOR A GASOLINA: ciclo OTTO

COMBUSTÃO POR CENTELHAMENTO

mais indicados  parafinas


altamente ramificadas,
olefinas e aromáticos
(benzeno, tolueno e xilenos)

menos indicados 
parafinas de cadeia longa e
olefinas com mais de quatro
átomos de carbono.
COMPOSIÇÃO DOS COMBUSTÍVEIS:
diesel
A composição do diesel é função dos tipos de processos utilizados nas
refinarias para a sua produção

TIPOS DE DIESEL PRODUZIDOS PROCESSOS DE OBTENÇÃO DE


NO BRASIL DIESEL

Óleo diesel tipo B – usado em todas Destilação direta - produto é


as regiões exceto nas regiões função do petróleo processado
metropolitanas ( diesel D )

Outros processos – o diesel é


Óleo diesel tipo D - metropolitano
de pior qualidade e requer
Óleo diesel marítimo
tratamento posterior (ex.
hidrodessulfurização)
Óleo padrão
MOTOR A DIESEL: ciclo DIESEL

COMBUSTÃO POR COMPRESSÃO

Compostos mais indicados: n-parafinas


BIBLIOGRAFIA
 CAMPOS, A C, LEONTINIS, E “Petróleo & Derivados”, J R Editora Técnica Ltda (1990)

 MUSHRUSH, G W, SPEIGHT, J G ( editor ) ‘Petroleum Products, Instability and Incompatibility,


Applied Energy Tecnology Series, Taylor & Francis, (1995) USA

 NEIVA, J “Conheça o Petróleo”, Ao Livro Técnico Indústria Comércio, 5ª edição (1986)

 WAUQUIER, J P ( editor ) “Petroleum Refining Crude Oil, Petroleum Products, Process


Flowsheets, Editions Techinip (1995) Fr

 WUITHIER,P, “Refino y Tratamiento Quimico - Volume 1”, Editions Cepasa S A, (1971) Espanha

 http://www.anp. com.br

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