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A Violência Escolar:

Uma visão psicanalítica e pedagógica


Professor Diogo Souza 05/02/2020 2

O que é violência?

• “o uso de força física ou poder, em ameaça ou na prática, contra si


próprio, outra pessoa ou contra um grupo ou comunidade que resulte ou
possa resultar em sofrimento, morte, dano psicológico, desenvolvimento
prejudicado ou privação.”

World Health Organization. Global consultation on violence and health. Violence: a public health priority.
Geneva: WHO; 1996 (document WHO/EHA/ SPI.POA.2).
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Formas de manifestação da violência escolar:

• Violência na escola: ocorre dentro do ambiente escolar ou sem suas


mediações, vitimando pessoas;

• Violência contra a escola: caracterizada pela agressão ao patrimônio, como


incêndios, roubos e furtos;

• Violência da escola: a própria instituição se manifesta como agente agressor


na forma como se organiza, funciona e se relaciona com os alunos.
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A violência e a psicanálise

• A formação do sujeito
• O Complexo de Édipo
• Narcisismo primário e secundário
• Função materna e Função paterna

• O Discurso do Capitalista
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A formação do sujeito

• O Complexo de Édipo
• “indica em uma rede de relações que ocorrem na infância de todo sujeito e
que é responsável pela organização de nossa subjetividade desejante.”

• Polaridades do Complexo de Édipo:


• forma positiva: amor ao genitor do sexo oposto e ódio ao do mesmo sexo;
• forma negativa: amor ao genitor do mesmo sexo e ódio ao genitor do sexo
oposto.
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Narcisismo

Eu Ideal

• Uma dimensão imaginária, limitada e idealizada, relacionada ao


narcisismo dos pais, e que confere ao sujeito uma sensação de
onipotência.
• Resultado dos investimentos narcísicos dos cuidadores sobre o bebê. O
efeito desses investimentos na imagem do sujeito é que ele mesmo com
ela se identifica, passando a nela investir também.
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Narcisismo

Ideal de Eu

• Entretanto, sabemos que os cuidadores não projetam apenas seu


narcisismo, mas também suas exigências;
• o “Eu” comprometido em ter de ser/fazer/cumprir determinadas
demandas para ser amado e reconhecido.
• o conflito entre este “Eu Ideal” e a demanda do mundo externo.
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Função Materna e Função Paterna

“Ao nascer, a criança se assujeita aos significantes do Outro, e este é um


fato da maior importância na constituição do sujeito. É preciso que a criança se
aliene aos significantes do Outro, encarnado pela mãe – não é sem razão que
se utiliza a expressão “língua materna” -, para, mais tarde, se separar, destituí-
la desse lugar tão poderoso. Só assim, após a separação, a criança poderá
tornar-se sujeito na plena acepção do termo. Nesse processo de alienação e
separação, é a Lei do Pai que deverá vir em seu auxílio para frear esse poder
absoluto do Outro materno e evitar que a mãe faça da criança o centro de sua
vida. Por outro lado, a função do pai também impedirá que a criança
permaneça para sempre nessa posição de objeto da fantasia materna.”
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Nome-do-Pai

“O Nome-do-Pai é um termo bíblico que Lacan utiliza para confirmar sua


função significante. O significante Nome-do-Pai não é o pai biológico. O
pai é instituído enquanto tal pela palavra da mãe.”
“O pai é, portanto, aquele que porta a Lei e não um educador que
encarna a lei, ou seja, ao invés de representar a Lei, identifica-se com ela
tornando-se arbitrário.”
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O Discurso do Capitalista

“No discurso do capitalismo o sujeito ocupa o lugar do agente numa


espécie de giro que desloca o significante mestre para baixo dele, o real
não é mais impossível. Tudo é permitido, não há mais impossível, em lugar
nenhum. É proibido proibir!. De fato, Deus está morto, e quando Deus está
morto, Lacan já antevia, a consequência é o seguinte paradoxo: nada é
permitido.
A violência então é uma manifestação possível dessa estrutura.”
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O Discurso do Capitalista

“A violência dá provas de uma falência da função do imaginário da


proibição. Pensamos que a eclosão generalizada da violência no campo
social nos aponta os efeitos devastadores do discurso do capitalismo. Hoje,
o gozo não é mais impossível, pois a via da fantasia não garante mais que
o gozo se limite à transgressão da lei. O gozo emerge sob a forma de um
real sem lei, e não contra a lei, na contemporaneidade. Ele não se opõe a
essa ou aquela restrição legal. Ele se apresenta desencadeado pelas vias
simbólicas, como puro, sem sentido.”
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Consequências da Violência

• “o aparecimento de certos medos relativos ao funcionamento do cotidiano,


que poderíamos chamar de uma espécie de fobia social;
• a instalação do estado de apatia durante um longo período;
• o desencadeamento de doenças graves como a melancolia;
• a manifestação de raiva intensa, chegando à fúria, às vezes seguida de
passagens ao ato como a mudança abrupta de profissão, e a colocação em
ato de fantasias sexuais.
Os efeitos da violência manifestam-se como uma ausência de bússolas
radical.”
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Ações de Intervenção e Prevenção

• Reconhecer a existência do fenômeno;


• Capacitar os profissionais da escola para observação, identificação,
diagnóstico, intervenção e encaminhamento;
• Discutir o tema com a comunidade escolar e traçar estratégias
preventivas;
• Buscar ajuda e parcerias com especialistas (psicólogos, assistentes
sociais, enfermeiros, psiquiatras, entre outros), Conselho Tutelar,
Promotoria e Vara da Infância e Juventude.
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Ações para Lidar e Diminuir a Violência Escolar

• Investir na melhoria da infraestrutura e segurança da escola (ronda escolar e palestra


sobre segurança);
• Participar nas relações sociais entre família, escola e comunidade;
• Reestruturar projetos pedagógicos de acordo com a realidade e necessidade de cada
escola;
• Incentivar o diálogo com os alunos;
• Oferecer cursos em tempo integral;
• Desenvolver ações educativas, sociais e culturais (esporte, lazer, arte, comunicação,
teatro);
• Abrir a escola nos fins de semana.
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Referências Bibliográficas

• COSTA, Teresinha. Édipo. Passo a passo 89. Rio de Janeiro: Jorge Zahar 3ª Ed., 2010.
• FREUD, S., “O Mal Estar na Civilização”, ESB (Edição Standard Brasileira das obras
psicológicas completas de Sigmund Freud, Rio, Imago, 1927-31), vol. XXI, pp.42-92.
• SANTOS, Tania Coelho dos; TEIXEIRA, Maria Angélia. Violência na teoria psicanalítica:
ruptura ou modalidade de laço social?. Psicol. rev. (Belo Horizonte), Belo Horizonte , v.
12, n. 20, p. 165-180, dez. 2006 . Disponível em
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-
11682006000200005&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 18 jun. 2019.
• SCHERER, Zeyne Alves Pires (org). Violência Escolar: Ações de Intervenção e
Prevenção. Greivi/EERP – USP, 2012;

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